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Livro Sentinelas Da Manha Um Tempo Novo para A Juventude

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SENTINELAS DA MANH:

UM TEMPO NOVO PARA A JUVENTUDE


Fernando dos Santos Gomes

SENTINELAS DA MANH:
UM TEMPO NOVO PARA A JUVENTUDE
Copyright 2010 by Fernando dos Santos Gomes
Capa: Eduardo Lena
Reviso: Conselho Editorial - RCCBRASIL
Projeto grfico e diagramao: Fabrizio Zandonadi Catenassi

CIP. Brasil. Catalogao na Fonte


BIBLIOTECA NACIONAL-FUNDAO MIGUEL DE CERVANTES

Gomes, Fernando dos Santos


Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude / Fernan-
do dos Santos Gomes Pelotas: RCC Brasil 2010, 92pgs. Religio.

ISBN 978-85-62740-22-0 CDU: 2

Caro leitor, pessoas crists, ou simplesmente honestas, no necessitam do jugo da lei para
fazerem o que certo. Pensando nisso, a RCC Brasil est lh e dando cinco bons motivos para
no copiar o material contido nesta publicao (fotocopiar, reimprimir, etc), sem permisso
dos possuidores dos direitos autorais. Ei-los:
1) A RCC precisa do dinheiro obtido com a sua venda para manter as obras de evangeliza-
o que o Senhor a tem chamado a assumir em nosso Pas;
2) desonesto com a RCC que investiu grandes recursos para viabilizar esta publicao;
3) desonesto com relao aos autores que investiram tempo e dinheiro para colocar o
fruto do seu trabalho sua disposio;
4) um furto denominado juridicamente de plgio com punio prevista no artigo 184 do
Cdigo Penal Brasileiro, por constituir violao de direitos autorais (Lei 9610 /98);
5) No copiar material literrio publicado prova de maturidade crist e oportunidade de
exercer a santidade.

IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil 2010
Sumrio

APRESENTAO .................................................................. 7
Orientaes .............................................................................. 9
Palestras e objetivos ................................................................ 10
Partilhas e dinmicas ................................................................ 11

UM TEMPO NOVO PARA A JUVENTUDE......................... 15


Introduo .............................................................................. 15
Desenvolvimento .................................................................... 16
1. Uma profecia para a juventude .......................................... 16
2. Uma nova uno para uma nova misso ............................. 20
3. Uma nova gerao de apstolos da efuso Esprito Santo .... 23
Concluso ............................................................................... 25

CHAMADOS A SER SENTINELAS DA MANH ............... 27


Introduo .............................................................................. 27
Desenvolvimento .................................................................... 29
1. De Joo Paulo II a Bento XVI: uma herana transmitida....... 29
2. Um nome novo dado aos jovens........................................ 30
3. O que uma Sentinela? ..................................................... 31
4. Sentinelas: da Manh......................................................... 32
5. Implantar a cultura de Pentecostes para construir civilizao
do amor ........................................................................... 34
6. Um Projeto de Vida Pessoal .............................................. 36
Concluso ............................................................................... 36

JUVENTUDE EM ORDEM DE BATALHA ........................... 39


Introduo: Convocao Geral ................................................. 39
Desenvolvimento .................................................................... 40
1. O alvo do combate........................................................... 40

5
2. Um mandato da Igreja .......................................................42
3. Derrubando as estruturas do pecado .................................43
4. A verdadeira revoluo......................................................45
5. Vamos, com tudo o que somos e temos! ............................46
Concluso ............................................................................... 52

PARRESIA, UMA VALENTIA MISSIONRIA .....................53


Introduo............................................................................... 53
Desenvolvimento..................................................................... 55
1. Desafios da evangelizao..................................................55
2. Parresia: um dom extraordinrio........................................56
3. Parresia para uma nova e verdadeira evangelizao .............59
4. Parresia e os novos arepagos ...........................................61
5. Grupo de orao como comunidade missionria .................64
Concluso ............................................................................... 66

SENTINELAS DA MANH: UM PROJETO DE VIDA.........67


Introduo............................................................................... 67
Desenvolvimento..................................................................... 68
1. O projeto de Deus............................................................68
2. Por que ter um Projeto de Vida? ........................................70
3. As etapas e dimenses do Projeto de Vida..........................72
4. Vamos prtica do PVP.....................................................78
Concluso ............................................................................... 79

Anexo 1 .................................................................................. 81
Anexo 2 .................................................................................. 87

Bibliografia............................................................................... 90

6
Apresentao

A Juventude Carismtica do Brasil possui uma identida-


de e espiritualidade prpria por pertencerem ao MOVI-
MENTO ECLESIAL DA RENOVAO CARISMTICA CA-
TLICA. Portanto, cabe aos "grupos de orao mistos ou
para jovens" oferecer o contato e a experincia dos
elementos fundamentais que caracterizam o movimento, a
saber: Batismo no Esprito Santo, a abertura e o uso dos
carismas, o louvor, a centralidade da Palavra, a vivncia
comunitria no grupo de orao e outros.
Entendemos que esses elementos bsicos da nossa
identidade devem ser sempre reforados em todas as
instncias do Movimento. Ns como instncia nacional do
Ministrio Jovem, luz desses mesmos elementos, podemos
oferecer aos nossos jovens que passam pela experincia
carismtica um material de formao especfico para sua
realidade juvenil, com linguagem bem prpria. Esse material
de forma alguma substitui os materiais destinado formao
dos iniciantes no movimento, ao contrrio, visa aprofundar e
completar quela formao no tocante a vida do jovem. Alm
disso, esse material est atento s ricas indicaes do
Documento de Aparecida como tambm do Documento 85
da CNBB sobre a Evangelizao da Juventude. Traz tambm,
bem impregnado em seu contedo, as ltimas moes
profticas que o Senhor tem dado a toda a RCC em mbito

7
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

nacional, e ainda indicaes precisas do Magistrio da Igreja


no que diz respeito a juventude. Esse material visa oferecer
aos nossos jovens, sem perder a dinmica carismtica, uma
formao que seja INTEGRAL, ou seja, abranger as diversas
dimenses da vida do jovem, formando-os para serem ho-
mens e mulheres novos para um mundo novo.
A temtica "SENTINELAS DA MANH", cuja inspirao
veio do Papa Joo Paulo II nos seus encontros com os jovens,
acompanhar todo o processo, pois no com uma nica
pregao ou um encontro que se forma um Jovem-Sentinela,
isso no se d de um dia para o outro, essa expresso deveria
ser entendida muito mais do que o tema de um ensino, e sim
como um PROJETO DE VIDA a ser assumido. Por isso que
SENTINELAS DA MANH acompanha, como pano de fundo
os assuntos tratados em cada livro.
Esse primeiro livro faz parte do Projeto de Formao
Sentinelas da Manh, que um material complementar de
formao para os jovens do movimento, e que contm cinco
livros:
LIVRO1: Sentinelas da Manh: um tempo novo para a
juventude
LIVRO 2: Sentinelas da Manh: um caminho de discipulado
LIVRO 3: Sentinelas da Manh: identidade, afetividade e
sexualidade
LIVRO 4: Sentinelas da Manh: uma juventude missionria
LIVRO 5: Sentinelas da Manh: construindo a civilizao do
amor.
Esse material faz parte da preparao dos nossos jovens
para o Jubileu de ouro da RCC em 2017, e uma colaborao
do Ministrio Jovem da RCC do Brasil para ajudarmos a
atingir as metas do Planejamento Estratgico de Evangeli-
zao da RCCBRASIL de 2010-2017.

8
Encontro 1

Orientaes
Esse material se destina a todos os jovens do movimento,
mas sobretudo s lideranas juvenis que trabalham dire-
tamente na evangelizao de jovens, seja no grupo de
orao misto ou grupo de orao jovem, como tam-
bm a pregadores e formadores que trabalham direta-
mente com jovens.
O objetivo desse primeiro livro: Sentinelas da Manh- Um
tempo novo para a juventude, levar um grito proftico pa-
ra toda a juventude do Brasil, a fim de se conscien-tizarem
do tempo de graa e reconstruo que a RCC vive, da
qual tambm a juventude chamada a viver. Visando a
preparao dos nossos jovens para o Jubileu de Ouro da
RCC no mundo em 2017.
As palestras so impregnadas de um linguajar bem jovem,
so tambm cheias de motivao, moes prof-ticas,
buscar levar os ouvintes a um avivamento, sem perder o
cunho formativo. Ela traz algumas das ltimas moes
profticas vivenciadas no seio da RCCBRASIL, como tam-
bm alguns pronunciamentos oficiais nas ltimas falas dos
papas, documentos, etc, que orientam os trabalhos com a
juventude.
A inteno desse livro oferecer um material que seja
subsdio para congressos diocesanos de jovens, encon-
tros de formao de lideranas juvenis, roteiros de prega-
es para jovens, etc.
A metodologia apresentada aqui para aplicao do livro
como encontro de final de semana, com roteiros de pales-
tras, horrios e dinmicas. o primeiro encontro numa
seqncia de cinco livros e que certamente servir como
material formativo e roteiros de pregaes para a juven-
tude em outros espaos.

9
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Nesse encontro imprescindvel manter viva toda a di-


nmica carismtica da RCC com toda a sua riqueza, favo-
recendo um clima de muita espiritualidade, como caracte-
rstica prpria desse encontro, pois os livros posteriores
abordaro assuntos de carter mais forma-tivo com uma
outra dinmica de aplicao. Esse encontro visa firmar
tambm os jovens na espiritualidade do movimento e mo-
tiv-los a avanarem sempre mais na obra de renovao
da Igreja e do mundo.

Palestras e objetivos
1 palestra:
Um tempo novo para a juventude
Objetivo: Convocar a juventude do Brasil a esse tempo novo
que a RCC vive, tempo de reconstruo, etapa nova, da nova
viragem missionria, uma nova uno para uma nova misso.
Despertando os jovens para tambm viverem esse momento.
2 palestra:
Chamados a ser sentinelas
Objetivo: Levar os jovens a terem contato com o chamado
que Deus os faz por meio de Joo Paulo II e agora de Bento
XVI a se tornarem SENTINELAS DA MANH. Explicar o que
significa ser um SENTINELA, qual o seu papel na Igreja e no
mundo, e motiv-los a assumirem esse chamado, como
jovens carismticos.
3 palestra:
Juventude em ordem de batalha (militncia)
Objetivo: Fazer uma convocao geral da juventude do Brasil
para assumirem seus postos. Formando um verdadeiro
exrcito de militantes pela causa do evangelho, sobretudo
junto aos jovens. Coloc-los dentro da viso proftica da

10
Encontro 1

RCC, que com militncia apostlica e combatividade


proftica, trabalhar pela implantao e difuso da espiritua-
lidade e Cultura de Pentecostes.
4 Palestra:
Parresia, uma valentia missionria
Objetivo: Despertar os jovens para os apelos da misso. Lev-
los a desejar e pedir um dom especial que o Esprito Santo
concede em vista da evangelizao: a parresia, que nada mais
do que o atrevimento no Esprito, a coragem, a intrepidez,
to necessrias evangelizao. Pois essa graa levar os
jovens a uma valentia missionria, a fazerem loucuras pelo
Senhor, ou seja serem ousados, abrindo-lhes horizontes
sempre novos ao anncio do Evangelho, no parando nos
obstculos mas levando-os a serem incansveis nesse mesmo
anncio.
5 Palestra:
Sentinelas da manh : um projeto de vida
Objetivo: Esclarecer para os jovens que segundo Joo Paulo II
ser Sentinela da Manh no um modismo, mas um
verdadeiro projeto de vida, da qual necessrio um programa
a ser seguido. Esse projeto pessoal de vida deve permear
toda a existncia do jovem, fazendo-o reconciliar com seu
passado, orientar o seu presente, para construir o seu futuro,
que tambm o presente e o futuro da Igreja e da sociedade.

Partilhas e dinmicas
As partilhas visam aprofundar melhor os temas
abordados, ressaltando aquilo que mais se destacou para cada
um. Alm disso, visam tambm: trazer o contedo para a
vida, para o dia a dia do jovem e favorecer um contato

11
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

melhor entre os participantes, a fim de trocarem experincias


e se conhecerem melhor, caracterstico dos jovens.
Partilha 1
O dirigente deve trazer a partilha mais para o ser jovem,
destacando a sua importncia, seu chamado, dentro do que
foi abordado. Conscientizando-os do seu valor na RCC, na
Igreja e no mundo.
Partilha 2
O dirigente deve trazer a partilha mais a atuao do
jovem na Igreja e fora dela, sua misso, sua responsabilidade
frente a ao na sociedade como cristo e lev-lo pensar
melhor sobre os desafios da evangelizao.
Dinmica de orao sobre o projeto de vida pessoal
(PVP)
Colocar disposio de todos os participantes a folha
do anexo 1, caso esses no tenham em mos o livro,
juntamente com uma folha de sulfite em branco e caneta, a
fim de que todos faam o exerccio de construo do projeto
de vida.
Logo aps a 5 pregao, em clima de orao, conduzir
os participantes a responderem passo a passo cada pergunta,
interpelando a si mesmos em cada dimenso, o dirigente
conduz de forma pausada esse momento, dando tempo
necessrio de reflexo e escrita para cada item.
Deixar orientadores disposio dos jovens caso
tenham alguma dvida, esse ir at eles e lhes dar o esclare-
cimento.
Reforar a todos que algo muito srio, pessoal e que
deve ser feito em esprito de orao, com muita transparncia
e sinceridade.

12
Encontro 1

Aps responder todas as perguntas, todos ficam em p


e oram juntos entregando a caminhada de cada um ao Senhor
e pedindo coragem, perseverana e determinao para
colocarem em prtica os passos ali apresentados. Se der
tempo e parecer oportuno pode-se fazer uma breve partilha
entre os participantes sobre o que foi a experincia de
escrever sobre a prpria vida. As folhas ficam com os
participantes como direcionamento para sua conversa com o
diretor espiritual e avaliao do PVP dentro dos prazos
estabelecidos.

13
Um tempo novo para a
juventude
Nunca o esqueamos, porque o Esprito do Senhor se recorda
sempre de cada um e quer, em particular mediante vs,
jovens, suscitar no mundo o vento e o fogo de um novo
Pentecostes 1

Introduo
Estamos vivendo um tempo novo na Renovao Caris-
mtica e em toda a Igreja. O Documento e o Acontecimento
de Aparecida 2 so um grito proftico para todo o nosso
continente, agora chamado de Continente da Esperana3.
Precisamos, portanto, aproveitar intensamente essa hora de
graa e implorar e viver um Novo Pentecostes4.
Olhando de modo especial para a RCC, vemos que o
Esprito Santo tem nos levado a assumir os nossos postos e
tem ampliado a nossa viso. Observando nossa trajetria de
apenas quatro dcadas de histria, com no poucas dificul-
dades, possvel constatar hoje no somente um extraordi-
nrio crescimento do movimento, mas tambm uma riqueza

1
Bento XVI, Mensagem para a XXIII Jornada Mundial da Juve ntude em
Sydney, Austrlia, aos 20 de julho de 2007.
2
Diretrizes Gerais da Ao Evangelizadora da Igreja no Brasil, Docume n-
to 87 da CNBB, p.10
3
Bento XVI, Homilia Inaugural da Conferncia de Aparecida, 13 de maio
de 2007.
4
CELAM, A Misso Continental para uma Igreja Missionria, p.9.
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

de textos do Magistrio da Igreja, que ajudam a fundamentar


nossa atuao, levando-nos uma maturidade eclesial.
Sem dvida alguma, a celebrao do Jubileu de
Esmeralda da RCC no mundo em 2007 levou-nos a repensar
nossa caminhada, e tambm abriu nossos olhos para o tanto
que ainda temos a avanar, e estamos em posse de diversas
moes e inspiraes, frutos desse momento histrico, rumo
ao nosso Jubileu de Ouro em 2017. Vivemos um tempo de
reconstruo da nossa vida e identidade, e como bem diz
Reinaldo Bezerra:
Deus est sinalizando que est comeando na RCC uma
nova etapa... Existem na histria da huma nidade novas
viragens 5... Deus est fazendo uma viragem na RCC. Uma
virada radical6

No podemos, entretanto, deixar de considerar que a


grande parte da RCC composta por jovens, alis, eles
constituem a grande maioria da populao da Amrica
Latina7 como bem lembrou o Documento de Aparecida.
Torna-se, portanto, necessrio dizer para os nossos jovens
que eles fazem parte da estratgia de Deus para esses novos
tempos de renovao da Igreja e no mundo.

