FAUSTROLL
FAUSTROLL
FAUSTROLL
INTRODUÇÃO................................................................................... 6
RESUMO GERAL............................................................................... 8
LIVRO UM...................................................................................... 10
PROCEDIMENTOS........................................................................... 10
A RESPEITO DOS HÁBITOS E ATITUDES DO DOUTOR FAUSTROLL
................................................................................................... 13
MANDADO JUDICIAL.................................................................. 15
A RESPEITO DOS LIVROS EQUIVALENTES DO DOUTOR FAUSTROLL
................................................................................................... 17
AVISO DE MANDADO AUTORIZANDO VENDA IMEDIATA............20
A RESPEITO DO BARCO DO DOUTOR, O QUAL É UMA PENEIRA . 21
A RESPEITO DOS ESCOLHIDOS.................................................... 24
LIVRO DOIS..................................................................................... 27
DEFINIÇÃO................................................................................. 28
FAUSTROLL MENOR DO QUE FAUSTROLL................................... 31
A RESPEITO DO MACACO BABUÍNO BOSSE-DE-NAGE, QUE NÃO
CONHECIA NENHUMA PALAVRA HUMANA, A NÃO SER “HA HA”
................................................................................................... 33
LIVRO TRÊS..................................................................................... 37
A RESPEITO DO EMBARQUE NA ARCA........................................38
A RESPEITO DO MAR DE FEZ EXTREMA, DO FAROL OLFATIVO E
DA ILHA DE TITICA, ONDE NÃO BEBEMOS.................................40
A RESPEITO DA TERRA DE RENDAS............................................. 43
A RESPEITO DO BOSQUE DO AMOR...........................................45
A RESPEITO DA GRANDE ESCADARIA DE MÁRMORE NEGRO .....48
A RESPEITO DA ILHA AMORFA.................................................... 49
A RESPEITO DA ILHA FRAGRANTE.............................................. 51
A RESPEITO DO CASTELO-ERRANTE, QUE É UM LIXO .................53
A RESPEITO DA ILHA DE PTYX..................................................... 55
A RESPEITO DA ILHA DE HER, DO CICLOPE E DO GRANDE CISNE
DE CRISTAL................................................................................. 57
A RESPEITO DA ILHA DE CYRIL.................................................... 60
A RESPEITO DA GRANDE IGREJA DE FOCINHODEFIGO...............62
A RESPEITO DA ILHA RESSOANTE...............................................65
A RESPEITO DAS SOMBRAS HERMÉTICAS E DO REI QUE ESPEROU
A MORTE.................................................................................... 68
LIVRO QUATRO............................................................................... 71
A RESPEITO DA TERRA-MARÉ E DO BISPO MARINHO MENTIROSO
................................................................................................... 72
BEBER......................................................................................... 74
CAPITALLIA................................................................................. 78
A RESPEITO DA MORTE DE UM NÚMERO DE PESSOAS E, MAIS
ESPECIFICAMENTE, DE BOSSE-DE-NAGE....................................81
A RESPEITO DE SIGNIFICADOS OUTROS E EVIDENTES DAS
PALAVRAS “HA HA”.................................................................... 84
LIVRO CINCO.................................................................................. 87
A RESPEITO DE MIL MATÉRIAS VARIADAS..................................88
SOBRE O JATO MUSICAL............................................................. 92
COMO SE OBTEVE UMA TELA.................................................... 94
LIVRO SEIS...................................................................................... 97
A RESPEITO DOS TERMES........................................................... 98
CLINAMEN.................................................................................. 99
LIVRO SETE................................................................................... 105
A RESPEITO DO GRANDE NAVIO MOUR-DE-ZENCLE.................106
A RESPEITO DA LINHA.............................................................. 108
LIVRO OITO.................................................................................. 110
A RESPEITO DA HASTE DO BASTÃO DE MEDIÇÃO, DO RELÓGIO E
DO DIAPASÃO........................................................................... 111
A RESPEITO DO SOL COMO UM SÓLIDO FRIO..........................117
DE ACORDO COM IBÍCRATES, O GEÔMETRA............................119
PATAFÍSICA E CATAQUIMIA....................................................... 122
A RESPEITO DA SUPERFÍCIE DE DEUS....................................... 123
INTRODUÇÃO
“Livro um”
“Livro dois”
“Livro três”
“Livro quatro”
“Livro cinco”
Após uma passagem coprológica sobre o “aleijado sem pernas”,
o qual representa Pierre Loti, Faustroll coloca Henri Rousseau no
comando da “máquina de pintar” para “embelezar” as telas
acadêmicas penduradas no museu de Louxemburg.
