... Estrategia Competitiva - Porter
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Maturidade e desafios da Engenharia de Produo: competitividade das empresas, condies de trabalho, meio ambiente.
AS ESTRATGIAS COMPETITIVAS
GENRICAS DE PORTER E O NOVO
PARADIGMA DA CUSTOMIZAO EM
MASSA
Rogrio Royer (FURG)
rogroyer@ufrgs.br
1. Introduo
O conceito de estratgia tem sido algo muito discutido na literatura. Na verdade, no existe
uma nica definio universalmente aceita que responda a pergunta: O que estratgia?.
Alguns autores incluem, por exemplo, metas e objetivos como parte da estratgia, enquanto
outros fazem uma firme distino entre eles. Conforme Quinn, Estratgia o padro ou
plano que integra as principais metas, polticas e seqncia de aes de uma organizao em
um todo coerente. Uma estratgia bem-formulada ajuda a ordenar e alocar os recursos de
uma organizao para uma postura singular e vivel, com base em suas competncias e
deficincias internas relativas, mudanas no ambiente antecipadas e providncias
contingentes realizadas por oponentes inteligentes (MINTZBERG e QUINN, 2001). Entre
os diversos autores que se dedicam ao tema da Estratgia, Michael Porter vem merecendo
grande aceitabilidade, tanto no meio acadmico quanto no meio empresarial. Em 1980, com
base em resultados dos estudos de pesquisas sobre a organizao industrial, Michael Porter,
Phd de Harvard, publicou o modelo das cinco foras competitivas, que se tornou um novo
paradigma terico. Mais tarde, j na dcada de oitenta, vrios trabalhos empricos
comprovaram que o modelo no se aplicava a todas as situaes e nem explicava todos os
fenmenos a que se propunha (GHEMAWAT, 2002).
Ao mesmo tempo, j na dcada de setenta, passava pela reviso o conceito de que a empresa
tinha de oferecer a seus clientes os preos mais baixos. Comeava-se a analisar a
possibilidade de segmentao do mercado em nichos e estabelecimento de diferentes
categorias de preos, atrelados a pacotes de benefcios diferenciados, reconhecidos e pagos
pelo cliente. O livro Estratgias competitivas do Michael Porter, publicado em 1985, veio a
expor a base terica, destacando a segmentao bsica em estratgias competitivas baseadas
em custos ou diferenciao, alm de evidenciar a idia da cadeia de valor (GHEMAWAT,
2002). Para Porter a vantagem competitiva podia se encontrar em cada um dos processos
corporativos, baseada tanto em gesto estratgica de custos como em alternativas de
diferenciao.
Num outro sentido, a crescente competitividade nos negcios tem gerado um ambiente aonde
empresas buscam obter retornos acima da mdia e clientes buscam satisfazer suas
necessidades a custos cada vez menores. Esta demanda fora as empresas a investirem em
tecnologia e flexibilidade, assim como em novos processos de produo, para que com isso
possam fornecer ao mercado produtos e servios que sejam diferenciados dos concorrentes e,
num mesmo momento, produtos que apresentem custos inferiores. Desta forma, empresas so
foradas a adotarem novas estratgias que desafiam o conjunto de estratgias genricas
estabelecidas por Porter (2005). No conjunto de estratgias genricas estabelecidas por Porter,
este contempla as estratgias de (1) liderana em custo, (2) diferenciao e (3) enfoque. A
discusso sobre as estratgias competitivas genricas de Porter tem aumentado, j que estas
representam um importante paradigma na literatura sobre estratgia, estabelecendo o dilema
existente entre custos e diferenciao. Um grande nmero de autores tem se posicionado com
relao s estratgias competitivas genricas, gerando assim crticas e sugestes proposta de
Porter que estabelece a escolha de uma nica posio estratgica pela empresa (trade-offs).
Desta forma, o dilema entre custos versus diferenciao de relevncia e importncia para o
estabelecimento da estratgia competitiva pelas empresas no atual momento, justificando-se
assim a busca de uma estratgia que contemple o meio-termo entre custos e diferenciao.
O objetivo deste trabalho apresentar uma reviso terica e crtica sobre as estratgias
competitivas genricas propostas por Michael Porter (2005), assim como apresentar a
estratgia da Customizao em Massa (CM) como uma estratgia competitiva que contempla
o meio-termo do paradigma Porteriano.
