Industria Papel Celulose
Industria Papel Celulose
Industria Papel Celulose
UBERLÂNDIA-MG
2018
UNIVERSIDADEFEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
UBERLÂNDIA-MG
2018
MEMBROS DABANCA EXAMINADORA DE MONOGRAFIA DA DISCIPLINA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE TAOANA SOUZA BATISTA
APRESENTADA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, EM 20/12/2018.
BANCA EXAMINADORA:
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado forças durante toda a graduação para
persistir, mesmo diante às dificuldades, e por sempre estar abençoando minha caminhada e
proporcionando saúde para vencer cada dia de luta e ter me dado sabedoria na realização do
presente trabalho.
Agradeço também à minha família como base de todo o apoio e estrutura para que eu
pudesse acreditar e ir adiante nos objetivos. Em especial, agradeço minha mãe Rosilane que,
mesmo distante, sempre me incentivou e acreditou na minha capacidade e no meu sucesso,
estando presente nas horas mais difíceis.
Aos meus amigos que a graduação me deu o privilégio de conhecer e compartilhar
conhecimentos e momentos de felicidade.
À Faculdade de Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia pela
excelência em conhecimentos e suporte na realização desta jornada.
Ao meu orientador, prof. Dr. Ricardo Amâncio Malagoni, pelo apoio, incentivo e
auxílio para a realização deste trabalho.
Aos professores prof. Dr. Cícero Naves de Ávila Neto e prof. Dr. Humberto Molinar
Henrique da banca avaliadora pelos conselhos, análises e críticas construtivas que foram
fundamentais para a melhora e desenvolvimento desta monografia.
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas
pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo
mundo vê.”
Arthur Schopenhauer
SUMÁRIO
LISTA DE TABELA.................................................................................................... ii
RESUMO .................................................................................................................... iv
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
I. Refinação ..................................................................................................... 18
3.3 Sustentabilidade................................................................................................ 33
4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 35
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELA
LISTA DE SÍMBOLOS
RESUMO
O Brasil é o maior produtor mundial de celulose de fibra curta com a vantagem de ser
um país com um clima favorável para o cultivo de eucaliptos em larga escala e com mínimos
custos, possuindo grandes indústrias altamente competitivas e inovadoras que promovem um
aumento considerável na economia e nos avanços tecnológicos do país. Essas indústrias
utilizam o processo Kraft que envolve as etapas de descascamento, picagem, cozimento,
depuração, branqueamento e recuperação do licor negro contando com a presença de digestores,
que são equipamentos chaves na etapa de produção. As indústrias brasileiras são integradas e
realizam também a produção do papel sendo responsáveis pelo processo dele desde a chegada
dos fardos de celulose pronta, até o transporte dos papéis para consumo. As indústrias são
altamente poluidoras e há emissões atmosféricas, resíduos sólidos e poluentes líquidos que
precisam de cuidados especiais e um bom tratamento de efluentes para o descarte dos rejeitos
ao ambiente. Buscando mais inovação e economia, as indústrias competem entre si optando por
formas sustentáveis de mínimo desperdício energético e máximo de produção, com métodos
inovadores através de pesquisas em universidades.
No presente trabalho, foi apresentado sobre a produtividade, competitividade, meio
ambiente e mercado consumidor das indústrias brasileiras de papel e celulose e como estas
indústrias podem se adequar aos avanços tecnológicos da era digital, destacando os estudos de
biotecnologia, nanotecnologia e controle e automação.
Por meio dela, é possível encontrar materiais genéticos de culturas florestais de melhor
produtividade, tanto para as atividades atuais como para a produção de bioenergia e
biocombustíveis. Em paralelo, os avanços da nanotecnologia indicam um trajeto eficaz para
aumentar a resistência de alguns tipos de papel a partir de nanofibras de celulose e potencializar
oportunidades para novos negócios, estendendo a atuação a outros setores. (BORDINI, 2018).
