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Doutrinas Wesleyanas

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Plo GUARULHOS

Apostila de

DOUTRINAS WESLEYANAS
Criado por Desenvolvimento Clrigo Igreja do Nazareno, Kansas City, MO USA. 2002.
Traduo: Joo M. Monteiro Adaptaes: Aline Goulart

OBJETIVO: O curso examinar a vida de Wesley no seu contexto histrico, a Inglaterra no sculo XVIII.
Tambm examinar a dependncia de Wesley, bem como a sua apropriao de certas tradies
teolgicas. Influncia da Igreja Primitiva, do misticismo Catlico (da Idade Mdia), da Reforma
Protestante (a reao de Jacob Armnio a ela, bem como a apropriao Moraviana), e do
Anglicanismo (aps o Acordo Elizabetano). O quadriltero Wesleyano.

1. UMA BIOGRAFIA TEOLGICA DE W ESLEY DE EP W ORTH ALDERSGATE


1.1. Introduo Teologia de Wesley
A teologia wesleyana comporta contribuies para uma teologia evanglica, em nosso
contexto, que nem sempre encontramos nos reformadores do sculo XVI. Wesley no nos deixou
como legado um sistema teolgico, mas fez uma teologia caminhando com o povo e aprendendo no
caminhar. Seu pensamento foi capaz de uma sntese de influncias to opostas como: o da ortodoxia
anglicana da Universidade de Oxford com o puritanismo, do pensamento de Lutero com o Pietismo,
dos Pais da Igreja com a teologia prtica inspirada pelo empirismo.
Parece que o prprio Wesley no usava o termo teologia. Em seus escritos ele usava os
termos prtica, especulativo, controverso, positivo, comparativo, mstico, divindade prtica e at
mesmo a expresso a evidente antiga divindade da Bblia para enunciar toda a gama de reflexes
teolgicas.
Para Wesley, a divindade prtica o recurso gracioso por meio do qual as pessoas podem
testar as verdades da Escritura por si mesmas.1 Assim, essa abordagem da teologia forneceu a
Wesley uma firme orientao escritural. Ou seja, a verdade das Escrituras deve ser atualizada,
operacionalizada em crescente semelhana com Cristo tanto na vida pessoal como na vida
comunitria mais abrangente.
Os eruditos contemporneos sugerem que a divindade prtica de Wesley claramente uma
forma vivel de fazer teologia em sua orientao da misso da igreja, em seu cuidado em relao
realizao da verdade escritural e em seu servio ao pobre.
Wesley no foi um telogo sistemtico que tentou sintetizar todo o conhecimento humano e
demonstrar, de forma minuciosa, a unidade desse conhecimento em Cristo. Ao contrrio, a
divindade prtica de Wesley, praticada em seus sermes, liturgias, oraes, credos, ocasionais obras,
artigos de jornal e cartas tinha uma orientao firmemente soteriolgica, em vez episte molgica.
Assim, Wesley, como telogo prtico, e no especulativo, fala do tempo e da eternidade, e
das coisas presentes e das por vir, e oferece as alegres novidades da salvao at para o menor de
todos os homens.

Donald A. Thorsen, Experi mental Method i n the Pra ctical Theology of John Wesl ey, Wesleyan Theological Journal 24, p. 125.

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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

1.2. Contexto histrico da Inglaterra


Coube a Alemanha o privilgio de ser o bero da Reforma Luterana no incio do sculo XVI e a
Inglaterra do avivamento Wesleyano que sacudiu a Inglaterra no sculo XVIII.
Dois movimentos distintos: o primeiro devolveu a Bblia ao povo, uma verdadeira rev oluo
teolgica; o segundo foi um grande despertamento espiritual.
Tudo comeou no dia 24 de maio de 1738, no corao de um homem, Joo Wesley, e se
estendeu por toda a Inglaterra. Mas por que a Inglaterra? O Rev. Luiz Carlos do Nascimento
Magalhes afirma em seu livro Histria e Doutrinas Wesleyanas 2 baseado nas Escrituras que Deus
escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar as sbias, e escolheu as coisas fracas do
mundo para envergonhar as fortes 3.
A Inglaterra era fraca no sentido social, moral e religioso, se no fosse o avivamento o futuro
da Inglaterra seria imprevisvel.
a. A Reforma na Inglaterra
Em 31 de outubro de 1517 acontece a Reforma Luterana que no chegou a ser um
avivamento religioso, sendo, contudo um avivamento teolgico.
Pouco a pouco o movimento iniciado na Alemanha comea a transpor as fronteiras dos vrios
pases como Frana, Dinamarca, Noruega, Sucia, Sua, etc.
Nesses pases a implantao da Reforma no foi muito fcil. J na Inglaterra foi diferente;
acontecimentos de ordem religiosa e poltica permitiram a implantao do protestantismo.
A reforma iniciou-se no reinado de Henrique VIII e passou por vrios perodos de progresso e
retrocesso. Ele pretendia anular seu casamento com Catarina de Arago para poder desposar An a
Bolena. Como o pedido no foi aceito pelo Papa, Henrique VIII conseguiu que um Tribunal formado
por Bispos Ingleses anulasse seu casamento, e assim cortou relaes religiosas com Roma e fundou
uma Igreja Catlica Inglesa, sendo ele mesmo o chefe com os mesmos poderes que possua o Papa.
b. Condies Sociais da Inglaterra no sculo XVIII
A Inglaterra viu no incio do sculo XVIII uma crise sem precedentes em toda a sua histria. A
sociedade inglesa possua uma populao com mais de sete milhes de pessoas, para a poca um
nmero considervel. No havia comunicao entre os habitantes das cidades, vilas ou arraiais
devido s pssimas estradas ou a falta delas.
Os trabalhadores ganhavam pouco. Os ricos, a minoria, eram egostas e to severos que uma
pessoa podia ser condenada forca se roubasse uma quantia insignificante. Com isso as cadeias
viviam cheias e ningum se importava com o sofrimento do prximo. A embriagus tornou-se muito
comum nesta poca, o nmero de pobres aumentava assustadoramente, o nvel moral era baixo, os
crimes e desordens eram comuns nas cidades.
c. Condies Morais da Inglaterra no sculo XVIII
Moralmente o povo estava decado; o teatro era um antro de perdio, os jogos de azar eram
comuns. Nesta poca o povo usava uma linguagem profana, revelando assim o baixo grau que
atravessava. As mulheres costumavam divertir-se com a leitura de romances perniciosos.
Wesley observou o costume do seu povo e disse: Os hbitos mais comuns so: tomar o nome
do Senhor em vo, profanar o dia do Senhor e embriagar-se. Os ingleses eram conhecidos na Europa
como a nao selvagem da Europa.

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3

P gi na 06
I Cornti os 1.27

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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

d. Condies da Igreja da Inglaterra no sculo XVIII


A sociedade estava enferma, a moral seriamente abalada e a religio sem foras para
recuper-la. A igreja deixou de evangelizar, passou a ser um instrumento poltico nas mos do Rei
contra a poltica de Roma. Com isso o povo tornou-se indiferente pregao do Evangelho. O
ministrio era considerado uma profisso e no tinha foras para erguer espiritualmente a
Inglaterra.
1.3. De Epworth Aldersgate
Coube John Wesley nasceu a 17 de Junho de
1703, de Samuel e Susanna Wesley. Tanto a famlia de
Samuel como a de Susanna tinham sido
inconformistas eram parte dos dissensores
Puritanos que se tinham separado da Igreja Anglicana.
Contudo, os pais do John ambos decidiram reunir-se
de novo Igreja Anglicana, o que fizeram com grande
empenho. Samuel era um sacerdote Anglicano,
responsvel pela igreja em Epworth, Inglaterra.
Bigrafos tm corretamente visto o desenvolvimento
do John no seio dessa famlia como um elemento
muito importante da sua formao espiritual. Samuel
era um pastor instrudo que valorizava os estudos
mais do que qualquer outra coisa. Ele escreveu e
publicou. Susanna tambm valorizou muito a
educao tanto para as filhas como para os filhos. Ela
muito conhecida pela educao Crist que deu aos filhos. E era tambm um modelo de mulher no
ministrio; para todos os efeitos, ela serviu como co-pastor da congregao de Epworth. Talvez
importante mais tarde para o Metodismo, os Wesleys dirigiram encontros caseiros na residncia
paroquial, onde as pessoas podiam compartilhar abertamente a sua jornada espiritual. Reuniam -se
regularmente para orao, leitura da Bblia, e conversa edificante, com Susanna frequ entemente a
dirigir essas reunies. John parece ter ocupado um lugar especial no corao da me. Ela acreditava
que Deus o havia poupado (de um incndio) e chamado para um propsito muito especial.
Na idade de onze anos, John entrou na famosa Escola Charte rhouse de Londres. O seu irmo
mais velho, Samuel, foi para a Escola de Westminster a pouca distncia onde Charles, o famoso
irmo mais novo de John, viria mais tarde a ser tambm aluno. A escola de Charterhouse ofereceu a
John uma espcie de educao pr-escolar, e tambm uma oportunidade de comear como
adolescente as suas reflexes sobre a sua condio espiritual. Entretanto, o relacionamento de John
com a me continuou sendo substancial e significativo. Em 1720, John entrou para o Christ Church
(faculdade) da Universidade de Oxford e comeou a preparar-se para o ministrio. Oxford acabou
por ser um lugar onde John Wesley pde amadurecer espiritualmente, bem como brilhar
academicamente. Christ Church era uma das faculdades mais prestigiadas na preparao de
estudantes para o trabalho do ministrio, bem como em outras disciplinas profissionais. Wesley era
um tutor e bolseiro, o que significa que ele estava financeiramente sustentado durante os anos em
que l esteve (embora haja alguma especulao de que e le teria ido parar a Gergia por causa de
falta de fundos como sacerdote na Inglaterra).
FAA SUAS ANOTAES AQUI

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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

1.3.1. A preparao ministerial na Igreja Anglicana requeria o seguinte:


Um bacharelato;
Examinao pelo bispo;
Ordenao como dicono o que serviu como um perodo de prova de dois anos para
demonstrar talento para o ministrio e para completar o Mestrado;
Uma outra examinao pelo bispo;
Uma outra ordenao como sacerdote.
Em preparao para a ordenao como dicono, Wesley comeou a estudar a tradio
sacerdotal, com foco no viver santo. Trs autores exerceram influncia significativa na formao
Teolgica dele.
1.3.2. Os trs autores importantes para Wesley eram:
Toms Kempis (1380-1471), mstico Alemo, escreveu a famosa obra The Imitation of
Christ.
Jeremias Taylor (1613-67) escreveu The Rule and Exercises of Holy Living and Dying.
William Law (1686-1761), um contemporneo de Wesley, escreveu dois livros importantes:
Christian Perfection e A Serious Call to a Devout and Holy Life.
1.3.3. Desses trs autores Wesley extraiu trs das ideias principais relacionadas com a sua
doutrina de santidade. A santidade inclui:
Pureza de intenes
A imitao de Cristo como modelo da vida santa
Amor a Deus e ao prximo como norma definitiva da perfeio Crist.
No seu famoso trabalho Uma Explicao Clara da Perfeio Crist, Wesley escreveria mais
tarde o seguinte: Num sentido, trata-se da
FAA SUAS ANOTAES AQUI
pureza de inteno, dedicando toda a vida a
Deus. entregar todo o corao a Deus; ter um
desejo s e um s desgnio a reger todos os
nossos sentimentos. devotar no apenas uma
parte, mas todo o nosso ser, corpo e substncia a
Deus. Num outro sentido, ter toda a mente de
Cristo a capacitar-nos a andar como Cristo
andou. a circunciso do corao de toda a
impureza, toda a poluio tanto interior como
exterior. a renovao do corao na imagem
plena de Deus, na semelhana plena do seu
criador. E ainda noutro sentido, amar a Deus
com todo o corao, e ao prximo como a si
mesmo.
Essas reflexes comearam a tomar
forma em Oxford medida que Wesley lia esses autores. Anotaes no seu dirio na altura revelam
a sua seriedade com que encarava a sua prpria santidade. Alguns entendidos identificam esse
perodo como sendo o perodo da sua converso, dado o grande significado que o prprio Wesley,
refletindo mais tarde, veio a atribuir a esse perodo do seu desenvolvimento espiritual. Outra
ocorrncia muito importante em Oxford foi a formao do clube de santidade de Wesley em 1729.
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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Trata-se de um grupo de estudo que evoluiu com o tempo e se tornou no que alguns acreditam ser o
modelo das reunies de bando de Wesley. Posteriormente ele reuniria todos os recm -convertidos
ao Metodismo em grupos pequenos cuja finalidade era a responsabilidade e o encorajame nto
mtuos.
Foi tambm no contexto do clube de santidade que Wesley veio a apreciar o que podemos
chamar de ministrio de servio social. Os membros visitavam semanalmente os encarcerados, o
orfanato, ou os doentes. Para Wesley, esses tipos de actividades eram parte integrante do conceito
de disciplina espiritual.
Por altura do ano de 1733, o clube de santidade, conhecido como os Metodistas de Oxford,
j estava crescendo e forte. Wesley, entretanto, comeou a ter dvidas quanto sua salvao. Ele
lutou em busca de alguma confirmao de que ele, de fato, era um filho de Deus. Quando surgiu a
oportunidade de ir Gergia como missionrio, Wesley foi. Como ele disse, O meu motivo
principal... a esperana de salvar a minha prpria alma. Trs meses aps a morte do pai em 1735,
um membro da junta da organizao chamada Sociedade para a Propagao do Evangelho (S.P.G.)
convidou John Wesley Gergia. Juntamente com o seu irmo Charles e outro membro do Clube de
Santidade, ele embarcou em Janeiro de 1736. Para todos os efeitos, o tempo que passaram em
Gergia foi um fracasso do ponto de vista pastoral, relacional e espiritual. Parte do plano de John era
de converter os ndios. Anotaes no seu dirio mostram que longe de famintos pelo Evangelho
como John tinha imaginado por causa da sua forte crena na graa proveniente os NativoAmericanos aborreceram a John. Do mesmo modo, ele tambm tinha pouca pacincia para com os
colonos.
Albert Outler considerou as prticas pastorais de John grosseiras e o seu ministrio na
Gergia um fiasco. A atrapalhar ainda mais as coisas para John foi um romance complicado. John
apaixonou-se por Sophie Hopkey mas permaneceu perptuamente indeciso. Por fim ela casou -se
com outra pessoa. John ento proibiu-a e ao marido de participar na Santa Ceia, e foi de seguida
processado por difamao do carter do marido. As tenses foram aumentando at que John se viu
solicitado a comparecer perante um jri para responder a doze acusaes. Finalmente John decidiu
voltar Inglaterra para se poupar de mais embarao.
O desastre que foi a Gergia produziu um resultado positivo: a aproximao de John dos
Moravianos. Ele os encontrou pela primeira vez durante a viagem Gergia, e viu -se impressionado
pela sua segurana de salvao. Durante a estadia l ele reuniu-se com eles de vez em quando, e de
regresso Inglaterra acabou por visitar a comunidade Moraviana na Alemanha. Eles era firmes
apoiantes da doutrina Luterana da sola fide: salvao pela f somente. Nos seus dez anos de busca
de santidade Wesley no se havia dado conta do poder dessa doutrina vital, e a essa altura da sua
vida Wesley precisava saber com certeza que era filho de Deus, independentemente dos seus
prprios esforos ou da retido de obras.
Peter Bohler, um Moraviano que aconselhou Wesley em vrias ocasies, desafiou-o a pregar
a f at alcan-la e depois preg-la por a teres alcanado. Foi precisamente o que Wesley fez. Em
fazendo isso, Wesley ofendeu sensibilidades Anglicanas. Em sua defesa ele indicou que o Livr o de
Homilias e o Livro da Orao Comum ambos declaram com firmeza a doutrina da salvao pela f.
Em vez de ficar desanimado, Wesley encarou positivamente a controvrsia com os seus irmos
Anglicanos e declarou que a beno especial de Deus estava sobre os sermes que provocaram
maior ofensa. Em 24 de Maio de 1738 John dirigiu-se a um encontro Moraviano na Rua Aldersgate
onde finalmente ele alcanou a certeza de salvao que tinha vindo a buscar. Ele sentiu o corao
estranhamente aquecido e escreveu no seu dirio, Senti que cria em Cristo, em Cristo somente
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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

para a salvao, e uma certeza me foi dada de que ele havia tomado os meus pecados, e me salvado
da lei do pecado e da morte.
No h consenso entre os estudiosos sobre o que aconteceu com Wesley ne ssa noite. Alguns
vm nisso a sua verdadeira converso, enquanto para outros tratasse da sua converso evanglica,
ou de um passo espiritual de entre vrios, ou ainda de uma experincia de inteira santificao. O
prprio Wesley no ajuda muito na definio do momento.
Ele faz referncia ao ano de 1738 como sendo significativo, mas podia estar a referir-se
data da primeira reunio da sociedade ou o comeo do avivamento evanglico na Inglaterra. Em
outros escritos ele repete a anotao do dirio por cinco vezes, mas sem comentrio. Mais tarde
Wesley faz referncia a 1725 mais do que 1738 como sendo chave para o seu desenvolvimento
espiritual. Talvez mais intrigante no seu dirio sejam as anotaes que vm imediatamente a seguir
ao dia 24 de Maio, em que ele expressava contnuas dvidas sobre a sua vida espiritual.
O que se sabe com certeza que Aldersgate virou Wesley numa direo diferente. A maior
parte dos estudiosos concorda que Wesley ganhou um novo grau de certeza da sua salvao,
baseado na graa e no nas obras. Esse testemunho do Espritocomo Wesley o chamoutornouse uma doutrina central do Metodismo. Depois de Aldersgate, Wesley tambm pregou sola fide com
tanto empenho nos plpitos Anglicanos que acabou por ser proibido de pregar mais em mui tas
dessas igrejas. No podendo pregar nos plpitos, ele decidiu pregar nos campos. E virou a sua
ateno para um ministrio itinerante pela Inglaterra.

2. UMA BIOGRAFIA TEOLGICA DE W ESLEY DE ALDERSGATE A MORTE DE W ESLEY


2.1. Questes Biogrficas4
2.1.1. Seus pais.
Quando Deus, na sua providncia divina, destina algum a realizar os seus desgnios para
com a humanidade, comea pelos pais e avs dessa pessoa. Assim se deu na vida de Joo Wesley.
Sua parentela contava muitas pessoas nobres e distintas na vida nacional e da Igreja.
Entre essas pessoas havia diversos literatos cultos e profundamente religiosos. Seus prprios
pais foram desse nmero, sendo o pai um literato e vigrio da Igreja Anglicana e sua me uma
senhora bem educada, prtica e piedosa. Dela foi que o filho aprendeu a ser metdico e ter sistema
na vida prtica. Ela determinava horas e dias marcados para seus filhos fazerem certas coisas e eles
tinham que faz-las.
2.1.2. Sua Educao.
Como j dissemos, sua me tomou grande interesse em seu filho Jack (o apelido de
carinho) desde os seus primeiros dias de infncia, ensinando-o no somente o que se encontra nos
livros, mas, tambm o que se encontra no corao de uma me piedosa e estremecida. Tinha dia e
hora marcados em cada semana, em que levava Jack para seu quarto e ali, sozinhos, ela
conversava aconselhando-o e orando por ele. Revelava to boas qualidades, que no somente
conseguiu impressionar e influir poderosamente no esprito do seu filho enquanto criana, mas
tambm pelos seus conselhos acertados prestou relevantes servios sua idoneidade. Portanto,

Os Fundadores do Metodismo por Pa ul E. Buyers. Imprensa Metodista, 1929.

