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T Ese Priscila M Kosaka

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UNIVERSIDADE DE SO PAULO

INSTITUTO DE QUMICA
Programa de Ps-Graduao em Qumica

Priscila Monteiro Kosaka

A plicaes e Caracterizao
de steres de Celulose

So Paulo
Data do Depsito na SPG
07/12/2007

PRISCILA MONTEIRO KOSAKA

A plicaes e Caracterizao de
steres de Celulose

Tese apresentada ao Instituto de Qumica da


Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo
de Doutor em Qumica (Fsico-Qumica)

Orientadora: Profa. Dra. Denise Freitas Siqueira Petri


Co-orientador: Prof. Dr. Yoshio Kawano

So Paulo
2007

Priscila Monteiro Kosaka


Aplicaes e Caracterizao de steres de Celulose

Tese apresentada ao Instituto de Qumica da


Universidade de So Paulo para obteno do
Ttulo de Doutor em Qumica rea: FsicoQumica

Aprovado em: ____________


Banca Examinadora
Prof.Dr.

_______________________________________________________

Instituio: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________
Prof.Dr.

_______________________________________________________

Instituio: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________
Prof.Dr.

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Instituio: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________
Prof.Dr.

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Instituio: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________
Prof. Dr.

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Instituio: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________

D edico aos m eus pais, A delm o e M onsi,


e m inha irm Ithana
pelos esforos e pelo apoio e incentivo para
que eu conquiste m eus objetivos.

Agradecimentos
 Prof. Dra. Denise F. S. Petri e ao Prof. Dr. Yoshio Kawano pela
oportunidade, orientao e incentivo.
 Aos meus avs, Joselita e Leopoldo, que entenderam minha ausncia e sempre
torceram por mim.
 Aos meus amigos do laboratrio (Aliny, Arlete, Edla, Ednardo, ris, Jorge,
Karina, Lizandra, Rafael, Romeu, Rubens e Sabrina) pela companhia diria,
pelos cafs e pelas risadas.
 Aos meus amigos de Braslia, Juliana, Flvia, Luciana, Patrcia, Alessandra,
Luciano, Eduardo e Zanutto pelo apoio e pela alegria que me recebiam toda
vez que os encontrava.
 Aos amigos que fiz em So Paulo, Nara, Lili, Patrcia, Buba, Csar e Marcelo
pelos cafs e pela divertida companhia nos feriados e finais de semana.
 Eastman Chemical Company, Brasil, pelas amostras dos steres de celulose.
 Ao Prof. Dr. Omar A. El Seoud pelo para-nitrofenol dodecanoato e pela
discusso dos resultados.
 Profa. Dra. Mrcia Carvalho de Abreu Fantini, IF-USP, pelas medidas e
ajuda nas anlises de difrao de Raios-X.
 Profa. Dra. Maria Ceclia Salvadori, IF-USP, pelo incio do meu aprendizado
em AFM.
 Prof. Dra. Nicole Raymonde Demarquette, EPMT-USP, e aos seus tcnicos
(Juliana, Sendy, Rafael e Roger) pelas contribuies dadas realizao desta
Tese.
 Prof. Dra. Maria Jos, UnB, por ter me iniciado na pesquisa e pela confiana
no meu trabalho.
 Ao Eng. Srgio D. Almeida pelas amostras de polietileno.

 Ao Laboratrio de Filmes Finos do IF-USP pelas imagens de MEV (FAPESP


proc. #2000/08231-1).
 Selma e ao Nelson, IPT, por emprestarem o cunho para cortar os corpos de
prova para os ensaios de trao.
 Ao Dr. Arnaldo Antonio Couto e ao Mariano, IPEN, por permitirem a
realizao dos ensaios mecnicos.
 Ao CNPQ e FAPESP pelo apoio financeiro.
 Ao Instituto de Qumica da USP pelas instalaes.

Resumo

Kosaka, P.M., Aplicaes e Caracterizao de steres de Celulose, 2007, 118p. Tese de


Doutorado. Programa de Ps-Graduao em Qumica. Instituto de Qumica, Universidade de
So Paulo, So Paulo.

Esta tese est dividida em duas partes. Na Parte I, blendas de polietileno maleado (MPE) e butirato acetato de celulose (CAB) (5-50% em massa) e compsitos de polietileno (PE)
ou M-PE e 20% em massa de celulose, acetato de celulose (CA), propionato acetato de
celulose (CAP) ou CAB foram preparados em um misturador. As estruturas e propriedades
das misturas foram estudadas atravs de ensaios mecnicos, calorimetria exploratria
diferencial, microscopia eletrnica de varredura, extrao com solvente seletivo seguida de
espectroscopia FTIR e difrao de raios-X (XRD). As blendas M-PE/CAB e os compsitos
PE/polissacardeo e M-PE/polissacardeo no apresentaram mudanas significativas nos
valores da temperatura de fuso (Tm) quando comparados aos valores de Tm do PE e do MPE. Dados de XRD mostraram que a adio das cargas no causou mudana na estrutura
cristalina do PE ou M-PE, mas aumentou a regio amorfa dos materiais, indicado que a
miscibilidade ocorre na parte amorfa do PE. Compsitos preparados com M-PE apresentaram
tenso no escoamento e elongao superiores do que os preparados com PE, evidenciando o
efeito compatibilizante do anidrido malico.
Na parte II, o efeito de dois bons solventes, acetona e acetato de etila, nas
caractersticas e propriedades superficiais dos filmes finos (50nm<espessura<200nm) e
ultrafinos (espessura<6nm) de CA, CAP ou CAB preparados por revestimento rotacional ou
adsoro, respectivamente, foram caracterizados por elipsometria, microscopia de fora
atmica (AFM) e medidas de ngulo de contato. Os resultados foram discutidos baseados na

taxa de evaporao do solvente e na energia de interao substrato-solvente. Os efeitos do


recozimento e do tipo de ster de celulose na espessura, morfologia e molhabilidade da
superfcie foram investigados. Aps o recozimento, os filmes ultrafinos de steres de celulose
tornam-se hidrofbicos, indicando uma reorientao molecular na interface slido-ar. Os
filmes ultrafinos preparados a partir de solues de acetona so estveis, enquanto que os
preparados a partir de solues de acetato de etila apresentaram dewetting. A estabilidade dos
filmes foi monitorada por AFM e explicada pelos valores da constante de Hamaker,
determinados pela primeira vez para estes materiais.
A imobilizao de lipase sobre os filmes ultrafinos estveis de CA, CAP e CAB com e
sem recozimento foi quantificada para avaliar a possibilidade de aplicao destes filmes como
substratos para biomolculas. A adsoro de lipase sobre os filmes de CA e CAP com
recozimento foi mais pronunciada do que nos mesmos filmes sem recozimento. A atividade
enzimtica da lipase foi avaliada com medidas espectrofotomtricas do produto formado a
partir da hidrlise do para-nitrofenol dodecanoato. A lipase imobilizada sobre os filmes mais
hidrofbicos apresentou uma atividade maior do que a lipase livre e manteve a atividade alta
aps trs usos. As amostras foram estocadas por at 30 dias. A lipase imobilizada sobre os
filmes mais hidrofbicos manteve 70% da sua atividade, e a lipase imobilizada sobre os
filmes mais hidroflicos manteve apenas 30% da atividade. Estes resultados indicaram que
preservao da estrutura conformacional da enzima foi favorecida pela hidrofobicidade do
substrato polimrico e interaes entre os resduos polares da lipase e as partes de
glucopiranosil dos steres de celulose.

Palavras-chave: ster de celulose, polietileno, lipase, energia superficial, relao estruturapropriedade.

Abstract

Kosaka, P.M., Applications and Characterization of Cellulose Esters, 2007, 118p. PhD
Thesis Graduate Program in Chemistry. Instituto de Qumica, Universidade de So Paulo,
So Paulo.

This thesis is divided into two parts. In the first part, blends of maleated polyethylene
(M-PE) and cellulose acetate butyrate (CAB) (5-50wt%) and composites of polyethylene (PE)
or M-PE and 20wt% of cellulose, cellulose acetate (CA) or cellulose acetate propionate
(CAP) were prepared in an laboratory mixer. The mixtures structures and properties have
been studied by means of tensile testing, differential scanning calorimetry, scanning electron
microscopy, X-ray diffraction (XRD) and extraction with a selective solvent followed by
Raman spectroscopy. No significant change on the melting temperature (Tm) values obtained
for M-PE/CAB blends or PE/polysaccharides or M-PE/polysaccharides composites could be
observed, when compared with the Tm values obtained for PE and M-PE. X-ray diffraction
showed that the addition of the polysaccharides had no influence on the lattice constants of PE
or M-PE, but it increased the PE amorphous region, indicating that the miscibility happens on
the amorphous region of the PE. Composites prepared with M-PE presented yield stress and
elongation values higher than those prepared with PE, showing the compatibilizer effect of
maleic anhydride.
In the second part, the effect of two good solvents, acetone and ethyl acetate, on the
characteristics and surface properties of thin (30nm<thickness<200nm) and ultrathin
(thickness<6nm) cellulose ester films obtained by spin coating or adsorption, respectively, has
been investigated by means of ellipsometry, atomic force microscopy (AFM) and contact
angle measurements. The results were discussed in the light of solvent evaporation rate and

interaction energy between substrate and solvent. The effects of annealing and type of
cellulose ester on film thickness, film morphology and surface wettability were also studied.
Upon annealing, ultrathin films of cellulose ester became hydrophobic, evidencing molecular
re-orientation at the solid-air interface. Ultrathin films prepared from acetone solutions are
stable, but the ones prepared from ethyl acetate solutions presented dewetting. Film stability
was followed by AFM and explained with basis on the Hamaker constant values, calculated
for the first time for CA, CAP and CAB.
The adsorption of lipase onto stable ultrathin films of cellulose esters, with and without
annealing, was quantified in order to evaluate the possibility of applying such films as support
for biomolecules. Lipase adsorption onto annealed CA and CAP films was more pronounced
than that onto CA and CAP untreated films.

Enzymatic activity was evaluated by the

spectrophotometric measurement of the product formed from the hydrolysis of paranitrophenyl dodecanoate. Lipase immobilized onto more hydrophobic films presented higher
activity than free lipase and could be reused three times retaining activity at a high level. The
effect of storing time on the activity of immobilized lipase was studied. Lipase immobilized
onto more hydrophobic films retained 70% of activity after one month, reaching the same
level of activity of free lipase, and lipase immobilized onto more hydrophilic films retained
just 30% of activity after 30 days. These results indicated that enzyme preservation was
favored by polymeric substrate hydrophobicity and by the interactions between the polar
residues of lipase and the glucopyranosyl moieties of cellulose ester.

Keywords: cellulose ester, polyethylene, lipase, surface energy, structure-property


relationship.

Lista de Ilustraes
Parte I - Obteno e Caracterizao de Compsitos e Blendas de PE e Celulose ou
steres de Celulose
Figura 1 Estruturas qumicas do (a) Polietileno linear de baixa densidade com comonmero
buteno (PE), (b) anidrido malico (AM), (c) pexido de benzola (BPO) e (d) celulose (CEL)
quando R = OH, acetato de celulose (CA) quando R = COCH3, proprionato acetato de
celulose (CAP) quando R = COC2H5 e butirato acetato de celulose (CAB) quando R =
COC3H7.
Figura 2 - Variao do IIR1715/IIR1460 com a porcentagem de AM usado para estimar o grau de
funcionalizao. A linha vermelha o ajuste da variao da razo IIR1715/IIR1460 (y) com a
porcentagem de AM (x), y = 0,065 + 0,1772x 0,009x2 e R = 0,966.
Figura 3 - Curvas tpicas de torque e temperatura em funo do tempo obtida para o CAB10%. A curva do torque pode ser dividida em quatro regies: (1) pico devido ao carregamento
dos grnulos de PE na cmara de mistura, (2) oscilao do torque devido adio ao AM e do
BPO, (3) oscilao do torque devido a adio de CAB e (4) torque final (f).
Figura 4 - Curva tpica de tenso x elongao de um polmero dctil obtido para o (a) PE
puro e (b) CAB-10.
Figura 5 (a) Torque final (f); (b) mdulo de Young (E); (c) tenso no escoamento (y) e
(d) elongao na ruptura (b) em funo da porcentagem de CAB nas blendas.
Figura 6 Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas das blendas (a) CAB-5%,
(b) CAB-10%, (c) CAB-20%, (d) CAB-30%, (e) CAB-40% , (f) CAB-50% e (g) blenda PE
no funcionalizado com CAB (20% em massa).
Figura 7 Espectros Raman obtidos para (a) CAB puro, (b) M-PE, (c) blenda CAB-40%
antes da extrao com acetona e (d) blenda CAB-40% depois da extrao com acetona.
Figura 8 Grau de cristalinidade calculado a partir de (a) dados de DSC, WDSC (%), a linha
vermelha o ajuste linear WDSC = 34,93 0,26 CAB (wt%), R = 0,94 e (b) dados de XRD,
WXRD (%), a linha vermelha o ajuste linear WXRD (%) = 54,62 0,19 CAB (wt%), R = 0,96.
Figura 9 Difratogramas de raio-X obtidos para (a) CAB puro, (b) M-PE e (c) CAB-10%.
Os smbolos verdes so dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes
Lorentziano.
Figura 10 (a) Representao esquemtica do tamanho da partcula L, onde Lc a espessura
da regio cristalina do PE na lamela e La a espessura da regio amorfa do PE na lamela e (b)

tamanho da partcula L dos cristais ao logo das direes (110) e (200), calculados usando a
frmula de Scherrer,em funo da porcentagem de CAB nas blendas.
Figura 11 - Curva de torque em funo do tempo obtido para o M-PE (tringulo vermelho),
M-PE-CEL (losango verde), M-PE-CA (quadrado azul) M-PE-CAP (crculo rosa) e M-PECAB (quadrado laranja).
Figura 12 Curvas de tenso x elongao obtidas para (a) M-PE-CEL, (b) M-PE-CA, (c) MPE-CAP e (d) M-PE-CAB. As (a) e (b) tem comportamento de um polmero entre dctil e
frgil e as curvas (c) e (d) so tpicas de polmeros dcteis.
Figura 13 - Propriedades mecnicas medidas para PE, PE-CA, PE-CAP, PE-CAB, M-PECA, M-PE-CAP e M-PE-CAB (a) Mdulo de Young (E), (b) tenso no escoamento (y) e (c)
elongao na ruptura (), onde: (A) PE e M-PE, (B) PE-CEL, (C) M-PE-CEL, (D) PE-CA,
(E) M-PE-CA, (F) PE-CAP, (G) M-PE-CAP, (H) PE-CAB, (I) M-PE-CAB.
Figura 14 - Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas de (a) PE-CEL, (b) PECA, (c) PE-CAP (d) PE-CAB.
Figura 15 - Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas de (a) M-PE-CEL, (b) MPE-CA, (c) M-PE-CAP (d) M-PE-CAB.
Figura 16 - Espectro Raman obtido para (a) M-PE, (b) CAP puro e (c) M-PE-CAP antes da
extrao com acetona e (d) M-PE-CAP aps a extrao com acetona.
Figura 17 - Difratogramas de raio-X obtidos para (a) CEL, (b) CA, (c) CAP e (d) CAB. Os
smbolos verdes so dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes
Lorentziano.
Figura 18 - Difratogramas de raios-X obtidos para (a) PE puro e (b) M-PE-CAP. Os smbolos
verdes so dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes Lorentziano.

Parte II Filmes de steres de Celulose


Figura 1 - Representao esquemtica do preparo de filmes polimricos finos e
homogneos por revestimento rotacional (spin coating) sobre lminas de Si.
Figura 2 - Representao esquemtica de uma gota de um lquido colocado em uma
superfcie slida ideal formando um ngulo de contato () com a superfcie. LV a energia
superficial do lquido, SL a energia interfacial entre o lquido e o slido e S a energia
superficial do slido.

Figura 3 Seqncia das formas das bordas durante os primeiros estgios de dewetting dos
filmes finos.
Figura 4 - Representao esquemtica das estruturas qumicas de (a) substrato, (b) CA
quando R = COCH3, CAP quando R = COC2H5 e CAB quando R = COC3H7 (no caso do CAP
e do CAB grupos acetato tambm esto presentes na estrutura), (c) acetona e (d) acetato de
etila.
Figura 5 - Imagem (80x80) m2 do filme CAP preparado em acetato de etila (5mg/mL) aps
recozimento ilustrando a medida da espessura do filme por AFM (dAFM), a linha vermelha a
seo transversal.
Figura 6 Esquema da montagem experimental usada para medida de ngulo de contato de
superfcies planas.
Figura 7 Espessura dos filmes de CA-2.8 medidos por elipsometria (dELLI) ou AFM (dAFM)
em funo da concentrao de CA em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de etila
(crculo azul), as linhas vermelha e azul so os ajustes lineares das amostras feitas a partir de
solues de acetona ou acetato de etila, respectivamente (a) dELLI sem tratamento trmico, (b)
dELLI aps o tratamento trmico, (c) dAFM sem tratamento trmico e (d) dAFM aps tratamento
trmico.
Figura 8 Imagens topogrficas de AFM dos filmes finos de CA-2.8 (5mg/mL) preparados
em solues de (a) acetona (Z = 150nm) (b) acetona aps recozimento (Z = 200nm), (c)
acetato de etila (Z = 40nm) e (d) acetato de etila aps recozimento (Z = 70nm).
Figura 9 Imagens de AFM (5x5)m2 obtidas para os filmes finos de steres de celulose
preparados a partir de solues de acetona (20mg/mL) (a) filme de CA-2.8 (Z = 90 nm), (b)
filme de CAP-2.3 (Z = 320 nm), (c) filme de CAB-2.8 (Z = 220nm), (d) filme de CA-2.8 aps
tratamento trmico (Z = 30 nm), (e) filme de CAP-2.3 aps tratamento trmico (Z = 5 nm), (f)
filme de CAB-1.8 aps tratamento trmico (Z = 4 nm).
Figura 10 Imagens de AFM (5x5)m2 obtidas para os filmes finos de steres de celulose
preparados a partir de solues de acetato de etila (20mg/mL) (a) filme de CA-2.8
((20x20)m2 and (Z = 225 nm)) e zoom (Z = 70 nm), (b) filme de CAP-2.3 (Z = 50 nm), (c)
filme de CAB-1.8 (Z = 50nm), (d) filme de CA-2.8 aps tratamento trmico ((20x20)m2 and
(Z = 145 nm)) e zoom (Z = 87 nm), (e) filme de CAP-2.3 aps tratamento trmico (Z = 3
nm) e (f) filme de CAB-1.8 aps tratamento trmico (Z = 5 nm).
Figura 11 - Espessura dos filmes de CAP medidos por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em
funo da concentrao de CAP nas solues em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de

etila (crculo azul), as linhas vermelha e azul so os ajustes lineares para amostras preparadas
a partir de solues de acetona ou acetato de etila, respectivamente. (a) dELI sem tratamento
trmico, (b) dELI aps tratamento trmico (c) dAFM sem tratamento trmicoe (d) dAFM aps
tratamento trmico.
Figura 12 - Espessura dos filmes finos de CAB-1.8 medidos por elipsometria (dELI) ou AFM
(dAFM) em funo da concentrao de CAB nas solues em acetona (tringulo vermelho) ou
acetato de etila (crculo azul), as linhas vermelha e azul so os ajustes lineares para amostras
preparadas a partir de solues de acetona ou acetato de etila, respectivamente. (a) dELI sem
tratamento trmico, (b) dELI aps tratamento trmico (c) dAFM sem tratamento trmico e (d)
dAFM aps tratamento trmico.
Figura 13 Viscosidades cinemticas determinadas para as solues (5-20 g/L) de (a) CA2.8, (b) CAP-2.3 e (c) CAB-1.8.
Figura 14 - Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes ultrafinos de steres de celulose
preparados por adsoro em solues de acetona (5 mg/mL): (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 15
horas de recozimento, (c) CA-2.8 aps 60 horas de recozimento, (d) CA-2.8 aps 168 horas
de recozimento, (e) CAP-2.3, (f) CAP-2.3 aps 15 horas de recozimento, (g) CAP-2.3 aps 60
horas de recozimento, (h) CAP-2.3 aps 168 horas de recozimento (i) CAB-1.8, (j) CAB-1.8
aps 15 horas de recozimento, (k) CAB-1.8 aps 60 horas de recozimento, (l) CAB-1.8 aps
168 horas de recozimento e imagens de AFM (2x2)m2 dos filmes ultrafinos de (m) CAB-2.5,
(n) CAB-2.5 aps 15 horas de recozimento, (o) CAB-2.5 aps 60 horas de recozimento e (p)
CAB-2.5 aps 168 horas de recozimento.
Figura 15 Rugosidades (rms) dos filmes ultrafinos de steres de celulose obtidos por
adsoro em solues de acetona (5mg/mL) em funo do tempo de recozimento a 170C na
estufa a vcuo. Os valores das rugosidades (rms) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8
foram obtidos a partir de imagens (1x1) m2 e os valores de rms dos filmes de CAB-2.5
foram obtidos a partir de imagens (2x2) m2.
Figura 16 Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes ultrafinos de steres de celulose
preparados por adsoro em lminas de silcio a partir de solues em acetato de etila (5
mg/mL): (a) CA-2.8, (b) CA aps 15h de tratamento trmico, (c) CA-2.8 aps 60h de
tratamento trmico, (d) CA-2.8 aps 168h de tratamento trmico, (e) CAP-2.3, (f) CAP-2.3
aps 15h de tratamento trmico, (g) CAP-2.3 aps 60h de tratamento trmico, (h) CAP-2.3
aps 168h de tratamento trmico, (i) CAB-1.8, (j) CAB-1.8 aps 15h de tratamento trmico ,
(k) CAB-1.8 aps 60h de tratamento trmico, (l) CAB-1.8 aps 168h de tratamento trmico e
imagens de AFM (2x2) m2 dos filmes ultrafinos de CAB-2.5 (m) CAB-2.5, (n) CAB-2.5

aps 15h de tratamento trmico, (o) CAB-2.5aps 60h de tratamento trmico e (p) CAB-2.5
aps 168h de tratamento trmico.
Figura 17 - Rugosidade (rms) dos filmes ultrafinos de ster de celulose obtidos a partir de
solues de acetato de etila (5 mg/mL) em funo do tempo de tratamento trmico a 170C
em uma estufa a vcuo. Os valores das rugosidades (rms) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e
CAB-1.7 foram obtidos a partir de imagens (1x1) m2 e os valores de rms dos filmes de
CAB-2.5 foram obtidos a partir de imagens (2x2) m2.
Figura 18 Filmes usados nas medidas de ngulo de contato para determinar a energia
superficial dos steres de celulose. Imagens topogrficas de AFM dos filmes ultrafinos
preparados por adsoro em solues de acetona (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 4 horas de
tratamento trmico, (c) CAP-2.3, (d) CAP-2.3 aps 4 horas de tratamento trmico, (e) CAB1.8, (f) CAB-1.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (g) CAB-2.5, (h) CAB-2.5 aps 4 horas
de tratamento trmico e imagens de AFM dos filmes finos preparados por revestimento
rotacional em solues de acetona (i) CAP-2.3 aps 15 horas de tratamento trmico, (j) CAB1.8 aps 15 horas de tratamento trmico e (k) CAB-2.5 aps 15 horas de tratamento trmico.
Figura 19 Filmes usados nas medidas de ngulo de contato para determinar a energia
superficial dos steres de celulose. Imagens topogrficas de AFM dos filmes ultrafinos
preparados por adsoro em solues de acetato de etila (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 4 horas
de tratamento trmico, (c) CAP-2.3, (d) CAP-2.3 aps 4 horas de tratamento trmico, (e)
CAB-1.8, (f) CAB-1.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (g) CAB-2.5, (h) CAB-2.5 aps 4
horas de tratamento trmico e imagens de AFM dos filmes finos preparados por revestimento
rotacional em solues de acetato de etila (i) CAP-2.3 aps 15 horas de tratamento trmico, (j)
CAB-1.8 aps 15 horas de tratamento trmico e (k) CAB-2.5 aps 15 horas de tratamento
trmico.
Figura 20 - Representao esquemtica das camadas (1) SiO2, (2) Polissacardeo e (3) Ar,
com os respectivos valores de ndice de refrao (n) e constante dieltrica ().
Figura 21 Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes de steres de celulose sem tratamento
trmico (a) CA-2.8, Z = 5 nm, (b) CAP-2.3, Z = 10 nm, (c) CAP-2.1, Z = 2 nm, (d) CAB-1.8,
Z = 3nm, e imagens de AFM (2x2) m2 de (e) filme de CAB-2.8, Z = 3 nm.
Figura 22 Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes de steres de celulose aps tratamento
trmico (a) CA-2.8, Z = 7 nm, (b) CAP-2.3, Z = 8 nm, (c) CAP-2.1, Z = 2 nm, (d) CAB-1.8, Z
= 4nm, e imagens de AFM (2x2) m2 de (e) CAB-2.8 aps tratamento trmico, Z = 3nm.

Figura 23 Valores mdios de Lipase com os correspondentes desvios padro obtidos para
lipase adsorvida sobre filmes de ster de celulose com e sem tratamento trmico.
Figura 24 - Concentrao de p-NF formado na reao de hidrlise catalisada pela lipase:
lipase livre em soluo (coluna vermelha), lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem
tratamento trmico (coluna azul), lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 com tratamento
trmico (coluna rosa), lipase imobilizada sobre filmes de CAB-2.5 com tratamento trmico
(coluna laranja) e lipase imobilizada sobre filmes de CA-2.8 com tratamento trmico (coluna
verde). O reuso da lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico e
lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2.1, CAB-2.5 ou CA-2.8 com tratamento trmico
como agentes catalticos tambm foi determinada.
Figura 25 - Imagens de AFM (2x2) m2 obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de
CAB-1.8 sem tratamento trmico (a) logo aps preparao (Z = 8 nm), (b) aps primeiro uso
(Z = 8 nm), (c) aps segundo uso (Z = 8 nm) e (d) aps terceiro uso (Z = 8 nm).
Figura 26 - Imagens de AFM (2x2) m2 obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de
CAP-2,1 com tratamento trmico (a) logo aps preparao (Z = 7 nm), (b) aps primeiro uso
(Z= 7 nm), (c) aps segundo uso (Z = 7 nm) e (d) aps terceiro uso (Z = 7 nm).
Figura 27 - Concentrao de p-NF formado na reao de hidrlise catalisada pela lipase
imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico (coluna azul), lipase
imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 com tratamento trmico (coluna rosa), lipase
imobilizada sobre filmes de CAB-2.5 com tratamento trmico (coluna laranja) e lipase
imobilizada sobre filmes de CA-2.8 com tratamento trmico (coluna verde) em funo do
tempo de estocagem.

Lista de Tabelas
Parte I - Obteno e Caracterizao de Compsitos e Blendas de PE e Celulose ou
steres de Celulose
Tabela 1 Caractersticas qualitativas das fibras naturais (FN) e as fibras de vidro (FV).
Tabela 2 Caractersticas dos polissacardeos: comprimento mdio (l), dimetro mdio (d),
massa molar mdia ( M), grau de substituio (DS) para o acetato (Dsac), propionato (DSpr),
w

butirato (Dsbu) e hidroxila (DSOH). O DS definido como o nmero mdio de grupos


hidroxilas substitudos por unidade de anidroglucose.
Tabela 3 Materiais e cdigos das misturas, temperatura de fuso (Tm) e calor de fuso (Hf)
determinados por medidas de DSC. O nmero entre parnteses representam a porcentagem
em massa do CAB na respectiva blenda.
Tabela 4 Cdigos dos materiais e dos compsitos. Temperatura de fuso (Tm) determinada
por DSC.
Tabela 5 Reduo de massa determinada por gravimetria aps extrao com acetona, um
solvente seletivo para o CAB. Razo das intensidades obtidas antes e depois da extrao por
medidas de espectroscopia Raman (detalhes no texto).
Tabela 6 reas correspondentes aos picos de difrao (110) e (200) e o halo amorfo e as
posies dos picos. Os valores das reas so resultados de decomposies seguindo os ajustes
de Lorentz.
Tabela 7 - Reduo de massa determinada por gravimetria aps extrao com solvente
seletivo. Razo das intensidades obtidas antes e depois da extrao por espectroscopia Raman
(detalhes no texto).
Tabela 8 reas correspondentes aos picos cristalinos (110) e (200), ao halo amorfo,
posio dos picos (110) e (200) e grau de cristalinidade (WXRD).
Parte II Filmes de steres de Celulose
Tabela 1 Caractersticas dos polissacardeos fornecidas pelo fabricante: massa molar mdia
ponderal ( M w), ponto de fuso (Tm), grau de esterificao para o acetato (DSac), propionato
(DSpr), butirato (DSbu) e hidroxila (DSOH), ndice de refrao (n) para comprimento de onda
de 632,8 nm. O grau de esterificao a razo entre os grupos ster e os resduos de glicose.
Tabela 2 - Ajustes lineares com os coeficientes de regresso, R, obtidos para a dependncia
de espessura do filme medido por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em funo da

concentrao do ster de celulose (C, g/L) na soluo preparada em acetona ou acetato de


etila, sem o tratamento trmico (STT) e com o tratamento trmico (CTT). Os coeficientes
lineares esto entre parnteses com as correspondentes unidades.
Tabela 3 Espessura dos filmes ultrafinos obtidos a partir de solues de acetona ou acetato
de etila (5mg/mL) com os respectivos desvios padro.
Tabela 4 Espessura mdia (d) e rugosidade (rms) dos filmes preparados a partir de solues
de acetona utilizados para determinar a energia superficial dos steres de celulose.
Tabela 5 Espessura mdia (d) e rugosidade (rms) dos filmes preparados a partir de solues
de acetato de etila utilizados para determinar a energia superficial dos steres de celulose.
Tabela 6 Valores de tenso superficial ( LV ) com as correspondentes contribuies
d
p
dispersivas ( LV ) e polares ( LV ) reportados na literatura [XIE et al., 1995] para gua,

formamida e diiodometano, os quais foram usados para a determinao da energia superficial


dos steres de celulose.
Tabela 7 Medidas de ngulo de contato de avano para os filmes ultrafinos de CA-2.8,
CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5, preparados por adsoro (5mg/mL) ou revestimento
rotacional (20 mg/mL) e obtidos a partir de solues de acetona, com gotas de diiodometanho
(Diiodometano), formamida (Formamida) e gua (gua) como lquidos teste. Valores dos
d

componentes dipersivo ( ) e polar ( ) da energia superficial determinada pelo modelo


harmnico (equao 15, pgina 58) e a constante de Hamaker ( Apoli / poli ) calculada pela
equao 6, pgina 55.

