T Ese Priscila M Kosaka
T Ese Priscila M Kosaka
T Ese Priscila M Kosaka
INSTITUTO DE QUMICA
Programa de Ps-Graduao em Qumica
A plicaes e Caracterizao
de steres de Celulose
So Paulo
Data do Depsito na SPG
07/12/2007
A plicaes e Caracterizao de
steres de Celulose
So Paulo
2007
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Instituio: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________
Prof.Dr.
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Prof.Dr.
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Prof. Dr.
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Assinatura: _______________________________________________________
Agradecimentos
Prof. Dra. Denise F. S. Petri e ao Prof. Dr. Yoshio Kawano pela
oportunidade, orientao e incentivo.
Aos meus avs, Joselita e Leopoldo, que entenderam minha ausncia e sempre
torceram por mim.
Aos meus amigos do laboratrio (Aliny, Arlete, Edla, Ednardo, ris, Jorge,
Karina, Lizandra, Rafael, Romeu, Rubens e Sabrina) pela companhia diria,
pelos cafs e pelas risadas.
Aos meus amigos de Braslia, Juliana, Flvia, Luciana, Patrcia, Alessandra,
Luciano, Eduardo e Zanutto pelo apoio e pela alegria que me recebiam toda
vez que os encontrava.
Aos amigos que fiz em So Paulo, Nara, Lili, Patrcia, Buba, Csar e Marcelo
pelos cafs e pela divertida companhia nos feriados e finais de semana.
Eastman Chemical Company, Brasil, pelas amostras dos steres de celulose.
Ao Prof. Dr. Omar A. El Seoud pelo para-nitrofenol dodecanoato e pela
discusso dos resultados.
Profa. Dra. Mrcia Carvalho de Abreu Fantini, IF-USP, pelas medidas e
ajuda nas anlises de difrao de Raios-X.
Profa. Dra. Maria Ceclia Salvadori, IF-USP, pelo incio do meu aprendizado
em AFM.
Prof. Dra. Nicole Raymonde Demarquette, EPMT-USP, e aos seus tcnicos
(Juliana, Sendy, Rafael e Roger) pelas contribuies dadas realizao desta
Tese.
Prof. Dra. Maria Jos, UnB, por ter me iniciado na pesquisa e pela confiana
no meu trabalho.
Ao Eng. Srgio D. Almeida pelas amostras de polietileno.
Resumo
Esta tese est dividida em duas partes. Na Parte I, blendas de polietileno maleado (MPE) e butirato acetato de celulose (CAB) (5-50% em massa) e compsitos de polietileno (PE)
ou M-PE e 20% em massa de celulose, acetato de celulose (CA), propionato acetato de
celulose (CAP) ou CAB foram preparados em um misturador. As estruturas e propriedades
das misturas foram estudadas atravs de ensaios mecnicos, calorimetria exploratria
diferencial, microscopia eletrnica de varredura, extrao com solvente seletivo seguida de
espectroscopia FTIR e difrao de raios-X (XRD). As blendas M-PE/CAB e os compsitos
PE/polissacardeo e M-PE/polissacardeo no apresentaram mudanas significativas nos
valores da temperatura de fuso (Tm) quando comparados aos valores de Tm do PE e do MPE. Dados de XRD mostraram que a adio das cargas no causou mudana na estrutura
cristalina do PE ou M-PE, mas aumentou a regio amorfa dos materiais, indicado que a
miscibilidade ocorre na parte amorfa do PE. Compsitos preparados com M-PE apresentaram
tenso no escoamento e elongao superiores do que os preparados com PE, evidenciando o
efeito compatibilizante do anidrido malico.
Na parte II, o efeito de dois bons solventes, acetona e acetato de etila, nas
caractersticas e propriedades superficiais dos filmes finos (50nm<espessura<200nm) e
ultrafinos (espessura<6nm) de CA, CAP ou CAB preparados por revestimento rotacional ou
adsoro, respectivamente, foram caracterizados por elipsometria, microscopia de fora
atmica (AFM) e medidas de ngulo de contato. Os resultados foram discutidos baseados na
Abstract
Kosaka, P.M., Applications and Characterization of Cellulose Esters, 2007, 118p. PhD
Thesis Graduate Program in Chemistry. Instituto de Qumica, Universidade de So Paulo,
So Paulo.
This thesis is divided into two parts. In the first part, blends of maleated polyethylene
(M-PE) and cellulose acetate butyrate (CAB) (5-50wt%) and composites of polyethylene (PE)
or M-PE and 20wt% of cellulose, cellulose acetate (CA) or cellulose acetate propionate
(CAP) were prepared in an laboratory mixer. The mixtures structures and properties have
been studied by means of tensile testing, differential scanning calorimetry, scanning electron
microscopy, X-ray diffraction (XRD) and extraction with a selective solvent followed by
Raman spectroscopy. No significant change on the melting temperature (Tm) values obtained
for M-PE/CAB blends or PE/polysaccharides or M-PE/polysaccharides composites could be
observed, when compared with the Tm values obtained for PE and M-PE. X-ray diffraction
showed that the addition of the polysaccharides had no influence on the lattice constants of PE
or M-PE, but it increased the PE amorphous region, indicating that the miscibility happens on
the amorphous region of the PE. Composites prepared with M-PE presented yield stress and
elongation values higher than those prepared with PE, showing the compatibilizer effect of
maleic anhydride.
In the second part, the effect of two good solvents, acetone and ethyl acetate, on the
characteristics and surface properties of thin (30nm<thickness<200nm) and ultrathin
(thickness<6nm) cellulose ester films obtained by spin coating or adsorption, respectively, has
been investigated by means of ellipsometry, atomic force microscopy (AFM) and contact
angle measurements. The results were discussed in the light of solvent evaporation rate and
interaction energy between substrate and solvent. The effects of annealing and type of
cellulose ester on film thickness, film morphology and surface wettability were also studied.
Upon annealing, ultrathin films of cellulose ester became hydrophobic, evidencing molecular
re-orientation at the solid-air interface. Ultrathin films prepared from acetone solutions are
stable, but the ones prepared from ethyl acetate solutions presented dewetting. Film stability
was followed by AFM and explained with basis on the Hamaker constant values, calculated
for the first time for CA, CAP and CAB.
The adsorption of lipase onto stable ultrathin films of cellulose esters, with and without
annealing, was quantified in order to evaluate the possibility of applying such films as support
for biomolecules. Lipase adsorption onto annealed CA and CAP films was more pronounced
than that onto CA and CAP untreated films.
spectrophotometric measurement of the product formed from the hydrolysis of paranitrophenyl dodecanoate. Lipase immobilized onto more hydrophobic films presented higher
activity than free lipase and could be reused three times retaining activity at a high level. The
effect of storing time on the activity of immobilized lipase was studied. Lipase immobilized
onto more hydrophobic films retained 70% of activity after one month, reaching the same
level of activity of free lipase, and lipase immobilized onto more hydrophilic films retained
just 30% of activity after 30 days. These results indicated that enzyme preservation was
favored by polymeric substrate hydrophobicity and by the interactions between the polar
residues of lipase and the glucopyranosyl moieties of cellulose ester.
Lista de Ilustraes
Parte I - Obteno e Caracterizao de Compsitos e Blendas de PE e Celulose ou
steres de Celulose
Figura 1 Estruturas qumicas do (a) Polietileno linear de baixa densidade com comonmero
buteno (PE), (b) anidrido malico (AM), (c) pexido de benzola (BPO) e (d) celulose (CEL)
quando R = OH, acetato de celulose (CA) quando R = COCH3, proprionato acetato de
celulose (CAP) quando R = COC2H5 e butirato acetato de celulose (CAB) quando R =
COC3H7.
Figura 2 - Variao do IIR1715/IIR1460 com a porcentagem de AM usado para estimar o grau de
funcionalizao. A linha vermelha o ajuste da variao da razo IIR1715/IIR1460 (y) com a
porcentagem de AM (x), y = 0,065 + 0,1772x 0,009x2 e R = 0,966.
Figura 3 - Curvas tpicas de torque e temperatura em funo do tempo obtida para o CAB10%. A curva do torque pode ser dividida em quatro regies: (1) pico devido ao carregamento
dos grnulos de PE na cmara de mistura, (2) oscilao do torque devido adio ao AM e do
BPO, (3) oscilao do torque devido a adio de CAB e (4) torque final (f).
Figura 4 - Curva tpica de tenso x elongao de um polmero dctil obtido para o (a) PE
puro e (b) CAB-10.
Figura 5 (a) Torque final (f); (b) mdulo de Young (E); (c) tenso no escoamento (y) e
(d) elongao na ruptura (b) em funo da porcentagem de CAB nas blendas.
Figura 6 Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas das blendas (a) CAB-5%,
(b) CAB-10%, (c) CAB-20%, (d) CAB-30%, (e) CAB-40% , (f) CAB-50% e (g) blenda PE
no funcionalizado com CAB (20% em massa).
Figura 7 Espectros Raman obtidos para (a) CAB puro, (b) M-PE, (c) blenda CAB-40%
antes da extrao com acetona e (d) blenda CAB-40% depois da extrao com acetona.
Figura 8 Grau de cristalinidade calculado a partir de (a) dados de DSC, WDSC (%), a linha
vermelha o ajuste linear WDSC = 34,93 0,26 CAB (wt%), R = 0,94 e (b) dados de XRD,
WXRD (%), a linha vermelha o ajuste linear WXRD (%) = 54,62 0,19 CAB (wt%), R = 0,96.
Figura 9 Difratogramas de raio-X obtidos para (a) CAB puro, (b) M-PE e (c) CAB-10%.
Os smbolos verdes so dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes
Lorentziano.
Figura 10 (a) Representao esquemtica do tamanho da partcula L, onde Lc a espessura
da regio cristalina do PE na lamela e La a espessura da regio amorfa do PE na lamela e (b)
tamanho da partcula L dos cristais ao logo das direes (110) e (200), calculados usando a
frmula de Scherrer,em funo da porcentagem de CAB nas blendas.
Figura 11 - Curva de torque em funo do tempo obtido para o M-PE (tringulo vermelho),
M-PE-CEL (losango verde), M-PE-CA (quadrado azul) M-PE-CAP (crculo rosa) e M-PECAB (quadrado laranja).
Figura 12 Curvas de tenso x elongao obtidas para (a) M-PE-CEL, (b) M-PE-CA, (c) MPE-CAP e (d) M-PE-CAB. As (a) e (b) tem comportamento de um polmero entre dctil e
frgil e as curvas (c) e (d) so tpicas de polmeros dcteis.
Figura 13 - Propriedades mecnicas medidas para PE, PE-CA, PE-CAP, PE-CAB, M-PECA, M-PE-CAP e M-PE-CAB (a) Mdulo de Young (E), (b) tenso no escoamento (y) e (c)
elongao na ruptura (), onde: (A) PE e M-PE, (B) PE-CEL, (C) M-PE-CEL, (D) PE-CA,
(E) M-PE-CA, (F) PE-CAP, (G) M-PE-CAP, (H) PE-CAB, (I) M-PE-CAB.
Figura 14 - Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas de (a) PE-CEL, (b) PECA, (c) PE-CAP (d) PE-CAB.
Figura 15 - Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas de (a) M-PE-CEL, (b) MPE-CA, (c) M-PE-CAP (d) M-PE-CAB.
Figura 16 - Espectro Raman obtido para (a) M-PE, (b) CAP puro e (c) M-PE-CAP antes da
extrao com acetona e (d) M-PE-CAP aps a extrao com acetona.
Figura 17 - Difratogramas de raio-X obtidos para (a) CEL, (b) CA, (c) CAP e (d) CAB. Os
smbolos verdes so dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes
Lorentziano.
Figura 18 - Difratogramas de raios-X obtidos para (a) PE puro e (b) M-PE-CAP. Os smbolos
verdes so dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes Lorentziano.
Figura 3 Seqncia das formas das bordas durante os primeiros estgios de dewetting dos
filmes finos.
Figura 4 - Representao esquemtica das estruturas qumicas de (a) substrato, (b) CA
quando R = COCH3, CAP quando R = COC2H5 e CAB quando R = COC3H7 (no caso do CAP
e do CAB grupos acetato tambm esto presentes na estrutura), (c) acetona e (d) acetato de
etila.
Figura 5 - Imagem (80x80) m2 do filme CAP preparado em acetato de etila (5mg/mL) aps
recozimento ilustrando a medida da espessura do filme por AFM (dAFM), a linha vermelha a
seo transversal.
Figura 6 Esquema da montagem experimental usada para medida de ngulo de contato de
superfcies planas.
Figura 7 Espessura dos filmes de CA-2.8 medidos por elipsometria (dELLI) ou AFM (dAFM)
em funo da concentrao de CA em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de etila
(crculo azul), as linhas vermelha e azul so os ajustes lineares das amostras feitas a partir de
solues de acetona ou acetato de etila, respectivamente (a) dELLI sem tratamento trmico, (b)
dELLI aps o tratamento trmico, (c) dAFM sem tratamento trmico e (d) dAFM aps tratamento
trmico.
Figura 8 Imagens topogrficas de AFM dos filmes finos de CA-2.8 (5mg/mL) preparados
em solues de (a) acetona (Z = 150nm) (b) acetona aps recozimento (Z = 200nm), (c)
acetato de etila (Z = 40nm) e (d) acetato de etila aps recozimento (Z = 70nm).
Figura 9 Imagens de AFM (5x5)m2 obtidas para os filmes finos de steres de celulose
preparados a partir de solues de acetona (20mg/mL) (a) filme de CA-2.8 (Z = 90 nm), (b)
filme de CAP-2.3 (Z = 320 nm), (c) filme de CAB-2.8 (Z = 220nm), (d) filme de CA-2.8 aps
tratamento trmico (Z = 30 nm), (e) filme de CAP-2.3 aps tratamento trmico (Z = 5 nm), (f)
filme de CAB-1.8 aps tratamento trmico (Z = 4 nm).
Figura 10 Imagens de AFM (5x5)m2 obtidas para os filmes finos de steres de celulose
preparados a partir de solues de acetato de etila (20mg/mL) (a) filme de CA-2.8
((20x20)m2 and (Z = 225 nm)) e zoom (Z = 70 nm), (b) filme de CAP-2.3 (Z = 50 nm), (c)
filme de CAB-1.8 (Z = 50nm), (d) filme de CA-2.8 aps tratamento trmico ((20x20)m2 and
(Z = 145 nm)) e zoom (Z = 87 nm), (e) filme de CAP-2.3 aps tratamento trmico (Z = 3
nm) e (f) filme de CAB-1.8 aps tratamento trmico (Z = 5 nm).
Figura 11 - Espessura dos filmes de CAP medidos por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em
funo da concentrao de CAP nas solues em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de
etila (crculo azul), as linhas vermelha e azul so os ajustes lineares para amostras preparadas
a partir de solues de acetona ou acetato de etila, respectivamente. (a) dELI sem tratamento
trmico, (b) dELI aps tratamento trmico (c) dAFM sem tratamento trmicoe (d) dAFM aps
tratamento trmico.
Figura 12 - Espessura dos filmes finos de CAB-1.8 medidos por elipsometria (dELI) ou AFM
(dAFM) em funo da concentrao de CAB nas solues em acetona (tringulo vermelho) ou
acetato de etila (crculo azul), as linhas vermelha e azul so os ajustes lineares para amostras
preparadas a partir de solues de acetona ou acetato de etila, respectivamente. (a) dELI sem
tratamento trmico, (b) dELI aps tratamento trmico (c) dAFM sem tratamento trmico e (d)
dAFM aps tratamento trmico.
Figura 13 Viscosidades cinemticas determinadas para as solues (5-20 g/L) de (a) CA2.8, (b) CAP-2.3 e (c) CAB-1.8.
Figura 14 - Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes ultrafinos de steres de celulose
preparados por adsoro em solues de acetona (5 mg/mL): (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 15
horas de recozimento, (c) CA-2.8 aps 60 horas de recozimento, (d) CA-2.8 aps 168 horas
de recozimento, (e) CAP-2.3, (f) CAP-2.3 aps 15 horas de recozimento, (g) CAP-2.3 aps 60
horas de recozimento, (h) CAP-2.3 aps 168 horas de recozimento (i) CAB-1.8, (j) CAB-1.8
aps 15 horas de recozimento, (k) CAB-1.8 aps 60 horas de recozimento, (l) CAB-1.8 aps
168 horas de recozimento e imagens de AFM (2x2)m2 dos filmes ultrafinos de (m) CAB-2.5,
(n) CAB-2.5 aps 15 horas de recozimento, (o) CAB-2.5 aps 60 horas de recozimento e (p)
CAB-2.5 aps 168 horas de recozimento.
Figura 15 Rugosidades (rms) dos filmes ultrafinos de steres de celulose obtidos por
adsoro em solues de acetona (5mg/mL) em funo do tempo de recozimento a 170C na
estufa a vcuo. Os valores das rugosidades (rms) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8
foram obtidos a partir de imagens (1x1) m2 e os valores de rms dos filmes de CAB-2.5
foram obtidos a partir de imagens (2x2) m2.
