Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Industria Papel Celulose

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 51

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

A INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL: PRODUTIVIDADE,


COMPETITIVIDADE, MEIO AMBIENTE E MERCADO CONSUMIDOR

TAOANA SOUZA BATISTA

UBERLÂNDIA-MG
2018
UNIVERSIDADEFEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

A INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL: PRODUTIVIDADE,


COMPETITIVIDADE, MEIO AMBIENTE E MERCADO CONSUMIDOR

TAOANA SOUZA BATISTA

Monografia de graduação apresentada à


Universidade Federal de Uberlândia como
parte dos requisitos necessários para a
aprovação na disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso do curso de Engenharia
Química.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Amâncio Malagoni.

UBERLÂNDIA-MG
2018
MEMBROS DABANCA EXAMINADORA DE MONOGRAFIA DA DISCIPLINA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE TAOANA SOUZA BATISTA
APRESENTADA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, EM 20/12/2018.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Ricardo Amâncio Malagoni


Orientador – FEQUI/UFU

Prof. Dr.Cícero Naves de Ávila Neto


FEQUI/UFU

Prof. Dr. Humberto Molinar Henrique


FEQUI/UFU
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado forças durante toda a graduação para
persistir, mesmo diante às dificuldades, e por sempre estar abençoando minha caminhada e
proporcionando saúde para vencer cada dia de luta e ter me dado sabedoria na realização do
presente trabalho.
Agradeço também à minha família como base de todo o apoio e estrutura para que eu
pudesse acreditar e ir adiante nos objetivos. Em especial, agradeço minha mãe Rosilane que,
mesmo distante, sempre me incentivou e acreditou na minha capacidade e no meu sucesso,
estando presente nas horas mais difíceis.
Aos meus amigos que a graduação me deu o privilégio de conhecer e compartilhar
conhecimentos e momentos de felicidade.
À Faculdade de Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia pela
excelência em conhecimentos e suporte na realização desta jornada.
Ao meu orientador, prof. Dr. Ricardo Amâncio Malagoni, pelo apoio, incentivo e
auxílio para a realização deste trabalho.
Aos professores prof. Dr. Cícero Naves de Ávila Neto e prof. Dr. Humberto Molinar
Henrique da banca avaliadora pelos conselhos, análises e críticas construtivas que foram
fundamentais para a melhora e desenvolvimento desta monografia.
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas
pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo
mundo vê.”
Arthur Schopenhauer
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... i

LISTA DE TABELA.................................................................................................... ii

LISTA DE SÍMBOLOS ..............................................................................................iii

RESUMO .................................................................................................................... iv

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 3

2.1 Celulose .............................................................................................................. 3

2.1.1 Celulose de Fibra Curta ............................................................................... 4

2.1.2 Celulose de Fibra Longa.............................................................................. 4

2.1.3 Celulose de Fibra Fluff ................................................................................ 4

2.2 Processo Industrial das Indústrias Brasileiras de Papel e Celulose .................... 4

2.2.1 Processo Kraft ............................................................................................. 5

2.2.2 Digestores .................................................................................................. 12

2.3 Processo de Fabricação do Papel...................................................................... 18

I. Refinação ..................................................................................................... 18

II. Depuração ................................................................................................... 18

III. Aditivação .................................................................................................. 19

2.3.1 Máquina de papel: ......................................................................................... 19

2.3 Impactos Ambientais da Indústria de Papel e Celulose Brasileira ................... 19

2.3.1 Emissões atmosféricas ............................................................................... 20

2.3.2 Resíduos sólidos ........................................................................................ 21

2.3.3 Poluentes líquidos...................................................................................... 22

2.4 Tratamento de efluentes ................................................................................... 23

2.5 Competitividade entre as indústrias e mercado consumidor ............................ 26


3 ESTUDO DE CASO: A ADAPTAÇÃO DA INDÚSTRIA DE PAPEL E
CELULOSE BRASILEIRA AOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS ........................................ 28

3.1 Biotecnologia na indústria de papel e celulose ................................................ 29

3.2 Nanocelulose ................................................................................................ 30

3.2 Controle e automação nas indústrias de papel e celulose ................................. 32

3.2.1 Ferramentas de Controle utilizadas nas indústrias de papel e celulose ..... 32

3.3 Sustentabilidade................................................................................................ 33

4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 36


i

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Fórmula Estrutural da glicose ................................................................... 3


Figura 2.2 - Etapas do processo Kraft. ......................................................................... 6
Figura 2.3 - Fluxograma da Recuperação do Licor Negro. .......................................... 9
Figura 2.4 - Digestor da Indústria de Papel e Celulose .............................................. 12
Figura 2.5 - Digestor Contínuo. ................................................................................. 13
Figura 2.6 - Medidor Radiométrico de um Digestor .................................................. 14
Figura 2.7 - Digestor descontínuo de aquecimento direto.......................................... 15
Figura 2.8 - Digestor descontínuo de aquecimento indireto. ..................................... 16
Figura 2.9 - Digestor descontínuo com circulação forçada. ....................................... 17
Figura 2.10 - Digestor descontínuo sem circulação forçada ...................................... 17
Figura 2.11- Lagoa aerada seguida de lagoa de sedimentação................................... 24
Figura 2.12 - Fluxograma do sistema lodo ativado .................................................... 25
Figura 3.1 - Principais produtores mundiais de celulose - mil toneladas. .................. 26
Figura 3.2 - Produção Brasileira de Papel e Celulose. ............................................... 28
Figura 3.3 - Gel de nanocelulose. ............................................................................... 30
ii

LISTA DE TABELA

Tabela 2.1 - Poluentes atmosféricos gerados na produção de papel e celulose ......... 20


Tabela 2.2 - Resíduos gerados nas etapas de produção de celulose. .......................... 21
iii

LISTA DE SÍMBOLOS

BRM – Biorreator de Membranas.


C6H1206 – Glicose.
Ca(OH)2 – Hidróxido de Cálcio.
CaCO3 – Carbonato de Cálcio.
CaO – Óxido de Cálcio.
Cl2 – Dicloro.
ClO2 – Dióxido de Cloro.
CLP – Controladores Lógicos Programáveis.
CO2 – Dióxido de Carbono.
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio.
DES – Deep. Eutetic Solvents (Solventes Eutéticos Profundos).
DQO – Demanda Química de Oxigênio.
ETE – Estação de Tratamento de Efluentes.
H2CO3 – Ácido Carbônico.
H2O – Água.
IBÁ – Indústria de Árvores Brasileiras.
IPCs – Indústrias de Papel e Celulose.
MP – Materiais Particulados.
Na2S – Sulfeto de Sódio.
NaCl– Cloreto de Sódio.
NaOH – Hidróxido de Sódio.
NO3 – Nitrato.
NOx – Óxidos de Nitrogênio.
O2 – Gás Oxigênio.
PID – Proporcional-Integral-Derivativo.
SDCD – Sistema Digital de Controle Distribuído.
SO2 – Dióxido de Enxofre.
TRS –Total Reduced Sulphur (Compostos Reduzidos de Enxofre).
UFPR – Universidade Federal do Paraná.
UFV – Universidade Federal de Viçosa.
iv

RESUMO

O Brasil é o maior produtor mundial de celulose de fibra curta com a vantagem de ser
um país com um clima favorável para o cultivo de eucaliptos em larga escala e com mínimos
custos, possuindo grandes indústrias altamente competitivas e inovadoras que promovem um
aumento considerável na economia e nos avanços tecnológicos do país. Essas indústrias
utilizam o processo Kraft que envolve as etapas de descascamento, picagem, cozimento,
depuração, branqueamento e recuperação do licor negro contando com a presença de digestores,
que são equipamentos chaves na etapa de produção. As indústrias brasileiras são integradas e
realizam também a produção do papel sendo responsáveis pelo processo dele desde a chegada
dos fardos de celulose pronta, até o transporte dos papéis para consumo. As indústrias são
altamente poluidoras e há emissões atmosféricas, resíduos sólidos e poluentes líquidos que
precisam de cuidados especiais e um bom tratamento de efluentes para o descarte dos rejeitos
ao ambiente. Buscando mais inovação e economia, as indústrias competem entre si optando por
formas sustentáveis de mínimo desperdício energético e máximo de produção, com métodos
inovadores através de pesquisas em universidades.
No presente trabalho, foi apresentado sobre a produtividade, competitividade, meio
ambiente e mercado consumidor das indústrias brasileiras de papel e celulose e como estas
indústrias podem se adequar aos avanços tecnológicos da era digital, destacando os estudos de
biotecnologia, nanotecnologia e controle e automação.

Palavras chave: celulose, papel, meio ambiente, tecnologia, sustentabilidade, competitividade.


1 INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da humanidade buscavam-se maneiras de registrar os


acontecimentos por meio de símbolos, desenhos e palavras em pedras ou metais de modo que
os registros não se extinguissem com o tempo. Logo, com o tempo, surgiram interesses de obter
um material prático para registrar os acontecimentos.
A invenção do papel foi anunciada pelo oficial da corte Chinês Ts’ai Lun, no ano de
150 e tem como origem o papiro, planta nativa dos pântanos egípcios.
Os chineses usavam fibras de árvores e trapos de tecidos cozidos e esmagados para
a fabricação de papel. A massa resultante era espalhada sobre uma peneira com moldura de
bambu e um pano esticado e submetida ao sol para um processo natural de secagem.
O processo remoto de fabricação de papel foi desvendado em 751, depois de um ataque,
quando técnicos de uma fábrica de papel foram presos e levados para Bagdá, onde se começou
a fabricar papel, também sem se revelar a técnica. Até que, no século XI, a novidade foi
introduzida pelos árabes na Espanha e espalhou-se pelo Ocidente. (BRACELPA, 2013 apud
SILVA, 2016).
No Brasil, o papel começou a ser fabricado em 1809, no Rio de Janeiro. E chegou a São
Paulo com o desenvolvimento industrial proporcionado pela vinda de imigrantes europeus para
trabalhar na cultura do café. Em sua bagagem, eles trouxeram conhecimento sobre o processo
de produção de papel.
As Indústrias Brasileiras de papel e celulose adotaram o Kraft como processo de
produção em prol das vantagens oferecidas e por ser um processo que se adequou no Brasil
devido ao clima favorável, solo fértil e as matérias primas abundantes o que ajuda o país ocupar
o segundo lugar no ranking dos países produtores de celulose de todos os tipos e ser o primeiro
produtor mundial de celulose de eucalipto (IBÁ, 2018).
Há décadas, a indústria de celulose do Brasil desenvolve biotecnologia e engenharia
genética para as suas florestas plantadas, o que favorece significativamente a produtividade
florestal brasileira, levando nossas produtoras de celulose a um patamar extremamente
competitivo quanto ao custo de produção, sendo o menor custo de produção em nível mundial.
Além disso, mais de 65% de toda a energia consumida pelo setor é auto gerada no processo de
produção de celulose, por meio da queima do licor negro, produzindo vapor.
A biotecnologia desponta entre as frentes estratégicas investigadas pela indústria de
celulose e papel para incrementar a sua própria competitividade e ampliar o seu portfólio atual.
2

