Russia Hoje 6
Russia Hoje 6
Russia Hoje 6
70 anos
da Vitria
na Grande Guerra
Patritica de 1941-1945
da Rssia no Brasil
Publicao da Embaixada
2015 #6
Dia da Vitria
Festejo com
Lgrimas
nos Olhos
Ashot Galoyan, Embaixador da Armnia no Brasil
Leonid Krupets, Embaixador da Belarus no Brasil
Bakytzhan Ordabayev, Embaixador do Cazaquisto no Brasil
Sergey Akopov, Embaixador da Rssia no Brasil
Pases que fazem parte da Unio Econmica Euroasitica (UEEA),
formada em 1 de janeiro de 2015
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Mulheres fugindo do bombardeio alemo em Grushki, Kiev, Ucrnia (Foto de K. Lishko, 23 de junho de 1941, Agncia Internacional de Notcias da Rssia)
Temos a obrigao de
transmitir aos nossos
descendentes esse esprito
do nosso parentesco
histrico, de nsias
compartilhadas e
esperanas comuns.
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Enfermeira-chefe do centro cirrgico da fortaleza de Brests, Praskovja Leontievna Tkachev, com as esposas e filhos de comandantes do Exrcito Vermelho, cercada por soldados alemes. (1941)
Na pgina seguinte, sargento sovitico com rdio comunicador RB-M durante combate em Berlim (Foto de Anatoly Arkhipov, 1945)
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A Rssia tem realizado muitas atividades em home
nagem aos heris da guerra. Sua popularidade na socie
dade russa mostra que a vitria tem um valor imperecvel
para os russos.
Prova disso a campanha Fita de So Jorge, na qual
fitas simblicas com as cores das condecoraes militares
do Imprio Russo e da URSS so distribudas entre cidados
do pas. A ao dedicada ao Dia da Vitria na Grande
Guerra Patritica e se realiza anualmente desde 2005.
Segundo os idealizadores da iniciativa, seu objetivo
fazer com que as novas geraes no se esqueam do
preo pago por nosso povo pela vitria na mais terrvel
Estudantes da 3 escola do distrito de Kuibyshev, Leningrado, prepararam bolsas de presente
para os soldados. No primeiro plano, Galya Simonov. (Foto de Boris Utkin, outubro de 1943) guerra do sculo passado. A ao tem os seguintes
slogans: A vitria do meu av a minha vitria!, Eu me
exagero dizer que, nesse sentido, o Exrcito sovitico lembro e me orgulho de vocs!, Somos herdeiros da
era um exrcito de voluntrios. Grande Vitria!, Agradeo a meu vov a Vitria!.
O adjetivo grande simboliza o papel desempenhado Em seis anos de existncia da ao, foram distri
pela Unio Sovitica na luta contra a Alemanha nazista. budos mais de 50 milhes de fitas em todo o mundo. De
Em 3 de julho de 1941, pelo rdio, Stalin disse: fato, a campanha envolve todos os pases onde existem
O objetivo dessa guerra nacional contra os opres comunidades russfonas. Segundo inquritos opinio
sores fascistas no apenas repelir o perigo que assombra pblica, 73% dos russos so favorveis iniciativa. Os
nosso pas mas tambm ajudar todos os povos europeus lderes do pas tambm usam as fitas.
que gemem sob o jugo do fascismo alemo.
A misso foi cumprida. Embora a vitria fosse resultado
dos esforos de muitos pases, a principal contribuio para
a derrota da Alemanha foi dada pela Unio Sovitica, que
destruiu as principais foras do exrcito alemo. Mais de
74% das perdas em homens e material (10 milhes dos
13,4 milhes de efetivos) foram sofridas pela Wehrmacht
nos combates contra o Exrcito Vermelho.
No perodo entre 1941 e 1945, o Exrcito Vermelho
derrotou e capturou 607 divises inimigas, enquanto
a aliana anglo-americana, cerca de 176. O Terceiro
Reich sofreu na frente sovitica perdas em pessoal seis
vezes superiores s baixas totais sofridas nos teatros
de operaes militares na Europa e no Mediterrneo.
Naturalmente, os russos se orgulham da vitria nessa
guerra e no tm a menor inteno de encarar a Grande
Guerra Patritica como apenas uma das frentes da
Segunda Guerra Mundial.
A guerra do povo sovitico contra os invasores
nazistas durou 1.418 dias.