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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

cedo na vida, prestou a essa mulher admirvel homenagem e respeito. Ele foi, sem dvida, o reflexo
da influncia da sua querida me.
Quando tinha dez anos de idade, os pais mandaram-no para Londres, onde passou uns seis
anos na Escola Charterhouse. Os dias passados j foram dias de proveito, mas, a princpio, dias de
lutas e grandes tentaes. No sendo um menino muito robusto, o pai aconselhou -o que fizesse uma
corrida, todas as manhs, ao redor do quarteiro, onde estava a escola. Ele cumpriu fielmente esta
ordem; e de manh cedo podia-se ver correndo ao redor da escola, um menino de cabelos louros
agitados pelo vento.
Terminando o seu curso nesta escola, quis estudar na Universidade de Oxford, onde seu pai
havia estudado. Durante este perodo passou da meninice mocidade. No era mais uma criana,
porm um adulto, com a sua personalidade mais ou menos desenvolvida. Seu irmo mais velho,
Samuel, que a esse tempo morava em Londres, escrevia cartas ao pai, elogiando o Joozinho pela
sua inteligncia e coragem. Ele no deixou de seguir o conselho de seu pai e, fielmente, fazia as
corridas diariamente ao redor da escola, assistia cultos aos domingos, comungava, lia a Bblia e fazia
orao. O Sr. Southy diz que por sua tranqilidade, regularidade e aplicao tornou -se o favorito de
seu mestre, Dr. Wolher.
2.1.3. Um incidente impressionante na sua meninice.
Joo, o dcimo quinto filho de Samuel e Susanna Wesley, nasceu na pequena cidade de
Epworth, Linconshire, Inglaterra, no dia 28 de junho de 1703. Como j dissemos, ele no tinha
motivo para se envergonhar de seu parentesco. O lar na casa pastoral de Epworth era semelhante a
uma colmia de abelhas em atividade e interesse. Quando tinha passado seis anos da vida aqui nesta
casa to cheia de encantos, aconteceu certo dia um incidente to impressionante do qual ele nunca
se esqueceu. A altas horas da noite a casa incendiou-se e, sendo uma casa de madeira e j velha, no
levou muito tempo para ser consumida. Todos os membros desta numerosa famlia com os criados
tinham abandonado a casa. Muitos dos seus vizinhos tinham afludo ao redor da casa para socorrlos. Notaram que Joo no estava com os demais membros da famlia.
A casa j estava envolvida em chamas e Joozinho ainda estava dormindo no segundo andar.
A escada j estava tomada pelo fogo e as labaredas estavam passando pelo forro do teto, iluminando
o quarto onde a criana se achava. A claridade acordou o menino. Assustado, ele correu para a janela
e olhou para baixo, l enxergando os rostos dos seus pais e vizinhos iluminados pela claridade do
incndio. Descer pela escada era impossvel, pular pela janela era perigosssimo. O desespero
apoderou-se dos pais. Que fazer? Havia no meio dos vizinhos um homem mais calmo e refletido do
que os outros, o qual se chegou parede da casa, convidou mais dois homens para treparem em
seus ombros, fazendo deste modo uma escada at a janela onde se encontrava o menino. Joo pulou
nos braos do homem e desceu de um para outro at chegar salvo ao cho.
O pai, abraando o seu filho, convidou seus vizinhos para fazerem orao, dizendo
Venham, meus amigos, vamos dar graas a Deus pelo livramento do meu filho; deixai a casa
queimar; tendo meus filhos, sou rico! Assim ajoelharam-se e renderam graas a Deus. Este
incidente de tal forma impressionou a criana que nunca mais dele se esqueceu e, mais tarde na
vida, recordando-se deste incidente, considerava-se a si mesmo como um tio arrebatado ao fogo e
comparava este mundo a uma casa incendiada cujos habitantes corriam o perigo de perder-se no
fogo eterno.

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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

2.1.4. Estudante em Oxford: A cidade de Oxford.


A cidade de Oxford, nesta poca, embora famosa como centro educativo, no era, em sua
atmosfera moral, muito favorvel ao desenvolvimento de piedade ou intelectualidade. O Dr. Fitchett
diz: Oxford, no princpio do sculo dezoito, talvez fosse o lugar mais prosaico que qualquer outro
em toda a obscura Inglaterra. No havia entusiasmo nem pelos esporte s! Era o lar da insinceridade e
da ociosidade e cheia de vcios gerados por tais qualidades. A sua insinceridade era de um tipo
pernicioso; porque era organizada, patrimoniada, venerada e revestida de autoridade, e, alm de
tudo, era conceituada como virtuosa. Portanto, os seus ideais eram naturalmente baixos, a
disciplina frouxa e a religio consistia em formalismo cuja qualidade era ridicularizar os estudantes
mais religiosos e sinceros.
2.1.5. A vida como estudante.
Pouco se sabe da vida de Wesley durante os quatro anos que passou como aluno em Oxford.
muito provvel que fosse a poca em que descuidara mais da sua vida religiosa. Isto no quer dizer
que se tornasse um rapaz dissoluto, mas que negligenciou observar os seus costumes religiosos de
outros tempos. Julgamos, pela correspondncia com seu pai, que passou apuros financeiros durante
este perodo de sua vida. Que ele foi um bom estudante no se pode duvidar. Completou seu curso
em quatro anos, tirando o seu diploma em Bacharel em Artes em 1724. Alguns dos seus
contemporneos do testemunho dele quanto ao seu comportamento e estudos. O Sr. Badcoch, um
dos seus colegas, assim o descreve quando tinha vinte e um anos de idade; um rapaz de superior
gosto clssico, e de sentimentos liberais e cavalheiros. O Sr. South diz que ele era um estudante
diligente e por sua habilidade em lgica, pela qual conseguiu freqentemente derrotar os que mais
tarde seriam os seus adversrios na vida.
Falando de sua prpria vida nesta poca, Wesley diz: Eu continuava a fazer as minhas
oraes, tanto em particular como em pblico e ler a Bblia junto com outros livros religiosos,
especialmente comentrios sobre o Novo Testamento. Mas no tinha a mnima idia do que era a
santidade ntima no corao; sim, habitualmente continuava, mais ou menos, satisfeito, cometendo
alguns pecados reconhecidos.
Realmente Wesley estava passando aquele perodo de transio do menino para o homem.
Como as demais pessoas, tinha de ajustar-se a esta nova fase da vida. Sem dvida alguma os ensinos
que recebera dos pais e os hbitos formados no lar paterno vieram agora em seu auxlio para
confirm-lo numa vida reta.
2.1.6. Preceptor em Lincoln College, Oxford.
Quando completou o seu curso em Oxford tinha vinte e um anos de idade e logo se levantou
em seu esprito a questo da sua profisso ou vocao. Resolveu-se a entrar para o servio da Igreja
e seus pais concordaram nisso. Uma vez tomada essa deciso comeou logo a preparar-se para a sua
ordenao. Dedicou-se ao estudo de teologia e leitura devocional. Sua principal preocupao era
obter uma idia clara acerca da natureza do homem e da sua relao para com o homem e do
homem para com Deus. Sobre a sua experincia religiosa muito podia se dizer; porm no podemos
aqui estender-nos sobre o assunto alm de dizer que a maior dificuldade com o Sr. Wesley procura
de Deus, era que ele queria desenvolver uma teologia e ento experiment-la na vida prtica, em vez
de ter uma experincia pessoal da graa de Deus no corao e dali desenvolver numa te ologia.
Em outras palavras ele inverteu o processo e isto causou-lhe muitos desapontamentos e
perplexidades. Quando se considerou preparado para aceitar a ordenao, foi ordenado pelo bispo
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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Potter, a 19 de setembro de 1725. A 17 de maro de 1726 foi eleito preceptor de Lincoln College em
Oxford. Em outubro do mesmo ano foi eleito lente (professor de escola superior ou secundria) da
cadeira de grego e moderador das classes. A 14 de fevereiro foi -lhe conferido o grau de Mestre em
Artes.
Sendo um estudante e professor diligente, estabeleceu o seguinte horrio de estudos que
seguia assiduamente: segundas e teras-feiras, Grego e Latim; quarta-feira, Lgica e tica;
quintafeira, Hebraico e rabe; sexta-feira, Metafsica e Filosofia Natural; sbado, Oratria e Poesia;
domingo, Divindade. Nas horas vagas estudava Francs e lia uma grande variedade de livros
modernos.
No outono de 1727 ele foi ajudar seu pai na sua parquia de Epworth e Wroote, onde passou
quase dois anos com pouco sucesso e satisfao. Sendo convidado de novo a voltar para Oxford
como preceptor, aceitou o convite e entrou em servio pelos fins do ano de 1729.
2.2. O Wesley Adulto [1739-60]
A fase mdia da vida de Wesley foi consumida com o surgimento e organizao do
Reavivamento Metodista na Inglaterra, e a sua necessidade de esclarecer a teologia Metodista. A
primeira posio teolgica que Wesley assumiu foi de renunciar os extremos do Moravianismo.
Embora tivesse profundo reconhecimento pela sua
FAA SUAS ANOTAES AQUI
influncia na sua vida, e a sua doutrina de sola fide,
Wesley comeou a sentir-se inconfortvel com o seu
quietismo5. Wesley viu que nfase demasiada sobre a
doutrina da graa conduziria a uma espcie de
antinomianismo. Da a necessidade de permanecerem
quietos perante Deus. A partir de 1725, Wesley nunca
mais vacilou na sua convico de que o Cristo
manifesta a sua crena atravs de boas obras,
particularmente obras de amor e compaixo pelos
mais necessitados. Ecoando o livro de Tiago, Wesley
exigiu que a f fosse demonstrada e legitimada por
tais obras.
Nas dcadas de 1740 e 1750 deu-se o
surgimento do povo chamado Metodistas. Com a
organizao de reunies de sociedades, bandos e
classes, Wesley ofereceu aos seus convertidos um programa disciplinado de formao espiritual, no
contexto da comunho com outros Cristos, e com nfase no cuidado pastoral. As sociedades eram
grupos maiores, semelhantes em tamanho a uma congregao mdia. Reunies de bandos e classes
eram pequenos grupos que promoveram intensamente a responsabilidade mtua. A maior parte do s
estudiosos v essa estrutura como algo crucial no desenvolvimento do Metodismo, ao contrrio de
outros avivamentos peridicos que tiveram sucesso no incio, mas no viram qualquer colheita em
longo prazo.
Wesley tambm estabeleceu uma grande rede de pre gadores leigos, os quais viajavam de
sociedade em sociedade pregando e assegurando o cumprimento do plano e da viso evanglica de
Wesley. Conferncias anuais, iniciadas pela primeira vez em 1744, tambm desempenharam um
5

Doutri na mstica, especialmente difundida na Espanha e na Frana no sc. XVII, segundo a qual a perfeio mora l cons i s te na
a nul a o da vonta de, na i ndi ferena a bs ol uta , e na uni o co ntempl a ti va com Deus .

13
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

papel crucial no desenvolvimento dos distintivos do Metodismo. O relacionamento do Metodismo


com a Igreja Anglicana foi questionado durante esse perodo, tanto pelos Metodistas como pelos
Anglicanos. Por todos esses anos, Wesley decididamente rejeitou qualquer sinal de separatismo,
considerando o seu movimento como uma ordem ou renovao evanglica no seio da Igreja
Anglicana. No contexto dos bandos e sociedades, influenciadas pela prpria viso de Wesley, os
Metodistas comearam a testificar da experincia da inteira santificao. Santidade de corao e
vida tinha sido desde sempre uma das frases prediletas de Wesley. medida que pessoas
comearam a professar a experincia, Wesley comeou a ver a vantagem de pregar a possibilidade
do seu alcance. O seu irmo, Charles, discordou da nova pregao de Wesley. Charles creu at ao fim
que uma experincia de inteira santificao rara, e quando acontece, na aproximao da morte
do indivduo. Nas prximas dcadas, Wesley seria forado a clarificar a sua posio.
2.3. O Wesley Snior [1760-91]
Os anos que se seguiram a 1760 e at a sua morte em 1791 representaro para ns o
Wesley Snior. Durante essas dcadas, Wesley deparou-se com importantes questes teolgicas
que ajudariam a definir o Metodismo. Problemas pessoais tambm se misturaram co m
preocupaes mais teolgicas. O que passou a ser conhecido como a controvrsia perfeccionista
teve incio nos princpios de 1760. Durante a sua fase adulta, Wesley havia comeado a enfatizar a
possibilidade de alcanar a perfeio Crist, bem como a de safiar os seus seguidores a busc-la
agora. Dois dos seus seguidores, Thomas Maxfield e George Bell, levaram a doutrina ao extremo.
Eles eram os lderes da sociedade de Londres. Enfatizaram que tal perfeio era absoluta e
alegaram que um Cristo assim feito perfeito no podia pecar, antes persistindo num estado como
que anglico.
Eles minimizaram o processo gradual que Wesley havia sempre enfatizado. A controvrsia
gerou muito debate e agresso sobre a doutrina da santificao. Wesley organizou uma con ferncia
para resolver o assunto, e procurou esclarecer a sua posio em publicaes tais como Sobre a
Perfeio (1761), O Pecado nos Crentes (1763) e talvez de forma mais compreensiva em Uma
Explicao Clara da Perfeio Crist (publicado pela primeira vez em 1766, e depois em 1777).
Embora Wesley tivesse lidado desde o princpio do movimento, com Metodistas que se
consideravam Calvinistas, a dcada de 1770 pode ser considerada como um catalisador no
ressurgimento do debate. Whitefield, que tinha sido membro do Clube de Santidade, tornou-se
evangelista proeminente tanto na Amrica do Norte como na Inglaterra. Apesar da sua proximidade
de Wesley durante muitos anos, os dois discordaram quanto doutrina da predestinao. Na ocasio
do funeral de Whitefield, Wesley foi acusado de no apresentar corretamente os pontos de vista de
Whitefield no sermo que pregou. Em resposta controvrsia, Wesley publicou vrias obras: Sobre
a Predestinao (1773), Reflexes Sobre a Necessidade (1774), e Efetuando a Nossa Salvao
(1785). Wesley nunca vacilou na sua posio decisiva contra a eleio. No final, o Metodismo
permaneceu resolutamente no campo Arminiano.
Todos somos eleitos por Deus para a salvao, mediante aceitao da graa de Deus. De
acordo com a posio Calvinista, apenas certos indivduos so eleitos para a salvao, e essa salvao
no est condicionada em nada; a graa irresistvel. O argumento principal de Wesley contra a
doutrina da predestinao que ela distorce a nossa imagem de Deus e coloca a soberania de Deus
acima do seu amor.
Foi tambm durante a fase snior da vida de Wesley que a questo da separao do
Metodismo da Igreja Anglicana atingiu o seu clmax. A questo tinha surgido dcadas antes na vida
14
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

de Wesley. Wesley tinha-se pronunciado resolutamente contra tal separao. Ele queria ver o
Metodismo como um movimento de renovao dentro da Igreja Anglicana. Ainda mais peremptria
do que a posio de Wesley foi a do seu irmo, Charles, que manteve que em nenhuma circunstncia
devia a separao ocorrer. Mas uma situao inesperada na Amrica forou John a ceder. Como
sabido, o surgimento de questes polticas nas colnias Americanas resultou na Guerra da Revoluo
em 1776. No meio do conflito, a Igreja Anglicana retrocedeu para a Inglaterra. Isso deixou os
Metodistas na Amrica com o problema prtico e pastoral da administrao dos sacramentos.
Embora tivessem sempre reunido para cultos de pregao e reunies das sociedades, Wesley exigiu
que os Metodistas tanto na Inglaterra como na Amrica recebessem o sacramento da Santa Ceia em
Igrejas Anglicanas.
Wesley viu-se profundamente perturbado
FAA SUAS ANOTAES AQUI
com o fato de que na ausncia de sacerdotes
Anglicanos, os Metodistas Americanos se viram sem
oportunidade de receber o sacramento. Para ele a
Santa Ceia era to importante que ele decidiu aprovar
a ordenao Metodista de Francis Asbury e Thomas
Coke, e comission-los como superintendentes
gerais da Igreja Metodista em 1784 numa
conferncia em Baltimore. Essencialmente, isso
desencadeou uma srie de eventos que conduziram
os Metodistas Americanos independncia. Aps a
morte de Wesley, os Metodistas Ingleses tornaram-se
uma igreja distinta do Anglicanismo.
A deciso de Wesley causou grande desavena
com o seu irmo Charles. A relao entre eles nunca
mais foi a mesma. Presentes tambm estiveram
outras dificuldades pessoais. John Wesley tinha-se casado contra a opinio de Charles. O casamento
foi um autntico fracasso, e Molly Wesley finalmente separou-se definitivamente de John em 1771.
Quando ela faleceu em 1781, Wesley s veio a tomar conhecimento muito tempo depois.
Mas apesar de todas essas controvrsias e dificuldades, Wesley continuou a ser um forte
lder at sua morte. Ele continuou a publicar e a pregar e a corresponder com o seu povo
Metodista, e continuou produtivo at ao fim. Ele foi imediatamente reconhecido como um homem
incrivelmente influente.

