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Lei Quadro Do O.G.E Versão Ok

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Repblica de Angola

Lei Quadro do Oramento Geral do Estado

Lei n 9/97 de 17 de Outubro

O Oramento Geral do Estado, sendo um instrumento em que se


reflecte anualmente o exerccio do poder com vista materializao da
poltica econmica e social, contida em Programas de Aco do Governo em
diversos exerccios financeiros, encerra em si mesmo uma preponderncia e
particular acuidade quanto aos mtodos da sua elaborao, aprovao,
execuo e controlo.

Para que o Oramento Geral do Estado no seja visto apenas como


mero instrumento de colecta de dados estatsticos dos recursos nele inscritos
a serem utilizados pelo conjunto das instituies que conformam o Estado,
necessrio se torna conceb-lo e elabor-lo como um documento de elevada
substncia governativa em que estejam definidas as regras gerais
abrangentes, que permitam a fixao da despesa e a previso da receita com
a identificao, quanto sua origem e destino.

Nestes termos, ao abrigo do disposto na alnea b), do artigo 88. da Lei


Constitucional, a Assembleia Nacional aprova o seguinte:

Disposio Preliminar

ARTIGO 1.
(mbito de aplicao)

A presente lei dispe sobre as normas gerais aplicveis a elaborao,


discusso, aprovao e execuo oramental, programao financeira e ao
registo contabilstico dos recursos do Estado.

TITULO I

1
Do Oramento

CAPITULO I

Disposies Gerais

ARTIGO 2.
(Definio)

1. O Oramento Geral do Estado o instrumento programtico aprovado


por lei especfica, de que se serve a administrao do Estado para gerir os
recursos pblicos, de acordo com os princpios de unidade, universalidade e
anualidade.
2. O Oramento Geral do Estado estima as receitas e fixa os limites das
despesas.

ARTIGO 3.
(Unidade, universalidade e anualidade)

1. O Oramento Geral do Estado unitrio e compreende todas as receitas e


despesas de todos os servios, institutos e fundos autnomos, bem como da
Segurana Social.
2. O Oramento Geral do Estado anual, coincidindo o ano econmico com
o ano civil.

ARTIGO 4.
(Partes integrantes)

Integram o Oramento Geral do Estado:


a) o sumrio geral da receita por fontes e da despesa por funo do
Estado;
b) o quadro demonstrativo da receita e despesa, segundo as categorias
econmicas;
c) o quadro de dotaes por rgos da administrao oramental do
Estado.

ARTIGO 5.

2
(Equilbrio)

1. O Oramento Geral do Estado deve prever os recursos necessrios para


cobrir todas as despesas.
2. As despesas correntes no devem em caso algum ultrapassar as receitas
correntes.
3. Quando a conjuntura do perodo, a que se refere o Oramento, no
permitir o equilbrio do oramento corrente o Governo financia o respectivo
dficit sem recorrer a criao da moeda.

CAPTULO II
Das Receitas Oramentais
ARTIGO 6.
(Receita)

1. Constituem receitas oramentais todas as receitas pblicas, cuja


titularidade do Estado ou dos rgos que dele dependem, inclusive as
relativas a servios e fundos autnomos, doaes e operaes de crdito.
2. Tributo a receita derivada instituda pelo Estado compreendendo os
impostos, as taxas e contribuies nos termos legais em matria financeira,
destinando o seu custeio de aces gerais ou especficas exercidas pelo
Estado.
3. No se incluem nas receitas de que trata o n. 1, as operaes de crdito
por antecipao da receita, as emisses de papel-moeda e outras entradas
compensatrias no activo ou positivo financeiro.
4. Operaes de crdito por antecipao de receita so as contratadas e
pagas no mesmo exerccio financeiro, com o objectivo de compatibilizar, no
perodo, o fluxo das receitas com o das despesas.
5. Todas as receitas pertencentes ao Estado constam integralmente, sem
qualquer reduo, no Oramento Geral do Estado.

ARTIGO 7.
(Classificao das receitas)

As receitas oramentais obedecem a duas classificaes:

3
a) classificao econmica;
b) classificao por fonte de recurso.

ARTIGO 8.
(Classificao econmica da receita)

1. A classificao econmica da receita compreende duas categorias:


a) receitas Correntes;
b) receitas de Capital.