Desenvolvimento
1. Uma profecia para a juventude
Certamente, o que mais marcou o Jubileu dos 40 anos da
RCC no mundo, foi justamente a simbologia do nmero 40 na
Bblia.

5
Na histria da Igreja, h numerosas viragens que estimula m o dinami s-
mo missionrio, e a Igreja, guiada pelo Esprito, sempre respondeu com
generosidade e clarividncia (Joo Paulo II, Redemptoris Missio, n.30)
6
Trecho da pregao do Encontro Nacional de Formao em 2010.
7
Documento de Aparecida, n 443.

16
Encontro 1

As Sagradas Escrituras nos apresentam alguns exemplos


muito significativos; como No e os 40 dias de dilvio 8, de
Moiss e os 40 dias e noites no Sinai e os 40 anos no deserto
com o povo de Israel9, tambm Jonas pregando que em 40
dias a cidade de Nnive seria destruda caso seus habitantes
no se convertessem10, e ainda Jesus, no Novo Testamento,
jejuando e orando 40 dias no deserto 11 .
Que tipo de ensinamento e inspirao trouxe esse
simbolismo do nmero quarenta para a RCC? A resposta : o
que vem depois!
Aps os 40 dias de dilvio inicia-se uma humanidade
nova atravs de No, Moiss aps 40 dias e noites orando no
Sinai desce com as tbuas da Lei que vai nortear a conduta do
povo, e esse mesmo povo aps andar errante 40 anos no
deserto, enfim entra na terra prometida. Jonas aps pregar
que Nnive seria destruda em 40 dias v toda a cidade se
convertendo. E enfim, aps Jesus orar e jejuar durante 40
dias e noites, e depois ser tentado pelo demnio, inicia seu
ministrio pblico, cheio de sinais, milagres e prodgios, e
sobretudo, realiza sua maior obra: a nossa salvao, por meio
da sua paixo, morte e ressurreio! Aleluia!
Profeticamente, podemos dizer que a RCC depois de
40 anos de trajetria, com muitas lutas e autocompreenso da
sua vocao na Igreja, h de receber uma nova uno jamais
vista at agora, para o desempenho de sua misso e no
somente ela, mas, toda a Igreja que cresce cada vez mais no
anseio de um Novo Pentecostes!

8
Gnesis 7, 17.
9
xodo 34, 28.
10
Jonas 3, 4.
11
Mateus 4,2; Marcos 1,13; Lucas 4, 2

17
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Porque isto diz o Senhor dos exrcitos: Ainda um pouco de


tempo, e abalarei cu e terra, mares e continentes; sacudirei
todas as naes, a fluiro riquezas de todos os povos e
encherei de minha glria esta casa, diz o Senhor dos
exrcitos. A prata e o ouro me pertencem orculo do
senhor dos exrcitos. O esplendor dessa casa sobrepujar o
da primeira. 12

Prestemos bem ateno, o esplendor dessa casa


sobrepujar o da primeira! A graa que est preparada
para ns nesse tempo, bem mais do que tudo o que vimos
at agora. Por isso, preciso aproveitar intensamente essa
hora de graa13, essa nova onda de uno do Esprito que est
vindo sobre ns, e implorarmos e vivermos esse novo
Pentecostes14
A essa altura podemos estar nos perguntando: o que os
jovens tm a ver com tudo isso? A resposta : simplesmente,
tudo! Pois na Bblia, 40 anos tambm simboliza uma gerao.
Passados 40 anos da RCC, uma gerao nova est despon-
tando para continuar sendo na Igreja e no mundo rosto e
memria de Pentecostes!
Veja a palavra de profecia que foi dada liderana da
RCC do Brasil em 2007:
Meu povo! Eu no trouxe vocs aqui para o centro do Brasil
por acaso. Eu quero estabelecer a minha soberania nesta
ptria. Partindo daqui para todos os estados deste pas.
Vejam quem segurar a minha cruz e o cone de minha me:
sero os jovens. Juventude, Eu dou para vocs uma uno
nova, um poder novo, para adentrarem os novos 40 anos da
RCC, levando o Batismo no Esprito Santo a todos os
rinces deste pas. Estabeleo sobre a juventude a minha
soberania, o meu poder, a minha graa, para que possam ir

12
Ageu 2, 6-9
13
Documento de Aparecida, n 548.
14
CELAM, A Misso Continental para uma Igreja Missionria , p.9

18
Encontro 1

em busca dos outros jovens. Implanto aqui a minha bandeira


15
e a minha sobera nia

um tempo novo para a para a juventude da RCC do


Brasil e porque no do mundo! Por isso, urge a necessidade
de um verdadeiro despertar espiritual nos jovens do nosso
movimento e de toda a Igreja. Pois agora que estamos
entrando na Terra Prometida 16 . Moiss preparou o povo e
Josu introduziu o povo na terra. Muitos foram os Moiss
que abriram caminho na RCC at ento, e muitos Josus
esto se levantando para levarem adiante essa misso.
Aos jovens da RCC dito o mesmo que foi dito para
Josu:
Enqua nto viveres ningum te poder resistir; estarei contigo
como estive com Moiss; no te deixarei nem te
abandonarei. S firme e corajoso, pois hs de introduzir
esse povo na posse da terra que jurei a seus pais dar-lhes. 17

Sabemos que no foi fcil para Josu conquistar a terra,


precisou combater muito, mas ele tinha um exemplo:
Moiss. E tinha ainda duas ordens a obedecer: ser firme e
corajoso e observar tudo o que Moiss lhe prescreveu.
Portanto, nova gerao da RCC dito: sejam firmes e
corajosos, e mantenham-se fiis identidade do nosso
Movimento e a tudo aquilo que foi conquistado pela gerao
que nos precedeu. E levem adiante com valentia missionria a
misso de espalhar por toda parte o fogo de Pentecostes.

15
Palavra de profecia dada no final do Encontro Nacional de Coordena -
dores e Missionrios em Braslia no ms de janeiro de 2007. Essas palavras
assumem carter de revelaes privadas.
16
Trecho da pregao do Monsenhor Jonas Abib na Missa de encerra -
mento do Congresso Nacional da RCC em julho de 2007.
17
Josu 1, 5 -6.

19
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

2. Uma nova uno para uma nova misso


Cada nova misso, de fato, corresponde a uma nova
uno 18. Para essa gerao nova que Deus est levantando em
nossa nao, certamente est reservada a ela uma nova uno
para esse tempo novo, para sentirmos assim hoje o impulso
desta presena do Esprito que nos move a nos
colocarmos em estado permanente de misso. Esta a
hora! 19
Esse novo derramamento do Esprito a condio para
que, de fato, essa misso se realize, j que estamos entrando
na terra prometida. Pois a RCC ainda no mostrou inteira-
mente o seu papel na Igreja. Sendo assim, a essa nova gera-
o, dirigida de forma especial uma Palavra do Senhor que
diz:
A terra para qual ides, a fim de tomardes posse dela, uma
terra de montes e vales, que bebe gua da chuva do cu...
darei chuva para a vossa terra no tempo certo: chuvas de
outono e de primavera. Poders recolher assim teu trigo,
teu vinho novo e teu leo. 20

A terra no outono recebe uma chuva, essa chuva


umedece o solo e permite que a planta cresa na primavera,

18
Cf. So Toms de AQUINO. Suma Teolgica, I, q.43, a. 6, ad 2m. So
Toms chama essa nova uno de novo envio ou novo misso invisvel
do Esprito, que segundo ele pode ser repetido muitas vezes na vida de
cada um levando a pessoa a um novo estado de graa, como por exemplo
de profetizar, ou oferecer sua vida em martrio por amor ardente a Deus,
ou renunciar os seus bens, ou empreender um tarefa apostlica rdua.
19
CNBB, Projeto Nacional de Evangelizao: O Brasil na Misso Conti-
nental, p.5;
20
Deut 11,11.14. Essa passagem foi usada por Michelli Moran, Presidente
do ICCRS, no Encontro da RCC na Coria, cujo pas, vive um grande
despertar espiritual, onde baixa a porcentagem de catlicos. E foi re-
lembrada por Marcos Volcan, no Co ngresso Nacional da RCC em 2009.

20
Encontro 1

essa chuva muito esperada porque a planta depende dela


para crescer.
O Papa Joo Paulo II j nos havia relacionado em 1998
com a nova primavera suscitada pelo Esprito com o Conclio
Vaticano II21 . Essa primavera so os sinais visveis da ao do
Esprito na Igreja. Portanto, a chuva do outono permite que a
planta cresa at chegar a primavera. Marcos Volcan faz uma
boa comparao da RCC e esse perodo:
A RCC cresceu nesse tempo, veio a chuva e permitiu que as
sementes que estavam no solo pudessem germinar. Hoje
somos mais de 150 milhes de pessoas que j passaram por
esta experincia, e se identificam com a RCC no mundo,
mais de 10 % do povo catlico!... Agora precisamos da
chuva da primavera. O que esta ch uva? A planta cresceu,
mas o fruto precisa se desenvolver. Precisa de ch uva nova.
justo que a RCC seja profeticamente cobrada e exigida
naquilo que ela tm de oferecer ao mundo e a Igreja. Ns
somos aqueles que mais se cobram. Alguns frutos j
comeam a aparecer. Estamos esperando a nova chuva da
22
primavera que possibilita que o fr uto se desenvolva.

Ser, sobretudo, essa nova gerao de carismticos


que vivenciar essa chuva da primavera, que podemos chamar
de nova onda do Esprito. Uma uno ainda no vivenciada
por nenhum de ns. Portanto, no a toa que os bispos em
Aparecida recentemente, declararam:
Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do
cansao, da desiluso, da acomodao ao ambiente;
esperamos uma vinda do Esprito que renove nossa
23
alegria e nossa esperana.

21
Joo Paulo II, Homilia no Domingo de P entecostes, 31 de maio de
1998.
22
Trecho de sua pregao no Congresso Nacional da RCC em 2009.
23
Documento de Aparecida, n 362.

21
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Desde Joo XXIII a Igreja tem orado por esse novo


Pentecostes; h um pouco mais de 40 anos a RCC tem
pregado e orado insistentemente para isso. Mas se os nossos
bispos e o Papa ainda esto pedindo porque esse
Pentecostes no atingiu toda a Igreja como deve atingir.
Portanto, mais do que nunca, agora que a RCC vai
colaborar para que esse avivamento no Esprito acontea,
chegou o momento em que vamos oferecer Igreja e ao
mundo tudo o que temos e somos. E ns, nova gerao
desse amado movimento, com o apoio daqueles que vem
abrindo o caminho antes de ns, na fora do Esprito seremos
os protagonistas desse novo tempo.
Por isso, cabe a ns jovens, reafirmarmos nossa
identidade carismtica para colaborarmos para esse momento
proftico. Marcos Volcan sobre esse assunto assim se expres-
sou:
Ser RCC uma vocao na vida da Igreja, precisamos parar
de pedir licena para sermos carismticos. Vamos viver
plenamente a nossa identidade, porque assim que Deus
quer nos usar. Esses tempos profticos esto forma ndo uma
nova liderana. Os frutos comea m a crescer. A ao da
RCC so os frutos. Eles j comeam a ser vistos. 24

Uma nova liderana j est surgindo, os frutos j esto


aparecendo. Imaginem quando vier a nova chuva, a chuva da
primavera! S h uma possibilidade de ser grande a colheita,
se chover! Juventude carismtica, prepare-se para receber a
nova chuva do Esprito! A graa do Novo Pentecostes!

24
Trecho de sua pregao no Congresso Nacional da RCC em 2009.

22
Encontro 1

3. Uma nova gerao de apstolos da efuso Esprito


Santo
O Papa Bento XVI quando se reuniu com jovens na JMJ
em Sidney na Austrlia disse-lhes:
Vim para confirmar -vos, meus jovens irmos e irms, na
vossa f e abrir os vossos coraes ao poder do Esprito de
Cristo e riqueza dos seus dons. Rezo para que esta grande
assemblia, que congrega jovens de todas as naes que h
debaixo do cu (At 2, 5), se torne um novo Cenculo. Que
o fogo do amor de D eus desa sobre os vossos coraes e
os encha, a fim de vos unir cada vez mais ao Senhor e sua
Igreja e enviar-vos, como nova gerao de apstolos,
para levar o mundo a Cristo. 25

Essa nova onda do Esprito no somente para ns do


Brasil, uma uno mundial, para formar uma nova
gerao de apstolos no mundo inteiro. um Novo
Pentecostes para as naes.
Por isso, exortamos, especialmente, a toda a juventude
carismtica do Brasil, dizendo que ns temos a misso de
levar adiante, at a prxima gerao, essa uno de
Pentecostes. A Igreja viva que queremos, a sociedade nova
que sonhamos, depender da nossa resposta hoje. Ns
devemos muito s geraes que nos precederam e nos
transmitiram o Evangelho. Devemos, de modo especial, aos
nossos irmos da RCC que trouxeram com muita garra at
ns essa chama de Pentecostes. E ns? O que ofereceremos
s geraes futuras?
O Papa Bento XVI nos interroga a esse respeito
dizendo:

25
BENTO XVI, Homilia na Celebrao Eucarstica para a JMJ, no Hip-
dromo de Ra ndwick, 20 de julho de 2008

23
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Amados jovens, permiti que vos ponha agora uma questo.


E vs, o que que deixareis prxima gerao? Estais a
construir as vossas vidas sobre alicerces firmes, estais a
construir algo que h de durar? Estais a viver a vossa
existncia de modo a dar espao ao Esprito no meio de um
mundo que quer esquecer D eus ou mesmo rejeit-Lo em
nome de uma falsa noo de liberdade? Como estais a usar
os dons que vos foram dados, a fora que o Esprito Santo
est pronto, mesmo agora, a derramar sobre vs? Que
herana deixareis aos jovens que viro? Qual ser a
diferena impressa por vs? 26

Queridos jovens, agora a nossa vez! Chegou a hora de


darmos pra valer a nossa contribuio! A gerao que nos
precede uma gerao de guerreiros e guerreiras. E o que
diro da nossa gerao? O que deixaremos? O que estamos
fazendo com o Batismo no Esprito que nos foi dado? Com os
carismas e dons que recebemos? E que temos feito de nossos
grupos de orao? Temos consumido nossa vida pelo
evangelho? Temos gastado as nossas foras para um mundo
melhor e uma Igreja renovada? Agora nossa vez! a nossa
hora! Estamos herdando 40 anos de luta e conquistas na RCC
e mais de 2010 de Cristianismo! urgente que assumamos
nossos postos! Pois a Igreja e o mundo tm necessidade dessa
renovao, atravs do dom da nossa juventude.
O mundo tem necessidade desta renovao. Em muitas
das nossas sociedades, ao lado da prosperidade material vai
crescendo o deserto espiritual: um vazio interior, um medo
indefinvel, uma oculta sensao de desespero... Tambm a
Igreja tem necessidade desta renova o. Precisa da
vossa f, do vosso idealismo e da vossa generosidade, para
poder ser sempre jovem no Esprito. A Igreja tem uma
especial necessidade do dom dos jovens, de todos os
jovens... Ela precisa de crescer na fora do Esprito, que

26
Idem.

24
Encontro 1

agora mesmo vos enche de alegria a vs, jovens, e vos


inspira a servir o Senhor com entusiasmo. 27

Vamos, juventude, coragem! Vamos, somos a nova


gerao de apstolos da efuso do Esprito Santo! Vamos,
Sentinelas da manh! O futuro comea aqui! Certamente o
Senhor conta com todos para realizar o derramamento do
seu Esprito sobre a face da terra, mas Bento XVI nos diz que
o Esprito quer em particular mediante vs, jovens, suscitar no
mundo o vento e o fogo de um Novo Pentecostes. 28

Concluso
Vivemos um tempo novo na Igreja e na RCC. Aps um
pouco mais de quarenta anos de caminhada do Movimento
Carismtico Catlico, sentimos ainda o rudo de um novo
sopro impetuoso do Esprito. Isso se confirma tanto no
Magistrio recente da Igreja como na escuta carismtica que
vivenciamos. Percebemos claramente se levantar uma nova
gerao de apstolos da efuso do Esprito Santo, no Brasil e
no mundo, para protagonizar esse novo tempo. Para essa
nova misso dada tambm uma nova uno. Cabe ainda
dizer que nenhuma gerao melhor do que a outra, mas
cada uma deve conscientemente realizar bem o seu papel.
o que esperamos dessa gerao nova que surge.