3. AS FONTES TEOLGICAS DE W ESLEY


3.1. A Igreja Primitiva
Wesley fez muito uso das fontes Patrsticas. Ele herdou a sua apreciao pelos e scritores da
Igreja Primitiva do seu pai, Samuel, que tinha por hbito escrever aos membros do clero com
sugestes de leitura. Durante a sua estadia em Oxford, Wesley teve o cuidado de estudar tudo
quanto pde acerca das fontes Patrsticas. Nessa altura el e assumia essas fontes literalmente,
procurando segui-las na medida do possvel na sua prpria vida diria. Ele continuou esta prtica
durante a sua estadia na Gergia, e chegou mesmo a integrar liturgias da Igreja Primitiva no seu
ministrio l, ao mesmo tempo que experimentava com pequenos grupos, bandos, que a seu ver
seguiam o modelo estrutural catequtico da Igreja Primitiva.
15
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Contudo, em Janeiro de 1738, Wesley declarou que em vrios pontos tinha errado na sua
apropriao das fontes da Igreja Primitiva. Ele achou que no as tinha sujeitado suficientemente
autoridade das Escrituras. Tinha estendido demais at ao sculo IV as fontes verdadeiramente
importantes. Tinha errado em interpretar conclios e snodos como sendo mais aplicveis
universalmente do que na realidade deviam ser. A partir dessa altura, Wesley passou a acreditar que
quanto mais prxima do perodo do Novo Testamento estivesse a fonte, mais segura seria. Assim
comeou a dar preferncia s fontes pr-Nicenas ou seja datando de antes do conclio ecumnico
de 325. Tambm passou a preferir fontes Orientais. Essas so as fontes Patrsticas escritas em
Grego, em vez de Latim. Mas a diferena no se reduzia lngua. Bem cedo teologia Oriental e
teologia Ocidental comearam a receber nfases distintas.
A teologia Oriental tinha em regra um foco
FAA SUAS ANOTAES AQUI
litrgico e prtico. Colocava maior peso na condio
humana e na capacidade humana de transformao
do que as fontes Ocidentais. Assim, a sua noo de
salvao e santificao tinha como foco a verdadeira
transformao de carter pela graa de Deus, e era
completamente otimista no tocante ao crescimento
espiritual nesta vida. Igualmente se concentrou essa
teologia na cooperao dinmica entre a graa de
Deus e a nossa apropriao dela, processo conhecido
como sinergismo. Entre as fontes Orientais que mais
influenciaram Wesley esto Irineu, Clemente de
Alexandria, Orgenes, Macrio, Joo Crisstemo, e
Efram Siro. Desses e muitos outros se apropriou
Wesley, na busca da experincia de Deus e da vida de
santidade.
3.2. O Misticismo e a Reforma
O interesse de Wesley pelos aspectos prticos do nosso relacionamento com Deus levou -o da
Igreja Primitiva ao misticismo Catlico Medieval, at nfase na graa que acompanhou a Reforma
Protestante. Wesley nutriu profunda apreciao pela tradio mstica de figuras como Santa Teresa
de vila, S. Joo da Cruz, e Francisco Fenelon, cujas experincias de Deus o impressionaram
grandemente. Mesmo assim, acabou por concluir que todos eles exageraram, e isso principalmente
por duas razes:
>> Primeira razo: ele rejeitou a ideia de que o alvo da experincia Crist a unificao com Deus.
Era a posio dos msticos que o crente pode gradualmente progredir at alcanar a experincia da
unificao. Para alguns msticos, o alvo da unificao era o desaparecimento total do ser humano na
essncia de Deus. Teologicamente, era o parecer de Wesley que a essncia divina permanece
separada da essncia humana. Na sua maneira de ver, ns tornamo-nos como Deus. De acordo com
o misticismo, quase que nos tornamos parte do prprio Deus.
>> Segunda razo: Wesley queria refutar o quietismo de alguns msticos. Como foi mencionado
numa lio anterior, nunca foi a inteno de Wesley defender um Cristianismo que negligenciasse a
obra de Deus sob pretexto da graa ou at mesmo da orao. O misticismo podia colocar tanta
nfase na nossa prpria jornada mstica que as expresses prticas do amor ao prximo acabariam
por ser negligenciadas.
16
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

A importncia que Wesley atribuiu nfase que a tradio msti ca ps na devoo, em


combinao com a sua rejeio das tendncias quietistas dessa tradio, fizeram com que ele
recebesse a designao de mstico prtico.
De uma maneira geral, Wesley reiterou a Reforma Protestante articulada por Martinho
Lutero. A doutrina Luterana de sola fide que lhe foi comunicada pelos Moravianos, influenciou
profundamente a sua vida e a sua experincia em Aldersgate. Mesmo assim, Wesley manteve
reservas no tocante inclinao dos Moravianos para o quietismo, bem como s dificuldade s do
prprio Lutero em relao aos conceitos encontrados no livro de Tiago.
A Reforma, na sua expresso Calvinista, constituiu um campo de batalha da viso que Wesley
tinha do Metodismo. Wesley era ntidamente um Arminiano, segundo o pensamento de Tiago
Armnio, figura do sculo 17 que refutou a doutrina Calvinista da salvao. At surpreendente que
Wesley no tivesse citado Armnio com maior frequncia na sua prpria defesa contra o Calvinismo.
O centro da teologia de Armnio :
>> O livre arbtrio
>> A rejeio da predestinao
>> A declarao de que Cristo morreu por todos
Durante o sculo 17, os seguidores de Armnio, os Remonstrantes, foram severamente
perseguidos. Para todos os efeitos, o Snodo de Dort declarou o Arminianismo hertico e claramente
tornou o pensamento Calvinista muito mais rgido do que o prprio Calvino intencionara. O
Anglicanismo dos dias de Wesley era mais tolerante. Embora alguns artigos de f do Anglicanismo
tivessem um tom visivelmente Calvinista, a ameaa do Puritanismo empurrou o Anglicanismo para
uma posio mais equilibrada.
3.3. Os Contemporneos de Wesley: O Puritanismo e o Anglicanismo
Robert Monk do parecer de que Wesley foi influenciado pela sua herana Puritana. Tanto a
sua me como o pai originaram de lares Puritanos. O Monk defende a sua posio mostrando que o
conhecimento que Wesley possua da literatura Puritana era notavelmente extenso. Ele citou
escritores Puritanos, e reitera vrias doutrinas Puritanas como as doutrinas da justificao pela f,
da segurana, e da justificao final. Fez uso de mtodos Puritanos de evangelismo, e deu ateno ao
auto-exame. Ao mesmo tempo, no lado mais poltico da questo, Wesley rejeitou as tendncias
separatistas dos Puritanos. Ele tinha reservas em relao queles que e stavam interessados numa
identidade distinta da Igreja Anglicana.
Do nascimento at morte, Wesley permaneceu um Anglicano. Era profunda a sua lealdade,
e inalterada pela sua necessidade prtica de ordenar ministros Metodistas na Amrica. Mas para
alm de uma assumida lealdade, no h dvidas de que grande parte da viso teolgica de Wesley
foi grandemente influenciada pelo pensamento Anglicano. Com efeito, Wesley abraou certos
postulados teolgicos diretamente da teologia Anglicana do sculo 18.
Consideraremos a nfase Anglicana sobre os seguintes:
>> A bondade de Deus
>> A rejeio da teoria expiatria da satisfao
>> A eleio condicional
>> A justia imputada
>> Cristo como o centro de toda a concluso teolgica
>> A Bblia como a nica medida de f
>> A tendncia para a via media
17
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

>> O uso de fontes da Igreja Primitiva


>> A santidade de corao e vida

4. O QUADRILTERO W ESLEYAN O
4.1. Por que o Quadriltero?
O prprio Wesley nunca usou o termo quadriltero. Foi um especialista em assuntos
Wesleyanos, Albert Outler, quem estabeleceu o termo como forma de explicar o conceito Wesleyano
da verdade religiosa. O quadriltero consiste de quatro elementos. Mas eles no so de igual valor.
Para Wesley, as Escrituras so o elemento principal. Seria at prprio referir-se s Escrituras como
sendo a fonte de autoridade, com um trio de elementos a servir-lhe de suporte. Esses elementos so
a tradio, a razo, e a experincia.
O quadriltero funciona como um sistema de verificao. Uma boa ilustrao disso que se
algum afirma que teve uma experincia em que Deus lhe mandou cometer adultrio, isso
naturalmente seria examinado, e desmentido, pelas Escrituras, nos Dez Mandamentos.
Mas pela mesma medida, se eu interpretar as
FAA SUAS ANOTAES AQUI
Escrituras em isolamento, fora do contexto da
comunidade, da razo, ou das experincias de outros,
a minha interpretao tem que ser examinada e
talvez corrigida por essas outras fontes.
As Escrituras tm ento que ser interpretadas
em dilogo com as outras fontes, da mesma maneira
que as Escrituras servem como prova final das outras
trs.
Para reiterar, Wesley nunca explicou isso
diretamente, mas era esse o seu mtodo teolgico;
era a sua maneira de praticar a interpretao bblica e
teolgica.
A BBLIA
A Bblia a principal fonte de verdade religiosa por ser a revelao especial de Deus, que d
testemunho da revelao final de Deus em Cristo. A questo da autoridade deve ser aqui levantada.
Porque que a Bblia tem autoridade?
Existem tradies que afirmam que a fonte da autoridade da Bblia jaz no fato de ela ser
inspirada diretamente por Deus; ela sem erro, e tem, portanto veracidade e autoridade. de notar
que toda essa questo da iseno de erro um debate que comeou nos princpios do sculo 20.
Seria ento antiquado questionar Wesley sobre a sua posio nesse debate. Mas no uma questo
irrelevante para os Wesleyanos.
Enquanto que as tradies mais conservadoras defendem que a Bblia em tudo isenta de
erro, os que seguem Wesley mantm que a Bblia isenta de erro em tudo quanto tem a ver com a
nossa salvao.
Nas igrejas mais conservadoras, fundamentalistas, abraa-se a teoria de que a inspirao
aconteceu em forma de ditado. Isso sugere que Deus deu aos autores das Escrituras cada palavra
que escreveram. E se cada palavra foi escrita por Deus, ento a Bblia est livre de qualquer erro em
todo o sentidona sua cincia, histria, e cosmologia.
18
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

No extremo oposto estaria uma posio segundo a qual as Escrituras so um livro puramente
humano. Este extremo no d lugar a qualquer pretenso de iseno de erro. Os que defendem esta
posio afirmam que a Bblia somente o produto de escritores humanos.
Na posio central, na via media, est a doutrina da inspirao plena. Deus de tal forma
inspirou os autores das Escrituras que a sua situao humana, histrica e cultural no posta de
lado, mas antes engajada. Deus fez uso no s das mos deles, como seria o caso na teoria do
ditado, mas tambm das suas mentes e das suas experincias na comunicao do Seu amor,
propsito e plano de redeno da humanidade.
A salvao de Deus -nos revelada perfeitamente. Ela merece toda a confiana nos fins para
que foi inspirada: a salvao e a vida santa, no entender de Wesley e seus seguidores. Esta certeza
de certa forma liberadora. Se, por exemplo, a Bblia parece que se contradiz no relato de alguma
cronologia histrica, para o Wesleyano a autoridade dela no fica comprometida. Os mais
conservadores tm que defender e preservar a Bblia como perfeita em todo o sentido, dado que se
ela parecer contraditria mesmo que seja num mnimo detalhe, a sua autoridade cai. Wesley tinha
muito que dizer com respeito interpretao da Bblia. Ele estava bastante ciente da necessidade de
determinar o contexto de uma dada passagem, e de evitar o uso fci l do texto. Ele serviu- se das
lnguas originais, e investigou a situao histrica e cultural na interpretao do texto.
Wesley acabou por desenvolver a chamada analogia da f. Esta expresso refere -se a uma
corrente de doutrinas bblicas que emergem do tom geral das Escrituras. Sobre cada passagem da
Bblia, devemos perguntar: o que que esta passagem acrescenta ao nosso conceito do pecado
humano, da justificao pela f, do novo nascimento, e da santidade presente tanto interna como
externa?
Conforme observa Maddox, Ele acreditava que era a articulao global destas verdades que
conferia unidade s diversas componentes das Escrituras. Consoantemente, ele exigiu que todas as
passagens fossem lidas luz destas verdades.
Mas podamos perguntar: No lida a Bblia com outros assuntos? Claro, responderia Wesley.
Mas aqueles assuntos que no tm a ver com as doutrinas essenciais de pecado, salvao, e
santificao devem ser vistos como matrias no-essenciais. Porque razo que Wesley estava
empenhado em distinguir as questes essenciais das no-essenciais? A sua preocupao era com a
unidade Crist.
Os Cristos frequentemente discordam e por vezes at argumentam sobre assuntos no essenciais, dividindo assim o Corpo de Cristo. Era sua posio que ns de vemos pensar e deixar
pensardevamos humildemente permitir outras opinies aos outros crentesnas questes que
no so essenciais salvao.
A TRADIO
Por sculos e sculos as Escrituras tm sido interpretadas pela comunidade de f. O ramo
Catlico Romano da Cristandade tem posto tal nfase no papel da Igreja na interpretao das
Escrituras que se pode at dizer que as Escrituras e a tradio levam igual autoridade no seio do
Catolicismo. No outro extremo, alguns elementos da Reforma Protestante insistiram de tal maneira
que a tradio tinha sido corrompida que a proclamao de sola scriptura, Escrituras somente, se
tornou o seu grito de batalha.
Uma vez mais, Wesley assume uma posio intermdia. A tradio no est no mesmo plano
que a autoridade das Escrituras. Mas a tradio pode prestar grande auxlio na fiel e coletiva
19
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

interpretao da Bblia. Mas que tradio? Na cronologia da histria Crist, Wesley destacou dois
pontos como sendo particularmente importantes:
>> Primeiro: ele manteve em alta estima os escritores da Igreja Primitiva. Como ficou observado
numa lio anterior, Wesley deu preferncia ao perodo Ante -Niceno, e s obras dos escritores
Orientais.
>> Segundo: Wesley encarou o prprio Anglicanismo como a nova personificao do carter da
Igreja Primitiva. Ser que ele estava sendo parcial nesse ponto? claro que sim. Cada um de ns
quereria que a nossa denominao, qualquer que ela fosse, constitusse a mais clara expresso da f
Crist; se assim no fosse, procuraramos outro lugar.
Wesley, contudo, no era esttico ou rgido na sua apropriao do pensamento Anglicano. O
seu relacionamento com o Anglicanismo era mais dinmico, particularmente no tocante aos seus
Artigos da Religio, que ele chegou a editar para o seu povo Metodista. Em ltima anlise, a tradio
no era uma entidade esttica para Wesley, mas sim a verdade do evangelho nas mos das pessoas.
Isso se encontra refletido no conceito que Wesley tinha do apostolicismo. No era uma linhagem
com origem nos apstolos que assegurava a verdade. Era a f dos apstolos, expressa de novas
maneiras para novas geraes que confere tradio a sua qualidade dinmica e autoritativa.
A EXPERINCIA
Antes de Wesley, encontramos tanto a
Igreja Primitiva como o Anglicanismo usando o
que poderamos chamar de o triltero de
Escritura, tradio, e razo. Ao acrescentar o
distinto elemento de experincia, Wesley
expande a metodologia para constituir um
quadriltero.
Que uso fez Wesley da experincia? Em
primeiro de tudo, Wesley cria firmemente na
religio do corao. O cristo pode gozar no seu
corao a segurana do amor salvador de Deus. A
doutrina da segurana tambm conhecida por
testemunho do esprito extrada por
Wesley de Romanos 8:16, onde Paulo afirma que
O prprio Esprito testifica com o nosso esprito
de que somos filhos de Deus.
Na formulao e discusso da doutrina da
segurana, Wesley tambm foi influenciado pela
sua prpria experincia em Aldersgate. Para
Wesley, a f Crist algo experiencial. Ele acreditava que algum pode afirmar todos os credos, e
crer em todas as doutrinas certas, e ainda assim estar espiritualmente morto. A graa de Deus tem
que ser apropriada individualmente, resultando em segurana e transformao de vida e corao.
Mas Wesley chegou a usar a experincia como fonte para a formulao das doutrinas em si?
Sim e no. Se com essa pergunta queremos dizer que ele alcanou concluses baseadas na
experincia, independentemente das Escrituras, ento a resposta no! Wesley nunca usou a
experincia dessa maneira. Alguns tm sugerido que ele na verdade baseou a sua doutrina do
pecado original na sua experincia apenas. Contudo, o que ele na verdade estava fazendo era
FAA SUAS ANOTAES AQUI

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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

apresentar o pecado original como algo evidente, bvio para todos. As nossas experinci as
constituem prova de que a humanidade corrompida. Mas Wesley jamais ps de lado as
Escrituras, como se o pecado original fosse um conceito extra-bblico. O que ele fez foi estar disposto
a adaptar a sua interpretao das Escrituras quando confrontado pelas experincias do seu povo
Metodista. Isso por demais evidente se considerarmos dois assuntos especficos.
>> Primeiro: Wesley levou tempo a formular a sua noo de santificao. Se a santificao
instantnea ou se se trata de um processo progressivo uma questo que surgiu medida que o
Metodismo se desenvolveu de uma dcada para outra. Na opinio de Wesley, a Bblia no se
pronuncia sobre essa questo; embora tenha muito a dizer sobre a santificao e a vida de
santidade, ela no se pronuncia quanto forma ou altura da sua obteno.
Wesley comeou a escutar testemunhos, muitos e muitos testemunhos, de uma experincia
instantnea de graa depois de uma experincia inicial de converso. Estes testemunhos levaram
Wesley a afirmar que esta experincia mais profunda de santificao pode, de fato, ser instantnea,
e pode assim ser esperada agora na jornada Crist. Isso modificou a opinio de Wesley. A sua
posio madura, que a santificao tanto um crescimento progressivo quanto uma experincia
instantnea.
Este exemplo revela um aspecto muito importante do uso que Wesley fez da experincia.
Para ele, experincias legtimas eram por natureza coletivas, bem como consistentes atravs do
tempo. Por outras palavras, as Escrituras no devem ser interpretadas com base em sentimentos
individualistas, mas antes na base do testemunho que uma inteira comunidade de f d de uma
realidade que tem impacto duradouro.
>> Segundo: Wesley tambm aplicou esta noo de que a experincia coletiva questo da
liderana das mulheres na igreja. Embora no comeo da sua carreira Wesley tivesse mantido uma
opinio tradicional das mulheres, o fato de que muitas mulheres Metodistas estavam a sentir a
chamada de Deus para pregar finalmente levou Wesley a afirmar estes exe mplos extraordinrios
de direo Divina como tendo base bblica. Assim foi que ele oficialmente aprovou mulheres como
pregadoras e lderes nas suas sociedades Metodistas.
A RAZO
Como no caso da experincia, Wesley nunca viu a razo como uma fonte ind ependente da
verdade. Como diz Rebekah Miles, a razo um meio, no uma fonte. Como vimos na nossa lio
sobre a epistemologia, no podemos chegar a Deus atravs da razo sem revelao especial. Mas
isso no significa que a f irracional. Wesley questionava uma f que tinha muito entusiasmo
mas pouco discernimento. O Cristo verdadeiro racional. A razo essencial.
Uma vez mais, Wesley encontra uma via meia entre aqueles que pem de lado a razo e
aqueles que a exaltam demais. Para Wesley, qual a funo da razo? semelhana dos
empiricistas Britnicos da altura, Wesley acreditava que experincias, ganhas por intermdio dos
sentidos, constituem a fonte principal do conhecimento humano. O que a razo faz assistir -nos no
processamento dessas experincias ajudar-nos a fazer sentido delas, organiz-las, e finalmente
comunic-las aos outros. A razo tambm nos assiste no entendimento, anlise, estruturao, e
comunicao de questes de f e verdade bblica. Mas em ltima anlise, a razo no cons egue
produzir uma vida plena de f que encontra expresso em virtude concretamente, f esperana e
amor.
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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