Por meio dela, é possível encontrar materiais genéticos de culturas florestais de melhor
produtividade, tanto para as atividades atuais como para a produção de bioenergia e
biocombustíveis. Em paralelo, os avanços da nanotecnologia indicam um trajeto eficaz para
aumentar a resistência de alguns tipos de papel a partir de nanofibras de celulose e potencializar
oportunidades para novos negócios, estendendo a atuação a outros setores. (BORDINI, 2018).
Sendo um setor impactante na economia brasileira que precisa de inovações para manter
sua boa competitividade, o objetivo geral deste Trabalho de Conclusão de Curso é estudar o
processo de fabricação da polpa e do papel, levando em consideração a produtividade das
empresas, a competitividade, o meio ambiente e o mercado consumidor.
E enfatizando a área da graduação e a identificação do emprego do engenheiro químico
nos processos, o objetivo específico é apresentar o processo produtivo das indústrias brasileiras
sob a perspectiva da engenharia química, tal como o tratamento e recuperação dos seus
efluentes e métodos tecnológicos inovadores sustentáveis ao meio ambiente.
3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Será apresentada neste capítulo a Indústria de Papel e Celulose no Brasil enfatizando a
produtividade, o meio ambiente e o mercado consumidor.

2.1 Celulose

As plantas realizam reações de fotossíntese, em que a água, o gás carbônico e a energia


do sol retida pela clorofila produzem oxigênio e glicose, que é um carboidrato classificado
como monossacarídeo:
6 CO2(g) + 6 H2O(ℓ) + luz solar → 1 C6H12O6(aq) + 6 O2(g) (1)
As moléculas de glicose combinam-se formando polissacarídeos, que são polímeros de
condensação naturais. Quando essa união ocorre por unidades de β-glicose, há a formação da
celulose:
Figura 2.1 - Fórmula Estrutural da glicose.

Fonte: FOGAÇA (2018).

A celulose tem estrutura fibrosa e úmida, na qual se estabelecem múltiplas pontes de


hidrogênio entre os grupos hidroxilas das distintas cadeias justapostas de glicose, tornando-as
impenetráveis a água e, portanto, insolúveis, dando origem a fibras compactas que constituem
a parede celular dos vegetais. (FOGAÇA, 2018)
Dois tipos de celulose, com diferentes características físicas e químicas, são utilizados
na produção de papel: celulose de fibra longa ou de fibra curta. A primeira, originária de
espécies coníferas como o pinus, plantada no Brasil, tem comprimento entre 2 e 5 milímetros.
Já a segunda, com 0,5 a 2 milímetros de comprimento, deriva principalmente do eucalipto
(BRACELPA, 2013 apud YUJI et al. 2013).
No Brasil, a madeira utilizada como matéria-prima para a produção de pasta celulósica
provém, principalmente, de várias espécies arbóreas de eucalipto Eucalyptus sppe pinus Pinus
spp. Outras espécies utilizadas como fonte de matéria-prima, embora utilizadas em pequena
escala, são o pinho, ou o pinho-do-paraná Araucara angustifoliae a gmelina Gmelina arborea.
A Klabin é a única no Brasil a fornecer simultaneamente ao mercado três tipos de
celulose a de fibra curta (eucalipto), fibra longa (pínus) e fluff - produzidas em uma única
4

unidade industrial inteiramente projetada para essa finalidade. A variedade de fibras se traduz
em uma multiplicidade de soluções e combinações, que atendem às características de cada tipo
de papel: produtos de higiene requerem maciez, resistência e capacidade de absorção; papéis
para escrever e imprimir demandam resistência e opacidade; papéis especiais, com
propriedades específicas, exigem composições sob medida (KLABIN, 2017).

2.1.1 Celulose de Fibra Curta

Produzida a partir de florestas plantadas de eucalipto, a celulose de fibra curta é


utilizada em diferentes tipos de papel, como os do segmento de tissue (papel higiênico, toalhas
e guardanapos, principalmente), papéis de imprimir e escrever e papéis especiais.
O Brasil segue como o maior produtor mundial de celulose de fibra curta.

2.1.2 Celulose de Fibra Longa

Proveniente de florestas plantadas de pinos, a celulose de fibra longa confere


propriedades como resistência a papéis dos segmentos de tissue (papel higiênico, toalhas e
guardanapos, especialmente), papéis de imprimir e escrever, embalagens e papéis especiais
(diversos tipos de filtros e embalagens especiais). A combinação das celuloses de fibra longa
e curta resulta em papéis de alta qualidade, que podem aliar diversas propriedades, como
maciez, opacidade e resistência, em um único produto.

2.1.3 Celulose de Fibra Fluff

Convertida a partir da fibra longa de pinos, a celulose fluff, comercializada em bobinas,


é ideal para aplicação em fraldas e absorventes de alta qualidade, com rápida capacidade de
absorção.
Essa matéria-prima antes era apenas importada para o Brasil, passou a ser produzido
em meados do ano de 2015.

2.2 Processo Industrial das Indústrias Brasileiras de Papel e Celulose

A polpação química, processo pelo qual a madeira é reduzida a uma massa fibrosa,
apresenta como principais processos o Kraft ou Sulfato, onde são utilizados como reagentes
no cozimento dos cavacos (toras de madeiras picadas) o NaOH, Na 2S e Na2CO3; o processo
Soda que é muito semelhante ao sulfato sendo seus processos apenas alcalino e o processo
Sulfito que utiliza bissulfeto de cálcio e dióxido de enxofre (SHREVE & BRINK Jr., 2008).
5

Atualmente no Brasil, cerca de 81% do processamento de madeira, é realizada pelo


processo Kraft ou Sulfato, aproximadamente 12% pelo processo Soda e os restantes por outros
processos. É interessante destacar, que as empresas do setor da madeira são divididas em três
categorias:
 Indústrias produtoras de celulose: Fabricantes exclusivos de celulose
 Indústrias integradas: Fabricantes de papel e celulose de fibras longas e fabricantes
de papelão e celulose de fibras curtas.
 Indústrias produtoras de papel: Fabricantes exclusivos de papel.

2.2.1 Processo Kraft

O processo mais adotado nas indústrias de papel e celulose brasileiras é o processo


sulfato, denominado "Kraft" que consiste na separação das fibras de celulose dos outros
componentes da madeira (lignina, polissacarídeos, carboidratos, entre outros) em meio alcalino.
Nesta etapa, resumidamente, os cavacos de madeira previamente preparados alimentam
continuamente o digestor onde são aquecidos com o licor de cozimento. Este licor de cozimento
é constituído pelo licor branco e por uma parcela pequena do licor negro proveniente da etapa
de lavagem. O licor branco é composto, principalmente, por uma solução aquosa de hidróxido
de sódio (NaOH) e de sulfeto de sódio (Na2S), na proporção molar aproximada de 5 para 2.
Outros sais de sódio presentes neste licor (Na2C03, Na2S04 e em menores proporções NaCl) são
inertes, não interferindo nas reações ocorridas no digestor. O licor negro adicionado tem a
função de diluente, assegurando uma boa circulação da pasta e dos reagentes no digestor, sem
introduzir uma quantidade excessiva de água (CARDOSO, 1998).
6

Figura 2.2 - Etapas do processo Kraft.

Fonte: MORKIFIESNK (2005).

No Brasil, o processo Kraft é o mais utilizado em função das vantagens oferecidas,


apesar das desvantagens apresentadas.
Vantagens e Desvantagens do processo Kraft:
Vantagens:
 Ciclos mais curtos de cozimento, se comparado a outros métodos;
 Recuperação economicamente viável dos reagentes;
 Produção de pastas de alto rendimento;
Desvantagens:
 Baixo rendimento de polpação;
 Alto custo de branqueamento;
 Investimento necessário para montagem das fábricas é relativamente alto;
 Odor dos gases produzidos.
A seguir são destacadas etapas relevantes do processo Kraft que determinam o
bom retorno e aproveitamento da celulose das árvores utilizadas.
7

I. Descascamento
Nas indústrias brasileiras há a etapa de descascamento para eliminar as cascas que
possuem um teor de fibras relativamente pequeno e afetam negativamente as propriedades
físicas do produto, portanto, a etapa de descascamento, é importante para reduzir a quantidade
de reagentes no processamento de madeira e facilitar a etapa de lavagem e peneiração.
Industrialmente há diferentes tipos de descascadores como: descascador a tambor,
descascador de bolsa, descascador de anel, descascador de corte, descascador hidráulico e o
descascador de faca.
O resíduo industrial, as cascas, constituem de 10 a 20% da madeira total processada,
podendo ser utilizado, como combustível para geração de vapor necessário ao processo.
As toras de madeira são colocadas no descascador que está em rotação. Com isso a
constante fricção contra a parede do descascador e as outras toras faz com que as cascas se
desprendam e sejam descartadas (IESA, 2018).

II. Picagem
O objetivo desta etapa é reduzir as toras à fragmentos, cujo tamanho facilite a
penetração do licor de cozimento, utilizados nos processos químicos. Adicionalmente, os
cavacos de madeira, constituem um material de fácil transporte (por correias ou
pneumaticamente).
Os tipos de picadores que se destacam são os picadores de disco com múltiplas facas
(mais utilizado) e os picadores de tambor.

III. Classificação
Após a picagem, os cavacos são classificados com o objetivo de separar os cavacos
com as dimensões padrões para o processamento (os aceites), dos cavacos
superdimensionados, que retornam ao picador e dos finos, que podem ser processados
separadamente, ou então queimados na caldeira.

