Resumo - O Que É Geografia
Resumo - O Que É Geografia
Resumo - O Que É Geografia
2018
UNEAL - Universidade Estadual de Alagoas – Campos V
2018
O que é geografia / Ruy Moreira.
São Paulo: Brasiliense, 2007.
INTRODUÇÃO
A curiosidade do homem em compreender o meio no qual vive é antiga, seja
incentivada por fins de sobrevivência, econômicos ou políticos ou até mesmo por curiosidade.
Ao longo do texto poderemos observar: a relação entre o homem e o meio, como produziram
os estudos geográficos e como nasceu entre os alemães Kant, Humboldt, Ritter e Ratzel.
Aos finais das décadas do século XIX o capitalismo fluiu à sua fase elevada, o
imperialismo. O início do imperialismo transpassou no plano da política internacional, com
grande luta entre as potências imperialistas pela separação dos continentes em áreas de
importância. De tal modo que o capitalismo levará intensas transformações na geografia no
esboço da realidade e no do saber, uma amostra disso foi a Conferência Internacional de
Geografia de 1876. A Conferência, teve o propósito desenhado pelo rei Leopoldo II o de abrir
a civilização no continente africano o único pedaço do globo em que ela não havia ainda
entrado.
A história da geografia como a história de pensamento em geral, está contida na
história de como os homens fazem a sua história. Inverso à imagem que consta, a geografia
não é um conhecimento inútil, como adverte Yves Lacoste, a geografia serve antes de mais
para fazer a guerra. A geografia cientifica, surgiu no período de 150 anos e mesmo sendo cria
do século XIX cresce a partir de 1750, junto dela vem o surgimento da filosofia, da história e
do teatro. A geografia nasce presa às lutas democráticas que se desenrolam nas cidades gregas
e aos interesses dos mercadores que impõe aos gregos uma talassocrasia e que irá se ampliar
para servir o Estado, criada como descrição e mapas, e assim transferir para a história como a
geografia. Por volta de 1754 a geografia começa seu caminho para os níveis científicos. Surge
a geografia político-estatística que dá continuidade ao que a geografia desde os tempos de
Estrabão, e a geografia pura que põe o acento da questão dos limites naturais de um território,
e que irá apontar no século XIX com Ratzel. Essas duas geografias localizam-se no ponto
atrás da geografia político-estatística privilegia o conjunto de problemas da unidade interna da
Alemanha, ampliando a geografia pura para a direção do que Ratzel denominará “espaço
vital”. É em solo alemão que a geografia ganha a se aspecto moderno, o da ciência, deixando
de ser uma ciência alemã na virada do século XIX, quando encontrou suas bases
epistemológicas, teóricas e metodológicas. Geografia e história brotam de mesma maneira,
porém separadas, a geografia a é localização do fenômeno no espaço e a história é a sua
localização no tempo. Com Humboldt e Ritter nasce a geografia científica, sendo por isso
identificados como os pioneiros da geografia moderna. Com Humboldt ganha forma
acadêmica e escolar a geografia-ecologia e com Ritter ganha forma acadêmica e escolar a
geografia-história. É com Ritter que o engajamento da geografia com as metas imperialistas
da burguesia alemã se mostra com maior transparência. Assim como Humboldt dos teóricos
da geografia pura ou na teleologia de Ritter.
Em 1882 vem a primeira obra de Ratzel, a Antropogeografia, sua segunda obra é veio
em 1897 Geografia e Política, estas obras marcaram o fim da soberania da escola alemã.
Nasceu estão a escola francesa produzida pela derrota da França, mas a geografia na França
na época da guerra encontrava-se em retardo, era uma geografia informativa e descritiva,
ensinada nas universidades como disciplina auxiliar do ensino da história. Pequena, buscava
alcança o nível de ciência como o fez a escola alemã. Estimada pelos meios acadêmicos e
pelo Estado, a geografia alemã passou a ser um espelho da geografia para a França. Os
trabalhos dos geógrafos alemães, principalmente os de Ratzel, passou a ser absorvidos,
porém, dentro da reação ao seu temperamento. Da avaliação de Ratzel, saiu o elemento-chave
da geografia da escola francesa, a teoria do possibilismo. Seu formulador Paul Vidal de La
Blache personificou a escola francesa, espelhando em suas próprias ideias.