5. O DEUS TRIN O CRIADOR A P ESSOA DE CRISTO A P ESSOA DO ESP RITO


5.1. O Deus Trino Criador
PARA REFLETIR... Todas as outras doutrinas comeam com a doutrina de Deus: Sabeis que o alvo
supremo da religio de renovar os nossos coraes na imagem de Deus. 6
A revelao geral pode levantar a questo de Deus, mas s a revelao especial d resposta
pergunta, Como Deus? John Wesley acreditava que Deus se revelou a ns em forma plena e final
na pessoa de Jesus Cristo, do qual do as Escrituras testemunho. Ao mesmo tempo, se for preciso
Wesley tambm diria que Deus espalha suficiente graa pelo mundo, no s para imprimir no
corao humano a realidade de Deus como eterno, infinito, todo-poderoso, onisciente, etc., como
tambm para comunicar caractersticas ainda mais especficas desse ser divino, tais como bondade,
justia e misericrdia. Wesley diria que o testemunho bblico torna ainda mais claras essas
caractersticas.
Esses dois tipos de atributos so normalmente conhecidos como atributos naturais e
atributos morais.
Os atributos naturais so aqueles atributos
FAA SUAS ANOTAES AQUI
divinos que no podem ser removidos; sem eles Deus
deixaria de ser Deus. Trata-se de qualidades como
eterno,
infinito,
onipotente,
onisciente,
e
onipresente.
Segundo
Wesley,
essas
so
caractersticas essenciais, imutveis de Deus; elas
expressam a prpria natureza de Deus.
Os atributos morais so aquelas qualidades
que adicionam maior conhecimento da bondade de
Deus, tais como amor, graa, e misericrdia; os
atributos morais de Deus expressam a Sua atividade
em prol da humanidade.
A mais importante caracterstica de Deus
que Deus amor. A preocupao de Wesley em
relao ao carter de Deus no era apenas uma
questo de especulao. Ele chegou a acreditar que a
compreenso que o indivduo tem de quem Deus crucial para a vida Crist desse indivduo.
Confuso em relao a Deus produz confuso em relao f e prtica Crist.
O princpio supremo da teologia de Wesley o fato de que Deus amor. Ele reitera a todo o
custo o amor de Deus. Pelo contrrio, pode-se dizer que se pressionado o Calvinista teria que
defender a soberania de Deus como a principal caracterstica dEle. Este postulado bsico, do amor
ou do poder, viria a definir toda a viso teolgica de Wesley e de Calvino, apontando cada um deles
numa direo diferente.
Para Wesley, o amor de Deus supremo e fundamental. E para Wesley, trata-se de um amor
bem pessoal. Deus um Deus pessoal. claro, a prpria palavra pessoal um antropomorfismo

Serm o: Pecado Original Works, 2:185

22
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

aplicando uma analogia humana pessoa de Deus, dado que Deus, na Sua essncia, transcende o
nosso entendimento. Talvez fosse melhor dizer que Deus um Deus relacional.
Uma das evidncias mais claras do carter relacional de Deus est no fato de que Deus criou
o ser humano para relacionamento com Ele. No pensamento de Wesley, Deus Criador e
Sustentador. Isso significa que todas as coisas tm a sua origem em Deus (criao ex nihilo, criao a
partir do nada), mas tambm que o mundo s continua a existir e funcionar porque Deus o continua
a sustentar. Deus est intimamente envolvido na vida. Sem a obra sustentadora de Deus nada
continuaria a existir.
De uma maneira geral, o conhecimento cientfico e a estrutura da crena religiosa relativa
criao que Wesley adotou era aquela que estava em vigor nos seus dias. O que de maior interesse
a persistncia de Wesley sobre a ideia de que haver uma nova criao que a prpria terra ser
renovada na consumao dos tempos.
De maneira geral, a questo da ecologia tem sido algo de interesse para os Wesleyanos. O
profundo respeito de Wesley pela terra tem influenciado alguns a estabelecer uma ligao entre a
teologia Wesleyana e questes ecolgicas. Os Wesleyanos tm que ter cuidado com uma atitude
mais arrogante encontrada em algumas tradies fundamentalistasde que a eroso da terra sinal
de que o mundo est prestes a chegar ao fim. Para qu preserv-lo?
Wesley ainda defende o carter relacional de Deus na sua discusso da pessoa de Deus, ou
seja, da Trindade. Tinha sido prtica comum na Cristandade Ocidental tanto na sua forma
Protestante como Catlica enfatizar a unidade de Deus, subordinando a obra do Esprito Santo
obra do Pai e do Filho. Mas Wesley, mais influenciado pelas fontes Orientais da Igreja Primitiva do
que pelo Cristianismo Ocidental, realou a distino das trs Pessoas, dando no seu pensamento
grande ateno ao Esprito. Wesley um Trinitrio consumado, mas o seu foco de ateno
diferente dos seus contemporneos Ocidentais.
Para Wesley o que era importante era o fato de que as caractersticas de Deus, at mesmo a
Sua natureza Trinitria, influenciam a maneira como o cristo conhece e responde a Deus. Se
amamos e adoramos o verdadeiro Deus, Pai, Filho e Esprito Santo, ento somos capazes de crescer
em amor e virtude.
5.2. A Pessoa de Cristo
PARA REFLETIR: Wesley aconselha os seus ministros a: Declarar em cada sermo (e quanto mais
explicitamente melhor) que o primeiro e grande mandamento para o Cristo Crer no Senhor Jesus
Cristo: que Cristo tudo em todos, nossa sabedoria, retido, santificao e redeno ; que toda a vida,
amor, fora provm dele somente, todos de graa dados atravs da f.
Como Anglicano devoto, Wesley seguiu a Cristologia dos conclios ecumnicos primitivos, os
quatro primeiros dos quais desenvolveram o credo ortodoxo da natureza de Jesus Cristo. Jesus Cristo
plenamente Deus, tendo a mesma essncia e substncia que o Pai, Aquele qu e revelou plena e
cabalmente a natureza de Deus. Jesus um s com Deus na medida em que compartilha da mesma
essncia, mesmos atributos, e mesmos propsitos.
Tal como afirma o credo de Calcednia, Wesley declara que Jesus verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem, perfeito como Deus e como homem, e assim digno da nossa verdadeira
adorao. E, contudo Wesley reconhece que a Cristologia da Igreja Primitiva estava filosoficamente
23
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

limitada grande parte da linguagem do credo procede no das Escrituras mas do sistema filosfico
prevalente na fase derradeira do Imprio Romano.
Wesley buscou a sua Cristologia, bem como toda a sua teologia na Bblia em primeiro lugar.
Ele tinha uma preferncia por linguagem bblica. Por essa razo Wesley no tinha intere sse em
algumas das especulaes que corriam nos seus dias sobre a questo de Cristologia. Na verdade, o
seu interesse principal no era a natureza de Cristo. A sua nfase estava na obra de Cristo, conhecida
como a doutrina da soteriologia. A sua soteriologia mais ampla do que a do Cristianismo Ocidental,
o qual enfatizava a morte de Jesus Cristo como o aspecto mais importante da salvao. Seguindo o
exemplo de Irineu de Lyon (que trabalhou no sculo
FAA SUAS ANOTAES AQUI
segundo), Wesley afirma o significado da vida de
Jesus para a salvao. No seu pensamento, a
encarnao era de muito maior importncia.
E, contudo, de acordo com Randy Maddox,
alguns tm sugerido que Wesley revela ambivalncia
no tocante humanidade de Jesus. comum no
Cristianismo Ocidental a tendncia de manter
distintas as duas naturezas de Cristo. A teologia
Oriental, por outro lado tem, como diz Maddox,
enfatizado a interpenetrao das naturezas.
Isso tem dado lugar acusao de
monofisitismo uma heresia Cristolgica da Igreja
Primitiva que de tal maneira enfatizou a natureza
divina de Cristo que a Sua humanidade ficou
diminuda. Assim, a questo que Maddox levanta a
questo das tendncias monofisitistas de Wesley.
Maddox reconhece que existe algum desconforto com a humanidade de Jesus nos escri tos
de Wesley, particularmente nas suas Notas sobre o Novo Testamento. Ele tende a minimizar
qualquer emoo ou vulnerabilidade que Jesus tenha mostrado. Maddox explica isso focalizando a
ressonncia de Wesley com o alvo que a Ortodoxia Oriental mantm para a humanidadede tornarse como Deus (conceito conhecido como deificao ou divinizao) o que poderamos chamar de
alvo do processo de santificao.
A encarnao e vida de Cristo, bem como a Sua morte, influenciam a nossa compreenso e
obteno da santidade. Maddox tambm mostra que a Redeno baseada firmemente na iniciativa
de Deus em relao humanidade, sendo o Cristo divino a expresso mais plena dessa iniciativa.
semelhana de toda a teologia de Wesley, a sua Cristologia tem relevncia prtica. Ele tem
muito maior interesse na obra de Cristo do que na Sua natureza. E ainda assim, mesmo quando fala
da Sua natureza, as implicaes prticas sempre acompanham as a suas consideraes.
5.3. A Pessoa do Esprito
O Esprito a presena de Deus na vida Crist. Wesley tem por chave o fato de que Cristo no
s fez proviso para a nossa redeno, como tambm que tal redeno aplicada pela obra do
Esprito. correto afirmar que Wesley deu maior ateno do que as suas contrapartes Ocidentais
doutrina do Esprito Santo.
Ainda nos dias de hoje, aqueles que se posicionam na tradio Wesleyana da santidade tm
uma doutrina mais ampla e profunda do Esprito do que aqueles que pertencem tradio
24
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Reformada. O Esprito uma pessoa da Divindade, com caractersticas pessoais, com ser prprio,
no simplesmente uma parte subordinada, funcional de Deus ou uma expresso presente de Cristo
na terra.
O Esprito tem um papel singular na Trindade e nas nossas vidas. Como diz Maddox, Wesley
foi claro na sua posio de que o Esprito Santo deve ser visto como inteiramente pessoal, no
apenas uma fora ou energia nas nossas vidas. . . . Para ele, graa no era apenas um produto de
origem Divina que estendido humanidade. Era a atividade do prprio Deus na vida hu mana...
presente atravs da habitao em ns da Pessoa do Esprito Santo.
Em jeito de sumrio, Wesley escreveu: Eu creio que o infinito e eterno Esprito de Deus, em
igualdade com o Pai e o Filho, no s perfeitamente santo em si mesmo, como tambm a f onte
imediata de toda a santidade em ns: iluminando-nos o entendimento, corrigindo os nossos desejos
e afeies, renovando as nossas naturezas, unindo as nossas pessoas com Cristo, assegurando -nos da
adoo de filhos, dirigindo-nos nos nossos atos, purificando e santificando as nossas almas e corpos
para um pleno e eterno gozo de Deus.

6. A HUMANIDADE O P ECADO MEIOS DA GRAA OS SACRAMENTOS


PARA REFLETIR: O ser humano no meramente matria, um punhado de terra, uma poro de barro,
sem qualquer sentido ou entendimento, mas um esprito tal como o seu Criador, um ser dotado no s de
sentimento e conhecimento mas tambm de um livre arbtrio que se manifesta em vrios afetos. E a
coroar todo o resto, est o fato de que ele foi dotado de liberdade, da capacidade de dirigir os seus afetos
e aes, a capacidade de determinar por si prprio se escolher o bem ou o mal. 7
6.1. A humanidade
Na base do conceito que Wesley tinha da humanidade tambm conhecido como a
doutrina da antropologia teolgica est a ideia de
FAA SUAS ANOTAES AQUI
que os seres humanos so relacionais. Foram criados
para se relacionarem. Foram criados pelo amor e
para amar.
De acordo com Mildred Bangs Wynkoop, a
prpria definio da imagem de Deus imago Dei
esta capacidade de amar. Outras tradies tm
definido a imagem de forma diferente. Uma
interpretao da imagem no perodo da Igreja
Primitiva interpretao considerada hertica
propunha que a imagem era na realidade uma
aparncia fsica de Deus. Parece haver muitas
imagens antropomorfizadas nas Escrituras. Mas por
final a ortodoxia determinou que essas devem ser
interpretadas metaforicamente.
Vrios intrpretes Ocidentais da imagem
defenderam que ela est presente na nossa capacidade de refletir. Esta a posio de muitos
telogos clssicos, incluindo o grande telogo Catlico Toms de Aquino.
7

Serm o A Queda do Homem

25
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Outra interpretao de que o ser humano leva a semelhana de Deus no seu


relacionamento com o resto da criao. Assim como Deus se encontra numa posio hierrquica em
relao humanidade, assim tambm a humanidade se situa numa posio hierrquica em relao
terra. Ainda uma outra interpretao da imagem a da liberdade humana.
Deus nos criou livres e com a capacidade de escolha. Wesley estava ciente dessas vrias
interpretaes, mas, segundo Wynkoop e outros, ele abraa fortemente a ideia da imagem como
amor. H. Ray Dunning comentou sobre os relacionamentos definitivos designados para a
humanidade: ns fomos criados para amar a Deus, amar ao prximo, e cultivar um amor adequado
por ns mesmos e pelo mundo.
H ocasies nos escritos de Wesley em que ele
FAA SUAS ANOTAES AQUI
distingue a imagem natural da imagem moral na
humanidade, as quais so paralelas aos atributos
natural e moral de Deus. Isto , a Imagem natural de
Deus na humanidade refere-se quelas caractersticas
ou faculdades prprias dos seres humanos, enquanto
que a Imagem moral de Deus se refere ao carter de
santidade e amor designados por Deus para a
humanidade. Esta posio parecida com a distino
que a teologia Oriental faz entre a imagem e
semelhana de Deus.
Um elemento central na compreenso do
conceito de Wesley da humanidade e salvao o
fato de que depois da Queda, a imagem permanece.
Fica distorcida, mas no obliterada. E portanto para
Wesley, a salvao no sentido lato que inclui
tambm a santificao o processo de restaurao e renovao da imagem de Deus em ns. Esta
noo de que a imagem permanece mesmo depois da Queda levou alguns intrpretes de Wesley a
falar duma doutrina de privao total, em vez de depravao total.
Com a queda, ficamos privados do nosso relacionamento original com Deus, e assim sendo os
nossos outros relacionamentos tambm ficam distorcidos, mas a capacidade de amar e a esperana
de renovao permanecem. Alm disso, a graa preveniente oferecida para comp ensar pelos
efeitos da Queda. A forte doutrina Calvinista da depravao total, por outro lado, menos otimista.
Com a Queda, ficamos totalmente depravados, sem Deus no mundo, e corruptos sem possibilidade
de reparo nesta vida.
Estas noes bem diferentes da Queda e da imago Dei produziram doutrinas de salvao
tambm diferentes em Wesley e Calvino.
O princpio supremo da teologia de Wesley o fato de que Deus amor. Ele reitera a todo o
custo o amor de Deus. Pelo contrrio, pode-se dizer que, se pressionado, o Calvinista teria que
defender a soberania de Deus como a principal caracterstica dEle. Este postulado bsico, do amor
ou do poder, viria a definir toda a viso teolgica de Wesley e de Calvino, apontando a cada um deles
numa direo diferente.
Wesley fala de certos estados humanos, o natural, o legal e o evanglico. O estado natural
simplesmente um estado hipottico subsequente Queda. Trata-se do estado em que Deus criou
Ado e Eva. S Jesus, o Cristo, nasceu num estado natural livre do pecado original. O estado legal,
para Wesley, refere-se nossa condio perante Deus anterior experincia do novo nascimento.
26
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Vivemos sob a lei, e se deixarmos que a lei cumpra a sua funo, ela nos conduzir ao ponto de
reconhecermos a nossa necessidade de salvao. A graa preveniente ajuda-nos a despertar para
essa necessidade. O estado evanglico, ento, subsequente ao novo nascimento em Cristo; no
estamos sob a lei, mas sob a graa. Este novo nascimento d incio ao processo de renovao da
imagem de Deus em ns.
6.2. O Pecado
O que foi que aconteceu quando Ado e Eva pecaram? E como que o pecado original afeta
a ns? Comecemos a nossa investigao com uma discusso da essncia do pecado original.
Enquanto que a maior parte dos intrpretes de Wesley tem seguido a interpretao tradicional
Agostinho do pecado original como sendo o orgulho, uma nova interpretao foi oferecida pela
Dra. Leclerc, publicada na obra Singleness of Heart: Gender, Sin, and Holiness in Historical
Perspective. Segundo esta anlise, embora o termo orgulho fosse usado frequentemente por Wesley,
nunca foi tratado como paradigma dominante do
FAA SUAS ANOTAES AQUI
pecado original.
O mais direto sermo de Wesley sobre este
assunto O Pecado Original (1854) revela esta
falta de predominncia do termo orgulho. Aqui, a
idolatria que nitidamente tida como a principal
definio do pecado original, seguida de orgulho,
egosmo, e amor do mundo. Diz Wesley, todo o
orgulho idolatria; assim como o amor do mundo.
Por outras palavras, existem duas formas de pecado
original: desordenado amor-prprioorgulhoe
desordenado amor pelo prximo, referida aqui como
o amor do mundo; explica Wesley: O que que
nos mais natural do que buscar felicidade na
criatura, em vez do Criador?
Wesley escreveu tambm um sermo
intitulado A Idolatria Espiritual, j no final da sua vida. Vale a pena citar uma passagem: Sem
dvida desejo de Deus que nos amemos uns aos outros. Seu desejo que amemos os nossos
parentes e irmos em Cristo com um amor peculiar; e especialmente aqueles a quem Ele conferiu
significado particular nas nossas almas. A esses devemos amar fervorosamente;, mas sempre com
um corao puro. Mas no isso impossvel ao homem, de manter a fora de afeto, sem
contudo manchar em nenhuma maneira a alma, mantendo-a com pureza total? No estou sugerindo
apenas pureza em relao cobia. Sei que isso possvel. Sei que uma pessoa pode nutrir inefvel
afeto por uma outra sem qualquer desejo desta natureza. Mas ser que isso isento de idolat ria?
Ser que isso no constitui amar a criatura mais do que o Criador? No colocar o homem ou a
mulher no lugar de Deus? Entregar-lhes o seu corao? Que isso seja ponderado seriamente, mesmo
por aqueles a quem Deus ajuntou; por maridos e mulheres, pais e filhos.
Sem dvida que estes devem amar-se ternamente uns aos outros: tm o dever de faz -lo.
Mas no tm nem a obrigao nem a permisso de se amar uns aos outros de maneira idlatra. E
entretanto, quo frequentemente isso acontece! Quo frequentemente no o marido, a esposa, o
filho colocado no lugar de Deus? Quantos no so os que, embora sendo considerados bons Cristos,
colocam o seu afeto num ou no outro, no deixando nenhum lugar para Deus! Procuram a sua
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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

felicidade na criatura e no no Criador. Podiam at dizer-se um ao outro, para mim tu s o meu