2. So Receitas Correntes, as receitas tributrias, patrimoniais, de servios


industriais, os saldos no comprometidos de exerccios anteriores e outras,
bem como as transferncias recebidas para atender s despesas classificveis
como Despesas Correntes.
3. So Receitas de Capital as provenientes da realizao de recursos
financeiros oriundos de operaes de crdito, da converso em espcie de
bens e direitos, de saldos no comprometidos de exerccios anteriores, bem
como as transferncias recebidas para atender despesas classificveis como
Despesas de Capital e ainda, o superavit do Oramento Corrente.
4. As transferncias recebidas a que no se referem os ns 2 e 3 do presente
artigo, no implicam contraprestaes de bens ou servios e so oriundas da
Administrao Central, da Administrao Local, de pessoas singulares ou
colectivas, pblicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos, do interior ou
do exterior do pas e das famlias.

ARTIGO 9.
(Classificao por fonte de recurso)

1. A classificao da receita por fonte de recurso envolve simultaneamente


a sua identificao quanto origem e quanto ao seu destino.
2. Quanto a sua origem, as receitas so classificadas:
a) receitas ordinrias do tesouro;
b) receitas prprias;
c) receitas de doaes;
d) receitas de financiamento;

3. Quanto ao destino, as receitas so classificadas:

4
a) receitas ordinrias do tesouro, quando livres de qualquer restrio;
b) receitas consignadas, quando afectadas a um determinado fim;

4. Para fins de elaborao, execuo e controlo do Oramento Geral do


Estado, as receitas classificadas como doaes ou financiamentos devem ser
especificadas individualmente no tocante sua procedncia e destino.

CAPTULO III
Despesas Oramentais

ARTIGO 10.
(Despesas)

Constituem despesas oramentais todas as despesas pblicas


cometidas ao Estado ou aos organismos que dele dependem, inclusive as
relativas aos servios e fundos autnomos rgos Provinciais e Municipais.

ARTIGO 11.
(Classificao das despesas)

As despesas oramentais obedecem s seguintes classificaes:

a) classificao institucional;
b) classificao funcional-programtica;
c) classificao econmica.

ARTIGO 12.
(Classificao institucional)

1. A classificao institucional engloba o conjunto das unidades


oramentais.
2. Unidade Oramental o rgo do Estado ou o conjunto de rgos ou de
servios da Administrao do Estado, instituto ou fundo autnomo a que
forem consignadas dotaes oramentais prprias.

ARTIGO 13.
(Classificao funcional-programtica)

5
1. A classificao funcional-programtica tem por escopo vincular a
despesa oramental s aces e aos objectivos e metas
governamentais, observado, para esse efeito, o Plano Nacional.
2. A classificao funcional-programtica compreende trs nveis de
agregao:
a) funo;
b) programa;
c) actividade ou projecto.

3. As funes correspondem ao mais elevado nvel de agregao da


aco governamental, nos diferentes sectores.
4. Os programas, pelos quais se estabelecem produtos finais, concorrem
para a soluo dos problemas da sociedade e podem ser detalhadas em
sub-programas.
5. O menor nvel de agregao da classificao funcional-programtica
corresponde a:
a) actividades que so aces que se realizam de modo contnuo e
permanente e se relacionam com a manuteno e operao dos
rgos que integram a Administrao do Estado ou que estejam
sob a sua tutela;
b) projectos que so aces limitadas no tempo, associadas a
metas, que concorrem para a expanso ou o aperfeioamento
dos encargos cometidos aos rgos que integram a
Administrao do Estado ou estejam sob a sua tutela.

ARTIGO 14.
(Classificao econmica da despesa)

1. A classificao econmica da despesa compreende duas categorias:


a) despesas Correntes;
b) despesas de Capital.
2. So Despesas Correntes as destinadas manuteno ou operao de
servios anteriormente criados, bem como as transferncias realizadas
com igual propsito.
3. So Despesas de Capital as destinadas formao ou aquisio de
activos permanentes, amortizao da dvida, concesso de
financiamentos ou constituio de reservas, bem como s
transferncias realizadas com igual propsito.