Tabela 8 Medidas de ngulo de contato de avano para os filmes ultrafinos de CA-2.8,


CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5, preparados por adsoro (5mg/mL) ou revestimento
rotacional (20 mg/mL) e obtidos a partir de solues de acetato de etila, com gotas de
diiodometanho (Diiodometano), formamida (Formamida) e gua (gua) como lquidos teste.
d

Valores dos componentes dipersivo ( ) e polar ( ) da energia superficial determinada pelo


modelo harmnico (equao 15, pgina 58) e a constante de Hamaker ( A poli / poli ) calculada pela
equao 6, pgina 55.

Tabela 9 Caractersticas dos filmes de steres de celulose antes e depois do tratamento


trmico.

Tabela 10 Valores mdios de Lipase e BSA com os respectivos desvios padro e ngulo de
contato de avano (A) obtidos para lipase e BSA adsorvidas sobre os filmes de steres de
celulose com e sem tratamento trmico.

Lista de Abreviaturas
Aa: rea da regio amorfa
Ac: rea da regio cristalina
AFM: Microscopia de Fora Atmica
AM: Anidrido Malico
BPO: Perxido de Benzola
CA: Acetato de Celulose
CAB: Butirato Acetato de Celulose
CAP: Propionato Acetato de Celulose
CEL: Celulose
dpoli: Espessura mdia da camada de polissacardeo
dafm : Espessura do filme de ster de celulose medida por Microscopia de Fora Atmica
delli : Espesura do filme de ster de celulose medida por elipsometria
DSac: Grau de substituio para o acetato
DSbu: Grau de substituio para o butirato
DSC: Calorimetria exploratria diferencial
DSOH: Grau de substituio para a hidroxila
DSpr: Grau de substituio para o propionato
L: Tamanho das partculas dos cristais
La: Espessura da lamela amorfa
Lc: Espessura da lamela cristalina
MEV: Microscopia Eletrnica de Varredura
M-PE: Polietileno Maleado
PE: Polietileno linear de baixa densidade com comonmero buteno (PE)
p-NF: para-nitrofenol

p-NFD: para-nitrofenol-dodecanoato
rms: Rugosidade quadrtica mdia
Tg: Temperatura de transio vtrea
Tm: Temperatura de fuso
WDSC: Grau de cristalinidade calculado por calorimetria exploratria diferencial
WXRD: Grau de cristalinidade calculado por difrao de Raios-X
XRD: Difrao de Raios-X

Lista de Smbolos
Hf: Calor de fuso
M w : Massa molar mdia ponderal
E: Mdulo de Young

b: Elongao na ruptura
y: Tenso no escoamento
: Torque
f: Torque final
pos: Energia de adsoro envolvida na adsoro do polmero no substrato
foo: Energia de interao solvente/solvente
fos: Energia de interao solvente/substrato
fpp: Energia de interao polmero/polmero
fps: Energia de interao polmero/substrato
p
: Energia superficial da componente polar

SL : Energia interfacial de tenso entre o slido e o lquido


d
: Energia superficial da componente dispersiva

S : Energia superficial de uma superfcie slida


LV : Energia superficial do lquido
d
s : Componente dispersiva da energia superficial do slido
d

LV : Componente dispersiva da tenso superficial do lquido


p
s : Componente polar da energia superficial do slido
p

LV : Componente polar da tenso superficial do lquido

A : Constante de Hamaker

Apoli / poli : Constante de Hamaker da atrao polmero/polmero


A eff : Constante de Hamaker efetiva
A poli / substrato : Constante de Hamaker para a interao polmero/substrato
: Constante dieltrica
h:

Constante de Planck

: Freqncia mdia de ionizao


n : ndice de refrao

k: Constante de Boltzmann
W SL : trabalho de adeso na interface slido-lquido
T: Temperatura

: Quantidade adsorvida de protena


: ngulo de contato
: Densidade

Sumrio
Parte I Obteno e Caracterizao de Compsitos e Blendas de
Polietileno Linear de Baixa Densidade e Celulose ou steres de Celulose
1 Introduo

2 Materiais

3 Mtodos

3.1 Processamento Reativo


3.1.1 Blendas de Polietileno Maleado e Butirato Acetato de Celulose

7
7

3.1.2 Compsitos de Polietileno ou Polietileno Maleado e Celulose ou


steres de Celulose

3.2 Preparao dos Corpos de Prova

3.3 Difrao de Raios-X (XRD)

3.4 Calorimetria Exploratria Diferencial (DSC)

3.5 Ensaios Mecnicos

10

3.6 Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV)

10

3.7 Determinao do Grau de Funcionalizao do M-PE por

10

Espectroscopia FTIR
3.8 Extrao com um Solvente Seletivo Seguida por Espectroscopia

11

Raman

4 Resultados e Discusso
4.1 Enxertia do Anidrido Malico (AM) no Polietileno Linear de Baixa

13
13

Densidade (PE)
4.2 Blendas de Polietileno Maleado e Acetato Butirato de Celulose

15

4.2.1 Processamento Reativo

15

4.2.2 Ensaios Mecnicos

16

4.2.3 Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV)

18

4.2.4 - Extrao com um Solvente Seletivo Seguida por Espectroscopia

19

Raman
4.2.5 - Calorimetria Exploratria Diferencial (DSC) e Difrao de Raios-

21

X (XRD)
4.3 - Compsitos de Polietileno ou Polietileno Maleado e Celulose ou steres
de Celulose

26

4.3.1 Processamento Reativo

26

4.3.2 - Ensaios Mecnicos

27

4.3.3 - Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV)

30

4.3.4 Extrao com um Solvente Seletivo Seguida de Espectroscopia

32

Raman
4.3.5 Difrao de Raios-X (XRD)

5 Concluso

35
37

5.1 - Blendas de Polietileno Maleado e Acetato Butirato de Celulose

37

5.2 - Compsitos de Polietileno ou Polietileno Maleado e Celulose ou steres

38

de Celulose

6 Referncias Bibliogrficas

40

Parte II Filmes de steres de Celulose


1 Introduo

46

2 Fundamentao Terica

50

2.1 Influncia do solvente na formao de filmes por revestimento rotacional

50

(spin coating)
2.2 Estabilidade dos filmes

52

2.3 Determinao da energia superficial de filmes polimricos

55

3 Materiais

59

4 Mtodos

61

4.1 Preparao dos Filmes

61

4.1.1 Revestimento Rotacional (Spin Coating)

61

4.1.2 Adsoro

61

4.2 Adsoro de Lipase sobre os Filmes Ultrafinos de steres de Celulose

62

4.3 Elipsometria

62

4.4 Microscopia de Fora Atmica

63

4.5 ngulo de Contato

64

4.6 Atividade Enzimtica

65

5 Resultados e Discusso
5.1 Influncia do solvente nos filmes finos (30 nm < d < 200nm) preparados
por revestimento rotacional (spin coating)Rotacional (Spin Coating)

67
66

5.2 Influncia do Solvente nos Filmes Ultrafinos (d < 6,0 nm) de steres de

80

Celulose
5.3 Determinao da Energia Superficial dos steres de Celulose

87

5.4 Adsoro de Lipase sobre Filmes Ultrafinos (d < 6,0 nm) de steres de

97

Celulose
5.4.1 Caracterstica dos substratos
5.4.2 Adsoro de Lipase sobre Filmes Ultrafinos de steres de

97
100

Celulose
5.5 Atividade Cataltica da Lipase Adsorvida sobre Filmes Ultrafinos de

102

steres de Celulose

6 Concluso

109

7 Referncias Bibliogrficas

110

Smula Curricular

119

Consideraes Gerais sobre steres de Celulose


steres de celulose de cidos orgnicos foram compostos pioneiros na qumica de
celulose e so os derivados de celulose com mais aplicaes tcnicas. O interesse em
converter celulose em steres de celulose surgiu por dois motivos: (i) a celulose decompe
abaixo do seu ponto de fuso, tornando impossvel o processamento no estado fundido e (ii) a
celulose insolvel em gua e em muitos outros solventes por causa das ligaes de
hidrognio formadas na molcula [MARK; KROSCHWITZ, 1986]. A converso da celulose
em steres de celulose produz materiais que podem ser processados no estado fundido ou
podem ser solubilizados.
Atualmente, existem vrios steres de celulose. Entretanto, somente o acetato de
celulose (CA) e os steres mistos, propionato acetato de celulose (CAP) e butirato acetato de
celulose (CAB), ganharam importncia comercial devido as suas propriedades e fcil
manuseio [HEINZE; LIEBERT, 2004.]. O acetato de celulose (CA) solvel em acetona,
metil etil cetona e acetato de etila, e tem baixa solubilidade em hidrocarbonetos. As
propriedades do CA so desejadas para muitas aplicaes que incluem (i) revestimentos
resistentes a solventes e graxas para papis, cordas, arames e roupas, (ii) argamassa para
aeromodelos, (iii) verniz para isolantes eltricos e para a fabricao de capacitores e (iv)
revestimento para produtos plsticos. O CA resistente ao intemperismo e estvel ao UV,
sendo til como revestimento para placas [ULLMANN, 1993]. CAP e CAB so mais solveis
e possuem melhor resistncia ao impacto do que CA [EDGAR, 2001]. CAP e CAB tem
inmeras aplicaes. CAB usado como (i) aditivo em verniz para madeira, (ii)
impermeabilizante para assentos automotivos e roupas, devido ao seu maior carter
hidrofbico quando comparado com a celulose, CA e CAP e (iii) adesivo. Apesar do leve
odor de cido butrico do CAB, ele apresenta vantagens como rigidez, transparncia e fcil
modelagem [ULLMANN, 1993]. As propriedades do CAP so intermedirias s propriedades

do CA e do CAB. O CAP no tem cheiro caracterstico e pode substituir o CAB em


aplicaes, onde odor indesejado [ULLMANN, 1993].

Esterificao da celulose
A celulose esterificada para produzir steres de celulose. A estrutura da celulose
consiste em unidades repetidas de anidroglucose. Cada monmero de anidroglucose possui
trs grupos hidroxilas que so esterificados para produzir steres de celulose. As propriedades
fsicas dos steres de celulose dependem do tamanho da cadeia, do tipo de substituinte e do
grau de substituio dos grupos ster ligados cadeia.
No processo industrial, quase todos os steres de celulose so produzidos por um
processo em soluo usando o catalisador (cido sulfrico) com anidrido actico em uma
soluo de cido actico. A reao de acetilao heterognea e topoqumica, na qual as
camadas das fibras de celulose reagem e so solubilizadas e, consequentemente, expem
novas superfcies para a reao. O curso da reao controlado pelas taxas de difuso dos
reagentes na celulose e, por essa razo, a celulose precisa ser ativada para uniformizar a
reao e evitar fibras no reagidas na soluo [MARK; KROSCHWITZ, 1986].
Com o processo heterogneo difcil obter um derivado de celulose uniformemente
substitudo por causa da diferena de acessibilidade dos grupos OH nas regies cristalina e
amorfa. As regies amorfas da celulose sero mais substitudas do que as regies cristalinas.
O produto ser heterogneo mesmo quando o grau de substituio (DS) mdio for atingido.
Esta heterogeneidade pode resultar em problemas na solubilidade destes steres de celulose
em alguns solventes como a acetona [EL SEOUD; HEINZE, 2004].
Propionato de celulose e butirato de celulose so sintetizados com mtodos similares
aos usados para preparar o acetato de celulose, com anidrido propinico ou anidrido butrico

na presena de um catalisador cido. Estes steres de celulose no so produzidos em escala


industrial [ULLMANN, 1993;MARK; KROSCHWITZ, 1986].
Os steres mistos de celulose, como o propionato acetato de celulose e o butirato
acetato de celulose, possuem propriedades desejveis no observadas no acetato de celulose.
Estes steres so produzidos comercialmente com mtodos similares aos usados para o
acetato de celulose. possvel esterificar a celulose com anidrido propinico ou butrico na
presena de cido actico para produzir os steres de celulose mistos [ULLMANN, 1993].
Um outro mtodo para a obteno de steres de celulose o processo homogneo.
Este processo parece ser mais simples: a celulose ativada, dissolvida e submetida a
derivatizao. Em alguns casos, a ativao e a dissoluo da celulose feita em apenas um
passo [EL SEOUD; HEINZE, 2004]. Na etapa da dissoluo, o solvente interage com os
grupos OH da celulose, eliminando, pelo menos parcialmente, as fortes ligaes de hidrognio
entre as cadeias do polmero. A dissoluo pode ser feita de duas formas: (i) resultante de
interaes fsicas entre a celulose e o solvente e (ii) feita via reao qumica.
No processo homogneo um solvente muito usado o DMAc/Li. A dissoluo da
celulose ocorre sem ou com quase nenhuma degradao. A acetilao homognea da celulose
em DMAc/Li vem recebendo ateno comercial, pois possvel sintetizar acetato de celulose
com massa molar definida e com boa reprodutibilidade do DS. Estas caractersticas so
importantes para campos de aplicao especficos como biotecnologia ou para a interao
com compostos inicos [HEINZE; LIEBERT, 2004].
De modo geral, a ativao da celulose a etapa mais importante na esterificao da
celulose. O objetivo da ativao da celulose aumentar a difuso dos reagentes na estrutura
da celulose, tornando as regies cristalinas mais acessveis. O agente de ativao penetra na
regio cristalina e rompe as fortes ligaes de hidrognio da cadeia da celulose. O sucesso da
esterificao da celulose depende da ativao da celulose. Quando a acesso aos grupos OH

so limitados, o rendimento da reao baixo [MARK; KROSCHWITZ, 1986].


Normalmente, gua ou cido actico diludo so usados como agentes ativadores, cido
actico glacial tambm pode ser usado. Em um processo recente para produzir celulose
altamente ativada para acetilao, foi empregado o tratamento alcalino. A celulose tratada
com NaOH (mercerizao) e, em seguida, a base residual lavada. O tratamento alcalino
resulta na transformao irreversvel da celulose tipo I na celulose tipo II, que menos
ordenada, isto , com menor cristalinidade [EL SEOUD; HEINZE, 2005].

Referncias Bibliogrficas
_

EDGAR; K. J.; BUCHANAN; C. M.; DEBENHAM; J.S.; RUNDQUIST; P. A.; SEILER;


B. D.; SHELTON; M.C.; TINDALL; D. Advances in cellulose ester performance and
application. Prog. Polym. Sci. v.26, n.9, 1605-1688, 2001

EL SEOUD, O.A.; HEINZE, T. Organic esters of cellulose: new perspectives for old
polymers. Em: Polysaccharides I Structure, Characterizations and Use. Ed: Heinze, T.

Adv.Polym. Sci. v.186, 103-149, 2005.


_

HEINZE, T.; LIEBERT, T. Chemical Characteristics of cellulose acetate. Macromol.

Symp. v.208, 167-237, 2004.


_

MARK, H. F.; KROSCHWITZ, J. I. Encyclopedia of Polymer Science and Engineering,


New York: Willey, 1986.

HEINZE, T.; LIEBERT, T. Chemical Characteristics of cellulose acetate. Macromol.

Symp. v.208, 167-237, 2004.


_

ULLMANN, F.; Ullmann's encyclopedia of industrial chemistry. Ed.: Yamamoto, Y.S.;


Campbell, F.T.; Pfefferkorn, R.; Rounsaville, J.F. 5 edio, USA : VCH, 1993.

P. M . K osaka

Parte I: O bteno e Caracterizao de Com psitos e B lendas de Polietileno


L inear de B aixa D ensidade e Celulose ou steres de Celulose
1 Introduo
Estudos recentes de compsitos de termoplstico e fibras naturais tm descrito o uso
de fibras naturais como fibras de reforo de baixo custo em vrios termoplsticos. Um grande
nmero de componentes automotivos anteriormente fabricados com compsitos com fibras de
vidro agora esto sendo feitos com compsitos que causam menos danos ao meio ambiente
[WAMBUA; IVENS; VERSPOET, 2003]. Estes compsitos tm recebido ateno da
indstria devido natureza termoplstica dos compsitos de fibras naturais e termoplsticos,
que permite a fabricao dos compsitos usando tcnicas tradicionais de processamento e a
reciclagem dos produtos resultantes ao final da sua vida til [JOSHI et al., 2004].
Recentemente, uma parceria entre a GE Plastics South Amrica e a Unicamp desenvolveram
um compsito de nylon 6 reforado com fibra de curau, uma bromlia que cresce na regio
da Amaznia. Este material ir competir no mercado com o nylon 6 reforado com fibra de
vidro, usado na fabricao de peas automotivas e tambm na indstria eletro eletrnica [DE
PAOLI et al.; 2007; RACHEL, 2007].

A incorporao de fibras naturais em compsitos polimricos

atrativa porque as fibras naturais so abundantes, renovveis e biodegradveis, contribuindo


para a manuteno dos recursos mundiais [LIU; WANG; SUN, 2003; TERENZI; KENNY;
BARBOSA,

2007;

TORIZ

et

al.,

2003;

WEOLLERDORFER;

BADER,

1998;

ZAFEIROPOULOS et al., 2002].


As primeiras cargas usadas para aumentar a rigidez dos polmeros foram cargas
inorgnicas como talco, mica, fibra de vidro e carbonato de clcio [MARCOVICH; VILLAR,
2003]. As fibras de vidro so usadas como carga de reforo devido ao seu baixo custo e boas
propriedades mecnicas. Entretanto, estas fibras tm srias desvantagens quando comparadas
s fibras naturais, como mostradas na Tabela 01 [WAMBUA; IVENS; VERSPOET, 2003].

P. M . K osaka

Tabela 1 Caractersticas qualitativas das fibras naturais (FN) e as fibras de vidro (FV).
Fibras naturais (FN)

Fibras de vidro (FV)

Densidade

Baixa

Dobro das FN

Custo

Baixo

Renovvel

Sim

No

Reciclvel

Sim

No

Consumo de energia

Baixo

Alto

Abraso s mquinas

No

Sim

Risco sade quando inalado

No

Sim

Baixo, mas mais alto do que as


FN

A condio necessria para a aplicao dos compsitos reforados por fibras a


perfeita adeso entre os componentes. Sem a adeso o princpio dos sistemas reforados por
fibras no iria funcionar, isto , as fibras resistentes sustentam a carga, enquanto a matriz
distribui e transfere a carga de uma fibra para a outra [PUKNSZKY, 2005]. Uma forte
adeso produz compsitos rgidos, mas quando a adeso fraca o princpio mencionado
acima no funciona, logo a fora de adeso deve estar em um valor ideal. Devido baixa
compatibilidade entre as fibras naturais hidroflicas e os compsitos termoplsticos, grupos
funcionais precisam ser incorporados s superfcies das fibras [BELDZKI; GASSAN, 1999;
CASTELLANO et al., 2004; JOSEPH; JOSEPH; THOMAS, 2002] ou na matriz polimrica
[BELDZKI; GASSAN, 1999; CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005;
LUZ; GONALVES; DELARCO, 2007]. A modificao de poliolefinas por enxertia de
grupos funcionais especficos pode se dar por via mida (reaes qumicas em soluo) ou
por processamento reativo [BETTINI; AGNELLI, 1999; YOON; LEE; PARK, 1998.] em
misturadores mecnicos. A vantagem da funcionalizao em soluo a baixa degradao das
amostras, enquanto as desvantagens so a grande quantidade de solvente orgnico residual e a
restrio quantidade de amostra a ser funcionalizada. As vantagens do processamento
reativo so [MOAD, 1999]: (i) pouco ou nenhum uso de solventes, (ii) fcil isolao do
produto, (iii) tempo de reao curto, (iv) processo contnuo,(v) baixo custo para a infraestrutura e (vi) viabilidade de aplicao em escala industrial. Algumas desvantagens ou

P. M . K osaka

dificuldades associadas com a modificao por processo reativo podem ser: (i) necessidade de
alcanar uma mistura perfeita entre os reagentes e o substrato, (ii) alta temperatura de reao
para fundir o polmero e (iii) degradao do polmero durante o processo reativo.
Operacionalmente, a modificao da matriz mais factvel, porque esta pode ocorrer em
extrusoras [NOORDAM; WINTRAECKEN; WALTON, 1987] para grandes quantidades de
material. A modificao mais comum da matriz a grafitizao de anidrido malico (AM) na
poliolefina, que aumenta a compatibilidades atravs da esterificao entre os grupos AM e as
hidroxilas da celulose [CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005;
YANG, 1993]. Espera-se que a compatibilizao ocorra na fase amorfa da poliolefina
[CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005; JOSEPH et al., 2003;
YANG, 1993].
steres de celulose foram compostos pioneiros na qumica da celulose, e continuam os
mais importantes derivados de celulose [KLEMM et al., 2005]. Estudos misturando steres de
celulose com outros polmeros tentam, em geral, usar a resistncia dos steres de celulose
como a alta temperatura de transio vtrea (Tg) e a rigidez, para compensar a deficincia dos
outros polmeros ou vice-versa [EDGAR et al., 2001] para desenvolver materiais com
condies ambientais amigveis. Nos ltimos anos, o butirato acetato de celulose (CAB)
tornou-se um dos mais importantes steres de celulose termoplsticos. Desde 2001, 313
patentes e 135 comunicados cientficos foram publicados [http://isi3.newisiknowledge.com,
acessado em 03 de dezembro de 2007].
A miscibilidade de blendas com composies variadas de poliestireno e acetato de
celulose (CA) preparadas pelo mtodo de evaporao do solvente [MEIRELES et al., 2007;
RODRIGUES et al., 2005] foi estudada por FTIR, calorimetria exploratria diferencial
(DSC), termogravimetria (TG) e microscopia eletrnica de varredura (MEV). Neste estudo
observou-se (i) um aumento na temperatura de transio vtrea (Tg) do CA com a adio do

P. M . K osaka

PS, indicando uma possvel miscibilidade entre os dois materiais [SZAB; EPACHER;
PUKANSZKY, 2004], (ii) um acentuado aumento de 50C na temperatura de fuso com a
adio do PS, sugerindo um efeito plastificante causado pelo PS que causou um aumento na
mobilidade da cadeia da macromolcula e formou uma estrutura cristalina mais organizada,
(iii) uma transio que pode ser associada a uma possvel inverso entre a matriz e a fase
dispersa com a adio de 30% em massa de PS na blenda. Os resultados de FTIR indicam a
existncia de miscibilidade em microrregies nas blendas. Observou-se pelas imagens de
MEV que somente a blenda com 30% em massa de PS apresentou bolhas dispersas na matriz,
nas misturas com 10% e 50% em massa de PS na blenda observou-se uma fase contnua. Esta
transio de fase pode estar relacionada a uma reestruturao da blenda polimrica, que
resulta em uma separao de domnios com tamanhos diferentes.
Blendas miscveis de poli[(R)-3-hidroxi-butirato] e CAB preparados pelo mtodo de
evaporao de solvente com vrias composies mostraram mudanas estruturais sob fora
uniaxial [PARK et al., 2005]. A caracterizao das blendas de poli(-hidroxibutirato) (PHB) e
CAB foi feita por testes mecnicos, DSC, microscopia eletrnica de varredura (MEV),
difrao de raios-X (XRD) e microscopia ptica polarizada [WANG et al., 2003].
Aumentando a quantidade de CAB na blenda, o grau de cristalinidade e a temperatura de
fuso da fase do PHB diminuram e houve melhora na dureza e ductibilidade do PHB com o
aumento da elongao de 2,2% para 7,3% [WANG et al., 2003]. Estudos com blendas
homogneas de CAB/sucinato de polibutileno (PBS) mostraram que i) molculas de CAB
inibem a cristalizao do PBS nas blendas; ii) na faixa de CAB de 0-30 wt%, as molculas de
PBS tm alta miscibilidade com as molculas de CAB e as molculas de PBS estavam no
estado amorfo; iii) na faixa de 30-80wt% de PBS na blenda, as molculas de PBS formaram
regies cristalinas e amorfas, e uma poro das molculas amorfas do PBS estavam
misturadas com as molculas de CAB [TATSUSHIMA et al., 2005]. Misturar CAB com

P. M . K osaka

outros termoplsticos usados para embalagens tem muitas vantagens como melhora nas
propriedades mecnicas e biodegradabilidade [LEE; YOSHIOKA; SHIRAISHI, 2000; PARK
et al., 2005; TATSUSHIMA et al., 2005; WANG et al., 2003].
Para o estudo dos compsitos e blendas de polietileno com celulose ou steres de
celulose duas estratgias foram seguidas. Compsito um material conjugado formado por
duas fases, uma matriz polimrica contnua (que possui propriedades mecnicas inferiores s
da fase descontnua) e uma fase dispersa de reforo (cargas como fibras, xidos, negro de
fumo ou argilas). Blendas so misturas de dois ou mais polmeros [WORK; HORIE;
STEPTO, 2004]. A blenda pode se apresentar como um sistema homogneo, unifsico, ou
como um sistema heterogneo, multifsico, e as propriedades dependem da composio do
sistema, da compatibilidade e da morfologia apresentada pelas fases [CABRAL et al., 2000;
WORK; HORIE; STEPTO, 2004]. Um dos requisitos para o sucesso de uma blenda na
aplicao final a qualidade e homogeneidade da mistura polimrica [KOH et al., 1998]. Na
primeira parte, a estrutura e a propriedade das blendas de PE grafitizado com anidrido malico
(AM) com quantidade de CAB na mistura variando de 0-50% em massa foram estudadas. Na
segunda parte, manteve-se a mesma proporo de PE e celulose ou steres de celulose na
mistura para estudar o efeito da compatibilizao com AM e a influncia dos resduos dos
steres de celulose na adeso interfacial.

P. M . K osaka

2 Materiais
Polietileno linear de baixa densidade com comonmero buteno (PE) com ndice de
escoamento de 0,180 g.min-1 foi cedido pela Politeno (Brasil). O iniciador utilizado foi o
perxido de benzola (BPO, M=242,23 g.mol-1) e o agente funcionalizante o anidrido malico
(AM, M=98,06 g.mol-1) adquiridos da Vetec (Brasil). Acetato de celulose (CA-398-3),
propionato acetato de celulose (CAP-482-0.5) e butirato acetato de celulose (CAB-381-0.5)
foram gentilmente cedidos pela Eastman. Fibras curtas de celulose (CEL) (dimetro mdio
0,030 0,008 mm e 0,13 0,07 mm de comprimento) foram adquiridas da Fluka (9004-346). O dimetro mdio e o comprimento dos polissacardeos foram medidos em um
microscpio ptico Carl Zeiss Axioplan 2 equipado com um software para anlise das
imagens Leica Q550 IW. As estruturas qumicas dos materiais esto representadas na Figura
1. Na Tabela 2 esto apresentadas as caractersticas dos steres de celulose e os seus cdigos
correspondentes.
H2
C

(a)

C
H2

(b)

H
C

C
H2

CH

(c)

CH3

(d)

OR

OR

RO

O
O
RO

O
OR

OR
n

Figura 1 Estruturas qumicas do (a) Polietileno linear de baixa densidade com comonmero buteno (PE), (b)
anidrido malico (AM), (c) pexido de benzola (BPO) e (d) celulose (CEL) quando R = OH, acetato de celulose
(CA) quando R = COCH3, proprionato acetato de celulose (CAP) quando R = COC2H5 e butirato acetato de
celulose (CAB) quando R = COC3H7.
Tabela 2 Caractersticas dos polissacardeos: comprimento mdio (l), dimetro mdio (d), massa molar mdia
(M w ), grau de substituio (DS) para o acetato (Dsac), propionato (DSpr), butirato (DSbu) e hidroxila (DSOH).
O DS definido como o nmero mdio de grupos hidroxilas substitudos por unidade de anidroglucose.
Amostra

l (mm)

d (mm)

M (g mol-1)(a)

DSac(a)

DSpr(a)

DSbu(a)

DSOH(a)

CA

0,06 0,02

0,02 0,01

100.000

2,8

_____

_____

0,2

CAP

0,06 0,03

0,02 0,01

25.000

0,2

2,3

_____

0,5

CAB

0,06 0,01 0,010 0,005

20.000

1,0

_____

1,8

0,2

(a) Dados fornecidos pelo fabricante.

P. M . K osaka

3 Mtodos
3.1 - Processamento Reativo
3.1.1 Blendas de Polietileno Maleado e Butirato Acetato de Celulose
O polietileno linear de baixa densidade (PE) foi fundido em um misturador Haake
Polylab R600 Thermo Electron (Karlsruhe) GmbH a 150C e 80 rpm. Aps 5 minutos,
anidrido malico (AM) (1%) e perxido de benzola (BPO) (0,1%) foram adicionados ao
fundido e misturados por mais 4 minutos. Aps isto, butirato acetato de celulose (CAB) (seco
em uma estufa a vcuo a 70C por 10 dias) foi adicionado nas quantidades de 5, 10, 20, 30, 40
ou 50t% em massa e misturados por mais 26 minutos. Aps o processamento, as amostras
foram cortadas em pequenos grnulos. A temperatura de fuso e o torque foram registrados
durante o processo de mistura. A Tabela 3 mostra os cdigos usados para cada tipo de
mistura.
Tabela 3 Materiais e cdigos das misturas, temperatura de fuso (Tm) e calor de fuso (Hf) determinados por
medidas de DSC. O nmero entre parnteses representam a porcentagem em massa do CAB na respectiva
blenda.
Amostra

Cdigo

Tm (C)

Hf (J/g)

PE

124

105

Butirato Acetato de Celulose

CAB

-----

-----

PE grafitizado com anidrido malico (AM)

M-PE

124

105

M-PE + CAB (5%)

CAB-5%

124

101

M-PE + CAB (10%)

CAB-10%

124

78

M-PE + CAB (20%)

CAB-20%

124

93

M-PE + CAB (30%)

CAB-30%

124

80

M-PE + CAB (40%)

CAB-40%

124

71

M-PE + CAB (50%)

CAB-50%

124

65

Polietileno Linear de Baixa Densidade

3.1.2 Compsitos de Polietileno ou Polietileno Maleado e Celulose ou steres


de Celulose
O polietileno linear de baixa densidade (PE) (40g) foi fundido em um misturador
Haake Polylab R600 Thermo Electron (Karlsruhe) GmbH a 150C e 80rpm. Aps 4

P. M . K osaka

minutos, 4g de anidrido malico (AM) e 0,04g de perxido de benzola (BPO) foram


adicionados e misturados junto com o PE fundido por mais 4 minutos. Pelo menos 8 g de
celulose (CEL), acetato de celulose (CA), propionato acetato de celulose (CAP) ou butirato
acetato de celulose (CAB), secos em uma estufa a vcuo a 70C por 10 dias, foram
adicionados e misturados por mais 26 minutos. Aps o processamento, as amostras foram
cortadas em pequenos grnulos. Para estudar o efeito da compatibilizao com AM, misturas
com PE puro foram feitas. O PE (40g) foi fundido no misturador Haake Polylab R600
Thermo Electron (Karlsruhe) GmbH a 150C e 80rpm. Aps 9 minutos, 8g de CEL, CA, CAP
ou CAB secos em uma estufa a vcuo a 70C por 10 dias foram adicionados e misturados por
mais 26 minutos. Aps o processamento, as amostras foram cortadas em pequenos grnulos.
Na Tabela 04 esto apresentados os cdigos usados para cada tipo de compsito.
Tabela 4 Cdigos dos materiais e dos compsitos. Temperatura de fuso (Tm) determinada por DSC.
Amostra

Cdigo

Tm (C)

PE

124

PE grafitizado com anidrido malico (AM)

M-PE

120

Celulose

CEL

_____

Acetato de Celulose

CA

229

Propionato Acetato de celulose

CAP

184

Butirato Acetato de celulose

CAB

160

PE-CEL

121

M-PE-CEL

121

PE-CA

121

M-PE-CA

121

PE-CAP

120

M-PE-CAP

122

PE-CAB

121

M-PE-CAB

122

Polietileno linear de baixa densidade

PE + CEL
M-PE +CEL
PE + CA
M-PE + CA
PE + CAP
M-PE + CAP
PE + CAB
M-PE + CAB

3.2 - Preparao dos corpos de prova


As placas das misturas foram preparadas por um mtodo de molde por compresso. Os
grnulos foram prensados a 160C e 1,5 kPa por 10 minutos em uma prensa pneumtica

P. M . K osaka

Marconi. A espessura das placas foi ajustada usando um molde de metal de 1,6 mm de
espessura.

