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PLANO INTEGRADO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO DOCE

E DOS PLANOS DE AÇÕES DE RECURSOS HÍDRICOS PARA AS UNIDADES


DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ÂMBITO
DA BACIA DO RIO DOCE

PLANO DE AÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS DA


UNIDADE DE ANÁLISE SÃO JOSÉ
PARH SÃO JOSÉ

MAIO 2010

CONSÓRCIO
ECOPLAN - LUME
-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

PLANO INTEGRADO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO DOCE E


DOS PLANOS DE AÇÕES DE RECURSOS HÍDRICOS PARA AS UNIDADES DE
PLANEJAMENTO E GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ÂMBITO DA BACIA
DO RIO DOCE

PLANO DE AÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS DA


UNIDADE DE ANÁLISE SÃO JOSÉ
PARH SÃO JOSÉ

MAIO 2010

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

ÍNDICE

LISTA DE QUADROS............................................................................................................. 2 
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... 3 
LISTA DE SIGLAS .................................................................................................................. 4 
1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 5 
2. DIAGNÓSTICO SUMÁRIO DA UNIDADE DE ANÁLISE ........................................... 8 
2.1  Caracterização Geral da UA São José ......................................................................... 8 
2.2.  Caracterização Físico-Biótica da UA São José .......................................................... 10 
2.2.1  Situação e Acesso ............................................................................................... 10 
2.2.2  Rede Hidrográfica .............................................................................................. 10 
2.2.3  Solos ................................................................................................................... 12 
2.2.4  Geologia ............................................................................................................. 13 
2.2.5  Hidrogeologia ..................................................................................................... 15 
2.2.6  Suscetibilidade à Erosão ..................................................................................... 16 
2.2.7  Produção de Sedimentos..................................................................................... 20 
2.2.8  Uso e Ocupação dos Solos ................................................................................. 21 
2.2.9  Áreas Legalmente Protegidas ............................................................................. 23 
2.3  Caracterização Sócio-Econômica e Cultural da UA São José ................................... 27 
2.4  Saneamento e Saúde Pública da UA São José ........................................................... 31 
2.5  Situação Atual dos Recursos Hídricos na UA São José ............................................ 34 
2.5.1  Disponibilidade Hídrica...................................................................................... 34 
2.5.2  Usos das Águas................................................................................................... 37 
2.5.3  Quantidade de Água - Balanços Hídricos........................................................... 40 
2.5.4  Qualidade de Água ............................................................................................. 42 
2.5.5  Suscetibilidade a Enchentes................................................................................ 44 
2.6  Prognóstico ................................................................................................................ 45 
3. O COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA RIO SÃO JOSÉ ....................................... 48 
4. OBJETIVOS E METAS .................................................................................................... 50 
4.1. Metas para a Bacia do rio Doce ..................................................................................... 50 
4.2.  Metas Específicas para a UA São José ...................................................................... 56 
5. INTERVENÇÕES RECOMENDADAS E INVESTIMENTOS PREVISTOS ............ 66 
6. CONCLUSÕES E DIRETRIZES GERAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO PARH
.................................................................................................................................................. 77 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 80 

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Detalhamento das áreas dos componentes da UA São José .................................... 8 


Quadro 2 - Suscetibilidade erosiva e produção de sedimentos ................................................ 17 
Quadro 3 - Práticas agrícolas utilizadas nos municípios com sede na UA............................... 18 
Quadro 4 – Percentagem do uso do solo nas classes de suscetibilidade à erosão .................... 19 
Quadro 5 – UA São José: classes de uso e cobertura do solo .................................................. 22 
Quadro 6 – Áreas de preservação nos municípios com sede na UA ........................................ 26 
Quadro 7 – Preservação das encostas nos municípios com sede na UA São José ................... 27 
Quadro 8 – Dados de população ............................................................................................... 28 
Quadro 9 – Distribuição da população na UA São José ........................................................... 28 
Quadro 10 – Índice de crescimento populacional na UA São José .......................................... 29 
Quadro 11 - Índice de cobertura dos serviços de abastecimento urbano de água na UA São
José ........................................................................................................................................... 31 
Quadro 12 – Perdas de água nos sistemas de abastecimento público ...................................... 32 
Quadro 13 - Índices de esgotamento sanitário nos municípios ................................................ 32 
Quadro 14 – Indicadores de vida e doenças nos municípios da UA São José ......................... 33 
Quadro 15 - Disponibilidade hídrica superficial ...................................................................... 34 
Quadro 16 – Estações fluviométricas de referência utilizadas para estimativa de
disponibilidade hídrica superficial – UA São José ................................................................... 35 
Quadro 17 - Reservas explotáveis na UA São José .................................................................. 36 
Quadro 18 - Uso de água subterrânea nos municípios com sede na UA São José ................... 36 
Quadro 19 – Tipos de irrigação utilizados nos municípios com sede na UA São José ............ 39 
Quadro 20 - Estimativas de demanda de uso da água na UA São José (m³/s) ......................... 41 
Quadro 21 – Balanço hídrico na UA São José ......................................................................... 41 
Quadro 22 – Uso de agrotóxicos por estabelecimentos nos municípios com sede na UA ....... 44 
Quadro 23 – Projeções de demandas (total) para a UA São José – cenário tendencial (m3/s) . 45 
Quadro 24 – Saldos hídricos para a UA São José, considerando cenário atual e tendencial
(m³/s)......................................................................................................................................... 46 
Quadro 25 – Referencial dos desejos manifestos da bacia ....................................................... 50 
Quadro 26 – Questões referenciais da bacia hidrográfica do rio Doce. ................................... 53 
Quadro 27 – Classificação das metas para a bacia do rio Doce quanto a sua relevância e
urgência .................................................................................................................................... 55 
Quadro 28 – Classificação dos programas, sub-programas e projetos quanto a sua hierarquia,
com base na relevância e urgência das metas relacionadas ...................................................... 66 
Quadro 29 – Espacialização territorial das ações ..................................................................... 69 
Quadro 30 – Investimentos em rede de esgotamento sanitário e implantação de estações de
tratamento de esgotos na UA São José ..................................................................................... 71 
Quadro 31 – Investimentos na elaboração dos Planos Municipais de Saneamento na UA São
José ........................................................................................................................................... 71 
Quadro 32 – Investimentos na implantação de unidades de triagem e compostagem na UA
São José .................................................................................................................................... 72 
Quadro 33 – Índice de perdas e investimentos na redução de perdas de abastecimento público
na UA São José ......................................................................................................................... 73 
Quadro 34 - Intervenções previstas para a UA São José e bacia do rio Doce .......................... 75 
Quadro 35 – Cronograma de execução dos programas ............................................................ 76 

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Unidades de análise da bacia do rio Doce................................................................. 6 


Figura 2 – Delimitação da UA São José ..................................................................................... 8 
Figura 3 - Delimitação da UA São José X delimitação das sub-bacias hidrográficas dos rios
São José e Pancas + Regiões Hidrográficas Rio Bananal e Barra Seca ..................................... 9 
Figura 4 – Hidrografia da UA São José.................................................................................... 11 
Figura 5 – Solos da UA São José ............................................................................................. 13 
Figura 6 – Geologia da UA São José........................................................................................ 14 
Figura 7 – Processos minerários da UA São José .................................................................... 15 
Figura 8 – Hidrogeologia da UA São José ............................................................................... 16 
Figura 9 – Classes de suscetibilidade à erosão da UA São José............................................... 17 
Figura 10 – Cruzamento das informações de suscetibilidade à erosão em relação aos usos dos
solos na UA São José ............................................................................................................... 19 
Figura 11 – Percentagem do uso do solo nas classes de susceptibilidade à erosão.................. 20 
Figura 12 – Produção de sedimentos na bacia do rio Doce ...................................................... 20 
Figura 13 – Biomas da bacia do rio Doce ................................................................................ 21 
Figura 14 – Uso e cobertura do solo da UA São José por tipologia ......................................... 22 
Figura 15 – Cobertura do solo na UA São José........................................................................ 24 
Figura 16 – Unidades de Conservação na UA São José ........................................................... 25 
Figura 17– Áreas prioritárias para conservação da biodiversidade .......................................... 26 
Figura 18 – Situação dos municípios em relação ao limite da UA São José ............................ 30 
Figura 19 – Participação do valor adicional no PIB (2005) – valores correntes set/2008 ....... 30 
Figura 20 – Vazões médias mensais – rio São José ................................................................. 34 
Figura 21 – Vazões médias anuais – rio São José .................................................................... 35 
Figura 22 – Localização das estações fluviométricas da UA São José .................................... 36 
Figura 23 – Estimativa da composição percentual de retirada de água na UA São José ......... 37 
Figura 24 – Usos outorgados na UA São José.......................................................................... 38 
Figura 25 – Localização dos pontos de amostragem de qualidade de água da UA São José ... 42 
Figura 26 – Porcentagem de resultados que não atenderam ao padrão da classe 2 na estação de
monitoramento RDC2C017, situada no rio Pancas .................................................................. 43 
Figura 27 - Porcentagem de resultados que não atenderam ao padrão da classe 2 nas estações
de monitoramento RDC2E030 e RDC2C025, situadas na calha do rio Doce, dentro da UA
São José .................................................................................................................................... 43 
Figura 28 – Projeções de demanda (Q ret) no cenário tendencial para cada uso da UA São
José ........................................................................................................................................... 46 
Figura 29 - Saldos hídricos para o cenário tendencial 2030 na UA São José segundo a
modelagem ............................................................................................................................... 47 
Figura 31 – Enquadramento no âmbito do plano para o rio São José ...................................... 57 
Figura 32 – Enquadramento no âmbito do plano para o rio Pancas ......................................... 58 
Figura 33 - Enquadramento no âmbito do plano para o rio Barra Seca ................................... 59 

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LISTA DE SIGLAS

ANA - Agência Nacional de Águas


APP – Área de Preservação Permanente
CBH – Comitê de Bacia Hidrográfica
CESAN – Companhia Espírito Santense de Saneamento
CETEC - FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS
CONDOESTE – Consórcio Doce Oeste
CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
ESCELSA – Espírito Santo Centrais Elétricas AS
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
GAT - Grupo de Acompanhamento Técnico
IEMA/ES - Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
IPEMA - Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica
ONU – Organização das Nações Unidas
PARH - Plano de Ação de Recursos Hídricos da Unidade de Análise
PCH – Pequena Central Hidrelétrica
PIB – Produto Interno Bruto
PIRH - Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce
RPPN – Reserva Particular de Proteção Natural
SEAMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SIAGAS - Sistema de Informação de Águas Subterrâneas
SIN - Sistema Interligado Nacional
SST – Sólidos Suspensos Totais
TAC – Termo de Ajustamento de Conduta
UA - Unidade de Análise
UHE – Usina Hidrelétrica
UPGRH - Unidade de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos
UTC – Unidade de Triagem e Compostagem

