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Construcao Celula de Carga Binocular

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22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais

06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil

UTILIZAÇÃO DE STRAIN GAGE NO DESENVOLVIMENTO DE CÉLULA DE CARGA


BINOCULAR PARA MEDIÇÃO DE CARGAS SOB FLEXÃO COM VERIFICAÇÃO
EXPERIMENTAL DE SUA CAPACIDADE.
Silvio Tado Zanetic.1; Cláudo Geraldo Schön2
1.Prof. Dr.Dr. Pós-Doutorando-Departamento de Metalurgia e Materiais-EPUSP.
2. Prof. Dr. Livre Docente-Departamento de Metalurgia e Materiais-EPUSP.
E-mail:zanetic2013@gmail.com; schoen@usp.br

RESUMO

O transdutor consiste num dispositivo que utiliza o extensômetro elétrico de


resistência como ferramenta para transformar uma grandeza mecânica,
deformação, em uma grandeza elétrica. O objetivo deste trabalho é descrever o
desenvolvimento e detalhamento do projeto de uma célula de carga binocular
com verificação experimental de sua capacidade. Um transdutor de carga cujo
elemento elástico sob flexão é classificado como célula de carga de baixa
capacidade, pois apresenta após devidamente instrumentado elevada
deformação com pequenas cargas e elevada precisão. A instalação dos strain
gages foram efetuadas mediante técnicas que permitiram obter resultados
confiáveis e remotos pelo sistema de aquisição de dados com a carga máxima
de projeto de 2 mV/V, conforme o padrão internacional para células de carga.

Palavras Chave: strain gages, extensometria, célula de carga, ponte de


wheatstone.

INTRODUÇÃO

A extensometria elétrica por STRAIN GAGES utiliza como elemento sensível


um fio resistivo que transforma uma variação de comprimento em variação de
resistência elétrica, figura 1 [DELIJAICOV-HBM, 2016].

Figura 1- Strain gage-Catálogo HBM

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Extensômetros (SG) são usados para medir deformações em diferentes


estruturas. A medida é realizada colando um SG nestas estruturas,
convertendo a deformação causada em uma quantidade elétrica (voltagem) e
amplificando-a para leitura em um local remoto. Em uma peça real e em
determinadas condições de serviço, deformações podem ser medidas com boa
precisão sem a destruição da peça.

Desta forma pode-se fazer uma análise quantitativa da distribuição de


deformação em condições reais de trabalho. Os SG proporcionam um método
excelente de conversão entre deformações e quantidade elétrica
[ANDOLFATO et al. 2004; MARTINELLI,D.A. 1961].

Em 1856 William Thomson (Lord Kelvin), apresentou os resultados de um


experimento envolvendo a relação entre a resistência elétrica e algumas
propriedades físicas de um condutor, segundo a equação:

(A)

Onde:  =resistividade do material; L= comprimento do fio; A = área da seção


transversal do fio.

Neste experimento clássico Lord Kelvin estabeleceu três importantes


conclusões para o desenvolvimento da extensometria elétrica :i) a resistência
do fio varia em função da deformação; ii) materiais diferentes tem
sensibilidades diferentes; e iii) a ponte de Wheatstone pode ser usada para
medir as variações de resistência precisamente [DALLY &RILEY, 1987].

Na equação (A) para obter uma mudança relativa na resistência, os logaritmos


para todos os membros devem ser derivados, e introduzindo a lei generalizada
de Hooke, chega-se a equação geral (B), que determina que a variação relativa
da resistência sobre a variação relativa da deformação é uma constante.

(B)

(C)

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Onde: da equação (B)- K ou GF é o Gage Factor, R a resistência inicial do fio


metálico, , o comprimento inicial as variações de resistência e
comprimento respectivamente;

Da equação (C); strain x 10-6 (micro strain).

Ponte de Wheatstone –Instrumentação

A equação (B) possibilita estabelecer um método de medida da deformação,


paralelamente aos fios do gage, que se reduz à determinação da variação
relativa de sua resistência elétrica, onde:

(D)

Desta forma podemos dispor do método em ponte (Ponte de Wheatstone),


sendo a mais utilizada a “ponte completa”, que é constituída por quatro
extensômetros, a figura 2 indica uma ponte Wheatstone cujo circuito elétrico
possui um arranjo especial.

Trata-se de dois divisores resistivos ligados em paralelo. O circuito assim


constituído, possui uma entrada (E) para aplicação da tensão de excitação e
uma saída (U), onde se pode ler o sinal referente à variação por ela composto.
Figura 2 [HBM, 2015].

(E)

( a) (b)
Figura 2- (a) Ponte de Wheatstone completa. (b) Equações utilizadas em
células de carga- ponte completa.

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Transdutor (Célula de Carga)

Um transdutor que utiliza extensômetro elétrico de resistência como elemento


sensor é um instrumento que transforma uma grandeza física qualquer
(esforço, peso, deslocamento, torque, aceleração, pressão, etc em uma
grandeza elétrica [BARRETO, E.J. 2004].