Figura 16 Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes ultrafinos de steres de celulose
preparados por adsoro em lminas de silcio a partir de solues em acetato de etila (5
mg/mL): (a) CA-2.8, (b) CA aps 15h de tratamento trmico, (c) CA-2.8 aps 60h de
tratamento trmico, (d) CA-2.8 aps 168h de tratamento trmico, (e) CAP-2.3, (f) CAP-2.3
aps 15h de tratamento trmico, (g) CAP-2.3 aps 60h de tratamento trmico, (h) CAP-2.3
aps 168h de tratamento trmico, (i) CAB-1.8, (j) CAB-1.8 aps 15h de tratamento trmico ,
(k) CAB-1.8 aps 60h de tratamento trmico, (l) CAB-1.8 aps 168h de tratamento trmico e
imagens de AFM (2x2) m2 dos filmes ultrafinos de CAB-2.5 (m) CAB-2.5, (n) CAB-2.5
aps 15h de tratamento trmico, (o) CAB-2.5aps 60h de tratamento trmico e (p) CAB-2.5
aps 168h de tratamento trmico.
Figura 17 - Rugosidade (rms) dos filmes ultrafinos de ster de celulose obtidos a partir de
solues de acetato de etila (5 mg/mL) em funo do tempo de tratamento trmico a 170C
em uma estufa a vcuo. Os valores das rugosidades (rms) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e
CAB-1.7 foram obtidos a partir de imagens (1x1) m2 e os valores de rms dos filmes de
CAB-2.5 foram obtidos a partir de imagens (2x2) m2.
Figura 18 Filmes usados nas medidas de ngulo de contato para determinar a energia
superficial dos steres de celulose. Imagens topogrficas de AFM dos filmes ultrafinos
preparados por adsoro em solues de acetona (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 4 horas de
tratamento trmico, (c) CAP-2.3, (d) CAP-2.3 aps 4 horas de tratamento trmico, (e) CAB1.8, (f) CAB-1.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (g) CAB-2.5, (h) CAB-2.5 aps 4 horas
de tratamento trmico e imagens de AFM dos filmes finos preparados por revestimento
rotacional em solues de acetona (i) CAP-2.3 aps 15 horas de tratamento trmico, (j) CAB1.8 aps 15 horas de tratamento trmico e (k) CAB-2.5 aps 15 horas de tratamento trmico.
Figura 19 Filmes usados nas medidas de ngulo de contato para determinar a energia
superficial dos steres de celulose. Imagens topogrficas de AFM dos filmes ultrafinos
preparados por adsoro em solues de acetato de etila (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 4 horas
de tratamento trmico, (c) CAP-2.3, (d) CAP-2.3 aps 4 horas de tratamento trmico, (e)
CAB-1.8, (f) CAB-1.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (g) CAB-2.5, (h) CAB-2.5 aps 4
horas de tratamento trmico e imagens de AFM dos filmes finos preparados por revestimento
rotacional em solues de acetato de etila (i) CAP-2.3 aps 15 horas de tratamento trmico, (j)
CAB-1.8 aps 15 horas de tratamento trmico e (k) CAB-2.5 aps 15 horas de tratamento
trmico.
Figura 20 - Representao esquemtica das camadas (1) SiO2, (2) Polissacardeo e (3) Ar,
com os respectivos valores de ndice de refrao (n) e constante dieltrica ().
Figura 21 Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes de steres de celulose sem tratamento
trmico (a) CA-2.8, Z = 5 nm, (b) CAP-2.3, Z = 10 nm, (c) CAP-2.1, Z = 2 nm, (d) CAB-1.8,
Z = 3nm, e imagens de AFM (2x2) m2 de (e) filme de CAB-2.8, Z = 3 nm.
Figura 22 Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes de steres de celulose aps tratamento
trmico (a) CA-2.8, Z = 7 nm, (b) CAP-2.3, Z = 8 nm, (c) CAP-2.1, Z = 2 nm, (d) CAB-1.8, Z
= 4nm, e imagens de AFM (2x2) m2 de (e) CAB-2.8 aps tratamento trmico, Z = 3nm.
Figura 23 Valores mdios de Lipase com os correspondentes desvios padro obtidos para
lipase adsorvida sobre filmes de ster de celulose com e sem tratamento trmico.
Figura 24 - Concentrao de p-NF formado na reao de hidrlise catalisada pela lipase:
lipase livre em soluo (coluna vermelha), lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem
tratamento trmico (coluna azul), lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 com tratamento
trmico (coluna rosa), lipase imobilizada sobre filmes de CAB-2.5 com tratamento trmico
(coluna laranja) e lipase imobilizada sobre filmes de CA-2.8 com tratamento trmico (coluna
verde). O reuso da lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico e
lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2.1, CAB-2.5 ou CA-2.8 com tratamento trmico
como agentes catalticos tambm foi determinada.
Figura 25 - Imagens de AFM (2x2) m2 obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de
CAB-1.8 sem tratamento trmico (a) logo aps preparao (Z = 8 nm), (b) aps primeiro uso
(Z = 8 nm), (c) aps segundo uso (Z = 8 nm) e (d) aps terceiro uso (Z = 8 nm).
Figura 26 - Imagens de AFM (2x2) m2 obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de
CAP-2,1 com tratamento trmico (a) logo aps preparao (Z = 7 nm), (b) aps primeiro uso
(Z= 7 nm), (c) aps segundo uso (Z = 7 nm) e (d) aps terceiro uso (Z = 7 nm).
Figura 27 - Concentrao de p-NF formado na reao de hidrlise catalisada pela lipase
imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico (coluna azul), lipase
imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 com tratamento trmico (coluna rosa), lipase
imobilizada sobre filmes de CAB-2.5 com tratamento trmico (coluna laranja) e lipase
imobilizada sobre filmes de CA-2.8 com tratamento trmico (coluna verde) em funo do
tempo de estocagem.
Lista de Tabelas
Parte I - Obteno e Caracterizao de Compsitos e Blendas de PE e Celulose ou
steres de Celulose
Tabela 1 Caractersticas qualitativas das fibras naturais (FN) e as fibras de vidro (FV).
Tabela 2 Caractersticas dos polissacardeos: comprimento mdio (l), dimetro mdio (d),
massa molar mdia ( M), grau de substituio (DS) para o acetato (Dsac), propionato (DSpr),
w
Tabela 10 Valores mdios de Lipase e BSA com os respectivos desvios padro e ngulo de
contato de avano (A) obtidos para lipase e BSA adsorvidas sobre os filmes de steres de
celulose com e sem tratamento trmico.
Lista de Abreviaturas
Aa: rea da regio amorfa
Ac: rea da regio cristalina
AFM: Microscopia de Fora Atmica
AM: Anidrido Malico
BPO: Perxido de Benzola
CA: Acetato de Celulose
CAB: Butirato Acetato de Celulose
CAP: Propionato Acetato de Celulose
CEL: Celulose
dpoli: Espessura mdia da camada de polissacardeo
dafm : Espessura do filme de ster de celulose medida por Microscopia de Fora Atmica
delli : Espesura do filme de ster de celulose medida por elipsometria
DSac: Grau de substituio para o acetato
DSbu: Grau de substituio para o butirato
DSC: Calorimetria exploratria diferencial
DSOH: Grau de substituio para a hidroxila
DSpr: Grau de substituio para o propionato
L: Tamanho das partculas dos cristais
La: Espessura da lamela amorfa
Lc: Espessura da lamela cristalina
MEV: Microscopia Eletrnica de Varredura
M-PE: Polietileno Maleado
PE: Polietileno linear de baixa densidade com comonmero buteno (PE)
p-NF: para-nitrofenol
p-NFD: para-nitrofenol-dodecanoato
rms: Rugosidade quadrtica mdia
Tg: Temperatura de transio vtrea
Tm: Temperatura de fuso
WDSC: Grau de cristalinidade calculado por calorimetria exploratria diferencial
WXRD: Grau de cristalinidade calculado por difrao de Raios-X
XRD: Difrao de Raios-X
Lista de Smbolos
Hf: Calor de fuso
M w : Massa molar mdia ponderal
E: Mdulo de Young
b: Elongao na ruptura
y: Tenso no escoamento
: Torque
f: Torque final
pos: Energia de adsoro envolvida na adsoro do polmero no substrato
foo: Energia de interao solvente/solvente
fos: Energia de interao solvente/substrato
fpp: Energia de interao polmero/polmero
fps: Energia de interao polmero/substrato
p
: Energia superficial da componente polar
A : Constante de Hamaker
Constante de Planck
k: Constante de Boltzmann
W SL : trabalho de adeso na interface slido-lquido
T: Temperatura
Sumrio
Parte I Obteno e Caracterizao de Compsitos e Blendas de
Polietileno Linear de Baixa Densidade e Celulose ou steres de Celulose
1 Introduo
2 Materiais
3 Mtodos
7
7
10
10
10
Espectroscopia FTIR
3.8 Extrao com um Solvente Seletivo Seguida por Espectroscopia
11
Raman
4 Resultados e Discusso
4.1 Enxertia do Anidrido Malico (AM) no Polietileno Linear de Baixa
13
13
Densidade (PE)
4.2 Blendas de Polietileno Maleado e Acetato Butirato de Celulose
15
15
16
18
19
Raman
4.2.5 - Calorimetria Exploratria Diferencial (DSC) e Difrao de Raios-
21
X (XRD)
4.3 - Compsitos de Polietileno ou Polietileno Maleado e Celulose ou steres
de Celulose
26
26
27
30
32
Raman
4.3.5 Difrao de Raios-X (XRD)
5 Concluso
35
37
37
38
de Celulose
6 Referncias Bibliogrficas
40
46
2 Fundamentao Terica
50
50
(spin coating)
2.2 Estabilidade dos filmes
52
55
3 Materiais
59
4 Mtodos
61
61
61
4.1.2 Adsoro
61
62
4.3 Elipsometria
62
63
64
65
5 Resultados e Discusso
5.1 Influncia do solvente nos filmes finos (30 nm < d < 200nm) preparados
por revestimento rotacional (spin coating)Rotacional (Spin Coating)
67
66
5.2 Influncia do Solvente nos Filmes Ultrafinos (d < 6,0 nm) de steres de
80
Celulose
5.3 Determinao da Energia Superficial dos steres de Celulose
87
5.4 Adsoro de Lipase sobre Filmes Ultrafinos (d < 6,0 nm) de steres de
97
Celulose
5.4.1 Caracterstica dos substratos
5.4.2 Adsoro de Lipase sobre Filmes Ultrafinos de steres de
97
100
Celulose
5.5 Atividade Cataltica da Lipase Adsorvida sobre Filmes Ultrafinos de
102
steres de Celulose
6 Concluso
109
7 Referncias Bibliogrficas
110
Smula Curricular
119
Esterificao da celulose
A celulose esterificada para produzir steres de celulose. A estrutura da celulose
consiste em unidades repetidas de anidroglucose. Cada monmero de anidroglucose possui
trs grupos hidroxilas que so esterificados para produzir steres de celulose. As propriedades
fsicas dos steres de celulose dependem do tamanho da cadeia, do tipo de substituinte e do
grau de substituio dos grupos ster ligados cadeia.
No processo industrial, quase todos os steres de celulose so produzidos por um
processo em soluo usando o catalisador (cido sulfrico) com anidrido actico em uma
soluo de cido actico. A reao de acetilao heterognea e topoqumica, na qual as
camadas das fibras de celulose reagem e so solubilizadas e, consequentemente, expem
novas superfcies para a reao. O curso da reao controlado pelas taxas de difuso dos
reagentes na celulose e, por essa razo, a celulose precisa ser ativada para uniformizar a
reao e evitar fibras no reagidas na soluo [MARK; KROSCHWITZ, 1986].
Com o processo heterogneo difcil obter um derivado de celulose uniformemente
substitudo por causa da diferena de acessibilidade dos grupos OH nas regies cristalina e
amorfa. As regies amorfas da celulose sero mais substitudas do que as regies cristalinas.
O produto ser heterogneo mesmo quando o grau de substituio (DS) mdio for atingido.
Esta heterogeneidade pode resultar em problemas na solubilidade destes steres de celulose
em alguns solventes como a acetona [EL SEOUD; HEINZE, 2004].
Propionato de celulose e butirato de celulose so sintetizados com mtodos similares
aos usados para preparar o acetato de celulose, com anidrido propinico ou anidrido butrico
Referncias Bibliogrficas
_
EL SEOUD, O.A.; HEINZE, T. Organic esters of cellulose: new perspectives for old
polymers. Em: Polysaccharides I Structure, Characterizations and Use. Ed: Heinze, T.
P. M . K osaka
2007;
TORIZ
et
al.,
2003;
WEOLLERDORFER;
BADER,
1998;
P. M . K osaka
Tabela 1 Caractersticas qualitativas das fibras naturais (FN) e as fibras de vidro (FV).
Fibras naturais (FN)
Densidade
Baixa
Dobro das FN
Custo
Baixo
Renovvel
Sim
No
Reciclvel
Sim
No
Consumo de energia
Baixo
Alto
Abraso s mquinas
No
Sim
No
Sim
P. M . K osaka
dificuldades associadas com a modificao por processo reativo podem ser: (i) necessidade de
alcanar uma mistura perfeita entre os reagentes e o substrato, (ii) alta temperatura de reao
para fundir o polmero e (iii) degradao do polmero durante o processo reativo.
Operacionalmente, a modificao da matriz mais factvel, porque esta pode ocorrer em
extrusoras [NOORDAM; WINTRAECKEN; WALTON, 1987] para grandes quantidades de
material. A modificao mais comum da matriz a grafitizao de anidrido malico (AM) na
poliolefina, que aumenta a compatibilidades atravs da esterificao entre os grupos AM e as
hidroxilas da celulose [CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005;
YANG, 1993]. Espera-se que a compatibilizao ocorra na fase amorfa da poliolefina
[CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005; JOSEPH et al., 2003;
YANG, 1993].
steres de celulose foram compostos pioneiros na qumica da celulose, e continuam os
mais importantes derivados de celulose [KLEMM et al., 2005]. Estudos misturando steres de
celulose com outros polmeros tentam, em geral, usar a resistncia dos steres de celulose
como a alta temperatura de transio vtrea (Tg) e a rigidez, para compensar a deficincia dos
outros polmeros ou vice-versa [EDGAR et al., 2001] para desenvolver materiais com
condies ambientais amigveis. Nos ltimos anos, o butirato acetato de celulose (CAB)
tornou-se um dos mais importantes steres de celulose termoplsticos. Desde 2001, 313
patentes e 135 comunicados cientficos foram publicados [http://isi3.newisiknowledge.com,
acessado em 03 de dezembro de 2007].
A miscibilidade de blendas com composies variadas de poliestireno e acetato de
celulose (CA) preparadas pelo mtodo de evaporao do solvente [MEIRELES et al., 2007;
RODRIGUES et al., 2005] foi estudada por FTIR, calorimetria exploratria diferencial
(DSC), termogravimetria (TG) e microscopia eletrnica de varredura (MEV). Neste estudo
observou-se (i) um aumento na temperatura de transio vtrea (Tg) do CA com a adio do
P. M . K osaka
PS, indicando uma possvel miscibilidade entre os dois materiais [SZAB; EPACHER;
PUKANSZKY, 2004], (ii) um acentuado aumento de 50C na temperatura de fuso com a
adio do PS, sugerindo um efeito plastificante causado pelo PS que causou um aumento na
mobilidade da cadeia da macromolcula e formou uma estrutura cristalina mais organizada,
(iii) uma transio que pode ser associada a uma possvel inverso entre a matriz e a fase
dispersa com a adio de 30% em massa de PS na blenda. Os resultados de FTIR indicam a
existncia de miscibilidade em microrregies nas blendas. Observou-se pelas imagens de
MEV que somente a blenda com 30% em massa de PS apresentou bolhas dispersas na matriz,
nas misturas com 10% e 50% em massa de PS na blenda observou-se uma fase contnua. Esta
transio de fase pode estar relacionada a uma reestruturao da blenda polimrica, que
resulta em uma separao de domnios com tamanhos diferentes.
Blendas miscveis de poli[(R)-3-hidroxi-butirato] e CAB preparados pelo mtodo de
evaporao de solvente com vrias composies mostraram mudanas estruturais sob fora
uniaxial [PARK et al., 2005]. A caracterizao das blendas de poli(-hidroxibutirato) (PHB) e
CAB foi feita por testes mecnicos, DSC, microscopia eletrnica de varredura (MEV),
difrao de raios-X (XRD) e microscopia ptica polarizada [WANG et al., 2003].
Aumentando a quantidade de CAB na blenda, o grau de cristalinidade e a temperatura de
fuso da fase do PHB diminuram e houve melhora na dureza e ductibilidade do PHB com o
aumento da elongao de 2,2% para 7,3% [WANG et al., 2003]. Estudos com blendas
homogneas de CAB/sucinato de polibutileno (PBS) mostraram que i) molculas de CAB
inibem a cristalizao do PBS nas blendas; ii) na faixa de CAB de 0-30 wt%, as molculas de
PBS tm alta miscibilidade com as molculas de CAB e as molculas de PBS estavam no
estado amorfo; iii) na faixa de 30-80wt% de PBS na blenda, as molculas de PBS formaram
regies cristalinas e amorfas, e uma poro das molculas amorfas do PBS estavam
misturadas com as molculas de CAB [TATSUSHIMA et al., 2005]. Misturar CAB com
P. M . K osaka
outros termoplsticos usados para embalagens tem muitas vantagens como melhora nas
propriedades mecnicas e biodegradabilidade [LEE; YOSHIOKA; SHIRAISHI, 2000; PARK
et al., 2005; TATSUSHIMA et al., 2005; WANG et al., 2003].