3.3 Difrao de Raio-X (XRD)


Os experimentos de XRD foram realizados em um difratmetro de geometria BraggBrentano da Rigaku, com uma radiao monocromatizada CuK ( = 0,154 nm), a 40 kV e 20
mA. Os padres de difrao de incidncia rasante foram coletados para o ngulo de incidncia
2 variando de 10 a 40 com intervalos de 0,05 a cada 10 segundos para as amostras com
1,6mm de espessura. Os fundamentos da tcnica podem ser encontrados na literatura
[BAUMHARDT NETO, 2004; ELIAS, 1997].

3.4 - Calorimetria exploratria diferencial (DSC)


As curvas DSC foram obtidas em um equipamento THASS XP-10. Foram realizadas
duas corridas para cada amostras em cadinhos fechados de alumnio com 7,5mg de amostra
sob atmosfera de N2 (100mL. min-1) e razes de aquecimento e resfriamento de 10C. min-1,
com uma faixa de temperatura de 25 a 100C. Aps aquecimento, as amostras foram
resfriadas at 25C e em seguida reaquecidas nas mesmas condies do primeiro
aquecimento. O segundo aquecimento foi usado para determinao da temperatura de fuso
(Tm), que foi determinada no pico. A clula de DSC foi calibrada com In (Tm = 156,6C;

Hfus = 28,59 J.g-1) e Zn (Tm = 419,6C, Hfus = 111,40 J.g-1).


A teoria sobre DSC est muito bem descrita na literatura [BERNAL et al., 2002;
LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001; MACHADO; MATOS, 2004].

P. M . K osaka

10

3.5 -Ensaios Mecnicos


Os testes mecnicos foram realizados para as amostras das blendas e compsitos, MPE e PE de acordo com o a norma ASTM D638-9. As propriedades mecnicas foram
determinadas para cinco amostras de mesma composio em uma INSTRON 4400R a
temperatura ambiente.
As propriedades mecnicas dos polmeros so caracterizadas pela resposta destes s
tenses ou deformaes aplicadas. As propriedades mecnicas dos polmeros so bem
conhecidas e esto bem descritas na literatura [CANEVAROLO JR, 2002; CANTO;
PESSAN, 2004; ELIAS, 1997; SPERLING, 1986].

3.6 Microscopia eletrnica de varredura (MEV)


As anlises das superfcies fraturadas das misturas foram obtidas em um Phillips
XL30. Para evitar artefatos devido deformao plstica as amostras foram fraturadas em
nitrognio lquido. A teoria sobre o funcionamento de um microscpio eletrnico de varredura
pode ser encontrar na literatura [ALMEIDA, 2004; CANEVAROLO JR, 2004].

3.7 Determinao do grau de funcionalizao do M-PE por espectroscopia FTIR


Espectros FTIR foram obtidos usando um Bomem MB 100 com uma resoluo de
4cm-1 e 128 varreduras por espectro. Primeiramente, a curva de calibrao foi obtida a partir
de solues de AM 1,25; 2,5; 5,0 e 10,0% em massa em etanol p.a. Isto foi possvel porque o
AM e etanol possuem espectros diferentes. Para a curva de calibrao, a banda caracterstica
do CH2 (scissoring) em 1460 cm-1 presente no etanol (ou no PE) e a banda caracterstica do
AM em 1715 cm-1, designada como a vibrao de estiramento da carbonila, foram escolhidas.
A razo entre a intensidade (altura do pico) correspondente banda da carbonila, IIR1715, e a
intensidade correspondente banda caracterstica do CH2 em 1460 cm-1, IIR1460, aumentou

11

P. M . K osaka

com o aumento da quantidade de AM na soluo como mostrado na Figura 2. A variao da


razo IIR1715/IIR1460 (y) com a porcentagem de AM (x) foi ajustada na equao y = 0,065 +
0,1772x 0,009x2 e R = 0,966. Portanto, o grau de funcionalizao do M-PE foi estimado
como 0,69% em massa por substituio na razo IIR1715/IIR1460 medida para o M-PE nesta
equao. Anteriormente s medidas de FTIR, o M-PE foi purificado por dissoluo em xileno
a 130C e precipitado em acetona a temperatura ambiente. Este processo de purificao foi
realizado duas vezes para remover as molculas de AM no reagidas, que so solveis de
acetona. A determinao do grau de funcionalizao por meio de curvas de calibrao por
FTIR muito utilizada [CASARANO et al., 2005; PAPKE; KARGER-KOCSIS, 1999;
TORRES; ROBIN; BOUTEVIN, 2001;].

0,75

/I

IR
IR
1715
1460

1,00

0,50

0,25

0
0

10

Porcentagem de AM (wt%)
Figura 2 - Variao do IIR1715/IIR1460 com a porcentagem de AM usado para estimar o grau de funcionalizao. A
linha vermelha o ajuste da variao da razo IIR1715/IIR1460 (y) com a porcentagem de AM (x), y = 0,065 +
0,1772x 0,009x2 e R = 0,966.

3.8 - Extrao com um solvente seletivo seguida por espectroscopia Raman


As amostras de cada blenda ou compsito foram pesadas em uma balana de preciso
(0,0001g), envolvidas em uma rede inerte e introduzidas em um extrator Soxhlet. Os
compsitos PE-CEL e M-PE-CEL fora tratados com xileno a 110C por 8 horas, que um
solvente seletivo para a poliolefina. Os compsitos preparados com os steres de celulose
foram tratados com acetona, que um solvente seletivo para os steres de celulose, a 55C por

P. M . K osaka

12

8 horas. Aps a extrao seletiva, todas as amostras foram secas em uma estufa a vcuo a
100C por 24 h e novamente pesadas.
Os espectros Raman foram obtidos em um Renishaw Raman System 3000 com uma
resoluo de 4 cm-1 e 64 varreduras por espectro. As blendas foram analisadas antes e depois
da extrao com o solvente seletivo. As bandas caractersticas do CH2 em 1440 cm-1 presente
nas poliolefinas, a ligao C-O-C do anel da anidroglicose em 1373 cm-1 para a celulose
(CEL) e o grupo carbonila em 1740 cm-1 para os steres de celulose foram escolhidos para a
anlise. A razo entre as intensidades (altura do pico) correspondentes s bandas
caractersticas dos polissacardeos, I1373 ou I1740, e a intensidade correspondente banda
caracterstica do CH2 em 1440 cm-1, I1440, foram consideradas para complementar as medidas
gravimtricas.

13

P. M . K osaka

4 Resultados e Discusso
4.1 Enxertia do Anidrido Malico (AM) no Polietileno Linear de Baixa
Densidade (PE)
Reaes de enxertia de anidrido malico (AM) em polietileno por processo reativo
envolve a reao do polmero fundido com o AM, na presena de perxidos (neste caso, o
perxido de benzola, BPO).
O BPO termicamente instvel e sofre ciso homoltica na ligao oxignio-oxignio
gerando radicais livres, como mostra a Reao 1 (R1) [MOAD, 1999; BETTINI; AGNELLI,
1999; LIU; BAKER; RUSSELL, 1990; GAYLORD et al., 1989].

O
C

O
O

O
2

O.

ROOR

RO

.
(R1)

O
C

RO

O.

CO2

onde ROOR representa o perxido antes de ser decomposto; RO o radical formado a partir
do perxido de benzola e AM radical livre do anidrido. RO instvel e pode se decompor,
formando B e CO2.
Os radicais produzidos pela decomposio trmica do perxido de benzola (BPO)
podem abstrair um tomo de hidrognio do agente funcionalizante (anidrido malico, AM)
dando origem ao anidrido radicalar, como mostra a Reao 2 (R2)[GAYLORD, et al., 1989;
GAYLORD; MEHTA, 1989; GAYLORD et al., 1992].
O
C
RO

O.

.
O

O
AM

O
AM

(R2)

14

P. M . K osaka

No meio reacional encontramos todas estas espcies reativas na presena do PE. Os


carbonos tercirios presentes no PE so os mais suscetveis a ataques de radicais livres. As
reaes mais provveis levam gerao de radicais livres na poliolefina (macroradicais),
como mostram as Reaes 3 e 4 (R3 e R4).

O anidrido radicalar (AM) alm de gerar

radicais livres no PE tambm pode se ligar ao macroradical PE resultante da abstrao do


hidrognio da poliolefina pelos radicais gerados pela decomposio do BPO (R5)
[GAYLORD; MEHTA, 1989].
RO + PE ROH + PE

(R3)

AM + PE PE- AM

(R4)

A reao entre o macroradical polimrico e anidrido radicalar, promove a


recombinao de radicais (R5). O macroradical PE-AM formado pode ainda sofrer
transferncia de cadeia (reao 6, R6).
PE + AM PE-g-AM

(R5)

PE-AM + PE PE-g-AM + PE

(R6)

As reaes de terminao podem ocorrer por recombinao dos radicais Reaes


7-11 (R7-R11). Os radicais livres podem sofrer terminao atravs de vrias reaes
radicalares [LIU; BAKER; RUSSELL, 1990].
2RO produtos

(R7)

PE- + RO produtos

(R8)

PE + PE PE-PE

(R9)

PE + PE-AM PE-AM-PE

(R10)

PE-AM + PE-AM PE-AM-AM-PE

(R11)

15

P. M . K osaka

O mecanismo proposto para a enxertia de AM e polietileno, segundo Roover [DE


ROOVER; DEVAUX; LEGRAS, 1996], tem incio com a abstrao de um tomo de
hidrognio da cadeia polimrica pelo iniciador, dando origem a um macroradical tercirio;
posteriormente ocorre ciso - , e a enxertia de anidrido malico, sofrendo terminao por
recombinao e ou desproporcionamento. Anlises por FTIR do PE enxertado no apresentam
nenhuma evidncia da presena de duplas ligaes. Conseqentemente, terminao por
desproporcionamento dos macrorradicais PE e PE -AM est ausente ou ocorre de forma
no significativa.

4.2 Blendas de Polietileno Maleado e Acetato Butirato de Celulose


4.2.1 Processamento reativo
O processo de mistura comea em 150C, mas devido a frico molecular a
temperatura aumenta at (175 2) C. A Figura 4 mostra o torque e a temperatura (C) em
funo do tempo para a amostra CAB-10%. A curva do torque pode ser dividida em quatro
regies: (1) pico devido ao carregamento dos grnulos de PE na cmara do misturador, (2)
oscilao do torque devido a adio do AM e do BPO, (3) oscilao do torque devido a adio
do CAB e (4) torque final (f). A Figura 3 (a) mostra o torque final (f) como uma funo da
quantidade de CAB (0-50% em massa). O f diminui com o aumento de CAB na mistura. Este
comportamento esperado porque a viscosidade do CAB menor do que a viscosidade do
PE. Para porcentagens de CAB maiores que 30% em massa, o valor do f permanece
constante, indicando que, a partir deste ponto, a viscosidade do CAB influencia
predominantemente a viscosidade da blenda.

16

P. M . K osaka
40

180

(Nm)

160

20

10

140

Temperatura (C)

30

120
0

500

1000

1500

2000

Tempo (s)

Figura 3 - Curvas tpicas de torque e temperatura em funo do tempo obtida para o CAB-10%. A curva do
torque pode ser dividida em quatro regies: (1) pico devido ao carregamento dos grnulos de PE na cmara de
mistura, (2) oscilao do torque devido adio ao AM e do BPO, (3) oscilao do torque devido a adio de
CAB e (4) torque final (f).

4.2.2 Ensaios Mecnicos


O PE tem um comportamento tpico de polmero dctil (Figura 4a): aumento da tenso
seguido de formao de pescoo, aps o pescoo percorrer toda a seo transversal a tenso
volta aumentar at a ruptura. O mesmo comportamento de polmero dctil foi observado nas
blendas com M-PE e CAB (5-50% em massa), como pode ser visto na curva de tenso x
elongao para o CAB-10% na Figura 4b .
(a)

(b)

Tenso (MPa)

Tenso (MPa)

20

10

20

10

400

800

(%)

1200

400

800

1200

(%)

Figura 4 - Curva tpica de tenso x elongao de um polmero dctil obtido para o (a) PE puro e (b) CAB-10.

As propriedades mecnicas de todas as blendas esto apresentadas nas Figuras 5b-5d.


Todas as propriedades mecnicas obtidas para o PE foram similares quelas observadas para o
M-PE, indicando que a funcionalizao com AM no alterou as propriedades mecnicas do
PE. O mdulo de Young (E) (Figura 5b) aumentou com o aumento da quantidade de CAB nas

P. M . K osaka

17

blendas. Este comportamento esperado porque o mdulo de um sistema reforado depende


das propriedades dos dois componentes [MARCOVICH; VILLAR, 2003; ZHANDAROV;
MADER, 2005; ZHANG et al., 2002;]. Portanto, como o mdulo do CAB maior do que o
mdulo do M-PE e do PE [ZHANDAROV; MADER, 2005], os mdulos das blendas sero
maiores do que a do polmero puro. A tenso no escoamento, y, (Figura 5c) obtido para o
CAB-5% e CAB-10% so maiores que do que os determinados para o PE e M-PE, enquanto o
CAB-40% e CAB-50% apresentaram os valores mais baixos de y. y geralmente mostra uma
maior dependncia com a adeso interfacial do que E; por exemplo, y pode ser
correlacionado com interaes interfaciais em sistemas de polmeros heterogneos
[MARCOVICH; VILLAR, 2003]. Durante o processo de mistura, pode ocorrer uma reao de
esterificao entre os grupos COOH e C=O enxertados no M-PE e a hidroxila do CAB
[BALASURIYA et al., 2002; CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005;
JOSEPH; JOSEPH; THOMAS, 2002;]. A ligao qumica entre as duas fases promove uma
melhor transferncia da carga aplicada na matriz para a fase de reforo, levando a um maior
valor para a tenso no escoamento. Em comparao ao PE e ao M-PE, foi observada uma
queda na elongao (b) quando a porcentagem de CAB na blenda foi maior que 30% (Figura
5d). Entretanto, as blendas com uma quantidade de CAB de at 20% na blenda apresentaram
valores de b muito prximos daqueles obtidos para o PE puro e M-PE, evidenciando um
aumento na dureza e ductibilidade. Um comportamento similar foi observado para as blendas
de PHB/CAB [WANG et al., 2003].

18

P. M . K osaka

(a)

16

(b)

0,18

E (GPa)

f (Nm)

20

0,15

0,12

12
0,09

10

20

30

40

50

10

CAB(%)

20

30

40

50

CAB (%)
(c)

11

1200

(d)

900

b(%)

y(MPa)

10

600

300
8
0

10

20

30

40

50

CAB (%)

10

20

30

40

50

CAB (%)

Figura 5 (a) Torque final (f); (b) mdulo de Young (E); (c) tenso no escoamento (y) e (d) elongao na
ruptura (b) em funo da porcentagem de CAB nas blendas.

4.2.3 Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV)


O comportamento mecnico das blendas polimricas est intimamente relacionado
com a disperso de uma fase na outra e com a adeso interfacial. A Figura 6a-6f mostra as
imagens de MEV das superfcies fraturadas das blendas CAB-5%, CAB-10%, CAB-20%,
CAB-30%, CAB-40% e CAB-50%, respectivamente. No caso das blendas CAB-5% (Figura
6a) e CAB-10% (Figura 6b), os domnios de CAB so menores e esto mais distribudos na
matriz do M-PE do que nas outras amostras. Estes resultados concordam com as propriedades
mecnicas superiores observadas para o CAB-5% e CAB-10% (Figuras 6c e 6d). As conexes
interfaciais entre a matriz e a fase dispersa podem ser vistas nas blendas CAB-10% e CAB20% (Figuras 6b e 6c, respectivamente), sugerindo que as blendas tm interfaces ricas em
pontos de adeso. As Figuras 6d e 6e correspondem s superfcies fraturadas das blendas
CAB-30% e CAB-40%. Estes resultados indicam que a fratura ocorre preferencialmente na
fase do CAB, concordando com o comportamento mecnico observado nas Figuras 6c e 6d. A
superfcie da blenda CAB-50% mostra grandes domnios de CAB e a ausncia de pontos de

19

P. M . K osaka

adeso, contribuindo com a pobre performance mecnica observada. Com a finalidade de


mostrar o efeito de compatibilizao do AM na adeso interfacial, uma imagem de MEV de
uma superfcie de uma blenda no funcionalizada de PE e CAB (20% em massa), Figura 6g.
Na presena de AM (Figura 6c) os domnios esto melhor dispersos e os pontos de adeso
entre as duas fases mais freqente do que na ausncia de AM (Figura 6g), evidenciando o
papel da compatibilizao reativa na adeso interfacial.

(a)

2
m

(b)

2
m
(d)

10
m

(c)

10
m
(f)

(e)

20
m

50
m
(g)

50

5
m

Figura 6 Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas das blendas (a) CAB-5%, (b) CAB-10%, (c)
CAB-20%, (d) CAB-30%, (e) CAB-40% , (f) CAB-50% e (g) blenda PE no funcionalizado com CAB (20% em
massa).

4.2.4 - Extrao com um solvente seletivo seguida por espectroscopia Raman


A adeso entre a matriz e a carga foi quantitativamente avaliada por medidas
gravimtricas antes e depois da extrao com um solvente seletivo, como mostrado na Tabela
5. As quantidades de CAB extradas das blendas seguiram a seguinte seqncia CAB-10% <

20

P. M . K osaka

CAB-5% < CAB-20% < CAB-30% <CAB-40% <CAB-50%. Esta tendncia est de acordo
com a performance mecnica discutida acima. A baixa quantidade de CAB extrada do CAB5%, CAB-10% e CAB-20% evidenciam a miscibilidade entre o M-PE e o CAB.
Espectros Raman foram obtidos para todas as blendas antes e depois da extrao com
o solvente seletivo. Para exemplificar este procedimento, a Figura 7 mostra um espectro tpico
de CAB, M-PE e CAB-40% antes e depois da extrao com acetona. No caso das blendas
CAB-5%, CAB-10% e CAB-20% as razes entre as intensidades I1740/I1440 aps a extrao
permaneceram praticamente as mesmas (Tabela 5). Estes resultados esto de acordo com as
pequenas quantidades de material extrado com o solvente seletivo. No caso do CAB-30%,
CAB-40% e CAB-50%, as razes das intensidades I1740/I1440 decresceram at 50% aps a
extrao.

-1

1740 cm

-1

1440 cm

(d)
(c)
(b)
(a)

2000

1500

1000
-1

Nmero de onda (cm )


Figura 7 Espectros Raman obtidos para (a) CAB puro, (b) M-PE, (c) blenda CAB-40% antes da extrao com
acetona e (d) blenda CAB-40% depois da extrao com acetona.

21

P. M . K osaka

Tabela 5 Reduo de massa determinada por gravimetria aps extrao com acetona, um solvente seletivo
para o CAB. Razo das intensidades obtidas antes e depois da extrao por medidas de espectroscopia Raman
(detalhes no texto).
Reduo da massa
Amostra

aps extrao com


acetona (%)

I1740/I1440

I1740/I1440

(antes da extrao)

(aps extrao)

PE

______

______

M-PE

______

______

CAB-5%

0,6 0,1

0,02 0,01

0,012 0,005

CAB-10%

0,3 0,1

0,03 0,01

0,03 0,01

CAB-20%

1,7 0,2

0,07 0,01

0,06 0,01

CAB-30%

6,1 0,3

0,07 0,01

0,04 0,01

CAB-40%

16 1

0,09 0,02

0,06 0,01

CAB-50%

26 3

0,10 0,02

0,05 0,01

4.2.5 Calorimetria Exploratria Diferencial (DSC) e Difrao de Raios-X (XRD)


A temperatura de fuso (Tm) e o calor de fuso (Hf) determinados a partir das curvas
de DSC (no apresentadas) esto resumidos na Tabela 6. Os valores de Tm mostrados na
Tabela 6 mostram que a funcionalizao e a mistura no alteraram a temperatura do PE. O
calor de fuso (Hf) diminuiu com o aumento de CAB, indicando que o grau de cristalinidade
tambm decresceu. O grau de cristalinidade (WDSC) foi calculado pela Equao 1 a seguir,
considerando o valor H 0f = 293 J.g-1 como de uma amostra de polietileno 100% cristalino
[WUNDERLICH; CORMIER, 1967].

DSC

(%cristalinidade) =

H f
H 0f

100

(1)

A dependncia dos valores de WDSC com a porcentagem de CAB na blenda pde ser
ajustada com a seguinte equao linear WDSC = 34,93 0,26 CAB (% em massa), R = 0,94
(Figura 8a). A queda nos valores de WDSC com o aumento da quantidade de CAB tambm foi
observado para a blenda CAB/PHB [WANG et al., 2003]. Este resultado esperado porque a
cristalinidade de CAB menor, como evidenciado pelos resultados de XRD na Figura 9a. Os

22

P. M . K osaka

estudos foram feitos para todas as blendas de M-PE/CAB para a obteno de informaes
adicionais sobre a miscibilidade e cristalinidade das blendas. Os picos de difrao e o halo
amorfo mostrados na Figura 9b so tpicos de polmeros semicristalinos como o PE. O
polietileno cristaliza com uma conformao trans e pertence classe de cristais
ortorrmbicos. As dimenses da cela unitria so a = 0,742nm, b = 0,495nm e c = 0,254nm
[ELIAS, 1997]. Todos os difratogramas foram decompostos seguindo o ajuste da funo de
Lorentz com a finalidade de quantificar a rea correspondente aos picos de difrao (110) e
(200) e o halo amorfo, como exemplificado na Figura 9b para o PE puro. Os picos de difrao
em 21,5 e 23,8 correspondem aos planos de difrao (110) e (200) observados para o PE e o
M-PE (Tabela 6) [CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al.,2005; ELIAS,
1997]. A distncia interplanar dhkl foi determinada aplicando a equao de Bragg (equao 2):

d hkl =

2 sin hkl

(2)

onde hkl o ngulo de difrao do plano cristalino (hkl) e o comprimento de onda dos
raios-X.
(a)

(b)

35

wDSC(%)

wWAXS(%)

55

30

25

50

45

20
0

10

20

30

40

50

CAB (% em massa)

10

20

30

40

50

CAB (% em massa)

Figura 8 Grau de cristalinidade calculado a partir de (a) dados de DSC, WDSC (%), a linha vermelha o ajuste
linear WDSC = 34,93 0,26 CAB (wt%), R = 0,94 e (b) dados de XRD, WXRD (%), a linha vermelha o ajuste
linear WXRD (%) = 54,62 0,19 CAB (wt%), R = 0,96.

As constantes da cela unitria a e b determinadas a partir de d e dos ndices de Miller


calculadas foram 0,75 e 0,52 nm, respectivamente. Estes valores so os idnticos aos
encontrados para o polietileno [ELIAS, 1997], indicando que o arranjo ortorrmbico
permaneceu aps o processamento.

23

P. M . K osaka

(a)

750

500

250

0
10

20

30

(b)

20000

Intensidade (u arb.)

Intensidade (u arb.)

1000

15000
10000
5000
0
10

40

20

2 (graus)

30

40

2 (graus)

Intensidade (u arb.)

15000

(c)

10000

5000

0
10

20

30

40

2 (graus)

Figura 9 Difratogramas de raio-X obtidos para (a) CAB puro, (b) M-PE e (c) CAB-10%. Os smbolos verdes
so dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes Lorentziano.

No caso das blendas, as posies correspondentes aos planos de difrao (110) e (200)
variaram dentro do erro das medidas. Entretanto, as reas correspondentes aos picos de
difrao e ao halo amorfo apresentaram variaes considerveis. A Figura 9c mostra um
difratograma obtido para o CAB-10%. O grau de cristalinidade calculada por XRD (WXRD)
foi calculado pela equao 3 a seguir:
Ac

WXRD (%cristalinidade) =
100
(
)
Ac + Aa

(3)

onde Aa e Ac correspondem s reas calculadas para as regies amorfas e cristalinas [MARK;


KROSCHWITZ, 1986].
Calculou-se Aa e Ac para cada amostra (Tabela 6). A variao dos valores de WXRD
com a porcentagem de CAB na blenda (Figura 8b) foi ajustada pela a equao linear WXRD
(%) = 54,62 0,19 CAB (wt%), R = 0,96. interessante notar que apesar de WDSC (%) e
WXRD (%) encontrados para todas as amostras diferirem em aproximadamente 20%, as curvas
correspondentes a diminuio do grau de cristalinidade com o aumento da quantidade de CAB
foram similares. Uma possvel explicao para a diferena encontrada entre WDSC (%) e

24

P. M . K osaka

WXRD (%) que os valores de WDSC foram calculados baseados em um valor terico de
-1
0
H f = 294 J.g para um polietileno 100% cristalino [WUNDERLICH; CORMIER, 1967].

Este valor pode no corresponder ao H 0f para um PE 100% cristalino, que na verdade um


copolmero do polietileno linear de baixa densidade com comonmero buteno, como descrito
na parte experimental.

Tabela 6 reas correspondentes aos picos de difrao (110) e (200) e o halo amorfo e as posies dos picos.
Os valores das reas so resultados de decomposies seguindo os ajustes de Lorentz.
Posio do

Posio do

pico (110)

pico (200)

(graus)

(graus)

19327

21,5

23,8

6758

20196

21,5

23,8

11616

3971

13546

21,1

23,5

CAB-10%

10591

2987

11702

21,1

23,4

CAB-20%

12294

5112

17553

21,5

23,8

CAB-30%

8682

2897

11525

21,2

23,5

CAB-40%

7528

2494

11160

21,2

23,5

CAB-50%

7919

3051

13447

21,3

23,6

Ac (110)

Ac (200)

Aa

(u arb.)

(u arb.)

(u arb.)

PE

17381

5186

M-PE

16114

CAB-5%

Amostra

O tamanho das partculas dos cristais (L) nas direes (110) e (200) pode ser calculado
a partir da metade da largura do pico de difrao usando a frmula de Scherrer (equao 4)

L=

K
d B cos( )

(4)

onde L o tamanho da partcula expresso na escala do comprimento de onda dos raios-X (),
d a periodicidade de Bragg correspondente ao pico, B a largura do pico meia altura
expresso em radianos e K uma constante com valor de 1,07 [CSER; HOPEWELL;
SHANKS, 2001]. L, esquematicamente representado na Figura 10, composto por Lc, a
espessura da lamela cristalina do PE, e La a espessura da lamela amorfa do PE.

25

P. M . K osaka

50

Lc

L(110)
L(200)

La

L (nm)

(b)

40

30

Lc

20
0

10

20

30

40

50

CAB (wt%)

(a)
Figura 10 (a) Representao esquemtica do tamanho da partcula L, onde Lc a espessura da regio cristalina
do PE na lamela e La a espessura da regio amorfa do PE na lamela e (b) tamanho da partcula L dos cristais ao
logo das direes (110) e (200), calculados usando a frmula de Scherrer,em funo da porcentagem de CAB nas
blendas.

L110 o tamanho da partcula ao longo do plano (110) e L200 o tamanho da partcula


ao longo do plano (200). L110 e L200 apresentam dependncia similar com a porcentagem de
CAB na blenda, como mostrado na Figura 10b. L110 e L200 aumentaram com o aumento de
CAB at 10% e ento permaneceram constantes. Este efeito pode ser atribudo a incorporao
de CAB na regio amorfa do M-PE [MARCOVICH; VILLAR, 2003; PARK; KIM, 2002],
aumentando a poro La. Estes resultados corroboram com o comportamento mecnico
observado para as blendas CAB-5% e CAB-10% e com dados da literatura sobre blendas
compostas de algum outro polmero semicristalino e CAB [KLEMM et al., 2005;
TATSUSHIMA et al., 2005; WANG et al., 2003].

26

P. M . K osaka

4.3 Compsitos de Polietileno ou Polietileno Maleado e Celulose ou


steres de Celulose
4.3.1 Processamento reativo
A temperatura de fuso (Tm) obtida para o PE puro, M-PE, CA, CAP e CAB (Tabela
04) esto de acordo com as reportadas na literatura [MARK; KROSCHWITZ, 1986] ou
fornecidas pelos fabricantes [www.eastman.com]. Baseado nestes dados, a temperatura inicial
do processo de mistura foi fixado em 150C, mas devido frico molecular a temperatura
subiu at (175 2)C, semelhante ao comportamento da Figura 3, pgina 15. A Figura 11
apresenta o torque em funo do tempo obtido para M-PE, M-PE-CEL, M-PE-CA, M-PECAP, M-PE-CAB. Os valores dos torques finais (f) encontrados para M-PE, M-PE-CEL, MPE-CA, M-PE-CAP, M-PE-CAB foram (10 1)Nm, (15 1)Nm, (23 2)Nm, (18 2)Nm e
(13 1)Nm, respectivamente. Comparando os valores dos torques finais do M-PE com os
valores encontrados para os compsitos, a adio da CEL, CA ou CAP levou a um aumento
significativo nos valores dos f, enquanto que a adio de CAB exerceu um pequeno aumento
no valor do f. Este comportamento esperado porque na temperatura do processamento o
CAB e a poliolefina esto fundidos e a viscosidade na cmara de mistura influenciada pela
viscosidade do polissacardeo fundido, que maior que a viscosidade da poliolefina fundida.
No caso das amostras M-PE-CEL, M-PE-CA, M-PE-CAP a presena da carga slida aumenta
a resistncia do fluxo na cmara de mistura, aumentando os valores dos torques finais.
M-PE
M-PE-CEL
M-PE-CA
M-PE-CAP
M-PE-CAB

Torque (Nm)

50
40
30

Figura 11 - Curva de torque em funo do tempo


obtido para o M-PE (tringulo vermelho), M-PECEL (losango verde), M-PE-CA (quadrado azul)

20

M-PE-CAP

10

(quadrado laranja).