“Livro seis”
“Livro sete”
“Livro oito”
PROCEDIMENTOS
1
PANMUPHLE
e ao Prefeito do distrito Q.
2
Ele não tinha barba, a não ser pelo seu bigode, e pelo uso sagaz
de micróbios de calvície, que permeavam sua pele desde suas
virilhas até as sobrancelhas e que se alimentavam de seus folículos
capilares, garantindo que Faustroll não precisasse se preocupar que
sua careca reluzente ou suas sobrancelhas fossem cair, já que esses
micróbios atacavam apenas cabelos frescos recém-nascidos. Da sua
virilha para baixo, até os pés, em contraste, ele era envelopado de
pelo preto, pelo qual era um homem impróprio a um certo ponto.
Naquela manhã, ele tomou o seu sponge bath diário com seu
papel de parede de dois tons pintado por Maurice Denis, com o
desenho de dois trens subindo em espirais; havia muito tempo, ele
tinha desistido da água em favor de papel de parede – oportuno,
elegante e de acordo com seus caprichos.
Para não deixar o populacho em geral constrangido, portanto,
ele desenhou e criou uma camisa feita de fibra de quartzo; calças
largas de um veludo preto enfadonho que afunilavam rentes nos
tornozelos; pequeninas botas de cor cinza, com camadas iguais de
poeira cuidadosamente preservadas, com grande dificuldade, por
muitos meses, quebradas apenas por formigueiros secos de formiga-
leão; um colete amarelo-ouro, de cor exatamente igual à sua pele,
com a mesma quantidade de botões de um pulôver e dois rubis
como botões para os bolsos de peito, bem altos; e um sobretudo
forrado com pelo de raposa-azul.
MANDADO JUDICIAL
AVISO DE MANDADO
AUTORIZANDO
VENDA IMEDIATA
Para C. V. BOYS
“E já que este aqui pode levar até três pessoas, você deve me
acompanhar, e ainda mais alguém a quem você será apresentado em
breve – sem mencionar outros, pois estou trazendo comigo alguns
seres que conseguiram escapar de sua Lei e Justiça entre as linhas
dos meus volumes apreendidos.
Das Mil e uma Noites, o olho do terceiro Kalender, que era filho
de um rei: o olho cutucado para fora da cauda do cavalo voador.
De Grabbe, os treze alfaiates massacrados ao alvorecer pelo
Barão Mordax sob ordem do cavaleiro papal da ordem de Mérito
Civil, e o guardanapo de mesa que foi amarrado em volta de seu
pescoço antecipadamente.
ELEMENTOS DA PATAFÍSICA
DEFINIÇÃO
– O Talismã de Oramane
Isso é tudo?
— Não, escute:
— Άληθή.
— Άληθέστατα.
— Δήλα δή.
— Δήλα δή.
— Δίκαίον ϒούν.
— Είκοϛ.
— Έμοιϒε.
— Έοικε ϒαρ.
— Έστιν, έϕη.
— Kαί μαλ, έϕη.
— Kαλλιστα λέϒειϛ.
— Kαλωϛ.
— Mέμνημαι.
— Nαί.
— Όμολογώ.
— Όρθτατα
— Όρθώϛ γ, έϕη
— Όρθώϛ γ έϕη.
— Οΰκοΰν χρή.
— Πάντων μάλιστα.
— Πολλή άναγκη.
— Πολύ γε.
— Πολύ μεv οΰν μαλστα.
— Πρτει γαρ.
— Πωϛ δ αν.
— Τί δαί.
— Τί μήν.
— Ώϛ δοκεί.
Para LOUIS L.
“Este corpo morto”, disse o doutor, “de cuja carcaça podem ser
vistos velhotes tremendo em senilidade e jovens ruivos, igualmente
cretinos no seu discurso e seu silêncio, com seus bicos cheios de
carne para salpicado, pássaros coloridos à mão, como moscas de
manguço perfurando a carne para depositar seus ovos – este corpo
morto não é apenas uma ilha, mas um homem: ele se autodenomina
Barão Hildebrand do Mar de Fez Extrema.
Após deixar essa ilha desagradável para trás, nosso mapa foi
redobrado e eu remei por outras seis horas, meus dedos dos pés
seguros por grilhões, minha língua pendurada para fora de sede –
teríamos ficado mortalmente doentes caso tivéssemos tomado uma
bebida naquela ilha. Faustroll me manteve puxado tão paralelo com
os empurrões dos cabos do leme que, em meu movimento para trás,
eu pude ver apenas direto à ré a fumaça da ilha ainda subindo, até
que se escondeu por detrás dos ombros do doutor. Bosse-de-Nage,
tão exaurido pela sede que estava branco, não lançou mais que um
olhar pálido.