IV. Cozimento
Os reatores, chamados digestores são carregados com os cavacos; adiciona-se o licor
branco de cozimento que contêm essencialmente sulfito de sódio e soda cáustica e liga-se ao
vapor de água. O licor branco cozinha em alta temperatura e pressão numa solução a 12,5%
de NaOH, Na2S e Na2CO3. O período de cozimento leva cerca de 3 horas. Esse licor causa a
8

dissolução da lignina, um polímero amorfo que confere firmeza e rigidez ao conjunto de fibras
da madeira.
A polpa depois da separação do licor de cozimento é lavada. O licor de cozimento
usado (licor negro ou lixívia negra) é bombeado para a estocagem para aguardar a recuperação
das substâncias dissolvidas mediante evaporação e, depois, a combustão da matéria orgânica
dissolvida nas fornalhas de recuperação para reutilização no processo (SHREVE & BRINK
Jr., 2008).

V. Depuração
Ao sair do reator a pasta de celulose ainda apresenta licor preto e fibras, impregnados
com lignina, por isso é submetida a uma lavagem com água quente, a fim de retirar tais
resquícios, e assim o licor preto é encaminhado para o processo de recuperação enquanto as
fibras são enviadas para o branqueamento. Outra vantagem da lavagem é que ela reduz o
consumo de alvejante utilizado no branqueamento. O licor de cozimento usado (licor negro ou
lixívia negra) é bombeado para a estocagem para aguardar a recuperação das substâncias
dissolvidas mediante evaporação) e, depois, a combustão da matéria orgânica dissolvida nas
fornalhas de recuperação para reutilização no processo (PIOTTO, 2003).
A polpa lavada passa para a sala das peneiras, onde atravessa grades, calhas de
sedimentação peneiras, que separam quaisquer lascas de madeira não cozida, após o que entra
nos filtros e espessadores.
Então é feita a deslignificação com oxigênio em meio alcalino, utilizando-se
normalmente licor branco oxidado como álcali. Ele contém hidróxido e tiossulfato de sódio
decorrente da oxidação do sulfeto presente no licor branco. Devido à baixa solubilidade do
oxigênio no licor, a deslignificação é feita em reatores pressurizados em temperaturas elevadas
(cerca de 100°C). Para preservar as propriedades da fibra é adicionado sulfato de magnésio.
São utilizados reatores de média (10 a 15%) e de alta (25 a 30%) consistência em estágio único
ou em dois estágios, visando aumentar a seletividade do processo.
A deslignificação com oxigênio, normalmente, é um estágio intermediário entre o
cozimento e a etapa de lavagem da polpa marrom. A lavagem em prensas é feita em contra-
corrente de modo que o filtrado possa ser recuperado O grau de deslignificação em estágio
único é cerca de 40-50% e pode atingir até 70% em estágio duplo (MJOBERG, 1999).
9

VI. Recuperação do Licor Negro


A etapa de recuperação do licor negro é uma das partes essenciais no processo "Kraft"
e tem como objetivos:
i) recuperação máxima dos compostos inorgânicos na forma de licor branco para ser
reutilizado no digestor
ii) geração de energia elétrica e vapor superaquecido para o processo, minimizando
seus custos.
A seguir veremos o processo que cuja concentração do licor negro nos evaporadores
de múltiplo efeito, a oxidação e a redução dos constituintes deste licor por meio da combustão
do mesmo na caldeira de recuperação e a caustificação e a obtenção do licor branco são as sub
etapas envolvidas nesta recuperação do licor negro (CARDOSO, 1998).
A seguir temos um fluxograma da Recuperação do licor negro resumido o processo em
três etapas:

Figura
Figura3-2.3
Fluxograma
- Fluxograma
da Recuperação
da Recuperação
do Licor
do Licor
Negro.
Negro.

Fonte: GUT (2016).

Primeira Etapa:

O primeiro passo da recuperação é tirar a água do licor negro. Para isso, ele é fervido
até evaporar toda a água e só sobrarem os sólidos.
O NaOH e o Na2S, desejáveis estão nesses sólidos, mas junto com eles está um monte
de matéria orgânica da madeira para atrapalhar. Então, os sólidos são todos queimados numa
caldeira. E o calor da combustão é usado para gerar energia para as outras partes da fábrica.
10

Ao queimar material orgânico, forma-se calor, gás carbônico (CO2) e água (H2O):

Matéria orgânica + oxigênio → CO2 + H2O + Calor (2)

O CO2 formado reage com a água, produzindo o ácido carbônico H2CO3:

CO2 + H2O ↔ H2CO3 (3)

Segunda Etapa:
Como o NaOH é uma base, ele reagirá com esse ácido para formar sal e água (é a reação
de neutralização):

H2CO3 + 2NaOH → Na2CO3 + 2 H2O (4)

Após toda matéria orgânica ser queimada na caldeira, sobraram os sais


Na2CO3 (carbonato de sódio) e Na2S sólidos.
É preciso, então, transformar o Na2CO3 em NaOH dissolvendo esses sólidos em água e
adicionando um ingrediente: a cal virgem, CaO. Quando o CaO se mistura com a água, forma
uma suspensão de hidróxido de cálcio, Ca(OH)2:

CaO + H2O→Ca(OH)2 (5)

E o hidróxido de cálcio transforma o carbonato de sódio em NaOH:

Na2CO3 + Ca(OH)2→2NaOH + CaCO3(S) (6)

Terceira Etapa:
O carbonato de cálcio (CaCO3) que foi formado é um sal insolúvel e precipita. O sal é
filtrado e temos uma solução de NaOH e Na2S, o licor branco! Antes de reutilizá-lo, é preciso
adicionar um pouco de NaOH e Na2S novos para acertar as concentrações. Finalmente, é
possível atingir o objetivo de obter o licor branco a partir do licor negro.
O CaCO3 que foi filtrado é queimado num forno para obter a cal virgem, CaO, que pode
ser reutilizada para transformar o Na2CO3 em NaOH, como mencionado (GUT, 2016).

CaCO3 → CaO + CO2 (7)


11

O licor preto gerado nas etapas anteriores pode, a partir de tratamentos químicos, voltar
na forma de licor branco para o cozimento de cavacos. Mas este resíduo antes de ir para a
caldeira de recuperação deve passa por evaporadores para que sua concentração possa ser
elevada, uma vez que baixas concentrações inviabilizam o processo de recuperação. Após a
passagem pelos evaporadores, a concentração que era cerca de 14% de sólidos passa a ser
acima de 80% de sólidos (COSTA, 2000).
Na caldeira de recuperação o licor preto concentrado é pulverizado através de bicos
injetores. As gotas formadas entram em contato com o ar de combustão, sofrendo o processo
de secagem e combustão, nessa etapa grande parte da água presente no licor é evaporada
(SOSA, 2007).
Na saída dos evaporadores o licor negro é mandado para a caldeira de recuperação para
ser usado como combustível pois é muito rico em material orgânico. Após a queima sobra
apenas a parte inorgânica que será enviada para o processo de caustificação, onde ocorre a
calcinação e é recuperada a soda cáustica.
O licor negro separado da polpa no lavador no lavador de polpa, ou difusor, contém de
95 a 98% do total de substâncias que entram no digestor. Os compostos orgânicos do enxofre
estão presentes em combinação com o sulfeto de sódio. O carbonato de sódio está presente,
assim como pequenas quantidades de sulfato de sódio, de cloreto de sódio, de sílica, além de
traços de cal, de óxido de ferro, de alumina e de hidróxido de potássio. Este licor negro é
concentrado queimado e sofre encalagem. No forno, decompõem-se quaisquer compostos
orgânicos remanescentes, o carvão é queimado e as substâncias inorgânicas são fundidas
(SHREVE E BRINK Jr., 2008).
O licor concentrado é incinerado na caldeira de recuperação. O fundido smelt é
dissolvido em licor branco fraco de modo a recuperar o enxofre e sódio. O licor verde
clarificado resultante consiste de carbonato e sulfeto de sódio.

VII. Branqueamento
Por último, para melhorar as propriedades da celulose industrial como alvura, limpeza
e pureza química, a polpa é branqueada em um processo que consiste em tratá-la com peróxido
de hidrogênio, dióxido de cloro, oxigênio e soda cáustica em cinco estágios diferentes, com
seus respectivos filtros lavadores. Após o branqueamento, a celulose é depurada novamente e
enviada para a secagem. Nesta operação a água é retirada da celulose, até que esta atinja o
ponto de equilíbrio com a umidade relativa do ambiente (90% de fibras e 10% de água).A
máquina de secagem é constituída de três elementos: mesa plana, prensas e uma máquina
12

secadora. Na parte final da máquina secadora fica a cortadeira, que reduz a folha contínua em
outras menores, de formato padrão, 67 x 92cm. Essas folhas formam os fardos com 250kg de
celulose, oito dos quais constituem uma unidade de carga (de 2t) para fins de transporte e
carregamento (PASSINATO, 2008).

2.2.2 Digestores

Figura 2.4 - Digestor da Indústria de Papel e Celulose.

Fonte: SUZANO (2014).

É relevante destacar os equipamentos mais importantes do processo de obtenção de


celulose nas indústrias brasileiras, os digestores ou cozinhadores, que são vasos de pressão
onde os cavacos de madeira são tratados com licor de cozimento de composição determinada,
à pressão e temperatura estabelecidas, visando à produção da pasta.
O digestor é o equipamento-chave da fábrica de papel e celulose e sua etapa de
cozimento pode variar de 30 minutos a mais de 3 horas podendo ser realizado na forma de
batelada ou sendo contínuo (MATOS, 2018).

I. Digestores Contínuos

O digestor contínuo é um reator tubular vertical no qual ocorrem reações de


deslignificação dos cavacos de madeira, em alta temperatura e pressão. Alimenta-se cavacos e
uma solução alcalina (licor branco de cozimento), cujos componentes ativos são o hidróxido
de sódio e o sulfeto de sódio (no processo Kraft). Os cavacos se movem em fluxo descendente,
13

sendo deslignificados gradativamente, saindo do equipamento em forma de polpa. No interior


do digestor coexistem as fases sólida, líquida e vapor e papel e celulose está ligada aos
fenômenos de transferência de calor e massa, bem como à evolução das reações químicas.
O cozimento pode ser divido em cinco etapas nos digestores contínuos: impregnação,
aquecimento, cozimento, lavagem e resfriamento.

Figura 2.5 - Digestor Contínuo.

Fonte: MATOS (2018).