0
0

500

1000

1500

Tempo (s)

2000

(crculo

rosa)

M-PE-CAB

27

P. M . K osaka

4.3.2 Ensaios Mecnicos


O PE apresentou um comportamento tpico de polmero dctil (Figura 4a, pgina 16).
Entretanto, com a adio de CEL e CA, foi observado um comportamento intermedirio entre
dctil e frgil foi observado (Figuras 12a e 12b). Quando a carga utilizada foi o CAP e o
CAB, os materiais apresentaram o comportamento de polmero dctil, como apresentado nas
Figuras 12c e 12d.
12

(a)

(b)

Tenso (MPa)

Tenso (MPa)

12

0
0

30

60

90

(%)

Tenso (MPa)

Tenso (MPa)

15

10

0
400

(%)

60

16

(c)

200

40

(%)

20

20

600

800

(d)

12

0
0

400

800

(%)

Figura 12 Curvas de tenso x elongao obtidas para (a) M-PE-CEL, (b) M-PE-CA, (c) M-PE-CAP e (d) MPE-CAB. As (a) e (b) tem comportamento de um polmero entre dctil e frgil e as curvas (c) e (d) so tpicas de
polmeros dcteis.

Sabe-se que a adeso interfacial entre duas fases tem uma grande influncia nas
propriedades mecnicas das misturas (blendas ou compsitos). As propriedades mecnicas
obtidas para todas as amostras esto apresentadas na Figura 13a-13c. Em comparao ao PE
ou M-PE, a adio do polissacardeo levou a um aumento do mdulo de Young (E) (Figura
13a), que supera os correspondentes desvios padres. Este comportamento esperado uma
vez que j de conhecimento geral que o mdulo de um sistema reforado depende das
propriedades dos dois componentes, o reforo e a matriz [MARCOVICH; VILLAR, 2003;

P. M . K osaka

28

MOAD, 1999; ZHANDAROV; MADER, 2005; ZHANG et al., 2002]. Portanto, sendo o
mdulo de um material de reforo (CEL, CA, CAP ou CAB) maior que o mdulo do PE ou
M-PE, os mdulos dos compsitos sero maiores que o do polmero puro. Entretanto, os
valores de tenso no escoamento (y) obtidos para M-PE-CEL, M-PE-CA e M-PE-CAP so
mais altos do que os valores de y determinados para PE-CEL PE-CA e PE-CAP (Figura
13b). A tenso no escoamento (y) geralmente apresenta maior dependncia da adeso
interfacial do que o mdulo de Young (E); por exemplo, a tenso no escoamento pode ser
bem correlacionada com interaes interfaciais em sistemas de polmeros heterogneos
[MARCOVICH; VILLAR, 2003]. Durante o processo de mistura pode ocorrer uma reao de
esterificao entre os grupos COOH e C=O grafitizados no M-PE e as hidroxilas dos
polissacardeos, formando um copolmero grafitizado [BALASURIYA et al., 2002;
CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005; JOSEPH; JOSEPH;
THOMAS, 2002]. A ligao qumica entre as duas fases promove uma melhor transferncia
da carga aplicada da matriz para a fase de reforo, levando a uma maior tenso no
escoamento. Esta tendncia observada na Figura 13b, onde os maiores valores de y foram
encontrados para os compsitos preparados com CEL e CAP, que possuem a maior
quantidade de grupos hidroxilas por monmero (DSOH 0,5). Entretanto, interessante
observar que na ausncia de anidrido malico (AM) os valores de y so baixos, indicando
que as foras dispersivas entre a poliolefina hidrofbica e os resduos dos steres de celulose
tm um papel pequeno na adeso interfacial. Outra observao importante que o PE-CEL
apresenta uma tenso no escoamento maior que o PE e o M-PE. Este aumento nos valores da
tenso no escoamento, y, no compsito PE-CEL reflete a contribuio das propriedades do
material de reforo (CEL). Em outras palavras, 20% em massa de CEL aumenta a resistncia
ao escoamento dos compsitos preparados com PE porque a CEL muito mais rgida que o
PE.

29

P. M . K osaka

(a)

PE-CAB

M-PE-CAB

M-PE-CAP

PE-CAP

M-PE-CA

PE-CA

PE-CEL

M-PE-CEL

8
PE, M-PE

y(MPa)

PE-CAB

(b)

12

M-PE-CAB

M-PE-CAP

PE-CAP

PE-CA

M-PE-CA

PE-CEL

0,05

M-PE-CEL

0,10
PE, M-PE

E(GPa)

0,15

0
1200

(c)

b(%)

800

400

Figura 13 - Propriedades mecnicas medidas para PE, PE-CA, PE-CAP, PE-CAB, M-PE-CA, M-PE-CAP e MPE-CAB (a) Mdulo de Young (E), (b) tenso no escoamento (y) e (c) elongao na ruptura (), onde: (A) PE e
M-PE, (B) PE-CEL, (C) M-PE-CEL, (D) PE-CA, (E) M-PE-CA, (F) PE-CAP, (G) M-PE-CAP, (H) PE-CAB, (I)
M-PE-CAB.

Nesta parte, a quantidade de polissacardeo foi fixada em 20% em massa, que o mais
usado para compsitos. Observou-se anteriormente [KOSAKA et al., 2006] que nas blendas
de M-PE e CAB, a adio de 5 ou 10% em massa de CAB ao M-PE forma materiais com
propriedades mecnicas superiores do que as obtidas para o PE ou M-PE. Entretanto, misturas
com porcentagem de CAB entre 20 e 40% em massa tiveram propriedades mecnicas
comparveis s observadas para o PE ou M-PE. Este efeito pode ser explicado com base no
limite de miscibilidade de at 10% em massa de CAB na fase amorfa do PE, como
evidenciado por medidas de XRD e DSC. Os valores mdios de y obtidos para o PE-CAB e
M-PE-CAB (Figura 13b) foram menores do que os obtidos para o PE e M-PE, corroborando
com os resultados anteriores.
Em comparao com o PE puro, observou-se uma queda na elongao na ruptura (b)
para todas as amostras. Entretanto, este efeito menos pronunciado na presena de M-PE,

P. M . K osaka

30

indicando que a modificao da interface promove um aumento na dureza e na ductibilidade.


M-PE-CAP e M-PE-CAB apresentaram os valores mais altos de b, que so muito prximos
nos valores obtidos para o PE puro. Este efeito pode ser explicado com base nos valores de
peso molecular do CAP e do CAB, que so menores que o peso molecular do CA. Alm
disso, CAP e CAB so menos cristalinos que o CA, como ser mostrado nos resultados de
XRD.
Na Tabela 04 esto apresentados os valores de Tm determinados para os compsitos
por medidas de DSC. Com respeito aos valores de Tm, a adio da fase de reforo ao PE ou ao
M-PE levou a um aumento de apenas 2C, que insignificante [HRISTOV; VASILEVA,
2003]. Zhang e colaboradores (2002a) observaram que a temperatura de cristalizao e as
entalpias de fuso dos compsitos de polietileno funcionalizado com AM (M-PE) com fibras
naturais variaram muito pouco e sugeriram que as interaes entre o M-PE e a FN so to
fracas que a cristalinidade da matriz do M-PE fica inalterada.

4.3.3 Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV)


Para obter materiais com boas propriedades mecnicas so necessrios (i) uma boa
disperso de uma fase na outra e (ii) uma forte adeso interfacial. A anlise das superfcies
fraturadas dos compsitos por microscopia eletrnica de varredura (MEV) pode fornecer
informaes sobre a adeso interfacial. No caso dos compsitos PE-CEL, PE-CA, PE-CAP e
PE-CAB os domnios dos polissacardeos apresentam poucos pontos de ligao com a matriz
do PE, espaos vazios entre os polissacardeos e a matriz polimrica na regio da interfase,
indicando uma pobre adeso (Figura 14a-d).

31

P. M . K osaka

(b)

(a)

10m

20m
(d)

(c)

2m

5m

Figura 14 - Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas de (a) PE-CEL, (b) PE-CA, (c) PE-CAP (d)
PE-CAB.

Ao contrrio, as imagens de MEV das superfcies fraturadas obtidas para os


compsitos M-PE-CEL, M-PE-CA, M-PE-CAP e M-PE-CAB (Figura 15a-15d) apresentaram
mltiplos pontos de adeso entre os domnios dos polissacardeos e a matriz do M-PE, os
domnios esto melhor distribudos e menores evidenciando uma boa disperso dos
polissacardeos na matriz e uma boa adeso interfacial entre os componentes, corroborando
com as propriedades mecnicas superiores observadas para os compsitos com M-PE. A
baixa tenso interfacial entre o M-PE e os polissacardeos pode ser devida : reaes de
esterificao entre os grupos AM ligados ao PE e as hidroxilas dos CEL, CA, CAP e CAB e
as foras dispersivas entre os resduos hidrofbicos propila e butila e a matriz.

32

P. M . K osaka

(a)

(b)

5m

20m
(c)

(d)

5m

10m

Figura 15 - Imagens de MEV obtidas para as superfcies fraturadas de (a) M-PE-CEL, (b) M-PE-CA, (c) M-PECAP (d) M-PE-CAB.

4.3.4 Extrao com Solvente Seletivo Seguida de Espectroscopia RAMAN


A adeso entre a matriz e a carga foi quantitativamente avaliada por medidas
gravimtricas antes e depois da extrao com um solvente seletivo, como apresentada na
Tabela 7. Inicialmente todos os compsitos continham 80% em massa de poliolefina e 20%
em massa de polissacardeo. No caso dos compsitos PE-CEL e M-PE-CEL, as cadeias da
poliolefina foram extradas com xileno, que solubiliza PE e M-PE mas no solubiliza a
celulose. Na ausncia de anidrido malico (AM), as cadeias da poliolefina foram totalmente
extradas. Contrariamente, no caso do M-PE-CEL, somente 74% da poliolefina foi removida,
enquanto 6% permaneceu ligado fase da CEL. Isto indica que na regio interfacial, onde MPE e CEL esto intimamente ligados, o xileno inerte. Efeitos similares foram observados
para compsitos com celulose cristalina e polietileno maleado [ZHANG et al., 2002]. Com

33

P. M . K osaka

relao aos compsitos preparados com CA, CAP e CAB, a acetona foi usada para extrair os
polissacardeos. importante lembrar que a acetona no dissolve o PE ou o M-PE, ela
dissolve apenas os steres de celulose. Na ausncia de AM, as quantidades extradas do PECA, PE-CAP e PE-CAB foram 6,66%, 4,55% e 5,58% em massa, respectivamente.
Entretanto, no caso dos compsitos preparados com M-PE, as quantidades extradas dos
polissacardeos foram menores. Particularmente nos casos do M-PE-CAP e M-PE-CAB as
quantidades extradas caram para 1,56% e 1,74% em massa, respectivamente, indicando que
a adeso interfacial formada entre o M-PE e o ster de celulose no foi dissolvida pela
acetona. Estes resultados servem para afirmar que o AM tem um papel importante na adeso
interfacial entre a matriz e o polissacardeo. Portanto, os polissacardeos com um grande
nmero de grupos hidroxilas por monmero interagem mais fortemente com o M-PE.
Tabela 7 - Reduo de massa determinada por gravimetria aps extrao com solvente seletivo. Razo das
intensidades obtidas antes e depois da extrao por espectroscopia Raman (detalhes no texto).

Amostra

Reduo de
massa aps
extrao (%)

I1373/I1440
antes da
extrao

PE

M-PE

I1740,/I1440
depois da
extrao

I1373/I1440
aps
extrao

I1740/I1440
antes da
extrao

____

____

____

____

____

____

____

____

PE-CEL

80 1(a)

0,021 0,001

0,13 0,06

____

____

M-PE-CEL

74 1(a)

0,063 0,003

0,17 0,08

____

____

PE-CA

6,66 0,03(b)

____

____

0,073 0,004

0,042 0,002

M-PE-CA

5,57 0,03(b)

____

____

0,062 0,003

0,044 0,002

PE-CAP

4,55 0,02(b)

____

____

0,071 0,004

0,042 0,002

M-PE-CAP

1,56 0,01(b)

____

____

0,071 0,004

0,062 0,003

PE-CAB

5,58 0,03(b)

____

____

0,055 0,003

0,033 0,002

M-PE-CAB

1,74 0,02

____

____

0,072 0,004

0,061 0,003

(a) Extrao da poliolefina com xileno.


(b) Extrao dos steres de celulose com acetona

34

P. M . K osaka

Espectros Raman foram adquiridos para todos os compsitos antes e depois da


extrao com o solvente seletivo. Para exemplificar este procedimento, Figura 16 mostra
espectros Raman obtidos para M-PE, CAP, M-PE-CAP antes e depois da extrao com
acetona. No caso dos compsitos PE-CEL e M-PE-CEL, onde as cadeias da poliolefina foram
extradas com xileno, a intensidade das bandas caractersticas do CH2 das poliolefinas em
1440cm-1 diminuiu. Desta forma, com a extrao com solvente seletivo nos compsitos PECEL e M-PE-CEL, as razes entre as intensidades I1373/I1440 aumentaram aps a extrao,
concordando com os resultados gravimtricos. No caso dos compsitos preparados com M-PE
e CAP ou CAB as razes entre as intensidades I1740/I1440 aps a extrao permaneceram
praticamente as mesmas. Estes resultados condizem com as pequenas quantidades de material
extrado com os solventes seletivos nos dois casos. Nos casos dos compsitos preparados com
PE, as razes entre as intensidades I1740/I1440 diminuem aps a extrao, mostrando que na
ausncia de anidrido malico, os steres de celulose so mais facilmente removidos.
1740 cm

-1

1440 cm

-1

(d)
(c)
(b)
(a)

2000

1500

1000
-1

Nmero de onda (cm )


Figura 16 - Espectro Raman obtido para (a) M-PE, (b) CAP puro e (c) M-PE-CAP antes da extrao com
acetona e (d) M-PE-CAP aps a extrao com acetona.

35

P. M . K osaka

4.3.5 Difrao de Raio-X (XRD)


CEL, CA, CAP e CAB so polmeros semicristalinos, como mostrado pelas medidas
de XRD nas Figuras 17a, 17b, 17c e17d, respectivamente.
1000

(a)

Intensidade (u arb.)

Intensidade (u arb.)

2000

1500

1000

500

0
10

20

30

750

500

250

0
10

40

2 (graus)

30

1500

(c)
Intensidade (u arb.)

Intensidade (u arb.)

20

40

2 (graus)

2500
2000

(d)

1000

1500
1000
500
0
10

(b)

20

2 (graus)

30

40

500

0
10

20

30

40

2 (graus)

Figura 17 - Difratogramas de raio-X obtidos para (a) CEL, (b) CA, (c) CAP e (d) CAB. Os smbolos verdes so
dados experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes Lorentziano.

Zhang e colaboradores [ZHANG et al., 2003] recentemente argumentaram que as


cargas com baixa cristalinidade favorecem a compatibilidade nos compsitos, o que pode
justificar as propriedades mecnicas superiores dos sistemas com CAP e CAB, que so os
materiais menos cristalinos. Estudos de XRD foram realizados para os compsitos
PE/polissacardeo e M-PE/polissacardeo com o objetivo de se obter informaes adicionais
sobre a miscibilidade. O polietileno cristaliza na conformao trans e pertence classe de
cristais ortorrmbicos. As dimenses da cela unitria ortorrmbica so a = 0,742 nm, b =
0,495 nm e c = 0,254 nm. Todos os difratogramas foram decompostos por ajuste Lorentziano
para quantificar as reas correspondentes aos picos cristalinos (110) e (200) e o halo amorfo,
como exemplificado na Figura 18a para o PE puro. A Figura 18b mostra uma curva tpica de
espalhamento de raios-X em funo do ngulo de espalhamento obtido para o M-PE-CAP. Os

36

P. M . K osaka

picos de difrao em 21,5C e 23,8C (Tabela 8) correspondem aos planos de difrao (110) e
(200), respectivamente [CAMPOS; FANTINI; PETRI, 2004; CASARANO et al., 2005;
ELIAS, 1997;].

Intensidade (u arb.)

Intensidade (u arb.)

20000

(b)

(a)
(110)
20000

10000
(200)

0
10

20

30

40

(110)
15000

10000
(200)
5000

0
10

2 (graus)

20

30

40

2 (graus)

Figura 18 - Difratogramas de raios-X obtidos para (a) PE puro e (b) M-PE-CAP. Os smbolos verdes so dados
experimentais. As linhas magentas correspondem aos ajustes Lorentziano.

As distncias interplanares foram determinadas pela equao de Bragg (ver equao 2


na p.22).
As dimenses da cela unitria a e b foram calculadas a partir de dhkl e dos ndices de
Miller e quantificados em 0,75 e 0,52 nm, respectivamente. Os valores so os mesmos do que
os reportados para o polietileno [ELIAS, 1997], indicando que o arranjo ortorrmbico
permaneceu aps o processamento. Os difratogramas na Figura 18 so caracterizados pela
presena de um halo amorfo e dois picos de difrao. O grau de cristalinidade (WXRD) foi
calculado atravs da equao 3 na pgina 23. O valor de WXRD encontrado para as amostras
PE e M-PE foi 54% (Tabela 8). Aps misturar PE com CEL, CA, CAP ou CAB os valores de
WXRD diminuram para 46%, 52%, 51% e 51%, respectivamente. No caso dos compsitos
preparados com M-PE, a queda no WXRD foi mais pronunciada quando a CEL (46%) e o CAP
(49%) foram usados. importante lembrar que estes clculos so resultados de ajustes
Lorentzianos e devem ser considerados como uma tendncia. As tendncias mostraram que
independentemente do tipo do polissacardeo, um decrscimo nos valores dos WXRD foi
observado. Entretanto, este efeito foi mais pronunciado em M-PE-CEL (decrscimo de 8%) e

37

P. M . K osaka

M-PE-CAP (decrscimo de 5%), que apresentou o maior valor para a tenso no escoamento
(y). No entanto, as constantes da cela unitria no foram afetadas pelo processamento, pois
no foi observada nenhuma mudana nas posies dos picos cristalinos (110) e (200).

Tabela 8 reas correspondentes aos picos cristalinos (110) e (200), ao halo amorfo, posio dos picos (110) e
(200) e grau de cristalinidade (WXRD).
Pico,

Pico,

posio

posio

(110)

(200)

(grau)

(grau)

19,0

21,5

23,8

54

6,9

19,6

21,5

23,8

54

13,0

5,6

21,4

21,5

23,8

47

PE-CA

12,8

4,8

16,5

21,5

23,8

52

PE-CAP

12,7

4,8

17,1

21,5

23,8

51

PE-CAB

12,2

5,2

16,4

21,4

23,7

51

M-PE-CEL

13,6

5,8

20,6

21,5

23,8

46

M-PE-CA

12,7

4,6

17,0

21,5

23,8

50

M-PE-CAP

12,2

4,5

17,0

21,5

23,8

49

M-PE-CAB

12,4

5,2

17,2

21,5

23,8

51

rea

rea

rea,

(110)

(200)

Halo amorfo

(u a.)

(u a.)

(u a.)

PE

17,5

5,2

M-PE

16,3

PE-CEL

Amostra

Os valores das reas so resultados de ajustes Lorentzianos.

WXRD
(%)
(
1)

38

P. M . K osaka

5 Concluso
5.1 Blendas de Polietileno Maleado e Acetato Butirato de Celulose
As estruturas e propriedades das blendas de M-PE e CAB preparadas com quantidades
de CAB variando de 5-50% em massa foram investigadas com diferentes tcnicas
experimentais. Os principais resultados foram:

Blendas com 5 e 10% em massa de CAB tiveram propriedades mecnicas superiores


ao

PE e o M-PE. Esta melhora nas propriedades mecnicas devido adeso

interfacial e uma boa disperso do CAB na matriz do M-PE, evidenciadas


qualitativamente por MEV e quantitativamente por gravimetria e espectroscopia
Raman aps a extrao do CAB com acetona;

As propriedades mecnicas das blendas com quantidade de CAB entre 20 e 40wt% so


comparveis as propriedades mecnicas observadas para o PE e o M-PE, enquanto as
blendas com 50% em massa de CAB apresentaram uma pobre performance mecnica.
Para quantidades de CAB maiores de 30% em massa a reduo da massa aps a
extrao com acetona aumento significantemente, indicando uma fraca adeso
interfacial. Estes resultados concordam com as imagens de MEV que mostram que os
domnios do CAB esto dispersos na fase do M-PE com poucos pontos de adeso na
interface;

Os graus de cristalinidade determinados por XRD e DSC decresceram com o aumento


da quantidade de CAB na blenda.

5.2 Compsitos de Polietileno ou Polietileno Maleado e Celulose ou


steres de Celulose
Compsitos de PE ou M-PE com quatro polissacardeos diferentes (CEL, CA, CAP ou
CAB) foram preparados. A estrutura, propriedade dos compsitos e efeito de

P. M . K osaka

39

compatibilizao do anidrido malico na adeso interfacial foram estudados por diferentes


tcnicas experimentais. Os resultados mais relevantes esto descritos a seguir:

Os valores mais altos de tenso no escoamento (y) foram observados para os


compsitos preparados com polietileno maleado e CEL ou CAP, os polissacardeos
que tem a maior quantidade de grupos hidroxilas por cadeia;

Os compsitos M-PE-CAP e M-PE-CAB apresentaram os maiores valores para


elongao na ruptura (b);

A queda no grau de cristalinidade (GC), determinado por XRD, foi mais pronunciada
no M-PE-CEL e no M-PE-CAP. A adio de CEL, CA, CAP ou CAB no causou
nenhuma mudana nos valores das constantes da cela unitria ou nos valores de Tm
determinados para o PE ou M-PE por XRD e DSC, respectivamente;

A extrao de um componente com solvente seletivo seguido por gravimetria e


espectroscopia Raman forneceu evidncias quantitativas que confirmaram o efeito
compatibilizante do AM nos compsitos, principalmente naqueles preparados com
CAP e CAB.
A reao de esterificao que ocorre entre os grupos COOH e C=O grafitizados no

M-PE e grupos hidroxilas nos polissacardeos leva a formao de compsitos com


performances superiores. Portanto, os compsitos preparados com CEL ou CAP, que possuem
a maior quantidade de grupos OH por monmero (DSOH 0,5), so compsitos com potencial
para aplicaes prticas. Entretanto, interessante observar que na ausncia de AM os
compsitos apresentaram um desempenho ruim, indicando que as foras dispersivas entre a
fase hidrofbica da poliolefina e os resduos dos steres de celulose tm um papel marginal na
adeso interfacial.

40

P. M . K osaka

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P. M . K osaka

46

Parte II - Film es de steres de Celulose


1 Introduo
steres de celulose so largamente utilizados em formulaes de tintas e revestimentos
base de solventes orgnicos. Quando eles so utilizados como aditivos, modificadores de
resinas ou principal constituinte do filme, eles melhoram as propriedades de fluxo
(viscosidade), a capacidade de polimento, estabilidade a UV, resistncia ao amarelecimento,
resistncia a fissuras no filme, disperso dos pigmentos. Alm disso, a adio de steres de
celulose formulao reduz o tempo de secagem, estabiliza pigmentos metlicos e reduz a
migrao do plastificante. Dentre os steres de celulose, os que so mais utilizados em
revestimentos so acetato de celulose (CA), propionato acetato de celulose (CAP) e butirato
acetato de celulose (CAB). Na formulao de revestimentos metlicos para a indstria
automotiva, a presena de CAB ajuda na orientao paralela das partculas metlicas
[EDGAR et al., 2001]. No segmento de tintas decorativas o CAB tem sido usado como
compatibilizante (binder) e agente promotor de reteno de cor, flexibilidade e resistncia
umidade e ao intemperismo [EDGAR et al., 2001 ; Fazenda, 1995].
Filmes finos (50 nm < espessura mdia < 200 nm) polimricos so muito utilizados na
indstria microeletrnica, no desenvolvimento de sensores, na indstria de embalagem e no
meio acadmico. O revestimento rotacional (spin coating) tem sido usado para produzir
filmes finos polimricos em produes de larga escala e em escalas de laboratrio
[NORRMAN; GHANBARI-SIAHKALI; LARSEN, 2005]. Nesta simples tcnica, a soluo
com o polmero gotejada na superfcie do substrato e este gira a uma dada velocidade
angular durante certo perodo de tempo. A espessura do filme controlada pela concentrao
do polmero na soluo, massa molar do polmero [SCHUBERT, 1997; SCHUBERT;
DUNKEL, 2003], velocidade angular [HALL; UNDERHILL; TORKELSON, 1998], tempo
de rotao [GU; BULLWINKEL; CAMPBELL, 1996] e taxa de evaporao do solvente
[MEYERHOFER, 1978; STRAWHECKER et al., 2001; WALSH; FRANSES, 2003]. Por

P. M . K osaka

47

outro lado, a morfologia e a rugosidade dos filmes finos polimricos (50 nm < espessura
mdia < 200 nm) dependem do solvente escolhido para a preparao da soluo polimrica
[CUI et al., 2006; LIN; MLLER; BINDER, 2004; MLLER-BUSCHBAUM et al., 2001;
PETRI, 2002; STRAWHECKER et al., 2001; WALSH; FRANSES, 2003]. O solvente precisa
ser um bom solvente para o polmero, mas importante lembrar que o solvente pode competir
pelo substrato [SILBEBERG, 1968]. O balano entre a interao substrato-polmero e
interao substrato-solvente tem um papel relevante na morfologia resultante dos filmes
preparados por revestimento rotacional [LIN; MULLER; BINDER, 2004; PETRI, 2002;
SILBEBERG, 1968]. Para estudar o efeito do solvente nas caractersticas dos filmes finos (50
nm < espessura < 150 nm) de acetato de celulose (CA), propionato acetato de celulose (CAP)
e butirato acetato de celulose (CAB), logo aps o revestimento rotacional e aps tratamento
trmico acima das suas temperaturas de transio vtrea (Tg), foram escolhidos dois bons
solventes, a acetona e o acetato de etila, que apresentam polaridade e taxa de evaporao
distintas para avaliar o seu efeito na formao dos filmes.
As aplicaes tecnolgicas citadas acima requerem que os filmes de steres de
celulose sejam estveis. Por outro lado, a estabilidade de filmes polimricos ultrafinos
(espessura < 10nm) controlada pela energia superficial do polmero e tenso interfacial entre
o substrato e o filme polimrico. Quando o trabalho de coeso maior que o trabalho de
adeso, o filme ultrafino torna-se instvel e ocorre um fenmeno denominado dewetting ou
repelncia [REITER, 1992; REITER, 1993].
A estabilidade dos filmes ultrafinos (espessura < 10 nm) de steres de celulose foi
estudada quando eles foram aquecidos (tratamento trmico ou recozimento) acima das suas
temperaturas de transio vtrea. As propriedades superficiais foram determinadas
experimentalmente para o CA, CAP e CAB com medidas de ngulo de contato. A
estabilidade dos filmes foi estudada por microscopia de fora atmica e analisadas com base

48

P. M . K osaka

nos parmetros termodinmicos. Na literatura existem excelentes estudos [BERGSTRM et


al.,

1999;

ERIKSSON;

NOTLEY;

WGBERG,

2007;

NOTLEY;

PETTERSON;

WGBERG, 2004; NOTLEY et al., 2006;] sobre propriedades superficiais de filmes finos de
celulose, mas poucos estudos sobre a superfcie e comportamento interfacial de filmes finos
de steres de celulose.
A adsoro de polissacardeos sobre substratos slidos produz um meio para a
imobilizao de biomolculas [CHARREYRE et al., 1997; PETRI et al., 1999; SACKMANN,
1996; WIEGAND et al., 1997] dando condies para o desenvolvimento de biossensores
[DELAIR et al., 1999] e kits para diagnstico. importante que a adsoro no induza
mudanas conformacionais severas na enzima.

Suportar enzimas sobre celulose e seus

derivados interessante porque suas matrizes so inertes em condies fisiolgicas, so


biocompatveis e seu carter hidroflico/hidrofbico pode ser mudado de acordo coma
necessidade do pesquisador. Na literatura encontram-se estudos sobre a adeso de protenas
sobre membranas de steres de celulose [MURATA; TANIOKA, 1997; MURTINHO et al.,
1998]. Entretanto, no existem estudos sobre a formao de filmes de steres de celulose e seu
uso como substratos para adsoro seletiva de protenas. O estudo da aplicao potencial dos
filmes ultrafinos de CA, CAP e CAB para imobilizao de protenas foi investigada.
Escolhemos a albumina bovina srica (BSA) e lipase como protenas modelo. A BSA
[CARTER; HO, 1994] predominantemente hidroflica, com 65% de resduos hidroflicos e
35% de resduos hidrofbicos na sua seqncia (www.expasy.org , P02769). A lipase uma
lipoprotena com 57% de resduos hidroflicos e 43% de resduos hidrofbicos na sua
seqncia (www.expasy.org , P20261) que catalisa a hidrlise triacilgliceris em meio bsico
[NEWSHOLME; LEECH, 1991].
A lipase tem sido extensivamente usada como ingrediente na indstria alimentcia e de
cosmtico, em kits de diagnstico e como catalisador em reaes qumicas e bioqumicas

P. M . K osaka

49

[BENJAMIN; PANDEY, 1998; DALLA-VECCHIA; NASCIMENTO; SOLDI, 2004;


GANDHI, 1997; MALCATA et al., 1990; SHARMA; CHISTI; BANERJEE, 2001;
WOOLEY; PETERSEN, 1994]. A polimerizao de polisteres e policarbonatos catalisada
por lipase tem recebido uma ateno especial desde a ltima dcada [BO CHEN et al., 2007;
CHAUDHARY, 1997; HU et al., 2006; KULSHRESTHA; GAO; GROSS, 2005; KUMAR;
GROSS, 2000; MAHAPATRO et al., 2003; PEETERS ET AL., 2004; UYAMA; SHIGERU;
KOBAYASHI, 1999].
Sabe-se que suportes hidrofbicos so adequados para a imobilizao de lipase
[GROCHULSKI et al., 1994; FERANDEZ-LAFUENTE et al., 1998] porque promovem a
ativao interfacial das lipases com a adsoro sobre estes tipos de superfcies. Esta ativao
interfacial pode ser to importante quanto a interao do stio ativo das lipases com substratos
hidrofbicos. Por exemplo, a imobilizao de lipase sobre substratos hidrofbicos de octil
agarose levou a um considervel aumento da sua atividade enzimtica [FERANDEZLAFUENTE et al., 1998]. Efeitos similares foram observados para lipase adsorvida sobre
esferas de vidro revestidas com superfcies hidrofbicas poliproprileno

[FORESTI;

FERREIRA, 2007]. O uso de suportes microporosos com carter hidrofbico pode aumentar
as propriedades catalticas da lipase imobilizada quando comparada a lipase livre, porque a
concentrao do substrato na interface lquido-slido maior do que aquela em soluo
[GRIFFITHS; BOSLEY, 1993; MALCATA et al., 1990; PIERRE et al., 2006].
A aplicao potencial dos filmes ultrafinos de steres de celulose como substratos para
a separao de protenas foi estudada com a adsoro de BSA e lipase sobre filmes
hidroflicos e hidrofbicos de CA, CAP e CAB. Os filmes ultrafinos de CA, CAP e CAB
foram caracterizados por elipsometria, microscopia de fora atmica (AFM) e medidas de
ngulo de contato. A atividade enzimtica da lipase foi quantificada com um procedimento
padro.