Para o estudo dos compsitos e blendas de polietileno com celulose ou steres de
celulose duas estratgias foram seguidas. Compsito um material conjugado formado por
duas fases, uma matriz polimrica contnua (que possui propriedades mecnicas inferiores s
da fase descontnua) e uma fase dispersa de reforo (cargas como fibras, xidos, negro de
fumo ou argilas). Blendas so misturas de dois ou mais polmeros [WORK; HORIE;
STEPTO, 2004]. A blenda pode se apresentar como um sistema homogneo, unifsico, ou
como um sistema heterogneo, multifsico, e as propriedades dependem da composio do
sistema, da compatibilidade e da morfologia apresentada pelas fases [CABRAL et al., 2000;
WORK; HORIE; STEPTO, 2004]. Um dos requisitos para o sucesso de uma blenda na
aplicao final a qualidade e homogeneidade da mistura polimrica [KOH et al., 1998]. Na
primeira parte, a estrutura e a propriedade das blendas de PE grafitizado com anidrido malico
(AM) com quantidade de CAB na mistura variando de 0-50% em massa foram estudadas. Na
segunda parte, manteve-se a mesma proporo de PE e celulose ou steres de celulose na
mistura para estudar o efeito da compatibilizao com AM e a influncia dos resduos dos
steres de celulose na adeso interfacial.
P. M . K osaka
2 Materiais
Polietileno linear de baixa densidade com comonmero buteno (PE) com ndice de
escoamento de 0,180 g.min-1 foi cedido pela Politeno (Brasil). O iniciador utilizado foi o
perxido de benzola (BPO, M=242,23 g.mol-1) e o agente funcionalizante o anidrido malico
(AM, M=98,06 g.mol-1) adquiridos da Vetec (Brasil). Acetato de celulose (CA-398-3),
propionato acetato de celulose (CAP-482-0.5) e butirato acetato de celulose (CAB-381-0.5)
foram gentilmente cedidos pela Eastman. Fibras curtas de celulose (CEL) (dimetro mdio
0,030 0,008 mm e 0,13 0,07 mm de comprimento) foram adquiridas da Fluka (9004-346). O dimetro mdio e o comprimento dos polissacardeos foram medidos em um
microscpio ptico Carl Zeiss Axioplan 2 equipado com um software para anlise das
imagens Leica Q550 IW. As estruturas qumicas dos materiais esto representadas na Figura
1. Na Tabela 2 esto apresentadas as caractersticas dos steres de celulose e os seus cdigos
correspondentes.
H2
C
(a)
C
H2
(b)
H
C
C
H2
CH
(c)
CH3
(d)
OR
OR
RO
O
O
RO
O
OR
OR
n
Figura 1 Estruturas qumicas do (a) Polietileno linear de baixa densidade com comonmero buteno (PE), (b)
anidrido malico (AM), (c) pexido de benzola (BPO) e (d) celulose (CEL) quando R = OH, acetato de celulose
(CA) quando R = COCH3, proprionato acetato de celulose (CAP) quando R = COC2H5 e butirato acetato de
celulose (CAB) quando R = COC3H7.
Tabela 2 Caractersticas dos polissacardeos: comprimento mdio (l), dimetro mdio (d), massa molar mdia
(M w ), grau de substituio (DS) para o acetato (Dsac), propionato (DSpr), butirato (DSbu) e hidroxila (DSOH).
O DS definido como o nmero mdio de grupos hidroxilas substitudos por unidade de anidroglucose.
Amostra
l (mm)
d (mm)
M (g mol-1)(a)
DSac(a)
DSpr(a)
DSbu(a)
DSOH(a)
CA
0,06 0,02
0,02 0,01
100.000
2,8
_____
_____
0,2
CAP
0,06 0,03
0,02 0,01
25.000
0,2
2,3
_____
0,5
CAB
20.000
1,0
_____
1,8
0,2
P. M . K osaka
3 Mtodos
3.1 - Processamento Reativo
3.1.1 Blendas de Polietileno Maleado e Butirato Acetato de Celulose
O polietileno linear de baixa densidade (PE) foi fundido em um misturador Haake
Polylab R600 Thermo Electron (Karlsruhe) GmbH a 150C e 80 rpm. Aps 5 minutos,
anidrido malico (AM) (1%) e perxido de benzola (BPO) (0,1%) foram adicionados ao
fundido e misturados por mais 4 minutos. Aps isto, butirato acetato de celulose (CAB) (seco
em uma estufa a vcuo a 70C por 10 dias) foi adicionado nas quantidades de 5, 10, 20, 30, 40
ou 50t% em massa e misturados por mais 26 minutos. Aps o processamento, as amostras
foram cortadas em pequenos grnulos. A temperatura de fuso e o torque foram registrados
durante o processo de mistura. A Tabela 3 mostra os cdigos usados para cada tipo de
mistura.
Tabela 3 Materiais e cdigos das misturas, temperatura de fuso (Tm) e calor de fuso (Hf) determinados por
medidas de DSC. O nmero entre parnteses representam a porcentagem em massa do CAB na respectiva
blenda.
Amostra
Cdigo
Tm (C)
Hf (J/g)
PE
124
105
CAB
-----
-----
M-PE
124
105
CAB-5%
124
101
CAB-10%
124
78
CAB-20%
124
93
CAB-30%
124
80
CAB-40%
124
71
CAB-50%
124
65
P. M . K osaka
Cdigo
Tm (C)
PE
124
M-PE
120
Celulose
CEL
_____
Acetato de Celulose
CA
229
CAP
184
CAB
160
PE-CEL
121
M-PE-CEL
121
PE-CA
121
M-PE-CA
121
PE-CAP
120
M-PE-CAP
122
PE-CAB
121
M-PE-CAB
122
PE + CEL
M-PE +CEL
PE + CA
M-PE + CA
PE + CAP
M-PE + CAP
PE + CAB
M-PE + CAB
P. M . K osaka
Marconi. A espessura das placas foi ajustada usando um molde de metal de 1,6 mm de
espessura.
P. M . K osaka
10
11
P. M . K osaka
0,75
/I
IR
IR
1715
1460
1,00
0,50
0,25
0
0
10
Porcentagem de AM (wt%)
Figura 2 - Variao do IIR1715/IIR1460 com a porcentagem de AM usado para estimar o grau de funcionalizao. A
linha vermelha o ajuste da variao da razo IIR1715/IIR1460 (y) com a porcentagem de AM (x), y = 0,065 +
0,1772x 0,009x2 e R = 0,966.
P. M . K osaka
12
8 horas. Aps a extrao seletiva, todas as amostras foram secas em uma estufa a vcuo a
100C por 24 h e novamente pesadas.
Os espectros Raman foram obtidos em um Renishaw Raman System 3000 com uma
resoluo de 4 cm-1 e 64 varreduras por espectro. As blendas foram analisadas antes e depois
da extrao com o solvente seletivo. As bandas caractersticas do CH2 em 1440 cm-1 presente
nas poliolefinas, a ligao C-O-C do anel da anidroglicose em 1373 cm-1 para a celulose
(CEL) e o grupo carbonila em 1740 cm-1 para os steres de celulose foram escolhidos para a
anlise. A razo entre as intensidades (altura do pico) correspondentes s bandas
caractersticas dos polissacardeos, I1373 ou I1740, e a intensidade correspondente banda
caracterstica do CH2 em 1440 cm-1, I1440, foram consideradas para complementar as medidas
gravimtricas.
13
P. M . K osaka
4 Resultados e Discusso
4.1 Enxertia do Anidrido Malico (AM) no Polietileno Linear de Baixa
Densidade (PE)
Reaes de enxertia de anidrido malico (AM) em polietileno por processo reativo
envolve a reao do polmero fundido com o AM, na presena de perxidos (neste caso, o
perxido de benzola, BPO).
O BPO termicamente instvel e sofre ciso homoltica na ligao oxignio-oxignio
gerando radicais livres, como mostra a Reao 1 (R1) [MOAD, 1999; BETTINI; AGNELLI,
1999; LIU; BAKER; RUSSELL, 1990; GAYLORD et al., 1989].
O
C
O
O
O
2
O.
ROOR
RO
.
(R1)
O
C
RO
O.
CO2
onde ROOR representa o perxido antes de ser decomposto; RO o radical formado a partir
do perxido de benzola e AM radical livre do anidrido. RO instvel e pode se decompor,
formando B e CO2.
Os radicais produzidos pela decomposio trmica do perxido de benzola (BPO)
podem abstrair um tomo de hidrognio do agente funcionalizante (anidrido malico, AM)
dando origem ao anidrido radicalar, como mostra a Reao 2 (R2)[GAYLORD, et al., 1989;
GAYLORD; MEHTA, 1989; GAYLORD et al., 1992].
O
C
RO
O.
.
O
O
AM
O
AM
(R2)
14
P. M . K osaka
(R3)
AM + PE PE- AM
(R4)
(R5)
PE-AM + PE PE-g-AM + PE
(R6)
(R7)
PE- + RO produtos
(R8)
PE + PE PE-PE
(R9)
PE + PE-AM PE-AM-PE
(R10)
(R11)
15
P. M . K osaka
16
P. M . K osaka
40
180
(Nm)
160
20
10
140
Temperatura (C)
30
120
0
500
1000
1500
2000
Tempo (s)
Figura 3 - Curvas tpicas de torque e temperatura em funo do tempo obtida para o CAB-10%. A curva do
torque pode ser dividida em quatro regies: (1) pico devido ao carregamento dos grnulos de PE na cmara de
mistura, (2) oscilao do torque devido adio ao AM e do BPO, (3) oscilao do torque devido a adio de
CAB e (4) torque final (f).
(b)
Tenso (MPa)
Tenso (MPa)
20
10
20
10
400
800
(%)
1200
400
800
1200
(%)
Figura 4 - Curva tpica de tenso x elongao de um polmero dctil obtido para o (a) PE puro e (b) CAB-10.
P. M . K osaka
17
18
P. M . K osaka
(a)
16
(b)
0,18
E (GPa)
f (Nm)
20
0,15
0,12
12
0,09
10
20
30
40
50
10
CAB(%)
20
30
40
50
CAB (%)
(c)
11
1200
(d)
900
b(%)
y(MPa)
10
600
300
8
0
10
20
30
40
50
CAB (%)
10
20
30
40
50
CAB (%)
Figura 5 (a) Torque final (f); (b) mdulo de Young (E); (c) tenso no escoamento (y) e (d) elongao na
ruptura (b) em funo da porcentagem de CAB nas blendas.
19
P. M . K osaka
(a)
2
m
(b)
2
m
(d)
10
m
(c)
10
m
(f)
(e)
20
m
50
m
(g)
50
5
m
Figura 6 Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas das blendas (a) CAB-5%, (b) CAB-10%, (c)
CAB-20%, (d) CAB-30%, (e) CAB-40% , (f) CAB-50% e (g) blenda PE no funcionalizado com CAB (20% em
massa).
20
P. M . K osaka
CAB-5% < CAB-20% < CAB-30% <CAB-40% <CAB-50%. Esta tendncia est de acordo
com a performance mecnica discutida acima. A baixa quantidade de CAB extrada do CAB5%, CAB-10% e CAB-20% evidenciam a miscibilidade entre o M-PE e o CAB.
Espectros Raman foram obtidos para todas as blendas antes e depois da extrao com
o solvente seletivo. Para exemplificar este procedimento, a Figura 7 mostra um espectro tpico
de CAB, M-PE e CAB-40% antes e depois da extrao com acetona. No caso das blendas
CAB-5%, CAB-10% e CAB-20% as razes entre as intensidades I1740/I1440 aps a extrao
permaneceram praticamente as mesmas (Tabela 5). Estes resultados esto de acordo com as
pequenas quantidades de material extrado com o solvente seletivo. No caso do CAB-30%,
CAB-40% e CAB-50%, as razes das intensidades I1740/I1440 decresceram at 50% aps a
extrao.
-1
1740 cm
-1
1440 cm
(d)
(c)
(b)
(a)
2000
1500
1000
-1
21
P. M . K osaka
Tabela 5 Reduo de massa determinada por gravimetria aps extrao com acetona, um solvente seletivo
para o CAB. Razo das intensidades obtidas antes e depois da extrao por medidas de espectroscopia Raman
(detalhes no texto).
Reduo da massa
Amostra
I1740/I1440
I1740/I1440
(antes da extrao)
(aps extrao)
PE
______
______
M-PE
______
______
CAB-5%
0,6 0,1
0,02 0,01
0,012 0,005
CAB-10%
0,3 0,1
0,03 0,01
0,03 0,01
CAB-20%
1,7 0,2
0,07 0,01
0,06 0,01
CAB-30%
6,1 0,3
0,07 0,01
0,04 0,01
CAB-40%
16 1
0,09 0,02
0,06 0,01
CAB-50%
26 3
0,10 0,02
0,05 0,01
DSC
(%cristalinidade) =
H f
H 0f
100
(1)
A dependncia dos valores de WDSC com a porcentagem de CAB na blenda pde ser
ajustada com a seguinte equao linear WDSC = 34,93 0,26 CAB (% em massa), R = 0,94
(Figura 8a). A queda nos valores de WDSC com o aumento da quantidade de CAB tambm foi
observado para a blenda CAB/PHB [WANG et al., 2003]. Este resultado esperado porque a
cristalinidade de CAB menor, como evidenciado pelos resultados de XRD na Figura 9a. Os
22
P. M . K osaka
estudos foram feitos para todas as blendas de M-PE/CAB para a obteno de informaes
adicionais sobre a miscibilidade e cristalinidade das blendas. Os picos de difrao e o halo
amorfo mostrados na Figura 9b so tpicos de polmeros semicristalinos como o PE. O
polietileno cristaliza com uma conformao trans e pertence classe de cristais
ortorrmbicos. As dimenses da cela unitria so a = 0,742nm, b = 0,495nm e c = 0,254nm
[ELIAS, 1997]. Todos os difratogramas foram decompostos seguindo o ajuste da funo de
Lorentz com a finalidade de quantificar a rea correspondente aos picos de difrao (110) e
(200) e o halo amorfo, como exemplificado na Figura 9b para o PE puro. Os picos de difrao
em 21,5 e 23,8 correspondem aos planos de difrao (110) e (200) observados para o PE e o
M-PE (Tabela 6) [CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al.,2005; ELIAS,
1997]. A distncia interplanar dhkl foi determinada aplicando a equao de Bragg (equao 2):
d hkl =
2 sin hkl
(2)
onde hkl o ngulo de difrao do plano cristalino (hkl) e o comprimento de onda dos
raios-X.
(a)
(b)
35
wDSC(%)
wWAXS(%)
55
30
25
50
45
20
0
10
20
30
40
50
CAB (% em massa)
10
20
30
40
50
CAB (% em massa)
Figura 8 Grau de cristalinidade calculado a partir de (a) dados de DSC, WDSC (%), a linha vermelha o ajuste
linear WDSC = 34,93 0,26 CAB (wt%), R = 0,94 e (b) dados de XRD, WXRD (%), a linha vermelha o ajuste
linear WXRD (%) = 54,62 0,19 CAB (wt%), R = 0,96.
23
P. M . K osaka
(a)
750
500
250
0
10
20
30
(b)
20000
Intensidade (u arb.)
Intensidade (u arb.)
1000
15000
10000
5000
0
10
40
20
2 (graus)
30
40
2 (graus)
Intensidade (u arb.)
15000
(c)
10000
5000
0
10
20
30
40
2 (graus)
Figura 9 Difratogramas de raio-X obtidos para (a) CAB puro, (b) M-PE e (c) CAB-10%. Os smbolos verdes
so dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes Lorentziano.
No caso das blendas, as posies correspondentes aos planos de difrao (110) e (200)
variaram dentro do erro das medidas. Entretanto, as reas correspondentes aos picos de
difrao e ao halo amorfo apresentaram variaes considerveis. A Figura 9c mostra um
difratograma obtido para o CAB-10%. O grau de cristalinidade calculada por XRD (WXRD)
foi calculado pela equao 3 a seguir:
Ac
WXRD (%cristalinidade) =
100
(
)
Ac + Aa
(3)
24
P. M . K osaka
WXRD (%) que os valores de WDSC foram calculados baseados em um valor terico de
-1
0
H f = 294 J.g para um polietileno 100% cristalino [WUNDERLICH; CORMIER, 1967].
Tabela 6 reas correspondentes aos picos de difrao (110) e (200) e o halo amorfo e as posies dos picos.
Os valores das reas so resultados de decomposies seguindo os ajustes de Lorentz.
Posio do
Posio do
pico (110)
pico (200)
(graus)
(graus)
19327
21,5
23,8
6758
20196
21,5
23,8
11616
3971
13546
21,1
23,5
CAB-10%
10591
2987
11702
21,1
23,4
CAB-20%
12294
5112
17553
21,5
23,8
CAB-30%
8682
2897
11525
21,2
23,5
CAB-40%
7528
2494
11160
21,2
23,5
CAB-50%
7919
3051
13447
21,3
23,6
Ac (110)
Ac (200)
Aa
(u arb.)
(u arb.)
(u arb.)