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1. APRESENTAÇÃO

O presente documento consubstancia o Plano de Ação de Recursos Hídricos da


Unidade de Análise São José – PARH São José. Esta Unidade de Análise, composta pela
bacia hidrográfica dos rios São José, Pancas, Barra Seca e por áreas incrementais cujos rios e
córregos drenam direto para o rio Doce, é totalmente situada no território do Espírito Santo.
O PARH São José é parte integrante do Plano Integrado de Recursos Hídricos da
Bacia do Rio Doce – PIRH Doce, e considera os mesmos objetivos, metas básicas, horizonte
de planejamento e a realidade desejada para a bacia do rio Doce. Cada PARH é, desta
maneira, um desdobramento do Plano Integrado de Recursos Hídricos, de acordo com as
especificidades de cada unidade de planejamento.
Os conteúdos e informações aqui apresentados são, portanto, transpostos do
Relatório Final do PIRH Doce, devendo o mesmo ser adotado como referência nas questões
relativas aos procedimentos metodológicos utilizados e fontes de consulta específicas.
Para efeito de análise e planejamento, se adotou no PIRH Doce nove Unidades de
Análise, assim estruturadas:
No estado de Minas Gerais, adotou-se a divisão das já formadas Unidades de
Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos (UPGRHs), com Comitês de Bacia
estruturados, conforme descrito abaixo:
9 DO1 – Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Piranga;
9 DO2 – Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Piracicaba;
9 DO3 – Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Santo Antônio;
9 DO4 – Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Suaçuí;
9 DO5 – Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Caratinga; e
9 DO6 – Comitê de Bacia Hidrográfica Águas do rio Manhuaçu.
No Estado do Espírito Santo, embora existam os Comitês das Bacias Hidrográficas
do rio Santa Maria do Doce, do rio Guandu e do rio São José, bem como os Consórcios dos
rios Santa Joana e Pancas, foram constituídas no âmbito do PIRH Doce, unicamente para
efeito de planejamento e descrição de dados, as seguintes unidades de análise:
9 UA Guandu, abrangendo predominantemente a sub-bacia do rio Guandu;
9 UA Santa Maria do Doce, abrangendo as sub-bacias dos rios Santa Maria do
Doce e Santa Joana; e
9 UA São José, abrangendo as sub-bacias dos rios Pancas, São José e a região da
Barra Seca, ao norte da foz do rio Doce, que drena diretamente para o Oceano Atlântico.
A Figura 1, adiante, ilustra este aspecto.

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Figura 1 – Unidades de análise da bacia do rio Doce

A etapa mais robusta de elaboração do PIRH Doce, no que diz respeito ao volume de
informação processado, corresponde ao diagnóstico da bacia, finalizado e entregue aos órgãos
gestores no final de 2008. As informações aqui contidas refletem, portanto, a realidade da
época, tendo sido utilizadas, predominantemente, informações secundárias plenamente
consolidadas constantes de fontes oficiais. Algumas complementações foram realizadas entre
a entrega do diagnóstico e a montagem do PIRH e dos PARH’s, como, por exemplo, as
relacionadas com o setor primário a partir da publicação do Censo Agropecuário ano base
2006.
O uso de informações secundárias consolidadas permite identificar precisamente
fontes e resultados, conferindo maior solidez ao processo analítico e a própria discussão e
avaliação dos resultados obtidos. Por outro lado, os mesmos dados podem não permitir uma
identificação das peculiaridades dos municípios da bacia por serem apresentados de forma
agrupada. Portanto, as ações propostas no PARH necessitam de uma análise mais detalhada
quando da aplicação dos recursos do Plano.
É importante destacar, no processo de desenvolvimento do PIRH Doce e Planos de
Ação de Recursos Hídricos, a ação do Grupo de Acompanhamento Técnico – GAT, grupo
formado por representantes das nove Unidades de Análise e dos órgãos gestores deste
processo, estes últimos representados pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM,
Agência Nacional de Águas – ANA e Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos – IEMA/ES.

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O trabalho do GAT, com a visão local das peculiaridades regionais, permitiu a


adequação, em várias circunstâncias, da escala de trabalho adotada no estudo, no sentido de se
buscar o aprimoramento e a tradução da realidade da bacia para as diretrizes consolidadas
neste documento.
A estrutura do PARH São José segue, em linhas gerais, a mesma estrutura adotada
no desenvolvimento do PIRH Doce, contemplando um diagnóstico situacional da unidade,
com ênfase nas questões relativas aos recursos hídricos, e a descrição dos programas previstos
para enfrentar as principais questões que comprometem a qualidade e disponibilidade da água
e, por conseguinte, da qualidade de vida na UA.
O presente documento está estruturado conforme os seguintes capítulos:
• Diagnóstico Sumário da Unidade de Análise, contemplando as principais
informações que caracterizam a Unidade de Análise frente à bacia do Doce
como um todo, com ênfase nas questões que demandam maior esforço de
gestão. Este capítulo também apresenta um prognóstico tendencial, buscando
caracterizar a situação dos recursos hídricos da UA no ano de 2030.
• O Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São José, descrevendo a atual estrutura
do CBH São José, que é o órgão normativo e deliberativo que têm por
finalidade promover o gerenciamento de recursos hídricos na região,
envolvendo, em um âmbito maior, a promoção do debate sobre as questões
hídricas e o arbitramento dos conflitos relacionados com o uso da água e que,
em última instância; irão aprovar e acompanhar a execução do Plano de
Recursos Hídricos da Bacia do Doce, e o respectivo Plano de Ação.
• Os Objetivos e Metas projetados para a bacia, expressando a realidade possível
para o horizonte do Plano, através de metas de planejamento e ações físicas,
quantificadas e com prazos estipulados para a sua consecução.
• Intervenções Recomendadas e Investimentos Previstos, descrevendo o escopo
geral das ações previstas e elencando as ações específicas para a Unidade de
Análise, incluindo, quando pertinente, as indicações de criticidade dos
problemas identificados.
• Conclusões e Diretrizes Gerais para a Implementação do PARH, onde são
discutidas e expostas as motivações e indicações das ações propostas,
definindo-se as prioridades e os efeitos esperados para a bacia.

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2. DIAGNÓSTICO SUMÁRIO DA UNIDADE DE ANÁLISE

2.1 Caracterização Geral da UA São José

A Unidade de Análise (UA) São José insere-se totalmente no Estado do Espírito


Santo, sendo a unidade mais a nordeste da bacia do rio Doce. (Figura 2).

Figura 2 – Delimitação da UA São José

A UA São José ocupa área total de 9.743 km², sendo composta pela sub-bacia do rio
São José propriamente dita, que ocupa área de 2.406 km², pela sub-bacia do rio Pancas, com
área de 1.181 km², pela região hidrográfica do Barra Seca, que ocupa 4.268 km², além da área
de drenagem de outros rios de menor porte (ex: Rio Bananal), a chamada área incremental,
que corresponde a 1.888 km² (Figura 3).
As áreas incrementais foram agregadas à referida UA para atendimento ao TDR
(caso região hid. Barra Seca) e aos propósitos de elaboração do plano de bacia. O Quadro 1
demonstra as áreas ocupadas por cada componente da UA São José.
Quadro 1 – Detalhamento das áreas dos componentes da UA São José
Rio Componente da UA São José Área de Drenagem (Km²)
Rio São José 2.406,67
Rio Pancas 1.181,44
Incremental Rio Barra Seca 4.267,73
Incremental (Rios Bananal, São João Pequeno, Mutum Preto, etc) 1.887,97
Total 9.743,81

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 8


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Localidades
19°40'0"S

1:450.000 Hidrografia
Limite Municipal
Projeção Cônica Conforme de Lambert Mancha Urbana
Datum: South American 1969 Limite da Bacia Hidrográfica do Rio São José
Bacia Incremental
Fonte:Cartas Topográficas - adaptado
Bacia do Rio Pancas Figura 3 - Delimitação da U.A. São José X delimitação
Elaboração: Consórcio
Ecoplan - Lume Bacia do Rio São José das bacias hidrográficas dos rios São José e Pancas

41°0'0"W 40°40'0"W 40°20'0"W 40°0'0"W 39°40'0"W


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2.2.Caracterização Físico-Biótica da UA São José

2.2.1 Situação e Acesso


A UA São José abrange território de 17 municípios capixabas, dos quais treze têm
suas sedes localizadas dentro dos limites da unidade.
O principal acesso é a BR 101, que corta a unidade no sentido norte-sul. A ES 164
limita a região a oeste, a BR 259 ao sul e a BR 381 ao norte. No interior da UA São José,
existem rodovias estaduais, como as ES 356 e ES 358, que interligam as sedes municipais à
malha viária federal.
A rede ferroviária próxima à Unidade de Análise pertence à UA São José, com seu
traçado margeando o rio Doce. A partir da cidade de Colatina, a ferrovia afasta-se em direção
ao sul.
A região conta com o aeroporto de Linhares, localizado junto à BR 101, mas sem
vôos comerciais regulares.

