Geografia em Construção 1
Geografia em Construção 1
Geografia em Construção 1
CAPA.
GEOGRAFIA EM CONSTRUO: A
CONSTRUO DO ESPAO
GEOGRFICO.
Igor Moreira.
Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Professor de Geografia Humana no ncleo de ps-graduao da Faculdade Porto-Alegrense.
Elizabeth Auricchio.
Bacharel e licenciada em Geografia pela Universidade de So Paulo.
Especializada em ensino de Geografia pela PUC de So Paulo.
Professora de Geografia e Coordenadora Pedaggica na rede de ensino da Prefeitura de So
Paulo.
1 edio.
1 impresso.
2010 - So Paulo.
Volume 1.
GEOGRAFIA.
Ensino Mdio.
2
Gerente Editorial: Margarete Gomes.
Editora: Siomara Spinola.
Edio de texto: Renata Isabel Chinelatto Consegliere.
Edio do Manual do Professor (parte geral): Cintia Shukusawa Kanashiro.
Colaborao na elaborao de atividades: Leandro Antnio de Almeida.
Reviso: Hlia de Jesus Gonsaga (ger.). Ktia Scaff Marques (coord.). Ivana Alves Costa.
Joo Carlos Ribeiro Jr.. Patrcia Travanca. Rosngela Muricy.
Edio de arte: Rosimeire Tada (coord.).
Programao visual: Luiz Fernando Rbio.
Pesquisa iconogrfica e cartogrfica: Slvio Kligin (superv.). Josiane Laurentino (iconografia).
Juliana Albuquerque (cartografia). Mrcio Santos de Souza (cartografia).
Editorao eletrnica: Lucci comunicao. Loide Edelweiss Iizuka. Valdemir Carlos Patinho.
Ilustraes: Adilson Secco.
Capa: Estdio Sintonia e Andra Dellamagna.
Foto: Mulher fotografando parque no estado de Utah (Estados Unidos), em 2010.
Crdito da foto: Digital Zoo / Getty Images.
Ttulo original da obra: Geografia - Geografia geral e do Brasil - Volume 1 - A construo do
espao global. Editora tica S.A.
ISBN. 978 85 08 12937-9 (aluno).
ISBN. 978 85 08 12938-6 (professor).
2010.
Todos os direitos reservados pela Editora tica S.A.
Av. Otaviano Alves de Lima, 4400.
5- andar e andar intermedirio. Ala A.
Freguesia do - CEP. 02 909-900.
So Paulo - SP.
Tel.: 0800 11 51 52 - Fax: 0(XX)11 - 39 90-16 16.
www.atica.com.br.
editora@atica.com.br.
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP).
(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil).
Moreira, Igor.
Geografia em construo / Igor Moreira, Elizabeth Auricchio. - So Paulo : tica, 2010.
Obra em 3 vls.
1 impresso da 1 edio.
Contedo: vl. 1. A construo do espao geogrfico. vl. 2. A construo do espao brasileiro.
vl. 3. A construo do espao global.
Bibliografia.
1. Geografia (Ensino Mdio). I. Auricchio Elizabeth. II. Ttulo.
10-02053.
CDD-910.712.
ndices para catlogo sistemtico.
1. Geografia : Ensino Mdio.
910.712.
3
Apresentao.
O mundo torna-se cada vez mais um todo. Cada parte do mundo faz, mais e mais, parte do
mundo, e o mundo, como um todo, est cada vez mais presente em cada uma das partes. Isso
se verifica no apenas para naes e povos, mas tambm para os indivduos. Assim como cada
ponto de um holograma contm a informao do todo do qual faz parte, tambm doravante,
cada indivduo recebe e consome informaes e substncias oriundas de todo o Universo.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessrios educao do futuro. So Paulo: Cortez, 2006. p.
67.
Caro estudante.
Vivemos num mundo cada vez mais complexo em todas as reas: relaes internacionais,
cincia, tecnologia, economia. Hoje, um acontecimento particular se inscreve numa teia de
relaes de alcance globalizado. Estamos na era do conhecimento, usado de forma intensiva
em todas as esferas sociais, seja na escola, no trabalho, na convivncia cotidiana, seja no
exerccio da cidadania.
Como decifrar uma atualidade to mltipla e em constante transformao? Como saber o que
o mundo e como ele funciona? Como formar alunos-cidados conscientes, capazes de atuar
no presente e construir o futuro?
O objetivo desta coleo contribuir com algumas referncias essenciais para que voc possa
ampliar seus conhecimentos geogrficos, vivenciando situaes de aprendizagem
consistentes, desafiadoras e criativas.
Para alcanar esse objetivo, a coleo foi cuidadosamente planejada em vrias unidades
temticas desenvolvidas por meio de captulos, nos quais voc encontra diversas sees:
Livros & leituras, Espao atividade, Desafios & debates, Texto & contexto e Geo mais.
Mapas, grficos, charges, fotografias, um nmero expressivo de encaminhamentos, como
trabalhos em grupo, pesquisas, debates, orientaes para uso de sites, e outras propostas
dinmicas fazem parte da coleo. Tudo isso vai prepar-lo para compreender as
transformaes dos espaos geogrficos como produto das relaes socioeconmicas,
culturais e de poder.
Este primeiro volume da coleo trata dos fenmenos e processos responsveis pela
transformao do espao geogrfico, especialmente na escala mundializada de hoje. Trata-se
de uma proposta de geografia geral, em que se desenvolvem conceitos como espao
geogrfico, sociedade, natureza e outros; aborda-se a escala geolgica, que diz respeito s
Sumrio.
UNIDADE 1. Espao e sociedade.
Captulo 1. Sociedade, trabalho e natureza, p. 8.
A relao sociedade-natureza, p. 8.
As transformaes tcnicas e cientficas, p. 9.
Sociedade e natureza, p. 13.
Livros & leituras, p. 16.
Espao atividade, p. 18.
Desafios & debates, p. 21.
Captulo 2. O espao geogrfico, p. 22.
A produo do espao geogrfico, p. 22.
Espao e poder, p. 24.
O espao atual: um meio tcnico-cientfico-informacional, p. 29.
Livros & leituras, p. 30.
Espao atividade, p. 32.
Desafios & debates, p. 34.
Captulo 3. Espao e conhecimento cartogrfico, p. 36.
Quem sabe utilizar mapas? , p. 36.
A linguagem dos mapas, p. 36.
A representao da Terra, p. 38.
5
Captulo 7. Biomas e paisagens vegetais do mundo, p. 180.
Alerta vermelho, p. 180.
Paisagens vegetais da Terra, p. 184.
Paisagens vegetais originais: distribuio e caractersticas, p. 185.
Desmatamento: at quando a natureza suportar? , p. 192.
Mudanas globais na vegetao, p. 198.
Atitude verde, p. 200.
Livros & leituras, p. 202.
Espao atividade, p. 204.
Desafios & debates, p. 206.
Captulo 8. Impactos ambientais e globalizao, p. 208.
Equilbrio em risco, p. 208.
Impactos ambientais, p. 209.
gua doce: recurso finito, p. 217.
Mudana climtica: uma verdade inconveniente, p. 228.
Livros & leituras, p. 240.
Espao atividade, p. 242.
Desafios & debates, p. 244.
Captulo 9. Impactos ambientais urbanos e rurais, p. 246.
Desigualdades no campo e na cidade, p. 246.
Impactos ambientais urbanos, p. 247.
Impactos ambientais no campo, p. 255.
Livros & leituras, p. 258.
Espao atividade, p. 260.
PONTOS DE VISTA.
- Como e por que a ao humana transforma as paisagens?
- Em sua opinio, o que o trecho acima, de Milton Santos, tem a ver com a imagem?
8
| Livraria na cidade de So Paulo. Foto de 2008. As rvores fornecem a madeira para produzir
a pasta, que d origem s folhas do papel em bobinas, que, por sua vez, so utilizadas na
impresso de livros. Fonte: FILIPE REDONDO / FOLHA IMAGEM. ||
10
Desafios e necessidades.
Geralmente, as inovaes tcnicas trazem novos problemas sociedade, representando novos
desafios e a necessidade de resolv-los. Disso resulta a evoluo da tcnica, ou seja, a
sucesso de novas formulaes do fazer humano. A inveno do automvel, por exemplo, em
1887, trouxe a necessidade de uma roda compatvel com o novo meio de transporte: o pneu
foi inventado no ano seguinte.
Atualmente, os instrumentos de trabalho tornam-se mais complexos e, em muitos casos,
deixam de ser prolongamentos da mo do homem para se constiturem em verdadeiras
prteses * impostas natureza. Assim, por exemplo, para obter a fora hidrulica necessria ao
funcionamento das turbinas de uma usina hidreltrica, as guas de um rio so represadas e
criam um lago e uma queda-d'gua artificiais.
Portanto, as inovaes tcnicas e o consequente aperfeioamento dos instrumentos de trabalho
imprimem progresso aos mecanismos de apropriao da natureza, o que significa maiores
modificaes e domnio mais intenso sobre o mundo natural. Um exemplo desse fato foi a
inveno da mquina a vapor, em 1803, do motor de combusto, em 1880, e, sobretudo, do
computador, em 1946.
A concepo de domnio do homem sobre a natureza, bem como a acelerao e difuso das
inovaes tcnicas, teve como marco fundamental o surgimento do capitalismo * nos sculos
XV e XVI .
Antes do capitalismo, a economia era basicamente de subsistncia; as atividades de compra e
venda eram pouco desenvolvidas. Os produtos, artesanalmente fabricados, destinavam-se
sobretudo utilizao direta das pessoas. Na maior parte dos casos, no possuam valor de
troca, mas apenas valor de uso.
13
Sociedade e natureza.
A ideia de que a nica relao sociedade-natureza aquela intermediada pelo trabalho, e que
este representa o processo de transformao dos elementos naturais em coisas teis para a
vida humana, tem uma origem histrica conhecida. O fato de grande parte da humanidade ter
desenvolvido essa concepo explica-se pela universalizao de valores ocidentais, impostos
h vrios sculos. Mas no se devem desconsiderar as culturas que ainda hoje apresentam
uma concepo de natureza absolutamente diversa da nossa. H membros de algumas
sociedades, por exemplo, que se sentem completamente integrados ao mundo natural, no
cabendo entre eles nem sequer a distino homem X natureza.
Para determinadas sociedades antigas, ou mesmo para algumas culturas ainda existentes, a
natureza fonte de vida, mas no somente para fornecer recursos diretamente para a
subsistncia humana. Para elas, a natureza apresenta-se sacralizada, o que significa que tais
povos moldaram sua cultura, sua ideia de religio e sua viso de mundo a partir dos elementos
naturais.
Sem dvida, a natureza um patrimnio comum da humanidade, pois fonte de vida para
todos os homens. Mas, dependendo da sociedade, a natureza e o prprio trabalho podem ser
encarados de maneiras absolutamente diversas.
Tomemos, por exemplo, uma aldeia indgena, cujos membros trabalhavam seis horas por dia
para obter o necessrio sua sobrevivncia. Com a utilizao do machado, passaram a
trabalhar apenas trs horas, aproveitando as demais para aumentar o tempo dedicado aos
jogos, cantos e outras atividades de recreao. Isso ocorreu porque os ndios concebem o
trabalho somente como um meio de satisfazer suas necessidades bsicas. Alm disso, suas
atividades so desenvolvidas, na maioria das vezes, de maneira ldica, e no somente como
imposio ou obrigao da vida em sociedade (veja imagem abaixo).
pela satisfao de suas necessidades bsicas. Nessa condio, o homem tornou-se mais uma
mercadoria, dotada de valor de troca no mercado de trabalho.
Nas sociedades modernas, portanto, as pessoas - por meio do trabalho - e a natureza - pelas
matrias-primas e pelos elementos que oferece - transformaram-se conjuntamente em
mercadoria. Nesse sentido, as pessoas no tm mais o controle direto sobre seu trabalho nem
sobre o fruto de seu trabalho. Tornaram-se mais dependentes e, contraditoriamente, mais
isoladas e sozinhas.
A atual civilizao ocidental, moldada pela indstria, fez as sociedades dependerem menos
das foras naturais e mais de suas prprias criaes.
Boxe complementar.
GEO mais.
Capitalismo e crises.
A crise de 1929 foi de superproduo industrial e agrria. A de 2008 foi, fundamentalmente,
financeira. Em 1929 ocorreu a bancarrota dos preos das mercadorias mais vendidas na poca,
levando ao fechamento de fbricas, falncia de negcios rurais, desvalorizao brutal das
aes das empresas, diminuio das exportaes e das importaes. O caf vindo do Brasil
permaneceu estocado nos armazns. No havia mais quem o quisesse. A soluo dada por
Getlio Vargas foi a de queim-lo, buscando-se a revalorizao do produto por meio da
escassez produzida artificialmente. A questo da exportao cafeeira levou anos para ser
resolvida e jamais voltou a ser do mesmo jeito.
A crise de 2008 foi diferente da de 1929. Na de 2008, o que se superproduziu foi o crdito. O
mundo das finanas emprestou mais do que podia, pensando que de algum modo sempre
lucraria. Os bancos emprestaram o que tinham em caixa sem imaginar o fantasma da
inadimplncia e a possibilidade do calote. O sistema estimulou fortemente o consumo de bens
durveis, sempre os de mais difcil aquisio para as maiorias. A publicidade disse a todos que
eles s seriam cidados completos se tivessem acesso a esses bens. Na origem da crise, via-se
o endividamento de milhes numa ponta, e na outra o desemprego de outros tantos milhes,
os juros e a ganncia do sistema. verdade que atrs da superproduo do crdito existia e
ainda existe a superproduo de bens a serem escoados. Em um crculo vicioso, produziramse mais casas nos Estados Unidos do que possveis compradores.
Adaptado de Lopes, Lus Carlos. As duas crises mais importantes do capitalismo nos ltimos
cem anos. Agncia Carta Maior, 17 out. 2008. Disponvel em:
www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=4006. Acesso em: jun.
2009.
| A crise de 2008 foi financeira: o que se superproduziu foi o crdito. Na foto, vemos uma
funcionria que trabalhava num dos primeiros bancos dos Estados Unidos a pedir falncia, na
cidade de Nova York, em setembro de 2008 (ou seja, no pice da crise). Ela aparece, numa
espcie de protesto, escrevendo um recado num cartaz ilustrado com o retrato do chefe
executivo do banco. Fonte: JOSHUA LOTT / REUTERS / LATINSTOCK. ||
Fim do complemento.
15
As limitaes da natureza.
conveniente lembrar, no entanto, que a atividade dos grupos humanos, por mais
transformadora que seja, no chega a eliminar a ao das foras naturais. Em vrios aspectos,
a natureza se apresenta como um fator limitante s atividades humanas.
Por exemplo, quando se prev a atuao devastadora de um maremoto ou tsunami (veja a
seo Geo mais abaixo), pode-se tomar diversas medidas para neutralizar ou reduzir seus
efeitos destrutivos; nunca, porm, para eliminar a ao do fenmeno. As estaes do ano so
importantes para o ciclo das lavouras. A construo de pontes e tneis nas estradas uma
adequao s condies naturais do terreno.
Diante das limitaes impostas por fatores naturais, vrias tm sido as solues encontradas
pelas mais diferentes sociedades no decorrer da Histria. Tais solues revelam no s o grau
de desenvolvimento tecnolgico, mas tambm a forma de agir e pensar dos agrupamentos
humanos. O estudo da natureza, portanto, permite desvendar muitos aspectos da realidade
social.
Boxe complementar.
GEO mais
Como se forma um tsunami?
O que natureza?
Autor: Marcos Bernardino de Carvalho.
Brasiliense, 1999.
Ao relacionar-se entre si e com a natureza, foram muitas as sociedades humanas construdas
ao longo da Histria. Cada qual concebeu a natureza ao seu modo, conforme a viso da poca
e os interesses dominantes. O livro percorre com clareza a histria das relaes entre o ser
humano e o meio ambiente e tambm aborda a questo ecolgica.
Sites.
Ambiente Brasil: www.ambientebrasil.com.br.
Trata-se do maior portal ambiental da Amrica Latina. Direcionado principalmente para o
mercado corporativo, tem o objetivo de fornecer informaes ambientais para empresas,
ONGs, Governo e para a comunidade brasileira como um todo. Nele voc pode encontrar
notcias, dados estatsticos e informaes sobre a legislao ambiental, o uso dos recursos
naturais brasileiros e as reas de preservao no pas.
Organizao Internacional do Trabalho (OIT): www.oitbrasil.org.br/inst/index.php.
A Organizao Internacional do Trabalho (OIT) um rgo das Naes Unidas (ONU). Foi
fundada em 1919 com o objetivo de promover a justia social atravs de condies dignas de
trabalho. Possui uma estrutura na qual os representantes dos empregadores e dos
trabalhadores tm os mesmos direitos que os do governo. No site voc pode encontrar dados
estatsticos, relatrios sobre a situao do trabalho no mundo, alm de notcias relacionadas ao
mundo do trabalho e denncias de trabalho infantil, escravo ou em condies degradantes.
Ministrio do Trabalho e Emprego / Combate ao trabalho infantil:
www.mte.gov.br/trab_infantil/ .
Pgina do portal do Ministrio do Trabalho e Emprego, dedicada divulgao de dados sobre
o trabalho infantil e ao combate, por meio da fiscalizao, de toda e qualquer forma de
trabalho infantil, no Brasil e no mundo. Apresenta notcias e reportagens sobre o assunto,
assim como documentos referentes legislao que probe esse tipo de explorao e dados da
Comisso Nacional de Erradicao do Trabalho Infantil. H um link para acessar a cartilha
Saiba tudo sobre o trabalho infantil, ilustrada pelo cartunista Ziraldo.
(Acessos em: maio 2009.).
Filmes.
Baraka. Direo: Ron Fricke. Estados Unidos, 1992. 96 min. Trata-se de um documentrio
sobre o ser humano e a natureza. Revela quanto a humanidade est interligada, apesar das
diferentes religies, culturas e lnguas. Sem narrao ou legenda, feito com imagens e sons
cuidadosamente capturados, o documentrio poderia ser descrito como um "poema visual".
Retratando rituais religiosos, maravilhas naturais, processos de mecanizao e diversos estilos
de vida, Baraka mostra de que forma a raa humana e seus diferentes ciclos de vida esto
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. O mundo atual tem mais de 6,6 bilhes de habitantes. A China possui mais de 1,3 bilho de
pessoas; a ndia atingiu 1,1 bilho (dados de 2007 de acordo com o Banco Mundial). Supondo
que um dia esses dois pases alcancem o grau de desenvolvimento dos Estados Unidos e
adotem um modelo de sociedade de consumo parecido com o estadunidense, responda: Que
efeitos isso ocasionaria na natureza?
Para responder, considere os seguintes elementos:
- solos cultivveis;
- gua potvel;
- recursos minerais;
- fontes de energia.
No se esquea de mostrar sua resposta aos colegas e ao professor.
2. A apropriao dos elementos naturais tem sido feita de trs formas principais no transcurso
da Histria:
- uso particular da terra por pessoas e empresas (nas sociedades capitalistas);
- uso coletivo da terra por indivduos (em sociedades indgenas, por exemplo);
- apropriao da terra pelo Estado (principalmente em pases socialistas).
Aponte as vantagens e as desvantagens de cada um desses modelos de interveno na
natureza.
Confira as respostas com seu professor.
3. Observe o esquema abaixo, que representa trs perodos na relao do homem com a
natureza:
Texto da imagem.
1 retngulo: Pesca. Caa. Coleta.
2 retngulo: Agricultura, pecuria.
3 retngulo: Indstria.
Fim do texto.
No decorrer da Histria, houve mudanas significativas nessa relao em funo dos avanos
tecnolgicos e do tipo de atividade econmica desenvolvida.
Escreva um texto para estabelecer uma comparao entre os perodos indicados no esquema e
mostrar os principais impactos da ao humana sobre o quadro natural.
Troque o texto produzido com seus colegas.
4. " conveniente lembrar [...] que a atividade dos grupos humanos, por mais transformadora
que seja, no chega a eliminar a ao das foras naturais.".
Relate trs fatos ou atividades humanas que comprovem a afirmao do trecho citado.
Troque-os com seus colegas.
5. O esquema abaixo um exemplo de utilizao do espao de um municpio hipottico.
Analise o esquema e elabore uma explicao para ele com base nas ideias da seo Geo mais
(p. 11). Em seguida, exponha suas ideias para a turma.
[...] Sabemos que o homem branco no compreende nossos costumes [...] Trata sua me, a
terra, e seu irmo, o cu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas [...].
O que ocorre com a terra recair sobre os filhos da terra. O homem no tramou o tecido da
vida; ele simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, far a si mesmo.".
Trechos da carta do chefe indgena Seattle ao presidente dos Estados Unidos, em 1854.
"[...] Mesmo uma sociedade inteira, uma nao, ou mesmo todas as sociedades de uma mesma
poca, tomadas em conjunto, no so proprietrios da terra, so somente seus possessores,
seus usufruturios, e tm o dever de deix-la melhorada, como bons pais de famlia, s
geraes sucessivas.".
Karl Marx.
Os dois textos discutem a natureza a partir das formas de apropriao da terra:
a) Quais so essas formas de apropriao da terra?
b) Quais as consequncias de cada uma delas para a natureza?
9. (Uece). Considerando as relaes homem X natureza, correto afirmar que:
a) recursos naturais como petrleo, carvo e outros bens minerais podem ser infinitamente
utilizados, pois so renovveis.
b) as rupturas do equilbrio ambiental derivam de uma m utilizao dos recursos naturais
disponveis.
c) os recursos de solos no podem ser corrigidos em suas condies de fertilidade.
d) a pecuria s pode ser praticada em reas de pastagens plantadas.
10. (UFSC). As foras naturais e o prprio homem so responsveis pelas alteraes na
estrutura espacial. As primeiras atuam no "tempo longo", de milhes de anos, e o segundo
atua no "tempo curto" ou histrico. Observando o esquema a seguir, considere a ao no
tempo histrico e seus impactos e assinale a(s) proposio(es) CORRETA(S).
Roberto Lobato Corra. Regio e Organizao Espacial. So Paulo: tica, 1990 (com
adaptaes).
Com base no texto, julgue os seguintes itens.
(1). O estudo da sociedade pela Geografia tambm contempla a unio entre o conhecimento
da natureza e o da sociedade.
(2). As sociedades so entendidas a partir de sua organizao espacial.
(3). O objeto de estudo da Geografia a espacialidade da sociedade.
21
Embora o trabalho infantil venha diminuindo no pas, ainda cedo para afirmar que estamos
livres dessa 40 situao. Como no passado, ele ainda faz parte das paisagens brasileiras.
| Os grupos humanos, cada vez mais, modificam a natureza de acordo com seus interesses. A
rea que aparece na foto (prxima ao municpio de Sinop, no Mato Grosso) est sendo
desmatada aos poucos - para que, assim, d lugar agricultura. Foto de 2008. Fonte: J. F.
DIORIO / AGNCIA ESTADO. ||
A organizao social.
No decorrer de sua histria, a humanidade conheceu diferentes maneiras de organizao
social e de produo do espao. Assim, quando entre antigos povos, ou mesmo entre alguns
povos indgenas atuais, as relaes sociais eram de igualdade, todos trabalhavam e produziam
o indispensvel para viver. A vida era realmente comunitria, pois tudo era comum e todos
compartilhavam os mesmos interesses. Eram reconhecidos e aceitos como chefes os que
tinham mais experincia e conhecimento. No espao correspondente a esse tipo de
organizao social, no havia cercas separando as terras cultivadas, os animais eram criados
em um nico cercado e todas as habitaes tinham o mesmo aspecto.
23
Em geral, a introduo da diviso do trabalho em uma comunidade demonstra a constituio
de uma estrutura social marcada por desigualdade. Na antiga Mesopotmia, por exemplo, o
campo era dividido em posses, cada qual dedicada a uma divindade, mas cultivado em
conjunto. J o excedente produzido destinava-se cidade, que desempenhava um papel
poltico e religioso. Os governantes e sacerdotes que detinham o poder recebiam e
controlavam os excedentes produzidos nas terras comuns. Separadas do campo, as cidades
eram cercadas por muros e, internamente, se apresentavam divididas em propriedades
particulares.
Na Idade Mdia, os feudos so bons exemplos da segregao social. Eles eram divididos em
vrias parcelas, e o senhor feudal concedia o uso da terra ao campons, geralmente em troca
de uma renda fixa paga em espcie ou, a partir da baixa Idade Mdia, em dinheiro. Mas, com
o desenvolvimento do capitalismo e a monetarizao da economia, ocorrida a partir da
reativao do comrcio, muitas cidades medievais assumiram um papel produtivo, pois, assim
como o campo, tambm passaram a produzir mercadorias.
A produo capitalista, ao diferenciar os detentores dos meios de produo daqueles que
possuem para vender to somente sua fora de trabalho, imprimiu significativas marcas no
espao. Com a grande expanso produtiva ocorrida a partir da Revoluo Industrial (sculo
XVIII), essas marcas tornaram-se ainda mais visveis. Surgiram as fbricas cercadas por
precrias habitaes de operrios, os luxuosos bairros burgueses, as ruas mais largas que
ampliavam a circulao, etc.
A organizao do espao.
At o sculo XIX a produo do espao se fez de maneira nitidamente desordenada. A
oposio entre grupos ou segmentos sociais contribua para tornar a estruturao espacial
ainda mais catica.
As prticas do urbanismo, que surgiram no final do sculo XIX e incio do sculo XX,
tiveram como caracterstica principal a tentativa de impor ao espao uma organizao. O
objetivo era estruturar as cidades em zonas residenciais e comerciais, distritos industriais e
reas de lazer. At hoje tais funes so determinadas pelos chamados planos diretores, que
procuram gerir os espaos das cidades.
O exemplo mximo da tentativa de impor uma organizao ao espao pode ser dado pelas
cidades planejadas. No Brasil, as cidades de Braslia, Curitiba (foto abaixo) e Belo Horizonte
(veja foto na prxima pgina) so exemplos de iniciativas de dar ao espao uma estrutura
funcional com base em uma lgica racional.
| Vista parcial de Curitiba, em 2009. Sua fundao oficial data de 1693. Ao longo do sculo
XX, gestes municipais criaram uma Curitiba planejada e reconhecida internacionalmente,
em gesto urbana, meio ambiente e transporte coletivo. (Fonte: www.curitiba.pr.gov.br.
Acesso em: ago. 2009.). Fonte: 2009 GOOGLE EARTH / DIGITAL GLOBE. ||
Texto & contexto.
1. De modo geral, como se davam as relaes sociais entre algumas comunidades do passado?
E entre alguns povos indgenas na atualidade? Como esses tipos de relaes sociais refletemse na organizao dos espaos onde ocorrem?
2. Quando surgiram as prticas urbanistas? O que buscavam?
3. Com base na ideia de construo do espao, cite exemplos de reas no municpio onde voc
mora que parecem ter sido planejadas e de outras que transmitem a impresso de
desorganizao.
Fim do texto & contexto.
24
| Vista de Belo Horizonte e da avenida Afonso Pena, em 2004. Ao fundo, a serra do Curral. O
projeto de Belo Horizonte foi finalizado em 1895 e tinha como inspirao as cidades mais
modernas poca. No centro, o traado geomtrico e regular estabelecia um padro de ruas
retas, formando uma espcie de quadriculado. J as avenidas, largas, seriam dispostas em
sentido diagonal. (Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/. Acesso em: ago. 2009.). Fonte: HENRY
YU / ACERVO DO FOTGRAFO. ||
Transformaes sociais.
Entretanto, a dinmica social, impulsionada pelas desigualdades e conflitos existentes no
interior das sociedades, muitas vezes impede que se realize a pretendida estruturao do
espao, com cada frao do territrio tendo uma funo previamente definida. Os espaos que
as sociedades tentam construir obedecendo a uma lgica predeterminada geralmente acabam
sendo transformados pela ao de grupos ou segmentos sociais excludos da estruturao
imposta ou simplesmente insatisfeitos com ela. Tais grupos ou segmentos so agentes sociais
capazes de construir espontaneamente o espao, segundo formas ditadas pela necessidade e ao
feitio de sua criatividade.
As transformaes sociais so sempre acompanhadas por mudanas na produo do espao,
mas, em quase todos os pases, as relaes sociais predominantes no passado deixaram muitas
marcas no espao, que permanecem at hoje, mais ou menos modificadas e combinadas com
as marcas da sociedade atual. No Brasil, por exemplo, o latifndio * uma herana do perodo
colonial (sculos XVI a XIX), quando predominaram no pas relaes escravistas. Junto
grande propriedade, no rara a existncia de casebres miserveis, abrigando trabalhadores
em grande parte descendentes dos antigos escravos africanos. As relaes sociais mudaram,
pois agora no so mais escravistas; os atuais trabalhadores recebem um salrio em
pagamento pelo seu trabalho e a propriedade da terra geralmente de uma empresa, que por
sua vez possui outras propriedades. Embora alteradas, as diferenas sociais do passado
permanecem at o presente.
Nesse processo, o espao tambm se modificou: as culturas muitas vezes no so as mesmas
de antigamente e o uso da terra foi modernizado com a utilizao de novas tcnicas e novos
instrumentos de trabalho. Apesar das modificaes, as marcas do passado escravista esto
presentes no espao, integradas a um conjunto de elementos que expressam a sociedade de
hoje, como as inmeras indstrias modernas, muitas de origem estrangeira, tpicas do
momento atual.
O exemplo citado serve para mostrar que um determinado espao, ao mesmo tempo que
reflete a sociedade que o utiliza, resultado de um processo histrico. Por esse processo, o
espao foi sendo progressivamente moldado, de acordo com as relaes sociais que
predominaram no passado e que envolveram constantes conflitos entre os desiguais
segmentos de cada poca. Por outro lado, como o espao tambm mantm algumas marcas do
passado, ele pode de algum modo interferir nas sucessivas organizaes sociais. Nesse
sentido, podemos dizer que o espao um produto e um produtor da Histria.
Espao e poder.
O espao a base material do exerccio do poder do Estado. Em uma sociedade de desiguais
como a nossa, tambm a expresso visvel da hegemonia * de grupos ou segmentos sociais.
Para melhor compreender essas ideias, importante "voltar no tempo". Nos sculos XV e
XVI, desenvolveu-se o Estado Moderno. Foram essenciais para que isso acontecesse a
delimitao de um territrio e, sobre ele, o exerccio da soberania, alm da existncia de uma
cultura, lngua e tradies em comum.
25
A ideia de soberania do Estado, elaborada sobretudo pelo filsofo Thomas Hobbes * , foi o
instrumento fundamental de construo da nao: somente um poder nico, comum a todos, e
soberano poderia agregar indivduos isolados e diferentes, tornando-os iguais.
Para garantir a coeso interna e a prpria sobrevivncia da sociedade, o Estado teria a
exclusividade do uso da fora - fundamento bsico do poder poltico. Assim j entendiam os
juristas * do final da Idade Mdia, para quem estava claro que o Estado tinha a prerrogativa *
do uso da fora, enquanto Igreja caberia a utilizao de todos os meios psicolgicos
necessrios para ensinar a religio e a moral.
Desde ento, duas so as razes da existncia do Estado, com sua prerrogativa:
- externa - a fora, com sua expresso mxima nos organismos militares, tem a misso de
proteger as fronteiras do Estado, resguardando a soberania nacional;
- interna - o uso da fora feito pelo grupo ou segmento politicamente dominante para
garantir a coeso interna e a segurana da sociedade.
Cabe ressaltar, no entanto, que o uso da fora por parte exclusiva do aparelho de Estado, para
ser considerado legtimo, deve ser justificado eticamente. No decorrer da Histria, as
sociedades construram diferentes fundamentos para legitimar o poder poltico: a legitimidade
pela vontade de Deus ou do povo; a legitimidade pelas chamadas leis naturais.
- a razo, por exemplo; a legitimidade pela tradio; entre outras. Hoje em dia, o fundamento
dado pelo reconhecimento de um Estado pela comunidade internacional, ou seja, pela
Organizao das Naes Unidas (ONU).
O surgimento do chamado Estado-Nao, no sculo XIX, exacerbou o sentimento nacional,
sobretudo porque se deu no contexto dos conflitos inerentes ao imperialismo - dominao dos
pases mais fortes sobre os mais fracos -, to em prtica na poca. Tal sentimento reforou a
conscincia de que o Estado precisava ser forte para preservar a nao e de que seu poderio
dependia da extenso do territrio que controlava. Da a militarizao das naes, o
desenvolvimento tecnolgico posto a servio da guerra e as constantes disputas territoriais.
Nessas condies, das quais resultaram, alis, as duas guerras mundiais, foi procedente a
afirmao do gegrafo alemo Friedrich Ratzel - considerado o pai da geografia humana -,
feita no incio do sculo XX: "Espao poder".
| Sede da Organizao das Naes Unidas (ONU) em Nova York (Estados Unidos). Foto de
2006. Fonte: HENRYK T. KAISER/INDEX STOCK IMAGERY / LATINSTOCK. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Qual a definio de nao?
Modernamente, o conceito de pas designa a nao, ou seja, um conjunto numeroso de
indivduos, quase sempre fixados em um mesmo territrio e ligados por tradies, costumes,
idioma e outros traos culturais comuns. A nao constitui um Estado quando est organizada
politicamente, ocupa um territrio definido e possui um governo soberano.
Muitas vezes confunde-se povo com nao. Povo o conjunto de pessoas que vive em
determinado territrio. Na grande maioria dos pases, o povo pertence a uma nica nao. Em
alguns pases, porm, o povo formado por diferentes nacionalidades. o caso da Sua, por
exemplo, onde cada nacionalidade ocupa determinados cantes: franceses, alemes, italianos
e romanches.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. As transformaes das sociedades so sempre acompanhadas por mudanas na produo
dos espaos. Qual o papel do tempo histrico nos processos que envolvem transformaes
espaciais?
2. Na paisagem do municpio onde voc mora h marcas que expressam relaes sociais do
passado? Em caso afirmativo, cite exemplos.
Fim do texto & contexto.
26
O domnio do espao.
Sem dvida, o poder do Estado implica o domnio do espao, embora hoje em dia a
hegemonia poltica esteja muito ligada dominao econmico-financeira e tecnolgica. Por
isso, os arranjos de fronteiras, os acordos e as alianas entre pases comumente expressam
relaes de poder e dominao que envolvem interesses no controle do espao. Assim, por
exemplo, o mapa poltico que surgiu no territrio da antiga Iugoslvia, aps quase quatro anos
de guerra (1992 - 1996), foi um arranjo que resultou de um jogo de poder entre pases
interessados - Estados Unidos, Rssia, Alemanha - e as nacionalidades diretamente envolvidas
na disputa do espao: srvios, croatas e bsnio-muulmanos.
No interior de um pas tambm existem relaes de dominao ou hegemonia de uma regio
sobre outra. No Brasil, por exemplo, os estados economicamente mais poderosos, como So
Paulo e Minas Gerais, tm certa preponderncia poltica e econmica sobre os outros.
A ligao entre espao e poder aparece at em situaes restritas e na ordenao de
microespaos. O dono de um campo de futebol, por exemplo, tem o poder sobre o seu espao
esportivo: ele decide quem, quando e como vai jogar. Em uma sala de aula, o espao ocupado
pelo professor, em destaque e diante dos alunos, pode revelar o poder exercido por ele (foto
abaixo).
| O espao ocupado, em destaque, pelo professor pode revelar uma relao de poder. Na foto,
sala de aula em Porto Velho (RO), em 2008. Fonte: DELFIM MARTINS / PULSAR
IMAGENS. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Convivncia e respeito.
Territrio uma poro da superfcie terrestre delimitada por uma fronteira poltica ou
submetida a um poder poltico. construdo pela formao social.
"[...] Compreender o que um territrio implica tambm compreender a complexidade, a
convivncia em um mesmo espao, nem sempre harmnica, da diversidade de tendncias,
ideias, crenas, sistemas de pensamento e tradies de diferentes povos e etnias. reconhecer
que, apesar de uma convivncia comum, mltiplas identidades coexistem e por vezes se
influenciam reciprocamente, definindo e redefinindo aquilo que poderia ser chamado de uma
identidade nacional. No caso especfico do Brasil, o sentimento de pertinncia ao territrio
nacional envolve a compreenso da diversidade de culturas que aqui convivem e, mais do que
nunca, buscam o reconhecimento de suas especificidades, daquilo que lhes prprio.".
Parmetros Curriculares Nacionais (1 a 4 sries), Histria e Geografia. Braslia: MEC / SEF,
1997. pp. 111 -2 .
Fim do complemento.
27
A paisagem geogrfica.
O conjunto dos elementos que a viso pode alcanar constitui a paisagem geogrfica, como as
pores de uma rea agrcola, de uma cidade, de um porto ou de uma rodovia. A paisagem
geogrfica , portanto, a parte visvel do espao, que pode ser descrita pelos elementos ou
objetos que a compem, cada qual com suas formas, cores, sons e funes. Como no
possvel perceber tudo ao mesmo tempo, o observador seleciona os elementos que mais
chamam sua ateno. Por isso, apesar de a paisagem ser apenas uma, cada pessoa e, por
extenso, cada sociedade num perodo histrico determinado veem a mesma paisagem de
maneira diferenciada.
As paisagens so formadas por elementos naturais, isto , criados pela natureza sem a
interferncia do homem, e por elementos humanos ou sociais, ou seja, construdos pelos
homens em sociedade. Como tudo aquilo que os homens elaboram constitui a sua cultura,
tambm podemos chamar os elementos humanos de uma paisagem de elementos culturais.
Relevo e solo so elementos naturais das paisagens, enquanto todas as construes humanas
sobre eles so elementos culturais.
Hoje, dada a complexidade da vida social e a evoluo tecnolgica, a paisagem natural,
formada exclusivamente por elementos naturais, praticamente no existe. Mesmo que um
determinado lugar no tenha sido diretamente tocado pelo homem, ele objeto de
preocupaes polticas e econmicas, ou seja, ele est no centro de lutas pelo poder. Por
exemplo, o continente gelado - a Antrtida - alvo de intensas disputas, encobertas sob o
justificvel interesse de realizao de pesquisas cientficas.
A paisagem quase sempre heterognea, isto , formada por elementos naturais e culturais - o
relevo, o solo e a vegetao, misturados a fbricas, grandes plantaes, cidades, etc. Quanto
mais transformada est a natureza, mais se destacam os elementos culturais da paisagem.
Todavia, h lugares em que os elementos naturais ainda tm muito destaque na paisagem. Veja
na foto abaixo.
| Paisagem da Nova Zelndia. Foto de 2007. Fonte: MASSIMO RIPANI / GRAND TOUR /
CORBIS / LATINSTOCK. ||
Texto & contexto.
1. Com base nas ideias da seo Geo mais (na pgina anterior), o que voc diria sobre o
Brasil? Explique.
2. Arranjos de fronteiras, acordos e alianas entre pases no raro expressam relaes de poder
e dominao que envolvem interesses no controle do espao. Para esclarecer essa ideia, que
exemplo citado no texto da pgina 26?
3. Que outros arranjos espaciais poderia ter uma sala de aula para expressar relaes de poder
mais democrticas? D sua opinio.
Fim do texto & contexto.
28
A paisagem e o tempo.
Alm de heterognea, a paisagem varia de um lugar para outro, pois, em cada um deles, h
uma determinada combinao de elementos. Porm, toda paisagem revela o conjunto de
tcnicas com que os homens a produziram. Frequentemente, a paisagem apresenta
testemunhos de distintos momentos histricos.
O advento de um novo instrumento de trabalho, com sua localizao especfica, provoca a
supresso de alguns objetos da paisagem e a adaptao de outros, de modo que os mais
antigos passam a conviver com as criaes humanas mais recentes. Isso explica a presena,
muitas vezes, de objetos com idades diferentes, cada qual com maiores ou menores
potencialidades de adaptao s mudanas. Assim, ao mesmo tempo que testemunham pocas
diferentes, os objetos da paisagem influenciam as relaes sociais dos sucessivos perodos
histricos. Veja as fotos da ponte Buarque de Macedo, em Recife (PE), em duas pocas
diferentes.
| Vista da ponte Buarque de Macedo, em Recife (PE). Foto de cerca de 1914. Fonte: F. DU
BOCAGE / ACERVO FUNDAO JOAQUIM NABUCO RECIFE, PERNAMBUCO. ||
por intermdio dos objetos da paisagem que a sociedade se torna concreta; sem eles, ela no
poderia existir. Por isso, a paisagem sempre a materializao de um momento da sociedade,
semelhana de uma fotografia. O espao geogrfico, por sua vez, a paisagem acrescida da
sociedade que a anima e que lhe ocasiona transformaes, medida que as relaes sociais se
modificam.
Portanto, para entender as transformaes da paisagem, preciso compreender a sociedade.
29
Para aprofundar as ideias apresentadas no captulo, voc vai ler um texto de Milton Santos,
um importante gegrafo brasileiro.
Etapas da histria do meio geogrfico.
A histria das chamadas relaes entre sociedade e natureza , em todos os lugares habitados,
a da substituio de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada
vez mais artificializado, isto , sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade.
Em cada frao da superfcie da Terra, o caminho que vai de uma situao a outra se d de
maneira particular e a parte do "natural" e do "artificial" tambm varia, assim como mudam as
modalidades de seu arranjo.
Podemos admitir que a histria do meio geogrfico pode ser grosseiramente dividida em trs
etapas: o meio natural, o meio tcnico, o meio tcnico-cientfico-informacional.
O meio natural.
Quando tudo era meio natural, o homem escolhia aquelas suas partes ou aspectos
considerados fundamentais ao exerccio da vida, valorizando, diferentemente, segundo os
lugares e as culturas, essas condies naturais que constituam a base material da existncia
do grupo.
Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes transformaes. As
tcnicas e o trabalho se casavam com as ddivas da natureza, com a qual se relacionavam sem
outra mediao [...].
O meio tcnico.
O perodo tcnico v a emergncia do espao mecanizado. Os objetos que formam o meio no
so apenas objetos culturais: eles so culturais e tcnicos ao mesmo tempo. Quanto ao espao,
o componente material crescentemente formado do "natural" e do "artificial". Mas o nmero
e a qualidade de artefatos variam. As reas, os espaos, as regies, os pases passam a se
distinguir em funo da extenso e da densidade da substituio, neles, dos objetos naturais e
dos objetos culturais, por objetos tcnicos. [...].
Utilizando novos materiais e transgredindo a distncia, o homem comea a fabricar um tempo
novo, no trabalho, no intercmbio, no lar. Os tempos sociais tendem a se superpor e contrapor
aos tempos naturais.
O componente internacional da diviso do trabalho tende a aumentar exponencialmente.
Assim, as motivaes de uso dos sistemas tcnicos so crescentemente estranhas s lgicas
locais e mesmo nacionais; e a importncia da troca na sobrevivncia do grupo tambm cresce.
Como o xito nesse processo de comrcio depende, em grande parte, da presena de sistemas
tcnicos eficazes, estes acabam por ser cada vez mais presentes. A razo do comrcio - e no a
razo da natureza - que preside sua instalao. [...].
O fenmeno, porm, era limitado. Eram poucos os pases em que o progresso tcnico podia
instalar-se. E, mesmo nesses poucos, os sistemas tcnicos vigentes eram geograficamente
circunscritos, de modo que tanto seus efeitos estavam longe de ser generalizados como a viso
desses efeitos era, igualmente, limitada.
O meio tcnico-cientfico-informacional.
O terceiro perodo comea praticamente aps a Segunda Guerra Mundial, e sua afirmao,
incluindo os pases do Terceiro Mundo, vai realmente dar-se nos anos 70. a fase [...] que se
distingue das anteriores, pela profunda interao da cincia e da tcnica. A ideia de cincia, a
ideia de tecnologia e a ideia de mercado global devem ser encaradas conjuntamente [...].
SANTOS, Milton. A natureza do espao. So Paulo: Edusp, 2008. pp. 233 -8 .
- Levando em conta o texto de Milton Santos, situe historicamente o predomnio dos trs
meios (natural, tcnico e tcnico-cientfico-informacional) que caracterizam as relaes
sociedade-natureza. Em seguida, apresente suas ideias para a turma.
31
RECOMENDAMOS.
Livros.
A geografia - Isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra.
Autor: Yves Lacoste (traduo de Maria Ceclia Frana).
Papirus, 1988.
Escrito na dcada de 1970, o ttulo do livro escandalizou os gegrafos da poca. Nele, Lacoste
questiona e procura desmitificar a "neutralidade" da Geografia. Ao mesmo tempo, conclama
os gegrafos a assumir uma posio militante contra a chamada Geografia dos estadosmaiores.
O que geopoltica.
Autor: Demtrio Magnoli.
Brasiliense, 1986.
Neste livro, Demtrio Magnoli traa a relao entre espao e poder, considerando que ela se
materializa atravs do Estado. Demonstra, a partir do caso do Brasil, que a geopoltica exercia
grande influncia na ao dos governantes durante a ditadura militar. Atualmente, segundo o
autor, a geopoltica materializa-se em fontes de informaes estratgicas como as recolhidas
por satlites artificiais, que fotografam pases, fronteiras, etc.
O que geografia.
Autor: Ruy Moreira.
Brasiliense, 1994.
Neste livro, encontramos uma reflexo sobre as relaes dos seres humanos com a natureza,
com seus semelhantes e com o espao. O autor examina de perto a histria, os caminhos e as
tendncias do pensamento geogrfico, considerando que a prpria geografia transformadora.
Geopoltica do Brasil - A construo da soberania nacional.
Autor: Edu Silvestre de Albuquerque.
Atual, 2006.
O livro traa uma anlise da geopoltica na atualidade. Examina o papel que o Brasil vem
assumindo nesse campo e retoma o histrico das relaes do governo brasileiro com os pases
vizinhos. Alm disso, comenta as estratgias dos Estados nacionais quanto explorao dos
recursos naturais e das redes de transporte e de telecomunicaes nas relaes internacionais.
Sites.
Educaterra - Pgina de Paulo Augusto Vizentini: http://educaterra.terra.com.br/vizentini.
Pgina de relaes internacionais de Paulo Augusto Vizentini, professor da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e importante pesquisador das relaes entre espao e poder.
Nela voc pode encontrar artigos sobre focos de tenso e relaes de poder em vrias regies
e pases do mundo.
Escola Superior de Geopoltica e Estratgia (ESGE): www.defesanet.com.br/esge/.
Para pesquisar as relaes entre espao e poder sugerimos o site da Escola Superior de
Geopoltica e Estratgia (ESGE). O principal objetivo da ESGE levar informao e
conhecimento a pessoas interessadas em assuntos de defesa, estratgia, inteligncia e servios
de informao.
(Acessos em: jun. 2009.).
Filme.
Powaqqatsi - Vida em transformao. Direo: Godfrey Reggio. Estados Unidos, 1988. 100
min.
O documentrio, gravado em 24 pases (incluindo o Brasil), explora a acelerao e
desumanizao da vida contempornea na sociedade industrial. Sem dilogos, combina
imagem e msica e coloca em discusso tudo o que pensamos saber sobre a sociedade
contempornea.
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Observe o esquema abaixo:
| Vista de rea prxima ao porto de Hong Kong, na China. Foto de 2002. Fonte: YANG LIU /
CORBIS / LATINSTOCK. ||
3. Observe a figura:
Fonte: UFMG.
A fixao do homem em determinadas reas sempre foi condicionada por fatores naturais e
culturais. No esquema notam-se duas aglomeraes urbanas: A e B.
Procure justificar a localizao dessas duas reas com base nos elementos da natureza,
sobretudo o relevo e a hidrografia. Aponte, tambm, as principais modificaes da paisagem
impostas pela interveno humana. Compartilhe suas respostas com o restante da turma.
4. Observe as imagens abaixo e leia as legendas. Depois, selecione dois pargrafos das
pginas 23 e 24 que, em sua opinio, ajudam a compreender as paisagens retratadas. Anote os
pargrafos selecionados e compare sua resposta com as dos colegas.
| Vista da Asa Sul em Braslia. Foto de 2006. Fonte: BRENO FORTES / CORREIO
BRAZILIENSE / FUTURA PRESS. ||
5. O mundo em que vivemos hoje pode ser compreendido a partir de um interessante mtodo:
o uso da periodizao. O gegrafo Milton Santos props uma periodizao baseada na
sucesso de trs meios geogrficos:
- meio natural;
- meio tcnico;
- meio tcnico-cientfico-informacional.
Escolha o texto que corresponde a cada um deles. Em seguida, compartilhe suas escolhas com
a turma.
Texto 1.
Tem incio quando o ser humano comea a sobrepor o "imprio da natureza" atravs da
construo de sistemas tcnicos. Ferrovias, portos, telgrafos (mquinas) so incorporados aos
territrios de alguns pases e regies. caracterizado pelas desigualdades regionais.
33
Texto 2.
Iniciado a partir da dcada de 1970. Avanos da biotecnologia, a automatizao, a robotizao
dos processos produtivos, a descoberta de novas tecnologias e materiais so seus
fundamentos. Tem como base tcnica a fuso das tecnologias da informao com as
telecomunicaes gerando novas tecnologias da informao.
Texto 3.
A natureza comanda a maioria das aes humanas. As tcnicas e o trabalho so associados s
ddivas da natureza. Vai do surgimento do homem em sociedade ao advento das mquinas.
Textos elaborados para fins didticos.
6. (Enem).
"Em 2006, foi realizada uma conferncia das Naes Unidas em que se discutiu o problema
do lixo eletrnico, tambm denominado e-waste . Nessa ocasio, destacou-se a necessidade de
os pases em desenvolvimento serem protegidos das doaes nem sempre bem-intencionadas
dos pases mais ricos. Uma vez descartados ou doados, equipamentos eletrnicos chegam a
pases em desenvolvimento com o rtulo de 'mercadorias recondicionadas' , mas acabam
deteriorando-se em lixes, liberando chumbo, cdmio, mercrio e outros materiais txicos.".
Internet: <g1.globo.com> (com adaptaes).
A discusso dos problemas associados ao e-waste leva concluso de que.
a) os pases que se encontram em processo de industrializao necessitam de matrias-primas
recicladas oriundas dos pases mais ricos.
b) o objetivo dos pases ricos, ao enviarem mercadorias recondicionadas para os pases em
desenvolvimento, o de conquistar mercados consumidores para seus produtos.
c) o avano rpido do desenvolvimento tecnolgico, que torna os produtos obsoletos em
pouco tempo, um fator que deve ser considerado em polticas ambientais.
d) o excesso de mercadorias recondicionadas enviadas para os pases em desenvolvimento
armazenado em lixes apropriados.
maiores minas produtoras de minrio de ferro do Brasil; sua explorao teve incio na dcada
de 1940. ||
35
1. Observem a paisagem abaixo e reparem nos trs planos identificados com as letras A, B e
C.
| Vista de Luminrias (MG), em foto de 1994. Fonte: JUCA MARTINS / OLHAR IMAGEM.
||
2. Faam uma lista dos elementos naturais e outra lista dos elementos culturais de cada um
dos planos assinalados na imagem.
3. Em qual dos planos predominam elementos culturais? Como eles esto distribudos no
espao?
4. Em qual dos planos predominam elementos naturais?
5. Na opinio do grupo, como vivem as pessoas em meio a essa paisagem? Em que
trabalham? Como se relacionam entre si e com a natureza?
6. Comentem as respostas do grupo com o professor e a turma. Aproveitem para conversar
sobre o poema e as duas fotos da pgina anterior.
Em debate.
- O espao a sociedade vista como sua expresso material visvel. A sociedade a essncia,
de que o espao geogrfico a aparncia.
MOREIRA, Ruy. Repensando a Geografia. In: SANTOS, Milton. Novos rumos da Geografia
brasileira. So Paulo: Hucitec, 1988. p. 35.
- Ideias, crenas, valores e aspiraes de uma sociedade sempre acompanham o
desenvolvimento tecnolgico?
36
de imagens de satlites est cada vez mais presente na televiso, nos jornais, na internet, no
celular, enfim, em nosso cotidiano. E exatamente por isso que a correta interpretao de
mapas exige um certo exerccio baseado no domnio de alguns conhecimentos bsicos, os
quais voc estudar neste captulo.
| Mapa da cidade de Ga-Sur, mais antigo mapa conhecido. Foi encontrado a 300 quilmetros
ao norte da Babilnia, na Mesopotmia, atual Iraque. Fonte: DEPARTAMENTO DE
| Cada nao v o mundo ao seu modo, de acordo com seus objetivos, sua viso estratgica,
sua histria e geografia. Essas vises podem ser expressas em mapas como o que voc v
acima. Fonte: BONIFACE, PASCAL E VDRINE, HUBERT. ATLAS DO MUNDO
GLOBAL. SO PAULO: ESTAO LIBERDADE, 2009. p. 68. ||
Como no possvel inserir toda a realidade no papel, dizemos que o mapa uma
representao seletiva do terreno, pois sempre envolve uma escolha dos elementos que se
quer representar. E essa escolha sempre feita com determinados objetivos. Cada sociedade,
em cada poca, elabora mapas de acordo com suas necessidades de conhecimento e
localizao dos recursos necessrios para sua sobrevivncia. Mas os mapas tambm so muito
usados com a finalidade de explorao e dominao, ou seja, com fins geopolticos.
Alm de representao plana e seletiva, o mapa tambm uma representao convencional,
pois utiliza smbolos, cores, pontos e linhas para identificar as formas e caractersticas do
terreno representado. A compreenso dos signos de um mapa indispensvel para sua leitura
e interpretao. Como voc l o mapa acima?
Texto & contexto.
1. Observe o mapa acima. O que voc diria sobre a viso estaduniense em relao ao Brasil?
2. Por que um mapa uma representao seletiva e convencional do terreno que ele
representa?
3. "Cada sociedade, em cada poca, elabora mapas de acordo com suas necessidades de
conhecimento e localizao dos recursos necessrios para sua sobrevivncia." Folheie este
livro e selecione um mapa que, em sua opinio, adequado para exemplificar a ideia contida
na frase.
4. Com que frequncia voc costuma utilizar mapas? Em que situaes voc costuma utilizlos? Voc utiliza mapas em papel ou mapas veiculados na internet?
Fim do texto & contexto.
38
A representao da Terra.
H vrias maneiras de representar o espao em que vivemos: fotografias, filmes, etc. Para
representar a Terra, o meio mais preciso o globo terrestre artificial, pois o que guarda
maior fidelidade forma esfrica do planeta. Por sua praticidade, no entanto, o mapa o meio
mais usado para a representao do espao.
Como voc sabe, um mapa, ou carta geogrfica, uma representao total ou parcial da
superfcie terrestre em uma folha de papel. Atualmente, a cartografia moderna dispe de
recursos tcnicos muito avanados, que se baseiam em informaes coletadas por
sensoriamento remoto e processadas por computadores (como veremos neste captulo). Por
constituir uma reproduo de uma superfcie curva ou esfrica em uma superfcie plana, por
mais preciso que seja, o mapa implica uma maior ou menor distoro, uma certa infidelidade
da representao grfica em relao realidade retratada. A superao desse problema
depende da adequada utilizao das projees cartogrficas.
Projees cartogrficas.
42
Projees mais conhecidas.
H centenas de projees cartogrficas utilizadas na representao do espao geogrfico. Mas
algumas delas so mais amplamente utilizadas e conhecidas, como as indicadas a seguir.
Projeo de Mercator - A cartografia moderna teve incio em 1569, quando o cartgrafo e
matemtico flamengo Gerhard Kremer, que se consagrou pelo codinome Mercator, elaborou
um mapa-mndi usando uma projeo cilndrica conforme. Com o foco de projeo no centro
do globo, a projeo de Mercator fiel realidade apenas na faixa equatorial; medida que a
latitude aumenta, os paralelos vo se afastando cada vez mais uns dos outros, o que significa
aumento exagerado das reas nas proximidades dos polos. A Groenlndia, por exemplo,
aparece com uma rea semelhante da Amrica do Sul, quando na realidade oito vezes
menor.
Cartografia e ideologia.
A construo de um mapa depende do tipo de projeo a ser usado e dos recursos tcnicos
disponveis, mas no s; depende tambm dos interesses em jogo e da viso de mundo
poca, isto , da ideologia dominante, que se expressa no trabalho cartogrfico.
Na Idade Mdia ocidental, por exemplo, a profunda religiosidade, prpria do teocentrismo
ento dominante, favoreceu at mesmo a concepo de que o mundo fosse um disco, com
Jerusalm no centro. Mapas da poca colocavam o paraso no leste, na direo da cidade
sagrada. Assim, homens e mulheres deveriam buscar a salvao no leste ou oriente. Desse fato
advm o termo que se emprega at hoje - orientao -, quando o mais apropriado seria
usarmos o vocbulo norteao, ou seja, ato de procurar e encontrar o norte.
| Elaborados pelos sbios da Idade Mdia, os mapas mais famosos so conhecidos como
cartas T-O . Eles mostram o mundo habitado em um crculo, representado por um disco chato
e centrado em Jerusalm. Os trs continentes conhecidos poca (Europa, sia e frica) so
representados e divididos por meio de cursos de gua formando o "T", que representa a cruz
de Cristo e a Santssima Trindade. O "O" remete harmonia de um mundo fechado. Parte da
carta T-O que voc v na imagem acima foi produzida no sculo XI . Fonte: BIBLIOTECA
NACIONAL DE PARIS, FRANA / ARQUIVO DA EDITORA. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Uma histria curiosa: o mapa de Waldseemuller.
Cada sociedade, ao elaborar seus mapas, imprime neles no s o conhecimento geogrfico
que tem das terras e mares, mas tambm seus valores, suas crenas e necessidades. O mapa de
Waldseemuller (1507) um dos exemplos mais curiosos de como os europeus concebiam o
mundo na poca das exploraes de Colombo e Amrico Vespcio. Descoberto em 1901, num
castelo da Alemanha, ele o primeiro mapa-mndi que ilustra a existncia do oceano
Pacfico. Mas como isso seria possvel, em 1507, se os europeus s foram conhecer aquele
oceano quase uma dcada depois?
Alm disso, o mapa o mais antigo documento a conter a palavra "Amrica".
Outros elementos ainda mais surpreendentes esto registrados no mapa, como a representao
dos Andes e da ligao entre os oceanos Atlntico e Pacfico, e intrigam os pesquisadores at
hoje. Ser que Waldseemuller poderia ter aproveitado, na confeco de seu mapa, as
indicaes cartogrficas dos chineses ou dos vikings que teriam estado na Amrica antes dos
europeus? A resposta para essa e outras perguntas despertam muitas controvrsias entre os
estudiosos.
Adaptado de Serqueira, Celso de Martin. O mapa mais caro do mundo (3 partes). Disponvel
no site Mapas antigos, histrias curiosas, http://serqueira.com.br/mapas/wald1.htm. Acesso
em: 3 jun. 2009.
| Numa figura aproximadamente esfrica no existe "em cima" nem "embaixo". A viso
dominante que aparece nos mapas, com o hemisfrio setentrional na parte de cima, uma
construo ideologizada, prpria do eurocentrismo dominador de sculos. Por isso, a projeo
invertida de Peters tornou-se simptica a muitos povos subdesenvolvidos do sul. Fonte: FITZ,
PAULO ROBERTO. CARTOGRAFIA BSICA. SO PAULO: OFICINA DE TEXTOS,
2008.||
Boxe complementar.
GEO mais.
Diferentes projees cartogrficas.
Tradicionalmente a cartografia oferece uma imagem do planeta focalizada na linha do
equador e centrada na Europa e na frica. Essa imagem, reproduzida exausto nos
planisfrios, tende a perpetuar determinadas noes simplistas ou mesmo enganosas. Esses
mapas "marginalizam" espacialmente as molduras continentais e insulares do oceano Pacfico,
que atualmente constituem um dos centros mundiais do poder econmico e poltico. Eles
tambm criam a falsa impresso de que a Amrica do Norte e a sia esto muito distantes
entre si.
Adaptado de MAGNOLI, Demtrio. O que geopoltica: geografia e estratgia. In: Atlas
Geopoltica. So Paulo: Scipione, 1996. p. 7.
Fim do complemento.
Tipos de mapa.