senhor e o alvo dos meus desejos. Isto , nada mais desejo do que tu! por ti que eu almejo! Todo
o meu desejo para ti, para a lembrana do teu nome. Pois bem, se isso no idolatria, ento eu
no o que poderia ser.
Wesley cria firmemente que o que Ado e Eva fizeram no jardim tinha efeitos duradouros
para o resto da humanidade. Mesmo assim, interessante notar que ele no se deteve com a
questo da forma como esses efeitos foram transmitidos, mas com o fato de que foram
transmitidos. O que lhe interessa a questo da culpa associada com o pecado original.
A teologia Ocidental afirma que o estado de pecado original, a corrupo da humanidade no
seio da qual ns nascemos faz-nos culpveis perante Deus, mesmo que ns nada tenhamos feito
individual e voluntariamente para isso merecer. A culpa herdada, assim como a corrupo. Wesley,
por outro lado, defende que o pecado original no traz culpa, mas sim uma predisposio para o
pecado. O que nos torna culpados so os pecados que ns cometemos da nossa prpria vontade.
Wesley muito cuidadoso em distinguir pecado nato de pecados reais. Da a definio clssica de
pecado citada frequentemente pelos Wesleyanos: O pecado a transgresso voluntria de uma
conhecida lei de Deus. Alguns mantm que no que concerne ao pecado Wesley assumiu uma via
media entre Agostinho e Pelgio. Assim, ele foi categorizado como sendo semi -Pelgico.
Agostinho e Pelgio foram contemporneos no sculo trs e na primeira parte do sculo
quatro. Pelgio defendeu que o ser humano no s no herdou culpa de Ado, como tambm no
herdou qualquer corrupo. Assim sendo, cada pessoa encara a mesma escolha que encararam Ado
e Eva no jardim. No seu ver, ns nascemos com liberdade natural.
Agostinho, por outro lado, defendeu uma forte doutrina de pecado original, depravao
total, e culpa herdada. O debate viu o seu desfecho com a determinao por parte do Cristianismo
ortodoxo de que Pelgio era hertico.
Wesley rejeitou Pelgioembora tivesse mostrado alguma simpatia por ele. Mas nem por isso ele se
alinhou com a doutrina de Agostinho. A via media surge na forma da doutrina Wesleyana da graa
preveniente. A graa que Deus estende a todo o ser humano que vem ao mundo confere a es se
indivduo liberdade graciosa.
Enquanto que a tendncia para o pecado de fato herdada, a graa oferecida para que o
ato de pecado permanea como uma escolha pela qual somos responsveis. A rejeio de Wesley da
culpa herdada preserva a justia de Deus. Ao mesmo tempo, evita que Wesley seja forado a
defender a predestinao.
A doutrina do pecado em Agostinho era to forte que s um ato pr -determinado e
irresistvel por parte de Deus nos poderia salvar. Wesley evitou esta concluso lgica ao afirmar a
universalidade da graa preveniente.
6.3. Meios da Graa Segundo Wesley
No centro do conceito que Wesley tinha da formao espiritual, de como cresce o Cristo,
est o seu conceito de meios da graa. Ele escreve: Para mim, os meios da graa so os sinais
externos, palavras, ou aes, ordenadas por Deus, para servirem de canais atravs dos quais Ele
pode estender s pessoas graa preveniente, justificadora e santificadora. Para alm disso, Todos
quantos desejam a graa de Deus devem esperar por ela atravs dos meios que ele tem provido.
Os meios da graa so os meios pelos quais ns nos abrimos para experimentar o amor e a
graa de Deus nas nossas vidas. Muitas vezes ns nos envolvemos em atividades como ler a Bblia ou
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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

orar, porque pensamos que em fazendo isso ns provamos a Deus a nossa vontade de obedecer,
ou pior ainda, que por meio dessas obras ns ganhamos o favor de Deus.
Mas o conceito de Wesley leva-nos para alm da mera obedincia ou qualquer tipo de
retido baseada em obras, ao enfatizar que a maneira como ns agimos como Cristos na verdade
acaba por ser para o benefcio do nosso prprio crescimento e transformao semelhana de
Cristo. Para ser perfeitamente claro, Wesley firmemente defendeu que o uso dos meios jamais
expiar um pecado sequer; isso s o sangue de Cristo pode fazer. Mas como que ns recebemos
os benefcios da expiao de Cristo? Wesley claro: recebendo os meios.
Wesley colocado certas atividades em trs categorias. Em primeiro lugar esto os meios
gerais da graa.
Nesta lista ele
inclui observar os
FAA SUAS ANOTAES AQUI
mandamentos, negarmos a ns mesmos, tomar a
nossa cruz, e cultivar a presena de Deus. Ao
negarmo-nos a ns mesmos, Wesley acreditava,
podemos aproximar-nos mais de Deus quando
voluntariamente pomos de lado as distraes. Wesley
tambm acreditava que quando tomamos a nossa
cruz, ns podemos aproximar-nos de Deus e dos
Seus propsitos, engajando-nos naquilo que vai
contra as nossas inclinaes naturais. Cultivar a
presena de Deus a prtica de estar ciente de Deus
ao longo do dia. Cada um desses meios gerais nos
deixa abertos graa de Deus.
Wesley usa o termo meios institudos ou
particulares da graa, para se referir queles meios
em que o prprio Cristo admoesta os Seus discpulos a
participar, tais como a orao, a leitura da Bblia, a Ceia do Senhor, o jejum, e a Conferncia Crist,
termo que Wesley usou para se referir conversa Crist.
Os meios prudentes da graa evoluram com o tempo, tendo sido reconhecidos como aes
sbias na vida de crescimento na graa. Estas incluem reunies de classe (pequenos grupos),
reunies de orao, cultos de testemunho e de viglia, celebraes de amor (um tipo de culto de
testemunho), visitao aos doentes, fazer todo o bem possvel, e leitura de devocionais clssicos.
Batismo Infantil
O batismo infantil provm das nossas razes Metodistas, e da teologia de John Wesley.
Quando batizamos crianas, estamos reconhecendo ao mesmo tempo vrias caractersticas
importantes de Deus.
Em primeiro lugar, proclamamos juntos a nossa crena na realidade da graa preveniente de
Deus. Enquanto que a dedicao centra-se na responsabilidade dos pais em relao aos filhos, o
batismo virado para a responsabilidade de Deus para com o menino, constituindo assim uma das
poucas ocasies em que a igreja junta celebra a doutrina da graa preveniente.
A graa preveniente aquela graa que faz da criana parte do Corpo de Cristo. a graa
que a mantm segura nos braos carinhosos de Deus contra qualquer eventualidade; e a graa que
mais tarde a trar ao ponto de uma deciso pessoal por Jesus Cristo, se ela assim responder. graa
concedida pelo Esprito Santo, que cremos ir trabalhar misteriosamente na sua vida.
29
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Ao apresentarem uma criana para o batismo, os pais esto a fazer um comprom isso
perante o povo de Deus de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para guiar e alimentar o seu filho
espiritualmente. Mas mais importante ainda, reconhecemos que o prprio Deus se compromete com
a criana profunda e duradouramente para alm do que podemos pedir ou imaginar.
Cremos que o batismo, como smbolo da nova aliana, o sinal das promessas de Deus
mesmo para a criana, tal como a circunciso constitua sinal da aliana de Deus no Velho
Testamento. Cremos que a criana pertence a Deus.
Batismo do Crente
Este seria muito mais raro no contexto de Wesley, visto que quase todo o cidado Britnico
era batizado ainda criana na Igreja Anglicana. Cabe assim a autoridades como Rob Staples
desenvolver um conceito Wesleyano de batismo adulto. Staples enuncia cinco significados diferentes
que o smbolo do batismo sugere.
1. Levar o marco de Cristo: o Crente deve levar o marco da pureza de Cristo.
2. Morrer com Cristo: o smbolo, especialmente quando o modo de imerso usado,
representa a sepultura debaixo da gua que significa morte para o pecado.
3. Viver a vida de Cristo: Emergir da gua simboliza a nossa participao na ressurreio e
tambm que o enterramento dos nossos pecados nos liberta para viver uma nova vida como nova
criao em Cristo.
4. Receber o Esprito de Cristo: Tal como o Esprito esteve presente no batismo do prprio
Cristo, afirmamos que o Esprito est presente no nosso batismo. Como diz Paulo em Romanos,
todos quantos esto em Cristo receberam o Esprito de Cristo. Assim, o batismo, como smbolo da
nossa vida em Cristo, tambm simblico da presena do Esprito.
5. Tornar-se parte do corpo de Cristo: desde as primeiras liturgias Crists, que o batismo era
visto como ponto de transio do novio plena membresia na Igreja.
Santa Ceia
Wesley tinha uma apreciao muito elevada da Ceia do Senhor. Ser mais fcil considerar a
sua posio se antes esboarmos as interpretaes clssicas da Santa Ceia.
Transubstanciao: Esta teoria associada a maior parte das vezes com o Catolicismo
Romano. a crena de que o po e vinho se transformam no verdadeiro corpo e sangue de Cristo.
Quando o sacerdote faz a orao da consagrao, d-se uma mudana na essncia dos elementos,
embora continuem parecendo como po e vinho.
Consubstanciao: Esta teoria associa-se mais frequentemente com Martinho Lutero.
semelhante transubstanciao no sentido de que o sangue e corpo de Cristo esto literalmente
presentes no po e vinho. A diferena que a essncia dos elementos tambm continua a ser po e
vinho ao mesmo tempo que corpo e sangue.
Presena Espiritual: Esta teoria mais comumente associada com Joo Calvino. Calvino no
acreditou que havia uma mudana nos elementos mas que Cristo verdadeiramente entra no po e
vinho num sentido espiritual.
Memorial: Esta teoria associada geralmente com Ulrico Zunglio, um Reformador
contemporneo de Calvino e Lutero. Esta teoria declara que a Ceia do Senhor deve ser tomada como
um memorial da morte de Cristo, como memria do Seu sacrifcio por ns. No h aqui a noo de
que Cristo participa nos elementos em si.
30
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

A maior parte dos entendidos concorda que a posio de Wesley intermdia, entre o
conceito de presena espiritual e a posio memorialista com alguns intrpretes da posio de
Wesley a coloc-lo bem prximo de Calvino.
A diferena entre Wesley e Calvino que o que se experincia no apenas a presena de
Cristo, como manteve Calvino, mas a presena da inteira Trindade no pleno ato da Santa Ceia. A
posio de Wesley centra-se na Santa Ceia como um meio da graa. Eis aqui as suas prprias
palavras: A ceia do Senhor foi ordenada por Deus para servir como meio de comunicar graa
preveniente, ou justificadora, ou santificadora, conforme a necessidade da pessoa. Aqueles para
quem ela foi ordenada so todos quantos sabem e sentem que querem a graa de Deus, seja para
livr-los do pecado, para mostrar que os seus pecados j foram perdoados, para renovar as suas
almas na imagem de Deus, ou para entrar na presena de Deus em comunho com ele. Nenhuma
preparao necessria para alm de um desejo de receber qualquer graa que Deus achar por bem
conceder.
Nenhuma aptido exigida para alm de um sentido da nossa total pecaminosidade e
invalidez longe de Cristo. Assim, se desejares a graa que Deus deseja conceder-te, aproxima-te e
recebe conforto e fora. Rob Staples sublinha que a Santa Ceia particularmente um meio de graa
santificadora, lembrando-nos assim que no pensamento de Wesley existe uma ligao integral entre
os meios da graa e o crescimento na nossa santificao. impossvel crescer na nossa caminhada
espiritual sem assistir aos meios da graa de uma maneira geral. Mas para Wesley, a Santa Ceia era o
meio mais importante, e negligenci-la era inconcebvel.
O Dever de Comunho Constante
De novo, Rob Staples ajuda-nos a interpretar o significado da Santa Ceia quando examina o
significado do smbolo. A Santa Ceia um smbolo de:
>> Gratido a Deus
>> Comemorao de Cristo
>> Auto-sacrifcio ou consagrao
>> Comunho e unidade dos fiis
>> Promessa da vinda do Reino

7. O CAMIN HO DA SALVAO
PARA REFLETIR: E, em primeiro lugar, perguntemos o que a salvao? A salvao de que se fala aqui
no aquilo que frequentemente se deduz desse termo: a ideia de ir ao cu, de felicidade eterna . No se
trata da partida da alma para o paraso. No se trata de uma bno que jaz do outro lado da morte. As
prprias palavras do texto no deixam margem para dvida, Vs sois salvos. No se trata de algo que
distante. algo presente, uma bno de que tendes possesso agora, pela livre misericrdia de Deus.
Sim, pode-se afirmar por estas palavras, e com igual justeza, Vs fostes salvos. De maneira que a
salvao de que se fala aqui pode se estender inteira obra de Deus, desde o despontar da graa na alma
at sua consumao na glria. 8

Serm o O Ca minho Bblico da Salvao

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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

7.1. O Caminho da Salvao


A doutrina de Wesley acerca do pecado influenciou a sua doutrina de salvao. De novo, de
acordo com a teologia Oriental, ele conceituou o pecado como sendo uma doena que precisava
do toque curador de Deus como Mdico. A sua noo de salvao pode ento ser designada de
teraputica. A teologia Ocidental Reformada concentra-se na necessidade de perdo de culpa que
se encontra na justificao, e em Deus como Juiz e Justificador. Na sua noo de sola fide, Wesley
deve muito a esta tradio, expressa particularmente
FAA SUAS ANOTAES AQUI
pelos Moravianos. Wesley, porm, foi muito mais
alm, considerando toda a obra de Deus como sendo
inclusiva da justificao e santificao. Nesta lio
consideraremos a obra de Cristo e a obra do Esprito
Santo na obra inicial da salvao, aquilo que Wesley
preferiu designar de Novo Nascimento.
7.2. Teorias de Redeno
A obra de Cristo na cruz foi interpretada de
vrias maneiras. Essas so conhecidas como teorias
da redeno:
Teoria do Resgate: V a humanidade como cativa
de Satans. A morte de Cristo o resgate com fim de
libertar-nos da priso de Satans. A ressurreio de
Cristo a maneira como Deus toma de volta o resgate
de Satans.
Teoria da Satisfao: V o pecado como uma afronta honra de Deus. Ele ento envia Jesus para
morrer na cruz como forma de expiar o pecado e restaurar o sentido de satisfao Divina.
Teoria da Satisfao Penal: V o pecado como uma afronta justia de Deus. O pecado tem que
ser punido. Cristo toma sobre si a punio, mantendo Deus como um Deus justo.
Teoria do Christus Victor: Afirma simplesmente que Cristo saiu vitorioso sobre o pecado ao tomar
como inocente o pecado sobre si. E o mesmo poder que o fez vitorioso sobre a morte po de derrotar
o pecado em ns.
Teoria da Recapitulao: V a redeno alm da cruz, abrangendo toda a vida de Cristo, vivida
obedientemente para Deus. Jesus faz certo atravs da obedincia. A cruz a maior expresso dessa
obedincia.
Teoria Governamental: A morte de Cristo permitiu a Deus oferecer perdo a todos os quantos se
arrependem, ao mesmo tempo em que mantm controle governamental.
Teoria da Influncia Moral: A redeno encontra-se na encarnao e no na crucificao ou na
ressurreio. Cristo veio deixar o exemplo perfeito do amor e a sua morte constitui mais uma
demonstrao desse amor. A salvao alcanada num ato de reconhecimento desse supremo
amor.
7.3. Passos da Salvao
As teorias da redeno tratam aquilo que o Senhor fez por ns. A doutrina da salvao vai
alm perguntando como que a expiao de Cristo se aplica a ns? Wesley trabalha tal questo
como o caminho da salvao. Passos esses que seguem fluidamente juntos.
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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

7.3.1. Graa Preveniente


A salvao comea com o dom gratuito de graa preveniente que Deus concede, desde o
momento em que nascemos. Graa preveniente a presena e obra do Esprito Santo. a graa
preveniente que nos aproxima ou atrai de Deus,
FAA SUAS ANOTAES AQUI
despertando nas nossas almas a necessidade de Deus.
Esta graa, tal como toda a graa, pode ser resistida.
Mas se permitida a fazer a sua obra, a graa
preveniente e a presena do Esprito Santo
conduziro a pessoa ao ponto de despertamento.
nesse ponto que somos convencidos da
nossa prpria pecaminosidade e incapacidade longe
de Deus. Esta consciencializao de necessidade pode
vir na esteira de eventos, sermes, do testemunho de
outros, ou mesmo de algo mais interno consoante a
operao do Esprito. Se ns nos permitirmos ser
despertados, o passo seguinte o passo do
arrependimento.
Antes de passarmos ao arrependimento, h
trs outras funes da graa preveniente que
precisam ser consideradas aqui:
Primeiro, o Esprito Santo est to ativo no mundo que possvel afirmar que toda a
verdade vem de Deus. No preciso ser Cristo para ser um brilhante cirurgio. Na verdade, todos
provavelmente escolheramos ser operados por um excelente cirurgio ateu, do que por um
medocre cirurgio Cristo.
Segundo, a graa preveniente, que dada a todo o ser humano, prover graa salvadora
em situaes onde a plena aceitao de Jesus Cristo no possvel. Situaes dessas incluiriam
crianas que morrem antes da idade da responsabilidade, doentes mentais, e aqueles que nunca
tiveram a oportunidade ouvir o evangelho, como por exemplo uma mulher Hindu do sculo sexto
antes de Cristo. Os que nunca ouviram o evangelho sero julgados de acordo com a luz a graa
preveniente que tiverem recebido Romanos 1 e 2. Wesley passou uma boa poro de tempo
contemplando este aspecto da obra do Esprito.
Terceiro, de acordo com os Wesleyanos, a graa preveniente faz-nos responsveis pelo
nosso pecado perante Deus. Se nascemos numa condio de pecado original que faz de ns to
depravados que no podemos deixar de escolher o mal, e isso continuamente, como pode um Deus
justo julgar-nos por algo que no podemos evitar? A graa preveniente restaura-nos para um livre
arbtrio em graa de modo que a justia de Deus permanece justificada.
7.3.2. Arrependimento
No esquema de Wesley, o despertamento est intimamente ligado ao arrependimento. De
certa forma, difcil distinguir onde termina um e comea o outro. Pode ser visto como um remorso
piedosoo sentido de que por causa do nosso pecado ns no estamos em relacionamento correto
com Deus, embora queiramos estar. O segundo sentido de arrependimento o real abandono do
pecado e reparo dos nossos caminhos. Um ponto chave para Wesley que este segundo aspecto do
arrependimento s possvel mediante a f. De outro modo, estaramos impropriamente ligando a
33
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

salvao aos nossos prprios esforos pessoais de alcanar a retido. s a graa, atravs da f, que
nos capacita a arrepender neste segundo sentido.
7.3.3. F
A dvida que Wesley tinha para com os Moravianos e a tradio Luterana no tocante
natureza da f no pode ser subestimada. Contudo, Wesley no se limitou a aceitar simplesmente
essa noo sem modificao. O seu pensamento evoluiu com o tempo. O seu encontro inicial com os
Moravianos alterou a sua noo de salvao. Numa palavra, enquanto que antes de 1737 Wesley
acreditava que a santificao precedia a justificao, depois de 1738 Wesley inverteu a ordem.
Somos justificados pela f somente, sola fide. No nos tornamos justos a fim de nos fazermos dignos
da justificao Divina. A justificao um dom FAA SUAS ANOTAES AQUI
gratuito de Deus, tal como o a prpria f. Mas luz
do principal interesse de Wesley no aspecto
teraputico e santificador da salvao e no na
nfase Ocidental sobre o perdo de culpa e luz
do conceito que Wesley tinha do relacionamento
dinmico e cooperativo que temos com Deus na
nossa prpria salvao em vez da nfase
Reformista sobre a irresistibilidade da graa a
prpria definio que Wesley d da f amplia-se.
Na religio experiencial de Wesley, f no
sentido de mera aceitao de uma gama de
afirmaes nunca constituiria f de verdade. Do
mesmo modo, a f estende-se para alm da
justificao e torna-se a essncia da crena em Cristo
para todo o momento ao longo da jornada da
salvao. A f o relacionamento cooperativo que temos com Deus. Isso conhecido como
sinergismo e no monergismo e fundamental para toda teologia Wesleyana.
7.3.4. O Testemunho do Esprito
Um elemento chave na noo que Wesley tem da experincia Crist a sua doutrina do
testemunho do Esprito, tambm conhecida como a doutrina da segurana. semelhana do que se
deu com as suas outras doutrinas, tambm a doutrina da segurana evoluiu com o tempo. Na sua
fase jovem pr-Aldersgate Wesley ligou a segurana f. Mas nessa altura, f para Wesley
constitua uma aceitao racional das postulaes bsicas da tradio Crist, particularmente a
Anglicana. As suas prprias lutas espirituais e falta de segurana pessoal, a despeito da sua
ortodoxia, cedo o levaram a questionar a validade deste tipo de certeza racional.
O seu contacto com os Moravianos muito influenciou a compreenso que Wesley tinha da
doutrina da segurana, ao ponto de ele chegar a defender que todos os Cristos podiam perceber a
obra do Esprito Santo nas suas vidas. Este entendimento de Wesley baseava-se em Romanos 8:1516, que diz, Pois no recebestes o esprito de escravido para outra vez estardes em temor, mas
recebestes o esprito de adoo, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O mesmo Esprito testifica com o
nosso esprito de que somos filhos de Deus. semelhana dos Moravianos, Wesley acreditava que
ns devemos almejar esta experincia de tal maneira que se no a temos, ento justo questionar a
nossa f em Cristo.
34
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