2.2.2 Rede Hidrográfica


A UA São José abrange os afluentes da margem esquerda do rio Doce localizados no
Espírito Santo (Figura 4). É composta pela sub-bacia do rio São José propriamente dita, pela
sub-bacia do rio Pancas, e ainda pela região hidrográfica do rio Barra Seca, o qual drena
diretamente para o oceano Atlântico.
O rio São José tem suas nascentes no município de Mantenópolis, percorre cerca de
154 km até desaguar na maior lagoa natural em volume de água doce do Brasil, a Juparanã,
localizada no município de Linhares. Esta lagoa deságua no rio Pequeno que, por sua vez,
deságua no rio Doce.
O rio Pancas nasce no município homônimo, corre por cerca de 116 km, atravessa o
município de Colatina, e deságua no rio Doce na área urbana do município de Colatina.
O rio Barra Seca nasce no município de São Gabriel da Palha. Em seu percurso de
cerca de 150 km, corre na divisa municipal entre Vila Valério/São Mateus e posteriormente,
segue entre as divisas dos municípios de Jaguaré e Linhares. Junta-se com os rios Pau
Atravessado e Ibiriba e outros córregos menores e forma a Lagoa Suruaca, desaguando no
oceano Atlântico, no município de São Mateus.
Além dessas sub-bacias, a UA São José é composta pelas áreas de drenagem dos rios
Bananal, São João Pequeno, Mutum Preto e ainda diversos outros córregos e rios de menor
porte. O rio Bananal drena para a Lagoa Nova e esta, por sua vez, deságua no rio Doce.
Destaca-se, ainda, a presença de um sistema de drenagem artificial implantado pelo
extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento – DNOS. O canal principal deste
sistema tem grande extensão (mais de 40 km de comprimento), e é o eixo principal do sistema
de drenagem da região litorânea, a leste da BR 101 e ao norte do rio Doce. Este canal recebe
muitos outros canais de menor porte e liga a Lagoa de Dentro ao rio Monsarás, que deságua
diretamente no oceano Atlântico. Outros sistemas de canais, de menor porte, drenam outras
áreas mais ao norte.

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 10


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18°45'0"S
Figura 4 - Hidrografia da UA São José
ES-080 P
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BR-381/MG-381 BR-080/ES-381 Có rreg o ão


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Projeção Cônica Conforme de Lambert
Localidades Rodovia
ES-446
Federal Datum: South American 1969
Limite da UA São José Hidrografia Principal Fonte:IBGE - adaptado
Elaboração: Consórcio
Mancha Urbana Hidrografia
ES-164
BR-101
Ecoplan - Lume

41°0'0"W 40°45'0"W 40°30'0"W 40°15'0"W 40°0'0"W 39°45'0"W


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

Próximo à cidade de Linhares, situada na região do baixo curso do rio Doce, ocorre
um notável complexo lacustre composto por dezenas de lagoas de barragem natural que se
formaram por processos de represamento do curso fluvial pelos sedimentos marinhos e/ou
fluviais do canal principal rio Doce, durante a última grande glaciação (15.000 – 18.000
A.P.). Distribuídos em domínios geomorfológicos distintos, estes corpos lacustres podem ser
agrupados em lagoas internas e externas. As lagoas externas possuem cerca de 1 a 10 km de
comprimento, e estão localizadas entre o platô terciário e a planície costeira quaternária. As
lagoas internas, de maiores dimensões, como Lagoa Juparanã, Lagoa Grande, Lagoa Nova,
estão localizadas sobre os tabuleiros da Formação Barreiras, preferencialmente na margem
esquerda do rio Doce, sendo limitados pela planície aluvial deste rio.
A lagoa Juparanã, localiza-se no município de Linhares, conta com área aproximada
de 63 km², perímetro de 103 km, 26 km de extensão e 4 km de largura, profundidade média
de 13 m e máxima de 20 m. Seus principais tributários são os rios São José e São Rafael. É a
maior lagoa do Espírito Santo em extensão, a segunda maior em área e em volume de água
doce do país. Pelo fato da lagoa Juparanã receber mais água do que perde por evaporação,
necessitando de um emissor, o rio Pequeno, com aproximadamente 7 km de extensão, conecta
a lagoa ao rio Doce e apresenta fluxo bidirecional dependendo do nível hidrológico entre os
dois corpos hídricos.

2.2.3 Solos
Os solos são apresentados de forma sucinta a seguir, pela relação entre os processos
erosivos e a qualidade e a quantidade de água superficial. A UA São José apresenta,
basicamente, três grandes classes de solos. Os Latossos vermelho-amarelos formam a classe
predominante, seguidos dos argissolos amarelos e dos gleissolos háplicos (
Figura 5).
Os Latossolos Vermelho Amarelo são solos profundos, acentuadamente drenados,
com horizonte B latossólico de coloração vermelho amarela, ocorrendo principalmente nos
planaltos dissecados. São formados de rochas predominantemente gnáissicas, leuco e
mesocráticas, sobretudo de caráter ácido, magmáticos charnoquitos, xistos e de depósitos
argilo-arenosos.
Os Argissolos Amarelo são solos minerais não hidromórficos e profundos,
apresentando um maior teor de argila no topo do horizonte B, influenciando o comportamento
desses solos quando utilizados com agricultura, pois diminui a percolação d’água e dificulta a
penetração das raízes das plantas cultivadas. Ocorrem próximo ao litoral do estado do Espírito
Santo, nos tabuleiros, e são muito utilizados em silvicultura, principalmente com plantio de
eucaliptos. O relevo onde ocorrem varia de plano e suave ondulado a ondulado, e, por isso,
tem sua susceptibilidade à erosão reduzida para nula/ligeira.
O Gleissolo Háplico é formado por solos minerais, hidromórficos, mal drenados,
pouco profundos, originados pela deposição recente de materiais finos. Esses solos
desenvolvem-se sobre a sedimentação holocênica nas planícies alagáveis, com aporte
freqüente de matéria orgânica em superfície, originada a partir da decomposição de restos
vegetais. São encontrados na extensa área entre a BR 101 e o litoral.

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Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
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Figura 5 – Solos da UA São José

2.2.4 Geologia
Grande parte da UA São José constitui-se basicamente, de corpos granitóides de
idades e composições diversas (FPg5, NPg2 e NPg1), geralmente foliados a gnáissicos,
intrudidos no embasamento mais antigo (Complexo Nova Venécia - NPnv), aproveitando a
zona de cisalhamento ali desenvolvida (Figura 6). De maneira restrita, são encontrados
gnaisses do Complexo Jequitinhonha (NPje) no extremo noroeste da unidade.
A porção leste da UA São José constitui-se de quatro Unidades Cenozóicas: o Grupo
Barreiras (Cgb), que ocupa uma expressiva área no Estado do Espírito Santo, constituindo-se
na unidade litoestratigráfica sedimentar com maior distribuição areal na parte continental da
Bacia Sedimentar do Espírito Santo; o Quaternário Costeiro (CQc), constituídos por depósitos
de planície de inundação, depósitos de brejos e pântanos; os Depósitos Aluvionares (CQa),
compostos por areias, cascalhos, siltes, argilas e termos mistos, com ou sem contribuição
orgânica, depositados em ambiente fluvial ao longo de calhas, planícies de inundação e
terraços lagunares; e as Coberturas Terciárias (CT), constituídas de eluviões e coluviões
eventualmente associados a sedimentos aluvionares de canais suspensos, que se apresentam
em graus variados de laterização. Observa-se uma forte concordância entre a ocorrência dos
argilossolos e a Formação Barreiras, assim como dos Gleissolos com os sedimentos
quaternários.

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Do ponto de vista da geologia econômica, a UA São José apresenta registros de


extração para material de construção, concessão de lavra para rochas ornamentais, além de
licenciamento para exploração de caulim e material de construção (Figura 7).

Figura 6 – Geologia da UA São José

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Figura 7 – Processos minerários da UA São José

2.2.5 Hidrogeologia
Cerca de 56% da UA São José situa-se sobre os sistemas aqüíferos das rochas
cristalinas, cujo substrato são rochas granitóides de composições diversas. Os outros 44%
assentam-se sobre sistemas aqüíferos granulares (Figura 8).
O sistema aqüífero desenvolvido em rochas cristalinas ocorre em todas as unidades
de análise da bacia do rio Doce, correspondendo a 69% da área total da bacia. Uma grande
diversidade de tipos litológicos, de origem plutônica e metamórfica, de diversas unidades
estratigráficas compõe esse sistema aqüífero. Geralmente são rochas maciças, de porosidade
primária inexpressiva, onde a circulação e o armazenamento de água subterrânea estão
associados à porosidade secundária, traduzida por fraturas, fendas e diáclases desenvolvidas
durante os processos tectônicos que atuaram sobre essas rochas.
O desenvolvimento das zonas aqüíferas nessas litologias depende da interação de
vários fatores como geomorfologia/topografia, tectônica e litologia. De modo geral, as zonas
de mais alto grau de fraturamento, topograficamente mais rebaixadas e com boas condições
de recarga, são as que oferecem melhores condições hidrogeológicas.
O sistema aqüífero granular, associado ao Grupo Barreiras, se comporta como um
aqüífero livre, eminentemente transmissor de água, tendo os rios e as fontes difusas aflorantes
ou sob o mar como seus principais exutórios. A alimentação do sistema se processa
basicamente através da precipitação pluvial. A morfologia do terreno, com superfície
conformada por tabuleiros, e a presença de sedimentos arenosos facilitam a infiltração das
águas de chuva.

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Figura 8 – Hidrogeologia da UA São José

2.2.6 Suscetibilidade à Erosão


No que diz respeito à suscetibilidade à erosão, predomina na UA São José a classe
Forte, ocupando 56,5% da área (Figura 9). A classe muito forte, que ocupa 2% da área ocorre
nas partes altas da UA, onde os processos erosivos estão associados à declividade do terreno.
A classe baixa está distribuída na porção próxima ao litoral e à calha do rio Doce. Os eventos
predominantes nessa área estão relacionados à inundação e sedimentação. Eventualmente,
podem ocorrer desbarrancamentos localizados nas margens dos cursos de água.
Destaca-se, no entanto, que mais de 35% da área da UA São José, correspondente à
sub-bacia do rio Barra Seca, não apresenta informações sobre a susceptibilidade erosiva
(Quadro 2). Esta situação é recorrente quanto a outros aspectos da Unidade de Análise. O rio
Barra Seca drena grande parte da planície fluvio-marinha constituída de material acumulativo,
do tipo aluvial e coluvial. Os modelados de origem fluvio-marinha estão relacionados ao
retrabalhamento de depósitos de origem marinha, fluvial e mesmo coluvial, os quais
apresentam, normalmente, uma fragilidade quanto a processos erosivos. A retirada da
cobertura vegetal ou um processo intenso de drenagem podem remobilizar estes depósitos,
inclusive por efeito da ação do vento. Por outro lado, as baixas declividades desta região tanto
favorecem a preservação da umidade, quanto dificultam a formação de escoamentos erosivos.