Sendo um setor impactante na economia brasileira que precisa de inovações para manter
sua boa competitividade, o objetivo geral deste Trabalho de Conclusão de Curso é estudar o
processo de fabricação da polpa e do papel, levando em consideração a produtividade das
empresas, a competitividade, o meio ambiente e o mercado consumidor.
E enfatizando a área da graduação e a identificação do emprego do engenheiro químico
nos processos, o objetivo específico é apresentar o processo produtivo das indústrias brasileiras
sob a perspectiva da engenharia química, tal como o tratamento e recuperação dos seus
efluentes e métodos tecnológicos inovadores sustentáveis ao meio ambiente.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Será apresentada neste capítulo a Indústria de Papel e Celulose no Brasil enfatizando a
produtividade, o meio ambiente e o mercado consumidor.
2.1 Celulose
unidade industrial inteiramente projetada para essa finalidade. A variedade de fibras se traduz
em uma multiplicidade de soluções e combinações, que atendem às características de cada tipo
de papel: produtos de higiene requerem maciez, resistência e capacidade de absorção; papéis
para escrever e imprimir demandam resistência e opacidade; papéis especiais, com
propriedades específicas, exigem composições sob medida (KLABIN, 2017).
A polpação química, processo pelo qual a madeira é reduzida a uma massa fibrosa,
apresenta como principais processos o Kraft ou Sulfato, onde são utilizados como reagentes
no cozimento dos cavacos (toras de madeiras picadas) o NaOH, Na 2S e Na2CO3; o processo
Soda que é muito semelhante ao sulfato sendo seus processos apenas alcalino e o processo
Sulfito que utiliza bissulfeto de cálcio e dióxido de enxofre (SHREVE & BRINK Jr., 2008).
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I. Descascamento
Nas indústrias brasileiras há a etapa de descascamento para eliminar as cascas que
possuem um teor de fibras relativamente pequeno e afetam negativamente as propriedades
físicas do produto, portanto, a etapa de descascamento, é importante para reduzir a quantidade
de reagentes no processamento de madeira e facilitar a etapa de lavagem e peneiração.
Industrialmente há diferentes tipos de descascadores como: descascador a tambor,
descascador de bolsa, descascador de anel, descascador de corte, descascador hidráulico e o
descascador de faca.
O resíduo industrial, as cascas, constituem de 10 a 20% da madeira total processada,
podendo ser utilizado, como combustível para geração de vapor necessário ao processo.
As toras de madeira são colocadas no descascador que está em rotação. Com isso a
constante fricção contra a parede do descascador e as outras toras faz com que as cascas se
desprendam e sejam descartadas (IESA, 2018).
II. Picagem
O objetivo desta etapa é reduzir as toras à fragmentos, cujo tamanho facilite a
penetração do licor de cozimento, utilizados nos processos químicos. Adicionalmente, os
cavacos de madeira, constituem um material de fácil transporte (por correias ou
pneumaticamente).
Os tipos de picadores que se destacam são os picadores de disco com múltiplas facas
(mais utilizado) e os picadores de tambor.
III. Classificação
Após a picagem, os cavacos são classificados com o objetivo de separar os cavacos
com as dimensões padrões para o processamento (os aceites), dos cavacos
superdimensionados, que retornam ao picador e dos finos, que podem ser processados
separadamente, ou então queimados na caldeira.
IV. Cozimento
Os reatores, chamados digestores são carregados com os cavacos; adiciona-se o licor
branco de cozimento que contêm essencialmente sulfito de sódio e soda cáustica e liga-se ao
vapor de água. O licor branco cozinha em alta temperatura e pressão numa solução a 12,5%
de NaOH, Na2S e Na2CO3. O período de cozimento leva cerca de 3 horas. Esse licor causa a
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dissolução da lignina, um polímero amorfo que confere firmeza e rigidez ao conjunto de fibras
da madeira.
A polpa depois da separação do licor de cozimento é lavada. O licor de cozimento
usado (licor negro ou lixívia negra) é bombeado para a estocagem para aguardar a recuperação
das substâncias dissolvidas mediante evaporação e, depois, a combustão da matéria orgânica
dissolvida nas fornalhas de recuperação para reutilização no processo (SHREVE & BRINK
Jr., 2008).