Um mapa no pode representar todos os elementos do espao ou da paisagem. Geralmente ele
representa um ou outro desses elementos, como, por exemplo, a diviso poltica de um pas, a
distribuio da populao, o relevo, etc. Por isso os mapas podem ser de diversos tipos:
- mapas fsicos - representam um ou mais elementos da paisagem natural e podem ser, por
exemplo, geomorfolgicos (relevo) e hidrogrficos (rios e lagos);
- mapas polticos - mostram um ou mais pases, estados ou municpios, com seus limites, suas
capitais e cidades principais;
- mapas demogrficos - indicam atributos da populao, como, por exemplo, densidade
demogrfica e grau de urbanizao;
- mapas econmicos - apresentam o potencial econmico, a produo ou simplesmente os
produtos de uma regio e podem ser, por exemplo, agrcolas e industriais.
Alm destes, possvel construir uma infinidade de mapas temticos, como os mapas
rodovirios, tursticos, etc.
Escalas cartogrficas.
Como voc sabe, os cartgrafos trabalham com uma viso vertical e reduzida do terreno a ser
mapeado. No seu trabalho de elaborar mapas eles devem indicar a relao entre o terreno e a
sua representao no papel. Essa relao ou proporo indicada pela escala. A escala indica,
portanto, a relao ou proporo existente entre as distncias lineares representadas em um
mapa e aquelas existentes no terreno, ou seja, na superfcie real.
Tipos de escala.
Para elaborar um mapa, a escala escolhida conforme a necessidade de se observar um
determinado espao com maior ou menor nvel de detalhamento.
A escala deve ser indicada junto ao mapa, em geral no canto inferior direito, para que o
usurio possa calcular qualquer distncia verdadeira no espao mapeado. A indicao pode ser
feita de duas maneiras: com nmeros ou com um grfico. Por isso diz-se que a escala pode ser
numrica ou grfica, embora a diferena entre uma e outra seja apenas na maneira de indicar a
relao de proporcionalidade * .
Escala numrica - representada por uma frao ordinria, na qual o numerador corresponde
medida no mapa e o denominador corresponde medida real do terreno. O numerador
sempre a unidade, e o denominador indica quantas vezes as medidas reais foram reduzidas.
Veja o exemplo abaixo.
Escala grfica - apresentada por uma figura semelhante a um pedao de rgua, na qual so
indicadas as medidas reais sobre as medidas no papel. No mesmo exemplo do mapa da pgina
anterior, a escala seria indicada assim:
A escala grfica mais prtica, de uso fcil, pois basta medirmos o segmento representado
para sabermos quanto ele vale no terreno, j que as medidas reais esto escritas. Ela sempre
usada quando a relao no pode ser expressa por nmeros inteiros, o que dificultaria o
clculo de distncias reais.
O tamanho da escala.
Uma mesma frao de espao pode ser representada em diferentes escalas, conforme o nvel
de detalhamento que se queira atingir.
Quanto maior o denominador da frao ordinria indicativa, menor a escala e vice-versa.
Os mapas que representam espaos pequenos, como stios, bairros e at uma cidade, so
chamados de plantas - em geral com escala at 1 : 20000. J a representao de espaos
maiores, com a reduo de at 60 mil vezes, geralmente chamada de carta.
De qualquer modo, costuma-se classificar as escalas segundo o tamanho:
- grande escala - menor que 1 : 100000;
- mdia escala - de 1 : 100000 a 1 : 500000;
- pequena escala - maior que 1 : 500000.
Veja os exemplos abaixo.
Cartografia temtica.
A cartografia temtica preocupa-se com a representao das mais variadas informaes
geogrficas, sejam fsicas ou sociais, do planeta como um todo ou de determinadas reas que
fazem parte dele.
Os mapas temticos so aqueles que possuem um tema principal a ser representado e so
originados tendo como base outros mapas preexistentes, denominados mapas-base. Neles so
utilizadas simbologias diversas para a representao de fenmenos espacialmente distribudos
na superfcie terrestre. Como exemplos de mapas temticos podemos citar os de vegetao, os
climticos, os geolgicos, de solos, etc.
Veja, abaixo, um exemplo de escala de cores usada no atlas do IBGE.
Boxe complementar.
GEO mais.
Usando a escala.
Num mapa do Brasil feito na escala de 1 : 5000000, a distncia no papel, em linha reta, entre
a cidade de So Paulo e a cidade de Braslia de aproximadamente 16 cm. Qual a distncia
real entre as duas cidades?
A resposta fcil, porque a escala diz que cada centmetro no mapa corresponde a 5 mil
centmetros, ou seja, 50 km no terreno. Portanto:
16 cm = 16 x 50 km.
16 cm = 800 km.
Assim, a distncia real, em linha reta, entre So Paulo e Braslia de aproximadamente 800
km.
Fim do complemento.
49
Um mapa temtico deve ter vrios elementos para que possa ser compreendido pelo leitor.
Entre eles destacamos: o ttulo, as convenes utilizadas, a autoria, a data de confeco, a
indicao da direo norte, a escala e, em alguns casos, o sistema de projeo aplicado. Veja
um exemplo de mapa temtico abaixo.
Posio e orientao.
Sem celular, GPS ou outro equipamento eletrnico qualquer, o que voc faria para se deslocar
no deserto ou no interior de uma floresta na direo desejada?
No interior das cidades, possvel usar praas, igrejas, edifcios, lojas e outros lugares como
pontos de referncia quando desejamos nos deslocar de um local para outro. Nas estradas,
pode-se utilizar paradas de nibus, estaes de trem e cruzamentos, bem como cidades, vilas e
povoados que ficam beira das rodovias.
Mas no se pode contar com essas referncias no caso mencionado acima. So necessrios
pontos de referncia que indiquem direes seguras e exatas, em qualquer local da superfcie
da Terra.
Pontos cardeais.
Pode-se dizer que uma das principais funes dos mapas a de determinar a posio dos
diferentes lugares da superfcie da Terra. A posio dos lugares tem duas facetas: a posio
relativa e a posio absoluta.
Nossos antepassados costumavam definir a posio de certos pontos uns em relao aos
outros. Ao traarem rotas e caminhos, utilizavam a posio de vilas, portos ou rios em relao
ao ponto inicial e, assim, determinavam a posio de cada ponto. Desse modo, aplicavam o
que chamamos de posio relativa, onde se conhece a posio e a direo de cada ponto em
relao ao ponto de referncia.
A observao dos astros no cu e do movimento aparente do Sol tambm era prtica de nossos
antepassados, pois oferecia-lhes indicaes razoavelmente precisas sobre as direes que
deveriam seguir para atingir determinados pontos. Esse antigo conhecimento diz respeito
orientao, palavra relacionada com a busca do Oriente, que na lngua latina significa
'nascente' .
Assim, h muito tempo considera-se que, do ponto de vista dos observadores posicionados na
Terra, o nascer do Sol relaciona-se direo (ou sentido) leste, ou seja, Oriente. E a direo
onde o Sol se "pe" relaciona-se ao oeste. A identificao da nascente e do poente remete
identificao do norte e do sul. A partir deles, foram definidas as direes intermedirias.
Texto & contexto.
1. Qual a funo das cores e dos smbolos num mapa?
2. Folheie este livro e identifique trs mapas temticos. Anote os ttulos dos mapas e o nmero
das pginas em que se encontram.
3. Quando voc est em uma cidade que no conhece muito bem, como faz para orientar-se
sem pedir ajuda s pessoas?
Fim do texto & contexto.
50
Como voc sabe, so quatro os pontos cardeais: norte (N); sul (S); leste (L); oeste (O).
Nas posies intermedirias aos pontos cardeais, existem os pontos colaterais: nordeste (NE) entre o norte e o leste; noroeste (NO) - entre o norte e o oeste; sudeste (SE) - entre o sul e o
leste; e sudoeste (SO) - entre o sul e o oeste.
Nas posies intermedirias aos pontos cardeais e colaterais, existem os pontos subcolaterais:
norte-nordeste (N- NE); norte-noroeste (N- NO); sul-sudeste (S- SE); sul-sudoeste (S- SO);
leste-nordeste (L- NE); leste-sudeste (L- SE); oeste-noroeste (O- NO); e oeste-sudoeste (OSO).
Reunidos, os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais formam uma figura chamada rosa dos
ventos, indispensvel para indicar corretamente as direes e um importante elemento de
orientao.
Fonte: ADAPTADO DE ATLANTE GEOGRAFICO METODICO DE AGOSTINI 20072008. NOVARA: ISTITUTO GEOGR AFICO DE AGOSTINI, 2007.
Todo mapa deve conter uma adequada orientao do espao nele representado, no mnimo
com a indicao norte. Em geral, essa orientao registrada com o norte indicando o sentido
superior do mapa, e o sul, o inferior. Mas h excees, como a que voc observa no mapa
abaixo.
| Os sofisticados aparelhos que usam o GPS possuem uma antena para receber os sinais dos
satlites. Fonte: ERIK SIMONSEN / PHOTOGR APHERS CHOICE / GETTY IMAGES. ||
| O IBGE controla uma rede composta de nove estaes para operar um sistema de GPS.
Fonte: ATLAS GEOGRFICO ESCOLAR. RIO DE JANEIRO: IBGE, 2007. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Geodesia.
Cincia que se ocupa da determinao da forma, das dimenses e do campo de gravidade da
Terra. As atividades geodsicas tm experimentado uma verdadeira revoluo com o advento
do Sistema de Posicionamento Global (GPS). A capacidade que este sistema possui de
permitir a determinao de posies, estticas ou cinemticas, aliando rapidez e preciso
muito superiores aos mtodos clssicos de levantamento, provocou a necessidade de reviso
das caractersticas do SGB (Sistema Geodsico Brasileiro).
O termo Geodesia foi usado pela primeira vez na Grcia antiga, por Aristteles, e significa, ao
p da letra, "divises geogrficas da terra" ou "ato de dividir a terra". A Geodesia ao mesmo
tempo um ramo da Engenharia e das Geocincias, que trata do levantamento e da
representao da forma e da superfcie terrestre. A Matemtica e a Fsica tambm estudam a
Geodesia, como forma de determinar a medio de superfcies curvas usando mtodos
semelhantes queles usados na superfcie curva da Terra.
Coordenadas geogrficas.
Encontrar determinado prdio numa cidade relativamente fcil; basta ter em mos o
endereo correto dele. Localizar uma cidade ou um ponto qualquer na superfcie terrestre,
porm, requer outros procedimentos. Um deles a localizao por meio de circunferncias
imaginrias traadas sobre os globos terrestres ou sobre os mapas, sistema esse chamado de
coordenadas geogrficas.
Os paralelos e os meridianos so circunferncias imaginrias indicadas por nmeros ou, mais
precisamente, por graus de circunferncia, segundo a diviso sexagesimal. Vale lembrar que
uma circunferncia tem trezentos e sessenta graus (360), cada grau tem sessenta minutos
(60') e cada minuto divide-se em sessenta segundos (60").
O paralelo de zero grau (0) a circunferncia imaginria traada na parte mais larga da
Terra, cujos pontos so equidistantes dos polos. Esse paralelo foi denominado equador e
divide o planeta em dois hemisfrios, o norte e o sul.
Para localizarmos uma cidade ou um local qualquer, precisamos ter uma rede de coordenadas,
na qual os paralelos e os meridianos aparecem com sua indicao numrica. Para obter a
localizao, basta indicar o paralelo e o meridiano do local.
| No mapa, o ponto indicado pela letra A localiza-se a 50 norte e 100 oeste. Fonte:
ADAPTADO DE DORLING KINDERSLEY WORLD ATLAS. LONDON: DORLING
KINDERSLEY, 2008. ||
55
Latitude e longitude.
Dar as coordenadas geogrficas de uma cidade significa informar sua latitude e sua longitude.
Latitude o afastamento, medido em graus, da linha do equador a um ponto qualquer da
superfcie terrestre. Ela vai de 0 a 90 e pode ser norte ou sul (figura abaixo). Longitude o
afastamento, medido em graus, do meridiano de Greenwich a um ponto qualquer da superfcie
da Terra. Ela vai de 0 a 180 e pode ser leste ou oeste.
plano da rbita da Terra. A chamada obliquidade da eclptica , pois, de 2327'. Veja a figura
abaixo.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
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FIM DA NOTA.
57
Marcao do tempo.
O tempo uma referncia indispensvel aos seres humanos, tanto quanto o espao em que
vivem - a superfcie terrestre. preciso localizar os fatos no s no lugar em que esto, mas
tambm no momento em que ocorrem, pois cada um deles tem o seu espao-tempo.
Cada astro tem uma referncia de tempo prpria. Para localizar um acontecimento no ano,
muitos povos antigos usavam como referncia o movimento de translao da Lua, ou seja, os
28 dias que leva para dar uma volta ao redor da Terra. Adotavam, assim, o calendrio lunar,
cujo ano tem 354 dias. Ainda hoje, os adeptos do islamismo, por exemplo, marcam seu tempo
pela Lua.
No mundo judaico-cristo, a contagem do tempo sempre foi feita tomando como referncia o
movimento da Terra ao redor do Sol; baseia-se, portanto, no ano solar. Embora muitos povos
s o tenham adotado muito depois, o calendrio atual foi implantado em 1582, por iniciativa
do papa Gregrio XIII. Por isso chamado de calendrio gregoriano.
Assim, para determinar um acontecimento no ano, usamos o dia, isto , cada uma das 365
posies da Terra ao longo da sua rbita em torno do Sol. Para localizar um fato no dia,
usamos as horas, ou seja, as 24 partes em que foi dividido o tempo de uma rotao. Por sua
vez, uma hora dividida em 60 minutos e cada minuto em 60 segundos.
Em cada ponto da superfcie terrestre, cada hora corresponde a uma determinada posio do
Sol em seu movimento aparente. Portanto, cada lugar tem sua hora real ou hora solar. O
momento em que o Sol est mais alto, por exemplo, meio-dia ou 12 horas. Somente os
lugares localizados sobre um mesmo meridiano tm a mesma hora solar.
O sistema de fusos horrios.
Tendo os respectivos meridianos, isto , as longitudes de dois lugares, podemos calcular a
diferena de horrio entre eles. Por exemplo:
Vitria, capital do estado do Esprito Santo, tem 40 de longitude oeste; Tquio, capital do
Japo, tem 140 de longitude leste. Qual a diferena de horrio entre as duas capitais?
Assim, enquanto so 10 horas em Vitria, sero 22 horas em Tquio, pois a capital japonesa
est 180 a leste da capital capixaba.
No entanto, quando dois lugares esto no mesmo hemisfrio em relao a Greenwich,
precisamos diminuir suas respectivas longitudes, a fim de obtermos o afastamento
longitudinal entre elas. S ento podemos calcular a diferena de horrio. Por exemplo:
Las Vegas, nos Estados Unidos, est a 115 de longitude oeste, e Vitria est a 40. Qual a
diferena de horrio entre as duas cidades?
Precisamos, ento, diminuir a longitude de Vitria (40 oeste) da longitude de Las Vegas
(115 oeste). O resultado - 75 - o afastamento longitudinal procurado (retome o planisfrio
da pgina anterior). Agora, dividindo 75 por 15 temos 5, o que significa que a diferena de
horrio entre as duas cidades de 5 horas. Como Vitria est a leste de Las Vegas, seu horrio
est adiantado. Assim, por exemplo, enquanto meio-dia em Las Vegas, em Vitria so 5
horas da tarde, ou melhor, 17 horas.
vertical, cuja sombra indicava as horas. O modo de construo de um relgio solar varia
conforme a latitude de cada lugar, que, a rigor, tem sua hora solar verdadeira. Mas de h
muito o relgio solar est em completo desuso, pois no possvel obedecer ao horrio solar
local.
Para facilitar a comunicao entre os diferentes lugares da superfcie terrestre, foi instituda j
no final do sculo XIX a hora legal.
A Terra foi dividida em 24 "gomos" iguais, ou seja, 24 faixas longitudinais, cada uma com
15. A soma dessas 24 faixas perfaz os 360 da circunferncia. Cada uma dessas faixas
longitudinais constitui um fuso horrio. Portanto, a Terra est dividida em 24 fusos horrios.
Dentro de um mesmo fuso horrio todos os relgios devem marcar a mesma hora, que ser a
hora daquele fuso. A hora legal uma hora convencionada entre os povos, pois, em geral, no
coincide com o horrio solar.
O fuso de Londres foi escolhido como referncia para a marcao do tempo. , portanto, o
fuso inicial. No meio desse fuso, com 15 como todos os outros, passa o meridiano de
Greenwich. O mundo todo marca o tempo com base no chamado GMT - Greenwich Mean
Time (hora mdia de Greenwich). Os fusos a leste de Londres tm o seu horrio adiantado em
relao ao fuso central. E os fusos a oeste tm o seu horrio atrasado.
O horrio no Brasil.
A hora legal foi instituda para facilitar, e no para complicar as relaes entre as pessoas de
diferentes lugares. Mas, se o Brasil adotasse rigorosamente os limites estabelecidos pelos
fusos horrios, teramos muitos problemas prticos. Para voc ter uma ideia, um mesmo
estado - o Rio Grande do Sul, por exemplo - poderia ter horrios diferentes.
| Usada para delimitar territrios de caa e pesca, a cartografia originou-se na chamada PrHistria. No sculo XXI, essa cincia ganha novos rumos proporcionados pelas novas
tecnologias. Na imagem, uma representao em 3D da cidade de Dresden (Alemanha)
apresentada no Google Earth. Fonte: 2009 GOOGLE EARTH / DIGITALGLOBE. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Marketing e geografia: dois exemplos.
Durante a primeira fase de sua campanha, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
deu um show de marketing poltico na internet. Uma das ferramentas de seu site funcionava
da seguinte maneira: o usurio informava o cdigo postal, clicava sobre um mapa e obtinha a
localizao dos principais eventos da campanha e outras informaes sobre o candidato.
Adaptado de InfoGeo. Editora MundoGeo, ano 10, n. 53, maio / jun. 2008. p. 27.
Um brao do Geoprocessamento se tornou fundamental na tomada de deciso das grandes
empresas: o geomarketing. Usando um sistema baseado em mapas digitais, softwares SIGs e
bases de dados diversas distribudas graficamente, as empresas podem analisar as tendncias
de mercado, monitorar a concorrncia, visualizar oportunidades e definir quando lanar
campanhas de marketing. Um exemplo de uso de Geoprocessamento nos negcios est [em
uma cadeia de fast food] que usa ferramentas de SIGs para estudar o perfil socioeconmico de
cada ponto de suas lojas, reunindo e cruzando dados para se adequar a cada regio.
Adaptado de Conhecimento prtico - Geografia. Escala Educacional, n. 24. p. 51.
Fim do complemento.
61
Cartografia e geoprocessamento.
A informtica aplicada ao estudo da Terra d significado ao que podemos chamar de
geoprocessamento, conceito que inclui as tecnologias e tcnicas usadas quando se pretende
buscar, armazenar, gerenciar, exibir e distribuir informaes geogrficas. De acordo com os
especialistas no assunto, o geoprocessamento necessita de cinco elementos bsicos: dados
geogrficos, recursos humanos, equipamentos, programas computacionais e mtodos de
trabalho.
O geoprocessamento inclui o Sensoriamento Remoto, o Sistema de Informaes Geogrficas
(SIG), o Sistema de Posicionamento Global (GPS) - explicado na pgina 51 - e a Cartografia e
Fotogrametria Digital. Em todos eles, variados equipamentos de ltima gerao revolucionam
a arte de visualizar dados e fenmenos espaciais. Veja um exemplo nas imagens abaixo.
| Os satlites levam consigo um sensor, que capta a energia refletida ou emitida por uma
superfcie qualquer e a registra por meio de imagens que podem ser armazenadas nos
formatos digital ou analgico, ou tambm diretamente por um filme ou chapa sensvel. Fonte:
ATLAS GEOGRFICO ESCOLAR, IBGE, RIO DE JANEIRO: 2007, p. 26. ||
| Foto area (do ponto de vista vertical) do municpio de Rio Claro (SP). Fonte: 2007
GOOGLE EARTH / DIGITALGLOBE. ||
Texto & contexto.
1. O que geoprocessamento? Quais os elementos necessrios para seu funcionamento?
2. Defina mapas topogrficos. Explique sua importncia e a relao que esses mapas tm com
a Aerofotogrametria.
3. Quais as principais aplicaes das imagens orbitais?
4. Voc j utilizou, no cotidiano, mapas construdos a partir de imagens de satlite? Procure
explicar a finalidade dessas representaes.
Fim do texto & contexto.
64
Boxe complementar.
GEO mais.
A Anlise Espacial proporciona aos SIGs uma potencialidade para os estudos geogrficos no
conhecida antes, influenciando as mais diversas reas da atividade humana como o
Planejamento Urbano e Regional, os Transportes, as Comunicaes, a Avaliao e
Gerenciamento de Recursos Naturais, etc. Surge ento a expresso Geoprocessamento,
denotando a metodologia de tratamento de informaes do espao geogrfico que utiliza
tcnicas computacionais.
Nos anos 1980, aparecem os Sistemas de Posicionamento por Satlite, e dentro destes o mais
conhecido, o GPS. Por estes sistemas serem eletrnicos, que requerem recursos
computacionais, a palavra Geoprocessamento tambm utilizada para designar as atividades
que envolvem seu uso.
Nas ltimas dcadas, tm sido incorporadas no Geoprocessamento metodologias como a
Geoestatstica, a Estatstica Espacial, as Tcnicas de Suporte Deciso, Teoria dos Jogos
atravs de software do tipo simuladores multiagentes, os quais permitem estimular processos
que se desenvolvem no espao e ao longo do tempo.
Embora o uso do termo Geoprocessamento esteja bem generalizado, muitos pesquisadores e
especialistas tm mostrado preferncia pelo termo Geoinformtica, considerando que mais
geral que Geoprocessamento e tem analogia com o termo Bioinformtica. Como evoluo e
simplificao verbal da palavra Geoinformtica, est sendo utilizado [...] cada vez mais
frequentemente o termo Geomtica. Nestas breves palavras procurou-se relatar o longo
processo de evoluo das cincias do mapeamento at o sculo XX, e a rpida evoluo dos
ltimos 40 anos.
Raffo, Jorge. Geoprocessamento e Geomtica. In: Conhecimento prtico - Geografia. Escala
Educacional, n. 25. pp. 18 -9 .
67
1. De acordo com o autor, como nasceu a Cartografia?
2. O que so cincias geodsicas? Que disciplinas fazem parte dessas cincias?
3. Que mudanas ocorreram nas cincias geodsicas a partir da segunda metade do sculo
XX? Identifique pelo menos trs exemplos.
4. De acordo com o autor, que metodologias vm sendo incorporadas ao Geoprocessamento?
5. Escreva um pequeno texto relacionando os seguintes termos: Geomtica, geografia, meio
ambiente e cotidiano.
Recomendamos.
Livros.
Sites.
A arte de voar em mundos virtuais.
| Pgina inicial do Google Earth em agosto de 2009. Fonte: 2009 GOOGLE EARTH /
DIGITALGLOBE. ||
Projeto Mapas Histricos: www.rootsweb.ancestry.com/~brawgw/mapashistoricos.htm.
O Projeto Mapas Histricos parte de um projeto da rede mundial GenWeb, que rene
informaes sobre histria e genealogia. O site traz mapas antigos e atuais que retratam a
evoluo do territrio brasileiro ao longo do tempo, alm de links para outros mapas.
(Acessos em: ago. 2009.).
68
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Imagine que voc vai explicar, para um amigo que est na escola, o caminho at sua casa.
Numa folha avulsa, desenhe livremente um mapa para que ele encontre o caminho. No seu
mapa, inclua os elementos do trajeto que voc considera mais importantes. Em seguida,
responda: Qual dos tipos de mapa vistos no captulo mais se assemelha ao que voc fez?
Justifique sua resposta. Se possvel, mostre aos colegas o mapa que voc produziu.
2. Leia a notcia abaixo:
Um mapa em que o Brasil aparece no centro do mundo ser distribudo para as 1003 escolas
pertencentes rede de ensino administrada pela Prefeitura do Rio. [...] o novo mapa tem como
proposta inverter a ideia, supostamente difundida pelos mapas tradicionais, de que o Brasil
ocupa uma posio perifrica no planeta.
Brasil fica no centro do mundo em mapa que ser usado no Rio. Folha de S. Paulo, Cotidiano,
2 set. 1998. Disponvel em: www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff02099820.htm. Acesso em:
jun. 2009.
Escreva um comentrio sobre a notcia de acordo com as orientaes a seguir:
a) retome e analise, numa perspectiva crtica, os seguintes mapas: o da pgina 37, o mapa T-O
(p. 44) e as projees de Mercator e de Peters (p. 42);
b) retome tambm as principais ideias que voc aprendeu ao estudar o item Cartografia e
ideologia (pp. 44 -5);
c) em seu texto, inclua uma comparao entre a notcia e as vises implicadas nos diversos
mapas que voc analisou. No se esquea de mostrar seu texto ao professor e aos colegas.
3. Voc j sabe que o sistema de localizao por meio de circunferncias imaginrias traadas
sobre globos terrestres ou mapas chamado de coordenadas geogrficas. Agora, voc vai
colocar esse conhecimento em prtica. Para tanto, faa o seguinte:
a) Forme dupla com um colega e observem o planisfrio intitulado "Planisfrio: rede de
coordenadas geogrficas" (p. 54).
b) Secretamente, escolha uma coordenada e anote-a no caderno. Ela dever ser adivinhada
pelo seu colega.
c) Para que seu colega adivinhe a coordenada que voc anotou, fornea algumas pistas para
ele, como: "o ponto fica no hemisfrio norte"; "est no hemisfrio ocidental"; "l agora so 10
horas da noite"; "fica na zona temperada"; "o paralelo (ou meridiano) menor que 30"; "fica
num grande continente"; etc.
d) Aquele que acertar as coordenadas sem receber dicas ganhar 100 pontos. A cada dica
recebida, 5 pontos sero retirados.
e) Ganha o jogo quem conseguir o maior nmero de pontos.
4. Examine o mapa (abaixo) e a tabela da prxima pgina:
| Mapa concebido pelo engenheiro Sean Askay mostra dados (at maro de 2009) sobre os
soldados estadunidenses e aliados mortos nas guerras do Iraque e do Afeganisto atravs do
Google Earth. Cada silhueta humana na imagem representa um soldado morto em ambos os
pases. Quando se passa o cursor do mouse sobre as figuras, abre-se um pop - up com o nome,
a idade e as circunstncias da morte do militar. Sean reconhece os limites do projeto: "Os
iraquianos e os afegos sofreram perdas considerveis ao longo dos conflitos". Segundo a
agncia de notcias Reuters, entre 4900 e 6375 soldados iraquianos morreram desde o incio
da guerra no Iraque (2003) at maio de 2007. Fontes: Google Earth mapeia soldados mortos
nas guerras do Afeganisto e do Iraque. Folha Online, Informtica, 28 de maio de 2009.
Disponvel em: www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u573148.shtml. Acesso em:
jun. 2009. 2009 GOOGLE EARTH / DIGITALGLOBE. ||
No quadro esquerda do mapa, l-se:
Coalizo militar.
Vtimas de guerra: Iraque / Afeganisto.
Maro de 2009: 5679.
Cidade de origem.
2008 : 9204.
2009 (at maro) : 1033.
Total : 100039.
Fim da descrio.
Fonte: Adaptado de www.iraqbodycount.org/database/. Acesso em: jun. 2009. A tabela se
refere s mortes violentas de civis iraquianos.
a) De acordo com o mapa, o que voc pode dizer sobre o impacto humano dos dois conflitos
(guerras do Iraque e do Afeganisto) para os Estados Unidos?
b) De acordo com a tabela, o que voc pode dizer sobre o impacto humano do conflito para o
Iraque?
c) Se voc fosse escrever uma reportagem sobre a guerra do Iraque, qual das duas fontes de
informao (mapa ou tabela) voc utilizaria? Por qu?
d) Em sua opinio, que ideias, interesses e/ou valores esto expressos no mapa concebido pelo
engenheiro Sean Askay? Por qu? Exponha para a turma suas ideias sobre esta questo e
sobre as anteriores.
5. (Enem) O sistema de fusos horrios foi proposto na Conferncia Internacional do
Meridiano, realizada em Washington, em 1884.
Cada fuso corresponde a uma faixa de 15 entre dois meridianos. O meridiano de Greenwich
foi escolhido para ser a linha mediana do fuso zero. Passando-se um meridiano pela linha
mediana de cada fuso, enumeram-se 12 fusos para leste e 12 fusos para oeste do fuso zero,
obtendo-se, assim, os 24 fusos e o sistema de zonas de horas.
Para cada fuso a leste do fuso zero, soma-se 1 hora, e, para cada fuso a oeste do fuso zero,
subtrai-se 1 hora.
A partir da Lei n 11.662 /2008, o Brasil, que fica a oeste de Greenwich e tinha quatro fusos,
passa a ter somente 3 fusos horrios.
Em relao ao fuso zero, o Brasil abrange os fusos 2, 3 e 4. Por exemplo, Fernando de
Noronha est no fuso 2, o estado do Amap est no fuso 3 e o Acre, no fuso 4.
A cidade de Pequim, que sediou os XXIX Jogos Olmpicos de Vero, fica a leste de
Greenwich, no fuso 8.
Considerando-se que a cerimnia de abertura dos jogos tenha ocorrido s 20h 8min, no
horrio de Pequim, do dia 8 de agosto de 2008, a que horas os brasileiros que moram no
estado do Amap devem ter ligado seus televisores para assistir ao incio da cerimnia de
abertura?
a) 9h 8min, do dia 8 de agosto.
11. (Ufes).
"Olhar os mapas pode ser esclarecedor. Olhar para eles de ngulos novos pode ser ainda mais
esclarecedor.".
(The Economist, 14.1.95, apud MAGNOLI, 1993.).
Considerando a afirmao anterior, analise o emblema oficial da ONU, que utiliza um mapa
com projeo azimutal equidistante, e indique a alternativa que explica a representao do
mundo expressa no emblema.
III. O mapa importante para estruturar diferentes formas de planejamento, inclusive para as
guerras.
a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
b) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem incorretas.
16. (Uece). Considerando-se a organizao de um mapa, trs condies fundamentais devem
ser consideradas. Indique a opo correta:
a) Cores, representao grfica e esttica.
b) Sistema de projees, legenda representativa e escala.
c) Topografia, relevo e rede hidrogrfica.
d) Sistema de coordenadas, rios e lagos.
17. (Fatec - SP). Considere as informaes a seguir, sobre escala, para assinalar a alternativa
correta.
I. Na escala 1 : 2000 podemos analisar mais detalhes que na escala 1 : 100000.
II. Em um mapa do estado de So Paulo, na escala de 1 : 5000000, podem-se identificar os
principais arruamentos em grandes cidades como So Paulo, Santos, Campinas, So Jos dos
Campos e Ribeiro Preto.
III. A escala utilizada para representar o estado de So Paulo (1 : 1000000) maior do que a
usada para representar o Brasil (1 : 5000000).
Entre essas afirmaes, est (esto) correta(s) somente:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) III.
72
| O mapa acima foi elaborado a partir de informaes digitais organizadas pelo IBGE e que
compem o Diagnstico Ambiental da Amaznia. Fonte: IBGE, DIAGNSTICO
AMBIENTAL DA AMAZNIA, 2003. ||
73
| Nesta rea da Amaznia pode-se observar duas tonalidades distintas para reas desmatadas:
uma mais clara, acinzentada, como resposta dos solos expostos utilizados para a agricultura e
pecuria; e uma rea mais escura, proveniente da abertura de nova rea, geralmente associada
ao uso do fogo - da a resposta mais escurecida na imagem de satlite. (Adaptado de Silva,
Maurcio. Gegrafo ensina a interpretar imagens de satlite da Amaznia. Disponvel em:
www.globoamazonia.com. Acesso em: jun. 2009.). Fonte: 2009 GOOGLE EARTH /
DIGITALGLOBE.
4. Com o apoio do mapa, faam uma lista de algumas reas em que predominam atividades
econmicas que costumam gerar impactos ambientais.
5. Em que anos a taxa de desmatamento na Amaznia foi maior? Respondam com o apoio do
grfico.
6. Na imagem de satlite, observem a rea onde, provavelmente, houve queimada da mata
como forma de abertura de novas terras para aproveitamento agrrio. Em que poro da
imagem essa rea est localizada?
7. Com o apoio das informaes do mapa, da imagem e do grfico, faam o seguinte:
- elaborem um artigo jornalstico sobre a questo do desmatamento da Amaznia; alm de
aproveitar as informaes acima, complementem o artigo pesquisando em revistas, livros,
sites, etc.;
- o artigo deve ter um ttulo e tambm ilustraes.
8. Numa data combinada, leiam o artigo para a turma e decidam onde public-lo: no mural da
escola, no jornal do bairro, na internet, etc.
Em debate.
Mensagem intelectual tanto quanto documentrio, trao de unio entre um autor e um leitor, o
mapa no neutro. Ele transmite uma certa viso do planeta e prope uma certa imagem do
mundo, quer se trate da Terra inteira ou do meio ambiente imediato.
Adaptado de Joly, Fernando. A cartografia. Campinas: Papirus, 1990. p. 10.
Como as imagens de satlites e outras tecnologias podem auxiliar no monitoramento de
impactos ambientais?
74
Vale ressaltar que, com o aumento da massa agregada e a gravidade, destroos espaciais
continuavam atingindo o jovem planeta Terra. Sua superfcie ia esquentado e derretendo. Ao
mesmo tempo, o material derretido liberava nitrognio, dixido de carbono e vapor de gua.
Uma atmosfera primitiva se formava envolvendo o planeta.
Atuando como uma espcie de isolante trmico, essa atmosfera inicial foi criando as
condies necessrias para a fuso dos materiais terrestres. Ferro e nquel, materiais mais
densos, formaram o interior; os mais leves formaram a superfcie, uma espcie de embrio
dos continentes.
Os cientistas no se arriscam a afirmar com preciso quando a Terra comeou a formar uma
crosta. Mas rochas com cerca de 3,8 bilhes de anos foram encontradas no Canad e em
outros pontos do planeta. Parece ter sido nessa poca que a superfcie comeou a ficar slida.
Boxe complementar.
GEO mais.
Um mito tupi-guarani.
Muitos povos possuem diferentes histrias para explicar a origem do Universo e do Sol, da
Terra e da Lua, da humanidade, da vida e da morte ... Essas histrias recebem o nome de
mitos e lendas. Conhea, agora, um mito de indgenas que vivem no Brasil.
"O Criador, cujo corao o Sol, tatarav desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado
e da fumaa desse cachimbo se fez a Me Terra. Chamou sete ancios e disse: 'Gostaria que
criassem ali uma humanidade.' Os ancios navegaram em uma canoa que era como uma
cobra de fogo pelo cu; a cobra-canoa levou-os at Terra. Logo eles ali depositaram os
desenhos-sementes de tudo o que viria a existir. Ento eles criaram o primeiro ser humano e
disseram: 'Voc o guardio da roa.' Estava criado o homem. O primeiro homem desceu
do cu atravs do arco-ris em que os ancios se transformaram. Seu nome era Nanderuvuu,
o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol. E logo os ancios fizeram surgir das guas
do Grande Rio Nanderykei-cy a nossa Me Antepassada. Depois que eles geraram a
humanidade, um se transformou no Sol, e a outra, na Lua. So nossos tataravs.".
Fonte: JECUP, Kak Wer. A terra dos mil povos. So Paulo: Fundao Peirpolis, 1998. p.
65.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Observaes cientficas indicam que o Universo teria se formado a partir de uma enorme
exploso. Que evidncias levam a acreditar que o Universo teria se formado a partir de vrios
Big Bangs?
2. De acordo com a teoria da acreao, como a Terra se formou?
3. Diferentes mitos produzidos por diversos povos explicam a criao do Universo e da Terra.
E voc, conhece algum desses mitos? Em caso afirmativo, compartilhe com os colegas.
Fim do texto & contetxo.
78
| Captadas pelas poderosas lentes de satlites, a Terra revela imagens surpreendentes como
esta. A imagem mostra a temperatura dos oceanos. As reas em amarelo correspondem s
temperaturas mais altas; as reas em preto, s mais baixas. Fonte: NASA / SCIENCE PHOTO
LIBRARY / LATINSTOCK. ||
De qualquer forma, graas tecnologia, a capacidade de investigar a superfcie e o interior da
Terra cada vez maior. Pouco depois de ocorrida uma erupo vulcnica ou um terremoto,
por exemplo, a internet oferece informaes detalhadas sobre os eventos (notcias, links,
fotografias, etc.) para as pessoas de quase todo o mundo. Com o auxlio de programas de
computador, os cientistas so capazes de analisar os padres de erupo de um vulco,
precisar a localizao do epicentro de um terremoto, a sua extenso e magnitude, etc.
79
Cenozoica, que significa 'vida moderna ou recente' . O surgimento dos seres humanos um
grande acontecimento dessa era.
De tempos em tempos, a vida na Terra sofre golpes, como uma extino em massa, por
exemplo. H meio bilho de anos, boa parte dos seres que habitavam o planeta sumiu de
repente e pouco se sabe sobre esse evento. O fato que conchas fossilizadas de animais
marinhos estudadas pelos cientistas so provas de que isso aconteceu. Outra extino em
massa assolou o planeta h 65 milhes de anos, matando os dinossauros. Embora suscitando
dvidas, esse fato costuma ser atribudo a um meteoro que, paradoxalmente, possibilitou o
desenvolvimento de outras formas de vida no planeta.
Estamos na era Cenozoica e a Terra continua em constante evoluo e transformao. Muitos
acreditam que hoje vivemos uma nova extino em massa, dessa vez com uma causa bem
diferente das outras: a ao humana. Como voc sabe, centenas de espcies animais e vegetais
espalhadas por todo o planeta foram extintas ou esto em processo de extino.
Hoje sabemos que o planeta em que vivemos tem uma longa histria. Sabemos, tambm, que
as alteraes provocadas na Terra pelas sociedades colocam em risco no somente o planeta,
mas tambm a existncia humana sobre ele. Como bem indicado nos versos da pgina 75,
"Tudo o que acontece com a Terra acontece com os filhos e filhas da Terra". A Geografia deve
se preocupar em encontrar um equilbrio entre, por um lado, as necessidades reais no cuidado
com o planeta, e, por outro, os interesses socioeconmicos envolvidos.
80
ERAS, PERODOS E POCAS GEOLGICAS: ALGUMAS OCORRNCIAS.
Texto da imagem.
AS CAMADAS DA TERRA.
Crosta a camada slida que envolve a Terra, formada por diferentes tipos de rochas e
minerais. Divide-se em duas partes: a crosta superior continental ou sial, formada basicamente
por silcio e alumnio, e a crosta inferior ocenica ou sima, constituda por silcio e magnsio.
A crosta pode atingir at 40 quilmetros de espessura na parte continental e 6 quilmetros na
parte ocanica; e 1000 C de temperatura.
Manto a camada intermediria que se localiza logo abaixo da crosta. Divide-se em duas
partes: manto superior e inferior. No manto superior, que vai at cerca de 1200 quilmetros de
profundidade, ocorrem grandes transformaes que atingem a crosta, como terremotos,
vulcanismos, formaes de montanhas. O manto inferior vai at 2800 quilmetros de
profundidade. As duas partes so constitudas pelo magma, massa fluida que apresenta at
3000 C de temperatura. Na litosfera, faixa slida constituda pela crosta e pela parte mais
externa do manto, encontram-se as jazidas minerais e as reservas de gs e de petrleo.
Ncleo a parte central da Terra, supostamente formada por nquel e ferro. O ncleo externo,
lquido, vai at cerca de 5100 quilmetros de profundidade e tem uma temperatura mdia de
4000 C. O ncleo interno, slido e cristalino, tem um dimetro mdio de 2400 quilmetros e
uma temperatura que pode chegar a 6000 C.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE THE EYEWITNESS ATLAS OF THE WORLD. LONDON:
DORLING KINDERSLEY, 1994. / ILUSTRAO: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA
EDITORA.
6370 km : Ncleo (Nife) : Ferro metlico (com nquel similar aos sideritos) : 12,2 : 4000 C.
Fim da descrio.
Fonte: leinz, viktor; amaral, srgio estanislau do. GeoloGiA GerAl. so paulo: nacional, 1972.
p. 24.
83
Outra interpretao sobre a constituio da Terra toma como base as suas propriedades fsicas.
Observe essa interpretao nos modelos a seguir.
Texto da imagem.
Litosfera: constituda pela camada rochosa slida da superfcie do planeta, compreende a
crosta terrestre e a parte superior do manto.
Astenosfera: a camada que se segue litosfera e constituda por materiais menos rgidos
(camada plstica).
Mesosfera: forma uma camada rgida (manto superior rgido e manto inferior).
Um planeta rochoso.
Ao estudar as camadas da Terra, voc deve ter notado que a crosta terrestre a camada mais
fina. Se imaginssemos o planeta como uma ma, por exemplo, a crosta seria como a casca
dessa fruta.
Vale ressaltar que toda a superfcie terrestre coberta por camadas de rochas, agregados
naturais de minerais. Essa estrutura rochosa externa, um dos fatores decisivos na formao
dos tipos de relevo, tem espessuras e profundidades diferentes. mais grossa onde h
montanhas elevadas e mais fina em fossas profundas. Onde h massas de terra, a crosta tem
uma profundidade mdia de 40 quilmetros. Sob os oceanos, a crosta tem, em mdia, cerca de
7 quilmetros de espessura. Como o planeta coberto por muita gua, cerca de 70% da crosta
terrestre est submersa.
Algumas partes da crosta terrestre so formadas por rochas muito antigas, com cerca de 4
bilhes de anos, como as encontradas na Groenlndia. Mas elas se transformam o tempo todo;
portanto, possvel encontrar rochas de idades, composies e formaes diferentes.
Conforme a origem, podemos distinguir trs tipos principais: rochas magmticas (gneas),
rochas sedimentares e rochas metamrficas.
Boxe complementar.
GEO mais.
Interior da Terra: um novo modelo.
Recentemente, de acordo com reportagem de junho de 2008, dois gelogos da Universidade
do Arizona (Estados Unidos) criaram um novo modelo do interior da Terra. O novo modelo
descreve o manto (poro interna da Terra entre a crosta e o ncleo) como algo muito
complexo, formado por inmeros elementos qumicos diferentes. Essa ideia uma clara
oposio s ideias tradicionais que consideravam a existncia de um manto homogneo tanto
quimicamente quanto fisicamente. Segundo os pesquisadores, o manto est em constante
movimento e sofrendo alteraes o tempo todo. Para saber mais, acesse
www.inovacaotecnologica.com.br.
| Rocha bastante comum, o granito apresenta trs principais componentes minerais: quartzo,
feldspato e mica. Varia de cor dependendo da composio mineral. Fonte: MICHAEL
SZOENYI / SCIENCE PHOTO LIBRARY / LATINSTOCK. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Presidentes de granito.
| Estas esttuas gigantes, conhecidas como moais, parecem vigiar a Ilha de Pscoa. As esttuas
foram esculpidas num tipo de rocha vulcnica chamada tufo. Alguns moais tm 4,5 metros de
altura e pesam cerca de 80 toneladas. Foto de 2008. Fonte: GEORGE HOLTON / PHOTO
RESEARCHERS, INC. / LATINSTOCK. ||
| A obsidiana uma rocha que se forma quando a lava incandescente entra no mar, esfriandose bem depressa e produzindo bordas afiadas. uma rocha vtrea, e era muito usada pelos
povos antigos para fazer lanas. Fonte: MICHAEL SZOENYI / SCIENCE PHOTO
LIBRARY / LATINSTOCK. ||
| A pedra-pomes espuma de lava solidificada. Como contm bolhas de gs, possui cavidades
parecidas com as de uma colmeia. A pedra-pomes uma rocha vulcnica e a nica que
flutua na gua. Fonte: FABIO COLOMBINI / ACERVO DO FOTGRAFO. ||
Registros do passado: as rochas sedimentares.
As rochas sedimentares ou secundrias ocupam extensas reas da superfcie terrestre e so
originrias de outras rochas. Elas so formadas por camadas de sedimentos que se
desprendem de outras rochas. Quando sujeitas a intensas variaes de calor ou ao
continuada de gua ou de gelo, os blocos rochosos se desmancham em minsculos gros ou
partculas chamados sedimentos.
Ao longo de milhares de anos, essas partculas so carregadas pela gua e pelo vento e se
depositam nas reas mais baixas do terreno. O acmulo desses sedimentos e a presso das
camadas, umas sobre as outras, vo causando lentamente a compactao das partculas. Esse
processo chamado litificao ou compactao, do qual se originam as rochas sedimentares.
Em geral, as rochas sedimentares so estratificadas, isto , apresentam-se em estratos ou
camadas que mostram a disposio de diferentes sedimentos em diferentes pocas geolgicas.
Elas costumam apresentar fsseis de plantas, animais e micrbios. O carvo, por exemplo,
uma rocha sedimentar formada pelos restos de antigas florestas.
Vale ressaltar que as rochas sedimentares podem constituir um timo registro do passado, pois
cada camada uma espcie de pgina que conta a histria de bilhes de anos da Terra. Nas
imagens a seguir, observe um esquema do processo de sedimentao e alguns exemplos de
rochas sedimentares.
86
Texto da imagem.
1 ilustrao.
1. Eroso.
Vento. Chuva. Rio. Gelo.
2. Transporte.
Rio. Vento. Correntes marinhas.
3. Deposio.
Areia e lama do rio. Praia. Areia e lama marinha. Areia do deserto. Depsito orgnico.
2 ilustrao.
4. Compactao.
Sedimentos. Presso das camadas.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE THE GREAT WORLD ATLAS. NEW YORK: AMERICAN MAP
CORPORATION, 1989. ILUSTRAO: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA.
| A pedra de ferro uma rocha sedimentar. Quando ela apresenta quartzo amarelo e marrom,
chamada de olho de tigre. Histrias dizem que, na Antiguidade romana, os soldados
costumavam polir esse tipo de rocha, pois acreditavam que ela os afastaria dos perigos das
batalhas. Fonte: TH FOTO-WERBUNG / SCIENCE PHOTO LIBRARY / LATINSTOCK. ||
| O arenito, rocha sedimentar, muito usado como material de construo. Ele ocorre em
diferentes cores, como marrom, cinza, amarelo, branco e vermelho. Na foto, o chamado
Palcio dos Ventos, em Jaipur (ndia), construdo em arenitos. Foto de 2008. Fonte: HANS
PETERSEN / PHOTONONSTOP / AFP. ||
Boxe complementar
GEO mais.
A origem de um fssil.
No passado, quando alguns animais e plantas morreram, acabaram sendo soterrados sob
camadas de areia e lama. Com o passar de milhares de anos, mais e mais camadas de lama ou
areia cobriram seus restos. O peso do solo acima exerceu uma enorme presso sobre esses
restos, que endureceram e se transformaram em rocha slida. A matria orgnica dos ossos foi
sendo substituda por minerais, at que eles se tornaram cpias petrificadas dos ossos - os
fsseis.
Os fsseis so empurrados at a superfcie por movimentos na crosta terrestre. Eles tambm
podem ficar expostos quando o vento ou a gua desgasta a rocha ao seu redor.
Adaptado de Coleo Planeta Terra. Rochas e Fsseis. Barueri: Girassol, 2008. p. 22.
| Imagem de fssil de uma espcie de peixe impresso numa rocha sedimentar. Fonte:
THEODORE CLUTTER / PHOTO RESEARCHERS, INC. / LATINSTOCK. ||
Fim da descrio.
87
Em transformao: as rochas metamrficas.
Voc j deve saber que metamorfose significa 'transformao'. Com essa palavra em mente,
fica fcil compreender que as rochas metamrficas resultam da transformao de rochas
antigas, que sofreram processos qumicos e fsicos, em geral nas grandes profundidades da
crosta terrestre. As rochas que sofrem tais transformaes podem ser magmticas,
sedimentares ou mesmo metamrficas.
Entre as principais rochas metamrficas destacam-se o gnaisse, produto da transformao do
granito (rocha magmtica), e o mrmore, formado a partir do calcrio quando este
submetido a altas temperaturas e presso.
| Na foto, de 2009, vemos o Taj Mahal, construdo em mrmore (rocha metamrfica) com a
fora de cerca de 20 mil homens. Fonte: GIANNI DAGLI ORTI / THE ART ARCHIVE /
AFP. ||
Texto & contexto.
1. Qual a diferena entre rocha intrusiva e rocha extrusiva? D exemplos dessas rochas
consultando as pginas 84 e 85.
2. Cite as principais caractersticas das rochas sedimentares e explique por que essas rochas
constituem um timo registro do passado. Consulte a pgina 85.
3. As rochas so aproveitadas pelos seres humanos e esto presentes em nosso cotidiano. Ao
longo do dia, observe tudo o que est sua volta e anote onde as rochas so utilizadas.
Compartilhe com a turma.
Fim do texto & contexto.
88
Uma rocha vem da outra: o ciclo das rochas.
Como voc viu anteriormente, as rochas metamrficas resultam da transformao de rochas
gneas e sedimentares. Na verdade, as rochas esto sujeitas a constantes mudanas, quando se
transformam de um tipo em outro. Esse processo chama-se ciclo das rochas; ele acontece o
tempo todo e, s vezes, ao nosso redor. Conhea o ciclo das rochas observando o esquema
abaixo.
Texto da imagem.
CICLO DAS ROCHAS.
O magma, fluido e quente, empurrado at a superfcie. Isso acontece quando os vulces
entram em erupo ou quando as placas tectnicas se movem.
Com o tempo, diversos fatores (chuvas, ventos, neves, temperaturas elevadas, etc.) provocam
o desgaste das rochas da superfcie terrestre. Com isso, as rochas se quebram em pedaos cada
vez menores denominados sedimentos (partculas de rocha ou areia). Estes acabam formando
camadas.
Os sedimentos vo sendo recobertos por mais material. Ao longo de milhares de anos, eles
formam novas camadas, que do origem s rochas sedimentares.
No raro, as rochas sedimentares so levadas para baixo da terra pelo movimento das placas
tectnicas. Nesse processo, as rochas edimentares so comprimidas, deformadas e submetidas
a altas temperaturas, transformando-se em rochas metamrficas.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE JIM PIPE (TRAD. CAROLINA CARES COELHO) ROCHAS E
FSSEIS, COLEO PLANETA TERRA, BARUERI: GIRASSOL, p. 17. ILUSTRAO:
ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA.
disputas entre grupos tnicos rivais pelo controle das jazidas de minrio, ocasionando,
inclusive, guerras civis. O destino das pedras preciosas eram as antigas potncias
imperialistas.
Foi o que ocorreu em Serra Leoa, onde os esforos pela paz patrocinados pela ONU tm tido
resultados ineficazes por conta da cobia pelo diamante. Com a guerra, a minerao feita de
maneira artesanal, muitas vezes empregando trabalho infantil e trabalho forado. Os
diamantes so atravessados para pases vizinhos onde a venda feita de maneira clandestina.
Esse crculo vicioso alimenta ainda a venda ilegal de armas e o contrabando de drogas.
A realidade de Serra Leoa foi retratada no filme Diamante de sangue, dirigido por Edward
Zwick e lanado em 2006.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Em que consiste o chamado ciclo das rochas? Explique-o com suas palavras.
2. Que elementos costumam originar o primeiro momento na transformao de uma rocha?
Para responder, consulte o esquema da pgina ao lado.
3. Anote a definio de recursos minerais e exemplifique-os.
4. Anote a definio de minrio e cite alguns exemplos, especificando a utilidade de cada um.
5. Analise o infogrfico das pginas 90 e 91. Em seguida, faa o que se pede:
a) Elabore um pequeno texto para explicar os efeitos negativos causados ao meio ambiente
pela minerao.
b) No seu texto, acrescente algumas medidas que podem ser aplicadas para conter os impactos
da minerao.
Fim do texto & contexto.
90
Boxe complementar.
GEO mais.
No tempo da pedra lascada.
H cerca de 10 mil anos, nossos ancestrais mais remotos j escavavam minas para encontrar
pedras. Para transform-las em armas e ferramentas afiadas, eles lascavam essas pedras na
quina de uma rocha.
Os grupos humanos daquele perodo tambm descobriram que a argila mida, quando seca,
transformava-se em uma substncia endurecida. Foi assim que criaram os primeiros utenslios
e peas de cermica. Pinturas nas rochas de cavernas na Frana, por exemplo (veja foto),
feitas por eles h mais de 17 mil anos, tambm revelam que as tintas se originavam de rochas
e minerais triturados.
| Pintura rupestre em Lascaux, na Frana, feita h mais de 17 mil anos. Fonte: ROBERT
HARDING / CORBIS / LATINSTOCK. ||
Texto da imagem.
A explorao de minrios traz algum prejuzo ao planeta?
RIO DAS PEDRAS.
Exploses de minas a cu aberto podem lanar fragmentos e desestabilizar as margens dos
rios. E o uso de dragas para minerao de areia e cascalho aumenta os sedimentos em
suspenso na gua. Tudo isso contribui para o assoreamento do rio, ou seja, a obstruo do
seu fluxo por camadas de terra, pedras ou areia.
FONTE DE PROBLEMAS.
A chamada camada pr-sal uma faixa que se estende ao longo de 800 quilmetros entre os
estados do Esprito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba trs bacias
sedimentares (Esprito Santo, Campos e Santos). O petrleo encontrado nessa rea est em
profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal que,
segundo gelogos, conserva a qualidade do petrleo (veja mapa abaixo).
Texto da imagem.
Como se forma o carvo.
Em lugares pantanosos, restos de vegetao decompem-se parcialmente formando a turfa.
Sedimentos de argila, areia e cascalho comprimem a turfa e a transformam em linhito.
medida que novas camadas de sedimentos se acumulam, as condies de presso possibilitam
a transformao do linhito em rocha que, mais comprimida e endurecida, d origem ao carvo
mineral.
Fim do texto.
FONTE : ADAPTADO DE PLANET EARTH. NEW YORK: OXFORD UNIVERSITY
PRESS , 1993. ILUSTRAO: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA.
Observe no grfico abaixo que somente a combus to de energias fsseis (petrleo, carvo e
gs) soma mais de 70% das emisses humanas de CO2 . Ao examinar o mapa e a tabela,
confira as emisses de CO2 provenientes do consumo de petrleo, segundo os pases.
"terra global". De acordo com Wegener, a Pangeia era rodeada por um nico oceano. Durante
milhares de anos, esse grande continente teria se fragmentado em partes que, ao afastarem-se
umas das outras, teriam originado os continentes e as bacias ocenicas. Observe como teria
sido a Pangeia no mapa da pgina 96.
Ao elaborar a teoria da deriva, Wegener no dispunha de meios cientficos que pudessem
validar suas ideias, fato que retardou o reconhecimento de sua genialidade. A teoria da deriva
continental somente ganhou status cientfico quando, mais tarde, os cientistas descobriram
que a crosta formada por placas rochosas separadas que flutuam sobre o material magmtico
em movimento da astenosfera (camada fina e malevel do manto superior da Terra).
Embora ainda exista muito a pesquisar sobre os processos responsveis pelos movimentos do
magma, confirmada a influncia decisiva da temperatura interna do planeta na formao de
linhas de ruptura, que, por sua vez, resultaram na existncia das placas e nos movimentos,
acomodaes e rearranjos realizados por elas ao longo do tempo.
Boxe complementar.
GEO mais.
Evidncia de fsseis.
A teoria da deriva continental explicou como fsseis semelhantes foram parar em continentes
separados. Fsseis de um rptil pr-histrico chamado mesossauro haviam sido encontrados
tanto no extremo sul da frica como na Amrica do Sul. A ideia de que os continentes j
foram unidos explicaria como esse tipo de rptil de gua doce poderia ser encontrado nesses
dois locais, to distantes entre si.
Observe os mapas abaixo. Confira alguns eventos do longo processo de deslocamento das
placas que resultou na formao dos atuais continentes.
| A placa da ndia deslocou-se em direo sia. O choque entre os dois blocos formou as
regies elevadas do Himalaia e do Tibete. Austrlia e Antrtida separaram-se. ||
| Na atual configurao, a deriva continua. A Amrica do Sul, por exemplo, afasta-se da frica
cerca de cinco centmetros por ano. ||
| Se o movimento das placas continuar, o aceano Atlntico ter sua extenso ampliada. Europa
e frica vo se unir, e as Amricas vo se separar novamente. Fonte: MAPAS ADAPTADOS
DE STUDENT ATLAS. LONDRES: DORLING KINDERSLEY, 2004. ||
97
Por que a Terra um planeta azul? A que distncia as estrelas esto da Terra? O que tem a ver
Astronomia com Astrologia? Essas e outras questes so respondidas neste livro.
Minerao e geodiversidade do planeta Terra.
Autor: Cludio Scliar.
Signus, 2009.
A diversidade geolgica da Terra foi determinante para a ocupao do planeta. Este livro
busca desvendar a origem dos materiais utilizados na fabricao de produtos comuns. Alm
disso, apresenta as implicaes econmicas, sociais e ambientais da explorao desses
recursos pela sociedade.
Sites.
IBGE - Atlas Geogrfico Escolar Multimdia:
www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/index.shtm.
Pgina do IBGE Teen. Apresenta animaes, imagens, mapas e textos sobre cartografia, Big
Bang, placas tectnicas, formao dos continentes e outros assuntos relacionados ao captulo.
Como tudo funciona (How stuff works):
www.hsw.uol.com.br.
De terremotos a ovos de dinossauros; de galxias a carros; de usinas hidreltricas a minrios.
No site possvel encontrar explicaes (reportagens, vdeos, ilustraes, fotos e udios) para
o funcionamento de quase tudo.
Cincia Hoje: http://cienciahoje.uol.com.br.
O Instituto Cincia Hoje (ICH) uma organizao vinculada Sociedade Brasileira para o
Progresso da Cincia (SBPC). responsvel pelo projeto de divulgao cientfica da
sociedade, atravs de uma srie de publicaes e do site. Fazendo buscas, voc encontra
artigos sobre temas abordados neste captulo, como Big Bang, Sistema Solar, minrios,
planetas, petrleo, carvo, deriva continental, etc.
(Acessos em: jun. 2009.).
Filmes.
Viagem ao centro da Terra - O filme. Direo: Eric Brevig. Estados Unidos, 2008. 92 min.
Adaptao recente para o cinema do clssico literrio escrito por Jlio Verne, em 1864. Um
gelogo e seu sobrinho partem em uma jornada pela Islndia quando, durante uma
tempestade, ficam presos numa caverna. Buscando uma sada, eles acabam alcanando o
centro da Terra, onde deparam com criaturas de um mundo perdido, como dinossauros e
plantas carnvoras gigantes.
| Cena de Viagem ao centro da Terra - O filme, produzido em 2008. Fonte: WALDEN MEDIA
/ NEW LINE CINEMA / ALBUM/LATINSTOCK. ||
Como nasceu nosso planeta. Documentrio. The History Channel, 2006. 90 min.
Este premiado documentrio faz uma viagem pelas origens da Terra, mostrando a evoluo
geolgica do planeta desde a sua formao at os dias de hoje.
Srie Explorao do Espao, da Scientific American Brasil. Ttulos que reforam o contedo
trabalhado neste captulo:
1. Sistema Solar - Planetas terrestres.
2. Sistema Solar - Planetas gasosos.
3. O homem e o espao - O sonho da conquista.
4. Evoluo csmica - Do comeo ao fim.
100
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Como voc viu na seo Geo mais, pgina 81, o astrnomo Carl Sagan props que a
histria do Universo fosse expressa na forma de um calendrio de doze meses, o chamado
Calendrio Csmico. Nele, o Universo comearia no primeiro segundo de 0 hora do dia 1 de
janeiro, e a era atual corresponderia ao primeiro segundo de 1 de janeiro do ano seguinte.
Nessa escala, cada bilho de anos corresponde aproximadamente a 24 dias e cada segundo a
aproximadamente 500 anos.
Com base na escala do calendrio proposto por Carl Sagan e nos contedos deste captulo,
faa o que se pede:
a) Os eventos abaixo esto "embaralhados". Coloque-os em ordem cronolgica:
- era atual;
- formao dos seres vivos;
- formao de rochas magmticas;
- formao da Terra;
- formao de bacias petrolferas;
- aparecimento de dobramentos modernos;
- formao das primeiras rochas sedimentares;
- Big Bang;
- formao de jazidas de carvo.
b) Construa uma tabela conforme o modelo abaixo e complete-a. Para isso, voc pode retomar
as informaes vistas neste captulo:
e) De acordo com o texto, quais os efeitos decorrentes do aquecimento global para o planeta e
para os seres humanos? E voc, o que faria para minimizar esses efeitos?