PE
17381
5186
M-PE
16114
CAB-5%
Amostra
O tamanho das partculas dos cristais (L) nas direes (110) e (200) pode ser calculado
a partir da metade da largura do pico de difrao usando a frmula de Scherrer (equao 4)
L=
K
d B cos( )
(4)
onde L o tamanho da partcula expresso na escala do comprimento de onda dos raios-X (),
d a periodicidade de Bragg correspondente ao pico, B a largura do pico meia altura
expresso em radianos e K uma constante com valor de 1,07 [CSER; HOPEWELL;
SHANKS, 2001]. L, esquematicamente representado na Figura 10, composto por Lc, a
espessura da lamela cristalina do PE, e La a espessura da lamela amorfa do PE.
25
P. M . K osaka
50
Lc
L(110)
L(200)
La
L (nm)
(b)
40
30
Lc
20
0
10
20
30
40
50
CAB (wt%)
(a)
Figura 10 (a) Representao esquemtica do tamanho da partcula L, onde Lc a espessura da regio cristalina
do PE na lamela e La a espessura da regio amorfa do PE na lamela e (b) tamanho da partcula L dos cristais ao
logo das direes (110) e (200), calculados usando a frmula de Scherrer,em funo da porcentagem de CAB nas
blendas.
26
P. M . K osaka
Torque (Nm)
50
40
30
20
M-PE-CAP
10
(quadrado laranja).
0
0
500
1000
1500
Tempo (s)
2000
(crculo
rosa)
M-PE-CAB
27
P. M . K osaka
(a)
(b)
Tenso (MPa)
Tenso (MPa)
12
0
0
30
60
90
(%)
Tenso (MPa)
Tenso (MPa)
15
10
0
400
(%)
60
16
(c)
200
40
(%)
20
20
600
800
(d)
12
0
0
400
800
(%)
Figura 12 Curvas de tenso x elongao obtidas para (a) M-PE-CEL, (b) M-PE-CA, (c) M-PE-CAP e (d) MPE-CAB. As (a) e (b) tem comportamento de um polmero entre dctil e frgil e as curvas (c) e (d) so tpicas de
polmeros dcteis.
Sabe-se que a adeso interfacial entre duas fases tem uma grande influncia nas
propriedades mecnicas das misturas (blendas ou compsitos). As propriedades mecnicas
obtidas para todas as amostras esto apresentadas na Figura 13a-13c. Em comparao ao PE
ou M-PE, a adio do polissacardeo levou a um aumento do mdulo de Young (E) (Figura
13a), que supera os correspondentes desvios padres. Este comportamento esperado uma
vez que j de conhecimento geral que o mdulo de um sistema reforado depende das
propriedades dos dois componentes, o reforo e a matriz [MARCOVICH; VILLAR, 2003;
P. M . K osaka
28
MOAD, 1999; ZHANDAROV; MADER, 2005; ZHANG et al., 2002]. Portanto, sendo o
mdulo de um material de reforo (CEL, CA, CAP ou CAB) maior que o mdulo do PE ou
M-PE, os mdulos dos compsitos sero maiores que o do polmero puro. Entretanto, os
valores de tenso no escoamento (y) obtidos para M-PE-CEL, M-PE-CA e M-PE-CAP so
mais altos do que os valores de y determinados para PE-CEL PE-CA e PE-CAP (Figura
13b). A tenso no escoamento (y) geralmente apresenta maior dependncia da adeso
interfacial do que o mdulo de Young (E); por exemplo, a tenso no escoamento pode ser
bem correlacionada com interaes interfaciais em sistemas de polmeros heterogneos
[MARCOVICH; VILLAR, 2003]. Durante o processo de mistura pode ocorrer uma reao de
esterificao entre os grupos COOH e C=O grafitizados no M-PE e as hidroxilas dos
polissacardeos, formando um copolmero grafitizado [BALASURIYA et al., 2002;
CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005; JOSEPH; JOSEPH;
THOMAS, 2002]. A ligao qumica entre as duas fases promove uma melhor transferncia
da carga aplicada da matriz para a fase de reforo, levando a uma maior tenso no
escoamento. Esta tendncia observada na Figura 13b, onde os maiores valores de y foram
encontrados para os compsitos preparados com CEL e CAP, que possuem a maior
quantidade de grupos hidroxilas por monmero (DSOH 0,5). Entretanto, interessante
observar que na ausncia de anidrido malico (AM) os valores de y so baixos, indicando
que as foras dispersivas entre a poliolefina hidrofbica e os resduos dos steres de celulose
tm um papel pequeno na adeso interfacial. Outra observao importante que o PE-CEL
apresenta uma tenso no escoamento maior que o PE e o M-PE. Este aumento nos valores da
tenso no escoamento, y, no compsito PE-CEL reflete a contribuio das propriedades do
material de reforo (CEL). Em outras palavras, 20% em massa de CEL aumenta a resistncia
ao escoamento dos compsitos preparados com PE porque a CEL muito mais rgida que o
PE.
29
P. M . K osaka
(a)
PE-CAB
M-PE-CAB
M-PE-CAP
PE-CAP
M-PE-CA
PE-CA
PE-CEL
M-PE-CEL
8
PE, M-PE
y(MPa)
PE-CAB
(b)
12
M-PE-CAB
M-PE-CAP
PE-CAP
PE-CA
M-PE-CA
PE-CEL
0,05
M-PE-CEL
0,10
PE, M-PE
E(GPa)
0,15
0
1200
(c)
b(%)
800
400
Figura 13 - Propriedades mecnicas medidas para PE, PE-CA, PE-CAP, PE-CAB, M-PE-CA, M-PE-CAP e MPE-CAB (a) Mdulo de Young (E), (b) tenso no escoamento (y) e (c) elongao na ruptura (), onde: (A) PE e
M-PE, (B) PE-CEL, (C) M-PE-CEL, (D) PE-CA, (E) M-PE-CA, (F) PE-CAP, (G) M-PE-CAP, (H) PE-CAB, (I)
M-PE-CAB.
Nesta parte, a quantidade de polissacardeo foi fixada em 20% em massa, que o mais
usado para compsitos. Observou-se anteriormente [KOSAKA et al., 2006] que nas blendas
de M-PE e CAB, a adio de 5 ou 10% em massa de CAB ao M-PE forma materiais com
propriedades mecnicas superiores do que as obtidas para o PE ou M-PE. Entretanto, misturas
com porcentagem de CAB entre 20 e 40% em massa tiveram propriedades mecnicas
comparveis s observadas para o PE ou M-PE. Este efeito pode ser explicado com base no
limite de miscibilidade de at 10% em massa de CAB na fase amorfa do PE, como
evidenciado por medidas de XRD e DSC. Os valores mdios de y obtidos para o PE-CAB e
M-PE-CAB (Figura 13b) foram menores do que os obtidos para o PE e M-PE, corroborando
com os resultados anteriores.
Em comparao com o PE puro, observou-se uma queda na elongao na ruptura (b)
para todas as amostras. Entretanto, este efeito menos pronunciado na presena de M-PE,
P. M . K osaka
30
31
P. M . K osaka
(b)
(a)
10m
20m
(d)
(c)
2m
5m
Figura 14 - Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas de (a) PE-CEL, (b) PE-CA, (c) PE-CAP (d)
PE-CAB.
32
P. M . K osaka
(a)
(b)
5m
20m
(c)
(d)
5m
10m
Figura 15 - Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas de (a) M-PE-CEL, (b) M-PE-CA, (c) M-PECAP (d) M-PE-CAB.
33
P. M . K osaka
relao aos compsitos preparados com CA, CAP e CAB, a acetona foi usada para extrair os
polissacardeos. importante lembrar que a acetona no dissolve o PE ou o M-PE, ela
dissolve apenas os steres de celulose. Na ausncia de AM, as quantidades extradas do PECA, PE-CAP e PE-CAB foram 6,66%, 4,55% e 5,58% em massa, respectivamente.
Entretanto, no caso dos compsitos preparados com M-PE, as quantidades extradas dos
polissacardeos foram menores. Particularmente nos casos do M-PE-CAP e M-PE-CAB as
quantidades extradas caram para 1,56% e 1,74% em massa, respectivamente, indicando que
a adeso interfacial formada entre o M-PE e o ster de celulose no foi dissolvida pela
acetona. Estes resultados servem para afirmar que o AM tem um papel importante na adeso
interfacial entre a matriz e o polissacardeo. Portanto, os polissacardeos com um grande
nmero de grupos hidroxilas por monmero interagem mais fortemente com o M-PE.
Tabela 7 - Reduo de massa determinada por gravimetria aps extrao com solvente seletivo. Razo das
intensidades obtidas antes e depois da extrao por espectroscopia Raman (detalhes no texto).
Amostra
Reduo de
massa aps
extrao (%)
I1373/I1440
antes da
extrao
PE
M-PE
I1740,/I1440
depois da
extrao
I1373/I1440
aps
extrao
I1740/I1440
antes da
extrao
____
____
____
____
____
____
____
____
PE-CEL
80 1(a)
0,021 0,001
0,13 0,06
____
____
M-PE-CEL
74 1(a)
0,063 0,003
0,17 0,08
____
____
PE-CA
6,66 0,03(b)
____
____
0,073 0,004
0,042 0,002
M-PE-CA
5,57 0,03(b)
____
____
0,062 0,003
0,044 0,002
PE-CAP
4,55 0,02(b)
____
____
0,071 0,004
0,042 0,002
M-PE-CAP
1,56 0,01(b)
____
____
0,071 0,004
0,062 0,003
PE-CAB
5,58 0,03(b)
____
____
0,055 0,003
0,033 0,002
M-PE-CAB
1,74 0,02
____
____
0,072 0,004
0,061 0,003
34
P. M . K osaka
-1
1440 cm
-1
(d)
(c)
(b)
(a)
2000
1500
1000
-1
35
P. M . K osaka
(a)
Intensidade (u arb.)
Intensidade (u arb.)
2000
1500
1000
500
0
10
20
30
750
500
250
0
10
40
2 (graus)
30
1500
(c)
Intensidade (u arb.)
Intensidade (u arb.)
20
40
2 (graus)
2500
2000
(d)
1000
1500
1000
500
0
10
(b)
20
2 (graus)
30
40
500
0
10
20
30
40
2 (graus)
Figura 17 - Difratogramas de raio-X obtidos para (a) CEL, (b) CA, (c) CAP e (d) CAB. Os smbolos verdes so
dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes Lorentziano.
36
P. M . K osaka
picos de difrao em 21,5C e 23,8C (Tabela 8) correspondem aos planos de difrao (110) e
(200), respectivamente [CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005;
ELIAS, 1997;].
Intensidade (u arb.)
Intensidade (u arb.)
20000
(b)
(a)
(110)
20000
10000
(200)
0
10
20
30
40
(110)
15000
10000
(200)
5000
0
10
2 (graus)
20
30
40
2 (graus)
Figura 18 - Difratogramas de raios-X obtidos para (a) PE puro e (b) M-PE-CAP. Os smbolos verdes so dados
experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes Lorentziano.
37
P. M . K osaka
M-PE-CAP (decrscimo de 5%), que apresentou o maior valor para a tenso no escoamento
(y). No entanto, as constantes da cela unitria no foram afetadas pelo processamento, pois
no foi observada nenhuma mudana nas posies dos picos cristalinos (110) e (200).
Tabela 8 reas correspondentes aos picos cristalinos (110) e (200), ao halo amorfo, posio dos picos (110) e
(200) e grau de cristalinidade (WXRD).
Pico,
Pico,
posio
posio
(110)
(200)
(grau)
(grau)
19,0
21,5
23,8
54
6,9
19,6
21,5
23,8
54
13,0
5,6
21,4
21,5
23,8
47
PE-CA
12,8
4,8
16,5
21,5
23,8
52
PE-CAP
12,7
4,8
17,1
21,5
23,8
51
PE-CAB
12,2
5,2
16,4
21,4
23,7
51
M-PE-CEL
13,6
5,8
20,6
21,5
23,8
46
M-PE-CA
12,7
4,6
17,0
21,5
23,8
50
M-PE-CAP
12,2
4,5
17,0
21,5
23,8
49
M-PE-CAB
12,4
5,2
17,2
21,5
23,8
51
rea
rea
rea,
(110)
(200)
Halo amorfo
(u a.)
(u a.)
(u a.)
PE
17,5
5,2
M-PE
16,3
PE-CEL
Amostra
WXRD
(%)
(
1)
38
P. M . K osaka
5 Concluso
5.1 Blendas de Polietileno Maleado e Acetato Butirato de Celulose
As estruturas e propriedades das blendas de M-PE e CAB preparadas com quantidades
de CAB variando de 5-50% em massa foram investigadas com diferentes tcnicas
experimentais. Os principais resultados foram:
P. M . K osaka
39
A queda no grau de cristalinidade (GC), determinado por XRD, foi mais pronunciada
no M-PE-CEL e no M-PE-CAP. A adio de CEL, CA, CAP ou CAB no causou
nenhuma mudana nos valores das constantes da cela unitria ou nos valores de Tm
determinados para o PE ou M-PE por XRD e DSC, respectivamente;
40
P. M . K osaka
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behaviors of maleated polyethylene and its composite with fibrous cellulose. J. Appl.
Polym. Sci. v.89, n.12, 3292-3300, 2003.
P. M . K osaka
46
P. M . K osaka
47
outro lado, a morfologia e a rugosidade dos filmes finos polimricos (50 nm < espessura
mdia < 200 nm) dependem do solvente escolhido para a preparao da soluo polimrica
[CUI et al., 2006; LIN; MLLER; BINDER, 2004; MLLER-BUSCHBAUM et al., 2001;
PETRI, 2002; STRAWHECKER et al., 2001; WALSH; FRANSES, 2003]. O solvente precisa
ser um bom solvente para o polmero, mas importante lembrar que o solvente pode competir
pelo substrato [SILBEBERG, 1968]. O balano entre a interao substrato-polmero e
interao substrato-solvente tem um papel relevante na morfologia resultante dos filmes
preparados por revestimento rotacional [LIN; MULLER; BINDER, 2004; PETRI, 2002;
SILBEBERG, 1968]. Para estudar o efeito do solvente nas caractersticas dos filmes finos (50
nm < espessura < 150 nm) de acetato de celulose (CA), propionato acetato de celulose (CAP)
e butirato acetato de celulose (CAB), logo aps o revestimento rotacional e aps tratamento
trmico acima das suas temperaturas de transio vtrea (Tg), foram escolhidos dois bons
solventes, a acetona e o acetato de etila, que apresentam polaridade e taxa de evaporao
distintas para avaliar o seu efeito na formao dos filmes.
As aplicaes tecnolgicas citadas acima requerem que os filmes de steres de
celulose sejam estveis. Por outro lado, a estabilidade de filmes polimricos ultrafinos
(espessura < 10nm) controlada pela energia superficial do polmero e tenso interfacial entre
o substrato e o filme polimrico. Quando o trabalho de coeso maior que o trabalho de
adeso, o filme ultrafino torna-se instvel e ocorre um fenmeno denominado dewetting ou
repelncia [REITER, 1992; REITER, 1993].
A estabilidade dos filmes ultrafinos (espessura < 10 nm) de steres de celulose foi
estudada quando eles foram aquecidos (tratamento trmico ou recozimento) acima das suas
temperaturas de transio vtrea. As propriedades superficiais foram determinadas
experimentalmente para o CA, CAP e CAB com medidas de ngulo de contato. A
estabilidade dos filmes foi estudada por microscopia de fora atmica e analisadas com base
48
P. M . K osaka
1999;
ERIKSSON;
NOTLEY;
WGBERG,
2007;
NOTLEY;
PETTERSON;
WGBERG, 2004; NOTLEY et al., 2006;] sobre propriedades superficiais de filmes finos de
celulose, mas poucos estudos sobre a superfcie e comportamento interfacial de filmes finos
de steres de celulose.
A adsoro de polissacardeos sobre substratos slidos produz um meio para a
imobilizao de biomolculas [CHARREYRE et al., 1997; PETRI et al., 1999; SACKMANN,
1996; WIEGAND et al., 1997] dando condies para o desenvolvimento de biossensores
[DELAIR et al., 1999] e kits para diagnstico. importante que a adsoro no induza
mudanas conformacionais severas na enzima.
P. M . K osaka
49
[FORESTI;
FERREIRA, 2007]. O uso de suportes microporosos com carter hidrofbico pode aumentar
as propriedades catalticas da lipase imobilizada quando comparada a lipase livre, porque a
concentrao do substrato na interface lquido-slido maior do que aquela em soluo
[GRIFFITHS; BOSLEY, 1993; MALCATA et al., 1990; PIERRE et al., 2006].
A aplicao potencial dos filmes ultrafinos de steres de celulose como substratos para
a separao de protenas foi estudada com a adsoro de BSA e lipase sobre filmes
hidroflicos e hidrofbicos de CA, CAP e CAB. Os filmes ultrafinos de CA, CAP e CAB
foram caracterizados por elipsometria, microscopia de fora atmica (AFM) e medidas de
ngulo de contato. A atividade enzimtica da lipase foi quantificada com um procedimento
padro.
50
P. M . K osaka
2 Fundamentao Terica
2.1 Influncia do solvente na formao de filmes por revestimento rotacional (spin coating)
Quando uma soluo colocada em um substrato slido que em seguida girado com
uma velocidade constante ocorre a evaporao do solvente e, aps certo tempo, um filme
formado. Este processo chamado revestimento rotacional (spin coating) e permite formar
filmes uniformes em substratos planos com espessuras reprodutveis e controladas. A
importncia do revestimento rotacional manifestada no seu amplo uso na cincia e na
indstria de microeletrnica para a preparao de filmes polimricos fotoresistentes
[NORRMAN; GHANBARI-SIAHKALI; LARSEN, 2005; KONTURI et al., 2007].