V. Depuração
Ao sair do reator a pasta de celulose ainda apresenta licor preto e fibras, impregnados
com lignina, por isso é submetida a uma lavagem com água quente, a fim de retirar tais
resquícios, e assim o licor preto é encaminhado para o processo de recuperação enquanto as
fibras são enviadas para o branqueamento. Outra vantagem da lavagem é que ela reduz o
consumo de alvejante utilizado no branqueamento. O licor de cozimento usado (licor negro ou
lixívia negra) é bombeado para a estocagem para aguardar a recuperação das substâncias
dissolvidas mediante evaporação) e, depois, a combustão da matéria orgânica dissolvida nas
fornalhas de recuperação para reutilização no processo (PIOTTO, 2003).
A polpa lavada passa para a sala das peneiras, onde atravessa grades, calhas de
sedimentação peneiras, que separam quaisquer lascas de madeira não cozida, após o que entra
nos filtros e espessadores.
Então é feita a deslignificação com oxigênio em meio alcalino, utilizando-se
normalmente licor branco oxidado como álcali. Ele contém hidróxido e tiossulfato de sódio
decorrente da oxidação do sulfeto presente no licor branco. Devido à baixa solubilidade do
oxigênio no licor, a deslignificação é feita em reatores pressurizados em temperaturas elevadas
(cerca de 100°C). Para preservar as propriedades da fibra é adicionado sulfato de magnésio.
São utilizados reatores de média (10 a 15%) e de alta (25 a 30%) consistência em estágio único
ou em dois estágios, visando aumentar a seletividade do processo.
A deslignificação com oxigênio, normalmente, é um estágio intermediário entre o
cozimento e a etapa de lavagem da polpa marrom. A lavagem em prensas é feita em contra-
corrente de modo que o filtrado possa ser recuperado O grau de deslignificação em estágio
único é cerca de 40-50% e pode atingir até 70% em estágio duplo (MJOBERG, 1999).
9
Figura
Figura3-2.3
Fluxograma
- Fluxograma
da Recuperação
da Recuperação
do Licor
do Licor
Negro.
Negro.
Primeira Etapa:
O primeiro passo da recuperação é tirar a água do licor negro. Para isso, ele é fervido
até evaporar toda a água e só sobrarem os sólidos.
O NaOH e o Na2S, desejáveis estão nesses sólidos, mas junto com eles está um monte
de matéria orgânica da madeira para atrapalhar. Então, os sólidos são todos queimados numa
caldeira. E o calor da combustão é usado para gerar energia para as outras partes da fábrica.
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Ao queimar material orgânico, forma-se calor, gás carbônico (CO2) e água (H2O):
Segunda Etapa:
Como o NaOH é uma base, ele reagirá com esse ácido para formar sal e água (é a reação
de neutralização):
Terceira Etapa:
O carbonato de cálcio (CaCO3) que foi formado é um sal insolúvel e precipita. O sal é
filtrado e temos uma solução de NaOH e Na2S, o licor branco! Antes de reutilizá-lo, é preciso
adicionar um pouco de NaOH e Na2S novos para acertar as concentrações. Finalmente, é
possível atingir o objetivo de obter o licor branco a partir do licor negro.
O CaCO3 que foi filtrado é queimado num forno para obter a cal virgem, CaO, que pode
ser reutilizada para transformar o Na2CO3 em NaOH, como mencionado (GUT, 2016).
O licor preto gerado nas etapas anteriores pode, a partir de tratamentos químicos, voltar
na forma de licor branco para o cozimento de cavacos. Mas este resíduo antes de ir para a
caldeira de recuperação deve passa por evaporadores para que sua concentração possa ser
elevada, uma vez que baixas concentrações inviabilizam o processo de recuperação. Após a
passagem pelos evaporadores, a concentração que era cerca de 14% de sólidos passa a ser
acima de 80% de sólidos (COSTA, 2000).