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Figura 9 – Classes de suscetibilidade à erosão da UA São José


Fonte: adaptado de CETEC/1989

Quadro 2 - Suscetibilidade erosiva e produção de sedimentos


UA Suscetib. Erosiva Perc./Classe de Suscetib. PEMS*(t/km²/ano) Área de Drenagem (km²)
Muito Forte 2%
Forte 56,5%
São José Sem informação** 9.743
Baixa 6%
Sem informação 35,5%
* Produção específica mínima de sedimento
** Dado obtido em mapa adaptado da Eletrobrás/1992

As informações sobre a suscetibilidade erosiva na UA São José foram sobrepostas às


informações de usos dos solos (Figura 10). Os resultados em termos percentuais estão
apresentados no Quadro 4 e na Figura 11.
A análise do mapa permite identificar a concentração de áreas de sistemas naturais
preservados nas partes altas da bacia, próximas das nascentes dos rios São José e Pancas, além
das manchas representativas de sistemas naturais nas áreas protegidas e na zona costeira.
Entretanto, em boa parte da UA São José ocorre a predominância de áreas
antropizadas, principalmente sobre a classe Forte de suscetibilidade à erosão, o que reforça a
necessidade de implantação de mecanismos de controle da erosão.

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A análise dos dados do Censo Agropecuário mostra a utilização de práticas


conservacionistas na UA São José (Quadro 3).

Quadro 3 - Práticas agrícolas utilizadas nos municípios com sede na UA


Práticas Agrícolas Utilizadas nos Estabelecimentos, por Tipo de Prática
Total de Lavouras
Pousio Proteção Nenhuma
Município Estabele- Rotação p/Reforma,
Plantio Uso de ou e/ou das
lecimentos em Nível Terraços de Renovação, Queimadas
Descanso Conservação Práticas
Culturas Recuperação
de Solos de Encostas Agrícolas
de Pastagens
Águia Branca 1 091 73% 0% 3% 3% 2% 0% 12% 22%
Alto Rio Novo 565 81% 0% 0% 1% 0% 0% 0% 19%
Colatina 1 851 33% 2% 5% 11% 7% 1% 19% 48%
Governador Lindenberg 625 54% 3% 4% 3% 4% 3% 28% 34%
Jaguaré 806 67% 2% 5% 5% 3% 0% 21% 15%
Linhares 2 188 41% 0% 2% 1% 5% 0% 9% 51%
Marilândia 722 71% 0% 0% 0% 0% 0% 1% 28%
Pancas 1 634 44% 0% 10% 6% 1% 1% 4% 41%
Rio Bananal 1 505 50% 1% 1% 1% 0% 0% 9% 46%
São Domingos do Norte 840 90% 0% 0% 2% 0% 2% 29% 8%
São Gabriel da Palha 1 266 55% 2% 3% 1% 3% 1% 3% 39%
Sooretama 601 22% 0% 39% 0% 3% 0% 27% 28%
Vila Valério 1 491 48% 0% 4% 1% 12% 1% 24% 33%
Total 15.185 52% 1% 5% 3% 4% 1% 13% 36%
Fonte: Censo Agropecuário 2006

Observa-se que 36% dos estabelecimentos não aplicam nenhuma prática


conservacionista, com destaque para os municípios de Linhares, Colatina, Rio Bananal e
Pancas, sendo que estes dois últimos situam-se sobre áreas mais críticas quanto à geração de
processos erosivos. O município de São Domingos do Norte apresenta a maior participação de
estabelecimentos com a adoção de práticas conservacionistas. Dentre as práticas, a mais
encontrada é o plantio em nível. Os dados mostram a utilização de queimadas em um pequeno
número de estabelecimentos.

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Figura 10 – Cruzamento das informações de suscetibilidade à erosão em relação aos


usos dos solos na UA São José

A análise dos dados de uso do solo na UA São José indica que, no ano de 2006, a
área ocupada com lavouras permanentes era de mais de 166 mil hectares, e a área ocupada
com lavouras temporárias passava de 19 mil hectares. As culturas de maior destaque são o
café, o mamão, a cana-de-açúcar e o milho. Os dados de rebanhos também apontam
crescimento significativo, principalmente na criação de aves, ovinos e bovinos.
Cabe, portanto, a adequação das práticas agropecuárias às características naturais da
UA, visando garantir a manutenção do ambiente e, consequentemente, assegurando a
continuidade das atividades agrícolas na região.

Quadro 4 – Percentagem do uso do solo nas classes de suscetibilidade à erosão


Unidade de Análise Suscetibilidade à Erosão Uso do Solo (%)
Sistema Natural
Muito Forte (2%)
Sistema Antropizado
Sistema Natural
São José Forte (56,5 %)
Sistema Antropizado
Baixa (6%) Sistema Natural
s/ informação (35,5%) Sistema Antropizado

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Figura 11 – Percentagem do uso do solo nas classes de susceptibilidade à erosão

2.2.7 Produção de Sedimentos


Com relação à produção de sedimentos na UA São José, observa-se que grande parte
da unidade situa-se em uma área onde não há informação disponível. A parcela da UA que
apresenta informações indica altas taxas de produção de sedimentos (Figura 12), da ordem de
100-200 ton/km²/ano.
As altas taxas de produção de sedimentos estão associadas, entre outros fatores, às
características dos usos do solo na UA, pois a unidade apresenta elevado grau de
antropização, principalmente nas áreas com Forte grau de suscetibilidade à erosão.

Figura 12 – Produção de sedimentos na bacia do rio Doce


Fonte: adaptado de mapa da Eletrobrás/1992

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2.2.8 Uso e Ocupação dos Solos


A UA São José desenvolve-se dominantemente sobre o bioma da Mata Atlântica, o
qual representa um dos maiores repositórios de biodiversidade do planeta. No Brasil, é o
terceiro maior bioma, depois da Amazônia e do Cerrado (Figura 13).

Figura 13 – Biomas da bacia do rio Doce

No Brasil, o bioma Mata Atlântica divide-se em duas principais ecorregiões: a


floresta Atlântica costeira e a do interior, incluindo as florestas nos diferentes gradientes de
altitude (desde o nível do mar até 1.800 m), com conseqüente variação de tipos de solos, de
umidade, temperatura e outros fatores cuja combinação resulta em uma diversidade de
paisagens com extraordinária diversidade biológica.
Segundo o Decreto Federal Nº 750/93, considera-se Mata Atlântica as formações
florestais e ecossistemas associados, inseridos no domínio Mata Atlântica, com as respectivas
delimitações e denominações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE:
Floresta Ombrófila Densa Atlântica; Floresta Ombrófila Mista; Floresta Ombrófila Aberta;
Floresta Estacional Semidecidual; Floresta Estacional Decidual; manguezais; restingas;
campos de altitude; brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste” (BRASIL, 1993).

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A localização geográfica desta unidade, próxima à foz do rio Doce, tem reflexos na
distribuição tanto das fitofisionomias naturais quanto das tipologias de uso antrópico (Quadro
5 e Figura 14). Desta maneira, pode-se observar que as Formações Pioneiras, que recebem
influências marinhas e fluvio-marinhas representam cerca de 5% da área total, enquanto a
formação florestal chega a cerca de 17%. Pode-se afirmar, diante dos resultados do
mapeamento, que as florestas estão, em geral, mais fragmentadas que as Formações Pioneiras,
pois possuem o tamanho médio de seus fragmentos e desvio padrão menores.

Quadro 5 – UA São José: classes de uso e cobertura do solo


Porcentagem Tamanho
em relação à Área Total Numero de Médio Desvio
Cobertura do solo bacia (Hectares) Fragmentos (Hectares) Padrão
Floresta Ombrófila Densa 13,94 135802,03 4282 49,70 558,30
Floresta Estacional Semi-Decidual 3,13 30533,41 2114 22,65 48,28
Sistema Natural

Formação Pioneira com Influência


Fluvial e/ou Lacustre 0,20 1957,95 32 96,00 328,50
Formação Pioneira com Influência
Fluviomarinha 2,49 24237,78 137 277,00 1896,00
Formação Pioneira com Influência
Marinha 2,87 27967,09 470 93,30 973,60
Refúgios Vegetacionais 1,00 9771,62 594 25,80 63,82
Corpos d'água 1,58 15397,17 443 54,50 479,00
Vegetação secundária em estágio
Sistema Antropizado

inicial 6,56 63883,02 2896 34,59 82,40


Agricultura 5,60 54555,19 655 130,60 1059,50
Agropecuária 57,40 559232,15 1785 491,00 20021,00
Pecuaria 3,34 32544,84 983 51,90 337,60
Florestamento/ Reflorestamento 0,96 9365,06 386 38,05 170,91
Influência Urbana 0,42 4128,57 152 42,60 141,30
Áreas Antrópicas Indiscriminadas 0,26 2565,64 672 5,99 7,75
Não Classificado 0,24 2368,15 452 8,22 10,14
Fonte: PROBIO/MMA/UFRJ/IESB/UFF, 2006

Floresta

Formações Pioneiras

7% 1% 17% Outras Formações Naturais

6% Agropecuária
3%
Vegetação secundária em
estágio inicial
Outros Usos Antrópicos
66%

Fonte: Adptado de PROBIO/MMA/UFRJ/IESB/UFF (2006)

Figura 14 – Uso e cobertura do solo da UA São José por tipologia

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Os dados sobre a Floresta Ombrófila Densa, entretanto, indicam que esta possui
fragmentos maiores que os da Floresta Estacional Semi-Decidual, de acordo com as leituras
de média e desvio padrão.
Outra classe que possui uma presença relativamente expressiva na unidade do São
José é a de Floresta Ombrófila Densa, que corresponde a 14% da área da UA, seguida das
Formações Vegetacionais Secundárias, que ocupam cerca de 7% da área total.
As classes Agropecuárias possuem o mesmo padrão, e é possível constatar que existe
a predominância destas classes preenchidas por fragmentos florestais.
A imagem classificada do uso do solo na UA São José (Figura 15) confirma a
predominância da atividade agropecuária na UA. O predomínio de solos agricultáveis
(latossolos, argilossolos e gleissolos), o processo de ocupação histórico do litoral brasileiro e
o fator locacional, próximo aos mercados consumidores explicam esta predominância.