27
Idem.
28
BENTO XVI, Mensagem para a XXIII JMJ, 20 de julho de 2007.

25
Chamados a ser
Sentinelas da Manh
Amados jovens, o vosso turno de ser as sentinelas da manh
(cf. Is 21,11-12) que anunciam a chegada do sol que Cristo
ressuscitado! 29

Introduo
Ns temos um legado, uma herana deixada por Joo
Paulo: a confiana, a credibilidade e a esperana depositada
nos jovens. Ns somos frutos da gerao Joo Paulo II. Ele
soube falar ao nosso corao. Recebemos dele a herana das
Jornadas Mundiais da Juventude 30 , dos discursos para os
jovens, do incentivo da arte, da msica, e do evangelho
apresentado aos jovens na linguagem e no esprito juvenil.
Mas trazemos tambm uma responsabilidade. Um cargo de
confiana. Uma tarefa a realizar.
Joo Paulo II era radical no seu discurso e na sua
atitude, rejeitou os mtodos contraceptivos, o homos-
sexualismo, condenou o aborto, os fenmenos da moda e a
cultura do prazer pelo prazer. Ele foi um amigo dos jovens,
mas um amigo exigente. Ele chegou aos coraes dos crentes
e no-crentes. Desafiou-nos a combater o sucesso fcil, a

29
Joo Paulo II, Mensagem para a XVII JMJ, Castelgandolfo, 25 de julho de
2001.
30
JMJ: Sigla para Jornada Mundial da Juventude.

27
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

carreira rpida, a sexualidade sem responsabilidade e


existncia centrada na afirmao de si, muitas vezes passando
por cima dos outros. Nos apontou o caminho da
santidade. Por isso, ficar para ns a referncia de um
homem firme, determinado e orientado por uma f profunda.
Mas ficam as perguntas: A doutrina de Joo Paulo II no
vai sobreviver? As palavras dele cairo no esquecimento? Ser
que Bento XVI deixar de levar para frente essa grande
empreitada iniciada por Joo Paulo II em favor dos jovens?
Ser verdade que os jovens gostam da msica, do ritmo do
Papa, do seu discurso, mas depois no conseguem pr em
prtica?
verdade para aqueles que so covardes, que se
apoiam em suas prprias foras, que no tem coragem de
nadar contra a correnteza, que tem vergonha do Evangelho e
que querem uma superficialidade religiosa. Mas para ns
mentira, sabe por qu? Porque ns estamos aqui. Queremos
ser fiis Igreja, queremos semear a cultura de Pentecostes.
Porque no contamos somente com nossas prprias foras,
mas sim com o poder do Esprito Santo que nos capacita.
mentira, porque ns, apesar das nossas quedas e tropeos,
nos levantamos e continuamos a caminhar. Porque fizemos
do Evangelho o ideal de nossas vidas. Fizemos do ser cristo
no um fardo, nem um peso, mas uma alegria de viver!
No entanto, ficou ainda uma questo muito importante
para responder: em ns jovens vai ficar a forte lembrana da
sua mensagem ou apenas uma saudade da sua presena?
No irmos, no pode ficar em ns apenas uma saudade
de sua presena, mas precisamos colocar em prtica tudo o
que ele nos deixou. E quem pede isso, o sucessor de Joo
Paulo II, nosso amado Papa Bento XVI.

28
Encontro 1

Desenvolvimento
1. De Joo Paulo II a Bento XVI: uma herana trans-
mitida

queles que pensavam que com a morte de Joo Paulo


II o dilogo com os jovens tinha terminado, os desafios
propostos pelo Evangelho tenham findado, dizemos que esto
completamente enganados.
Vejam o que Bento XVI disse no discurso inaugural da
JMJ em Colnia na Alemanha.31
Hoje ao chegar a Colnia para participar com vocs na XX
JMJ, torna-se espontneo recordar com emoo e
reconhecimento o servo de Deus to amado por todos ns,
Joo Paulo II, que teve a idia luminosa de convocar os
jovens do mundo inteiro para celebrar juntos Cristo, nico
Redentor do gnero huma no. Graas ao dilogo profundo
que se desenvolveu durante mais de vinte a nos entre o
papa e os jovens, muitos deles puderam aprofundar a f,
estabelecer vnculos de comunho, apaixonar-se pela Boa
Nova da salvao em Cristo e proclam-la em ta ntas partes
da terra. Esse grande papa soube compreender os desafios
que se apresentam aos jovens de hoje e confirmando a sua
confiana neles, no hesitou desafi-los para que fossem
corajosos anunciadores do Eva ngelho e audazes
construtores da civilizao da verdade, do amor e da paz.
Hoje compete a mim receber essa extraor dinria he-
rana espiritual que o papa Joo Paulo II nos deixou.
Ele os a mou, vocs o compreenderam e retriburam com a
espontaneidade de sua idade. Agora, todos juntos, temos
a tarefa de pr em prtica os seus ensinamentos. 32

31
Essa foi a primeira viagem oficial Bento XVl fora da Itlia e
justamentamente para a Jornada Mundial da Juventude, e um detalhe
importante na sua ptria, a Alemanha. No ser esse um sinal do Esprito?
32
BENTO XVI, Discurso na festa de acolhimento dos jovens por ocasio da
XX JMJ em Colnia, Alemanha, aos 18 de agosto de 2005. Grifo nosso.

29
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Ns precisamos colocar em prtica os seus ensina-


mentos. nossa maior tarefa.

2. Um nome novo dado aos jovens


De todos os ensinamentos deixados por Joo Paulo II,
somos chamados a abraar um de maneira especial, e
fazermos dele um programa de vida. Esse ensinamento na
verdade um nome, entre os muitos que ele nos deu, e que
se tornou a expresso mais inquietante e interrogadora dele
para ns. Ele nos chamou de Sentinelas da Manh.
Ele j havia nos chamado de: Povo das bem-aventuranas,
Apstolos do terceiro milnio, Arautos generosos do Evangelho,
Esperana viva da Igreja e do Papa, Testemunhas de Cristo
ressuscitado. Essas so as expresses mais usadas por Joo
Paulo II, que em todas elas retratam o que somos, e o que a
Igreja pensa e espera de ns. Mas certamente Sentinelas da
manh a mais intrigante e provocadora entre as demais,
pois traz consigo riquezas a serem descobertas.
Joo Paulo II apontou a ns jovens uma misso
estupenda: fazerem-se sentinelas da manh (cf.Is 21,11s)
nesta aurora do novo milnio.33 E o mais interessante que
Bento XVI relembrou essa misso quando ele falava dos
jovens no seu Discurso na Sesso Inaugural dos trabalhos da
Conferncia de Aparecida, e que depois acabou entrando no
texto conclusivo do Documento, assim:
Os jovens... so chamados a ser sentinelas da manh 34

33
JOO PAUL O II, Carta Apostlica Novo Millennio Ineunte. L embrando o
encontro com os jovens em Tor Vergata, Roma, no ano 2000.
34
Documento de Aparecida, n 443. E ainda, nessa mesma citao no Do-
cumento est uma referncia dessa frase sendo usada por Joo Pa ulo II,
aos 28 de julho de 2002 na M ensagem para a JMJ em Toronto, no Ca nad.

30
Encontro 1

Sabemos que muitas vezes na Bblia, quando se d um


nome novo pessoa porque ela est recebendo na verdade
uma nova misso. Assim aconteceu com Abro, que se
tornou Abrao, tambm aconteceu com Jac que se tornou
Israel, e ainda com Simo que se tornou Pedro, e agora
acontece voc: seu nome novo Sentinela da Manh!

3. O que uma sentinela?


Sentinela um soldado armado que se coloca prximo
de um posto para o guardar, para previnir de aproximao do
inimigo35. E guarda o posto, executando tudo o que lhe foi
determinado pelos superiores. Sentinela aquele que tem a
funo de vigiar, preservar, aquele que vela por alguma
coisa. A sentinela fica num local mais elevado para ter uma
viso mais ampla. Ela toca a trombeta, ou a sirene quando
avista o perigo.
Certamente, existem vrios tipos de soldados. Por que
ento a Igreja nos chama de Sentinelas da Manh? Esse rpido
conceito de sentinela, dado acima, j nos d uma idia, do
porqu estamos sendo chamados assim pelo magistrio da
Igreja.
O soldado sentinela aquele que guarda um posto: e
ns temos um posto na Igreja. A ns cabe olhar para frente,
voltar o olhar para o futuro, para o antecipar, conquistar e
melhorar. Temos a misso de guardar: a Igreja, os tesouros da
f, as riquezas do evangelho, e ainda zelar pela dignidade
humana e denunciar tudo o que vai contra essa mesma
dignidade, porque o homem reflexo do Criador. Guardar e
preservar o patrimnio cultural, moral, e religioso da
humanidade. A misso de tocar a trombeta e denunciar o
perigo. No ter medo de denunciar a cultura de morte, o
35
Mdio Dicionrio Aurlio, p. 1549.

31
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

relativismo, o materialismo, a injustia social, a busca do


prazer pelo prazer, e tudo o que vai contra aquilo que Belo,
Verdadeiro e Bom.
A maior misso da sentinela vigiar e anunciar. A
sentinela enquanto est de vigia no pode dormir. Porque
enquanto a sentinela dorme, o inimigo avana, pula ou
derruba os portes, entra na cidade, devasta tudo, saqueia e
mata os moradores, mesmo que a sentinela acorde um pouco
depois, pode ser tarde demais.
Quem est dormindo, precisa acordar! Precisa desper-
tar! Por isso juventude do Brasil acorda! Levanta e diz: Eu sou
um jovem-sentinela!

4. Sentinelas: da manh
O Papa Joo Paulo II nos ensinou, a vigiar, a lanar os
olhos para alm de ns prprios e da nossa pequenez,
ensinou-nos a olhar a transcendncia, o eterno que se
aproxima, a no perdermos de vista, no meio da noite, o
claro da luz de Cristo, o fulgor da cruz. 36
Ele nos ensinou a vigiar. Ensinou-nos a olhar o mundo,
sem tirar os olhos de Cristo. E projetarmos a luz de Cristo
para o mundo, para iluminar o mundo.
Mas no somos apenas sentinelas, mas sim sentinelas
da manh. Esse complemento muito importante,
como um sobrenome.
Sentinelas da manh, Sentinelas do futuro. Pois assim diz
a Palavra do Senhor:
De Seir chamam por mim: Sentinela, que resta da noite?
Sentinela que resta da noite? A sentinela responde: A

36
Cf. JOO PAULO II, Sentinelas da Manh, exerccios espirituais para os
jovens, Editora Paulus, p.11.

32
Encontro 1

manh vem chegando, mas ainda noite. Se quereis


perguntar, perguntai! Vinde de novo! 37

A manh vem chegando. Anunciamos que depois da


noite vem a manh, vem o alvorecer. O alvorecer de um
novo tempo, de uma nova criao. O alvorecer da concrdia
entre os povos, da paz entre as naes, do dilogo entre f e
razo, do fim da destruio dos inocentes, do fim da misria e
da fome. O alvorecer onde os homens so saciados de sua
fome e de sede de Deus. O alvorecer do reino de Deus que
se expande j aqui na terra. Como dizia o Papa:
Qua ndo a luz vai diminuindo ou desaparece totalmente,
deixa-se de poder distinguir a realidade circundante. No
corao da noite, pode-se sentir medo e insegurana,
aguardando-se ento com impacincia a chegada da luz da
aurora. Amados jovens, o vosso tur no de ser as
sentinelas da manh (cf. Is 21,11-12) que anunciam a
38
chegada do sol que Cristo ressuscitado!

Amados, o nosso turno contempla a manh.


Comeamos trabalhar noite, mas conseguimos ver a manh,
ver o sol nascendo. No somos soldados do meio dia, da
tarde, ou do incio da noite. Somos Sentinelas da Manh,
trabalhamos na alta madrugada, vemos a escurido da noite,
mas terminamos nosso turno contemplando o dia.
Mas ainda noite, ou seja, ainda existe trevas, uma
cultura de morte a ser derrubada, milhes de pessoas que
no conhecem a Palavra de Deus. Ainda existe as estruturas
do mal na sociedade, a injustia social, a iluso de um mundo
sem Deus e tanta escurido.

37
Is 21, 11-12
38
JOO PAUL O II, Mensagem para a XVII Jornada Mundial da Juventude,
Castelgandolfo, 25 de Julho de 2001.

33
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Mas, o dia, vem! O sol vem: Cristo nossa luz. Que


dissipa as trevas do mundo. Ele a Estrela Radiosa da
Manh39 . E Ele mesmo diz:
Eu sou a luz do mundo. Quem me segue no andar nas
trevas, mas ter a luz da vida. 40

Essa a nossa alegria e a nossa esperana que no


decepciona, que no engana, pois ela est viva! Ns somos
portadores dela! Por isso que somos chamados de a
esperana viva da Igreja e do Papa. Somos a esperana,
pois ser atravs de ns jovens que, alicerados em Cristo e
transformados pelo Evangelho, veremos as estruturas do mal
sero destrudas, pela construo de um novo futuro atravs
de nossa resposta hoje.

5. Implantar a Cultura de Pentecostes para construir


civilizao do Amor
Certamente est em nossas mos a implantao de uma
nova cultura, de um novo modo de viver. E de maneira
especial ns juventude carismtica, como apstolos da efuso
do Esprito Santo, temos uma Cultura a implantar: a Cultura
de Pentecostes. Assim como nos exortava o prprio Papa
Joo Paulo II:
No nosso tempo vido de esperana, fazei com que o
Esprito Santo seja conhecido e amado. Assim, ajudareis a
fazer que tome forma aquela cultura do Pentecostes, a
nica que pode fecundar a civilizao do amor e da
convivncia entre os povos. 41

39
Apocalipse 22, 16.
40
Joo 8, 12
41
JOO PAULO II, Discurso aos membros de uma delegao do Renovao
no Esprito , na Itlia, a 14 de maro de 2002.