Na caldeira de recuperação o licor preto concentrado é pulverizado através de bicos
injetores. As gotas formadas entram em contato com o ar de combustão, sofrendo o processo
de secagem e combustão, nessa etapa grande parte da água presente no licor é evaporada
(SOSA, 2007).
Na saída dos evaporadores o licor negro é mandado para a caldeira de recuperação para
ser usado como combustível pois é muito rico em material orgânico. Após a queima sobra
apenas a parte inorgânica que será enviada para o processo de caustificação, onde ocorre a
calcinação e é recuperada a soda cáustica.
O licor negro separado da polpa no lavador no lavador de polpa, ou difusor, contém de
95 a 98% do total de substâncias que entram no digestor. Os compostos orgânicos do enxofre
estão presentes em combinação com o sulfeto de sódio. O carbonato de sódio está presente,
assim como pequenas quantidades de sulfato de sódio, de cloreto de sódio, de sílica, além de
traços de cal, de óxido de ferro, de alumina e de hidróxido de potássio. Este licor negro é
concentrado queimado e sofre encalagem. No forno, decompõem-se quaisquer compostos
orgânicos remanescentes, o carvão é queimado e as substâncias inorgânicas são fundidas
(SHREVE E BRINK Jr., 2008).
O licor concentrado é incinerado na caldeira de recuperação. O fundido smelt é
dissolvido em licor branco fraco de modo a recuperar o enxofre e sódio. O licor verde
clarificado resultante consiste de carbonato e sulfeto de sódio.
VII. Branqueamento
Por último, para melhorar as propriedades da celulose industrial como alvura, limpeza
e pureza química, a polpa é branqueada em um processo que consiste em tratá-la com peróxido
de hidrogênio, dióxido de cloro, oxigênio e soda cáustica em cinco estágios diferentes, com
seus respectivos filtros lavadores. Após o branqueamento, a celulose é depurada novamente e
enviada para a secagem. Nesta operação a água é retirada da celulose, até que esta atinja o
ponto de equilíbrio com a umidade relativa do ambiente (90% de fibras e 10% de água).A
máquina de secagem é constituída de três elementos: mesa plana, prensas e uma máquina
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secadora. Na parte final da máquina secadora fica a cortadeira, que reduz a folha contínua em
outras menores, de formato padrão, 67 x 92cm. Essas folhas formam os fardos com 250kg de
celulose, oito dos quais constituem uma unidade de carga (de 2t) para fins de transporte e
carregamento (PASSINATO, 2008).
2.2.2 Digestores
I. Digestores Contínuos
Logo após a chegada da celulose já pronta, os seus fardos são direcionados através de
uma esteira de alimentação a uma máquina que se assemelha a um grande liquidificador, de
forma cilíndrica e provida de grandes rotores giratórios ao fundo, conhecido como
Hidrapulper. Sua função é desagregar as folhas de celulose misturando-as à água e tornando o
conjunto em uma espécie de papa, cuja consistência assemelha-se à do leite.
I. Refinação
Nessa etapa, de modo a conseguir uma maior resistência do produto, é necessário
“abrir” e reorientar as fibras da celulose. Este movimento de abrir as fibras faz com que se
rompam as cadeias de polímeros originais, deixando-as abertas, e obrigando com que busquem
outras cadeias abertas para se unirem em ligações por pontes de hidrogênio. Desta maneira a
parede "danificada" de uma fibra irá se unir a outra, fechando a ligação, formando assim uma
rede de fibras com resistência mecânica suficiente para formar uma folha de papel. Essas
ligações, no entanto, são quebradas na presença de meio aquoso, ou seja, quando o papel é
exposto à água a ligação se quebra e o papel se desfaz. Papéis resistentes à umidade possuem
aditivos químicos que impedem a quebra dessas ligações. Para que isso ocorra, elas são
descascadas a fim de remover uma de suas camadas. As fibras também são desfiadas,
melhorando a flexibilidade e a aderência entre elas. O processo é feito em uma máquina
denominada refinador, composto de dois discos face a face que giram em sentidos opostos,
aplicando determinada tensão de cisalhamento à massa.