O transdutor construídos com extensômetros do tipo transdutor de carga é aqui


denominado célula de carga, que varia conforme o tipo de tensão de solicitação
a ser medida pelos extensômetros elétricos: Flexão; Cisalhamento e
Deformação direta.

Transdutor para medir cargas de flexão

Uma célula de carga para baixa capacidade possui elemento elástico à flexão,
pois apresenta elevada deformação mesmo com pequenas cargas, figura 3.

T C

C T

Figura 3- Célula de carga à flexão de baixa capacidade.

A célula de carga da figura 3 é denominada binocular (viga bi engastada ou


dual bean). É uma tipo de célula vantajosa pois apresenta elevada deformação
mesmo com baixa carga, além disso, as deformações de tração e compressão
nos extensômetros são de mesma grandeza, o que possibilita melhor
linearidade na saída do transdutor [HOFFMAN, K.,1989].

MATERIAIS E MÉTODOS

No presente trabalho foi projetada uma célula de carga máxima de 100 kgf.

Por se tratar de uma célula de carga de baixa intensidade foi escolhido um


material de baixo módulo de elasticidade, utilizado na confecção de elemento
elástico. A liga de alumínio: AA (USA) 2024 (T8)- ASTM CG 42 A; SAE 24.
Conforme as seguintes propriedades mecânicas: Módulo de Elasticidade E=
7.300 Kgf/mm2; Coeficiente de expansão térmica ppm/0C -23,2.

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Seleção do material, construção e dimensionamento da célula de carga

Para a liga de duralumínio aeronáutico 2024 SAE 24, o tratamento térmico


recomendado e utilizado no presente trabalho é o T8 (solubilização,
encruamento e envelhecimento artificial). Com este tratamento a dureza
medida foi de 120 HB e o limite de resistência a tração foi de 45 kgf/mm 2 (IPT).

O elemento elástico foi usinado em uma só peça para evitar problemas de


histerese e não linearidade. Nas figuras 4 e 5 estão representados os
desenhos de construção da célula confeccionada (150 x 25 x 50 mm).

Figura 4 - Desenho de Fabricação da Célula de Carga – Perspectiva.

Fig
ura
5-
De
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o
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fabricação da Célula de Carga Single Point.

Seleção dos Strain Gages [MEASUREMENTS GROUP, 1983]

O SG escolhido foi o EA-06-125BF-350E, a colagem foi feita com o adesivo M


Bond-200 da MM (permite colagem instantânea).

A célula binocular possibilita a montagem de 4 gages montados no bordo


superior e inferior (Tração-Compressão) e no bordo inferior (compressão-
tração), conforme a equação:

(E´)

Procedimento experimental-Preparação das superfícies e colagem dos


extensômetros [HBM- 2016].

-Desengraxamento: é a primeira operação, para evitar contaminantes (utilizou-


se acetona);

-Condicionamento: possibilita remoção de impurezas, utilizou-se condicionador


ligeiramente ácido que promove um leve ataque limpando a superfície;

-Limpeza abrasiva: objetiva melhorar o acabamento da superfície eliminando


possíveis irregularidades e melhorar as áreas de instalação dos gages, essa
operação é feita com lixas de granulometria de 180 a 320 sendo as direções
cruzadas quando se passa de uma para outra.

-Neutralização e limpeza final: utiliza-se novamente a amônia para neutralizar


ácidos e proteger da corrosão as superfícies.

-Traçado da linhas direcionais de colagem dos gages: executou-se o traçado


das linhas de referência com instrumento metálicos para instalar os gages que
já possuem traços na lâmina polimérica.

-Aplicação da cola, colagem e pressão: nessa sequência de operações conclui-


se o procedimento culminando com a retirada da fita adesiva e limpeza final de
resíduos.

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Instrumentação-Colagem dos terminais e solda da fiação

A instrumentação em ponte de Wheatstone foi feita com fios de baixa


resistência tipo MM-CEG 100C-0,33 x 0,1” os fios foram soldados com a liga
0,6 SnPb. A montagem sob flexão exige 4 gages (+R1 e –R2 bordo superior; -
R4 e +R3 bordo inferior) para não invalidar a equação (E´):
, figura 6 e 7.

Figura 6- Ligação da fiação em Ponte de Wheatstone e instalação no


amplificador P3.

A figura 7 apresenta abaixo imagens das instalações dos gages e terminais ao


amplificador P3.

1
2
(a) 3
4 (b)
5
6

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Figura 7: a) Instalação dos gages e terminais (1 a 6); b) Montagem da célula


em Ponte Wheatstone (PW) no amplificador P3.

Configuração da célula em PW e calibração manual

Para a montagem da célula em PW com circuito em ponte completa, deve-se


fazer um jumper entre os terminais 4,5 e 6, figura 7a para assim fechar o
circuito e efetuar a interligação com a fonte amplificadora P3, a qual pode
acomodar até 4 canais de entrada, seguindo as instruções do aparelho (P+;P-
;S+ e S-), figura 8.