O processo de revestimento rotacional pode ser dividido em trs estgios. No primeiro
estgio, o substrato coberto pela soluo polimrica (ver Figura 01). Aqui duas situaes
devem ser consideradas. Se as interaes entre o polmero e o substrato so mais fortes do que
as interaes entre o substrato e o solvente, as cadeias polimricas iro preferencialmente
cobrir o substrato. Caso contrrio, se as interaes entre as molculas do solvente e do
substrato so mais fortes do que as interaes entre o substrato e as cadeias do polmero, pode
haver a formao de uma monocamada de solvente sobre o substrato, a qual provocar uma
morfologia diferente do filme polimrico sobre o substrato. Este tipo de competio controla a
adsoro de polmeros a partir de solues em superfcies inorgnicas [FOWKES, 1987;
COHEN STUART et al., 1991], como descrito originalmente por Silberberg [SILBEBERG,
1968]:
pos = [fps fos + (fpp foo)] / kT
(1)
onde pos a energia de adsoro envolvida na adsoro do polmero no substrato; fps, fos, fpp,
foo
representam
as
energias
de
interao
polmero/substrato,
solvente/substrato,
51
P. M . K osaka
(1)
(2)
(3)
Solvente
Base
giratria
Soluo
polimrica
Filme sobre
o substrato
(4)
(6)
(5)
Figura 1 - Representao esquemtica do preparo de filmes polimricos finos e homogneos por
revestimento rotacional (spin coating) sobre lminas de Si.
52
P. M . K osaka
d=3
3
2 2 2
(2)
dewetting dirigido por foras capilares atuantes na linha de contato das 3 fases (substrato,
lquido e ar), como mostra a Figura 2. Esta fora capilar resultante do balano entre as
tenses interfaciais lquido-ar, lquido-substrato e substrato-ar, e est diretamente relacionada
com o ngulo de contato (Figura 2).
53
P. M . K osaka
LV
Vapor
SL Lquido
Slido
Figura 2 - Representao esquemtica de uma gota de um lquido colocado em uma superfcie slida ideal
formando um ngulo de contato () com a superfcie.
interfacial entre o lquido e o slido e
LV
SL
a energia
dewetting pode comear devido a dois mecanismos: (i) nucelao, que iniciada por defeitos
como partculas de sujeira ou por nucleao trmica ou (ii) decomposio spinodal, onde
foras de van der Waals so relevantes e o processo sensvel a espessura do filme [REITER,
1992; SEEMAN; HERMINGHAUS; JACOBS, 2001].
54
P. M . K osaka
Dewetting completo
Figura 3 Seqncia das formas das bordas durante os primeiros estgios de dewetting dos filmes finos.
(3)
A
12d 2
(4)
A poli / poli
= 2 S
12d 2
(5)
55
P. M . K osaka
(6)
3 3
= kT 1
poli / substrato
4 1+ 3
2 3 3h
n12 n32 n 22 n32
+
8 2 n 2 + n 2 n 2 + n 2 n 2 + n 2 + n 2 + n 2
3
2
3
1
3
1
3
2
3
1
)(
(7)
onde k a constante de Boltzmann, T a temperatura, a constante dieltrica do meio,
56
P. M . K osaka
Quando uma gota de um lquido colocada em uma superfcie slida ela forma um
ngulo com a superfcie, chamado ngulo de contato (Figura 2, pgina 53). Nas condies
de equilbrio termodinmico, Young em 1805 mostrou que:
S = SL + LV cos
(8)
WSL = S + LV SL
(9)
LV (1 + cos ) = WSL
(10)
57
P. M . K osaka
total = d + p + i
(11)
WSl = 2 S LV + 2 S LV + 2 S LV
(12)
LV (1 + cos ) = 2 ( S LV ) + 2 ( S LV ) + 2 ( S LV )
d
(13)
LV
LV
(1 + cos ) = 2
1/ 2
LV
1/ 2
(14)
d
58
P. M . K osaka
(1 + cos ) = 4
LV
LV
LV
+
+ +
d
LV
LV
(15)
Se as medidas de ngulo de contato forem feitas com pelo menos dois lquidos de
d
p
LV e LV conhecidas sobre as superfcies polimricas, possvel resolver a equao 14
59
P. M . K osaka
3 Materiais
Placas de silcio (100) adquiridas da Silicon Quest (California, EUA) com uma
camada nativa de SiO2 de aproximadamente 2 nm foram usadas como substratos. As placas de
silcio com dimenses de (1.0 x 1.0) cm2 foram limpas em mistura oxidativa (NH3 (15% vol.)
+ H2O2 (15% vol.) + H2O (70% vol.)), enxaguadas e secas com jato de N2 [PETRI et al.,
1999]. Os polissacardeos usados foram acetato de celulose (CA-398-3), propionato acetato de
celulose (CAP-482-0.5 e CAP-504-0.5) e butirato acetato de celulose (CAB-381-0.5 e CAB551-0.2), gentilmente cedidos pela Eastman Chemical Co., Brasil. Acetona ou acetato de etila
com grau analtico foram usadas para preparar as solues dos polmeros nas concentraes
de 5 - 20 mg mL-1. As caractersticas dos steres de celulose e os cdigos usados esto
apresentados na Tabela 01. As estruturas qumicas do substrato, dos polissacardeos e dos
solventes esto esquematicamente representadas na Figura 4. Lipase obtida a partir de
Candida rugosa, (Sigma, EUA, L1754) foi usada sem purificao prvia.
(a)
(b)
Substrato
Polissacardeo
OH OH OH
Si
Si
Si
SiO2
OR
OR
RO
O
O
RO
OR
O
OR
Si
Solventes
O
(c)
(d)
O
Figura 4 - Representao esquemtica das estruturas qumicas de (a) substrato, (b) CA quando R = COCH3,
CAP quando R = COC2H5 e CAB quando R = COC3H7 (no caso do CAP e do CAB grupos acetato tambm esto
presentes na estrutura), (c) acetona e (d) acetato de etila.
60
P. M . K osaka
Tabela 1 Caractersticas dos polissacardeos fornecidas pelo fabricante: massa molar mdia ponderal ( M w), ponto de fuso (Tm), grau de esterificao para o acetato
(DSac), propionato (DSpr), butirato (DSbu) e hidroxila (DSOH), ndice de refrao (n) para comprimento de onda de 632,8 nm. O grau de esterificao a razo entre os
grupos ster e os resduos de glicose.
Tg (C)
Tm (C)
DSac
DSpr
DSbu
DsOH
n632,8
100.000
184
229
2,8
0,2
1,475
CAP - 2.3
25.000
142
184
0,2
2,3
0,5
1,475
CAP-504-0.5
CAP - 2.1
15.000
159
184
0,1
2,1
0,8
1,475
CAB-381-0.5
CAB 1.8
20.000
125
160
1,0
1,8
0,2
1,480
CAB-551-0.2
CAB 2.5
30.000
101
135
0,2
2,5
0,3
1,475
Amostra
Cdigo
CA-398-3
CA - 2.8
CAP-482-0.5
(g mol-1)
P. M . K osaka
61
4 Mtodos
4.1 - Preparao dos filmes
Os filmes ultrafinos de steres de celulose foram preparados por revestimento
rotacional (spin coating) ou adsoro.
4.1.2 Adsoro
Placas de silcio limpas foram imersas em solues homogneas de CA-2.8, CAP-2.3,
CAP-2.1, CAB-1.8 and CAB-2.5 preparadas em acetona ou acetato de etila na concentrao
de 5 ou 10 mg/mL. Aps 21 horas (para garantir equilbrio de adsoro) elas foram retiradas
das solues, lavadas com acetona ou acetato de etila e secas com jatos de N2. Foi feito o
tratamento trmico em metade das amostras em uma estufa a vcuo (60 mm Hg) por 4, 15, 60
e 168 horas a 170C ou o recozimento por 4 horas a uma temperatura 5C acima da
correspondente temperatura de fuso (Tm), no caso do CA-2.8, CAP-2.3 e CAP-2.1 ou acima
da temperatura de transio vtrea (Tg) no caso do CAB-1.8 e CAB-2.5 (ver Tabela 1 para Tg
e Tm). Os filmes ultrafinos (espessura < 10nm) de steres de celulose foram caracterizados
62
P. M . K osaka
antes e depois do tratamento trmico por elipsometria, microscopia de fora atmica (AFM) e
medidas de ngulo de contato.
4.3 Elipsometria
Esta tcnica mede mudanas de estado de polarizao da luz refletida a partir de uma
superfcie plana e refletora. As medidas de elipsometria foram realizadas em ar, o
equipamento utilizado foi o DRE-EL02 elipsmetro (Ratzeburg, Alemanha). O ngulo de
incidncia foi ajustado em 70 e o comprimento de onda () do laser He-Ne fixado em de
632,8 nm.
Para a interpretao, um modelo de multicamadas composto pelo substrato, a camada
desconhecida e o ar foi usado. A espessura (dx) e o ndice de refrao (nx) da camada
desconhecida podem ser calculados a partir dos ngulos elipsomtricos, e , usando a
equao fundamental da elipsometria e clculos interativos com as matrizes de Jones
[AZZAM; BASHARA, 1979]:
tan ei = Rp/Rs = f (n, d, , )
(16)
63
P. M . K osaka
= .dprotena
(17)
64
P. M . K osaka
silcio com freqncia de ressonncia prxima de 300 KHz. As reas varridas variaram de (80
x80) m2 a (1 x 1) m2 com uma resoluo de 512 x 512 pixels. O processamento das
imagens e a determinao da rugosidade (rms) foram feitos com o uso do software Pico Scan
ou do software WSxM 4.0. Pelo menos dois filmes de cada amostra foram analisados em
diferentes reas antes e depois do tratamento trmico ou da imobilizao da lipase.
A espessura dos filmes finos (30nm < espessura < 200nm) obtidos por revestimento
rotacional foi determinada a partir de um risco feito na superfcie do filme, a partir do qual se
obteve a diferena de altura medida pela ponta, como esquematizado na Figura 5. A diferena
de altura determinada pelas sees transversais resolvidas pelo software Pico Scan.
(m)
80
Z (nm)
80
dAFM
40
20
40
60
80
x (m)
0
80
(m)
Figura 5 - Imagem (80x80) m2 do filme CAP preparado em acetato de etila (5mg/mL) aps recozimento
ilustrando a medida da espessura do filme por AFM (dAFM), a linha vermelha a seo transversal.
65
P. M . K osaka
superfcie [ADAMSON, 1982]. Pelo menos trs amostras de cada composio foram
analisadas antes e depois do tratamento trmico e depois da adsoro de lipase ou BSA sobre
os filmes ultrafinos de steres de celulose.
Para a determinao de energia superficial dos steres de celulose (S) os lquidos teste
usados foram: diiodometano, formamida e gua. Gotas de 8l foram usadas para os ngulos
Diiodometano, Formamida e gua. Foram analisadas pelo menos trs amostras de cada composio
para cada lquido. Somente filmes polimricos muito lisos, ou seja, que apresentaram
rugosidade prxima a das lminas de Si/SiO2 foram utilizadas para a determinao de S.
Micro-seringa
Lente de
aumento
Fonte de luz
Projeo da
gota
Cmera digital
Substrato com a
gota de gua
Computador: leitura
dos ngulos de contato
Figura 6 Esquema da montagem experimental usada para medida de ngulo de contato de superfcies planas.
(CH2)10
O2N
Me
Lipase
Isopropanol
PBS
37C
OH
O 2N
p-NFD
p-NF
HOOC
(CH2)10
Me
P. M . K osaka
66
P. M . K osaka
67
5 Resultados e Discusso
5.1 Influncia do solvente nos filmes finos (30 nm < d < 200nm) preparados por
revestimento rotacional (spin coating)
A preparao de filmes polimricos por revestimento rotacional rpida e prtica, mas
as caractersticas dos filmes obtidos dependem de vrios fatores. De uma maneira geral,
solues mais concentradas ou mais viscosas (polmeros de alta massa molar) resultam em
filmes mais espessos e maiores velocidades angulares levam a filmes mais finos. Schubert e
Dunkel [2003] descreveram a dependncia da espessura de filmes de PS preparados em
tolueno com a concentrao da soluo polimrica, massa molar mdia do polmero e
velocidade angular, em diferentes regimes de diluio. Outros fatores importantes so
temperatura e umidade relativa no local de preparo dos filmes. Alm disso, a escolha do
solvente muito importante, pois ele deve dissolver muito bem o polmero e apresentar baixa
volatilidade [NORRMAN; GHANBARI-SIAHKALI; LARSEN, 2005].
A acetona e o acetato de etila so bons solventes para o CA, CAP e o CAB [EDGAR
et al., 2000; EDGAR, 2007]. Entretanto, os filmes finos preparados por revestimento
rotacional a partir de solues de acetona diferem daqueles obtidos a partir de solues de
acetato de etila. A dependncia da espessura dos filmes de acetato de celulose (CA-2.8) com a
concentrao das solues preparadas em acetona e acetato de etila esto apresentadas na
Figura 7. Os valores de dAFM obtidos para filmes preparados a partir de solues em acetona
antes (Figura 7a) e depois (Figura 7b) de 15 horas de recozimento aumentaram com o
aumento de concentrao de CA-2.8. Antes do recozimento, o aumento de dAFM com a
concentrao de CA-2.8 no pode ser ajustado por regresso linear (ver Tabela 2), mas a taxa
de aumento de dAFM com a concentrao de CA-2.8 pde ser determinada por regresso linear
como sendo 7,8 0,8 nm mL/mg no caso de filmes recozidos (Figura 7b e Tabela 2). J os
valores de dELLI apresentaram um mximo para concentrao em 13 mg/mL. O modelo de
68
P. M . K osaka
multicamadas utilizado para calcular a espessura por elipsometria considera que todas as
camadas so isotrpicas. Portanto, o comportamento observado pode ser devido alta
cristalinidade do acetato de celulose, que gera filmes anisotrpicos a partir de ~120 nm de
espessura, os quais so obtidos a partir de solues na concentrao prxima a 12 mg/mL.
Imagens topogrficas de filmes finos de CA-2.8 preparados a partir de solues 5 mg/mL em
acetona antes do recozimento (Figura 8a) confirmam a presena de estruturas bem ordenadas,
que depois de 15 horas de recozimento (Figura 8b) se agrupam em gros ou ncleos
cristalinos, explicando, portanto, os resultados de dELLI observados nas Figuras 7a e 7b. Notase tambm um aumento da rugosidade mdia aps o recozimento. Filmes mais espessos de
CA-2.8 preparados a partir de solues 20 mg/mL tambm apresentaram estruturas granulares
(Figura 9a) e bem organizadas (Figura 9d). Entretanto, aps o recozimento houve substancial
reduo da rugosidade.
Elipsometria
(a)
Acetona
Acetato de etila
160
AFM
dAFM(nm)
dELLI(nm)
120
80
(c)
Acetona
Acetato de etila
120
80
40
40
0
160
(b)
160
dAFM(nm)
120
dELLI(nm)
(d)
200
120
80
40
80
40
0
0
10
15
-1
[CA] (mg.mL )
20
0
0
10
15
20
-1
[CA] (mg.mL )
Figura 7 Espessura dos filmes de CA-2.8 medidos por elipsometria (dELLI) ou AFM (dAFM) em funo da
concentrao de CA em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de etila (crculo azul), as linhas vermelha e azul
so os ajustes lineares das amostras feitas a partir de solues de acetona ou acetato de etila, respectivamente (a)
dELLI sem tratamento trmico, (b) dELLI aps o tratamento trmico, (c) dAFM sem tratamento trmico e (d) dAFM
aps tratamento trmico.
69
P. M . K osaka
rms = 20 nm
Acetona
(b)
rms = 4,6 nm
Acetato
de etila
(d)
rms = 28 nm
rms = 9,8 nm
Acetona
Acetato
de etila
Figura 8 Imagens topogrficas de AFM dos filmes finos de CA-2.8 (5mg/mL) preparados em solues de (a)
acetona (Z = 150nm) (b) acetona aps recozimento (Z = 200nm), (c) acetato de etila (Z = 40nm) e (d) acetato de
etila aps recozimento (Z = 70nm).
70
P. M . K osaka
CA-2.8
Aps
tratamento
trmico
Sem
tratamento
trmico
(a)
rms = 14,5 nm
(d)
rms = 8,4 nm
CAP-2.3
CAB-1.8
(b)
rms = 47 nm
(c)
rms = 28 nm
(e)
rms = 0,6 nm
(f)
rms = 0,4 nm
Figura 9 Imagens de AFM (5x5)m obtidas para os filmes finos de steres de celulose preparados a partir de
solues de acetona (20mg/mL) (a) filme de CA-2.8 (Z = 90 nm), (b) filme de CAP-2.3 (Z = 320 nm), (c) filme
de CAB-2.8 (Z = 220nm), (d) filme de CA-2.8 aps tratamento trmico (Z = 30 nm), (e) filme de CAP-2.3 aps
tratamento trmico (Z = 5 nm), (f) filme de CAB-1.8 aps tratamento trmico (Z = 4 nm).