4. Sedimento, magma, carvo, placas tectnicas ... Ao estudar os principais marcos da histria
da Terra, voc entrou em contato com termos que fazem parte do estudo da geologia e da
geografia. Que tal, agora, retomar o contedo do captulo e reunir esses termos em um
Glossrio Geoambiental Ilustrado? Siga as dicas:
a) Retome o contedo deste captulo. Anote pelo menos trs termos que faro parte do
glossrio.
b) Pesquise em livros, revistas e na internet o significado de cada termo. Se possvel, pesquise
tambm sua aplicao / utilizao no cotidiano. Veja um exemplo de definio para o termo
sedimento:
Sedimento [Conf. rocha sedimentar].
Material originado por intemperismo e eroso de rochas e solos, que transportado por
agentes geolgicos (rio, vento, gelo, correntes) e que se acumula em locais baixos, desde os
sops de encostas e das plancies aluvionares at as grandes bacias geolgicas ou
sedimentares. Os sedimentos tendem a formar depsitos em camadas sedimentares que se
transformam em rochas por processos de litificao.
Disponvel em: www.unb.br/ig/glossario/. Acesso em: jul. 2009.
c) Cada termo deve ser acompanhado de uma ilustrao, legenda explicativa, crdito, etc.
d) Em uma data combinada com o professor, voc e seus colegas vo reunir os termos
produzidos em um nico glossrio.
e) Vocs podem produzir novas partes do glossrio ao final de cada captulo deste livro. Desse
modo, a produo ser contnua, sempre sujeita a alteraes, atualizaes, etc.
f) Se possvel, doem o glossrio biblioteca da escola, para que outros alunos tenham acesso
ao material.
g) A publicao do glossrio na internet (em um blog, por exemplo) tambm constitui uma
forma interessante de compartilhar o conhecimento produzido por vocs.
102
5. (Enem). Nos ltimos meses o preo do petrleo tem alcanado recordes histricos. Por isso
a procura de fontes energticas alternativas se faz necessria. Para os especialistas, uma das
mais interessantes o gs natural, pois ele apresentaria uma srie de vantagens em relao a
outras opes energticas.
A tabela compara a distribuio das reservas de petrleo e de gs natural no mundo; e a
figura, a emisso de dixido de carbono entre vrios tipos de fontes energticas.
Fonte dos mapas: SIMIELLI, MARIA ELENA. GEOATLAS. SO PAULO: TICA, 2008.
A partir das informaes constantes das figuras, assinale a afirmativa incorreta.
a) Os abalos ssmicos so consequncia da movimentao das placas tectnicas, sendo as
reas de ocorrncia mais comuns coincidentes com as zonas de contato entre elas.
b) O aumento no nmero de abalos ssmicos prximos aos grandes centros urbanos devido
s mudanas climticas antrpicas e no s naturais.
c) O Brasil est situado na Placa Sul-Americana, distante das zonas de impacto entre placas;
portanto, os tremores de terra ocorridos no pas so de grau baixo.
d) No final de 2004, milhares de asiticos foram surpreendidos por um terremoto seguido por
ondas gigantes, conhecidas como tsunamis, que causaram um cenrio de destruio total.
BOCK, Lia. Guarda-roupa sustentvel. In: poca. Editora Globo, 5 nov. 2007. Disponvel em:
www.sustentabilidade.org.br/conteudos.asp?tituloH1=Conceitos&cat=Conceitos. Acesso em:
jul. 2009.
| Manta feita a partir de garrafas PET. Foto de 2005. Fonte: CACA BRATKE / EDITORA
ABRIL. ||
| Blusa feita a partir de fibras de bambu. Foto de 2007.Fonte: ACERVO DEDOC / EDITORA
ABRIL. ||
1. De acordo com o texto 1, por que importante que o setor de moda busque matrias-primas
alternativas e renovveis?
2. Identifiquem, de acordo com as fotos acima e com os textos 1, 2 e 3, algumas das matriasprimas alternativas e renovveis utilizadas no setor de moda.
3. De acordo com os textos 2 e 3, que conceito direcionou os desfiles do mais importante
evento de moda do Brasil?
4. "As pessoas querem se vestir bem sem agredir o planeta." Vocs concordam com esta
afirmao, contida no texto 3? Por qu?
ocorrer uma fratura. Assim, quando os blocos de rochas fraturados deslizam, deslocando-se
um em relao ao outro, surge uma falha ou falhamento. O movimento dos blocos rochosos
pode ser vertical, horizontal ou oblquo (vertical e horizontal).
As falhas podem ter diversas dimenses. A maior delas - o Great Rift Valley (a Grande Fossa),
na frica - tem mais de 9 mil quilmetros de comprimento. Outro exemplo significativo a
falha de San Andreas, que voc observa na imagem da pgina seguinte.
O movimento ao longo das falhas geralmente causa terremotos. Observe os esquemas abaixo.
| Uma falha normal ocorre quando os blocos rochosos divergem, isto , afastam-se um do
outro. ||
| Uma falha inversa ocorre quando os blocos rochosos convergem, isto , movem-se um em
direo ao outro. ||
| Uma falha lateral ocorre quando os blocos rochosos se movem lateralmente em direes
opostas, um contra o outro. ||
Fonte das imagens: ADAPTADO DE DICTIONARY OF THE EARTH. LONDON:
DORLING KINDERSLEY, 1994. ILUSTRAES: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA
EDITORA.
105
| Com 1200 quilmetros de comprimento, a falha de San Andreas (foto de 2006) ocorre no
limite da Placa Americana com a Placa do Pacfico. Ela teria sido formada h cerca de 20
milhes de anos e localiza-se na Califrnia (Estados Unidos). Fonte: THE STOCKTREK
CORP / JUPITER IMAGES. ||
Dobras.
Assim como ocorre afastamento de placas em funo de presses internas, pode tambm
ocorrer choque ou coliso de placas tectnicas. Quando a coliso de placas acontece em
lugares onde as rochas vizinhas so plsticas, suas bordas se deformam. Esse processo faz
com que grandes formaes rochosas apaream na superfcie da Terra - as montanhas. Em
outras palavras, uma dobra a curvatura de uma camada rochosa causada por compresso.
As dobras ocorrem nas rochas que possuem certa elasticidade, que tendem a dobrar-se mais
do que a quebrar-se. Elas variam de tamanho, podendo alcanar at centenas de quilmetros
de extenso, como as cadeias montanhosas dobradas, por exemplo. Neste caso se encaixa a
cordilheira do Himalaia, formada h milhes de anos pelo choque entre duas placas
continentais: a Euroasitica Ocidental e a Indo-Australiana. Outro exemplo a cordilheira dos
Andes, localizada no oeste do continente americano. Ela tambm se formou h milhes de
anos, quando uma placa ocenica - a Placa de Nazca - se chocou com uma placa continental a Placa Sul-Americana.
Observe as imagens a seguir. Vale ressaltar que as dobras e as falhas so movimentos
orogenticos, ou seja, criadores de montanhas.
| Os movimentos das placas podem fazer com que as rochas empurrem umas s outras,
erguendo-se e formando dobras. Na parte mais alta formam-se montanhas, e na parte de baixo
formam-se vales. Fonte das imagens: ADAPTADO DE DICTIONARY OF THE EARTH.
| Vista das montanhas do Himalaia com suas vertentes * ngremes e cumes pontiagudos (foto
de 2008). A cordilheira do Himalaia uma formao geologicamente nova, ainda em processo
de construo. Fonte: WANG YE / XINHUA PRESS / CORBIS / LATINSTOCK. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Fossas ocenicas.
Ao deslocar-se uma em direo outra, as placas podem sobrepor-se. Esse fenmeno se
chama subduo, que acontece quando a coliso entre uma placa ocenica e uma placa
continental. Por ser mais densa, a placa ocenica mergulha sob a placa continental, indo
fundir-se com o magma do manto. No oceano, a subduo pode provocar a formao de
fossas profundas, como a das Ilhas Marianas, no oceano Pacfico, com 10920 metros. Veja no
esquema.
| Muitas vezes, as placas da Terra se deslocam uma em direo outra, sobrepondo-se. Esse
fenmeno se chama subduo. No oceano, a subduo pode provocar o aparecimento de
| Quando a lava sobe, o vapor d'gua liberado da rocha e esbarra numa tampa formada pelo
material endurecido da exploso anterior. Quando a presso se torna forte o suficiente, a
tampa do vulco rompe e ele explode. Na foto, o vulco Monte Redoubt, no Alasca, que
entrou em erupo em 2009. Fonte: HO / AVO / USGS / AFP. ||
108
Texto da imagem.
Magma o material fundido sob a ao de elevadas temperaturas no interior da terra. Essa
massa pastosa composta de diferentes minerais se acumula na cmara magmtica. Quando a
presso aumenta no interior da terra, o magma empurrado para cima, extravasa por fissuras
na crosta e se derrama na superfcie como lava.
Chamin o canal interno por onde o material fundido no interior sobe para atingir a
superfcie.
A lava expelida pela cratera, a boca do vulco. Em geral a cratera fica no topo do cone
vulcnico, mas tambm pode se formar em paredes laterais.
Depsitos de lava solidificada, cinzas e materiais rochosos da superfcie formam o cone
vulcnico, que lembra uma pirmide. A lava se sobrepe em camadas, que se depositam nos
perodos de erupo. A cada nova camada, o cone fica mais alto.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE ATLANTE GEOGRAFICO METODICO. NOVARA, ISTITUTO
GEOGRAFICO DE AGOSTINI, 2008-2009. ILUSTRAO: ADILSON SECCO /
ARQUIVO DA EDITORA.
| As atividades ssmicas ocorrem sobretudo nas reas de contato das placas tectnicas. Fonte:
ADAPTADO DE SIMIELLI, MARIA ELENA. GEOATLAS . SO PAULO: TICA, 2008;
ATLAS GEOGRFICO ESCOLAR. RIO DE JANEIRO: IBGE , 2007. ||
109
Boxe complementar.
GEO mais.
Arquiplago vulcnico.
O arquiplago de Fernando de Noronha tem origem vulcnica. Entre 12 milhes e 1,5 milho
de anos atrs, ele foi palco de sucessivas e distintas exploses de lava que construram uma
montanha submarina de material magmtico. A ilha principal e as ilhotas que a circundam
encontram-se no topo dessa montanha submarina, um cone vulcnico de 74 quilmetros de
dimetro com 4,2 mil metros de profundidade. Ao longo desses milhes de anos, um edifcio
de vulces hoje "adormecidos" foi constitudo, desde Messejana, no Cear, at Noronha.
Depois dos episdios vulcnicos que formaram o arquiplago, as variaes climticas (ventos,
sol e chuva fortes, era glacial) se encarregaram de desgastar e destruir o topo das montanhas,
o que resultou no relevo atual de Fernando de Noronha. Tambm a eroso marinha contribuiu,
e o faz at hoje, para a modificao dos bordos das ilhas.
Jornal da USP, 2003. Disponvel em www.usp.br/jorusp/arquivo/2003/jusp662/pag1011.htm.
Acesso em: jul. 2009.
Quando os abalos ssmicos ocorrem nas reas continentais, recebem o nome de terremoto; se
acontecem no fundo dos oceanos, so chamados de maremoto. Esses ltimos podem causar
tsunamis, ondas gigantes de at 40 metros de altura, conforme voc viu no captulo 1 (p. 15).
Os maiores e mais violentos terremotos costumam ocorrer nas bordas das placas tectnicas.
Se voc retomar o mapa da pgina 97 e compar-lo com o mapa abaixo, ver que h uma
grande coincidncia entre a localizao das reas vulcnicas, tectnicas e de terremotos.
| Cerca de 42% dos epicentros dos terremotos situam-se no chamado Crculo de Fogo do
Pacfico, 25% nos Alpes, Apeninos, Atlas e Himalaia e 23% nas reas de falhas, como os
Blcs e a frica Oriental. Fonte: ADAPTADO DE ATLANTE GEOGRAFICO METODICO
DE AGOSTINI 2006-2007. NOVARA, ISTITUTO GEOGRAFICO DE AGOSTINI, 2006;
www1.folha.uol.com.br (acesso em: fev. 2010). ||
111
Para medir terremotos usam-se a escala Richter e a escala Mercalli. A escala Richter tem 9
nmeros que medem a energia de um terremoto. Cada nmero denota dez vezes mais energia
do que o anterior. A escala Mercalli tem 12 nmeros que medem os efeitos do terremoto em
objetos e construes. Veja nos quadros abaixo alguns exemplos das duas escalas.
Como voc viu nos itens anteriores, eventos geolgicos muito vigorosos impulsionados pela
energia contida no interior do planeta acabaram por condicionar estruturas na superfcie das
terras emersas.
Do ponto de vista geolgico, as terras emersas do planeta podem ser classificadas em trs
grandes tipos principais de estruturas ou provncias geolgicas, ou seja, grandes reas com a
mesma origem e formao geolgica: os escudos cristalinos, as bacias sedimentares e os
dobramentos modernos. A disposio das rochas determina esses trs diferentes tipos de
formaes estruturais do relevo terrestre, que voc vai estudar nas prximas pginas.
Boxe complementar.
GEO mais.
Terremotos no Brasil?
No d para descartar uma megatragdia desse tipo, mas a possibilidade muito pequena.
Pelo menos enquanto estivermos vivos. Segundo estudiosos, j devem ter ocorrido grandes
terremotos no Brasil h centenas de milhes de anos. Mas, nos dados sismolgicos desde o
sculo XVIII, no h registro de tremor forte em nosso territrio.
A certeza de que o Brasil era uma terra abenoada por Deus e imune a terremotos, porm, foi
abalada no incio de dezembro de 2007, quando um tremor de 4,9 graus na escala Richter no
vilarejo de Carabas (MG) causou a primeira morte no pas.
De fato, o Brasil tem pelo menos 48 falhas pequenas sob sua crosta - uma delas teria causado
o chacoalho fatal. Mas esse fato no deve assustar. Primeiro, porque o Brasil fica no meio de
uma placa tectnica, a Sul-Americana, longe das instveis regies de contato entre placas.
Segundo, porque as fraturas daqui geram no mximo terremotos mdios como o ocorrido em
Carabas.
Adaptado de RatieR, Rodrigo. O Brasil nunca sofrer um grande terremoto?
Superinteressante. So Paulo: Abril, edio 248, jan. 2008. p. 42.
| O mapa indica a localizao das falhas geolgicas (em vermelho) que esto sob a crosta
terrestre do Brasil. Elas s geram tremores. Fonte: REVISTA SUPERINTERESSANTE. SO
PAULO: ABRIL, jan. 2008. p. 42. ||
Texto & contexto.
1. O que so abalos ssmicos?
2. Selecione uma ou duas frases da pgina 110 que poderiam compor uma legenda para a foto
ali inserida.
3. Voc j viu algum filme ou documentrio sobre terremotos? O que mais chamou sua
ateno?
4. Retome a seo Geo mais (acima) e responda: por que terremotos de grande magnitude no
acontecem no Brasil?
Fim do texto e contexto.
112
Escudos cristalinos.
Gerados h muitos milhes de anos, ao longo da Era Pr-Cambriana, os escudos cristalinos
(ou macios antigos) correspondem aos primeiros ncleos de rochas que se originaram da
solidificao de materiais magmticos desde o incio da formao da crosta terrestre.
Por serem constitudos de rochas muito antigas (magmticas e metamrficas), os escudos
cristalinos so estruturas de tectnica estvel. Nos mais antigos (arqueanos) esto o granito, a
ardsia, etc. Ferro, mangans, ouro, cobre, etc. so encontrados nos escudos mais recentes,
prprios das Eras Proterozoica e incio da Paleozoica.
De modo geral, os escudos cristalinos quase sempre se mostram com relevos rebaixados em
funo de longos e antigos processos de eroso. "So terrenos que guardam caractersticas de
baixos planaltos ou ainda assumem aspectos de depresses posicionadas s margens de bacias
sedimentares" (Ross, Jurandyr L. Sanches. Geografia do Brasil. So Paulo: Edusp, 1995. p.
35). No mapa abaixo, observe a localizao dos escudos cristalinos em territrio brasileiro.
Observe, tambm, a localizao dos escudos cristalinos no planisfrio da pgina 114.
antigos tipos de fauna, de flora e de relevo que existiram naquele determinado local se
formaram e modificaram ao longo do tempo.
No mapa abaixo, observe a localizao das bacias sedimentares em territrio brasileiro.
| O Brasil tem cerca de 60% de seu territrio ocupado por bacias sedimentares. As bacias
Amaznica, do Parnaba (ou do Meio-Norte), do Paran e a Central so as de maior extenso.
As bacias de Curitiba, Taubat e So Paulo, entre outras, so denominadas de bacias de
compartimento de planalto. Fonte: ADAPTADO DE SIMIELLI, MARIA ELENA.
GEOATLAS. SO PAULO: TICA, 2008. ||
Texto & contexto.
1. Do ponto de vista geolgico, as terras emersas do planeta podem ser classificadas em trs
grandes tipos principais de estrutura. Quais so as trs estruturas e o que as determina?
2. Cite algumas caractersticas dos escudos cristalinos.
3. Como se formou o sistema Serra do Mar-Mantiqueira? Explique com base na legenda da
foto ao lado.
4. O que so e como se formam as bacias sedimentares? Que formas de relevo esto mais
diretamente associadas a essas estruturas?
5. Observe os mapas do Brasil e responda: o estado onde voc mora est inserido nas reas de
escudos e/ou bacias sedimentares?
Nas palavras do professor Jurandyr L. Sanches Ross, "os processos exgenos so movidos
pelo calor solar, que atua na superfcie da crosta continental atravs da atmosfera. Esses
processos agem sobre o arranjo estrutural das rochas e so os responsveis pela esculturao
do relevo. As formas do relevo terrestre podem ser vistas como uma vasta pea de escultura,
cujo escultor a atmosfera com seus diversos tipos climticos, e o subsolo sua matriaprima" (Ross, Jurandyr L. Sanches. Geografia do Brasil. So Paulo: Edusp, 1995. p. 42).
Para melhor entender os processos exgenos, observe e compare as duas fotos (e suas
legendas) abaixo.
| Vista das montanhas Rochosas (na Amrica do Norte) formadas h cerca de 40 a 70 milhes
de anos. Foto de 2009. Fonte: GEORGE ROSE / GETTY IMAGES. ||
| Vista dos montes Apalaches (Estados Unidos) formados h cerca de 480 milhes de anos.
Foto de 2007. Fonte: KENNETH MURRAY / PHOTO RESEARCHERS, INC. /
LATINSTOCK. ||
Certamente voc deve ter notado que as montanhas Rochosas so mais altas e pontiagudas do
que os montes Apalaches, que possuem menor altitude e formas mais arredondadas. Isso
acontece porque, ao longo dos milhares de anos, o vento, a gua, o gelo e o calor do sol as
desgastaram.
O aplainamento da superfcie terrestre principia com o intemperismo ou meteorizao. Os
processos intempricos provocam a decomposio e desintegrao das rochas por meio da
ao de diferentes elementos, e, assim, temos:
- intemperismo qumico: consiste na decomposio da rocha, causada principalmente pela
ao da gua ao dissolver os minerais solveis que a compem;
- intemperismo fsico (ou mecnico): a desagregao da rocha, que sofre fraturas e se
fragmenta devido a variaes de calor; depois disso, os pedaos ou blocos so atacados por
outros agentes de eroso como o vento, as guas correntes, etc. e transformam-se em
sedimentos ou partculas, a partir das quais se formam os solos;
- intemperismo biolgico: a decomposio das rochas pelos animais e plantas, ou seja, por
processos tais como a escavao dos animais e o crescimento das razes.
116
A atuao dos processos intempricos atenuada ou acentuada conforme as caractersticas do
clima, da topografia, do material que compe as rochas, etc. Tambm so esses processos que
do origem aos solos que recobrem a superfcie terrestre, como voc ver neste captulo.
| Parque estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa (PR). As rochas adquiriram as formas que
voc v na imagem graas ao dos ventos e tambm das chuvas. Foto de 2005. Fonte:
DORIVAL MOREIRA / PULSAR IMAGENS. ||
117
| Passeio nas dunas da praia de Mangue Seco, no litoral da Bahia, em 2006. Fonte: MARCIA
MENDES / JC IMAGEM. ||
A gua da chuva em ao.
Chuvas castigam Santa Catarina. A populao catarinense sofre com a falta de energia eltrica
e gua potvel. O governo de Santa Catarina decreta situao de emergncia. Como no
lembrar das manchetes de jornais que circularam no final de 2008? Alm de provocar o
desalojamento e o sofrimento de centenas de pessoas, as chuvas tambm causaram mudanas
nas paisagens do estado de Santa Catarina. Mas como a gua da chuva altera o relevo
terrestre?
Ao cair regularmente em uma rea, a gua da chuva tambm cria e modifica formas do relevo.
Em certas reas tropicais, por exemplo, onde as chuvas so intensas em determinadas pocas
do ano, o solo costuma ficar saturado e pesado. Nesse caso, a gua da chuva pode transportar
partculas de tamanhos variados e grandes blocos de rochas, que so depositados nos sops
dos morros. Nesse processo em que grande quantidade de material se desloca, dizemos que
ocorreu deslizamento, fenmeno que pode causar muitos estragos humanos e materiais.
Quando intensas e contnuas, as chuvas tambm podem formar enxurradas, correntes de gua
que escoam das partes mais altas para as mais baixas do relevo. Muitas vezes, as enxurradas
provocam a formao de canais de escoamento nas vertentes dos morros, chamados de
ravinas ou sulcos.
Quando o processo de eroso causado pela gua da chuva atinge o lenol fretico, formam-se
voorocas. Vooroca o desmoronamento provocado pela eroso subterrnea causada pela
gua da chuva, que se infiltra em terrenos permeveis e circula ao atingir camadas de menor
permeabilidade.
A ao realizada pela gua das chuvas na superfcie chama-se eroso pluvial. Observe as
imagens a seguir.
| Na foto, vooroca causada por fortes chuvas em Monte Alto, no interior de So Paulo, em
maro de 2007. Fonte: CLIO MESSIAS / AGNCIA ESTADO. ||
| As voorocas, por sua gnese, esto sempre associadas retirada de vegetao protetora dos
terrenos, remoo de camada do solo e/ou a alguma interveno humana, como, por
exemplo, o plantio incorreto. Uma vez rompida a sua estabilidade, o solo carregado em
quantidades cada vez maiores. Na foto, vooroca em plantao de pinus no estado do Rio
Grande do Sul, em 2008. Fonte: MAURCIO SIMONETTI / PULSAR IMAGENS. ||
Texto & contexto.
| No ltimo milho de anos, o rio Colorado, no Arizona (Estados Unidos), vem alterando a
paisagem ao seu redor. O rio escavou um desfiladeiro com at 1,8 quilmetro de profundidade
na crosta terrestre, conhecido como Grand Canyon. Em boa parte de sua extenso, os
paredes so de rochas sedimentares. As mais profundas formaram-se h 2,5 bilhes de anos.
Na foto, vista do rio Colorado e do Grand Canyon em 2007. Fonte: GABRIEL BOUYS / AFP.
||
| Neste trecho de seu curso, o rio das Antas (Rio Grande do Sul) apresenta vale com perfil
transversal em forma de V. Fonte: MAURCIO SIMONETTI / PULSAR IMAGENS. ||
| Por meio do trabalho de eroso, os rios vo formando vales. Os vales fluviais podem ter
diferentes aspectos que dependem da inclinao do leito, da fora da corrente da gua, do tipo
de rocha em que o canal foi escavado e das condies climticas. ||
| Neste tipo de vale, o trabalho de aprofundamento do leito do rio mais forte do que o de
formao de vertentes. Em geral, os canyons aparecem em rochas sedimentares, que oferecem
pouca resistncia ao trabalho das guas. Quando o clima pouco chuvoso ou seco, as
vertentes so praticamente verticais. ||
Fonte: ADAPTADO DE THE GREAT WORLD ATLAS. NEW YORK, AMERICAN MAP
CORPORATION,1989. Ilustraes: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA.
| No Brasil, as falsias podem ser constitudas por rochas magmticas (costes ou falsias
cristalinas do litoral sudeste-sul), rochas sedimentares (barreiras sedimentares do litoral
nordestino) e por rochas vulcnicas (falsias baslticas do litoral sul). Na foto, falsia em
Beberibe (CE) em 2008. Fonte: JOO PRUDENTE / PULSAR IMAGENS. ||
Os fragmentos de rocha arrancados pelas ondas so constantemente arrastados pelas guas do
mar e, aos poucos, vo se transformando em areia. Essa areia vai se depositando
principalmente nas reentrncias da costa, dando origem s praias. Assim, o trabalho
construtivo dos mares, denominado acumulao, que d origem s praias, que nada mais so
do que depsitos de sedimentos transportados pelos oceanos e mares.
No lento trabalho de acumulao ou deposio de sedimentos, o mar pode formar algo
parecido com cordes de areia, paralelos costa. Esses cordes de areia so chamados de
restingas. Com a formao de restingas, uma parte das guas do mar pode ficar aprisionada no
litoral em formao. A gua retida d origem a uma laguna ou lagoa. Ser uma laguna se a
gua "aprisionada" tiver ligao direta com o mar; caso contrrio, ser uma lagoa. Nas
imagens da prxima pgina, confira parte dos processos descritos acima.
Texto & contexto.
1. Por que os rios realizam um trabalho "completo" em termos de ciclo erosivo?
2. De que maneira os oceanos e mares modificam as costas de ilhas e continentes?
3. Observe a evoluo de uma falsia (acima). Escreva uma explicao para cada parte do
esquema.
4. No estado em que voc mora, h processos erosivos e/ou construtivos realizados pelas
guas ocenicas nas reas costeiras? Em caso afirmativo, cite a localizao e o tipo.
Fim do texto & contexto.
120
| Alm do trabalho realizado pelo mar, as regies costeiras esto sujeitas ao de vrios
elementos: ventos, chuvas, organismos vivos (como corais), movimentos crustais, variaes
do nvel do mar provocadas por oscilaes climticas, etc. Fonte: IBGE, FUNDAMENTOS
DE GEOMORFOLOGIA, 1978. Ilustraes: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA
EDITORA. ||
| O vale glacial se forma pelo deslizamento do gelo montanha abaixo. Sendo pesado, ele
escava o vale, aprofundando o leito numa espcie de calha. Fonte: ADAPTADO DE
OXFORD CONCISE ATLAS OF THE WORLD. NEW YORK, OXFORD UNIVERSITY
PRESS, 1993. Ilustraes: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA. ||
| Responsveis por transformaes no relevo terrestre, as geleiras escavam vales como este, na
Islndia. Foto de 2008. Fonte: RICK PRICE / OXFORD SCIENTIFIC / LATINSTOCK, ||
121
Texto da imagem.
- Chuva, vento e temperatura desgastam a rocha matriz originando fendas e buracos;
lentamente, a rocha vai se desagregando;
- microrganismos (bactrias, algas, etc.) vo se depositando nesses espaos e participando da
decomposio da rocha atravs das substncias produzidas;
- gua e restos de microrganismos vo se acumulando;
- organismos como fungos e musgos comeam a se desenvolver;
- o solo vai ficando mais espesso; pequenos animais e vegetais vo surgindo;
- uma vegetao maior comea a se desenvolver at formar a paisagem de um certo local.
Fim do texto.
| Na composio dos solos, o ar, a gua, a matria orgnica e diferentes minerais esto
misturados. O processo de formao dos solos conhecido como pedognese (do grego,
pedn = solo e gensis = origem) e ocorre lentamente. Os solos mais aproveitveis para a
agricultura, por exemplo, demoram de 3000 a 12000 anos para se formar. Fonte: Adaptado de
Programa Educ@r. USP So Carlos. Disponvel em:
http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html. Acesso em: jul. 2009. Ilustraes:
ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA. ||
Texto & contexto.
Texto da imagem.
| Maquete representando o tipo de solo chamado latossolo. Bem desenvolvido, esse solo
apresenta grande profundidade e porosidade. Foto de 2008. Fonte: IVANIA SANT'ANNA /
KINO. ||
Fatores de formao e desenvolvimento do solo.
A presena ou no de todos os horizontes mencionados acima, assim como a origem e a
evoluo dos solos, condicionada por vrios fatores. Os principais so as condies
climticas.
A temperatura e a chuva regulam as reaes qumicas das rochas, acelerando ou retardando a
ao do intemperismo. Nas reas que recebem muita chuva, por exemplo, os solos so pobres
porque a quantidade de gua infiltrada muito grande, e os nutrientes so carregados para a
camada inferior. A esse processo de lavagem do solo, d-se o nome de lixiviao. Em reas
mais secas, ao contrrio, os solos podem ser mais frteis porque o transporte de minerais
dissolvidos menor. Vale destacar que um mesmo tipo de rocha, quando submetida a climas
diferentes, gera solos diferentes. Por outro lado, rochas diferentes, submetidas a um mesmo
tipo climtico, podem gerar solos quase idnticos.
123
Os demais fatores que interferem na formao e desenvolvimento do solo so os seguintes:
- tipo de rocha matriz: a velocidade e a intensidade do intemperismo e da eroso dependem da
estrutura e da composio mineralgica da rocha matriz;
- microrganismos: fungos, algas, bactrias e outros microrganismos agem na decomposio de
restos vegetais e animais e na conservao do solo;
- topografia: interfere na desigual distribuio da gua da chuva, de luz e calor, favorecendo
ou no os processos de eroso das rochas que daro incio formao do solo; em reas mais
baixas e cncavas, por exemplo, h um maior acmulo de gua participando da formao do
solo; encostas de montanhas elevadas dificilmente conseguem desenvolver solos porque o
material que desagrega da rocha costuma escorregar.
importante lembrar novamente que o tempo de formao de um solo desenvolvido, apesar
de varivel, nunca um processo instantneo, requerendo centenas de milhares de anos para
se completar. Assim, o tempo tambm um dos fatores dos quais depende a formao e
desenvolvimento do solo.
Os solos so diferentes.
Como voc viu at aqui, os solos so produto da complexa interao entre elementos da
atmosfera, da crosta e da biosfera. Por isso, os solos tm propriedades diferentes quanto:
- textura, ou seja, forma de organizao de suas partculas;
- granulometria, que determina, pela medida do dimetro dos gros ou partculas, se os
sedimentos so areia, argila ou silte, por exemplo;
- s propriedades fsico-qumicas;
- quantidade de hmus, que d fertilidade ao solo, e de alimento vegetal inorgnico solvel;
ambos resultantes da decomposio da matria orgnica vegetal pela atividade dos
microrganismos.
Quanto estrutura, os solos podem ser arenosos, argilo-arenosos ou argilosos, conforme o
processo de formao (denominado pedognese) seja de ordem predominantemente mecnica
(desagregao) ou qumica (decomposio).
Quanto origem, os solos podem ser classificados em:
- eluviais ou zonais, quando constitudos no prprio local, a partir da desagregao e
decomposio das rochas;
- aluviais ou azonais, quando formados pelo acmulo de materiais transportados pelas guas
correntes (solos de vrzeas e de deltas fluviais, por exemplo) e pelos ventos (solos de loess,
entre outros);
- orgnicos, quando procedem basicamente de decomposio de matria viva, o que implica
alto valor agrcola, desde que satisfeitas outras condies para o desenvolvimento das plantas.
Considerando a cor, a maior parte dos solos pode ser agrupada em:
- escuros, que indicam forte presena de materiais orgnicos;
- avermelhados e amarelados, que possuem forte presena de xido de ferro;
- claros, que possuem pouca ou ausncia de matria orgnica.
elementos, a associao com a vegetao original, sob a qual se deu sua formao e com a
qual interage diretamente. Essa classificao pode ser visualizada no mapa abaixo.
| Aspecto de solo argiloso em rea prxima a Luzinia (GO). Foto de 2007. Fonte: WAGNER
SANTOS / KINO. ||
Texto & contexto.
1. Examine o significado e a distribuio das cores no mapa anterior e no mapa da pgina 185.
Imagine a sobreposio dos dois mapas e responda:
a) O que possvel dizer sobre os solos podzlicos e a vegetao de taiga?
b) O que possvel dizer sobre os solos lixiviados e a floresta equatorial e tropical brasileira e
africana?
2. No mapa ao lado, que cor representa a localizao do solo tchernoziom? Quais so as
caractersticas desse solo?
3. O que so solos lixiviados? Em que reas esses solos so mais comuns?
4. Que tipos de solo predominam no territrio brasileiro? Para responder, observe o mapa ao
lado. Na sua resposta acrescente algumas caractersticas dos solos predominantes no Brasil.
Fim do texto & contexto.
126
Uso e degradao do solo.
O conhecimento sobre a capacidade e a fertilidade do solo muito importante, uma vez que
este est diretamente vinculado a inmeras atividades humanas e, como j dissemos, prpria
existncia da vida na Terra. Mas bom lembrar que o solo mais do que um recurso
importante: ele possui outras funes essenciais vida, tais como filtrar a gua, nutrir as
plantas, abrigar a biodiversidade, etc.
Um solo considerado degradado quando para de exercer parte das funes citadas. Esse
fenmeno atinge, em maior ou menor grau, cerca de 1,96 bilho de hectares, nmero que
equivale a mais da metade das superfcies cultivveis do mundo todo. Ao estudar os solos, a
Geografia busca compreender os processos de degradao como resultado da interao das
sociedades humanas com as bases naturais de sua existncia.
H vrias formas de degradao do solo, sendo as principais aquelas provocadas pelas
atividades humanas. O uso cada vez mais intenso e indiscriminado dos solos tem produzido
grandes reas onde a desertificao visvel nas paisagens. No captulo 8, voc estudar esse
fenmeno com mais detalhes.
Alm da desertificao, a ao humana provoca a salinizao (acmulo de sal) dos solos.
Mais frequente em reas de clima quente e com baixos ndices de chuvas, ou em regies que
foram cobertas por oceanos em eras geolgicas passadas, a salinizao originada pela
utilizao de gua levemente salgada realizada por sistemas de irrigao mal operados.
O uso de adubos e fertilizantes, substncias qumicas usadas para corrigir problemas nos
solos, tambm provoca sua degradao, principalmente quando no so empregados dentro de
normas que regem a boa prtica agrcola. Ao acelerar certos processos naturais, alguns
produtos qumicos podem desencadear a contaminao dos solos, dos rios, dos animais e das
pessoas. Alm deles, o despejo inadequado de agrotxicos e resduos industriais ou o fluxo de
guas poludas tambm comprometem a composio qumica dos solos.
Como do seu conhecimento, o desmatamento e as queimadas tambm degradam os solos,
pois eliminam uma srie de nutrientes responsveis por sua fertilidade. Veja nas imagens.
| H pesticidas perigosos que, uma vez aplicados nos solos, podem permanecer no ambiente
por muitos anos contaminando guas superficiais e aquferos. Na foto, uso de pesticida em
plantao de tomate em Minas Gerais (2001). Fonte: DELFIM MARTINS / PULSAR
IMAGENS. ||
Texto & contexto.
1. Na Amrica do Sul, qual a causa mais frequente de degradao do solo? E na Amrica do
Norte? Responda com base no grfico ao lado.
2. Examine o mapa acima. O que voc diria ao observar o territrio brasileiro? Que tipo de
alterao do solo muito comum no pas?
Fim do texto & contexto.
128
rochas ficam expostos ao intemperismo, eroso fluvial e elica. Esses processos do origem
ao ravinamento nas encostas ou formao de voorocas, como voc viu anteriormente.
Outro exemplo de ao humana indireta no relevo comea com a impermeabilizao dos
solos, procedimento muito comum nas reas urbanas. Ao ser impermeabilizado, o solo no
permite a infiltrao das guas, o que costuma causar enxurradas que, por sua vez, podem
provocar eroso nas encostas. Alm disso, as enxurradas costumam levar grande volume de
detritos e sedimentos para os leitos dos rios, o que tambm pode interferir no seu trabalho
geomorfolgico.
A ao humana no relevo terrestre costuma ser muito intensa e direta nas reas litorneas. S
para voc ter uma ideia, basta citar as inmeras cidades com mais de um milho de habitantes
localizadas beira-mar. Nessas reas os seres humanos tm realizado as suas maiores obras
geomorfolgicas - no raro, bastante destrutivas.
Um caso muito conhecido o do litoral norte do estado de So Paulo, onde a construo da
rodovia Rio-Santos acabou se transformando num agente facilitador que estimulou
desmatamentos, construo de condomnios e ocupao das encostas da Serra do Mar. Nas
palavras do gegrafo Jurandyr L. Sanches Ross, "o relevo terrestre parte importante do
palco, onde o homem, como ser social, pratica o teatro da vida". No entanto, como voc viu
nos exemplos anteriores, nem sempre esse "palco" recebe os devidos cuidados e importncia.
Boxe complementar.
GEO mais.
O mapa mais completo da Terra.
Em julho de 2009 a agncia espacial dos Estados Unidos (Nasa), em parceria com o Japo,
criou o mais completo mapa da topografia da Terra, que cobre 99% da superfcie do planeta.
O mapa foi baseado em medies da superfcie terrestre feitas a cada 30 metros de distncia e
tambm em 1,3 milho de imagens. Estas foram capturadas pelo radimetro Aster (sigla em
ingls de Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer, ou Radimetro
Especial Avanado de Emisses Trmicas e Reflexo), a bordo do satlite artificial
estadunidense denominado Terra.
As imagens do novo mapa podem ser baixadas pela internet atravs do site (em ingls)
www.nasa.gov/topics/earth/features/20090629.html.
Adaptado de Japo e EUA fazem mais completo mapa topogrfico da Terra. BBC Brasil, 30
jun. 2009. Disponvel em: http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/. Acesso em: jul. 2009.
| Imagem do Vale da Morte, na Califrnia. Esta uma das vrias imagens capturadas pelo
radimetro Aster e utilizadas na elaborao do mapa citado na reportagem. Fonte: NASA /
ARQUIVO DA EDITORA. ||
Fim do complemento.
129
Um exemplo muito interessante que mostra as aes humanas no relevo terrestre so as ilhas
de Dubai (Emirados rabes Unidos). Como voc v nas imagens abaixo, as curiosas formas
so obras do trabalho humano.
| Vista de uma das trs Ilhas das Palmeiras (Palm Islands) em Dubai, nos Emirados rabes
Unidos, em foto de 2004. Estas so as maiores ilhas artificiais do mundo e comearam a ser
construdas em 2001. Uma estrutura chamada quebra-mar foi produzida a partir de rochas
montanhosas dinamitadas, e as ilhas foram construdas com areia dragada do leito do mar.
Estudiosos consideram que as ilhas prejudicaram o meio ambiente marinho: as pedras e a
areia enterraram leitos de ostras e recifes de corais. Fonte: JORGE FERRARI / EPA /
CORBIS / LATINSTOCK. ||
| No Japo, a faixa litornea que se estende por 100 quilmetros de Iocoama a Kisarazu
quase toda artificial. So ilhas, pennsulas, baas e plancies construdas pelo homem. Fonte:
2009 GOOGLE EARTH / DIGITAL GLOBE. ||
| Para a construo da Usina Hidreltrica de Itaipu, o rio Paran foi represado. A rea de Sete
Quedas foi encoberta pelas guas. O fluxo das guas passou a ser comandado pelas
necessidades humanas de obter energia eltrica. Nesse processo, o trabalho do rio (construtivo
e destrutivo) foi alterado. Na foto, vista da usina em 2009. Fonte: SRGIO RANALLI /
PULSAR IMAGENS. ||
| Vista parcial de Mongagu e Itanham, municpios paulistas que se localizam numa plancie.
Ao fundo, "paredes" da Serra do Mar. H plancies em terras altas - so plancies de nvel de
base local. Por exemplo, as vrzeas de um rio que corta um planalto. Fonte: 2007 GOOGLE
EARTH / DIGITAL GLOBE. ||
| Depresso relativa em Aparecida, no Vale do Paraba (So Paulo), entre a Serra do Mar e a
Serra da Mantiqueira (que aparece ao fundo). Foto de 2007. Fonte: MAURCIO SIMONETTI
/ PULSAR IMAGENS. ||
Fim do quadro.
132
Ao analisar a distribuio das cores no planisfrio abaixo, voc pode ter uma ideia das
grandes formas de relevo presentes nas paisagens do mundo atual. A cor verde indica a
presena de plancies. As reas em bege correspondem aos planaltos antigos e as reas em
marrom, s montanhas e planaltos recentes.
Alm das principais formas do relevo terrestre que voc estudou anteriormente, vale destacar
que h muitas outras, como colinas, morros, cavernas, enseadas, pennsulas, etc., que,
juntamente com outros elementos, formam as milhares de paisagens da Terra.
GEO mais.
Silhuetas da natureza.
O pintor espanhol Augustin Salynas y Teruel (1862 - 1923) encantou-se com as paisagens da
cidade do Rio de Janeiro quando l esteve. Sua pintura revela a claridade do cu e do mar
emoldurando as montanhas e, principalmente, o Po de Acar.
Escondidas entre prdios, viadutos e favelas, as formas de relevo e o mar da Cidade
Maravilhosa constituem o carto-postal mais famoso do Brasil. Mesmo com as
transformaes ocorridas ao longo do tempo em funo das atividades humanas, as paisagens
dos morros cariocas continuam encantando pintores, fotgrafos e artistas de muitas geraes.
| Baa de Guanabara, de 1911, leo sobre tela de Augustin Salynas y Teruel. Fonte:
AUGUSTIN SALYNAS Y TERUEL / Fotografia: ACERVO DE DOCUMENTAOFOTOGRFICA DA PINACOTECA DO ESTADO DE SO PAULO. ||
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Neste captulo, voc estudou diversos fatores que moldam a superfcie terrestre e as
principais formas de relevo. Para aplicar seus conhecimentos sobre o assunto, faa o que se
pede:
a) Observe os arredores da escola ou de sua casa. Procure identificar:
- pelo menos duas formas de relevo;
- pelo menos trs transformaes na superfcie terrestre, considerando os fatores externos.
b) Para registrar suas observaes, voc pode fotografar, desenhar ou produzir textos
descritivos. importante separ-las em duas categorias: "formas de relevo" e "transformaes
no relevo".
c) Em uma data combinada com o professor, compartilhe seu trabalho com os colegas.
d) Junto com a turma e com o professor, converse sobre as formas e transformaes
observadas por todos.
e) Aps a conversa, ajude a turma e o professor a produzir um texto coletivo intitulado
"Relevo: formas, transformaes e preservao ambiental".
2. Ao estudar abalos ssmicos, voc viu que os tremores no fundo dos oceanos podem causar
tsunamis, ondas gigantes de at 40 metros de altura. Para aprofundar seus conhecimentos
sobre o assunto, leia o trecho de reportagem abaixo e faa o que se pede:
O maior abalo ssmico dos ltimos quarenta anos aconteceu no oceano ndico, nas
proximidades da ilha de Sumatra, no arquiplago indonsico, em 26 de dezembro de 2004, a 9
mil metros de profundidade. A Placa Indiana (que faz parte da grande Placa Indo-Australiana)
deslocou-se sobre a Placa da Birmnia (considerada uma microplaca, onde se localizam as
ilhas Andaman, Nicobar e a parte norte da Sumatra), provocando uma sbita elevao de 15
metros no leito do oceano. Essa elevao deslocou um gigantesco volume de gua para cima
e, logo, para os lados, dando incio propagao de ondas. Estas viajaram a 800 quilmetros
por hora e, ao chegar s praias, fizeram com que o mar transbordasse na forma de ondas
gigantes, os tsunamis, que chegaram a 12 metros de altura. Depois de arrebentar, criaram
correntezas de at 40 quilmetros por hora e avanaram centenas de metros sobre vilarejos,
hotis e portos.
O tsunami foi excepcional pela extenso geogrfica de sua devastao e pelo nmero de
pases e pessoas afetados. As ondas gigantes causaram estragos no litoral de doze pases do
oceano ndico e terminaram por matar cerca de 200 mil pessoas, entre as quais pescadores na
costa da frica, a 6.500 quilmetros de distncia do epicentro do terremoto.
Mas como tantas pessoas em tantos pases diferentes foram pegas de surpresa pelas ondas
gigantescas? O fato de a maioria das vtimas viver em pases pobres, onde a tecnologia de
previso de catstrofes no to avanada e as estruturas das construes so frgeis ou
inadequadas, ajuda a explicar a extenso da tragdia.
Adaptado de O mar dos mortos. Veja. Editora Abril, 5 jan. 2005.
a) Considerando o texto anterior e o que voc estudou sobre placas tectnicas e terremotos,
explique as causas do tsunami ocorrido em 2004.
b) Compare o mapa intitulado "Onde foi" (p. 15, captulo 1) com o mapa intitulado "As dez
principais placas tectnicas" (p. 97, captulo 4) e responda: Por que o epicentro do terremoto
ocorreu no lugar indicado no primeiro mapa?
c) De acordo com o texto anterior, qual foi a extenso do tsunami ocorrido em 2004?
d) Que fatores colaboraram para a tragdia? Em sua opinio, de que forma uma tragdia desse
tipo poderia ser evitada?
3. O vulco Anak Krakatau, localizado no leste da ilha de Java, na Indonsia, tem 1713
metros de altura e considerado um dos dez mais perigosos do mundo. Para conhec-lo
melhor, observe a imagem abaixo e faa o que se pede:
c) Quais as diferenas entre a erupo no vulco Anak Krakatau e o maremoto que gerou o
tsunami?
4. Voc viu, neste captulo, que a gua da chuva pode alterar o relevo terrestre. Viu, tambm,
parte da tragdia ocorrida no estado de Santa Catarina, no final de 2008, por conta de fortes
chuvas. Para ampliar este assunto, leia o texto a seguir e faa o que se pede:
preciso compreender que chuvas intensas so parte do clima subtropical em que vivemos. E
por causa desse clima que surgiu a mata Atlntica. Ela no apenas decorao das paisagens
catarinenses [...].
137
A cobertura florestal natural das encostas, dos topos de morros, das margens de rios e
crregos existe para proteger o solo da eroso provocada por chuvas, permite a alimentao
dos lenis de gua e a manuteno de nascentes e rios, e evita que a gua da chuva provoque
inundaes rpidas (enxurradas). A construo de habitaes e estradas sem respeitar a
distncia de segurana dos cursos de gua acaba se voltando contra essas construes como
um bumerangue, levando consigo outras infraestruturas [...].
J os deslizamentos, ou movimentos de massa, so fenmenos da dinmica natural da Terra.
Mas no o desmatamento que os causa. A chuva em excesso acaba com as propriedades que
do resistncia aos solos e mantos de alterao para permanecerem nas encostas. [...] A
ocupao dos solos nas cidades no tem sido feita levando em conta que esto assentadas
sobre uma rocha antiga, degradada pelas intempries, e cuja capacidade de suporte baixa.
Atravs dos cortes aumenta a instabilidade. As fortes chuvas [em Santa Catarina, em 2008]
acabaram com a resistncia e assim o material deslizou.
Brasil - Uma reflexo sobre a tragdia em Santa Catarina. In: Adital - Notcias sobre Amrica
Latina e Caribe, 3 dez. 2008. Disponvel em: www.adital.com.br/Site/noticia.asp?
lang=PT&cod=36331. Acesso em: jul. 2009.
a) Que processos externos de modificao da superfcie terrestre podem ser identificados no
texto acima?
b) De acordo com o texto, qual o papel da mata Atlntica em relao aos solos?
c) Quais as consequncias das chuvas sobre as construes humanas em Santa Catarina,
segundo o texto?
d) Em sua opinio, que aes poderiam ser tomadas para que os efeitos das chuvas no
fossem to destrutivos?
5. (Unicamp- SP).
"O Paquisto no tem condies de realizar os trabalhos de resgate e atendimento s vtimas
do terremoto. A afirmao do presidente do pas, Pervez Musharraf. Dezenas de milhares de
pessoas no norte do Paquisto e da ndia passaram a noite a cu aberto por causa da
devastao causada pelo terremoto. A rea mais afetada pelo terremoto fica no alto das
montanhas onde a temperatura cai bastante noite.".
(www.estadao.com.br/internacional/noticias/2005/out/10/4.htm).
a) O terremoto a que se refere o texto alcanou, no Paquisto e na ndia, aproximadamente 7,5
graus na escala Richter. Como so ocasionados terremotos como este ocorrido na sia? Como
atuam?
b) Estabelea a diferena entre a escala Richter e a escala de Mercalli utilizada para medies
de terremotos.
c) Explique as diferenas entre bordas convergentes e bordas divergentes das placas
tectnicas.
6. (Fuvest- SP). O vulcanismo um dos processos da dinmica terrestre que sempre encantou
e amedrontou a humanidade, existindo diversos registros histricos referentes a esse processo.
Sabe-se que as atividades vulcnicas trazem novos materiais para locais prximos superfcie
terrestre. A esse respeito, pode-se afirmar corretamente que o vulcanismo.
a) um dos poucos processos de liberao de energia interna que continuar ocorrendo
indefinidamente na histria evolutiva da Terra.
b) um fenmeno tipicamente terrestre, sem paralelo em outros planetas, pelo que se conhece
atualmente.
c) traz para a atmosfera materiais nos estados lquido e gasoso, tendo em vista originarem-se
de todas as camadas internas da Terra.
d) ocorre quando aberturas na crosta aliviam a presso interna, permitindo a ascenso de
novos materiais e mudanas em seus estados fsicos.
e) o processo responsvel pelo movimento das placas tectnicas, causando seu rompimento
e o lanamento de materiais fluidos.
7. (Cefet). As terras emersas so constitudas, basicamente, por escudos cristalinos, bacias
sedimentares e dobramentos modernos. Sobre bacias sedimentares, analise as seguintes
afirmativas.
I. Resultaram da solidificao do material magmtico e de sua elevao superfcie.
II. Podem sofrer soerguimentos tectnicos, constituindo baixos planaltos ou plats.
III. As mais antigas foram consolidadas ao longo das Eras Paleozoica e Mesozoica.
IV. So constitudas por rochas metamrficas muito antigas, como os gnaisses.
As afirmaes corretas so.
a) apenas I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) III e IV.
e) I, II e IV.
8. (FMTM - MG). Considere os itens a seguir para responder questo.
I. Consiste no derramamento do magma na superfcie do planeta, o que pode ocorrer atravs
de fendas ou orifcios na crosta. Na superfcie, o magma esfria e torna-se slido, formando
uma nova camada rochosa.
II. Ocorre em funo do contato das rochas com as guas e a umidade, ocasionando reaes
de destruio da rocha original. Sua ao mais intensa nas regies tropicais midas e
equatoriais.
III. Trata-se da retirada de material rochoso das reas mais altas do relevo terrestre pela gua,
que transportado como materiais em suspenso para as reas mais baixas e nelas se
depositam, formando camadas de sedimentos.
Sobre os agentes modificadores do relevo terrestre, descritos em I, II e III, pode-se afirmar
que.
a) todos so agentes externos, ou seja, atuam modificando somente a parte superficial do
relevo terrestre.
b) I um agente interno, formador do relevo, enquanto II e III so agentes externos
esculpidores do relevo.
c) I e II so agentes internos, por se tratarem de processos de transformaes qumicas das
rochas, enquanto III um agente erosivo externo.
d) apenas o agente III atual, enquanto I e II atuaram no passado, criando as grandes formas
do relevo.
e) so todos agentes erosivos, ou seja, suas aes sobre a superfcie destroem o relevo
original.
138
139
7. O que os moradores do bairro A devem fazer para evitar esse problema?
8. Com base no que vocs aprenderam sobre os agentes exgenos e o papel da sociedade na
transformao do relevo terrestre, faam o seguinte:
- elaborem uma cartilha ou um panfleto para os moradores dos bairros A e B indicados nas
ilustraes da pgina anterior;
- a cartilha ou o panfleto devem conter um texto explicativo sobre as causas dos problemas 1 e
2 e o nome dos fenmenos;
- a cartilha ou o panfleto tambm devem apresentar orientaes sobre o que os moradores
devem fazer para evitar problemas semelhantes nos bairros onde moram;
- palavras como desmatamento, lixo, eroso, encosta, reas de risco, chuva, solo, cidadania,
meio ambiente e respeito devem estar presentes no texto, assim como ilustraes e legendas;
- alm de aproveitar o que vocs aprenderam no captulo, complementem o material com
novas informaes, que podem ser pesquisadas em revistas, livros, sites, etc.;
- na data combinada com o professor, mostrem a cartilha ou o panfleto para o restante da
turma.
9. Por ltimo, examinem e comentem os grficos a seguir. Procurem responder:
- Quais so os estados brasileiros com o maior nmero de vtimas fatais por acidentes de
deslizamento de terra?
- Que fatores podem contribuir para a existncia de acidentes desse tipo?
- Na opinio do grupo, como possvel evit-los?
superfcie terrestre. O tempo atmosfrico bastante dinmico; pode permanecer estvel por
alguns dias ou alterar-se de uma hora para outra.
Por meio de recursos tcnicos e da observao de imagens de satlites, possvel prever o
tempo atmosfrico com alguns dias de antecedncia e com grande probabilidade de acerto.
A definio do clima, por sua vez, depende do estudo do comportamento do tempo
atmosfrico durante pelo menos 30 anos seguidos. Nesse longo perodo, so registradas as
variaes da temperatura e da umidade do ar, do tipo de precipitao (chuva, neve ou
granizo), da sucesso dos perodos secos e midos, etc. Por essa razo o clima foi definido por
Max Sorre como "uma sucesso habitual dos tipos de tempo num determinado local da
superfcie terrestre".
O clima tambm pode mudar, mas, ao contrrio do tempo atmosfrico, a alterao climtica
se d em um perodo mais longo, em centenas de milhares de anos.
Assim, podemos entender o tempo atmosfrico como as manifestaes do clima num dado
momento, em determinado local.
Neste captulo, voc vai conhecer a dinmica de alguns fenmenos e elementos naturais
responsveis pelo tempo atmosfrico e pelo clima da Terra. Esses conhecimentos so
importantes para que, posteriormente, nos captulos 8 e 9, voc tenha elementos consistentes
para refletir sobre a questo climtica global e local e sobre outros problemas que afetam a
natureza e a vida no planeta.
Para comear, vamos conhecer melhor a atmosfera.
A esfera invisvel.
Quando o assunto o tempo ou o clima, quase todo o mundo tem uma histria para contar.
Afinal, quem nunca deixou de ir a algum lugar ou teve um passeio prejudicado por causa
deles?
Para melhor compreender as dinmicas e os fenmenos relacionados ao tempo e ao clima da
Terra, necessrio, em primeiro lugar, desvendar como funciona a atmosfera, a camada
gasosa que serve de barreira entre o planeta e o restante do Universo. Como voc ver, a
atmosfera da Terra recebe diversas influncias e, por isso, ela forma um sistema bastante
dinmico e intrincado.
A palavra atmosfera, que indica a estrutura de gs que envolve um satlite ou planeta, vem da
juno de duas palavras gregas: atms ("vapor") e sahara ("esfera").
Embora a gua recubra 70% da superfcie da Terra, a atmosfera a envolve completamente.
Sem a atmosfera, a vida jamais teria comeado ou existido em tempo algum na Terra, pois,
alm de conter o ar que respiramos, ela que mantm a Terra quente, protege os seres vivos
dos raios ultravioleta vindos do Sol e funciona como um escudo contra meteoritos.
Os cientistas acreditam que a atmosfera original tenha se formado h alguns bilhes de anos.
medida que lentamente a Terra se esfriava, grande quantidade de gases e vapores de gua
era expelida do seu interior. Parte deles escapou para o espao csmico e o restante acumulouse ao redor do planeta graas fora da gravidade.
Essa atmosfera primitiva teria sido bem diferente da que conhecemos hoje. Desprovido de
oxignio, mas rico em metano, amnia, vapor de gua e neon, o ar atmosfrico primitivo era
completamente irrespirvel (se pensarmos nos padres atuais).
Graas a longos processos dos quais participaram organismos unicelulares que produziam
oxignio, a atmosfera evoluiu para o ar que hoje respiramos.
Atualmente, a atmosfera composta por 78% de nitrognio, 21% de oxignio, 0,9% de
argnio e 0,03% de dixido de carbono. Os 0,07% restantes consistem em vapor de gua,
hidrognio, oznio, neon, hlio e outros.
A presena desses gases varia de acordo com a altitude, nas diferentes camadas atmosfricas.
Para adquirir essa composio, foram necessrios pelo menos 65 milhes de anos e,
certamente, a evoluo da atmosfera ainda continua, principalmente se considerarmos um
importante agente de mudanas: os seres humanos.
Texto da imagem.
Troposfera: a camada mais inferior da atmosfera; com cerca de 75% do total da massa
gasosa que envolve a Terra, ela vai da superfcie at 7 quilmetros de altitude nos polos e 28
quilmetros nos trpicos; sua temperatura varia de 14 C a -70 C; nosso mundo restringe-se a
essa camada, tambm conhecida como baixa atmosfera; nela que acontece a maioria dos
fenmenos climticos, como formao de nuvens e chuvas.
Estratosfera: estende-se da troposfera at 50 quilmetros cu acima; l, a temperatura sobe
com o aumento da altitude (comea em -60 C na parte de baixo e vai at -5 C no topo); o
motivo da elevao o aquecimento do ar entre 20 e 35 quilmetros de altitude, onde fica a
maior parte do gs oznio; essencial para a vida no planeta, a camada de oznio responsvel
pela absoro da nociva radiao ultravioleta emitida pelo Sol.
Mesosfera: estende-se da estratosfera at 50 ou 80 quilmetros de altitude; possui baixas
temperaturas em funo do afastamento do calor oriundo da camada de oznio e da ausncia
de nuvens ou gases capazes de absorver a energia do Sol.
Termosfera: estende-se da mesosfera at 500 quilmetros de altitude; na parte superior, a
temperatura passa de 1000 C, devido absoro de raios ultravioleta pelo oxignio atmico,
um on que a prpria radiao forma a partir do oxignio; e so refletidas as ondas
radiofnicas que garantem as transmisses de rdio.
Exosfera: ltima camada da atmosfera, na fronteira com o espao sideral; estende-se acima de
500 quilmetros e sua temperatura ainda mistrio; grande parte dos satlites artificiais est
posicionada ali.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE ATLANTE GEOGRAFICO METODICO. NOVARA: ISTITUTO
GEOGRAFICO DE AGOSTINI, 2008-2009. Ilustrao: ADILSON SECCO/ARQUIVO DA
EDITORA.
143
Calor na atmosfera.
Uma propriedade natural essencial que governa a atmosfera e que, por conseguinte, um dos
atributos bsicos que define o tempo e o clima da Terra a temperatura do ar, ditada pela
radiao solar e terrestre.
Como voc sabe, no planeta em que vivemos, a principal fonte energtica ou de calor a
radiao emitida pelo Sol. Os raios solares atravessam a atmosfera e atingem a superfcie
terrestre. Esta funciona como uma fonte de calor para a atmosfera, que mais fria. Assim, a
atmosfera no aquecida diretamente pela radiao solar, e sim pela irradiao terrestre que o
planeta mesmo emite. Confira no esquema abaixo.
absorvida e parte se irradia na forma de calor. Nota: Esta ilustrao no obedece escala
real das dimenses dos astros e tambm da distncia entre eles. Fonte: ADAPTADO DE
ATLANTE ZANICHELLI. BOLONHA: ZANICHELLI ED., 1994. ||
Quantidade e distribuio da energia solar: variaes
H variaes quanto quantidade de energia solar recebida na Terra. Essas variaes so
condicionadas por alguns fatores. Um deles a poca do ano. H perodos em que a Terra est
mais prxima do Sol (perilio) e outros em que est mais distante (aflio). Por isso a insolao
de um mesmo ponto da superfcie da Terra varia de acordo com a poca do ano, fato que est
ligado ao movimento de translao da Terra, o qual determina a existncia das estaes.
Durante o vero, graas maior radiao recebida, a reteno de calor maior. As
temperaturas mais elevadas geralmente se verificam em dezembro e janeiro no hemisfrio sul
e em junho e julho no hemisfrio norte. No inverno, quando a radiao e a absoro de calor
so menores, as temperaturas so mais baixas.
A durao dos dias e das noites varia com a latitude e com as estaes do ano. Durante o
vero, os dias so mais longos e as noites mais curtas. O contrrio ocorre no inverno. Dias
mais longos significam mais insolao.
O volume de radiao solar recebido pela Terra tambm depende de quanta energia o Sol
envia para o sistema atmosfrico. Segundo os cientistas, essa emisso no constante,
havendo uma variao de 1% a 2%, provavelmente ligada ao ciclo das manchas solares.