1. Impregnação – promove a introdução do licor nos interstícios do cavaco,


melhorando a eficiência do cozimento.
2. Aquecimento – a temperatura é elevada através do sistema de circulação
forçada com o trocador de calor até que a temperatura de cozimento seja atingida.
3. Cozimento – reação exotérmica onde ocorre a deslignificação – variações:
tempo de cozimento, temperatura, sufidez do licor, químicos da madeira, concentração.
14

4. Lavagem – promove a retirada por lavagem e filtragem do licor negro.


5. Resfriamento – promove o desaquecimento da polpa e também ajusta a diluição
na saída do digestor.
Após cozidos, resfriado e diluídos, os cavacos são descarregados uniformemente pelo
fundo do digestor.
Para a medição de nível no digestor de forma contínua e de topo, por conta da
complexidade do processo em termos de alta temperatura e pressão, o uso dos equipamentos
convencionais de medição pontual por contato deixou de ser adequado para o controle do
processo.
A solução que grandes especialistas em instrumentação e processo encontraram foi o
uso de medidores radiométricos totalmente sem contato com o processo, sendo imunes às
interferências do mesmo (MATOS, 2018).
Figura 2.6 - Medidor Radiométrico de um Digestor.

Fonte: MATOS (2018).

A medição de nível no digestor de forma contínua é tão importante que os principais


players de fabricação de digestores já oferecem esses vasos com a solução de nível
incorporada.
15

Para controle da vazão de abastecimento do digestor, é necessário utilizar balanças nas


correias. Aplicações de balanças são extremamente complexas e requer altos investimentos de
mão de obra.
As variáveis como vibração, inclinação, sujeira, desalinhamento de roletes, desgaste da
correia e mudança no tensionamento da correia são alguns dos fatores que fazem essa operação
ser demasiadamente trabalhosa.
Idealmente, para driblar essas preocupações, utiliza-se a balança de tecnologia
radiométrica, pois ela não sofre variações na medição com nenhuma dessas interferências.
Esta solução já é utilizada por grandes indústrias do mercado de celulose, assim como
nas indústrias química, petroquímica, mineração e siderúrgica (MATOS, 2018).

II. Digestores Descontínuos

Nos digestores descontínuos, o cozimento é feito em bateladas, sendo dividido nas


seguintes etapas: alimentação com cavacos pela parte superior do digestor, alimentação com
licor, aquecimento, alívio de gases e descarga. No entanto, o aquecimento pode ser divido em
direto ou indireto. No digestor com aquecimento direto, o vapor é aplicado no fundo do
digestor, conforme a Figura 2.7.

Figura 2.7 - Digestor descontínuo de aquecimento direto.

Fonte: MORKFIENSKI (2005).


16

Já no digestor com aquecimento indireto, o cozimento consiste em retirar o licor do


digestor, por meio de uma bomba de circulação, aquecê-lo em um trocador de calor e devolver
o licor ao digestor.

Figura 2.8 - Digestor descontínuo de aquecimento indireto.

Fonte: MORKFIENSKI (2005).

É necessário realizar a homogeneização do sistema. Esta pode ocorrer com ou sem


circulação forçada. Com a circulação forçada o licor é retirado por sucção, normalmente pelo
ponto médio do digestor, e devolvido ao sistema pelo ponto superior e inferior do digestor. A
vantagem da circulação forçada é a uniformidade que esta proporciona ao produto e,
consequentemente, a qualidade.
17

Figura 2.9 - Digestor descontínuo com circulação forçada.

Fonte: MORKFIENSKI (2005).

No digestor sem a circulação forçada, a circulação do licor ocorre somente por


convecção natural.

Figura 2.10 - Digestor descontínuo sem circulação forçada.

Fonte: MORKFIENSKI (2005).


18

2.3 Processo de Fabricação do Papel

Logo após a chegada da celulose já pronta, os seus fardos são direcionados através de
uma esteira de alimentação a uma máquina que se assemelha a um grande liquidificador, de
forma cilíndrica e provida de grandes rotores giratórios ao fundo, conhecido como
Hidrapulper. Sua função é desagregar as folhas de celulose misturando-as à água e tornando o
conjunto em uma espécie de papa, cuja consistência assemelha-se à do leite.

I. Refinação
Nessa etapa, de modo a conseguir uma maior resistência do produto, é necessário
“abrir” e reorientar as fibras da celulose. Este movimento de abrir as fibras faz com que se
rompam as cadeias de polímeros originais, deixando-as abertas, e obrigando com que busquem
outras cadeias abertas para se unirem em ligações por pontes de hidrogênio. Desta maneira a
parede "danificada" de uma fibra irá se unir a outra, fechando a ligação, formando assim uma
rede de fibras com resistência mecânica suficiente para formar uma folha de papel. Essas
ligações, no entanto, são quebradas na presença de meio aquoso, ou seja, quando o papel é
exposto à água a ligação se quebra e o papel se desfaz. Papéis resistentes à umidade possuem
aditivos químicos que impedem a quebra dessas ligações. Para que isso ocorra, elas são
descascadas a fim de remover uma de suas camadas. As fibras também são desfiadas,
melhorando a flexibilidade e a aderência entre elas. O processo é feito em uma máquina
denominada refinador, composto de dois discos face a face que giram em sentidos opostos,
aplicando determinada tensão de cisalhamento à massa.
Tensão resultante de forças aplicadas, que causam ou têm a tendência para causar o
deslizamento de partes contíguas de um corpo, uma em relação à outra, em uma direção
paralela ao seu plano de contato.

II. Depuração
É um dos últimos processos antes da entrada na máquina de papel. Dá-se nos
depuradores e é semelhante ao processo de filtragem, retirando-se toda a sujeira, areia,
partículas metálicas, etc, ainda existentes na pasta. Mas não só a filtragem das partículas
indesejadas esse processo realiza; também há o peneiramento fino, onde fibras pequenas
demais que tendem a deixar o papel quebradiço são retiradas (essas pequenas fibras são
desprezadas junto com o efluente).
19

III. Aditivação
Dependendo do tipo de papel que se deseja obter, nesse processo são adicionados
componentes que podem ou não impermeabilizá-lo, conferir-lhe maior ou menor brancura,
opacidade ou resistência mecânica (YUJI, 2013).

2.3.1 Máquina de papel:

Caixa de Entrada
Aqui, a massa pronta é colocada em uma esteira em constante movimento. Nesta esteira
chamada de Tela Formadora, a espessura do papel é controlada pela quantidade de massa que
é aplicada nela a cada segundo. A massa jogada na esteira forma uma fina camada de 5% de
massa e 95% de água. E no meio da mesa plana, uma espécie de aspirador suga boa parte da
água da lâmina de celulose. Essa etapa do processo, também conhecida como formação da
folha, promove um entrelaçamento das fibras, dando resistência suficiente ao papel para que
ele possa sair da mesa plana e percorrer os vários cilindros que compõem o resto do processo.
Prensagem
Esse processo tem basicamente dois efeitos sobre o papel: primeiro, retira a água entre
as fibras e a aspiram. Segundo, aperta as fibras umas contra as outras, dando maior resistência
ao papel e diminuindo sua espessura.
Cilindro Aquecedor
O papel passa por cilindros aquecidos a vapor, como se estivessem sido passados a
ferro, retirando quase toda a água restante.
Rebobinamento
Por vezes essas grandes bobinas de papel (pesando toneladas) já se constituem no
produto final, mas usualmente a unidade produtiva também efetua seu rebobinamento em suas
próprias dependências, de modo a formar bobinas menores e facilitar o manuseio nas gráficas
ou nas eventuais máquinas especializadas (YUJI, 2013).

2.3 Impactos Ambientais da Indústria de Papel e Celulose Brasileira

As indústrias de papel e celulose brasileiras são fortes contribuidoras para impactar o


meio ambiente, seja pelos reflexos decorrentes da fase “agrícola”, em especial no que concerne
à substituição de amplas áreas de floresta nativa por uma floresta homogênea (eucalipto ou
pinus), seja pelo elevado consumo de água e utilização de produtos químicos.
É extremamente difícil avaliar-se o impacto global no meio ambiente causado pelos
resíduos das indústrias de papel e celulose. Deve-se ter em mente, porém, que nenhum poluente
20

age por si próprio, e sim como parte de um complexo constituído por outros agentes físicos ou
químicos, onde o efeito final é o resultado de muitos fatores atuando juntos. A natureza de tais
interações ainda não é totalmente conhecida, sendo que a primeira condição para prever-se o
impacto ambiental é conhecer como os resíduos se distribuem no sistema e similarmente ter um
conhecimento da distribuição após um determinado tempo. Além disso, é necessário conhecer
a taxa do metabolismo dos poluentes por microrganismos e animais. Os resíduos da fabricação
de celulose e papel contêm uma ampla variedade de compostos com diferentes pesos
moleculares e várias características e as espécies químicas que ocorrem nesta mistura complexa
não somente são indefinidas até o momento como também difíceis de definir devido a sua alta
reatividade, ou seja, a contínua transformação de compostos (CRUZ, 2017).

2.3.1 Emissões atmosféricas

O processo Kraft, em especial, é potencialmente danoso ao meio ambiente dada a


poluição atmosférica decorrente da emissão de dióxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio,
material particulado e compostos orgânicos tóxicos (cloro e sulfetos de hidrogênio), bem como
em razão da disposição inadequada e posterior lixiviação dos seus resíduos (QUINTIERE,
2012).
Além do uso intensivo da água o processo utiliza grandes quantidades de produtos
químicos para degradação da lignina e branqueamento da polpa que também gera emissões
atmosféricas poluidoras.
A recuperação de produtos químicos, vaporação, caldeiras (recuperação, biomassa e
auxiliares), forno de cal e secagem da polpa também proporcionam elevada quantidade de
emissões atmosféricas prejudiciais ao meio ambiente. A tabela a seguir, apresenta os principais
poluentes atmosféricos e suas respectivas fontes geradoras, na indústria de papel e celulose:

Tabela 2.1 - Poluentes atmosféricos gerados na produção de papel e celulose

PROCESSOS POLUENTES

Caldeiras de Recuperação MP, TRS, SO2, NO3

Caldeira de biomassa MP, SO2, NO3

Tanque de dissolução MP, TRS


21

Forno de cal MP, TRS, SO2, NO3

Branqueamento Cl2. ClO2

Fonte: adaptado de MIELLI (2003).

2.3.2 Resíduos sólidos

A indústria de papel e celulose também gera resíduos sólidos constituídos de alto teor
de matéria orgânica, sobre tudo, de fibras celulósicas. Os resíduos inorgânicos principais são
os dregs, grits e lama de cal do processo de recuperação. A Tabela 2.2 relaciona os resíduos
gerados em cada etapa de produção de celulose.

Tabela 1.2 - Resíduos gerados nas etapas de produção de celulose.