50

P. M . K osaka

2 Fundamentao Terica
2.1 Influncia do solvente na formao de filmes por revestimento rotacional (spin coating)
Quando uma soluo colocada em um substrato slido que em seguida girado com
uma velocidade constante ocorre a evaporao do solvente e, aps certo tempo, um filme
formado. Este processo chamado revestimento rotacional (spin coating) e permite formar
filmes uniformes em substratos planos com espessuras reprodutveis e controladas. A
importncia do revestimento rotacional manifestada no seu amplo uso na cincia e na
indstria de microeletrnica para a preparao de filmes polimricos fotoresistentes
[NORRMAN; GHANBARI-SIAHKALI; LARSEN, 2005; KONTURI et al., 2007].
O processo de revestimento rotacional pode ser dividido em trs estgios. No primeiro
estgio, o substrato coberto pela soluo polimrica (ver Figura 01). Aqui duas situaes
devem ser consideradas. Se as interaes entre o polmero e o substrato so mais fortes do que
as interaes entre o substrato e o solvente, as cadeias polimricas iro preferencialmente
cobrir o substrato. Caso contrrio, se as interaes entre as molculas do solvente e do
substrato so mais fortes do que as interaes entre o substrato e as cadeias do polmero, pode
haver a formao de uma monocamada de solvente sobre o substrato, a qual provocar uma
morfologia diferente do filme polimrico sobre o substrato. Este tipo de competio controla a
adsoro de polmeros a partir de solues em superfcies inorgnicas [FOWKES, 1987;
COHEN STUART et al., 1991], como descrito originalmente por Silberberg [SILBEBERG,
1968]:
pos = [fps fos + (fpp foo)] / kT

(1)

onde pos a energia de adsoro envolvida na adsoro do polmero no substrato; fps, fos, fpp,
foo

representam

as

energias

de

interao

polmero/substrato,

solvente/substrato,

51

P. M . K osaka

polmero/polmero e solvente/solvente, respectivamente; k a constante de Boltzmann e T a


temperatura. Quando fps maior do que fos ocorre a adsoro do polmero.
Placa de
silcio

(1)

(2)

(3)

Solvente

Base
giratria

Soluo
polimrica

Filme sobre
o substrato

(4)
(6)
(5)
Figura 1 - Representao esquemtica do preparo de filmes polimricos finos e homogneos por
revestimento rotacional (spin coating) sobre lminas de Si.

Nos primeiros momentos durante o spin coating, o solvente comea a evaporar,


aumentando a concentrao da soluo. Como conseqncia, a viscosidade da soluo
aumenta e a mobilidade das cadeias diminui. Se as interaes entre o substrato e o polmero
so repulsivas, as cadeias tendem a se agregar para minimizar o contato com a superfcie. Ao
contrrio, se as interaes entre o substrato e o polmero so atrativas, o polmero espalha-se
no substrato, formando um filme homogneo. Aps a completa evaporao do solvente o
filme adota a estrutura correspondente a menor energia livre do sistema. importante lembrar
que as estruturas observadas em filmes preparados por spin coating podem no corresponder
s estruturas de equilbrio.
Tanto a taxa de evaporao do solvente quanto a interao polmero/solvente afetam a
morfologia dos filmes feitos por revestimento rotacional. No caso de um bom solvente, as

52

P. M . K osaka

interaes entre polmero e solvente so energeticamente favorveis, isto , as interaes so


mais favorveis do que as interaes polmero/polmero e solvente/solvente, favorecendo a
expanso da cadeia. Spangler e colaboradores [SPANGLER; TORKELSON; ROYAL, 1990]
verificaram que quando solventes com volatilidades comparveis foram usados, somente os
bons solventes produziram filmes uniformes. Quando somente bons solventes foram usados,
apenas os com baixa volatilidade produziram filmes uniformes [SPANGLER; TORKELSON;
ROYAL, 1990].
A dependncia da espessura (d) do filme com o solvente, concentrao do polmero e
velocidade de rotao pode ser expressa pela equao 2 [HASSAN et al., 2002]:

d=3

3
2 2 2

(2)

onde a viscosidade da soluo, e so a densidade e a taxa de evaporao do solvente


puro e a velocidade de rotao.
2.2 Estabilidade dos filmes
Se um lquido for forado a cobrir um substrato, o qual ele no molha, ele se retrair
desta superfcie, ou seja, ele tentar se deslocar para formar agregados (gotas), deixando boa
parte da superfcie descoberta. Esse fenmeno recebe o nome de dewetting, que ser
adotado neste trabalho, embora alguns autores traduzam o termo como repelncia.

dewetting dirigido por foras capilares atuantes na linha de contato das 3 fases (substrato,
lquido e ar), como mostra a Figura 2. Esta fora capilar resultante do balano entre as
tenses interfaciais lquido-ar, lquido-substrato e substrato-ar, e est diretamente relacionada
com o ngulo de contato (Figura 2).

53

P. M . K osaka

LV

Vapor

SL Lquido

Slido

Figura 2 - Representao esquemtica de uma gota de um lquido colocado em uma superfcie slida ideal
formando um ngulo de contato () com a superfcie.
interfacial entre o lquido e o slido e

LV

a energia superficial do lquido,

SL

a energia

a energia superficial do slido.

Tipicamente, o dewetting observado quando o lquido apresenta tenso superficial


maior que a do substrato, pois em termos energticos, mais favorvel remover o lquido do
que mant-lo espalhado sobre o substrato. O fenmeno de deweting foi muito explorado por
G. Reiter [DAMMAN; BAUDELET; REITER, 2003; REITER, 1992; REITER, 1993;
REITER, 1994; REITER, 2001; REITER; SFERRAZZA; DAMMAN, 2003; SHARMA;
REITER, 1996;] na ltima dcada com o estudo do comportamento de filmes finos de
polmeros sintticos, como poliestireno ou poli(dimetilsiloxano), acima das suas respectivas
temperatura de transio vtrea (Tg) sobre lminas de silcio. O dewetting caracterizado pela
retrao do filme polimrico com a formao de bordas, seguida da formao de buracos, que
crescem e coalescem, formando gotas sobre o substrato [REITER, 1992]. Uma representao
da forma das bordas nos primeiros estgios de dewetting de um filme polimrico sobre um
substrato foi proposta por Reiter e colaboradores [REITER et al., 2005] (Figura 3).

dewetting pode comear devido a dois mecanismos: (i) nucelao, que iniciada por defeitos
como partculas de sujeira ou por nucleao trmica ou (ii) decomposio spinodal, onde
foras de van der Waals so relevantes e o processo sensvel a espessura do filme [REITER,
1992; SEEMAN; HERMINGHAUS; JACOBS, 2001].

54

P. M . K osaka

Filme liso sem borda

Incio do dewetting formao da borda

Dewetting completo

Figura 3 Seqncia das formas das bordas durante os primeiros estgios de dewetting dos filmes finos.

possvel prever se o dewetting ir ocorrer, ou no, se as energias superficiais da


superfcie e do polmero so conhecidas. A partir da energia superficial do slido possvel
deduzir a constante de Hamaker ( A ), que est diretamente relacionada com o potencial de
interao tipo van der Waals entre duas molculas e com a densidade do material [GREEN;
GANESAN, 2003; REITER, 1993]. A diferena entre os valores da constante de Hamaker da
atrao polmero/polmero ( A poli / poli ) e interao polmero/substrato ( A poli / substrato ) a constante
de Hamaker efetiva ( A eff ):

Aeff =A poli / substrato A poli / poli

(3)

Se Aeff negativa, so esperadas flutuaes na espessura do filme e, aps um tempo


caracterstico, o filme ir romper [PENG et al., 2005; REITER, 1993; REITER, 2001].
O trabalho (W) necessrio para separar um slido em duas partes at uma distncia (d)
infinita contra as atraes de van der Waals dada por:
W=

A
12d 2

(4)

onde d a distncia entre dois tomos e A a constante de Hamaker.


Por outro lado, o trabalho de coeso para um material polimrico dado por:
W=

A poli / poli
= 2 S
12d 2

(5)

onde S a energia superficial do polmero. Portanto [BUTT; GRAF; KAPPL, 2003;


ERIKSSON; NOTLEY; WGBERG, 2007]:

55

P. M . K osaka

s 24d 2 = A poli / poli

(6)

De acordo com a teoria de Lifshitz-van der Waals, a constante de Hamaker para um


material 1 interagindo com um material 2 atravs de um meio 3 ( A poli / substrato ) pode ser
calculada pela equao 8 [BUTT; GRAF; KAPPL, 2003]:

3 3
= kT 1
poli / substrato
4 1+ 3

2 3 3h
n12 n32 n 22 n32

+
8 2 n 2 + n 2 n 2 + n 2 n 2 + n 2 + n 2 + n 2
3
2
3
1
3
1
3
2
3
1

)(

(7)
onde k a constante de Boltzmann, T a temperatura, a constante dieltrica do meio,

n o ndice de refrao, h a constante de Planck, a freqncia mdia de ionizao


(vale tipicamente 3 x 1015 Hz) [BROCHARD-WYART; REDON; SYKES, 1992; BUTT;
GRAF; KAPPL, 2003]. Neste trabalho, a temperatura foi fixada em 298,15 K e os subndices 1, 2 e 3 correspondem ao SiO2, polmero e meio (ar ou solvente), respectivamente.
Como os valores de 1, 2, 3, n1, n2 e n3 so tabelados, podemos calcular A poli / substrato
atravs da equao 7. Uma vez calculados A poli / poli e A poli / substrato podemos determinar A eff e,
portanto, prever a estabilidade dos filmes de polmeros sobre os substratos de Si.
2.3 - Determinao da energia superficial de filmes polimricos
Medidas de ngulo de contato uma tcnica bem conhecida e til para a
caracterizao de superfcies slidas. Uma aplicao importante das medidas de ngulo de
contato avaliao da energia superficial de uma superfcie slida ( S ) [ADAMSON, 1990;
BUTT; GRAF; KAPPL, 2003].

56

P. M . K osaka

Quando uma gota de um lquido colocada em uma superfcie slida ela forma um
ngulo com a superfcie, chamado ngulo de contato (Figura 2, pgina 53). Nas condies
de equilbrio termodinmico, Young em 1805 mostrou que:

S = SL + LV cos

(8)

onde S a energia superficial do slido, SL a energia interfacial de tenso entre o slido e


o lquido e LV a energia superficial do lquido. Deve-se notar que a superfcie idealizada
por Young corresponde a uma superfcie perfeitamente plana e quimicamente homognea.
Um problema encontrado quando se tenta calcular S a partir da equao 9, uma vez
que SL desconhecido e no pode ser medido diretamente. O ngulo de contato pode ser
medido e LV pode ser medido pelo mtodo do anel de Du Noy ou placa de Wilhelmy ou
obtido a partir de dados da literatura. Entretanto, S pode ser calculado a partir da equao 9
somente se SL tiver sido obtido a partir de informaes adicionais [MARMUR, 2006].
A equao de Young (equao 8) foi simplificada com a equao de Dupr (equao
10), que combina o trabalho de adeso na interface slido-lquido WSL com S , SL e LV .

WSL = S + LV SL

(9)

A combinao da equao de Young (equao 8) com a equao de Dupr (equao 9)


resulta em:

LV (1 + cos ) = WSL

(10)

Neste caso, as duas variveis desconhecidas ( S e SL ) da equao original de Young


(equao 8) foram reduzidas a apenas uma, WSL . Ainda no possvel com a equao 10
estimar a energia superficial a partir de medidas de ngulo de contato e mais uma
simplificao necessria.

57

P. M . K osaka

Fowkes (1964) forneceu um mtodo para analisar as energias superficiais a partir de


medidas de ngulo de contato onde no necessrio um conhecimento detalhado da
composio da superfcie do slido. Fowkes (1964) considerou que a energia superficial total
de um slido pode ser decomposta nas componentes que correspondem aos diferentes tipos de
interaes intermoleculares [ADAMSON, 1990].

total = d + p + i

(11)

Onde d, p e i so as interaes dipersiva, polar e de induo, respectivamente.


A decomposio da energia superficial em componentes possibilitou a expresso do
trabalho de adeso como:

WSl = 2 S LV + 2 S LV + 2 S LV

(12)

Os componentes da energia superficial do slido podem ser determinadas combinando


as equaes 11 e 13:

LV (1 + cos ) = 2 ( S LV ) + 2 ( S LV ) + 2 ( S LV )
d

(13)

Como a contribuio das interaes de induo so desprezveis, a equao 13 pode


ser reescrita:

LV

LV

(1 + cos ) = 2

1/ 2


LV

1/ 2

(14)
d

onde S e S so as componentes dispersiva e polar e da energia superficial do slido e LV e


p
LV so as componentes dispersiva e polar da tenso superficial do lquido. A equao 14

conhecida como equao geomtrica [BOUALI et al., 1998 ; SHIMIZU ; DEMARQUETTE,


2000 ; WU, 1971].

58

P. M . K osaka

Outra aproximao da equao de Young baseada no modelo harmnico [WU,


1982], onde a tenso interfacial entre o lquido e o polmero slido ( SL ) pode ser calculada
por [BOUALI et al., 1998 ; ; SHIMIZU ; DEMARQUETTE, 2000 ; WU, 1971; WU, 1982]:

(1 + cos ) = 4
LV

LV

LV

+
+ +
d

LV

LV

(15)

Se as medidas de ngulo de contato forem feitas com pelo menos dois lquidos de
d
p
LV e LV conhecidas sobre as superfcies polimricas, possvel resolver a equao 14

(modelo geomtrico) ou equao 15 (modelo harmnico) e calcular as componentes


d

dispersiva ( S ) e polar ( S ) para o slido [BOUALI et al., 1998 ; SHIMIZU ;


DEMARQUETTE, 2000 ; WU, 1982; WU, 1971]. A partir desses mtodos possvel calcular
d

primeiro a componente dispersiva S da energia superficial a partir do ngulo de contato com


p

lquidos apolares, como o diiodometano, e ento a componente polar S determinada a partir


de medidas de ngulo de contato para lquidos polares (gua e formamida).
Teoricamente difcil validar quando o modelo geomtrico ou o harmnico deve ser
usado. Entretanto, Wu (1982) mostrou que o modelo harmnico descreve experimentalmente
melhor as interaes entre os lquidos testados e a superfcie de polmeros. Portanto, este ser
o modelo adotado aqui para calcular a energia superficial dos polmeros.

59

P. M . K osaka

3 Materiais
Placas de silcio (100) adquiridas da Silicon Quest (California, EUA) com uma
camada nativa de SiO2 de aproximadamente 2 nm foram usadas como substratos. As placas de
silcio com dimenses de (1.0 x 1.0) cm2 foram limpas em mistura oxidativa (NH3 (15% vol.)
+ H2O2 (15% vol.) + H2O (70% vol.)), enxaguadas e secas com jato de N2 [PETRI et al.,
1999]. Os polissacardeos usados foram acetato de celulose (CA-398-3), propionato acetato de
celulose (CAP-482-0.5 e CAP-504-0.5) e butirato acetato de celulose (CAB-381-0.5 e CAB551-0.2), gentilmente cedidos pela Eastman Chemical Co., Brasil. Acetona ou acetato de etila
com grau analtico foram usadas para preparar as solues dos polmeros nas concentraes
de 5 - 20 mg mL-1. As caractersticas dos steres de celulose e os cdigos usados esto
apresentados na Tabela 01. As estruturas qumicas do substrato, dos polissacardeos e dos
solventes esto esquematicamente representadas na Figura 4. Lipase obtida a partir de
Candida rugosa, (Sigma, EUA, L1754) foi usada sem purificao prvia.

(a)

(b)

Substrato

Polissacardeo

OH OH OH
Si

Si

Si

SiO2

OR

OR

RO

O
O
RO

OR

O
OR

Si
Solventes

O
(c)

(d)

O
Figura 4 - Representao esquemtica das estruturas qumicas de (a) substrato, (b) CA quando R = COCH3,
CAP quando R = COC2H5 e CAB quando R = COC3H7 (no caso do CAP e do CAB grupos acetato tambm esto
presentes na estrutura), (c) acetona e (d) acetato de etila.

60

P. M . K osaka

Tabela 1 Caractersticas dos polissacardeos fornecidas pelo fabricante: massa molar mdia ponderal ( M w), ponto de fuso (Tm), grau de esterificao para o acetato
(DSac), propionato (DSpr), butirato (DSbu) e hidroxila (DSOH), ndice de refrao (n) para comprimento de onda de 632,8 nm. O grau de esterificao a razo entre os
grupos ster e os resduos de glicose.

Tg (C)

Tm (C)

DSac

DSpr

DSbu

DsOH

n632,8

100.000

184

229

2,8

0,2

1,475

CAP - 2.3

25.000

142

184

0,2

2,3

0,5

1,475

CAP-504-0.5

CAP - 2.1

15.000

159

184

0,1

2,1

0,8

1,475

CAB-381-0.5

CAB 1.8

20.000

125

160

1,0

1,8

0,2

1,480

CAB-551-0.2

CAB 2.5

30.000

101

135

0,2

2,5

0,3

1,475

Amostra

Cdigo

CA-398-3

CA - 2.8

CAP-482-0.5

(g mol-1)

P. M . K osaka

61

4 Mtodos
4.1 - Preparao dos filmes
Os filmes ultrafinos de steres de celulose foram preparados por revestimento
rotacional (spin coating) ou adsoro.

4.1.1 Revestimento rotacional (spin coating)


Aps a limpeza, as placas de silcio foram fixadas no porta-amostra do spinner (Spin
Coater Headway Gerland USA) e lavadas com acetona ou acetato de etila. As lminas de Si
foram submetidas a uma rotao de 3000 rpm durante 30 segundos. Em seguida, as solues
dos polmeros com concentraes de 5-20 mg/mL foram gotejadas nos substratos. As placas
so ento submetidas a uma rotao de 3000 rpm por 30 segundos (ver Figura 1, pgina 51).
A temperatura e umidade relativa do ambiente onde os filmes foram preparados eram (24
2)oC e (55 5)%, respectivamente. Os filmes finos de steres de celulose foram
caracterizados por elipsometria, microscopia de fora atmica (AFM) e ngulo de contato.
Aps a caracterizao foi feito o tratamento trmico (recozimento) das amostras em uma
estufa a vcuo (60 mmHg) a 170C por 15 horas e novamente caracterizadas.

4.1.2 Adsoro
Placas de silcio limpas foram imersas em solues homogneas de CA-2.8, CAP-2.3,
CAP-2.1, CAB-1.8 and CAB-2.5 preparadas em acetona ou acetato de etila na concentrao
de 5 ou 10 mg/mL. Aps 21 horas (para garantir equilbrio de adsoro) elas foram retiradas
das solues, lavadas com acetona ou acetato de etila e secas com jatos de N2. Foi feito o
tratamento trmico em metade das amostras em uma estufa a vcuo (60 mm Hg) por 4, 15, 60
e 168 horas a 170C ou o recozimento por 4 horas a uma temperatura 5C acima da
correspondente temperatura de fuso (Tm), no caso do CA-2.8, CAP-2.3 e CAP-2.1 ou acima
da temperatura de transio vtrea (Tg) no caso do CAB-1.8 e CAB-2.5 (ver Tabela 1 para Tg
e Tm). Os filmes ultrafinos (espessura < 10nm) de steres de celulose foram caracterizados

62

P. M . K osaka

antes e depois do tratamento trmico por elipsometria, microscopia de fora atmica (AFM) e
medidas de ngulo de contato.

4.2 Adsoro de Lipase sobre os filmes ultrafinos de steres de celulose


Os substratos cobertos com os filmes ultrafinos de steres de celulose foram imersos
em solues de lipase, 1 mg/mL1, a (24 1)C e pH = 6,8 por 16 horas. Em seguida, os
substratos foram removidos das solues, lavados com gua destilada e secos com jatos de
N2. As amostras foram caracterizadas por elipsometria, microscopia de fora atmica (AFM)
e ngulo de contato.

4.3 Elipsometria
Esta tcnica mede mudanas de estado de polarizao da luz refletida a partir de uma
superfcie plana e refletora. As medidas de elipsometria foram realizadas em ar, o
equipamento utilizado foi o DRE-EL02 elipsmetro (Ratzeburg, Alemanha). O ngulo de
incidncia foi ajustado em 70 e o comprimento de onda () do laser He-Ne fixado em de
632,8 nm.
Para a interpretao, um modelo de multicamadas composto pelo substrato, a camada
desconhecida e o ar foi usado. A espessura (dx) e o ndice de refrao (nx) da camada
desconhecida podem ser calculados a partir dos ngulos elipsomtricos, e , usando a
equao fundamental da elipsometria e clculos interativos com as matrizes de Jones
[AZZAM; BASHARA, 1979]:
tan ei = Rp/Rs = f (n, d, , )

(16)

onde Rp e Rs so os coeficientes de reflexo total para as ondas perpendiculares e paralelas.


Eles so uma funo do ngulo de incidncia (), do comprimento de onda () da radiao e
do ndice de refrao e espessura de cada camada do modelo.

63

P. M . K osaka

A partir dos ngulos elipsomtricos, and , e de um modelo de multicamadas


composto por silcio, dixido de silcio, camada do polissacardeo e ar possvel determinar
somente a espessura da camada do polissacardeo, dpoli. Primeiramente, a espessura da camada
de SiO2 foi determinada em ar, consideranto o ndice de refrao para o Si como = 3,88
i0,018 [PALIK, 1985] e sua espessura como infinita. Para o meio (ar) o ndice de refrao foi
considerado como 1,00. Como a camada nativa de SiO2 ser muito fina, seu ndice de refrao
foi considerado como 1.462 [EDWARD, 1985] e sua espessura foi calculada. A espessura
mdia da camada nativa de SiO2 de 50 amostras foi (1,9 0,1) nm. Em seguida, os filmes de
steres de celulose foram preparados e a espessura das camadas adsorvidas dos
polissacardeos foi determinada em ar, considerando o ndice de refrao indicado na Tabela
01, pgina 61. Aps o tratamento trmico, a espessura das camadas dos steres de celulose foi
novamente determinada.
A camada adsorvida de BSA e lipase foi calculada assumindo nBSA = nlipase = 1,50. A
quantidade adsorvida () (mg/m2) de protena foi estimada multiplicando a espessura da
camada de protena adsorvida pela densidade () de uma camada seca de protena ( ~ 1,37 g
cm-3) [ALMEIDA; SALVADORI; PETRI, 2002; ORTEGA-VINUESA; TENGVALL;
LUNDSTROM, 1998].

= .dprotena

(17)

Detalhes tericos sobre a tcnica podem ser encontrada na literatura [ALMEIDA,


2004; GONALVES; IRENE, 2003].

4.4 Microscopia de Fora Atmica (AFM)


As medidas de AFM foram feitas em um microscpio PICO SPM-LE (Molecular
Imaging) no modo contato intermitente em ar a temperatura ambiente, usando cantilevers de

64

P. M . K osaka

silcio com freqncia de ressonncia prxima de 300 KHz. As reas varridas variaram de (80
x80) m2 a (1 x 1) m2 com uma resoluo de 512 x 512 pixels. O processamento das
imagens e a determinao da rugosidade (rms) foram feitos com o uso do software Pico Scan
ou do software WSxM 4.0. Pelo menos dois filmes de cada amostra foram analisados em
diferentes reas antes e depois do tratamento trmico ou da imobilizao da lipase.
A espessura dos filmes finos (30nm < espessura < 200nm) obtidos por revestimento
rotacional foi determinada a partir de um risco feito na superfcie do filme, a partir do qual se
obteve a diferena de altura medida pela ponta, como esquematizado na Figura 5. A diferena
de altura determinada pelas sees transversais resolvidas pelo software Pico Scan.
(m)
80

Z (nm)

80

dAFM
40

20

40

60

80

x (m)
0

80
(m)

Figura 5 - Imagem (80x80) m2 do filme CAP preparado em acetato de etila (5mg/mL) aps recozimento
ilustrando a medida da espessura do filme por AFM (dAFM), a linha vermelha a seo transversal.

4.5 ngulo de Contato


As medidas de ngulo de contato foram obtidas pelo mtodo da gota sssil, numa
montagem construda no laboratrio, composta por uma cmera digital Sony, conectada a um
computador, como mostra a Figura 6. Gotas de gua de 8 L e 4 L foram usadas para os
ngulos de avano (A) e recesso (R), respectivamente. A histerese no ngulo de contato (
= A - R) nos d uma idia da rugosidade da superfcie e da heterogeneidade qumica da

65

P. M . K osaka

superfcie [ADAMSON, 1982]. Pelo menos trs amostras de cada composio foram
analisadas antes e depois do tratamento trmico e depois da adsoro de lipase ou BSA sobre
os filmes ultrafinos de steres de celulose.
Para a determinao de energia superficial dos steres de celulose (S) os lquidos teste
usados foram: diiodometano, formamida e gua. Gotas de 8l foram usadas para os ngulos

Diiodometano, Formamida e gua. Foram analisadas pelo menos trs amostras de cada composio
para cada lquido. Somente filmes polimricos muito lisos, ou seja, que apresentaram
rugosidade prxima a das lminas de Si/SiO2 foram utilizadas para a determinao de S.
Micro-seringa
Lente de
aumento

Fonte de luz

Projeo da
gota

Cmera digital

Substrato com a
gota de gua

Computador: leitura
dos ngulos de contato

Figura 6 Esquema da montagem experimental usada para medida de ngulo de contato de superfcies planas.

4.6 Atividade Enzimtica


A atividade da lipase foi determinada medindo a formao de para-nitrofenol (p-NF)
como resultado da hidrlise enzimtica do para-nitrofenol dodecanoato (p-NFD)
[WINKLER; STUCKMANN, 1979]:
O

(CH2)10

O2N

Me

Lipase
Isopropanol
PBS
37C

OH

O 2N

p-NFD

p-NF

HOOC

(CH2)10

Me

P. M . K osaka

66

A formao de p-NF foi monitorada com um espectrofotmetro Beckmann Coulter


DU 640 UV-VIS operando em uma comprimento de onda fixo de 400nm. A concentrao de
p-NF formado foi calculado usando o coeficiente de extino molar = 13800 L mol-1 cm-1

[IACAZIO; PRISSOL; FAURE, 2000].


Primeiro, 1,6 mg de p-NFD (M ~ 321 g/mol) foi dissolvido em 25 mL de isopropanol
por sonicao por 3 minutos. Em seguida, foi adicionado 225 mL de tampo fosfato (pH 7,0)
0,5 M soluo de p-NFD, formando uma soluo turva. Para solucionar o problema de
turbidez e obter uma soluo lmpida, 500 L de Triton X-100 (0,2%) foi adidiocnado
[GUPTA; RATHI; GUPTA, 2002; RUIZ et al., 2004]. A concentrao final de p-NFD e
lipase (livre e imobilizada) foram 6,4 g/mL e 2,5 g/mL, respectivamente. Antes de medir a
absorbncia em 400 nm, a reao foi encubada por 15 minutos a (37,0 0,1)C.
Os substratos com a lipase imobilizada foi estocada por 10, 20 e 30 dias a (23 3)C
no laboratrio e a atividade da enzima foi monitorada. Para verificar a possibilidade de reuso
dos substratos com lipase imobilizada, logo aps o primeiro uso, eles foram lavados com gua
destilada, secos com jatos de N2 e incubados em um novo meio reacional contendo p-NFD por
15 minutos a (37,0 0,1)C, em seguida a absorbncia foi medida em 400 nm. Este
procedimento foi repetido consecutivamente trs vezes.

P. M . K osaka

67

5 Resultados e Discusso
5.1 Influncia do solvente nos filmes finos (30 nm < d < 200nm) preparados por
revestimento rotacional (spin coating)
A preparao de filmes polimricos por revestimento rotacional rpida e prtica, mas
as caractersticas dos filmes obtidos dependem de vrios fatores. De uma maneira geral,
solues mais concentradas ou mais viscosas (polmeros de alta massa molar) resultam em
filmes mais espessos e maiores velocidades angulares levam a filmes mais finos. Schubert e
Dunkel [2003] descreveram a dependncia da espessura de filmes de PS preparados em
tolueno com a concentrao da soluo polimrica, massa molar mdia do polmero e
velocidade angular, em diferentes regimes de diluio. Outros fatores importantes so
temperatura e umidade relativa no local de preparo dos filmes. Alm disso, a escolha do
solvente muito importante, pois ele deve dissolver muito bem o polmero e apresentar baixa
volatilidade [NORRMAN; GHANBARI-SIAHKALI; LARSEN, 2005].
A acetona e o acetato de etila so bons solventes para o CA, CAP e o CAB [EDGAR
et al., 2000; EDGAR, 2007]. Entretanto, os filmes finos preparados por revestimento
rotacional a partir de solues de acetona diferem daqueles obtidos a partir de solues de
acetato de etila. A dependncia da espessura dos filmes de acetato de celulose (CA-2.8) com a
concentrao das solues preparadas em acetona e acetato de etila esto apresentadas na
Figura 7. Os valores de dAFM obtidos para filmes preparados a partir de solues em acetona
antes (Figura 7a) e depois (Figura 7b) de 15 horas de recozimento aumentaram com o
aumento de concentrao de CA-2.8. Antes do recozimento, o aumento de dAFM com a
concentrao de CA-2.8 no pode ser ajustado por regresso linear (ver Tabela 2), mas a taxa
de aumento de dAFM com a concentrao de CA-2.8 pde ser determinada por regresso linear
como sendo 7,8 0,8 nm mL/mg no caso de filmes recozidos (Figura 7b e Tabela 2). J os
valores de dELLI apresentaram um mximo para concentrao em 13 mg/mL. O modelo de

68

P. M . K osaka

multicamadas utilizado para calcular a espessura por elipsometria considera que todas as
camadas so isotrpicas. Portanto, o comportamento observado pode ser devido alta
cristalinidade do acetato de celulose, que gera filmes anisotrpicos a partir de ~120 nm de
espessura, os quais so obtidos a partir de solues na concentrao prxima a 12 mg/mL.
Imagens topogrficas de filmes finos de CA-2.8 preparados a partir de solues 5 mg/mL em
acetona antes do recozimento (Figura 8a) confirmam a presena de estruturas bem ordenadas,
que depois de 15 horas de recozimento (Figura 8b) se agrupam em gros ou ncleos
cristalinos, explicando, portanto, os resultados de dELLI observados nas Figuras 7a e 7b. Notase tambm um aumento da rugosidade mdia aps o recozimento. Filmes mais espessos de
CA-2.8 preparados a partir de solues 20 mg/mL tambm apresentaram estruturas granulares
(Figura 9a) e bem organizadas (Figura 9d). Entretanto, aps o recozimento houve substancial
reduo da rugosidade.