Alm das variaes quanto quantidade de energia solar recebida na Terra, ocorrem variaes
quanto distribuio da insolao na atmosfera e nas superfcies lquidas e slidas. Esse fato
deve-se a alguns fatores. Um deles a forma como ela difundida na atmosfera. O processo
de difuso utiliza como veculo as molculas de ar, o vapor de gua e as partculas slidas em
suspenso na atmosfera. Como esses elementos no se repartem na camada gasosa de modo
homogneo, causam a distribuio desigual da insolao.
Texto & contexto.
1. Observe a ilustrao da pgina anterior e responda:
a) Quais so as camadas da atmosfera?
b) Em que camada acontece a maioria dos fenmenos climticos?
c) Em que camada fica a maior parte do gs oznio?
2. Com o apoio do esquema acima, explique como se d o aquecimento da atmosfera.
3. Elabore uma pequena descrio do clima no municpio em que voc mora. Considere as
caractersticas mais comuns no vero e no inverno.
Fim do texto & contexto.
144
O albedo tambm um fator que interfere na distribuio desigual da radiao solar. O albedo
refere-se capacidade que as diferentes superfcies tm de refletir parte da radiao solar
recebida. Quanto mais escura a superfcie, menor o ndice de albedo, isto , maior absoro de
insolao. Quanto mais clara a superfcie, maior o ndice de albedo, isto , menor absoro de
insolao. O albedo tem grande importncia na distribuio das temperaturas e na dinmica
de vrios fenmenos atmosfricos. Confira alguns exemplos de albedo nas imagens.
Albedo.
| As reas de altas latitudes tendem a ser mais frias. Na foto, aspecto de iceberg na Antrtida,
em 2009. Fonte: RYANT. PIERSE / GETTY IMAGES. ||
A latitude.
Devido forma esfrica da Terra e inclinao do seu eixo de rotao, a distribuio de calor
desigual em nosso planeta. Quanto mais perpendiculares incidem os raios do Sol em relao
superfcie terrestre, mais intensos eles so. Assim, na latitude zero (linha do equador), onde
a altura do Sol ao meio-dia maior e seus raios so perpendiculares, h o mximo de energia
solar. Nas altas latitudes, acontece o oposto: os raios solares incidem inclinados, dispersando
energia pela superfcie onde se distribuem. Por esse motivo, as reas polares tendem a ser
mais frias. Confira no esquema da prxima pgina.
Texto & contexto.
1. Explique o que albedo e como ele interfere na distribuio da radiao solar.
2. Defina temperatura mdia e amplitude trmica.
3. De que forma a mudana de temperatura afeta seu cotidiano? E o municpio em que voc
vive?
Fim do texto
146
Segue descrio do quadro.
| Se a Terra girasse em torno do Sol com seu eixo exatamente perpendicular ao plano de sua
rbita, no haveria estaes do ano. A luz solar atingiria igualmente os dois hemisfrios do
planeta em qualquer poca do ano. Fonte: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA. ||
| O eixo inclinado da Terra aponta sempre para a mesma direo no espao. Como a Terra leva
um ano para completar uma volta em torno do Sol (uma translao), a cada seis meses um dos
hemisfrios receber mais diretamente a luz. Nas posies intermedirias, a luz solar atingir
em cheio o equador, e os raios solares atingiro iguais latitudes norte e sul com a mesma
inclinao, como mostra a ilustrao acima. Adaptado de FARIA, Romildo Pvoa. Viso para
o Universo. Uma iniciao Astronomia. So Paulo: tica, 1997. Fonte das ilustraes:
ATLANTE GEOGRAFICO METODICO. NOVARA: ISTITUTO GEOGRAFICO DE
AGOSTINI, 2008-2009. ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA. ||
Fim do quadro.
Examine o quadro e o mapa da pgina seguinte e veja um exemplo da relao entre a
temperatura do ar e a latitude. No quadro, esto indicadas as temperaturas mdias de
determinado dia em algumas cidades brasileiras localizadas em diferentes latitudes. Se voc
observar no mapa, ver que Belm localiza-se no norte do pas e Porto Alegre, no sul. Assim,
quanto mais ao sul, mais alta a latitude e, portanto, mais baixa a temperatura. Como a maior
parte do Brasil est na faixa tropical do globo, o pas apresenta temperaturas relativamente
elevadas na maior parte do ano. Vale lembrar que a variao latitudinal tambm o principal
fator de diferenciao das zonas climticas da Terra, como voc viu no mapa da pgina 56
(captulo 3).
147
| Em plena zona equatorial africana, encontramos montanhas com o cume coberto de neve,
como o monte Kilimanjaro, no Qunia. Nesse caso, a influncia da altitude sobreps-se da
latitude. Foto de 2003. Fonte: DAVID MADISON / THE IMAGE BANK / GETTY IMAGES.
||
A distncia do mar.
Voc j teve a oportunidade de ir praia em um dia de Sol? Se foi, deve ter percebido que,
durante o dia, a areia da praia bem mais quente do que a gua do mar. Mas, noite, a gua
do mar fica mais aquecida do que a areia. Isso acontece porque a gua aquece e esfria mais
lentamente do que as superfcies slidas, alm de armazenar mais o calor que recebe. As
superfcies slidas, por sua vez, se aquecem e resfriam mais rapidamente, devolvendo o calor
para a atmosfera (irradiao terrestre). Esse fato pode ser observado nas diferenas de
temperatura do ar entre as reas litorneas e as localizadas no interior dos continentes.
Nos litorais, a temperatura costuma ser mais constante. J no interior dos continentes, a
amplitude trmica (diferena entre temperaturas mxima e mnima) costuma ser maior,
fenmeno conhecido como efeito da continentalidade.
Pode-se concluir, ento, que o fator continentalidade responsvel por elevadas variaes de
temperatura, e o fator maritimidade por baixas variaes de temperatura.
Para voc ter uma ideia de como a atmosfera dinmica e como as temperaturas variam na
Terra, observe os mapas a seguir e examine as isotermas, linhas que unem pontos de igual
temperatura. Observe tambm as diferenas entre as temperaturas em janeiro e julho nos
diversos pontos da Terra.
149
Fim do texto
gua na atmosfera.
Como voc j sabe, grande parte da gua existente na Terra encontra-se em permanente
circulao, compondo o chamado ciclo hidrolgico, ou ciclo da gua, fenmeno fundamental
para a vida no planeta.
No ciclo hidrolgico, parte da gua existente na superfcie terrestre (oceanos, mares, rios, etc.)
e na vegetao vai para a atmosfera na forma de vapor de gua, por meio da
evapotranspirao (vegetais) e evaporao (lquidos).
Na atmosfera, o vapor de gua se condensa e a gua retorna para a superfcie terrestre na
forma de chuva, neve ou granizo. Parte dessa gua infiltra-se no solo, formando o lenol de
gua subterrneo.
Apesar de responder por uma pequena proporo na atmosfera, o vapor de gua desempenha
um papel fundamental no tempo e no clima da Terra, pois tem a funo de regulador trmico e
determina a possibilidade de haver ou no precipitaes atmosfricas.
Confira no esquema abaixo como o ciclo hidrolgico mantm a gua em circulao constante
pela Terra.
| Do total de gua que cai sobre o planeta, a maior parte (64%) transforma-se novamente em
vapor de gua voltando atmosfera atravs do solo (evaporao) e das plantas (transpirao).
25% escoam sobre a superfcie terrestre, dos quais grande parte (15%) se infiltra na terra e vai
alimentar as reservas subterrneas, enquanto 11% escoam e chegam diretamente aos rios.
Dentro do solo a gua tambm circula, formando lenis de infiltrao. Onde o tipo de rocha
permite, as guas afloram na superfcie e formam as fontes, que podem dar origem a rios e
lagos. Fonte: ADAPTADO DE ATLANTE GEOGRAFICO METODICO. NOVARA:
Esses mitos fazem parte da histria brasileira e no devem ser ignorados ou desconsiderados,
pois tm seu valor [e so] parte da cultura de um povo. No entanto, os avanos tecnolgicos e
cientficos tm possibilitado previses do tempo que, se aplicadas agricultura, permitem
melhoria de produtividade e reduzem as perdas para o agricultor.
[...].
O fato importante que todo o conhecimento acumulado ao longo dos anos d aos
meteorologistas base para prever as condies do tempo e as climticas com um grau de
acerto satisfatrio. [...] O agricultor brasileiro no precisa mais confiar apenas nos mitos, mas
pode lanar mo tambm dos fatos.
ROMANI, Luciana Alvim Santos. Cultura popular e cincia na agricultura brasileira. In:
Embrapa Informtica Agropecuria. AGRInforma, ano I, no 5, set. / out. 2003.
6. Voc conhece mitos ligados previso do tempo? Em caso afirmativo, compartilhe com a
turma.
Fim do texto & contexto.
152
Precipitaes atmosfricas.
Quem nunca observou, quando criana, os desenhos que as nuvens formam no cu? Como
podemos explicar aquelas curiosas figuras?
As nuvens so aglomerados de gotculas de gua ou de cristais de gelo que flutuam em
suspenso nas camadas mais elevadas da troposfera. Formam-se pela condensao do vapor
de gua. Veja nas imagens abaixo.
Segue descrio do quadro.
Tipos bsicos de nuvens.
| Cirros: so as nuvens mais altas, formadas por cristais de gelo; situam-se a 8 ou mais
quilmetros de altitude; tm aparncia fibrosa e so conhecidas como "rabo de cavalo" ou
"rabo de galo". Fonte: ICONICA / GETTY IMAGES. ||
| Cmulos: assemelham-se a flocos de algodo verticalmente alongados, com base reta e topo
arredondado; situam-se entre 2 e 6 quilmetros de altitude. Fonte: LAURANCE B. AIUPPY /
PHOTOGRAPHERS CHOICE / GETTY IMAGES. ||
| Estratos: parecem formar camadas horizontais, mais baixas que as outras nuvens. Situadas
entre 500 e 1.000 metros de altitude. Fonte: STEFAN KOLUMBAN / PULSAR IMAGENS. ||
Fim do quadro.
No raro, a condensao do vapor de gua ocorre prximo superfcie, formando os
nevoeiros ou neblinas, que so gotculas suspensas no ar. Quando o resfriamento do ar durante
a noite faz com que o vapor de gua irradiado da Terra se condense superfcie, origina-se o
orvalho, formado de gotas de gua sobre as plantas e outros objetos. Se a temperatura da
superfcie atinge zero grau, o orvalho forma uma delgada camada de gelo denominada geada.
153
H ainda o granizo, a neve e a chuva, que se formam quando o vapor de gua se condensa
muito acima da superfcie terrestre. As nuvens, sobretudo as dos tipos estratos e cmulos,
que do origem a essas precipitaes atmosfricas. Elas ocorrem quando o vapor de gua, em
suspenso na atmosfera, condensa-se ou congela, e cai na forma de gua ou gelo em direo
superfcie terrestre.
O granizo formado nas partes mais elevadas das nuvens do tipo cmulos, onde a
temperatura muito baixa. Sua formao deve-se s correntes convectivas (movimento
vertical do ar), que conduzem as gotas de gua para as camadas mais elevadas e frias, onde se
d o congelamento.
A neve resulta da cristalizao do vapor de gua no interior ou pouco abaixo das nuvens
quando a temperatura permanece abaixo de zero grau Celsius. medida que os cristais de
gelo caem, eles se juntam e formam os flocos de neve. O acmulo de neve nas regies frias
responsvel pela formao das geleiras.
As chuvas.
Voc aprendeu que, ao subir para a atmosfera, o vapor de gua se concentra, formando
nuvens. Quando uma nuvem saturada de vapor de gua entra em contato com uma camada de
ar frio, forma-se a chuva. Tambm chamada de precipitao pluvial, a chuva a mais comum
das precipitaes e, como voc sabe, um importante fenmeno para os seres humanos e para
o planeta.
O resfriamento do ar e a posterior formao da chuva podem ocorrer de vrias formas. Assim,
h trs tipos de chuvas: convectivas, orogrficas e frontais. Ao estud-las a seguir, procure
examinar os esquemas e tambm o mapa-mndi. O mapa indica as isoietas, linhas que, em um
mapa, unem os pontos de igual precipitao.
Chuvas convectivas.
Voc aprendeu que o ar aquecido tende a subir na atmosfera porque se torna mais leve. Como
a temperatura diminui com a altitude, a umidade que essa massa contm, isto , a gua
evaporada, ao subir na atmosfera, vai se resfriar e se condensar, provocando chuvas.
Como h uma circulao local vertical da gua, pois as chuvas ocorrem no mesmo lugar da
evaporao, esse tipo de precipitao chamado chuva convectiva. Observando as setas do
esquema a seguir voc pode entender melhor esse processo.
Se voc mora no Sudeste ou Sul do Brasil, j deve ter ouvido um comentrio como: "Uma
frente fria est se aproximando". Como voc viu, isso acontece porque as massas de ar frio
tendem a se deslocar em direo s zonas mais quentes. Nesse caso, o que ocorre um choque
do ar de origem polar com a massa de ar quente, que na ocasio cobre o territrio em que
voc est.
Quando se d o avano do ar frio, o ar quente, por ser mais leve, empurrado para cima, o
que tambm ocasiona um movimento de conveco. Ou seja, o ar quente sobe, perde
temperatura, o vapor de gua se condensa e se precipita. Acompanhe esse processo
observando as setas do esquema a seguir. No mapa-mndi da pgina seguinte, observe a
distribuio da precipitao.
155
Sob presso.
Para compreender melhor o tempo e o clima da Terra, necessrio estudar, ainda, outras
propriedades fsicas que determinam a dinmica da atmosfera. Para tanto, comece imaginando
que voc est com um dos braos estendidos com a palma da mo aberta e voltada para cima.
Ao fazer esse gesto, voc est, na verdade, carregando na palma da mo a coluna de ar que se
estende dela at o espao.
Como voc j deve ter visto nas aulas de Cincias ou Biologia, o ar atmosfrico pesa e muito,
pois estamos falando de cinco quatrilhes de toneladas. Essa imensa e pesada massa a fora
que gera a presso do ar. Em outras palavras, presso atmosfrica o peso da camada de ar
que envolve o nosso planeta. Ela ocorre em razo da fora de gravidade da Terra, que prende
os gases ao redor do planeta e pressiona-os em direo superfcie.
Boxe complementar.
GEO mais.
O mandachuva.
O bom caipira, que vive em contato direto com a terra, sabe da importncia de uma chuva ou
de um dia de sol, e desde cedo acostuma-se a olhar as fases da lua, a interpretar os fenmenos
da natureza. O ritual meteorolgico popular a mistura de crenas religiosas e de outras
tradies, que vai passando de gerao em gerao.
Cada regio tem seu santo forte, que interfere no andamento do tempo [...].
Os caipiras costumam dizer: "A chuva braba cai no dia 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora
das Candeias, e a chuva mida no Natal. Vento seco no dia de So Bartolomeu, 24 de agosto.
A primeira chuva ns a esperamos no dia 8 de setembro, que o dia de Nossa Senhora das
Brotas".
O mandachuva. In: Dirio de Minas. Belo Horizonte, 29 de abril de 1966.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1 Observe as ilustraes da pgina ao lado e elabore uma legenda explicativa para cada uma
delas.
2 Observe o mapa-mndi (acima) e responda:
a) O que so isoietas?
b) Em que reas do globo ocorrem as precipitaes mais intensas?
c) Em que reas ocorrem os menores ndices de precipitao?
3 No vero, como o comportamento da chuva no local em que voc mora?
156
O peso da atmosfera to grande que poderia nos achatar como folhas de papel. Mas,
evidentemente, isso no acontece porque a presso do ar sobre o nosso corpo se faz em todos
os sentidos: de cima para baixo, de baixo para cima e pelos lados. Alm disso, o ar entra em
nossos pulmes, permitindo o equilbrio do nosso corpo com o ar que nos envolve.
A presso atmosfrica medida por um aparelho chamado barmetro.
Presso atmosfrica e altitude.
Sendo um importante elemento do tempo e do clima, a presso atmosfrica varia de um lugar
para outro em razo da influncia de alguns fatores. Um deles a altitude.
Para compreender melhor a variao da presso atmosfrica em funo da altitude, pense
numa pirmide humana. Na pirmide, as pessoas da base suportam mais peso do que as que
esto logo acima; por sua vez, as que esto por cima no suportam peso algum.
Assim, medida que nos elevamos acima do nvel do mar, o peso da atmosfera vai
diminuindo. Com a altitude, o ar vai se tornando cada vez mais rarefeito, escasso. Dessa
forma, a presso atmosfrica menor nas altas montanhas J o ar ao nvel do mar sustenta o
peso de todo o ar por sobre ele. Portanto, quanto maior a altitude, menor ser a presso
atmosfrica; quanto menor a altitude, maior ser o peso do ar. Confira no esquema abaixo.
Outro fator que interfere na presso atmosfrica a temperatura do ar. Para melhor
compreender essa relao entre presso e temperatura do ar, pense no seguinte: os gases que
compem o ar se expandem quando so aquecidos e se contraem quando so resfriados;
quando o ar est quente, as molculas dos gases afastam-se e, assim, ele se expande, fica mais
rarefeito e, em consequncia, pesa menos. Em outras palavras, as altas temperaturas
provocam a diminuio da presso do ar. Por isso nas zonas tropicais, onde as temperaturas
do ar so mais elevadas, que, em geral, as presses atmosfricas so mais baixas.
Quando o ar est mais frio, as molculas dos gases agrupam-se tornando o ar mais denso.
Estando mais denso, o ar pesa mais. Portanto, as baixas temperaturas causam o aumento da
presso atmosfrica. Isso acontece, sobretudo, nas zonas polares e temperadas, onde as
temperaturas so, em geral, mais baixas. Sintetizando:
altas temperaturas = baixa presso atmosfrica.
baixas temperaturas = alta presso atmosfrica.
157
A movimentao do ar.
A atmosfera est em constante movimentao. Isso se deve a vrios fatores, sobretudo
desigualdade da radiao solar, responsvel pelas diferenas de temperatura, que por sua vez
ocasionam diferentes presses atmosfricas na superfcie terrestre.
Nas zonas de alta presso atmosfrica, o ar mais comprimido do que nas zonas de baixa
presso. Por estar comprimido, o ar procura espaos para onde se deslocar. Nas zonas de
baixa presso h mais espao, pois nelas o ar encontra-se rarefeito. Assim, as zonas de baixa
presso atraem o ar das zonas de alta presso.
Devido s diferenas de presso, o ar est quase sempre em movimento, deslocando-se das
zonas de alta presso para as zonas de baixa presso. Esse deslocamento do ar o vento.
| 1. O Sol aquece a superfcie terrestre que por sua vez aquece o ar prximo a ela.
2. Aquecido, o ar fica menos denso, mais leve e sobe para as pores mais elevadas da
atmosfera.
3. O ar volta a resfriar devido altitude.
4. Frio, o ar fica mais denso, mais pesado e desce, dando continuidade ao ciclo.
Fonte: ADAPTADO DE FORSDYKE, A. G. PREVISO DO TEMPO E CLIMAS. SO
PAULO: EDUSP, 1969. ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA. ||
de ar frio - a ventania toma a forma de um cone invertido e sai num turbilho arrasador com
velocidade de at 500 km/h.
Guia do estudante. Geografia vestibular. So Paulo: Abril, 2009.
Esse desvio ocorre devido rotao da Terra. Caso ela no existisse, os ventos teriam a
direo norte-sul.
Fonte: ADAPTADO DE THE GREAT WORLD ATLAS. NEW YORK: AMERICAN MAP
CORPORATION, 1989.
Fonte: ADAPTADO DE THE GREAT WORLD ATLAS. NEW YORK: AMERICAN MAP
CORPORATION, 1989.
Texto & contexto.
1. Explique a dinmica dos ventos alsios. Na sua explicao, acrescente uma definio para
CIT (Convergncia Intertropical dos Alsios).
2. Selecione um pargrafo adequado para explicar o esquema ao lado. Anote-o.
3. Observe os mapas acima e responda: por que os ventos de mones de vero so
carregados de umidade?
162
Dinmica das massas de ar.
Provavelmente voc j ouviu, nos noticirios do rdio ou da TV, frases como esta: "Uma
massa de ar polar vai atingir o Rio Grande do Sul trazendo muito frio e neve nos prximos
dias". Tambm pode ter visto massas de ar em imagens de satlites na internet ou publicadas
em jornais.
As massas de ar so responsveis pelas mudanas no tempo e no clima de uma determinada
regio, trazendo frio, calor e outras condies atmosfricas por um curto ou longo perodo. O
vento, que voc viu no item anterior, origina-se justamente do deslocamento das massas de ar.
Para melhor compreender o que uma massa de ar, imagine uma bacia com gua onde, ao
derramar um pouco de leo, bolhas se formam, se espalham no recipiente, mas no se
misturam gua. As bolhas de leo seriam as massas de ar e a gua seria o restante da
atmosfera.
Mas, em climatologia, massas de ar so partes ou volumes de atmosfera que se deslocam na
troposfera devido s diferenas de presso atmosfrica entre as diversas zonas da superfcie
terrestre. O movimento das massas de ar ocorre de uma zona de alta presso atmosfrica
(anticiclonal) para uma zona de baixa presso (ciclonal).
Semelhantes a grandes bolses, as massas de ar tm caractersticas prprias no que se refere a
presso, temperatura, umidade, etc. Horizontalmente, uma massa de ar pode se estender de
500 km a 5.000 km e, verticalmente, por 500 m a 20 km.
Ao deslocar-se, as massas de ar levam consigo as caractersticas adquiridas na regio de
origem. Por exemplo, uma massa de ar que se forma no oceano, prxima linha do equador,
ser quente e mida; ao se deslocar para o continente, vai trazer altas temperaturas e muita
umidade. Por outro lado, uma massa de ar formada prximo a um dos polos ser fria e seca;
ao chegar ao continente, vai provocar grandes quedas de temperatura. Veja, no quadro abaixo,
a classificao das massas de ar. No mapa-mndi, identifique as massas de ar e seus
deslocamentos.
| As imagens de satlite acima foram feitas pelo Centro de Previso de Tempo e Estudos
Climticos (CPTEC) e mostram o movimento das massas de ar entre os dias 10 e 12 de agosto
de 2009, na Amrica do Sul. No dia 10, vemos nuvens na regio Sul, no Paraguai e na
Argentina, associadas a nevoeiros. Em outras reas do Brasil h uma massa de ar seco, que
permaneceu pelos dois dias seguintes. Na regio Nordeste vemos nuvens baixas associadas
aos ventos que sopram do oceano para o continente; elas permaneceram nos dois dias
seguintes. No dia 11, vemos nebulosidade principalmente entre o Atlntico e os estados do
Rio de Janeiro, So Paulo e sul de Minas Gerais, devido a um resqucio de frente fria. Por fim,
no dia 12, a nebulosidade encontra-se no Esprito Santo e sul da Bahia. Fonte: IMAGENS:
INPE / CPTEC / CENTRO DE PREVISO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMTICOS. ||
164
Boxe complementar.
GEO mais.
Massas de ar no Brasil e na Amrica do Sul.
Durante o inverno, massas frias que se deslocam das zonas de alta presso polar sul atingem o
territrio brasileiro trazendo frentes frias para as regies Sul e Sudeste do pas. Essas frentes
so responsveis pelas chuvas de inverno e pelas baixas temperaturas durante essa estao. As
chuvas de vero, por sua vez, so geralmente provocadas pelos ventos alsios de sudeste.
Muitas vezes, a massa de ar polar penetra at o litoral do Nordeste do Brasil. Por isso os
invernos so chuvosos nessa regio, principalmente no litoral. A massa polar fria encontra-se
com a massa tropical atlntica mida, formando frentes que provocam chuvas. Veja no mapa
abaixo ( esquerda).
Tambm no inverno, um ramo das massas frias penetra pela plancie do Pantanal, atingindo o
Norte do Brasil e provocando o fenmeno conhecido na regio como friagem, pois causa a
queda da temperatura durante trs a quatro dias.
Na mesma estao, sob o domnio de massa quente e seca, o Centro-Sul brasileiro pode ficar
um longo perodo sem chuvas, o que causa grandes problemas para a agricultura. Isso
acontece quando a massa fria no consegue penetrar na massa tropical continental que domina
a regio. Veja no mapa abaixo ( direita).
A circulao das massas de ar no Brasil est diretamente associada circulao geral das
massas de ar na Amrica do Sul. O relevo brasileiro interfere na ao das massas de ar.
Fonte das imagens: Adaptado de Atlas geogrfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE , 2007.
165
Frentes frias ou quentes.
Deslocando-se, fundamentalmente, no sentido latitudinal (do equador em direo aos polos e
dos polos em direo ao equador), massas de ar com temperaturas diferentes podem entrar em
contato. As mudanas no tempo, em geral, so provocadas por esses encontros. As reas de
contato entre massas de ar de caractersticas diferentes chamam-se frentes ou sistemas
frontais. As frentes podem ser frias ou quentes.
A frente fria ocorre quando uma massa de ar frio entra em contato com uma massa de ar
quente, empurrando-a. Devido alta presso, o ar frio penetra sob a massa de ar quente,
elevando-a e formando nuvens. Dessa forma, o ar quente resfria-se e a gua contida nas
nuvens cai na forma de chuva.
Nas frentes frias, os ventos podem atingir grande velocidade e, como consequncia, as
alteraes no tempo so mais significativas.
Quando uma massa de ar quente entra em contato com uma massa de ar frio, empurrando-a,
ocorre uma frente quente. Nesse caso, o ar quente desliza sobre o ar frio mais denso. A
chegada de uma frente quente tambm pode ocasionar chuvas em quantidade moderada e
ventos de baixa velocidade.
167
Boxe complementar.
GEO mais.
El Nio.
O fenmeno conhecido como El Nio consiste no aquecimento das guas do oceano Pacfico,
que ocorre no perodo primavera-vero, com intervalos variados, geralmente de sete a onze
anos. O nome, que significa "o menino" ou "Menino Jesus", em espanhol, foi usado pela
primeira vez por pescadores peruanos ao observarem a chegada de uma corrente ocenica
quente perto da poca do Natal.
Aquecida, parte da gua evapora, ganha altitude e, levada por ventos de oeste, volta a cair em
forma de chuva no oeste da Amrica do Sul, particularmente no Peru e Equador; ao associarse com as frentes frias de origem antrtica, provoca chuvas intensas no Sul e Sudeste do
Brasil. Em contrapartida, a pluviosidade diminui no leste da Amaznia e a seca se agrava no
Nordeste brasileiro. Veja, no mapa abaixo, alguns episdios climticos observados nos anos
de El Nio forte.
s vezes, em vez de se aquecerem, as guas do Pacfico se resfriam alm do normal. Ocorre,
ento, La Nia, quando a situao se inverte: escassez de chuvas no Brasil meridional e
pluviosidade farta no Nordeste.
Quando El Nio atinge grande intensidade, ocorrem perturbaes climticas em vrias partes
do mundo, como veres muito quentes no centro-oeste da Europa, invernos pouco frios no sul
do Canad e norte dos Estados Unidos, seca pronunciada na Indonsia e na frica do Sul,
enchentes em muitos lugares e aumento dos furaces e tufes no Pacfico.
El Nio est relacionado chamada oscilao sul, que uma espcie de gangorra atmosfrica:
diminui a presso do ar e aumenta a temperatura na costa pacfica da Amrica do Sul, ao
mesmo tempo que aumenta a presso e diminui a temperatura na Indonsia. Por isso o
fenmeno hoje tambm conhecido pelo nome composto Enos (El Nio / Oscilao Sul).
Adaptado de BRAS, Herv le. Os limites do planeta - Mitos da natureza e da populao.
Lisboa, Instituto Piaget, pp. 71 - 83.
| Episdios climticos anormais observados nos anos de El Nio forte (1982, 1993, 1997,
2002 e 2006), para o perodo dezembro-fevereiro.Fonte: NOAA, 2006 / ATLAS DO MEIO
AMBIENTE. SO PAULO: LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL / INSTITUTO PLIS,
2008. p. 43. ||
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Anote o que so correntes martimas e explique como elas interferem na dinmica climtica
da Terra.
2. Observe o mapa ao lado e escreva o nome das correntes martimas que interferem nos
climas do Brasil.
3. Como o El Nio interfere no clima do Brasil?
Fim do texto e contexto.
168
Climas da Terra.
No h climas idnticos na Terra. Esta uma frase com a qual ningum discorda.
Mesmo sabendo que o clima , sobretudo, dinmico e sofre variaes locais a todo momento,
classificar o clima da Terra tem sido uma necessidade humana. Embora todas as classificaes
climticas possam ser consideradas uma espcie de simplificao da realidade, elas so
referncias para diversas atividades e pesquisas.
Para definir os padres climticos que voc vai ver a seguir, foram necessrios muitos anos de
pesquisas e observaes que levaram em conta diversos fatores, como os seguintes: latitude;
altitude; maritimidade; continentalidade; presso atmosfrica; influncia das correntes
martimas, entre outros. Ao estudar a dinmica atmosfrica, voc aprendeu de que forma cada
um deles se relaciona com o tempo e o clima da Terra.
Uma classificao climtica muito adotada a de Kpen, que se baseia fundamentalmente nas
mdias de temperatura do ar e pluviosidade em um intervalo de pelo menos 30 anos. A
repetio de determinados tipos de tempo atmosfrico, resultantes da atuao das massas de
ar, permite a identificao de dez tipos climticos.
No mapa-mndi e nos quadros a seguir, observe a localizao e as peculiaridades de cada tipo
climtico. Observe, tambm, cada um dos grficos.
Denominados climogramas, os grficos representam duas variveis simultaneamente: as
temperaturas e as precipitaes mensais de uma determinada rea. Os climogramas permitem
a identificao de cada um dos climas e at uma diferenciao entre eles.
Climas do passado.
Voc assistiu ao desenho animado A Era do Gelo, lanado em 2002? O desenho mostra um
mamute, uma preguia gigante e um tigre-dentes-de-sabre, trs personagens que se unem
numa divertida aventura. O que isso tem a ver com o assunto deste item? que a histria que
une esses trs animais to diferentes se passa na era glacial, um perodo geolgico de longa
durao marcado pela diminuio da temperatura na Terra.
H milhares e milhares de anos, a Terra vem atravessando fases de aquecimento e
resfriamento constantes. Os perodos gelados, chamados de eras glaciais, duram em mdia
100 mil anos e so intercalados por eras temperadas chamadas interglaciais, como a que
vivemos atualmente. Esses perodos costumam durar 10 mil anos.
Assim, os tipos climticos da Terra abordados no item anterior nem sempre existiram ou
possuram as caractersticas que voc estudou. Ao longo do tempo geolgico, o planeta passou
por uma srie de transformaes que resultaram em variaes e mudanas climticas. Muitas
esto "gravadas nas rochas".
Os elementos da histria climtica da Terra esto contidos na natureza atravs das
acumulaes de gelo e poeiras, em sedimentos lacustres e ocenicos, em sedimentos de certas
| Parque do Varvito, em Itu (SP). Observe as camadas claras e escuras. Foto de 2009. Fonte:
JACEK IWANICKI / KINO. ||
Dunas e antigas praias, por exemplo, podem evidenciar um ambiente rido que existiu num
passado longnquo. Os morros-testemunho (elevaes isoladas, desgastadas lateralmente) e
outras formas de relevo residuais sugerem a existncia de perodos mais midos.
J se sabe, por exemplo, que h cerca de 300 a 350 milhes de anos, geleiras continentais
recobriam parte significativa da Amrica do Sul, frica, ndia, Austrlia e Antrtida, quando
ainda formavam Gondwana, uma mesma massa continental. O mesmo teria ocorrido com a
Groenlndia, Austrlia e sia h cerca de 600 e 800 milhes de anos.
Evidncias indicam que, h cerca de 8,5 mil anos, as geleiras recuaram na Europa at as suas
posies atuais. Na Amrica do Norte, o mesmo aconteceu h cerca de 7 mil anos.
Estudos mostram que, h cerca de 2800 anos e tambm h 350 anos, a Terra passou por
perodos marcantes de declnio de temperatura. O perodo entre 1550 e 1850 conhecido
como "pequena idade do gelo".
A partir da metade do sculo XX, a tendncia tem sido o aumento das mdias de temperatura
da Terra. Os registros sobre a temperatura mdia na Terra comearam em 1850 e mostram que
dez dos anos mais quentes, desde o incio da medio, correspondem ao perodo que vai de
1997 a 2008. O recorde de ano mais quente foi o de 1998, quando a temperatura mdia na
Terra alcanou 14,52 graus Celsius.
Ser que novas mudanas climticas j esto acontecendo, assim como no passado da Terra?
No captulo 8, voc vai refletir sobre essas e outras questes que envolvem o clima do planeta
em que vivemos.
Texto & contexto.
1. Analise os climogramas de Petrolina e Moscou (p. 171). Registre as semelhanas e
diferenas entre eles.
2. Retome o mapa-mndi da pgina 169. De acordo com o mapa, que tipos de clima
predominam no territrio brasileiro?
3. Muitas das variaes e mudanas climticas da Terra esto "gravadas nas rochas". Explique
a frase e d exemplos.
4. Os registros sobre a temperatura mdia na Terra comearam em 1850 e mostram que dez
dos anos mais quentes, desde o incio da medio, correspondem ao perodo que vai de 1997 a
2008. Em sua opinio, que fenmenos explicam o aumento de temperatura entre 1997 e 2008?
Fim do texto & contexto.
174
solo, rochas e vegetao em uma mesma regio como resultado das mudanas sofridas pelo
clima da Terra no decorrer dos seus milhes de anos de evoluo.
A Teoria dos Redutos.
A rea compreendida entre as cidades de Salto e Jundia foi o primeiro campo de estudos de
Ab'Saber em sua pesquisa sobre os fatores climticos e ecolgicos do passado. Ao falar das
viagens como estudante, Ab'Saber relembra a curiosidade de seus mestres em estudar certas
linhas de pedras localizadas no meio de barrancos e encostas de morros ou a cerca de um
metro abaixo da superfcie. Certa vez, ouviu de outro gegrafo francs, Jean Tricart, uma
ideia que, mais tarde, chamou de luminosa.
"O professor Tricart olhava as linhas de pedras e dizia: - Nesse tempo havia um cho
pedregoso. No passado, aqui houve um clima mais seco, com uma flora que poderia ser de
caatingas ou cerrados." Mais tarde, Ab'Saber viria a comprovar a predominncia das caatingas
naquela regio do estado entre 23 mil e 13 mil anos atrs. "Eu comecei a olhar as linhas de
pedras pelo Brasil inteiro. De Roraima at fora do Brasil, no Uruguai. Fiz um mapa baseado
nas reas de maior intensidade de aparecimento dessas linhas. Eu sabia da importncia das
stone - lines [linhas de pedras] para a cincia em geral e, por muito tempo, esse termo varou
pela cincia afora sem explicao. Foi, ento, que se descobriu no Brasil que aquilo
representava um cho pedregoso e, portanto, um clima diferente daquele que, hoje, existe na
regio.".
Estava iniciado o caminho que o levou Teoria dos Redutos, uma referncia importantssima
para cincias como geologia, geografia, biologia e zoologia. Durante o perodo geolgico do
quaternrio antigo, cerca de 500 mil anos atrs, o nvel do mar desceu lentamente at algo em
torno de 100 metros abaixo do seu nvel atual. O clima do planeta ficou mais frio e seco, com
boa parte das guas concentrada nas geleiras polares. Uma corrente fria dominou as reas de
clima tropical. Com a reduo da tropicalidade, reduziram-se as florestas. Os espaos
deixados por elas foram ocupados por caatingas, tpicas de climas secos. Os cactos que
encontramos hoje nos subrbios de cidades como Salto, Itu e Jundia so descendentes das
sementes daqueles que dominaram a regio cerca de 20 mil anos antes do presente.
Seguindo a mesma linha de pensamento, Ab'Saber definiu que, iniciada a retropicalizao do
planeta, as temperaturas voltaram a elevar-se, derretendo geleiras e fazendo o nvel do mar
retornar ao seu nvel anterior. A umidade voltou e as reas de florestas que haviam se reduzido
muito puderam expandir, ocupando as reas que hoje conhecemos. "Em alguns pontos, como
na floresta Amaznica, vrias florestas diferentes emendaram-se umas s outras nesse
momento em que a umidade retornou [...] As florestas se espalharam para os lados e a
caatinga se concentrou no interior. Eu no chamei [essas reas] de refgios. Chamei-as antes
de redutos de florestas.".
[Na visita recente regio de Itu e Salto] Ab'Saber sobe em barrancos, adentra pelo canteiro
da estrada, entrevista moradores, que nem sequer imaginam estar vivendo ao lado de um stio
importantssimo para os cientistas brasileiros.
Adaptado de Peixoto, Jefferson Gorgulho. Os redutos. Disponvel no site de Drauzio Varella:
http://drauziovarella.com.br/ponto/aziz_comeco2.asp . Acesso em: ago. 2009.
1. No texto, vemos que Ab'Saber estudou uma rea entre as cidades de Salto e Jundia que
apresentava as chamadas linhas de pedras. A partir desse estudo, o gegrafo criou a Teoria dos
Redutos.
a) O que so linhas de pedras?
b) O que AbSaber descobriu a partir das linhas de pedras estudadas?
2. Explique a Teoria dos Redutos considerando os climas do passado.
3. "Ab'Saber sobe em barrancos, adentra pelo canteiro da estrada, entrevista moradores, que
nem sequer imaginam estar vivendo ao lado de um stio importantssimo para os cientistas
brasileiros." Que relao pode ser traada entre a pesquisa de AbSaber e a necessidade de
preservao ambiental?
175
Recomendamos.
Livros.
Os senhores do clima.
Autor: Tim Flannery.
Record, 2007.
Qual o verdadeiro alcance das atuais mudanas climticas? Nesse livro, o autor Tim Flannery
trata da necessidade de discutir as consequncias das mudanas no clima da Terra e examinar
se elas constituem uma ameaa nossa sobrevivncia.
O clima urbano.
Autores: Carlos Augusto Figueiredo Monteiro e Francisco Mendona.
Contexto, 2003.
Esse livro uma referncia para o estudo do ambiente atmosfrico urbano do Brasil. Os
autores levam em conta aspectos especficos do pas em que vivemos para examinar os
problemas que afetam os habitantes de nossas grandes cidades. Alm disso, o livro expe a
evoluo do estudo do ambiente atmosfrico no pas e aponta as principais tendncias e
desafios nesse campo do conhecimento.
Clima e meio ambiente.
Autor: Jos Bueno Conti.
Atual, 1998.
A relao entre clima e meio ambiente tratada, nesse livro, de maneira atualizada e
reflexiva. A dimenso cotidiana do clima, assim como seu comportamento em perodos
longos e em escala global, so tratados em linguagem acessvel.
Sites.
De olho no clima - British Council: www.deolhonoclima.com.br.
O projeto De olho no clima uma iniciativa do British Council para difundir o conhecimento
sobre as mudanas climticas no Brasil. A reflexo sobre sustentabilidade, impactos no meio
ambiente e a promoo de aes de conscientizao so alguns dos objetivos do projeto. Na
janela "Mudana climtica", voc encontra textos atualizados sobre o assunto, alm de dicas
sobre outros sites que tratam do tema e um relatrio sobre as consequncias das mudanas
climticas no Brasil.
Mudanas climticas: www.mudancasclimaticas.andi.org.br.
O site apresenta artigos, entrevistas, biblioteca multimdia (com links para vdeos e textos) e
inmeras reportagens sobre as mudanas climticas no planeta. Na janela "Olhar em
profundidade", voc encontra textos sobre o sistema climtico da Terra, as diferenas entre
tempo e clima, o efeito estufa, o papel do carbono e outros assuntos.
Instituto Nacional de Meteorologia: www.inmet.gov.br.
O site do Instituto Nacional de Meteorologia apresenta informaes detalhadas sobre o tempo
no Brasil; alm disso, apresenta textos atualizados sobre cobertura de nuvens, ventos,
precipitao, umidade relativa, etc. Na janela "Imagens de satlite", voc tem acesso a fotos
atualizadas de satlite de diversas reas do mundo. Na janela "Previso do tempo", possvel
acessar a previso por municpio.
Filmes.
Uma verdade inconveniente. Direo: Davis Guggenheim. Documentrio. Estados Unidos,
2006. 100 min.
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, apresenta, nesse documentrio, uma
anlise sobre o aquecimento global, mostrando alguns equvocos e mitos em torno do tema.
Al Gore tambm expe possveis sadas para que o planeta Terra no sofra, no futuro, uma
catstrofe climtica.
A marcha dos pinguins. Direo: Luc Jacquet. Estados Unidos / Frana, 2005. 85 min.
Na Antrtida, toda vez que chega o ms do inverno, centenas de pinguins fazem uma jornada
de quilmetros em direo ao terreno de reproduo natural da espcie.
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Voc estudou, neste captulo, a movimentao do ar e os tipos de vento da Terra. Agora,
observe os dois conjuntos (ilustrao e mapa) a seguir e faa o que se pede:
d) mais da metade da radiao solar que absorvida diretamente pelo solo devolvida para a
atmosfera.
e) a quantidade de radiao emitida para o espao pela atmosfera menor que a irradiada para
o espao pela superfcie.
4. (Enem). A chuva o fenmeno natural responsvel pela manuteno dos nveis adequados
de gua dos reservatrios das usinas hidreltricas. Esse fenmeno, assim como todo o ciclo
hidrolgico, depende muito da energia solar. Dos processos numerados no diagrama, aquele
que se relaciona mais diretamente com o nvel dos reservatrios de usinas hidreltricas o de
nmero
a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.
e) V.
5. (Furg-RS). Os climogramas a seguir apresentam variaes de temperatura e de
pluviosidade de dois municpios da regio Centro-Sul. As barras indicam o ndice
pluviomtrico e a linha representa as variaes de temperatura.
Fonte: INMET.
Fonte: INMET.
Com base na anlise desses climogramas, pode-se afirmar que:
I. 1 est em rea de clima tropical com sazonalidade pluvial bem definida.
II. 2 est em rea de clima tropical de altitude com sazonalidade trmica e pluvial bem
definida.
III. 1 est em rea de clima tropical semirido com sazonalidade pluvial e relativa
uniformidade trmica.
IV. 2 est em rea de clima subtropical de sazonalidade trmica e relativa uniformidade
pluvial.
V. 1 e 2 esto em uma mesma rea climtica, j que ambos so municpios da regio CentroSul.
Assinale a alternativa que apresenta afirmaes corretas:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) III e IV.
e) Apenas V
6. (Unicamp-SP). O mapa abaixo representa o estado de So Paulo e as mdias de temperatura
em duas cidades paulistas. Observando o mapa, responda:
f) Na data combinada, comentem a ficha do grupo com o professor e com a turma, tomando
como base as questes a seguir e as imagens dos jornais.
- Qual foi a temperatura mdia durante os quinze dias de observao? Houve mudanas
bruscas na temperatura do ar ou ela permaneceu estvel?
- Qual foi a amplitude trmica verificada no perodo?
- Como se comportou a umidade do ar? E a chuva? O que vocs diriam sobre os ventos
durante os quinze dias observados?
- Que massas de ar dominaram a atmosfera no perodo observado? O que elas tm a ver com
os tipos de tempo que o grupo observou?
| T: temperatura do ar; U: umidade (muito seco, seco, mido, muito mido); V: vento (fraco,
mdio, forte); N: nebulosidade (muita, mdia, pouca, nenhuma); C: chuva (presena,
ausncia). Fonte: ADAPTADO DE REGO, NELSON; CASTROGIOVANNI, ANTONIO
CARLOS; KAERCHER, NESTOR ANDR (ORGS). GEOGRAFIA - PRTICAS
PEDAGGICAS PARA O ENSINO MDIO. PORTO ALEGRE: ARTMED, 2007, p. 108. ||
Outras ideias para ampliar as observaes do tempo:
1. Para medir a temperatura do ar, utilizem um termmetro de lcool simples, sombra e
protegido das correntes de ar.
2. A direo do vento pode ser aferida com um cata-vento feito com uma lmina de plstico
presa numa vareta.
Em debate.
- Por que os servios de previso do tempo so to requisitados na atualidade?
180
Alerta vermelho.
Consumo exagerado em muitos pases ricos, misria nos trpicos, desmatamento, poluio
das guas, do ar e dos solos e tantas outras formas de agresso que alteram os ciclos
bioqumicos e climticos do planeta, pondo em risco todas as formas de vida. A
biodiversidade sofre com a irreversvel extino de espcies.
As preocupaes em relao s questes ecolgicas so exploradas quase diariamente nos
meios de comunicao, nas empresas e nas escolas de todos os nveis. Est "no ar" uma
espcie de alerta vermelho, pois visvel que a vida no planeta encontra-se cada vez mais
ameaada pelas atividades humanas.
No contexto de centenas de pesquisas e reflexes sobre a perda de ambientes naturais, esto
presentes dois conceitos importantes para compreender que na natureza tudo est interligado:
bioma e ecossistema.
| A vida no planeta encontra-se ameaada pelas atividades humanas. Por isso a preservao
ambiental torna-se cada vez mais importante em nossos dias. Na foto, jequitib no municpio
de So Carlos (SP), em 2000. Fonte: HAROLDO PALO JR. / KINO. ||
Bioma e ecossistema: h diferenas?
| Nem no mar nem na terra esto os manguezais, ecossistemas ainda presentes na Mata
Atlntica. Com terrenos lodosos, ao longo dos esturios, o mangue uma mistura dos dois
ambientes e representa um verdadeiro berrio de espcies marinhas e terrestres. Na foto,
mangue na foz do rio Itanas, Conceio da Barra (ES), em 2006. Fonte: RUBENS
CHAVES / PULSAR IMAGENS. ||
Em relao aos fatores biticos, podemos considerar que a fisionomia da vegetao uma das
caractersticas principais para classificar um bioma - o que no acontece necessariamente na
classificao dos ecossistemas. No bioma brasileiro Mata Atlntica, por exemplo, podemos
encontrar ecossistemas de mangues, de restingas, de cordes rochosos, etc. Veja na imagem
acima.
Vale destacar que, alm da fisionomia, da temperatura do ar, da distribuio das chuvas e de
outros fatores climticos, os biomas diferem entre si em funo das formas de relevo, da
altitude e dos solos. Eles costumam ser classificados em biomas terrestres (ou continentais) e
biomas aquticos.
Texto & contexto.
1. Entre as definies de bioma, anote aquela que, em sua opinio, a mais clara.
a) De acordo com o texto, em que condies um ecossistema poderia ser considerado um
bioma?
| Vista area da floresta Amaznica. Foto de 2008. A floresta guarda quase a metade das
espcies animais e vegetais e uma das maiores bacias hidrogrficas do planeta. Fonte:
ERNESTO REGHRAN / PULSAR IMAGENS. ||
| Aspecto de caatinga em rea prxima ao municpio de Cabaceiras (PB). Foto de 2007. Hoje,
a caatinga reconhecida como um bioma de alta biodiversidade. Fonte: ALEXANDRE
BELEM / KINO. ||
| Vista area do Pantanal, considerada a maior rea inundvel por gua doce do planeta. Foto
de 2006. Fonte: PAL ZUPPANI / PULSAR IMAGENS. ||
| rea de cerrado prxima ao municpio de Campo Maior (PI). Foto de 2008. O Cerrado
brasileiro abriga a mais rica flora de savana tropical do mundo. Depois da Mata Atlntica, este
o bioma brasileiro que mais sofreu alteraes com a ocupao humana. Fonte: PAL
ZUPPANI / PULSAR IMAGENS. ||
| Aspecto dos pampas em rea prxima ao municpio de Rosrio do Sul (RS). Foto de 2005.
Caracteriza-se principalmente pela vegetao aberta, de pequeno porte, e pelas terras frteis.
Fonte: DELFIM MARTINS / PULSAR IMAGENS ||
183
Uma classificao dos biomas da Terra.
Classificar climas, solos e outros elementos da natureza uma maneira que os estudiosos
consideram importante para ordenar as interpretaes sobre a realidade que nos cerca. Mas
bom saber que, embora teis na tarefa de ajudar a estabelecer semelhanas e diferenas, a
qualificar e a quantificar as coisas da natureza, as classificaes no correspondem
exatamente realidade, pois esta dinmica e repleta de detalhes e diferenas.
Ao propor uma classificao dos biomas terrestres em escala mundial (mapa abaixo),
Jurandyr L. Sanches Ross lembra que ela "associa fisionomia ao estgio de desenvolvimento
das comunidades no tempo atual".
O gegrafo tambm alerta que "um dos problemas dos mapas globais que eles mostram os
biomas numa situao hoje hipottica, pois no registram as atividades humanas. Indicam
uma situao-clmax da vegetao baseada nas condies climticas e de solos vigentes [...]
as modificaes provocadas pela agricultura e pela urbanizao transformam muitas das
formaes [...] em redutos nas paisagens, podendo ser encontrados apenas em manchas e
mosaicos nas regies no ocupadas ou onde o processo civilizatrio permitiu a convivncia
mais harmnica com o ecossistema natural".
Mesmo com os impactos causados pelas atividades humanas, os grandes biomas mundiais
demoraram muito para se desenvolver. Eles resultaram de bilhes de anos de interligao
ecolgica de todos os eventos que ocorreram na Terra e da qual fazemos parte.
185
2. O mapa acima pode ser considerado uma espcie de "documento histrico". Voc concorda
com a frase? Por qu?
3. Examine o significado e a distribuio das cores no mapa acima e no mapa da pgina 169.
Imagine a sobreposio dos dois mapas e responda: O que voc diria sobre a vegetao de
savana e o clima semirido? E sobre a floresta boreal e o clima frio?
4. No municipio em que voc vive h paisagens vegetais originais? Em caso afirmativo, onde
se localizam?
Fim do texto & contexto.
186
Floresta equatorial e tropical.
| Na frica central, a floresta equatorial do Congo ainda guarda uma paisagem de matas
midas e quase impenetrveis com extraordinria riqueza de espcies vegetais, como o mogno
africano. Na foto, aspecto da floresta do Congo, em 2008. Fonte: ROBERTO SCHMIDT /
AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
As florestas equatoriais e tropicais localizam-se ao longo da faixa equatorial, alargando-se na
costa oriental dos continentes at uma latitude norte e sul de aproximadamente 26;
compreendem boa parte da Amrica, da frica, e o sul e sudeste da sia.
O clima quente e a variao anual da temperatura no ultrapassa 6 C. As chuvas so
abundantes, de origem convectiva em virtude da atuao dos ventos alsios, e so bem
distribudas durante o ano. Ocorrem, no entanto, duas mximas (equinociais), ou seja, dois
perodos de chuvas mais acentuadas, coincidentes com as datas dos equincios: 21 de maro e
23 de setembro. Os equincios (noites e dias iguais) so ocasies em que os raios solares
esto perpendiculares ao equador.
Nesse ambiente de calor e umidade, desenvolve-se a maior variedade vegetal do planeta. A
floresta sempre verde, de espcies megatrmicas e higrfilas, com folhas grandes e largas,
forma um emaranhado quase compacto, com rvores de at 50 metros de altura. Abaixo delas,
sucedem-se outras de menor porte at o limite das espcies arbustivas. No frequente a
presena de vegetao rasteira. Essa variedade, acrescida de grande quantidade de lianas e
cips, torna a floresta impenetrvel, abafada e mida.
Muitas so as espcies de valor econmico que permitem a extrao de madeiras de lei
(jacarand, mogno, etc.), de gomas, resinas e outros produtos. Com o avano da
biotecnologia, o interesse pela diversidade vegetal dessas florestas tem-se intensificado.
Nesse ambiente de difcil circulao quase no h animais de grande porte. A fauna rica em
rpteis, ofdios, macacos, aves, borboletas, insetos e micrbios.
Os solos das florestas equatoriais e tropicais so profundos e argilosos, consequncia da
decomposio qumica do material rochoso. Quanto sua fertilidade, at algumas dcadas
atrs acreditava-se que apenas um solo extremamente frtil poderia abrigar tamanha
diversidade vegetal, e muitas florestas foram desmatadas para dar lugar a projetos agrcolas.
Todavia, a investigao mostrou o oposto. Se, por um lado, a intensa atividade dos
microrganismos d origem a uma grande decomposio de matria orgnica vegetal
desprendida pela floresta, formando com isso boa quantidade de humo e nutrientes solveis,
por outro lado, as chuvas abundantes provocam a lixiviao, isto , a lavagem dos solos pelas
guas, com a perda de parte desses nutrientes. Assim, o solo funciona mais como um suporte
para a automanuteno da floresta, de tal maneira que, nas reas desmatadas, o trabalho dos
microrganismos se acelera e as chuvas removem rapidamente os produtos finais da
decomposio orgnica. Intensificam-se os processos de eroso, que chegam a formar sulcos,
chamados de voorocas. Restam solos cidos e pobres, incapazes de sustentar culturas
continuadas sem recuperao artificial.
Alm disso, por processos fsico-qumicos formam-se concentraes ferro-aluminosas que
do aos solos das reas quentes e midas uma colorao avermelhada, chegando a constituir, a
pequenas profundidades, crostas conhecidas como lateritas.
187
Savanas (Brasil: cerrado e caatinga).
De ambos os lados da linha do equador, tanto no hemisfrio norte quanto no hemisfrio sul,
onde o clima se caracteriza por apresentar uma estao seca e outra chuvosa, estendem-se as
savanas tropicais.
| Nos desertos, a vegetao escassa. Em geral, constituda por plantas espinhentas que se
desenvolvem aps as chuvas curtas e irregulares. As razes dessas plantas so muito profundas
e se expandem logo abaixo do solo procura de gua, que pode estar infiltrada na terra. Na
foto, o deserto do Atacama, no Chile. Fonte: MC PHOTO / OTHER IMAGES. ||
No hemisfrio norte, o domnio da aridez abrange o sudoeste dos Estados Unidos, o norte do
Mxico, o grande Saara e a pennsula Arbica. Por causa da influncia dos maiores conjuntos
orognicos * do centro-sul da sia, essa faixa rida desvia-se para o norte e alcana quase
todas as reas que vo at a sia central, na Monglia (deserto de Gbi), incluindo tanto a
sia Menor como o noroeste da ndia e da China. No hemisfrio sul, as zonas ridas so
menores. Abrangem os desertos do Atacama e da Patagnia, na Amrica; o deserto de
Kalahari, no sudoeste africano; e grande parte do territrio da Austrlia.
Nas reas propriamente desrticas, em que o total de chuvas anuais no ultrapassa os 250
milmetros, a vegetao pobre e ajustada ao regime pluvial. Mas o que lhe confere
singularidade seu carter xeromorfo, ou seja, a adaptao ao clima seco, destacando-se as
cactceas e as bromeliceas.
As plantas xeromorfas caracterizam-se pela ausncia de folhas, que so substitudas por
espinhos, permitindo-lhes diminuir a transpirao; os caules so recobertos por uma camada
de cera, que contribui para evitar a evaporao; longas razes facilitam a busca de gua
subterrnea.
Nesse ambiente seco, h predomnio do intemperismo fsico (desagregao mecnica das
rochas), do qual resultam os solos esquelticos, de feies exteriores abruptas, arenosos,
pedregosos ou rochosos. Como a precipitao inferior evaporao, apresentam-se
esbranquiados, salinos e com ocorrncia de depsitos de sal-gema (cloreto de sdio).
Os desertos quentes registram grandes contrastes de temperatura entre o dia e a noite. Os
desertos frios localizam-se em altas latitudes e tm temperaturas com menor variao.
Tundra.
Desenvolve-se nas extremidades setentrionais dos continentes e nas bordas da Antrtida, onde
a temperatura mdia do ms mais quente no chega a 10 C e onde o solo permanece coberto
de gelo durante mais da metade do ano. uma vegetao que cresce somente durante o curto
vero.
A tundra atinge at um metro de altura e pode ser de dois tipos: a tundra dos musgos, presente
nas reas midas e pantanosas, e a tundra dos liquens, que aparece nas reas secas e
pedregosas. Adiante das zonas de tundra no hemisfrio norte, e em praticamente toda a
Antrtida, impera a rea dos gelos eternos.
| Vegetao tpica de climas muito frios, cresce, floresce, reproduz-se e frutifica, despindo-se
de suas partes areas antes que o gelo cubra novamente o solo. Tudo isso acontece durante o
curto vero, quando as temperaturas mdias podem chegar a 10 C. Na foto, aspecto da tundra
no Alasca, em 2006. Fonte: MOMATIUK-EASTCOTT / CORBIS / LATINSTOCK. ||
189
Floresta subtropical e temperada Estepes e pradarias.
| Nas florestas temperadas, as rvores perdem as folhas por ocasio do inverno, como forma
de adaptao baixa temperatura. Por isso dizemos que so de folhas caducas ou caduciflias.
As florestas temperadas constituem as paisagens vegetais mais transformadas pela ao
humana. Muito pouco resta das antigas matas da Europa ocidental e das do leste e nordeste da
Amrica do Norte. Na foto, aspecto de floresta temperada, em Montreal, Canad (2006).
Fonte: DAVID HARRISON / INDEX STOCK IMAGERY / LATINSTOCK. ||
Formaes florestais abertas, de vegetao caduciflia, ou decdua (que perde as folhas a
partir do outono), e sem a diversidade comum s florestas tropicais, so caractersticas das
regies prximas latitude de 40, de clima temperado tpico, que possui precipitaes bem
distribudas ao longo do ano e as quatro estaes climticas bem definidas. No inverno, nessas
formaes, a temperatura mdia varia entre -18 C e -3 C e, no vero, sempre superior a 10
C.
Nessas florestas abertas, as radiaes solares atingem o solo, possibilitando a formao de
vegetao nas camadas mais baixas, quando ento ocorre o que se chama de bosque, ou
parque.
| Aspecto de estepe na Hungria. Foto de 2006. Fonte: ALBUN / YVAN TRAVERT / AKGIMAGES / LATINSTOCK. ||
Texto & contexto.
1. Elabore uma descrio da vegetao e dos solos dos desertos e da tundra.
2. Qual era a localizao das florestas subtropicais e temperadas antes das interferncias
humanas?
Fim do texto & contexto.
190
Floresta boreal (taiga)
| Nas regies dominadas por clima frio, com precipitao de neve de trs a seis meses por ano,
localizam-se as florestas de conferas, rvores assim chamadas por terem os frutos (na
verdade so os aparelhos reprodutores) em forma de cone, como os pinheiros e os ciprestes.
Na foto, aspecto da floresta boreal no estado de Wyoming, nos Estados Unidos. Fonte: WILL
DENI MCINTYRE / PHOTO RESEARCHERS, INC. / LATINSTOCK. ||
Localiza-se nas reas de alta latitude da Amrica do Norte, Europa e sia, nas quais
prevalecem invernos longos, frios e com pouca chuva (mdia de 500 mm anuais). Apresenta
formao vegetal homognea, com rvores de folhas pequenas e endurecidas para resistir ao
frio intenso e precipitao de neve. Um exemplo o pinheiro. Na Rssia e no norte da
Europa conhecida como taiga, formao vegetal recoberta pela neve em certos perodos do
ano.
As rvores tm entre 12 e 18 metros de altura e as espcies variam de acordo com a
localizao. No Canad, por exemplo, so comuns as sequoias, conferas gigantes que tm
longa durao e, por isso, revelam condies climticas de anos anteriores.
As conferas so muito utilizadas como matria-prima na produo de papel e celulose e
tambm na construo civil. Por isso so comuns as reas de reflorestamento principalmente
no Canad, Noruega, Sucia e Finlndia, grandes produtores de papel e celulose.
Vegetao mediterrnea
Localiza-se em pequenas reas no sul da Europa, sia Menor, extremo norte e extremo sul da
frica do Sul, Austrlia (ao sul), Califrnia (Estados Unidos) e Chile (entre Santiago e
Valparaso). Desenvolve-se em clima mediterrneo ou temperado ameno, onde os veres so
quentes e secos e os invernos so amenos e chuvosos. A vegetao formada por rvores de
pequeno e mdio porte, como oliveiras e sobreiros, e moitas e arbustos, como murtas e urzes.
Trata-se de uma vegetao esparsa possuindo trs estratos (alturas diferentes): arbreo,
arbustivo e herbceo. Conforme a rea de ocorrncia, a vegetao mediterrnea recebe
denominaes diferentes. Nas reas de solos pedregosos no sul da Frana e na Espanha,
recebe o nome de garrigues e maquis. No Chile conhecida por mattoral, e, nos Estados
Unidos, por chaparral. Na frica do Sul, conhecida por fynbos.
| Nas reas montanhosas, medida que se elevam as cotas de altitude, a vegetao vai
alterando o seu aspecto. Fonte: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA. ||
Texto & contexto.