6
4. As transferncias realizadas no implicam em contraprestao direita
em bens ou servios e so destinadas administrao central,
administrao local, s pessoas singulares ou colectivas, pblicas ou
privadas, com ou sem fins lucrativos e s famlias, s instituies
pblicas localizadas no exterior e nos termos da lei, aos Partidos
Polticos.

TTULO II
De Elaborao Oramental

CAPTULO IV
Proposta Oramental

ARTIGO 15.
(Composio)
A proposta oramental compreende:
a) a introduo ao projecto de lei oramental, que contm:
I. A exposio circunstanciada sobre a situao econmico-
financeiro do Pas,
II. A evoluo das receitas e despesas oramentais realizadas nos
dois ltimos exerccios financeiros;
III. A reestimativa da receita prevista e a execuo provvel da
despesa fixada, para o exerccio em que a proposta elaborada;
IV. A previso da receita e da despesa fixada para o exerccio, a
que se refere a proposta;
V. A avaliao do financiamento do dficit oramental, caso
exista, no exerccio a que se refere a proposta.

b) o projecto de lei oramental que contm:


I. As receitas estimadas e as despesas fixadas;
II. A autorizao para a realizao de operaes de crdito,
inclusive por antecipao de receita;
III. A autorizao para proceder a alteraes oramentais;
IV. As normas relativas execuo oramental e poltica fiscal.

c) os anexos ao projecto de lei oramental que contm:


I. Os resumos gerais da receita, em conformidade com as
classificaes econmicas e por fonte de recursos;
II. Os resumos gerais da despesa, em conformidade com a
classificao econmica e por funo, por programa, por

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actividade e projecto e regionalizada, bem como discriminao
das despesas por unidade oramental, em conformidade com as
classificaes funcional-programtica e econmica.

ARTIGO 16.
(Elaborao da proposta)

A elaborao da proposta oramental faz-se com base em instrues


publicadas pelo Ministrio das Finanas.

ARTIGO 17.
(Da consolidao da proposta)
1. A proposta oramental observa dois nveis de consolidao:
a) o primeiro sob a responsabilidade da Unidade Oramental, que
consolida as propostas preliminares elaboradas pelas unidades
gestoras a ela subordinadas;
b) o segundo, a cargo do rgo central, responsvel pelo Oramento
Geral do Estado, que consolida as propostas parciais elaboradas
pelas unidades oramentais.

2. As propostas dos rgos de soberania que integram a Proposta do


Oramento Geral do Estado devem ser discutidas entre o Titular do rgo
do Primeiro-Ministro.

ARTIGO 18.
(Proibies)

1. So vedadas, na proposta oramental:


a) a previso de receitas relativas a impostos que no tenham sido
criados por lei;
b) a consignao de receitas a rgos, institutos ou fundos,
ressalvadas as decorrentes de financiamentos ou doaes;
c) a criao ou extino de fundos sem prvia autorizao legal;
d) a incluso de transferncias para empresas privadas, das quais
resultem bens que se incorporem no seu respectivo patrimnio,
sem autorizao do Ministro das Finanas.

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2. Exceptuam-se do disposto na alnea b) do nmero anterior os casos em
que a lei determine expressamente a afectao de certas receitas a
determinadas despesas.

CAPTULO V
Aprovao Da Proposta

ARTIGO 19.
(Conselho de Ministros)

A proposta oramental deve ser submetida pelo Ministro das Finanas


ao Conselho de Ministros para fins de exame e aprovao, at ao dia 30 de
Setembro do ano anterior a que o oramento diga respeito.

ARTIGO 20.
(Assembleia Nacional)

1. O Conselho de Ministros deve encaminhar Assembleia Nacional, a


proposta oramental aprovada pelo Conselho de Ministros, relativo ao
exerccio subsequente, at ao dia 31 de Outubro.

2. A Assembleia Nacional deve votar a proposta de Lei Oramental at ao


dia 15 de Dezembro.

3. Se a Assembleia Nacional no votar ou, tendo votado, no aprovar a


proposta de Oramento, reconduz-se o Oramento do ano anterior,
vigorando as regras duodecimais sobre a gesto oramental at aprovao
da nova proposta.