34
Encontro 1

Est claro que se o Senhor enviar o Seu Esprito, ser


renovada a face da terra42. Ns temos o segredo de
Pentecostes, fomos vocacionados para levar a efuso
permanente do Esprito. Sabemos que s o Esprito Santo
pode fazer novas todas as coisas, s Ele pode nos dar fora
para o testemunho43, e nos encher de ousadia, atrevimento e
parresia.44 Somente o Esprito pode nos tornar apaixonados
por Jesus Cristo, amantes do reino de Deus, arautos
corajosos do evangelho. S no Esprito poderemos proclamar
que Jesus Cristo o Senhor45 . Que Jesus Cristo a resposta
para todos os problemas da humanidade. Que ele o nico
capaz de satisfazer as aspiraes mais profundas do corao
humano.46
No Esprito, vamos gritar ao mundo, com nossas vidas e
palavras, que o que vai transform-lo no uma ideologia
qualquer, ou um sistema poltico, mas sim algum, uma
pessoa, e ele se chama: JESUS DE NAZAR. Pois s Ele tem
palavras de vida eterna! 47 Nesse mundo onde ressoam tantas
vozes, s Cristo tem palavras que resistem a eroso do
tempo e duram por toda a eternidade.48
Ns, Sentinelas da Manh precisamos testemunhar ao
mundo, sobretudo aos outros jovens, que ser cristo
maravilhoso! belo! fascinante! E que o cristianismo, o
catolicismo, no um acmulo de proibies, e sim um projeto

42
Cf. Salmo 103,30
43
Cf. Atos 1,8
44
Cf. Atos 4,29-31.
45
Cf. I Corntios 12,3
46
Cf. Joo Pa ulo II,
47
Joo Paulo II, Homilia no encerramento da JMJ, Tor V ergata, domingo,
20 de agosto de 2000.
48
Idem.

35
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

fascinante de vida. 49 Precisamos ajudar os nossos contem-


porneos a entender a beleza e o fascnio de ser cristo.
Mas importante voltar a dizer, para que isso se torne
realidade no basta boa vontade, boa inteno, nem belos
discursos. preciso um projeto bem definido. Mas no um
projeto qualquer, mas sim um projeto de vida. Um projeto
de vida pautado nos valores do Evangelho. Que leve em conta
a graa que recebemos da efuso do Esprito. Mas que
permeie todas as reas da nossa vida. Um projeto norteador,
que oriente toda nossa existncia, toda nossa histria.

6. Um projeto de vida pessoal

certo que somos chamados a ser Sentinelas da manh.


No entanto, no se forma um jovem-sentinela apenas com
uma pregao ou com um encontro de final de semana. Ser
Sentinela da manh deve ser entendido como um
programa de vida. Esse programa ser orientado pela
construo do nosso projeto de vida pessoal, do qual
abordaremos mais detalhadamente no ltimo ensino deste
livro.
Coragem, Sentinelas! A Igreja e o mundo esperam a
resposta de vocs!

Concluso

Ns jovens temos a misso de levar em frente a


herana espiritual deixada a ns por Joo Paulo II, e assumir a
nossa vocao de Sentinelas da manh, tomando posse do
nosso posto como vigias corajosos, anunciando o bem e

49
Dom Sta nislau RYLKO, aos movimentos eclesiais e novas comunidades,
2006.

36
Encontro 1

denunciando o mal. Sendo instrumentos de transformao da


sociedade, inserindo nela, e tambm colaborando na
renovao da Igreja. Buscando implantar a Cultura de
Pentecostes, a nica capaz de fecundar a civilizao do amor.
Tudo isso, atravs da construo de um projeto de vida
pessoal bem definido, segundo os valores do Evangelho.

37
Juventude em ordem
de batalha
S de Deus provm a verdadeira revoluo, a mudana decisiva
do mundo 50

Introduo: Convocao Geral


A palavra proftica para ns RCC nesses tempos :
militncia apostlica 51.
Militncia diz respeito a militar, a soldado, a marcha.
Apostlica diz respeito aos apstolos no seu zelo e ardor.
Portanto, o Senhor convoca o Seu exrcito, Seu exr-
cito juvenil, e pede que se espalhe essa convocao:
Proclamai isto entre as naes:
Declarai guerra! Chamai os valentes! Aproximem-se, subam
todos os guerreiros!
Os vossos arados, transformai -os em espadas, e as vossas
foices, lanas!
Mesmo o enfermo diga: Eu sou Guerreiro! 52

Esse grito precisa ser espalhado por todo o nosso Brasil,


os jovens da nossa nao precisam ouvir a convocao do
Senhor. Ele est convocando, recrutando, para formar e
treinar esse exrcito. E sobretudo a eles que se dirige a

50
BENTO XVI. Discurso na Viglia de orao da XX JMJ, 20 de agosto de
2005, Colnia, Alema nha
51
Reinaldo Bezerra dos Reis, Escutai o Esprito Santo .
52
Joel 4,9 -10

39
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

convocao urgente para que se levantem e constituam um


exrcito em ordem de batalha.
O Senhor est convocando rapazes e moas para serem,
no Esprito, os protagonistas da Civilizao do Amor. tempo
de alinhar as tropas, organizar o exrcito e avanar. Pois a
guerra j est declarada. E contra o pecado e todas as suas
estruturas.

Desenvolvimento
1. O alvo do combate
Ns temos um alvo no combate. Declaramos guerra,
sim, contra o pecado. Primeiramente, ao pecado presente em
ns mesmos. Assumindo em nossas vidas o poder do sangue
redentor de Jesus, e lavando e alvejando as nossas vestes no
sangue do Cordeiro 53, recorrendo sempre ao sacramento da
reconciliao e, sobretudo, apoiados na graa de Deus nos
esforarmos para viver aquela vocao que a de todo
batizado: a vocao universal santidade 54. A santidade
de vida dos militantes o primeiro passo da guerra contra o
pecado, antes de mais nada o pecado pessoal, para derrubar-
mos assim, o pecado social. Pois assim escreve o autor da
carta aos Hebreus:
[...] desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos
com perseverana ao combate proposto, com olhar fixo no
autor e consumador de nossa f, Jesus. Considerai, pois,
atentamente aquele que sofreu ta ntas contrariedades dos
pecadores, e no vos deixeis abater, pelo desnimo. Ainda
no tendes resistido at o sangue, na luta contra o
pecado.55

53
Ap 7,14
54
Constituio Dogmtica Lumen Gentium sobre a Igreja, n. 40.
55
Heb 12,1b.3s

40
Encontro 1

Fica claro, portanto, que a guerra no contra os


homens, no! Nossa guerra declarada contra tudo aquilo
que destri o homem, que ofende a sua dignidade. Nossa
guerra contra a instrumentalizao do corpo visto com
mero objeto de prazer egosta, contra o aborto, contra a
manipulao das clulas troncos embrionrias, contra o
esfacelamento da famlia, contra toda forma de misria e
injustia social que assola a humanidade e destri a mais bela
de todas as criaturas: o ser humano criado imagem e
semelhana de Deus.
Por isso importante enfatizar que a nossa luta
contra o pecado e todas as suas consequncias na sociedade,
e sem dvida alguma, contra Satans.
Pois no contra homens de carne e sangue que temos que
lutar, mas contra os principados e potestades, contra os
prncipes deste mundo tenebroso, contra as foras
espirituais do mal espalhado nos ares. 56

A essa altura, muitos podem se perguntar: Mas esse


combate no s tarefa de jovens, mas todo batizado
independente de sua idade?
Sem dvida, esse combate tarefa de todo o povo de
Deus. Mas no podemos deixar de afirmar que quando o
apstolo So Joo se dirige aos jovens em sua primeira carta
ele afirma assim:
Jovens, eu vos escrevo porque vencestes o maligno...
Jovens, sois fortes e a palavra de Deus permanece em vs, e
57
vencestes o maligno.
Se no houvesse uma convocao especial dos jovens, o
apstolo Joo no exortaria dizendo e repetindo a afirmao:
Vencestes o Maligno! Sem dvida alguma, o Senhor

56
Ef 6,12
57
I Jo 2,13b.14c

41
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

depositou na juventude uma graa especial de liber-


tao, e uma certeza de vitria de maneira particular:
Vencestes! So as preferncias e incumbncias que Deus d.
E isso ns ouvimos do discpulo mais ntimo de Jesus e o mais
jovem: Joo, o discpulo amado.

2. Um mandato da Igreja

O Papa Joo Paulo II muito nos encorajou nesse


sentido, a sermos fortes na luta contra o verdadeiro mal,
contra tudo aquilo que ofende a Deus, contra todo pecado, a
realmente vencermos o Maligno pela fora de Deus. Assim
disse ele, citando um trecho da primeira carta de So Joo:
O apstolo diz: Jovens, sede fortes, basta que a palavra de
Deus permanea em vs. Ento sereis fortes: podereis
assim chegar at os mecanimos ocultos do mal, s
suas razes e gradualmente mudar o mundo, transfor-
m-lo, torn -lo mais humano, mais fraterno e ao
mesmo tempo mais de acordo com o desgnio de
Deus. 58

Vejamos bem, o Papa deixa claro que para transformar


o mundo preciso ir at as razes do mal, e a partir de l
mudar o mundo, gradualmente.
E quando Joo Paulo II fala sobre o mal, ele no faz
rodeios e exorta dizendo:
O apstolo escreve: "Vencestes o Maligno!" assim.
preciso remontar consta ntemente s razes do mal e do
pecado na histria da huma nidade e do universo, assim
como Cristo remontou a essa mesmas razes no seu
mistrio pascal da Cruz e Ressurreio. No h que ter
medo de chamar pelo nome o primeiro artfice do

58
JOO PAULO II, Carta Apostlica por ocasio do Ano Internacional da
Juventude, 31 de maro de 1985.

42
Encontro 1

mal: o Maligno. A ttica que ele utilizava e utiliza, consiste


em no se revelar, para que o mal por ele introduzido desde
o incio, tenha o seu desenvolvimento a partir do
prprio homem, dos sistemas e das religies inter -
humanas, das classes sociais e das naes... a fim de se
tornar cada vez mais pecado estr utural , e deixa ndo-
se, cada vez menos indentificar como pecado pessoal.
Tudo para que o homem por assim dizer, se sinta como que
libertodo pecado, ao mesmo tempo que se afunda nele
cada vez mais. 59

Jovens, essa a grande ttica do maligno, atuar atravs


das aes dos homens, por meio do pecado, construindo as
grandes estruturas do pecado, legitimando o pecado atravs
das leis; de instituies, de sistemas. Nossa misso grande e
rdua. Ser sentinela da manh no qualquer coisa, ser um
jovem militante no brincadeira. Somos chamados a ir at
os mecanismos ocultos do mal, e derrubar as estruturas do
pecado.

3. Derrubando as estruturas do pecado

Quando falamos de estruturas de pecado, significa


que o
[...] pecado torna os homens cmplices uns dos outros, faz
reinar entre eles a concupiscncia, a violncia e a injustia.
Os pecados provoca m situaes sociais e instituies
contrrias bondade divina. As estruturas de pecado so a
expresso e o efeito dos pecados pessoais. Induzem suas
vtimas a cometer, por sua vez, o mal. Em sentido analgico,
constituem um pecado social60

Os pecados pessoais podem ser estruturados de diver-


sas formas, por exemplo: a aprovao da lei do aborto ou do

59
Idem. Grifo nosso.
60
CIC n 1869

43
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

casamento de homossexuais. Quando se constitucionaliza


algo imoral, dando a ele carter legal, ento se forma uma
estrutura em torno do pecado, amortecendo assim as
conscincias e buscando eliminar os complexos de culpa. Em
outras palavras, dar carta branca para a proliferao do mal.
E isso no somente no aspecto constitucional, mas tambm
em outras instituies que trabalham na formao das
conscincias, como as famlias, as escolas, as universidades, a
televiso, a literatura, a internet, a arte, entre outros. Se esses
meios forem carregados daquilo que so valores efmeros, de
princpios parecidos com areia movedia, o pecado estar
sempre sendo estruturado, o homem como que livre da
culpa pessoal, e se afundando mais e mais.
Certamente, quando esses meios, que em si mesmos
so necessrios, forem usados para uma educao sexual fora
do seu verdadeiro significado, para mostrar uma liberdade
sem responsabilidade, para propor falsas iluses de felicidade,
para oporem-se aos valores ticos e morais, para joguetes
polticos e favor o interesse de grandes empresrios, para
atacar Igreja, para querer convencer o homem que ele pode
viver sem Deus e encadear toda e qualquer forma de
manipulao, ns estamos diante de uma estrutura de
pecado.
Mas, para derrubar essa estrutura de pecado, no
bastam boas intenes e nem belos discursos. preciso mais
do que isso. Para derrubar essa estrutura e implantar o Reino
de Deus em Jesus Cristo, reino de justia, amor e paz, a to
sonhada Civilizao do amor, se faz preciso tomar posse da
nossa condio, assumir o nosso posto, ou seja, o mandato a
Igreja dado ns, o de sermos sentinelas da manh no
incio do novo milnio61

61
JOO PAULO II, Novo Millennio Ineunte, n. 9.

44
Encontro 1

preciso comprometer a vida, e ir onde est a raiz do


mal. Se o mal est na poltica, preciso uma sentinela ali. Se
est no sistema universitrio, preciso uma sentinela ali. Se
est na educao, na sade, na literatura, nos meios de
comunicao, preciso uma sentinela ali. preciso inserir na
sociedade e transform-la a partir de dentro, com teste-
munho e aes concretas. E tambm no interior da prpria
Igreja h necessidade de renovao, preciso que os jovens
ocupem seu lugar como leigos atuantes ou respondendo ao
Senhor com generosidade no ministrio ordenado e na vida
consagrada, renovando a Igreja de dentro para fora. Os
jovens sentinelas devem estar, portanto, inseridos na Igreja e
na sociedade sendo ali artfices de renovao.

4. A verdadeira revoluo

Os jovens na histria sempre foram protagonistas de


grandes revolues, tanto sociais como religiosas, houve
revolues positivas e negativas. Podemos citar aqui a
Revoluo Sexual da dcada de 60, o movimento hippie, a luta
por democracia, um exemplo foram as Diretas J, no Brasil,
os caras pintadas na poca do presidente Collor, e da por
diante. Podemos citar revolues espirituais como aquela
desencadeada Francisco de Assis e todo o movimento
franciscano, por Catarina de Sena na Europa, por Tereza de
Lisieux e o caminho de infncia espiritual, e tantos outros
santos que marcaram a histria da humanidade.
Ns, jovens de hoje, tambm somos chamados a
desencadear uma grande revoluo, uma grande reforma na
Igreja e na sociedade. No entanto, Bento XVI aponta aos
jovens o caminho dessa revoluo na Igreja e no mundo:
Dissemos que os santos so os verdadeiros reformadores.
Agora gostaria de express-los de modo mais radical: s dos

45
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

santos, s de D eus provm a verdadeira revoluo, a


muda na decisiva do mundo. No sculo que a pouco
terminou vivemos as revolues, cujo programa comum era
no aguardar mais a interveno de Deus, mas assumir
totalmente nas mos o destino do mundo... no so as
ideologias que salvam o mundo, mas unicamente a volta
para o Deus vivo... A verdadeira revoluo consiste em
dirigir-se a Deus sem reservas. 62

Est claro agora de que maneira vamos militar.


Queremos fincar por toda parte a bandeira: Jesus o Senhor!
Mas para fincarmos essa bandeira, preciso antes levan-
tarmos com a nossa vida outra: a da santidade. Pois:
[...] a santidade a fora mais poderosa para levar a Cristo
os coraes dos homens 63

o testemunho de nossa vida que implantar uma nova


forma de viver no mundo. O testemunho de vida honesta,
sbria, casta, alegre, que abalar as estruturas do pecado no
mundo. A coragem de gritarmos com a vida contra toda a
injustia social, violncia, mas fazendo tambm a nossa parte,
indo ao encontro dos mais necessitados. O impacto da nossa
ao em qualquer mbito depender da alta medida de
retido de vida que abraarmos.

5. Vamos, com tudo o que somos e temos!

Certamente, muitos de ns ao mesmo tempo que


reconhecemos esse apelo de Deus, talvez, sentimos que a
misso muito grande e ns somos muito poucos e o nosso
exrcito pequeno.
62
BENTO XV I. Discurso na Viglia de orao da XX JMJ, 20 de agosto de
2005, Colnia, Alema nha.
63
Joo Paulo II.

