Adesivos PSA de Base Aquosa
Adesivos PSA de Base Aquosa
Adesivos PSA de Base Aquosa
PROPRIEDADES DE POLÍMEROS E DE
ADESIVOS SENSÍVEIS À PRESSÃO DE BASE
AQUOSA
Dissertação de Mestrado
de
realizado em
H.B. Fuller
julho de 2018
Agradecimentos
A toda a equipa com quem tive o prazer de trabalhar na H.B. Fuller. À minha orientadora, Drª Rosa
Maria, por toda a sua disponibilidade e conhecimentos transmitidos fundamentais na minha aprendizagem.
À Carla, à Helena e à Patrícia por toda a ajuda prestada e pela presença constante na resolução de problemas.
Ao Rui e ao Santos por terem sido o meu braço direito no laboratório e por me transmitirem toda a
experiência. À Célia, à Anabela, à Daniela, ao Joaquim e ao Filipe por me proporcionarem uma excelente
integração.
Ao meu orientador académico, professor Ricardo Santos, pelo acompanhamento prestado ao longo
destes meses.
Às minhas amigas pelo ombro amigo e pelos momentos incríveis que me proporcionaram durante
estes anos de faculdade.
Aos meus pais pelo apoio, pela confiança e por me darem as condições necessárias para que eu
concretize os meus objetivos.
Um especial agradecimento ao Bruno pela força que me permitiu não baixar os braços ao primeiro
obstáculo, pela paciência e compreensão e sobretudo por estar sempre do meu lado qualquer que seja a
circunstância.
O Dr. Ricardo Santos, orientador desta dissertação, é membro integrado do Laboratório Associado LSRE-
LCM financiado pelo Projeto POCI-01-0145-FEDER-006984, Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
(FEDER), através do COMPETE2020 - Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI) e por
fundos nacionais através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
“We must have perseverance and above all confidence in ourselves.”
Marie Curie
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Resumo
Os tensioativos alquilfenóis etoxilados (a seguir designados por APEO, alkylphenol ethoxylates)
são amplamente utilizados em processos de polimerização radicalar em emulsão aquosa e na produção de
adesivos também aquosos. No entanto, preocupações crescentes com a poluição ambiental por parte dos
órgãos reguladores, têm motivado o desenvolvimento de produtos mais amigos do ambiente. O objetivo
deste trabalho é o estudo de alternativas para estes compostos assim como a avaliação da influência da
alteração dos tensioativos, tanto nas emulsões resultantes da polimerização como nas propriedades de
desempenho do produto final (adesivo).
Este trabalho divide-se em duas fases: a síntese de copolímeros pelo processo de polimerização em
emulsão e a produção de adesivos sensíveis à pressão (a seguir designados por PSA, pressure sensitive
adhesives). Nesta primeira etapa foram produzidos dois copolimeros aquosos e caracterizados seguindo os
métodos utilizados pela empresa. Em primeiro lugar os métodos de caracterização básica (viscosidade, pH,
teor em sólidos e monómero residual) onde se avaliam as propriedades do polímero, seguidos da
caracterização complementar (absorção à água, temperatura mínima de filmificação, distribuição do
tamanho médio de partícula, estabilidade da armazenagem, sedimentação 24 horas e controlo da
sedimentação), onde se testam as propriedades do produto na sua aplicação. A segunda etapa, a produção
de PSA, por sua vez, divide-se na fase de produção e na posterior avaliação das propriedades de
desempenho do adesivo.
Os tensioativos testados neste trabalho permitiram tirar conclusões. No geral, obtiveram-se bons
resultados uma vez que se encontrou, no mínimo, um tensioativo alternativo para cada uma das formulações
estudadas. No entanto, uma vez que se tratam de reações químicas, há uma grande variabilidade no que diz
respeito ao comportamento dos polímeros sintetizados e, portanto, são necessários mais ensaios para a
validação dos tensioativos.
Abstract
Alkylphenol ethoxylated surfactants (APEO) are widely used in aqueous emulsion polymerization
processes and in the production of also aqueous adhesives. However, growing concerns about
environmental pollution have motivated the development of more environmentally friendly products. The
objective of this work is the study of alternatives for these compounds as well as the evaluation of the
influence of the replacement of the surfactants, both in the emulsions resulting from the polymerization and
in the performance properties of the final product (adhesive).
This work is divided into two phases: the synthesis of copolymers by the emulsion polymerization
process and the production of pressure sensitive adhesives (PSA). In this first step, two aqueous copolymers
were produced and characterized following the methods used by the company. Firstly the basic
characterization methods (viscosity, pH, solids content and residual monomer) , where the properties of the
polymer are evaluated, followed by the complementary characterization (water absorption, minimum film
formation temperature, particle size distribution, storage stability, sedimentation by 24 hours and
sedimentation control), in which the properties of the product are tested in their application. The second
step, PSA production, in turn, is divided into the production phase and subsequent evaluation of the
performance properties of the adhesive.
The surfactants tested in this work allowed conclusions to be drawn. In general, good results were
obtained since at least one alternative surfactant was found for each of the formulations studied. However,
since they are chemical reactions, there is a great variability with respect to the behavior of the synthesized
polymers and, therefore, more tests are required for the validation of surfactants.
Declaração
Declara, sob compromisso de honra, que este trabalho é original e que todas as contribuições não
originais foram devidamente referenciadas com identificação da fonte.
2 de julho de 2018
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Índice
1 Introdução ............................................................................................. 1
3.1 Produção dos polímeros por polimerização radicalar em emulsão aquosa ............... 17
i
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
5 Conclusões ........................................................................................... 44
7 Referências ........................................................................................... 46
ii
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Lista de Figuras
Figura 1. Adesão e coesão entre um adesivo e um substrato (H.B. Fuller Company, 2016). ...................... 3
Figura 2. Tipos de roturas que ocorrem em adesivos (H.B. Fuller Company, 2012). .................................. 5
Figura 3. Taxa de polimerização em função da taxa de conversão nos três diferentes intervalos (M.
Khaddazh et al., 2012) .................................................................................................................................. 8
Figura 5. Representação esquemática de uma molécula de tensioativo. (H.B.Fuller Company, 2012) ..... 11
Figura 6. Fórmula geral da estrutura de uma molécula de alquilfenol etoxilado (Vlaardingen et al., 2003).