Tensão resultante de forças aplicadas, que causam ou têm a tendência para causar o
deslizamento de partes contíguas de um corpo, uma em relação à outra, em uma direção
paralela ao seu plano de contato.
II. Depuração
É um dos últimos processos antes da entrada na máquina de papel. Dá-se nos
depuradores e é semelhante ao processo de filtragem, retirando-se toda a sujeira, areia,
partículas metálicas, etc, ainda existentes na pasta. Mas não só a filtragem das partículas
indesejadas esse processo realiza; também há o peneiramento fino, onde fibras pequenas
demais que tendem a deixar o papel quebradiço são retiradas (essas pequenas fibras são
desprezadas junto com o efluente).
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III. Aditivação
Dependendo do tipo de papel que se deseja obter, nesse processo são adicionados
componentes que podem ou não impermeabilizá-lo, conferir-lhe maior ou menor brancura,
opacidade ou resistência mecânica (YUJI, 2013).
Caixa de Entrada
Aqui, a massa pronta é colocada em uma esteira em constante movimento. Nesta esteira
chamada de Tela Formadora, a espessura do papel é controlada pela quantidade de massa que
é aplicada nela a cada segundo. A massa jogada na esteira forma uma fina camada de 5% de
massa e 95% de água. E no meio da mesa plana, uma espécie de aspirador suga boa parte da
água da lâmina de celulose. Essa etapa do processo, também conhecida como formação da
folha, promove um entrelaçamento das fibras, dando resistência suficiente ao papel para que
ele possa sair da mesa plana e percorrer os vários cilindros que compõem o resto do processo.
Prensagem
Esse processo tem basicamente dois efeitos sobre o papel: primeiro, retira a água entre
as fibras e a aspiram. Segundo, aperta as fibras umas contra as outras, dando maior resistência
ao papel e diminuindo sua espessura.
Cilindro Aquecedor
O papel passa por cilindros aquecidos a vapor, como se estivessem sido passados a
ferro, retirando quase toda a água restante.
Rebobinamento
Por vezes essas grandes bobinas de papel (pesando toneladas) já se constituem no
produto final, mas usualmente a unidade produtiva também efetua seu rebobinamento em suas
próprias dependências, de modo a formar bobinas menores e facilitar o manuseio nas gráficas
ou nas eventuais máquinas especializadas (YUJI, 2013).
age por si próprio, e sim como parte de um complexo constituído por outros agentes físicos ou
químicos, onde o efeito final é o resultado de muitos fatores atuando juntos. A natureza de tais
interações ainda não é totalmente conhecida, sendo que a primeira condição para prever-se o
impacto ambiental é conhecer como os resíduos se distribuem no sistema e similarmente ter um
conhecimento da distribuição após um determinado tempo. Além disso, é necessário conhecer
a taxa do metabolismo dos poluentes por microrganismos e animais. Os resíduos da fabricação
de celulose e papel contêm uma ampla variedade de compostos com diferentes pesos
moleculares e várias características e as espécies químicas que ocorrem nesta mistura complexa
não somente são indefinidas até o momento como também difíceis de definir devido a sua alta
reatividade, ou seja, a contínua transformação de compostos (CRUZ, 2017).
PROCESSOS POLUENTES
A indústria de papel e celulose também gera resíduos sólidos constituídos de alto teor
de matéria orgânica, sobre tudo, de fibras celulósicas. Os resíduos inorgânicos principais são
os dregs, grits e lama de cal do processo de recuperação. A Tabela 2.2 relaciona os resíduos
gerados em cada etapa de produção de celulose.
ETAPAS RESÍDUOS
vermelha, pois, segundo estudos realizados, o uso do resíduo tem como vantagens, o
enriquecimento da massa argilosa por um plastificante e devido à presença de celulose,
contribui para a redução do consumo de combustível durante a etapa da queima. Quando
misturado à casca, pode ser aproveitado na compostagem.