46
Encontro 1

Mas ento o que faremos? Pois h tanto o que fazer, h


tanto para ser transformado! Como se far isso?
A Virgem Maria tambm, mesmo sendo mulher to de
Deus, quando se deparou com a misso de ser a me do
Salvador, do Cristo prometido pela boca dos profetas, teve a
ousadia de perguntar: Como se far isso? E o anjo respondeu-
lhe:
O Esprito Santo descer sobre ti e a fora do Altssimo te
envolver com sua sombra. 64

Realmente, se ns nos pautarmos por nossas prprias


foras, no chegaremos a lugar nenhum. Precisamos e
podemos contar com a fora de Deus, com o poder do
Esprito Santo. Mas, que age a partir da nossa entrega, do
nosso sim, da nossa permisso, do nosso primeiro passo.
Maria teve que dizer primeiro:
Eis aqui a serva do Senhor. Faa-se em mim segundo a tua
palavra.65

Deus espera a nossa colaborao, e que assumamos o


nosso sim com todas as suas consequncias, como Maria.
Ns precisamos ir com o que tudo o que somos e
temos. E Deus usar de tudo o que somos para realizar a sua
obra. Lembremos da passagem de Joel 4, 10:
Os vossos arados, transformai-os em espadas, e as vossas
foices, em lanas!

Arados e foices so instrumentos simples, para quem


trabalha na terra, na roa, para cortar o mato e mexer no
solo. Deus capaz de pegar aquilo que para ns simples
como um bordado, uma pintura, usar um computador, a

64
Lucas 1, 35
65
Lucas 1, 38

47
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

minha facilidade de comunicar, de escrever, e outros; e


transformar essas foices em lanas. Deus pode pegar a minha
profisso de professor, eletricista, dentista, psiclogo,
engenheiro e tantas outras, e transformar esses arados em
espadas. Tudo em ns, o que somos e temos pode ser
instrumento da graa de Deus e do bem para a humanidade.
E no fiquemos preocupados com quantidade, mas
com qualidade. Essa preocupao com quantidade
humana, e no divina. Essa era a preocupao dos
companheiros de Judas Macabeu, diante do numeroso
exrcito inimigo que avanava contra eles, assim diziam eles:
Como poderemos enfrentar ta manho exrcito, se somos
66
to poucos...?

Ento tiveram que ouvir da boca de um homem de f,


Judas Macabeu, as seguintes palavras:
fcil - respondeu Judas - a um punhado de gente fazer -se
respeitar por muitos, para o Deus do cu no h diferena
entre a salvao de uma multido e de um punhado de
homens, por que a vitria no combate no depende do
nmero, mas da fora que desce do cu. Esta gente vem
contra ns, com insolncia e orgulho para nos aniquilar,
junta mente com nossas mulheres e nossos filhos e para nos
despojar, ns porm, lutamos por nossas vidas e nossas
leis. 67

Tomemos posse dessa palavra, pois a vitria no


combate no depende do nmero, mas da fora que desce do
cu. E essa fora, o Esprito Santo de Deus, que o Senhor
est derramando abundantemente nesse tempo sobre ns.
Esse o tempo do Esprito, o Kairs de Deus sobre a
humanidade. o tempo decisivo, os ltimos tempos.

66
I Macabeus3,17b
67
I Macabeus3,18-21

48
Encontro 1

Os ltimos tempos que esta mos vivendo so os tempos da


Efuso do Espirito Sa nto.Trata-se, por conseguinte, um
combate decisivo entre a "carne" e o "espirito . 68

Jovens, um combate decisivo entre a carne e o


esprito. Ns precisamos estar empenhados nesse combate69.
No d para perdermos tempo e nem ficarmos "brincando"
de sermos jovens carismticos. hora de militncia, no
podemos ficar s na defesa. momento de partirmos para o
ataque. tempo de uma frente ofensiva. A viso proftica
para ns jovens carismticos :
Com militncia apostlica e combatividade proftica,
trabalhar pela implantao e difuso da espiritualidade e
Cultura de Pentecostes 70

por isso que o Senhor est levantando um exrcito de


jovens cheios do Esprito Santo, que levam por toda a parte o
Reino de Deus. Que introduzidos nos mais diversos setores
de nossa sociedade sejam sinais desse Reino. Que espalhados
no mundo operam uma imploso, ou seja, explodem a partir
de dentro todas as velhas estruturas mortas e corrompidas, e
lanam as bases de uma nova cultura, a cultura de
Pentecostes, a nica capaz de fecundar a Civilizao do Amor
e da sobrevivncia entre os povos71 .
Por que sair da defesa e ir para a ofensiva?
Porque o mundo com suas artimanhas no fica
esperando, Satans est com grande fria sabendo que
pouco tempo lhe resta72. O mal no espera. O mal tem
entrado em nossas casas, em nossas vidas sem pedir licena. E

68
Catec., n. 2819
69
Cf. Catec. 2846
70
Planejamento estratgico da RCC-B R, 2010-2017, p.5.
71
JOO PAULO II, aos lderes da RCC
72
Ap 12,12b

49
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

o grande problema que o avano dos maus, devido a


omisso dos bons. As trevas no so nada mais do que
ausncia de luz.
Retornemos passagem bblica, onde Judas Macabeu
continua dizendo assim, em relao ao exrcito inimigo:
Esta gente vem contra ns, com insolncia e orgulho, para
nos aniquilar, junta mente com nossas mulheres e nossos
filhos, e para nos despojar 73

isso que o sistema deste mundo tem feito, tem vindo


com insolncia contra ns, sobretudo, contra os cristos,
contra os catlicos, para nos aniquilar. isso que eles
querem, aniquilar, destruir o cristianismo. Pois os verdadeiros
cristos so um sinal de contradio no mundo.
Por isso a Igreja Catlica sofre tantos ataques, por isso
que o Papa to criticado. por isso que em muitos pases
da Europa foi tirado todos os sinais do cristianismo de
ambientes pblicos: cruz, bblia e outros. E aqui no Brasil
querem fazer o mesmo. Eles querem aniquilar a moral crist,
aniquilando os valores do Evangelho. Querem aniquilar as
nossas famlias, nos enfiando goela a baixo diferentes
formas de constituir famlia. E ai daqueles que se colocarem
contra, pois sero taxados de preconceituosos, homofbicos,
e podem at ser indciados. Querem aprovar o aborto a todo
custo, at o 9 ms de gravidez, realizado pelo SUS, com
nosso dinheiro pblico. Querem nos despojar completamen-
te. Mas ns no podemos ficar calados, no podemos nos
acomodar, no podemos ficar parados. Precisamos fazer
assim como Judas Macabeu fez, declarando:
[...] ns , porm, luta mos por nossas vidas e nossas leis. 74

73
I Macabeus 3, 20
74
I Macabeus 3,21

50
Encontro 1

isso que precisamos fazer, lutar pela nossa vida. E


quando falamos nossas vidas, no somente eu e minha
famlia, mas os cristos, os pobres, os oprimidos, pela vida
humana desde a concepo at sua morte natural. pela
qualidade de vida para todos.
Quando se fala de lutar pelas nossas leis, quer dizer
vamos lutar pela liberdade de vivermos os mandamentos da
Igreja; no matar, no cometer adultrio, no pecar contra a
castidade, etc. pela liberdade de vivermos as leis da nossa
Igreja que ensina que o casamento indissolvel, e que
precisamos de um lar estvel, com a presena do pai
(homem) e da me (mulher) que fundamental para a
formao da personalidade da criana.
lutarmos por leis mais justas no poder legislativo. Leis
que sirvam ao bem comum, que contribua pela melhoria de
vida, para o progresso da sociedade, pautada na verdade, na
justia, nos valores ticos e morais. Onde o ser humano
nunca seja um meio, mas sempre um fim.
Diante de todo esse desafio, levantemo-nos juventude
brasileira, juventude catlica, juventude carismtica! Assuma-
mos os nossos postos e ampliemos a nossa viso. Compro-
metamos a nossa vida com a causa do Evangelho. Para que,
em p, possamos como os Macabeus nos encorajar uns aos
outros dizendo:
Levantemos a nossa ptria de seu abatimento e lutemos por
nosso povo e nossa religio. 75

Lutemos pelas famlias, pelos jovens, pela Igreja, pelos


menos favorecidos. Sim, lutemos pela construo de um
mundo mais de acordo com o projeto de Deus.
Que a Virgem Maria ajude nossos militantes nessa
empreitada. Na certeza de que a vitria j certa! Amm.
75
I Macabeus 3,43

51
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Concluso
tempo de militncia apostlica. Por isso esto
convocados todos os jovens do nosso pas para comporem
esse exrcito. E com valentia missionria, realizarem uma
verdadeira revoluo, na santidade, com aes concretas que
implantar uma nova Cultura, uma nova Civilizao, no poder
e na fora do Esprito Santo. Exrcito unido, bem alinhado,
organizado para conquistarmos novos territrios.

52
Parresia,
uma valentia missionria
Ns somos agora, na Amrica Latina e no Caribe, seus
discpulos e discpulas, chamados a navegar mar adentro para
uma pesca abundante. Trata-se de sair de nossa conscincia
isolada e de nos lanarmos, com ousadia e confiana
(parresia), a misso de toda a Igreja 76

Introduo
Temos vivido nos ltimos anos, aps o Conclio
Vaticano II, um grande apelo da Igreja para uma nova
evangelizao. Desde o Papa Paulo VI, passando por Joo
Paulo II e agora com Bento XVI, a Igreja tem nos chamado
uma nova evangelizao. Evangelizar com novo ardor, com
nova linguagem, com novos mtodos. Evangelizar com novo
fervor!
Expresses tais como: ardor e prontido 77, pregao
animada por um ardor apostlico78, impulso missionrio79
e um renovado empenho missionrio 80, tem sado profe-
ticamente dos pronunciamentos dos ltimos papas.

76
Documento de Aparecida, n.363.
77
PAUL O VI, Populorum Progressio, 74 . Mencionando os jovens que aten-
deram o apelo de Pio XII.
78
Idem, Evangeli Nuntiandi , n. 43.
79
JOO PAULO II, Familiares Consortio, n.54.
80
Idem, Redemptoris Missio, n.2.

53
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Quando o Papa Bento XVI veio abrir a Conferncia de


Aparecida, sem demora convidou a todos a se tornarem
profundamente missionrios para levar a Boa Nova do Evangelho
por todos os pontos cardeais da Amrica Latina e do mundo.81
O CELAM82 tem insistido muito para a Misso Continental, e
o Papa j tem nos falado de Misso Mundial.
Recentemente a CNBB lanou o novo Projeto Nacional
de Evangelizao, no anseio de estimular essa misso, assim
declararam os bispos do Brasil:
Na fora do Pai que nos ama, em Jesus, o missionrio por
excelncia, no fogo abrasador de Pentecostes, sentimos
hoje o mesmo impulso desta presena do Esprito Santo que
nos move a nos colocarmos em estado permanente de Mis-
so. Esta a hora! Todos somos convocados: Dioceses,
Parquias, vida consagrada e comunidades. No deixemos a
graa passar em vo. hora de nos unirmos no grande
mutiro evangelizador para que a Amrica Latina seja, de
fato, o Continente da esperana , da f e do amor. 83

Queremos convocar, portanto, a nossa juventude a


tambm participar desse mutiro evangelizador, sobretudo na
evangelizao dos outros jovens. Sabemos que a Igreja
missionria na sua essncia, e que ela vive para evangelizar84.
No entanto, so muitos os desafios que hoje se colocam
diante dessa misso, mas h inmeras oportunidades que nos
so apresentadas e com urgncia precisam ser abraadas.

81
Discurso de B ento XVI na Baslica de Aparecida, no dia 12 de maio de
2007.
82
CELAM: Conselho Episcopal Latino-a mericano.
83
Projeto Nacional de Evangelizao, O Brasil na misso continental.
84
Cf.PAUL O VI, Evangeli Nuntiandi , n. 14.

54
Encontro 1

Desenvolvimento
1. Desafios da evangelizao
Sabemos que os desafios da evangeliza o esto a. O
documento de Aparecida nos ensina que nosso primeiro
desafio discernir os sinais dos tempos, luz do Esprito
Santo85 . O prprio documento nos apresenta uma realidade
que interpela a cada um de ns: a de um mundo marcado por
uma cultura que tende a ver tudo de modo virtual; pois o
fenmeno da globalizao atinge a escala mundial; no se trata
de uma poca de mudanas, mas sim uma mudana de poca,
atingindo, sobretudo o mbito cultural; vemos uma crescente
fragmentao dos referenciais de sentido e relativizao dos
valores, gerando uma crise de sentido nas pessoas, que as
fazem diante das frustraes, medos e incertezas buscarem
satisfaes imediatas e hedonistas, sem projetos a longo prazo
e dificuldade de compromissos duradouros, gerando uma
sociedade individualista. Predomina a mentalidade segundo a
qual cada um se julga dono de suas decises, aceitando cada
vez menos os imperativos ticos mais elementares, gerando
um clima de permissividade e sensualidade. Os meios de
comunicao invadiram todos os espaos. A cincia e a
tcnica so colocadas exclusivamente a servio do mercado. E
as novas geraes so as mais afetadas por essa cultura. Sem
contar essa influncia cultural no mbito scio-econmico-
poltico-ecolgico-religioso 86.

85
Documento de Aparecida, n. 33.
86
Cf, Documento de Aparecida, n.33-97. Na atual ordem socioeconmica
impera o capitalismo liberal, a concentrao de poder nas mos de poucos
e grande excluso social, o desemprego estrutural, os grandes consrcios,
etc. A situao sociopoltica, da qual vemos o seu crescente enfraque -
cimento, vemos o desencanto e desconfiana por parte dos cidados, a
excluso que gera violncia, a falncia do sistema penal e de sade, etc.

55
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Mas o olhar dos jovens discpulos missionrios sobre


essa realidade de esperana, pois na verdade os prprios
jovens so sinais vivos dessa esperana, para gritarem com as
palavras e as obras que o mal e a morte no tem a ltima
palavra87. por isso que diante de uma realidade difcil como
a nossa, urgente que se levantem anunciadores corajosos e
destemidos do Evangelho.

2. Parresia: um dom extraordinrio


comum vermos no livro dos Atos dos Apstolos a
coragem que os primeiros cristos tinham em anunciar o
Evangelho. Coragem essa que no os permitia parar, nem
mesmo diante de tantos obstculos, eles no podiam deixar
de falar das coisas que tinham visto e ouvido 88 . Aps rece-
berem o derramamento do Esprito Santo em Pentecostes,
nada mais os detinha calados. Bento XVI falando sobre esse
assunto escreveu aos jovens dizendo:
O Esprito Santo renovou interiormente os apstolos,
revestindo-os de uma fora que os tornou audazes para

Na situao ecolgica constatamos a rica biodiversidade no territrio


brasileiro, sendo alvo de cobia internacional, sendo rapidamente destru-
da, um exemplo a crescente devastao da Amaznia, onde a terra e a
gua se torna m mercadorias negociveis, e a situao agravada pelo
aquecimento global e pela explorao predatria do bem comum. Desen-
volve-se um capitalismo-consumista que privilegia o mercado fina nceiro e
prioriza o agronegcio. A situao religiosa foi tomada pela mentalidade
individualista, onde a religio vista como uma escolha num contexto
pluralista. E ainda quando h essa adeso, ela feita de modo parcial esc o-
lhendo apenas os elementos que lhe agradam. Vemos ainda um mosaico
religioso com fragmentos de diversas doutrinas numa s. Ainda encontra-
mos alastrada a famosa teologia da prosperidade que a religio do bem
estar.
87
Documento de Aparecida, n. 548.
88
At 4,20.