4. Durante o perodo de reconduo do Oramento do ano anterior:


a) mantm-se a autorizao para cobrana das receitas nele previstas;
b) prorrogada a autorizao referente aos regimes das receitas que se
destinavam apenas a vigorar at ao final do referido ano;
c) a execuo do oramento das despesas deve obedecer ao princpio da
utilizao por duodcimos das verbas fixadas nos mapas das despesas.

5. Quando ocorrer a situao prevista no n. 3, o Governo deve apresentar


Assembleia Nacional uma nova proposta de Oramento para o respectivo
ano econmico, no prazo de 90 dias sobre a data de rejeio.

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6. O novo Oramento deve integrar a parte do Oramento anterior que tenha
sido executada at cessao do regime transitrio estabelecidos nos
nmeros anteriores.

ARTIGO 21.
(Apreciao de proposta oramental)

1. As emendas ao projecto de lei oramental ou aos projectos que o


modifiquem s podem ser acolhidas caso;
a) sejam compatveis com o Plano Nacional, indiquem os recursos
necessrios, admitidos apenas os provenientes de anulao de
despesas, excludas as que se referem a pessoal e ao servio da
dvida;
b) especifiquem, se for o caso, a correspondente meta quantificada.

2. As restries referidas no nmero anterior no excluem as emendas que


visem corrigir erros ou omisses ou alterar o texto do projecto de lei.

TITULO III
Dos Crditos Ormentais

CAPTULO VI
Disposies Gerais

ARTIGO 22.
(Definio)

Em virtude da lei oramental ou das suas alteraes posteriores, so


institudos crditos oramentais, por intermdio dos quais executado o
Oramento Geral do Estado.

ARTIGO 23.
(Classificao)

1. Os crditos oramentais so de dois tipos:


a) crditos iniciais, quando institudos pela lei oramental;
b) crditos adicionais, quando institudos por alteraes posteriores
aprovao da lei oramental.
2. Os crditos adicionais classificam-se em:

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a) suplementares, quando destinados ao reforo da dotao oramental;
b) especiais, quando destinados a atender despesas para as quais haja
dotao especfica na lei oramental;
c) extraordinrios, quando destinados a atender despesas urgentes e
imprevistas, decorrentes de guerra, perturbao interna ou
calamidade pblica.

ARTIGO 24.
(Autorizao)

1. Os crditos suplementares e especiais so autorizados por lei ou por


decreto-lei de acordo com a autorizao legislativa e abertos por decreto
executivo do Ministro das Finanas.

2. A lei oramental pode prever autorizaes especficas ao Conselho de


Ministros, para abrir crditos suplementares.

3. A abertura de crditos suplementares ou especiais depende da existncia


de recursos disponveis para atender as despesas e ser devidamente
justificado pelo rgo interessado.

4. Para fins do disposto no nmero anterior, consideram-se recursos


disponveis, desde que ainda no utilizados:

a) os provenientes do excesso de arrecadao definido como saldo


positivo das diferenas acumuladas, ms a ms, entre a arrecadao
realizada e a prevista, deduzido o montante dos crditos
extraordinrios abertos no exerccio financeiro;
b) os resultantes da anulao total ou parcial de dotaes previstas nos
crditos oramentais;
c) os decorrentes de financiamento ou doaes, no previstos
anteriormente;
d) os oriundos de reservas institudas com essa finalidade especfica.

5. Os crditos extraordinrios so abertos por decreto-lei do Governo, que


deles d imediato conhecimento Assembleia Nacional.

6. O acto que abrir crdito adicional indica a espcie do mesmo, a


importncia, a origem dos recursos disponveis e a classificao da despesa.

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TTULO IV
Da Execuo Oramental e Financeira

CAPTULO VII
Programao Financeira

ARTIGO 25.
(Objectivo)

1. O Ministro das Finanas, com base nos crditos oramentais e nas


informaes relativas arrecadao das receitas, elabora a programao
financeira a ser aprovada pela Comisso de Programao Financeira, aps a
aprovao da lei oramental com vista a:
a) fixar a prioridade e a oportunidade das aces a realizar e dos
recursos a disponibilizar, luz das suas relaes com o ciclo
produtivo, o clima, as normas de prestao de servios
pblicos, a situao das obras e outros aspectos de igual
relevncia;
b) evitar presses sobre o mercado de bens e servios bem como
sobre a rea financeira;
c) compatibilizar o comportamento da despesa com o da receita,
de modo a reduzir eventuais insuficincias de caixa e prever a
necessidade de contratao de operaes de crdito por
antecipao de receita.
2. A programao financeira fixa os recursos alocados em favor das
unidades oramentais, agregados segundo as unidades gestoras,
especificados, conforme se trata de despesas em moeda nacional ou em
moeda estrangeira e observados, para todos os efeitos, os respectivos
crditos oramentais.
3. A disponibilizao dos recursos efectiva-se com base na programao
financeira.