A URSS perdeu cerca de 20 milhes a 40 milhes de
pessoas durante a guerra.
Cerca de 50 milhes de pessoas morreram na
Segunda Guerra Mundial.
A Batalha de Stalingrado durou 200 dias.
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O encontro dos aliados no rio Elba. Soldados soviticos em Torgau (Alemanha).
Abril de 1945. (Foto dos arquivos privados de Jack Connon)
Virada
quistado quase toda a Europa, este foi um golpe devastador, do qual ela no
conseguiu se recuperar, diz o perito do Instituto de Histria Geral da Acade-
mia das Cincias da Rssia Mikhail Miagkov.
Foi precisamente aqui que se deu a virada moral na guerra. No s por-
que os alemes concentraram ali as suas unidades principais e Hitler dava uma
enorme importncia poltica a essa cidade, mas tambm porque o exrcito
sovitico sentiu que o inimigo poderia ser vencido.
A contraofensiva foi precedida de meses de duros combates. As tropas
do Terceiro Reich avanaram em meados de julho em direo a Stalingrado
e estavam convencidas de que at agosto a cidade cairia, abrindo-lhes o
caminho para as reas petrolferas do Cucaso. Mas elas esbarraram na incr-
vel resistncia por parte dos defensores da cidade, que lutavam at morte
e no defenderam apenas a cidade, mas salvaram a Europa e todo o mundo
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Equipe de assalto alem sobre as runas de uma fbrica em Stalingrado (1942)
Soldados do Exrcito Vermelho comemoram na rea dos combatentes cados, a vitria na Batalha de Stalingrado (Foto de George Zelma, janeiro de 1943)
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Estamos todos
mortos aqui
Citaes extradas dos jornais Kommersant e Moskovskie Nvosti
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Prisioneiros de guerra soviticos marcham em Stalingrado
26 de setembro. Depois de tomarmos o silo, os russos retirada foi terrvel e o comandante est gravemente
continuaram lutando de forma dura. Eles no podem ferido. Agora no temos nenhum oficial. (De uma carta
ser vistos, esto escondidos em prdios e pores, dispa- do suboficial George Krieger)
rando de seus abrigos em todas as direes e usando
a ttica de bandidos. Os russos pararam de se render. 1 de dezembro. O tempo est ruim e os avies com
Se conseguimos fazer um prisioneiro, s porque ele alimentos no conseguem chegar. Mesmo assim, con-
mortalmente ferido e incapaz de se mover. Stalingrado tinuo acreditando que tomaremos Stalingrado. Se con-
est um inferno. Aqueles que ficaram feridos tm sorte, seguirmos ficar aqui at maro, a situao vai melhorar.
pois eles iro para casa comemorar a vitria em famlia... (De uma carta de um soldado alemo)
(Do dirio do soldado alemo William Hoffman)
Ele chegou e disse: Bem, adeus, pouco provvel que
Lembro-me de meus companheiros dizendona Frana: continuemos vivos...Ele me abraou, mas no me bei-
Bem, agora vamos Rssia, vamos provar ali a carne de jou. No ocasio para nos beijarmos, mas para nos
urso, eles tm de tudo ali! Eles pensavam que iramos despedirmos dessa maneira. (Das memrias de Maria
continuar na Rssia com o mesmo sucesso de nossa Fustova, operadora de rdio)
campanha na Frana. Foi um verdadeiro choque ver
como as coisas aconteceram. (Das memrias do soldado
de artilharia Heinz Hoon)
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Sete motivos para
a vitria sovitica
na batalha de Stalingrado
Por Ksnia Burmenko, Gazeta Russa
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4 Tanto os comandantes soviticos quanto
os alemes cometeram erros estratgicos, porm
ambos tiveram as suas conquistas. A maior falha
dos soviticos consistiu na disposio de uma
grande parte do exrcito nacional na regio que
d acesso cidade de Moscou, no esperando
nenhum ataque do inimigo na direo sudoeste.
Hitler no deveria ter separado o grupo Sul do seu
exrcito em dois conjuntos, A e B, com o objetivo
de conquistar simultaneamente a regio do rio
Volga, que servia como o principal caminho para
o transporte de petrleo e alimentos para a parte
central da Rssia, e as regies produtores de petr-
leo do Cucaso. Portanto, a Batalha de Stalingrado
possua uma ligao estratgica com a luta pelo
Cucaso sovitica. A separao das tropas nazistas
impossibilitou os alemes de conquistar o pri-
meiro e o segundo objetivos, deixando a Cucaso lana-minas, 1.400 lanadores de foguetes ml-
e Stalingrado livres do domnio do Hitler. tiplos Katiucha e outros equipamentos.