56
Encontro 1

anunciar sem medo: Cristo morreu e ressuscitou. Livres


de todo o temor, eles comearam a falar com fra nqueza
(Atos 2,29 - 4,13; 4,29-31). De pescadores a medrontados,
tornaram-se corajosos anunciadores do Evangelho. Nem
sequer os seus inimigos conseguiam compreender como
homens iletrados e plebeus (Atos 4,13), era m capazes de
manifestar uma coragem como esta e suportar as
contrariedades, os sofrimentos e as persegui es com
alegria. Nada podia det-los 89.

Irmos, o Papa aponta esse exemplo dos apstolos para


encorajar a ns jovens dizendo que possvel, no poder do
Esprito Santo, sermos ousados na evangelizao. Os
apstolos receberam do Esprito Santo uma graa especial,
que fizeram deles incansveis anunciadores do Evangelho em
qualquer lugar onde estavam.
Palavras como desassombro, intrepidez, destemor,
coragem, so muito comuns no livro dos Atos dos apstolos.
Na verdade desassombro, intrepidez so tradues de uma
palavra grega chamada parresia90. Tanto o verbo como o
substantivo correspondente indicam uma qualidade derivada
da f. Uma f verdadeiramente carismtica, uma f de
expectativa produz essa qualidade, que se manifesta
concretamente em coragem, firmeza, ousadia, audcia,
intrepidez, desassombro, destemor... um verdadeiro
atrevimento no Esprito91 .
Esse destemor no anncio de Cristo, se estende se for
preciso at o enfrentando do martrio. A parresia, dom do
Esprito, gera um amor inflamado e compassivo para anunciar
a uma multido de jovens, famlias, homens e mulheres que
sofrem por desconhecer a felicidade que Cristo. Com

89
BENTO XVI, Mensagem para a XXIII Jornada Mundial da Juventude, aos
20 de julho de 2007.
90
Jonas ABIB, Reinflama o carisma, p. 33.
91
Idem.

57
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

parresia vai-se ao encontro das pessoas onde elas vivem,


convivem, trabalham, sofrem ou se divertem, e com
criatividade de meios e linguagem, apresenta-se a feliz
verdade de Cristo e da Igreja.
isso que ns precisamos! Precisamos de parresia, de
coragem. Pois somente cheios de parresia conseguiremos
levar o Evangelho a essa nossa sociedade to marcada pelo
individualismo, relativismo, consumismo, materialismo,
hedonismo, e tantos outros ismos! Se no tivermos o dom
da parresia, se no expressarmos com coragem, alegria e
criatividade o Evangelho, dificilmente atingiremos o corao
de outras pessoas, muito menos dos jovens. Esse dom era
muito pedido pelos apstolos em suas oraes, veja:
Agora, pois Senhor, olhai para as suas ameaas e concedei
aos vossos servos que com todo o desassombro anunciem
a vossa palavra. Estendei a vossa mo para que se realizem
curas, milagres, prodgios pelo nome de Jesus, vosso sa nto
servo. 92

E o que aconteceu?
Mal acabaram de rezar, tremeu o lugar onde estavam
reunidos. E todos ficaram cheios do Esprito Santo e
anunciavam com intrepidez a palavra de Deus. 93

Ns precisamos pedir esse dom da parresia ao Senhor.


urgente para que acontea a nova evangelizao e
estejamos em estado permanente de misso.

92
Atos 4,29
93
Atos 4,31

58
Encontro 1

3. Parresia para uma nova e verdadeira evangelizao94

A nova e verdadeira evangelizao a resposta da Igreja


sede de Deus no mundo de hoje. Como bem disse o Papa
Joo Paulo II:
A nova evangelizao no consiste em um novo
evangelho, que surgiria sempre de ns mesmos da nossa
cultura ou da nossa a nlise sobre as necessidades do
homem... A novi dade no a feta o contedo da mensagem
evanglica que no muda , pois Cristo sempre o mesmo:
ontem, hoje e sempre. Por isso o eva ngelho h de ser
proclamado em total fideli dade e pureza, assim como foi
conservado e transmitido pela tradio da Igreja. Evangelizar
anunciar uma pessoa , que Cristo. 95

importante termos em mente que a Igreja no nos


chama a uma outra evangelizao, nem anunciar um
outro Evangelho, mas nos convida a uma linguagem nova, a
uma forma nova de se levar o anncio da salvao, da pessoa
de Jesus, para o mundo contemporneo. Pois vivemos em
uma sociedade modernizada, onde existe um fluxo muito
rpido de informaes, so novas descobertas, novas tec-
nologias, onde as cincias se aprofundam e se especializam
nos mais diversos campos do conhecimento humano. Esta-

94
Deveramos refletir seriamente sobre o modo como pod emos realizar
hoje uma verdadeira evangelizao, no somente uma nova evangelizao.
As pessoas no conhecem a Deus, no conhecem a Cristo. Existe um
novo paganismo e no basta que tratemos de conservar a comunidade
crente, ainda que isso seja muito importa nte (...). Creio que todos juntos
devemos tratar de encontrar modos novos de levar o evangelho ao mun-
do atual, anunciar de novo a Cristo e estabelecer a f.(Discurso do Papa
Bento XVI no encontro com os bispos alem es em Colnia, 21 de agosto
de 2005.
95
JOO PAULO II, Discurso Inaugural da Conferncia Geral do Episcopado
Latino Americano em Santo Domingo , 12 de outubro de 1992.

59
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

mos vivendo em um mundo necessitado de Deus, mas que


um mundo ps-modernizado. A mensagem do Evangelho
precisa atingir o homem de hoje, inserido no atual contexto
scio-cultural, com um estilo adaptado a esta realidade. A
nova evangelizao anunciarmos a pessoa de Jesus atravs
de novos meios, com um novo ardor. E este ardor ns
sabemos o ardor do Esprito, que impulsiona e envia aquele
que evangeliza aquele que missionrio.96
E ainda, dizia Joo Paulo II:
A novidade da ao evangelizadora a que temos convocado
afeta a atitude, o estilo, o esforo e a programao ou,
como propus em Haiti, o ardor, os mtodos e a expresso
(cf. Discurso aos Bispos do CELAM, 9 de maro de 1983).
Uma eva ngelizao nova no seu ardor supe uma f slida,
uma caridade pastoral intensa e uma fidelidade a toda
prova que, sob o influxo do Esprito, gerem uma mstica,
um incontido entusiasmo na tarefa de anunciar o Evangelho.
Na linguagem neotesta mentria a parresia que inflama
o corao do apstolo (cf. Atos 5,28-29; cf. Redemptoris
Missio, 45). Esta parresia h de ser tambm o selo
do vosso apostolado na Amrica. Nada vos pode fazer
calar. Sois arautos da verdade. A Verdade de Cristo h de
iluminar as mentes e os coraes com ativa, incansvel e
pblica proclamao dos valores cristos. 97

esse selo que precisamos em nosso apostolado. O


selo da parresia, do ardor, do mpeto, da paixo pelo reino.
Essa deve ser a marca da nossa evangelizao.
preciso reacender em ns o zelo das origens, deixa ndo-
nos invadir pelo ardor da pregao apostlica que se seguiu
ao Pentecostes. 98

96
Cf. Ronaldo PEREIRA, Parresia: ousadia na evangelizao, p. 10-11.
97
JOO PAULO II, Discurso Inaugural da Conferncia Geral do Episcopado
Latino Americano em Santo Domingo, 12 de outubro de 1992.
98
JOO PAULO II, Novo Millennio Ineunte, n.40.

60
Encontro 1

Juventude carismtica, ns temos esse fogo, conhe-


cemos esse Novo Pentecostes, somos a gerao do Novo
Pentecostes. O segredo da parresia deixar-se possuir e
conduzir pelo Esprito Santo.

4. Parresia e os novos arepagos


A Igreja tem tambm nos chamados a evangelizar os
novos arepagos99 . Por que o apstolo Paulo pregou no
arepago em Atenas100 , que era um local prprio da cultura
helenstica, onde se reuniram as pessoas para ouvir oradores
e discutir assuntos do interesse da cidade? Quais seriam para
ns hoje os modernos arepagos?
So hoje para ns o mundo dos meios de comunicao,
da cultura, da cincia e tantos outros. So lugares onde se
criam as elites intelectuais, os ambientes dos escritores e dos
artistas. 101
Essa ousadia deve nos levar a evangelizarmos em todos
os lugares. Sobretudo, naqueles onde no chega o Evangelho,
e onde h produo de conhecimento e cultura.
O Documento de Aparecida diz que:
Tarefa de grande import ncia a formao de pensadores e
pessoas que estejam nos nveis de deciso. Para isso
devemos empregar esforo e criatividade na eva ngelizao
de empresrios, polticos e formadores de opinio no
mundo do trabalho, dirigentes sindicais, coope rativos e
comunitrios. 102

Ousadia! Parresia! Para enfrentar novas frentes de


evangelizao, ir alm do corriqueiro, do habitual, deixar de
99
Cf. Documento de Aparecida, n. 491. Joo Paulo II, Redempt oris Missio,
n. 37.
100
At 17, 16-34.
101
Cf. Ronaldo PEREIRA, Parresia: ousadia na evangelizao, p. 10-11.
102
Documento de Aparecida, n 493

61
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

pescar em aqurio e comear a pescar no mar. Existe muito


campo missionrio. Mas carece de testemunhas audazes, que
tenham a coragem de ir l, onde ningum quer ir por medo
de se comprometer e de se expor.
preciso ainda, chegarmos aos lugares onde as pessoas
se concentram para lhes comunicar o evangelho. O Docu-
mento de Aparecida nos d algumas indicaes importantes:
Na Cultura atual, surgem novos campos missionrios e
pastorais que se abrem. Um deles sem dvida, a pastoral
do turismo e do entretenimento, que tem campo imenso de
realizao em clubes, centros comerciais e outras opes
que diariamente chamam a ateno e pedem para ser
evangelizados.

Assim como Paulo teve a ousadia de pregar no


Arepago em Atenas, ns tambm somos chamados no
poder do Esprito a levarmos o Evangelho a todas essas
realidades, evangelizando com palavras e obras.
Por exemplo, na evangelizao da juventude onde os
jovens se concentram? Ento l que preciso ir. Parresia! Se
for praa, l que vou! Se for na escola, na universidade, no
shopping, na internet, l que vou levar o evangelho.
A algumas pessoas podem pensar: Mas se expor de-
mais! Mas se comprometer muito!
Irmos! Ou tudo ou nada!
Ns vemos muitos dos nossos jovens que esto em
nossos grupos e at dirigentes e lderes, mas que no querem
estudar, no sonham com uma profisso, no pensam em
poltica, em constituir famlia. E ser bem mais fcil atingirmos
quem est nesses ambientes, se l estivermos.
Nesse sentido, tambm escreve o Documento de
Aparecida:
A realidade atual de nosso continente manifesta que existe
uma notvel a usncia, no mbito poltico, comunicativo e

62
Encontro 1

universitrio, de vezes e iniciativas de lderes catlicos de


forte personalidade e de vocao abnegada que sejam
coerentes com suas convices ticas e religiosas. 103

No d para ficarmos parados no conformismo e na


indiferena. Ns podemos fazer nossa parte, para a
transformao do mundo a partir do evangelho. Se Jesus
Cristo o nosso bem maior, porque no lev-lo em todos os
lugares. Se Jesus responde aos anseios mais profundos do ser
humano, porque ento vamos ficar calados? No h o que
temer! o Senhor quem nos envia em misso.
Alm da ousadia precisamos usar de toda a nossa
criatividade e todos os talentos que Deus nos deu: a msica, a
dana, o teatro, o domnio da tecnologia. Sabe por qu?
Porque a arte um valor cultural, um valor social. Quem no
se sente atrado por aquilo que Belo? Ento coloquemos na
arte a mensagem do Evangelho.
A nossa pregao deve estar carregada de convico, da
certeza do Senhor ressuscitado, precisamos ser instrumentos
da Boa Notcia, num mundo onde se espalha notcias ruins.
Por isso, precisamos usar de tudo o que estiver a nossa
disposio: o rdio, a internet, a televiso, os vdeos, enfim,
fazer com que a mensagem chegue a todos os coraes.
No d para ficar s na defensiva, pre ciso partir para
o ataque. Sabe por qu? O mundo vem com tudo, vem com
toda a fora, e da maneira mais atraente e envolvente, muitas
vezes para espalhar o erro, a mentira, o pecado. E ns que
temos o tesouro inesgotvel do Evangelho precisamos faz-lo
soar das maneiras mais diversas, e sobretudo mostrar para o
homem contemporneo que maravilhoso seguir a Cristo.
Que vale a pena ser cristo. Irmos tempo de misso. A

103
Documento de Aparecida, n. 502.

63
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Igreja nos chama a sermos discpulos e missionrios de Jesus,


animados pelo Esprito Santo. hora de parresia! De atrevi-
mento no Esprito.
As pessoas precisam conhecer e entender, que o
cristianismo, o catolicismo no um acmulo de proibies,
mas um projeto fascinante de vida.
E no precisamos ter medo de mostrar as exigncias
fortes do Evangelho, pois o homem quer algo que d sentido
a sua vida, no importa o preo, e sobretudo os jovens so
aqueles que so mais sensveis a abraar a radicalidade do
Evangelho de Jesus!
Por isso, saiamos da estagnao. Que no sejamos mais
paralisados pelo egosmo e nem congelados pelo medo.
Ouamos o apelo do Esprito para os nossos tempos:
No podemos ficar tranqilos em es pera passiva em nossos
templos, mas urgente ir em todas as direes para
proclamar que o mal e a morte no tem a ltima palavra,
que o a mor mais forte, que temos libertos e salvos pela
vitria pascal do Senhor da histria.104

No d mais para ficar esperando as pessoas virem at


ns, preciso irmos at elas. O mandato missionrio ide!105

5. Grupo de orao como comunidade missionria


A Igreja nos chama a irmos at as pessoas, a sairmos das
quatro paredes de nossas Igrejas e irmos queles que esto
sedentos, ou que esto bebendo gua no lugar errado.
Ns somos agora, na Amrica Latina e no Caribe, seus
discpulos e discpulas, chamados a navegar mar adentro
para uma pesca abundante. Trata-se de sair de nossa

104
Documento de Aparecida, n. 548
105
Mc 16,15.

64
Encontro 1

conscincia isolada e de nos lanarmos, com ousadia e


106
confiana (parresia), misso de toda a Igreja.

Como juventude carismtica, temos o Grupo de


Orao como lugar privilegiado de misso. Por ser um
ambiente de portas abertas, o Grupo de orao deve ser o
primeiro lugar de uma evangelizao viva e eficaz 107 , para que
todos que dele se aproximarem sejam renovados pelo
Esprito e tenham seu encontro pessoal com Jesus Cristo. 108
No entanto cada grupo de orao, como uma
verdadeira comunidade crist, deve se transformar num
poderoso centro de irradiao da vida em Cristo 109.
Onde ele se torna um meio eficaz de levar o evangelho a
todos os ambientes, tais como famlias, escolas, universidades,
locais de trabalho, presdios, hospitais, ruas, etc 110 . Toda
misso externa deve ser feita em vista de levar as pessoas ao
encontro com Cristo e inser-las na vida da Igreja, pois as
pessoas evangelizadas precisaro, posteriormente, buscar
uma comunidade para se inserir, e o grupo de orao um
excelente espao para isso.