2.2.9 Áreas Legalmente Protegidas


Na bacia do rio Doce existem, atualmente, 19 Unidades de Conservação de Proteção
Integral, distribuídas nas categorias Parque (dois nacionais, sete estaduais, três municipais),
duas Estações Ecológicas (uma estadual e outra municipal), quatro Reservas Biológicas (três
federais e uma municipal) e um Monumento Natural.
A UA São José conta com duas Unidades de Conservação de Proteção Integral (Figura
16): a Reserva Biológica (REBIO) de Sooretama e o Monumento Natural dos Pontões
Capixabas. A Reserva Biológica de Comboios e a Floresta Nacional de Goytacazes estão
localizadas no município de Linhares, mas fora dos limites da UA São José.
Além das Unidades de Conservação, o levantamento do Ministério do Meio Ambiente
aponta a presença de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade (Figura 17). Duas
grandes áreas são identificadas como de importância Extrema para a conservação, uma
sobreposta à REBIO Sooretama e outra que integra a área do Corredor Ecológico Central da
Mata Atlântica.
Os Corredores Ecológicos têm o objetivo de conectar remanescentes florestais,
permitindo o deslocamento de animais entre os fragmentos e a dispersão das sementes,
aumentando a cobertura vegetal e possibilitando a conservação de recursos naturais. No
Estado do Espírito Santo, o projeto Corredores Ecológicos é desenvolvido em parceira com o
IBAMA e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA, com apoio do
MMA.

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Figura 15 – Cobertura do solo na UA São José


Fonte: PROBIO,MMA,UFJF,UFF/2006

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Figura 16 – Unidades de Conservação na UA São José

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Figura 17– Áreas prioritárias para conservação da biodiversidade


(Fonte: adaptado de Drummond et al, 2005 e IPEMA - 2005)

Com os dados do Censo Agropecuário de 2006, fez-se a análise das áreas de


preservação permanente vinculadas aos recursos hídricos, mostrada no Quadro 6.

Quadro 6 – Áreas de preservação nos municípios com sede na UA


Município Nascente Protegidas Rios e Riachos Protegidos Lagoas Protegidas
Águia Branca 35% 7% 7%
Alto Rio Novo 34% 6% 9%
Colatina 42% 21% 22%
Governador Lindenberg 30% 8% 3%
Jaguaré 78% 42% 40%
Linhares 67% 35% 31%
Marilândia 43% 21% 13%
Pancas 50% 11% 6%
Rio Bananal 35% 8% 6%
São Domingos do Norte 11% 2% 3%
São Gabriel da Palha 26% 6% 2%
Sooretama 68% 50% 39%
Vila Valério 35% 12% 14%
Média 40% 16% 14%
Fonte: Censo Agropecuário 2006

Verifica-se uma grande participação da não preservação das APPs de nascentes e


matas ciliares, mesmo que esta informação seja meramente qualitativa. O município de

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Sooretama destaca-se positivamente na conservação das APPs, enquanto que São Domingos
do Norte tem os piores índices.
Quanto à proteção das APPs tipo encostas, a situação é ainda pior, com apenas 13%
dos estabelecimentos declarando a preservação das encostas. No município de Alto Rio Novo
não há nenhuma declaração de preservação ou conservação de encostas e em Marilândia
apenas 1% dos estabelecimentos levantados declararam respeitar a preservação destas áreas.

Quadro 7 – Preservação das encostas nos municípios com sede na UA São José
Município Proteção e/ou Conservação de Encostas
Águia Branca 12%
Alto Rio Novo 0%
Colatina 19%
Governador Lindenberg 28%
Jaguaré 21%
Linhares 9%
Marilândia 1%
Pancas 4%
Rio Bananal 9%
São Domingos do Norte 29%
São Gabriel da Palha 3%
Sooretama 27%
Vila Valério 24%
Média 13%
Fonte: Censo Agropecuário 2006

2.3 Caracterização Sócio-Econômica e Cultural da UA São José

A UA São José abrange, total ou parcialmente, 17 municípios, sendo que 13


municípios possuem sua sede dentro da bacia. Se consideradas as porções dos demais
municípios que a compõem, mas cuja sede não se localiza dentro da mesma, tem-se uma
população de mais de 335 mil pessoas (Quadro 7).
Os municípios de Mantenópolis, Nova Venécia e São Mateus possuem suas sedes
fora da bacia do rio Doce, e o município de Colatina, que conta com situação peculiar em
relação à sua sede, visto que a mesma pertence a duas unidades de análise distintas: São José
e Santa Maria do Doce.
Em termos populacionais, destaca-se o município de Linhares, dividido pelo rio
Doce, com 90.418 habitantes na UA São José e demais habitantes na UA Santa Maria do
Doce. O município de Colatina também é dividido pelo rio Doce, tendo 54,5% de sua área e
mais de 59 mil habitantes na UA São José, e o restante na UA Santa Maria do Doce.

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Quadro 8 – Dados de população


% Área na UA População na Popul. Total
Município UA onde Situa-se a Sede
São José UA São José* do Município*
Águia Branca São José 100 9.281 9.281
Alto Rio Novo São José 100 6.198 6.198
Colatina São José / Sta Maria Doce 54,54 59.181 106.637
Governador Lindenberg São José 100 9.890 9.890
Jaguaré São José 97 21.949 21.949
Linhares São José 72,59 90.418 124.564
Marilândia São José 99,44 10.169 10.226
Pancas São José 100 18.465 18.465
Rio Bananal São José 100 16.587 16.587
São Domingos do Norte São José 100 7.840 7.840
São Gabriel da Palha São José 100 28.878 28.878
Sooretama São José 100 21.867 21.867
Vila Valério São José 100 13.646 13.646
Baixo Guandu Guandu 28,34 8.114 28.637
Mantenópolis Fora da Bacia do Doce 41,92 4.016 11.463
Nova Venécia Fora da Bacia do Doce 10,96 6.537 44.380
São Mateus Fora da Bacia do Doce 27,35 2.557 96.390
Total 335.593 576.898
*contagem de população IBGE/2007

Dos 13 municípios que possuem suas sedes inclusas na UA São José, 9 estão
totalmente inseridos na UA. O maior município em termos de população e área é Linhares,
que concentra mais de 70% da população na UA São José. Aproximadamente 28% da área do
município de Linhares está na UA Santa Maria do Doce.
O município de Colatina apresenta situação semelhante, ficando dividido entre essas
duas UAs. Dos municípios inseridos totalmente na UA, o maior em termos de área é Pancas, e
em número de habitantes é São Gabriel da Palha.
Sobre a distribuição da população na UA São José (Quadro 9), observa-se que a
população urbana representa 2/3 da população total da UA, o que pode ser explicado pela
quantidade de sedes na Unidade, bem como a presença de municípios de porte expressivo,
como Linhares.

Quadro 9 – Distribuição da população na UA São José


População (contagem IBGE 2007)
Município
Total Urbana Rural
Águia Branca 9.281 2.791 6.490
Alto Rio Novo 6.198 3.226 2.972
Colatina 59.181 51.644 7.536
Governador Lindenberg 9.890 3.423 6.467
Jaguaré 21.949 13.418 8.531
Linhares 90.418 75.960 14.458
Marilândia 10.169 4.800 5.369
Pancas 18.465 9.273 9.192
Rio Bananal 16.587 5.528 11.059
São Domingos do Norte 7.840 3.142 4.698
São Gabriel da Palha 28.878 21.502 7.376
Sooretama 21.867 14.869 6.998
Vila Valério 13.646 4.857 8.789
Baixo Guandu 8.114 6.114 2.000
Mantenópolis 4.016 1.495 2.521

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População (contagem IBGE 2007)


Município
Total Urbana Rural
Nova Venécia 6.537 689 5.848
São Mateus 2.557 768 1.790
Total 335.593 223.499 112.094

A Figura 18 ilustra a situação dos limites municipais. Considerando-se a dinâmica


populacional da UA São José, de 1980 a 2007 verificou-se um crescimento de 1,5%, o que
correspondeu a um aumento de 63.400 habitantes. Dos treze municípios com sede na UA,
quatro apresentam população inferior a 10 mil habitantes. A densidade demográfica da UA
São José é de 34,45 hab/km².
A soma dos PIBs municipais na UA revela um perfil onde predominam o setor se
serviços, respondendo por aproximadamente 47% do PIB. O setor industrial ocupa a segunda
posição, com 24% do PIB e, o agropecuário, por 17% (Figura 19).
O Quadro 10 apresenta os índices de crescimento populacional na UA São José.

Quadro 10 – Índice de crescimento populacional na UA São José


Município Urbana Rural Total
Águia Branca 1,80 0,69 0,90
Alto Rio Novo 0,73 0,65 0,69
Jaguaré 2,06 0,90 1,46
Linhares 1,46 1,07 1,39
Marilândia 1,88 0,73 1,10
Pancas 1,20 0,46 0,72
Rio Bananal 2,17 0,77 1,05
São Domingos do Norte 1,58 0,92 1,13
São Gabriel da Palha 1,68 0,69 1,31
Sooretama 2,35 1,07 1,79
Vila Valério 1,77 0,70 0,95

A UA São José apresenta índice de crescimento de população superior à média da


bacia do rio Doce, nas duas situações de domicílio (urbana e rural). O município de
Sooretama é o que apresenta os maiores índices de crescimento. Alto Rio Novo mostra um
crescimento baixo de sua população urbana, enquanto Pancas tem o menor crescimento da
população rural.

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Figura 18 – Situação dos municípios em relação ao limite da UA São José

Figura 19 – Participação do valor adicional no PIB (2005) – valores correntes set/2008

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2.4 Saneamento e Saúde Pública da UA São José

A questão do saneamento na UA São José abrange o tema do abastecimento de água,


esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem urbana das sedes municipais situadas na
dentro dos limites da UA São José.
O índice médio de cobertura dos serviços de abastecimento urbano de água na UA
São José é de 93,3%. No que tange à adequação ao abastecimento de água, 89,31% dos
domicílios urbanos possuem canalização em pelo menos um cômodo. Dos treze municípios
com sede na UA São José, o município de Pancas apresenta o índice mais baixo de
abastecimento urbano de água, atendendo 71% da população. Os municípios de Alto Rio
Novo, Colatina, Linhares, Rio Bananal e São Gabriel da Palha apresentam índice de
atendimento de abastecimento urbano de 100% (Quadro 11).