.................................................................................................................................................................... 13
Figura 7. Estruturas químicas dos compostos alternativos aos APEO. a) oxoálcool etoxilado; b) álcool
linear etoxilado; c) álcool isotridecil etoxilado; d) álcool secundário etoxilado (Fernandez et al., 2005). 14
Figura 9. Esquema do processo de polimerização em emulsão. (H.B. Fuller Company, 2012) ................ 19
Figura 13. Equipamento de medição da distribuição do tamanho de partícula. (Malvern Panalytical, 2018)
.................................................................................................................................................................... 22
Figura 16. Aplicador automático utilizado no espalhamento dos filmes de PSA. ..................................... 24
Figura 18. Esquemas do teste de peel a a) 90° e a b) 180º. (Awajaaet al., 2009)....................................... 25
Figura 20. a) Fotografia de um ensaio de tack; b) Ilustração do ensaio de tack (Awajaa et al., 2009). ..... 26
iii
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Figura 24. Comparação da distribuição do tamanho de partícula dos adesivos STA-D, STA-E e STA-Ref
(lote industrial). .......................................................................................................................................... 34
Figura 26. Filmes do adesivo STA no método de absorção à água. a) filme antes de ser submerso em
água. b) filme após 24h submerso em água. ............................................................................................... 36
Figura 28. Distribuição do tamanho de partícula das resinas: a) comparação da Resina-F com a Resina –
Ref (laboratorial); b) comparação da Resina-F com a Resina – Ref (lote industrial). ............................... 38
Figura 33. Resultados dos testes de tack nos diferentes substratos: a) vidro; b) HDPE; c) cartão............. 42
iv
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Lista de Tabelas
Tabela 1. Propriedades dos tensioativos de acordo com o valor HLB. (The Dow Chemical Company,
2018)........................................................................................................................................................... 15
Tabela 4. Tensioativos utilizados na produção dos copolimeros e as suas principais características. ....... 27
Tabela 12. Tensioativos utilizados na produção do adesivo PSA e as suas principais características. ...... 37
v
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Notação e Glossário
AA Absorção à água %
TS Teor de sólidos %
Letras gregas
μ média
desvio padrão
Lista de Siglas
VA Vinyl acrylic
vi
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
1 Introdução
No entanto, a atual situação de exposição dos APEO na Europa suscita preocupações. Desta forma,
a Comissão Europeia anunciou a inclusão de nonilfenol etoxilados (nonylphenol ethoxylates, NPEO) e
octilfenol etoxilados (octylphenol ethoxylates, OPEO) ao Anexo XIV, lista de produtos químicos sujeitos
a autorização no âmbito do Registo, Avaliação, Autorização e Restrição de Substâncias Químicas
(REACH) da UE no Jornal Oficial da União Europeia, a 14 de junho de 2017. Este regulamento entrou em
vigor a 4 de julho de 2017 (European Chemical Industry Council, 2017).
Realizado em ambiente empresarial, este trabalho teve como objetivo a pesquisa e validação de
alternativas para os APEO em formulações de adesivos e polímeros em emulsão aquosa. Este estudo
consiste em entender a influência da substituição dos tensioativos não só durante a produção do adesivo,
mas também nas propriedades finais.
No polo de Mindelo são produzidos adesivos base aquosa, adesivos base solvente, adesivos
termofundíveis (hot melt) e polímeros em emulsão aquosa.
Introdução 1
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Introdução 2
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
2.1 Adesivos
Segundo Packer (1990), um adesivo é um material usado para manter duas superfícies juntas. Para o
autor, um adesivo deve molhar as superfícies, desenvolver forças após a aplicação e permanecer estável.
Desta forma, para ser considerado um adesivo, um material tem de cumprir 4 requisitos principais:
Tem de molhar a superfície – o adesivo, ainda em estado aquoso, deve fluir pelas superfícies que
se pretendem unir, de forma a ocupar o lugar do ar ou de contaminantes que poderão existir;
Tem de aderir às superfícies, ou seja, após fluir sobre toda a superfície, deve começar a aderir e
permanecer estável, tornando-se pegajoso;
Tem de desenvolver resistência – o material deve então alterar a sua estrutura de forma a se tornar
mais rígido ou não-pegajoso, garantindo sempre a aderência;
Tem de permanecer estável, isto é, o material deve permanecer inalterado com a idade, condições
ambientais e outros fatores, de forma a assegurar as propriedades desejadas.
Os materiais denominados adesivos são aqueles que promovem a adesão entre dois substratos, pela ação
de forças intermoleculares. A adesão é um parâmetro termodinâmico que quantifica a interação
interatómica e intermolecular entre duas superfícies e engloba a química das superfícies, a física, a reologia,
a química e a física dos polímeros e a análise de fraturas (Awajaa et al., 2009). Por outro lado, a coesão
representa a capacidade de um material permanecer unido pela sua atração intermolecular. Os fenómenos
de adesão e coesão podem ser entendidos pela Figura 1. É importante realçar que a ciência da adesão
engloba não só a formação da adesão, mas também a caracterização da interface adesiva, a quebra dessa
mesma interface e a análise da falha da interface (Marshall et al., 2010).
Figura 1. Adesão e coesão entre um adesivo e um substrato (H.B. Fuller Company, 2016).
Para Foster, Lovell e Rabjohns (2008), os adesivos sensíveis à pressão são amplamente utilizados
devido à capacidade de formar ligações com as superfícies onde são aplicados através de uma baixa pressão
de contacto (Foster et al., 2009).
Existem duas grandes categorias de PSAs: permanentes e removíveis. Adesivos permanentes são
adesivos formulados para aderir ao substrato onde são aplicados e para que não sejam removidos sem
danificar o rótulo ou o substrato, enquanto os adesivos removíveis, por sua vez, são formulados de forma a
que possam ser removidos e a não danificar o rótulo, nem deixarem resíduos no substrato (Avery Dennison,
2011).
Os polímeros acrílicos são amplamente utilizados no fabrico de PSAs com vantagens únicas, como
transparência e propriedades adesivas, tal como a pegajosidade devido à baixa Tg (Jin et al., 2009). Para
PSAs permanentes, os componentes acrílicos oferecem boas propriedades de tack e de peel. Para uso
removível, os PSA acrílicos têm boa estabilidade mecânica e força coesiva (Avery Dennison, 2011).
Os adesivos aquosos são a escolha preferencial relativamente aos PSAs de base solvente para a maioria
das aplicações de escritório, tais como fita de escritório comum, fita adesiva, fitas de embalagem (para
selagem de caixa de cartão), notas adesivas, selos postais, curativos médicos e etiquetas de papel. Os PSA
são usados para a maioria dos rótulos de produtos, decalques, gráficos comerciais e fitas de dois lados. São
ainda usados para uma variedade de aplicações na montagem de produtos, assim como na indústria
mobiliária (da Silva et al., 2011).
Tack é a propriedade medida quando o adesivo entra em contacto com o substrato a ser colado,
caracterizando-se como a adesão inicial do adesivo, ou seja, é a força necessária para separar o adesivo do
substrato após um curto período de tempo de contacto (tesa, 2016).
Por sua vez, peel é a força requerida para remover um adesivo de um substrato. Os testes de peel
são críticos na avaliação de adesivos permanentes. Estes ensaios dão uma medida de força adesiva ou
coesiva, dependendo do modo de rotura. A rotura adesiva ocorre na interface entre o adesivo e um dos
aderentes, ficando esse aderente sem resíduos de adesivo. O adesivo fica totalmente no outro aderente,
sendo indício de falha na adesão provocada possivelmente por uma má preparação da superfície. Por outro
lado, a rotura coesiva ocorre quando a ligação entre o adesivo e o substrato é mais forte do que a resistência
interna do próprio adesivo, ficando ambas as superfícies dos aderentes cobertas por adesivo (Figura 2)
(Faneco, 2014).
Figura 2. Tipos de roturas que ocorrem em adesivos (H.B. Fuller Company, 2012).
Relativamente ao shear, sabe-se que é a propriedade do PSA que permite medir a força interna de
um adesivo (forças coesivas). Um teste de resistência ao cisalhamento determina a tensão de corte máxima
que é mantida antes que um adesivo sofra rotura de coesão (Benedek, 2004).
O processo usado para a produção dos polímeros dos PSAs é a polimerização radicalar em emulsão
aquosa.