Para FRANC-NOHAIN
Um outro, notável por sua face sem pelos, nos instruiu em usos
ardis, de forma que nos tornamos competentes em fazer uso
completo de nossas tardes, consolidar nossos créditos de bêbados
completos e ganhar, sem desperdício do nosso talento, as
congratulações da Academia Francesa.
Sua função era preservar para o seu povo a imagem dos seus
deuses. Ele estava fixando uma dessas imagens no mastro do seu
barco com três pregos, e era como uma vela triangular, ou o ouro
equilateral de um peixe seco trazido de volta do septentrion. Acima
da porta da habitação de suas esposas ele capturou as ectasias e
contorções do amor em um cimento divino. Em pé, ao lado do
entrelaçamento de jovens seios e nádegas, registra e profetiza a
fórmula da felicidade, que é dupla: seja amoroso, e seja misterioso.
Ele possui também uma cítara com sete cordas de sete cores, as
cores eternas; e, em seu palácio, uma lâmpada nutrida das nascentes
fragrantes da terra. Quando o rei canta, movendo-se ao longo da
costa enquanto toca sua cítara, ou quando ele desbasta com um
machado, de imagens de madeira viva – os jovens brotos que iriam
desfigurar a aparência dos deuses –, suas esposas tocam no oco de
suas camas, o peso do meado pesado sobre as costas do olhar
vigilante do Espírito dos Mortos, e da porcelana perfumada do olho
da grande lâmpada.
1Desde que este livro foi escrito, o rio ao redor da ilha se tornou uma guirlanda
funeral. (Nota do autor.)
20
“Ha-ha!”, ele disse; mas seu estado de pavor, sem dúvida, o fez
calar neste ponto.
E eu recuei para longe da ilha, perpendicularmente o bastante
para a cabeça de Faustroll ocultar de mim em um curto período o
olhar do senhor de Her, e o olho artificial em sua órbita de
madrepérola assemelhando-se ao vidro refletido de uma lâmpada de
semáforo.
21
“Ha ha!”
“Feliz o sábio”, diz o Chi-Hing, “no vale onde vive, recluso, que
se deleita ao ouvir o som de címbalos; sozinho, em sua cama,
acordando, ele exclama: ‘Nunca, eu juro, esquecerei a felicidade
que eu sinto!’.”
Para RACHILDE
“Ha ha!”, ele declarou de forma resumida, mas viu que nós
havíamos adivinhado seus pensamentos, e observou com grande
surpresa a simplicidade de seu chapéu belga rolar sobre o carpete
com o ruído recalcitrante de uma varrida de escova de ferro.
LIVRO QUATRO
CEFALORGIA
25
BEBER
“Mas, escute:
A LAGOSTA E A LATA DE CARNE ENLATADA,
Fábula
Para A. F. HÉROLD
Na qual estava escrito que dentro, como ela, ele era livre de
ossos,
CAPITALLIA
“... ΣΕΣΟΥΛΑΘΑΙ”.
28
Ele nunca notará, até que tenha tombado, que havia um ali
– PIRON
“HA HA”, ele disse de forma concisa; mas nós não estamos de
maneira alguma preocupados com o fato acidental de que ele
usualmente não adicionava nada mais.
BOSSE-DE-NAGE
Papio Cynocephalus,
OFICIALMENTE
30
– PANTAGRUEL, 111, 25
“... despejar sobre cada um deles uma pilha de ouro, até que suas
bocas estejam silenciadas sob a maré alta. Um pagamento suficiente
será setenta e seis milhões de guineas para o Sr. Bouguereau;
dezessete mil serafins para o Sr. Henner; oitenta mil maravedis para
o Sr. Bonnat, desde que sua tela esteja carimbada, no lugar de uma
marca registrada, com a figura de um pobre homem; trinta e oito
dúzias de florins para Sr. J.-P. Laurens; quarenta e três cêntimos
para o Sr. Tartempion, e cinco bilhões de francos, bem como uma
gorjeta em kopeks, para o Sr. Detaille. Você irá jogar os tostões que
sobrarem nas caras dos outros palhaços.”
“Está tudo muito bem”, eu disse para Faustroll, “mas não seria
mais honrado alocar esse ouro aos custos dos meus procedimentos
e, se necessário, extrair as quantidades de telas por pura esperteza?”
“Eu irei explicar para você o que meu ouro realmente é”, disse o
doutor, piscando.
