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Aula 4 - DRE - IRPJ e CSLL - Destinação Do Resultado

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Disciplina: Contabilidade III

Professor: Diego Rafael Stpp


Turma: 3 Fase

1. DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO


De acordo com Iudcibus et. al (2010) a Demonstrao do Resultado do Exerccio (DRE) a
apresentao, em forma resumida, das operaes realizadas pela empresa, durante o exerccio social,
demonstradas de forma a destacar o resultado lquido do perodo, incluindo o que se denomina de receitas e
despesas realizadas.
1.1 Critrios contbeis bsicos
O art. 187 da Lei das Sociedades por Aes estabelece a ordem de apresentao das receitas, custos
e despesas, na Demonstrao do Resultado do Exerccio, para fins de publicao.
Cabe destacar dois aspectos fundamentais que devem nortear a contabilidade das empresas no
reconhecimento contbil das receitas, custos e despesas, aspectos esses expressos no 1 do art. 187 da
referida Lei, como segue:
1 Na determinao do resultado do exerccio sero computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no perodo, independentemente da sua realizao em moeda;
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e
rendimentos;
Essas conceituaes da Lei representam basicamente um dos pressupostos bsicos presente no
Pronunciamento Contbil Bsico (R1) - Estrutura Conceitual para Elaborao e Divulgao de Relatrio
Contbil-Financeiro, denominado Regime de Competncia, que, por sua vez, pressupe a confrontao
entre receitas e despesas, conforme descrito no item 95 do Pronunciamento Tcnico do CPC supracitado:
"95. As despesas so reconhecidas na demonstrao do resultado com base na associao direta
entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontao entre
despesas e receitas (Regime de Competncia), envolve o reconhecimento simultneo ou combinado das
receitas e despesas que resultem diretamente das mesmas transaes ou outros eventos; (...)".
por decorrncia desse pressuposto que, por exemplo:
a) a receita de venda contabilizada por ocasio da transferncia dos riscos e benefcios, e no
quando de seu recebimento;
b) a despesa de pessoal (salrios e seus encargos) reconhecida no ms em que se recebeu tal
prestao de servios, mesmo sendo paga no ms seguinte;
c) uma compra de matria-prima contabilizada quando do recebimento da mercadoria e no
quando de seu pagamento;
d) a despesa do Imposto de Renda registrada no mesmo perodo dos lucros a que se refere e no
no exerccio seguinte, quando declarada e paga.
Como se nota ainda no texto do art. 187, letra b da Lei, nos mesmos perodos em que forem
lanadas as receitas e os rendimentos devero estar registrados todos os custos, despesas, encargos e riscos
correspondentes quelas receitas. Por essa determinao, tambm denominada "contraposio de receitas e
despesas", ao se contabilizar, por exemplo, a receita da venda de determinado produto, devero ser
registrados no mesmo perodo todos os custos e despesas em que se incorre relativamente quela receita,
tais como:
a) o custo do produto vendido, que englobaria material, mo de obra e demais custos de sua
fabricao;
b) as despesas operacionais incorridas, sejam de comercializao ou de administrao.
Nesse sentido, tambm, se a empresa der, por exemplo, um perodo de garantia e de revises
gratuitas ao produto vendido, tal custo de garantia dever ser apropriado nesse mesmo perodo, por
estimativa, e no no perodo futuro, quando realizar a substituio de peas ou reviso gratuita. Por esse
motivo, havendo essa clusula de venda, deve-se constituir uma proviso para custos de garantia.