Os monómeros normalmente utilizados para produzir as emulsões de PSA acrílicos são o acrilato de
n-butilo e o acrilato de 2-etilhexilo (2-EHA), com os quais é possível produzir copolímeros de baixa Tg
(com características de elevada pegajosidade e flexibilidade) (Lovell et al., 2009). Os monómeros mais
duros, tais como acrilato de metilo ou acrilato de etilo, são usados para conferir características de adesão e
coesão específicas. Os monómeros que contêm ácido carboxílico, como o ácido metacrílico e o ácido
acrílico, são também utilizados para garantir a estabilidade coloidal do polímero, permitem a formação de
ligações mais fortes aos substratos polares e proporcionam reticulação física através de agrupamento de
iões (Lovell et al.,2009).
Os monómeros que apresentam baixa Tg, também melhoram as propriedades de peel de forma mais
eficaz do que os monómeros de alta Tg. O desempenho de shear de um PSA representa a coesão do sistema.
O método fundamental para melhorar o shear é aumentar a densidade de reticulação do adesivo,
aumentando a funcionalidade dos componentes do sistema. A utilização de resinas (tackifiers) que
apresentam valores de Tg mais elevados, fará com que os valores de shear de um PSA aumentem
significativamente.
Os promotores de adesão (tackifiers) têm como principal objetivo aumentar a resistência à remoção
(peel) a pegajosidade do adesivo (tack). Para este efeito, usam-se usualmente resinas poliméricas. Os
plastificantes são compostos com baixo peso molecular e que servem para promover o deslizamento ou
escoamento do PSA, baixando os valores de Tg (Benedek, 2004). Os plastificantes têm como função
aumentar o tack do adesivo. A adesão é um equilíbrio entre o desempenho do tack e do shear. Produtos de
baixa Tg que possuem boas propriedades coesivas exibem alto desempenho de peel. O peso molecular mais
alto melhora a coesão (European Coatings Journal, 2007).
Os espessantes são usados para ajustar a viscosidade e a reologia dos adesivos de acordo com a sua
aplicação e devem ser usados na menor quantidade possível.
O primeiro mecanismo proposto para polimerização em emulsão foi o mecanismo micelar descrito
por Harkins na década de 40 (Harkins, 1947) que, posteriormente, veio a ser estudado, desenvolvido e até
publicado por Smith e Ewart (Dunn, 1997). Estes autores conseguiram obter a primeira teoria quantitativa
que consiste em equações para determinar a taxa de polimerização e o número de partículas de látex para a
polimerização em emulsão. A teoria sustenta a hipótese de que o sistema contém as gotículas de monómero
estabilizadas (cerca de 1-10 µm de diâmetro) dispersas na fase aquosa contínua com o auxílio de um
À medida que a concentração de tensioativo livre na fase aquosa aumenta, atinge um ponto em que
nenhum tensioativo adicional é solúvel. Este ponto é conhecido como concentração micelar crítica (CMC).
Qualquer tensioativo adicionado após a CMC ter sido alcançada, irá associar-se em agregados chamados
micelas. Os núcleos das micelas são hidrofóbicos e atraem as gotículas de monómero estabilizadas,
inchando assim as micelas (Anderson & Daniels, 2003).
Os radicais gerados pelo iniciador reagem com o monómero dissolvido na fase aquosa para formar
oligoradicais. Uma vez que os oligoradicais atingem um comprimento crítico de cadeia, podem agregar
para formar partículas primárias por nucleação homogénea, entrar em micelas inchadas de monómero para
formar partículas primárias por nucleação micelar ou inserir gotículas de monômero diretamente para
causar nucleação de gotículas (Anderson & Daniels, 2003).
De modo a garantir o sucesso da polimerização em emulsão, isto é, a obtenção do polímero com as
propriedades pretendidas, é fundamental conhecer e controlar os principais fatores que influenciam as
propriedades finais de uma emulsão. Esses fatores incluem os monómeros constituintes, o sistema de
iniciação, o sistema de estabilização e as condições reacionais como a temperatura, tempos de adição ou
até mesmo a pressão.
De acordo com as teorias propostas por Harkins e Smith e Ewart, o mecanismo de polimerização em
emulsão ocorre em três intervalos, incluindo a etapa inicial (formação de partículas ou nucleação), a etapa
de crescimento de partículas e a etapa de conclusão. (Harkins, 1947)
À medida que o iniciador se decompõe, geram-se radicais primários que reagem com o monómero
dissolvido na fase aquosa para formar oligoradicais. Estes oligoradicais continuam a polimerizar até que
sejam muito longos para permanecerem solúveis na água. Assim, tal como descrito no modelo de nucleação
micelar de Harkins, os oligoradicais insolúveis procuram uma fase hidrofóbica e, desta forma, entram nas
micelas que contêm monómero dissolvido, ou em partículas de polímero que contêm monómero. O
oligoradical ao entrar numa micela, começa imediatamente a polimerizar e converte a micela numa
partícula de polímero. Esta etapa diz respeito à nucleação micelar. À medida que as partículas criadas neste
processo crescem, necessitam de tensioativo para estabilizar a nova superfície. Assim, o crescimento de
partículas também pode consumir algumas das micelas presentes no reator. A nucleação micelar continua
até que todas as micelas sejam consumidas. Este ponto corresponde ao final do intervalo I (Anderson &
Daniels, 2003). Após a conclusão do processo de nucleação de partículas, a polimerização prossegue de
forma homogénea nas partículas do polímero. A taxa de polimerização nesta etapa é constante. O sistema
encontra-se agora na etapa conhecida como Intervalo II. Esta termina quando não há mais gotículas de
monómero para saturar a fase aquosa e as partículas de látex (Anderson & Daniels, 2003). O estágio de
conclusão, Intervalo III, é a etapa final da reação. Nesta fase, a polimerização continua dentro das partículas
de polímero inchado de monómero que foram formadas durante o Intervalo I, e persistiram e cresceram
durante o Intervalo II. O sistema compreende agora uma dispersão de pequenas partículas de polímero
estabilizadas com as moléculas dos tensioativos originais (Harkins, 1947). Este mecanismo descrito por
Harkins pode ser entendido pela Figura 3.
Figura 3. Taxa de polimerização em função da taxa de conversão nos três diferentes intervalos (M. Khaddazh et al.,
2012)
A polimerização em emulsão pode ser concretizada a partir de três processos diferentes: batch,
semi-batch ou contínuo.
No processo em batch, todos os componentes são adicionados no início e a reação começa assim
que o iniciador é adicionado (e a temperatura é aumentada). Não há controlo da polimerização depois de
iniciada, o único parâmetro que pode ser controlado é a remoção do calor que está a ser produzido pela
polimerização. No semi-batch apenas parte da formulação da reação é adicionada inicialmente ao reator,
sendo os restantes ingredientes alimentados durante o processo reacional. A vantagem deste processo é o
controlo sobre o tamanho de partícula, a formação do coágulo, a composição do copolímero, entre outros,
por vários métodos de adição dos componentes. No processo contínuo, os componentes são adicionados
continuamente ao reator, em que o polímero é removido à medida que vai sendo formado.
A composição química é um fator importante que afeta as propriedades do produto final. Alguns
componentes são adicionados à formulação antes ou durante a polimerização. Outros são adicionados após
a polimerização (pós-aditivos) para modificar as propriedades do polímero. Existem duas fases numa
emulsão: a fase dispersa, que contém os monómeros e outros componentes solúveis em monómero, e a fase
contínua (aquosa) contendo componentes solúveis em água. Os componentes individuais que compreendem
as duas fases numa emulsão, e as suas funções, são descritos abaixo.