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Tanque pesado sovitico KV-85
inertes conexes do Exrcito sovitico. Porm, no aprovou a iniciativa e logo os construtores foram ins-
segundo dia da guerra, ao meio da confusa retirada trudos a largarem os projetos dos tanques SMK e T-100
macia das tropas soviticas, o tanque russo Klement de vrias torretas. Ele teria menos poder de fogo, mas
Voroshilov, deslocando-se de sua unidade, se interps possuiria uma blindagem muito mais espessa. O pro-
no caminho de toda a Diviso Blindada Norte do Exr- jeto resultou em um tanque de 47,5 toneladas, com um
cito alemo. motor a diesel de 500 hp, equipado com caixa de engre-
Conseguimos manter a cabea de ponte tomada nagens planetrias e suspenso com barras de toro.
pelo grupo de Routh. Pela tarde, reforamos a posio No dia 20 de setembro, uma verso experimental
com a chegada do 65 Batalho Panzer, que se posicio- agradou a plateia qualificada em testes no campo de
nou precisamente no cruzamento nordeste de Rasei- Kubinka, nos arredores de Moscou, superando todos
niaia. Enquanto isso, um tanque pesado sovitico blo- os obstculos sua frente, mesmo considerando as
queou a estrada por onde avanava o grupo de Routh, dificuldades encontradas pelo motorista de testes.
forando-o a se dividir em dois. Durante toda a noite, Encontrei muitas dificuldades para superar
os tanques de Routh no conseguiram destruir o carro alguns obstculos com o KV o motor muito inst-
sovitico, pedindo reforos dos canhes de 88 mm. Eles vel. Quando atravessei um rio, a gua inundou todo o
no se mostraram mais eficazes do que os obuseiros de compartimento de combate, mas por sorte no apa-
105mm que vinham sendo usados. Mesmo as tentativas gou o motor permitindo-me conduzir o tanque at a
de minar o tanque sovitico por engenheiros alemes outra margem. Naquele lado passei por determinados
no obtiveram sucesso, l-se no dirio de combate do pontos programados da pista, como atropelar alguns
11 Regimento Panzer da Wehrmacht. pinheiros e subir uma ngreme montanha, o que deu
Os alemes ento iniciaram uma grande ofen- muito trabalho. O motor estava constantemente em
siva blindada no dia 25 de junho, enviando contra a rotao mxima e nem sempre eu conseguia mudar
misteriosa mquina sovitica um grupo de diverso as marchas. Durante a travessia da pista me foi exigido
para atrair a ateno da tripulao, composto por intenso trabalho de coordenao com as embreagens
tanques leves checoslovacos Pzkpfw 35, enquanto de frico, escreveu P. I. Petrov em seu dirio.
iniciaram novamente o bombardeio com canhes Aps algumas pequenas melhorias, o KV foi tes-
de 88 mm. Dos 10 disparos que atingiram a estrutura tar suas habilidades em combate logo no incio da
do tanque sovitico, trs perfuraram a blindagem. A guerra Sovitico-Finlandesa. No dia 17 de dezembro
infantaria alem tentou alcanar as escotilhas do carro de 1939, perto do lago Summayarvi, ocorreu o pri-
j imobilizado, mas foi repelida pelas defesas da torre meiro combate, no qual o tanque e a tripulao sobre-
que ainda estava operacionais. Os alemes reagiram viveram, mesmo com o cano do canho rompido e 43
com granadas de mo, inserindo-as nos buracos da impactos de munies perfurantes na torreta. Apenas
blindagem perfurada, aniquilando finalmente o que uma passou pela blindagem.
restava dos seis tripulantes que, durante 48 horas a No dia 19 de dezembro do mesmo, aps o relat-
bordo do seu KV-2, conseguiram imobilizar uma cons- rio do combate chegar a Moscou, o tanque foi oficial-
trangida Diviso Panzer da Wermacht. mente adotado e sua produo em srie autorizada. No
entanto, durante a Guerra de Inverno, os projetistas se
Do rascunho linha de frente depararam com um problema incomum. O marechal
Timoshenko props a adoo de uma torre equipada
A histria do tanque que leva o nome do Comis- com um canho obuseiro de 152 mm, capaz de atirar
srio de Defesa de Stlin, Klement Voroshilov, tem seu projteis de cimento com 40 kg e perfurantes de 52 kg,
incio em 1939, quando o projetista-chefe da Fbrica eficazes contra casamatas e bunkers, elementos que as
Leningradski Kirovski, Iossef Ktin, props abandonar tropas soviticas tiveram de lidar durante os combates.
a ideia de tanques pesados com mltiplas torretas em Como resultado, o novo tanque de 52 toneladas foi
prol de modelos equipados com uma s torrente. Stlin renomeado como KV-2.