Figura 8-Conexões do amplificador com a célula de carga [(P+amarelo; P-


marron; S+laranja; S-vermelho].

Em seguida procede-se a calibração, como via de regra a célula não está


calibrada (assim não é possível utilizar a calibração automática do aparelho),
proveniente de interferências na colagem dos gages, comprimento e percurso
dos fios, pode-se calibrar de forma analítico-prática, utilizando um resistor com
a função de reostato na PW. Sendo o gage utilizado o PA-090-60BA-350, que
possui resistência de 350, Gage Factor é 2.0. Colocando a célula na posição
do esforço à flexão ligada no amplificador, o mesmo irá captar uma
deformação, pois a célula não está calibra, encontra-se então um

(µd). Utilizando a equação ; obtemos:

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Utilizando um fio resistivo de manganim da Micro-Measurements que irá


funcionar como um reostato. Nesse caso o fio tem 300 mm de comprimento, o
manganin tem 15,2, sendo ; então a regra de três fornece:

0,47 x 300/15,2 = 9,28. Logo 9,28 mm será o comprimento do fio resistivo.

Em seguida coloca-se o fio resistivo entre os terminais 4 e 5 ou 5 e 6. Assim é


necessário abrir a ponte e fazer o teste. Se estiver soldado entre os terminais
corretos, o valor de deformação obtido indicará que a célula estará calibrada
(zerada). [DELIJAICOV, S.;WEBER,A.L.]

Carga máxima de projeto da célula de carga

Para se obter o valor da carga máxima da célula de carga que foi construída
para análise experimental de tensões, foram utilizados diversos pesos para ser
colocados sobre a célula de carga já interligada à ponte amplificadora.

A seguir, a tabela da figura 9 indica as cargas em (kg) colocadas sob a célula e


as suas respectivas ( µd

Kg 1 2 3 4 5
µε 39,8 79,6 119,4 159,2 199

(Kg)
Figura 9 – Tabela e gráfico carga-deformação analisados na célula de carga do
(Kg)
projeto.

Com os dados obtidos, foi possível obter o gráfico acima (absolutamente


linear):

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A configuração do carregamento sob flexão, exige a montagem de 4 gages


para validação da equação: )

O padrão Internacional para célula de carga quando a carga for máxima é:

Portanto, temos:

µd

Substituindo os valores de e fator de sensibilidade, na equação (E), temos:

Portanto: é a quantidade máxima em micro deformação ( ) que a


célula de carga em análise suporta, sendo uma somatória das quantidades
máxima de cada gage.

Sendo assim, para descobrir a carga (kg) máxima que a célula de carga possui,
basta fazer uma regra de três simples para obter o valor desejado.

5kg--------------------

----------------

Validando o projeto executado de Análise Experimental de Tensões pelo


método da Extensometria elétrica por strain gage e construção da célula de
carga de 100 kgf para medição de cargas sob flexão.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A instrumentação em ponte de Wheatstone e montagem da célula de carga no


amplificador P3 da Micro Measurements foi feita com ponte completa realizou-
se a calibração da célula de modo automático e manual. As figuras 6 e 7
indicam os gages 1 e 2 :tração e compressão respectivamente no bordo
superior da célula. Os gages 3 e 4 no bordo inferior, compressão e tração
respectivamente. Nessa configuração a equação (E) não zerou, na carga
máxima obteve-se os valores registrados e plotados na figura 9 obteve-se o
gráfico microstrain x carga fornecendo uma linha reta que é linear, confirmando
as propriedades do gage.
A caracterização do projeto da célula, exige que na carga máxima se verifique
a equação E, assim:

; )

µd

Esse valor corresponde à carga máxima que a célula suporta, ou seja é a


somatória da micro deformação dos quatro gages.

A carga máxima a determinar é obtida pela proporção entre a micro


deformação de 5 kg e 4000.10-6 :

Pmax=4000.10-6µ .5kgf/199.10-6=100kgf. Que é a carga máxima para medir


esforços à flexão.

CONCLUSÃO

No presente trabalho estudou-se os extensômetros elétricos que por natureza é


um elemento transdutor. Os critérios de seleção bem como suas técnicas de
colagem e ligação elétrica determinam a instrumentação configurada com a
ponte de Wheatstone. Esta tecnologia foi aplicada no projeto e construção de
uma célula de carga de baixa capacidade.

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O trabalho experimental foi executado com o amplificador P3 da Micro


Measurements, equipamento dotado de recursos que permite efetuar medições
extensométricas com grande precisão, possui software incorporado, pode-se
selecionar o fator do gage K, o aparelho possui quatro canais permitindo, a
célula de carga confeccionada utilizou-se ponte completa. Permite calibrar
manualmente a ponte para aplicar as cargas desejadas e efetuar as medições,
no padrão internacional de 2mV/V. O gráfico obtido a linearidade desejada foi
mantida, e carga máxima de 100 kgf foi verificada.

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