A insistncia dos Moravianos em defender que com a experincia da segurana os Cristos


passam a ter gozo, paz e certeza, e isso continuamente, eventualmente veio a perturbar a Wesley. O
Wesley snior chegou a crer que enquanto que ns devemos esperar a segurana de que fala
Romanos, possvel possuir f salvadora sem ela. igualmente possvel perder a nossa segurana
sem contudo perder a salvao.
7.4. Concomitantes da Salvao
Cada um dos elementos seguintes um designador de um aspecto diferente do momento
da salvao.
7.4.1. Justificao
Ser justificado por Deus significa que os nossos pecados esto perdoados. A culpa pelos
nossos pecados removida. Deus no mais nos condena pelas nossas transgresses contra Ele.
Wesley reiterou a justificao. Mas ele acreditou que a salvao mais plena vai para alm da
justificao para lidar com o problema subjacente do mal. O seu modelo teraputico leva-o mais
longe.
7.4.2. Regenerao
FAA SUAS ANOTAES AQUI
O termo favorito de Wesley para salvao era
Novo Nascimento. Este conceito implica que somos
regenerados, nascidos de novo, e feitos novas
criaturas em Cristo. Wesley jamais desejou que a sua
doutrina de santificao minimizasse o poder e
significado do novo nascimento.
7.4.3. Adoo
Como vimos acima na seco sobre a
segurana, Wesley firmemente declara a importncia
de ser filho de Deus e co-herdeiro com Cristo. Este
aspecto da salvao tambm implica que somos
nascidos numa famlia, numa comunidade de irmos e
irms em Cristo. Isso nos impede de imaginar a
salvao como um evento e uma vida puramente
privados.
7.4.4. Redeno
Redeno implica libertao do pecado. O xodo funciona como metfora da redeno. A
redeno tambm implica receber um novo propsito, nomeadamente amar a Deus com todo o
nosso ser, e ao prximo como a ns mesmos. Nossas vidas so remidas do pecado e para o amor.
7.4.5. Reconciliao
Somos reconciliados com Deus. Este um tema que encontramos nos escritos de Wesley, e
tambm nos hinos de Charles. Neste sentido, a alienao e separao de Deus implcita no pecado
derrotada quando entramos num novo relacionamento com Deus.
7.4.6. Santificao Inicial
Este termo nunca foi utilizado por Wesley, mas reflete a sua convico de que o momento de
salvao d incio ao processo pelo qual somos feitos justos.

35
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

7.5. A Perfeio Crist


No existe outra doutrina de Wesley to celebrada, to influente, e to debatida quanto a
sua doutrina da perfeio Crist. nosso propsito aqui apenas rever a doutrina de acordo com o
conceito de Wesley. claro, os conhecedores de Wesley no esto todos de acordo no que tem a ver
com a sua concepo da santidade. As reflexes que se seguem so de uma especialista em Wesley
a Dra. Diane Leclerc que influenciada na sua interpretao de Wesley pelos preceitos do
Movimento de Santidade.
Esta lio considerar:
as fontes de doutrina de que Wesley se serviu
as principais definies da doutrina de acordo com Wesley De que consiste?
a forma como Wesley entendeu a sua estrutura Como que acontece?
7.5.1. As Fontes de Wesley
Wesley acreditava na perfeio Crist por ser bblica, mas tambm, em larga medida, por crer
que ela estava assente na tradio Crist. Wesley estava intimamente familiarizado com os escritores
da Igreja Primitiva e seus pronunciamentos sobre a santidade.
Entre eles estavam Incio de Antioquia, o Pastor de Hermas, Irineu, Clemente de Alexandria,
Orgenes, Gregrio de Nic eia, Macrio, Joo Crisstemo, Efram Siro, e outros.
Wesley aprendeu muito com esses escritores sobre o potencial da graa de Deus de
possibilitar e capacitar uma vida santa. Wesley afirmou que quando lia Macrio, o seu corao
cantava. Duma maneira geral, esses escritores deixaram em Wesley um intenso otimismo sobre a
possibilidade da transformao da pessoa atravs da cooperao entre a graa e a resposta humana.
Escritores da Idade Mdia bem como da tradio Catlica e Pietista profundamente
influenciaram o pensamento de Wesley. Ele desafiou os seus pregadores a ler amplamente sobre a
tradio Crist, e vrias vezes at lhes ofereceu excertos para ajud-los a conhec-la melhor. Em
1725 Wesley identificou trs autores que muito influenciaram o seu entendimento da santidade:
Toms Kempis, Jeremias Taylor, e William Law.
Deles Wesley derivou importantes elementos do seu conceito da natureza da perfeio,
como por exemplo a possibilidade real de praticar a pureza de intenes, a necessidade de imitar
Cristo como modelo de vida santa, e o amor por Deus e pelo prximo como a perfeio definitiva e
normativa. Esta citao vem da sua obra Uma Explicao Clara da Perfeio Crist, e serve de
Kempis, Taylor, e Law. Num sentido, [a Perfeio Crist] a pureza de intenes, a entrega de toda a
vida a Deus. entregar a Deus todo o nosso corao; ter um s desejo e um s desgnio a governar
todos os nossos sentimentos. consagrar no apenas uma parte, mas todo o nosso corao, corpo e
substncia a Deus. Num outro sentido, ter toda a mente de Cristo capacitando-nos a andar como
Cristo andou. a circunciso do corao de toda a sujeira, toda a poluio tanto interna como
externa. a renovao do corao na inteira imagem de Deus, a plena semelhana dAquele que o
criou. E ainda noutro sentido, amar a Deus com todo o nosso corao, e ao prximo como a ns
mesmos.
7.5.2. Definio De que se trata a Perfeio Crist?
Em 1741 Wesley escreveu o sermo A Perfeio Crist. Ele procurou definir o que a
perfeio Crist comeando por examinar em primeiro lugar o que ela no . Por mais maturidade
que os Cristos possam alcanar nesta vida, eles no atingem as perfeies absolutas de oniscincia,
infalibilidade, onipotncia. O seu entendimento continua limitado, os seus julgamentos esto
36
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

sujeitos a erro, e os seus atos so por vezes limitados por enfermidades da presente condio
humana.
Cristo isento de sofrer tentao continuamente na sua vida. Por outro lado, Wesley
acreditava que mesmo os Cristos recm-nascidos so perfeitos no sentido de que eles no precisam
cometer atos externos de pecado. Posteriormente Wesley modificaria a sua opinio sobre o
relacionamento entre a perfeio Crist e o pecado, observando que os Cristos nunca se tornam
incapazes de pecar, mas que o pecado j no tem que dominar o corao do crente. Em 1761,
Wesley escreveu a obra Sobre a Perfeio, em que afirmou que a perfeio Crist :
ter a mente de Cristo;
a renovao da imagem de Deus em ns;
o amor perfeito;
santidade interior e exterior;
A principal definio que Wesley d da santidade o amor. o amor que exclui o pecado
da vida do Cristo. Na opinio de Mildred Bangs Wynkoop, enganamo-nos em relao santidade se
vemos nela apenas a ausncia do pecado. A santidade no uma ausncia, mas sim uma presena, a
presena do amor.
Quando Wesley usa o termo santificao ele est a referir-se vida Crist na sua totalidade
e restaurao teraputica ou espiritual que se d ao longo da jornada espiritual. tambm nesse
sentido que ele usa o termo salvao. Mas santificao tem ainda outros significados.
Wesley faz referncia ao que se chama de santificao inicial para deixar claro que a retido
oferecida por Cristo comea a ter efeito no novo crente. Aqui Deus inicia o processo de fazer-nos
retos e santos. Aquilo que podemos designar de crescimento na graa a santificao progressiva
ou gradual que ocorre entre o novo nascimento e a inteira santificao, bem como entre a
inteira santificao e a santificao final tambm conhecida como glorificao. Wesley ps
grande nfase sobre a necessidade da santificao progressiva.
Para Wesley, inteira santificao refere-se a uma experincia mais profunda da graa de
Deus. Ele oferece explicao disso na sua obra Uma Explicao Clara da Perfeio Crist. Nela ele
explica que essa experincia no acontece to cedo quanto a Explorando a Teologia de John Wesley
justificao, nem to tarde quanto morte. Ele sublinha que a obra gradual tem que preceder bem
como seguir a experincia. Mais explica que ela susceptvel de perda. Ele tambm lida com a
questo da instantaneidade atravs da sua clssica declarao de que o indivduo pode estar a
morrer por algum tempo, mas que inevitavelmente o momento da morte acaba por ocorrer.
O que mais divide os entendidos Wesleyanos a questo da maneira como Wesley entende a
manifestao da inteira santificao. Alguns acham que a nfase do Movimento da Santidade sobre a
instantaneidade vai muito alm da inteno de Wesley e rigidifica a sua teologia que muito
mais fluida e dinmica. Outros dizem que uma definitiva, segunda experincia de crise alinha-se
perfeitamente com o paradigma do prprio Wesley e no deve ser vista como uma renovao vinda
do sculo 19. Na interpretao da Dra. Leclerc, era o desejo de Wesley que tanto a experincia
instantnea como o crescimento gradual fossem alvo de igual ateno.
1. Wesley mantm que o amor por Deus e pelo prximo descritivo e normativo da vida
Crist. No seu entender, o amor no algo apenas presente, mas sim algo que reina no corao do
crente maduro.
2. Wesley chegou a identificar a inteira santificao com um certo nvel de maturidade Crist
e foi cauteloso em reivindic-la ainda muito cedo na peregrinao Crist, mas tambm exortou os
fiis a procurar a experincia agora.
37
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

3. A santidade, ou o amor perfeito, uma obra da graa tanto progressiva como instantnea.
4. A santidade, ou o amor perfeito, sinrgica; vivida num relacionamento dinmico com
Deus, o qual concede a graa que necessitamos para ser santos.
5. Wesley chegou a suspeitar de termos como a destruio do pecado, que implicavam a
impossibilidade de regresso do pecado; mas Wesl ey permaneceu altamente otimista de que o amor
derramado no nosso corao atravs da f pode excluir o pecado. Ele aborreceu-se com a disputa
sobre a possibilidade da perfeio Crist ser impecvel. A tnica dele estava no amor, no na
impecabilidade como o alvo da maturidade Crist.
6. Uma das maiores, seno a maior das contenes de Wesley era que a vida Crist no tinha
que continuar a ser uma vida de luta contnua. Para ele, negar este tipo de transformao vitoriosa
era negar a suficincia da graa capacitadora de Deus era fazer do poder do pecado maior do que
o poder da graa.

8. MEIOS DA GRAA E SACRAMEN TO


PARA REFLETIR: Para mim, os meios da graa so os sinais externos, palavras, ou aes, ordenadas por
Deus, para servirem de canais atravs dos quais Ele pode estender s pessoas graa preveniente,
justificadora e santificadora... Todos quantos desejam a graa de Deus devem esperar por ela atravs dos
meios que ele tem provido.
No centro do conceito que Wesley tinha da formao espiritual, de como cresce o Cristo,
est o seu conceito de meios da graa. Ele escreve: Para mim, os meios da graa so os sinais
externos, palavras, ou aes, ordenadas por Deus, para servirem de canais atravs dos quais Ele
pode estender s pessoas graa preveniente, justificadora e santificadora. Para alm disso, Todos
quantos desejam a graa de Deus devem esperar por ela atravs dos meios que ele tem provido.
Os meios da graa so os meios pelos quais
FAA SUAS ANOTAES AQUI
ns nos abrimos para experimentar o amor e a graa
de Deus nas nossas vidas. Muitas vezes ns nos
envolvemos em actividades como ler a Bblia ou orar,
porque pensamos que em fazendo isso ns
provamos a Deus a nossa vontade de obedecer, ou
pior ainda, que por meio dessas obras ns ganhamos
o favor de Deus.
Mas o conceito de Wesley leva-nos para alm
da mera obedincia ou qualquer tipo de retido
baseada em obras, ao enfatizar que a maneira como
ns agimos como Cristos na verdade acaba por ser
para o benefcio do nosso prprio crescimento e
transformao semelhana de Cristo. Para ser
perfeitamente claro, Wesley firmemente defendeu
que o uso dos meios jamais expiar um pecado
sequer; isso s o sangue de Cristo pode fazer. Mas como que ns recebemos os benefcios da
expiao de Cristo? Wesley claro: recebendo os meios.
Wesley colocado certas atividades em trs categorias. Em primeiro lugar esto os meios
gerais da graa. Nesta lista ele inclui observar os mandamentos, negarmos a ns mesmos, tomar a
38
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

nossa cruz, e cultivar a presena de Deus. Ao negarmo-nos a ns mesmos, Wesley acreditava,


podemos aproximar-nos mais de Deus quando voluntariamente pomos de lado as distraes. Wesley
tambm acreditava que quando tomamos a nossa cruz, ns podemos aproximar-nos de Deus e dos
Seus propsitos, engajando-nos naquilo que vai contra as nossas inclinaes naturais.
Cultivar a presena de Deus a prtica de estar ciente de Deus ao longo do dia. Cada um
desses meios gerais nos deixa abertos graa de Deus.
Wesley usa o termo meios institudos ou particulares da graa, para se referir queles meios
em que o prprio Cristo admoesta os Seus discpulos a participar, tais como a orao, a leitura da
Bblia, a Ceia do Senhor, o jejum, e a Conferncia Crist, termo que Wesley usou para se referir
conversa Crist.
Os meios prudentes da graa evoluram com o tempo, tendo sido reconhecidos como aes
sbias na vida de crescimento na graa. Estas incluem reunies de classe (pequenos grupos),
reunies de orao, cultos de testemunho e de viglia, celebraes de amor (um tipo de culto de
testemunho), visitao aos doentes, fazer todo o bem possvel, e leitura de devocionais clssicos.
8.1. Batismo
8.1.1. Batismo Infantil
O batismo infantil provm das nossas razes Metodistas, e da teologia de John Wesley.
Quando batizamos crianas, estamos reconhecendo ao mesmo tempo vrias caractersticas
importantes de Deus.
Em primeiro lugar, proclamamos juntos a nossa crena na realidade da graa preveniente de
Deus. Enquanto que a dedicao centra-se na responsabilidade dos pais em relao aos filhos, o
batismo virado para a responsabilidade de Deus para com o menino, constituindo assim uma das
poucas ocasies em que a igreja junta celebra a doutrina da graa preveniente.
A graa preveniente aquela graa que faz da criana parte do Corpo de Cristo. a graa
que a mantm segura nos braos carinhosos de Deus contra qualquer eventualidade; e a graa que
mais tarde a trar ao ponto de uma deciso pessoal por Jesus Cristo, se ela assim responder. graa
concedida pelo Esprito Santo, que cremos ir trabalhar misteriosamente na sua vida.
Ao apresentarem uma criana para o batismo, os pais esto a fazer um compromisso
perante o povo de Deus de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para guiar e alimentar o seu filho
espiritualmente. Mas mais importante ainda, reconhecemos que o prprio Deus se compromete com
a criana profunda e duradouramente para alm do que podemos pedir ou imaginar.
Cremos que o batismo, como smbolo da nova aliana, o sinal das promessas de Deus
mesmo para a criana, tal como a circunciso constitua sinal da aliana de Deus no Velho
Testamento. Cremos que a criana pertence a Deus. O batismo um sacramento, e como
denominao ns acreditamos na verdadeira santidade desse evento tal como reconhecemos a
santidade da vida.
8.1.2. Batismo do Crente
Este seria muito mais raro no contexto de Wesley, visto que quase todo o cidado Britnico
era batizado ainda criana na Igreja Anglicana. Cabe assim a autoridades co mo Rob Staples
desenvolver um conceito Wesleyano de batismo adulto. Staples enuncia cinco significados diferentes
que o smbolo do baptismo sugere.
1. Levar o marco de Cristo: o Crente deve levar o marco da pureza de Cristo.
39
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