Quadro 11 - Índice de cobertura dos serviços de abastecimento urbano de água na UA


São José
Consumo
Índice de
Médio Índice de Cumpre a
Atend. Índice de Índice Volume
Prestador per Perdas de Portaria
Tipo de Urbano Macromedição Hidrometração Anual
Município Abastecimento Capita Faturamento 518 do
Captação de Água
de Água de Água Ministério
l / hab. da Saúde?
% % % % m³/ano
dia
Águia Branca CESAN Superficial 93,00 41,00 100,00 165,33 31,00 156.634,46 SIM
Alto Rio Novo CESAN Superficial 100,00 92,00 100,00 147,90 -14,00 174.150,77 SIM
Colatina SANEAR 100,00 97,98 100,00 134,40 32,91 167.913,57 SIM
Governador Lindenberg Prefeitura 89,60 136,72 153.052,29
Jaguaré Prefeitura 89,60 136,72 599.957,81
Linhares SAAE 100,00 0,59 100,00 135,43 23,55 4.703.253,89 NÃO
Marilândia Prefeitura 97,85 136,72 235.701,88
Pancas CESAN Superficial 71,00 100,00 99,87 144,12 18,00 346.334,48 SIM
Rio Bananal SAAE 100,00 0,00 100,00 67,69 31,27 136.586,47 SIM
São Domingos do Norte SAAE 94,55 136,72 148.249,29
São Gabriel da Palha CESAN Superficial 100,00 100,00 100,00 132,58 27,00 1.040.518,33 SIM
Sooretama Prefeitura 91,07 136,72 675.743,71
Vila Valério CESAN Superficial 86,78 99,17 99,90 132,15 8,82 203.295,01 SIM
Total/Média 93,3 19,8 8.741.391,9

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Também é necessário que se atente para a eficiência do uso da água nos sistemas de
abastecimento público. Sistemas mais eficientes reduzem as retiradas de água em pontos
concentrados, além de postergar investimentos na ampliação de sistemas de captação. As
sedes municipais da UA São José apresentam volumes consideráveis de perda nos sistemas de
abastecimento, uma vez que muitas companhias de saneamento estipularam o teto de 200
litros/ligação x dia como meta a ser atingida na redução de perdas. A perda máxima
observada na UA ocorre na cidade/sede de Colatina, com índice de perdas de 567,34
litros/ligação x dia, seguido das cidades de Rio Bananal, São Gabriel da Palha e Linhares
(Quadro 12).

Quadro 12 – Perdas de água nos sistemas de abastecimento público


Município Prestador L/lig. x dia
Águia Branca CESAN 188,03
Alto Rio Novo CESAN 43,71
Colatina SANEAR 567,34
Governador Lindenberg Prefeitura -
Jaguaré Prefeitura -
Linhares SAAE 263,14
Marilândia Prefeitura -
Pancas CESAN 146,34
Rio Bananal SAAE 351,59
São Domingos do Norte SAAE -
São Gabriel da Palha CESAN 322,14
Sooretama Prefeitura -
Vila Valério CESAN 128,06
Fonte: Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2006 - SNIS - Ministério das Cidades

O índice médio de cobertura dos serviços de coleta de esgoto na UA São José é de


70,4%, sendo que apenas 24% deste esgoto passam por tratamento. O município de Colatina
coleta 85% do esgoto produzido e trata menos de 8%, nas oito ETEs em operação no
município (Quadro 13).

Quadro 13 - Índices de esgotamento sanitário nos municípios


Índice de Volume de Índice de Volume de
Prestador DBO
Atendimento Esgoto Tratamento Esgoto
Município Esgotos Remanescente
de Esgoto Coletado de Esgoto Tratado
Sanitários
% m³/ano % m³/ano Kg/dia
Águia Branca Prefeitura 80,22 100.522 0,00 - 150,71
Alto Rio Novo Prefeitura 78,02 108.698 0,00 - 174,20
Colatina SANEAR 85,00 114.181 7,99 9.120 175,00
Governador Lindenberg Prefeitura ND - 0,00 - 184,84
Jaguaré Prefeitura ND - 0,00 - 724,57
Linhares Prefeitura 69,00 2.596.196 23,00 597.125 4.310,00
Marilândia Prefeitura 80,99 152.716 0,00 - 260,66
Pancas Prefeitura 88,84 246.147 61,08 150.346 286,00
Rio Bananal SAAE 80,00 87.415 100,00 87.415 209,00
São Domingos do Norte Prefeitura 77,15 91.499 4,07 3.724 169,67
São Gabriel da Palha CESAN 46,58 387.774 100,00 387.774 813,00
Sooretama Prefeitura 21,84 118.066 15,57 18.383 802,93
Vila Valério Prefeitura 66,61 108.332 0,00 - 262,28
Fonte: Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2006 - SNIS - Ministério das Cidades

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Em relação aos resíduos sólidos urbanos, a UA produz um volume total de 139,1


ton/dia. Desse total, apenas 79,5 ton/dia tem destinação adequada, o que representa um
percentual de 57,1%.
A lei 11.445/07 estabelece as diretrizes da Política Nacional de Saneamento e
determina que a prestação de serviços públicos de saneamento básico observará o Plano
Municipal de Saneamento, abrangendo o “conjunto de serviços, infraestruturas e instalações
operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos
sólidos, limpeza urbana, manejo das águas pluviais e drenagem urbana”. Atualmente, nenhum
dos municípios da Unidade possui Planos Municipais de Saneamento, instrumentos de
planejamento participativo que podem avançar na discussão dos temas associados.
Com relação à saúde pública, são apresentados a seguir alguns indicadores de vida e
doenças nos municípios que compõem a UA São José (Quadro 14). Na porção da bacia do
Rio Doce que se desenvolve no Estado do Espírito Santo, apenas dois casos de
esquistossomose foram registrados em 2000, no município de Rio Bananal.

Quadro 14 – Indicadores de vida e doenças nos municípios da UA São José


Mortalidade até 1 Ano de
Esperança de Vida ao Nascer (anos) Esquistossomose
Município Idade (por mil)
1991 2000 2000 (casos em 2007)
Águia Branca 60,19 63,46 43,71 0
Alto Rio Novo 58,02 63,26 44,41 0
Colatina 68,46 70,72 21,86 0
Governador Lindenberg - - - 0
Jaguaré - - - 0
Linhares 64,37 68,12 28,72 0
Marilândia 68,46 70,72 21,86 0
Pancas 58,02 63,13 44,91 0
Rio Bananal 66,13 68,12 28,72 2
São Domingos do Norte 61,01 67,01 31,95 0
São Gabriel da Palha 62,74 68,79 26,85 0
Sooretama 64,37 68,12 28,72 0
Vila Valério 59,66 65,57 36,45 0
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

O índice de mortalidade até um ano de vida é elevado (>20) em todos os municípios


da UA São José. O município de Pancas apresenta o maior valor para este índice, seguido de
Alto Rio Novo e Águia Branca.
No Brasil, entre 1990 a 2007 a longevidade passou de 66 para 73 anos, sendo que o
continente americano possui a maior expectativa de vida, igual a 76 anos em 2007, contra 71
em 1990. Na UA São José, verifica-se que todos os municípios têm a uma expectativa de vida
menor do que a do Brasil.
A citação dos casos de esquistossomose é utilizada para reforçar a necessidade da
universalização do saneamento. A vizinhança com Minas Gerais, que é o estado com a maior
área endêmica de esquistossomose do país. (Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em
Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Relatório de Situação. 2005), e o caráter
endêmico da doença no vale do rio Doce, reforçam o interesse por este indicador. A ausência
de casos de esquistossomose em quase todos os municípios, com exceção de Rio Bananal, é
um fator positivo para a UA São José.

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2.5 Situação Atual dos Recursos Hídricos na UA São José

2.5.1 Disponibilidade Hídrica


O rio São José apresenta uma vazão média de longo termo (QMLT) da ordem de 33,7
m³/s, sendo que as vazões Q95 e Q7,10, representam, respectivamente, 17,3 % e 8,16% da vazão
QMLT (Quadro 15).

Quadro 15 - Disponibilidade hídrica superficial


Vazão Específica (l/s/km²) Vazão (m³/s)
Sub-bacia
qMLT q95 q7,10 QMLT Q95 Q7,10
rio São José 14,2 2,47 1,16 33,7 5,84 2,75
rio Pancas 12,00 1,56 0,83 14,10 1,84 0,98
rio Barra Seca 11,48 3,76 45,50 14,90

Existe uma sazonalidade bastante marcante entre o período de inverno (menos


chuvoso) e verão (mais chuvoso), o que se reflete nas vazões observadas. As maiores vazões
médias ocorrem a partir do mês de novembro, atingindo um pico de 64,3 m³/s, no mês de
janeiro (Figura 20).

70

64,3 63,8
vazão média mensal
vazão MLT
60 vazões mínimas

50 48,0
45,1 44,8

40
vazão (m³/s)

32,9

30

22,5

19,3
20 18,2
16,8
14,6
13,7

10

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Figura 20 – Vazões médias mensais – rio São José

A sub-bacia do rio São José também registra anos onde as precipitações são bastante
superiores à média anual, o que pode ser aferido a partir da observação na variação das vazões
médias ao longo dos últimos 40 anos (Figura 21). Os anos de 1979 e 1985 registraram picos
de vazão que superaram a marca de 55 m³/s, superando em mais de 100% a vazão média

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registrada. Em 1992, o pico de vazão superou 70 m³/s, e em 2004 superou os 50 m³/s.


Usualmente, estes picos estão associados à ocorrência de cheias.

80

vazão média anual
vazão MLT
vazão mínima  anual
70
Linear (vazão média anual)
Linear (vazão mínima  anual)

60

50
vazão (m³/s)

40

30

20

10

0
1972 1977 1982 1987 1992 1997 2002

ano

Figura 21 – Vazões médias anuais – rio São José

Quadro 16 – Estações fluviométricas de referência utilizadas para estimativa de


disponibilidade hídrica superficial – UA São José
Estação Fluviométrica de Referência
Sub-bacia Área Drenagem (km²)
Código Nome
Rio São José 2.406,67 56.997.000 Barra de São Gabriel
Rio Pancas 1.181,44 56.995.500 Ponte do Pancas

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Figura 22 – Localização das estações fluviométricas da UA São José

Com relação à disponibilidade hídrica subterrânea, o Quadro 17 retrata as reservas


explotáveis da unidade, em cada tipo de aquífero.

Quadro 17 - Reservas explotáveis na UA São José


Área Reserva Reguladora Total Reservas Reguladoras Recursos Explotáveis
Aqüífero
Km2 (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano)
Granular 4.286,92 1110 x 106 333 x106
2,52 x 109
Fissurado 5.456,08 1410 x 106 423 x 106

Do Censo Agropecuário de 2006, foram obtidas as informações sobre uso de água


subterrânea nos quatro municípios com sede na UA São José, conforme Quadro 18.