Grits: Gerado na hidratação da cal da recuperação da lama de cal. É constituído areia,
pedregulho, calcário e outras impurezas que não reagiram, podendo possuir, também,
quantidades de CaO, Ca(OH), Na e CO. Usados para a estabilização química nas estradas
florestais.
Cinzas: é o resíduo inorgânico, produto da combustão de cavacos, cascas, etc. São ricas
em potássio, o que as confere um grande potencial para reutilização e aplicação no solo como
nutrientes para plantas (MIELLI, 2007).
Lama de cal e Dregs: A lama de cal, extraída da caustificação do licor verde e o dregs,
removido durante a clarificação do licor verde, podem ser usados como corretivos da acidez do
solo (ALMEIDA, 2007).
Após a lagoa aerada é necessário uma lagoa de decantação, para que a biomassa e parte
dos sólidos sedimente para que o efluente possa sair clarificado. O sistema de lagoa apresenta
o benefício de baixa geração de lodo em conjunto com reduzidos custos operacionais, porém
requerem grandes espaços devido ao longo período de detenção hidráulico. A figura acima
ilustra o processo de lagoa aerada seguida de lagoa de sedimentação.
Já o sistema de lodo ativado possui um tanque de aeração com aeração superficial ou difusa
assim como a lagoa aerada, porém o tempo de detenção hidráulica é menor e pode variar de 8
a 24 horas, a carga orgânica volumétrica é maior e está compreendida na faixa de 1,0 a 3,0 kg
DBO/m³.dia.
Após o tanque de aeração existe o decantador final, que possui a mesma função da lagoa
de sedimentação, porém o grande diferencial operacional do sistema de lodo ativado é o retorno
da biomassa.
A manobra de recirculação do lodo do fundo do decantador secundário para o tanque de
aeração permite que as células permaneçam por mais tempo no sistema, 10 a 25 dias, desse
modo a operação emprega mais biomassa e assim o tempo necessário para oxidação biológica
da matéria orgânica será reduzido. A figura abaixo apresenta o fluxograma típico do sistema de
lodo ativado.
China estar substituindo a produção local de celulose com alto impacto no meio ambiente por
matéria-prima mais sustentável e uma maneira de fazer isso é migrar da celulose que absorve
menos carbono para a matéria-prima brasileira uma vez que a genética arbórea brasileira produz
árvores mais capacitadas à absorção do carbono (SINPAPEL, 2016).
O setor de árvores plantadas encerrou 2017 com um superávit em sua balança comercial
de 7,5 bilhões de dólares, alta de 12,9 por cento ante 2016, apoiado principalmente nas
exportações de celulose conforme o levantamento da IBÁ (2017).
Os embarques da matéria-prima do papel geraram uma receita de 6,4 bilhões de dólares,
14 por cento maior na base anual, enquanto as exportações de papel somaram 1,9 bilhão de
dólares e as de painéis de madeira totalizaram 289 milhões de dólares (MELLO, 2018).
Manter essa posição não seria possível sem a adoção de novas ferramentas, mais
automatizadas e com forte apelo de redução de custos. O segmento vem adotando soluções de
vanguarda, no campo da automação e da tecnologia de informação, de forma progressiva.
Devido a produção conjunta de celulose e energia, o processo Kraft se estabeleceu como
dominante ao redor do mundo, porém é um processo altamente complexo, com várias unidades
internas e alta demanda de capital inicial e requer grandes extensões de terra para o plantio de
florestas capazes de suprir o empreendimento, com todos os custos logísticos disso decorrentes,
e em vantagem, o Brasil ainda tem bastante terra disponível, mas a Europa e o Japão não, além
do clima e variedades de árvores bem adaptadas, constituindo uma vantagem considerável
contra concorrentes.
O processo kraft admite o uso da lignina como combustível para caldeiras, aumentando
a geração de energia, que pode ser reforçada com a queima de resíduos florestais, óleos e outros.