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A Batalha de Kursk, uma das maiores batalhas da Grande Guerra Patritica, comeou em 5 de Julho de 1943 (Foto de I. Shagin. RIA Novosti)
Batalha de Kursk
atravs dos
olhos de quem
presenciou a
destruio
Por Vktor Gavrilov, Nezavissimoie Voinnoe Obozrnie
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s 8h30, os batalhes de assalto soviticos iniciaram um militares das tropas alems-fascistas e com um rpido e
contra-ataque, opondo-se s tropas do 4 exrcito de lancinante ataque, literalmente perfuraram as disposies
tanques alemo. do inimigo. [] Os seus Tigres e Panteras foram privados
Para revidar os ataques das tropas soviticas, o da supremacia do seu poder de fogo, no combate de curta
comandante alemo Erich von Manstein lanou todas distncia. No incio da ofensiva, eles se aproveitaram dessa
as foras disponveis, porque entendia perfeitamente supremacia durante o confronto com as nossas outras
que o sucesso do avano das tropas soviticas pode- conexes de tanques e agora estavam sendo derrotados
ria levar completa derrota de todos os batalhes de com xito pelos tanques T-34 soviticos e at mesmo pelos
assalto do grupo Sul dos exrcitos alemes. Na enorme (leves N. do E.) T-70, a distncias curtas. O campo de bata-
frente, com uma extenso total de mais de 200 km de lha era um turbilho de fumaa e p, a terra tremia devido
comprimento, eclodiu uma luta feroz. s exploses poderosas. Os tanques colidiam uns com os
Os mais ferozes combates durante o dia 12 de outros e ficavam enroscados sem conseguir se separar,
julho estavam sendo realizados na assim chamada ento lutavam at a morte at que um deles se inflamava
ponte (rea de estgio ttico) de Prokhorovka. Essa rea como uma tocha ou parava com as lagartas destrudas.
foi conquistada pelo adversrio em uma luta tensa ao Mas mesmo os tanques abatidos, se as suas armas estives-
longo do dia 11 de julho. Ali se estabeleceu e comeou a sem em condio de operar, continuavam a disparar. Pvel
agir o principal grupo das foras inimigas, que integrava Rotmistrov, comandante militar sovitico.
a 2 Diviso de blindados da SS. Foi sobre essa fora que
o comando sovitico lanou o seu ataque principal. O primeiro tanque, eu abati quando estava me movi-
mentando pela estrada de ferro, ao longo da rea de desem-
Poucos minutos depois, os tanques do primeiro esca- barque e, literalmente, a uma distncia de cem metros, vi
lo das nossas 29 e 18 Divises, atirando em movimento, um tanque Tigre que estava virado de lado para mim,
com um impacto frontal, penetraram nas disposies disparando em nossos. Pelo visto ele tinha atingido vrios
Soldados alemes municiando um tanque Tiger I (Foto de Rottensteiner, julho de 1943, Arquivo Federal da Alemanha)
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Poster de El Lissitzky (1941) estimula os trabalhadores a produzirem mais artefatos militares para vencer a guerra contra os nazistas
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histria como A donzela da cavalaria, serviu sob o nome Guerra Mundial, quando a escala da tragdia foi muito
de Aleksandra Aleksandrova, com permisso pessoal do maior. Membros da resistncia (partizanki), operadoras de
imperador. Durova obteve destaque em uma das batalhas conexes, batedoras, enfermeiras: quase uma centena foi
decisivas, em Borodin, na qual sofreu uma leso grave. condecorada com o ttulo de Heri da Unio Sovitica.