1. Anote a localizao e as caractersticas das florestas de conferas.
2. Quais so as caractersticas da vegetao mediterrnea? Que denominaes ela recebe
conforme a rea de ocorrncia?
3. Selecione um pargrafo desta pgina adequado para explicar o esquema acima.
Fim do texto & contexto.
192
O ator resolveu passar por essa dolorosa experincia para mostrar quanto a natureza sofre com
o desmatamento. Na poca, Harrison Ford era vice-presidente do grupo ambientalista
Conservation International (Conservao Internacional), presente em 40 pases. O grupo atua
na preservao da fauna e da flora, no combate ao aquecimento global e na proteo de
grupos indgenas.
Talvez a atitude do ator tenha causado impacto em muita gente. Maior ainda, porm, o
impacto que o desmatamento provoca nos biomas e ecossistemas do mundo todo. Realistas ou
pessimistas, h quem afirme que, at 2050, a destruio das florestas ser 10 mil vezes mais
intensa que na atualidade. Vamos ver?
Boxe complementar.
GEO mais.
| Vista da floresta Amaznica, em foto de 2005. "A floresta est sempre em movimento.".
Fonte: MARK BOWLER / PHOTO RESEARCHERS, INC. / LATINSTOCK. ||
Qualquer vida muita dentro da floresta.
Se a gente olha de cima, parece todo parado.
Mas por dentro diferente.
A floresta est sempre em movimento.
H uma vida dentro dela que se transforma
sem parar.
Vem o vento.
Vem a chuva.
Caem as folhas.
E nascem novas folhas.
Das flores saem os frutos.
E os frutos so alimento.
Os pssaros deixam cair as sementes.
Das sementes nascem novas rvores.
E vem a noite.
Vem a lua.
E vm as sombras
que multiplicam as rvores.
As luzes dos vaga-lumes
so estrelas na terra.
E com o sol vem o dia.
Esquenta a mata. Ilumina as folhas.
Tudo tem cor e movimento.
In: O livro das rvores. Organizao Geral dos Professores Ticuna Bilngues. Benjamin
Constant (AM), 2000. p. 48.
Fim do complemento.
193
O verde sumiu: cartografia do desmatamento.
Em 2006, um mapa divulgado pela ONG (organizao no governamental) Greenpeace
apontou alguns dados assustadores:
- apenas 8% da superfcie terrestre possui florestas virgens;
- menos de 10% da superfcie terrestre do mundo permanece como paisagens com florestas
intactas;
- 82 dos 142 pases que possuem florestas j perderam toda a cobertura florestal original.
Segundo a ONG, as ltimas florestas antigas do mundo esto sendo destrudas a uma
velocidade sem precedentes: metade da destruio das florestas ocor- rida nos ltimos 10 mil
anos foi registrada nos ltimos.
80 anos, e metade dessa devastao vem ocorrendo de meados da dcada de 1970 para c.
O mapa abaixo refere-se s reas acima de 500 km2 e no inclui diversas reas com florestas
menores, mas igualmente ricas em biodiversidade e que necessitam de proteo. Observe-o,
leia sua legenda e procure compar-lo com o mapa da pgina 185.
| O mapa foi elaborado com base em imagens de satlites e revela o impacto das atividades
humanas sobre as derradeiras florestas da Terra. Somente 66 dos 142 pases que possuem
florestas mantm algo de sua cobertura original.
- Amrica do Norte: possui 28% das florestas virgens do mundo; cerca de 10 mil quilmetros
quadrados de florestas boreais (taiga) so destrudas a cada ano; muitas florestas no sul do
Canad e nos Estados Unidos esto fragmentadas e no possuem corredores ecolgicos * .
- Amrica Latina: possui 35% das matas virgens do mundo, a maior parte no Brasil; alm da
floresta tropical, 1% do verde do planeta est na Patagnia.
- Europa: nem 3% de verde primrio restam a; a maior parte resiste nos pinheiros da Rssia,
da Sucia e da Finlndia.
- Norte Asitico: a segunda maior rea em florestas boreais no mundo; graas ao leste da
Rssia, mantm 19% das florestas virgens do planeta.
- Pacfico Sul: sobre o Himalaia, a China e um tanto na Indonsia e na Nova Zelndia, restam
7% da mata virgem mundial.
- frica: a floresta do Congo equivale a 93% das zonas intactas africanas; por outro lado, 23
pases destruram toda a mata original; o continente tem apenas 8% da rea florestal primria
do planeta.
Fonte: Adaptado de Greenpeace e Revista Terra, ano 14, n 170, jun. 2006, pp. 12-3. ||
Texto & contexto.
1. Em 2006, o Greenpeace apresentou dados alarmantes sobre a situao das florestas no
mundo. Entre eles, qual mais chamou sua ateno? Por qu?
2. Compare o mapa acima com o mapa da pgina 185. O que voc conclui? Explique.
194
Fim da descrio.
| Apesar da devastao, as matas que ainda restam abrigam metade da biodiversidade do
mundo, alm de milhares de indivduos que dependem delas para sobreviver. Fontes:
ADAPTADO DE BRYAN ET AL, 1997; MORELATTO E HADDAD, 2000;
http:rainforests.mongabay.com; www.obt.inpe.br/prodes/2006; LENTINI ET AL, 2005. ||
| Num relatrio, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou mais um dado
inquietante: entre agosto de 2007 e abril de 2008, foram devastados nada menos que 5850
quilmetros quadrados de vegetao amaznica - o equivalente a quatro vezes a cidade de So
Paulo. Esta imagem, obtida por satlite, d uma ideia do desmatamento na Amaznia em 2008
e mostra quanto manter o planeta saudvel est difcil para as geraes atuais. Fonte:
PRODES / INPE. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
O que aconteceu na Ilha de Pscoa?
Rapa Nui, mais conhecida como Ilha de Pscoa, um dos mistrios duradouros do planeta.
Seus colonizadores polinsios chegaram entre 800 e 1200. Construram gigantescas esttuas
de pedra em honra de seus ancestrais. As esttuas so obras de arte, com peso de toneladas e
altura de quatro metros (retome a pgina 85).
Depois de alguns sculos vivendo na ilha, os polinsios decidiram abandon-la. Por qu?
Uma teoria muito aceita indica que o desmatamento foi a causa. Os moradores da Ilha de
Pscoa dependiam de palmeiras gigantescas que cobriam a ilha. Cortaram as rvores para fins
agrcolas e para suas construes. As rvores se esgotaram. Quando os recursos naturais
| A queimada, tcnica antiga de limpeza e preparo da terra para o plantio, bastante nociva,
consumindo nutrientes do solo e empobrecendo-o. Na foto, rea desmatada para plantio no
estado de Mato Grosso, em 2008. Fonte: JORGE ARAJO / FOLHA IMAGEM. ||
TEXTO & CONTEXTO.
1. Observe a tabela da pgina ao lado e anote a rea do mundo onde houve maior reduo das
florestas originais (em %) e a rea onde houve menor reduo das florestas originais (em %).
2. Escreva um comentrio sobre a seo Geo mais (pgina anterior) e acrescente nele algumas
causas do desmatamento.
3. O que voc sabe sobre as causas do desmatamento no Brasil?
Fim do texto & contexto.
196
A minerao mais um fator a ser considerado quando o assunto desmatamento. Para
escavar uma mina de ouro, carvo ou outro recurso mineral, a remoo da cobertura vegetal
necessria tanto para a explorao da mina como para instalar equipamentos e mquinas
envolvidos no processo (retome as pginas 90 e 91).
O crescimento das cidades e a expanso urbana tambm podem ser vistos como fatores do
desmatamento, principalmente se considerarmos que, atualmente, cerca de 50% da populao
mundial vive em cidades. Para acomodar mais e mais pessoas, rvores so cortadas e espaos
so abertos para a construo de prdios, ruas e avenidas.
Um exemplo de expanso urbana e agrria responsvel pela aniquilao de florestas a Mata
Atlntica, que hoje possui apenas cerca de 7% da sua formao original. Outro exemplo est
nas reas de florestas mediterrneas, atualmente marcadas pela presena de maquis e
garrigues (vegetao arbustiva), culturas agrcolas e pastos. Essa rea vem sendo desmatada
h pelo menos 10 mil anos.
Desmatamento e impactos ambientais.
Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia (Ipam), "a converso das florestas
para outros usos da terra, principalmente expanso agrcola e explorao madeireira, causou
uma perda de aproximadamente 7 a 10 milhes de km2 de florestas nos ltimos 300 anos".
Esse dado indica que o desmatamento afeta a todos e est presente em todas as escalas: local,
regional e global.
Pesquisas realizadas em diversos pases afirmam que, nas regies tropicais, quando a
cobertura vegetal retirada para dar lugar aos cultivos, pecuria ou a outra forma de uso da
terra, o balano hdrico sofre alteraes, fazendo com que o clima fique mais seco e quente.
Na Amaznia, por exemplo, as previses no so nada animadoras. H estudos que indicam
que a temperatura da regio poder subir de 5 a 8 C at o ano de 2100 e a reduo de chuva
pode chegar a 20%. Como isso acontece?
Com o desmatamento, ocorre uma diminuio da evapotranspirao, isto , diminui a
quantidade de gua que a vegetao libera para a atmosfera. O resultado a diminuio do
volume de chuvas e maior probabilidade de ocorrncia de incndios florestais. A fumaa dos
incndios junta-se das queimadas utilizadas na preparao de campos agrcolas e pastagens.
Como consequncia, h uma modificao nos processos que formam as nuvens, o que, por
sua vez, dificulta a ocorrncia de chuvas.
A diminuio das chuvas perturba o nvel superficial das guas, fato que pode trazer muitos
prejuzos para agricultores, que no conseguem manter seus cultivos em terras secas, e para
comunidades que vivem em funo da pesca.
Esse crculo vicioso, ilustrado no esquema abaixo, empobrece as paisagens de vrias reas
tropicais do mundo e muito comum no Brasil, pas considerado por muitos como o campeo
do desmatamento.
197
Desmatamento, eroso e inundaes.
Como voc j sabe, a cobertura vegetal funciona como uma espcie de barreira natural que
protege o solo. As razes das plantas ajudam a firmar o solo, impedindo que ele seja arrastado
pela gua. Embora seja um processo natural, a eroso tambm pode ser outro efeito do
desmatamento.
O desmatamento tambm pode causar inundaes. Quando a vegetao retirada de reas
costeiras, por exemplo, o impacto das ondas e dos ventos associados a tempestades costuma
ser maior. Sem a proteo da vegetao, as comunidades costeiras tambm ficam
desprotegidas e podem sofrer com inundaes destrutivas, como foi o caso ocorrido em 2008,
quando Mianmar foi atingido por um ciclone.
Populaes que vivem em reas florestais, como as dezenas de comunidades indgenas do
Brasil, por exemplo, so muito afetadas pelo desmatamento. Quando no vivem em reas
demarcadas, essas comunidades podem sofrer o impacto do desmatamento ilegal ou aquele
que feito para construir rodovias ou hidreltricas. Ao deixar a floresta, as comunidades
indgenas tambm deixam para trs suas razes culturais.
Boxe complementar.
GEO mais.
Remdios da floresta.
Os cientistas estimam que as plantas das florestas tropicais sejam a base de cerca de 25% dos
remdios do mundo. Desde misturas que ajudam a curar feridas at drogas para combater o
cncer.
Mas, para desvendar os segredos das florestas, preciso seguir os passos de velhos
conhecidos das matas - moradores da regio que carregam na memria a sabedoria popular,
receitas ensinadas por ndios, aprendidas pelos avs e repassadas aos mais moos. Encontrar
uma planta e saber como ela pode ajudar o ser humano uma herana de valor incalculvel.
"O jaguarandi serve para gripe e tosse. Tiramos as folhas dele e cozinhamos em uma vasilha.
Depois, pegamos e despejamos em um copo ou caneca e misturamos com ovo e acar. A
mistura fica como um xarope. Voc toma e no dia seguinte amanhece bom", afirma o guardaparque Joo Maria dos Santos.
Adaptado de Remdios da floresta. Disponvel em:
http://globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-3396-1-53003,00.html .
Acesso em: ago. 2009.
| A melissa (Melissa officinalis), na foto, pode ser usada como calmante e revigorante da pele.
Para mais informaes sobre usos medicinais de plantas, voc pode acessar
www.plantamed.com.br. Fonte: FABIO COLOMBINI / ACERVO DO FOTGRAFO. ||
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1 Explique como o desmatamento de uma regio altera o seu balano hdrico.
2. Ao deixar a floresta, as comunidades indgenas tambm deixam suas razes culturais.
Escreva um comentrio sobre essa frase.
3. Voc conhece espcies vegetais usadas como remdios? Em caso afirmativo, compartilhe
com a turma.
Fim do texto & contexto.
198
elementos: h uma srie de processos interativos por meio dos quais o carbono absorvido e
expelido.
Para entender o vaivm do carbono, observe a figura abaixo. Vrios organismos absorvem o
carbono da atmosfera encontrado na forma de dixido de carbono (CO2 ). Mas a principal
fonte de absoro de carbono so as plantas, atravs da fotossntese. Por outro lado, as plantas
e os outros organismos emitem carbono para a atmosfera, mediante o processo de respirao.
199
O aquecimento global pode provocar mudanas nos padres globais da vegetao. H estudos
que indicam que para um aumento de 2 a 3 C na temperatura mdia, at 25% das rvores do
cerrado e at 40% de rvores da Amaznia, por exemplo, poderiam desaparecer at o final
deste sculo.
Observe no mapa abaixo as alteraes provveis na vegetao mundial, caso haja uma
duplicao de CO2 na atmosfera.
Adaptado de Atlas do Meio Ambiente do Brasil. Braslia: Embrapa / Terra Viva, 1996. p. 69.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Explique como o desmatamento contribui para o aumento da concentrao de gases do
efeito estufa.
2. Num cenrio de duplicao de CO2 na atmosfera, qual seria a situao das florestas
equatoriais e do cerrado no Brasil? Responda com o apoio do mapa.
200
Atitude verde.
Reduzir ou acabar com o desmatamento de um modo geral e, mais especificamente, das
florestas tropicais, no tem sido tarefa fcil.
Muitos pases em desenvolvimento alegam que dependem de suas florestas para crescer
econmica e socialmente e, assim, reduzem massas florestais ano aps ano. Por outro lado,
nos pases industrializados, parece haver certa recuperao em funo das presses sociais.
No entanto, plantaes de reflorestamento no substituem adequadamente nenhum bosque
natural. Muitas vezes, so plantadas rvores no nativas que podem danificar o substrato,
como ocorre em muitas plantaes de pinheiro ou eucalipto.
Para combater o desmatamento, a ONU e outras entidades mundiais e nacionais buscam
alternativas sustentveis. Veja algumas:
- World Wildlife Fund (WWF): incentiva polticas pblicas e prope parcerias com
comunidades locais para preservar a floresta.
- Conservation International: promove atividades que ensinam agricultores locais a melhorar o
uso da terra evitando queimadas.
- Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaznia (Imazon): trabalha com pesquisas sobre
os impactos da explorao madeireira e formas alternativas de realizar essa atividade.
- Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia (Ipam): trabalha com manejo florestal em
parceria com populaes locais.
- SOS Mata Atlntica: preocupa-se em preservar o que restou da Mata Atlntica.
Para conhecer o trabalho dessas entidades, veja as dicas de sites na seo Recomendamos (p.
203).
Mesmo que organizaes, governamentais ou no, trabalhem para a conservao das florestas
e para a diminuio do desmatamento, importante dizer que esse deve ser um compromisso
de toda a sociedade, de cada cidado.
claro que o papel dos rgos de defesa ambiental maior, pois est na alada deles o
controle do licenciamento de reas florestais e sua fiscalizao. Mas ns temos nossa parcela
de responsabilidade, j que o desmatamento feito para atender a alguma "necessidade
humana", basicamente ligada explorao de recursos florestais. Muitas pessoas concordam
com a seguinte premissa: o desmatamento gera produtos enquanto houver mercados para eles.
Diante dessa situao, cabe a cada indivduo exercer seu dever de cidado, sendo um
consumidor consciente; cabe aos empresrios, por outro lado, banir a matria-prima ilegal em
suas fbricas e empresas. Como consumidores de produtos e servios, devemos ter a
preocupao de adquirir apenas produtos que utilizem matria-prima das florestas com origem
certificada e que sejam fabricados atravs de processos viveis do ponto de vista
socioambiental.
Boxe complementar
GEO mais.
O que as florestas armazenam.
A vegetao desempenha um papel importante na fixao do carbono atmosfrico planetrio.
O solo e seus vegetais armazenam naturalmente entre 3 e 4 gigatoneladas (Gt) desse elemento
por ano. Sozinho, o desmatamento causa 1,6 Gt de emisses anuais de carbono. Feita a
subtrao, o saldo positivo de armazenamento seria de cerca de 1,6 Gt por ano. Porm, as
atividades humanas no se restringem queima de florestas: elas representam apenas um
quarto dos 6,8 Gt emitidos anualmente. Isso significa que a vegetao terrestre no absorve
seno 25% do excedente liberado pela produo de energia, transportes e cultivo da terra.
201
A certificao florestal mais conhecida atualmente e de maior credibilidade a do Forest
Stewardship Council (FSC), conhecido como Conselho de Manejo Florestal, uma organizao
no governamental que tem como foco promover o bom manejo das florestas do mundo.
No h dvidas de que as florestas so essenciais na manuteno do equilbrio dos ambientes
e na produo de gua, essencial vida. Tambm claro que elas oferecem matrias-primas
para o desenvolvimento, para a gerao de renda e postos de trabalho, para a produo de
alimentos e bens de consumo. Por tratar-se de um recurso natural renovvel, as florestas
podem ser utilizadas de forma sustentvel, ajudando a diminuir as desigualdades sociais, ao
mesmo tempo que so conservadas para as futuras geraes.
Atualmente, o manejo florestal pode ser considerado uma estratgia interessante para a
conservao das florestas, para a complementao de outras e como estabelecimento de reas
de proteo integral.
Boxe complementar.
GEO mais.
Para no confundir ...
- Restaurao: a utilizao das tcnicas de manejo para a restituio das caractersticas
funcionais, estruturais e de diversidade de um ecossistema degradado condio mais
prxima da original.
- Recuperao: consiste em restituir certos processos funcionais de ecossistemas
extremamente degradados (reas de minerao ou reas urbanas, por exemplo), sem que com
isto retorne condio original, devido intensa degradao a que foi submetido. Em certos
casos, a recuperao pode ser um passo para a restaurao.
- Reflorestamento: termo aplicado para plantio homogneo de espcies arbreas, em sua
grande parte exticas, mas tambm com espcies nativas, para fins comerciais.
- Reabilitao: similar restaurao, com aes sobre os ecossistemas degradados para que
restituam elementos da estrutura e do funcionamento, sem atingir o estado original.
Almanaque Brasil Socioambiental. So Paulo: Instituto Socioambiental, 2008. p. 290.
GEO mais.
O que manejo?
O manejo florestal um conjunto de tcnicas empregadas para produzir um bem (madeira,
frutos e outros) ou servio (como a gua, por exemplo) a partir de uma floresta, com o
mnimo de impacto ambiental possvel, garantindo a sua manuteno e conservao a longo
prazo. Desse modo, com o manejo florestal possvel manter as florestas de p, gerando
benefcios contnuos para o meio ambiente e para a sociedade. Algumas vezes ele tambm
chamado de manejo florestal sustentvel.
[...].
possvel fazer manejo em qualquer tipo de floresta, com a possibilidade de produo de
diversos tipos de produtos [...].
FREITAS, Andr Giacini de. Manejo. Almanaque Brasil Socioambiental. So Paulo: Instituto
Socioambiental, 2008. p. 285.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Cite o principal argumento utilizado pelos pases em desenvolvimento para no acabar com
o desflorestamento.
2. Voc conhece alguma organizao que busca alternativas sustentveis? Em caso afirmativo,
compartilhe com os colegas.
3. Qual seria um importante papel dos cidados na reduo do desmatamento ilegal?
4. Observe o mapa da pgina anterior e responda: onde ocorre o maior armazenamento de
carbono da biomassa? Em sua opinio, por que isso acontece?
5. Explique o que manejo florestal.
6. Imagine que voc more perto de uma rea florestal prestes a sofrer algum dos processos de
desmatamento. Escreva uma carta a uma autoridade pblica ou a uma organizao
informando sobre os impactos ambientais negativos dessa atividade e indicando a importncia
de se preservar a vegetao existente.
Fim do texto & contexto.
202
O livro tem como objetivo apresentar diversas informaes sobre a regio amaznica. As
histrias de Iara, Curupira, Boto, ou ainda as lendas sobre as origens do aa, do guaran e da
mandioca fazem parte da narrativa.
Floresta tropical.
Girassol, 2007.
Parte da coleo "Maravilhas da natureza", o livro uma rica fonte de informao sobre as
florestas tropicais do mundo.
Sites.
WWF Brasil: www.wwf.org.br.
Alm de apresentar o trabalho da WWF no Brasil, o site traz notcias sobre meio ambiente e
preservao.
Conservao Internacional: www.conservation.org.br.
No site, voc encontra notcias sobre meio ambiente e detalhes dos projetos promovidos pela
entidade - como o desenvolvimento do ecoturismo em diversas reas do pas e sua relao
com a preservao ambiental, por exemplo.
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaznia (Imazon): www.imazon.org.br.
Publicaes recentes sobre os programas desenvolvidos na Amaznia, assim como detalhes
dos projetos (como monitoramento da paisagem, transparncia florestal, sustentabilidade),
podem ser acessados no site.
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia (Ipam): www.ipam.org.br.
O site apresenta textos sobre os programas desenvolvidos pela entidade. Alm disso, clicando
na janela "ABC", voc encontra um glossrio sobre clima.
Espao atividade.
Observao.
e) Procure explicar, com base na sua resposta ao item anterior, o significado da frase "Naes
tropicais precisam de alguma forma de incentivo econmico para reduzir o desmatamento".
f) Com base no mapa e no texto, comente a importncia da floresta Amaznica no contexto
das discusses sobre preservao ambiental e biodiversidade.
4. (Enem). A Lei Federal n 9.985 /2000, que instituiu o sistema nacional de unidades de
conservao, define dois tipos de reas protegidas. O primeiro, as unidades de proteo
integral, tem por objetivo preservar a natureza, admitindo-se apenas o uso indireto dos seus
recursos naturais, isto , aquele que no envolve consumo, coleta, dano ou destruio dos
recursos naturais. O segundo, as unidades de uso sustentvel, tem por funo compatibilizar a
conservao da natureza com o uso sustentvel de parcela dos recursos naturais. Nesse caso,
permite-se a explorao do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos
ambientais renovveis e dos processos ecolgicos, mantendo-se a biodiversidade e os demais
atributos ecolgicos, de forma socialmente justa e economicamente vivel. Considerando
essas informaes, analise a seguinte situao hipottica.
205
Ao discutir a aplicao de recursos disponveis para o desenvolvimento de determinada
regio, organizaes civis, universidade e governo resolveram investir na utilizao de uma
unidade de proteo integral, o Parque Nacional do Morro do Pindar, e de uma unidade de
uso sustentvel, a Floresta Nacional do Sabi. Depois das discusses, a equipe resolveu levar
adiante trs projetos:
- o projeto I consiste de pesquisas cientficas embasadas exclusivamente na observao de
animais;
- o projeto II inclui a construo de uma escola e de um centro de vivncia;
- o projeto III promove a organizao de uma comunidade extrativista que poder coletar e
explorar comercialmente frutas e sementes nativas.
Nessa situao hipottica, atendendo-se lei mencionada acima, possvel desenvolver tanto
na unidade de proteo integral quanto na de uso sustentvel.
a) apenas o projeto I.
b) apenas o projeto III.
c) apenas os projetos I e II.
d) apenas os projetos II e III.
e) todos os trs projetos.
5. (Enem).
As florestas tropicais esto entre os maiores, mais diversos e complexos biomas do planeta.
Novos estudos sugerem que elas sejam potentes reguladores do clima, ao provocarem um
fluxo de umidade para o interior dos continentes, fazendo com que essas reas de floresta no
sofram variaes extremas de temperatura e tenham umidade suficiente para promover a vida.
Um fluxo puramente fsico de umidade do oceano para o continente, em locais onde no h
florestas, alcana poucas centenas de quilmetros. Verifica-se, porm, que as chuvas sobre
florestas nativas no dependem da proximidade do oceano. Esta evidncia aponta para a
existncia de uma poderosa "bomba bitica de umidade" em lugares como, por exemplo, a
bacia amaznica. Devido grande e densa rea de folhas, as quais so evaporadores
otimizados, essa "bomba" consegue devolver rapidamente a gua para o ar, mantendo ciclos
de evaporao e condensao que fazem a umidade chegar a milhares de quilmetros no
interior do continente.
A. D. Nobre. Almanaque Brasil Socioambiental. Instituto Socioambiental, 2008, pp. 368 -9
(com adaptaes).
As florestas crescem onde chove, ou chove onde crescem as florestas? De acordo com o texto,
a) onde chove, h floresta.
b) onde a floresta cresce, chove.
c) onde h oceano, h floresta.
d) apesar da chuva, a floresta cresce.
e) no interior do continente, s chove onde h floresta.
6. (Unicamp- SP). O mapa abaixo destaca as reas ridas da Terra. Responda:
2. Faam uma lista dos principais fatores que interferem nas paisagens vegetais. Depois,
faam uma lista das principais ameaas s reas florestais.
3. Agora, sem pressa, observem cuidadosamente as imagens a seguir.
4. Elaborem um comentrio escrito para cada imagem. Eles devem mostrar a viso do grupo
sobre o desmatamento e conter algumas das seguintes palavras: ecossistema, bioma, ciclo do
carbono, mudana climtica, manejo florestal, desenvolvimento sustentvel.
| Charge publicada pelo jornal Dirio do Povo (Campinas, SP), em 1 de fevereiro de 2008.
Fonte: JUNIO / ACERVO DO ARTISTA. ||
| Morador de uma ilha no Alasca (territrio dos Estados Unidos, localizado na zona do rtico)
salta entre blocos de gelo, em foto de 2005. Os moradores do local j sentem os efeitos das
mudanas climticas: as guas do oceano no congelam nos perodos em que deveriam,
trazendo impactos para o regime de nevascas, para a sobrevivncia de espcies (fauna e flora
locais), para as atividades de caa e pesca e para a proteo da ilha. Estudos indicam que a
populao, no futuro, ser forada a deixar a ilha. Fonte: GILLES MINGASSON / GETTY
IMAGES. ||
209
Impactos ambientais.
Na era da globalizao e dos avanos da revoluo tcnico-cientfica, tornou-se evidente o
que muitos j sabiam: as questes ambientais tm dimenso mundial.
Mas, afinal, quais so os grandes impactos ambientais que afetam praticamente o mundo
todo? Qual o peso das atividades humanas nesse cenrio? Como ser o futuro?
Cad o oznio?
O jornal Gazeta Mercantil de 21 de novembro de 1991 publicou um artigo que,
resumidamente, dizia o seguinte: "Coisas estranhas comeam a acontecer no sul do Chile. Os
pescadores esto capturando salmes cegos. Os camponeses relatam que os coelhos selvagens
desenvolveram olhos saltados (exoftalina) e devem estar sofrendo de distrbios oculares, uma
vez que so capturados com muita facilidade. Rodolfo Mancilla, um criador de ovelhas da
Terra do Fogo, diz que seus animais tambm esto ficando cegos".
O artigo revelava um grave problema ambiental. Trata-se do popularmente chamado "buraco
na camada de oznio".
A reduo da camada de oznio adquiriu propores alarmantes a partir de 1995, segundo
dados da Organizao Meteorolgica Mundial, com sede em Genebra (Sua).
O oznio um gs que existe em grande quantidade na estratosfera, a cerca de 30 a 40
quilmetros de distncia da superfcie terrestre. Essa camada tem aproximadamente 15
quilmetros de espessura e filtra os raios ultravioleta do Sol, cujo excesso nocivo a todas as
formas de vida. Esses raios podem causar cncer de pele e doenas oculares (como a catarata),
alm de danificar plantaes. Veja a imagem e os mapas a seguir.
| Os compostos das substncias nocivas camada de oznio levam dcadas para sumir. A
reduo lenta e depende das condies do clima. Um estudo da Organizao Meteorolgica
Mundial constatou que o buraco na camada de oznio sobre a Antrtida, aps crescer em
2006, havia diminudo em 2007. Na foto, aspecto do buraco na camada de oznio sobre a
Antrtida, em 13 de setembro de 2007. A espessura da camada de oznio vai do roxo (menor
espessura) at os tons de laranja (maior). Fonte: NASA / SCIENCE PHOTO LIBRARY /
LATINSTOCK. ||
| Apenas uma pequena quantidade de raios ultravioleta B precisa chegar at ns para agir
como catalisador da vitamina D, enquanto uma dose forte demais favorece o cncer de pele.
Nos Estados Unidos, mais de 9 mil pessoas morrem por ano dessa doena, cuja proporo
dobrou entre 1980 e 2000. FONTES: DUTCH NATIONAL INSTITUTE FOR PUBLIC
HEALTH AND THE ENVIRONMENT (RIVM) / LABORATORY FOR RADIATION
RESEARCH / ATLAS DO MEIO AMBIENTE. SO PAULO: LEMON DE
DIPLOMATIQUE BRASIL / INSTITUTOPLIS, 2008. p. 51. ||
210
A reduo da camada de oznio foi verificada na dcada de 1980, em vrios de seus pontos,
como sobre a Sua, a Alemanha, o Canad, o Chile e o Brasil. A descoberta mais alarmante,
contudo, ocorreu em 1983, quando se detectou um buraco na camada de oznio na rea sobre
a Antrtida. Em 2004, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Atmosfricas da Nova
Zelndia, o buraco media cerca de 23 milhes de km2 .
A destruio da camada provocada por reao qumica do oznio com o cloro dos
clorofluorcarbonos (CFCs), liberados na atmosfera pela atividade de aerossis * , emitidos por
aparelhos de ar condicionado, refrigeradores e fbricas de plstico.
Em 1987, foi firmado o Protocolo de Montreal, que prev a eliminao gradual do CFC. J
ratificado pela maior parte dos pases, o Protocolo de Montreal visto como o mais bemsucedido de todos os acordos internacionais relativos ao meio ambiente. De fato, ele resultou
na reduo das emisses desse gs em 97% nos pases industrializados e em 84% nos pases
Fim do complemento.
211
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
212
Virando deserto.
Um relatrio compilado pela Universidade das Naes Unidas (UNU) revela que, nos
prximos dez anos, at 50 milhes de pessoas tero de migrar por causa da desertificao, que
j atinge muitas reas do planeta.
Os estudiosos estimam que, s na frica Subsaariana e na sia central, dezenas de milhares
tero de deixar suas casas em busca de lugares menos inspitos. O relatrio indica que a
desertificao ameaa 75% das terras ridas da Amrica Latina.
| Por suas caractersticas fsicas e limitaes naturais, nas regies semiridas que ocorre a
desertificao. nessas regies que se concentram as populaes mais pobres que esto
sujeitas a nveis mais elevados de degradao ambiental. Fonte: ADAPTADO DE ATLAS
GEOGRFICO ESCOLA R. RIO DE JANEIRO: IBGE, 2007. ||
No Brasil, a desertificao atinge mais de 1200 municpios, numa rea de mais de 1 milho de
km2 , do qual 32,8% correspondem a espaos de clima semirido e 37,2%, a clima submido
seco . No sudoeste do Rio Grande do Sul, os processos erosivos so intensos. Veja no
esquema e no mapa da pgina seguinte.
Segundo a Conveno para Combate Desertificao (UNCCD), ligada s Naes Unidas, a
desertificao "a degradao da terra nas regies ridas, semiridas e submidas secas,
resultante de vrios fatores, dentre eles as variaes climticas e as atividades humanas". A
degradao da terra envolve a degradao dos solos, dos recursos hdricos e da vegetao.
213
Texto da imagem.
O pampa.
A vegetao nativa desta regio o pampa, herbcea de menos de 30 centmetros de altura
que cobre plancies de um terreno muito arenoso.
O solo.
No oeste e sudeste do Rio Grande do Sul encontram-se solos arenosos muito frgeis. Seu uso
inadequado ocasionou a formao de manchas de deserto.
A ao humana.
As queimadas, o pastoreio intenso do gado, o arado e o plantio mal planejados desgastam a
terra, deixando-a sem cobertura de vegetao. Pequenas manchas de areia surgem na
superfcie. o incio de um processo erosivo acentuado.
O vento.
A areia se expande pelos terrenos, desce para os rios e causa o assoreamento, provocando
enchentes e comprometendo a produtividade das terras.
O sol.
O sol seca as partculas de areia acumuladas pela chuva. Elas so levadas pelo vento at
formarem dunas. Em Alegrete, as dunas chegam a cinco metros de altura.
A chuva.
A ao das chuvas constantes forma sulcos no solo arenoso, que vo crescendo at se
tornarem eroses graves. Empurrada pela chuva, parte da areia do solo desce para reas mais
baixas.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE CAMINHOS DA TERRA. ANO 7, n. 6, jun. 1998 / ILUSTRAO:
ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA.
| Nuvens de p e areia que cobriam vastas reas das Grandes Plancies estadunidenses ficaram
conhecidas como "brisas negras" ou "vento negro", caracterizando o fenmeno chamado de
Dust Bowl. Na foto, de 29 de abril de 1955, um homem caminha por plantao em meio
movimentao do Dust Bowl. Fonte: AMERICAN STOCK / HULTON ARCHIVE / GETTY
IMAGES. ||
Atualmente, as possveis causas dos processos de desertificao so bem conhecidas pelos
estudiosos do assunto. O desmatamento uma das principais. Como voc viu no captulo
anterior, alm de comprometer a biodiversidade, o desmatamento, seja para fins de
agricultura, pecuria ou outra atividade, deixa os solos descobertos e expostos eroso.
O uso intensivo do solo, a falta de descanso e de tcnicas de conservao e correo tambm
provocam a eroso e comprometem a produtividade. Em regies semiridas, muito comum
que a atividade pecuria seja desenvolvida alm da capacidade que a terra suporta. Nesse
processo, o solo vai ficando endurecido, compacto e propenso desertificao.
A irrigao mal conduzida (que pode provocar a salinizao do solo) e a minerao tambm
so causas frequentes dos processos de desertificao.
Vale lembrar que todos esses fatores de desertificao explicados so, muitas vezes,
correlacionados e, assim, desencadeiam outros problemas. O assoreamento de cursos de gua,
por exemplo, pode provocar eroso, que por sua vez desencadeada pelo desmatamento,
provocado por atividades econmicas desenvolvidas sem cuidados.
Assim como as causas, os desdobramentos da desertificao so tambm muito conhecidos.
Do ponto de vista ambiental e climtico, as consequncias so: perda da biodiversidade (flora
e fauna); perda de solos por eroso; diminuio de recursos hdricos devido ao assoreamento
de rios, etc. Em termos econmicos, a desertificao sinnimo de queda na produtividade
agrcola, de diminuio de renda e de consumo de famlias, etc.
b) Compare as duas imagens do Aral. O que mais chamou sua ateno ao observ-las?
3. No estado em que voc vive, h locais que passam por processo de desertificao ou de
eroso intensa? Em caso afirmativo, indique os locais.
Fim do texto & contexto.
216
Perigo! Lixo radioativo.
O lixo radioativo, ou lixo atmico, o conjunto de resduos das usinas nucleares, formado a
partir do urnio. Em tais usinas, o urnio o combustvel usado para a produo de energia
eltrica. Como um elemento instvel, ou seja, o ncleo de seu tomo (da o nome energia
nuclear) tem excesso de nutrons, o urnio emite radiaes, eliminando esses nutrons e
outras partculas, na tentativa de se estabilizar. Enquanto no conseguir isso, continuar ativo,
ou melhor, radioativo, porque emite radiaes.
As constantes exploses, que liberam a energia necessria para a usina, deixam "restos", que
formaro outros elementos. Dependendo do nmero de prtons (outra partcula do ncleo do
tomo), esses resduos - que podem continuar radioativos por centenas de anos - sero
denominados cobalto, csio-137, nibio, estrncio, brio, etc.
A radioatividade penetra no organismo de animais e vegetais, produzindo alteraes nas
clulas e causando doenas genticas, que podem levar morte.
O armazenamento do lixo atmico requer depsitos inviolveis, geralmente localizados em
minas abandonadas, principalmente as mais profundas, ou no fundo dos oceanos. Mesmo
nesses locais, os resduos radioativos precisam ser envolvidos em protetores de cimento,
resistentes corroso, de modo a evitar que escapem e contaminem o ar ou a gua.
Atualmente, sabemos que a indstria nuclear gera uma enorme quantidade de resduos
radioativos que no tm (ou que deixaram de ter) utilidade. A explorao de urnio nas minas
tambm produz enormes quantidades de resduos perigosos, inclusive partculas que podem
contaminar a gua e os alimentos. Estudiosos afirmam que, no processo de enriquecimento de
urnio, so gerados, para cada metro cbico de dejetos altamente radioativos, 1000 metros
cbicos de lixo de baixo nvel de radioatividade.
No se sabe ao certo qual a quantidade exata de lixo radioativo j produzida at hoje no
mundo. Calcula-se algo em torno de 12 mil toneladas de rejeitos.
Segundo o Greenpeace, nenhum pas do mundo encontrou uma soluo satisfatria para
"guardar" o lixo radioativo. No Brasil, por exemplo, ainda no h lugar para o depsito
definitivo dos resduos das Usinas de Angra 1 e 2. Para os rejeitos de baixa e mdia
radioatividade, o destino so dois galpes de concreto construdos dentro de rochas, ao lado
das usinas. Nesses galpes, esto tambores com botas, macaces e outras roupas
contaminadas (utilizadas pelos trabalhadores) ou peas de metal do reator e resduos
qumicos. Por enquanto, o local de estocagem dos rejeitos de alta radioatividade de Angra so
suas piscinas. Elas mantm resduos submersos a mais de 10 metros de profundidade.
Boxe complementar.
GEO mais.
As usinas nucleares no mundo.
Os programas nucleares existentes no mundo hoje podem ser divididos em trs: estacionrios,
em expanso e interrompidos.
Os estacionrios so programas de pases que optaram por no aumentar seu parque nuclear,
por motivaes polticas, econmicas ou ambas. At 2007, estavam nessa categoria pases
como Frana, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Sucia e Blgica.
Os programas em expanso so aqueles que esto em fase de planejamento ou de instalao
de novas usinas atmicas. Existem em pases como Japo, Coreia, China, ndia, Rssia e
outras naes do leste europeu, alm da frica do Sul, que est pesquisando a tecnologia de
reatores a gs.
H, finalmente, os pases que suspenderam totalmente a gerao nuclear de suas matrizes
energticas, com a desativao e o abandono das instalaes existentes. So pases como
Itlia, ustria, Filipinas e Casaquisto, que entram na terceira categoria, a dos programas
interrompidos. Recentemente, o governo alemo decidiu no instalar novos reatores no pas e
comprometeu-se a desativar completamente todos os que esto em funcionamento.
No Brasil, em junho de 2007, o governo decidiu construir Angra 3. Pode-se afirmar, ento,
que o Brasil possui um programa de expanso nuclear.
Adaptado de As usinas nucleares no mundo. Disponvel em:
www.greenpeace.org/brasil/nuclear/raio-x-de-nuclear/as-usinas-nucleares-no-mundo . Acesso
em: ago. 2009.
| A radioatividade do lixo nuclear diminui com o tempo, mas h alguns radioistopos que
continuam perigosos por milhes de anos. Na foto, de 2009, ativistas do Greenpeace fazem
protesto em Roma (Itlia) contra o uso de energia nuclear. Fonte: TIZIANA FABI / AGENCE
FRANCE-PRESSE. ||
Fim do complemento.
217
| Da gua doce tecnicamente disponvel para o uso humano, apenas uma proporo minscula
encontrada na superfcie da Terra, em lagos, em rios, no solo, na umidade do ar e nas
plantas. Todo o restante est armazenado em aquferos. Essa gua est sendo usada mais
depressa do que consegue se recompor. Fontes: SHIKLOMANOV, IGOR . WORLD FRESH
WATER RESOURCES . IN : GLEICK , PETER H., ED.
WATER IN CRISIS: A GUIDE TO THE WORLD'S FRESH WATER RESOURCES, 1993 /
ALMANAQUE BRASIL SOCIOAMBIENTAL 2008. SO PAULO: INSTITUTO
SOCIOAMBIENTAL, 2008. ||
Como voc v nos grficos, embora haja muita gua no planeta, o maior volume, 97,5%, est
nos oceanos e salgado. Resta populao da Terra apenas 0,3% de gua doce nos rios e
lagos, pois 30% (dos 2,5% restantes) gua doce, porm subterrnea.
Os caminhos da gua.
Para entender a origem da gua, lembre-se das aulas de Cincias. Como voc sabe, a gua
pode ser encontrada em estado gasoso (na atmosfera, proveniente da evaporao das
superfcies midas), em estado lquido (nos oceanos, rios, lagos e subsolo) e em estado slido
(nas reas frias do planeta e nos polos).
Em constante movimento, a gua migra de um estado para o outro num processo contnuo,
cujo motor a fora da gravidade e o calor irradiado pelo Sol. o que chamamos de ciclo
hidrolgico (retome o esquema da pgina 150, captulo 6). Em grande parte, o ciclo funciona
porque os oceanos perdem mais gua pela evaporao do que recebem na forma de
precipitao.
Como as guas esto em constante movimento, o impacto negativo provocado por atividades
humanas, como a impermeabilizao do solo, a retirada de cobertura vegetal e os diversos
tipos de poluio, por exemplo, pode ter ressonncia mundial.
| Cerca de 62% dos africanos no tm gua e 313 milhes vivem sem infraestrutura de
saneamento. H cerca de 693 milhes de asiticos sem servio de abastecimento e 1,9 bilho
no atendidos por saneamento. Na Amrica Latina, 78 milhes de pessoas no tm acesso
gua. Cerca de 117 milhes de latino-americanos e caribenhos no tm servios de
saneamento. Fonte: MUNDO ESTRANHO / EDITORA ABRIL, fev. 2009. ||
219
Observe, no mapa abaixo, o estresse hdrico mundial.
| Segundo a ONU, um direito fundamental de todo ser humano dispor de pelo menos 20
litros de gua potvel por dia, gratuitos para os mais pobres. Fontes: MARIN , CCILE.
ATLAS DE L'CEAN MONDIAL. AUTREMENT, 2007, SEGUNDO O PROGRAMA
MUNDIAL PARA AVALIAO DOS RECURSOS EM GUA; ATLAS DO MEIO
AMBIENTE. SO PAULO: LEMON DE DIPLOMATIQUE BRASIL / INSTITUTO PLIS,
2008. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Aqufero Guarani: riqueza subterrnea.
Um dos maiores reservatrios de gua doce do mundo - e a principal reserva subterrnea da
Amrica do Sul -, o Aqufero Guarani ocupa uma rea de 1,2 milho de km, que se estende
pelo subsolo do Brasil (840000 km), Uruguai, Paraguai e Argentina. Veja no mapa.
| O abastecimento de algumas cidades do interior paulista, como Ribeiro Preto, por exemplo,
depende da reserva do Aqufero Guarani. Entretanto, nem o aqufero escapa da poluio. A
preciosa riqueza subterrnea vem sofrendo contaminao por agrotxicos e pelo vinhoto, que
se infiltram no solo junto com as guas das chuvas. Fonte: ADAPTADO DE EMBRAPA /
MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE / GUIA DO ESTUDANTE. SO PAULO: ABRIL,
2009. p. 37. ||
O aqufero funciona como uma esponja gigante feita de arenito (rocha porosa e absorvente)
confinada sob centenas de metros de rochas impermeveis. Essa esponja "chupa" as guas da
superfcie por meio das reas de recarga.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Observe o grfico da pgina ao lado. Cite a rea com menor disponibilidade de gua e a
com maior disponibilidade.
2. Em relao disponibilidade de gua, comente a situao dos seguintes pases: Brasil,
Canad, Portugal, Argentina, frica do Sul, China e Paquisto. Responda com base no mapa
da pgina anterior.
3. Estresse hdrico a relao entre necessidades e disponibilidade de gua. Com o apoio do
mapa acima, cite trs reas com estresse hdrico considerado forte.
Fim do texto & contexto.
220
Boxe complementar.
GEO mais.
Por uma gota d'gua.
Tragdias humanas esto por trs das estatsticas sobre o acesso e disponibilidade de gua.
Cerca de seis mil crianas com menos de cinco anos morrem por dia em todo o mundo em
razo de doenas relacionadas a impurezas da gua consumida.
Nas imagens a seguir, veja o que adultos e crianas fazem em alguns pases do mundo para
obter um pouco de gua.
Se voc quiser ver outras imagens, acesse, se possvel, o endereo eletrnico
http://medindoagua.wordpress.com/tag/dia-mundial-da-agua/ .
| Na foto, de maro de 2009, pessoas fazem fila para pegar gua em reservatrio pblico num
bairro de Dacca, em Bangladesh. Diversos bairros de Dacca no possuem sistema de gua
potvel; os moradores dependem da distribuio de gua a partir de reservatrios. Fonte:
PAVEL RAHMAN / ASSOCIATED PRESS. ||
| Crianas num bairro de Dacca, em Bangladesh, carregam potes de gua (vazios) como forma
de manifestao pelo direito gua, no dia 22 de maro de 2009 (Dia Mundial da gua).
Fonte: PAVEL RAHMAN / ASSOCIATED PRESS. ||
Fim do complemento.
Poluio da gua: usos e abusos.
Voc j parou para pensar nas diversas atividades dirias em que a gua usada pelas
pessoas? At chegar torneira, a gua percorre um longo caminho.
Muitas vezes desperdiada, a utilizao da gua depende de sua disponibilidade, das formas
de captao, do tratamento e distribuio, e da realidade econmica e cultural dos diferentes
pases.
Os problemas relacionados com a quantidade de gua disponvel nas reas continentais
decorrem de projetos de irrigao e fornecimento de gua para os centros urbanos, que
drenam quantidades enormes de gua dos rios, riachos e lenis subterrneos, em volumes
que excedem em muito o reabastecimento natural, alterando as reservas de gua doce.
Alm disso, a drenagem excessiva de lenis subterrneos pode provocar o assentamento
irreversvel do solo, ou seja, o abaixamento da rea, conforme a gua retirada. Quando esse
processo ocorre no litoral, a gua salgada pode penetrar no lenol subterrneo transformando
a reserva de gua doce em gua salgada.
221
Em Bangcoc, capital da Tailndia, algumas reas da cidade sofrem um abaixamento de 14
centmetros por ano, e o teor de sal no lenol subterrneo aumenta progressivamente.
Problemas semelhantes acontecem em cidades da Califrnia e da Flrida (nos Estados
Unidos), colocando em risco as construes e causando problemas s reas de cultivo.
Em vrios pases pobres, o desmatamento nas reas de bacias hidrogrficas, as pastagens e as
prticas de cultivo em zonas ngremes e de altos ndices pluviomtricos reduzem a capacidade
do solo de absorver a gua da chuva. Isso aumenta o risco de enchentes, eleva o nvel dos rios
e reduz as reservas de gua disponveis durante as estaes mais secas. A terra carregada pela
eroso que desce das reas elevadas causa a sedimentao das represas, usadas para
armazenagem de gua e gerao de energia.
Nos grandes centros urbanos, a ausncia de reas verdes e o aumento contnuo das reas
asfaltadas ou concretadas diminuem a absoro de gua pelo solo, reduzindo o lenol
subterrneo que abastece os rios. A gua se mantm na superfcie, provocando enchentes e
catstrofes. Essa situao tende a se agravar cada vez mais com o aumento da populao
urbana, principalmente nos pases mais pobres.
No raro, a contaminao causada pelo lanamento de detritos residenciais e industriais nos
rios e lagos em quantidades que superam a capacidade de autorrecuperao das guas. Muitos
desses detritos no so biodegradveis, ou seja, no se decompem na natureza. o caso dos
plsticos e de alguns detergentes e inseticidas. Dessa maneira, tais elementos vo sendo
acumulados nas guas, reduzindo sua capacidade de reteno de oxignio e, em consequncia,
prejudicando a vida aqutica e os seres que dela dependem.
As indstrias que mais poluem so as de produtos qumicos, como inseticidas, fertilizantes e
derivados de petrleo, e as indstrias mineradoras, que lanam seus resduos na gua. Um dos
mais perigosos para os seres vivos o mercrio, utilizado no processo de isolamento de
minerais.
A gua poluda atinge as reas litorneas, causando danos aos ecossistemas costeiros, como os
mangues, esturios, recifes de corais e bancos de areia. Esses ecossistemas constituem
verdadeiros berrios naturais para animais marinhos e litorneos, pois concentram mais da
metade do total de fertilidade biolgica dos oceanos.
Para voc ter uma ideia, todos os dias, dois milhes de toneladas de lixo humano so
despejados nos cursos de gua. Nos pases em desenvolvimento, 70% do lixo industrial
jogado, sem tratamento, poluindo suprimentos de guas limpas.
No grfico abaixo, observe o percentual de gua utilizada em alguns pases na agricultura, na
indstria e em uso domstico. No grfico da pgina seguinte, analise a quantidade de gua
utilizada para produzir alguns dos alimentos que consumimos em nosso cotidiano.
223
"cerca de 40% da populao mundial vive nas proximidades de bacias de rios e lagos que
separam dois ou mais pases. Existem cerca de 263 lagos e bacias hidrogrficas
transfronteirias que incluem os territrios de 145 pases e abrangem cerca de metade da
superfcie terrestre. Grandes reservas de gua fresca tambm circulam silenciosamente no
subsolo. Existem mais de 270 aquferos conhecidos que ultrapassam fronteiras".
Ao examinar o grfico abaixo, observe que os cinco maiores rios do mundo atravessam vrios
pases, confirmando, assim, os dados da ONU. No mapa da prxima pgina, repare que trs
desses grandes rios apresentam-se ameaados, entre eles, o Nilo.
Na maioria dos pases do Oriente Prximo, a demanda por gua ultrapassa, e muito, o
abastecimento. No caso do sul da sia, o principal aspecto o grande crescimento da
populao, que causa desequilbrio entre a necessidade e a oferta de gua. No caso da frica,
pode-se constatar que a desertificao o fator que contribui com o estresse hdrico.
Juntamente com a escassez de outros recursos e certas formas de degradao ambiental, o
problema da gua torna-se um fator determinante de desestabilizao poltica e de violentos
conflitos locais e regionais.
Texto & contexto.
1. "A gua da Terra forma uma emaranhada teia de rios que ignoram as fronteiras." Comente e
exemplifique a frase com o apoio do grfico acima e dos dados apresentados no texto.
2. Selecione dois pargrafos desta pgina adequados para explicar o primeiro mapa da pgina
219. Anote-os.
3. Com base na tabela sobre consumo domstico de gua por atividade (na pgina anterior),
responda: que atividades mais consomem gua em sua casa? possvel reduzir o consumo de
gua? Como?
224
Texto da imagem.
1. Murray - Darling: 3370 km de extenso; ameaa: espcies introduzidas pelos seres
humanos.
2. Salouen: 2800 km de extenso; ameaa: construo de represas.
3. Mekong: 4600 km de extenso; ameaa: pesca excessiva.
| Entre os pases com problemas hdricos, tem havido mais do que o dobro de acordos
positivos. Na Europa, h quatro bacias compartilhadas por vrios pases e cerca de 200
tratados para regular o uso da gua. Fonte: CLARKE, ROBIN. EKING, JANNET. O ATLAS
DA GUA. SO PAULO: PUBLIFOLHA, 2006. p. 76. ||
A escassez de gua no mundo agravada em funo da desigualdade social e da falta de
manejo e de usos sustentveis dos recursos naturais. De acordo com as estatsticas da ONU
que voc viu at aqui, alguns estudiosos afirmam que controlar o uso da gua significa deter
poder. Voc concorda?
Boxe complementar.
GEO mais.
Declarao Universal dos Direitos da gua.
Artigo 1 - A gua faz parte do patrimnio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nao,
cada regio, cada cidade, cada cidado, plenamente responsvel aos olhos de todos.
Artigo 2 - A gua a seiva de nosso planeta. Ela condio essencial de vida de todo vegetal,
animal ou ser humano. Sem ela no poderamos conceber como so a atmosfera, o clima, a
vegetao, a cultura ou a agricultura.
[...].
Artigo 4 - O equilbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservao da gua e de
seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a
continuidade da vida sobre a Terra. Este equilbrio depende, em particular, da preservao dos
mares e oceanos, por onde os ciclos comeam.
[...].
Artigo 7 - A gua no deve ser desperdiada, nem poluda, nem envenenada. De maneira
geral, sua utilizao deve ser feita com conscincia e discernimento para que no se chegue a
uma situao de esgotamento ou de deteriorao da qualidade das reservas atualmente
disponveis.
Artigo 8 - A utilizao da gua implica respeito lei. Sua proteo constitui uma obrigao
jurdica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questo no deve ser ignorada
nem pelo homem nem pelo Estado.
Disponvel em: www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/gesta_direitos.asp. Acesso em: ago. 2009.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Por que os rios e lagos transfronteirios podem ensejar conflitos por gua?
2. O que o grfico da pgina ao lado indica sobre o conflito entre Israel e Palestina? Comenteo com o apoio do texto.
3. As mesmas questes hdricas que levam os pases ao conflito os levam a cooperar?
Comente a frase com o apoio dos grficos e do texto.
4. "Alguns estudiosos afirmam que controlar o uso da gua significa deter poder." Voc
concorda com essa frase? Escolha o pargrafo do texto que mais combina com seu
posicionamento a respeito desse assunto.
Fim do texto & contexto.
226
Muito mar, nem tanto peixe.
Os oceanos no s governam ciclos biogeoqumicos importantes, que tornam o planeta
habitvel, como so imprescindveis biodiversidade, ao clima e a muitos recursos naturais
essenciais para a humanidade.
Representando 75% da superfcie terrestre, os oceanos agem, principalmente, como um
reservatrio de calor, redistribuindo, atravs de sua circulao, o excesso de energia trmica
da regio tropical para as frias regies polares. Os oceanos so, portanto, uma espcie de "ar
condicionado" do planeta responsveis pela moderao do clima.
Por muito tempo, os oceanos foram considerados um bem que se renovava quase
automaticamente. O tempo e a Cincia, porm, provaram que no bem assim. De acordo
com as ltimas pesquisas, a sujeira nos oceanos tanta que agora se fala em degradao, e
no mais em renovao.
Para voc ter uma ideia da gravidade da situao dos ambientes marinhos, imagine um prato
de sopa cheio de legumes coloridos e bem picadinhos. S que, para cada pedacinho de
legume, h outros seis pedaos de plstico, que esto boiando na sopa. Voc seria capaz de
com-la? Claro que no, certo?
Infelizmente, o mesmo no acontece com a tartaruga e o albatroz, por exemplo. Ao se
alimentar de moluscos, medusas e algas no grande "sopo" dos oceanos, eles e mais um
nmero incalculvel de animais tambm engolem o lixo slido que flutua no mar. Tampinhas,
canetas, escovas de cabelo e uma infinidade de entulhos marinhos so achados no estmago
deles quando dissecados. Triste, no mesmo?
Segundo o Greenpeace, o lixo slido, levado pelos oceanos e mares desde a Antrtida at a
Groenlndia, acabou com cerca de 267 espcies da fauna marinha.
Por tudo isso, se voc pensa que o impacto humano nos oceanos vem apenas do petrleo que
vaza de acidentes ou que jogado ilegalmente no mar (aps a limpeza de tanques dos navios),
pode mudar de ideia. Essa apenas a forma mais familiar e aparente de poluio nas guas
marinhas.
Apesar dos estragos, o derramamento de petrleo causa um impacto pequeno se comparado a
poluentes como esgoto domstico, dejetos industriais, exploses, abandono de estruturas e
ferro velho, minerao, restos de pesticidas agrotxicos, etc. Trfego naval, fazendas
marinhas e fisso nuclear, entre outros, tambm so fontes de contaminao dos oceanos.
| As reas mais afetadas pelo impacto humano so o mar do Norte, o mar da China Oriental e
Meridional, o mar do Caribe, a costa leste da Amrica do Norte, os mares Mediterrneo e
Vermelho, o golfo Prsico, o mar de Bering e vrias regies do Pacfico Oeste. As reas
menos afetadas so as prximas aos polos. Fonte: NATIONAL SCIENCE FOUNDATION,
2008. Disponvel em: www.bbc.co.uk. Acesso em: nov. 2009. ||
| Lixo slido aparece em uma das praias de Niteri (RJ) aps forte chuva. Foto de 2007.
Fonte: RAFAEL ANDRADE / FOLHA IMAGEM. ||
227
Globalmente, a cada ano, cerca de 450 km de gua residual (no tratada ou parcialmente
tratada) de esgotos, efluentes industriais e resduos agrcolas so transportados para guas
costeiras por rios e riachos. Resumindo: em funo das correntes marinhas, quase nenhum
lugar do mundo est imune poluio.
Em 2008, a revista cientfica estadunidense Science publicou um mapa que mostra o nvel de
degradao dos oceanos. O estudo analisou o impacto da poluio, do aquecimento global e
da pesca predatria nos ecossistemas marinhos. O resultado da pesquisa indica que 41% dos
oceanos foram afetados, em maior ou menor grau, pela ao humana. O litoral do Sudeste
brasileiro, por exemplo, est coberto de lixo e esgoto. Veja o mapa da pgina anterior.
Como voc v nesse mapa, a gua poluda atinge as reas litorneas, causando danos aos
ecossistemas costeiros, como mangues, esturios, recifes de corais e bancos de areia. Esses
ecossistemas constituem verdadeiros berrios naturais para animais marinhos e litorneos,
pois concentram mais da metade do total de fertilidade biolgica dos oceanos.
O chamado Grande Lixo do Pacfico uma prova dos estragos que as sociedades promovem
nos mares e oceanos. Situado entre a Califrnia e o Hava, espalhado por uma rea que seria
maior que Minas Gerais e outros estados brasileiros, ele guarda 3,5 milhes de toneladas de
lixo slido de todos os tipos, vindas de diversos lugares do mundo. Levadas pelas correntes
martimas, as toneladas e toneladas de sujeira se acumulam num lugar que j foi um paraso.
Alm disso, estudos indicam que provavelmente h depsitos de lixo em mais cinco regies
dos oceanos. O do Pacfico apenas o mais conhecido. Pssima notcia, no mesmo? Veja
na imagem abaixo.
| Estudos indicam que aproximadamente 100 milhes de toneladas de lixo esto flutuando na
rea. Cerca de 20% dos dejetos jogado de embarcaes e de plataformas de petrleo; o
restante vem do continente. Objetos como bolas de futebol, sacolas, garrafas de plstico,
caiaques, restos de naufrgios e outros podem ser encontrados no entulho. As duas manchas
de lixo (que voc v na ilustrao) esto em constante movimento, devido s correntes
martimas. Fonte : http : //blog.eco4planet.com/2009/02/a-poluicao-ameaca-nossos-oceanos/.
Acesso em: set. 2009. ||
Texto & contexto.
1. Por que os oceanos so importantes para a vida na Terra? Como eles interferem nos climas
do planeta?
2. H alguma rea ocenica imune contaminao? Responda com o apoio do mapa da
pgina ao lado.
3. Observe a ilustrao acima e explique a origem do Grande Lixo do Pacfico.
4. Lixo na praia no algo difcil de encontrar. O que voc faria para evitar esse problema?
Fim do texto & contexto.
228
anos, desde a Revoluo Industrial, pela queima de combustveis fsseis e outras atividades
humanas. As variaes dos elementos do clima referem-se s mdias histricas.
Vale lembrar que nem toda mudana climtica necessariamente global. Muitas podem
ocorrer em escala regional e local. A formao de ilhas de calor e a inverso trmica,
fenmenos que voc vai estudar no prximo captulo, so exemplos de mudanas climticas
no globais.
Causas naturais da mudana climtica.
Como voc sabe, o aumento da poluio por queima de combustveis fsseis, as queimadas, o
desmatamento e a formao das ilhas de calor nos centros urbanos so as principais causas
antropognicas da mudana climtica, ou seja, aquelas originadas pelas aes humanas. Alm
delas, pode-se distinguir tambm causas naturais, ou seja, aquelas originadas pela prpria
natureza.