CLINAMEN
O RIO E O PRADO
O rio tem uma face gorda e macia, para o sabor dos remos, um
pescoço com muitas sardas, mas uma pele azul com um aveludado
cabelo verde. Entre seus braços, comprimido em seu coração, está
segura a pequena Ilha com a forma de uma crisálida. O Prado em
seu vestido verde está adormecido, sua cabeça no espaço de seu
ombro e pescoço.
EM DIREÇÃO À CRUZ
Em uma ponta do Infinito, na forma de um retângulo, está a cruz
branca onde os demônios têm executado junto com o impenitente
Ladrão. Existe uma barreira em volta do retângulo, branca, com
estrelas de cinco pontas suportando as barras. Abaixo da diagonal
do retângulo vem o anjo, rezando calmo e branco como a espuma
das ondas. E o peixe com um chifre, um truque de macaco do
divino Ichthys, ondulado para trás em direção à cruz dirigida pelo
Dragão, que é verde exceto pelo rosa de sua língua bifurcada. Uma
criatura coberta de sangue com pelos no fim, e olhos lenticulares,
está envolta em torno da árvore. Um Pierrot verde se apressa,
acenando de lado a lado e virando cambalhotas. E todos os
demônios, na forma de mandris ou palhaços, espalham suas aletas
caudais por afora, como pernas de acrobatas, e, implorando ao anjo
inexorável (Naum vai brincá coumigo, sinhô Leal?), labutar em
direção da Paixão, sacudindo suas perucas de palha de palhaço
encrustadas com sal marinho.
AMOR
A alma está lisonjeada por Amor, o qual aparenta exatamente
como um véu iridescente e assume a face mascarada de uma
crisálida. Caminha sobre crânios invertidos. Atrás da parede onde se
esconde, garras brandem armas. É batizada com veneno. Monstros
antigos, a substância da parede, riem dentro de suas barbas verdes.
O coração permanece vermelho e azul, violeta na ausência artificial
do véu iridescente que sua tecelagem.
O PALHAÇO
Sua corcunda redonda esconde a redondeza do mundo, assim
como sua bochecha vermelha rasga os leões no tapete. Clubes e
diamantes são bordados na seda carmesim de seus trajes, e em
direção ao Sol e à grama ele faz uma aspersão bendita com seu
aspersório tilintando.
“PAI! PAI!” CHORA DEUS AOS RESIGNADOS
A montanha é vermelha, o Sol e o céu são vermelhos. Um dedo
aponta para o seu topo. As rochas surgem acima, o pico absoluto a
perder de vista. Os corpos daqueles que não alcançaram voltam
tombando abaixo novamente com a cabeça. Um cai para trás sobre
suas mãos, derrubando seu violão. Outro aguarda com suas costas
viradas para a montanha, perto de suas garrafas. Um deita na
estrada, seus olhos ainda escalando. O olho ainda aponta, e o Sol
aguarda por obediência antes de se pôr.
OS MÉDICOS E OS AMANTES
Na cama, calmos como o mar verde, pairam braços esticados
boiando, ou até estes não são os braços, mas as duas divisões da
cabeça de cabelo, vegetando sobre o homem morto. E o centro
dessa cabeça de cabelo se curva como uma cúpula e ondula como o
movimento de uma sanguessuga. Faces, cogumelos inchados com
podridão, brotam uniformemente e vermelhos nas vidraças da
agonia. O primeiro médico, uma esfera maior atrás da cúpula,
trapezoidal em característica, aperta seus olhos e cobre suas
bochechas com um pano de lã. O segundo regozija no equilíbrio
externo de seus óculos, esferas gêmeas, e pesa seu diagnóstico na
libração de álteres. O terceiro velho homem se cobre com um véu
com a asa branca de seu cabelo e proclama desesperadamente que a
beleza retorne ao crânio ao polir o seu próprio. O quarto, sem
entender, observa... o amante que, contra a corrente de lágrimas,
navega em busca da alma, suas sobrancelhas juntas para cima por
suas pontas internas na forma de guindastes voando, ou a comunhão
das duas palmas de alguém rezando, ou nadando, na atitude de
devoção diária chamada pelos Brâmanes de KHURMOOKUM.
LIVRO SETE
KHURMOOKUM
A RESPEITO DA LINHA
ÉTERNIDADE
– Francis Bacon
37
MATHETES
Diga-me, ó Ibícrates, aquele a quem nomeamos Geômetra, pois
tu sabes todas as coisas pelos meios de linhas desenhadas em
diferentes direções, e tens dado a nós o veríssimo retrato de três
pessoas de Deus em três escudos, os quais são a quarta essência dos
símbolos do Tarot, o segundo sendo barrado com ilegitimidade e o
quarto revelando a distinção e mal gravado na madeira da árvore do
conhecimento. Eu tenho a esperança mais ardente, se te apetecer, de
conhecer os teus pensamentos acerca do amor, tu que tens decifrado
o imperecível, pois fragmentos desconhecidos, inscritos em
vermelho em papiro sulfúrico, da Patafísica de Sophrotatos, o
Armênio. Responda, suplico-te, pois eu devo questionar-te, e tu hás
de instruir-me.