Quadro 18 - Uso de água subterrânea nos municípios com sede na UA São José
Município Poços Comuns Poços Artesianos, Semi-Artesianos ou Tubulares Cisternas
Águia Branca 22% 21% 54%
Alto Rio Novo 31% 2% 56%
Colatina 32% 13% 52%
Governador Lindenberg 43% 2% 64%
Jaguaré 75% 5% 86%
Linhares 48% 26% 76%
Marilândia 38% 13% 50%
Pancas 22% 9% 34%
Rio Bananal 30% 21% 58%
São Domingos do Norte 39% 8% 73%
São Gabriel da Palha 32% 19% 81%

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Município Poços Comuns Poços Artesianos, Semi-Artesianos ou Tubulares Cisternas


Sooretama 72% 13% 88%
Vila Valério 71% 2% 81%
Média 41% 14% 65%
Fonte: Censo Agropecuário 2006

Observa-se o predomínio absoluto dos poços comuns e das cisternas, com pequena
participação de poços perfurados, o que tanto deve ser devido à baixa produção dos aquíferos
graníticos, quanto a maior produção a baixa profundidade dos aqüíferos granulares.

2.5.2 Usos das Águas


Estima-se que o uso predominante da água na UA São José seja a irrigação,
representando 79 % das retiradas. O abastecimento humano é o segundo maior uso
consuntivo, respondendo por aproximadamente 13 % das retiradas estimadas (valor
proporcionalmente bem menor em relação à irrigação). O abastecimento industrial é
responsável por 5% das retiradas, enquanto a dessedentação animal retira apenas 3% (Figura
23).
13%
3%
Abastec. Humano
5% Dessedentação Animal
Abastec. Industrial
Irrigação

79%
Figura 23 – Estimativa da composição percentual de retirada de água na UA São José

Com relação aos usos outorgados, é confirmada a predominância da atividade


agrícola irrigada (Figura 24). As informações sobre as outorgas da ANA datam de setembro
de 2008, e as informações sobre as outorgas do IEMA datam de agosto de 2008, data-base dos
estudos para elaboração do PIRH Doce.
Os dados do IEMA utilizados para elaboração dos estudos do PIRH Doce dizem
respeito aos cadastros efetuados até a data de agosto de 2008, tal qual foram lançados no
sistema do IEMA à época do próprio cadastro. No entanto, em função de reestruturações
internas do mesmo, bem como de atualização de dados e troca interna de sistema de
operações, os cadastros que hoje se encontram no banco de dados do órgão, com data até
agosto de 2008, somam muito mais cadastros que os ora lançados.
Posteriormente, durante a continuidade do desenvolvimento do Plano, foram
acrescentadas informações sobre outras outorgas não constantes nos relatórios consultados
O Quadro 19 apresenta a participação da irrigação na UA São José, em termos de
estabelecimentos e de área. Cerca de 55% dos estabelecimentos da UA apresentam algum tipo
de irrigação, o que resulta em 18% da área dos estabelecimentos com irrigação, o que é um
índice elevado. Os métodos pressurizados são dominantes, sendo a aspersão o mais comum.
Alguns estabelecimentos possuem mais de um tipo de sistema de irrigação.

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Figura 24 – Usos outorgados na UA São José

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Quadro 19 – Tipos de irrigação utilizados nos municípios com sede na UA São José
Aspersão (outros Localizado Outros Métodos de
Aspersão (pivô
Inundação Sulcos métodos de (gotejamento, Irrigação e/ou
central)
Município aspersão) microaspersão, etc.) Molhação
Estabele- Área Estabele- Área Estabele- Área Estabele- Área Estabele- Estabele-
Área (ha) Área (ha)
cimentos (ha) cimentos (ha) cimentos (ha) cimentos (ha) cimentos cimentos
Águia Branca 1% 1% 88% 85% 9% 9% 6% 3%
Alto Rio Novo 58% 55% 25% 15% 17%
Colatina 1% 1% 3% 69% 63% 30% 27% 8% 6%
Governador Lindenberg 1% 76% 57% 53% 42% 1% 0%
Jaguaré 1% 8% 64% 47% 40% 40% 6% 4%
Linhares 4% 7% 1% 1% 1% 32% 47% 24% 49% 35% 6% 1%
Marilândia 1% 64% 58% 47% 41% 2% 1%
Pancas 2% 1% 2% 1% 1% 42% 76% 51% 5% 2% 15% 3%
Rio Bananal 1% 1% 0% 3% 67% 64% 33% 31% 2% 1%
São Domingos do Norte 97% 88% 5% 9% 1% 0%
São Gabriel da Palha 77% 79% 16% 16% 12% 5%
Sooretama 1% 6% 81% 76% 22% 18% 2% 1%
Vila Valério 0% 1% 0% 3% 86% 77% 19% 17% 6% 2%
Total/média 1% 2% 0% 0% 0% 12% 72% 56% 30% 28% 6% 2%
Fonte: Censo Agropecuário 2006

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O Quadro 20, em sequência, apresenta as estimativas de vazões demandadas para


cada tipo de uso da água na UA São José. Estas estimativas foram baseadas, principalmente,
na metodologia do estudo do ONS (2003) denominado “Estimativas de Vazões para
Atividades de Uso Consuntivo da Água nas Principais Bacias do Sistema Interligado
Nacional (SIN)”. Posteriormente, os dados foram processados, adotando-se procedimentos de
atualização para o ano base deste estudo (2009), para cada um dos segmentos de uso.
Diversos municípios do Estado do Espírito Santo têm sofrido com as fortes estiagens
verificadas nos anos de 2007 e 2008, inclusive ocorrendo problemas de abastecimento
público, o que agrava ainda mais os já conhecidos conflitos entre os usuários da água.
Neste sentido, diversas instituições se organizaram por iniciativa do Ministério
Público Estadual em setembro de 2008, para juntas estabelecerem regras que visam a
recuperação ambiental das sub-bacias e a conseqüente minimização dos conflitos de usos,
sobretudo nos períodos de estiagem acentuada.
A partir disso, foram elaborados Termos de Ajustamento de Conduta (TAC),
inicialmente para o município de Colatina, abrangendo-se as sub-bacias dos rios São João
Pequeno (UA São José) e Baunilha (UA Santa Maria do Doce).
Este documento designou regras para uma utilização mais racional das águas do rio
São João Pequeno, utilizadas por inúmeros produtores rurais, através da estipulação de
horários, vazões e outros.
Por sugestão do IEMA, a metodologia aplicada ao município de Colatina vem sendo
aplicada também nos municípios abaixo relacionados:
• Linhares (micro-bacias dos córregos Terra Alta e Farias)
• Colatina (rio São João Pequeno)
• Marilândia (rio Liberdade, Rio Graça Aranha, Córrego São Pedro, Córrego
Taquaraçu e Córrego Alto Patrão Mor)
• Pancas (Córregos São Bento e Floresta)
• Sooretama (Córrego Chumbado, Paciência e Rancho Alto)

2.5.3 Quantidade de Água - Balanços Hídricos


No que diz respeito ao balanço hídrico, a situação na UA São José é considerada,
pelos parâmetros da ONU, como confortável para os rios (ou sub-bacias) Pancas e São José, e
excelente para o rio (sub-bacia) Barra Seca, em razão de que as vazões de retirada estimadas
(Qret) são praticamente 50% menores do que as vazões Q7/10 estabelecidas para os três rios
(sub-bacias) considerados, permitindo o atendimento dos usos consuntivos (Quadro 21).
Entretanto, ao se considerar a parcela outorgável no Espírito Santo (50 % da Q7/10), a
sub-bacia do Pancas, no cenário atual, já apresenta uma retirada estimada superior à parcela
outorgável, o que acarreta um comprometimento da disponibilidade hídrica, ao se considerar
o critério de outorga do Estado. É preciso dizer, todavia, que o saldo hídrico negativo é de
pequena monta, em torno de 0,08 (m³/s), podendo ser revertido com obras estruturais de
reservação ou adução de água, ou, ainda, adoção de novos critérios de outorga.
O prognóstico realizado em relação à disponibilidade hídrica no cenário inercial
mostra uma situação crítica em grande parte da UA São José.

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Quadro 20 - Estimativas de demanda de uso da água na UA São José (m³/s)


Abastecimento Urbano
Abastecimento Dessedentação Abastecimento
População População não Irrigação Demanda Total
Rural Animal Industrial
Atendida Atendida
Sub-bacia

Consumo
consumo

consumo

consumo

consumo

consumo

consumo
retirada

retirada

retirada

retirada

retirada

retirada

retirada
retorno

retorno

retorno

retorno

retorno

retorno

retorno
Rio Pancas 0,017 0,003 0,014 0,003 0,002 0,002 0,016 0,008 0,008 0,025 0,020 0,005 0,008 0,007 0,002 0,509 0,102 0,408 0,579 0,142 0,437
Rio São José 0,302 0,060 0,241 0,001 0,001 0,001 0,039 0,020 0,020 0,048 0,038 0,010 0,264 0,211 0,052 0,695 0,139 0,556 1,349 0,469 0,880
Região da Barra Seca 0,405 0,081 0,324 0,001 0,000 0,000 0,055 0,027 0,027 0,118 0,094 0,024 0,063 0,050 0,012 3,849 0,770 3,079 4,490 1,023 3,467
Total 0,724 0,144 0,579 0,005 0,003 0,003 0,110 0,055 0,055 0,191 0,152 0,039 0,335 0,268 0,066 5,053 1,011 4,043 6,418 1,634 4,784

Quadro 21 – Balanço hídrico na UA São José


Vazão Específica
Vazão (m³/s) Demanda Balanço Quantitativo
Sub-bacia (L/s/km²) Avaliação ONU
qMLT q95 q7,10 QMLT Q95 Q7,10 Retirada (m³/s) Retirada/ QMLT Retirada/Q95 Retirada/Q7,10
Rio Pancas 12,0 1,6 0,8 14,1 1,8 1,0 0,58 0,041 0,315 0,592 Excelente
Rio São José 14,2 2,5 1,2 33,7 5,8 2,8 1,35 0,040 0,231 0,490 Excelente
Região da Barra Seca 11,5 3,8 2,7 85,5 14,9 10,9 4,49 0,053 0,301 0,412 Confortável

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2.5.4 Qualidade de Água


No que tange à qualidade dos recursos hídricos, existem 6 pontos de coleta de água
para monitoramento da qualidade na UA São José. No entanto, eles se situam muito próximos
e basicamente ao longo da calha do rio Doce. Os dados de qualidade da água para a UA São
José consideraram três estações de amostragem (Figura 25):
• RDC2C017, no rio Pancas, próximo à sua foz no rio Doce;
• RDC2C025, no rio Doce, em Linhares na ponte da BR-101; e
• RDC2E030, no rio Doce, na Fazenda Câmara.
No trecho do Espírito Santo a série de dados avaliados refere-se aos anos de 2006 e
2007, incluindo um conjunto restrito de parâmetros se comparado ao monitoramento
conduzido no estado de Minas Gerais.