106
Documento de Aparecida, n.363.
107
Ressaltamos aqui que o grupo de orao da RCC (seja misto ou de
predominncia de jovens) deve conter os elementos prprios da identida-
de e espiritualidade carismtica, a saber: pregao querigmtica, louvor,
batismo no Esprito Santo e prtica dos carismas. Isso alm de uma boa
acolhida, pastoreio dos participantes e esprito de vida comunitria.
108
Lembramos que os seminrios de vida no Esprito bem preparados
como ta mbm uma experincia de orao de final de semana, continua m
sendo na RCC os eventos mais eficazes para levarem os iniciantes no
grupo de orao a terem o contato com o anncio querigmtico da pessoa
de Jesus e a experincia da efuso do Esprito Santo.
109
Documento de Aparecida, n.362.
110
RCCBRASIL, Planeja mento Estratgico de Evangelizao 2010 -2017,
p.10.

65
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Ficam as perguntas: Encaminho as pessoas que


participam de nossos eventos para a Igreja e o Grupo de
Orao? Nossos grupos so missionrios? Visitamos as famlias
dos participantes? Pastoreamos e acompanhamos as pessoas
que freqentam nossos grupos? Procuramos saber das
pessoas que vieram em nossos Grupos e pararam de
participar? Evangelizamos em escolas, periferias, praas,
presdios? Fazemos evangelizao porta a porta? E se no
fazemos, a quem esperamos que faa?
Que o Esprito Santo nos desinstale, que venha sobre
ns um novo Pentecostes que nos livre do cansao, da
desiluso, e da acomodao ao ambiente. Que venha o
Esprito Santo e renove a nossa alegria e nossa esperana. E
que os nossos grupos de orao se tornem espaos calorosos
de orao comunitria, e que alimentem em todos os seus
membros o fogo de um ardor incontido 111 , para que
proclamemos por toda parte que Jesus Cristo o Senhor!
Que venha um novo tempo de misso na RCC a partir
de nossos grupos de orao! Parresia para todos!

Concluso
Vivemos o ardente apelo da Igreja misso
evangelizadora. Sabemos que os desafios so muitos, e por
isso que o Esprito Santo nos d uma graa de parresia, para
anunciarmos com coragem o evangelho. Temos o grupo de
orao como um local privilegiado de misso e vida fraterna,
mas como toda a Igreja, no podemos ficar parados
esperando que as pessoas venham at ns. Portanto,
urgente irmos at elas, levando a boa notcia: Cristo Jesus!
Mas com ousadia e criatividade.

111
Cf. Documento de Aparecida, n.362.

66
Sentinelas da Manh:
um projeto de vida
prprio da condio humana e, particularmente, da
juventude buscar o Absoluto, o sentido e a plenitude da
existncia. Amados jovens, no vos contenteis com nada
menos do que os mais altos ideais! No vos deixeis desanimar
por aqueles que, desiludidos da vida, se tornaram surdos aos
anseios mais profundos e autnticos do seu corao. Tendes
razo para no vos resignardes com diverses inspidas, modas
passageiras e projetos redutivos. Se mantiverdes com ardor os
vossos anelos pelo Senhor, sabereis evitar a mediocridade e o
conformismo, to espalhados na sociedade 112

Introduo
Ser um jovem-sentinela da manh, no um
modismo, mas significa assumir uma vocao confiada a
juventude. E isso s possvel com uma orientao de toda a
nossa vida para a vivncia do Evangelho e do seguimento de
Jesus Cristo, atravs de um projeto de vida bem definido.
certo que Deus tem um projeto para cada um de ns,
em seu Filho Jesus Cristo, mas, esse projeto precisa ser
assumido conscientemente e ns mesmos temos que
colaborar para a sua concretizao, elaborando o nosso

112
JOO PAULO II.

67
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

projeto de vida pessoal113 , em cima daquilo que sentimos


Deus nos chamar.
O Senhor chama a juventude, pela voz da Igreja, a
fazerem-se Sentinelas da manh114 . Podemos ter o conceito
do que ser uma sentinela, e a explicao do porque a Igreja
nos chama assim, mas a sua concretizao passa pela
organizao da nossa vida visando esse ideal. Se no for assim,
correremos o risco de nos perder no meio do caminho.
Por isso o Ministrio Jovem da RCCBRASIL quer ajudar
os jovens a corresponderem a sua vocao de Sentinelas da
Manh e apstolos da efuso do Esprto Santo, atravs do
Projeto de Formao Sentinelas da Manh115, que
apontar um caminho de formao, que sem perder a
dinmica carismtica, estimular os jovens em cada passo do
processo a construirem seu projeto de vida pessoal.
Avancemos, sem medo nesse ideal!

Desenvolvimento
1. O Projeto de Deus

Antes de tudo preciso termos em mente que Deus


tem um projeto para a nossa vida. Que no destino ou coisa
parecida, pois precisamos fazer a nossa parte tambm. Deus
quer a nossa felicidade! Veja bem: Deus no quer apenas a
minha felicidade, mas a de cada ser humano, criado a sua
imagem e semelhana. Podemos dizer que o projeto de Deus
pessoal e coletivo ao mesmo tempo. um projeto de vida

113
Em muitos lugares se diz Projeto Pessoal de Vida, ns vamos adotar
aqui o termo Projeto de Vida Pessoal, a fim de utilizarmos a sigla PVP c o-
mo forma de abreviao.
114
JOO PAULO II, Novo Millenio Ineunte, n.9.
115
Explicado na apresentao desse livro na pgina.

68
Encontro 1

plena e abundante para todos. o Reino de Deus instaurado


no meio de ns.

1.1. Jesus Cristo: modelo e referencial

na pessoa de seu Filho Jesus Cristo que o Pai traou


seu projeto de amor e felicidade para a nossa vida.
Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em
abundncia. 116

Jesus o Caminho que somos chamados a percorrer, a


Verdade que devemos acreditar, e Vida que somos
convidados a viver. Resumindo: Jesus Cristo o Verdadeiro
Caminho para a Vida.
Sua vida, seus ensinamentos, seu exemplo doravante se
tornam o nosso referencial de vida tambm. O evangelho o
programa de vida deixado por Jesus a cada um de ns.
em Jesus Cristo que o projeto do Pai acontece por
excelncia, pois o projeto de Deus a construo do seu
Reino.
O encontro pessoal com Jesus marca esse rumo novo
da nossa vida e a deciso de aceitar ou no sua proposta de
vida. Os bispos do Brasil ao falarem desse encontro dos
jovens com Cristo escrevem:
Desse modo esto em jogo duas realidades: o encontro
pessoal com Jesus Cristo e a aceitao de um projeto de
117
vida baseado no seu eva ngelho.

E ainda Dom Eduardo Pinheiro, bispo referncia do


Setor Juventude da CNBB, diz que:
116
Jo 10,10
117
CNBB, Evangelizao da Juventude: desafios e perspectivas pastorais, n
3.

69
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Ao construirmos nosso projeto pessoal voltamo -nos para


Jesus: nosso fundamento e referencial permanente. Nossa
responsabilidade consiste em conhecer sua vida e seu
projeto, para, na liberdade de filhos de D eus, acolh-lo
como resposta e luz aos nossos a nseios humanos. 118

Portanto, para que o nosso PVP seja verdadeiramente


cristo, com os nossos sonhos e anseios, preciso que a
nossa casa seja construda sobre a rocha que Cristo 119 .
Essa casa a nossa vida. Imaginem jovens: pensar,
planejar, programar, elaborar objetivos, traar metas e aes
concretas para a sua vida? J pensaram em trabalharmos nas
diferentes reas de nossa vida onde precisamos construir
santidade? Imaginem traarmos diversas etapas de aes que
visam maturidade, melhores condies de vida, ajustes e
reparos onde ainda temos dificuldades? Ou ainda,
trabalharmos nas situaes que no aceitamos? Imagine
levantar as reas de nossa vida onde necessitamos de
converso, de cura, de maturidade, de novos conhecimentos
e un-las vontade de Deus? Imagine colaborarmos com a
nossa vida para a construo de um mundo melhor, para uma
sociedade mais justa e fraterna?
um desafio para jovens-sentinelas corajosos como
voc!

2. Por que ter um projeto de vida?

Vamos responder a essa pergunta baseados na fala dos


nossos bispos:
O projeto de vida , portanto, um convite a tomar a vida
em nossas mos, descobrindo a grandeza de decidir sobre a
prpria existncia, com liberdade, responsabilidade e

118
Dom Eduardo Pinheiro da SILVA, Projeto pessoal de vida, p.18.
119
Cf. Mt 7, 24-27.

70
Encontro 1

compromisso. um convite ao crescimento pess oal e


comunitrio, um chamado a olhar a realidade na qual
vivemos, reconhecendo nela as pegadas do Senhor da vida e
da histria, assumindo o conflito e dando respostas
transformadoras que faam dessa realidade, um lugar de
vida abundante (Jo 10,10).
A ausncia de um projeto de vida leva-nos dolorosa
realidade da perda de identidade e falta de perspectiva de
futuro, incapacidade de sonhar, manipulao e
massificao, de indignidade e de morte, passividade
frente a um sistema neoliberal que fragmenta a vida e
acentua a violncia, a pobreza e a corrupo. 120

Percebemos que o PVP uma estratgia pedaggica


para nos levar a maturidade, ao crescimento e at ao
discernimento. Toda vez que falamos em projeto de vida,
falamos de um planejamento de vida que exige etapas de
desenvolvimento, objetivos, por isso, temos que pensar em
ns e no mundo ao nosso redor, e sonhar a vida.
Esse projeto no precisa ser perfeitinho, mas real,
concreto e contextualizado.
Pois existem aqueles ideais para toda a vida, mas
tambm h aquelas metas mais especficas do nosso
cotidiano. Ento precisamos pensar em objetivos a longo,
mdio e curto prazo. E, sobretudo, buscarmos ser a melhor
pessoa que podemos ser no hoje de nossa vida.
Portanto, ter um projeto de vida saber onde se quer
chegar, saber o que precisa ser feito para chegar l, e
organizar as aes concretas para que esse objetivo seja
alcanado, considerando o tempo, os esforos, os sacrifcios e
at mesmos os recursos que devero ser aplicados para a sua
concretizao.

120
CELAM; CNBB Setor Juventude. Projeto de vida, p. 95. Citado por
Dom Eduardo no livro Projeto pessoal de vida.

71
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

O projeto de vida a organizao das escolhas que fazemos


para poder viver intensa mente: os valores, os princpios, as
metas, na busca constante e inca nsvel de responder ao que
121
queremos ser e fazer na vida.

Para sermos de fato Sentinelas da manh no d para


ficarmos sem organizar a nossa vida e nem ficar s na
espontaneidade. O jovem-sentinela no leva a vida de
qualquer jeito. preciso ordenar a nossa vida. Colocar aquilo
que prioritrio na frente daquilo que acessrio e
secundrio. E principalmente sermos constantes, com uma
viso clara do futuro, pois projeto de vida no se fica
mudando toda a hora. por isso que ele deve ser bem
rezado, pensado, estudado e planejado. Pois ser o conjunto
de nossos valores, a coluna vertebral da nossa vida, o fio
condutor dos nossos passos, enfim ser um sinal concreto da
nossa maturidade humana.

3. As etapas e dimenses do projeto de vida

Ao elaborarmos o nosso PVP preciso antes de


qualquer coisa pararmos para refletir sobre a nossa vida, e
sobretudo orarmos para ouvir aquilo que o Senhor quer de
ns, num clima de profundo recolhimento e escuta122 . Ao
decidirmos construir um PVP, no precisamos ser impulsivos
e logo nos apressarmos em traarmos vrias metas e aes.
preciso faz-lo com tranqilidade, e estarmos atentos voz
da Igreja 123 , e quilo que Deus pede hoje a ns na RCC 124. E

121
Dom Eduardo Pinheiro da SILVA, Projeto pessoal de vida, p.24
122
Sugerimos um retiro e ta mbm uma conversa com o nosso orientador
espiritual.
123
Deus nos fala atravs do magistrio da Igreja: pronunciamentos do
papa, e declaraes pontifcias, da CNBB, do nosso bispo. Atravs de
projetos diocesanos, do nosso proco e nossa parquia. Temos a, por

72
Encontro 1

tambm esse projeto precisa estar contextualizado na


realidade scio-poltico-cultural-religiosa na qual vivemos.
Pois estamos inseridos no mundo e na histria. E o nosso PVP
tambm uma resposta para influenciar o mundo e a histria.

3.1. Sonhos, realidade e passos

Para garantir uma elaborao correta do PVP se faz


preciso seguirmos trs etapas de construo: sonho,
realidade e passos.
Um bom PVP comea com um sonho. Sonhar
saudvel. Ter grandes ideais muito positivo, sobretudo se
tratando de jovens. O Papa Joo Paulo II certa vez disse aos
jovens:
Amados jovens, no vos contenteis com nada menos do que
os mais altos ideais! No vos deixeis desanimar por aqueles
que, desiludidos da vida, se tornaram surdos aos a nseios
mais profundos e autnticos do seu corao. 125

Os sonhos nos impulsionam, nos provocam, nos levam


a lutar por eles, a sermos criativos. Eles do gosto e prazer a
vida. Ter metas a atingir movimentar-se126 . Ns no
estamos autorizados a parar de sonhar. Ao contrrio,
precisamos cultiv-los.

exemplo, uma direo forte sobre os Jovens Sentinelas da Manh que vem
dos pronunciamentos dos ltimos papas aos jovens.
124
Deus ta mbm nos deu uma vocao como Movimento, ser um jovem
inserido na RCC estar comprometido ta mbm com a causa e misso do
Movimento, pois somos jovens apstolos da efuso do Esprito Santo.
Certamente isso deve ser considerado no nosso discernimento.
125
JOO PAULO II.
126
O projeto de vida est estreitamente relacionado com definio de
metas, seja m elas de ordem pessoal, social, profissional ou espiritual.

73
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Todos ns temos sonhos, ou j tivemos um dia, antes de ser


consumidos pela rotina, sufocados pele peso dos afazeres
dirios: ser bem sucedido na profisso, encontrar um a mor,
ter filhos, ga nhar dinheiro, viajar, conh ecer lugares, engajar-
nos numa causa social ou ecolgica, trabalhar pela
comunidade, mudar o mundo, ter uma vida melhor, ser
feliz. 127

Dom Eduardo Pinheiro da Silva, responsvel pelo setor


juventude da CNBB, afirma que:
[...] sonhar um dom de Deus. D eus nos fez para a
felicidade e nos quer ver felizes, aposta nisso e faz de tudo
para que isso se realize! Portanto o sonho da vida plena
possvel, porque vem dele e por ele alimentado
constantemente naqueles que o desejam 128

Mas no podemos nos enganar, preciso sonhar sonhos


bons com Deus, sonhos que dignificam a vida, capazes de nos
tornar a melhor pessoa que podemos ser, como cristo e
como cidado.129 Para assim fugirmos da iluso, egosmo e
superficialidade.
No entanto, preciso sonhar, mas com os ps no
cho. Pois a realizao dos nossos sonhos supe a tomada de
conscincia da nossa realidade. Conhecer e acolher a
realidade pessoal sem perder de vista o ideal que se quer
atingir. preciso se perguntar: Onde me encontro? Quem
sou e como estou neste momento?
Para isso h algo importantssimo, a pessoa entra num
processo de autoconhecimento. Este processo decisivo
em nossa vida, pois vamos tendo a coragem de olhar para ns
mesmos, buscar nossas grandezas, assumir nossas fraquezas,

127
Csar SOUZA, Voc do tamanho de seus sonhos. p.27. Citado por
Dom Eduardo Pinheiro no livro Projeto pessoal de vida.
128
Dom Eduardo Pinheiro da SILVA, Projeto pessoal de vida, p.55.
129
Idem, p.58.