CA-2.8
(a)
CAP-2.3
Sem
tratamento
trmico
(b)
rms = 2,9 nm
CAB-1.8
(c)
rms = 4,9 nm
rms = 28,3 nm
Aps
tratamento
trmico
(d)
(e)
rms = 0,4 nm
(f)
rms = 0,3 nm
rms = 13 nm
Figura 10 Imagens de AFM (5x5)m2 obtidas para os filmes finos de steres de celulose preparados a partir de
solues de acetato de etila (20mg/mL) (a) filme de CA-2.8 ((20x20)m2 and (Z = 225 nm)) e zoom (Z = 70
nm), (b) filme de CAP-2.3 (Z = 50 nm), (c) filme de CAB-1.8 (Z = 50nm), (d) filme de CA-2.8 aps tratamento
trmico ((20x20)m2 and (Z = 145 nm)) e zoom (Z = 87 nm), (e) filme de CAP-2.3 aps tratamento trmico (Z
= 3 nm) e (f) filme de CAB-1.8 aps tratamento trmico (Z = 5 nm).
71
P. M . K osaka
Elipsometria
160
(a)
Acetona
Acetato de etila
dAFM (nm)
dELLI(nm)
(c)
Acetona
Acetato de etila
160
120
120
80
40
80
40
(b)
160
0
200
dAFM (nm)
120
dELLI(nm)
AFM
200
80
(d)
150
100
50
40
0
0
10
15
-1
[CAP] (mg.mL )
20
10
15
20
-1
[CAP] (mg.mL )
Figura 11 - Espessura dos filmes de CAP medidos por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em funo da
concentrao de CAP nas solues em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de etila (crculo azul), as linhas
vermelha e azul so os ajustes lineares para amostras preparadas a partir de solues de acetona ou acetato de
etila, respectivamente. (a) dELI sem tratamento trmico, (b) dELI aps tratamento trmico (c) dAFM sem tratamento
trmicoe (d) dAFM aps tratamento trmico.
P. M . K osaka
72
Imagens topogrficas obtidas para filmes espessos (~120 nm) de CAP-2.3 preparados a
partir de solues em acetona antes do recozimento (Figura 9b) so muito rugosos com rms
= 47 nm, mas depois do recozimento se tornam lisos (Figura 9e) com rms = 0,6 nm. Filmes
espessos (~120 nm) de CAP-2.3 preparados a partir de solues em acetato de etila antes
do recozimento (Figura 10b) apresentam depresses nas camadas mais superiores do filme
e baixa rugosidade, rms = 2,9 nm. Aps o recozimento, as depresses desaparecem,
obtendo-se filmes extremamente lisos e homogneos (Figura 10e) com rms = 0,4 nm. Para
comparao, lminas de Si, que so substratos muito lisos e homogneos, apresentam rms
= 0,12 nm.
No caso do propionato acetato de celulose a acetona parece influenciar mais a
estrutura interna do filme, o que levaria a maiores taxas de crescimento de espessura com o
aumento de concentrao de polmero. Entretanto, em condies de equilbrio, grupos propila
das cadeias de CAP podem se orientar para o ar, que tambm um meio hidrofbico,
diminuindo a energia livre do sistema e deixando-os mais homogneos. Portanto,
independentemente do solvente, a superfcie dos filmes preparados a partir de acetona e de
acetato de etila devem ser ricas em grupos propila. Medidas de ngulo de contato feitas com
gotas de gua destilada sobre as superfcies mostradas nas Figuras 10e e 11e resultaram em A
= (69,0 0,5)o e R = (65,0 0,7)o , independentemente do solvente usado para a preparao
do filme, indicando hidrofobicidade e homogeneidade na superfcie.
73
P. M . K osaka
Tabela 2 - Ajustes lineares com os coeficientes de regresso, R, obtidos para a dependncia de espessura do
filme medido por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em funo da concentrao do ster de celulose (C, g/L) na
soluo preparada em acetona ou acetato de etila, sem o tratamento trmico (STT) e com o tratamento trmico
(CTT). Os coeficientes lineares esto entre parnteses com as correspondentes unidades.
Polmero
Solvente
Ajuste linear
CA-2.8
Acetona
CA-2.8
Acetato
de Etila
CAP-2.3
Acetona
CAP-2.3
Acetato
de Etila
CAB-1.8
Acetona
CAB-1.8
Acetato
de Etila
74
P. M . K osaka
(Figura 12c) e depois (Figura 12d) de 15 horas de recozimento, 5,2 0,3 nm mL/mg e 6,2
0,4 nm mL/mg (Tabela 2), respectivamente. No caso do CAB-1.8 tambm nota-se a influncia
do solvente na estrutura dos filmes.
As Figuras 9c e 9f apresentam imagens topogrficas obtidas para filmes espessos
(~120 nm) de CAB-1.8 preparados a partir de solues em acetona. Antes do recozimento
(Figura 9c),filmes so rugosos com rms = 28 nm, mas depois do recozimento se tornam lisos
(Figura 9f) com rms = 0,4 nm. Filmes espessos (~120 nm) de CAB-1.8 preparados a partir de
solues em acetato de etila antes do recozimento (Figura 10c) apresentam baixa rugosidade,
rms = 4,9 nm e algumas estruturas anelares. Aps o recozimento, os anis desaparecem,
obtendo-se filmes extremamente lisos e homogneos (Figura 10f) com rms = 0,3 nm.
Elipsometria
160
(a)
Acetona
Acetato de etila
dAFM (nm)
(c)
Acetona
Acetato de etila
160
120
dELLI (nm)
AFM
200
120
80
40
80
40
(b)
160
0
200
(d)
160
dAFM (nm)
dELLI (nm)
120
80
40
120
80
40
0
0
0
10
15
20
-1
[CAB] (mg.mL )
10
15
20
-1
[CAB] (mg.mL )
Figura 12 - Espessura dos filmes finos de CAB-1.8 medidos por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em funo
da concentrao de CAB nas solues em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de etila (crculo azul), as
linhas vermelha e azul so os ajustes lineares para amostras preparadas a partir de solues de acetona ou acetato
de etila, respectivamente. (a) dELI sem tratamento trmico, (b) dELI aps tratamento trmico (c) dAFM sem
tratamento trmico e (d) dAFM aps tratamento trmico.
75
P. M . K osaka
[KONTTURI;
THNE;
NIEMANTSVERDRIET,
NIEMANTSVERDRIET,
2003b].
explicao
2003a;
para
estas
KONTTURI;
observaes
experimentais foi baseada na menor volatilidade do tolueno, que permite um maior tempo de
permanncia do filme fludo sobre o substrato, produzindo filmes mais uniformes. Os filmes
de steres de celulose estudados neste trabalho foram preparados a partir de solues em
acetato de etila ou acetona. Os filmes de melhor qualidade e maior homogeneidade foram
aqueles preparados a partir de acetato de etila. Uma vez que acetato de etila menos voltil
que a acetona [WEAST, 1985], podemos concluir que a permanncia mais longa da soluo
polimrica sobre o substrato leva a filmes mais uniformes, como sugerido por Walsh e
Franses no estudo de filmes de PMMA.
As interaes cido-base tm um papel muito importante na adeso de revestimentos
polimricos, produzidos a partir de solues de solventes orgnicos, em xidos metlicos
[BOLGER, 1983; CHAUDHURY, 1996; FOWKES, 1987; LIU; ZHANG; LASKOWSKI,
2000] e o efeito da competio entre solvente e polmero pelo substrato (ver equao 1 e
referncia [PHAM; GREEN, 2002] ) no pode ser desprezada. Com relao aos sistemas
estudados aqui, sabe-se que as interaes do tipo cido-base entre acetona e SiO2 (+18 kT)
so mais favorecidas do que as interaes do tipo cido-base entre acetato de etila e SiO2 (+24
P. M . K osaka
76
kT) [CHAUDHURY, 1996]. Neste caso, as cadeias polimricas secam na forma de agregados
para minimizar a energia superficial. Embora a acetona seja mais voltil que o acetato de etila,
as interaes favorveis com a superfcie podem causar um atraso na evaporao da acetona e
o polmero se retrai, resultando em filmes mais espessos. O uso de acetato de etila minimiza a
interao competitiva entre polmero e solvente pela superfcie do substrato, gerando filmes
mais uniformes e homogneos. Podemos notar tambm que as taxas de crescimento de
espessura de filmes com a concentrao do polmero em acetona e em acetato de etila foram
de aproximadamente (8,0 0,2) nm mL/ mg e de (6,0 0,3) nm mL/ mg, respectivamente,
independentemente do tipo de ster de celulose. Este resultado indica que embora a massa
molar mdia do CA-2.8 seja aproximadamente 5 vezes maior que as massas molares mdias
do CAP-2.3 e CAB-1.8, os comportamentos so semelhantes.
No incio do revestimento rotacional o solvente comea a evaporar, aumentando a
concentrao da soluo. Como conseqncia, a viscosidade da soluo aumenta e a
mobilidade da cadeia polimrica diminui. Se as interaes ente o substrato e o polmero no
so favorveis, as cadeias se agregam para minimizar o contato com a superfcie. Ao
contrrio, se as interaes entre o substrato e o polmero so atrativas, a cadeia polimrica
tende a se espalhar no substrato. Aps a completa evaporao do solvente o filme adota a
estrutura com a energia livre mais baixa. importante lembrar que a estrutura resultante neste
caso pode no ser a de equilbrio. Os steres de celulose so ricos em grupos polares e grupos
carbonila que podem formar ligaes de hidrognio com os grupos silanol das placas de Si.
As Figuras 9a a 9c mostram imagens topogrficas de AFM obtidas para aos filmes revestidos
rotacionalmente sobre as placas de Si a partir de solues de steres de celulose preparadas
em acetona logo aps a obteno do filme. Os filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8 so
muito rugosos. Os filmes de CA-2.8 preparados em acetato de etila tambm so muito
rugosos, mas os filmes de CAP-2.3 e CAB-1.7 apresentaram superfcies lisas (Figuras 10a
P. M . K osaka
77
10c). Este comportamento concorda com uma tendncia geral de que solues polimricas
preparadas com solventes mais volteis produzem filmes mais rugosos [CUI ET AL., 2006;
LIN; MULLER; BINDER, 2004; MLLER-BUSCHBAUM et al., 2001; PETRI, 2002;
STRAWHECKER et al., 2001; WALSH; FRANses, 2003].
Aps o tratamento trmico, a rugosidade dos filmes produzidos a partir de solues de
acetona diminuiu dramaticamente, como mostrado na Figura 9d-9f. O mesmo comportamento
foi observado para os filmes preparados a partir de solues de acetato de etila (Figuras 10d10f). O tratamento trmico permite que as cadeias do polmero relaxem, dessa forma elas
podem alcanar a disposio molecular mais estvel, talvez em uma forma mais compacta,
reduzindo os valores de rms. Alm disso, mesmo com o recozimento, os filmes podem
apresentar alguma anisotropia, que pode causar discrepncias entre os modelos tericos de
camadas usados para os clculos de elipsometria e o sistema real de camadas.
Medidas de ngulo de contato feitas com gotas de gua destilada sobre as superfcies
dos filmes de CAB-1.8 recozidos (Figuras 9d e 10d), resultaram em valores semelhantes de
A = (73,0 0,5)o e A = (71 1)o, independentemente do solvente de preparao, indicando
hidrofobicidade e homogeneidade nas superfcies. Estes resultados so esperados, pois em
condies de equilbrio grupos butila das cadeias de do butirato acetato de celulose (CAB)
podem se orientar para o ar, que tambm um meio hidrofbico, diminuindo a energia livre
do sistema e deixando-os mais homogneos. Portanto, independentemente do solvente, a
superfcie dos filmes de CAB aps o recozimento deve ser rica em grupos butila. Numa escala
de hidrofobicidade temos CAB > CAP > CA.
A partir dos valores dos coeficientes angulares apresentados na Tabela 2 obtidos a
partir do ajuste da dependncia da espessura (d) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 ou CAB-1.8
com a concentrao do polmero com regresses lineares, possvel prever a espessura dos
filmes de steres de celulose preparados por revestimento rotacional. Independente do tipo de
78
P. M . K osaka
ster de celulose usado na preparao dos filmes finos, algumas tendncias gerais foram
observadas. Uma anlise cuidados indicou que os filmes polimricos preparados a partir de
solues de acetona so mais espessos do que os obtidos a partir de solues de acetato de
etila. Outra observao importante que o recozimento no teve nenhum efeito na espessura
do filme. As tendncias encontradas por elipsometria e AFM se correlacionam bem,
concordando com dados relatados para filmes enzimticos [PANCERA et al., 2006a;
PANCERA et al., 2006b] e polimricos [MYKHAYLYK et al., 2007]. Os valores mdios de
espessura observados para os filmes finos de steres de celulose preparados a partir de
solues de acetona (dacetona) foram, em mdia, 25% maiores do que os valores encontrados
para os filmes preparados a partir de solues de acetato de etila (dAE), ou dacetona/dAE ~ 1,25.
A partir da equao 2 apresentada na pgina 52 e considerando que neste estudo a
foi mantida constante em 3000 rpm, a relao dacetona/dAE pode ser calculada com:
2
2
d AE
AE acetona PAE
(18)
79
P. M . K osaka
que os filmes feitos por revestimento rotacional e preparados a partir de solues com
solventes mais volteis tendem ser mais espessos. Comportamento similar foi observado para
filmes de polimetilmetacrilato (PMMA) [WALSH; FRANSES, 2003] e trimetilsilil-celulose
[KONTTURI; THNE; NIEMANTSVERDRIET, 2003c] preparados a partir de solues de
tolueno e clorofrmio. Os filmes polimricos preparados a partir de solues de clorofrmio,
o solvente mais voltil, eram mais espessos e rugosos. Quando o solvente evapora devagar, a
soluo polimrica permanece por mais tempo no substrato slido, permitindo uma formao
mais uniforme do filme lquido antes da evaporao.
20
20
(a)
Acetona
Acetato de etila
15
(mm /s)
15
(mm /s)
(b)
Acetona
Acetato de etila
10
10
5
5
10
15
20
[CA-2.8] (mg/mL)
10
20
20
(c)
Acetona
Acetato de etila
15
(mm /s)
15
[CAP-2.3] (mg/mL)
10
5
5
10
15
20
[CAB-1.8] (mg/mL)
Figura 13 Viscosidades cinemticas determinadas para as solues (5-20 g/L) de (a) CA-2.8, (b) CAP-2.3 e
(c) CAB-1.8.
80
P. M . K osaka
5.2 Influncia do Solvente nos Filmes Ultrafinos (d < 6,0 nm) de steres de
Celulose
Nas Figuras 14 e 16 esto apresentadas imagens topogrficas de AFM dos filmes
ultrafinos de steres de celulose adsorvidos sobre placas de silcio a partir de solues de
acetona ou acetato de etila (5 mg/mL), respectivamente. As imagens foram obtidas aps
perodos diferentes de tratamento trmico a 170C. Os valores de rugosidade (rms) dos filmes
obtidos a partir de solues de acetona esto apresentados na Figura 15 e dos filmes obtidos a
partir de solues de acetato de etila na Figura 16.
Com o tratamento trmico as cadeias polimricas ganham mobilidade para alcanar a
situao mais estvel. De acordo com a equao 3 na pgina 55, se as interaes
polmero/polmero ( A poli / poli ) so mais fracas que as interaes polmero/substrato ( A poli / substrato )
o filme estvel e contnuo. Por outro lado, se A poli / poli for mais forte que A poli / substrato a situao
mais estvel ser um filme polimrico retrado (dewetting). As espessuras mdias dos filmes
ultrafinos de steres de celulose obtidos a partir de solues de acetona ou acetato de etila, 5
mg/mL, esto apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3 Espessura dos filmes ultrafinos obtidos a partir de solues de acetona ou acetato de etila (5mg/mL)
com os respectivos desvios padro.
Solvente
Acetona
Acetato de Etila
Amostra
d (nm)
CA-2.8
CAP-2.3
CAB-1.8
1,2 0,3
0,9 0,2
0,5 0,1
CAB-2.5
0,5 0,1
CA-2.8
5,7 0,9
CAP-2.3
1,3 0,3
CAB-1.8
1,1 0,3
CAB-2.5
0,9 0,1
P. M . K osaka
81
82
P. M . K osaka
0h
15h
60h
168h
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(k)
(l)
(m)
(n)
(o)
(p)
CAB-2.5
CAP-1.7
CAP-2.3
CA-2.8
(a)
Figura 14 - Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes ultrafinos de steres de celulose preparados por adsoro em
solues de acetona (5 mg/mL): (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 15 horas de recozimento, (c) CA-2.8 aps 60 horas
de recozimento, (d) CA-2.8 aps 168 horas de recozimento, (e) CAP-2.3, (f) CAP-2.3 aps 15 horas de
recozimento, (g) CAP-2.3 aps 60 horas de recozimento, (h) CAP-2.3 aps 168 horas de recozimento (i) CAB1.8, (j) CAB-1.8 aps 15 horas de recozimento, (k) CAB-1.8 aps 60 horas de recozimento, (l) CAB-1.8 aps
168 horas de recozimento e imagens de AFM (2x2)m2 dos filmes ultrafinos de (m) CAB-2.5, (n) CAB-2.5 aps
15 horas de recozimento, (o) CAB-2.5 aps 60 horas de recozimento e (p) CAB-2.5 aps 168 horas de
recozimento.