A água é o constituinte presente em maior quantidade, cerca de 40 a 60%, de uma emulsão, sendo por
isso considerada a fase contínua, onde são emulsionadas as partículas de polímero dando-se a reação de
polimerização radicalar. Embora os monómeros não sejam solúveis na fase contínua, a água permite a
dissolução dos tensioativos, iniciadores e reguladores de pH, apresentando também uma enorme vantagem
no que diz respeito à libertação de calor da reação exotérmica de polimerização.
O facto de as emulsões serem de base aquosa, apresentam a vantagem de serem uma solução
economicamente acessível, não impondo riscos nem impactos negativos para o Homem e para o meio
ambiente.
b) Monómeros
A polimerização em emulsão requer monómeros polimerizáveis por radicais livres que formam a
estrutura do polímero. Os principais monómeros utilizados na polimerização em emulsão são o metacrilato
de metilo, o acrilato de butilo, o acrilato de 2-etilhexilo, o estireno e o acetato de vinilo.
Todos estes monómeros têm uma estrutura diferente e propriedades químicas e físicas que podem ter
uma influência considerável no processo da polimerização. Assim, a escolha dos monómeros tem de ir ao
encontro das propriedades finais pretendidas para cada polímero, tais como dureza, flexibilidade,
resistência química e o seu custo (Ralheta, 2014). Quando se trata de um homopolímero, as propriedades
Contexto e Estado da Arte 9
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
finais são determinadas pelo monómero presente, já nos copolimeros, essas propriedades são passíveis de
se controlar e otimizar a partir da combinação das características dos dois ou mais monómeros (Yamak,
2013).
Dependendo da temperatura de transição vítrea, Tg, pode-se classificar os monómeros como duros ou
macios. A Tg é definida como a temperatura na qual um sistema amorfo passa do estado vítreo para um
estado mole ou “borrachoso”. Quanto mais alta for a Tg, mais duros são os monómeros. Entre os
monómeros duros encontra-se o estireno, o metacrilato de metilo, o acetato de vinilo e o acrilonitrato. Como
monómeros macios tem-se o acrilato de 2-etilhexilo, o acrilato de butilo e o acrilato de etilo. Na Figura 4
estão apresentados alguns monómeros utilizados na polimerização em emulsão bem como os respetivos
valores de Tg.
Figura 4. Monómeros utilizados na polimerização em emulsão e os respetivos valores de Tg (H.B. Fuller Company,
2012).
c) Sistema de estabilização
aumentando a viscosidade do produto final. Devido ao seu elevado peso molecular e à sua estrutura, os
coloides protetores são parcialmente incorporados nas partículas do polímero. São exemplos de coloides
protetores os álcoois polivinílicos e os ésteres de celulose (Lovell & S.El-Aaser, 1999).
d) Iniciadores
e) Pós aditivos
Os agentes de transferência de cadeia são adicionados à formulação para ajudar a regular a massa
molecular. Estes atuam de forma a terminar os radicais poliméricos em crescimento, formando um novo
radical de tamanho reduzido. Reguladores de pH (buffers) são frequentemente adicionados a formulações
de produção de polímeros para regular o pH do sistema para a gama desejada. Um regulador muito comum
nestes processos é o bicarbonato de sódio (Lovell & S.El-Aaser, 1999). Agentes anti espuma (para diminuir
a formação de espuma provocada pelo tensioativo durante a reação), agentes de coalescência, plastificantes,
agentes espessantes, agentes antimicrobianos, antioxidantes e absorventes de UV são exemplos de aditivos
frequentemente adicionados a polimerizações em emulsão com a finalidade de se conseguirem as
características desejadas do produto final (Yamak, 2013). De modo a reduzir o teor de monómero residual,
são adicionados pares de oxidação redução após o processo de polimerização.
2.3 Tensioativos
2.3.1 Classificação dos tensioativos
Entende-se por tensioativos, ou emulsionantes, moléculas anfifilicas que se definem por possuírem
na sua composição química uma parte hidrofílica (polar) que representa a “cabeça” da molécula, e uma
parte hidrofóbica (apolar) que constitui a cauda de uma molécula de tensioativo. A Figura 5 é uma ilustração
representativa de uma molécula de tensioativo.
Os tensioativos são geralmente classificados de acordo a natureza do grupo principal: podem ser
aniónicos, catiónicos, anfotéricos ou não iónicos. Tensioativos aniónicos são constituidos por um grupo
hidrófilo carregado negativamente. Destacam-se os sulfonatos, sulfatos e fosfatos. Os catiónicos
Em todos os sistemas de estabilização, a relação entre o tamanho das partículas e o tamanho das
moléculas estabilizadoras (os tensioativos) deve ser considerada. As macromoléculas estabilizadoras
devem ser muito menores que as partículas de polímero para obter uma boa estabilização. Se as moléculas
estabilizadoras são muito grandes, podem ocorrer numerosos pontos de ligação e levar à floculação.
for, menor será o tamanho de partícula. De notar que esta relação é válida quando os tensioativos possuem
estruturas semelhantes. (Petrie, Edward M., 2018)
Em formulações de adesivos, os tensioativos são usados para fornecer as seguintes características sem
afetar negativamente a adesão:
Os tensioativos afetam uma ampla gama de propriedades físicas em sistemas adesivos, como o
comportamento do adesivo, não apenas durante o processo de produção e aplicação, mas também durante
a vida útil da junta adesiva.
No entanto, a adição de tensioativos nem sempre tem um efeito positivo em todas as propriedades.
Pode provocar uma diminuição da resistência à água do revestimento, uma vez que os tensioativos podem
ser muito solúveis em água e migram facilmente para fora da ligação adesiva durante a aplicação (Petrie,
Edward M., 2018).
Os alquilfenóis etoxilados são compostos fenólicos dos quais o grupo fenol é etoxilado (CH3-CH2-
O-) n com um ou mais grupos de óxido de etileno, e que possuem uma cadeia de alquilo ligada ao anel
aromático. A fórmula estrutural geral é:
Figura 6. Fórmula geral da estrutura de uma molécula de alquilfenol etoxilado (Vlaardingen et al., 2003).
Em que n indica o número de oligómeros de óxido de etileno que compõem a cadeia etoxilada e m
corresponde ao número de átomos de carbono na cadeia alquilo. A cadeia alquílica é desenhada como uma
estrutura linear, mas também pode ser (e normalmente é) ramificada.
Dos APEO, os nonilfenóis etoxilados (NPEO) e os octilfenóis etoxilados (OPEO) são os tensioativos
mais utilizados.
Algumas das alternativas aos APEO (ilustradas na Figura 7) atualmente estudadas englobam os
oxoálcoois etoxilados, álcoois etoxilados lineares, álcoois isotridecil etoxilados e álcoois etoxilados
secundários (Fernandez et al., 2005).
a) b)
c)
d)
Figura 7. Estruturas químicas dos compostos alternativos aos APEO. a) oxoálcool etoxilado; b) álcool linear
etoxilado; c) álcool isotridecil etoxilado; d) álcool secundário etoxilado (Fernandez et al., 2005).
A estrutura química da molécula (por exemplo, o número de grupos de óxido de etileno) não é o único
fator importante na seleção do tensioativo. Considerações econômicas, ecológicas e a sua função, também
são importantes, tendo sempre em consideração que o papel do tensioativo deve ser avaliado juntamente
com a sua compatibilidade com os outros ingredientes da formulação (Petrie, Edward M., 2018).