ETAPAS RESÍDUOS

Descascamento Casca suja

Picagem dos Cavacos Serragem

Cozimento Licor negro Dregs, Grits,

Lavagem Lodo orgânico

Branqueamento Lama de cal

Caldeira de Biomassa Cinzas

Fonte: MIRANDA (2008).

Esses resíduos podem ser transformados em produtos através de processos de


reciclagem práticos e econômicos e destinados à utilização em plantios e outros fins
Casca e serragem: A casca e a serragem, além do fornecimento de energia para a
própria fábrica, na queima da caldeira, são bastante usadas como compostagem. No caso da
serragem, pode ser também é usada na fabricação de briquetes.
Lodo primário: Proveniente do sistema primário do tratamento de efluentes. Possui em
geral, 50 a 60 % de material orgânico, principalmente fibras de celulose (MIELLI, 2007 apud
MIRANDA, 2008). O lodo primário pode ser usado na confecção de blocos de cerâmica
22

vermelha, pois, segundo estudos realizados, o uso do resíduo tem como vantagens, o
enriquecimento da massa argilosa por um plastificante e devido à presença de celulose,
contribui para a redução do consumo de combustível durante a etapa da queima. Quando
misturado à casca, pode ser aproveitado na compostagem.
Grits: Gerado na hidratação da cal da recuperação da lama de cal. É constituído areia,
pedregulho, calcário e outras impurezas que não reagiram, podendo possuir, também,
quantidades de CaO, Ca(OH), Na e CO. Usados para a estabilização química nas estradas
florestais.
Cinzas: é o resíduo inorgânico, produto da combustão de cavacos, cascas, etc. São ricas
em potássio, o que as confere um grande potencial para reutilização e aplicação no solo como
nutrientes para plantas (MIELLI, 2007).
Lama de cal e Dregs: A lama de cal, extraída da caustificação do licor verde e o dregs,
removido durante a clarificação do licor verde, podem ser usados como corretivos da acidez do
solo (ALMEIDA, 2007).

2.3.3 Poluentes líquidos


Os sólidos suspensos, presentes nos efluentes das indústrias de papel e celulose,
constituem-se principalmente de fibras ou partículas fibrosas. Esse material tende a sedimentar-
se em áreas vizinhas ao ponto de descarga, formando leito de fibras onde pode ocorrer uma
decomposição biológica com a consequente formação de gás metano.
Fibras finas em suspensão que não sedimentam causam no corpo receptor aumento de
turbidez da água e redução de sua transmitância à luz; sintomas de asfixiamento em peixes,
influência em seu crescimento e alteração de sua composição sanguínea, etc.
Uma considerável parte dos componentes da madeira dissolvidos na água é facilmente
biodegradável. Os teores de compostos facilmente biodegradáveis são mensurados através de
demanda bioquímica de oxigênio — DBO, que constitui na quantidade de oxigênio consumida
na oxidação bioquímica de matéria orgânica, em determinadas condições. Estes compostos são
nocivos porque ocorre a absorção do oxigênio contido nas águas receptoras e isso afeta as
espécies biológicas, porventura existentes, ocorrendo consequentemente um processo de
fermentação.
Os compostos de biodegradação lenta são constituídos principalmente de substâncias de
alto peso molecular (lignina e carboidrato), podendo sua presença ser estimada pela medida do
teor da demanda química de oxigênio — DQO, que representa a quantidade total de substâncias
oxidáveis presentes.
23

Tais compostos, geralmente, são coloridos e, portanto, influenciam a penetração de luz


na água e a qualidade da água potável. Aqueles que possuem uma tendência à absorção por
organismos vivos podem acumular-se e causar efeitos biológicos. Os efeitos tóxicos dos
efluentes de fábricas de celulose têm sido intensivamente estudados e as pesquisas sobre
toxidade dos efluentes das várias etapas de uma fábrica kraft mostram que o licor negro e depois
os condensados contêm os componentes mais tóxicos para os peixes.
Os estágios de cloração e alcalino na etapa de branqueamento frequentemente produzem
efluentes com substâncias tóxicas. Os efluentes das fábricas de celulose podem afetar, também,
o pH dos corpos receptores, podendo-se verificar que, geralmente, os altos valores (pH maior
que 9) como os baixos (pH menor que 5) influenciam a vida biológica e aumentam o efeito
tóxico dos efluentes. Sais inorgânicos dissolvidos normalmente não causam danos à vida
aquática, entretanto, sais contendo nitrogênio e fósforo atuam como fertilizantes nos receptores,
contribuindo para aumentar a velocidade de eutrofização (CRUZ, 2017).

2.4 Tratamento de efluentes

Mielli (2007) destaca que o tratamento de efluentes líquidos na fábrica de celulose é


composto por quatro etapas distintas com diferentes objetivos:
1) Tratamento preliminar: Seu objetivo é remover os sólidos grosseiros. Nas fábricas
integradas na produção de papel e celulose pelo processo kraft, São adotados dois
tipos de tratamento preliminar que são o resfriamento do efluente e remoção dos
sólidos grosseiros. Geralmente, o tratamento requerido nas fábricas, é o resfriamento
do efluente, pois, este pode chegar à estação com temperaturas superiores a 45°C, e
a temperatura ideal para o tratamento secundário biológico é de 35°C, devendo o
mesmo ser resfriado antes de entrar no reator biológico.
2) Tratamento primário: Seu objetivo é remover os sólidos em suspensão;
3) Tratamento secundário biológico: O objetivo é reduzir a DBO solúvel.
Os tipos de tratamentos secundários biológicos utilizados pelas Indústrias de Papel e
Celulose são:
 Lagoas de estabilização
 Lagoas aeradas
 Lodos ativados
 Filtros biológicos
24

4) Tratamento terciário: Faz remoções adicionais de poluentes em águas residuárias,


antes de sua descarga no corpo receptor; essa operação é também chamada de
“polimento”. Os processos de tratamento terciário em estudo compreendem:
 Filtração para remoção de DBO e DQO;
 Cloração ou ozonização para a remoção de bactérias;
 Absorção por carvão ativado;
 Processo da pasta de cal e outros processos de absorção química que remova a cor;
 Redução de espuma e de sólidos inorgânicos através da eletro diálise, da osmose reversa e
da troca iônica.
Dentre os segmentos industrias, a fabricação de papel e celulose destaque-se pelo grande
consumo de água, cuja média é da ordem de 15 a 270 m³ de água por tonelada produzida. Na
tabela abaixo apresenta-se as características típicas do efluente deste segmento.
Para correção do pH utiliza-se um tanque para equalização com mistura (mecânica ou
aerada) equipamentos e bombas de dosagem de soluções ácidas e alcalinas associadas a
sensores de pH instalados em campo ou em laboratório especifico da ETE. Já a remoção de
sólidos e matéria orgânica é efetuada por sistema biológicos aeróbios principalmente por lagoas
aeradas ou lodos ativados, não sendo recomendo o uso de sistema anaeróbios, pois o efluente
apresenta baixa carga orgânica e de difícil digestão, devido à presença de compostos como a
lignina.
Figura 2.11 - Lagoa aerada seguida de lagoa de sedimentação.

Fonte: MARTINS NETO (2014).

A lagoa aerada, consiste em geral em uma escavação no solo impermeabilizado através


do uso de membranas geotêxtis, a profundidade média é de 3,0 a 4,0 metros com sistema de
aeração mecânica ou difusa. Em geral tem-se optado pela aeração difusa devido às novas
tecnologias com maiores eficiência de transferência com baixo custo de consumo de energia.
O tempo de detenção hidráulico varia de 5 a 7 dias e a taxa de aplicação de carga orgânica
volumétrica é de 40 a 60 DBO g/m³.dia de acordo com o local da instalação.
25

Após a lagoa aerada é necessário uma lagoa de decantação, para que a biomassa e parte
dos sólidos sedimente para que o efluente possa sair clarificado. O sistema de lagoa apresenta
o benefício de baixa geração de lodo em conjunto com reduzidos custos operacionais, porém
requerem grandes espaços devido ao longo período de detenção hidráulico. A figura acima
ilustra o processo de lagoa aerada seguida de lagoa de sedimentação.
Já o sistema de lodo ativado possui um tanque de aeração com aeração superficial ou difusa
assim como a lagoa aerada, porém o tempo de detenção hidráulica é menor e pode variar de 8
a 24 horas, a carga orgânica volumétrica é maior e está compreendida na faixa de 1,0 a 3,0 kg
DBO/m³.dia.
Após o tanque de aeração existe o decantador final, que possui a mesma função da lagoa
de sedimentação, porém o grande diferencial operacional do sistema de lodo ativado é o retorno
da biomassa.
A manobra de recirculação do lodo do fundo do decantador secundário para o tanque de
aeração permite que as células permaneçam por mais tempo no sistema, 10 a 25 dias, desse
modo a operação emprega mais biomassa e assim o tempo necessário para oxidação biológica
da matéria orgânica será reduzido. A figura abaixo apresenta o fluxograma típico do sistema de
lodo ativado.

Figura 2.12 - Fluxograma do sistema lodo ativado.

Fonte: MARTINS NETO (2014).

Ainda especificamente no tratamento de efluente de indústria de papel e celulose, deve-se


adicionar alguns macronutrientes e micronutrientes ao efluente bruto antes do tratamento
biológico, pois em geral este é pobre em Nitrogênio e Fósforo (MARTINS NETO, 2014).
26

2.5 Competitividade entre as indústrias e mercado consumidor

Partindo com a excelente vantagem climática e levando em consideração que o eucalipto


leva em média 7 anos para crescer, enquanto que o pinus leva em média 15 a 20 anos, o Brasil
é uma dos maiores competidores mundiais de produção de celulose. As indústrias sempre
buscam árvores mais produtivas, com mais fibras e maior resistência às pragas, variações
climáticas e salinidade.
A produção de materiais derivados de madeira também apresenta avanços, buscando
oferecer alternativas mais leves e resistentes para diversos mercados, além de gerar matéria-
prima para futuras biorrefinarias e para a produção de nanocelulose (FAIRBANKS, 2017).
O custo de produção de celulose no Brasil é o mais baixo do mundo e as indústrias
brasileiras utilizam biotecnologia de engenharia genética que favorecem a produtividade
Brasileira de modo que produção de 1,5 milhão de tonelada de celulose no Brasil requer 140
mil hectares de madeira, enquanto que na Escandinávia são necessários 720 mil hectares e na
China 300 mil (IBÁ, 2018).
Nos Players mundiais o Brasil está no segundo lugar no ranking perdendo apenas para
os EUA. Até o ano de 2016 o Brasil ocupava a quarta posição e passou a frente da China e do
Canadá no Ranking, devido o início de operação da nova fábricada Klabin, no fim de 2017e
com a expansão da Fibria em Três Lagoas (MS).