ARTIGO 26.
(Despesa)

A execuo oramental da despesa observa as seguintes etapas sucessivas:


a) a cabimentao;
b) a liquidao;

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c) o pagamento.

ARTIGO 27.
(Cabimentao)

1. A cabimentao da despesa acto emanado pela autoridade competente


que gera, para o Estado, a obrigao de pagamento.
2. vedada a realizao de despesas, o incio de obras, celebrao de
contratos ou a requisio de bens sem prvia cabimentao ou em montante
que exceda o limite dos crditos oramentais concedidos.
3. O incumprimento do disposto no nmero anterior no gera para o Estado
qualquer obrigao de pagamento e sujeita a autoridade que praticou o acto,
s sanes disciplinares, civis ou penais aplicveis.
4. permitida, desde que observadas as normas regulamentares:
a) a cabimentao por estimativa da despesa, cujo montante no se
possa previamente determinar;
b) a cabimentao global de despesas contratuais, ou outras sujeitas a
parcelamento.
5. Para a cabimentao da despesa extrado um documento denominado
Nota de Cabimentao, onde consta o nome do beneficirio, a especificao
e a importncia da despesa e sua deduo do saldo do crdito oramental
correspondente.

ARTIGO 28.
(Liquidao)

1. A liquidao da despesa a verificao do direito do credor, com base


nos ttulos e documentos comprovativos do respectivo crdito.
2. A liquidao da despesa tem por objectivo apurar:
a) a origem e a natureza do crdito;
b) a importncia exacta a pagar;
c) a quem se deve pagar, para extinguir a obrigao.

ARTIGO 29.
(Pagamento)

1. O pagamento a quitao do dbito aps a sua regular liquidao.


2. O pagamento da despesa efectuado por estabelecimento bancrio
credenciado e, em casos excepcionais por meio de adiantamento.

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3. O regime de adiantamento consiste na entrega de numerrio a servidor,
sempre precedida de cabimentao, para a realizao de despesas que no
possam subordinar-se ao processo normal de realizao do gasto.

ARTIGO 30.
(Unidade de tesouraria)

As receitas oramentais so arrecadadas pelo Agente Financeiro do


Estado e recolhidas para a Caixa nica do Tesouro, em estreita observncia
do princpio da unidade de tesouraria.

CAPTULO VIII
Do Exerccio Financeiro

ARTIGO 31.
(Exerccio)

1. O exerccio financeiro coincide com o ano civil.


2. Pertencem ao exerccio financeiro;
a) As receitas nele arrecadadas, bem como os saldos financeiros do
exerccio anterior;
b) As despesas realizadas.

ARTIGO 32.
(Anulao de despesas)

Reverte para a dotao oramental a importncia correspondente a


despesa anulada no prprio exerccio.

ARTIGO 33.
(Exerccios findos)

1. As despesas cabimentadas e no pagas at ao encerramento do exerccio


financeiro, aps devidamente reconhecidas pela autoridade competente, so
inscritas em Restos a Pagar.

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2. As despesas de exerccios encerrados, no cabimentadas na poca
prpria, mas que poderiam ter sido atendidas em face da legislao vigente,
aps expressamente reconhecidas pela autoridade competente, so inscritas
como Despesas de Exerccios Findos e podero ser pagas conta de dotao
oramental especfica consignada na lei de oramento ou em crditos
adicionais.

TITULO V
Dos Fundos Autnomos

CAPTULO IX
Disposies Gerais

ARTIGO 34.
(Dos fundos autnomos)

Constitui fundo autnomo o produto de receitas especificadas que, por


dispositivo legal, se vinculam realizao de determinados objectivos ou
servios, de acordo com normas especiais de aplicao.