Rimma Mikhailovna Ivanova, cem anos depois de As mulheres tambm combateram na linha de
Durova, tornou-se a segunda mulher na histria a integrar frente. A famosa sniper Liudmila Pavlichenko aniquilou
as fileiras do Exrcito russo. Ela foi arregimentada com um 309 soldados e oficiais inimigos durante confrontos. Pavli-
nome masculino para trabalhar no posto de enfermeiro chenko foi dispensada das Foras Armadas devido a feri-
do regimento. Mesmo quando tudo foi revelado, ela mentos quando tinha apenas 25 anos de idade. No total,
continuou a servir usando o seu prprio nome. Em 9 de as chamadas mulheres-snipers dizimaram mais 11.280
setembro de 1915, quando os dois oficiais do regimento oficiais e soldados nazistas.
morreram durante um combate, ela incitou o grupo ao
ataque e lanou-se sobre as trincheiras inimigas, tendo Tambm no cu
sido mortalmente ferida por uma bala explosiva no quadril.
Ela tinha acabado de completar 21 anos. Por meio de um Logo aps o incio da Segunda Guerra Mundial,
decreto de Nicolai II, em carter de exceo, a herona rece- Marina Mikhailovna Raskova que, na poca, j era uma
beu, postumamente, a condecorao de mais alto grau aviadora famosa, dirigiu-se pessoalmente ao Comit Cen-
naquela poca, a Ordem Militar de So George de 4 nvel. tral do Partido Comunista da URSS (bolchevique), solici-
Enquanto que durante a primeira Guerra Mundial tando a permisso para constituir um regimento femi-
se tem conhecimento de uma nica mulher nas fileiras nino de aviao. O pedido foi deferido, mas foram tantas
do Exrcito regular, so milhares os casos de mulheres interessadas que ficou decidido criar, ao invs de um, 3
que se juntaram s Foras Armadas ao longo da Segunda regimentos femininos de uma s vez.
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As aviadoras do 586 Regimento de Caas da Fora de bombardeiros mostraram uma habilidade digna de
Area participaram da defesa de Moscou, nas batalhas admirao. Em 2 de junho de 1943, quando 9 bombar-
de Stalingrado e de Kursk, tendo realizado cerca de 9 mil deiros areas atingiram o povoado de Kievskaiya, em
misses e abatido 38 avies inimigos. Kuban, as aviadoras receberam o inimigo com fogo
concentrado do armamento a bordo. Durante esse
Rainha dos ces combate, elas abateram 4 caas e, sem nenhuma baixa,
voltaram para o seu campo de pouso.
Lidia Vladimirovna Litviak foi a mais bem sucedida avia- O mais impressionante que as tradies das
dora da segunda Guerra Mundial. Realizou cerca de 150 mis- mulheres-aviadoras sobrevivem at hoje. Recentemente
ses de combate, abateu pessoalmente 6 avies e 1 balo foi criado o primeiro esquadro feminino de helicpteros
de observao e, em grupo com seus colegas, destruu mais na histria da Rssia, que recebeu o nome do pssaro tro-
6 avies inimigos. Litviak morreu em um combate areo no pical Colibri. A presena de mulheres no Exrcito russo tor-
dia 1 de agosto de 1943. Seus restos mortais foram encon- nou-se um fenmeno corriqueiro; com o tempo, as repre-
trados e sepultados apenas em 1979. Ela foi condecorada sentantes do sexo frgil conquistaram nas mais pesadas
postumamente com o ttulo de Heri da Unio Sovitica. provaes da histria russa o direito de usar as insgnias
Aps o 586 Regimento de Caas, entraram em militares e cumprir o seu dever no mesmo patamar que os
operao de combate o 588 e o 587 Regimento de homens. Atualmente, cerca de 50 mil mulheres, ao todo,
Bombardeiros. Nas batalhas areas, as mulheres-pilotos servem nas Foras Armadas da Federao Russa.
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Face jovem da guerra
Por Tatiana Russakova, Gazeta Russa
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No interrogatrio, tentou se suicidar com uma granada que Mssia Pinkenzn
por alguma razo no explodiu. Acabou sendo fuzilada,
depois de passar por torturas terrveis. Entre todos os jovens heris
listados, esse violinista prodgio
Voldia Dubinin foi o que morreu mais cedo. E
tambm foi nico dos cinco ado-
Quando a guerra comeou, lescentes aqui mencionados que
o estudante de 13 anos seguiu no participou de combates nem
para as pedreiras de Kerch, na Cri- guerrilhas. Apesar disso, seu nome
meia. Nessa fortaleza soterrada, se tornou o smbolo de coragem coletiva de todos jovens
Voldia desempenhava a funo heris da Grande Guerra Patritica.