Figura 2.1 - Principais produtores mundiais de celulose - mil toneladas.

Fonte: IBÁ, Bradesco (2016).

O aumento da importação chinesa teve uma alta colaboração no impulsionamento da


produção de celulose brasileira nos últimos anos, tais importações foram graças ao fato de a
27

China estar substituindo a produção local de celulose com alto impacto no meio ambiente por
matéria-prima mais sustentável e uma maneira de fazer isso é migrar da celulose que absorve
menos carbono para a matéria-prima brasileira uma vez que a genética arbórea brasileira produz
árvores mais capacitadas à absorção do carbono (SINPAPEL, 2016).
O setor de árvores plantadas encerrou 2017 com um superávit em sua balança comercial
de 7,5 bilhões de dólares, alta de 12,9 por cento ante 2016, apoiado principalmente nas
exportações de celulose conforme o levantamento da IBÁ (2017).
Os embarques da matéria-prima do papel geraram uma receita de 6,4 bilhões de dólares,
14 por cento maior na base anual, enquanto as exportações de papel somaram 1,9 bilhão de
dólares e as de painéis de madeira totalizaram 289 milhões de dólares (MELLO, 2018).
Manter essa posição não seria possível sem a adoção de novas ferramentas, mais
automatizadas e com forte apelo de redução de custos. O segmento vem adotando soluções de
vanguarda, no campo da automação e da tecnologia de informação, de forma progressiva.
Devido a produção conjunta de celulose e energia, o processo Kraft se estabeleceu como
dominante ao redor do mundo, porém é um processo altamente complexo, com várias unidades
internas e alta demanda de capital inicial e requer grandes extensões de terra para o plantio de
florestas capazes de suprir o empreendimento, com todos os custos logísticos disso decorrentes,
e em vantagem, o Brasil ainda tem bastante terra disponível, mas a Europa e o Japão não, além
do clima e variedades de árvores bem adaptadas, constituindo uma vantagem considerável
contra concorrentes.
O processo kraft admite o uso da lignina como combustível para caldeiras, aumentando
a geração de energia, que pode ser reforçada com a queima de resíduos florestais, óleos e outros.
As amplas áreas também podem receber painéis fotovoltaicos e torres eólicas, aumentando a
geração de energia para venda ao mercado. A incapacidade de aproveitar economicamente bem
a lignina sobrante acabou por inviabilizar o processo Organossolv, criado no Canadá, que usava
etanol como solvente.
Empresas, universidades e institutos de pesquisas estão desenvolvendo na Holanda o
processo Deep Eutetic Solvents (DES) como alternativa ao kraft om o objetivo de reduzir
emissões de gás carbônico em 80% e de aumentar em 50% o valor dos produtos obtidos.
O DES trata-se de um grupo de solventes de alto ponto de ebulição que são produzidos
pelas próprias árvores para manter líquida a seiva em seus vasos durante o ano todo. Esses
solventes são capazes de dissolver seletivamente a lignina, hemicelulose e celulose, de forma
rápida e eficiente, com baixo consumo de energia e bom aproveitamento de subprodutos. Os
28

insumos químicos consumidos nesse processo são baratos e recuperáveis (FAIRBANKS,


2017).

3 ESTUDO DE CASO: A ADAPTAÇÃO DA INDÚSTRIA DE PAPEL


E CELULOSE BRASILEIRA AOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS
As Indústrias de Papel e celulose no Brasil de fato possuem sua relevância e destaque
na economia nacional e vêm aumentando significativamente suas produções devido à forte
demanda e crescimento de consumo populacional que mesmo diante à mudança radical na vida
das pessoas devido ao boom de tecnologia expandindo o uso de celulares, livros online e mais
utilização de meios digitais, a indústria supera suas metas de produção a cada ano como
mostrado no gráfico abaixo:

Figura 3.1 - Produção Brasileira de Papel e Celulose.

Fonte: IBÁ (2016).

Como maior produtora de celulose de fibra curta que produz papéis menos resistentes e
pouca produção de fibra longa, que nesse quadro contemporâneo está sendo mais usada devido
à sua utilização na confecção de muitas embalagens, as indústrias brasileiras precisam se
adaptar e para um bom desempenho industrial e mais econômico, é necessário buscar novas
tecnologias e meios cada vez mais sustentáveis que agrega custo benefícios para as Indústrias.
As maiores indústrias brasileiras de papel e celulose como a Klabin e a Suzano, utilizam
de estratégias de inovações por meio de pesquisas e sustentabilidade, usufruindo do meio
ambiente de forma consciente e responsável para garantir a perenidade das regiões.
Recentemente as indústrias brasileiras também têm se destacado em biotecnologia,
nanotecnologia e melhoramento de controle e automação que é crucial para otimizar os
29

processos produtivos, tornando-os mais eficientes e seguros, além de garantir um produto final
de melhor qualidade.

3.1 Biotecnologia na indústria de papel e celulose

A produção de papel e celulose atual se utiliza da biotecnologia principalmente na


substituição de produtos químicos utilizados na produção por enzimas que melhoram a
qualidade do produto final.
Durante o processo de produção, como o Kraft mencionado neste trabalho, a madeira é
reduzida a uma espécie de pasta, na qual são adicionados produtos químicos para a extração
dos seus subprodutos (a hemicelulose e a lignina), para que então ocorra a liberação da celulose
da madeira.
A adição de alguns desses produtos químicos é prejudicial ao meio ambiente, e então a
biotecnologia fornece enzimas, que substituem esses produtos e extraem a celulose de forma
menos nociva.
As enzimas mais utilizadas nesse processo são as xilanases (que ajudam no
branqueamento da pasta, de onde será extraído o produto), as lípases (que diminuem a goma
liberada pela madeira) e as pectinases (que ajudam a tratar a água proveniente desse processo
industrial) (NOVOZAYMES, 2018).
A Suzano possui uma subsidiária integral no ramo de biotecnologia chamada FuturaGene, que
trabalha no desenvolvimento genético de culturas florestais e biocombustíveis. A FuturaGene, é pioneira
em pesquisa e desenvolvimento genético de plantas para os mercados globais do setor florestal, de
bioenergia e de biocombustíveis.
Com centros de pesquisa no Brasil, China e Israel, a empresa desenvolve tecnologia sustentável
para atender à crescente demanda por culturas produtoras de fibra, combustível e energia, em um cenário
de redução da disponibilidade de terras e de recursos hídricos.
A tecnologia em desenvolvimento pela FuturaGene enfoca duas plataformas principais:
aumento de produtividade durante o crescimento da planta e melhor capacidade de processamento após
a colheita; e proteção de cultivos para defendê-los de ameaças causadas por mudanças climáticas e
diminuição de recursos naturais, além de possibilitar o uso de áreas marginais (SUZANO, 2017).
A indústria brasileira Klabin tem investido em biotecnologia para entender melhor a
utilização de catalisadores biológicos como um recurso para reduzir o consumo de energia no
refino de celulose para a fabricação de papel (KLABIN, 2017).
As empresas hoje contam também com a clonagem de eucalipto, principalmente de
eucaliptos tropicais, que são aqueles plantados nas áreas mais quentes do país. Há um vasto
30

conhecimento sobre isso, em termos de propagação de plantas, silvicultura clonal, e há avanços


em pesquisas para levar esses ganhos dos eucaliptos em climas subtropicais, plantados nas áreas
mais frias do Brasil, onde ocorrem geadas durante o inverno.
A clonagem de eucaliptos também é fundamental para a a economia das indústrias, uma vez
que utilizando troncos heterogêneos a indústria tem mais gasto, porque precisa oscilar intensidade da
caldeira e quantidade de agentes químicos, já que as fibras são diferentes e isso resulta na perda de parte
do material. Nas toras clonadas isso não existe, já que a medida de cada etapa do processo de
industrialização da celulose é constante (BERNARDO, 2009).
A tecnologia de clonagem de mudas foi totalmente desenvolvida no Brasil por pesquisas
realizadas entre as empresas, a Embrapa e universidades, como exemplo de um ramo de pesquisa e
inovação, temos a Clonar Resistência a Doenças Florestais que é uma empresa inovadora, vinculada à
incubadora de empresas de base tecnológica da Universidade Federal de Viçosa (UFV) que desenvolve
clones produtivos e resistentes a doenças para atender os diversos setores da cadeia produtiva florestal
a ser disponibilizada para o mercado florestal.

3.2 Nanocelulose

Figura 2- Gel de nanocelulose.

Fonte: Jornal da USP (2018).

Em Busca diversificação no portfólio de produtos, a indústria que mais tem investido em


pesquisas na área de nanotecnologia é a de papel e celulose. Um exemplo de pesquisa brasileira ocorre
na Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP, no Laboratório de Biocatálise e Bioprodutos onde
estão sendo pesquisados novas rotas de obtenção e aplicação destas nanopartículas a partir de fibras
celulose.
A partir da celulose é possível obter dois tipos de nanopartículas: a celulose nanocristalina e a
nanofibrilada. A celulose nanofibrilada fica disposta em feixes paralelos organizados “como macarrões
espaguete na embalagem”, enquanto a celulose cristalina (ou nanocristais) com aspecto de minúsculos
bastonetes cristalinos “se assemelha a agulhas ou grãos de arroz, porém com espessura cerca de 200 mil
31

vezes menor”, exemplifica o coordenador do grupo de pesquisa, o professor Valdeir Arantes