Uma causa natural da mudana climtica est ligada teoria de Alfred Wegener, que voc
estudou no captulo 4.
Segundo essa teoria, num passado bem remoto, os continentes formavam um s bloco e havia
um s oceano. Foram necessrios movimentos contnuos durante milhares e milhares de anos
para que os continentes, ainda em movimento, chegassem ao que so hoje. Dessa forma,
quando os continentes tinham outra configurao, a circulao ocenica e a distribuio das
zonas climticas da Terra teriam sido bem diferentes das atuais.
Os fenmenos El Nio e La Nia tambm esto entre as causas naturais da mudana
climtica.
Boxe complementar.
GEO mais.
IPCC.
O Painel Intergovernamental de Mudanas Climticas (IPCC) foi criado em 1988 pela
Organizao Meteorolgica Mundial (OMM) e pelo Programa das Naes Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA), para avaliar informaes cientficas, tcnicas e socioeconmicas
relevantes para a compreenso da mudana do clima, seus potenciais impactos e opes de
adaptao e mitigao.
Desde sua criao, o IPCC tem publicado diversos pareceres tcnicos e documentos. O rgo
estima, por exemplo, que at o fim do sculo XXI a temperatura da Terra deve subir entre 1,8
C e 4 C, o que aumentaria a intensidade de secas e tufes. Nesse quadro, um tero das
espcies do planeta estaria ameaado.
Fim do complemento.
229
Como voc estudou na pgina 167, os dois fenmenos interferem na temperatura das guas de
partes do oceano Pacfico. A mudana de temperatura das guas influencia a intensidade dos
ventos alsios e a presso atmosfrica no oceano, afetando, assim, vrios elementos do clima
no mundo todo.
Tambm causa natural da mudana climtica o fenmeno astronmico de variao orbital,
ou seja, o aumento ou diminuio das radiaes solares devido s variaes nos movimentos
da Terra em relao ao Sol. A variao orbital, que ocorre periodicamente, faz com que a
radiao solar chegue de forma diferente a cada hemisfrio da Terra. Essa variao provoca
perodos de longos veres e longos invernos. Um dos fatores que causa a variao a
inclinao do eixo da Terra.
Entre as causas naturais da mudana climtica tambm pode-se incluir as chamadas teorias da
evoluo estelar. Algumas sugerem que o Sol teria sido mais "fraco" nos primeiros bilhes de
anos da histria da Terra. A energia do Sol aumenta cerca de 10% a cada bilho de anos, ou
seja, no incio da vida na Terra, a energia solar era em torno de 70% da atual. Sabe-se, no
entanto, que o planeta no estava frio; de certa forma, o efeito estufa j compensava a
reduzida radiao solar.
Os impactos de meteoritos de grandes propores, apesar de eventos raros, tambm podem
modificar o clima da Terra. Esses impactos podem gerar profundas mudanas na biosfera e
desencadear verdadeiras catstrofes ecolgicas.
Outro elemento natural da mudana climtica so os aerossis. Assim como os gases de efeito
estufa, os aerossis so importantes no balano de energia do sistema Terra-atmosfera, visto
que podem absorver e refletir radiao, influenciando, assim, o balano de energia.
Importantes na formao das nuvens, os aerossis tambm influenciam indiretamente o
balano de energia na atmosfera. Isso acontece porque as nuvens so muito eficientes como
corpos que refletem a radiao solar. Nuvens formadas por altas concentraes de aerossis
tendem a apresentar gotas menores e mais numerosas. Essas nuvens refletem mais radiao
solar do que outras formadas por gotas maiores e menos numerosas, originadas em reas com
concentraes de aerossis relativamente mais baixas.
| O vulco Pinatubo, nas Filipinas, em erupo no dia 1 de agosto de 1991. Fonte: ROMEU
GACAD / AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
As erupes vulcnicas produzem os maiores impactos relacionados aos aerossis na
atmosfera, emitindo globalmente bilhes de toneladas de aerossis por ano. Em certos casos,
esses aerossis atingem camadas muito altas, onde podem sofrer reaes e formar outros
aerossis, como o cido sulfrico (H2SO4 ), um dos responsveis pela reflexo da radiao
solar. Devido remoo reduzida em altos nveis da atmosfera, os efeitos dos aerossis
podem persistir por anos.
Em 1991, o vulco Pinatubo, nas Filipinas, lanou cerca de 20 megatoneladas de cido
sulfrico no ar, provocando uma diminuio de cerca de 0,6 C na temperatura mdia global.
Texto & contexto.
1. Sobre mudana climtica, anote a explicao que voc julga mais adequada.
2. Quais so as causas antropognicas da mudana climtica?
3. Com suas palavras, explique uma das causas naturais da mudana climtica.
4. Escreva um comentrio sobre os trs primeiros pargrafos da pgina ao lado.
Texto da imagem.
O EFEITO ESTUFA.
O fenmeno permite a existncia de vida na Terra. Veja como ele funciona e o modo como as
aes humanas o afeta.
1 - O Sol emite sua energia pelo espao na forma de luz visvel, radiao ultravioleta e
infravermelha.
2 - Quando os raios do Sol chegam Terra, cerca de 30% da energia luminosa volta para o
espao, refletida por poeira e nuvens na atmosfera e, ainda, por refletores naturais na
superfcie, como reas cobertas de neve e gelo.
3 - O ar, terras e guas absorvem cerca de 70% da radiao solar.
4 - Aquecida, a superfcie emite calor na forma de radiao infravermelha.
5 - Um pouco de radiao trmica da Terra vai para o espao, mas a maior parte refletida na
atmosfera, absorvida por vapor de gua, dixido de carbono, metano e outros gases do efeito
estufa.
6 - Se o calor no fosse refletido pelo efeito estufa, o planeta congelaria a uma temperatura
mdia de 18 C negativos.
7 - A temperatura do planeta varia, de maneira natural, por causa dos ciclos solares e
geolgicos. Mas, de acordo com o relatrio do IPCC, as atividades humanas afetaram o ritmo
natural de produo e absoro de gases.
8 - Hoje, milhes de toneladas de carbono que a natureza tirou de circulao, armazenadas
como petrleo no subsolo ou biomassa nas matas, so jogadas pela ao humana na atmosfera
em poucas horas, na forma de CO2. Ao aumentar a concentrao desse e de outros gases, o
homem amplia o efeito estufa, o que provoca o aquecimento do planeta.
OS GASES DA ATMOSFERA.
- Nitrognio (N2 ): 78,084%.
- Oxignio (O2 ): 20,946%.
- Argnio (Ar): 0,934%.
- Outros gases: 0,036%.
Dixido de carbono (CO2 ): 0,0332%.
Nenio (NE): 0,0018%.
Outros gases: 0,0010%.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE WILLIAM TACIROE / GUIA DO ESTUDANTE / EDITORA
ABRIL. Ilustrao: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA.
Como voc viu, os gases de efeito estufa tm a capacidade de reter o calor da atmosfera, do
mesmo modo que o revestimento de vidro de uma estufa retm o calor no cultivo de plantas,
por exemplo. O vapor de gua e o dixido de carbono tm a propriedade de permitir que as
ondas eletromagnticas que chegam do Sol atravessem a atmosfera e aqueam a superfcie
terrestre. Contudo, essa mesma camada dificulta a sada de calor (radiao infravermelha)
emitida pela Terra, impedindo que ocorra uma perda demasiada de calor irradiado para o
espao. o que mantm a Terra aquecida.
O problema comea quando a emisso de gases poluentes, pelas atividades humanas, afeta
esse equilbrio normal e provoca mudanas nesse que pode ser considerado um "cobertor"
atmosfrico, transformando-o num forno.
Como voc viu no captulo anterior, quando uma floresta removida, por exemplo, ocorre
liberao de carbono retido na vegetao para a atmosfera (atravs da queima ou da
decomposio) na forma de dixido de carbono (CO2 ). Isso contribui para o aumento da
concentrao de gases de efeito estufa. Outro exemplo a liberao de carbono na queima de
combustveis fsseis.
O Brasil, assim como a China, a Indonsia e a ndia, ocupa posio de destaque - quarto lugar
- no ranking dos maiores emissores atuais de CO2 .
Os Estados Unidos aparecem como lderes, sendo responsveis por 30% das emisses globais.
As emisses do Brasil representam entre 3% e 4% das emisses globais.
Aquecimento global.
A intensificao do efeito estufa, que, por sua vez, consequncia do excesso de concentrao
de determinados gases na atmosfera, causa o aquecimento global.
231
Fenmeno climtico de larga extenso, o aquecimento global um aumento da temperatura
mdia superficial global que vem acontecendo nos ltimos cento e cinquenta anos.
A partir do final do sculo XIX, com a Revoluo Industrial, o uso macio de combustveis
fsseis (carvo e petrleo) e a utilizao predatria dos recursos naturais (queimadas,
desmatamento, depsitos de lixo, etc.) vm liberando na atmosfera uma imensa quantidade de
gases que retm calor e tornam aquela camada mais espessa.
Boxe complementar.
GEO mais.
Crditos de carbono.
A ideia de crditos de carbono surgiu a partir do Protocolo de Kyoto (1997) como medida
para acelerar as metas de reduo das emisses de gases do efeito estufa.
O protocolo estabelece metas de reduo das emisses de gases do efeito estufa para os pases
mais industrializados. Reconhece-se, assim, que os pases em desenvolvimento, tendo
iniciado tardiamente o processo de industrializao e sendo responsveis apenas pela parte
menor (e recente) da concentrao excessiva de gases do efeito estufa na atmosfera, no
merecem ter comprometidas suas condies de desenvolvimento antes que os prprios pases
desenvolvidos tomem providncias para reduzir essa concentrao.
Os pases que assinaram o protocolo e que no conseguirem atingir esses objetivos podero
compensar o dficit nas metas comprando crditos de carbono gerados em projetos de pases
em desenvolvimento.
- O que so GEEs?
232
As observaes indicam que est ocorrendo um aumento de 3,1 megatoneladas de gs
carbnico na atmosfera por ano. Pode-se dizer que 80% do aquecimento global atual devido
ao gs carbnico. Como resultado, a temperatura do planeta tem aumentado
progressivamente. Estima-se que esta tenha aumentado 0,7 C s neste ltimo sculo, e que os
dez ltimos anos (entre 1999 e 2009) foram os mais quentes da histria. Observe os grficos
abaixo.
| O grfico mostra a variao da temperatura da superfcie terrestre e dos oceanos entre 1850 e
2008. O ano de 2008 foi o 10 mais quente registrado. Fonte: ADAPTADO DE NASA.
Disponvel em: http://climate.nasa.gov/keyindicators/index.cfm. Acesso em: set. 2009. ||
| CO2 um importante gs do efeito estufa lanado por processos naturais, como respirao,
erupo de vulces e atividades humanas (queima de combustveis fsseis e desmatamento).
O grfico esquerda mostra os nveis histricos de CO2 na atmosfera da Terra. O grfico
direita mostra os nveis recentes de CO2 . Fonte: ADAPTADO DE NASA. Disponvel em:
http://climate.nasa.gov/keyindicators/index.cfm. Acesso em: set. 2009. ||
Segundo inmeros cientistas, ainda neste sculo, a temperatura mdia do planeta continuar
subindo, no mnimo mais 1,4 C e no mximo cerca de 5,8 C.
A partir dessas referncias, o IPCC tem feito uma srie de projees sobre os impactos do
aquecimento global. Veja algumas:
- dias mais quentes e ondas de calor podem ocorrer em todos os continentes;
Na regio Sudeste do Brasil, os estudos do IPCC indicam que as chuvas vo aumentar, o que
dever ter impacto direto na agricultura. O plantio de caf, por exemplo, pode migrar de So
Paulo e Minas Gerais para outras localidades bem ao sul. Haver, tambm, aumento da
frequncia e da intensidade das inundaes e deslizamentos de terras.
Com relao aos ecossistemas costeiros e ribeirinhos em reas sob a influncia das mars, o
IPCC indica que podero ser profundamente alterados com uma elevao do nvel da gua do
mar.
235
Evidncias da mudana climtica.
Resultados publicados no estudo do IPCC, fruto da pesquisa de cerca de 2500 cientistas de
130 pases, confirmam aquilo que muitos j suspeitavam: o aumento das temperaturas mdias
do planeta, ou seja, os extremos climticos que observamos no Brasil e no mundo, seriam
decorrentes do aquecimento global. Em outras palavras: as mudanas climticas esto
ocorrendo mais rapidamente do que se acreditava e h vrias evidncias a esse respeito. Veja
algumas:
- lagos glaciais esto aumentando, tanto em tamanho quanto em nmero, o que pode causar
enchentes;
- neves eternas, como as que cobrem o monte Quilimanjaro, na frica, e geleiras de
montanhas nos dois hemisfrios, esto sofrendo visvel reduo;
- medida que a temperatura de rios e lagos aumenta, sua estratificao trmica e qualidade
de gua mudam;
- as correntes dos rios, afetadas pelo derretimento do gelo e geleiras, esto acelerando durante
a primavera; a primavera est comeando mais cedo, fazendo com que as aves migrem e as
plantas vicejem antes do perodo regular;
- muitas plantas e animais esto expandindo seus hbitats para regies montanhosas e
latitudes mais altas, pois estas vm se tornando mais amenas;
- a mdia global do nvel do mar est aumentando no mundo inteiro, num ritmo cada vez
maior;
- enchentes e inditas ondas de calor atingiram a Europa em 2002 e 2003;
- aumento de atividades de ciclones tropicais e furaces devastadores.
Boxe complementar.
GEO mais.
O novo mapa do poder.
Saiba o que vai acontecer com os pases daqui a 50 anos, considerando o aquecimento global.
Texto da imagem.
GANHAM PODER:
Rssia, Canad, Groenlndia, Alasca, Escandinvia, Chile e Argentina.
Com o sumio de parte da capa de gelo e o possvel aumento da temperatura, territrios com
grandes reas geladas no hemisfrio norte vo se tornar produtivos para a agricultura. Alm
disso, vastas regies da Sibria e dos arredores do Plo Norte tm grande quantidade de
petrleo. A Sibria tende a fazer da Rssia uma grande potncia econmica. E o Plo Norte
pode provocar uma corrida pelo ouro. J o caso do Chile e da Argentina outro: se a regio
equatorial da Amrica Latina ficar quente demais, os pases mais ao sul sero muito
procurados por serem mais agradveis.
CONTINUAM NA MESMA:
Estados Unidos, Europa (com exceo da Escandinvia), China, Japo, Brasil, frica do Sul.
Pases com grande extenso territorial, como China, Brasil e Estados Unidos, tm potencial
para explorar fontes de energia renovveis. Por outro lado, estaro muito sujeitos a tufes e
inundaes. A Europa e a frica do Sul tendem a continuar sob uma temperatura aceitvel. J
o Japo e outros pases do Sudeste Asitico, sempre muito prejudicados por tempestades
violentas, tero um consolo: o degelo est abrindo a rota martima no noroeste, que liga os
oceanos Atlntico e Pacfico por meio do Polo Norte e poder baratear bastante as
exportaes dos asiticos.
PIORAM:
Mxico, frica Central.
Regies pobres ou subdesenvolvidas, e que j sofrem com o excesso de calor nos dias de hoje,
tendem a se tornar ainda mais difceis. E, se formos pensar que grande parte do Brasil tambm
est nessa condio, como o serto nordestino, por exemplo, teremos que reavaliar a nossa
posio nesse quadro.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE SUPERINTERESSANTE. EDITORA ABRIL, n. 247, 15 dez. 2007,
p. 70.
Fim do complemento.
236
Refugiados do clima.
Eles deixaro sua histria para trs, escapando de guerras, conflitos tnicos, furaces,
enchentes. Abandonaro suas casas, destrudas por projetos de grandes hidreltricas. Cruzaro
fronteiras.
No importa como so chamados. Migrantes, refugiados ambientais, refugiados climticos:
eles deixaro seus lares por pura falta de opo.
Causa do desaparecimento definitivo de recursos naturais e territrios, as mudanas climticas
ameaam tirar milhes de pessoas de seus lares nas prximas dcadas. A Universidade das
Naes Unidas prev que 250 milhes de pessoas podero estar nessa condio em 2050. Veja
no mapa abaixo.
O mofo que se cria nas casas inundadas contribui para aumentar os problemas respiratrios.
Veja no grfico.
Perdas culturais.
As consequncias da mudana do clima da Terra no se restringem apenas perda da
biodiversidade do planeta, aos milhes de refugiados, s doenas ambientais, etc. Culturas
ameaadas pela mudana climtica permeiam o mundo. Elas incluem habitantes de florestas
tropicais, como os Kamaiur, por exemplo, que vm enfrentando graves problemas no seu
cotidiano.
Os Kamaiur vivem no Parque Indgena Xingu, num vasto territrio que j foi escondido pela
floresta, mas que hoje cercado de fazendas. Com o desmatamento do entorno, a umidade do
ciclo da gua regional diminuiu. Com temperatura mais alta, menos chuva e umidade, os
nveis da gua nos rios esto baixos; com isso, os peixes no conseguem chegar aos seus
locais de desova. O resultado no outro: a pesca quase desapareceu e o plantio da mandioca
foi afetado.
Assim como os Kamaiur, h outras comunidades tradicionais espalhadas no mundo todo que
dependem intimamente dos ciclos da natureza para manter sua cultura e tradies. Muitas
esto tendo de se adaptar s estaes secas, por exemplo, ou presena mais constante de
furaces. Veja na imagem abaixo.
difcil, quando no impossvel, caar focas, um pilar da alimentao tradicional. Seu estilo de
vida est sendo ameaado.
O mesmo j est acontecendo com vrias comunidades rticas remotas que vivem da caa e
da pesca.
Rios congelados que eram utilizados como estradas, hoje fluem a maior parte do ano. Se o
gelo martimo derreter, a populao de focas e ursos-polares ser afetada e o deslocamento
das reas de vegetao para o norte poder levar consigo outras fontes tradicionais de
alimento, como caribus e renas.
Em nvel local, as mudanas no clima talvez exijam adaptaes em antigas tradies culturais
e releguem histria caractersticas climticas que reforavam os valores e as memrias
comuns.
Alm da destruio de culturas tradicionais, as mudanas climticas tambm j esto gerando
perdas incalculveis em stios arqueolgicos e monumentos histricos, muitos deles tombados
como patrimnio da humanidade pela Unesco.
O centro histrico de Praga, na Repblica Tcheca, um exemplo. A cidade possui edificaes
dos sculos XI a XVIII; so construes da arquitetura medieval, protegidas h muito tempo.
As inundaes que afetaram a Europa Oriental no vero de 2002 provocaram danos
significativos a esse local. Alguns edifcios ficaram submersos em at 2 metros e outros
desmoronaram. A elevao do nvel das guas pode comprometer definitivamente as
edificaes seculares.
Timbuktu, em Mali, outro exemplo. Capital intelectual e um centro de propagao do
islamismo na frica durante os sculos XV e XVI, suas trs mesquitas (Djingareyber,
Sankor e Sidi Yahia) recordam a idade dourada de Timbuktu e foram inscritas em 1988 na
lista do patrimnio mundial. Hoje, a desertificao ameaa este local. Segundo a Unesco, o
avano da areia na mesquita de Sankor notvel e implica alteraes construtivas, como a
altura de suas tubulaes.
239
Marcas na Terra.
Como todos os seres vivos da Terra, voc tambm precisa de certo espao natural produtivo.
Sem alimentos, por exemplo, sua sobrevivncia seria impossvel.
Muita coisa est em jogo no caminho que os alimentos fazem at que cheguem sua mesa:
terras agrcolas frteis, trabalho, gua, energia, etc. Como voc viu no grfico da pgina 222,
necessrio um grande volume de gua para produzir um quilo de carne, de batata e de tantos
outros alimentos que consumimos. Alm da gua, na produo de alimentos h ainda o
transporte, o manejo das terras, a vacina do gado, etc. Em resumo: quanto mais exploramos o
meio ambiente, mais deixamos nossas marcas (bem visveis) na Terra.
Diante disso, surgem questes perturbadoras: Ser que o planeta tem gua e terra frtil em
quantidade suficiente para alimentar seus habitantes? Ser que a Terra vai ter capacidade, no
futuro, de dar conta do consumo (crescente) de tanta gente?
Ao refletir sobre essas questes, bom lembrar que o espao fsico territorial no vai
"aumentar" com o passar do tempo. Alm disso, preciso garantir espao para outras espcies
e para habitantes das prximas geraes. Assim, torna-se essencial avaliar at que ponto o
impacto das atividades humanas j ultrapassou os limites que o meio ambiente terrestre pode
suportar.
Foi pensando em ajudar a perceber quanto de recursos da natureza utilizamos para sustentar
nosso modo de vida que os ecologistas William Rees e Mathis Wackernagel criaram a
expresso Pegada Ecolgica, em.
1996. Metaforicamente, Pegada Ecolgica (Ecological Footprint, em ingls) refere-se marca
que cada um, individualmente, ou os povos, coletivamente, imprimem e deixam para trs na
sua caminhada por este planeta.
Segundo a World Wildlife Fund (WWF) Brasil, "a Pegada Ecolgica de um pas, de uma
cidade ou at de uma pessoa, corresponde ao tamanho das reas produtivas de terra e de mar
necessrias para gerar produtos, bens e servios que sustentam determinados estilos de vida.
Em outras palavras, a Pegada Ecolgica uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extenso
de territrio que uma pessoa ou toda uma sociedade ' utiliza' , em mdia, para se sustentar"
(disponvel em: www.wwf.org.br/wwf_brasil/pegada_ecologica/ . Acesso em: set. 2009). A
Pegada Ecolgica pode ser calculada, ento, levando em considerao as diversas regies,
cidades ou povoados do planeta, e pode ser aplicada para descobrir em que regio do mundo
esto os maiores impactos do modo de vida de cada pessoa.
O clculo da Pegada Ecolgica envolve uma srie de elementos: os diferentes tipos de
territrios produtivos (agrcola, pastagens, florestas, reas construdas, oceanos, etc.); o que
consumimos ou necessitamos para viver (alimentao, energia, transporte, etc.); o nmero da
populao envolvida em cada clculo e as tecnologias empregadas. Cada tipo de consumo
convertido em uma rea medida em hectares.
Aliado a tudo isso, se leva em conta, regionalmente, a capacidade de biorregenerao do
sistema, sua quantidade de florestas, a biodiversidade e a quantidade de gua doce - ou seja, a
sade do ecossistema da regio em questo.
Segundo a WWF, "de modo geral, sociedades altamente industrializadas, ou seus cidados,
'usam' mais espaos do que os membros de culturas ou sociedades menos industrializadas.
Suas pegadas so maiores, pois, ao utilizarem recursos de todas as partes do mundo, afetam
locais cada vez mais distantes".
Estudos indicam que, desde a dcada de 1980, a humanidade est usando 25% de recursos
naturais a mais do que o planeta pode dispor. Nesse ritmo, precisamos de um planeta e mais
um quarto dele para sustentar o estilo de vida que temos. Veja no grfico abaixo.
A renascena econmica da China vai por gua abaixo com a inundao das ricas provncias
costeiras de Jiangsu, onde brilha a cidade de Xangai, e de Guangdong, onde fica Hong Kong.
O caos poltico, econmico e social se instala na Europa, onde os habitantes das plancies da
Blgica e dos Pases Baixos fogem ante a subida das guas. Os Estados Unidos pagam caro
por serem o principal emissor de gases do efeito estufa e por terem negado as evidncias do
aquecimento global. [...].
Essas vises de pesadelo podem no se tornar realidade. Qual a alternativa? Um futuro no
qual teremos reduzido drasticamente o consumo, hoje incontrolvel, de combustveis fsseis.
O carvo no mais utilizado, a no ser em usinas totalmente limpas que capturam e
sequestram o dixido de carbono, o mercrio e todos os outros produtos contaminadores. O
preo crescente das emisses de CO2 estimulou a proliferao de ideias, de inovaes, de
novas tecnologias e de novos ofcios na rea da eficincia energtica e das fontes de energias
limpas renovveis.
Mas no certo que esse futuro alternativo ainda seja possvel. As pessoas essenciais para
implement-lo so, em sua maioria, capites da indstria cuja influncia sobre o governo
americano enorme. At agora, a atitude deles - particularmente dos que dirigem companhias
ligadas ao petrleo [...] - tem sido a simples negao dos fatos. Eles financiam, para tanto,
alguns "bufes da corte" que negam a cincia e embaralham a mente do pblico.
Que podem fazer os cidados? Caminhar em lugar de dirigir seus carros, mas isso no vai
ajudar muito. Haver sempre algum pronto a queimar as reservas de petrleo at a ltima
gota. Como revanche, cada um de ns poder clamar contra o aquecimento exigindo, por
exemplo, uma moratria da implantao de toda nova usina de carvo. Enquanto no
chegarmos a implementar usinas limpas, enquanto no formos capazes de capturar e de
estocar o CO2 , o carvo de origem vegetal permanecer a fonte da maioria dos problemas
climticos. [...].
No devemos mais permitir que interesses financeiros privados decidam sozinhos [...] nosso
futuro. Antes de dar seu voto a um poltico, procure saber qual sua verdadeira posio! [...]
Pergunte a esse candidato se ele vai realmente impedir a construo de novas usinas de carvo
e lutar por uma poltica favorvel s fontes renovveis de energia.
Hansen, James. Qual ser o rosto da Terra amanh? In: Planeta. Editora Trs, ano 36, n. 431,
ago. 2008. pp. 54 -5 .
1. Segundo o texto, como a Terra poder vir a ser no futuro?
2. Que alternativas o texto apresenta para esse cenrio?
3. Qual a dificuldade, de acordo com o texto, em implementar as alternativas para reduzir a
emisso excessiva de CO2 ?
4. Como o cidado comum pode reagir s emisses excessivas de CO2 ?
241
RECOMENDAMOS.
Livros.
1001 maneiras de salvar o planeta.
Autor: Joanna Yarrow.
Publifolha, 2007.
Esse livro apresenta 1001 ideias para proteger o meio ambiente. So sugestes para
economizar energia, evitar o desperdcio de gua, entre outras.
O atlas da gua.
Autores: Robin Clark e Jannet King.
Publifolha, 2006.
O atlas fornece dados sobre os recursos hdricos no mundo, com um captulo especial sobre o
Brasil. So 33 mapas, tabelas e textos explicativos tratando de temas como escassez de gua,
explorao de guas subterrneas, secas e inundaes, contaminao e doenas, etc.
Pegada ecolgica e sustentabilidade humana.
Autor: Genebaldo Freire Dias.
Editora Gaia, 2006.
Esse livro explica como feito o clculo da pegada ecolgica. O autor tambm aponta
caminhos para um desenvolvimento que traga menores impactos ao planeta.
Sites.
Instituto Brasil PNUMA: www.brasilpnuma.org.br.
O Instituto Brasil PNUMA o Comit Brasileiro do Programa das Naes Unidas para o
Meio Ambiente, responsvel pela divulgao das atividades da entidade e pela promoo de
projetos de educao ambiental. O site apresenta notcias, artigos, dicas de preservao e links
para sites relacionados.
Planeta Sustentvel: http://planetasustentavel.abril.com.br.
O projeto Planeta Sustentvel uma iniciativa para divulgao de informao e conhecimento
sobre meio ambiente, energia, lixo, desenvolvimento, sade, educao, cultura e
responsabilidade social. O site apresenta reportagens, entrevistas, infogrficos explicativos,
glossrio, vdeos, jogos e simuladores.
Impactos regionais das alteraes climticas no planeta:
www.greenpeace.org.br/clima/flash/pop_mundo.html.
Infogrfico interativo que mostra algumas das consequncias causadas pelas alteraes
climticas no planeta. Passando o cursor do mouse sobre os continentes, voc pode visualizar
as informaes de cada regio.
Universidade da gua: www.uniagua.org.br.
A ONG Universidade da gua atua na educao ambiental voltada para a gua. O site tem
contedo completo sobre a questo. Apresenta biblioteca virtual, dicionrio ambiental e
glossrio de recursos hdricos. Alm disso, h notcias, monitoramento da qualidade das
guas, legislao, filmes e uma cartilha educativa ilustrada pelo cartunista Ziraldo.
(Acessos em: set. 2009.).
Filmes.
Home - Nosso planeta, nossa casa. Documentrio. Direo: Yann Arthus- Bertrand. Frana,
2009. 98 min.
O documentrio uma espcie de alerta sobre a interferncia humana no equilbrio ambiental
da Terra. Atravs de imagens areas de 54 pases, incluindo o Brasil, so mostradas marcas
deixadas pela ao dos seres humanos na natureza.
Wall - E. Direo: Andrew Stanton. Estados Unidos, 2008. 97 min.
Em 2700, a Terra est totalmente poluda e se transformou em um depsito de lixo,
praticamente inabitvel. Isso obrigou os humanos a se mudarem para uma gigantesca nave no
espao. Os nicos moradores restantes no planeta Terra so uma barata e Wall - E, um rob
compactador de entulho. Certo dia, uma nave pousa na Terra trazendo Eva, uma moderna
rob, que vasculha o planeta em busca de sinais de vida, e pela qual Wall - E se apaixona.
Eles vivero aventuras para proteger uma muda de planta, ltima esperana para refazer a
vida na Terra.
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Com base no texto de James Hansen (que voc examinou na seo Livros & leituras) e no
contedo do captulo, elabore duas histrias de fico. Se preferir, pode desenh-las em
quadrinhos ou produzir roteiros de teatro. As histrias vo abordar dois temas:
a) Um futuro em que as emisses de CO2 aumentaram e o aquecimento global se tornou
irreversvel. Quais foram as consequncias? Como ser o mundo nesse ambiente? Quais os
problemas existentes e como podero ser contornados? Qual o papel dos ambientalistas nesse
cenrio?
b) Um futuro em que as emisses de CO2 diminuram e o aquecimento global pde ser
controlado. Como isso aconteceu? Que tecnologias foram empregadas? Houve conflitos de
interesses? Quais? Como foram solucionados? Outros problemas foram gerados?
Construa os personagens, o enredo, e imagine o ambiente em que as histrias vo se passar
(bairro, municpio e pas). Depois, apresente suas histrias para a sala.
2. Observe a imagem e leia o texto a seguir:
d) Retome o captulo e escolha o artigo da Declarao Universal dos Direitos da gua que
mais combina com o problema exposto na imagem ao lado. Se possvel, acesse a declarao
inteira no site www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/gesta_direitos.asp. Escreva um texto para
justificar sua escolha.
e) Voc a favor ou contra a privatizao da gua? Por qu?
3. Observe a charge a seguir e faa o que se pede:
c) Manter o fornecimento de gua apenas para aqueles que pagam mais, j que a gua bem
dotado de valor econmico.
d) Manter o fornecimento de gua tanto para a lavoura quanto para o consumo humano, at o
esgotamento do rio.
e) Interromper o fornecimento de gua para a lavoura e para o consumo humano, a fim de que
a gua seja transferida para outros rios.
6. (Ufscar - SP).
A relao gua-populao deve-se colocar de forma inquietante nas prximas dcadas. Se
nestas regies eclodirem as guerras pela gua, elas no tero sido iniciadas por fatalidade, mas
por deciso poltica.
Adaptado de: MAGNOLI, D.; Arbex, J. e OLIC, N. Panorama do mundo 2.
Uma das regies a que se refere o texto :
a) Oriente Mdio.
b) Amrica Central.
c) Europa Oriental.
d) frica Central.
e) Extremo Oriente.
7. (UFRGS - RS). Assinale a alternativa que apresenta quatro fenmenos naturais que podem
ser associados elevao da temperatura mdia do planeta.
a) enchente - furaco - seca - vulcanismo.
b) ciclone - enchente - terremoto - vulcanismo.
c) ciclone - elevao do nvel dos mares - furaco - seca.
d) ciclone - enchente - seca - terremoto.
e) ciclone - elevao do nvel dos mares - furaco - vulcanismo.
8. (Unicamp- SP).
Apenas quando voc tiver cortado a ltima rvore, pescado o ltimo peixe e poludo o ltimo
rio, vai descobrir que no pode comer dinheiro.
Fala de um ancio americano citada em Vandana Shiva, Ecodesenvolvimento, 1989.
Voc aprendeu que a Pegada Ecolgica uma metodologia que converte nossos hbitos de
consumo e estilo de vida em hectares de terra frtil - e no em valores monetrios.
Para calcular a Pegada Ecolgica, so utilizados questionrios detalhados de hbitos
socioeconmicos e, a cada resposta, agregado um valor pr-determinado. Esse valor
convertido, depois, em hectares de terra produtiva.
Sabia que voc tambm pode calcular a sua Pegada Ecolgica? A partir do resultado,
possvel pensar em mudanas de atitude pessoal (e coletiva), tanto no consumo consciente
como na criao de um mundo mais solidrio e sustentvel. Esse o desafio desta atividade.
Para comear, leia as questes a seguir e anote as suas respostas numa folha parte. Vamos
ver se seu estilo de vida leva em conta a sade do planeta?
1. Ao fazer compras no supermercado:
a) Compro tudo que tenho vontade, sem prestar ateno no preo, na marca ou na embalagem.
b) Uso apenas o preo como critrio de escolha.
c) Presto ateno se os produtos de determinada marca so ligados a uma empresa que no
respeita o meio ambiente ou questes sociais.
a) Sim. Deixo tudo ligado, mesmo quando no estou no ambiente ou utilizando os aparelhos.
b) Deixo a luz dos cmodos ligada quando sei que em alguns minutos vou voltar ao local.
c) Deixo o computador ligado, mas desligo o monitor quando no estou utilizando.
d) No. Sempre desligo os aparelhos e luzes quando no estou utilizando, ou deixo o
computador em estado de hibernao (stand by).
7. Quantas vezes por semana, em mdia, voc liga o ar-condicionado em casa ou no trabalho?
a) Praticamente todos os dias.
b) Entre trs e quatro vezes.
c) Entre uma e duas vezes por semana.
d) No tenho ar-condicionado.
8. Quanto tempo voc leva, em mdia, tomando banho?
a) Mais de 20 minutos.
b) Entre 10 e 20 minutos.
c) Entre 5 e 10 minutos.
d) Menos de 5 minutos.
9. Quando voc escova os dentes:
a) A torneira permanece aberta o tempo todo.
b) A torneira aberta apenas para molhar a escova e na hora de enxaguar a boca.
245
10. Quantos habitantes moram em sua cidade?
a) Acima de 500 mil pessoas.
b) De 100 mil a 500 mil pessoas.
c) De 20 mil a 100 mil pessoas.
d) Menos de 20 mil pessoas.
11. Quantas pessoas vivem na sua casa ou apartamento?
a) 1 pessoa.
b) 2 pessoas.
c) 3 pessoas.
d) 4 pessoas ou mais.
12. Qual a rea da sua casa / apartamento?
a) 170 m ou mais.
b) De 100 a 170 m (3 quartos).
c) De 50 a 100 m (2 quartos).
d) 50 m ou menos (1 quarto).
13. Com que frequncia voc consome produtos de origem animal (carne, peixe, ovos,
laticnios)?
a) Como carne todos os dias.
b) Como carne uma ou duas vezes por semana.
c) Como carne raramente, mas ovos / laticnios quase todos os dias.
d) Nunca (vegetariano).
14. Que tipo de transporte voc mais utiliza?
a) Carro meu nico meio de transporte e, na maioria das vezes, ando sozinho.
b) Tenho carro, mas procuro fazer a p os percursos mais curtos e privilegio o uso de
transporte coletivo sempre que possvel.
c) No tenho carro e uso transporte coletivo.
d) No tenho carro, uso transporte coletivo quando necessrio, mas ando muito a p ou de
bicicleta.
15. Por ano, quantas horas voc gasta andando de avio?
a) Acima de 50 horas.
b) 25 horas.
c) 10 horas.
d) Nunca ando de avio.
Adaptado de Pegada Ecolgica: que marcas queremos deixar no planeta? Texto: Borba,
Mnica Pilz. Braslia: WWF-Brasil, 2007.
Todos juntos.
1. Para conhecer a Pegada Ecolgica de cada um, transformem as respostas (anotadas na folha
parte), nos valores de acordo com a tabela fornecida pelo professor.
2. A partir dos resultados e com base no quadro abaixo, conversem sobre o tamanho estimado
da pegada da turma.
| A populao sem recursos bsicos, como moradia, energia, gua tratada e rede de esgotos,
muitas vezes constri suas casas em reas de proteo ambiental, como esta, numa rea de
manancial na cidade de So Paulo. Foto de 2005. Fonte: SEBASTIO MOREIRA /
AGNCIA ESTADO. ||
Tambm no meio rural a relao entre desigualdade e degradao ambiental evidente.
Muitas vezes, os agricultores mais abastados utilizam agrotxicos e pesticidas para combater
pragas e diminuir suas perdas, mesmo que, para isso, comprometam o ambiente e a qualidade
final dos produtos agrcolas. Com tcnicas intensivas de pastagem, causam a compactao do
solo e restringem as lavouras. Muitos agricultores mais pobres, por sua vez, utilizam a
queimada como recurso corriqueiro, danificando a terra, e derrubam grandes reas de matas
para fazer criao extensiva.
247
em reas externas a ela. Portanto, quando se fala em poluio urbana, no se pode restringir o
fenmeno somente rea urbanizada.
Atualmente, o ambiente urbano o habitat de mais de 50% da populao mundial. Essa
grande concentrao humana faz com que muitas cidades vivenciem graves impactos
ambientais contemporneos: poluio sonora e visual; chuva cida; inverso trmica; ilhas de
calor; produo exagerada de lixo, etc. Diferentemente de fenmenos naturais que, muitas
vezes, atingem as cidades (como terremotos ou erupes vulcnicas), esses impactos esto
diretamente relacionados s atividades humanas.
Poluio sonora e visual.
Tpica dos grandes centros urbanos, a poluio sonora decorre do barulho produzido pelos
carros, nibus e caminhes, pelas mquinas das fbricas, pelos prdios em construo e pelas
obras nas ruas (principalmente quando utilizam britadeiras), entre outras origens. O barulho
excessivo pode provocar a diminuio da capacidade auditiva, alm de distrbios ou neuroses.
Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), o limite tolervel ao ouvido humano de
65 decibis. Acima disso, nosso organismo sofre estresse, o qual aumenta o risco de doenas.
Com rudos acima de 85 dB, o risco de comprometimento auditivo aumenta. O tempo de
exposio e o nvel do barulho a que a pessoa se expe so os fatores determinantes para
mensurar a amplitude da poluio sonora.
A poluio visual, por sua vez, est ligada explorao do espao urbano pela publicidade.
Outdoors, placas, cartazes, teles, painis eletrnicos, faixas, tabuletas e luzes ocupam todo o
horizonte visual, causando cansao e irritabilidade entre as pessoas que circulam diariamente
na cidade.
| A poluio sonora e a poluio visual, assim como o trnsito intenso, fazem parte, cada vez
mais, do cotidiano de diversas cidades brasileiras. Na foto, aspecto de Cariacica (ES), em
2009. Fonte: ROGRIO REIS / PULSAR IMAGENS. ||
Chuva cida.
Valores de ph inferiores a 5,6 indicam, frequentemente, que a chuva encontra-se poluda com
determinados cidos fortes, como o cido sulfrico, o cido ntrico e, eventualmente, outros
tipos de cido, como o clordrico e os cidos orgnicos.
Como voc viu no captulo anterior e no captulo 4, a queima de carvo e de combustveis
fsseis, assim como os poluentes industriais, lanam toneladas de dixido de enxofre (SO2 ) e
xidos de nitrognio (NO, NO2 e N2O) na atmosfera. Fontes naturais, como vulces e
incndios florestais, somam-se poluio gerada pelas atividades humanas. Todos esses gases
reagem com a gua, no processo que origina a chuva cida. Veja nos grficos.
| A chuva cida queima as folhas das rvores, altera a composio do solo e provoca eroso,
dizimando florestas. Na foto, rea de floresta na Repblica Tcheca afetada pela chuva cida;
note que, com as folhas das rvores queimadas, a floresta se assemelha a um "paliteiro".
Fonte: RICHARD PACKWOOD / PHOTOLIBRARY / GETTY IMAGES. ||
| Na foto, escultura representando Buda, na China, em2005. Note que a escultura, construda
aproximadamente no sculo VIII, sofreu os efeitos da chuva cida Inverso trmica. Fonte:
LIU JIN / AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
Inverso trmica.
Se voc mora numa grande cidade, provavelmente j deve ter visto, no horizonte, um facho
cinza-alaranjado, que divide o cu antes do anoitecer. Pois bem. Essa uma tpica paisagem
que revela a inverso trmica. Qual a origem desse fenmeno, to comum em grandes
metrpoles como So Paulo, Cidade do Mxico, Tquio e Nova York?
Em condies normais, o ar prximo ao solo mais quente do que o ar que est mais alto,
pois o aquecimento da atmosfera se d de baixo para cima, a partir do calor que o solo
absorve graas radiao solar. Essa diferena de temperatura ocasiona movimentos de
conveco - o ar quente sobe e o ar frio desce -, que constituem ventos ascendentes e
descendentes, cuja circulao facilita a dissipao dos gases poluentes lanados na atmosfera.
Em lugares em que o solo absorve bastante calor durante o dia, mas, em compensao,
durante a noite perde muito calor por irradiao, pode ocorrer uma situao inversa. Se, no
final da madrugada, a temperatura prxima ao solo cair a valores muito baixos (menos de 4
C), o ar resfriado fica retido junto superfcie, impossibilitado de elevar-se por estar muito
frio. O estrato atmosfrico mais alto fica, ento, com ar relativamente mais quente, que,
assim, no consegue descer. Momentaneamente, a atmosfera estabiliza-se em escala local,
sem conveco, sem ventos, mas com as camadas invertidas: o ar frio embaixo e o ar quente
acima.
isso que se chama de inverso trmica, fenmeno que vai lentamente se desfazendo aps o
nascer do Sol, medida que o solo e o ar prximo a ele se aquecem e volta a ocorrer
circulao atmosfrica.
Por terem grande rea construda, o que significa desmatada e impermeabilizada, com imenso
volume de cimento, ferro e asfalto, as grandes cidades constituem um ambiente muito
favorvel ocorrncia de inverso trmica, em virtude de sua grande capacidade de absorver
calor durante o dia e de perd-lo noite. Assim, embora possa acontecer em qualquer lugar do
planeta, principalmente em latitudes mdias, o fenmeno mais comum em grandes centros
urbano-industriais, justamente onde poluentes so lanados atmosfera por diversas fontes.
Em razo disso, agravam-se os problemas de poluio atmosfrica em cidades como Nova
York, Tquio, So Paulo e Cidade do Mxico, pois, com a inverso trmica, os gases
poluentes no se dissipam e ficam retidos perto da superfcie, juntamente com as partculas de
poeira.
A inverso das camadas atmosfricas tambm pode ser provocada por uma rpida penetrao
de ar de origem polar, o que acontece com certa frequncia no inverno, em regies
subtropicais, como a de So Paulo. Por ser mais denso e, portanto, mais pesado, o ar frio
penetra sob a camada de ar quente, deslocando-a para cima e causando, assim, uma inverso
trmica.
251
Verifica-se, portanto, que um fenmeno natural acaba produzindo efeitos nocivos em virtude
da interferncia humana, responsvel pela poluio atmosfrica. O efeito mais sensvel da
inverso trmica nas grandes cidades o aumento das doenas respiratrias durante o inverno,
principalmente entre crianas e idosos.
| Mapa da ilha de calor da cidade de So Paulo feito a partir de imagem do satlite NOAA-14.
Fonte: ELABORADO PARA FINS DIDTICOS. ||
Uma das formas de evitar a formao dessas ilhas de calor a manuteno de reas verdes
nos centros urba- nos, pois a vegetao altera os ndices de reflexo do calor e favorece a
manuteno da umidade relativa do ar.
Texto & contexto.
1. Explique o fenmeno da inverso trmica e cite exemplos de locais onde ocorre.
2. Por que a inverso trmica comum nos centros urbanos? Que problemas ela pode trazer
para os habitantes desses locais?
3. Que medidas podem ser tomadas para minimizar o problema da inverso trmica?
Explique.
4. Que medida pode ser tomada para evitar a formao das ilhas de calor?
5. Ocorre inverso trmica no local em que voc vive? Como voc percebe o fenmeno?
Fim do texto & contexto.
252
Boxe complementar.
GEO mais.
Como agem as ilhas de calor?
Texto da imagem.
1. O ar mido vem do oceano para o continente
2 Ao entrar em contato com as ilhas de calor, a umidade carregada para as camadas mais
altas da atmosfera (as partculas do ar quente tendem a subir), onde est mais frio. L o vapor
de gua se condensa e causa chuvas.
3. Pelo efeito da ilha de calor, o ar quente tende a continuar subindo ainda mais. Quanto mais
alto, maiores a instabilidade e a tendncia ocorrncia de tempestades, raios e granizo.
Fim do texto.
Fonte: ADAPTADO DE O ESTADO DE S. PAULO, CADERNO METRPOLE. 9 set. 2007.
Ilustrao: ADILSON SECCO / ARQUIVO DA EDITORA.
Fim do complemento.
Lixo urbano.
Em agosto de 2009, 41 contineres carregados de lixo, importados ilegalmente da Inglaterra,
seguiram de volta ao pas de origem. Encontradas nos portos de Santos (SP) e Rio Grande
(RS), as centenas de toneladas de lixo como pilhas, seringas, fraldas usadas, restos de comida,
etc. causaram indignao entre a populao brasileira, e o fato foi amplamente divulgado pela
mdia. Repatriar o lixo ingls tornou-se, ento, quase uma questo de honra nacional.
No mnimo desagradvel, o episdio serviu para que muita gente fizesse uma reflexo sobre a
triste realidade: O que ns fazemos com a enorme quantidade de lixo que geramos todos os
dias, em todos os lugares do mundo?
A intensa produo gerada pelo sistema capitalista origina o lixo, que se acumula nas grandes
cidades. Como consequncia do carter descartvel do consumo, os lixes no apresentam
apenas restos de alimentos, papelo, papis e detritos. Em meio ao lixo "sujo", h o lixo j
concebido como tal no prprio processo de produo: as embalagens plsticas e os produtos
one way, tornados inteis depois de alguns minutos de uso. Observe a tabela ao lado. Voc vai
perceber como importante usar recursos naturais de forma sustentvel, valorizar materiais
reciclveis e evitar a contaminao de novas reas.
O Brasil produz cerca de 125 mil toneladas de lixo domstico por dia (dados do IBGE). H,
tambm, o lixo hospitalar, o radioativo (retome o captulo 8) e o industrial, todos altamente
poluentes. Todo esse material pode ter quatro destinos diferentes: os depsitos a cu aberto,
conhecidos como lixes, os aterros sanitrios, a incinerao ou a reciclagem.
Os lixes causam problemas de poluio das guas subterrneas, pois a lixiviao dos
materiais do lixo, provocada pela chuva, libera substncias perigosas. Alm disso, a
decomposio do lixo orgnico - restos de comida, cascas de frutas - produz metano, um gs
que pode causar exploses. Muitas vezes, o lixo urbano simplesmente jogado nos rios. O
acmulo do lixo no leito dos rios eleva o nvel das guas, podendo provocar enchentes.
Os aterros sanitrios so o modo mais cmodo de lidar com o lixo urbano. O lixo disposto
em camadas alternadas com argila e compactadas com a ajuda de tratores. Essa soluo,
porm, impede o aproveitamento do lixo, contamina os lenis subterrneos, limita o uso
posterior da terra e implica risco de vazamentos e exploso pela combusto de gases.
A incinerao do lixo, outra alternativa muito adotada, libera gases altamente poluentes. As
cinzas que sobram geralmente so colocadas em depsitos, poluindo o solo e as guas
subterrneas.
Em face de tantos riscos, os pases industrializados tm adotado cada vez mais a reciclagem
como soluo para a disposio final do lixo urbano. Na Holanda, cerca de 65% de todo o lixo
reciclado; nos Estados Unidos, o ndice de cerca de 13%; na Inglaterra, 18% (dados da
OCDE).
No processo de reciclagem, o lixo inorgnico - vidro, papel e metal - volta para as indstrias
e, depois de limpo, tratado e reaproveitado na produo. Estima-se que cada tonelada de
papel reciclado poupa 25 rvores, reduz significativamente o despejo de resduos qumicos
nos rios para a produo de celulose, alm de representar uma economia de energia de 70%.
Muitos pases, como o Brasil, tambm comearam a adotar a reciclagem do lixo para
reaproveitamento nas indstrias e a produo de adubo com lixo orgnico decomposto,
embora ainda em pequena escala. Em muitos casos, a reciclagem esbarra na falta de tcnicas
apropriadas ou de iniciativas conjuntas entre prefeituras e empresas. Veja, nas tabelas a seguir,
o destino dado aos resduos slidos urbanos e a gerao de resduos urbanos per capita em
alguns pases.
A falta de tratamento adequado ao lixo urbano pode causar muitas doenas, como diarreias
infecciosas, alm de todas as consequncias da poluio do ar, do solo e das guas. Muitos
municpios brasileiros, porm, esto desenvolvendo parcerias com catadores de materiais
reciclveis, organizados em cooperativas e associaes, para a implantao de programas de
coleta seletiva de lixo. O objetivo promover a coleta seletiva como parte de uma poltica de
incluso social e gerao de renda.
| O destino dado ao lixo eletrnico merece reflexo por parte de autoridades, empresas e
tambm por parte dos cidados do mundo todo. Na foto, centro de reciclagem de artigos
eletrnicos (computadores, telefones, televisores, etc.), na Holanda, em 2009. Nesse pas,
quase todas as cidades so obrigadas a organizar centros de reciclagem como esse. Fonte:
TON KOENE / ANP / AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
Nas ltimas dcadas, o uso de aparelhos eletrnicos em todo o mundo disparou e,
inevitavelmente, gerou o chamado lixo eletrnico. Com a modernizao de economias como a
da China e a da ndia, o lixo eletrnico chega a atingir, atualmente, propores astronmicas.
O lixo eletrnico contm metais pesados, semimetais e outros compostos qumicos txicos e
perigosos. Eles esto no interior do seu computador ou da televiso, nos mltiplos chips,
circuitos, fios e conexes que os fazem funcionar.
Quando os aparelhos quebram e so, simplesmente, jogados no lixo, eles podem vazar. Desse
vazamento escapam elementos txicos, que contaminam o ambiente que os cerca - quer seja
um aterro sanitrio ou as ruas do bairro em que o aparelho foi abandonado.
As substncias e compostos qumicos usados nos eletrnicos geram efeitos graves no corpo
humano, nas plantas e nos animais, e podem provocar cncer, diabetes, envenenamento, etc.
Atualmente, em muitos pases, possvel encontrar reflexo e estudos a respeito dos perigos
do lixo txico; por isso, iniciativas para lidar com ele j podem ser verificadas. Governos,
empresas e organizaes no governamentais, inclusive no Brasil, j discutem o destino do
lixo eletrnico, promovendo programas de reciclagem e recolhimento. A ideia atribuir aos
fabricantes o nus pela reciclagem.
Boxe complementar.
GEO mais.
O que tem no seu lixo?
A composio do lixo e a forma do seu descarte so um espelho da sociedade em que
vivemos. O alto nvel de matria orgnica presente no lixo denota o desperdcio,
principalmente de alimentos, nos pases da Amrica do Sul. Na Europa, nos Estados Unidos e
no Japo, chama a ateno a baixa concentrao de matria orgnica, que pode ser atribuda a
fatores culturais, ao uso intensivo de embalagens e a metodologias diferentes de
caracterizao da composio do lixo. No Brasil, ainda temos mais de 50% do lixo composto
de matria orgnica, o que representa um desperdcio de alimentos que no condiz com a
pobreza existente.
Adaptado de Desperdcio de alimentos. Almanaque Brasil Socioambiental 2008. So Paulo:
Instituto Socioambiental, 2008. p. 404.
Fim do quadro.
Fontes: PANORAMA ABRELPE 2006 / ALMANAQUE BRASIL SOCIOAMBIENTAL
2008. SO PAULO: INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL, 2008.
Fim do complemento.
255
| O problema da eroso afeta regies agrcolas de quase todo o mundo. Ocorre com maior
intensidade no norte e no centro da frica, nas reas elevadas e midas da Amrica Latina e
em grande parte do sul da sia. Na foto, plantao de pnus como tentativa de conter o
processo de eroso do solo, em rea prxima a Manoel Viana (RS), em 2008. Fonte:
MAURCIO SIMONETTI / PULSAR IMAGENS. ||
Texto & contexto.
1. Converse com seus colegas sobre a quantidade de lixo eletrnico que voc e sua famlia
produziram ao longo dos ltimos anos. Faa uma lista e compare com a de seus colegas.
2. A partir da elaborao da lista, escreva um pequeno texto em trs partes: a primeira,
explicando em que consiste o lixo eletrnico (ou tecnolgico); a segunda, indicando os
problemas que surgem do tratamento inadequado do lixo tecnolgico; a terceira, indicando
possveis solues para minimizar o problema da gerao excessiva desse tipo de lixo.
3. O que o manejo inadequado do solo tem a ver com degradao ambiental? D exemplos.
4. Ser que algum dos impactos ambientais no campo, vistos no texto, ocorre no municpio
em que voc vive? Se necessrio, faa uma pesquisa para descobrir e registre-a.
Fim do texto & contexto.
256
Agrotxicos e fertilizantes.
De acordo com a Anvisa (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria), em 2008 o Brasil
ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto de maior consumidor de agrotxicos do
mundo. Alm dessa triste liderana, da qual no podemos nos orgulhar, o Brasil ainda permite
o uso, na produo agropecuria, de certos produtos qumicos proibidos em outros pases,
como Estados Unidos e pases da comunidade europeia.
O primeiro composto orgnico, sintetizado em 1874, foi o DDT (sigla de dicloro-difeniltricloroetano). Desde essa poca, a agricultura e a pecuria de diversas reas do mundo
passaram a conviver com a qumica.
Com o tempo, o uso disseminado de elementos de origem qumica mudou drasticamente as
bases da agricultura tradicional no Brasil e em outros pases. A produtividade das lavouras
aumentou consideravelmente, com o auxlio de mquinas e tratores adaptados s novas
tcnicas de plantio. As tcnicas de melhoramento gentico de cultivares se disseminaram pelo
planeta, ampliando as possibilidades de cultivo em regies de solos e climas antes
considerados inadequados. A China, por exemplo, aumentou a produtividade agrcola em 60%
no perodo de duas dcadas, em grande parte devido ao uso de fertilizantes e de recursos
como a irrigao.
Em muitos lugares, a atividade agropecuria contamina as guas de duas formas: ao utilizar
fertilizantes e agrotxicos e ao descartar efluentes com altas concentraes de nitrognio,
sobretudo aqueles gerados na criao de animais.
A maioria dos fertilizantes enriquece o solo com altas doses de nitratos e fosfatos. Parte
desses nutrientes absorvida pelos vegetais, o que aumenta seu ritmo de crescimento e seu
rendimento. Outra parte arrastada pela gua das chuvas para os rios, crregos e lagos ou
penetra no solo, e acaba alcanando o lenol fretico.
Entre os agrotxicos usados no combate s pragas e no controle ao ataque de pestes e ervas
daninhas, esto produtos de diferentes composies qumicas, alguns deles bastante txicos.
Como os fertilizantes, eles tambm podem escorrer at um rio ou lago.
No solo, a poluio qumica pode provocar a quebra da cadeia alimentar da microfauna
(minhocas, formigas, besouros, fungos, bactrias) presente no litossolo, que favorece a
fertilidade dele por meio da interatividade dos organismos. O solo, contaminado, destri esses
seres vivos e torna-se estril.
Apesar do uso intenso de pesticidas, a cada ano cerca de um tero das safras dos Estados
Unidos perdido com as pestes. Isso ocorre porque o uso contnuo de um pesticida ou
herbicida leva, pelo processo de seleo natural, evoluo de microrganismos e ervas
daninhas mais resistentes. Forma-se, assim, um verdadeiro ciclo, extremamente prejudicial ao
meio ambiente, em que as doses e a potncia dos produtos qumicos tendem a aumentar cada
vez mais. Cabe lembrar que muitos pesticidas so txicos, no apenas para as pestes que se
pretende combater, mas tambm para as pessoas, plantas e animais. Contaminam alimentos e
poluem as reservas de gua potvel.
Em vrios pases do mundo, os fertilizantes, pesticidas e herbicidas vm sendo substitudos
por novos mtodos. O fertilizante qumico substitudo pelo orgnico. Os pesticidas e
herbicidas so substitudos pelo controle integrado de pestes, ou controle biolgico, que
consiste na introduo de predadores naturais no meio ambiente e de variedades de plantas
mais resistentes, com o uso seletivo de produtos qumicos para manter a produo de
alimentos e ao mesmo tempo eliminar os riscos sade e natureza.
Observao.
Ateno! No escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
Neste captulo, voc entrou em contato com o problema do lixo eletrnico. Viu que esse tipo
de lixo contm metais pesados, semimetais e outros compostos qumicos txicos e perigosos
ao meio ambiente e sade humana. Para ampliar seu conhecimento sobre o assunto, leia o
texto a seguir.
O problema do lixo eletrnico.
Um vago de carga de trem, capaz de dar uma volta ao mundo completa. Essa a quantidade
de lixo eletrnico produzida pela humanidade todos os anos, de acordo com estimativas da
organizao no governamental Greenpeace. Para ser mais exato, so 50 milhes de toneladas
de lixo eletrnico, composto de computadores, celulares, eletroeletrnicos e eletrodomsticos
que, com ciclos de reposio cada vez mais curtos, vo parar no lixo e j representam 5% de
todo o lixo gerado pela humanidade.
Entre as substncias txicas encontradas no lixo eletrnico figuram mercrio, chumbo,
cdmio, belrio, arsnio, retardantes de chamas (BRT) e PVC. Estas substncias podem causar
danos sade humana, tais como distrbios no sistema nervoso, problemas nos rins, pulmes,
crebro e envenenamento.
Sem leis que exijam o descarte apropriado na maior parte do globo, esses materiais altamente
txicos e perigosos para a sade humana frequentemente vo parar em aterros sanitrios
comuns ou so queimados a cu aberto, sem os cuidados apropriados, quando no acabam
literalmente nas mos de habitantes de pases em desenvolvimento, que recebem
carregamentos de lixo eletrnico disfarados de doaes para incluso digital.
Segundo dados da Basel Action Network (BAN), organizao que fiscaliza o fluxo de lixo
txico no mundo, oito em cada dez computadores velhos dos Estados Unidos acabam em
pases asiticos, como ndia e China, onde os custos de reciclagem so menores. A frica
tambm se tornou um polo para a exportao de lixo eletrnico. Apenas a cidade de Lagos, na
Nigria, recebe 500 toneladas desses materiais todos os dias. Embora os eletrnicos cheguem
ao pas na forma de doaes de empresas especializadas em reciclagem de pases
desenvolvidos, apenas 25% do material, em mdia, pode ser de fato reaproveitado. Como
resultado desse processo, as cargas de eletrnicos sem utilidade so manipuladas em lixos a
cu aberto, e as partes no aproveitveis, queimadas ou descartadas diretamente no solo,
gerando riscos de contaminao.
O problema resulta de uma combinao de diversos fatores, sendo os principais deles a falta
de leis que responsabilizem os fabricantes pelo descarte correto dos produtos inutilizados, a
falta de fiscalizao quanto ao destino dos materiais encaminhados reciclagem e a pouca
divulgao ao consumidor sobre a forma correta de descartar os eletrnicos.
A Unio Europeia avanou na questo do lixo eletrnico, elaborando a Diretiva Para Lixo
Eltrico e Equipamentos Eletrnicos (Waste Electrical and Electronic Equipment Directive WEEE), que se tornou lei em fevereiro de 2003. A lei determina metas de coleta e reciclagem
aos fabricantes de eletrnicos.
Para ilustrar o tamanho do problema, os britnicos construram um homem de lixo eletrnico,
feito com toda a sucata digital gerada por um britnico mdio em sua vida, estimada em 3,3
toneladas. O resultado um boneco gigante, composto de eletro- domsticos, computadores,
celulares, impressoras, video games, entre outros cacarecos digitais. Apesar do alerta, os
britnicos acreditam que o homem de lixo pode ficar ainda maior nos prximos anos. Eles
estimam que uma pessoa nascida em 2003 e que viva at 2080 vai gerar 8 toneladas de lixo
eletrnico ao longo da sua vida, dobrando o tamanho do homem de lata.