74
Encontro 1

identificar o que necessidade em ns, quais so os nossos


limites. Realizar isso junto ao toque amoroso de Deus em
nossa vida. Posso no gostar do jeito em que me encontro,
mas vou assumir esta realidade e trabalhar com ela.
Lembrando que:
[...] pelo autoconhecimento que chega mos ao verdadeiro
130
discernimento

Nesse exerccio tomamos conscincia das nossas


qualidades e grandezas: dons, potencialidades, convices,
valores, capacidades, etc. Como tambm dos nossos limites e
fraquezas: medos, fragilidades, traumas, pecados, etc.
E ainda, tomamos conscincia daquilo que vai facilitar
ou dificultar a elaborao do PVP, ou seja, todos os estmulos
que vamos ter como tambm todas as contrariedades.
S que se no houver aes claras e bem direcionadas
da nossa parte, de nada adiantar os sonhos e muito e to
pouco o conhecimento da nossa realidade. Para se atingir os
objetivos, os ideais, os sonhos, a partir na nossa realidade,
preciso determinar passos concretos.
Esses passos, essas linhas de ao vo nos levar a
organizao e concretizao dos nossos ideais.
[...] na dimenso da f, ao definir passos demonstramos
131
paixo pela vida e pelo Senhor da vida

Com as linhas de ao definidas sairemos do mbito


apenas das boas intenes. Mas essas linhas de ao no
podem ser confusas e nem exageradas, mas concretas, claras
e empolgantes. Que de fato toquem a nossa vida. Os passos
no so meras atividades e sim atividades dotadas de
significado, pois so decises a partir dos sonhos e da

130
Santa Catarina de SENA, O Dilogo, p. 43.
131
Dom Eduardo Pinheiro da SILVA, Projeto Pessoal de Vida, p.86.

75
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

realidade que nos encontramos. Se no houver significado


logo nos frustramos, desanimamos e desistimos. No
esquecemos que o ser vem antes do fazer. E que
Deus caminha conosco indicando os passos necessrios
para a realizao de Sua obra em nossa vida.
A sim, depois de uma boa reflexo vamos para a parte
prtica que comear a responder por escrito s trs etapas
a serem percorridas.132

1 Etapa: SONHO
Descrever aonde se quer chegar
Qual o meu ideal, meta, sonho a partir do que Deus quer de
mim no lugar onde me encontro e com a responsabilidade que
tenho?
2 Etapa: REALIDADE
Descrever onde e como se encontra
Em que ponto me encontro atualmente neste caminho rumo ao
que Deus deseja de mim?
3 Etapa: PASSOS
Descrever o que se deve fazer
Quais passos so necessrios para realizar o ideal sonhado?

3.2. As dimenses do PVP

No entanto, PVP no pode contemplar apenas um


aspecto da nossa vida, s o espiritual ou s o profissional, e
assim por diante. Pois assim corremos o risco do
reducionismo e da fragmentao. Ele deve tocar em todas as
dimenses da nossa vida. Pois ns somos um todo:
pensamentos, sentimentos, corpo, intelecto, desejos, relao,
etc. O projeto de vida deve ter em vista o nosso

132
Idem, p.30.

76
Encontro 1

crescimento global e interao e o desenvolvimento de


todas as dimenses da nossa vida.
O documento da CNBB n 85, Evangelizao da
Juventude nos d uma orientao precisa sobre a formao
integral dos jovens. Vamos propor aqui essa sntese das
cinco dimenses:

Dimenso psicoafetiva Processo da


personalizao
Quem sou eu? o esforo de tornar-se pessoa: descobrir-se,
integrar-se, trabalhar-se. a nossa relao conosco mesmo.
Dimenso psicossocial Processo de integrao
Quem o outro? a capacidade de descobrirmos e de nos
relacionarmos com o outro. Convivncia, amizades, namoro,
etc.
Dimenso mstica Processo teolgico-espiritual
Quem Deus e qual o seu projeto? Este processo
desenvolve a vivncia da f, do sentido da vida, o
envolvimento na Igreja. Corresponde a experincia de Deus
e o aprofundamento dos dados da f.
Dimenso sociopoltico-ecolgica Processo de
participao-conscientizao
Qual a minha relao com a sociedade ao meu redor?
Essa dimenso nos abre aos problemas sociais e a nossa
responsabilidade poltica.
Dimenso de capacitao Processo metodolgico
Como agir? aprender a planejar, executar, interferir,
avaliar. a nossa relao com a ao. a nossa
capacidade de construir e administrar projetos pessoais e
coletivos.

77
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

Todas essas dimenses com tudo que se possa extrair


de cada uma delas deve ser bem contemplado na elaborao
do nosso PVP.
4. Vamos prtica do PVP

Ao pensarmos na prtica a primeira pergunta : Como


fazer um PVP?
J sabemos que Projeto de vida no se faz de qualquer
jeito, primeiro eu tenho que tomar uma deciso: quero fazer!
Depois preciso examinar que rea de minha vida vou
querer trabalhar. Aqui entra o que prioritrio e o que
secundrio. Como tambm objetivos a curto, como tambm
a mdio e longo prazo.
Em seguida responder: Onde quero chegar? Onde e
como estou? O que devo fazer para chegar onde quero? Se
preferir pode fazer at em forma de um quadro.133

O que devo fa-


Onde quero Onde e como
zer para chegar
chegar? estou?
onde quero?
Ex: Vou rezar
Ex: Quero ser uma Ex: S rezo quan-
quinze minutos
pessoa mais oran- do vou missa e
por dia no interva-
te. ao GO
lo do meu almoo.

Ex: Comec ei o Ex: Vou reto mar


Ex: Quero apren- curso mas desisti esse curso aos
der falar espanhol. na terceira sema- sbados tarde
na. durante um ano.

133
Nesse caso estamos apresenta ndo uma forma, mas inclumos outra
forma de elaborao de PVP em a nexo no final desse livro.

78
Encontro 1

Periodicamente devo avaliar onde avancei, onde me


acomodei, onde encontrei dificuldade. Assim vai se dando o
processo de autoconhecimento e amadurecimento.
importante lembrar que o PVP tambm me auxilia na
direo espiritual. Se tiver um diretor espiritual o PVP me
ajuda nas conversas com ele e no acompanhamento espiritual.
bom lembrar que para que ele d fruto preciso ter
determinao e transparncia. No podemos parar nos
fracassos e sim aprender com os erros. A perseverana um
sinal da importncia que damos ao PVP.
Jovens Sentinelas da manh, certamente chegamos em
um momento crucial da nossa trajetria de f. A organizao
e direo da vida no algo simples, mas certamente um
desafio para um caminho de maturidade. Poderemos sempre
contar com o auxilio amoroso do Esprito Santo que vai nos
conduzir nessa caminhada. No tenhamos medo, pois um
tempo novo para a juventude do Brasil, um tempo novo
para cada um de ns.
tempo de reconstruo! E o lugar primeiro da ao
reconstrutora de Deus a nossa vida. O nosso empenho hoje
numa viso mais ampliada da f, da Igreja e do mundo,
certamente contribuir para um Movimento mais maduro,
uma Igreja mais testemunhal e uma sociedade mais justa e
fraterna.
Avante, sentinelas! Pois a mo favorvel do Senhor est
conosco.134

Concluso
Deus chama a ns jovens para tornarmo-nos
verdadeiras Sentinelas da manh. No entanto, esse chamado
vai alm de uma simples nomenclatura, est impresso nesse

134
Cf. Neemias 2 , 8.

79
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

nome um verdadeiro programa de vida a ser seguido, pautado


nos valores do evangelho. Programa esse que precisa ser
organizado de acordo com a particularidade de cada um e
atravs da elaborao do PVP. Esse PVP nos ajuda a tomar
posicionamento diante do chamado que Deus nos faz e das
escolhas que somos chamados a fazer em nossa vida. Projeto
esse que, mergulhado em Deus, bem elaborado e conduzido,
s tende a nos levar a um crescimento em todas as dimenses
de nossa vida, formando personalidades crists vivas e
maduras para um mundo melhor.

80
Anexo 1

Existem vrios modelos e esquemas que podem


contribuir com a construo do nosso PVP. Propomos aqui
um esquema extrado do livro Projeto Pessoal de Vida de
Dom Eduardo Pinheiro da Silva, por abordar as indicaes
que apresentamos no ltimo tema deste livro.

Proposta

a) Esta proposta se fundamenta nas cinco dimenses da


formao integral.
b) Lembrar de colocar cada uma destas cinco dimenses
em uma pagina diferente, em vista de mais quantidade
de espao para a escrita.
c) Para cada uma das dimenses, reflita e busque res-
ponder os questionamentos, considerando o seguinte
esquema:

81
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

PERSONALIZAO
(Minha relao comigo mesmo)
Preencher os espaos a baixo, considerando os seguintes pontos:
Personalidade, afetividade, sexualidade, namoro, sade, lazer,
valores, felicidade, auto-estima, otimismo, vocao, profisso,
servio voluntario, tempo livre, etc.

Por que impor- SONHOS, DIAGNOSTICO Quais so Quando


tante o amadu- OBJETIVOS, da minha os PASSOS ou at
recimento nesta IDEAIS, REALIDADE bem quando
dimenso? O que METAS que (Como estou concretos devo dar
Jesus Cristo e o tenho a nesta dimen- que devo estes
seu evangelho respeito so?) dar para passos?
me dizem a este desta di- atingir
respeito disso? menso estes
(Como meus
quero estar ideais?
nesta di-
menso?)

82
Encontro 1

INTEGRAO
(Minha relao com as outras pessoas)
Preencher os espaos vazios considerando os seguintes pontos:
pais, irmos, parentes, vizinhos, amigos, colegas, pessoas que pen-
sam diferente de mim, pessoas de outras culturas ambientes, tra-
balho em equipe, vida em grupo e em comunidade, etc.

Por que impor- SONHOS, DIAGNOSTICO Quais so Quando


tante o amadu- OBJETIVOS, da minha os PASSOS ou at
recimento nesta IDEAIS, REALIDADE bem quando
dimenso? O que METAS que (Como estou concretos devo dar
Jesus Cristo e o tenho a nesta dimen- que devo estes
seu evangelho respeito so?) dar para passos?
me dizem a este desta di- atingir
respeito disso? menso estes
(Como meus
quero estar ideais?
nesta di-
menso?)

83
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

CONSCIENTIZAO CRTICO-POLTICA
(Minha relao com a sociedade)
Preencher os espaos abaixo, considerando os seguintes pontos:
Poltica, cidadania, economia, participao, solidariedade, volunta-
riado, fraternidade, direitos humanos, ecologia, cultura, meios de
comunicao social, classe social, etc.

Por que impor- SONHOS, DIAGNOSTICO Quais so Quando


tante o amadu- OBJETIVOS, da minha os PASSOS ou at
recimento nesta IDEAIS, REALIDADE bem quando
dimenso? O que METAS que (Como estou concretos devo dar
Jesus Cristo e o tenho a nesta dimen- que devo estes
seu evangelho respeito so?) dar para passos?
me dizem a este desta di- atingir
respeito disso? menso estes
(Como meus
quero estar ideais?
nesta di-
menso?)

84
Encontro 1

MSTICA
(Minha relao com Deus e com a religio)
Preencher os espaos abaixo, considerando os seguintes pontos:
Vida e f, Jesus Cristo, Evangelho, Bblia, ser cristo, Igreja, sacra-
mentos, missa, reconciliao, orao pessoal, catequese, vocao,
celebrao comunitria, vida de grupo, pastoral da juventude,
devoo a Nossa Senhora, etc.

Por que impor- SONHOS, DIAGNOSTICO Quais so Quando


tante o amadu- OBJETIVOS, da minha os PASSOS ou at
recimento nesta IDEAIS, REALIDADE bem quando
dimenso? O que METAS que (Como estou concretos devo dar
Jesus Cristo e o tenho a nesta dimen- que devo estes
seu evangelho respeito so?) dar para passos?
me dizem a este desta di- atingir
respeito disso? menso estes
(Como meus
quero estar ideais?
nesta di-
menso?)

85
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

CAPACITAO TCNICA
(Minha relao com a ao)
Preencher os espaos abaixo, considerando os seguintes pontos:
Estudos, aperfeioamento, capacitao, leituras, cursos, organiza-
o, liderana, uso dos meios de comunicao social, etc.

Por que impor- SONHOS, DIAGNOSTICO Quais so Quando


tante o amadu- OBJETIVOS, da minha os PASSOS ou at
recimento nesta IDEAIS, REALIDADE bem quando
dimenso? O que METAS que (Como estou concretos devo dar
Jesus Cristo e o tenho a nesta dimen- que devo estes
seu evangelho respeito so?) dar para passos?
me dizem a este desta di- atingir
respeito disso? menso estes
(Como meus
quero estar ideais?
nesta di-
menso?)

86
Anexo 2

Sugesto de horrios
Para trs dias:
Sexta-feira
19h00 Recepo
20h00 Jantar
21h00 Santa Missa (ou incio bem festivo com msica e boa
animao e orao de entrega)
22h00 Orientaes gerais do encontro
22h20 Ch
Sbado
07h00 Despertar
07h30 Caf da manh
08h00 Animao
08h30 Orao
09h00 1 Palestra: Um tempo novo para a juventude
09h45 Orao
10h15 Intervalo/Caf
10h30 Animao
10h45 2 Palestra: Chamados a ser sentinelas da manh
11h30 Orao
12h00 Partilha 1: tratar em grupos sobre os assuntos aborda-
dos na parte da manh
12h30 Almoo
14h00 Animao
14h30 3 Pregao: Juventude em ordem de batalha
87
Sentinelas da manh: um tempo novo para a juventude

15h15 Orao
15h45 Intervalo/Caf
16h00 Animao
16h15 4 Palestra: Parresia, uma valentia missionria
17h00 Orao
17h30 Partilha 2: tratar em grupos sobre os assuntos aborda-
dos no perodo da tarde
18h00 Momento mariano e consagrao Virgem Maria
18h15 Banho
19h30 Jantar
20h00 Noite carismtica: adorao ao Santssimo Sacramento,
cura interior e louvor.
22h00 Ch/ Convivncia
22h30 Descanso
Domingo
07h00 Despertar
07h30 Caf da manh
08h00 Animao
08h30 Orao
09h00 5 Palestra: Sentinelas da Manh: um projeto de vida
09h45 Dinmica de orao sobre o PVP
10h30 Intervalo e preparao para missa
11h00 Missa de encerramento
12h00 Testemunhos, avisos e trmino do encontro
12h30 Almoo

Para 2 dias:

Sbado
07h00 Recepo e caf da manh
08h00 Abertura do encontro com msica, acolhida,
apresentao, orao inicial
09h00 1 Palestra: Um tempo novo para a juventude
09h45 Orao
10h15 Intervalo/Caf
88
Encontro 1

10h30 Animao
10h45 2 Palestra: Chamados a ser Sentinelas da manh
11h30 Orao
12h00 Partilha em grupos sobre os assuntos abordados na par-
te da manh
12h30 Almoo
14h00 Animao
14h30 3 Pregao: Juventude em ordem de batalha
15h15 Orao
15h45 Intervalo/Caf
16h00 Animao
16h15 4 Palestra: Parresia, uma valentia missionria
17h00 Orao
17h30 Partilha em grupos sobre os assuntos abordados no pe-
rodo da tarde
18h00 Momento mariano e consagrao Virgem Maria
18h15 Banho
19h30 Jantar
20h00 Noite carismtica: adorao ao Santssimo Sacramento,
cura interior e louvor.
22h00 Ch e convivncia
22h30 Descanso
Domingo
07h00 Despertar
07h30 Caf da manh
08h00 Animao
08h30 Orao
09h00 5 Palestra: Sentinelas da Manh: um projeto de vida
09h45 Dinmica de orao
10h30 Intervalo e preparao para missa
11h00 Missa de encerramento
12h00 Testemunhos, avisos e trmino do encontro
12h30 Almoo

89
Bibliografia

ABIB, Jonas. Reinflama o carisma. 18 ed. So Paulo: Loyola;


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Guerra e Joo XXIII no sculo do Esprito Santo. Porto Alegre:
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