de explorador. Por dois meses, ocu- No vero de 1942, seus familiares, de origem
pantes alemes lutavam contra judia, foram presos e condenados morte. Entre mui-
guerrilheiros das pedreiras e tapavam as sadas das galerias tos outros, foram levados margem do rio Kuban.
subterrneas. Voldia, sendo o menor deles, conseguiu sair Todos os moradores do povoado foram forados a
superfcie por aberturas estreitas e sem ser descoberto assistir execuo. Mssia, de violino na mo, come-
pelos alemes. Em janeiro de 1942, a cidade de Kerch foi ou a tocar o hino dos comunistas naquela poca,
libertada pelo Exrcito Vermelho. Voldia morreu na explo- tambm o hino da Unio Sovitica. Todos comearam
so de uma mina terrestre enquanto ajudava a desativar as a cantar junto. Mas o rapaz de 11 anos seguiu tocando
minas nos terrenos em volta das pedreiras, at ser atingido por tiros.
Os soldados que assaltaram Reichstag. Berlim (Foto de A. Kapustyansky, maio de 1945, RIA Novosti)
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Soldado comprando bilhete para a estria de Leningrado, Stima Sinfonia de Shostakovich, em 1942
O show no pode parar
Por Daria Gonzalez, Gazeta Russa
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Os desafios da arte
(RIA Novosti)
Mesmo com os bombardeios e a presena da linha
de frente de combate, Moscou abriu uma nova tempo-
rada de pera e bal. No final de 1941, dois teatros fun-
cionavam na cidade de Moscou abandonada: o Teatro
Musical Stanislvski e Nemirvitch-Dntchenko, e uma
filial do Teatro Bolshoi inaugurada a pedido dos artistas
que ficaram em Moscou.
A filial do Bolshoi foi inaugurada solenemente, se
assim posso dizer, em 19 de novembro de 1941. Fize-
mos um grande concerto, que comeou s duas da
tarde. No podia ser mais tarde devido aos permanen- Retorno em grande estilo
tes ataques areos, conta Mikhail Gabovitch, naquela
altura solista de bal e comissrio de uma brigada para- No final de 1942, quando os artistas puderam final-
militar de segurana da cidade. mente retornar a Moscou, os dois elencos se uniram em
medida que o exrcito sovitico avanava para uma s companhia.
o oeste, afastando a linha de frente da cidade, os espe- O prdio do teatro j estava praticamente restaurado:
tculos comeavam cada vez mais tarde at que o hor- as obras de restauro no paravam nem mesmo a uma tem-
rio normal fosse retomado. O primeiro concerto teve peratura de 40 graus negativos no inverno de 1942.
grande sucesso e foi acompanhado de trs sirenes de Aps a exploso da bomba de 500 kg, uma das
alarme antiareo. paredes externas do prdio foi prontamente substituda
Segundo as instrues, quando tocava uma sirene, por uma parede improvisada de madeira, razo pela qual
ramos obrigados a suspender os espetculos e mandar a temperatura no interior do teatro era igual de fora.
o pblico seguir ao abrigo na estao de metr Plschad Entre 1941 e 1945, os artistas do teatro divididos em
Sverdlova, atualmente Praa da Revoluo, diz. 16 equipes deram 1939 concertos para soldados sovi-
No incio, as instrues eram rigorosamente respei- ticos na linha de frente. Consciente da necessidade de
tadas. Com o tempo, o pblico, composto principalmente preservar o elenco do Bolshoi, Stlin isentou do servio
por correspondentes de guerra, operrios de fbricas da militar cerca de mil artistas.
industria de guerra, dirigentes da organizao local do Ainda assim, muitos deles foram lutar na guerra por
partido comunista, moscovitas comuns e refugiados de iniciativa prpria. No final de abril de 1945, o elenco do
outras cidades, passou a se recusar a abandonar a sala, Bolshoi deu um concerto na escadaria do Palcio do Rei-
pedindo a continuao do espetculo. chstag, em Berlim.