O sistema HLB é particularmente útil para identificar tensioativos para os dois tipos de emulsão:
Uma vez que a estrutura química (por exemplo, ramificada, linear, aromática) é também uma variável,
deve ser analisada uma grande variedade de tensioativos com o mesmo valor de HLB. Nem todos os
tensioativos com o mesmo valor de HLB podem ser aceitáveis para uma determinada emulsão.
A Tabela 1, apresenta os valores de HLB bem como as propriedades típicas do desempenho tendo em
conta a aplicação. Quanto mais alto for o valor de HLB, mais solúvel em água será o tensioativo.
Tabela 1. Propriedades dos tensioativos de acordo com o valor HLB. (The Dow Chemical Company, 2018)
HLB Propriedade
11 – 14 Agente molhante
12 – 15 Detergente
16 – 20 Agente estabilizador
Para tensioativos não-iónicos, o HLB pode ser obtido pelo método de Griffin, dado pela Equação (2.1)
𝑀𝑀
𝐻𝐿𝐵 = 20 ×
𝑀𝑀 + 𝑀𝑀 (2.1)
Em que MMh diz respeito à massa molar hidrofilica e MMl à massa molar do fragmento lipofilico
(hidrofóbico).
Para os tensioativos não iónicos com unidades repetitivas etoxílicas, a Equação 2.1 pode resumir-se à
Equação 2.2, uma vez que neste caso são os grupos de óxido de etileno (EO) os responsáveis pelo caráter
hidrofílico da molécula.
𝐸𝑂 (2.2)
𝐻𝐿𝐵 =
5
Embora este sistema seja útil na seleção de tensioativos, não deixa de ser necessário o método da
tentativa e erro de modo a que seja selecionado o tensioativo que garanta melhores propriedades (Holmberg
et al., 1998).
3 Materiais e Métodos
Sendo que o objetivo deste estudo é verificar qual o efeito da substituição dos tensioativos nas
características de polímeros e adesivos aquosos, foram sintetizados diferentes copolimeros em que, partindo
de um copolímero de referência (cujo tensioativo presente consiste num APEO), se procedeu à substituição
dos tensioativos para alternativas aos APEO que garantam as mesmas propriedades, e por fim comparar os
resultados obtidos.
Monómeros Estireno, ácido acrílico, acrilamida 50%, 2-Etilhexil acrilato, acetato de vinilo
3.1.2 Equipamento
O equipamento para a realização do processo de polimerização em emulsão deve incluir os
elementos apresentados na Figura 8. a b
I)
c
e
f
d
Materiais e Métodos 17
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
II) III)
g
Legenda:
a - Condensador; b – motor de agitação para reator; c - reator de vidro com camisa que permita a circulação
de água de aquecimento/arrefecimento, com capacidade de 2,0l; d - bomba doseadora de catalisador; e -
banho termostático; f - bomba doseadora de pré-emulsão; g - motor de agitação para pré-emulsão ou
misturador de monómeros; h - sonda de temperatura; i - vaso de pré-emulsão ou misturador de monómeros.
Após esta etapa, a pré-emulsão e o iniciador são adicionados em contínuo ao reator, mantendo
sempre a temperatura controlada durante o tempo de introdução da pré-emulsão (geralmente de 3 a 4 horas).
O controlo da temperatura da reação faz-se regulando a temperatura da água da camisa do reator, podendo
esta ser aquecida ou arrefecida conforme a exotermia ou endotermia da reação. Terminada a adição de
catalisador e pré-emulsão, segue-se um período de digestão com o objetivo de assegurar que o teor em
monómero residual, isto é, monómero que ficou por reagir, seja o menor possível.
Materiais e Métodos 18
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Materiais e Métodos 19
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
O pH das dispersões aquosas é medido com um aparelho de medição de pH de acordo com a norma
de referência ISO 976:1996. O princípio de funcionamento deste método consiste em mergulhar o elétrodo
na emulsão e verificar o valor obtido. O controlo do pH é muito importante e deve ser feito sempre no fim
da polimerização para garantir a estabilidade do produto. Muitas vezes também é necessário ajustar-se o
regulador de pH no início do processo. A adição de agentes reguladores de pH pode afetar a polimerização
e a viscosidade da dispersão.
O monómero residual (MR) é a quantidade de monómero que ficou por reagir após a reação de
polimerização. Para esta determinação utiliza-se a técnica de cromatografia gasosa. Esta técnica consiste
num método físico de separação, no qual os componentes a serem separados são distribuídos entre duas
fases: a fase estacionaria (5% difenil e 95% dimetilpolisiloxano) e a fase móvel (hélio). À medida que as
duas fases eluem na coluna, podem ser quantificadas por um detetor. Na Tabela 3 encontram-se as
propriedades dos monómeros analisados.
O processo de formação do filme consiste na conversão do produto líquido num filme sólido,
através da evaporação da água. Para que a emulsão apresente boas propriedades e responda aos objetivos,
é necessário que o processo de formação do filme ocorra de forma satisfatória. Com o objetivo de avaliar,
visualmente o aspeto do produto, recorre-se à aplicação de um filme da emulsão com uma espessura de 50
µm numa placa de vidro, sendo posteriormente observado o aspeto e possíveis imperfeições indesejadas
(fissuras, grumos) do filme após secagem.
Materiais e Métodos 20
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Se os resultados desta primeira análise estiverem dentro dos valores pretendidos, procede-se à
caracterização das propriedades complementares, ou seja, propriedades que influenciam o desempenho do
produto aplicado. Entende-se por propriedades complementares a absorção de água, distribuição do
tamanho médio da partícula, temperatura mínima de filmificação e a estabilidade na armazenagem.
Este método consiste na determinação do teor de água absorvido por um filme de polímero. Após
o espalhamento do filme de 300 µm numa placa de vidro, previamente pesada na balança analítica, este
deverá secar numa sala de temperatura e humidade controlada (23ºC e 50% humidade) durante 24h.
Decorrido este período do tempo, as placas são novamente pesadas e então submersas em água, onde
permanecem mais 24h. Finalmente, retira-se o excesso de água do filme e pesam-se novamente as placas
juntamente com o mesmo.
O teor de água absorvido pelo filme de polímero é calculado recorrendo à seguinte equação:
Em que m1 corresponde à massa da placa de vidro, m2 à massa da placa de vidro com o filme seco
na sala termostatizada e m3 à placa que contém o filme depois de 24h imerso em água após ter sido retirado
todo o excesso de água.
Um filme de espessura húmida de 50 µm é aplicado no aparelho Rhopoint Bar 90 (Figura 12) numa
superfície com um gradiente de temperatura. Após a secagem, é identificada a zona assim como a
temperatura a partir do qual se observa a formação de um filme continuo e não fissurado.
Materiais e Métodos 21
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
A obtenção da distribuição do tamanho médio das partículas de polímero é feita por dispersão
dinâmica da luz, DLS (Dynamic Light Scattering), usando o aparelho Mastersizer 3000 da marca Malvern
(Figura 13). O procedimento consiste na diluição e homogeneização de uma gota de emulsão e
posteriormente na introdução desta no aparelho, para leitura e obtenção dos resultados.
Figura 13. Equipamento de medição da distribuição do tamanho de partícula. (Malvern Panalytical, 2018)
A fim de estudar o comportamento das emulsões ao longo do tempo, quando armazenadas, é feito
um controlo periódico da viscosidade. O método consiste em medir e registar a viscosidade dos polímeros
e adesivos em estudo.