1.2 Critrios de apresentao - DRE


O Art. 187 da Lei das Sociedades por Aes disciplina a apresentao dessa Demonstrao, visando
atender a tal objetivo, pois, resumindo, a Demonstrao iniciada com o valor total da receita bruta
apurada em suas apuraes de vendas e servios, do qual so subtrados as dedues das vendas, os
abatimentos e os impostos, apurando-se a receita lquida das vendas e servios.
Todavia, as normas internacionais (v. CPC 30 - Receitas, itens 8A e 8B), determinam que na
divulgao se comece pelas receitas lquidas; para conciliar o determinado pela Lei das S.A., bem como o
exigido pela legislao fiscal, escritura-se com a utilizao das receitas brutas, mas demonstra-se a partir
das receitas lquidas, com a conciliao entre ambas obrigatoriamente em notas explicativas.
Da receita lquida deduz-se o custo total correspondente a essas vendas e servios e chega-se
margem bruta, ou seja, o lucro bruto.
So, ento, apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais, conforme sua funo,
quais sejam:
Despesas com vendas;
Despesas financeiras deduzidas das receitas financeiras;
Despesas gerais e administrativas;
Outras despesas e receitas operacionais.
Assim, deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, apresenta-se o que antigamente
se denominava de lucro operacional, que a lei ainda menciona, mas que no tem mais essa terminologia
reconhecida nas demonstraes fundamentadas nas normas internacionais e nos CPCs.
Aps isso, apresentam-se as outras receitas e despesas, apurando-se ento o resultado antes dos
tributos (imposto de renda e contribuio social sobre o lucro).
Deduz-se a seguir, o imposto de renda e a contribuio social reconhecidos (apropriados por regime
de competncia, e no de pagamento) e, finalmente, as participaes de terceiros, no na forma de
acionistas, calculveis sobre o lucro, tais como empregados, administradores, partes beneficirias,
debntures e contribuies para fundos de benefcios a empregados (desde que devidos com base nesse
lucro), chegando-se, assim, ao lucro (ou prejuzo) lquido do exerccio, que o valor final da
Demonstrao.
importante ver que, de forma complementar Lei n 6.404/76, o Pronunciamento Tcnico CPC
26 - Apresentao das Demonstraes Contbeis estabelece uma estrutura mnima para a Demonstrao do
Resultado do Exerccio, obedecidas tambm as determinaes legais, composta por:
Receitas
(-) Custos dos produtos, das mercadorias ou dos servios vendidos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais
(+-) Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecidas por meio do mtodo de equivalncia
patrimonial
(=) Resultado antes das receitas e despesas financeiras
(-) Despesas e receitas financeiras
(=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro
(-) Despesas com tributos sobre o lucro
(=) Resultado lquido das operaes continuadas
(+-) Resultado lquido aps tributos das operaes descontinuadas
(+-) Resultado aps os tributos decorrente da mensurao ao valor justo menos despesas de venda ou na
baixa dos ativos ou no grupo de ativos disposio para venda que constituem a unidade operacional
descontinuada;
(=) Resultado lquido do perodo

Como se pode perceber, a estrutura presente no CPC 26 (R1) estabelece a evidenciao, de forma
destacada, do resultado proveniente da avaliao de investimentos pelo mtodo da equivalncia
patrimonial, do resultado financeiro, alm de destacar o resultado proveniente das operaes continuadas e
descontinuadas da entidade.
O referido Pronunciamento Tcnico aborda ainda dois outros aspectos relativos Demonstrao do
Resultado do Exerccio, a saber:
1) A necessidade de divulgao, de forma separada, da natureza e montantes dos itens de receita e
despesa quando estes so relevantes;
2) A necessidade de subclassificao das despesas, pode ser constatada no item 101:
"101. As despesas devem ser subclassificadas a fim de destacar componentes do desempenho que
possam diferir em termos de frequncia, potencial de ganho ou de perda e previsibilidade. Essa anlise
deve ser proporcionada em uma das duas formas descritas a seguir, obedecidas as disposies legais."
As formas de anlise citadas no item 101 do CPC 26 so as seguintes:
a) mtodo da natureza da despesa - utiliza como elemento agregador das despesas a sua natureza, o
que torna simples o seu uso por representar uma espcie de "listagem" das despesas incorridas no perodo.
Por exemplo, depreciaes e amortizaes; consumo de matria-prima e materiais; despesas com
transporte; despesa com benefcios a empregados etc.;
b) mtodo da funo da despesa ou do "custo dos produtos e servios vendidos" - utiliza a funo da
despesa como elemento agregador e classificador. Nesse mtodo, a companhia deve divulgar
separadamente, no mnimo, o montante do custo dos produtos e servios vendidos das demais incorridas,
que pode ser classificadas como de vendas, administrativas, etc. Apesar de proporcionar informaes mais
relevantes, quando comparado ao mtodo da natureza de despesa, a segregao das despesas por funes
pode demandar alocaes arbitrrias e considervel julgamento.
A ttulo de exemplo, as demonstraes, por um e outro mtodo, seriam assim apresentadas:
Mtodo - Funo da Despesa
Receita de vendas
3.000
Custo dos produtos vendidos
(700)
Lucro bruto
Despesas de vendas
Despesas administrativas
Outras despesas
Resultado antes dos tributos

2.300
(50)
(230)
(100)
1.920

Mtodo - Natureza da Despesa


Receita de vendas
Variao do estoque de produtos acabados e
em elaborao
Consumo de matrias-primas e de materiais
Salrios e benefcios a empregados
Depreciaes e amortizaes
Despesas com comisses
Outras despesas
Total das despesas
Resultado antes dos tributos

3.000
(300)
(400)
(80)
(150)
(50)
(100)
(1.080)
1.920

2. CLCULO E CONTABILIZAO DO IRPJ E CSLL


Ao final de cada perodo, sendo a empresa optante pelo Lucro Real, dever calcular o IRPJ e a
CSLL considerando as adies, excluses e compensaes previstas na legislao.
A Legislao tributria, consolidada no Regulamento do Imposto de Renda, Decreto n 3000, de
26/03/99 (RIR/99), prev que o Imposto de Renda a Pagar pelas pessoas jurdicas com obrigatoriedade de
manter escriturao contbil calculado com base no lucro real, que definido como segue:
Lucro Real lucro lquido do perodo de apurao ajustado pelas adies, excluses ou compensaes
prescritas ou autorizadas por este Decreto (art. 247,RIR/99)
Exemplos de Adies:
Multas por transgresses a norma de Natureza no tributria, tais como as previstas em leis
administrativas (de trnsito, vigilncia Sanitria, de controle de poluio ambiental), trabalhistas;
Despesas relativos constituio de provises no dedutveis (garantias, trabalhistas);