Elipsometria
(a)

Acetona
Acetato de etila

160

AFM

dAFM(nm)

dELLI(nm)

120

80

(c)

Acetona
Acetato de etila

120

80

40

40
0

160

(b)

160

dAFM(nm)

120

dELLI(nm)

(d)

200

120

80

40

80
40

0
0

10

15
-1

[CA] (mg.mL )

20

0
0

10

15

20

-1

[CA] (mg.mL )

Figura 7 Espessura dos filmes de CA-2.8 medidos por elipsometria (dELLI) ou AFM (dAFM) em funo da
concentrao de CA em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de etila (crculo azul), as linhas vermelha e azul
so os ajustes lineares das amostras feitas a partir de solues de acetona ou acetato de etila, respectivamente (a)
dELLI sem tratamento trmico, (b) dELLI aps o tratamento trmico, (c) dAFM sem tratamento trmico e (d) dAFM
aps tratamento trmico.

69

P. M . K osaka

Os valores de dAFM obtidos para filmes preparados a partir de solues em acetato de


etila antes (Figura 7c) e depois (Figura 7d) do recozimento aumentaram linearmente com o
aumento de concentrao de CA-2.8. As Figuras 7c e 7d mostram que valores de dAFM e dELLI
obtidos para filmes preparados a partir de solues em acetato de etila antes e depois do
recozimento, respectivamente, aumentaram linearmente com o aumento de concentrao de
CA-2.8. Este tipo de comportamento geralmente observado para filmes de polmeros
amorfos, como poliestireno, PS [DAMMAN; BAUDELET; REITER, 2003; GREEN;
GANESAN, 2003; MEYER; BRAUN, 2000; MLLER-BUSCHBAUM, 2003; REITER,
1992; REITER, 1993; REITER; DE GENNES, 2001; SHARMA; REITER, 1996; TSUI et al.,
2003; ZHAO et al., 2004], ou poli(metacrilato de metila), PMMA [RICHARDSON et al.,
2003]. Os coeficientes angulares das retas obtidas a partir dos ajustes lineares e apresentados
na Tabela 2 mostram que antes do recozimento (Figura 7c), situao de no equilbrio, a taxa
de aumento de dELLI com a concentrao de CA-2.8 50% maior (6,8 0,7 nm mL/mg) do
que a taxa de aumento de dAFM (4,3 0,4 nm mL/mg) para a mesma faixa de concentrao de
CA-2.8. Depois do recozimento (Figuras 7b e 7d), as taxas de aumento de dELLI e de dAFM
com a concentrao de CA-2.8 foram similares em 6,6 0,6 nm mL/mg e 6,3 0,5 nm
mL/mg, respectivamente, evidenciando situao de equilbrio.

Sem tratamento trmico


(a)

rms = 20 nm
Acetona

Aps tratamento trmico


(c)

(b)

rms = 4,6 nm
Acetato
de etila

(d)

rms = 28 nm

rms = 9,8 nm

Acetona

Acetato
de etila

Figura 8 Imagens topogrficas de AFM dos filmes finos de CA-2.8 (5mg/mL) preparados em solues de (a)
acetona (Z = 150nm) (b) acetona aps recozimento (Z = 200nm), (c) acetato de etila (Z = 40nm) e (d) acetato de
etila aps recozimento (Z = 70nm).

70

P. M . K osaka
CA-2.8

Aps
tratamento
trmico

Sem
tratamento
trmico

(a)

rms = 14,5 nm

(d)

rms = 8,4 nm

CAP-2.3

CAB-1.8

(b)

rms = 47 nm

(c)

rms = 28 nm

(e)

rms = 0,6 nm

(f)

rms = 0,4 nm

Figura 9 Imagens de AFM (5x5)m obtidas para os filmes finos de steres de celulose preparados a partir de
solues de acetona (20mg/mL) (a) filme de CA-2.8 (Z = 90 nm), (b) filme de CAP-2.3 (Z = 320 nm), (c) filme
de CAB-2.8 (Z = 220nm), (d) filme de CA-2.8 aps tratamento trmico (Z = 30 nm), (e) filme de CAP-2.3 aps
tratamento trmico (Z = 5 nm), (f) filme de CAB-1.8 aps tratamento trmico (Z = 4 nm).

CA-2.8
(a)

CAP-2.3

Sem
tratamento
trmico

(b)

rms = 2,9 nm

CAB-1.8
(c)

rms = 4,9 nm

rms = 28,3 nm

Aps
tratamento
trmico

(d)

(e)

rms = 0,4 nm

(f)

rms = 0,3 nm

rms = 13 nm
Figura 10 Imagens de AFM (5x5)m2 obtidas para os filmes finos de steres de celulose preparados a partir de
solues de acetato de etila (20mg/mL) (a) filme de CA-2.8 ((20x20)m2 and (Z = 225 nm)) e zoom (Z = 70
nm), (b) filme de CAP-2.3 (Z = 50 nm), (c) filme de CAB-1.8 (Z = 50nm), (d) filme de CA-2.8 aps tratamento
trmico ((20x20)m2 and (Z = 145 nm)) e zoom (Z = 87 nm), (e) filme de CAP-2.3 aps tratamento trmico (Z
= 3 nm) e (f) filme de CAB-1.8 aps tratamento trmico (Z = 5 nm).

71

P. M . K osaka

A Figura 11 mostra a dependncia da espessura dos filmes de propionato acetato de


celulose, CAP-2.3, com a concentrao das solues preparadas em acetona e acetato de etila.
Semelhantemente ao que se observou para os filmes de CA-2.8, os valores de dELLI obtidos
para filmes de CAP-2.3 preparados em solues em acetona antes (Figura 11a) e depois
(Figura 12b) de 15 horas de recozimento aumentaram um mximo em 13 g/L de CAP-2.3. J
os valores de dAFM obtidos para filmes preparados a partir de solues em acetona antes
(Figura 11a) e depois (Figura 11b) do recozimento aumentaram com valores idnticos de
taxas de crescimento de espessura com o aumento de concentrao de CAP-2.3 (8,2 0,8 nm
mL/mg), como mostrado na Tabela 2. Estas taxas foram superiores quelas observadas para
filmes de CAP-2.3 preparados a partir de solues em acetato de etila antes (Figura 11c) e
depois (Figura 11d) de 15 horas de recozimento, 5,8 0,3 nm mL/mg e 5,9 0,4 nm mL/mg,
respectivamente. Estes resultados evidenciam a influncia do solvente na estrutura dos filmes
de CAP-2.3.

Elipsometria

160

(a)

Acetona
Acetato de etila

dAFM (nm)

dELLI(nm)

(c)

Acetona
Acetato de etila

160

120

120

80

40

80
40

(b)

160

0
200

dAFM (nm)

120

dELLI(nm)

AFM

200

80

(d)

150

100

50

40

0
0

10

15
-1

[CAP] (mg.mL )

20

10

15

20

-1

[CAP] (mg.mL )

Figura 11 - Espessura dos filmes de CAP medidos por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em funo da
concentrao de CAP nas solues em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de etila (crculo azul), as linhas
vermelha e azul so os ajustes lineares para amostras preparadas a partir de solues de acetona ou acetato de
etila, respectivamente. (a) dELI sem tratamento trmico, (b) dELI aps tratamento trmico (c) dAFM sem tratamento
trmicoe (d) dAFM aps tratamento trmico.

P. M . K osaka

72

Imagens topogrficas obtidas para filmes espessos (~120 nm) de CAP-2.3 preparados a
partir de solues em acetona antes do recozimento (Figura 9b) so muito rugosos com rms
= 47 nm, mas depois do recozimento se tornam lisos (Figura 9e) com rms = 0,6 nm. Filmes
espessos (~120 nm) de CAP-2.3 preparados a partir de solues em acetato de etila antes
do recozimento (Figura 10b) apresentam depresses nas camadas mais superiores do filme
e baixa rugosidade, rms = 2,9 nm. Aps o recozimento, as depresses desaparecem,
obtendo-se filmes extremamente lisos e homogneos (Figura 10e) com rms = 0,4 nm. Para
comparao, lminas de Si, que so substratos muito lisos e homogneos, apresentam rms
= 0,12 nm.
No caso do propionato acetato de celulose a acetona parece influenciar mais a
estrutura interna do filme, o que levaria a maiores taxas de crescimento de espessura com o
aumento de concentrao de polmero. Entretanto, em condies de equilbrio, grupos propila
das cadeias de CAP podem se orientar para o ar, que tambm um meio hidrofbico,
diminuindo a energia livre do sistema e deixando-os mais homogneos. Portanto,
independentemente do solvente, a superfcie dos filmes preparados a partir de acetona e de
acetato de etila devem ser ricas em grupos propila. Medidas de ngulo de contato feitas com
gotas de gua destilada sobre as superfcies mostradas nas Figuras 10e e 11e resultaram em A
= (69,0 0,5)o e R = (65,0 0,7)o , independentemente do solvente usado para a preparao
do filme, indicando hidrofobicidade e homogeneidade na superfcie.

73

P. M . K osaka

Tabela 2 - Ajustes lineares com os coeficientes de regresso, R, obtidos para a dependncia de espessura do
filme medido por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em funo da concentrao do ster de celulose (C, g/L) na
soluo preparada em acetona ou acetato de etila, sem o tratamento trmico (STT) e com o tratamento trmico
(CTT). Os coeficientes lineares esto entre parnteses com as correspondentes unidades.
Polmero

Solvente

Ajuste linear

CA-2.8

Acetona

dAFM = (7,8 0,8) (nm.mL/mg) C, R = 0,95, CTT


dELI = (6,8 0,.7) (nm.mL/mg) C, R = 0,98, STT

CA-2.8

Acetato

dELI = (6,6 0,6) (nm.mL/mg) C, R = 0,99, CTT

de Etila

dAFM = (4,3 0,4) (nm.mL/mg) C, R = 0,99, STT


dAFM = (6,3 0,5) (nm.mL/mg) C, R = 0,99, CTT

CAP-2.3

Acetona

dAFM = (8,2 0,7) (nm.mL/mg) C, R = 0,98, STT


dAFM = (8,2 0,6) (nm.mL/mg) C, R = 0,98, CTT
dELI = (6,3 0,6) (nm.mL/mg) C, R = 0,95, STT

CAP-2.3

Acetato
de Etila

dELI = (6,6 0,5) (nm.mL/mg) C, R = 0,96, CTT


dAFM = (5,8 0,3) (nm.mL/mg) C, R = 0,92, STT
dAFM = (5,9 0,4) (nm.mL/mg) C, R = 0,99, CTT

CAB-1.8

Acetona

dAFM = (7,8 0,5) (nm.mL/mg) C, R = 0,99, STT


dAFM = (7,9 0,5) (nm.mL/mg) C, R = 0,99, CTT
dELI = (6,5 0,5) (nm.mL/mg) C, R = 0,95, STT

CAB-1.8

Acetato

dELI = (6,5 0,4) (nm.mL/mg) C, R = 0,97, CTT

de Etila

dAFM = (5,2 0,3) (nm.mL/mg) C, R = 0,99, STT


dAFM = (6,2 0,4) (nm.L/g) C, R = 0,98, CTT

A Figura 12 mostra a dependncia da espessura dos filmes finos de butirato acetato de


celulose, CAB-1.8, com a concentrao das solues preparadas em acetona ou acetato de
etila. Novamente observou-se que os valores de dELLI obtidos para filmes de CAB-1.8
preparados a partir de solues em acetona antes (Figura 12a) e depois (Figura 12b) de 15
horas de recozimento aumentaram um mximo em 13 g/L de CAB. J os valores de dAFM
obtidos para filmes preparados a partir de solues em acetona antes (Figura 12c) e depois
(Figura 12d) do recozimento aumentaram valores idnticos de taxas de crescimento de
espessura com o aumento de concentrao de CAB-1.8, 7,8 0,5 nm mL/mg e 7,9 0,5 nm
mL/mg, respectivamente, e apresentado na Tabela 2. Estas taxas foram superiores quelas
observadas para filmes de CAB-1.8 preparados a partir de solues em acetato de etila antes

74

P. M . K osaka

(Figura 12c) e depois (Figura 12d) de 15 horas de recozimento, 5,2 0,3 nm mL/mg e 6,2
0,4 nm mL/mg (Tabela 2), respectivamente. No caso do CAB-1.8 tambm nota-se a influncia
do solvente na estrutura dos filmes.
As Figuras 9c e 9f apresentam imagens topogrficas obtidas para filmes espessos
(~120 nm) de CAB-1.8 preparados a partir de solues em acetona. Antes do recozimento
(Figura 9c),filmes so rugosos com rms = 28 nm, mas depois do recozimento se tornam lisos
(Figura 9f) com rms = 0,4 nm. Filmes espessos (~120 nm) de CAB-1.8 preparados a partir de
solues em acetato de etila antes do recozimento (Figura 10c) apresentam baixa rugosidade,
rms = 4,9 nm e algumas estruturas anelares. Aps o recozimento, os anis desaparecem,
obtendo-se filmes extremamente lisos e homogneos (Figura 10f) com rms = 0,3 nm.

Elipsometria

160

(a)

Acetona
Acetato de etila

dAFM (nm)

(c)

Acetona
Acetato de etila

160

120

dELLI (nm)

AFM

200

120

80

40

80
40

(b)

160

0
200

(d)

160

dAFM (nm)

dELLI (nm)

120

80

40

120
80
40
0

0
0

10

15

20

-1

[CAB] (mg.mL )

10

15

20

-1

[CAB] (mg.mL )

Figura 12 - Espessura dos filmes finos de CAB-1.8 medidos por elipsometria (dELI) ou AFM (dAFM) em funo
da concentrao de CAB nas solues em acetona (tringulo vermelho) ou acetato de etila (crculo azul), as
linhas vermelha e azul so os ajustes lineares para amostras preparadas a partir de solues de acetona ou acetato
de etila, respectivamente. (a) dELI sem tratamento trmico, (b) dELI aps tratamento trmico (c) dAFM sem
tratamento trmico e (d) dAFM aps tratamento trmico.

75

P. M . K osaka

A dependncia da taxa de crescimento de espessura de filmes com a concentrao do


polmero a partir de solues preparadas em acetona e acetato de etila mostrou que acetona
induziu formao de filmes mais espessos e menos uniformes do que acetato de etila. Walsh
e Franses [WALSH; FRANSES, 2003] relacionaram a qualidade e homogeneidade de filmes
de PMMA obtidos por spin coating volatilidade do solvente utilizado na preparao das
solues. Filmes preparados a partir de tolueno eram mais homogneos e uniformes do que
aqueles preparados a partir de clorofrmio. Filmes de trimetilsilil celulose preparados a partir
de tolueno tambm ficaram mais homogneos e uniformes do que filmes preparados em
clorofrmio
THNE;

[KONTTURI;

THNE;

NIEMANTSVERDRIET,

NIEMANTSVERDRIET,

2003b].

explicao

2003a;

para

estas

KONTTURI;
observaes

experimentais foi baseada na menor volatilidade do tolueno, que permite um maior tempo de
permanncia do filme fludo sobre o substrato, produzindo filmes mais uniformes. Os filmes
de steres de celulose estudados neste trabalho foram preparados a partir de solues em
acetato de etila ou acetona. Os filmes de melhor qualidade e maior homogeneidade foram
aqueles preparados a partir de acetato de etila. Uma vez que acetato de etila menos voltil
que a acetona [WEAST, 1985], podemos concluir que a permanncia mais longa da soluo
polimrica sobre o substrato leva a filmes mais uniformes, como sugerido por Walsh e
Franses no estudo de filmes de PMMA.
As interaes cido-base tm um papel muito importante na adeso de revestimentos
polimricos, produzidos a partir de solues de solventes orgnicos, em xidos metlicos
[BOLGER, 1983; CHAUDHURY, 1996; FOWKES, 1987; LIU; ZHANG; LASKOWSKI,
2000] e o efeito da competio entre solvente e polmero pelo substrato (ver equao 1 e
referncia [PHAM; GREEN, 2002] ) no pode ser desprezada. Com relao aos sistemas
estudados aqui, sabe-se que as interaes do tipo cido-base entre acetona e SiO2 (+18 kT)
so mais favorecidas do que as interaes do tipo cido-base entre acetato de etila e SiO2 (+24

P. M . K osaka

76

kT) [CHAUDHURY, 1996]. Neste caso, as cadeias polimricas secam na forma de agregados
para minimizar a energia superficial. Embora a acetona seja mais voltil que o acetato de etila,
as interaes favorveis com a superfcie podem causar um atraso na evaporao da acetona e
o polmero se retrai, resultando em filmes mais espessos. O uso de acetato de etila minimiza a
interao competitiva entre polmero e solvente pela superfcie do substrato, gerando filmes
mais uniformes e homogneos. Podemos notar tambm que as taxas de crescimento de
espessura de filmes com a concentrao do polmero em acetona e em acetato de etila foram
de aproximadamente (8,0 0,2) nm mL/ mg e de (6,0 0,3) nm mL/ mg, respectivamente,
independentemente do tipo de ster de celulose. Este resultado indica que embora a massa
molar mdia do CA-2.8 seja aproximadamente 5 vezes maior que as massas molares mdias
do CAP-2.3 e CAB-1.8, os comportamentos so semelhantes.
No incio do revestimento rotacional o solvente comea a evaporar, aumentando a
concentrao da soluo. Como conseqncia, a viscosidade da soluo aumenta e a
mobilidade da cadeia polimrica diminui. Se as interaes ente o substrato e o polmero no
so favorveis, as cadeias se agregam para minimizar o contato com a superfcie. Ao
contrrio, se as interaes entre o substrato e o polmero so atrativas, a cadeia polimrica
tende a se espalhar no substrato. Aps a completa evaporao do solvente o filme adota a
estrutura com a energia livre mais baixa. importante lembrar que a estrutura resultante neste
caso pode no ser a de equilbrio. Os steres de celulose so ricos em grupos polares e grupos
carbonila que podem formar ligaes de hidrognio com os grupos silanol das placas de Si.
As Figuras 9a a 9c mostram imagens topogrficas de AFM obtidas para aos filmes revestidos
rotacionalmente sobre as placas de Si a partir de solues de steres de celulose preparadas
em acetona logo aps a obteno do filme. Os filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8 so
muito rugosos. Os filmes de CA-2.8 preparados em acetato de etila tambm so muito
rugosos, mas os filmes de CAP-2.3 e CAB-1.7 apresentaram superfcies lisas (Figuras 10a

P. M . K osaka

77

10c). Este comportamento concorda com uma tendncia geral de que solues polimricas
preparadas com solventes mais volteis produzem filmes mais rugosos [CUI ET AL., 2006;
LIN; MULLER; BINDER, 2004; MLLER-BUSCHBAUM et al., 2001; PETRI, 2002;
STRAWHECKER et al., 2001; WALSH; FRANses, 2003].
Aps o tratamento trmico, a rugosidade dos filmes produzidos a partir de solues de
acetona diminuiu dramaticamente, como mostrado na Figura 9d-9f. O mesmo comportamento
foi observado para os filmes preparados a partir de solues de acetato de etila (Figuras 10d10f). O tratamento trmico permite que as cadeias do polmero relaxem, dessa forma elas
podem alcanar a disposio molecular mais estvel, talvez em uma forma mais compacta,
reduzindo os valores de rms. Alm disso, mesmo com o recozimento, os filmes podem
apresentar alguma anisotropia, que pode causar discrepncias entre os modelos tericos de
camadas usados para os clculos de elipsometria e o sistema real de camadas.
Medidas de ngulo de contato feitas com gotas de gua destilada sobre as superfcies
dos filmes de CAB-1.8 recozidos (Figuras 9d e 10d), resultaram em valores semelhantes de
A = (73,0 0,5)o e A = (71 1)o, independentemente do solvente de preparao, indicando
hidrofobicidade e homogeneidade nas superfcies. Estes resultados so esperados, pois em
condies de equilbrio grupos butila das cadeias de do butirato acetato de celulose (CAB)
podem se orientar para o ar, que tambm um meio hidrofbico, diminuindo a energia livre
do sistema e deixando-os mais homogneos. Portanto, independentemente do solvente, a
superfcie dos filmes de CAB aps o recozimento deve ser rica em grupos butila. Numa escala
de hidrofobicidade temos CAB > CAP > CA.
A partir dos valores dos coeficientes angulares apresentados na Tabela 2 obtidos a
partir do ajuste da dependncia da espessura (d) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 ou CAB-1.8
com a concentrao do polmero com regresses lineares, possvel prever a espessura dos
filmes de steres de celulose preparados por revestimento rotacional. Independente do tipo de

78

P. M . K osaka

ster de celulose usado na preparao dos filmes finos, algumas tendncias gerais foram
observadas. Uma anlise cuidados indicou que os filmes polimricos preparados a partir de
solues de acetona so mais espessos do que os obtidos a partir de solues de acetato de
etila. Outra observao importante que o recozimento no teve nenhum efeito na espessura
do filme. As tendncias encontradas por elipsometria e AFM se correlacionam bem,
concordando com dados relatados para filmes enzimticos [PANCERA et al., 2006a;
PANCERA et al., 2006b] e polimricos [MYKHAYLYK et al., 2007]. Os valores mdios de
espessura observados para os filmes finos de steres de celulose preparados a partir de
solues de acetona (dacetona) foram, em mdia, 25% maiores do que os valores encontrados
para os filmes preparados a partir de solues de acetato de etila (dAE), ou dacetona/dAE ~ 1,25.
A partir da equao 2 apresentada na pgina 52 e considerando que neste estudo a
foi mantida constante em 3000 rpm, a relao dacetona/dAE pode ser calculada com:
2

dacetona 3 acetona AE Pacetona


=

2
d AE
AE acetona PAE

(18)

Os valores de densidade para a acetona e o acetato de etila a 25C so 0,7899 g/cm3 e


0,9003 g/cm3, respectivamente [WEAST, 1985].A taxa de evaporao do solvente puro, , foi
correlacionada com o valor de presso de vapor (P) a 25C, que correspondem a 30,8 kPa e
12,1 kPa para a acetona e o acetato de etila, respectivamente [MLLER-BUSCHBAUM et
al., 2001; ZHAO et al., 2004]. As viscosidades das solues foram determinadas com
solues com concentrao variando de 5 g/L a 20 g/L, (25,0 0,1) C por viscosidade capilar
(Figura 13). A razo entre as viscosidades cinemticas (acetona/AE) encontradas para o CA2.8, CAB-2.3 e CAB-1.8 em acetona e acetato de etila foram (1,20 0,02), (1,24 0,09),
(1,26 0,06), respectivamente. Portanto, substituindo estes valores na equao 19, obtm-se
dacetona/dAE = (1,18 0,01), (1,16 0,02), (1,17 0,03) para o CA-2.8, CAB-2.3 e CAB-1.8,
respectivamente, estes valores corroboram com o valor experimental. Estes dados indicam

79

P. M . K osaka

que os filmes feitos por revestimento rotacional e preparados a partir de solues com
solventes mais volteis tendem ser mais espessos. Comportamento similar foi observado para
filmes de polimetilmetacrilato (PMMA) [WALSH; FRANSES, 2003] e trimetilsilil-celulose
[KONTTURI; THNE; NIEMANTSVERDRIET, 2003c] preparados a partir de solues de
tolueno e clorofrmio. Os filmes polimricos preparados a partir de solues de clorofrmio,
o solvente mais voltil, eram mais espessos e rugosos. Quando o solvente evapora devagar, a
soluo polimrica permanece por mais tempo no substrato slido, permitindo uma formao
mais uniforme do filme lquido antes da evaporao.
20

20

(a)

Acetona
Acetato de etila

15

(mm /s)

15

(mm /s)

(b)

Acetona
Acetato de etila

10

10

5
5

10

15

20

[CA-2.8] (mg/mL)

10

20

20

(c)

Acetona
Acetato de etila

15

(mm /s)

15

[CAP-2.3] (mg/mL)

10

5
5

10

15

20

[CAB-1.8] (mg/mL)

Figura 13 Viscosidades cinemticas determinadas para as solues (5-20 g/L) de (a) CA-2.8, (b) CAP-2.3 e
(c) CAB-1.8.

80

P. M . K osaka

5.2 Influncia do Solvente nos Filmes Ultrafinos (d < 6,0 nm) de steres de
Celulose
Nas Figuras 14 e 16 esto apresentadas imagens topogrficas de AFM dos filmes
ultrafinos de steres de celulose adsorvidos sobre placas de silcio a partir de solues de
acetona ou acetato de etila (5 mg/mL), respectivamente. As imagens foram obtidas aps
perodos diferentes de tratamento trmico a 170C. Os valores de rugosidade (rms) dos filmes
obtidos a partir de solues de acetona esto apresentados na Figura 15 e dos filmes obtidos a
partir de solues de acetato de etila na Figura 16.
Com o tratamento trmico as cadeias polimricas ganham mobilidade para alcanar a
situao mais estvel. De acordo com a equao 3 na pgina 55, se as interaes
polmero/polmero ( A poli / poli ) so mais fracas que as interaes polmero/substrato ( A poli / substrato )
o filme estvel e contnuo. Por outro lado, se A poli / poli for mais forte que A poli / substrato a situao
mais estvel ser um filme polimrico retrado (dewetting). As espessuras mdias dos filmes
ultrafinos de steres de celulose obtidos a partir de solues de acetona ou acetato de etila, 5
mg/mL, esto apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3 Espessura dos filmes ultrafinos obtidos a partir de solues de acetona ou acetato de etila (5mg/mL)
com os respectivos desvios padro.
Solvente

Acetona

Acetato de Etila

Amostra

d (nm)

CA-2.8
CAP-2.3
CAB-1.8

1,2 0,3
0,9 0,2
0,5 0,1

CAB-2.5

0,5 0,1

CA-2.8

5,7 0,9

CAP-2.3

1,3 0,3

CAB-1.8

1,1 0,3

CAB-2.5

0,9 0,1

P. M . K osaka

81

Considerando que a espessura mdia de uma monocamada homognea de celulose ~


0,5nm [HOLMBERG et al., 1997] os filmes de CAB-1.8 e CAB-2.5 obtidos a partir de
solues em acetona formam monocamadas. Aps o tratamento trmico as espessuras mdias
dos filmes no variaram.
As imagens topogrficas de filmes de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5 recmpreparados por adsoro a partir de soluo de acetona esto apresentadas nas Figuras 14a,
14e, 14i e 14m, respectivamente. Os filmes foram recozidos a 170o C por 4, 15, 60 e 168
horas em estufa a vcuo. Aps o perodo de recozimento os filmes foram retirados, deixados
resfriar, analisados em temperatura ambiente por AFM. Aps o recozimento espessura medi
dos filmes ultrafinos de steres de celulose no variou a e nenhuma mudana morfolgica foi
observada. Os filmes de CA-2.8 apresentaram rugosidade mdia de ~ 0,5 nm at 60 horas de
recozimento; aps 168 horas de recozimento a rugosidade dos filmes aumentou para ~ 1,3 nm
(ver Figura 15), devido a uma possvel flutuao trmica. As rugosidades mdias dos filmes
de CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5 no tiveram variao significativa aps 4, 15, 60 e 168
horas de recozimento, como mostrado na Figura 15.
Em todos os filmes ultrafinos dos steres de celulose esto presentes esferas que
podem ser devido agregao dos grupos hidrofbicos presentes na cadeia do polissacardeo
que se orientam para o ar. Aps o tratamento trmico por 168 horas as condies de equilbrio
j foram alcanadas. Os filmes ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5
preparados em solues de acetona so estveis, contnuos e homogneos.

82

P. M . K osaka

0h

15h

60h

168h

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

(g)

(h)

(i)

(j)

(k)

(l)

(m)

(n)

(o)

(p)

CAB-2.5

CAP-1.7

CAP-2.3

CA-2.8

(a)

Figura 14 - Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes ultrafinos de steres de celulose preparados por adsoro em
solues de acetona (5 mg/mL): (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 15 horas de recozimento, (c) CA-2.8 aps 60 horas
de recozimento, (d) CA-2.8 aps 168 horas de recozimento, (e) CAP-2.3, (f) CAP-2.3 aps 15 horas de
recozimento, (g) CAP-2.3 aps 60 horas de recozimento, (h) CAP-2.3 aps 168 horas de recozimento (i) CAB1.8, (j) CAB-1.8 aps 15 horas de recozimento, (k) CAB-1.8 aps 60 horas de recozimento, (l) CAB-1.8 aps
168 horas de recozimento e imagens de AFM (2x2)m2 dos filmes ultrafinos de (m) CAB-2.5, (n) CAB-2.5 aps
15 horas de recozimento, (o) CAB-2.5 aps 60 horas de recozimento e (p) CAB-2.5 aps 168 horas de
recozimento.

83

P. M . K osaka

rms (nm)

3
0h
4h
15h
60h
168h

CA-2.8

CAP-2.3

CAB-1.8

CAB-2.5

Figura 15 Rugosidades (rms) dos filmes ultrafinos de steres de celulose obtidos por adsoro em solues de
acetona (5mg/mL) em funo do tempo de recozimento a 170C na estufa a vcuo. Os valores das rugosidades
(rms) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8 foram obtidos a partir de imagens (1x1) m2 e os valores de
rms dos filmes de CAB-2.5 foram obtidos a partir de imagens (2x2) m2.