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑚𝑢𝑙𝑠ã𝑜 = ó
(3.3)
Esta quantidade é adicionada a um tubo de ensaio graduado onde permanecerá em repouso durante
24 horas. Passado este período de tempo, observa-se a quantidade de emulsão que ficou depositada no
fundo do tubo.
A um frasco de 100 ml é adicionado amostra para que, ao fim de algum tempo, se proceda à
observação da separação de fases. Na Figura 14 encontra-se a demonstração do teste de controlo da
sedimentação.
Materiais e Métodos 22
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
3.3.1 Matérias-primas
3.3.2 Equipamento
Para a produção dos PSA foi utilizado sempre o mesmo equipamento de agitação, ilustrado na
Figura 15.
Agitador automático
(dissolver)
Balde de preparação do
adesivo
Materiais e Métodos 23
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
A produção de um adesivo sensível à pressão (PSA) consiste num processo de mistura. O método
inicia-se com a introdução de um polímero base (uma emulsão previamente sintetizada) seguindo-se a
adição dos restantes componentes. É importante respeitar os tempos de introdução dos componentes, assim
como a agitação especificada. Os 3 adesivos produzidos tinham a mesma formulação, fazendo-se variar
apenas a preparação intermédia (resina), matéria prima produzida externamente à empresa, onde estão
presentes os tensioativos em estudo. O processo de produção do PSA demora aproximadamente 1 hora.
Figura 16. Aplicador automático utilizado Figura 17. Barras de aplicação do filme
no espalhamento dos filmes de PSA. de PSA.
Materiais e Métodos 24
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Os testes de peel são usados não de forma qualitativa, mas de forma quantitativa e descreve a
permanência da adesão ou a capacidade de remoção do rótulo ( FINAT Technical Committee, 2001). Este
teste consiste na colocação de uma tira de adesivo com 25 mm de largura na superfície da amostra a testar
e aplica-se pressão usando um cilindro de borracha com uma força definida e de forma repetitiva. Após
este passo aguarda-se 20 minutos ou 24 horas, consoante o tipo de ensaio pretendido, até realizar o teste.
Depois remove-se o adesivo a uma velocidade constante e avalia-se o estado da superfície (Awaja et al.,
2009;). A remoção do adesivo pode ser feita a 90 (Figura 18 a)) ou a 180° (Figura 18 b)), consoante o tipo
de ensaio que se pretende. Este teste é particularmente útil para testar adesivos removíveis.
a) b)
Figura 18. Esquemas do teste de peel a a) 90° e a b) 180º. (Awajaaet al., 2009)
O teste de resistência ao cisalhamento (shear) é definido como o tempo necessário para uma área
padrão de material revestido com o adesivo deslizar, numa direção paralela, pela superfície plana onde se
encontra unido. O método consiste em colocar uma tira de adesivo com 25 mm de largura numa superfície
vertical, sendo que neste é suspenso um peso de 1 kg (Figura 19) e é medido o tempo necessário para
remover o adesivo da superfície (Jack, 2001).
Materiais e Métodos 25
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
O teste de pegajosidade (tack) serve para descrever a adesão inicial do adesivo. O valor do tack é
a força necessária para separar um material com adesivo do seu substrato após um tempo de contacto muito
pequeno. Como se pode verificar pelas Figura 20 , uma tira de adesivo com 25 mm de largura é enrolada
de forma a fazer um arco. Este arco entra em contacto com a superfície e é removido imediatamente, sendo
a velocidade média destes ensaios 300 mm/min (Jack, 2001) (Pinto F. , 2014).
Figura 20. a) Fotografia de um ensaio de tack; b) Ilustração do ensaio de tack (Awajaa et al., 2009).
Materiais e Métodos 26
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
4 Resultados e Discussão
Sendo a substituição destes compostos APEO um tema já bastante abordado pelas empresas de
produtos químicos a nível global, há já diversas alternativas disponíveis.
Tensioativo Composição Tipo Número CAS CMC (%) HLB Moles Matéria
OE ativa
(%)
Resultados e Discussão 27
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
4.1.1 Adesivo VA
4.1.1.1 Síntese do Copolímero
Na Tabela 5 estão apresentadas as propriedades críticas dos copolimeros produzidos. Esta etapa é
importante para verificar se a polimerização decorreu corretamente. Se, após a análise destas propriedades,
se considerar que os resultados foram os pretendidos, procede-se à produção do adesivo.
O monómero residual é um dos parâmetros importantes para aferir o grau de conversão da reação.
Este parâmetro é normalmente apresentado em ppm e não deve, para este tipo de polimero, ultrapassar os
1000 ppm. A presença de monómero residual pode resultar num odor indesejável e tornar a o polímero
mais tóxico (Stoev & M.Angelova, 1987).
Resultados e Discussão 28
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
De uma forma geral, as emulsões estabilizadas com coloides protetores, como é o caso da
formulação do copolímero VA, apresentam um TMP elevado e uma distribuição larga, ou seja, são
formadas partículas muito grandes e partículas muito pequenas.
12 12
a) b)
10
Densidade de volume / %
10
Densidade de volume/ %
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
0,01 0,1 1 10 100 0,01 0,1 1 10 100
Tamanho de partícula/ µm Tamanho de partícula / µm
Copolímero VA-Ref Copolímero VA-A Copolímero VA-Ref Copolímero VA-B
12
c) 10
Densidade de volume / %
0
0,01 0,1 1 10 100
Tamanho de partícula/ µm
Copolímero VA-Ref Copolímero VA-C
Figura 21. a) Comparação da distribuição do tamanho de partícula do copolímero VA-Ref com o copolímero
VA-A; b) Comparação da distribuição do tamanho de partícula do copolímero VA-Ref com o copolímeroVA-B;
c) Comparação da distribuição do tamanho de partícula do copolímero VA-Ref com o copolímero VA-C.
Resultados e Discussão 29
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
VA-Ref 0,963
VA-A 0,730
VA-B 3,40
VA-C 0,498
Tabela 7. Resultado da distribuição do tamanho de partícula dos testemunhos industriais e do copolímero VA-Ref.
VA-Ref 0,963
Testemunho 1 0,986
Testemunho 2 0,907
Testemunho 3 0,655
Entende-se por Dv (50) o tamanho mediano de partícula por volume, ou seja, corresponde ao
diâmetro em que metade da população está abaixo deste valor. Desta forma percebe-se a variabilidade que
este copolímero pode apresentar uma vez que a distribuição em volume das amostras avaliadas varia entre
0,655 e 0,986 μm.
Resultados e Discussão 30
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
O filme dos copolimeros em estudo é isento de grumos (defeitos), o que indica que a polimerização
ocorreu conforme o esperado.
Desta etapa de trabalho, conclui-se que o tensioativo C é o tensioativo validado para a substituição
do APEO. No entanto, decidiu-se produzir os adesivos a partir dos 3 copolimeros sintetizados para
confirmar a consistência da validação do tensioativo.
A cada copolímero sintetizado no ponto anterior, foram adicionadas as matérias primas necessárias
para produzir o adesivo final, de acordo com uma formulação padrão selecionada. O adesivo contém como
matérias primas adicionais os plastificantes, biocidas, promotores de adesão (tackifiers), entre outros. Na
Tabela 8 encontram-se as propriedades que caracterizam o adesivo VA.