A geografia francesa manteve a prática da geografia alemã, porém a escola alemã se
apoia no idealismo kantiano com Humboldt e Ritter, recombinado a luz de Shelling e Hegel, e
no materialismo mecanicista inglês em Ratzel, a escola francesa apoiou-se no funcionalismo
do qual absorve o positivismo. Com a escola francesa a geografia obteve sua imagem atual,
porém a mesma dividiu-se em geografia física (Humboldt) e em geografia humana (Ritter),
que se subdividirão ao infinito.
Localizada na mesma ideia da geografia alemã e o da geografia institucional, a
geografia francesa jamais iria se constituir na análise da geografia comprometida com o
capital. Produzida para servir ao imperialismo francês, assim como a geografia ratzeliana
havia sido para servir ao imperialismo alemão, a geografia francesa tem os limites da
denúncia e da crítica em si mesma.
Foi na Alemanha Nazista onde a geopolítica oficializou como política do Estado e
disciplina escolar, onde seu teórico maior é o geógrafo Karl Haushofer. A geopolítica sob
forma agravada aparece no entre-guerras servindo inclusive para ocultar o fato de que a
geografia é sempre uma geopolítica, ou seja, um discurso que sempre está expondo a questão
do poder dos homens sobre a natureza e dos homens sobre os outros homens. Geopolíticos
são os estrategistas da guerra do Vietnã, cujo ícone nasce pelos anos 50, o que seus próprios
arautos denominarão por revolução quantitativa e teorética. A pequena propagação entre os
geógrafos franceses apresenta o fato de que a escola anglo-saxônia mostra a geografia
quantitativa e teorética como uma nova geografia, contraposta à geografia de origem
europeia, a velha geografia.
O seu caráter renovador alojou-se no plano do método, sendo este a combinação do
método quantitativo com a teoria dos sistemas e a teoria dos modelos. Ou seja, o salto da fase
descritiva de que a geografia ainda não saiu para a fase explicativa. Esse salto epistemológico
só agora verdadeiramente estaria dando a uma revolução na geografia. A pesquisa geográfica
precisou saber manejar antes que tudo a matemática e a cibernética para produzir a ciência.
Em vez do esboço da paisagem, toma seu lugar a matematização da paisagem, e em vez da
descrição da morfologia da paisagem, uma rigorosa tipologia de padrões espaciais toma seu
lugar.
Tirando dos computadores e mapas já feitos, a geografia tornou-se uma arma mais
sofisticada de controle do espaço, e mostrou-se como uma geografia político-estatística mais
rigorosa e precisa com que contavam os governos no século XVIII, exemplo o governo
alemão dos anos 50.
Já na década de 50 já se pode observar entre alguns geógrafos franceses uma ligeira
direção do pensamento geográfico. Geógrafos de formação marxista entre eles Pierre George,
rompeu com o marxismo em pleno andamento de renovação da geografia. Esse processo de
reorientação do pensamento geográfico caminhou para uma maior versatilidade sobre a base
viável, clássica e misturam elementos.
Contudo, foi com Pierre George que a organização geográfica do espaço mundial
perde pela primeira vez seus suportes clássicos, a divisão natural em continentes. Os novos
suportes são os sistemas econômicos, o mundo se separa em sistema capitalista e sistema
socialista.
A ruptura dá mais um passo com Pierre discípulo de Lacoste. Da autoria de Lacoste
saiu então o clássico Geografia do Subdesenvolvimento. O homem passou então a não ser
visto pela geografia segundo suas desigualdades de ordem natural, como o clima ou a
topografia. Não temos que frequentar a escola para compartir com a geografia. Nós a
percebemos e a aprendemos por força do nosso próprio cotidiano. Todos moramos em um
lugar, temos familiares e amigos que moram em outros lugares e esses lugares diferentes são
ligados por ruas, avenidas, estradas. Pessoas, objetos e ideias passam entre esses diferentes
lugares, esbaram através das artérias que os põem em comunicação, ajudando-se ou
ignorando-se.