2. Os Conceitos Centrais da Estratgia Competitiva de Porter
Conforme Porter (2005) a estratgia competitiva visa a estabelecer uma posio lucrativa e
sustentvel contra as foras que determinam a concorrncia na indstria. Desta forma, duas
questes centrais baseiam a escolha da estratgia competitiva: (i) a atratividade das indstrias
(ramos industriais) em termos de rentabilidade em longo prazo, e os fatores que determinam
esta atratividade; e (ii) os determinantes da posio competitiva dentro de uma indstria.
Nenhuma destas duas questes suficiente por si s para orientar a escolha da estratgia
competitiva. As indstrias tornam-se mais ou menos atrativas no decorrer do tempo, e assim a
posio competitiva reflete uma batalha interminvel que existe entre os concorrentes. Desta
forma, a estratgia competitiva no s responde ao meio ambiente, mas tambm tenta modelar
este meio ambiente em favor de uma empresa.
O primeiro determinante fundamental da rentabilidade de uma empresa a atratividade da
indstria. A estratgia competitiva deve surgir de uma compreenso sofisticada das regras da
concorrncia que determinam a atratividade de uma indstria. A meta final da estratgia
competitiva ser a de (i) lidar com estas regras e (ii) modific-las (quando interessante) em
favor da empresa. Conforme Porter (2005), as regras de concorrncia esto englobadas em
cinco foras competitivas que so consideradas essenciais: (1) Entrada de novos concorrentes,
(2) Ameaa de substitutos, (3) Poder de negociao dos compradores, (4) Poder de
negociao dos fornecedores e (5) Rivalidade entre os concorrentes existentes. A Figura 1 traz
de forma esquematizada a atuao das cinco foras competitivas.
Entrantes Potenciais
Poder de
Negociao
dos
Fornecedores
Fornecedores
Ameaa de Novos
Poder de
Entrantes
Negociao
Concorrentes na indstria
dos
Compradores
Rivalidade entre Empresas
existentes
Compradores
Ameaa de Servios ou
Produtos Substitutos
Substitutos
Figura 1: As cinco foras competitivas que determinam a rentabilidade da indstria (PORTER, 1990)
O vigor coletivo destas cinco foras competitivas determina a habilidade de empresas em uma
indstria para obter (em mdia) taxas de retorno sobre o investimento superiores ao custo de
capital. O vigor das cinco foras ir variar de indstria para indstria. Como exemplos tm-se:
(a) indstrias aonde as cinco foras so favorveis (como farmacutica e de refrigerantes)
muitos concorrentes obtm retornos atrativos, e (b) indstrias onde a presso de uma ou mais
foras intensa (como da borracha e siderrgica) e poucas empresas comandam retornos
atrativos, apesar dos melhores esforos da gerencia. Alguns exemplos de como cada uma das
cinco foras determinam a rentabilidade da indstria, so mostrados na Tabela 1.
A metodologia das cinco foras permite que uma empresa perceba a complexidade e aponte
os fatores crticos para a concorrncia em sua indstria, bem como permite que ela identifique
as inovaes estratgicas que melhorariam da melhor forma a rentabilidade da indstria.
Desta forma, a metodologia visa a levantar as possibilidades da descoberta de uma inovao
estratgica aconselhvel.