Os resultados apresentados na Tabela 8 mostram que os adesivos VA-A e VA-B têm viscosidades
superiores e o VA-B tem um teor em sólidos inferior ao da especificação para este produto.
A Figura 22 mostra que os valores de TMF dos quatro polímeros e dos quatro adesivos são
semelhantes, respetivamente. Os valores mais baixos de TMF devem-se ao facto de estes terem sido
Resultados e Discussão 31
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
plastificados. Em geral, a formulação dos adesivos engloba a adição de coalescentes de forma a baixar o
valor de TMF para garantir que o filme se forma a temperaturas baixas e garanta um bom desempenho em
climas com baixas temperaturas. Os valores de TMF dos adesivos encontram-se dentro da especificação (-
10ºC).
-2
-4
TMF /°C
-4,2 -4,6
-6
-5,7 -5,7
-8
-10 -9,4
-9,5 -9,7 -9,6
-12
Copolímero Adesivo
Pela análise da Figura 23 verifica-se que os adesivos em estudo revelam um comportamento estável
ao longo do tempo, tendo em conta que o ligeiro aumento da viscosidade é típico deste produto.
6000
Viscosidade Brookfield a 20ºC /
5000
4000
3000
mPa.s
2000
1000
0
0 10 20 30 40 50 60
Dias
Adesivo VA-A Adesivo VA-C
Adesivo VA-B Adesivo VA-Ref
Desta etapa de trabalho, conclui-se que qualquer uma das formulações apresentam propriedades
físico-químicas semelhantes. Contudo, estes resultados não são suficientes para validar a utilização dos
tensioativos alternativos aos APEO. Estes resultados terão que ser complementados com ensaios de
validação do desempenho de colagem dos adesivos.
Resultados e Discussão 32
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Mais uma vez, foi produzido o adesivo de referência (STA-Ref), em que o tensioativo presente é
APEO, sendo este substituído nos adesivos STA-D e STA-E com contratipos. Os resultados obtidos estão
apresentados na Tabela 9.
É de notar que um processo de polimerização, uma vez que envolve reações químicas e que as
condições operacionais (agitação, caudal de entrada de monómeros, variação de temperatura, entre outras),
têm influência nos parâmetros analisados. Conclui-se que a reação do STA-Ref poderá não ter sido
devidamente controlada e, por isso, os valores mais baixos em teor de sólidos e viscosidade e valor mais
elevado de monómero residual.
O valor limite de monómero residual para o adesivo STA é aproximadamente 2000 ppm. Pela
análise dos resultados obtidos, verifica-se que o adesivo STA-Ref apresenta um valor superior ao obtido,
geralmente, para esta formulação. Uma possível razão para este valor terá origem durante o processo de
polimerização em emulsão, onde ocorreu uma menor conversão do monómero.
Resultados e Discussão 33
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Pelos motivos descritos, decidiu-se eliminar a amostra produzida no laboratório e passar-se a usar
como amostra de referência um testemunho industrial.
Na Figura 24 está representado o gráfico que diz respeito às distribuições do tamanho médio de
partícula dos adesivos STA-D e STA-E em comparação com o adesivo de referência (lote industrial). Os
valores da distribuição encontram-se na Tabela 10.
15
Densidade de volume / %
10
0
0,01 0,1 1 10
Tamanho de partícula / µm
Adesivo STA-E Adesivo STA-D Adesivo STA-Ref
(lote industrial)
Figura 24. Comparação da distribuição do tamanho de partícula dos adesivos STA-D, STA-E e STA-Ref (lote
industrial).
STA-D 0,263
STA-E 0,267
O filme do adesivo STA é isento de grupos, o que indica, entre outros fatores, que a polimerização
decorreu corretamente.
Resultados e Discussão 34
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
25
24,2
23,8
TMF (°C)
23,0
23
21
Adesivo STA-Ref (lote Adesivo STA-D Adesivo STA-E
industrial)
Um parâmetro importante na avaliação deste tipo de adesivo é a absorção à água (Tabela 11).
Especificação 25 ± 5
Adesivo STA-D 24
Adesivo STA-E 26
Os filmes do adesivo STA-Ref (lote industrial), STA-D e STA-E após 24 horas submersos em água
apresentam uma cor translucida esbranquiçada. Este fenómeno reflete o efeito da absorção à água. A
absorção à água está relacionada com os constituintes da emulsão e pela forma como o filme coalesce. Os
resultados evidenciam que os valores de absorção à água são idênticos para as 3 amostras ensaiadas e estão
dentro da especificação.
Resultados e Discussão 35
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
a) b)
Figura 26. Filmes do adesivo STA no método de absorção à água. a) filme antes de ser submerso em água. b) filme
após 24h submerso em água.
Uma vez que os resultados da absorção à água do adesivo-Ref (lote industrial) e dos dois adesivos
contratipos não diferem consideravelmente, conclui-se que a substituição do tensioativo não influenciou
esta propriedade.
1600
Viscosidade de Brookfield a
1400
1200
20ºC / mPa.s
1000
800
600
0 10 20 30 40 50 60
Dias
Adesivo STA-D Adesivo STA-E
Os resultados até então obtidos mostram a estabilidade dos adesivos (Figura 27), no entanto, os
ensaios de estabilidade na armazenagem continuam em curso na empresa.
Resultados e Discussão 36
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
O adesivo em estudo consiste num adesivo permanente, utilizado no fabrico de etiquetas de papel.
Tabela 12. Tensioativos utilizados na produção do adesivo PSA e as suas principais características.
Antes de se dar início à produção dos PSA, foi necessário avaliar as características das preparações
intermédias (resinas) que fazem parte das suas formulações e onde são utilizados os tensioativos (Tabela
13). Parâmetros como a viscosidade, teor em sólidos, pH, sedimentação e tamanho de partícula são os mais
importantes.
As amostras de resinas foram produzidas pelo laboratório da empresa que fornece esta matéria prima
à H.B. Fuller.
Resultados e Discussão 37
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
15 15
Densidade de volume / %
Densidade de volume / %
a) b)
10 10
5 5
0 0
0,01 0,1 1 10 100 0,01 0,1 1 10 100
Tamanho de partícula /μm Tamanho de partícula / μm
Resina - Ref (lote laboratorial) Resina-F Resina - Ref (lote industrial) Resina-F
Figura 28. Distribuição do tamanho de partícula das resinas: a) comparação da Resina-F com a Resina – Ref
(laboratorial); b) comparação da Resina-F com a Resina – Ref (lote industrial).
Resultados e Discussão 38
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Feita esta primeira análise e tendo em conta que os parâmetros avaliados se encontram dentro da
especificação, procede-se à produção dos adesivos.
Concluída a produção do adesivo com as resinas analisadas, é realizada uma avaliação das suas
propriedades físico-químicas básicas. Foi utilizado um adesivo de referência (lote industrial) para
comparação de resultados dos ensaios efetuados em laboratório. Os resultados estão apresentados na Tabela
15.
Resultados e Discussão 39
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
A instabilidade física dos adesivos é causada pela separação de fases, causando uma mudança
considerável na aparência, na consistência e no desempenho do produto. O parâmetro usado para determinar
a estabilidade deste produto específico é a sedimentação 24 horas.
Os resultados obtidos encontram-se na gama de valores típicos para este tipo de adesivo, não
influenciando substancialmente o desempenho do produto.