(COLOMBO, 2018).
Os nanomateriais celulósicos têm propriedades fotônicas e piezelétricas únicas e fornecem alta
resistência e alta rigidez com baixo peso. As aplicações potenciais desses nanomateriais incluem o uso
em componentes estruturais, materiais de construção e compósitos, papel e embalagens de alta
resistência e componentes eletrônicos biodegradáveis. Esses atributos atraíram o interesse do
Departamento de Defesa para uso em armadura leve e vidro balístico, bem como empresas dos setores
automotivo, aeroespacial, produtos de consumo, eletrônicos e dispositivos médicos. Todos vêem um
enorme potencial econômico para esses materiais inovadores derivados da madeira.
Os materiais de nanofibrila de celulose (CNF) são produzidos usando meios mecânicos, na
verdade, uma versão altamente refinada de ser “quebrada em pedaços”. Os CNFs também são
conhecidos como celulose nanofibrilada. O outro tipo principal de nanomateriais celulósicos os
nanocristais de celulose (CNC), são estruturas em forma de bastão ou em forma de bigode, produzidas
por meios químicos, como a hidrólise ácida (SPARTZ, 2012).
Na Universidade Federal do Paraná ((UFPR) a nanocelulose também foi estudada e
recentemente suas pesquisas mostraram resultados utilizando a nanotecnologia para potencializar
propriedades físicas e químicas que agregam maior valor à celulose para desenvolver uma membrana
para uso na recuperação da pele queimada.
Os resultados mostraram que, por não ter porosidade, a membrana é adequada para aplicações
como barreira e a característica de translucidez favorece o acompanhamento da cicatrização sem a
necessidade de retirada do curativo para avaliação da ferida. Outra vantagem é o custo de produção, que
poderá ser até mil vezes menor que o de curativos disponíveis no mercado. A tecnologia ainda passará
por testes clínicos e deverá ser disponibilizada ao público dentro de quatro anos (CLARO, 2017).
O custo de produção de até mil vezes menor do que os curativos produzidos no marcado se
baseia em cálculos que levaram em conta o uso da celulose branqueada oriunda da indústria de papel e
celulose. Assim é crucial o surgimento de indústrias para produzir nanocelulose em uma escala maior,
provavelmente será mais vantajoso comprar o gel de nanocelulose produzido por elas e suprimir uma
etapa do processo. Mesmo se a empresa produtora de curativos quiser verticalizar a produção, ainda
assim será possível ter um preço competitivo.
A nanocelulose, portanto é uma inovação muito bem qualificada e com investimento em
pesquisas promissor o método de fabricação seria vantajoso em ser adotado pelas indústrias de papel e
celulose brasileiras altamente competitivas e inovadoras.
32

3.2 Controle e automação nas indústrias de papel e celulose

Quanto maior o nível de automação industrial, maior a capacidade de a empresa adotar a


conectividade para gestão e controle do processo produtivo. No caso da indústria de papel e celulose
não há robôs gigantes, como nas montadoras de automóveis, mas há uma grande necessidade de
controle de processos, de forma a reduzir o custo operacional e se tornar competitivo dentro deste
mercado.
Não só as grandes indústrias brasileiras de papel e celulose, mas espalhadas em todo o território
nacional e tradicionalmente familiares, as pequenas fábricas também procuraram na automação o meio
de aumentar a produção e melhorar a qualidade.
Desde a década de 1990, com o desenvolvimento e a consolidação do mercado de papel e
celulose no Brasil, as melhorias do controle e automação nas indústrias foram medidas diretas para
garantir o sucesso das produções. Helder Alves Batista, engenheiro da Yokogawa, frisa que a automação
confere maior estabilidade ao processo, considerando-se suas diversas variáveis. Segundo ele, esse é
um dos principais fatores que levam as equipes de operação a atingir a excelência operacional. Além
disso, com os diversos dispositivos e sensores monitorando o processo, a operação fica muito mais
segura, o que influencia diretamente no custo de produção (MARTIN, 2014).
Como destaque para enfatizar a eficiência do controle e automação nas indústrias, pode-se citar
as etapas de branqueamento que nas décadas de 1970 e 1980 apresentava uma média de sete
etapas, mas hoje se limita a quatro devido ao avanço tecnológico dos equipamentos e periféricos
de controle de processo.
Como resultado da automatização podemos citar dentre vários avanços eficazes, a
compactação das salas elétricas, com a otimização do espaço disponível e a evolução dos
componentes, a caustificação com filtros mais compactos em relação aos antigos clarificadores
e deslignificação por oxigênio e os novos paradigmas de polpação que garantiram melhor
qualidade da polpa e redução do consumo de químicos no processo, de modo a se alcançarem
melhores parâmetros relacionados ao meio ambiente (MARTIN, 2014).

3.2.1 Ferramentas de Controle utilizadas nas indústrias de papel e celulose

Com a evolução da eletrônica industrial, os equipamentos evoluíram de pneumáticos


para microprocessadores, o que permitiu sua monitoração por meio de softwares inteligentes,
com autodiagnostico, contribuindo para a manutenção e diminuindo o tempo de reparo dos
equipamentos.
33

A automação trouxe todos os dados de monitoramento para uma tela de computador,


evitando perda de tempo com deslocamento e verificação local, entre outras necessidades. Além
do monitoramento centralizado, a manutenção ganhou sistemas de alarme, gráficos de
desempenho, histórico de falhas, tempo de operação de equipamentos e outras informações que
geram o dinamismo e a eficiência na manutenção. Considera-se o monitoramento assim
realizado como a chave mestre que fez a manutenção passar de corretiva para preditiva e
preventiva
Os mecanismos de gestão nas indústrias de papel e celulose, são compostos pelo Sistema
Digital de Controle Distribuído (SDCD) e os Controladores Lógicos Programáveis (CLP) que
mantêm todas as unidades produtivas sob uma mesma gestão.
O SDCD tem a principal função de controlar de processos para otimizar a produtividade
industrial. Utiliza técnicas de processamento digital com o objetivo de proporcionar fácil
manutenção no processo da planta da indústria. Oferece IHM que permite o interfaceamento
com CLP´s, controladores PID, equipamentos de comunicação digital e sistemas em rede.
Os sistemas de informação das indústrias permitem que todos os dados históricos de
produção e desempenho sejam constantemente analisados e atualizados. Por fim, são as
ferramentas de planejamento de recursos empresariais que conectam a comercialização às
linhas de produção. Todas as fases, da produção até o enfardamento, se mantêm integradas e
automatizadas (MARTIN, 2014).

3.3 Sustentabilidade

Os avanços das indústrias estão voltados para o melhoramento das atividades em prol da
sustentabilidade como forma de proteção ao ambiente e ao mesmo tempo economizando matéria prima
na própria produção.
É preciso reutilizar produtos e descartar o mínimo possível ao ambiente de forma que os gastos
com processo de reutilização seja um investimento.
Começando pelas matrizes energéticas, as indústrias brasileiras buscam a utilização de
combustíveis renováveis e para isso podem implantar novas caldeiras de biomassa que possibilita a
implantação desses recursos.
A troca por novos equipamentos que consomem menos energia, também é uma pratica eficaz
para ter uma matriz energética sustentável.
A consolidação de sistemas elétricos nas indústrias de papel e celulose que possuem alta
demanda de energia também é fundamental para que a indústria poupe gastos com compras externas de
energia e obtenha mais lucros.
34

É possível fazer um controle das emissões atmosféricas controladas por meio de Equipamentos
de controle de emissões atmosféricas como os precipitadores eletrostáticos, ciclones e scrubbers.
 Precipitadores eletrostáticos: São equipamentos de carregam as partículas do gás
com cargas elétricas negativas, que são atraídas através de eletrodos de placa,
carregados positivamente. São equipamentos muito eficientes, atingindo remoções acima
de 99% do material particulado presente no gás. Porém, são também, são demaior custo de
operação e instalação. São usados geralmente na caldeiras debiomassa, caldeiras de
recuperação e forno de cal.
 Ciclones: Equipamentos que utilizam a força centrífuga para separar as partículas
maiores e mais pesadas do gás. Comparados aos precipitadores eletrostáticos, sua
eficiência é relativamente baixa, mas seu custo é bastante inferior. Utilizados
normalmente em caldeiras de biomassa.
 Scrubbers ou lavadores de gás: Utilizam o princípio de separação dos ciclones
adicionados à lavagem dos gases usando dispersores de água. Dentre os diversos
tipos de lavadores de gás, os mais usados nos tanques de dissolução de fundidos e
caldeiras de biomassa, são os lavadores Venturini e ciclones múltiplos. A eficiência
de remoção desses equipamentos, pode ser até de 98% (MIELLI, 2007 apud
MIRANDA, 2008).
Na Unidade Suzano (São Paulo) houve uma redução de 67% na geração de gases do tipo NOx,
devido a melhorias na tecnologia eletrônica de controle dos queimadores das caldeiras de recuperação
(SUZANO, 2016).
Os resíduos sólidos também necessitam de cuidados responsáveis, uma alternativa eficaz que
vem sendo adotada é a implementação de sistemas para queimar 100% do lodo primário, gerado na
estação de tratamento de efluentes, na caldeira de biomassa. Esse material, composto principalmente
por fibras oriundas do processo, possui poder calorífico suficiente para ser utilizado como combustível
alternativo.
Para a sustentabilidade dos recursos hídricos, são necessários tratamentos dos efluentes líquidos
altamente tóxicos por meio das ETEs e forma moderna para que diminuía ainda mais a carga orgânica
despejada nos rios que prejudicam o ecossistema já que as IPCs vêm enfrentando diversos desafios para
cumprir, as normas ambientais mais rigorosas dentre eles a implementação de tecnologias inovadoras
de tratamento de efluentes que possibilitem o lançamento de efluente com melhor qualidade no corpo
receptor e, principalmente, a sua reutilização e/ou reciclagem dentro do processo produtivo, diminuindo,
desta forma a captação de águas superficiais e a geração de efluentes.
35

A tecnologia de biorreator de membranas (BRM) é uma das opções potenciais para o tratamento
de efluentes de indústrias de papel e celulose. Isto devido as suas elevadas capacidades de remover
ampla variedade de compostos orgânicos e tóxicos, proporcionando efluente final com excepcional
qualidade para reuso, a partir de instalações de tratamento mais compactas, automatizadas, modulares
e, atualmente, com custo competitivo em relação aos demais sistemas convencionais de tratamento
(NEVES et al., 2011).
E por último e como destaque relevante para a sustentabilidade, ressaltamos a produção do papel
reciclado que diminui a poluição ambiente e economiza metade da energia, podendo-se chegar a 80%
de economia quando se comparam papéis reciclados simples com papéis virgens feitos com pasta de
refinador. As indústrias de reciclagem podem funcionar com mínimos impactos ambientais, pois a fase
crítica de produção de celulose já foi feita anteriormente, entretanto, indústrias brasileiras de reciclagem,
sendo de pequeno porte e competindo com grandes indústrias, às vezes subsidiadas, não fazem muitos
investimentos em controle ambiental (RICCHINI, 2017). Portanto, seria interessante as grandes
indústrias que não o fazem, anexarem o setor de reciclagem como forma complementar, sendo
fornecedoras também de papel reciclado gerando mais lucros e empregos.