Sem o tratamento trmico, os filmes ultrafinos de CA-2.8 (Figura 16a) obtidos a partir
de solues em acetato de etila so lisos com rms de (0,5 0,1) nm. Aps 15 horas de
tratamento trmico (Figura 16b), os filmes de CA-2.8 apresentaram estruturas que lembram
flores e instabilidades fingering, causando um aumento na rugosidade de 0,5 0,1 para 2,4
0,2 nm. Estas estruturas j foram observadas para filmes espessos (40 nm de espessura) de
poliestireno (PS) sobre placas de Si e foram atribudos como o estgio inicial do dewetting
[Reiter, 1993]. Aps 60h de tratamento trmico (Figura 16c), os filmes ultrafinos de CA-2.8
estavam com buracos distribudos por toda a superfcie. O dimetro dos buracos aumentou
aps 168h de tratamento trmico (Figura 16d) , mas a rugosidade mdia (rms = 1,3 0,2 nm)
no variou.
Os filmes ultrafinos de CAP-2.3 obtidos a partir de solues de acetato de etila so
muito lisos (Figura 16e). Entretanto, aps tratamento trmico por 15 horas, observou-se a
formao de bordas nos filmes, indicando o incio do dewetting. As bordas continuaram
sendo observadas aps 60 e 168 horas de tratamento trmico. O dewetting tambm foi

P. M . K osaka

84

evidenciado pelo aumento dos valores de rms em funo do tempo de recozimento (Figura
17).
A estabilidade dos filmes ultrafinos de butirato acetato de celulose (CAB), preparados
em solues de acetato de etila, foi investigada para as amostras de CAB com DSbu de 1,8 e
2,5, as amostras foram codificadas como CAB-1.8 e CAB-2.5, respectivamente. Os filmes de
CAB-1.8 apresentaram superfcie lisa com pequenos agregados dispersos logo aps o preparo
e aps 15 horas de tratamento trmico (Figuras 16 i e 16j). Entretanto, aps 60 e 168 horas de
tratamento trmico observou-se o surgimento de bordas no filme ultrafino (Figuras 16k e 16l).
A instabilidade do filme foi evidenciada pelo aumento dos valores de rms em funo do
tempo de recozimento (Figura 17). Com o aumento da quantidade de butiril (DSBut) de 1,8
para 2,5, observou-se um comportamento diferente. O filme ultrafino de CAB-2.5 apresentou
pequenas unidades esfricas dispersas na superfcie (Figura 16m), levando a um valor de rms
de (0,8 0,1) nm. Aps 15 horas de tratamento trmico (Figura 16n) no foi observada
nenhuma mudana morfolgica. Aps longos perodos de tratamento trmico (Figuras 15o e
16p) os filmes ultrafinos de CAB-2.5 tornaram-se mais lisos e os valores de rms caram para
(0,21 0,02) nm e (0,16 0,02) nm (Figura 17), respectivamente. As pequenas esferas
observadas nos filmes ultrafinos de CAB podem ser atribudas agregao dos grupos
hidrofbicos butiril, que se orientaram para o ar, um meio hidrofbico. Estes agregados so
mais freqentes nos filmes ultrafinos de CAB-2.5, que possuem uma maior quantidade de
grupos butiril. Com o tratamento trmico, os grupos butiril provavelmente relaxam, levando a
uma superfcie mais plana.
Aps tratamento trmico por uma semana (168 horas) as condies de equilbrio
foram alcanadas. No caso dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8 preparados a partir de
solues em acetato de etila a situao de equilbrio tende ao dewetting. Por outro lado, os
filmes de CAB-2.5, obtidos a partir de solues de acetato de etila, no estado de equilbrio

85

P. M . K osaka

foram considerados como superfcies estveis, planas e homogneas. Portanto, a estabilidade


dos filmes dos filmes ultrafinos de steres de celulose depende fortemente do comprimento da
cadeia do ster e do grau de substituio.

15h

60h

168h

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

(g)

(h)

(i)

(j)

(k)

(l)

(m)

(n)

(o)

(p)

(a)

CAB- 2.5

CAB- 1.7

CAP-2.3

CA-2.8

0h

Figura 16 Imagens de AFM (1x1)m2 dos filmes ultrafinos de steres de celulose preparados por adsoro em
lminas de silcio a partir de solues em acetato de etila (5 mg/mL): (a) CA-2.8, (b) CA aps 15h de tratamento
trmico, (c) CA-2.8 aps 60h de tratamento trmico, (d) CA-2.8 aps 168h de tratamento trmico, (e) CAP-2.3,
(f) CAP-2.3 aps 15h de tratamento trmico, (g) CAP-2.3 aps 60h de tratamento trmico, (h) CAP-2.3 aps
168h de tratamento trmico, (i) CAB-1.8, (j) CAB-1.8 aps 15h de tratamento trmico , (k) CAB-1.8 aps 60h
de tratamento trmico, (l) CAB-1.8 aps 168h de tratamento trmico e imagens de AFM (2x2) m2 dos filmes
ultrafinos de CAB-2.5 (m) CAB-2.5, (n) CAB-2.5 aps 15h de tratamento trmico, (o) CAB-2.5aps 60h de
tratamento trmico e (p) CAB-2.5 aps 168h de tratamento trmico.

86

P. M . K osaka

rms (nm)

3
0h
4h
15 h
60 h
168 h

CA-2.8

CAP-2.3

CAB-1.7

CAB-2.5

Figura 17 - Rugosidade (rms) dos filmes ultrafinos de ster de celulose obtidos a partir de solues de acetato de
etila (5 mg/mL) em funo do tempo de tratamento trmico a 170C em uma estufa a vcuo. Os valores das
rugosidades (rms) dos filmes de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.7 foram obtidos a partir de imagens (1x1) m2 e os
valores de rms dos filmes de CAB-2.5 foram obtidos a partir de imagens (2x2) m2.

O efeito da competio entre solvente e polmero pelo substrato (ver equao 1 e


referncia [PHAM; GREEN, 2002]) no pode ser desprezada. Como dito anteriormente, com
relao aos sistemas estudados aqui, sabe-se que as interaes do tipo cido-base entre
acetona e SiO2 (+18 kT) so mais fortes do que as interaes do tipo cido-base entre acetato
de etila e SiO2 (+24 kT) [CHAUDHURY, 1996]. Em sistemas envolvendo o uso de acetato de
etila a interao competitiva entre polmero e solvente pela superfcie do substrato mais
fraca, por isso os filmes obtidos por adsoro a partir de solues de acetato de etila so mais
espessos do que os obtidos a partir de solues de acetona. Alm disso, o fato de no ter sido
observado o fenmeno de dewetting para filmes adsorvidos a partir de acetona mostra que,
alm da constante de Hamaker efetiva ( Aeff ), o solvente tem um papel relevante na
estabilidade dos filmes. Uma possvel explicao para os filmes adsorvidos a partir de acetona
no apresentarem dewetting (repelncia) mesmo aps 168 horas de tratamento seria a
existncia de um filme molecular de acetona que orienta e prende fortemente as cadeias dos

P. M . K osaka

87

polissacardeos ao substrato. Se as foras de interao entre acetona e substrato forem muito


fortes, a presso reduzida de 60 mmHg utilizada durante o recozimento talvez no seja capaz
de remover a camada de acetona adsorvida.
Diferentemente dos filmes produzidos por revestimento rotacional, onde a taxa de
evaporao do solvente e interaes solvente-substrato tem grande influncia na espessura e
morfologia, no caso dos filmes ultrafinos feitos por adsoro somente interaes solventesubstrato exercem influncia.

5.3 Determinao da energia superficial dos filmes de steres de celulose


Com o intuito de determinar a energia superficial do CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8 e
CAB-2.5, filmes planos e homogneos com e sem tratamento trmico, obtidos por adsoro
(5mg/mL) ou revestimento rotacional (spin coating) (20 mg/mL) a partir de solues de
acetona (Figura 18) ou acetato de etila (Figura 19), foram escolhidos. A rugosidade mdia
desses filmes variou de (0,3 0,1) a (0,6 0,1) nm. As espessuras mdias dos filmes e
rugosidades dos filmes obtidos a partir de solues de acetona ou acetato de etila esto
apresentadas nas Tabelas 4 e 5, respectivamente. A espessura dos filmes aps o tratamento
trmico no variou.

88

P. M . K osaka

Tabela 4 Espessura mdia (d) e rugosidade (rms) dos filmes preparados a partir de solues de acetona
utilizados para determinar a energia superficial dos steres de celulose.
Amostra

Mtodo de

Tratamento

preparao

trmico

d (nm)

rms (nm)
(5x5) m2

1,2 0,3

0,3

CA-2.8

4 h/ 170C

1,2 0,3

0,4

CAP-2.3

No

0,9 0,2

0,3

4 h/ 170C

0,9 0,2

0,3

No

0,5 0,1

0,2

4 h/ 170C

0,5 0,1

0,2

CAB-2.5

No

0,5 0,1

0,2

CAB-2.5

4 h/ 170C

0,5 0,1

0,3

CAP-2.3

15 h/ 170C

164 3

0,6

15 h/ 170C

158 3

0,4

15 h/ 170C

160 2

0,3

CAB-1.8
CAB-2.5

(20mg/mL)

CAB-1.8

Coating

CAB-1.8

Spin

CAP-2.3

(5mg/mL)

No

Adsoro

CA-2.8

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

(g)

(h)

(i)

(j)

(k)

Figura 18 Filmes usados nas medidas de ngulo de contato para determinar a energia superficial dos steres de
celulose. Imagens topogrficas de AFM dos filmes ultrafinos preparados por adsoro em solues de acetona
(a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (c) CAP-2.3, (d) CAP-2.3 aps 4 horas de tratamento
trmico, (e) CAB-1.8, (f) CAB-1.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (g) CAB-2.5, (h) CAB-2.5 aps 4 horas
de tratamento trmico e imagens de AFM dos filmes finos preparados por revestimento rotacional em solues
de acetona (i) CAP-2.3 aps 15 horas de tratamento trmico, (j) CAB-1.8 aps 15 horas de tratamento trmico e
(k) CAB-2.5 aps 15 horas de tratamento trmico.

89

P. M . K osaka

Tabela 5 Espessura mdia (d) e rugosidade (rms) dos filmes preparados a partir de solues de acetato de etila
utilizados para determinar a energia superficial dos steres de celulose.
Mtodo de
Tratamento
rms (nm)
Amostra
d (nm)
preparao
trmico
(5x5) m2
5,7 0,9

0,4

CA-2.8

4 h/ 170C

5,7 0,9

0,5

CAP-2.3

No

1,3 0,3

0,2

4 h/ 170C

1,3 0,3

0,3

No

1,1 0,3

0,3

4 h/ 170C

1,1 0,3

0,2

CAB-2.5

No

0,9 0,

0,4

CAB-2.5

4 h/ 170C

0,9 0,1

0,5

CAP-2.3

15 h/ 170C

120 4

0,4

15 h/ 170C

124 2

0,4

15 h/ 170C

124 3

0,3

CAB-1.8
CAB-2.5

(20mg/mL)

CAB-1.8

Coating

CAB-1.8

Spin

CAP-2.3

(5 mg/mL)

No

Adsoro

CA-2.8

(a)

(b)

(c)

(e)

(f)

(g)

(i)

(j)

(d)

(h)

(k)

Figura 19 Filmes usados nas medidas de ngulo de contato para determinar a energia superficial dos steres de
celulose. Imagens topogrficas de AFM dos filmes ultrafinos preparados por adsoro em solues de acetato de
etila (a) CA-2.8, (b) CA-2.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (c) CAP-2.3, (d) CAP-2.3 aps 4 horas de
tratamento trmico, (e) CAB-1.8, (f) CAB-1.8 aps 4 horas de tratamento trmico, (g) CAB-2.5, (h) CAB-2.5
aps 4 horas de tratamento trmico e imagens de AFM dos filmes finos preparados por revestimento rotacional
em solues de acetato de etila (i) CAP-2.3 aps 15 horas de tratamento trmico, (j) CAB-1.8 aps 15 horas de
tratamento trmico e (k) CAB-2.5 aps 15 horas de tratamento trmico.

90

P. M . K osaka

ngulos de contato de avano () foram medidos com gotas de 8L de gua,


formamida e diodometano sobre filmes de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5 obtidos a
partir de solues de acetona ou acetato de etila. As contribuies polares e dispersivas das
tenses superficiais esto apresentadas na Tabela 6.

Tabela 6 Valores de tenso superficial ( LV ) com as correspondentes contribuies dispersivas ( LV ) e


p

polares ( LV ) reportados na literatura [Xie et al., 1995] para gua, formamida e diiodometano, os quais foram
usados para a determinao da energia superficial dos steres de celulose.
Lquidos teste

LV (mJ/m2)

LV (mJ/m2)

LV (mJ/m2)

gua

72,8

21,8

51,0

Formamida

58,0

39,0

19,0

Diiodometano

50,8

50,8

Os valores experimentais de medidos para gotas ssseis dos lquidos sobre cada
filme de ster de celulose obtidos a partir de solues de acetona esto apresentados na
Tabelas 7. A partir do modelo Harmnico (equao 15, pgina 58), deduziu-se primeiro a
d

componente dispersiva da energia superficial a partir dos valores das medidas de ngulo
de contato com lquidos apolares (Diiodometano), e ento, a componente polar
p

da energia

superficial dada por cada lquido polar, Formamida e gua . Somando e , temos a energia
superficial total

total

Os filmes de steres de celulose obtidos a partir de solues de acetona apresentaram

total

antes ou depois do tratamento trmico na seguinte ordem CA-2.8 > CAP-2.3 > CAB-

1.7 > CAB-2.5, como mostrado na Tabela 7. Analisando os dados apresentados na Tabela 7,
tiramos vrias informaes. (i) A contribuio de

foi maior do que

. (ii)

total

diminui

com o aumento da cadeia do grupo ster. (iii) Os filmes de CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5

91

P. M . K osaka

Tabela 7 Medidas de ngulo de contato de avano para os filmes ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5, preparados por adsoro (5mg/mL) ou revestimento
rotacional (20 mg/mL) e obtidos a partir de solues de acetona, com gotas de diiodometanho (Diiodometano), formamida (Formamida) e gua (gua) como lquidos teste. Valores
d

dos componentes dipersivo ( ) e polar ( ) da energia superficial determinada pelo modelo harmnico (equao 15, pgina 58) e a constante de Hamaker ( A poli / poli )
calculada pela equao 6, pgina 55.
Acetona
Polmero

Tratamento
trmico

Diiodome tan o ()

Formamida ()

gua

()

Formamida

gua

(mJ/m2)

(mJ/m2)

(mJ/m2)

(mJ/m2)

10-20 (J)

total

A poli / poli x

CA-2.8

No

45 1

32 1

35 1

37,8 0,4

12,7 0,1

31,0 0,3

81,5 0,8

7,3 0,1

(adsoro)

4h, 170

48 3

49 2

69 3

36,4 0,4

7,2 0,1

14,2 0,1

57,8 0,6

7,1 0,1

CAP-2.3

No

52 1

34 2

30 1

34,9 0,3

14,1 0,1

34,3 0,3

83,3 0,8

6,7 0,1

(adsoro)

4h, 170

55,7 0,6

54 3

75 1

32,6 0,3

7,3 0,1

12,2 0,1

52,1 0,5

6,3 0,1

CAB-1.8

No

54 2

37 2

39 4

33,5 0,3

13,9 0,1

30,7 0,3

78,1 0,8

6,5 0,1

(adsoro)

4h, 170

56 3

54 2

78 4

32,4 0,3

7,4 0,1

10,9 0,1

50,7 0,5

6,3 0,1

CAB-2.5

No

56 2

38 3

42 2

32,4 0,3

14,5 0,1

29,5 0,3

76,4 0,8

6,3 0,1

(adsoro)

4h, 170

58 1

56 2

80 2

31,4 0,3

7,2 0,1

10,2 0,1

48,8 0,5

6,1 0,1

15h, 170

52 3

49 1

69,5 0,7

34,4 0,3

8,2 0,1

14,4 0,1

57,0 0,5

6,6 0,1

15h, 170

55 2

50 2

68 2

32,9 0,3

8,7 0,1

15,6 0,2

57,2 0,6

6,3 0,1

15h, 170

57 3

51,5 0,7

70 2

32,0 0,3

8,7 0,1

14,8 0,1

55,5 0,6

6,2 0,1

CAP-2.3
(spin coating)
CAB-1.8
(spin coating)
CAB-2.5
(spin coating)

92

P. M . K osaka

preparados por adsoro e aps tratamento trmico a 170C por 4 horas apresentaram

total

52,1 0,5 mJ/m2 , 50,7 0,5 mJ/m2 e 48,8 0,5 mJ/m2, respectivamente, enquanto que os
valores de

total

encontrados para os filmes de CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5 preparados por

revestimento rotacional (spin coating) e com tratamento trmico a 170C por 15 horas foram
57,0 0,5 mJ/m2, 57,2 0,6 mJ/m2 e 55,5 0,6 mJ/m2, respectivamente. Esta discrepncia
pode ser devido ao mtodo de preparao do filme, mesmo considerando que as condies
experimentais so de equilbrio. (iv) O tratamento trmico exerceu grande influncia nas
propriedades superficiais dos filmes, este efeito foi mais significativo nos valores de energia
p

superficial das componentes polares do que nos valores de . (v) O aumento do DSbu de
1,8 para 2,5 levou a uma queda nos valores de

total

de 78,1 0,8 mJ/m2 para 76,4 0,8

mJ/m2 nos filmes sem tratamento trmico e de 50,7 0,5 mJ/m2 para 48,8 0,3 mJ/m2 nos
filmes com recozimento. Apesar do aumento do DSbu de 0,7 para 2,5 ser relativamente
grande, o efeito sobre

total

foi pequeno.

Quando os filmes de steres de celulose foram preparados a partir de solues de


acetato de etila os valores de

total

tambm apresentaram a seguinte ordem CA-2.8 > CAP-2.3

> CAB-1.8 > CAB-2.5, como mostrado na Tabela 8. Analisando os dados apresentados na
d

Tabela 8, tiramos as seguintes informaes. (i) A contribuio de foi maior do que . (ii)
Nota-se a tendncia geral de diminuio de
Os valores de

total

total

com o aumento da cadeia do grupo ster. (iii)

dos filmes de CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5 preparados por adsoro com

recozimento por 4 horas a 170 chegam a ser sete unidades menores que aqueles observados
para filmes depositados por revestimento rotacional com tratamento trmico por 15 horas a
170C. Este efeito pode estar relacionado com o mtodo de preparao do filme, que gera
orientao molecular na interfaca slido-ar diferente. (iv) Como j observado para os filmes
obtidos a partir de solues de acetona, os valores de

total

encontrados para os filmes antes do

93

P. M . K osaka

Tabela 8 Medidas de ngulo de contato de avano para os filmes ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5, preparados por adsoro (5mg/mL) ou revestimento
rotacional (20 mg/mL) e obtidos a partir de solues de acetato de etila, com gotas de diiodometanho (Diiodometano), formamida (Formamida) e gua (gua) como lquidos teste.
d

Valores dos componentes dipersivo ( ) e polar ( ) da energia superficial determinada pelo modelo harmnico (equao 15, pgina 58) e a constante de Hamaker
( A poli / poli ) calculada pela equao 6, pgina 55.
Acetato de Etila
Polmero

Tratamento
trmico

Diiodome tan o ()

Formamida ()

gua

()

Formamida

gua

(mJ/m2)

(mJ/m2)

(mJ/m2)

(mJ/m2)

10-20 (J)

total

A poli / poli x

CA-2.8

No

31 1

23 3

49 1

44,0 0,3

11,5 0,1

22,4 0,2

77,9 0,8

8,5 0,1

(adsoro)

4h, 170

CAP-2.3

No

38 1
45 2

44 3
35,5 0,7

60 1
48 1

41,1 0,4
37,8 0,4

6,7 0,7
11,3 0,1

17,6 0,1
24,5 0,2

65,4 0,6
73,6 0,7

8,4 0,1
7,3 0,1

(adsoro)

4h, 170

47 2

53 3

71 1

37,9 0,4

5,1 0,1

12,9 0,1

55,9 0,6

7,3 0,1

CAB-1.8

No

49 2

24 1

49 4

35,8 0,4

17,4 0,2

24,6 0,2

77,8 0,8

6,9 0,1

(adsoro)

4h, 170

51 2

55 2

68 4

34,9 0,3

5,7 0,1

15,0 0,2

55,6 0,5

6,7 0,1

CAB-2.5

No

51 1

26 2

50 1

34,9 0,3

17,6 0,2

24,3 0,2

76,8 0,8

6,7 0,1

(adsoro)

4h, 170

53 1

56 2

70 2

33,9 0,3

5,9 0,1

14,3 0,1

54,1 0,5

6,5 0,1

15h, 170

47,0 0.5

59 1

66 1

37,9 0,5

3,3 0,3

15,3 0,1

56,5 0,5

7,8 0,1

15h, 170

52,0 0.5

67,5 0,7

71,5 0,7

34,9 0,3

2,6 0,2

13,2 0,1

50,7 0,3

7,2 0,1

15h, 170

54,3 0,6

67 1

77 1

33,3 0,3

2,2 0,1

11,1 0,1

46,6 0,3

6,8 0,1

CAP-2.3
(spin coating)
CAB-1.8
(spin coating)
CAB-2.5
(spin coating)

tratamento trmico chegam a ser 22 unidades maiores do que os valores de

total

encontrados

depois do tratamento trmico. Este efeito foi mais significativo nos valores de energia
p

superficial das contribuies polares, Formamida e gua ,


Comparando os valores de

total

do que nos valores de . (v)

encontrados para CAB-1.8 com os valores encontrados para o

CAB-2.5, nota-se que com o aumento do DSbu de 1,8 para 2,5,

total

diminui de 77,8 0,8

mJ/m2 para 76,8 0,8 mJ/m2 nos filmes sem tratamento trmico e de 50,7 0,5 mJ/m2 para
44,5 0,3 mJ/m2 aps o recozimento. Neste ltimo, a reduo de 6 unidades em

total

indica

orientao preferencial de grupos butila para o ar em filmes de CAB-2.5 recozidos.


Tanto para os filmes obtidos a partir de solues de acetona quanto para os filmes
preparados a partir de solues de acetato de etila, ocorreu uma reorientao molecular na
interface slido/ar aps o tratamento trmico. Com o recozimento acima da temperatura de
fuso (Tm) ou temperatura de transio vtrea (Tg), as cadeias do polissacardeo assumem a
orientao de menor energia. Aps o tratamento trmico, os grupos polares do ster
provavelmente se orientam para o Si e as cadeias alqulicas se direcionaram para o ar.
A estabilidade do filme pode ser prevista se A poli / subst e A poli / poli so conhecidos, como
mostrado na equao 3, pgina 54. A poli / poli est intimamente relacionado com o potencial de
interao de van der Waals entre dois corpos macroscpicos em um dado meio. A poli / poli foi
calculado para cada ster de celulose substituindo o valor de

na equao 7, pgina 55.

Uma vez que A poli / poli proporcional a , os steres de celulose apresentaram A poli / poli na
seguinte seqncia CA-2.8 > CAP-2.3 > CAB-1.8 > CAB-2.5 (ver Tabelas 7 e 8), tanto para
os valores encontrados a partir dos filmes obtidos por solues de acetona quanto para os
obtidos a partir de solues de acetato de etila. O valor de A poli / poli encontrado para o CA-2.8,
quando o filme foi obtido a partir de solues de acetato de etila, similar ao encontrado para
a celulose (8,4 x 10-20J) [BERGSTRM et al., 1999]. Nos filmes preparados a partir de

95

P. M . K osaka

solues de acetona, o valor de A poli / poli para o CA-2.8 tambm foi o maior entre todos os
steres de celulose aqui estudados. Estes resultados indicam que as cadeias do acetato de
celulose (CA) esto ligadas mais fortemente do que as cadeias do propionato acetato de
celulose (CAP) e butirato acetato de celulose (CAB), ou em outras palavras, CA apresenta a
maior energia coesiva entre os steres de celulose aqui estudados. Consequentemente, outra
importante concluso que aumentando a cadeia do grupo ster ou o grau de substituio, as
interaes de van der Waals tornam-se mais fracas.
A constante de Hammaker ( A poli / substrato ) para interao entre SiO2 (camada que recobre
placas de Si) e o polissacardeo atravs do ar foi calculada com a equao 7 (pgina 55), onde
os ndices 1, 2 e 3 correspondem ao SiO2 [BUTT; GRAF; KAPPL, 2003], polissacardeo
[HOLMBERG et al., 1997] e ar [BUTT; GRAF; KAPPL, 2003], respectivamente. A Figura
20 representa esquematicamente camadas consideradas, com os respectivos valores de n e .

3 = 1,005
n3 = 1,00

3 - Ar

2 = 6,00
n2 = 1,48

2 - Polissacardeo
(2)

1 = 3,82
n1 = 1,46

1 SiO2

Figura 20 - Representao esquemtica das camadas (1) SiO2, (2) Polissacardeo e (3) Ar, com os respectivos
valores de ndice de refrao (n) e constante dieltrica ().

O valor de Apoli / substrato foi calculado como sendo 7,2 x 10-20 J, ou seja, menor que os
valores de ( Apoli / poli ) determinados para CA-2.8 e CAP-2.3 (Tabela 8), quando os filmes foram
obtidos a partir de solues de acetato de etila. Uma vez que Apoli / substrato < Apoli / poli , as
interaes polmero/polmero so mais fortes que as interaes polmero/substrato e espera-se
que ocorra o dewetting. O valor de Apoli / poli encontrado para o CAB-1.8, quando o filme foi

P. M . K osaka

96

obtido a partir de soluo de acetato de etila, similar aos calculado para Apoli / substrato . A partir
das topografias mostradas na Figura 16, nota-se que o dewetting ocorreu nos filmes ultrafinos
de CA-2.8, CAP-2.3 e CAB-1.8. Somente os filmes ultrafinos de CAB-2.5 no apresentaram
dewetting, neste caso Apoli / substrato > Apoli / poli . Uma vez que as foras de van der Waals parecem
relevantes para a estabilidade dos filmes de steres de celulose, o dewetting observado aqui
foi provavelmente causado por decomposio spinodal causada por flutuaes trmicas
[REITER, 1992; SEEMAN; HERMINGHAUS; JACOBS, 2001].
Uma observao geral que pode ser feita que os filmes de steres de celulose obtidos
a partir de solues de acetona so estveis, uma vez que no ocorreu dewetting aps o
tratamento trmico. O valor de Apoli / poli para o CA-2.8 (ver Tabela 7) similar ao calculado
para Apoli / substrato (7,2 x 10-20 J), mas mesmo aps longos perodos de tratamento trmico (168
horas) no foi observado o dewetting. Houve um aumento na rugosidade indicando uma
possvel instabilidade no filme devido a flutuaes trmicas, mas o filme permaneceu
contnuo e estvel. Os valores de Apoli / poli calculados para o CAP-2.3, CAB-1.8 e CAB-2.5 so
menores do que o valor de Apoli / substrato (Tabela 7). Uma vez que Apoli / substrato > Apoli / poli , as
interaes polmero/substrato so mais fortes que as interaes polmero/polmero e espera-se
que o filme seja estvel. Como mostrado ns topografias apresentadas na Figura 14, os filmes
ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.7 e CAB-2.5 so estveis. Estes resultados confirmam
que o solvente tem uma grande influncia nas propriedades dos filmes de steres de celulose e
na orientao da cadeia molecular do polissacardeo nos filmes de steres de celulose.
Enquanto os filmes ultrafinos de steres de celulose obtidos a partir de solues de acetato de
etila apresentaram dewetting (repelncia), os filmes ultrafinos de CA-2.8, CAP-2.3, CAB-1.8
e CAB-2.5, obtidos a partir de solues de acetona, so estveis. Estes resultados apoiam a
hiptese de que um filme molecular de acetona formado entre o substrato e o filme de
polissacardeo, prendendo as cadeias dos steres de celulose ao substrato.

P. M . K osaka

97

5.4 Adsoro de Lipase sobre Filmes Ultrafinos (d < 6,0 nm) de steres de Celulose
No captulo anterior vimos que filmes ultrafinos de steres de celulose preparados a
partir de acetona apresentam alta estabilidade mesmo aps longo tratamento trmico. Por isso,
eles foram escolhidos para servir como substratos para adsoro de lipase.

5.4.1 Caractersticas dos substratos


As caractersticas dos filmes ultrafinos de steres de celulose obtidos por adsoro a
partir de solues de acetona (10 mg/mL) determinadas antes e depois do tratamento trmico
esto resumidas na Tabela 9. Antes do tratamento trmico acima da Tg dos polissacardeos
(ver Tabela 1), os valores mdios da espessura variaram de (1,5 0,1) nm para (2,1 0,9)
nm, com exceo do filme ultrafino de CAB-2.5 que apresentou uma espessura mdia de (0,5
0,2) nm. Como dito anteriormente, a espessura mdia de uma monocamada homognea de
celulose ~ 0,5 nm [HOLMBERG et al., 1997], ento, somente o CAB-2.5 produz uma
monocamada. De fato, a superfcie dos filmes ultrafinos de CAB-2.5 so os mais lisos entre
todos os steres de celulose aqui estudados. CA-2.8, CAP-2.3, CAP-2.1 e CAB-1.8 adsorvem
a partir de solues de acetona nas lminas de Si como multicamadas. Experimentos de
dessoro indicam que a adsoro irreversvel. O processo de adsoro controlado pela
competio entre as interaes entre polmero e substrato, substrato e solvente, polmero e
solvente, como descrito por Silberberg [1968] e descrita pela Equao 1 na pgina 51. A
adsoro dos polissacardeos sobre as lminas de Si provavelmente dirigida por interaes
favorveis entre os grupos carbonila e hidroxila dos polissacardeos e os grupos silanol no
substrato [CASTRO; PETRI, 2005].
Imagens topogrficas de AFM obtidas para os filmes ultrafinos de steres de celulose
antes e depois do tratamento trmico esto apresentadas nas Figuras 21 e 22, respectivamente.

98

P. M . K osaka

(a)

(b)

rms = 0,65 nm rms = 1,22 nm

(c)

(d)

(e)

rms = 0,32 nm

rms = 0,23 nm

rms = 0,17 nm

Figura 21 Imagens de AFM (1x1)m dos filmes de steres de celulose sem tratamento trmico (a) CA-2.8, Z
= 5 nm, (b) CAP-2.3, Z = 10 nm, (c) CAP-2.1, Z = 2 nm, (d) CAB-1.8, Z = 3nm, e imagens de AFM (2x2) m2
de (e) filme de CAB-2.8, Z = 3 nm.