2. Morrer com Cristo: o smbolo, especialmente quando o modo de imerso usado,


representa a sepultura debaixo da gua que significa morte para o pecado.
3. Viver a vida de Cristo: Emergir da gua simboliza a nossa participao na ressurreio e
tambm que o enterramento dos nossos pecados nos liberta para viver uma nova vida como nova
criao em Cristo.
4. Receber o Esprito de Cristo: Tal como o Esprito esteve presente no baptismo do prprio
Cristo, afirmamos que o Esprito est presente no nosso baptismo. Como diz Paulo em Romanos,
todos quantos esto em Cristo receberam o Esprito de Cristo. Assim, o batismo, como smbolo da
nossa vida em Cristo, tambm simblico da presena do Esprito.
5. Tornar-se parte do corpo de Cristo: desde as primeiras liturgias Crists, que o baptismo era
visto como ponto de transio do novio plena membresia na Igreja.
8.2. Santa Ceia
Wesley tinha uma apreciao muito elevada da Ceia do Senhor. Ser mais fcil considerar a
sua posio se antes esboarmos as interpretaes clssicas da Santa Ceia.
8.2.1. Transubstanciao
Esta teoria associada maior parte das vezes com o Catolicismo Romano. a crena de que
o po e vinho se transformam no verdadeiro corpo e sangue de Cristo. Quando o sacerdote faz a
orao da consagrao, d-se uma mudana na essncia dos elementos, embora continuem
parecendo como po e vinho.
8.2.2. Consubstanciao
Esta teoria associa-se mais frequentemente com Martinho Lutero. semelhante
transubstanciao no sentido de que o sangue e corpo de Cristo esto literalmente presentes no po
e vinho. A diferena que a essncia dos elementos tambm continua a ser po e vinho ao mesmo
tempo que corpo e sangue.
8.2.3. Presena Espiritual
Esta teoria mais comumente associada com Joo Calvino. Calvino no acreditou que havia
uma mudana nos elementos mas que Cristo verdadeiramente entra no po e vinho num sentido
espiritual.
8.2.4. Memorial
Esta teoria associada geralmente com Ulrico Zunglio, um Reformador contemporneo de
Calvino e Lutero. Esta teoria declara que a Ceia do Senhor deve ser tomada como um memorial da
morte de Cristo, como memria do Seu sacrifcio por ns. No h aqui a noo de que Cristo
participa nos elementos em si. A maior parte dos entendidos concorda que a posio de Wesley
intermdia, entre o conceito de presena espiritual e a posio memorialistacom alguns
intrpretes da posio de Wesley a coloc-lo bem prximo de Calvino.
A diferena entre Wesley e Calvino que o que se experincia no apenas a presena de
Cristo, como manteve Calvino, mas a presena da inteira Trindade no pleno ato da Santa Ceia. A
posio de Wesley centra-se na Santa Ceia como um meio da graa. Eis aqui as suas prprias
palavras: A ceia do Senhor foi ordenada por Deus para servir como meio de comunicar graa
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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

preveniente, ou justificadora, ou santificadora, conforme a necessidade da pessoa. Aqueles para


quem ela foi ordenada so todos quantos sabem e sentem que querem a graa de Deus, seja para
livr-los do pecado, para mostrar que os seus pecados j foram perdoados, para renovar as suas
almas na imagem de Deus, ou para entrar na presena de Deus em comunho com ele. Nenhuma
preparao necessria para alm de um desejo de receber qualquer graa que Deus achar por bem
conceder. Nenhuma aptido exigida para alm de um sentido da nossa total pecaminosidade e
invalidez longe de Cristo. Assim, se desejares a graa que Deus deseja conceder-te, aproxima-te e
recebe conforto e fora.
Rob Staples sublinha que a Santa Ceia particularmente um meio de graa santificadora,
lembrando-nos assim que no pensamento de Wesley existe uma ligao integral entre os meios da
graa e o crescimento na nossa santificao. impossvel crescer na nossa caminhada espiritual sem
assistir aos meios da graa de uma maneira geral. Mas para Wesley, a Santa Ceia era o meio mais
importante, e negligenci-la era inconcebvel.
8.3. O Dever de Comunho Constante
De novo, Rob Staples ajuda-nos a interpretar o significado da Santa Ceia quando examina o
significado do smbolo. A Santa Ceia um smbolo de:
Gratido a Deus
Comemorao de Cristo
Auto-sacrifcio ou consagrao
Comunho e unidade dos fiis
Promessa da vinda do Reino

9. LTIMAS COISAS
PARA REFLETIR: Wesley sempre relacionou o Reino vindouro com a salvao presente: Ele est j a
renovar a face da terra. E temos forte razo para esperar que a obra que ele iniciou, ele a concluir no dia
do Seu Senhor Jesus; que ele jamais interromper esta bendita obra do seu Esprito at que haja cumprido
as suas promessas; at colocar ponto final ao pecado e misria, enfermidade e morte; e
restabelecido santidade e felicidade universais, e levado todos os habitantes da terra a cantar juntos,
Aleluia! O Senhor Deus Onipotente reina! 9
Na religiosidade do sculo 18, o Cristo devia no s viver em retido devia tambm morrer
em retido.
9.1. Morte
A caracterstica distinta da morte Crist a ausncia do temor, aliada ao anseio de ver Cristo.
A morte do prprio Wesley foi um celebrado evento no Metodismo.
9.2. Imortalidade e Ressurreio
As especulaes de Wesley sobre a transio desta vida para a prxima no foram extensas,
e certamente no dogmticas. Ele rejeitou a noo Platnica de que s a alma sobrevive morte,

Serm o A Expa nso Geral do Eva ngelho

41
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

claramente tomando o lado da posio ortodoxa em relao imortalidade: Creio na ressurreio


do corpo.
9.3. Estados Intermedirios
No tocante ao que vem a seguir, Wesley menos claro. Em certos momentos do
desenvolvimento do seu pensamento, Wesley afirmou o que se conhece como estados
intermedirios. Com este conceito, ele rejeita a noo do sono da alma. Wes ley acredita que
aqueles cujo destino final o cu, aguardam a culminao do mundo e o comeo da eternidade num
lugar chamado paraso. Os que so destinados ao inferno, esperam num lugar chamado Hades.
Ele resolutamente rejeitou a noo do purgatrio, onde poderamos mudar o nosso destino futuro
por intermdio de punio e disciplina presentes.
9.4. Julgamento
Esta afirmao de estados intermdios d imediatamente lugar a um paradoxo teolgico: se
o Julgamento no ocorrer antes do fim dos tempos, como que o indivduo acaba por ser mandado
para o paraso ou para o Hades? Wesley no d resposta satisfatria a este dilema. Em conformidade
com a sua teologia sinrgica, ele reiterou que em ultima instncia qualquer julgamento que conduza
ao inferno s poderia resultar da deciso deliberada do indivduo de resistir graa.
9.5. Nova Criao
Uma caracterstica distinta da teologia escatolgica de Wesley o conceito da nova criao.
Nos seus ltimos anos, Wesley mudou o foco da sua esperana do cu para o futuro de uma nova
criao, um lugar fsico real onde decorrer o destino eterno da humanidade.
Mas ele tambm sugere que animais participaro desta nova criao, num plano mais
elevado. Como anuncia o livro de Romanos, toda a criao geme pela redeno. Assim, na evoluo
do pensamento de Wesley, toda a criao ser redimida em verdade. o den revisitado, mas em
estado muito superior do que o den jamais foi. Wesley tambm sugeriu que o crescimento Cristo
continuar nesse lugar. J teremos sido tornados perfeitos na glorificaoem que o pecado no
mais existirmas um novo tipo de crescimento ser possvel. Como diz Maddox, O progresso nas
nossas habilidades e maturidade to central nossa condio de humanos que certamente
continuaremos a crescer na vida vindoura. Este sinergismo, embora em forma nova, continuar pela
eternidade.

10. A VIDA NA COMUN IDADE CRIST


PARA REFLETIR: Antes de 1784, Wesley firmemente declarou o seguinte: Deus podia ter feito *dos
Metodistas] um povo separado... [mas] isso teria sido uma direta contradio do seu grande plano de
levant-los, nomeadamente para espalhar a religio das Escrituras pela nao, entre gente de todas as
denominaes, permitindo a cada um formar as suas prprias opinies e seguir o seu prprio modo de
adorao. Isso s podia ter sido feito efetivamente, se estas coisas tivessem sido deixadas como estavam,
e procurando levedar a nao inteira com a f que opera atravs do amor. 10

10

Serm o Na Vi nha de Deus

42
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Enquanto que Wesley certamente tinha um conceito de Igreja que est bem patente nos seus
sermes e tratados, a sua eclesiologia transparece mais claramente na necessidade bem real de
negociar o relacionamento entre a Igreja Anglicana e as sociedades Metodistas. Assim como
aconteceu com vrias das suas posies teolgicas, as suas preocupaes eram mais prticas do que
tericas. John Wesley era Anglicano de nascena, e por suas prprias palavras continuaria Anglicano
at morrer. E contudo, em 1784, os Metodistas Americanos separaram-se da Igreja Anglicana, com a
aprovao de John. S depois da sua morte que os Metodistas Britnicos seguiriam o exemplo dos
Americanos.
O que que levaria John a uma deciso to radical que causaria dificuldades com o seu
irmo Charles para o resto das suas vidas? Desde o princpio do movimento Metodista, John viu a
sua identidade como um movimento dentro do Anglicanismo. Wesley organizou sociedades que de
vrias formas se comportaram como congregaes. As sociedades reuniram-se para servios de
pregao. Dividiram-se em pequenos grupos para prestarem contas uns aos outros bem como para
formao espiritual. As sociedades tiveram comunho umas com as outras, serviram o mundo
juntas, e serviram-se mutuamente de vrias maneiras.
FAA SUAS ANOTAES AQUI
E contudo, Wesley no viu essas sociedades como
igrejas.
Unio com a Igreja Anglicana era
extremamente importante para ele, embora eles o
tivessem
tcitamente rejeitado e explicitamente banido dos
plpitos Anglicanos. Wesley queria que os seus
Metodistas se vissem a si mesmos com Anglicanos.
Quaisquer que fossem as suas actividades durante a
semana como Metodistas, ele exigiu que aos
domingos todos os Metodistas assistissem aos
servios Anglicanos, a fim de receberem a Ceia.
Quando a Guerra da Revoluo eclodiu nas
Colnias, os sacerdotes Anglicanos regressaram
Inglaterra. A essa altura, casas de culto Metodistas
espalhavam-se no s pelas Colnias, como para alm delas.
Wesley viu-se muito preocupado que esses Metodistas ficassem privados dos sacramentos,
dada a ausncia do clero. E assim ele permitiu ordenaes de pregadores como Metodistas. O
Metodismo tornou-se uma denominao independente. Wesley estava na disposio de sacrificar a
unidade da igreja a fim de servir a necessidade prtica de acesso aos sacramentos para o seu povo.
10.1. Wesley e a Identidade Pastoral
Antes mesmo da separao Americana, Wesley j era deliberado e diligente no tocante ao
treinamento dos seus pregadores leigos e lderes de sociedades. Ele queria que eles fossem to
instrudos quanto possvel, e era intencional com respeito preparao deles, embora reconhecesse
ao mesmo tempo a necessidade dos dons e graas que s provm de Deus. a igreja que confirma a
chamada interior, examinando os frutos externos da obra do ministrio. Consideremos uma lista
parcial de qualidades enumeradas na sua obra Discurso ao Clero (1756).
1. Bom entendimento, bom senso, e capacidade racional
43
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

2. Discernimento
3. Boa memria
4. Compreenso profunda da natureza da chamada pastoral
5. Profundo conhecimento das Escrituras
6. Conhecimento das lnguas Bblicas originais
7. Conhecimento da cincia, filosofia e lgica
8. Conhecimento dos escritores Patrsticos
9. Conhecimento de personalidade e carter nas pessoas
10. Senso comum
11. Cortesia e sabedoria
12. Foco
13. Amor a Deus e ao prximo
14. Desejo de santidade pessoal
15. Desejo de cooperar com a graa de Deus

FAA SUAS ANOTAES AQUI

10.2. Wesley e a Formao Espiritual


As funes internas da Igreja podem ser colocadas em duas categorias: formao espiritual
e educao Crist. Estas esto interligadas de maneiras importantes, mas para nosso propsitos aqui,
definiremos a formao espiritual como sendo o progresso em santidade, e a educao crist como o
Conhecimento doutrinal, teolgico, prtico que auxilia esse progresso. Como poder ver
noutros mdulos que lidam especificamente com questes de formao espiritual, tal formao
encontra-se no corao do Wesleyanismo.
Obras de piedade individual (meios da graa) como a orao e devoo, o estudo das
Escrituras, a leitura devocional, e a prtica da presena de Deus levaro a obras de misericrdia
(tambm meio da graa), tais como cuidar dos doentes, alimentar os famintos, e ministrar s
necessidades dos outros em geral. Isso constitui, pode-se dizer, o aspirar e o expirar da vida
espiritual.
Num contexto Wesleyano, tambm acrescentamos a interdependncia que temos com os
nossos irmos Cristos como parte integral do nosso prprio crescimento em santidade e amor.
Formar-se espiritualmente um processo coletivo tal como individual. o processo de santificao
que continua at nossa morte. Era este o alvo de Wesley: que o seu povo Metodista alcanasse o
amor perfeito e da continuasse vivendo o amor santificador que tinham experimentado. Para
Wesley, isso era impossvel fora da igreja.
10.3. Wesley e a Educao Crist
Igualmente central no conceito que Wesley tinha da Igreja a responsabilidade da Igreja de
ensinar o seu povo muito deliberadamente. A me de Wesley tinha grande dedicao ao ensino.
Wesley deu muito valor sua prpria educao. Wesley exigiu instruo dos seus ministros. E era
expectativa dele que a educao fosse parte integrante das sociedades e bandos. O ensino estava na
linha da frente do Metodismo.
Wesley no era de forma alguma um anti-intelectual. Como certa vez escreveu Charles, Une
o par desde h muito separado: o conhecimento e a piedade. O conhecimento e a devoo so
ambos cruciais para a vida Crist. Wesley queria que o seu povo conhecesse uma vasta gama de
tpicos, desde a interpretao Metodista dos Artigos de Religio, at como interpretar
corretamente as Escrituras, bem como os grandes clssicos devocionais dos sculos anteriores, e as
44
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

acepes mais recentes da santidade debatidas na ltima conferncia Metodista. Muito do que
Wesley publicou foi para o benefcio educacional do seu povo.

11. A VIDA NO MUN DO


PARA REFLETIR: Wesley fugiria do prspero para poder ministrar ao pobre. Assim, Wesley podia dizer
aos seus crticos: Vs os grandes e os honrveis, estamos completamente dispostos a deixar-vos. Deixainos apenas com os pobres, os vulgares, os baixos e os desprezados de entre os homens. 11
Como vimos ao longo deste mdulo, o Wesleyanismo completamente otimista. Aqueles
que se subscrevem teologia Wesleyana aderem-se a um conceito de Deus que reala a profundeza
e a vastido do Seu amor por toda a humanidade. Ela insiste que a graa de Deus pode de facto
transformar o indivduo na sua totalidade, que a verdadeira santificao possvel nesta vida;
acredita no crescimento e na maturidade que podem vir da formao espiritual e dos meios da
graa; acredita na comunidade de f como um lugar onde o amor genuinamente expresso e
necessidades so supridas por meio de responsabilidade e aceitao mtuas.
A
teologia
Wesleyana

otimista,
FAA SUAS ANOTAES AQUI
intensamente otimista, no s no tocante
transformao
individual
como
tambm

transformao social; no s no tocante diferena


que o amor perfeito pode fazer na vida do indivduo e
na Igreja, como tambm no mundo.
Todas as facetas da persistente ateno de
Wesley santidade do individuo tinham por
finalidade fazer desse indivduo um agente do amor
perfeito para com os que o cercam. A transformao
interior, se verdadeira e real, levaria necessriamente
ao que Wesley chamou de atos de misericrdia. A
sua expresso frequentemente citada que, no h
santidade seno santidade social. A nfase da
admoestao aos atos de servio no mundo saturou o
carter do Metodismo, no s nos dias de Wesley
como tambm no prximo sculo e alm. Os
entendidos agora reconhecem que muito antes do
conhecido movimento do evangelho social da
primeira parte do sculo 20 um movimento
associado com o Protestantismo liberal o Metodismo e o Movimento de Santidade do sculo 19
em particular, j evangelizava os abatidos, assistia os necessitados, ministrava ao doentes,
alimentava os pobres, defendia os oprimidos, e buscava a libertao dos escravos e das mulheres,
tudo isso em nome do amor perfeito de Deus e do prximo.
Para todos os efeitos aqui, categorizaremos esses atos como evangelismo, ministrio da
compaixo, justia social, e libertao. No por coincidncia que encerramos com esta lio, dado
que na sua totalidade a teologia de Wesley visa tocar vidas reais com amor real.

11

Ma i s um Apelo aos Homens da Razo e da Religio

45
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

11.1. Wesley e o Evangelismo


justo perguntar: se Wesley no tivesse sido banido dos plpitos Anglicanos, ser que ele
jamais teria passado a pregar pelos campos, com o mundo por minha parquia? Do que podemos
ter certeza que depois de 1738 e de Aldersgate, Wesley viu a necessidade de pregar a salvao e
a sua segurana.
Em vrios aspectos ele se alinhou definitivamente com as grandes figuras do avivamento dos
seus dias, tais como Jonathan Edwards e George Whitefield. Ele convidou pessoas f em Jesus
Cristo. A chamada dele era, sem qualquer dvida, uma chamada evanglica ao novo nascimento e
nova criao. Ele dizia aos seus pregadores leigos: Nada mais tendes a fazer do que salvar almas.
Assim, gastai e deixai-vos gastar no seu trabalho. E ide sempre, no s queles que vos querem, mas
queles que vos querem mais. Notai: no vosso dever pregar este determinado numero de vezes,
ou tomar conta desta ou daquela sociedade; mas sim salvar tantas almas quantas puderdes; trazer
tantos pecadores quantos puderdes ao arrependimento. 12
Mas contrariamente aos seus contemporneos Calvinistas, a noo que Wesley tinha da
salvao era mais ampla e mais completa: Salvao quer dizer no apenas, segundo a verso vulgar,
libertao do inferno, ou ida ao cu; mas uma libertao presente do pecado, uma restaurao da
alma sua sade primitiva, sua pureza original; uma restaurao da natureza divina; a renovao das
nossas almas imagem de Deus, em retido e verdadeira santidade, em justia, misericrdia e
verdade.
Para Wesley, se o evangelismo vai ter sucesso em termos de resultado duradouro, ento tem
que inserir o novo crente num mtodo de formao espiritual. O gnio do Metodismo, e de certa
forma a razo do seu significativo e duradouro crescimento, so os pequenos grupos bandos ou
classes que ligaram os novos crentes aos meios de crescimento espiritual.
11.2. Wesley e o Ministrio de Compaixo
No h dvidas de que os alvos evangelsticos de Wesley estavam especificamente dirigidas
os pobres. E contudo, teria sido impensvel e inaceitvel que Wesley tivesse pregado as boas novas
do evangelho, sem ao mesmo tempo lidar com as necessidades fsicas bsicas dos seus ouvintes.
Mais ainda, Wesley no s acreditava que o bom servio prestado pelos Metodistas aos pobres era
algo necessrio, a vida com os pobres era um absoluto requisito para o genuno discpulo Cristo.
Segundo Theodore Jennings, Wesley no era conseguia passar uma semana sem visitar os
pobres da mesma maneira como no podia passar uma semana sem participar da Ceia do Senhor. A
sua dedicao era incessante. Ele podia afirmar sem hesitao, Vs os grandes e os honrveis,
estamos completamente dispostos a deixar-vos. Deixai-nos apenas com os pobres, os vulgares, os
baixos e os desprezados de entre os homens.
Os Metodistas deram aos pobres, viveram com os pobres, e preferiram os pobres. Isso era
matria de princpio em Wesley, de base bblica e teologia segura. Mas era impelida por contacto
com pessoas reais que Wesley identificou como seu povo, para os amar em nome de Cristo. A Igreja
do Nazareno foi fundada com um mpeto semelhante. s atravs do pensamento e ao
deliberados que permaneceremos fiis s nossas razes.