Uma ligação de lugares e de relações entre lugares cria uma unidade de espaço
geográfico, constituindo o espaço de existência dos homens. Podendo assim dizer que a
geografia é um discurso global, um saber enciclopédico que nos conferiu pelo seu domínio de
tudo. De tudo e do todo. A geografia é um conhecer vivido e capturado pela própria vivência.
A geografia pode servir para tornar os homens cidadãos resolvidos ou poderá servir para
aliená-los. No intuito de que a realidade se esconde por trás da aparência, Marx observou em
O Capital que a ciência seria supérflua se toda essência concordasse com a sua aparência.
A natureza passou então a fornecer o material de trabalho do homem no qual
transforma para satisfazer suas necessidades variadas. A sociedade é o assunto autêntico da
geografia, ela estuda a partir daquilo que é a revelação material visível da sociedade. A
sociedade não é mais uma sociedade de homens iguais, ou seja, uma sociedade de classes
sociais. Logo, a sentido da aparência estará separada pelo caráter histórico que o trabalho
adquire em cada sociedade. O homem que transforma a natureza com seu trabalho não é dono
do seu trabalho, pelo simples fato de antecipadamente ter vendido ao capital sua força de
trabalho. Para que o homem trabalhador se submeta a um elo social desse tipo, é preciso que
se encontre alguma maneira de o tornar materialmente submisso. E, para que não perceba essa
relação de fundo, é preciso que ele não a possa perceber. No capitalismo o processo do
trabalho define-se a partir do modo como os homens formam entre si as forças produtivas, e
os homens a partir dessa formação. O trabalhador deve transformar sua força de trabalho em
meios de comprar, vendendo mercadorias no mercado.
A terra é a armazém primitivo e o arsenal primitivo. Trabalhando-a os homens tiram
seu sustento e as ferramentas com os quais produzirão meios de sustento e instrumentos de
trabalho novos. O fato de que os homens necessitam comer, vestir, proteger-se e incorporar
graus crescentes de conforto à sua existência os impulsiona ao trabalho. A natureza mostra
aos nossos olhos, diversas formas, a natureza natural e a natureza socializada. A natureza
repleta de trabalho vira parte da história dos homens, o homem é ele próprio natureza e
história. O espaço geográfico é a materialidade do processo do trabalho e a relação homem-
meio na sua exibição historicamente concreta. É a natureza, mas a natureza em sua oscilação
dialética, a primeira natureza se transforma em segunda e a segunda que reverte em primeira,
para mais além voltar a ser segunda. Numa sociedade formada em classes, a exemplo da
sociedade capitalista, o espaço tem por capacidade as relações contraditórias dessas classes. O
espaço organiza-se segundo a estrutura de classes do lugar e a correlação de forças que entre
elas se estabelece.
A privatização do homem do conjunto dos meios materiais de existência não visa
torná-lo uma mercadoria para se tornar consumidor, visa forçá-lo a se submeter à produção de
mais-valia para a acumulação do capital. Porém ele não faria se pudesse obter com meios
próprios de trabalho seus meios de sobrevivência. Para o capital, os homens só existem
enquanto servem ao capital, neste caso trabalho só é produtivo se for trabalho produtor de
mais-valia.
O trabalho ultrapassa a reprodução pelo proletário do equivalente do seu salário sob a
forma de mercadoria. O salário é, assim, o pagamento parcial da jornada de trabalho do
operário e com o qual este se completará no mercado dos meios de sobrevivência de que
necessita para se reproduzir como homem vivo. A rápida expansão do modo capitalista de
produção dá-se a partir do aperfeiçoamento da divisão do trabalho que vai terminar nas forças
produtivas capitalistas.
Em essência, o capitalismo passa da fase concorrencial para a fase de monopólio,
entrando na fase imperialista. Crescendo sobre a periferia o capitalismo internacionalizou,
mostrando em escala mundial a base sobre a qual nasce historicamente, proletarizando o
homem, alienando da natureza e dos outros homens, do saber e do poder.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O livro do autor Ruy Moreira revelou para mim uma incrível geografia renovadora,
que refuta o vínculo do homem com a natureza, com o espaço e com o seu semelhante. Uma
geografia como ciência crítica, que acima de tudo estuda a ocupação do homem no espaço e
como ele tem se reproduzido ao longo dos tempos.