(a)

(b)

rms = 0,59 nm

rms = 0,82 nm

(c)

(d)

rms = 0,76 nm

rms = 0,39 nm rms = 0,20 nm

(e)

Figura 22 Imagens de AFM (1x1)m dos filmes de steres de celulose aps tratamento trmico (a) CA-2.8, Z
= 7 nm, (b) CAP-2.3, Z = 8 nm, (c) CAP-2.1, Z = 2 nm, (d) CAB-1.8, Z = 4nm, e imagens de AFM (2x2) m2 de
(e) CAB-2.8 aps tratamento trmico, Z = 3nm.

Uma observao geral que pode ser feita que os filmes de steres de celulose
recobrem completamente o substrato. Como visto anteriormente, os filmes ultrafinos de
steres de celulose obtidos a partir de solues de acetona so estveis, uma vez que no
ocorreu dewetting aps o tratamento trmico, indicando que as interaes entre o substrato e
os polissacardeos so fortes o bastante para formar filmes contnuos. A presena de pequenos
glbulos dispersos na superfcie corresponde a agregados das cadeias dos polissacardeos
formados durante o processo de secagem. Os pequenos glbulos dispersos na superfcie do
CA-2.8 (Figura 21a) sem tratamento trmico aparecem distribudos mais homogeneamente na
superfcie do filme aps o recozimento (Figura 22a), o que explica a pequena queda nos
valores de rms de 0,65 nm para 0,59 nm. Os filmes de CAP-2.3 e CAP-2.1 (Figuras 21b e
21c, respectivamente) tambm se tornam mais lisos aps o tratamento trmico (Figuras 22b e
22c, respectivamente). Nenhuma mudana substancial na morfologia e nos valores de rms foi
observada aps o tratamento trmico dos filmes de CAB-1.8 (Figuras 21d e 22d). Os valores

99

P. M . K osaka

de rms calculados para os filmes de CAB-2.5 antes (Figura 21e) e depois (Figura 22e) do
tratamento trmico indicam que estes filmes so bastante lisos. Para efeito de comparao, a
rugosidade mdia (rms) da lmina de Si 0,12nm [PETRI et al., 1999]. A rugosidade da
superfcie tambm pode ser relacionada com a histerese no ngulo de contato [KREISKY,
1957]. A Tabela 9 mostra que todos os valores de diminuram aps o tratamento trmico
dos filmes de steres de celulose, indicando que estas superfcies tornaram-se mais lisas e
homogneas.

trmico
trmico

Aps tratamento

Sem tratamento

Tabela 9 Caractersticas dos filmes de steres de celulose antes e depois do tratamento trmico.
Filme

dpoli (nm)

rms (nm)

A ()

R ()

()

CA - 2.8

1,5 0,1

0,65

45 1

33 2

12 2

CAP - 2.3

2,1 0,9

1,22

29 2

12 1

17 2

CAP - 2.1

1,5 0,7

0,32

41 1

27 3

14 3

CAB - 1.8

1,9 0,3

0,35

37 2

24 3

13 3

CAB - 2.5

0,4 0,3

0,17

45 1

34 3

11 2

CA - 2.8

1,4 0,3

0,59

77 1

71 4

63

CAP - 2.3

1,9 0,3

0,82

62 2

48 3

14 1

CAP - 2.1

1,2 0,3

0,26

68 4

58 1

10 4

CAB - 1.8

1,5 0,4

0,39

67 2

53 2

14 2

CAB - 2.5

0,3 0,2

0,20

80 1

73 2

82

Os valores mdios da espessura (dpoli) e da rugosidade (rms) foram determinados pos elipsometria e AFM,
respectivamente.

Antes do tratamento trmico as superfcies dos filmes de steres de celulose so


hidroflicas, com A variando de 29 2 a 45 1, como mostrado na Tabela 9. Para
comparao, filmes de celulose feitos por revestimento rotacional sobre lminas de Si
apresentaram valores de A inferiores a 20 [FLT et al., 2004]. Aps o tratamento trmico

P. M . K osaka

100

observou-se um efeito interessante, as superfcies tornaram-se menos hidroflicas com A


variando de 62 2 a 80 1 (Tabela 9), indicando que ocorreu uma reorientao molecular
na interface slido/ar. Com o recozimento acima da temperatura de fuso (Tm) ou temperatura
de transio vtrea (Tg), as cadeias do polissacardeo assumem a orientao de menor energia.
Visto que lminas de Si so superfcies muito hidroflicas com A de 5 e o ar um meio
hidrofbico, os grupos polares do ster (hidroxila e carbonila) adsorvem no Si, enquanto que
as cadeias alqulicas se direcionam para o ar. Estes resultados mostram que um simples
tratamento trmico (recozimento) pode mudar o carter da superfcie dos filmes ultrafinos de
CA, CAP e CAB de hidroflicos para hidrofbicos.

5.4.2 Adsoro de Lipase sobre os Filmes Ultrafinos de steres de Celulose


A adsoro de lipase sobre os filmes ultrafinos de steres de celulose antes e depois do
tratamento trmico foi estimada por medidas de elipsometria.
Os valores mdios da quantidade adsorvida de lipase, Lipase, sobre os filmes ultrafinos
de steres de celulose com os correspondentes desvios padro esto apresentados na Figura 23
e na Tabela 10. Comparando os valores obtidos de Lipase obtidos para a adsoro de lipase
sobre os filmes de steres de celulose sem tratamento trmico, os valores mais altos de Lipase
obtidos foram para os filmes de CAB-1.8 e CAB-2.5, (3,1 0,2) e (2,6 0,3) mg/m2,
respectivamente. A imobilizao de lipase sobre os filmes de steres de celulose no exerceu
nenhuma influncia nos valores mdios de A, que variou de (40 2) para (48 2), ver
Tabela 10. Estes valores indicam que a adsoro enzimtica ocorre sem nenhuma orientao
molecular especfica na interface slido-ar.

101

P. M . K osaka

Tabela 10 Valores mdios de Lipase e BSA com os respectivos desvios padro e ngulo de contato de avano

trmico
trmico

Aps tratamento

Sem tratamento

(A) obtidos para lipase e BSA adsorvidas sobre os filmes de steres de celulose com e sem tratamento trmico.
Amostra

Lipase (mg/m2)

ALipase (graus)

CA-2.8

1,1 0,2

40 2

CAP-2.3

1,5 0,1

47 1

CAP-2.1

2,2 0,2

48 3

CAB-1.8

3,1 0,2

43 3

CAB-2.5

2,6 0,3

45 1

CA-2.8

3,1 0,3

47 1

CAP-2.3

4,5 0,2

53 2

CAP-2.1

5,1 0,2

43 1

CAB-1.8

2,7 0,6

48 2

CAB-2.5

3,6 0,2

56 1

Em geral, a adsoro de lipase sobre os filmes de steres de celulose com tratamento


trmico foi mais pronunciada do que nos filmes sem tratamento trmico, indicando uma maior
afinidade da lipase por substratos hidrofbicos. A quantidade de lipase adsorvida (Lipase)
sobre os filmes de CA-2.8, CAP-2.3, CAP-2.1 e CAB-2.5 com tratamento trmico foi 280%,
300%, 230% e 140%, respectivamente, maiores do que os valores encontrados para Lipase
sobre os mesmos filmes sem tratamento trmico. A Lipase nos filmes de CAB-1.8 com e sem
tratamento trmico no variou significantemente. Independente do tipo de ster de celulose
usado, a adsoro de lipase sobre os filmes com tratamento trmico levou a uma queda nos
valores de A, isto , o filme tornou-se mais hidroflico (ver Tabela 10). Com a adsoro da
lipase sobre os filmes hidrofbicos de ster de celulose, as molculas de lipase provavelmente
expem seus resduos hidrofbicos para a superfcie do polissacardeo e os resduos
hidroflicos para o ar, uma vez que os valores de ALipase diminuram. Esta orientao
molecular, guiada pela molhabilidade do substrato, foi observada anteriormente para a

102

P. M . K osaka

enolase, uma enzima do ciclo glicosdico, sobre lminas de Si e superfcies hidrofbicas de


filmes de poliestireno [ALMEIDA; SALVADORI; PETRI, 2002].

CAB - 2.5

CAB - 1.8

CAP - 2.1

CAP - 2.3

CA - 2.8

CAB - 2.5

CAB - 1.8

CAP-2.3

CAP - 2.1

CA-2.8

Lipase(mg/m )

Sem tratamento trmico


Aps tratamento trmico

Figura 23 Valores mdios de Lipase com os correspondentes desvios padro obtidos para lipase adsorvida
sobre filmes de ster de celulose com e sem tratamento trmico.

5.5 Atividade Cataltica da Lipase Adsorvida sobre os Filmes Ultrafinos de steres


de Celulose
Sabe-se que a atividade cataltica de enzimas imobilizadas depende das suas
conformaes no estado adsorvido [CHIBATA et al., 1978]. A partir desta afirmao,
pergunta-se: Como a molhabilidade dos filmes de ster de celulose afetam a conformao da
lipase adsorvida e, consequentemente, a sua atividade cataltica? Para esclarecer estas
questes os seguintes sistemas foram escolhidos para os experimentos onde a atividade da
lipase imobilizada foi medida: (i) o maior valor de Lipase (3,1 0,2 mg/m2) obtido para a
adsoro da lipase sobre filmes de ster de celulose sem tratamento trmico, isto , lipase
adsorvida sobre CAB-1.8 (A = 37 2), (ii) o maior valor de Lipase (5,1 0,2 mg/m2) obtido
na adsoro de lipase sobre filmes de steres de celulose com tratamento trmico, isto ,
lipase adsorvida sobre filmes de CAP-2.1 com tratamento trmico (A = 68 4) e (iii) lipase
imobilizada sobre os filmes de ster de celulose mais hidrofbicos, isto , CA-2.8 (A = 77
1) e CAB-2.5 (A = 80 1), que apresentaram Lipase 3,1 0,3 mg/m2 e 3,6 0,2 mg/m2,
respectivamente.

103

P. M . K osaka

Testes da atividade enzimtica foram realizados usando lipase livre e imobilizada. A


massa da lipase adsorvida sobre os filmes de steres de celulose (rea mdia, 1 cm2) foi
calculada dividindo a quantidade adsorvida por 104. Cinco amostras dos filmes de CAP-2.1
com tratamento trmico cobertos com lipase foram imersas em um volume final do reagente
de 1,0 mL, sendo a concentrao final de lipase de ~ 2,5 g/mL. Da mesma forma, oito e seis
amostras de filmes de CA-2.8 e CAB-2.5 com tratamento trmico recobertos com lipase,
respectivamente, foram usados para alcanar a concentrao final de ~ 2,5 g/mL. No caso do
filme de CAB-1.8 sem tratamento trmico recoberto com lipase, oito amostras foram
mergulhadas em 1,0 mL do reagente, tendo a concentrao final de ~ 2,5 g/mL. A mesma
concentrao foi usada para medir a atividade cataltica da lipase livre. A Figura 24 mostra a
concentrao de p-NF formado na hidrlise catalisada pela enzima da lipase livre em soluo,
lipase imobilizada sobre filmes sem tratamento trmico de CAB-1.8 e lipase imobilizada
sobre filmes de CAP-2.1, CAB-2.5 e CA-2.8 com tratamento trmico.
Lipase livre 2,5g/mL
CAB-1.8 + Lipase
CAP-2.1 com tratamento trmico + Lipase
CAB-2.5 com tratamento trmico + Lipase
CA-2.8 com tratamento trmico + Lipase

p-NF (g/mL)

Livre

Imobilizada

1 Reuso

2 Reusos

Figura 24 - Concentrao de p-NF formado na reao de hidrlise catalisada pela lipase: lipase livre em soluo
(coluna vermelha), lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico (coluna azul), lipase
imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 com tratamento trmico (coluna rosa), lipase imobilizada sobre filmes de
CAB-2.5 com tratamento trmico (coluna laranja) e lipase imobilizada sobre filmes de CA-2.8 com tratamento
trmico (coluna verde). O reuso da lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico e lipase
imobilizada sobre filmes de CAP-2.1, CAB-2.5 ou CA-2.8 com tratamento trmico como agentes catalticos
tambm foi determinada.

104

P. M . K osaka

A lipase livre catalisou a formao de 1,5 0,2 g/mL de p-NF. A atividade cataltica
da lipase imobilizada sobre filmes de CAB-2.5 com tratamento trmico foi 50% (2,2 0,2
g/mL de p-NF) maior que a observada para a lipase livre. Lipase imobilizada sobre filme de
CAB-1.8 sem tratamento trmico e filmes de CAP-2.1 e CA-2.8 com tratamento trmico
catalisou a formao de 1,5 0,2 g/mL p-NF, 1,2 0,2 g/mL p-NF e 1,7 0,3 g/mL pNF, respectivamente. Estes resultados mostram que embora os filmes de CAB-1.8 sem
tratamento trmico e os filmes de CA-2.8 e CAP-2.1 com tratamento trmico terem
molhabilidades diferentes, a atividade cataltica relativamente alta em todos os casos.
Provavelmente as interaes entre os resduos polares da lipase e os resduos glicopiranosil
dos

polissacardeos preservam

conformao

natural

da

lipase

imobilizada

e,

consequentemente, mantm a sua eficincia cataltica. Para comparao, molculas de lipase


imobilizadas sobre gis hidroflicos compostos por quitosana e xantana [MAGNIN et al.,
2001] ou partculas esfricas de quitosana [BETIGERI; NEAU, 2002] tambm apresentaram
perfomance cataltica satisfatria. J bem sabido que a conformao ativa da lipase requer
uma forma aberta, que causada por um movimento do flap, de modo a expor o stio ativo.
As interaes intermoleculares da tampa no estado aberto so de natureza hidrofbica
[GROCHULSKI et al., 1994]. Os resduos hidrofbicos Leu 73, Ala 76, Leu 80, Val 86 e Val
90 esto envolvidos na ligao da lipase com o substrato hidrofbico [GROCHULSKI et al.,
1994]. Entretanto, dois resduos glicosilados com N-acetilglicosamina, Asn 314 e Asn 351
esto ligados por ligaes de hidrognio a Glu 70 e Tyr 69, estabilizando a conformao
aberta do flap [GROCHULSKI et al., 1994]. Estes fatos suportam a hiptese de que a
imobilizao de lipase sobre superfcies de polissacardeos favorecem a estabilizao da
enzima. Alguns exemplos na literatura com lipase imobilizada suportes microporosos de
poliestireno [GRIFFITHS; BOSLEY, 1993; MALCATA et al., 1990; PIERRE et al., 2006]
tambm apresentaram atividade maior do que a lipase livre em soluo.

P. M . K osaka

105

A possibilidade de reuso da lipase imobilizada sobre o filme ultrafino de CAB-1.8


(Figura 24, coluna azul) sem tratamento trmico e lipase imobilizada sobre os filmes
ultrafinos de CAP-2.1 (Figura 24, coluna rosa), CAB-2.5 (Figura 24, coluna laranja) e CA-2.8
(Figura 24, coluna verde) com tratamento trmico foi testada. Quando as amostras foram
usadas pela segunda vez e introduzidas em uma soluo fresca de p-NPD, a formao de pNF caiu para ~ 0,75 0,05 g/mL no caso do filme hidroflico de CAB-1.8 e do filme com
tratamento trmico (menos hidroflico) de CAP-2.1, indicando uma queda na atividade de
aproximadamente 50%. Entretanto, a atividade enzimtica foi mantida nos casos onde a lipase
foi imobilizada sobre os filmes de CAB-2.5 e CA-2.8, os filmes de steres de celulose mais
hidrofbicos (ver Tabela 10). Quando usadas pela terceira vez, as mesmas amostras foram
colocadas em uma soluo fresca de p-NFD; a formao de p-NF no pode ser detectada para
a lipase imobilizada sobre o filme de CAB-1.8 sem tratamento trmico e sobre o filme de
CAP-2.1 com tratamento trmico. Entretanto, a lipase imobilizada sobre os filmes
hidrofbicos de CAB-2.5 e CA-2.8 catalisaram a formao de 1,28 0,01 g/mL de p-NF e
1,29 0,05 g/mL de p-NF, respectivamente, indicando que ~70% da atividade enzimtica
original foi mantida aps o terceiro uso da amostra.
Imagens de AFM obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem
tratamento trmico foram obtidas logo aps a imobilizao da enzima e aps o primeiro,
segundo e terceiro uso esto apresentadas na Figura 25a-25d, respectivamente. As imagens
correspondentes a lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 logo aps a sua imobilizao,
aps primeira medida da atividade da lipase e aps o segundo e terceiro uso esto
apresentadas na Figura 26a-26d, respectivamente. Independente do tipo de filme de ster de
celulose usado para a imobilizao da lipase, todas as imagens mostram a presena de
entidades esfricas atribudas s molculas de lipase adsorvidas. Estas entidades esfricas
permanecem na superfcie do filme aps o uso, indicando que no ocorre a dessoro da

106

P. M . K osaka

enzima. Estes resultados foram confirmados por elipsometria que no indicou mudana na
espessura da camada de lipase adsorvida aps as amostras terem sido retidas do meio
reacional. Alm disso, os valores mdios de rms no apresentaram nenhuma tendncia que
pudesse ser relacionada com o nmero de vezes que o sistema foi usado. Um explicao
possvel para a perda de ~30% da atividade aps o reuso da lipase imobilizada pode ser
mudanas conformacionais induzidas pelo contato da lipase com o meio reacional. Efeitos
similares foram observados para lipase adsorvida sobre superfcies hidrofbicas de esferas de
vidro recobertas com polipropleno [FORESTI; FERREIRA, 2007]. Lipase adsorvida sobre
fibras de gel de acetato de celulose com titnio isopropxido apresentou 90-80% da atividade
cataltica observada para a lipase livre, mas apresentou um bom rendimento no reuso
[IKEDA; KUROKAWA, 2002].

(a)

rms = 0,83 nm

(b)

rms = 0,77 nm

(c)

rms = 0,89 nm

(d)

rms = 0,84 nm

Figura 25 - Imagens de AFM (2x2) m2 obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de CAB-1.8 sem
tratamento trmico (a) logo aps preparao (Z = 8 nm), (b) aps primeiro uso (Z = 8 nm), (c) aps segundo uso
(Z = 8 nm) e (d) aps terceiro uso (Z = 8 nm).

(a)

rms = 0,73 nm

(b)

rms = 0,88 nm

(c)

rms = 0,85 nm

(d)

rms = 0,66 nm

Figura 26 - Imagens de AFM (2x2) m2 obtidas para lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2,1 com
tratamento trmico (a) logo aps preparao (Z = 7 nm), (b) aps primeiro uso (Z= 7 nm), (c) aps segundo uso
(Z = 7 nm) e (d) aps terceiro uso (Z = 7 nm).

P. M . K osaka

107

O efeito da armazenagem na atividade da lipase imobilizada sobre o filme de CAB-1.8


sem tratamento trmico (coluna azul) e lipase imobilizada nos filmes com tratamento trmico
CAP-2.1, CAB-2.5 e CA-2.8 foi monitorada por 30 dias (Figura 27). As amostras de lipase
imobilizada foram estocadas no ambiente do laboratrio a (23 3)C e umidade relativa de
(60 5)%, enquanto que solues de lipase livre foram estocadas em geladeira (~8C). A
estocagem no teve nenhum efeito na atividade da lipase livre. As molculas de lipase
imobilizada sobre os filmes mais hidrofbicos, CAB-2.5 e CA-2.8 com tratamento trmico,
retiveram 70% da atividade aps 1 ms de estocagem, alcanando neste perodo a atividade
cataltica comparvel a observada para as molculas de lipase livre. As enzimas imobilizadas
sobre o filme de CAP-2.1 com tratamento trmico mantiveram 100% da atividade por 20 dias,
caindo para 60% aps 1 ms de estocagem. Em relao s molculas de lipase imobilizadas
sobre os filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico, a estocagem por 20 e 30 dias levou uma
queda na atividade de 50% e 70%, respectivamente. Esta reduo de atividade enzimtica
pode ser devido alta molhabilidade da superfcie, porque as lipases imobilizadas sobre
superfcies mais hidrofbicas mantiveram a atividade por um perodo mais longo de
estocagem. O ambiente onde as amostras foram estocadas tambm poderiam induzir
mudanas conformacionais nas lipases adsorvidas, causando uma perda na atividade
cataltica. Um comportamento semelhante foi reportado na literatura, molculas de lipase
quimicamente ligadas a superfcie de partculas magnticas de Fe2O3 mantiveram um
atividade parcial por 30 dias [DYAL et al., 2003]. A imobilizao de lipase sobre membranas
de poli(2-hidroxietilmetacrilato-co-metacrilamidafenilalanina) preservaram 60% da atividade
cataltica por 56 dias [ARICA et al., 2001].

108

P. M . K osaka

p-NF (g/mL)

Lipase livre 2,5g/mL


CAB-1.8 + Lipase
CAP-2.1 com tratamento trmico + Lipase
CAB-2.5 com tratamento trmico + Lipase
CA-2.8 com tratamento trmico + Lipase

0 dia

10 dias 20 dias 30 dias

Figura 27 - Concentrao de p-NF formado na reao de hidrlise catalisada pela lipase imobilizada sobre
filmes de CAB-1.8 sem tratamento trmico (coluna azul), lipase imobilizada sobre filmes de CAP-2.1 com
tratamento trmico (coluna rosa), lipase imobilizada sobre filmes de CAB-2.5 com tratamento trmico (coluna
laranja) e lipase imobilizada sobre filmes de CA-2.8 com tratamento trmico (coluna verde) em funo do tempo
de estocagem.

Os resultados mostrados na Figura 27 indicam que o estado conformacional da lipase


imobilizada sobre superfcies mais hidrofbicas mais estvel, ou seja, ela se mantm ativa
por mais tempo, reforando a idia de que a estabilidade de lipase por longos perodos requer
um ambiente hidrofbico para manter o stio exposto para o meio [GROCHULSKI et al.,
1994 ; FERANDEZ-LAFUENTE et al., 1998].

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109

6 Concluso
Os filmes finos e ultrafinos de steres de celulose foram obtidos de forma rpida e
simples. A influncia de dois bons solventes, acetona e acetato de etila, na obteno dos
filmes foi estudada. A espessura e a rugosidade dos filmes finos obtidos por revestimento
rotacional so influenciadas pela energia de interao polmero/substrato e solvente /substrato
e pela taxa de evaporao do solvente. A influncia do solvente na estabilidade dos filmes
ultrafinos de steres de celulose tambm foi estudada. Enquanto os filmes ultrafinos obtidos a
partir de solues de acetona so estveis e contnuos, os filmes ultrafinos obtidos a partir de
solues de acetato de etila apresentaram o fenmeno conhecido como dewetting. A energia
superficial dos steres de celulose foi calculada pela primeira vez para estes materiais. Esta
informao muito til, uma vez que esses filmes podem ser aplicados onde a estabilidade
necessria.
Observou-se que a molhabilidade dos filmes ultrafinos de steres de celulose pode ser
mudada com um simples tratamento trmico, ou seja, o carter hidroflico/hidrofbico pode
ser transformado de acordo com a necessidade do usurio. Os filmes estveis e contnuos se
apresentaram como bons substratos para a imobilizao de lipase. A atividade cataltica sobre
os filmes mais hidrofbicos foi maior do que a observada para a lipase livre e puderam ser
usadas por mais duas vezes mantendo a atividade alta. Estas amostras tambm puderam ser
armazenadas no ambiente do laboratrio por ate 1 ms, mantendo a atividade cataltica alta.
Portanto, a imobilizao de molculas de lipase sobre filmes de steres de celulose gera
eficientes catalisadores, os quais podem ser facilmente recuperados do meio reacional e
reutilizados.

P. M . K osaka

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P. M . K osaka

Smula Curricular

Nome: Priscila Monteiro Kosaka


Local e data de nascimento: Braslia (DF) aos 27 de dezembro de 1979.
Educao
1987-1993: Ensino Fundamental Colgio Sagrado Corao de Maria. Braslia, DF.
1994: Ensino Fudamental Colgio Militar de Braslia. Braslia, DF.
1995-1997: Ensino Mdio Colgio Militar de Braslia, DF.
1998-2002: Bacharelado em Qumica Instituto de Qumica da Universidade de Braslia
(UnB), Braslia DF.
Fevereiro 2001 Julho 2002: Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Cientfico e Tecnolgico (CNPq).
Orientador: Prof. Dr. Elton Bauer
Ttulo: Corroso em Armaduras de Concreto Armado

2003-2007: Doutoranda em Qumica (Fsico-Qumica), Universidade de So Paulo, USP, So


Paulo SP.
Ttulo: Aplicaes e Caracterizao de steres de Celulose
Orientadora: Prof. Dra. Denise Freitas Siqueira Petri
Co-orientador: Prof. Dr. Yoshio Kawano
Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq)

Ocupao
Bolsista CNPq
Tema: Aplicaes e Caracterizao de steres de Celulose

P. M . K osaka

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Artigos Completos Publicados em Peridicos


1) Kosaka, P. M.; Kawano, Y.; El Seoud, O. A.; Petri, D. F. S. Catalytic Activity of
Lipase Immobilized onto Ultrathin Films of Cellulose Esters, Langmuir, v.23,p.
12167-12173, 2007.
2) Kosaka, P. M.; Kawano, Y.; Petri, D. F. S. Dewetting and Surface Properties of
Ultrathin Films of Celulose Esters, Journal of Colloids and Interface Science, v.316,
p. 671-677, 2007.
3) Maciel, J. S.; Kosaka, P. M.; de Paula, R. C. M.; Feitosa, J. P. A.; Petri, D. F. S.
Formation of Cashew Gum Thin Films onto Silicon Wafers or Amino-terminated
surfaces and the Immobilizations of Concanavalin A on Them, Carbohydrate Polymers
v. 69, p. 522-529, 2007.
4) Kosaka, P.M.; Kawano, Y.; Petri, H. M.; Fantini, M.C.A.; Petri, D. F. S. Structure and
Properties of Composites of Polyethylene or Maleated Polyethylene and Cellulose or
Cellulose Esters, Journal of Applied Polymer Science, v.103, p. 402-411, 2007.
5) Kosaka, P. M.; Kawano, Y.; Fantini, M. C. A.; Petri, D. F. S. Characterization of
Maleated Polyethylene and Cellulose Acetate Butyrate Blends, Macromolecular
Materials and Engineering v.291, p. 531 539, 2006.
6) Kosaka, P. M.; Kawano, Y.; Salvadori, M. C.; Petri, D. F. S. Characterization of
Ultrathin Films of Cellulose Esters, Microscopy & Microanalysis, v.11 (S03), p. 9497, 2005.
7) Kosaka, P. M.; Kawano, Y.; Salvadori, M. C.; Petri, D. F. S. Characterization of
Ultrathin Films of Cellulose Esters, Cellulose, v. 12(4), p. 351-359, 2005.
8) Naves, A. F.; Kosaka. P. M.; Matos, J. R.; Petri. D. F. S. Thermal Behaviour of
Polyestyrene Synthesized in the Presence of Carboxymethyl Cellulose, Journal of
Thermal Analysis and Calorymetry, v. 79, p. 389-392, 2005.

P. M . K osaka

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Textos em Revistas Tcnicas


1) Kosaka, P. M.; Petri, H. M.; Petri, D. F. S. Uma Anlise das Propriedades do PELDB
Funcionalizado com Anidrido Malico e Polissacardeo. Published on September,
2006, p. 80-92. ISSN 18083528.
2) Kosaka, P. M.; Petri, D. F. S. steres de Celulose Aumentam a Biodegradabilidade do
PELBD. Plstico Industrial. Published on December, 2006, p. 106-119. ISSN
18083528.

Patente
1) Material Antimicrobiano, Processo de Preparao de Material Antimicrobiano, Filme
Antimicrobiano e Uso . Nmero do Protocolo INPI/SP: 018070072686, em
01/11/2007.

Resumos em Congressos
1) Characterization and Stability of Cellulose Ester Thin Films. American Chemical
Society National Meeting, 2007, Chicago IL, USA.
2) Characterization and Stability of Cellulose Ester Thin Films. Macro 2006 41st
International Symposium on Macromolecules Proceedings, 2006, Rio de Janeiro RJ,
Brazil.
3) Crystallinity of Maleated Polyethylene and Cellulose, Cellulose Acetate, Cellulose
Acetate Propionate or Cellulose Acetate Butyrate Mixtures. CBPOL - Congresso
Brasileiro de Polmeros, 2005, guas de Lindia SP, Brazil.
4) Characterization of Ultrathin Films of Cellulose Esters. Third Latin American
Symposium on Scanning Probe Microscopy, 2005, Ouro Preto MG, Brazil.
5) Formation and Characterization of Polyethylene and Cellulose Acetate Butyrate
Blends. X International Macromolecular Colloquium, 2005, Gramado RS, Brazil.
6) Formation and Characterization of Polyethylene and Cellulose Acetate, Cellulose
Acetate Propionate and Cellulose Acetate Butyrate Mixtures. X International
Macromolecular5 Colloquium, 2005, Gramado RS, Brazil.
7) Formation and Characterization of Polyethylene and Cellulose or Cellulose Acetate
Butyrate Composites. 5th International Symposium on Natural Polymers and

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P. M . K osaka

Composites and 8th Brazilian Symposium on the Chemistry of Lignins and other wood
components, 2004, So Pedro - SP, Brazil.
8) Rubim, J. C.; Jacintho, G. V. M.; Suarez, P. A. Z.; Kosaka, P. M.; Petri, D. F. S.
Synthesis and Characterization of Magnetic Composites base don Cis-polyisoprene
and CoFe2O4 Nanoparticles. American Chemical Society National Meeting. Boston,
USA, 2007.
9) Petri, D. F. S.; Kosaka, P. M. Cellulose Ester Coatings for Biomedical Applications.
2nd International Conference on Surfaces and Nanostructures Materials NanoSmat
2007. Alvor, Algarve, Portugal, 2007.
10) Dures; J. A.; Kosaka, P. M.; Ceschin, A. M.; Sales, M. J. A. Evaluation of Buruti Oil:
PS Devices Roughness by AFM and Contact Angle. XI International Macromolecular
Colloquium and The International Symposium on Natural Polymers and Composites.
Gramado RS, Brazil, 2007.
11) Amim Jr., A.; Kosaka, P. M.; Petri, D. F. S. Characterization of Thin Films of
Carboxymethylcellulose

Acetate

Butyrate.

XI

International

Macromolecular

Colloquium and The International Symposium on Natural Polymers and Composites.


Gramado RS, Brazil, 2007.
12) Maciel, J. S.; Kosaka, P. M.; Paula, R. C. M.; Feitosa, J. P. A.; Petri, D. F. S.
Adsorption Behavior of Concanavalin A onto Cashew Gum Covered Substrates.
Macro 2006 World Polymer Congress/41st International Symposium on
Macromolecules. Rio de Janeiro RJ, Brazil, 2006.

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