12

Ma i s um Apel o a os Homens da Ra z o e da Rel i gi o

46
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

11.3. Wesley e a Justia Social


Wesley estava interessado no s em alimentar, vestir e cuidar dos pobres, mas tambm em
transformar e reformar as estruturas sociais que os mantinham pobres. No era, e no , suficiente
dizer que tais estruturas opressivas so infelizmente o resultado do mal que veio ao mundo como
consequncia da Queda. Trabalhar, especfica e intencionalmente por aquilo que conhecido como
justia social tem que estar no centro da teologia Wesleyana.
Na dcada de 1980, cem milhes de crianas morreram de pobreza como termo de
comparao, doze milhes de pessoas morreram no holocausto Nazi.
Um holocausto de negligncia est arrasando este mundo. Estruturas nacionais, polticas e
institucionais contribuem para esta horrorosa realidade. a responsabilidade do Cristo no s
aliviar os sintomas de sofrimento como tambm aliviar as razes do sofrimento. E isso pessoalmente,
localmente, e globalmente.
11.4. Wesley e a Teologia da Libertao
Desde os anos 60 que vrias teologias tm surgido que passaram a ser conhecidas como
teologias da libertao. Elas so caracterizadas pela atividade da teologia tendo como ponto de
partida um determinado contexto, um grupo marginalizado. Enquanto que algumas delas tm-se
desenvolvido na direo de complexa reflexo teolgica, para todas elas, a libertao prtica
chamada prxis dos oprimidos permanece como alvo supremo. So exemplos:
A Teologia Negra
FAA SUAS ANOTAES AQUI
A Teologia Feminista
A Teologia Sul Americana da Libertao
A Teologia Asitica
A Teologia Latina
Os entendidos j estabeleceram ligaes entre
o carter desses movimentos e o carter do otimismo
de John Wesley sobre a transformao social. Wesley
defendeu os escravos negros da Inglaterra e da
Amrica; ele reconhecido como um feminista
progressivo luz das suas opinies em relao
igualdade espiritual e eclesistica de homens e mulheres, e a sua defesa do direito das mulheres
de pregar.
Como j foi dito, ele tomou o lado dos oprimidos, dos pobres, e dos esquecidos da sociedade.
Existe definitivamente um tema de libertao na viso individual e social de Wesley. Com base no
seu otimismo sobre a verdadeira libertao do domnio do pecado nesta vida, ele defendeu a
libertao social para certas classes e grupos marginalizados, e exigiu que o seu povo Metodista
trabalhasse na busca de tais liberdades humanas.
E contudo, infelizmente, o Cristianismo evanglico popular de hoje por vezes mais
conhecido pelo seu individualismo, sua mentalidade escapista, suas tendncias separatistas, e at
mesmo o seu dio do outro. A teologia Wesleyana oferece um paradigma diferente.
A santidade e o amor perfeito ensinados e vividos por John Wesley e os seus seguidores,
no constituem apenas o nosso passado mas tambm o nosso futuro, se permitirmos que eles nos
guiem no apenas como nosso distintivo, mas tambm como nossa diretiva.

47
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

APNDICE I
O Arminianismo
JAMES ARMINIUS (Jacob Armnio)
Viveu na Holanda um homem a quem os que no o conheciam no o podiam estimar
suficientemente; aqueles que no o estimavam jamais o haviam conhecido suficientemente
Nasceu na Holanda, na cidade de Oudewater em 10 de outubro de 1560.
Morreu prematuramente em 19 de Outubro de 1609 aos 49 anos.
Nome do Pai: Hermann Jakobs
Nome da Me: Anglica Jakobs
Nome da Esposa: Elizabeth Real
Ainda bem novo sofreu com o falecimento do seu pai, ficando sob a guarda da sua me que
com dificuldade tentava criar ele e seus dois irmos. Porm, um ex-sacerdote catlico convertido ao
cristianismo, Teodoro Emilio, percebendo nele qualidades encaminhou-o a Utrecht para estudar.
Quando Armnio tinha 15 anos, Teodoro faleceu. Voltou para Oudewater. Mas passado um tempo o
matemtico Rudolph Snelius interessou-se por ele, levando-o a Marburg, onde exercia professorado.
Enquanto estava em Marburg estudando, as tropas espanholas entraram em Oudewater saqueando
residncias e destruindo tudo na cidade. Nesta invaso foram mortos os parentes de Armnio.
Foi para a Universidade de Leiden, ali durante seis anos, estudou Teologia, Filosofia,
Hebraico, Literatura entre outras disciplinas. Enviado a estudar em Genebra foi aluno de Teudoro de
Beza, sucessor de Calvino, porm bem mais extremado na questo do predestinismo. Aps trs anos
estudando ali, foi Itlia, entre outras cidades, visitou Roma. Nesta poca alguns indivduos mal
condicionados comearam a espalhar boatos difamando e manchando a reputao de Armnio.
Propalavam que este confabulara com os jesutas e at mesmo que era devoto do Papa. Era o
comeo de uma luta que no deixaria em paz pelo resto da vida.
Em 1588, foi chamado para exercer encargos pastorais em Amsterd. Em 1590 casou-se com
Elizabeth Real. Em 1591 foi tachado por seus adversrios de pelagiano. Em 1594 as autoridade o
chamaram para colaborar no plano de reforma das instituies educativas locais. Em setembro de
1603 foi empossado professor de Teologia.
Doutrinas Arminianas
Armnio defendeu uma forma evanglica de sinergismo (crena que a salvao do homem
depende da cooperao entre Deus e o homem), que contrrio ao monergismo, do qual faz parte o
Calvinismo (crena de que a salvao inteiramente determinada por Deus, sem nenhuma
participao livre do homem). O sinergismo arminiano difere substancialmente de outras formas de
sinergismo, tais como o Pelagianismo e o Semipelagianismo.
Armnio e seus seguidores divergiram do monergismo calvinista por entenderem que as
crenas calvinistas na eleio incondicional (especialmente na reprovao incondicional), na expiao
limitada e na graa irresistvel: seriam incompatveis com o carter de Deus, que amoroso,
compassivo, bom e deseja que todos se salvem. Violariam o carter pessoal da relao entre Deus e
o homem. Levariam conseqncia lgica inevitvel de que Deus fosse o autor do mal e do pecado.

48
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

O arminianismo um tipo distinto de teologia protestante, por vrios motivos. Uma das suas
doutrinas distintivas seu ensino acerca da predestinao, pois assim os escritores b blicos o fazem,
mas afirma que esta predestinao da parte de Deus salvar aqueles que se arrependem e crem.
Assim sendo, seu ponto de vista chamado predestinao condicional, visto que a predeterminao
do destino dos indivduos baseada na prescincia de Deus quanto ao modo de eles,
espontaneamente, aceitarem ou rejeitarem Cristo.
Os Cinco Pontos do Arminianismo: No Snodo de Dort, os remonstrantes apresentaram a
doutrina arminiana clssica na forma dos cinco pontos seguintes:
Eleio Condicional: Deus, por um eterno e imutvel decreto em Cristo, antes da criao
do mundo, determinou eleger, dentre a raa humana cada e pecadora, aqueles que pela graa
crem em Jesus Cristo e perseveram na f e obedincia. Contrariamente, Deus resolveu rejeita r os
no convertidos e descrentes, reservando-lhes o sofrimento eterno (Jo 3.36).
Expiao Universal: Em consequncia do
FAA SUAS ANOTAES AQUI
decreto divino, Cristo, o salvador do mundo, morreu
por todos os homens, de modo a garantir, pela morte
na cruz, reconciliao e perdo para o pecado de
todos os homens. Entretanto, essa salvao s
desfrutada pelos fiis (Jo 3.16; 1Jo 2.2).
F Salvadora: O homem no pode obter a
f salvadora por si mesmo ou pela fora do seu livre arbtrio, mas necessita da graa de Deus por meio de
Cristo para ter sua vontade e seu pensamento
renovados (Jo 15.5).
Graa Resistvel: A graa a causa do
comeo, do progresso e da completude da salvao
do homem. Ningum poderia crer ou perseverar na f
sem esta graa cooperante. Consequentemente,
todas as boas obras devem ser creditadas graa de
Deus em Cristo. Com relao operao desta graa, contudo, no irresistvel (At 7.51).
Indefinio Quanto Perseverana: Os verdadeiros crentes tm fora suficiente, por meio
da graa divina, para lutar contra Satans, contra o pecado e contra sua prpria carne, e para venc los. Mas, se eles, em razo da negligncia, podem ou no apostatar da f verdadeira e vir a perder a
alegria de uma boa conscincia, caindo da graa, uma questo que precisa ser melhor examinada
luz das Sagradas Escrituras.
Os cinco pontos do Calvinismo: Posteriormente ao Snodo, quando os arminianos
apresentaram os cinco pontos do Arminianismo, os calvinistas responderam com os cinco pontos do
Calvinismo, que so os seguintes:
Total depravao: No existe no homem aps a queda de Ado fora ou vontade do ser
humano para buscar a salvao. Todos os homens herdam, de Ado, a natureza pecaminosa,
decada.
Eleio Incondicional: A salvao no est condicionada vontade ou aes humanas,
mas ao soberano decreto de Deus que decide salvar alguns, os eleitos, deixando que os demais
sofram o castigo eterno.
49
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

Expiao Limitada: A salvao e o sacrifcio de Cristo foram realizados apenas para o


grupo dos eleitos.
Graa Irresistvel: A graa, enquanto ao e vontade de Deus, no pode ser resistida pela
vontade ou aes do homem. Assim, uma vez que o homem tenha sido eleito para a salvao, ele
no poder resistir ao chamamento divino.
Perseverana dos Santos: Todos aqueles que tiveram sua salvao decretada
perseveraro atravs da vontade e ao de Deus at o fim. Uma vez salvo, o eleito jamais perder
sua salvao.
A anlise dos textos arminianos revela que o Arminianismo concorda integralmente com a
depravao total calvinista. O homem em seu estado natural totalmente incapaz de desejar ou de
buscar Deus. Somente a graa preveniente o capacita a crer na mensagem salvadora. Portanto, a
discordncia ocorre somente com relao eleio incondicional, a expiao limitada e a graa
irresistvel.
No que tange perseverana dos santos, os arminianos no so unnimes. H quem acredite
que a salvao pode ser definitiva e irremediavelmente perdida.
Com relao predestinao, o Arminianismo cr que baseada na prescincia d ivina
daqueles que, capacitados pela graa preveniente, crem na mensagem de salvao em Jesus Cristo.
Arminianismo em Wesley
FAA SUAS ANOTAES AQUI
A justificao, tambm, como resultado do
esforo individual. No concordava com o
entendimento de predestinao calvinista.
Wesley: Se estivesse decretado infalivelmente
desde a eternidade que certa parte da humanidade se
salvaria e ningum mais; e uma grande maioria
nascesse para a morte eterna sem mesmo a
possibilidade de evit-la, estaria isto de acordo com a
justia divina ou a misericrdia? Que Deus fosse o
autor do pecado e da injustia uma contradio das
ideias mais clara que temos da natureza e perfeio
divina.
Suzana Wesley: Essa doutrina, como mantida
pelos calvinistas rgidos, muito horripilante, e deve
ser odiada, porque diretamente acusa ao Deus
Altssimo de ser o Autor do Pecado. Penso que voc raciocina bem contra ela, porque inconsistente
com a justia e a bondade de Deus deixar algum sob a necessidade fsica ou moral de cometer
pecado e ento puni-la por ele. Deus tem uma eleio, mas baseada na Sua prescincia, e de modo
algum revoga na livre graa de Deus, nem prejudica a liberdade do homem. Ele prev a salvao de
uns e a condenao de outros, mas no a causa determinante de uma ou de outra. Deus n o
condena e nem salva qualquer que seja contra sua prpria vontade. Os eleitos so os que voltam
para Ele, os condenados so os que O rejeitam.
Samuel Wesley: Tambm rejeitava a doutrina da eleio incondicional. Cria que Deus na Sua
prescincia sabe de tudo que h de acontecer e acontece e conhece os que aceitaro Sua graa, mas
de modo algum intervm na liberdade do homem. Se ele assim fosse, a natureza do homem seria
destruda, os propsitos de recompensas e castigos seriam irnicos, a pregao seria v , e v
50
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

tambm a f. Deus fez o homem reto agente livre. A prescincia de Deus dirige a livre agncia do
homem, mas no a anula, salvando-o quando Ele queira ou no, ou condenando-o injustamente.
Desenvolvimento da salvao Predestinao
Vrias experincias auxiliaram na formao do pensamento sinergista de Wesley referente
salvao, eleio e predestinao. Alcanar a salvao, confiando no zelo pessoal; fazer-se digno dos
mritos de Cristo por suas prprias aes. Quem nele se expressava era, de fato, a influncia da
educao domstica e do meio em que vivia.
A doutrina da predestinao, no conceito de Wesley, contrria ao esprito da Escritura,
notifica o Evangelho, destri o amor ao bem e santidade. A Bblia ensina que Deus no quer a
morte do mpio e, para isso, mandou seu filho ao mundo, para todo aquele que nele crer seja salvo.
Mas se apenas os eleitos se salvaro para que pregar-lhes? E por que tambm faz-lo aos noeleitos. Aqueles se salvaro mesmo, com ou sem evangelho. Isso destri o zelo pela santidade,
porque leva os homens a negligenciarem a sua condio.

FAA SUAS ANOTAES AQUI

O Pecado Original
Arminianos, Metodistas e Calvinistas, aceitam
que a vontade do homem era livre antes da queda, no
den, mas diferem quanto ao estado primitivo. Para
os calvinistas a condio do homem era de perfeita
santidade. Porm, os arminianos dizem que se assim
fosse o homem no teria cado. Ensinam os calvinistas
que a natureza ficou totalmente depravada pelo
pecado. J os arminianos dizem que a natureza do
homem ficou prejudicada pelo pecado, porm no
completamente arruinado, tanto que o homem ainda
conserva a possibilidade de escolher o bem voltar-se
para Deus. Ao invs de depravao total, aceitam a
idia do enfraquecimento de nossa natureza. Agora o
homem fraco por ndole. E porque o , assiste-o a
graa divina a fim de ajud-lo a realizar a vida
espiritual e a atingir a salvao. S respondemos por
nossos pecados individuais, no de nossos
antepassados.

A Doutrina da Regenerao
O Arminianismo e o Metodismo se distinguem aqui. Ambos vem na regenerao o resultado
de uma obra divino-humana. Nem s Deus, nem s o homem, afastando-se assim do Calvinismo que
Monergista. Os Arminianos parecem dar primazia da iniciativa ao homem, enquanto os
Wesleyanos a concedem ao Esprito Santo. Ele, o Esprito Santo, que procura, antes, ilumin-lo e
persuadi-lo. O homem, todavia, se quiser, pode resistir ao Divina. Por conseguinte no bom
entender do Metodismo, a regenerao o trabalho do Esprito Santo em cooperao com a
vontade do homem.

51
APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

APNDICE II
Revelao Geral e Revelao Especial13
REVELAO GERAL:
Deus se apresenta ao homem pela: natureza, histria, razo e cuidados que Ele manifesta
criao. Basta uma simples observao de todo o sistema criado, para que a razo requeira uma
resposta. Em regra geral, por mais simples que seja a explicao; suas correntezas desaguaro no
divino. Nenhum ser humano vive sem o contato ou conhecimento de Deus; mesmo subjetivamente,
este contato ou revelao acontece. Esta forma de revelao no pode resolver as questes
intrnsecas do ser, por sua abstrao, ela somente supre as necessidades naturais, no podendo
trazer respostar aos anseios espirituais mais profundos. Neste conceito revelado, o homem divaga
por diversas interpretaes, em busca de respostas, acaba achando mais dvidas, e assim, surgem s
religies. Religio (do latim: religio usado na Vulgata, que significa prestar culto a uma divindade,
ligar novamente, ou simplesmente religar). Na inteno de religar-se ao divino, o homem acaba
criando muitos atalhos, que no levam a lugar algum.
FAA SUAS ANOTAES AQUI
diante desta questo to pertinente, que, Deus por
seu infinito amor, deu-nos uma revelao especial de
sua graa. Havendo Deus antigamente falado muitas
vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
a ns falou-nos nestes ltimos dias pelo Filho. (Hb
1:1). Examinais as Escrituras, porque vs cuidais ter
nelas a vida eterna, e so elas que de mim testificam.
(Jo 5:39).
REVELAO ESPECIAL:
A Bblia Sagrada, de Gnesis ao Apocalipse o
registro mais importante e confivel que temos de
Jesus Cristo o filho de Deus, O Deus que se fez
homem, a palavra que se fez carne, a verdade viva que desceu do cu e habitou entre ns. Morreu,
ressuscitou, foi elevado ao cu, hoje reina sobre todas as coisas e voltar. Este nvel absoluto de
revelao, s possvel pelas Sagradas Escrituras, no h outro mecanismo ou instrumento. Mesmo
a igreja, j teria se desintegrado se no as tivesse por regra de f e prtica. A tradio oral da igreja
crist, no plenamente confivel, sem a bblia, a Igreja Crist Evanglica no existiria. A Bblia
uma ferramenta, uma bssola, um GPS, um roteiro confivel. Ela no o caminho! Ela,
simplesmente, mostra o caminho que Jesus. A Igreja Crist e bblica a nica organizao espiritual
que h no mundo, e que detm o conhecimento desta verdadeira revelao especial de Deus. Por
isso a ordem : Ide e fazei discpulos, ide e pregai. Esta revelao Especial, no ser entregue por
outros, somente a Igreja capaz de faz-lo. A Igreja bblica, ora, prega, ensina, faz misses, ministra
comunho, adora em esprito e verdade, e proclama que Jesus o Deus, Senhor e salvador de todo
os homens... Como sabemos destas coisas? Atravs da Bblia, claro! No se riamos to bem
informados, se o Senhor no nos tivesse entregado essa revelao to Especial.

13

Ma teri a l extra do de: (Extrado de: Revelao Especial, s os crentes tm! do Pr. Jos Jocely Silva Arajo)
http://www.l i dera nca .org/cgi -bi n/i ndex.cgi ?a cti on=forum&boa rd=teol ogi a &op=di s pl a y&num=3657

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APOSTILA de Doutrinas Wesleyanas

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