ARTIGO 35.
(Consignao)

A aplicao das receitas vinculadas a fundos autnomos, faz-se


atravs da dotao consignada na lei do oramento ou em crditos
adicionais.
ARTIGO 36.
(Saldos)

O saldo financeiro do fundo autnomo, apurado nas contas pblicas


transferido para o exerccio seguinte, crdito do mesmo fundo, salvo
determinao em contrrio do diploma legal que o institui.

ARTIGO 37.
(Normas regulamentares)

O Conselho de Ministros, por proposta do Ministrio das Finanas,


deve publicar normas regulamentares de funcionamento, controlo e
prestao de contas, que devem reger os fundos autnomos.

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TITULO VI
Da Contabilidade

CAPTULO X
Disposies Gerais

ARTIGO 38.
(mbito)

A contabilidade evidencia, perante o Estado, a situao de todos os


agentes pblicos que arrecadem receitas, efectuem despesas, produzam bens
e servios, executem obras ou servios, guardem ou administrem bens a ele
pertencentes ou confiados.

ARTIGO 39.
(Objecto)

Os servios de contabilidade so organizados de forma a permitir o


acompanhamento da execuo oramental e financeira, os custos das
actividades e dos projectos, as mutaes e a composio do patrimnio, bem
como propiciar os elementos para o apuramento das contas parciais e gerais
e a anlise e interpretao dos resultados econmicos e financeiros do
Estado.

ARTIGO 40.
(Evidncia)

A contabilidade evidencia os factos ligados administrao


oramental, financeira e patrimonial.

ARTIGO 41.
(Mtodo)

A escriturao das operaes oramentais, financeiras e patrimoniais


efectuada pelo mtodo das partidas dobradas.

ARTIGO 42.
(Controlo contabilstico)

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Os direitos e obrigaes resultantes de contratos, ajustes, avales,
garantias e endossos de que a administrao pblica seja parte esto sujeitos
ao controlo contabilstico.

ARTIGO 43.
(Escriturao de dbitos e crditos)

Os dbitos e crditos so escriturados com individualizao do


devedor ou do credor e especificao da natureza e valor.

ARTIGO 44.
(Verificao de contas)

A verificao de contas dos agentes responsveis por bens ou


dinheiros pblicos realizada pelos servios de contabilidade.

CAPTULO XI
Contabilidade Oramental E Financeira

ARTIGO 45.
(Objecto)

A contabilidade oramental e financeira deve evidenciar, nos seus


registos, o montante dos crditos oramentais, a despesa cabimentada e a
despesa realizada conta dos referidos crditos e as dotaes disponveis.

ARTIGO 46.
(Registo oramental)

O registo contabilstico das receitas e das despesas feito de forma a


atender as especificaes da lei oramental e as suas alteraes.

ARTIGO 47.
(Operaes financeiras extraordinrias)

Todas as operaes de que resultam dbitos ou crditos de natureza


financeira no compreendidos na execuo oramental so objecto de
registo, individualizao e controlo contabilstico.

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ARTIGO 48.
(Dvida flutuante)

A dvida flutuante compreende os restos a pagar, o servio da dvida


exigvel no prprio exerccio, as caues ou garantias recebidas de terceiros
e as retenes efectivadas em favor de terceiros.

CAPTULO XII
CONTABILIDADE PATRIMONIAL

ARTIGO 49.
(Conceito)

A contabilidade patrimonial evidencia nos seus registos, os bens de


caracter duradouro e os critrios, com indicao dos elementos necessrios
para a sua identificao.

ARTIGO 50.
(Inventrio analtico)

O controlo do registo feito mediante levantamento dos bens e dos


ttulos representativos de crditos, que tm por base o inventrio analtico,
estruturado segundo o responsvel pela sua guarda.

ARTIGO 51.
(Rendimentos patrimoniais)

As componentes patrimoniais que gerem rendimentos so registados


discriminadamente, com o objectivo de identificar os devedores e a fornecer
informaes para a elaborao da proposta oramental.

ARTIGO 52.
(Dvida fundada)

1. Os compromissos de exigibilidade superior a um ano, contrados para


atender a desequilbrios oramentais ou a financiamentos de obras ou
servios, so inscritos na dvida fundada.