83
P. M . K osaka
rms (nm)
3
0h
4h
15h
60h
168h
CA-2.8
CAP-2.3
CAB-1.8
CAB-2.5
Figura 15 Rugosidades (rms) dos filmes ultrafinos de steres de celulose obtidos por adsoro em solues de
acetona (5mg/mL) em funo do tempo de recozimento a 170C na estufa a vcuo. Os valores das rugosidades
(rms) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8 foram obtidos a partir de imagens (1x1) m2 e os valores de
rms dos filmes de CAB-2.5 foram obtidos a partir de imagens (2x2) m2.
Sem o tratamento trmico, os filmes ultrafinos de CA-2.8 (Figura 16a) obtidos a partir
de solues em acetato de etila so lisos com rms de (0,5 0,1) nm. Aps 15 horas de
tratamento trmico (Figura 16b), os filmes de CA-2.8 apresentaram estruturas que lembram
flores e instabilidades fingering, causando um aumento na rugosidade de 0,5 0,1 para 2,4
0,2 nm. Estas estruturas j foram observadas para filmes espessos (40 nm de espessura) de
poliestireno (PS) sobre placas de Si e foram atribudos como o estgio inicial do dewetting
[Reiter, 1993]. Aps 60h de tratamento trmico (Figura 16c), os filmes ultrafinos de CA-2.8
estavam com buracos distribudos por toda a superfcie. O dimetro dos buracos aumentou
aps 168h de tratamento trmico (Figura 16d) , mas a rugosidade mdia (rms = 1,3 0,2 nm)
no variou.
Os filmes ultrafinos de CAP-2.3 obtidos a partir de solues de acetato de etila so
muito lisos (Figura 16e). Entretanto, aps tratamento trmico por 15 horas, observou-se a
formao de bordas nos filmes, indicando o incio do dewetting. As bordas continuaram
sendo observadas aps 60 e 168 horas de tratamento trmico. O dewetting tambm foi
P. M . K osaka
84
evidenciado pelo aumento dos valores de rms em funo do tempo de recozimento (Figura
17).
A estabilidade dos filmes ultrafinos de butirato acetato de celulose (CAB), preparados
em solues de acetato de etila, foi investigada para as amostras de CAB com DSbu de 1,8 e
2,5, as amostras foram codificadas como CAB-1.8 e CAB-2.5, respectivamente. Os filmes de
CAB-1.8 apresentaram superfcie lisa com pequenos agregados dispersos logo aps o preparo
e aps 15 horas de tratamento trmico (Figuras 16 i e 16j). Entretanto, aps 60 e 168 horas de
tratamento trmico observou-se o surgimento de bordas no filme ultrafino (Figuras 16k e 16l).
A instabilidade do filme foi evidenciada pelo aumento dos valores de rms em funo do
tempo de recozimento (Figura 17). Com o aumento da quantidade de butiril (DSBut) de 1,8
para 2,5, observou-se um comportamento diferente. O filme ultrafino de CAB-2.5 apresentou
pequenas unidades esfricas dispersas na superfcie (Figura 16m), levando a um valor de rms
de (0,8 0,1) nm. Aps 15 horas de tratamento trmico (Figura 16n) no foi observada
nenhuma mudana morfolgica. Aps longos perodos de tratamento trmico (Figuras 15o e
16p) os filmes ultrafinos de CAB-2.5 tornaram-se mais lisos e os valores de rms caram para
(0,21 0,02) nm e (0,16 0,02) nm (Figura 17), respectivamente. As pequenas esferas
observadas nos filmes ultrafinos de CAB podem ser atribudas agregao dos grupos
hidrofbicos butiril, que se orientaram para o ar, um meio hidrofbico. Estes agregados so
mais freqentes nos filmes ultrafinos de CAB-2.5, que possuem uma maior quantidade de
grupos butiril. Com o tratamento trmico, os grupos butiril provavelmente relaxam, levando a
uma superfcie mais plana.
Aps tratamento trmico por uma semana (168 horas) as condies de equilbrio
foram alcanadas. No caso dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8 preparados a partir de
solues em acetato de etila a situao de equilbrio tende ao dewetting. Por outro lado, os
filmes de CAB-2.5, obtidos a partir de solues de acetato de etila, no estado de equilbrio
85
P. M . K osaka
15h
60h
168h
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(k)
(l)
(m)
(n)
(o)
(p)
(a)
CAB- 2.5
CAB- 1.7
CAP-2.3
CA-2.8
0h
Figura 16 Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes ultrafinos de steres de celulose preparados por adsoro em
lminas de silcio a partir de solues em acetato de etila (5 mg/mL): (a) CA-2.8, (b) CA aps 15h de tratamento
trmico, (c) CA-2.8 aps 60h de tratamento trmico, (d) CA-2.8 aps 168h de tratamento trmico, (e) CAP-2.3,
(f) CAP-2.3 aps 15h de tratamento trmico, (g) CAP-2.3 aps 60h de tratamento trmico, (h) CAP-2.3 aps
168h de tratamento trmico, (i) CAB-1.8, (j) CAB-1.8 aps 15h de tratamento trmico , (k) CAB-1.8 aps 60h
de tratamento trmico, (l) CAB-1.8 aps 168h de tratamento trmico e imagens de AFM (2x2) m2 dos filmes
ultrafinos de CAB-2.5 (m) CAB-2.5, (n) CAB-2.5 aps 15h de tratamento trmico, (o) CAB-2.5aps 60h de
tratamento trmico e (p) CAB-2.5 aps 168h de tratamento trmico.
86
P. M . K osaka
rms (nm)
3
0h
4h
15 h
60 h
168 h
CA-2.8
CAP-2.3
CAB-1.7
CAB-2.5
Figura 17 - Rugosidade (rms) dos filmes ultrafinos de ster de celulose obtidos a partir de solues de acetato de
etila (5 mg/mL) em funo do tempo de tratamento trmico a 170C em uma estufa a vcuo. Os valores das
rugosidades (rms) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.7 foram obtidos a partir de imagens (1x1) m2 e os
valores de rms dos filmes de CAB-2.5 foram obtidos a partir de imagens (2x2) m2.
P. M . K osaka
87
88
P. M . K osaka
Tabela 4 Espessura mdia (d) e rugosidade (rms) dos filmes preparados a partir de solues de acetona
utilizados para determinar a energia superficial dos steres de celulose.
Amostra
Mtodo de
Tratamento
preparao
trmico
d (nm)
rms (nm)
(5x5) m2
1,2 0,3
0,3
CA-2.8
4 h/ 170C
1,2 0,3
0,4
CAP-2.3
No
0,9 0,2
0,3
4 h/ 170C
0,9 0,2
0,3
No
0,5 0,1
0,2
4 h/ 170C
0,5 0,1
0,2
CAB-2.5
No
0,5 0,1
0,2
CAB-2.5
4 h/ 170C
0,5 0,1
0,3
CAP-2.3
15 h/ 170C
164 3
0,6
15 h/ 170C
158 3
0,4
15 h/ 170C
160 2
0,3
CAB-1.8
CAB-2.5
(20mg/mL)
CAB-1.8
Coating
CAB-1.8
Spin
CAP-2.3
(5mg/mL)
No
Adsoro
CA-2.8
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(k)
Figura 18 Filmes usados nas medidas de ngulo de contato para determinar a energia superficial dos steres de
celulose. Imagens topogrficas de AFM dos filmes ultrafinos preparados por adsoro em solues de acetona
(a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (c) CAP-2.3, (d) CAP-2.3 aps 4 horas de tratamento
trmico, (e) CAB-1.8, (f) CAB-1.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (g) CAB-2.5, (h) CAB-2.5 aps 4 horas
de tratamento trmico e imagens de AFM dos filmes finos preparados por revestimento rotacional em solues
de acetona (i) CAP-2.3 aps 15 horas de tratamento trmico, (j) CAB-1.8 aps 15 horas de tratamento trmico e
(k) CAB-2.5 aps 15 horas de tratamento trmico.
89
P. M . K osaka
Tabela 5 Espessura mdia (d) e rugosidade (rms) dos filmes preparados a partir de solues de acetato de etila
utilizados para determinar a energia superficial dos steres de celulose.
Mtodo de
Tratamento
rms (nm)
Amostra
d (nm)
preparao
trmico
(5x5) m2
5,7 0,9
0,4
CA-2.8
4 h/ 170C
5,7 0,9
0,5
CAP-2.3
No
1,3 0,3
0,2
4 h/ 170C
1,3 0,3
0,3
No
1,1 0,3
0,3
4 h/ 170C
1,1 0,3
0,2
CAB-2.5
No
0,9 0,
0,4
CAB-2.5
4 h/ 170C
0,9 0,1
0,5
CAP-2.3
15 h/ 170C
120 4
0,4
15 h/ 170C
124 2
0,4
15 h/ 170C
124 3
0,3
CAB-1.8
CAB-2.5
(20mg/mL)
CAB-1.8
Coating
CAB-1.8
Spin
CAP-2.3
(5 mg/mL)
No
Adsoro
CA-2.8
(a)
(b)
(c)
(e)
(f)
(g)
(i)
(j)
(d)
(h)
(k)
Figura 19 Filmes usados nas medidas de ngulo de contato para determinar a energia superficial dos steres de
celulose. Imagens topogrficas de AFM dos filmes ultrafinos preparados por adsoro em solues de acetato de
etila (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (c) CAP-2.3, (d) CAP-2.3 aps 4 horas de
tratamento trmico, (e) CAB-1.8, (f) CAB-1.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (g) CAB-2.5, (h) CAB-2.5
aps 4 horas de tratamento trmico e imagens de AFM dos filmes finos preparados por revestimento rotacional
em solues de acetato de etila (i) CAP-2.3 aps 15 horas de tratamento trmico, (j) CAB-1.8 aps 15 horas de
tratamento trmico e (k) CAB-2.5 aps 15 horas de tratamento trmico.
90
P. M . K osaka
polares ( LV ) reportados na literatura [Xie et al., 1995] para gua, formamida e diiodometano, os quais foram
usados para a determinao da energia superficial dos steres de celulose.
Lquidos teste
LV (mJ/m2)
LV (mJ/m2)
LV (mJ/m2)
gua
72,8
21,8
51,0
Formamida
58,0
39,0
19,0
Diiodometano
50,8
50,8
Os valores experimentais de medidos para gotas ssseis dos lquidos sobre cada
filme de ster de celulose obtidos a partir de solues de acetona esto apresentados na
Tabelas 7. A partir do modelo Harmnico (equao 15, pgina 58), deduziu-se primeiro a
d
componente dispersiva da energia superficial a partir dos valores das medidas de ngulo
de contato com lquidos apolares (Diiodometano), e ento, a componente polar
p
da energia
superficial dada por cada lquido polar, Formamida e gua . Somando e , temos a energia
superficial total
total
total
antes ou depois do tratamento trmico na seguinte ordem CA-2.8 > CAP-2.3 > CAB-
1.7 > CAB-2.5, como mostrado na Tabela 7. Analisando os dados apresentados na Tabela 7,
tiramos vrias informaes. (i) A contribuio de
. (ii)
total
diminui
com o aumento da cadeia do grupo ster. (iii) Os filmes de CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5
91
P. M . K osaka
Tabela 7 Medidas de ngulo de contato de avano para os filmes ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5, preparados por adsoro (5mg/mL) ou revestimento
rotacional (20 mg/mL) e obtidos a partir de solues de acetona, com gotas de diiodometanho (Diiodometano), formamida (Formamida) e gua (gua) como lquidos teste. Valores
d
dos componentes dipersivo ( ) e polar ( ) da energia superficial determinada pelo modelo harmnico (equao 15, pgina 58) e a constante de Hamaker ( A poli / poli )
calculada pela equao 6, pgina 55.
Acetona
Polmero
Tratamento
trmico
Diiodome tan o ()
Formamida ()
gua
()
Formamida
gua
(mJ/m2)
(mJ/m2)
(mJ/m2)
(mJ/m2)
10-20 (J)
total
A poli / poli x
CA-2.8
No
45 1
32 1
35 1
37,8 0,4
12,7 0,1
31,0 0,3
81,5 0,8
7,3 0,1
(adsoro)
4h, 170
48 3
49 2
69 3
36,4 0,4
7,2 0,1
14,2 0,1
57,8 0,6
7,1 0,1
CAP-2.3
No
52 1
34 2
30 1
34,9 0,3
14,1 0,1
34,3 0,3
83,3 0,8
6,7 0,1
(adsoro)
4h, 170
55,7 0,6
54 3
75 1
32,6 0,3
7,3 0,1
12,2 0,1
52,1 0,5
6,3 0,1
CAB-1.8
No
54 2
37 2
39 4
33,5 0,3
13,9 0,1
30,7 0,3
78,1 0,8
6,5 0,1
(adsoro)
4h, 170
56 3
54 2
78 4
32,4 0,3
7,4 0,1
10,9 0,1
50,7 0,5
6,3 0,1
CAB-2.5
No
56 2
38 3
42 2
32,4 0,3
14,5 0,1
29,5 0,3
76,4 0,8
6,3 0,1
(adsoro)
4h, 170
58 1
56 2
80 2
31,4 0,3
7,2 0,1
10,2 0,1
48,8 0,5
6,1 0,1
15h, 170
52 3
49 1
69,5 0,7
34,4 0,3
8,2 0,1
14,4 0,1
57,0 0,5
6,6 0,1
15h, 170
55 2
50 2
68 2
32,9 0,3
8,7 0,1
15,6 0,2
57,2 0,6
6,3 0,1
15h, 170
57 3
51,5 0,7
70 2
32,0 0,3
8,7 0,1
14,8 0,1
55,5 0,6
6,2 0,1
CAP-2.3
(spin coating)
CAB-1.8
(spin coating)
CAB-2.5
(spin coating)
92
P. M . K osaka
preparados por adsoro e aps tratamento trmico a 170C por 4 horas apresentaram
total
52,1 0,5 mJ/m2 , 50,7 0,5 mJ/m2 e 48,8 0,5 mJ/m2, respectivamente, enquanto que os
valores de
total
revestimento rotacional (spin coating) e com tratamento trmico a 170C por 15 horas foram
57,0 0,5 mJ/m2, 57,2 0,6 mJ/m2 e 55,5 0,6 mJ/m2, respectivamente. Esta discrepncia
pode ser devido ao mtodo de preparao do filme, mesmo considerando que as condies
experimentais so de equilbrio. (iv) O tratamento trmico exerceu grande influncia nas
propriedades superficiais dos filmes, este efeito foi mais significativo nos valores de energia
p
superficial das componentes polares do que nos valores de . (v) O aumento do DSbu de
1,8 para 2,5 levou a uma queda nos valores de
total
mJ/m2 nos filmes sem tratamento trmico e de 50,7 0,5 mJ/m2 para 48,8 0,3 mJ/m2 nos
filmes com recozimento. Apesar do aumento do DSbu de 0,7 para 2,5 ser relativamente
grande, o efeito sobre
total
foi pequeno.
total
> CAB-1.8 > CAB-2.5, como mostrado na Tabela 8. Analisando os dados apresentados na
d
Tabela 8, tiramos as seguintes informaes. (i) A contribuio de foi maior do que . (ii)
Nota-se a tendncia geral de diminuio de
Os valores de
total
total
recozimento por 4 horas a 170 chegam a ser sete unidades menores que aqueles observados
para filmes depositados por revestimento rotacional com tratamento trmico por 15 horas a
170C. Este efeito pode estar relacionado com o mtodo de preparao do filme, que gera
orientao molecular na interfaca slido-ar diferente. (iv) Como j observado para os filmes
obtidos a partir de solues de acetona, os valores de
total
93
P. M . K osaka
Tabela 8 Medidas de ngulo de contato de avano para os filmes ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5, preparados por adsoro (5mg/mL) ou revestimento
rotacional (20 mg/mL) e obtidos a partir de solues de acetato de etila, com gotas de diiodometanho (Diiodometano), formamida (Formamida) e gua (gua) como lquidos teste.
d
Valores dos componentes dipersivo ( ) e polar ( ) da energia superficial determinada pelo modelo harmnico (equao 15, pgina 58) e a constante de Hamaker
( A poli / poli ) calculada pela equao 6, pgina 55.