Fora
Competitiva
Determinao
do Poder do
Fornecedor
Determinao
do Poder do
Comprador
Fora
Competitiva
O que influencia
Diferenciao de insumos
Custo de mudana dos fornecedores e das
empresas na indstria
Presena de insumos substitutos
Concentrao de fornecedores
Importncia do volume para o fornecedor
Custo relativo a compras totais na
indstria
Impacto dos insumos sobre custo ou
diferenciao
Ameaa de integrao para frente em
relao ameaa de integrao para trs
pelas empresas na indstria
Alavancagem de Negociao
Concentrao de compradores versus
concentrao de empresas
Volume do comprador
Custos de mudana do comprador em
relao aos custos de mudana da empresa
Informao do comprador
Possibilidade de integrao para trs
Produtos substitutos
Pull
Sensibilidade ao Preo
Preo / Compras totais
Diferena dos produtos
Identidade de marca
Impacto sobre Qualidade / Desempenha
Lucros do comprador
Incentivos dos tomadores de deciso
Barreiras de
Novos
Entrantes
O que influencia
Determinantes
da Ameaa de
Substituio
Determinao
da Rivalidade
Economia de escala
Diferenas de produtos patenteados
Identidade de marca
Custos de mudana
Exigncia de capital
Acesso distribuio
Vantagens de custo absoluto
Curva de aprendizagem
Acesso a insumos necessrios
Projeto de produtos de baixo custo
Poltica governamental
Retaliao esperada
Desempenho do preo relativo dos
substitutos
Custo de mudana
Propenso do comprador a substituir
Crescimento da Indstria
Custos fixos (ou de armazenamento) /
valor adicionado
Excesso de capacidade crnica
Diferena de produtos
Identidade de marca
Custos de mudana
Concentrao e equilbrio
Complexidade informacional
Diversidade de concorrentes
Interesses empresariais
Barreiras de sada
Tabela 1: Como cada fora competitiva influencia na rentabilidade da indstria (adaptado de PORTER, 1990)
ESCOPO
COMPETITIVO
Meta Ampla
VANTAGEM COMPETITIVA
Custo mais baixo
Diferenciao
1 Liderana de
2 - Diferenciao
Custos
Meta Restrita
3A Enfoque no
Custo
3B Enfoque na
Diferenciao
Liderana em custo total: Nesta estratgia procura-se atingir o menor custo possvel atravs
da utilizao de polticas e processos que orientem a empresa para suas atividades fins. Neste
tipo de estratgia necessrio que a empresa possua uma grande capacidade instalada para
poder atender a elevadas demandas, o que proporcionar economias de escala e reduo de
custo em virtude da experincia adquirida. Apesar de considerar que atributos de qualidade e
atendimento ao cliente sejam importantes, o foco desta estratgia ser o custo baixo para que
desta forma se possa conquistar clientes sensveis ao preo. Mesmo que a existncia e a ao
das foras competitivas influenciem a rentabilidade da empresa, a liderana no custo total
permitir que esta obtenha retornos acima da mdia, protegendo assim a empresa dos
competidores, uma vez que os custos mais baixos possibilitam o lucro mesmo quando os
concorrentes j os tenham consumido (PORTER, 2005).
Diferenciao: Esta estratgia procura diferenciar a oferta da empresa das ofertas dos
concorrentes atravs da criao de um diferencial competitivo, que pode ocorrer sob as
formas de marcas e atendimento personalizado, dentre outras dimenses. Esta estratgia no
considera grandes volumes e preo baixo. Ao contrrio, a estratgia de diferenciao busca
atender um nmero menor de clientes de uma forma mais personalizada, o que inviabiliza a
conquista de grande participao de mercado. Desta forma, a empresa cria barreiras de
entrada aos concorrentes em virtude da lealdade obtida dos consumidores. Alm disso, o
poder de barganha dos compradores diminui medida que os mesmos so menos sensveis ao
preo e tambm por causa da escassez de alternativas que atendam s suas necessidades de
forma satisfatria. Mesmo no ignorando a questo relativa ao preo baixo, a estratgia de
diferenciao busca obter retornos acima da mdia, como modo de defender sua posio na
indstria perante as foras competitivas (PORTER, 2005).
Enfoque: Aqui se busca centrar as foras em um grupo especfico de compradores, ou em
uma determinada rea geogrfica, e assim, o enfoque podero ocorrer de diversas formas.
Geralmente as estratgias de custo baixo e diferenciao so aplicadas com uma ampla
abrangncia do setor. Entretanto, a estratgia de enfoque procura atender a um alvo especfico
com alta eficincia e, para que se atinja este objetivo, todos os processos so definidos em
conformidade com este tipo de estratgia. Isto ocorre porque, nesta estratgia, a empresa
entende que possvel atender com maior preciso as necessidades de um pblico-alvo mais
especfico do que procurar atender s necessidades da indstria como um todo. Desta formas,
como nas estratgias de liderana no custo total e diferenciao, a utilizao adequada do
enfoque tambm ir proporcionar retornos acima da mdia, pois a empresa poder atingir uma
posio de baixo custo ou de diferenciao, ou ambas (PORTER, 2005).