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2. A dvida fundada escriturada de forma a permitir, a qualquer momento,
verificar a posio de cada emprstimo e respectivos servios da dvida, bem
como discriminada, conforme o caso, em contratual ou mobiliria.

CAPTULO XIII
Do Agrupamento Das Contas Gerais Do Estado

ARTIGO 53.
(Conta Geral do Estado)

1. A Conta Geral do Estado compreende as contas de todos os rgos,


servios, institutos e fundos autnomos bem como da Segurana Social e
integra as contas dos rgos de soberania referidos no n. 2 do artigo 17. da
presente lei.
2. Os resultados do exerccio so evidenciados na Conta Geral do Estado,
atravs do Demonstrativo da Receita Prevista e da Despesa Autorizada, do
Balano Financeiro, do Balano Patrimonial e da Demonstrao das
Variaes Patrimoniais.

ARTIGO 54.
(Demonstrativo da receita e da despesa)

O Demonstrativo da Receita Prevista e da Despesa Autorizada


apresentado, em confronto com a realizada.

ARTIGO 55.
(Balano financeiro)

O Balano Financeiro demonstrar a receita e a despesa oramental,


bem como os pagamentos e os recebimentos de natureza extra-oramental,
conjugados com os saldos em espcie provenientes do exerccio anterior e os
que se transferem para o exerccio seguinte.

ARTIGO 56.
(Balano patrimonial)

O Balano Patrimonial demonstra Activos e Passivos, subdivididos em:


a) activo Circulante, a compreender as disponibilizaes em numerrio,
os recursos a receber, bem como outros bens e direitos em
circulao;

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b) o realizvel a longo prazo, a compreender os direitos realizveis
aps o trmino do exerccio seguinte;
c) activo Permanente, a compreender os investimentos de carcter
permanente e as imobilizaes;
d) passivo Circulante, a compreender os depsitos e outras obrigaes
pendentes ou em circulao exigveis a curto prazo, isto , a dvida
flutuante;
e) exigvel a longo prazo, a compreender os compromissos de
exigibilidade superior a 12 meses, isto , a dvida fundada;
f) patrimnio liquido, a compreender o Saldo Patrimonial ou seja, o
patrimnio da gesto;
g) contas de Ordem Activa e Passiva, a compreender o controlo
relacionado com os bens, direitos e obrigaes que no integram o
patrimnio, mas que directa ou indirectamente, possam vir a afect-
lo.

ARTIGO 57.
(Demonstraes das variaes patrimoniais)

A demonstrao das variaes patrimoniais evidencia as mutaes


verificadas no patrimnio, bem como indica o resultado do exerccio.
TTULO VII
DO CONTROLO DA EXECUO ORAMENTAL E FINANCEIRA

CAPTULO XIV
Disposies Gerais

ARTIGO 58.
(Do controlo interno e externo)

1. A fiscalizao oramental, financeira, patrimonial e operacional da


Administrao do Estado e dos rgos que dele dependem, exercida pela
Assembleia Nacional, ao nvel do controlo externo e pelos rgos
especializados do Estado ao nvel do controlo interno.
2. O controlo interno a cargo do Governo institucionalizado pelo
Ministrio das Finanas, atravs de decreto do Conselho de Ministros.
3. O controlo externo exercido pelo Tribunal de Contas, que emite parecer
sobre as Contas do Estado, com vista sua aprovao pela Assembleia
Nacional.

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4. O Governo deve informar Assembleia Nacional, at 45 dias aps o
termo do trimestre a que se refere, sobre a execuo oramental, atravs de
balancetes trimestrais elaborados pela Direco Nacional de Contabilidade.
5. O Governo deve apresentar Assembleia Nacional, at 30 de Abril do
ano seguinte, o Balano Geral relativo aos resultados do exerccio
econmico.
6. O Governo deve submeter a Conta Geral do Estado para parecer do
Tribunal de Contas at 31 de Dezembro do ano seguinte quele a que diga
respeito.
7. Os Relatrios e as Contas dos rgos de soberania so submetidos
directamente por esses rgos ao Tribunal de Contas at 30 de Setembro do
ano seguinte quele a que digam respeito.
8. A Assembleia Nacional aprecia e vota a Conta Geral do Estado at 30 de
Junho do ano seguinte, ao previsto do n. 6 do presente artigo, precedido do
parecer do Tribunal de Contas que deve ser remetido a Assembleia Nacional
at 31 de Maro.