Adaptado de Moreira, Daniela. Lixo eletrnico mundial cabe em trem capaz de dar a volta ao
mundo. In: IDG Now! , 26 abr. 2007. Disponvel em:
http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/04/26/idgnoticia.2007-0425.0842446258/ . Acesso em: set. 2009.
1. De acordo com o texto, como o lixo eletrnico gerado e que problemas pode causar
sade humana?
2. Segundo o texto, qual a maior barreira para solucionar o problema do lixo eletrnico?
3. Qual o prognstico do texto com relao ao lixo eletrnico?
4. O que voc pode fazer para minimizar o problema do lixo eletrnico? Explique.
259
Recomendamos.
Livros.
Ecologia da cidade.
Autor: Samuel Murgel Branco.
Moderna, 2003.
O livro aborda problemas do ambiente urbano, como poluio do ar, rudos excessivos,
deficincia no tratamento de gua e esgoto, acmulo de lixo, etc. Trata, ainda, da relao entre
cidade e campo e da necessidade de comprometimento de cidados e governos pelo bem-estar
das cidades.
Agricultura ecolgica.
Autor: Jurandir Zamberlan.
Vozes, 2002.
O livro critica os modelos tecnolgicos utilizados atualmente pela agricultura e traz sugestes
para uma agricultura alternativa: substituio de fertilizantes qumicos por receitas caseiras
que aumentam a fertilidade do solo; solues para o manejo de pragas e doenas que levem
em considerao a preservao ambiental, entre outras.
Apocalipse motorizado - A tirania do automvel em um planeta poludo.
Autor: Ned Ludd (Org.).
Conrad do Brasil, 2004.
O livro traz uma coletnea de textos, ilustrados por um cartunista, que discutem os efeitos
colaterais da utilizao do automvel. Poluio, dependncia do petrleo, expropriao do
espao pblico, entre outros, so alguns dos problemas apontados. Alm da discusso terica,
o livro apresenta solues prticas para os problemas originados do uso excessivo de
automveis.
Sites.
Lixo eletrnico: www.lixoeletronico.org.
O site tem como objetivo agregar experincias e informao sobre a questo do lixo
eletrnico no Brasil e no mundo. Em formato de blog, apresenta dados sobre iniciativas de
governos, empresas e da sociedade civil para lidar com o problema. Entre outros contedos,
traz o ciclo do lixo eletrnico e um quadro com a legislao internacional sobre o tema.
Recicloteca: www.recicloteca.org.br.
Trata-se de um centro de informaes sobre reciclagem e meio ambiente, criado pela ONG
Associao Ecolgica Ecomarapendi. O site traz informaes sobre lixo, dicas sobre coleta
seletiva, arte com sucata, notcias, jogos, alm de uma lista de locais que recebem reciclveis
em todo o Brasil.
Como funciona a inverso trmica: http://videos.hsw.uol.com.br/inversao-termica-1video.htm; http://videos.hsw.uol.com.br/inversao-termica-2-video.htm; http://videos.
hsw.uol.com.br/inversao-termica-3-video.htm .
Vdeo curto sobre a inverso trmica, em trs partes. (Acessos em: set. 2009.).
Filmes.
A era da estupidez. Direo: Franny Armstrong. Reino Unido, 2009. 100 min.
No ano de 2055, um sobrevivente analisa cenas de tragdias ambientais ocorridas ao longo do
sculo XXI e se pergunta por que a humanidade no mudou seus hbitos enquanto havia
tempo de conter o aquecimento global, ainda em 2008. O filme foi lanado simultaneamente
em mais de 40 pases e coincidiu com o incio da Semana Global do Clima e com a
Assembleia Geral da ONU sobre Mudana Climtica, realizada em Nova York, em setembro
de 2009.
A ltima hora. Documentrio. Direo: Nadia Conners e Leila Conners Petersen. Estados
Unidos, 2007. 95 min.
Narrado e produzido pelo ator estadunidense Leonardo DiCaprio, o documentrio apresenta
uma reflexo sobre os desastres ambientais e a importncia da preservao da natureza. Mais
de cinquenta especialistas do mundo todo discutem e apresentam sadas para reverter o quadro
atual.
Histria das coisas. Documentrio. Direo: Annie Leonard e Louis Fox. Estados Unidos,
2007. 20 min.
O documentrio mostra a cadeia de consumo, passando pela extrao, produo, venda, uso e
descarte, relacionando problemas ambientais e sociais. Narrado pela ativista ambiental Annie
Leonard, o vdeo mistura animao com imagens reais para tratar das consequncias geradas
pelo consumo desenfreado.
| A ativista ambiental Annie Leonard, uma das diretoras do documentrio Histria das coisas,
posa para foto num centro de reciclagem no estado da Califrnia (Estados Unidos), em 2009.
Fonte: EROS HOAGLAND / THE NEW YORK TIMES / LATINSTOCK. ||
260
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Observe as figuras abaixo. Em qual delas a probabilidade de o rio transbordar maior? Por
qu?
Ph da gua em Cingapura.
FIM DA NOTA.
262
| Os hotspots representam apenas 2,3% da superfcie da Terra, porm mais da metade das
espcies de plantas e 42% das de vertebrados terrestres so endmicas dessas regies. Os
hotspots j perderam 70% da vegetao original. Fonte: ADAPTADO DE ATLAS DO MEIO
AMBIENTE. SO PAULO: LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL / INSTITUTO PLIS,
2008, p. 51. ||
O Cerrado um dos biomas mais ameaados da Amrica do Sul. Pesquisas indicam que ele
perde 30 mil km de rea por ano, nmero que equivale a 2,6 campos de futebol por minuto.
Como a mata Atlntica, ele considerado um dos hotspots do planeta.
| Apecto da vegetao de cerrado, em foto de 2008. Estudos indicam que o Cerrado um dos
biomas mais ameaados da Amrica do Sul. Fonte: PAL ZUPPANI / PULSAR IMAGENS. ||
264
UNIDADE 3. AS ATIVIDADES
ECONMICAS E A TRANSFORMAO
DO ESPAO.
[...].
A mo lavra a terra h pelo menos oito mil anos, quando comeou o Neoltico em vrias
partes do globo. Com as mos, desde que criou a agricultura, o homem semeia, poda e colhe.
Empunhando o machado e a foice, desbasta a floresta; com a enxada revolve a terra, limpa o
mato, abre covas. Com a picareta, escava e de- senterroa. Com a p, estruma. Com o rastelo e
o forcado, gradeia, sulca e limpa. Com o regador, gua. Desgalha com a faca e o tesouro.
Bosi, Alfredo. Os trabalhos da mo. In: Bosi, Ecla. Memria e sociedade - Lembranas de
velhos. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 469.
PONTOS DE VISTA.
- A presena das tcnicas no mundo moderno revela-se em mltiplas paisagens terrestres.
Voc concorda com a frase? D exemplos.
- O que voc sabe sobre as diferentes atividades econmicas? Em sua opinio, que relao as
atividades econmicas podem ter com a construo das paisagens e do espao geogrfico?
- Releia o trecho acima e responda: Que relao ele pode ter com a construo do espao? E
de que forma ele pode se relacionar com a foto da pgina anterior?
266
margens de grandes rios como Tigre, Eufrates, Nilo, Yang-Tse-Kiang, Huang-Ho e outros,
passaram a viver da agricultura e da criao de animais.
Foi em torno das atividades agropecurias que se desenvolveram importantes civilizaes
orientais, como a mesopotmica (s margens dos rios Tigre e Eufrates) e a egpcia (s
margens do rio Nilo). Observe os mapas da seo Geo mais a seguir.
Boxe complementar.
GEO mais
Quem nasceu primeiro?
Qual civilizao surgiu primeiro: a egpcia ou a mesopotmica? Essa discusso ainda causa
grande polmica. Mas uma coisa certa: ambas se fixaram em solo frtil e s se
desenvolveram graas agricultura.
H cerca de 5000 anos, essas civilizaes criaram tcnicas de cultivo e sistemas de irrigao.
Os egpcios, para prever as cheias do rio Nilo, dedicaram-se astronomia e matemtica, o
que resultou numa herana de grande valor cientfico para as civilizaes que se seguiram.
Entre os povos mesopotmicos, os sumrios se destacaram como lavradores, e os babilnios
tinham leis que puniam aqueles que no cultivassem suas terras.
Desde o final do sculo XIX - fase do capitalismo monopolista -, a agricultura ingressou num
processo de modernizao. Os preos dos produtos agrcolas caam em relao aos industriais
e, para aumentar os lucros, foi necessrio reduzir os custos e melhorar a produtividade.
Nessa poca, muitas inovaes foram introduzidas em diversos pases. Destacam-se:
- a utilizao de implementos agrcolas (como adubos, inseticidas) e mquinas (colheitadeiras,
semeadeiras, por exemplo);
- a prtica da concentrao de terras, cujo propsito era tornar compensadora a grande
aplicao de capital necessrio modernizao e permitir a utilizao de mquinas pesadas;
- a adoo do trabalho assalariado, com o emprego de trabalhadores fixos ou temporrios;
- a introduo de grandes capitais industriais no campo (empresas passaram a direcionar suas
atividades tambm para a produo agropecuria);
- a reintroduo da produo em pequenas propriedades, num sistema em que os camponeses
vendem direto ao mercado ou so contratados por grandes empresas (monoplios) para
produzir exclusivamente as matrias-primas de que necessitam, como carne, algodo, fumo,
etc.;
- tambm surgem os camponeses ultraespecializados, mas totalmente subordinados ao capital
industrial. Estes so praticamente levados a comprar insumos agrcolas (fertilizantes,
sementes selecionadas, mquinas e equipamentos) a preos altos e a vender seus produtos a
preos mais baixos;
- as tecnologias de irrigao e de aproveitamento do solo;
- o desenvolvimento da veterinria e difuso das inovaes biogenticas, voltadas para a
criao de espcies vegetais e animais mais resistentes e produtivas (inseminao artificial e
utilizao de vacinas em animais; enxerto e manipulao gentica em plantas, etc.).
Texto & contexto.
1. Em que momento da Histria o espao urbano adquiriu maior importncia econmica e
social em relao ao espao rural?
2. Cite duas formas de produo agropecuria tipicamente capitalistas desenvolvidas a partir
do sculo XV com a expanso martima europeia.
3. Desde o final do sculo XIX, a agricultura ingressou num processo de modernizao. Cite
trs inovaes introduzidas nas atividades agrcolas a partir desse perodo.
4. Entre as inovaes tcnicas introduzidas nas atividades agrcolas de alguns pases desde o
final do sculo XIX, h alguma presente no estado em que voc mora?
Fim do texto & contexto.
270
Como voc viu anteriormente, o desenvolvimento das atividades agrcolas depende tanto de
fatores naturais como de fatores econmicos e socio-culturais. Muitas vezes, uma rea recebe
chuvas suficientes e o solo bom, mas o produtor no tem os recursos necessrios para
comprar sementes e outros insumos agrcolas. Nesse caso, os fatores naturais so favorveis,
mas os fatores socioeconmicos no so.
Como seres vivos, as plantas possuem cada qual seu habitat, onde se desenvolvem sob
determinadas condies climticas. Assim, pode-se falar em produtos e plantas de climas
tropicais ou de climas temperados. Veja alguns exemplos nas tabelas abaixo.
| Plantao de arroz em terraos nas Filipinas, em foto de 2008. Fonte: TAMMY DAVID /
AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
A vegetao outro fator que pode influir nas atividades agrrias. Em princpio, nas zonas de
matas os solos so melhores que nas zonas de campos. Esse um dos motivos pelos quais as
reas campestres destinam-se, em geral, criao.
Seria desnecessrio realar a importncia da hidrografia, j que a gua indispensvel
irrigao, alm de ser utilizada para gerao de energia e como via de transporte.
Boxe complementar.
GEO mais.
Computao na agricultura.
Pesquisas conjuntas entre computao e cincias agrrias criam ferramentas para apoiar
pequenos produtores rurais nos momentos de planejamento e acompanhamento de safra. O
projeto eFarms, por exemplo, consiste na especificao e desenvolvimento de ferramentas de
software e de redes sem fio de baixo custo de implantao.
Com os softwares se pretende facilitar simulaes, gerenciamento de dados e execuo de
modelos. Com as redes sem fio, o objetivo interligar propriedades rurais cooperativa com
acesso internet. Ser possvel a cada proprietrio cruzar dados relativos sua propriedade
com caractersticas de clima, produo ou variaes meteorolgicas.
MANGINI, Jussara. Computao agrcola. In: Agncia FAPESP, 20 jul. 2009.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Faa uma lista dos fatores naturais que influenciam a produo agrcola. Escolha um dos
fatores e explique-o.
2. Retome a seo Geo mais acima e explique de que forma a informtica pode auxiliar as
atividades agrcolas. Na sua explicao, procure incluir exemplos.
3. Ao examinar a tabela da produo agropecuria no Brasil e no mundo (na pgina anterior),
o que chama a sua ateno?
4. Pesquise quais so os principais produtos agrcolas cultivados no estado em que voc mora.
Traga a sua pesquisa para a classe e mostre-a ao professor.
274
O produto da terra.
Qualquer que seja o sistema agrcola empregado em determinada rea rural, sua produtividade
est vinculada combinao de trs fatores principais: trabalho (ou capital varivel), terra (ou
capital fixo) e instrumentos de trabalho (ou capital constante).
Modernamente, os instrumentos de trabalho significam mecanizao que, por sua vez, est
ligada ao emprego de tecnologia. Se o fator principal for a terra, dizemos que o sistema
extensivo. Nesse caso, geralmente h pouca mecanizao e mo de obra reduzida ou pouco
qualificada.
Se, ao contrrio, a terra e seus elementos naturais (clima, fertilidade do solo, etc.) forem de
importncia secundria, ganhando realce a mecanizao ou o trabalho, o sistema agrcola ser
intensivo.
Assim, uma das maneiras de aumentar a produo agrcola ampliar as reas de cultivo.
Nesse caso, dizemos que houve extensificao do cultivo - aumenta a produo sem que
ocorra aumento da produtividade, isto , sem que haja maior rendimento por unidade de rea
cultivada e por trabalhador empregado.
Outro modo de aumentar a produo agrcola empregar mquinas em maior quantidade e
qualidade, juntamente com tcnicas mais eficientes. O aumento da produo tambm pode ser
obtido com a melhor utilizao da mo de obra, tanto quantitativa quanto qualitativamente.
Nessas duas situaes, dizemos que ocorre intensificao do cultivo, o que implica aumento
de produtividade, isto , maior rendimento por rea cultivada. Assim, os sistemas intensivos
podem ser:
- por mecanizao, como na Amrica do Norte, onde as mdias e grandes propriedades so
exploradas com pouca mo de obra e alta tecnologia e mecanizao, o que d excepcionais
rendimentos por unidade de superfcie;
- por trabalho, como ocorre no Sudeste Asitico, onde uma abundante mo de obra
mobilizada em pequenas propriedades. A se obtm, h sculos, bons rendimentos com a
rizicultura irrigada sem mecanizao. Tal sistema conhecido como jardinagem de tipo
oriental.
Por outro lado, sistema tipicamente extensivo o da agricultura itinerante, praticada nas
regies tropicais e conhecida como lavoura sobre queimada. Trata-se da primitiva rotao de
terras praticada nos trpicos, na qual a limpeza do terreno para o plantio feita com o fogo.
Hoje, nem sempre a lavoura sobre queimada feita como antigamente. Entretanto, a prtica
da queimada foi difundida por quase todo o mundo tropical e uma herana dos povos que
tradicionalmente habitavam essas regies.
Como voc sabe, a queimada da mata muito prejudicial ao solo, sobretudo porque impede a
formao do humo. O fogo destri a matria vegetal que d origem ao adubo natural. As
cinzas que sobram so ricas em potssio, que um bom fertilizante, principalmente para a
lavoura de milho; esse fertilizante, porm, se esgota logo aps as primeiras colheitas.
Boxe complementar.
GEO mais.
O trigo, a cana e o trabalho.
A parceria entre Chico Buarque e Milton Nascimento, dois consagrados nomes da msica
popular brasileira, resultou numa preciosa cano. Cio da terra nos ensina, com delicadeza e
poesia, como pode ser harmonioso o ciclo entre a riqueza produzida pela terra e o trabalho
daquele que dela colhe seu fruto. Vamos ver?
Cio da terra.
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do po
E se fartar de po
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doura do mel
Se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra a propcia estao,
E fecundar o cho.
Cio da terra. Milton Nascimento e Chico Buarque. Ed. Nascimento (EMI) / Cara Nova.
O agronegcio.
| Plantao de soja em Ivor (RS), em foto de 2009. A soja uma das principais commodities
do agronegcio brasileiro. Fonte: ALERUARO / PULSAR IMAGENS. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Agricultura e degradao.
Os impactos provocados pela agropecuria moderna reduzem drasticamente a diversidade de
espcies no meio rural. Mas o principal fator de degradao da biodiversidade a
especializao dos sistemas produtivos, base desse padro tecnolgico. Historicamente, a
humanidade ampliou a diversidade gentica das plantas cultivadas por meio de cruzamentos e
da seleo de variedades mais adaptadas s condies locais. Entretanto, desde o incio do
sculo passado, essa prtica vem sendo progressivamente abandonada; muitas variedades
foram extintas e outras so raramente encontradas.
A dieta das sociedades modernas limita-se aproximadamente a 100 espcies, com forte
predominncia de quatro: trigo, arroz, milho e batata. Mas, estima-se que, no decurso da
Histria, a humanidade tenha utilizado cerca de 7000 espcies de plantas comestveis.
As perdas de diversidade provocadas pela padronizao dos sistemas produtivos tm graves
consequncias. Alm da diminuio do nmero de espcies e na variedade gentica das
plantas utilizadas, tambm ocorre uma dramtica reduo do nmero de espcies de "apoio",
como bactrias fixadoras de nitrognio, fungos que facilitam a absoro de nutrientes,
predadores de pragas, polinizadores e dispersores de sementes, etc.
Adaptado de Agricultura e eroso da biodiversidade. Almanaque Brasil Socioambiental 2008.
So Paulo: Instituto Socioambiental, 2008. p. 419.
Fim do complemento.
282
3. Explique em que consiste o chamado agronegcio sustentvel e qual a sua relao com a
preservao ambiental.
4. No estado onde voc vive, h algum tipo de produo ligada ao agronegcio que leva em
conta a preservao ambiental? Faa uma pesquisa para descobrir e traga-a para a classe.
Fim do texto & contexto.
285
Organismos transgnicos.
Durante muito tempo, a interveno humana foi capaz de modificar e controlar as
circunstncias do cruzamento e crescimento dos animais e vegetais sem interferir diretamente
na sua estrutura. Para o cruzamento, eram selecionados indivduos com caractersticas
desejadas (como resistncia a pragas ou doenas, sabor especfico, etc.); estas seriam, ento,
passadas a seus descendentes. Esse processo de modificao era realizado de acordo com os
ciclos naturais, respeitando o perodo de reproduo e os limites de cada espcie.
Porm, o desenvolvimento da engenharia gentica a partir da dcada de 1970 trouxe consigo
mudanas profundas na forma de se conduzir as pesquisas e os cruzamentos. A partir da
descoberta da estrutura do DNA e a posterior manipulao dos genes, vrias empresas de
engenharia gentica passaram a ter no apenas um maior controle sobre a seleo dentro de
uma nica espcie, como tambm passaram a transportar genes entre espcies incompatveis,
algo impossvel anteriormente. Aos seres vivos (e alimentos) produzidos por tal manipulao
humana se d o nome de transgnicos ou organismos geneticamente modificados (OGM).
Se os primeiros vegetais transgnicos surgiram em 1983, quando cientistas conseguiram
adicionar genes de bactrias em duas plantas, seu primeiro uso comercial ocorreu com uma
variedade de tomate, lanado em 1994 nos Estados Unidos. A partir da, diversas empresas
passaram a utilizar essa tecnologia, produzindo e vendendo sementes geneticamente
modificadas para grandes e pequenos agricultores em vrios pases do mundo para a produo
de soja, algodo, milho e canola. Observe a tabela e o grfico a seguir.
Boxe complementar.
GEO mais.
Avaliao.
O governo brasileiro e a iniciativa privada do pas tiveram reconhecimento da Unio Europeia
(UE) quanto ao controle de organismos geneticamente modificados (OGM). O Ministrio da
Agricultura, Pecuria e Abastecimento recebeu relatrio da misso de tcnicos do Escritrio
de Alimentao e Veterinria da Europa, que esteve no Brasil, em abril de 2009. O
documento, concludo em setembro daquele ano, apresenta avaliao positiva, a exemplo do
que ocorreu em 2007, quando os inspetores europeus vieram, pela primeira vez, com essa
finalidade.
De acordo com o relatrio, h um sistema regulatrio adotado para a autorizao de OGM
comercializados no Brasil. O produto exportado est em conformidade com a legislao da
Europa.
Adaptado de Controle de organismos geneticamente modificados no Brasil recebe aval de
inspetores europeus. In: Canal Rural, 6 out. 2009. Disponvel em: www.clicrbs.com.br/canal
rural/. Acesso em: out. 2009.
Fim do complemento.
287
flores realizada sem o uso de agrotxicos em rea prxima a Guaratinguet (SP), em 2006.
Fonte: ROOSEVELT CASSIO / AGNCIA ESTADO. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Transgnicos, Protocolo de Cartagena e biossegurana.
O Protocolo de Biossegurana entrou em vigor em setembro de 2003 e o nico acordo
internacional que trata do movimento de transgnicos entre os pases. A assinatura do
Protocolo significa o reconhecimento de que a engenharia gentica pode trazer danos ao meio
ambiente e sade humana e necessita, portanto, de controle.
O protocolo estabelece, por exemplo, que o exportador fornea informaes ao pas
importador sobre as caractersticas e a avaliao de risco do transgnico que est sendo
comercializado.
Esse o nico instrumento internacional legal reconhecido para regulamentar o transporte de
transgnicos. Ele estabelece padres que esto de acordo com a organizao Mundial do
Comrcio (OMC). Alm disso, o Protocolo de Biossegurana reconhece que o conhecimento
cientfico sobre transgnicos incompleto e permite que os pases tomem medidas para
prevenir danos ambientais na ausncia de certeza cientfica sobre o dano.
Adaptado de O que o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurana? Disponvel em:
www.greenpeace.org/brasil/transgenicos/perguntas-e-respostas2/ o-que-e-o-protocolo-decartage . Acesso em: set. 2009.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Explique o que so organismos transgnicos.
2. Analise os dados da tabela da pgina 285 e escreva um comentrio.
3. De acordo com o grfico da pgina 285, quais so os cultivos que adotam a biotecnologia?
4. A manipulao gentica de alimentos encontra oposio nos meios cientficos e sociais.
Retome a tabela anterior e exponha a sua opinio sobre o assunto.
5. Retome a seo Geo mais (acima) e responda: De que trata o Protocolo de Biossegurana?
6. Voc j consumiu algum produto transgnico? Qual sua posio a respeito do consumo
desses produtos?
Fim do texto & contexto.
288
Agricultura orgnica.
A oposio ao uso de agrotxicos, de insumos industriais e ao cultivo de OGM levou muitos
pesquisadores busca de modelos alternativos de agricultura. O nome usado para reunir esses
diversos modelos agricultura orgnica.
Os agricultores que seguem os princpios da agricultura orgnica buscam produzir alimentos
respeitando os ciclos naturais e o solo (atravs da rotao de culturas), utilizando apenas
sementes ou adubos de origem orgnica. Alm disso, enquanto o controle de pragas na
agricultura tradicional feito pelo uso de pesticidas qumicos, na orgnica procura-se utilizar
predadores naturais, e assim evitar a ocorrncia de desequilbrios ambientais.
As ideias presentes nos diversos modelos de agricultura orgnica se baseiam em princpios
como sustentabilidade, integrao e preservao da natureza, responsabilidade social
(valorizando a contratao de trabalhadores no lugar de mquinas, por exemplo), igualdade
econmica e valorizao do pequeno produtor, da agricultura familiar e de comunidades
tradicionais.
Alguns movimentos de agricultura orgnica retomam valores das correntes anarquistas e
socialistas do sculo XIX (como as crticas presena da explorao capitalista na
agricultura, por exemplo), combinando-os com o conhecimento desenvolvido pela ecologia
nos sculos XX e XXI. De modo geral, os movimentos de agricultura orgnica so
coordenados mundialmente pela Federao Internacional dos Movimentos de Agricultura
Orgnica (IFOAM), com sede na Inglaterra. No Brasil, o Instituto Biodinmico (IBD) atua h
quase duas dcadas na pesquisa e desenvolvimento da agricultura orgnica.
| Plantao orgnica de uva no estado da Califrnia, em foto de 2009. Essa plantao possui a
certificao de "orgnica" e sua produo destina-se fabricao de vinhos. Fonte: JUSTIN
SULLIVAN / AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
Como o uso de insumos industriais bastante frequente, difcil adquirir, na atualidade,
sementes livres de alteraes, ou seja, que no contenham tratamento qumico. Por isso,
procuram-se criar redes de produtores para obteno dessas sementes e distribuio dos
produtos diretamente ao consumidor final. Alm disso, para certificar que os produtos
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Explique em que consiste a agricultura orgnica e em que princpios essa prtica est
baseada.
2. Cite algumas das crticas feitas agricultura orgnica.
3. Compare o mapa acima com a tabela intitulada "rea plantada com transgnicos no mundo
em 2008 (em milhes de hectares)" (p. 285). Que cultivo ocupa a maior rea: o de alimentos
transgnicos ou o de alimentos orgnicos? Em sua opinio, por que isso ocorre?
4. No estado onde voc mora, h prticas de agricultura sustentvel? Pesquise e traga as
anotaes para a classe.
290
GEO mais.
A agricultura e os gases do efeito estufa.
A agricultura contribui para o efeito estufa com emisses de gases como o metano (CH4 ),
dixido de carbono (CO2 ), monxido de carbono (CO), xido nitroso (N2O) e xidos de
nitrognio (NOx ).
O metano (proveniente dos gases entricos e das fezes do gado e dos alagados de arroz) e o
xido nitroso (emitido sobretudo pelo uso de fertilizantes nitrogenados, fixao biolgica de
nitrognio, adio de dejetos animais, incorporao de resduos culturais e pela queima de
biomassa) so os principais gases emitidos pelo setor agropecurio, contribuindo com 15% e
6%, respectivamente, para o efeito estufa.
A queima de resduos agrcolas nos campos liberam, alm do metano, xido nitroso, xidos de
nitrognio e monxido de carbono. A derrubada e a queima de florestas, a queima de
biomassa, o transporte e a obteno de energia e a converso de florestas em terras agrcolas
so fontes de emisso de dixido de carbono. Observe os grficos abaixo.
Adaptado de Agricultura e efeito estufa. Embrapa Meio Ambiente. Disponvel em:
www.cnpma.embrapa.br/projetos/index.php3?sec=agrog:::85. Acesso em: jul. 2009.
| Criao de gado em rea prxima a Aquidauana (MS), em 2008. Pesquisas indicam que o
esterco animal uma das principais atividades geradoras de metano. Fonte: MAURICIO
SIMONETTI / PULSAR IMAGENS. ||
Fome e subnutrio.
Dor de estmago, tontura, mal-estar. Talvez voc j tenha recebido alguns desses sinais
emitidos por seu corpo, principalmente quando fica sem se alimentar durante um intervalo de
tempo muito grande (entre as refeies, por exemplo). Ter fome momentnea normal, mas
fome crnica e subnutrio um problema.
A fome crnica atinge muita gente no mundo todo. So milhares de pessoas que raramente
encontram alimentos quando sentem fome ou no os encontram em quantidade e qualidade
satisfatrias. As populaes atingidas pela fome crnica, em geral, acabam satisfazendo-se
com alimentos pobres em protenas e vitaminas, como po, arroz com farinha de mandioca,
mingau de fub, entre outros. Esses alimentos "enganam o estmago", pois no oferecem os
nutrientes necessrios manuteno da boa sade. Veja no mapa da prxima pgina.
Quando a falta de alimentao ou a alimentao inadequada ocorre por muito tempo, resulta
na subnutrio. Segundo a FAO, "por subnutrio se entende a condio das pessoas cujo
consumo de energia alimentar se situa de forma permanente abaixo das necessidades mnimas
de energia alimentar para poder levar uma vida s e realizar uma atividade fsica leve com um
peso corporal mnimo aceitvel".
A subnutrio se torna mais grave quando atinge crianas na fase inicial da vida. Ela est
associada, intimamente, s condies de pobreza, em que os indivduos no conseguem
manter um padro mnimo de vida para satisfazer suas necessidades bsicas.
Texto & contexto.
1. O que as mudanas climticas tm a ver com a produo agrcola?
MORTALIDADE INFANTIL * .
Segue descrio da tabela com 3 colunas.
Maiores.
1 : Serra Leoa : 160.
2 : Afeganisto : 156.
3 : Angola : 131.
4 : Libria : 131.
5 : Mali : 128.
93 : Brasil : 23.
Menores.
189 : Liechtenstein : 3.
190 : Mnaco : 3.
191 : Noruega : 3.
192 : San Marino : 3.
193 : Sucia : 3.
Fim da descrio.
H trs grandes caminhos para atender demanda por alimentos, nem todos com a mesma
sustentabilidade: ampliar a rea cultivada, aumentar a produtividade da agricultura e
implementar novas opes de produo.
A disponibilidade de terras.
O crescimento horizontal da agricultura pela ampliao da rea plantada aumenta a produo,
mas tem possibilidades muito limitadas na sia, na Europa, na Amrica do Norte e em parte
da frica. Quase todas as terras arveis j foram ocupadas. A sobre-explorao dessas reas,
sem tecnologias adequadas, pode ampliar ainda mais os problemas de degradao de solos e
guas.
[...].
O crescimento vertical.
A opo mais sustentvel ampliar a produtividade agrcola pela via tecnolgica. Produzir
mais no mesmo local, sem desmatar ou ocupar novas reas. o processo que predomina
atualmente na agricultura brasileira.
[...].
Novas opes.
Pelo menos duas novas opes emergem com fora, mesmo que de forma excludente, para
ampliar a sustentabilidade da agricultura: a produo orgnica e os organismos geneticamente
modificados (OGM).
Em pases ricos e desenvolvidos, a busca por uma agricultura menos industrializada e limpa,
reduzindo riscos para os consumidores aps episdios como os da vaca louca e de outras
enfermidades, fortaleceu a agricultura orgnica certificada. Cerca de 25% da rea cultivada
com orgnicos est na Europa. Essa rea passou de 3 milhes de hectares, em 2000, para 7
milhes de hectares em 2007. Mas ela aumenta menos que a demanda e faz do continente
europeu o maior importador desses produtos. [...].
Os OGMs ainda provocam controvrsia junto aos consumidores (riscos de reaes alrgicas,
falta de normas de etiquetagem, etc.), mas so outra opo. [...] Com o menor uso de
combustveis fsseis no caso de OGMs, at 2016 o acmulo de reas plantadas no Brasil
resultar numa reduo de 918,7 milhes de toneladas de CO2 , o equivalente ao plantio de
6,8 milhes de rvores . A reduo de princpios ativos de agrotxicos, menos utilizados no
caso de OGMs, ser de 35,6 mil toneladas. Animais geneticamente modificados sero capazes
de apresentar crescimento rpido (salmo), de produzir medicamentos (ovelhas), um esterco
mais limpo (porco) ou um leite de melhor qualidade (cabras).
Produtos da agricultura orgnica e de OGMs obtm maior resistncia a pragas e a doenas,
exigem menos agrotxicos e produzem alimentos mais nutritivos. Caber ao consumidor, ao
cidado informado e ao estudante bem formado, ciente de sua responsabilidade ambiental,
indicar suas preferncias e pagar o preo necessrio para atender suas exigncias e hbitos de
consumo.
MIRANDA, Evaristo Eduardo de. Como alimentar o mundo? Revista Carta na Escola. Edio
27, 9 jun. 2008.
1. De acordo com o texto, qual o principal desafio para a produo de alimentos nos
prximos anos?
2. Nos prximos anos, que caminhos poderiam ser seguidos na produo mundial de
alimentos? Explique cada um deles.
295
Recomendamos.
Livros.
O que agricultura sustentvel?
Autor: Eduardo Ehlers.
Brasiliense, 2009.
A histria da agricultura teve incio h mais de 10 mil anos. Desde ento, avanos
modificaram a forma de cultivo dos alimentos. Alteraes genticas nas plantas e uso de
fertilizantes e agrotxicos so prticas difundidas hoje, mas que despertam dvidas quanto
segurana. O livro trata desses temas a partir das informaes mais recentes sobre
sustentabilidade e impacto ambiental.
Os alimentos do futuro - Orgnicos, transgnicos e nutrio global.
Autor: Colin Tudge.
Publifolha, 2008.
Como alimentar com quantidade e qualidade adequadas toda a populao do mundo? So
discutidos, neste livro, pontos relacionados aos mtodos de produo de comida, ao
agronegcio, aos sistemas agrcolas orgnicos, enge- nharia gentica, clonagem e aos
transgnicos. O livro complementado com glossrio, ndice de palavras, dicas de leitura e
sites sobre o assunto.
Sites.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria.
(Embrapa): www.embrapa.br.
A Embrapa um rgo vinculado ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento,
que atua na viabilizao de solues de pesquisa, desenvolvimento e inovao para a
sustentabilidade da agricultura no Brasil. O site apresenta notcias, artigos, informaes sobre
projetos desenvolvidos, sees temticas sobre agricultura, biotecnologia, produo animal,
sistemas de produo, recursos naturais, meio ambiente, etc.
Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO - Food and Agriculture
Organization): www.fao.org.br.
A FAO uma agncia especializada da Organizao das Naes Unidas (ONU) cujo objetivo
elevar os nveis de nutrio e de desenvolvimento rural no mundo. Realiza programas de
melhoria da eficincia na produo e distribuio de produtos agropecurios, promove a
transferncia de tecnologia aos pases em desenvolvimento, presta auxlio a pases em
emergncia alimentar (catstrofes naturais, campos de refugiados, etc.), entre outras funes.
O site traz notcias, relatrios, mapa da fome, acompanhamento do preo dos alimentos e
informaes sobre projetos de combate fome. Na seo "FAO para estudantes", possvel
encontrar informaes em linguagem simplificada (em espanhol). (Acessos em: jul. 2009).
Filmes.
O futuro dos alimentos. Documentrio. Direo: Deborah Koons Garcia. Estados Unidos,
2004. 89 min.
A questo dos alimentos transgnicos e modificados, seu patenteamento e a consequente
monopolizao do mercado conduz a investigao feita por este filme-documentrio. Nele, a
complexa relao entre o poder das grandes empresas, a poltica e os nossos padres de
consumo amplamente discutida. Alm disso, o documentrio apresenta alternativas para os
cultivos industriais em larga escala, apontando a agricultura ecolgica e sustentvel como
soluo vivel.
Vinhas da ira. Direo: John Ford. Estados Unidos, 1940. 128 min.
Baseado no livro homnimo de John Steinbeck, o filme conta a histria de uma famlia de
trabalhadores rurais pobres de Oklahoma em meio Grande Depresso, na dcada de 1920.
Quando o filho mais velho retorna para casa aps cumprir pena por homicdio involuntrio, a
famlia abandona suas terras e parte para a Califrnia, vista como uma terra de oportunidades,
em busca de uma vida melhor. Mas a situao que os espera pode ser at pior do que a
deixada para trs.
| Cena do filme Vinhas da ira, produzido em 1940. Fonte: ARCHIVES DU 7EME ART /
AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
296
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Observe os grficos abaixo com ateno e descreva as mudanas na estrutura fundiria dos
Estados Unidos. Em seguida, desenvolva uma hiptese que possa explicar as causas dessas
mudanas.
Falando em meio ambiente, as lavouras transgnicas esto trazendo grandes benefcios para o
planeta. Essas plantaes so de manejo mais simples, pois requerem menos aplicaes de
agrodefensivos e menor utilizao de mquinas agrcolas, o que reduz a emisso de poluentes
e o consumo de gua.
[...].
As sementes geneticamente modificadas tambm tm um papel fundamental no aumento
sustentvel da produo agrcola, necessrio para alimentar a crescente populao mundial.
Os transgnicos permitem produzir mais comida, com melhor qualidade, a um custo mais
baixo e sem necessidade de aumentar a rea plantada.
O que voc precisa saber sobre transgnicos. Conselho de Informaes sobre Biotecnologia,
maio de 2009. Disponvel em: www.cib.org.br/pdf/guia_transgenicos_maio09.pdf. Acesso
em: jul. 2009.
INDICADORES ECONMICOS.
Segue descrio da tabela com 7 colunas.
Pas : PIB * (em milhes de US$) : Participao da agricultura no PIB * (%) : Lavouras
permanentes * (%) : Nmero de tratores a cada 100 km de terra arvel ** : Consumo de
fertilizantes (100 g por hectare de terra arvel *** ) : Produtividade agrcola ** (em US$, por
trabalhador agrcola).
A : 13.163.870 : 1 : 0,3 : 270 : 1,096 : 36.216.
B : 2.248.091 : 2 : 2,1 : 685 : 2,221 : 39.220.
C : 2.644.681 : 12 : 1,4 : 89 : 3,519 : 368.
D : 2.494 : 41 : 11,1 : 1 : 48 : 222.
Fim da descrio.
Fonte: 2007 WORLD DEVELOPMENT INDICATORS. AGRICULTURAL INPUTS.
BANCO MUNDIAL.
Observao: Os dados mostrados na tabela referem-se aos seguintes pases: Frana, China,
Ruanda e Estados Unidos. Fim da observao.
a) Procure identificar a qual pas corresponde cada letra e justifique como voc chegou a essa
concluso.
b) Entre os pases indicados na tabela, dois so reconhecidamente importantes exportadores
de alimentos. Com base nos dados apresentados, possvel deduzir quais so esses dois
pases? Justifique sua resposta.
4. (Enem). Texto para as questes 4 e 5:
Aumento de produtividade - Nos ltimos 60 anos, verificou-se grande aumento da
produtividade agrcola nos Estados Unidos da Amrica (EUA). Isso se deveu a diversos
fatores, tais como expanso do uso de fertilizantes e pesticidas, biotecnologia e maquinrio
especializado. O grfico abaixo apresenta dados referentes agricultura desse pas, no perodo
compreendido entre 1948 e 2004.
Fonte: FAO.
Fim da descrio.
Fonte: FAO.
Fonte: FAO.
6. Os argumentos, ideias, exemplos e opinies do grupo devem estar bem organizados no
texto coletivo. Para tanto, faam primeiro um rascunho e, depois, passem o texto a limpo.
7. Na data combinada com o professor, apresentem o texto coletivo para a turma.
Atividade baseada nos dados de Guia do Estudante - O novo Enem. 5 ed. So Paulo: Abril,
2009. pp. 70 -1 .
Em debate.
- Sementes geneticamente modificadas: proibir, controlar ou liberar?
- Imagine que voc e seus colegas trabalhem na FAO e tm a tarefa de sugerir aos governos
dos pases ricos polticas pblicas que visem erradicao da fome e da subnutrio. Que
orientaes poderiam ser dadas?
300
Evoluo da indstria.
O trabalho humano e os processos tcnicos empregados na atividade industrial modificaramse no decorrer da histria. Antes da indstria moderna, possvel reconhecer pelo menos dois
estgios anteriores.
Artesanato.
O artesanato caracteriza-se por uma transformao simples das matrias-primas em objetos,
com base no trabalho manual e no emprego de ferramentas rsticas. A produo pequena e,
geralmente, destina-se ao mercado local. O arteso o responsvel por todas as etapas do
trabalho.
Embora sobreviva nos dias atuais, o artesanato foi um processo de grande importncia durante
a baixa Idade Mdia. Naquela poca, o campons fabricava seus instrumentos de trabalho.
Gradativamente, o artesanato foi se difundindo como uma forma incipiente de produo
destinada ao comrcio.
O trabalho artesanal costumava ser dividido entre um pequeno grupo de pessoas: o mestre
arteso, que detinha o conhecimento tcnico da produo; os "jornaleiros", que trabalhavam
por jornada de trabalho; e os aprendizes, que viviam na casa do mestre arteso, para o qual
trabalhavam em troca de saber tcnico, moradia e vestimenta.
No Brasil, desde o incio da colonizao, no sculo XVI, existiu uma forma de manufatura: o
engenho de acar. Nos engenhos j estavam concentrados os elementos fundamentais para o
posterior desenvolvimento da indstria, como a reunio dos trabalhadores em um mesmo
local; o controle da produo (pelo feitor); a organizao e distribuio da produo pelo
senhor de engenho; a rgida disciplina imposta pela prpria escravido e a presena de
mquinas como a moenda.
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Quase tudo o que consumimos e utilizamos elaborado na indstria. Num dicionrio,
procure o significado de indstria e registre.
2. O que a presena de indstrias com alto grau de desenvolvimento tecnolgico tem a ver
com o desenvolvimento de um pas?
3. Cite duas diferenas entre o artesanato e a manufatura.
4 Sobre a maquinofatura, cite: o que , quando e onde teve incio, o que a diferencia da
manufatura.
5. No municpio ou no estado onde voc mora, quais so as formas de artesanato mais
tradicionais?
Fim do texto & contexto.
302
Indstria e cidades.
A atividade industrial prpria de espaos adensados, onde se concentram os meios de
produo, a mo de obra, o capital e as mercadorias. Isso pode ser observado no microespao
de uma fbrica, onde todos esses elementos esto associados, ou ento em cidades que se
formaram e cresceram em funo das indstrias locais. A indstria, em geral, favorece a
formao de reas urbanas. Pode-se dizer, portanto, que o espao privilegiado para o controle
da mo de obra foi a fbrica, e o mundo urbano, o lugar preferencial para sua construo.
A escolha do lugar para a instalao de fbricas sempre levou em conta inmeros fatores;
dependendo da natureza de cada uma, foram importantes, por exemplo, a localizao das
jazidas minerais, a facilidade de transportes e a disponibilidade de mo de obra.
No mundo urbano teceram-se redes de transporte e comunicao que ligaram os espaos para
levar trabalhadores e matrias-primas at as fbricas e, depois, para escoar a produo. Desse
modo, a industrializao consolidou ainda mais o espao urbano e reforou a diviso espacial
do trabalho entre as atividades tipicamente urbanas e as tipicamente agrrias.
Boxe complementar.
GEO mais.
Tipos de indstria.
Em virtude de sua grande diversidade, a indstria moderna comporta diferentes tipos e
inmeras classificaes. Basicamente, a indstria pode ser:
- de beneficiamento, que consiste em um processamento elementar de um produto primrio
para que possa ser utilizado ou consumido, como por exemplo um curtume, uma serraria, uma
usina de acar e uma refinaria de sal;
- de construo, que utiliza diferentes elementos ou matrias-primas para criar um novo
produto, como o da indstria da construo civil, o exemplo mais notvel;
- de transformao, que, sendo a expresso mais consagrada da indstria moderna, engloba
todas as atividades de reelaborao de uma matria-prima qualquer, empregando sistemas
com diferentes graus de sofisticao, o que inclui, por exemplo, desde a fabricao de um
palito de fsforo at a de um satlite artificial.
A classificao mais difundida, baseada na natureza dos bens produzidos, distingue trs tipos
de indstria, cada qual com sua utilidade e constituda por etapas:
| Com as propostas de Ford, a produo em srie reduziu, de fato, o preo dos produtos,
ampliou as vendas e aumentou os lucros. Por outro lado, o trabalhador que realizava uma
atividade cansativa e repetitiva era privado do ato de pensar, alienando-se. Na foto, linha de
montagem em fbrica da Ford, nos Estados Unidos, em 1913. O automvel que voc v o
modelo Ford T. Fonte: BETTMANN/CORBIS / LATINSTOCK. ||
Henry Ford concebeu uma fbrica autossuficiente, de modo que todas as peas fossem
produzidas em seu interior, e criou uma grande estrutura burocrtica centralizada para
coordenar o processo.
O mais famoso modelo de automvel produzido foi o Ford T, lanado em 1908. O modelo
vendeu 15 milhes de unidades em duas dcadas, devido, alm do baixo preo, facilidade de
operao e de manuteno em relao aos modelos antigos. Por esse sucesso, a Ford se tornou
uma das maiores empresas dos Estados Unidos, com filiais em todo o mundo, inclusive no
Brasil (a partir de 1921).
A rigidez do modelo de produo fordista foi aprimorada por Alfred Sloan, da General
Motors, para aumentar a diversidade de modelos. Isso tornou a GM a empresa lder de
produo e venda j nos anos 1930. Ainda assim, a linha de produo contnua elaborada por
Ford difundiu-se por inmeros outros setores, tornando-se cone da indstria no sculo XX.
Toyotismo.
No fim da Segunda Guerra Mundial, o Japo era um pas arrasado e em crise econmica. Esse
cenrio era desfavorvel s empresas capitalistas japonesas que adotavam o modelo fordista,
pois havia pouco dinheiro para investir e aumentar as fbricas. Alm disso, a matria-prima
era escassa e o mercado em recesso impossibilitava a produo em massa e a formao de
estoques de mercadorias, prticas comuns no modelo fordista.
A indstria automobilstica japonesa Toyota enfrentava, poca, todos os problemas acima.
Por isso, seu presidente, Kiichiro Toyota, e o engenheiro Taichi Ohno, implantaram
modificaes na linha de produo fordista, inspirados na experincia txtil de outras fbricas
do Japo e no sistema de estoque dos mercados estadunidenses.
As mudanas introduzidas no sistema produtivo, particularmente nos pases desenvolvidos,
ficaram conhecidas como produo flexvel, em contraponto ao sistema mais rgido
representado pelo fordismo, e serviram para dar ainda mais flego ao capitalismo.
Invertendo o sentido dado por Ford, a produo passou a ser feita de acordo com a
necessidade dos consumidores. Os carros eram produzidos conforme os pedidos e ao gosto do
cliente. Assim, a venda consumada determinava a quantidade produzida, evitando grandes
estoques de carros.
Para que esse novo sistema funcionasse, era necessria uma linha de montagem flexvel, que
possibilitas-se mudanas rpidas nos carros produzidos. O engenheiro Ohno estabeleceu
modificaes nas mquinas e ferramentas, que poderiam ser trocadas sem esforos, e investiu
na automao, usando robs.
305
O engenheiro tambm alterou o papel do trabalhador, que deixou de ficar parado na linha de
montagem e se tornou polivalente, realizando vrias tarefas e trabalhando em equipe.
Alm disso, ele incumbiu os funcionrios do controle de qualidade, feito no meio da cadeia de
montagem e no no fim dela, para evitar desperdcio de material.
A Toyota passou a delegar a outras empresas funes e etapas que antes eram realizadas na
prpria fbrica, ficando responsvel apenas pela montagem final do automvel. Essas
empresas tambm passaram a delegar funes a outras, criando, assim, uma pirmide de
empresas em torno da Toyota. A reduo do tamanho das fbricas e da burocracia recebeu o
nome de produo enxuta, e a delegao de funes, muito comum em nossos dias, recebeu o
nome de terceirizao.
Para que esse sistema fosse eficiente, era necessrio que todas as etapas de produo e os
contatos entre as empresas funcionassem de forma precisa. Assim, ao receber uma inteno de
compra, a fbrica emitia uma ordem de produo do carro. A Toyota repassava aos
fornecedores as peas necessrias, que deveriam ser entregues dentro de determinado prazo.
Esse controle do tempo na cadeia de fornecedores e de produo recebeu o nome de just - in time ('no momento certo', em ingls). Em outras palavras, o just - in - time busca uma sintonia
entre a fbrica, seus fornecedores e consumidores. O just - in - time procura, tambm, o
escoamento da produo no momento certo e promove a reduo drstica de estoques de
produtos.
Interligado ao just-in-time est o kanban (' carto' , em japons), que procura racionalizar os
fluxos de insumos (peas, componentes e matrias-primas em geral) entre as diversas equipes
de trabalho e sees de uma fbrica.
O modelo Toyota de organizao foi adotado por outras empresas no mundo a partir da
dcada de 1970, aps a crise do petrleo, que gerou aumento dos custos de produo. Nesse
contexto, o modelo fordista tornou-se invivel. As empresas japonesas, que j ado- tavam um
modelo de baixo custo, tornaram-se mais competitivas, destacando-se como as maiores
companhias do mundo na dcada de 1980.
Todavia, o modelo de produo da fbrica da Toyota sofreu vrias crticas. A primeira
considerava as condies nas quais o modelo toyotista era implantando, geralmente a partir da
demisso de parte dos funcionrios e da desarticulao do sindicato (que passou a ser
controlado pela empresa). A carga de trabalho de cada funcionrio aumentou, acompanhada
da realizao de tarefas simultneas. Todas essas crticas foram ampliadas quando o modelo
foi difundido e ganhou escala global.
| O toyotismo, modelo flexvel de produo tpico dos pases desenvolvidos, foi introduzido
apenas nas indstrias tecnologicamente avanadas. Nesse sistema, o operrio qualificado
permanentemente para, se necessrio, desempenhar diversas funes no processo produtivo.
Na foto, de 2007, funcionrios em fbrica da Toyota, no Japo, trabalhando em motores de
carros. Fonte: KAZUHIRO NOGI / AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
Texto & contexto.
1. As ideias concebidas por Henry Ford provocaram uma verdadeira revoluo no modo de
produzir e, consequentemente, expandiram os mercados da poca. Explique a principal
inovao concebida pelo engenheiro estadunidense, no incio do sculo XX.
2. Explique as expresses: produo flexvel, trabalhador polivalente, produo enxuta, just in - time e kanban.
3. Estoques mnimos, ilhas de produo e controle de qualidade provm da experincia e da
criatividade da equipe durante a produo. Essas caractersticas so prprias de que modelo
de organizao industrial?
4. Embora tenha se espalhado pelo mundo todo, o modelo de produo da fbrica da Toyota
recebeu vrias crticas. Explique duas delas.
5. Em sua opinio, qual o resultado da aplicao do toyotismo na vida do trabalhador de
uma fbrica?
Fim do texto & contexto.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Por mil nascidos vivos. Estimativa para 2008.
FIM DA NOTA.
*. Dados de 2005.
FIM DA NOTA.
*. Dados de 2005.
FIM DA NOTA.
*. Dados de 2005.
FIM DA NOTA.
**. Dados de 2003.
FIM DA NOTA.
***. Dados de 2002.
FIM DA NOTA.
**. Dados de 2003.
FIM DA NOTA.
306
A indstria no mundo.
Para avaliar o nvel de industrializao de um pas, necessrio observar se a atividade
industrial ocupa uma posio central na estrutura da produo e nas trocas comerciais. Vrios
fatores podem indicar essa posio: o consumo de energia por habitante; a importncia da
mo de obra industrial entre a populao economicamente ativa * do pas; a participao da
indstria nacional em relao produo mundial; e, fundamentalmente, o nvel de exigncia
tecnolgica envolvido nos produtos fabricados no pas. Os mesmos fatores, vistos no mbito
nacional, podem ser utilizados para identificar os espaos mais industrializados no interior do
pas.
O conjunto dos pases mais industrializados se localiza no eixo Amrica do Norte-EuropaJapo. Esse grupo, que inclui parte da ex-Unio Sovitica, responde por cerca de trs quartos
da produo industrial, embora represente menos de 25% da populao mundial. Observe, no
mapa a seguir, as principais reas industriais do mundo.
Ao falar da indstria na CEI, importante lembrar que trs repblicas blticas - Estnia,
Letnia e Litunia -, que faziam parte da Unio Sovitica e que so tradicionais pela sua
produo, no aderiram a essa comunidade. Tambm a Gergia, outro considervel destaque
econmico da unidade geopoltica socialista, no faz parte da CEI desde agosto de 2008. Os
mapas a seguir mostram as regies industriais da CEI.
3. Voc conhece algum que trabalha numa fbrica? Em caso afirmativo, pergunte como so
as condies de trabalho que a empresa oferece e registre as informaes no caderno.
Fim do texto & contexto.
310
Indstrias modernas.
Durante boa parte do sculo XX, o eixo do desenvolvimento industrial continuou sendo a
indstria pesada, representada pelos setores siderrgico, metalrgico, mecnico, etc.
A partir da Segunda Guerra Mundial, contudo, houve um deslocamento da implantao
industrial, causado pelo uso crescente de uma nova matria-prima e fonte de energia: o
petrleo.
Petrleo: combustvel do mundo moderno.
Assim como o carvo, o petrleo tambm um combustvel fssil. Como voc viu no captulo
4, ele resulta de transformaes fsico-qumicas sofridas pela matria orgnica - restos de
animais e plantas - ao longo de mais de 200 milhes de anos, em decorrncia das
transformaes de clima e topografia da Terra.
um produto fundamental no mundo moderno, seja como combustvel ou como matriaprima para a indstria petroqumica. Alm de fornecer gs natural, gasolina, querosene e leos
lubrificantes, o petrleo contm substncias com as quais se fabricam numerosos produtos,
desde a borracha sinttica at os mais variados tipos de plstico.
At a dcada de 1950, a hegemonia da produo de petrleo concentrava-se nos Estados
Unidos e Venezuela (78% da produo mundial). Na dcada seguinte, j se fazia uma
explorao extensiva no Oriente Mdio, onde se acumulam cerca de 60% das reservas
mundiais (dado de 2008), e na ex-Unio Sovitica. Pouco depois, entraram no circuito
produtivo do petrleo alguns pases africanos como Angola, e alguns pases localizados em
torno do golfo da Guin, sobretudo a Nigria (veja foto). Na Amrica Latina, o Mxico e o
Equador tambm destacaram-se.
| Aspecto da fachada de uma das empresas situadas no Vale do Silcio, nas proximidades de
So Jos, na Califrnia (Estados Unidos), em 2007. Fonte: HELENE LABRIET-GROSS /
AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
| Construo de satlite em So Jos dos Campos (SP), local em que a iniciativa de criao de
um polo tecnolgico foi pioneira. Foto de 2008. Fonte: LUCAS LACAZ RUIZ / FOLHA
IMAGEM. ||
Os primeiros polos tecnolgicos surgiram nos pases mais industrializados. Nos Estados
Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial, dois deles se tornaram famosos: o Vale do
Silcio, onde se desenvolveram as grandes empresas de microeletrnica em parceria com a
universidade de Stanford, e a Rota 128, um conglomerado em torno do Massachusetts
Institute of Technology (MIT) e da universidade de Harvard. A mesma parceria empresauniversidade ocorreu na Inglaterra, em rea prxima a Cambridge. Na Frana, o modelo
seguido foi outro, pois o desenvolvimento de polos tecnolgicos, como os de Sophie Antipole,
partiu de iniciativas governamentais.
No Brasil, assim como na Frana, a estruturao das primeiras iniciativas contaram com o
apoio do governo federal. A experincia pioneira foi feita em So Jos dos Campos (SP) no
ramo da aeronutica, com parcerias entre a Empresa Brasileira de Aeronutica (Embraer), o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto Tecnolgico de Aeronutica
(ITA) e as indstrias do setor. Atualmente, inmeros polos tecnolgicos esto espalhados pelo
pas.
313
O Japo e os robs.
O Japo o grande exemplo mundial de concentrao de indstrias avanadas. Seu processo
de industrializao remonta ao sculo XIX; aps a Segunda Guerra Mundial, passou a investir
nos setores siderrgico e qumico, apesar de seus limitados recursos minerais e energticos.
Foram esses setores que sustentaram, a partir do final da dcada de 1970, o espetacular
desenvolvimento de indstrias voltadas para o consumo direto, principalmente as do setor
eletrnico.
Alm de ter a maior indstria de pesca do mundo, o Japo se destaca na robtica, na indstria
microeletrnica, na indstria de produtos eltricos e compete em condies de igualdade com
a indstria estadunidense de automveis. Esse desempenho obtido graas a uma fora de
trabalho extremamente qualificada e disciplinada, uma histrica dedicao ao
desenvolvimento de indstrias-chave, capital a baixas taxas de juros e uma produo eficiente
e altamente rentvel.
As principais limitaes expanso industrial so de ordem fsica, pois as quatro principais
ilhas montanhosas que formam o Japo se localizam em uma zona de frequentes furaces e
terremotos. Apesar da crise econmica que assola o pas desde o incio da dcada de 1990, o
Japo ainda se destaca como potncia econmica mundial. O mapa abaixo mostra as regies
industriais do pas.
Fim da descrio.
| A tabela nos mostra uma clara diferena entre os dois grupos de pases. frica do Sul,
Argentina, Brasil e Mxico esto com a economia terceirizada, ou seja, o setor tercirio
(comrcio e servios) contribui com a maior parte do produto nacional. Isso se deve a dois
motivos principais: iniciaram a industrializao h mais tempo e, principalmente, possuem um
amplo segmento da populao integrado na sociedade de consumo, cuja demanda absorve a
maior parte de sua produo industrial e requer ampliao e diversificao dos servios
voltados ao seu bem-estar. De outro lado, na China, Indonsia e Malsia, onde a
industrializao comeou mais recentemente e, sobretudo, por ela estar voltada para a
exportao, a indstria o setor mais destacado na formao do PIB. Fonte: 2007 WORLD
DEVELOPMENT INDICATORS. BANCO MUNDIAL. ||
316
Recomendamos.
Livros.
O que taylorismo.
Autores: Margareth Rago e Eduardo F. P. Moreira.
Brasiliense, 1996.
O surgimento do taylorismo foi essencial para o desenvolvimento do capitalismo. Criado no
final do sculo XIX, buscou sistematizar a produo, economizar tempo e suprimir gastos
desnecessrios no interior do processo produtivo. Este livro aborda a histria do taylorismo e
mostra como sua influncia sentida nos dias de hoje.
O que robtica.
Autor: Agenor Martins.
Brasiliense, 2007.
A robtica deixou, h muito tempo, de fazer parte somente do universo de fico cientfica.
Hoje, a construo e utilizao de robs uma realidade, presente nos mais diversos campos,
como na engenharia industrial e na eletrnica, por exemplo. Este livro descreve a trajetria da
robtica no Brasil, destacando a importncia do desenvolvimento tecnolgico e a
multidisciplinaridade do tema.
Dicionrio de trabalho e tecnologia.
Autores: Antnio David Cattani e Lorena Holzmann.
Editora da UFRGS, 2006.
Elaborado por uma equipe multidisciplinar, este livro uma ferramenta para a compreenso
de noes fundamentais a respeito do campo do trabalho e da tecnologia. Cada um dos 96
verbetes traz, alm da definio, a origem do conceito e seu desenvolvimento histrico, as
principais abordagens e correntes, as controvrsias, os principais autores e referncias
bibliogrficas para ampliao do conhecimento sobre o assunto.
Sites.
Inovao tecnolgica: www.inovacaotecnologica.com.br.
No ar desde 1999, o site especializado na divulgao de notcias sobre cincia e tecnologia.
A maioria das informaes veiculadas provm de peridicos cientficos, sempre citados na
bibliografia, no final de cada matria. Voc pode, ainda, buscar notcias a partir de uma lista
de temas, organizada em ordem alfabtica. Alguns dos temas encontrados so: eletrnica,
energia, informtica, mecnica, meio ambiente, nanotecnologia, robtica, etc.
Inovao Unicamp: www.inovacao.unicamp.br.
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Leia o texto a seguir e observe a imagem:
O lixo humano tinha sido, at o incio do sculo XX, um lixo principalmente biodegradvel e
reciclvel, que dava lugar a uma srie de atividades econmicas dedicadas sua recuperao.
A incorporao do plstico ao dia a dia criou um problema crescente, o lixo. A mistura de
plsticos e dejetos orgnicos (alm de outras substncias) uma forma de esbanjar matriaprima natural, considerada suicida para o futuro do planeta por um nmero cada vez maior de
cientistas. O plstico no biodegradvel, nem desaparece facilmente por eroso.
Magia e perversidade do plstico. In: Enciclopdia do mundo contemporneo. So Paulo,
Publifolha / Terceiro Milnio, 1999. p. 53.
3. (Enem). " ... Um operrio desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um
quarto o afia nas pontas para a colocao da cabea do alfinete; para fazer a cabea do alfinete
requerem-se trs ou quatro operaes diferentes ...".
| Smith, Adam. A riqueza das naes; investigao sobre a sua natureza e suas causas. So
Paulo: Nova Cultural, 1985. vl. 1. Fonte: BOB THAVES / 2009 UNITED MEDIA / IPRESS.
||
A respeito do texto e do quadrinho so feitas as seguintes afirmaes:
I. Ambos retratam a intensa diviso do trabalho, qual so submetidos os operrios.
II. O texto refere-se produo informatizada e o quadrinho, produo artesanal.
III. Ambos contm a ideia de que o produto da atividade industrial no depende do
conhecimento de todo o processo por parte do operrio.