4 CONCLUSÃO
Ao longo desse trabalho, verificou-se a clara importância das Indústrias de Papel e
celulose brasileiras para a economia do país sendo um meio altamente promissor para várias
áreas e para a atuação do engenheiro químico no processo.
O setor de papel e celulose, sendo altamente dependente do meio ambiente, precisa
sempre promover novas técnicas e reutilizar o máximo da matéria prima como forma de garantir
as mesmas boas condições no futuro mantendo boas Estações de Tratamento de Efluentes, bem
como equipamentos eficientes para remoção das emissões atmosféricas altamente prejudiciais
e investimento no setor de reciclagem nas grandes indústrias.
A biotectologia e a nanocelulose representam uma alternativa de investimento eficaz
para a adaptação das indústrias de papel e celulose que, por serem mais produtoras de fibra
curta do que longa, podem enfrentar um quadro crítico de produção no futuro, uma vez que
com a era da digitalização os papéis para escrever ficarão cada vez menos necessários. Assim
com essas alternativas as Indústrias podem passar a produzir não só papel e celulose, mas
sustentar os outros setores com a incorporação eficiente da nanocelulose em matrizes
poliméricas que poderão ser utilizadas para embalagens alimentícias, componentes plásticos
36

automobilísticos, ou embalagens em geral que é o setor em constante crescimento em


decorrência da expansão do comércio eletrônico.
O setor de controle e automação também representa uma forte campo de competição
das indústrias com sistemas digitais de controle, que aparecem associados aos sistemas de
informação e de gestão de negócios economizando tempo de produção que é um dos ativos
mais preciosos para as indústrias atuais.
O Brasil intensificando mais suas pesquisas tecnológicas a longo prazo com mais
participação das universidades do país desenvolverá ainda mais sua tecnologia própria, e
manterá seu destaque em relação a outros lugares do mundo.
Com todos os itens abordados no trabalho, é possível concluir então, que o setor de
papel e celulose é um bem precioso para o Brasil que possui retornos em investimentos, de tal
modo que está interligado a várias áreas que fornecem oportunidade de empregos e alta
circulação de capital.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, H.C. Composição química de um resíduo alcalino da indústria de papel e


celulose (DREGS), 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422007000700032>.
Acesso em 11 ago. 2018.

BERNARDO, Rodrigo. Clonagem do eucalipto: a primeira experiência do Brasil foi feita


em Aracruz, 2009. Disponível em:
<http://www.folhalitoral.com.br/site/?p=noticias_ver&id=224>. Acesso em 27 nov. 2018.

BORDINI, Luís Mário. Um Brasil melhor, para um serto ainda melhor, 2018. Disponível
em: <https://www.abtcp.org.br/publicacoes/publicacoes/noticias/260-um-brasil-melhor-para-
um-setor-ainda-melhor>. Acesso em: 23 nov. 2018.

CARDOSO, M. Análise da unidade de recuperação do licor negro de eucalipto no processo


“Kraft”, avaliando alternativas de processamento. Tese (Doutorado) – Faculdade de
Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas, 1998.

CLARO, Francine Ceccon. Elaboração e Caracterização de Filmes a Partir de Nanofibras


de Celulose Vegetal. Dissertação (Dissertação em Engenharia e Ciência dos Materiais) –
37

Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais - PIPE. Setor de


Tecnologia, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

COLOMBO, Simone. Jornal da USP. Com propriedades exclusivas, nanocelulose


revoluciona materiais. Disponível em: <https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-exatas-e-da-
terra/com-propriedades-exclusivas-nanocelulose-revoluciona-materiais/>. Acesso em 25 nov.
2018.

COSTA, A. O. S. Alternativas para o controle de um sistema de evaporadores de múltiplo

efeito. 164p. Tese (mestrado em Ciências em Engenharia Química). Universidade Federal do


Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2000.

CRUZ FILHO, Paulo Bastos. Controle ambiental em fábricas de papel e celulose, 2017.
Disponível em: <https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/download/2157/1088>. Acesso
em 7 nov. 2018.

FAIRBANKS, MARCELO. Celulose & Papel: Competitividade setorial pede reforço ao


desenvolvimento de tecnologias inovadoras, 2017. Disponível em:
<https://www.quimica.com.br/celulose-papel-competitividade-setorial-pede-reforco-ao
desenvolvimento-de-tecnologias-inovadoras/2/>. Acesso em 15 nov. 2018.

FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. Celulose; Brasil Escola. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/quimica/celulose.htm>. Acesso em: 18 set. 2018.

GUT, Jorge Andrey W. Como o Papel é Feito?, 2016. Disponível em:


<http://www.riaeduca.org/papel-parte-1>. Acesso em 20 out. 2018.

IBÁ, Indústria de Árvores Brasileiras. Papel e Celulose, 2018. DEPEC – Departamento de


Pesquisas e Estudos Econômicos. Disponível em:
<https://www.economiaemdia.com.br/.../infset_papel_e_celulose.pdf>. Acesso em 20
ago. 2018.

IESA, Fábrica de Descascador de Madeira para ANDRITZ /KLABIN. Disponível em:


<http://www.iesa.com.br/site/noticias/descascadormadeira.htm>. Acesso em 15 jul. 2018.

KLABIN, 2018 Disponível em: <https://www.klabin.com.br/pt/home/>. Acesso em: 20 jun.


2018.
38

MARTINS NETO, Henrique. Revista TAE. Tratamento de efluentes na indústria de papel e


celulose, 2014. Disponível em: <http://www.revistatae.com.br/7197-
noticias?fb_comment_id=1380304105357292_1608604142527286>. Acesso em 20 nov. 2018.

MATOS, Elrian. Medição de Nível no Digestor na Indústria de Papel e Celulose, 2018.


Disponível em: <https://instrumentacaoecontrole.com.br/medicao-de-nivel-no-digestor-na-
industria-de-papel-e-celulose/> Acesso em: 13 set. 2018.

MELLO, Gabriela. Produção de celulose no Brasil cresce 3,8% em 2017 e atinge volume
recorde, diz Ibá, 2018. Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/economia/producao-
de-celulose-no-brasil-cresce-38-em-2017-atinge-volume-recorde-diz-iba-22348998.html>.
Acesso em 22 Ago. 2018.

MIELI, João Carlos de Almeida. Sistema de Avaliação Ambiental na Industria de celulose


e Papel. Tese (Mestrado em Engenharia Química). Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2007. Disponível em:
<http://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/618/texto%20completo.pdf?sequence=
1&isAllowed=y>. Acesso em: 5 nov. 2018.

MINE, E.Y. et al. Produção Industrial de Celulose e Papel, 2013. Disponível em:
<https://www.ebah.com.br/content/ABAAAgoWYAK/celulose-papel>. Acesso em: 20 jun.
2018.

MIRANDA. R. E. S. Impactos Ambientais Decorrentes dos Resíduos Gerados na Produção


de Papel e Celulose. Monografia (Monografia em Engenharia Florestal) – Faculdade e
Engenharia Florestal, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica,RJ. 2008.

MJOBERG, J. Environmental Technology in Pulp and Paper Industries (material


apresentado no curso promovido pela SIDA-Swedish International Development Cooperation
Agency). Markaryd. Sweden, 1999.

MORKFIENSKI. A, Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel. 2005.

NEVES, Ludmila Carvalho et al. Biorreator de membrana: alternativa para o tratamento


de efluente de indústrias de papel e celulose, 2011. Disponível em
<https://www.tratamentodeagua.com.br/artigo/biorreator-de-membrana-alternativa-para-o-
tratamento-de-efluente-de-industrias-de-papel-e-celulose/>. Acesso em 20 nov. 2018.
39

NOVOZAYMES, Biotecnologia na indústria de papel e celulose, 2016. Disponível em: <


http://www.bioblog.com.br/biotecnologia-na-industria-de-papel-e-celulose/>. Acesso em 20
out. 2018.

PASSINATO, Profª Cristiana de Barcellos. Processo de Produção de Celulose. Disponível


em: <http://crispassinato.wordpress.com/2008/07/19/processo-de-producao-de-celulose/>.
Acesso em: 15 out. 2018.

PIOTTO, Zeila Chittolina. Eco-eficiência na Indústria de Celulose e Papel - Estudo de Caso.


Tese (Doutorado) – Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária, Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2003.

QUINTIERE, Marcelo. Impactos Ambientais – A Indústria de Papel e Celulose. Disponível


em: <https://blogdoquintiere.wordpress.com/2012/11/13/impactos-ambientais-a-industria-de-
papel-e-celulose/ l-e-celulose/>. Acesso em: 27 out. 2018.

RICCHINI, Ricardo. Reciclagem industrial de papel, 2017. Disponível em:


<http://www.setorreciclagem.com.br/reciclagem-de-papel/reciclagem-industrial-de-papel/>.
Acesso em: 25 nov. 2018.

SHREVE, R. N.; BRINK Jr., A., J. Indústria de processos químicos. Editora Guanabara
Koogan S.A, Rio de Janeiro - RJ, 2008.

SOSA, I. R. H. Sistemas multiagentes para controle inteligente da caldeira de


recuperação. 168 p. Tese (Mestrado em Engenharia) - Universidade de São Paulo, São Paulo.
2007.

SILVA, Erica; Júlia Brandão e Mirna Mesquita. Histórico - Surgimento e Evolução do Setor,
2016. Disponível em:
<http://economiaindustrialpapelecelulose.blogspot.com/2016/04/1.html>. Acesso em 22 jun.
2018.

SINPAPEL, Sindicato das indústrias de celulose, papel e papelão no estado de Minas Gerais.
Brasil será o 2º maior produtor do mundo. Disponível em: <
http://www.sinpapel.com.br/noticias/nacionais/brasil-sera-o-2o-maior-produtor-do-mundo>
Acesso em 22 ago. 2018.
40

SPARTZ, James. T. Forest Products Laboratory Office of Communication. The Nanocellulose


Pilot Plant – A “Game Changer” in the News. Disponível em: <
https://www.fpl.fs.fed.us/labnotes/?p=213>. Acesso em 12 nov. 2018.

SUZANO, 2018. Disponível em: <http://www.suzano.com.br/negocios-e-


produtos/biotecnologia/>. Acesso em 24 maio. 2018.

Y, M. Erick. et al. Produção Industrial de Celulose e Papel , 2013. Disponível em: <
https://www.ebah.com.br/content/ABAAAgoWYAK/celulose-papel>. Acesso em 20 jul. 2018.

Você também pode gostar