CAPTULO XV
Do Controlo Interno

ARTIGO 59.
(Competncia)

Compete ao controlo interno:

a) examinar a legalidade e os resultados da gesto oramental,


financeira e patrimonial, no que se refere arrecadao da receita, a
realizao da despesa e gerao ou extino de direitos e
obrigaes mediante a verificao das contas dos responsveis;
b) proceder ao acompanhamento fsico-financeiro das metas
programadas;
c) verificar a fidelidade funcional dos ordenadores de despesas,
definidos como as autoridades responsveis pela cabimentao ou
pagamento e pela guarda de bens e valores;
d) exercer o controlo sobre as operaes de crdito, avales e garantias,
bem como dos direitos e deveres da Administrao do Estado e dos
organismos que estejam sob sua tutela;
e) apoiar o controlo externo no exerccio da sua competncia, dando-
lhe conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade apurada,
sob pena de responsabilidade solidria com o infractor.

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CAPTULO XVI
Do Controlo Externo

ARTIGO 60.
(Competncia)

Compete ao controlo externo:


a) apreciar anualmente as Contas do Estado bem como os relatrios
trimestrais de execuo do Oramento Geral do Estado;
b) julgar as contas dos responsveis por dinheiros, bens e valores da
Administrao do Estado ou dos rgos que dele dependem;
c) realizar inspeces de natureza oramental, financeira ou
patrimonial, com poderes para requisitar e examinar todos os
elementos que julgue necessrios;
d) d) apresentar, perante os Tribunais, as irregularidade ou abusos
apurados, com vista imputao de responsabilidade disciplinar,
civil ou criminal.

TITULO VIII
Disposies Finais

CAPTULO XVII
Da Organizao Sistmica

ARTIGO 61.
(Sistema oramental)

1. O rgo central do Sistema Oramental a entidade do Governo


legalmente encarregue de coordenar a elaborao e execuo do oramento e
de elaborar e aprovar as instrues e formulrios, com vista a padronizar a
forma de apresentao dos oramentos dos rgos da Administrao do
Estado.
2. Os rgos sectoriais do Sistema Oramental so os definidos no artigo
53. da Lei Constitucional da Repblica e os Ministrios, Secretarias de
Estado e demais rgos que constituem o Governo.

ARTIGO 62.
(Sistema financeiro)

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1. O rgo central do Sistema Financeiro a entidade do Governo
legalmente encarregue de elaborar a programao financeira, gerir e
controlar a Conta nica do Tesouro, coordenar a execuo financeira do
Oramento e de elaborar e aprovar as instrues para os registos
contabilsticos e de realizar o apuramento das Contas Gerais do Estado.

2. Os rgos sectoriais do Sistema Oramental so os definidos no artigo


53. da Lei Constitucional da Repblica e os Ministrios, Secretarias de
Estado e demais rgos que constituem o Governo.

ARTIGO 63.
(Sistema contabilstico)

1. O rgo central do Sistema Contabilstico a entidade do Governo


legalmente encarregue de elaborar, aprovar as instrues para os registos
contabilsticos e de realizar o apuramento das Contas Gerais do Estado.

2. Os rgos sectoriais do Sistema Contabilstico so as Delegaes


Provinciais de Finanas.

CAPTULO XVIII
Disposies Finais

ARTIGO 64.
(Regulamentao)

A presente lei deve ser regulamentada pelo Governo no prazo de 90


dias a partir da entrada em vigor.

ARTIGO 65.
(Revogao)

revogada a Lei n. 20/77, de 15 de Setembro, bem como todas as


normas que disponham em contrrio ao estabelecido neste diploma legal.

ARTIGO 66.
(Dvidas e omisses)

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As dvidas e omisses que se suscitarem na interpretao e aplicao
da presente lei so resolvidas pela Assembleia Nacional.

ARTIGO 67.
(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor aps a data da sua publicao.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional.

Luanda, aos 26 de Junho de 1997.

O presidente da Assembleia Nacional em exerccio, Lzaro Manuel Dias.


Publique- se.

O Presidente da Repblica, Jos Eduardo Dos Santos.

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