Entre essas afirmaes, apenas:
a) I est correta.
b) II est correta.
c) III est correta.
d) I e II esto corretas.
e) I e III esto corretas.
4. (Enem). A Revoluo Industrial ocorrida no final do sculo XVIII transformou as relaes
do homem com o trabalho. As mquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fbricas
concentraram-se em regies prximas s matrias-primas e grandes portos, originando vastas
concentraes humanas.
319
Muitos dos operrios vinham da rea rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas,
na maioria das vezes em condies adversas. A legislao trabalhista surgiu muito lentamente
ao longo do sculo XIX e a diminuio da jornada de trabalho para oito horas dirias
concretizou-se no incio do sculo XX. Pode-se afirmar que as conquistas no incio deste
sculo, decorrentes da legislao trabalhista, esto relacionadas com:
a) a expanso do capitalismo e a consolidao dos regimes monrquicos constitucionais.
b) a expressiva diminuio da oferta de mo de obra, devido demanda por trabalhadores
especializados.
c) a capacidade de mobilizao dos trabalhadores em defesa dos seus interesses.
d) o crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminua a representao operria nos
parlamentos.
e) a vitria dos partidos comunistas nas eleies das principais capitais europeias.
5. (Enem).
produo industrial de celulose e de papel esto associados alguns problemas ambientais.
Um exemplo so os odores caractersticos dos compostos volteis de enxofre (mercaptanas)
que se formam durante a remoo da lignina da principal matria-prima para a obteno
industrial das fibras celulsicas que formam o papel: a madeira. nos estgios de
branqueamento que se encontra um dos principais problemas ambientais causados pelas
indstrias de celulose. Reagentes como cloro e hipoclorito de sdio reagem com a lignina
residual, levando formao de compostos organoclorados. Esses compostos, presentes na
gua industrial, despejada em grande quantidade nos rios pelas indstrias de papel, no so
biodegradveis e acumulam-se nos tecidos vegetais e animais, podendo levar a alteraes
genticas.
Adaptado de SantoS, Celnia P. et al. Papel: como se fabrica? In: Qumica nova na escola, n.
14, nov. 2001. pp. 3 - 7.
Para se diminuirem os problemas ambientais decorrentes da fabricao do papel,
recomendvel.
a) a criao de legislao mais branda, a fim de favorecer a fabricao de papel
biodegradvel.
b) a diminuio das reas de reflorestamento, com o intuito de reduzir o volume de madeira
utilizado na obteno de fibras celulsicas.
c) a distribuio de equipamentos de desodorizao populao que vive nas adjacncias de
indstrias de produo de papel.
d) o tratamento da gua industrial, antes de retorn-la aos cursos dgua, com o objetivo de
promover a degradao dos compostos orgnicos solveis.
e) o recolhimento, por parte das famlias que habitam as regies circunvizinhas, dos resduos
slidos gerados pela indstria de papel, em um processo de coleta seletiva de lixo.
320
sabe cobrar exigindo que vele junto a ela sem cessar: se no, decepa dedos distrados. Foram
14 milhes os acidentes de trabalho s no Brasil em 1975.
BOSI, Alfredo. Os trabalhos da mo. In: BOSI, Ecla. Memria e sociedade - Lembranas de
velhos. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 470.
1. Quais so as profisses citadas no texto? Faam uma lista.
2. Na opinio do grupo, que profisses da lista no existem mais ou esto em processo de
extino? Por qu?
3. Que matrias-primas e instrumentos de trabalho so citados no texto? Na opinio do grupo,
esses instrumentos so utilizados nas indstrias modernas?
4. As atividades indicadas no texto so exemplos de artesanato, manufatura ou indstria?
Justifiquem.
5. Que crtica o autor do texto faz em relao s mquinas, que, segundo ele, substituem as
mos humanas?
6. Em Tempos modernos, qual a principal crtica feita por Charlie Chaplin? Assistam ao
filme e pesquisem.
7. Na opinio do grupo, a crtica contida no filme Tempos modernos vlida para o modelo
flexvel de produo?
8. Comentem as respostas do grupo com o professor e a turma e, depois, faam o que se pede:
a) Com o professor, organizem uma visita a uma fbrica, de preferncia, situada no bairro ou
municpio onde vocs moram.
b) No planejamento da visita, procurem incluir:
- nome e endereo da fbrica;
- data, horrio da visita e meio de transporte;
- definio dos setores da fbrica que sero observados;
- questionrios para entrevistar operrios e funcionrios em geral;
- relao do que ser observado: tipos e origem das matrias-primas, tipos e origem das
mquinas, diviso do trabalho, setores de produo, segurana no trabalho, idade e sexo dos
operrios, salrios, tipos e destino dos produtos, etc.;
- formas de registro das observaes (textos, desenhos, fotos, filmagens);
- quando e como reunir as informaes;
- como e quando expor as informaes obtidas.
Em debate.
- A introduo generalizada das tecnologias modernas no processo produtivo ter impactos
significativos na vida moderna. As formas de trabalho, os tipos de profisso, a lgica da
concorrncia, as estratgias de localizao geogrfica das empresas, as formas de convvio
social: muitas coisas mudaro.
322
323
Por isso, o desenvolvimento do capitalismo est diretamente relacionado com a intensificao
do comrcio, que constitui um dos indicadores do nvel econmico das naes. No esquema e
na legenda abaixo, observe a evoluo da diviso internacional do trabalho e o papel do
comrcio, principalmente a partir da dcada de 1980.
| Com a nova DIT, possvel identificar trs grandes fraes ou esferas no espao mundial:
um centro, formado pelos pases altamente industrializados e com tecnologia mais avanada,
como os Estados Unidos, o Japo e a Alemanha; uma periferia imediata, constituda por
pases que se industrializaram tardiamente sob influncia estrangeira e que exportam
manufaturados variados ( a eles que melhor se aplica a expresso "pases em
desenvolvimento", como o caso do Brasil, do Mxico e da Argentina); e uma periferia
afastada, na qual se encontram os pases menos integrados economia-mundo, permanecendo
como fornecedores de produtos primrios ao mercado internacional. Fonte: SENE,
EUSTQUIO DE; MOREIRA, JOO CARLOS. GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL;
ESPAO GEOGRFICO E GLOBALIZAO. SO PAULO: SCIPIONE, 1999. ||
Texto & contexto.
1. Cite os servios que compem o setor tercirio da economia.
2. De acordo com a tabela ao lado, qual o setor da economia que mais emprega
trabalhadores no mundo? E na Amrica Latina e Caribe?
3. Uma mercadoria muda de preo at chegar ao consumidor final. Por que isso ocorre?
Explique.
4. Dos produtos que sua famlia consome, voc consegue identificar quais deles provm das
escalas local, regional, nacional e global? Faa uma lista e depois compare-a com a de seus
colegas.
Fim do texto & contexto.
324
o que resulta na queda de preo das mercadorias. O aumento da concorrncia pode tambm
favorecer a melhoria da qualidade dos produtos nacionais e a reduo de custos, o que os
tornaria mais competitivos no mercado internacional.
As exportaes, entretanto, dependem de outros fatores, que no apenas o custo de produo,
como, por exemplo, a taxa de cmbio: quando a moeda de um pas est muito valorizada no
mercado internacional, os produtos nacionais ficam caros em relao aos preos dos demais
pases e perdem competitividade. O mesmo ocorre dentro do pas com as mercadorias
importadas.
Para discutir e resolver questes como as de tarifas aduaneiras, preos e prticas comerciais,
os pases interessados realizam, por vezes, as chamadas rodadas de negociao que, em geral,
levam o nome do pas em que ocorrem. Desses encontros originou-se a Organizao Mundial
de Comrcio (OMC), criada por ocasio da Rodada Uruguai e que funciona desde janeiro de
1995. Gradualmente, a OMC substituiu o Gatt.
A OMC trata das regras que envolvem o comrcio entre as naes. Os pases-membros da
organizao negociam e assinam acordos comerciais que depois so ratificados pelos rgos
competentes de cada pas envolvido. A OMC acompanha as negociaes, supervisiona
acordos e tambm gerencia disputas, controvrsias e conflitos gerados pela aplicao de
acordos no comrcio internacional. No mapa a seguir, observe os pases que fazem parte da
OMC (at setembro de 2009). Observe, tambm, os pases que utilizam medidas
protecionistas e ultraprotecionistas, principalmente no comrcio agrcola.
Outro rgo internacional que tambm sugere instrumentos normativos de comrcio
internacional a Conferncia das Naes Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento
(UNCTAD). Ligada ONU, a Unctad procura desenvolver instrumentos normativos de
comrcio internacional, sugerir formas de superar limitaes de certos pases para que se
beneficiem plenamente do sistema multilateral de comrcio, etc.
325
ricos, que, com subsdios aos produtores e altas tarifas de importao, protegem sua
agricultura barrando o crescimento dos pases pobres. Fonte: SIMIELLI, MARIA ELENA.
GEOATLAS. SO PAULO: TICA, 2009. ||
Boxe complementar.
GEO mais.
Fazendo negcio.
Na economia de mercado, o que importa fazer negcio, isto , comprar e vender utilizando
as mais diferentes estratgias para conseguir o mximo de lucros. Algumas so, no mnimo,
bem suspeitas. Vamos ver?
- Commodity: mercadoria produzida em grande quantidade, por um nmero significativo de
produtores e com qualidade uniforme, ou seja, sem significativas distines entre suas
caractersticas. Esses produtos genricos so negociados por volume em bolsas de
mercadorias. As commodities tradicionais so produtos agrcolas como trigo, soja, suco de
laranja congelado e boi gordo e produtos minerais como petrleo, ao e ouro. Atualmente,
esto surgindo mercados para commodities modernas, como crditos de carbono e largura de
banda.
- Especulao: atividade que ocorre em mercados ativos financeiros caracterizada pela
compra e venda desses ativos a fim de obter lucro elevado, em curto prazo, em razo das
oscilaes em suas cotaes. Em teoria, a especulao difere da aposta, do simples jogo de
azar, na medida em que o especulador , em princpio, capaz de estimar, por meio de anlises
econmicas, uma relao entre risco e retorno que no est refletida nos preos dos ativos
financeiros, e assim explor-la para obter ganhos.
- Dumping: comercializao desleal de mercadorias, principalmente em mercados
estrangeiros, por empresas ou grupos de empresas, a preos abaixo do custo de produo, com
o objetivo de enfraquecer a concorrncia ou lev-la falncia para, em seguida, dominar o
mercado. Quando acreditam ser alvos dessa prtica, os pases costumam adotar medidas
antidumping para impedir a entrada de mercadorias suspeitas.
Adaptado de Almanaque Abril 2009. So Paulo: Abril, 2009. pp. 101; 103.
| Bolsa de Valores de Chicago (Estados Unidos). Foto de 2009. Fonte: SCOTT OLSON /
GETTY IMAGES. ||
Fim do complemento.
Texto & contexto.
1. Alguns rgos internacionais foram criados para regular o comrcio mundial. Que rgos
so esses? Qual a funo de cada um?
2. Existe alguma associao de comercirios no municpio em que voc vive? Qual sua
funo? Quais so suas atividades? Converse com seus colegas sobre isso.
326
24 : Brasil : 160,6.
Fim da descrio.
11 : Espanha : 372,6.
12 : Hong Kong, China : 370,1.
28 : Brasil : 126,6.
Fim da descrio.
| Segundo a OMC, o comrcio global cresceu 2% em 2008 e atingiu US$ 15,8 trilhes de
dlares. A Alemanha manteve seu status de maior exportador do mundo, seguida da China.
Fonte das tabelas: OMC, INTERNATIONAL TRADE STATISTICS 2008. Disponvel em:
www.wto.org/english/res_e/statis_e/its2008_e/its2008_e.pdf. Acesso em: set. 2009. ||
Sua: 1,2.
Malsia: 1,2.
ndia: 1,2.
Taiwan: 1,7.
Federao Russa: 1,9.
Cingapura: 2,1.
Mxico: 2,1.
Espanha: 2,1.
Coreia do Sul: 2,6.
Hong Kong: 2,7.
Blgica: 3,0.
Canad: 3,1.
Itlia: 3,5.
Holanda: 3,6.
Frana: 4,2.
Reino Unido: 4,4.
Japo: 5,0.
China: 7,2.
Alemanha: 8,2.
Estados Unidos: 12,1.
Canad, Itlia, Holanda, Frana, Reino Unido, Japo, China, Alemanha, Estados Unidos:
51,2% do comrcio mundial.
Fim da descrio.
Fontes: OMC E LE MONDE DIPLOMATIQUE.
Investimentos em manufaturados.
No de hoje que vrios pases economicamente mais pobres se veem s voltas com um
problema crucial: os preos dos produtos primrios (que tradicionalmente exportam), alm de
ser inferiores em relao aos produtos industrializados, tendem a diminuir de cotao. Esse
fato ocorre em funo de trs causas: aumento da produo mundial, com o ingresso no
mercado de reas antes improdutivas; falta de aumento proporcional do consumo; descoberta
e produo de substitutos industrializados para certos produtos primrios.
Por esses motivos, diversos pases subdesenvolvidos procuram aumentar suas exportaes de
manufaturados, fato que tem alterado a estrutura do comrcio mundial, como voc pode
concluir ao observar os grficos abaixo.
| A Amrica do Norte, a Europa e a sia (includos China, Japo, Taiwan e a Coreia do Sul)
dominam o mercado global de manufaturados, produtos que trazem maiores lucros para os
pases que os exportam. A frica destaca-se pelo comrcio de riquezas do subsolo. A Amrica
Latina destaca-se pela produo agropecuria e a Federao Russa e o Oriente Mdio
destacam-se no comrcio de petrleo e gs natural. Fonte: OMC. ||
A partir da dcada de 1990, vrios pases subdesenvolvidos adotaram um modelo muito
parecido de insero de suas economias no mundo globalizado. Sem capital para investir e
afundados em dvidas externas cada vez maiores, esses pases no tinham como financiar o
desenvolvimento econmico. Assim, contaram com organismos internacionais que, de certa
forma, impuseram condies para todos, como:
- estabilizao da economia (reduo da inflao), com a adoo de polticas econmicas
rgidas e reduo dos gastos feitos pelos governos;
- privatizao de empresas estatais;
- abertura econmica.
Nesse contexto, houve retorno do investimento externo nesses pases. De forma direta, pela
compra de estatais - especialmente no setor de infraestrutura - por multinacionais e/ou
instalao de filiais. De forma indireta, por emprstimos e investimentos financeiros (compra
de ttulos dos governos, bolsa de valores, etc.).
Esse processo no se realizou em todos os pases pobres, mas apenas naqueles que j
contavam com uma base industrial expressiva e, ao mesmo tempo, tinham um mercado
consumidor potencial. Este era a garantia de retorno dos investimentos feitos pelas empresas
estrangeiras. Por essa razo, esses pases comearam a ser chamados de economias
emergentes, como Brasil, Chile, Mxico, Argentina e os Tigres Asiticos.
importante notar que esses pases passaram a ocupar um papel especfico na nova diviso
internacional de trabalho (DIT). Eles se articulam economia globalizada como fornecedores
de setores industriais mais tradicionais ou, ainda, de bens que possuem maior tecnologia
agregada, mas uma tecnologia importada, porque esse tipo de tecnologia ainda produzido
pelas empresas transnacionais em seus pases de origem.
De qualquer maneira, a DIT tende a se modificar nos prximos anos, sob influncia de fatores
como: abertura ao mercado internacional, com a eliminao de barreiras protecionistas;
distribuio internacional do trabalho especializado; capacidade de investimento em
infraestrutura; e avano das inovaes tecnolgicas, com a queda dos custos das
comunicaes.
Texto & contexto.
1. Quais so os trs principais polos comerciais do mundo? Quais so as zonas de influncia
regional mantidas por eles?
2. Explique a presena da China no comrcio mundial.
3. Por que os pases subdesenvolvidos passaram a investir em manufaturados?
4. Como pases emergentes conseguiram financiar seu desenvolvimento industrial?
5. Voc conhece pessoas que trabalham em empresas dos novos setores de manufaturados?
Como o trabalho nesses lugares? Se necessrio, faa uma pesquisa para descobrir.
Fim do texto & contexto.
330
Formao de mercados regionais.
Nas ltimas dcadas, uma tendncia mundial crescente a formao de organizaes
regionais de comrcio e cooperao econmica. Pases de quase todo o mundo se associam e
criam organismos supranacionais, que preveem normas comuns para regular a circulao de
bens, servios e capitais.
As associaes j existentes variam muito quanto aos seus objetivos. O Nafta (Acordo de
Livre-Comrcio da Amrica do Norte), por exemplo, estabelece uma zona de livre-comrcio,
pela reduo ou eliminao das tarifas alfandegrias entre Estados Unidos, Mxico e Canad.
O maior desafio completa integrao aduaneira est sobretudo no Mxico, pois as
economias estadunidense e canadense j estavam praticamente unidas desde o final do sculo
XIX. A dificuldade do Nafta reside na falta de estabilidade da economia mexicana, cujo
modelo de desenvolvimento - baseado na atrao de capital estrangeiro - tem-se mostrado
frgil em todo o mundo.
A rea de Livre-Comrcio das Amricas (Alca), organizao que tem gerado muita polmica
no Brasil e em outros pases americanos, est em negociao com a proposta de integrar todos
os pases do continente americano, exceto Cuba.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) possui uma proposta muito mais ampla, que envolve
vrios pases da Amrica do Sul, inclusive o Brasil. Essa organizao no se limita criao
de uma zona de livre-comrcio, tendo sido concebida como instrumento capaz de integrar
melhor os pases-membros.
| O Parlamento europeu faz parte da estrutura da UE; um de seus objetivos a criao de leis
comuns a todos os pases-membros. Na foto, membros do Parlamento europeu votam na
eleio de seu representante, em 2009. Fonte: CHRISTIAN LUTZ / ASSOCIATED PRESS. ||
Entre os objetivos do Mercosul, destacam-se: a reduo ou eliminao gradativa dos impostos
de importao entre os pases-membros; a criao da TEC - tarifa externa comum -, com a
uniformizao das tarifas alfandegrias para os produtos importados de fora do Mercosul; a
adoo de uma poltica comercial comum a todos os pases-membros; a harmonizao de leis
que contribuam, numa etapa posterior, para a livre circulao de pessoas e mo de obra, com,
por exemplo, o mtuo reconhecimento dos diplomas emitidos em cada pas. Fazem parte do
Mercosul Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela est em processo de adeso,
enquanto que Bolvia, Chile, Colmbia, Equador e Peru so membros associados, com
participao limitada no bloco.
A Unio Europeia uma das organizaes ainda mais sofisticadas. As chamadas "quatro
liberdades" - circulao de produtos, capitais, servios e pessoas - tm sido viabilizadas por
vrias medidas, como: uniformizao de tarifas alfandegrias para produtos importa- dos de
fora da UE (isso significa que os acordos comerciais so negociados em bloco e no em cada
um dos pases); adoo de polticas sociais comuns e at a criao de uma fora de defesa
europeia; adoo de uma moeda nica, o euro, desde janeiro de 2002 (exceto para Reino
Unido, Dinamarca e Sucia, alm de Bulgria, Repblica Tcheca, Estnia, Letnia, Litunia,
Hungria, Polnia, Romnia).
O Parlamento europeu, que faz parte da estrutura da UE, possui a incumbncia de criar leis
comuns a todos os pases-membros. Um grande desafio - que envolve interesses polticos,
econmicos e estratgicos - consiste na expanso da UE, que atualmente conta com os
seguintes membros: Alemanha, ustria, Blgica, Bulgria, Chipre, Dinamarca, Eslovquia,
Eslovnia, Espanha, Estnia, Finlndia, Frana, Grcia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itlia,
Letnia, Litunia, Luxemburgo, Malta, Polnia, Portugal, Reino Unido, Repblica Tcheca,
Romnia e Sucia.
O Japo, por sua vez, lidera toda a poro ocidental do oceano Pacfico, isto , aquela que
banha o Leste asitico. Associado Apec (Cooperao Econmica da sia e do Pacfico), ele
estabelece importantes relaes bilaterais com os participantes dessa organizao de
cooperao sia-Pacfico, sobretudo os Tigres, a Austrlia e a Nova Zelndia. Vale destacar
que os Estados Unidos tambm fazem parte dessa rea de livre-comrcio.
As tradicionais rivalidades do Japo na rea do Pacfico so antigas. No incio do sculo XX,
o Imprio Japons ocupava a Manchria, assim como Taiwan e Coreia. Hoje em dia, o Japo
procura desenvolver uma poltica de aproximao com essas reas.
331
A China, por sua vez, tem uma posio muito especial nessa rea geogrfica, pois sua
estrutura socialista de mercado lhe confere uma agressividade comercial considervel.
Pagando salrios muito baixos sua abundante mo de obra, consegue pequenos custos de
produo. Assim, pode colocar produtos - calados, txteis, brinquedos - muito baratos no
mercado internacional, com preos bem inferiores aos similares produzidos em outros pases.
Diante da forte presena chinesa no mercado mundial, diversos pases tm adotado polticas
protecionistas, com o intuito de favorecer os produtores nacionais ameaados pela
concorrncia. A prtica mais comum dos governos desses pases tem sido a cobrana de
sobretaxas de importao, com as quais os produtos chineses ficam mais caros e, em
consequncia, suscetveis de serem enfrentados pelos concorrentes nacionais.
As crescentes exportaes da China esto ligadas a um considervel dinamismo econmico,
possibilitando elevadas taxas anuais de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A China
tem sido, alis, o pas de maior crescimento econmico no mundo. Foi o nico pas que
manteve taxas de crescimento do PIB superiores a 10% nas duas ltimas dcadas: entre os
anos de 1980 e 1990, a mdia de crescimento foi de 10,1% e, entre 1990 e 1999, foi de 10,7%,
enquanto a mdia mundial, nesses dois perodos, foi de 3,2% e 2,5%, respectivamente. Para
tal crescimento, os investimentos estrangeiros atrados para reas de livre-comrcio criadas
pelo governo tm contribudo decisivamente. Essas reas esto localizadas no litoral leste e
sudeste e so chamadas de Zonas Econmicas Especiais (ZEE), como as que ficam junto aos
portos de Canto, Zhangzhou, Hong Kong e Macau, ex-possesso portuguesa que foi
integrada China em 20 de dezembro de 1999.
No mapa, observe a composio das organizaes econmicas citadas acima. Vale ressaltar
que os contedos sobre os blocos econmicos sero ampliados e aprofundados no terceiro
volume desta coleo.
A circulao de capitais.
No processo de integrao global, o investimento de capital fora das fronteiras nacionais tem
assumido cada vez mais destaque. Veja nas tabelas a seguir.
Fim da descrio.
Fontes: UNCTAD / ALMANAQUE ABRIL 2008. p. 99.
Como voc viu anteriormente, os principais fluxos realizam-se entre os pases mais
desenvolvidos e tambm em direo a alguns pases emergentes, que apresentam boas
perspectivas econmicas, como a China e o Brasil, por exemplo. O capital aplicado tanto no
mercado financeiro quanto no processo produtivo. No segundo caso, o capital exerce o papel
de principal incentivador do comrcio: graas a investimentos estrangeiros, vrios pases em
desenvolvimento podem aumentar e melhorar sua participao nas trocas comerciais
mundiais.
A sia (entenda-se, China e Leste asitico) e a Amrica Latina recebem, principalmente,
investimentos externos de empresas privadas. A frica subsaariana e o Oriente Mdio, ao
contrrio, recebem investimentos principalmente de organismos oficiais; o capital de
empresas privadas tem evitado essas regies, consideradas de risco.
A mobilidade de capitais constitui uma grande preocupao para os governos e depende de
acordos feitos a partir de relaes diplomticas e especializadas nas diversas reas do
mercado. Salrios e lucros so discutidos como elementos bsicos, alm de taxas e uso ou no
de polticas protecionistas.
O endividamento externo.
O aumento das trocas comerciais e dos fluxos financeiros tem afetado o nvel de
endividamento externo de muitos pases. O endividamento dos mais pobres um grande
problema, pois costuma acarretar comprometimento nos padres de vida da populao e nas
condies do desenvolvimento interno.
De sua parte, interessa aos pases ricos aplicar capitais e instalar indstrias de bens de
consumo em pases com mo de obra numerosa, salrios baixos e estabilidade poltica, alm
de recursos de infraestrutura, como produo energtica, transportes e comunicaes. Ao
mesmo tempo, nos pases ricos que mais avanam a automao e a robotizao industrial,
do que resulta a permanente ameaa do desemprego. Alis, este um dos grandes impasses na
globalizao da economia.
Texto & contexto.
1. As mudanas polticas ocorridas aps 1990 fortaleceram o processo de globalizao
econmica. Explique como isso aconteceu.
2. Em sua opinio, a globalizao aumenta as desigualdades sociais? Justifique sua resposta.
3. Por que as empresas privadas evitam investimentos externos na frica subsaariana?
4. Que problemas a dvida externa pode acarretar a um pas pobre? Em sua opinio, de que
modo esses problemas podem ser solucionados?
Fim do texto & contexto.
334
Nos pases desenvolvidos, os impactos da dvida so, geralmente, atenuados pela dimenso de
suas economias. Os Estados Unidos, por exemplo, possuem a maior dvida externa do mundo,
mas so tambm os maiores credores, alm de responder por cerca de 24% do PIB mundial
(de acordo com dados de 2009 do Banco Mundial).
J os pases pobres no dispem da mesma capacidade que os ricos tm de se organizar
perante seus credores. Assim, os juros sobem e asfixiam seus propsitos de crescimento. Seus
dirigentes polticos tm a misso espinhosa de fazer acordos, garantindo a rolagem da dvida,
ou seja, a dilatao dos prazos de pagamento, com a quitao apenas dos juros ou sua
incorporao ao dbito principal. A formao de blocos econmicos e de rodadas de
negociaes so algumas das medidas encontradas por esses pases para enfrentar o problema.
Desde o perodo posterior Segunda Guerra Mundial, a expanso das multinacionais e a
criao de organismos internacionais de financiamento, como o Banco Internacional de
Reconstruo e Desenvolvimento (Bird), mais conhecido como Banco Mundial, e o Fundo
Monetrio Internacional (FMI), elevaram a mobilidade do capital para alm das fronteiras
nacionais. As grandes corporaes fazem investimentos diretos, o que contribuiu para a
prpria alterao da DIT. Outro fator que contribuiu para o desenvolvimento e a expanso do
setor financeiro mundial foi o grande volume de emprstimos de bancos privados dos pases
desenvolvidos para empresas particulares e governos.
Os emprstimos internacionais cresceram muito nas ltimas dcadas, no s para financiar
importaes necessrias para suprir o mercado interno ou modernizar a estrutura produtiva
(tecnologia, mquinas, equipamentos), mas tambm para cobrir deficits da balana comercial.
Em ambos os casos, existe uma relao direta entre o aumento do volume das trocas
comerciais e o endividamento externo. Quase todos os pases, independentemente do nvel de
desenvolvimento, tm dvidas externas. Os maiores devedores mundiais so justamente as
maiores potncias econmicas, como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Frana (de
acordo com dados de 2009 do Banco Mundial).
tambm se destaca a bacia do Mississipi. Na Europa atual, merecem destaque os rios Danbio
e Volga, localizados do centro para o leste do continente. importante considerar um sistema
de canais que interliga as bacias do Reno ao Danbio e do Don ao Volga. Assim, pode-se
percorrer todo o territrio europeu por via fluvial, tanto para o transporte de cargas quanto
para o de pessoas. As indstrias leves podem mais facilmente recorrer ao transporte
rodovirio e at mesmo ao areo, dependendo do nus nos custos da produo. O transporte
no pode encarecer o preo de modo que o produto perca a competitividade no mercado.
Muitos pases, mas sobretudo os subdesenvolvidos, tm dificuldades em obter os
investimentos necessrios aos projetos de infraestrutura, como os transportes e as
comunicaes. Esses investimentos - para construir e fazer a manuteno de estradas, por
exemplo - geralmente so realizados por meio de rgos governamentais, sempre ameaados
pelo deficit pblico, ou seja, a diferena entre o que o Estado arrecada em tributos e as
despesas que assume com investimentos e custeio dos servios que presta populao. Da a
tendncia a fazer parcerias com a iniciativa privada ou a total transferncia de empresas
estatais para a responsabilidade do capital privado - nacional ou estrangeiro.
Boxe complementar.
GEO mais.
Clique e compre: o comrcio virtual.
O comrcio eletrnico, e-commerce ou ainda, comrcio virtual, um tipo de transao
comercial feita especialmente atravs de um equipamento eletrnico, como um computador
ou celular.
O ato de vender ou comprar pela internet , em si, um bom exemplo de comrcio virtual, cada
vez mais comum em escala global. Atravs dele, os mercados atuais realmente eliminam
fronteiras.
No grfico abaixo, observe o crescimento das vendas do comrcio eletrnico no Brasil. Na
tabela, observe os produtos mais vendidos, em 2007.
Eletrnicos : 9.
Eletrodomsticos : 6.
Fontes: E-Bit; www.e-commerce.org.br/stats.php (acesso em: set. 2009).
Fim do complemento.
336
maior de uma poltica de compras ticas enorme. " muito importante que as autoridades
pblicas deem um bom exemplo em promover a reduo da pobreza e o desenvolvimento
sustentvel", disse Anja Osterhaus, coordenadora do Escritrio de Defesa do Comrcio Justo
em Bruxelas.
Osterhaus afirmou que a presena de produtos procedentes do comrcio justo nas escolas
pode gerar um efeito multiplicador. "O fato de as crianas consumirem produtos
comercializados de maneira justa nas escolas de Roma as leva a passar a mensagem aos pais",
acrescentou. Algumas autoridades pblicas, porm, so reticentes em favorecer o comrcio
justo, pois temem que isso provoque a ira da Comisso Europeia, brao executivo da Unio
Europeia, que costuma rejeitar regulamentaes que incluam restries ao intercmbio
internacional.
Federica Leonarduzzi, da organizao espanhola Ideas, disse que entre as autoridades de seu
pas h "dvidas sobre a viabilidade legal" de incentivar a compra em grande volume de
mercadorias comercializadas de modo justo. "A preocupao que possam no respeitar a
poltica de competio europeia", afirmou. Mas uma diretriz da UE de 2004 sobre contratos
do setor pblico sugere que o meio ambiente e as questes sociais possam ser consideradas
em uma compra. Porm, ativistas pelo comrcio justo pedem Comisso Europeia que
emende essa determinao, para que seja dada preferncia a essa prtica. Eles se queixam de
que, trs anos aps a introduo dessa diretriz, a Comisso ainda no apresentou as pautas
prometidas sobre consideraes sociais nas compras pblicas.
Os ativistas tambm argumentaram que a UE deveria adotar uma regulamentao para
verificar se os produtos atendem aos critrios de comrcio justo, isto , que geram lucro e
salrio dignos para produtores e trabalhadores e que respeitam o meio ambiente.
Mas o Parlamento europeu recomendou evitar regulamentaes de carter obrigatrio.
Tambm busca regras de alcance nacional em alguns pases da Unio Europeia.
Adaptado de CRONIN, David. Desenvolvimento: o bom sabor do comrcio justo. In:
Envolverde, 25 abr. 2007. Disponvel em: www.envolverde.ig.com.br/materia.php?
cod=30888&edt. Acesso em: out. 2009.
1. De acordo com o texto, que critrios caracterizam o comrcio justo?
2. Qual o papel do comrcio justo nas escolas italianas?
3. Quais so os entraves que o parlamento da Unio Europeia apresenta prtica do comrcio
justo?
4. Que argumentos os ativistas usam para que o poder pblico adquira produtos
comercialmente justos?
5. Voc compraria produtos do comrcio justo, mesmo com preo acima dos convencionais?
337
Recomendamos.
Livros.
Brasil e China na globalizao.
Autor: Luiz Eduardo Simes de Souza.
LCTE, 2008.
O autor examina as trajetrias econmicas do Brasil e da China, especialmente entre os anos
de 1980 e 2006, levando em considerao as diferenas histricas, sociais e culturais entre os
dois pases.
Transportes.
Autores: Andr Milton Paolillo e Mirian Rejowski.
Aleph, 2002.
Essa obra apresenta um interessante estudo dos transportes sob a tica do turismo, destacando
as caractersticas, as vantagens e as desvantagens de cada modalidade de transporte. Alm
disso, os autores examinam as formas de integrao, os custos, a oferta de equipamentos e os
servios envolvidos no sistema de transportes brasileiro.
Unio Europeia - Histria e geopoltica.
Autor: Demtrio Magnoli.
Moderna, 2004.
Neste livro, o autor realiza uma anlise da identidade europeia, passando por diversos
perodos da histria e chegando at os nossos dias. Alm disso, examina os diversos projetos
de unio entre os pases do continente, sempre envolvidos em fortes razes nacionalistas.
Mercosul, quinze anos.
Organizador: Rubens A. Barbosa.
Imesp, 2007.
O organizador da obra, o ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens A. Barbosa,
apresenta uma anlise da trajetria do Mercosul, quinze anos aps sua criao.
Comrcio eletrnico.
Autores: David King e Efraim Turban.
Prentice Hall Brasil, 2004.
O livro apresenta as principais caractersticas do chamado comrcio eletrnico, assim como a
estratgia de negcios e a tecnologia envolvidas nesse tipo de comrcio
Sites.
Portal da Unio Europeia: http://europa.eu/index_pt.htm.
Site oficial da Unio Europeia (verso em portugus). Nele, voc pode encontrar informaes
gerais sobre a UE, sua histria, as principais caractersticas dos pases-membros, alm de
mapas, fotos, vdeos, documentos oficiais e toda a legislao referente ao bloco. Na janela
"Viver na UE", h textos sobre os direitos dos consumidores, sobre o trabalho e sobre as
possibilidades de estudo s pessoas que vivem nos pases pertencentes UE.
Portal brasileiro do Mercosul: www.mercosul.gov.br/.
Site oficial do Mercosul (verso em portugus), administrada pelo Departamento do Mercosul
(DMSUL) do Ministrio das Relaes Exteriores. Nele, possvel encontrar textos sobre a
histria da formao do Mercosul, os dados econmicos e polticos dos pases-membros e
associados, assim como os tratados e protocolos que deram origem ao bloco. A janela
"Perguntas frequentes" apresenta uma srie de pequenos textos sobre o funcionamento do
bloco.
(Acessos em: set. 2009.).
Filme.
Wall Street - Poder e cobia. Direo: Oliver Stone. Estados.
Unidos, 1987. 136 min.
O filme conta a histria de um jovem corretor do mercado de aes que vive na cidade de
Nova York (Estados Unidos) e se envolve com um milionrio investidor. Os segredos da bolsa
de valores e os bastidores do mercado financeiro estadunidense da dcada de 1980 servem
como pano de fundo da trama.
| Cena do filme Wall Street - Poder e cobia, produzido em 1987. Fonte: PHOTO 12 /
AGENCE FRANCE-PRESSE. ||
338
Espao atividade.
Observao.
Ateno! Embora em algumas questes de vestibular e/ou Enem aparea: "Assinale",
"Indique", etc., no escreva no livro.
Todas as respostas devem ser dadas no caderno. Cuide bem deste livro.
Fim da observao.
1. Observe a tabela abaixo. Note que os dados referem-se a quatro pases industrializados. Em
seguida, faa o que se pede:
Ele destacou que o euro poder se tornar cada vez mais aceitvel, dado o desempenho recente
do BCE (Banco Central Europeu). "A influncia do euro vai depender em parte da
competitividade dos pases da Unio Europeia nos prximos anos e da profundidade e da
liquidez de seus mercados financeiros [...] A capacidade do euro oferece uma alternativa
respeitvel caso o dlar enfraquea", afirmou.
Alm disso, ele destacou o empenho da China em internacionalizar o yuan. "A China est
facilitando para seus parceiros comerciais a realizao de negcios com o yuan [...]
Deveremos ver essa mudana nos investimentos globais tambm: pela primeira vez neste ms,
a China emitiu ttulos soberanos em yuan para investidores estrangeiros.".
[...].
Dlar pode perder lugar de principal moeda de reserva, diz Banco Mundial. In: Folha Online,
28 set. 2009. Disponvel em: www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u630291.shtml.
Acesso em: set. 2009.
O pequeno trecho que voc acabou de ler apresenta algumas caractersticas da economia
mundial na atualidade. Com o apoio do texto, responda s questes a seguir:
a) O que vem acontecendo com o euro? Por qu?
b) Ao comparar o euro ao dlar, a que alternativas o autor chega? Explique.
c) Que aes econmicas a China vem tomando na atualidade?
d) Como voc explicaria o ttulo da reportagem?
3. (Fatec - SP). Especialistas indicam que, no sculo XXI, existe a tendncia de crescimento
do comrcio e circulao de mercadorias entre:
a) os pases da Amrica Latina, grandes exportadores de produtos minerais e agropecurios, e
os pases da sia, que se tornaram grandes consumidores de matrias-primas industriais e
alimentos.
b) a Unio Europeia e os pases da frica subsaariana, como resultado da ajuda dos pases
europeus para reduo da fome e misria no continente africano, o que resultou no
crescimento da economia.
c) as ilhas Estadas da Oceania, que se tornaram parasos fiscais a partir da dcada de 1990 e
os Estados Unidos, cujas empresas tm buscado novas reas de investimentos com mo de
obra barata e baixos impostos.
d) os pases andinos e da Amrica central, como efeito secundrio da participao dos pases
destas regies na Associao de Livre Comrcio das Amricas (Alca), liderada pelo Brasil e
pelos Estados Unidos.
e) os pases desenvolvidos, em razo das polticas protecionistas praticadas pelos pases
subdesenvolvidos, que as utilizam para incentivar as indstrias e a produo agrcola
nacionais.
4. (Unicamp- SP). Octavio Ianni, em seu livro A sociedade global, assim se refere a certos
tipos de organizaes internacionais: "Essas organizaes e agncias internacionais dedicadas
a sanear, orientar e dinamizar as economias nacionais e a economia internacional nascem da
crescente convico de que os sistemas econmicos nacionais e internacionais no so
autorregulveis".
a) D dois exemplos dessas organizaes.
b) Explique como elas interferem nas polticas econmicas e sociais no Brasil e em outros
pases em desenvolvimento.
339
A Era da informao.
Segue descrio da tabela com 4 colunas.
Pas : Jornais impressos dirios (a cada 1000 pessoas, em 2000) : Usurios de internet (a cada
1000 pessoas, em 2005) : Investimento em informao e tecnologia de comunicao (per
capita, em dlares, em 2005).
Brasil : 46 : 195 : 333.
Alemanha : 291 : 455 : 2059.
Japo : 566 : 668 : 2678.
Nigria : 25 : 38 : 27.
China : 59 : 85 : 90.
frica do Sul : 25 : 109 : 504.
Filipinas : - : 54 83.
Fim da descrio.
Fonte: 2007 WORLD DEVELOPMENT INDICATORS. THE INFORMATION AGE.
BANCO MUNDIAL.
- O endividamento externo gera muitas discusses. Na maioria das vezes, o debate fica
centrado em torno de dois pontos de vista: de um lado, aqueles que defendem que a dvida
contrada deve ser paga, conforme o compromisso firmado junto aos organismos
internacionais; de outro, h os que defendem que a dvida no deve continuar sendo paga da
maneira como vem sendo feita. Que argumentos podem ser utilizados para a defesa dessas
duas vises?
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
*. Veja o significado das palavras em destaque no Glossrio.
FIM DA NOTA.
340
SIGLAS.
Cefet: Centro Federal de Educao Tecnolgica.
Enem: Exame Nacional do Ensino Mdio - Ministrio da Educao.
Fatec - SP: Faculdade de Tecnologia de So Paulo.
FGV- SP: Fundao Getlio Vargas (So Paulo).
FMTM- MG: Faculdade de Medicina do Tringulo Mineiro (Minas Gerais).
Furg- RS: Fundao Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Rio Grande do Sul).
Fuvest - SP: Fundao Universitria para o Vestibular (So Paulo).
GLOSSRIO.
A.
Assoreamento: acmulo de sedimentos no leito dos rios causado pela eroso das encostas, o
que pode provocar enchentes.
Aerossis: so partculas em suspenso na atmosfera, tais como poeira ou plen. A maior
parte dos aerossis tem origem natural, produzidos principalmente pela ao do vento sobre a
superfcie do mar e de reas de solo descoberto, por vulces e pela queima natural da
vegetao.
sia monnica: corresponde a toda poro asitica que sofre influncia do chamado vento de
mones - no sul e sudeste do continente. Como os ventos se dirigem das reas de alta presso
(baixa temperatura) para as reas de baixa presso (alta temperatura), no vero eles tm
direo mar-continente e so responsveis por intensas chuvas. No inverno, a direo
continente-mar, e as taxas de umidade so pequenas.
C.
Capitalismo: sistema socioeconmico cujas atividades esto voltadas para a venda dos
produtos, com o objetivo de obter lucro, que, por sua vez, deve ser reaplicado na produo.
Baseia-se na influncia ou predomnio do capital, isto , todo bem passvel de ser aplicado na
produo ou que capaz de gerar renda a ser usada para obter nova produo.
Tradicionalmente, caracterizado pela existncia de dois grandes segmentos u classes sociais:
os donos do capital, como equipamentos e mquinas (meios de produo), e aqueles que s
dispem de sua fora de trabalho para sobreviver.
Cincia moderna: nos sculos XVI e XVII, por meio de vrios estudos realizados nas reas da
astronomia, medicina, matemtica e fsica, construiu-se a concepo de que o verdadeiro
conhecimento realizado pela observao, pela experimentao e pela demonstrao de um
objeto de estudo, com o emprego de um mtodo adequado a tais finalidades. O homem, o
sujeito que conhece, aplica um determinado mtodo sobre o objeto a ser conhecido. Rompiase, assim, com a ideia anterior de conhecimento, o qual derivava sobretudo da especulao
filosfica. Entre os principais expoentes da poca, cabe destacar Nicolau Coprnico, Galileu
Galilei, Roger Bacon e Ren Descartes.
Comunidade dos Estados Independentes (CEI): constituda em 1991, logo aps a
desintegrao da Unio Sovitica, formada pelos seguintes pases: Federao Russa,
Ucrnia, Belarus, Moldvia, Azerbaijo, Armnia, Casaquisto, Quirguzia, Tajiquisto,
Usbequisto e Turcomenisto.
Conveno - Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima (CQMC): adotada em 1992
e assinada na Eco-92, no Rio de Janeiro, por mais de 150 pases e pela Comunidade Europeia.
Tem como objetivo estabilizar a concentrao de gases de efeito estufa na atmosfera, e assim
impedir a perigosa interferncia antropognica no sistema climtico. Entrou em vigor em
1994.
Corredores ecolgicos: tambm chamados de "corredores de biodiversidade", correspondem a
uma rede de reas protegidas entremeada por reas com ocupao humana. Nos corredores, o
manejo realizado para garantir a sobrevivncia de todas as espcies (fauna e flora), a
manuteno dos processos evolutivos e, quando possvel, o desenvolvimento de uma
economia baseada no uso sustentvel dos recursos naturais.
342
Na mata Atlntica, por exemplo, os corredores de biodiversidade objetivam conectar os
fragmentos de florestas.
Cuestas: tipo de relevo assimtrico, semelhante s chapadas, formado pela intercalao de
camadas rochosas com diferentes resistncias ao desgaste erosivo. As cuestas apresentam
encostas mais inclinadas na parte frontal, que corresponde s rochas menos resistentes, e
encostas suaves na parte posterior, que corresponde s rochas mais resistentes eroso. Esse
o tipo de relevo que mais ocorre nas bacias sedimentares.
D.
Delta: foz de um rio em forma de leque que se caracteriza pela presena de canais, braos de
gua e ilhas. Essa formao comum nos rios de plancie devido pequena declividade e
menor capacidade de descarga de gua, que causam acumulao de sedimentos, fazendo o rio
escoar entre os aluvies (depsitos de detritos).
Divisas: ttulos de crdito - letras, ordens de pagamento, cambiais, etc. - e cheques expressos
em moeda estrangeira e pagveis no exterior.
Dossel: a parte superior das rvores das florestas tropicais. O dossel recebe luz solar, chuva,
produz folhas e flores em grande quantidade; todos esses elementos so utilizados por muitos
animais e protegem a floresta como um todo.
E.
Escrita cuneiforme: sistema de escrita constitudo de sinais gravados com auxlio de objetos
em forma de cunha (pea de metal ou de madeira que tem um dos lados em forma de prisma
agudo), em geral sobre tabuletas de argila mida, posteriormente cozidas em fornos, e
tambm sobre metais, pedras e outros materiais. uma das mais antigas escritas conhecidas,
tendo sido criada pelos sumrios, na Mesopotmia, por volta de 3500 a.C. Foi usada
principalmente na contabilidade e administrao, como registro de bens, marcas de
propriedade, clculos e transaes comerciais.
Etnocentrismo: viso de mundo de quem considera as categorias, normas e valores da sua
sociedade, etnia ou cultura como parmetro de avaliao das demais, muitas vezes
sobrevalorizando o prprio grupo social em detrimento de outros.
H.
Hegemonia: supremacia, domnio exercido por uma nao, cidade ou um grupo social sobre
outra nao, cidade ou outro grupo social.
I.
Idade Mdia: perodo da Histria que se situa entre a Antiguidade e a Idade Moderna, ou seja,
o intervalo que compreende os sculos V a XV.
J.
Jurista: pessoa especializada em leis e que, por profisso, se dedica a emitir pareceres sobre
questes de direito.
L.
Laterita: laterizao um processo que ocorre nos solos das regies tropicais, caracterizado
pela hidratao e oxidao de elementos minerais, atravs do qual ocorre uma concentrao
de alumnio e, principalmente, de ferro.
343
A etapa final desse processo a formao de uma verdadeira rocha, chamada laterito ou
laterita, conhecida como canga no Brasil.
Latifndio: grande propriedade rural, parcialmente no aproveitada ou cultivada de maneira
inadequada e com baixo investimento de capital. O latifndio j existia na Roma antiga e foi
predominante na Europa medieval. Persiste at hoje em quase todo o mundo, principalmente
nos pases subdesenvolvidos. No Brasil, estudiosos consideram que o latifndio uma
herana das sesmarias distribudas pela Coroa portuguesa no perodo colonial.
M.
Manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservao da diversidade
biolgica e dos ecossistemas, de modo que seu uso possa ser constante, sem reduo num
futuro indefinido.
Megalpole: rea intensamente urbanizada que, em uma pequena extenso, rene vrias
metrpoles e inmeras outras cidades.
Mercado: reduto ou instncia da sociedade em que se processam oferta e procura (ou
demanda) de bens e servios, inclusive capitais e mo de obra. Pode ser local, regional,
nacional ou internacional e, ao mesmo tempo, dividido em setores: mercado de capitais, de
trabalho, de produtos hortifrutigrangeiros, etc.
Monetarizar: instituir a moeda ou dinheiro - meio de transferncia de riquezas - como padro
de referncia para as atividades e transaes econmicas, particularmente salrios e preos.
Monocultura: cultivo de um s produto.
O.
Ondas ssmicas: refere-se s ondas que se propagam atravs da Terra (ou de qualquer corpo),
como consequncia de um processo que fornea energia ao meio, como sismo ou exploso.
As ondas ssmicas so estudadas pelos sismlogos. De modo geral, h dois tipo de ondas
ssmicas: as ondas de corpo (que se propagam atravs do interior da Terra) e as ondas
superficiais (que se propagam superfcie da Terra e viajam de forma mais lenta que as ondas
de corpo).
Opep (Organizao dos Pases Exportadores de Petrleo): cartel que rene alguns dos pases
que possuem as maiores reservas de petrleo do mundo - Angola, Arbia Saudita, Arglia,
Catar, Emirados rabes Unidos, Equador, Ir, Iraque, Kuwait, Lbia, Nigria e Venezuela
(dados de 2009 disponveis em: www.opec.org/abou-tus/. Acesso em: out. 2009).
Orognicos: relativos orognese, processo de formao das cadeias de montanhas, que
aconteceu por dobramentos e fraturas de grandes pacotes de rochas sedimentares.
P.
Pastejo: ato de comer a vegetao rasteira, no ceifada, de um terreno, praticado pelo gado. O
pastejo excessivo, sem sobras de material em quantidade suficiente para reposio de
nutrientes do solo, associado ao pisoteio, contribuem para a compactao do solo das reas de
pastagem e a perda da diversidade de espcies do ecossistema.
Perfil de um solo: chama-se perfil de um solo a seo vertical que, partindo da superfcie,
aprofunda-se at onde chega a ao do intemperismo, mostrando, na maioria das vezes, uma
srie de camadas dispostas horizontalmente (horizontes).
344
Populao economicamente ativa: populao que engloba todos os indivduos que exercem ou
podem exercer atividades remuneradas.
Pragmtico: aquilo que pode ter um efeito prtico qualquer. O pragmatismo, doutrina
filosfica do final do sculo XIX e incio do sculo XX, caracterizava-se por enfatizar a
necessidade de aplicar as ideias com um propsito, por encarar a verdade do ponto de vista da
utilidade e por considerar o pensamento como um guia para a ao.
Prerrogativa: concesso ou vantagem com que se distingue uma pessoa ou uma corporao.
Pode ser usada como privilgio ou regalia. Trata-se de um privilgio ou faculdade de um ser
ou seres de um determinado grupo ou espcie. No caso, considera-se o privilgio do uso da
fora atributo do Estado na Idade Mdia.
Produtos hbridos: produtos resultantes do cruzamento de espcies vegetais diferentes.
Proporcionalidade: caracterstica do que proporcional; relao de correspondncia entre
variveis.
Prospeco: conjunto de tcnicas empregadas para pesquisar, localizar e estudar
preliminarmente recursos minerais.
Prtese: substituto artificial de um elemento natural.
R.
Rarefeito: pouco denso, que se rarefaz. Relaciona-se ao ar rarefeito nas grandes altitudes.
Recursos naturais: elementos da natureza aproveitados pelas sociedades. Eles podem ser de
dois tipos: renovveis e no renovveis. Os recursos naturais no renovveis so aqueles que
se esgotam depois de aproveitados pelo homem, como o carvo, o petrleo, o ferro e os
demais minerais. Os recursos naturais renovveis so aqueles que se multiplicam por si ou
que no se esgotam facilmente, como a gua, o ar e o solo, chamados de recursos bsicos por
causa de sua importncia.
Reino Unido: formado pela Gr-Bretanha e pela Irlanda do Norte. A Gr-Bretanha, por sua
vez, constituda por Inglaterra, Esccia e Pas de Gales.
Revoluo Neoltica: ocorrida por volta de 12 mil a 10 mil anos atrs, a chamada Revoluo
Neoltica corresponde ao perodo em que o homem comeou a cultivar a terra e a domesticar
os animais, ao mesmo tempo em que passou a utilizar instrumentos de pedra polida. O
Perodo Neoltico faz parte da chamada Pr-Histria. posterior ao Perodo Paleoltico (ou
Idade da Pedra Lascada) e anterior Idade dos Metais.
Rotao de culturas: tcnica que consiste em cultivar um produto durante um perodo de um
ano ou durante uma determinada estao e, ao fim de sua colheita, substitu-lo por outro.
Assim, o contnuo uso da terra permite equilibrar o desgaste provocado por um cultivo com a
utilizao de outro. Podemos citar, por exemplo, a alternncia da produo de um cereal
(milho ou trigo) com uma leguminosa (feijo). Cada um deles tira diferentes nutrientes do
solo. Portanto, continuando a produzir, o solo se recompe. A rotao de culturas uma forma
intensiva de ocupao do solo. Essa tcnica possibilita que a mecanizao v se instalando
para aumentar a produtividade.
Rotao trienal: sistema agrcola que consiste em dividir a terra em trs lotes, usando-os,
alternada e sucessivamente, com culturas diferentes, como trigo, centeio e pousio,
completando-se um rodzio a cada trs anos. O pousio o perodo de descanso de um dos
lotes ou parcelas, enquanto os outros dois continuam a produzir. O objetivo desse sistema
poupar o solo do esgotamento, sobretudo das culturas que exaurem muito a terra.
345
S.
Solos cidos: a acidez e a alcalinidade dos solos medida por seu pH (potencial de
hidrognio), numa escala que vai de 0 a 14. O pH da gua pura igual a 7, sendo tambm o
pH ideal para os solos (nem cido, nem alcalino). A acidez se expressa pelo nmero de ons de
hidrognio que um solo contm. Os solos cidos tm o pH baixo (abaixo de 7) e os solos
alcalinos ou bsicos tm o pH alto (acima de 7). Tanto a acidez do solo como a alcalinidade
so problemas para o uso agrcola e necessitam de correo.
T.
Terraceamento: cultivo em degraus que impedem o processo erosivo nas encostas das
montanhas.
Thomas Hobbes: filsofo ingls (1588 - 1679) responsvel pela elaborao de vrios
fundamentos do poder poltico. Foi o primeiro a explicar o surgimento da socidade civil a
partir do que posteriormente seria chamado de modelo jusnaturalista: o homem primeiro
viveu isolado no chamado estado de natureza, conflituoso e que leva guerra, e, depois, por
meio de um "contrato", submeteu-se a viver no estado civil para a sua prpria segurana.
Assim, a vida em sociedade seria a garantia da prpria vida.
U.
Unidades de conservao: so espaos territoriais definidos que tm importantes recursos
ambientais, legalmente institudos pelo Poder Pblico, com objetivos de conservao e
proteo garantidos por lei. As unidades de conservao integrantes do Sistema Nacional de
Unidades de Conservao (SNUC), rgo que rene as unidades de conservao dos nveis
NDICE REMISSIVO.
A.
Agricultura, pp. 266 -97 .
alteraes climticas e agropecuria, pp. 290-1, ver tb. mudana climtica agronegcio, pp.
262, 281 -4 .
- crticas ao agronegcio, p. 283.
- agronegcio sustentvel, p. 284.
biotecnogia, pp. 186, 266, 285 -6, 311, 329.
- nanotecnologia, p. 283.
- organismos geneticamente modificados (OGM), pp. 285 -7 .
modernizao no campo, p. 269.
natureza e espao agrrio, pp. 272 -4 .
orgnica, pp. 288 -9 .
Revoluo Verde, p. 257.
sistemas de criao e cultivo, p. 275.
Agrotxicos e fertilizantes, p. 256.
gua, pp. 217 -27 .
gua no planeta (distribuio), p. 217 fig.
aqufero Guarani, p. 219.
longitude, p. 55.
Corredores ecolgicos, p. 193.
Correntes ocenicas, p. 166.
Crditos de carbono (comrcio), p. 231.
D.
Deltas, pp. 118, 123.
Desenvolvimento sustentvel, pp. 90, 103, 206, 336.
Desertificao, pp. 126, 212 -5 .
desertificao no mundo, p. 212 fig.
desertificao no Brasil, p. 213 fig.
Dust Bowl, p. 214.
Desmatamento, pp. 192 -7 .
processos e causas, pp. 195 -6 .
impactos, pp. 196 -7 .
mudanas globais na vegetao, pp. 198 -9 .
combate ao desmatamento, pp. 200 -1 .
manejo, p. 201.
Diviso do trabalho, pp. 11, 14, 23, 30.
nova diviso internacional do trabalho, p. 315.
Dobras, p. 105.
E.
Efeito estufa, pp. 101, 198, 230.
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El Nio, p. 167.
Eras, perodos e pocas geolgicas, p. 80.
Hotspots, p. 262.
I.
Ilhas de calor, pp. 251, 252 fig.
Impactos ambientais no campo, p. 255.
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Indstria, pp. 300 -21 .
desconcentrao industrial, p. 314.
formas de organizao do trabalho, p. 303.
- taylorismo, p. 303.
- fordismo, p. 304.
- toyotismo, p. 304.
- just-in-time, p. 305.
- kanban, p. 305.
Indstria no mundo, p. 306.
polos tecnolgicos, p. 312.
tecnologia de ponta, p. 311 fig.
tipos de indstria, pp. 302 -3 .
Intemperismo, pp. 115 -8, 121 -4, 128, 188.
Inverso trmica, pp. 250 -1 .
L.
La Nia, p. 167.
Laterita, pp. 125, 186.
Lixo, pp. 138 fig., 139, 216, 221, 226 -7, 247, 252 -4 .
aterros, pp. 252 -3 .
destino dos resduos slidos urbanos, p. 253 fig.
S.
Solo, pp. 121 -7 .
classificao, pp. 124 -5 .
degradao mundial dos solos, p. 127 fig.
horizontes do solo, p. 122 fig.
processo de formao dos solos, p. 121 fig.
uso e degradao do solo, p. 126.
Sustentabilidade, pp. 74, 103, 284, 288.
T.
Terraceamento, p. 255.
Terremoto, pp. 110 -1 .
escala Mercalli, p. 111.
escala Richter, p. 111.
principais terremotos dos sculos XX e XXI, p. 110 fig.
U.
Unidades de conservao, pp. 52, 204.
Usinas nucleares, p. 216.
Usos da terra e mudanas climticas, p. 196 fig.
Usos medicinais de plantas, p. 197.
V.
Vulcanismo, pp. 107 -9 .
partes de um vulco, p. 108 fig.
Z.
Zonas da Terra, p. 56.
350
QUESTES DE ENEM E DE
VESTIBULARES.
Na seo Espao atividade (em cada captulo) h questes de Enem e/ou de vestibulares.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.
1. Sobre o ensino de Geografia.
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CARLOS, Ana Fani Alessandri (Org.). Parmetros Curriculares e Geografia. So Paulo:
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CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org.). Geografia em sala de aula - Prticas e
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CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e prticas de ensino. Goinia: Alternativa, 2002.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construo de conhecimentos. So Paulo:
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COLL, Csar; TEBEROSKY, Ana. Aprendendo Histria e Geografia. So Paulo: tica, 2000.
PASSINI, Elza Yasuko et al. Prtica de ensino de Geografia e estgio supervisionado. So
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PONTUSCHKA, Nidia N.; OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. (Orgs.). Geografia em
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PONTUSCHKA, Nidia N.; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Nria Hanglei. Para
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VESENTINI, Jos William (Org.). O ensino de Geografia no sculo XXI. Campinas: Papirus,
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351
2. Sobre cartografia.
ZABALA, Antoni. A prtica educativa - Como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
4. Apoio terico geral.
AB'SABER, Aziz. Os domnios da natureza no Brasil - Potencialidades paisagsticas. Cotia:
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ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia, cincia da sociedade - Uma introduo anlise
do pensamento geogrfico. So Paulo: Editora da UFPE, 2008.
MORAES, Antonio Carlos Robert de. A gnese da Geografia moderna. So Paulo: Hucitec,
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MOREIRA, Ruy. Para onde vai o pensamento geogrfico? - Por uma epistemologia crtica.
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MOREIRA, Ruy. Pensar e ser em Geografia. So Paulo: Contexto, 2007.
SANTOS, Milton. A natureza do espao - Tcnica e tempo, razo e emoo. So Paulo:
Edusp, 2008.
352
5. Sobre os temas do volume.
AMIN, Samir; VERGOPOULOS, Kostas. A questo agrria e o capitalismo. Rio de Janeiro:
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FOUCAULT, Michel. Un dialogo sobre el poder. Madrid: Alianza Materiales, 2001.
GEORGE, Pierre. Geografia agrcola do mundo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Almanaque Brasil Socioambiental. So Paulo: Instituto
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LEPSCH, Igo F. Solos: formao e conservao. So Paulo: Melhoramentos, 1993.
INFORMAES DA CONTRACAPA.
HINO NACIONAL.
Letra: Joaquim Osrio Duque Estrada.
Msica: Francisco Manuel da Silva.
Ouviram do Ipiranga as margens plcidas
De um povo herico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios flgidos,
Brilhou no cu da Ptria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com brao forte,
Em teu seio, Liberdade,
Desafia o nosso peito a prpria morte!
Ptria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vvido
De amor e de esperana terra desce,
Se em teu formoso cu, risonho e lmpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela prpria natureza,
s belo, s forte, impvido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
s tu, Brasil,
Ptria amada!
Dos filhos deste solo s me gentil,
Ptria amada,
Brasil!