IBÍCRATES
Isto ao menos é exatamente verdade, ó Mathetes. Então fale,
portanto.
MATHETES
Antes de qualquer coisa, tendo notado como todos os filósofos
têm encarnado o amo em seres e o têm expressado em diferentes
símbolos de contingência, instrua-me, ó Ibícrates, na significância
eterna destes.
IBÍCRATES
Os poetas gregos, ó Mathetes, consolaram a cabeça de Eros com
um bandelet horizontal, o qual é a curvatura, ou listra do brasão, e o
sinal Menos daqueles que estudam matemáticas. Eros, sendo o filho
de Afrodite, seus braços hereditários eram ostentativos de mulher.
Contraditoriamente, o Egito ergueu suas estelas e obeliscos
perpendicularmente ao horizonte crucífero, dessa forma criando o
sinal Mais, o qual é masculino. A justaposição dos dois sinais do
binário e ternário dá forma à letra H, a qual é Chronos, pai do
Tempo ou da Vida; portanto, abraça a humanidade. Para o
Geômetra, esses dois sinais cancelam um ao outro ou impregnam
um ao outro, e aí resulta simplesmente a sua progenitura, que se
torna ovo ou zero, ainda mais idênticos, pois eles são contrários. E
na questão da disputa entre o sinal Mais e o sinal Menos, o Padre
Reverendo Ubu, da Sociedade de Jesus, ex-rei da Polônia, escreveu
um grande tomo intitulado Caesar-Anticristo, no qual pode ser
encontrada a única demonstração prática da identidade de opostos,
por meio do aparato mecânico denominado bastão-físico.
MATHETES
Isso é possível, ó Ibícrates?
IBÍCRATES
Absolutamente, de fato, verdadeiro. E o terceiro sinal abstrato
dos tarots, de acordo com Sophrotatos, o Armênio, é o que
chamamos A Clava, que é o Fantasma Sagrado em suas quatro
direções, as duas asas, o rabo e a cabeça do pássaro; ou, em reverso,
Lúcifer ereto e de chifres com sua barriga e suas duas asas, como a
lula medicinal. Mais particularmente, ao menos, quando um elimina
do último objeto todas as linhas negativas – ou seja, horizontais; ou,
em terceiro lugar, ele representa o Tau ou a cruz, emblema da
religião da caridade e do amor; ou, finalmente, o falo de que é tátil
triplo, na verdade, ó Mathetes.
MATHETES
Então até certo ponto, em nossos templos hoje, o amor pode
ainda ser considerado Deus, embora, eu concorde, em formas um
tanto abstrusas, ó Ibícrates?
IBÍCRATES
O tetrágono de Sophrotatos, contemplando a si mesmo, inscreve
dentro de si mesmo outro tetrágono à metade de sua grandiosidade,
e mal é o reflexo simétrico e necessário do bem, em consequência,
a um certo grau, de fato, eu acredito ou indiferente no mínimo, ó
Mathetes. O tetrágono, sendo hermafrodita, engendra Deus por
intuição interior, enquanto Mal, do mesmo modo hermafrodita,
engendra parturição...
40
PATAFÍSICA E CATAQUIMIA
Portanto, POSTULADO:
X= ∞ – N – A – P.
Mas
N=∞–0
P=0
Por conseguinte:
X = ∞ – (∞ – 0) – A – 0 = ∞ – ∞ + 0 – A – 0
X=-A
A² = x² + y²
A² = (-a)² + y² = a²+y²
Daí
Y² = a² - a² = 0
Y √0
S = 0 √0
que a linha reta 2y, a qual nós sabemos ser 2√0, tem sua
ponta de intersecção em uma das linhas retas A na
direção oposta a qual seria a nossa primeira hipótese, já
que X = -a; também, que a base de nosso triângulo
coincide com seu ápice;
Nós podemos responder que Seu primeiro nome não é Jack, mas
Mais-e-Menos. E alguém deveria dizer: “+- Deus é a distância mais
curta entre 0 e infinito, em qualquer direção. O que está conforme a
crença nos dois princípios; mas não é mais correto atribuir o sinal +
para a fé do sujeito”.
Deus, porém, sendo sem dimensão, não é uma linha.
∞ – 0 –A+A+ 0 = ∞