Tendo em conta a aplicação a que este produto se destina (etiquetas transparentes, por exemplo),
avaliar o aspeto do filme é um parâmetro fundamental. O filme destes produtos tem que ser transparente e
não apresentar grumos. A ausência de defeitos do filme é um fator crucial para uma boa aplicação.
O teste de peel permite medir a força de adesão ou, por outras palavras, a capacidade necessária
para remover o adesivo. Este método foi testato utilizando três diferentes substratos: vidro, HDPE e cartão.
O objetivo é avaliar o adesivo quando aplicado em materiais com características distintas, sendo o vidro
um substrato polar, o HDPE não polar e o cartão que apresenta uma superfície rugosa. Estes são os
substratos normalmente utilizados para a caracterização deste tipo de adesivos. O adesivo, como já
explicado anteriormente, foi aplicado num substrato que consiste em papel vellum pelo método de
transferência.
PT PT PT PT
Vidro
PT PT PT PT
HDPE
PT e FT PT e FT PT e FT PT e FT
Cartão
Resultados e Discussão 40
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Neste tipo de ensaios é comum atribuir-se uma codificação relativa à descrição da rotura. As roturas
que podem ocorrer são:
AD falha adesiva (em inglês, adhesive failure) em que o adesivo permanece no facestock não
aderindo ao substrato a ser colado;
CF falha coesiva (em inglês, cohesive failure), o filme adesivo é dividido durante o teste,
deixando resíduos de adesivo no substrato e no facestock (ocorre normalmente quando o adesivo apresenta
baixa coesão);
PT rotura do papel (em inglês, paper tear), ocorre quando a força adesiva excede a resistência
do substrato;
FT rotura da fibra (em inglês, fibre tear), ocorre quando o substrato é papel ou cartão em que
a força adesiva excede a resistência do substrato. ( FINAT Technical Committee, 2001)
A rotura que ocorreu nos testes realizados foi a rotura do papel (paper tear, PT) (Figura 30, Figura
31 Figura 32). A rotura das fibras (fibre tear, FT) (Figura 29) ocorreu no ensaio em que o substrato era o
cartão (único substrato fibroso em estudo).
Resultados e Discussão 41
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Tendo em conta que se trata de um adesivo permanente, este tipo de ensaio normalmente resulta
em PT. Estes resultados evidenciam a boa adesão aos diferentes substratos.
Os resultados obtidos nos testes de tack estão apresentados na Figura 33 e na Tabela 17.
Força / N
10,0
Força / N
12,0
8,0
8,0 6,0
4,0
4,0
2,0
0,0 0,0
Adesivo - Ref Adesivo - Ref 1 Adesivo - Ref 2 Adesivo - F Adesivo - Ref Adesivo - Ref 1 Adesivo - Ref 2 Adesivo - F
(lote industrial (laboratorial) (laboratorial) (lote industrial (laboratorial) (laboratorial)
c) Substrato: cartão
8,0
6,9
7,0
6,0
6,0 5,7
5,0 4,7
Força / N
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Adesivo - Ref Adesivo - Ref 1 Adesivo - Ref 2 Adesivo - F
(lote industrial (laboratorial) (laboratorial)
Figura 33. Resultados dos testes de tack nos diferentes substratos: a) vidro; b) HDPE; c) cartão.
Adesivo - Ref 16,8 0,5 Adesivo - Ref (lote 12,3 0,2 Adesivo - Ref 5,7 0,4
(lote industrial industrial (lote industrial
Adesivo - Ref 1 16,5 0,3 Adesivo - Ref 1 13,6 0,4 Adesivo - Ref 6,9 0,5
(laboratorial) (laboratorial) 1
(laboratorial)
Adesivo - Ref 2 15,6 0,3 Adesivo - Ref 2 10,3 0,3 Adesivo - Ref 6,0 0,5
(laboratorial) (laboratorial) 2
(laboratorial)
Adesivo - F 14,8 0,4 Adesivo - F 11,6 0,4 Adesivo - F 4,7 0,4
Resultados e Discussão 42
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
A Figura 33 e a Tabela 17 mostram que os valores de tack do Adesivo-F (adesivo com substituição
do tensioativo) são semelhantes aos dos adesivos de referência.
Para o substrato HDPE, o Adesivo-Ref 2 tem um valor de tack ligeiramente inferior aos restantes
adesivos, no entanto, o valor mínimo detetável para este teste é 10 N, sendo este adesivo validado.
Para o substrato cartão, todos os resultados são inferiores ao valor mínimo detetável.
O Adesivo-F, adesivo constituído pelo tensioativo alternativo (APEO free) obteve resultados de
shear comparáveis com os adesivos de referência, tanto a nível industrial como a nível laboratorial (Figura
34). Todos os resultados apresentam um desvio padrão inferior ao desvio limite de 30% (Tabela 18).
140
119 120
120 113
99
100
Tempo/ min
80
60
40
20
0
Adesivo - Ref (lote Adesivo - Ref 1 Adesivo - Ref 2 Adesivo - F
industrial) (laboratorial) (laboratorial)
Adesivo
Adesivo – F 113 16
Resultados e Discussão 43
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
5 Conclusões
A primeira etapa deste trabalho consistiu no estudo do efeito da substituição de tensioativos não
iónicos Alquilfenóis Etoxilados, amplamente usados em polimerizações em emulsão nas propriedades de
copolímeros acrílicos e num adesivo aquoso designado por PSA com vista à eliminação dos APEO nas
formulações alvo.
Para o estudo do copolímero VA foram selecionados três tensioativos livres de APEO e para o
copolímero/ adesivo STA foram selecionados dois tensioativos livres de APEO. Os resultados dos
parâmetros de caracterização dos polímeros e adesivos (viscosidade, teor em sólidos, pH, monómero
residual, distribuição do tamanho de partícula, TMF e absorção à água) permitiram validar nesta fase o
tensioativo C como a melhor opção para a formulação VA. Relativamente ao copolímero/adesivo STA, os
dois tensioativos testados (D e E) foram validados como possíveis alternativas.
A segunda etapa deste trabalho consistiu no estudo do desempenho de um adesivo PSA onde, na sua
preparação, se procedeu à substituição da mistura intermédia (resina) onde são utilizados os tensioativos
livres de APEO em estudo. O adesivo F apresenta todas as suas propriedades físico-químicas dentro da
especificação estabelecida para o adesivo de referêcia (adesivo formulado com APEO). Relativamente aos
testes de desempenho do PSA, peel, shear e tack, os resultados permitem concluir que a versão produzida
com o tensioativo F, alternativa ao APEO, apresenta propriedades de desempenho semelhantes às do
adesivo de referência, que contém o tensioativo APEO. Os resultados obtidos apontam para a possibilidade
da validação dos tensioativos alternativos aos APEO estudados na matéria prima intermédia (resinas)
produzidas por uma entidade exterior à H.B. Fuller.
Em todos os casos estudados, tanto na produção de polímeros e adesivos como na produção do PSA,
os resultados apontam para que haja pelo menos um tensioativo alternativo ao APEO. Este trabalho carece
ainda de estudos exaustivos para confirmar a reprodutibilidade dos valores aqui apresentados e de ensaios
de confirmação em produções industriais.
Conclusões 44
Propriedades de polímeros e de adesivos sensíveis à pressão de base aquosa
Como trabalho futuro, será necessário repetir ensaios para validar os resultados apresentados neste
estudo e expandir os ensaios (de substituição de APEO) a outras formulações de polímeros e adesivos.
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