Estas trs formas estratgicas so formas alternativas para que as empresas se defendam das
foras competitivas que modelam o ambiente de negcio. A busca de uma posio
intermediria entendida pelo mercado como indefinio da empresa com relao ao seu
posicionamento estratgico, o que traz mais problemas do que solues. Desta forma a
empresa no possui escala suficiente para conquistar grande participao de mercado e assim
usufruir os benefcios das vantagens de baixo custo. Da mesma forma, a empresa no
consegue fazer uma oferta diferenciada ao mercado, o que dificulta a conquista da lealdade
dos consumidores e pode gerar vrias inconsistncias. Alm disso, a indefinio estratgica
reduz a rentabilidade da empresa e compromete as possibilidades de sucesso.
Uma empresa que fica no meio-termo est em uma situao estratgica extremamente
pobre (PORTER, 2005);
A execuo bem-sucedida de cada estratgia genrica requer recursos diferentes,
diferentes virtudes, disposies organizacionais e estilo administrativo... Raramente uma
empresa est ajustada para todas as trs estratgias (PORTER, 1996: p.56);
Porter acredita que mais de uma coisa implica, necessariamente, em menos de outra,
sendo necessrio desta forma que a empresa tenha um posicionamento bem definido com
relao s opes estratgicas de custo ou diferenciao. Hill (1988) afirma que Porter falha
em dois importantes aspectos ao dizer que uma empresa deve escolher uma das estratgias
competitivas genricas, ou caso no o faa, ficar no meio termo:
O primeiro aspecto refere-se diferenciao, j que esta pode ser um meio para a empresa
atingir uma posio de liderana no custo total.
O segundo aspecto mostra que h vrias situaes em que para estabelecer vantagem
competitiva sustentvel, preciso buscar ambas as estratgias (liderana em custo e
diferenciao).
empresa a superar o concorrente que utilizasse somente uma estratgia. Neste sentido, Brown
et al. (2005) afirmam que na competitividade atual, custos, qualidade, rapidez, assim como
outras caractersticas existentes no so mais trade-offs, mas, em vez disso, uma combinao
para se alcanar os objetivos estratgicos. Alguns trabalhos desenvolvidos na literatura
observam que vrias empresas de sucesso so explicadas de acordo com as estratgias
genricas estabelecidas por Porter (2005), porm h outras empresas que conseguiram sucesso
no mercado utilizando-se de estratgias alternativas as enunciadas por Porter. Como exemplo
se apresenta o caso da Companhia Siderrgica Nacional, que superou o trade-off estabelecido
por Porter e combinou liderana em custo e diferenciao (RIBEIRO et al., 2004).
Apesar destes casos de sucesso, Porter manteve muitas de suas convices com relao s
estratgias genricas. Em seu artigo de 1996, Porter usou com freqncia a palavra escolha de
estratgia e escolher estratgia (PORTER, 1996). Em determinado ponto do artigo, Porter
defendeu novamente suas trs estratgias genricas atravs do seguinte comentrio: esta
estrutura introduziu a necessidade de escolher para evitar ser apanhado entre aquilo que
descrevi como as contradies inerentes de estratgias diferentes. Conforme Mintzberg,
Ahlstrand e Lampel (2000), Porter levanta muitas coisas certas em seu artigo, mas o que ele
sugere estaria sendo algo bastante restrito, pois em seu artigo Porter recolhe-se escola do
posicionamento, desprezando ou ignorando outros pontos de vista que seriam importantes.
4. A Estratgia da Customizao em Massa
Conforme Wheelwright (1989) observa, a estratgia no uma vantagem por ela mesma, mas
a abordagem ou meio pelo qual uma organizao busca desenvolver competncias distintas
que atendero s vantagens competitivas desejadas. Wheelwright (1984) afirma que
importante que as organizaes adotem uma estratgia de produo, assim como so adotadas
estratgias para outros setores, como marketing e finanas. Skinner (1969) afirma que as
organizaes tm a necessidade de desenvolver uma vantagem competitiva (qualidade,
rapidez, confiabilidade, flexibilidade, custo); e como no possvel ser o melhor em tudo,
preciso esclarecer prioridades para todos os envolvidos. Hill (1994) salienta a importncia de
que estas prioridades sejam compreendidas e alinhadas entre todas as funes da organizao,
j que o alinhamento destas funes da empresa com as necessidades do mercado iro afetar
diretamente o seu crescimento e o seu lucro.