Acetato de Etila
Polmero
Tratamento
trmico
Diiodome tan o ()
Formamida ()
gua
()
Formamida
gua
(mJ/m2)
(mJ/m2)
(mJ/m2)
(mJ/m2)
10-20 (J)
total
A poli / poli x
CA-2.8
No
31 1
23 3
49 1
44,0 0,3
11,5 0,1
22,4 0,2
77,9 0,8
8,5 0,1
(adsoro)
4h, 170
CAP-2.3
No
38 1
45 2
44 3
35,5 0,7
60 1
48 1
41,1 0,4
37,8 0,4
6,7 0,7
11,3 0,1
17,6 0,1
24,5 0,2
65,4 0,6
73,6 0,7
8,4 0,1
7,3 0,1
(adsoro)
4h, 170
47 2
53 3
71 1
37,9 0,4
5,1 0,1
12,9 0,1
55,9 0,6
7,3 0,1
CAB-1.8
No
49 2
24 1
49 4
35,8 0,4
17,4 0,2
24,6 0,2
77,8 0,8
6,9 0,1
(adsoro)
4h, 170
51 2
55 2
68 4
34,9 0,3
5,7 0,1
15,0 0,2
55,6 0,5
6,7 0,1
CAB-2.5
No
51 1
26 2
50 1
34,9 0,3
17,6 0,2
24,3 0,2
76,8 0,8
6,7 0,1
(adsoro)
4h, 170
53 1
56 2
70 2
33,9 0,3
5,9 0,1
14,3 0,1
54,1 0,5
6,5 0,1
15h, 170
47,0 0.5
59 1
66 1
37,9 0,5
3,3 0,3
15,3 0,1
56,5 0,5
7,8 0,1
15h, 170
52,0 0.5
67,5 0,7
71,5 0,7
34,9 0,3
2,6 0,2
13,2 0,1
50,7 0,3
7,2 0,1
15h, 170
54,3 0,6
67 1
77 1
33,3 0,3
2,2 0,1
11,1 0,1
46,6 0,3
6,8 0,1
CAP-2.3
(spin coating)
CAB-1.8
(spin coating)
CAB-2.5
(spin coating)
total
encontrados
depois do tratamento trmico. Este efeito foi mais significativo nos valores de energia
p
total
total
mJ/m2 para 76,8 0,8 mJ/m2 nos filmes sem tratamento trmico e de 50,7 0,5 mJ/m2 para
44,5 0,3 mJ/m2 aps o recozimento. Neste ltimo, a reduo de 6 unidades em
total
indica
Uma vez que A poli / poli proporcional a , os steres de celulose apresentaram A poli / poli na
seguinte seqncia CA-2.8 > CAP-2.3 > CAB-1.8 > CAB-2.5 (ver Tabelas 7 e 8), tanto para
os valores encontrados a partir dos filmes obtidos por solues de acetona quanto para os
obtidos a partir de solues de acetato de etila. O valor de A poli / poli encontrado para o CA-2.8,
quando o filme foi obtido a partir de solues de acetato de etila, similar ao encontrado para
a celulose (8,4 x 10-20J) [BERGSTRM et al., 1999]. Nos filmes preparados a partir de
95
P. M . K osaka
solues de acetona, o valor de A poli / poli para o CA-2.8 tambm foi o maior entre todos os
steres de celulose aqui estudados. Estes resultados indicam que as cadeias do acetato de
celulose (CA) esto ligadas mais fortemente do que as cadeias do propionato acetato de
celulose (CAP) e butirato acetato de celulose (CAB), ou em outras palavras, CA apresenta a
maior energia coesiva entre os steres de celulose aqui estudados. Consequentemente, outra
importante concluso que aumentando a cadeia do grupo ster ou o grau de substituio, as
interaes de van der Waals tornam-se mais fracas.
A constante de Hammaker ( A poli / substrato ) para interao entre SiO2 (camada que recobre
placas de Si) e o polissacardeo atravs do ar foi calculada com a equao 7 (pgina 55), onde
os ndices 1, 2 e 3 correspondem ao SiO2 [BUTT; GRAF; KAPPL, 2003], polissacardeo
[HOLMBERG et al., 1997] e ar [BUTT; GRAF; KAPPL, 2003], respectivamente. A Figura
20 representa esquematicamente camadas consideradas, com os respectivos valores de n e .
3 = 1,005
n3 = 1,00
3 - Ar
2 = 6,00
n2 = 1,48
2 - Polissacardeo
(2)
1 = 3,82
n1 = 1,46
1 SiO2
Figura 20 - Representao esquemtica das camadas (1) SiO2, (2) Polissacardeo e (3) Ar, com os respectivos
valores de ndice de refrao (n) e constante dieltrica ().
O valor de Apoli / substrato foi calculado como sendo 7,2 x 10-20 J, ou seja, menor que os
valores de ( Apoli / poli ) determinados para CA-2.8 e CAP-2.3 (Tabela 8), quando os filmes foram
obtidos a partir de solues de acetato de etila. Uma vez que Apoli / substrato < Apoli / poli , as
interaes polmero/polmero so mais fortes que as interaes polmero/substrato e espera-se
que ocorra o dewetting. O valor de Apoli / poli encontrado para o CAB-1.8, quando o filme foi
P. M . K osaka
96
obtido a partir de soluo de acetato de etila, similar aos calculado para Apoli / substrato . A partir
das topografias mostradas na Figura 16, nota-se que o dewetting ocorreu nos filmes ultrafinos
de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8. Somente os filmes ultrafinos de CAB-2.5 no apresentaram
dewetting, neste caso Apoli / substrato > Apoli / poli . Uma vez que as foras de van der Waals parecem
relevantes para a estabilidade dos filmes de steres de celulose, o dewetting observado aqui
foi provavelmente causado por decomposio spinodal causada por flutuaes trmicas
[REITER, 1992; SEEMAN; HERMINGHAUS; JACOBS, 2001].
Uma observao geral que pode ser feita que os filmes de steres de celulose obtidos
a partir de solues de acetona so estveis, uma vez que no ocorreu dewetting aps o
tratamento trmico. O valor de Apoli / poli para o CA-2.8 (ver Tabela 7) similar ao calculado
para Apoli / substrato (7,2 x 10-20 J), mas mesmo aps longos perodos de tratamento trmico (168
horas) no foi observado o dewetting. Houve um aumento na rugosidade indicando uma
possvel instabilidade no filme devido a flutuaes trmicas, mas o filme permaneceu
contnuo e estvel. Os valores de Apoli / poli calculados para o CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5 so
menores do que o valor de Apoli / substrato (Tabela 7). Uma vez que Apoli / substrato > Apoli / poli , as
interaes polmero/substrato so mais fortes que as interaes polmero/polmero e espera-se
que o filme seja estvel. Como mostrado ns topografias apresentadas na Figura 14, os filmes
ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.7 e CAB-2.5 so estveis. Estes resultados confirmam
que o solvente tem uma grande influncia nas propriedades dos filmes de steres de celulose e
na orientao da cadeia molecular do polissacardeo nos filmes de steres de celulose.
Enquanto os filmes ultrafinos de steres de celulose obtidos a partir de solues de acetato de
etila apresentaram dewetting (repelncia), os filmes ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8
e CAB-2.5, obtidos a partir de solues de acetona, so estveis. Estes resultados apoiam a
hiptese de que um filme molecular de acetona formado entre o substrato e o filme de
polissacardeo, prendendo as cadeias dos steres de celulose ao substrato.
P. M . K osaka
97
5.4 Adsoro de Lipase sobre Filmes Ultrafinos (d < 6,0 nm) de steres de Celulose
No captulo anterior vimos que filmes ultrafinos de steres de celulose preparados a
partir de acetona apresentam alta estabilidade mesmo aps longo tratamento trmico. Por isso,
eles foram escolhidos para servir como substratos para adsoro de lipase.
98
P. M . K osaka
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
rms = 0,32 nm
rms = 0,23 nm
rms = 0,17 nm
Figura 21 Imagens de AFM (1x1)m dos filmes de steres de celulose sem tratamento trmico (a) CA-2.8, Z
= 5 nm, (b) CAP-2.3, Z = 10 nm, (c) CAP-2.1, Z = 2 nm, (d) CAB-1.8, Z = 3nm, e imagens de AFM (2x2) m2
de (e) filme de CAB-2.8, Z = 3 nm.
(a)
(b)
rms = 0,59 nm
rms = 0,82 nm
(c)
(d)
rms = 0,76 nm
(e)
Figura 22 Imagens de AFM (1x1)m dos filmes de steres de celulose aps tratamento trmico (a) CA-2.8, Z
= 7 nm, (b) CAP-2.3, Z = 8 nm, (c) CAP-2.1, Z = 2 nm, (d) CAB-1.8, Z = 4nm, e imagens de AFM (2x2) m2 de
(e) CAB-2.8 aps tratamento trmico, Z = 3nm.
Uma observao geral que pode ser feita que os filmes de steres de celulose
recobrem completamente o substrato. Como visto anteriormente, os filmes ultrafinos de
steres de celulose obtidos a partir de solues de acetona so estveis, uma vez que no
ocorreu dewetting aps o tratamento trmico, indicando que as interaes entre o substrato e
os polissacardeos so fortes o bastante para formar filmes contnuos. A presena de pequenos
glbulos dispersos na superfcie corresponde a agregados das cadeias dos polissacardeos
formados durante o processo de secagem. Os pequenos glbulos dispersos na superfcie do
CA-2.8 (Figura 21a) sem tratamento trmico aparecem distribudos mais homogeneamente na
superfcie do filme aps o recozimento (Figura 22a), o que explica a pequena queda nos
valores de rms de 0,65 nm para 0,59 nm. Os filmes de CAP-2.3 e CAP-2.1 (Figuras 21b e
21c, respectivamente) tambm se tornam mais lisos aps o tratamento trmico (Figuras 22b e
22c, respectivamente). Nenhuma mudana substancial na morfologia e nos valores de rms foi
observada aps o tratamento trmico dos filmes de CAB-1.8 (Figuras 21d e 22d). Os valores
99
P. M . K osaka
de rms calculados para os filmes de CAB-2.5 antes (Figura 21e) e depois (Figura 22e) do
tratamento trmico indicam que estes filmes so bastante lisos. Para efeito de comparao, a
rugosidade mdia (rms) da lmina de Si 0,12nm [PETRI et al., 1999]. A rugosidade da
superfcie tambm pode ser relacionada com a histerese no ngulo de contato [KREISKY,
1957]. A Tabela 9 mostra que todos os valores de diminuram aps o tratamento trmico
dos filmes de steres de celulose, indicando que estas superfcies tornaram-se mais lisas e
homogneas.
trmico
trmico
Aps tratamento
Sem tratamento
Tabela 9 Caractersticas dos filmes de steres de celulose antes e depois do tratamento trmico.
Filme
dpoli (nm)
rms (nm)
A ()
R ()
()
CA - 2.8
1,5 0,1
0,65
45 1
33 2
12 2
CAP - 2.3
2,1 0,9
1,22
29 2
12 1
17 2
CAP - 2.1
1,5 0,7
0,32
41 1
27 3
14 3
CAB - 1.8
1,9 0,3
0,35
37 2
24 3
13 3
CAB - 2.5
0,4 0,3
0,17
45 1
34 3
11 2
CA - 2.8
1,4 0,3
0,59
77 1
71 4
63
CAP - 2.3
1,9 0,3
0,82
62 2
48 3
14 1
CAP - 2.1
1,2 0,3
0,26
68 4
58 1
10 4
CAB - 1.8
1,5 0,4
0,39
67 2
53 2
14 2
CAB - 2.5
0,3 0,2
0,20
80 1
73 2
82
Os valores mdios da espessura (dpoli) e da rugosidade (rms) foram determinados pos elipsometria e AFM,
respectivamente.
P. M . K osaka
100
101
P. M . K osaka
Tabela 10 Valores mdios de Lipase e BSA com os respectivos desvios padro e ngulo de contato de avano
trmico
trmico
Aps tratamento
Sem tratamento
(A) obtidos para lipase e BSA adsorvidas sobre os filmes de steres de celulose com e sem tratamento trmico.
Amostra
Lipase (mg/m2)
ALipase (graus)
CA-2.8
1,1 0,2
40 2
CAP-2.3
1,5 0,1
47 1
CAP-2.1
2,2 0,2
48 3
CAB-1.8
3,1 0,2
43 3
CAB-2.5
2,6 0,3
45 1
CA-2.8
3,1 0,3
47 1
CAP-2.3
4,5 0,2
53 2
CAP-2.1
5,1 0,2
43 1
CAB-1.8
2,7 0,6
48 2
CAB-2.5
3,6 0,2
56 1
102
P. M . K osaka
CAB - 2.5
CAB - 1.8
CAP - 2.1
CAP - 2.3
CA - 2.8
CAB - 2.5
CAB - 1.8
CAP-2.3
CAP - 2.1
CA-2.8
Lipase(mg/m )
Figura 23 Valores mdios de Lipase com os correspondentes desvios padro obtidos para lipase adsorvida
sobre filmes de ster de celulose com e sem tratamento trmico.
103
P. M . K osaka
p-NF (g/mL)
Livre
Imobilizada
1 Reuso
2 Reusos
Figura 24 - Concentrao de p-NF formado na reao de hidrlise catalisada pela lipase: lipase livre em soluo
(coluna vermelha), lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico (coluna azul), lipase
imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 com tratamento trmico (coluna rosa), lipase imobilizada sobre filmes de
CAB-2.5 com tratamento trmico (coluna laranja) e lipase imobilizada sobre filmes de CA-2.8 com tratamento
trmico (coluna verde). O reuso da lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico e lipase
imobilizada sobre filmes de CAP-2.1, CAB-2.5 ou CA-2.8 com tratamento trmico como agentes catalticos
tambm foi determinada.
104
P. M . K osaka
A lipase livre catalisou a formao de 1,5 0,2 g/mL de p-NF. A atividade cataltica
da lipase imobilizada sobre filmes de CAB-2.5 com tratamento trmico foi 50% (2,2 0,2
g/mL de p-NF) maior que a observada para a lipase livre. Lipase imobilizada sobre filme de
CAB-1.8 sem tratamento trmico e filmes de CAP-2.1 e CA-2.8 com tratamento trmico
catalisou a formao de 1,5 0,2 g/mL p-NF, 1,2 0,2 g/mL p-NF e 1,7 0,3 g/mL pNF, respectivamente. Estes resultados mostram que embora os filmes de CAB-1.8 sem
tratamento trmico e os filmes de CA-2.8 e CAP-2.1 com tratamento trmico terem
molhabilidades diferentes, a atividade cataltica relativamente alta em todos os casos.
Provavelmente as interaes entre os resduos polares da lipase e os resduos glicopiranosil
dos
polissacardeos preservam
conformao
natural
da
lipase
imobilizada
e,
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enzima. Estes resultados foram confirmados por elipsometria que no indicou mudana na
espessura da camada de lipase adsorvida aps as amostras terem sido retidas do meio
reacional. Alm disso, os valores mdios de rms no apresentaram nenhuma tendncia que
pudesse ser relacionada com o nmero de vezes que o sistema foi usado. Um explicao
possvel para a perda de ~30% da atividade aps o reuso da lipase imobilizada pode ser
mudanas conformacionais induzidas pelo contato da lipase com o meio reacional. Efeitos
similares foram observados para lipase adsorvida sobre superfcies hidrofbicas de esferas de
vidro recobertas com polipropleno [FORESTI; FERREIRA, 2007]. Lipase adsorvida sobre
fibras de gel de acetato de celulose com titnio isopropxido apresentou 90-80% da atividade
cataltica observada para a lipase livre, mas apresentou um bom rendimento no reuso
[IKEDA; KUROKAWA, 2002].
(a)
rms = 0,83 nm
(b)
rms = 0,77 nm
(c)
rms = 0,89 nm
(d)
rms = 0,84 nm
Figura 25 - Imagens de AFM (2x2) m2 obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem
tratamento trmico (a) logo aps preparao (Z = 8 nm), (b) aps primeiro uso (Z = 8 nm), (c) aps segundo uso
(Z = 8 nm) e (d) aps terceiro uso (Z = 8 nm).
(a)
rms = 0,73 nm
(b)
rms = 0,88 nm
(c)
rms = 0,85 nm
(d)
rms = 0,66 nm
Figura 26 - Imagens de AFM (2x2) m2 obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2,1 com
tratamento trmico (a) logo aps preparao (Z = 7 nm), (b) aps primeiro uso (Z= 7 nm), (c) aps segundo uso
(Z = 7 nm) e (d) aps terceiro uso (Z = 7 nm).
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p-NF (g/mL)
0 dia
Figura 27 - Concentrao de p-NF formado na reao de hidrlise catalisada pela lipase imobilizada sobre
filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico (coluna azul), lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 com
tratamento trmico (coluna rosa), lipase imobilizada sobre filmes de CAB-2.5 com tratamento trmico (coluna
laranja) e lipase imobilizada sobre filmes de CA-2.8 com tratamento trmico (coluna verde) em funo do tempo
de estocagem.
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6 Concluso
Os filmes finos e ultrafinos de steres de celulose foram obtidos de forma rpida e
simples. A influncia de dois bons solventes, acetona e acetato de etila, na obteno dos
filmes foi estudada. A espessura e a rugosidade dos filmes finos obtidos por revestimento
rotacional so influenciadas pela energia de interao polmero/substrato e solvente /substrato
e pela taxa de evaporao do solvente. A influncia do solvente na estabilidade dos filmes
ultrafinos de steres de celulose tambm foi estudada. Enquanto os filmes ultrafinos obtidos a
partir de solues de acetona so estveis e contnuos, os filmes ultrafinos obtidos a partir de
solues de acetato de etila apresentaram o fenmeno conhecido como dewetting. A energia
superficial dos steres de celulose foi calculada pela primeira vez para estes materiais. Esta
informao muito til, uma vez que esses filmes podem ser aplicados onde a estabilidade
necessria.
Observou-se que a molhabilidade dos filmes ultrafinos de steres de celulose pode ser
mudada com um simples tratamento trmico, ou seja, o carter hidroflico/hidrofbico pode
ser transformado de acordo com a necessidade do usurio. Os filmes estveis e contnuos se
apresentaram como bons substratos para a imobilizao de lipase. A atividade cataltica sobre
os filmes mais hidrofbicos foi maior do que a observada para a lipase livre e puderam ser
usadas por mais duas vezes mantendo a atividade alta. Estas amostras tambm puderam ser
armazenadas no ambiente do laboratrio por ate 1 ms, mantendo a atividade cataltica alta.
Portanto, a imobilizao de molculas de lipase sobre filmes de steres de celulose gera
eficientes catalisadores, os quais podem ser facilmente recuperados do meio reacional e
reutilizados.
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Smula Curricular
Ocupao
Bolsista CNPq
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