As amplas áreas também podem receber painéis fotovoltaicos e torres eólicas, aumentando a
geração de energia para venda ao mercado. A incapacidade de aproveitar economicamente bem
a lignina sobrante acabou por inviabilizar o processo Organossolv, criado no Canadá, que usava
etanol como solvente.
Empresas, universidades e institutos de pesquisas estão desenvolvendo na Holanda o
processo Deep Eutetic Solvents (DES) como alternativa ao kraft om o objetivo de reduzir
emissões de gás carbônico em 80% e de aumentar em 50% o valor dos produtos obtidos.
O DES trata-se de um grupo de solventes de alto ponto de ebulição que são produzidos
pelas próprias árvores para manter líquida a seiva em seus vasos durante o ano todo. Esses
solventes são capazes de dissolver seletivamente a lignina, hemicelulose e celulose, de forma
rápida e eficiente, com baixo consumo de energia e bom aproveitamento de subprodutos. Os
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Como maior produtora de celulose de fibra curta que produz papéis menos resistentes e
pouca produção de fibra longa, que nesse quadro contemporâneo está sendo mais usada devido
à sua utilização na confecção de muitas embalagens, as indústrias brasileiras precisam se
adaptar e para um bom desempenho industrial e mais econômico, é necessário buscar novas
tecnologias e meios cada vez mais sustentáveis que agrega custo benefícios para as Indústrias.
As maiores indústrias brasileiras de papel e celulose como a Klabin e a Suzano, utilizam
de estratégias de inovações por meio de pesquisas e sustentabilidade, usufruindo do meio
ambiente de forma consciente e responsável para garantir a perenidade das regiões.
Recentemente as indústrias brasileiras também têm se destacado em biotecnologia,
nanotecnologia e melhoramento de controle e automação que é crucial para otimizar os
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processos produtivos, tornando-os mais eficientes e seguros, além de garantir um produto final
de melhor qualidade.
3.2 Nanocelulose
3.3 Sustentabilidade
Os avanços das indústrias estão voltados para o melhoramento das atividades em prol da
sustentabilidade como forma de proteção ao ambiente e ao mesmo tempo economizando matéria prima
na própria produção.
É preciso reutilizar produtos e descartar o mínimo possível ao ambiente de forma que os gastos
com processo de reutilização seja um investimento.
Começando pelas matrizes energéticas, as indústrias brasileiras buscam a utilização de
combustíveis renováveis e para isso podem implantar novas caldeiras de biomassa que possibilita a
implantação desses recursos.
A troca por novos equipamentos que consomem menos energia, também é uma pratica eficaz
para ter uma matriz energética sustentável.
A consolidação de sistemas elétricos nas indústrias de papel e celulose que possuem alta
demanda de energia também é fundamental para que a indústria poupe gastos com compras externas de
energia e obtenha mais lucros.
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É possível fazer um controle das emissões atmosféricas controladas por meio de Equipamentos
de controle de emissões atmosféricas como os precipitadores eletrostáticos, ciclones e scrubbers.
Precipitadores eletrostáticos: São equipamentos de carregam as partículas do gás
com cargas elétricas negativas, que são atraídas através de eletrodos de placa,
carregados positivamente. São equipamentos muito eficientes, atingindo remoções acima
de 99% do material particulado presente no gás. Porém, são também, são demaior custo de
operação e instalação. São usados geralmente na caldeiras debiomassa, caldeiras de
recuperação e forno de cal.
Ciclones: Equipamentos que utilizam a força centrífuga para separar as partículas
maiores e mais pesadas do gás. Comparados aos precipitadores eletrostáticos, sua
eficiência é relativamente baixa, mas seu custo é bastante inferior. Utilizados
normalmente em caldeiras de biomassa.
Scrubbers ou lavadores de gás: Utilizam o princípio de separação dos ciclones
adicionados à lavagem dos gases usando dispersores de água. Dentre os diversos
tipos de lavadores de gás, os mais usados nos tanques de dissolução de fundidos e
caldeiras de biomassa, são os lavadores Venturini e ciclones múltiplos. A eficiência
de remoção desses equipamentos, pode ser até de 98% (MIELLI, 2007 apud
MIRANDA, 2008).