Paralelamente, o elenco titular se instalou em Kui- L fizemos 140 concerto desde a fundao do
bichev. Foi ali que, em 1942, foi executada pela primeira Teatro. O grande e semidestrudo edifcio do Reichstag
vez a Stima Sinfonia do compositor Dmtri Shostako- ainda cheirava fumaa que saa dos pedaos de mveis
vitch, dedicada a sua cidade natal de Leningrado (atual queimados. direita da entrada vi trs grandes caixas de
So Petersburgo) e ao incio da Grande Guerra Patritica, projteis sobrepostas: era meu palco, diz a cantora de
nome pelo qual ficou conhecida a Segunda Guerra Mun- pera Natlia Milhailovskaia.
dial entre os povos da ex-Unio Sovitica. Os soldados me ajudaram a subir ao palco. Ainda
Estvamos discutindo quando poderamos come- h pouco, eles haviam lutado por cada degrau. Comecei
ar a ensaiar a Stima Sinfonia. No tnhamos papel de a cantar e vi na parede oposta um cartaz em alemo: Em
msica nem quem reproduzisse a partitura. Pouco tempo face de um grande objetivo, nenhumas vtimas sero
depois, o papel chegou de Moscou em um voo especial. demasiadamente grandes, lembra.
Nos intervalos entre os espetculos e ensaios cuidva- O Bolshoi comemorou o fim da Grande Guerra
mos de soldados feridos em hospitais, relembra Valria Patritica com duas estreias, os bals Cinderela (1945) e
Dlova, solista da orquestra refugiada. Romeu e Julieta (1946), de Sergui Prokfiev.
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Os nazistas atiraram no grupo de jovens em Sevastopol uns dias antes da entrada na cidade das tropas soviticas. (Foto de M. Redkin, 1944, RIA Novosti)
A Segunda Guerra
na memria de um
russo-brasileiro
Por Vanessa Pilz, Gazeta Russa
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Regio de Krasnograd. Os nazistas destruram 1.710 das vilas soviticas e mais de 70.000 aldeias durante a guerra (Foto de G. Khamzor, 1943, RIA Novosti)
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Passo a passo do desfile
do Dia da Vitria
Por Tatiana Russakova, Gazeta Russa
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percorrer a distncia estipulada em 15 minutos, man- de artilharia, assim como os avies TU-160, An-124 Ruslan
tendo a linha reta, observando o ritmo e carregando ban- e An-22 Antei, entre outros modelos.
deiras, instrumentos musicais e armas sem tropear.
Os lderes das fileiras se mantm direita, indicam Protocolos e curiosidades
o comprimento do passo e a distncia entre as filas, e
controlam o ritmo. Os demais participantes permane- A programao do desfile obedece aos rgidos
cem posicionados de maneira que consigam visualizar, protocolos militares e comea com a formao das tro-
ao longo de todo o desfile, o peito do seu respectivo pas, seguida pela apresentao da bandeira nacional e
quarto colega do lado direito. Os soldados mantm bandeira da vitria e acompanhada pela msica Guerra
a distncia determinada entre si segurando os coto- Sagrada, do compositor russo Aleksandr Aleksandrov.
velos sob um ngulo especfico e usam os sinos nas O desfile ento recebido pelo ministro da Defesa
botas para aumentar o som dos passos, que, alm de do pas, junto com o relatrio do comandante do evento
demonstrar a fora, serve como um indicador perfeito sobre a prontido das tropas. Os chefes militares cumpri-
para observncia das regras. mentam cada unidade das Foras Armadas, deslocando-
Os primeiros treinos so realizados por pequenos -se em carros nacionais do modelo ZIL-115.
grupos de 20 pessoas, que so posteriormente reunidos A apresentao aberta por um grupo de bateristas
em conjuntos de 10 fileiras com 20 integrantes cada. Todos compostos pelos estudantes da Escola Tcnica Militar de
os servios das Foras Armadas so obrigados a disponibi- Msica de Moscou, seguidos pelos alunos das academias
lizar trs conjuntos de 100 pessoas, sem contar os oficiais. militares moscovitas vestidos com uniformes da Segunda
Guerra Mundial. Depois, desfilam as fileiras, representando
Unio das partes as vrias unidades das Foras Armadas nacionais.
Rssia Hoje 2015 #6 53
RSSIA HOJE
Publicao da Embaixada
da Rssia no Brasil
2015 #6
Redao
Alena Peplova
Ekaterina Kazakova
Direo de arte
Paulo Roberto Pereira Pinto
Impresso
Athalaia Grfica e Editora
Colaborao
Dirio da Rssia
www.diariodarussia.com.br
Gazeta Russa
54
Rssia Hoje 2015 #6
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