Desta forma, a Estratgia da CM se apresenta como uma estratgia da organizao que ter
implicaes considerveis na produo, porm devendo a mesma estar disseminada em todos
os setores da organizao, para que com isto a organizao possa adquirir a vantagem
competitiva desejada. A customizao em massa (CM) uma estratgia de produo que visa
trazer as necessidades dos clientes para dentro dos processos produtivos, aumentando, assim,
a competitividade das empresas (Davis, 1989). No limite, um produto customizado em massa
atende em grande parte s demandas individuais dos clientes; entre outras palavras, so
plenamente atendidas as opes de escolha oferecidas aos clientes. Nesse sentido, a CM
difere-se dos sistemas flexveis tradicionais, onde se tenta atender s necessidades individuais
dos clientes oferecendo uma grande variedade de produtos (Westbrook e Williamson, 1993).
A individualizao de bens ou servios num sistema de CM caracterizada pelo nmero de
opes de escolha oferecidas aos clientes. A escolha do nvel de customizao a ser praticado
em um dado item determina o grau de dificuldade na implantao do sistema de CM. Parece
lgico que, com o aumento do nmero de opes oferecidas ao cliente, experimente-se uma
maior demanda por tecnologias avanadas de manufatura e troca de informaes dentro da
organizao. Assim, uma etapa inicial importante para a CM de um bem ou servio consiste
nem todos os tipos de organizaes se adaptam a esse novo sistema. O grau de adaptao
medido pelos fatores acima, bem como pela complexidade de seus produtos e processos, e
pelas caractersticas do mercado onde atuam. Apesar de receber crescente ateno na
literatura especializada, a CM ainda um conceito novo e pouco desenvolvido. Os aspectos
conceituais da CM, seus objetivos e justificativas parecem suficientemente claros, como
apresentado acima. No entanto, no campo estratgico, a CM parece ser uma forma incoerente
de relacionar e conciliar os aspectos ligados a diferenciao sem que com isso haja um
aumento considervel no custo dos produtos e servios oferecidos. Na prxima seo so
estabelecidas algumas relaes entre a estratgia de CM e as estratgias genricas.
5. A Estratgia da CM confrontada com as Estratgias Genricas de Porter
Nos ltimos anos, uma quantidade considervel de publicaes tem sido elaborada com o
intuito de colaborar e esclarecer alguns pontos pertinentes estratgia de CM. Apesar da
quantidade considervel de trabalhos publicados, no h uma abordagem que apresente de
forma clara e abrangente as condies e etapas necessrias para a implementao desta
estratgia. Nesta seo apresentada a perspectiva da postergao da manufatura como
habilitador da CM. Entende-se por postergao o adiamento de um estgio, no caso, o estgio
analisado estaria diretamente ligado a CM do produto. Assim, o processo de CM estaria
diretamente dependente de uma estratgia ligada cadeia interna da empresa. Desta forma,
conforme o nvel de postergao adotado pela empresa, esta teria um nvel de CM maior ou
menor, e conseqentemente, teria que adaptar a cadeia de suprimentos ao seu nvel de CM.
Lampel e Mintzberg (1996) propuseram trs diferentes estratgias de CM entre dois extremos:
padronizao pura e customizao pura. Na representao dos autores, o nvel de
customizao aumenta com a progressiva individualizao da cadeia de valor; comeando na
venda, continuando na distribuio, na montagem, na fabricao at o desenvolvimento de
produtos (Figura 3). Posteriormente, num framework apresentado por Yang, Burns &
Backhouse (2004); o contnuo de estratgias de CM foi mais detalhado, apresentando-se neste
novo modelo a possibilidade de individualizao do produto em mais duas partes da cadeia de
valor: compras e embalagem.