Resultado Negativo da Equivalncia Patrimonial;


Despesas com alimentao dos scios, acionistas ou administradores,
Despesas com Brindes.
Exemplo de Excluses:
Resultado Positivo da Equivalncia Patrimonial;
Reverso de despesas relativos constituio de provises no dedutveis (garantias, trabalhistas).
EXEMPLO:
Com base nas informaes abaixo calcule o IRPJ e a CSLL de 2013 da empresa Alfa S.a.
Demonstrao do Resultado do Exerccio de 2013
(=) RECEITA LQUIDA
(-) CUSTO DAS VENDAS E PREST. DE SERVIOS
CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS
(=) RESULTADO BRUTO
DESPESAS/RECEITAS OPERACIONAIS
DESPESAS VARIVEIS DE VENDA
COMISSES SOBRE AS VENDAS
FRETES SOBRE DISTRIBUIO
DESPESAS COM PESSOAL FIXO
SALRIOS E ORDENADOS DE PESSOAL
INSS S/ FOLHA DE PAGAMENTO
DESPESAS COM ATIVO PERMANENTE
DEPRECIAO E AMORTIZAO
DESPESAS GERAIS E ADMINISTRATIVAS
ENERGIA ELTRICA
MATERIAL DE EXPEDIENTE
OUTROS RESULTADOS OPERACIONAIS
RESULTADO DE EQUIVALNCIA PATRIMONIAL
(=) RESULTADO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO E DOS TRIBUTOS
(-/+) RESULTADO FINANCEIRO
DESPESAS FINANCEIRAS
DESP. FINANC. - DESCONTOS CONCEDIDOS
DESP. FINANC. - JUROS PASSIVOS/PAGOS
DESP. FINANC. - S/ TTULOS DESCONTADOS
(=) RESULTADO DO EXERCCIO ANTES DOS TRIBUTOS

Clculo:
Base de Clculo: Resultado do Exerccio antes dos Tributos + Adies - Excluses
Resultado do Exerccio: 36.784,30
Adies: 0,00
Excluses: 4.487,00
Base de Clculo: 32.297,30
IRPJ: 32.297,30 *15%= R$ 4.844,60
CSLL: 32.297,30 *9%= R$ 2.906,76
CONTABILIZAO
D Proviso de IRPJ
C IRPJ a Recolher

R$ 4.844,60
R$ 4.844,60

151.227,50
-95.110,00
-95.110,00
56.117,50
-18.668,20
-5.522,00
-2.782,00
-2.740,00
-16.459,20
-12.960,00
-3.499,20
-610
-610
-564
-440
-124
4.487,00
4.487,00
37.449,30
-665
-665
-356
-120
-189
36.784,30

D Proviso de CSLL
C CSLL a Recolher R$ 2.906,76

R$ 2.906,76

3. DESTINAO DO RESULTADO DO EXERCCIO


Com a promulgao da Lei 11.638/07, para as sociedades por aes, e para os balanos do exerccio
social terminado a partir de 31 de dezembro de 2008, o saldo final de "Lucros ou Prejuzos
Acumulados" no poder mais ter saldo credor.
A conta Lucros Acumulados no poder mais ter saldo, logo passou a ter uma natureza transitria e
ser utilizada para servir de contrapartida s reverses das reservas de lucros e s destinaes do lucro.
3.1 Destinaes Obrigatrias:
a) Reserva Legal: dever ser constituda mediante destinao de 5% do lucro lquido do exerccio, antes
de qualquer outra destinao. Esta reserva ser constituda, obrigatoriamente, pela companhia, at que seu
valor atinja 20% do capital social realizado, quando ento deixar de ser acrescida.
Destaque-se que a companhia poder deixar de constituir a reserva legal no exerccio em que o saldo desta
reserva, acrescido do montante das reservas de capital exceda 30% do capital social.
b) Reserva Estatutria: so constitudas por determinao do estatuto da companhia, como destinao de
uma parcela dos lucros do exerccio.
c) Dividendos Obrigatrios: De acordo com o art. 202 da Lei das Sociedades por Aes, os acionistas tm
direito de receber como dividendo obrigatrio, em cada exerccio, a parcela dos lucros estabelecida no
estatuto. Cabe ao estatuto (ou contrato social, no caso das sociedades por cotas) a determinao da parcela
dos lucros a ser distribuda aos acionistas, observadas as restries estabelecidas na lei.
Quando o estatuto for omisso e a assembleia-geral deliberar alter-lo para introduzir norma sobre a
matria, o dividendo obrigatrio no poder ser inferior a 25% do lucro lquido ajustado.
Fonte: IUDCIBUS, Srgio de, et al.Manual de contabilidade societria: aplicvel a todas as
sociedades. So Paulo: Atlas, 2010.

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