Na Unidade Suzano (São Paulo) houve uma redução de 67% na geração de gases do tipo NOx,
devido a melhorias na tecnologia eletrônica de controle dos queimadores das caldeiras de recuperação
(SUZANO, 2016).
Os resíduos sólidos também necessitam de cuidados responsáveis, uma alternativa eficaz que
vem sendo adotada é a implementação de sistemas para queimar 100% do lodo primário, gerado na
estação de tratamento de efluentes, na caldeira de biomassa. Esse material, composto principalmente
por fibras oriundas do processo, possui poder calorífico suficiente para ser utilizado como combustível
alternativo.
Para a sustentabilidade dos recursos hídricos, são necessários tratamentos dos efluentes líquidos
altamente tóxicos por meio das ETEs e forma moderna para que diminuía ainda mais a carga orgânica
despejada nos rios que prejudicam o ecossistema já que as IPCs vêm enfrentando diversos desafios para
cumprir, as normas ambientais mais rigorosas dentre eles a implementação de tecnologias inovadoras
de tratamento de efluentes que possibilitem o lançamento de efluente com melhor qualidade no corpo
receptor e, principalmente, a sua reutilização e/ou reciclagem dentro do processo produtivo, diminuindo,
desta forma a captação de águas superficiais e a geração de efluentes.
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A tecnologia de biorreator de membranas (BRM) é uma das opções potenciais para o tratamento
de efluentes de indústrias de papel e celulose. Isto devido as suas elevadas capacidades de remover
ampla variedade de compostos orgânicos e tóxicos, proporcionando efluente final com excepcional
qualidade para reuso, a partir de instalações de tratamento mais compactas, automatizadas, modulares
e, atualmente, com custo competitivo em relação aos demais sistemas convencionais de tratamento
(NEVES et al., 2011).
E por último e como destaque relevante para a sustentabilidade, ressaltamos a produção do papel
reciclado que diminui a poluição ambiente e economiza metade da energia, podendo-se chegar a 80%
de economia quando se comparam papéis reciclados simples com papéis virgens feitos com pasta de
refinador. As indústrias de reciclagem podem funcionar com mínimos impactos ambientais, pois a fase
crítica de produção de celulose já foi feita anteriormente, entretanto, indústrias brasileiras de reciclagem,
sendo de pequeno porte e competindo com grandes indústrias, às vezes subsidiadas, não fazem muitos
investimentos em controle ambiental (RICCHINI, 2017). Portanto, seria interessante as grandes
indústrias que não o fazem, anexarem o setor de reciclagem como forma complementar, sendo
fornecedoras também de papel reciclado gerando mais lucros e empregos.
4 CONCLUSÃO
Ao longo desse trabalho, verificou-se a clara importância das Indústrias de Papel e
celulose brasileiras para a economia do país sendo um meio altamente promissor para várias
áreas e para a atuação do engenheiro químico no processo.
O setor de papel e celulose, sendo altamente dependente do meio ambiente, precisa
sempre promover novas técnicas e reutilizar o máximo da matéria prima como forma de garantir
as mesmas boas condições no futuro mantendo boas Estações de Tratamento de Efluentes, bem
como equipamentos eficientes para remoção das emissões atmosféricas altamente prejudiciais
e investimento no setor de reciclagem nas grandes indústrias.
A biotectologia e a nanocelulose representam uma alternativa de investimento eficaz
para a adaptação das indústrias de papel e celulose que, por serem mais produtoras de fibra
curta do que longa, podem enfrentar um quadro crítico de produção no futuro, uma vez que
com a era da digitalização os papéis para escrever ficarão cada vez menos necessários. Assim
com essas alternativas as Indústrias podem passar a produzir não só papel e celulose, mas
sustentar os outros setores com a incorporação eficiente da nanocelulose em matrizes
poliméricas que poderão ser utilizadas para embalagens alimentícias, componentes plásticos
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