Padronizao
Pura
Padronizao
Segmentada
Padronizao
Customizada
Customizao
Sob Medida
Customizao
Pura
Design
Design
Design
Design
Design
Fabricao
Fabricao
Fabricao
Fabricao
Fabricao
Montagem
Montagem
Montagem
Montagem
Montagem
Distribuio
Distribuio
Distribuio
Distribuio
Distribuio
Customizao em Massa
Padronizao
Customizao
Atravs da estrutura proposta por Yang, Burns e Backhouse (2004) na Figura 4, podem-se
elaborar algumas correlaes entre as estratgias genricas de Porter (2005) e a estratgia da
CM. Conforme Porter (2005), a empresa deveria optar entre a liderana em custo e a
diferenciao para que com isso no fique em desvantagem com relao s concorrentes.
Analisando-se a Figura 4, observam-se que as estratgias extremas da estrutura proposta por
Yang, Burns e Backhouse (2004) contemplam as estratgias genricas propostas por Porter
(1990 e 1991). Na estratgia da Produo em Massa (Produto padronizado) contempla-se a
estratgia de liderana em custo proposta por Porter (2005), j que a produo de um
produto padronizado ocorre geralmente em elevadas demandas o que permitir economias de
escala e reduo de custos por parte da empresa. O baixo custo ir conquistar clientes
sensveis a preo. Na estratgia de Produo por encomenda (Produto personalizado)
contempla-se a estratgia da diferenciao proposta por Porter (2005), pois a personalizao
de um produto resulta numa maior lealdade dos consumidores (j que a empresa atende as
suas expectativas) e respectivamente num maior poder de barganha da empresa para que esta
possa obter retornos acima da mdia do mercado.
10
Estgio em qual
se inicia a CM
11
Custo
Produo em
Massa
Customizao
em Massa
Customizao
Pura
Fabricado por
Previso
Carregamento
por Pedido
Embalagem / Rotulagem
por Pedido
Manufatura/
Montagem Final
por Pedido
Fabricado
por Pedido
Matria Prima
Comprada
por Pedido
Projetado
por Pedido
Nenhum
(Produto Padronizado)
Alto
No existe
No Existe
Alto
Distribuio
Embalagem
Montagem
Fabricao
Compras
Projeto
(Produto customizado)
Tabela 2: Correlaes existentes entre os nveis de postergao relacionados com as diferentes Estratgias de
CM e as Estratgias Genricas de Porter
H limites para o processo de produo em massa gerado pela estabilidade dos insumos.
Os custos dos insumos deveriam continuar decrescendo para manter o sistema se autoreforando; porm, devido ao declnio da produtividade relativa e absoluta nos anos 70, a
capacidade do processo de produo em massa em diminuir os custos reais ficou limitada.
As mudanas de necessidades e desejos dos consumidores transformam os mercados
homogneos em mercados heterogneos", tendncia esta que tem se acelerado.
Os nveis estveis de demanda foram afetados por diversos fatores:
Os mercados so imprevisveis, inviabilizando as empresas a trabalharem com altos
volumes de produo e a custos baixos. O que um dia foi mercado de vendedores
passou a ser mercado de compradores.
As novas tecnologias aplicadas aos produtos afetam demandas existentes. O
surgimento de novos produtos pode influenciar a demanda de produtos antigos j
estabelecidos.
As novas tecnologias aplicadas aos processos tambm afetam as demandas existentes.
Como exemplo, temos os sistemas de fabricao flexveis e as tcnicas de fabricao
integradas por computadores que tornaram mais economicamente viveis a fabricao
de uma variedade maior de produtos em pequenas quantidades.
Com o surgimento destes fatores, ocorreu a quebra do sistema de trabalho normal das
empresas que seguiam o paradigma da produo em massa, ocasionando a perda da eficincia,
estabilidade e controle. A partir da falncia do paradigma da produo em massa, foi
elaborado um outro, o da CM. Conforme Pine II (1994), os nove princpios que definem o
paradigma da CM so os seguintes:
1) A demanda por produtos individuais ficou instvel, fazendo que nos mercados onde
existissem demanda por produtos padronizados houvesse uma fragmentao em diferentes
nichos de produtos.
12
13
por Porter, fornecendo novos subsdios para a formulao estratgica dentro da forte
competitividade da atualidade. Percebe-se tambm que, para uma empresa ocupar uma
posio intermediria entre a dualidade custos versus diferenciao, esta dever estar
consciente das exigncias que sero requeridas da organizao, podendo muitas vezes ser
mais adequado esta continuar posicionada em um dos dois extremos existentes (liderana em
custo ou diferenciao).
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