Figura 25 – Localização dos pontos de amostragem de qualidade de água da UA São


José

As Figuras Figura 26 e Figura 27 demonstram os resultados obtidos para os


parâmetros que não atenderam ao padrão classe 2 na UA Guandu.

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Figura 26 – Porcentagem de resultados que não atenderam ao padrão da classe 2 na


estação de monitoramento RDC2C017, situada no rio Pancas
Fonte dos resultados: campanhas IEMA 2006/2007

Figura 27 - Porcentagem de resultados que não atenderam ao padrão da classe 2 nas


estações de monitoramento RDC2E030 e RDC2C025, situadas na calha do rio Doce,
dentro da UA São José
Fonte dos resultados: campanhas IEMA 2006/2007

Tanto no ponto situado no rio Pancas quanto nos pontos do rio Doce, observa-se o
crítico quadro bacteriológico das águas, refletido nas contagens de coliformes termotolerantes
superiores ao padrão da legislação. Este fato explica-se pelo aporte de esgotos sanitários
brutos nos cursos d’água.

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A carência de sistemas de saneamento adequados também acarretou a detecção de


concentrações não conformes de fósforo total. Por outro lado, o manejo inadequado do solo
na agropecuária e as reduzidas taxas de áreas cobertas com vegetação natural podem explicar
os valores de turbidez superiores ao padrão de qualidade da classe 2.
Em relação ao uso de agrotóxicos, os municípios da UA mostram um comportamento
desuniforme (Quadro 22). Jaguaré apresenta uma utilização massiva de agrotóxicos (apenas
8% dos estabelecimentos não utilizam agrotóxicos regularmente), ao contrário de Alto Rio
Novo, onde 75% dos estabelecimentos não utilizaram estes insumos. Na média, a utilização
de agrotóxicos ocorre em uma porcentagem alta de estabelecimentos – 51%.

Quadro 22 – Uso de agrotóxicos por estabelecimentos nos municípios com sede na UA


Municípios Total Estabelecimentos Não Utilizou
Águia Branca 1 091 69%
Alto Rio Novo 565 75%
Colatina 1 851 61%
Governador Lindenberg 625 29%
Jaguaré 806 8%
Linhares 2 188 56%
Marilândia 722 58%
Pancas 1 634 77%
Rio Bananal 1 505 29%
São Domingos do Norte 840 70%
São Gabriel da Palha 1 266 60%
Sooretama 601 12%
Vila Valério 1 491 28%
Total/Média 15.185 51%
Fonte: Censo Agropecuário 2006

2.5.5 Suscetibilidade a Enchentes


As inundações, que constituem um grande problema para a bacia do rio Doce, são
registradas no período chuvoso, de outubro a março, principalmente nos meses de dezembro a
fevereiro.
Além dos fenômenos meteorológicos que provocam as inundações, a bacia do rio
Doce teve sua cobertura vegetal removida, principalmente a partir do século XIX, para o
cultivo de café e cana-de-açúcar, exploração madeireira e formação de pastagens. Tais ações
modificam a capacidade de infiltração e armazenamento do solo e podem agravar os efeitos
das cheias, principalmente em pequenas sub-bacias.
Aliado a isto a ocupação desordenada da planície de inundação dos cursos d’água,
em especial nas áreas urbanas, têm agravado os danos causados pelas enchentes. Na UA São
José, os municípios mais afetados com as cheias são Colatina e Linhares.
Para minimizar estes danos um sistema de alerta contra enchentes encontra-se em
operação na bacia do rio Doce há 12 anos, desde o período chuvoso de 1997/1998.
Dentre os municípios que compõem a UA São José, apenas Colatina e Linhares são
beneficiados pelo Sistema de Alerta.
Colatina conta com uma estação hidrometeorológica da ANA com equipamento de
transmissão automática via telefone, a qual permite a obtenção de uma previsão hidrológica

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com 6 noras de antecedência. Os pontos utilizados são a Usina de Mascarenhas e Estação


Colatina.
Linhares possui uma estação fluviométrica da ANA com transmissão via telefone
pelo observador e ainda uma estação automática do INMET com transmissão via internet.
Ambas permitem a obtenção da previsão hidrológica com 12 horas de antecedência. Os
pontos utilizados são as Estações Colatina e Linhares.

2.6 Prognóstico

A etapa de prognóstico consiste basicamente na projeção de cenários tendenciais


futuros, utilizando-se a extrapolação dos parâmetros atuais conforme a tendência de evolução
dos indicadores utilizados na cenarização. Para tanto, considera-se sua variação em um
período recente para o qual se dispõe de mensuração. Dentre os principais planos
estruturadores dos cenários tem-se o comportamento demográfico e o econômico.
Os cenários tendenciais configuram-se, portanto, numa ferramenta de projeção da
tendência atual para o futuro, não devendo ser tomado como uma previsão, mas como um
instrumento de prospecção e planejamento.
Neste sentido, foram utilizados dados demográficos e econômicos para a elaboração
dos cenários tendenciais da UA São José. O Quadro 23 apresenta as projeções de demandas
hídricas (total) para estes cenários tendenciais.

Quadro 23 – Projeções de demandas (total) para a UA São José – cenário tendencial


(m3/s)
Sub- 2006 2010 2015 2020 2025 2030
bacia Retir. Retor. Cons. Retir. Retor. Cons. Retir. Retor. Cons. Retir. Retor. Cons. Retir. Retor. Cons. Retir. Retor. Cons.
Rio
0,579 0,142 0,437 0,689 0,169 0,52 0,827 0,203 0,624 0,965 0,237 0,728 1,103 0,271 0,832 1,242 0,306 0,936
Pancas
Rio
São 1,349 0,469 0,88 1,705 0,636 1,069 2,153 0,845 1,308 2,603 1,055 1,549 3,056 1,265 1,792 3,511 1,476 2,036
José
Barra
4,49 1,023 3,467 5,781 1,341 4,44 7,414 1,742 5,672 9,077 2,148 6,928 10,77 2,562 8,211 12,5 2,982 9,521
Seca
Total 6,418 1,634 4,784 8,175 2,146 6,029 10,39 2,79 7,604 12,65 3,44 9,205 14,93 4,098 10,83 17,26 4,764 12,49

A Figura 28 apresenta as projeções de demanda (Q ret) no cenário tendencial para


cada uso da UA São José até o ano de 2030.
Observa-se nitidamente a demanda de irrigação sobrepondo-se aos demais usos. O
gráfico evidencia também que a irrigação será responsável pelo maior crescimento das
demandas de água no cenário de análise. Os demais usos apontam crescimentos discretos,
dada a vocação da UA.

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16,000

14,000

12,000

10,000 Abastecimento Humano


Uso Industrial
m³/s

8,000
Dessedentação Animal
6,000 Irrigação

4,000

2,000

0,000
2006 2010 2015 2020 2025 2030

Figura 28 – Projeções de demanda (Q ret) no cenário tendencial para cada uso da UA


São José

No cenário atual, estima-se que apenas a sub-bacia do rio Pancas apresente saldo
hídrico negativo em situação de escassez (as retiradas de água superam a vazão outorgável),
com o rio São José e o Barra Seca apresentando saldos hídricos de pequena monta.
Entretanto, caso se confirme a elevação das demandas de irrigação nas três sub-
bacias, a situação poderá tornar-se ainda mais crítica, visto que todas estas apresentarão saldos
hídricos negativos em 2030 (Quadro 24).
Notadamente no caso da região de Barra Seca, o saldo negativo projetado é elevado,
exigindo intervenções estruturais de maior porte.

Quadro 24 – Saldos hídricos para a UA São José, considerando cenário atual e


tendencial (m³/s)
Cenário Atual Cenário Tendencial (2030)
Sub-bacia
Q 7,10 Q out Q ret Saldo Qret Saldo
Rio Pancas 0,98 0,49 0,58 -0,08 1,24 -0,75
Rio São José 2,75 1,38 1,35 0,03 3,51 -2,13
Rio Barra Seca 10,9 5,45 4,49 0,96 12,5 -7,05

Esta situação é bem ilustrada na Figura 29, a qual apresenta o resultado da


modelagem para o cenário tendencial 2030.

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Figura 29 - Saldos hídricos para o cenário tendencial 2030 na UA São José segundo a
modelagem

No que diz respeito à qualidade de água, considerando o parâmetro mais crítico,


coliformes termotolerantes, conforme o resultado da modelagem para o cenário tendencial
(2030), demonstrou a dominância de classe 4 em praticamente todo o percurso do rio São
José, bem como no rio Liberdade, a jusante de Marilândia e no curso d’água a jusante de
Jaguaré. Tal situação justifica a realização de intervenções para o tratamento de esgotos
sanitários.

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3. O COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA RIO SÃO JOSÉ

O CBH Rio São José, criado de acordo com a Lei Estadual de Recursos Hídricos Nº
5.818, de 31/12/1998 e sua correspondente Resolução Nº 001, de 30/11/2000 sob forma do
Decreto Estadual nº. 1934-R, de 10 de outubro de 2007, publicado no Diário Oficial do
Estado do Espírito Santo do dia 11/10/2007, é um órgão colegiado, tripartite e paritário, de
caráter consultivo e deliberativo, integrante do Sistema Integrado de Gerenciamento dos
Recursos Hídricos do Estado do Espírito Santo – SIGERH/ES, de atuação no âmbito da Sub-
bacia Hidrográfica do Rio São José.
Composto por representantes dos segmentos usuários de recursos hídricos, sociedade
civil organizada e poder público, obedecendo ao disposto na Lei Federal 9.433/97, Lei
Estadual 5.818/98, Resolução 05 de 10 de abril de 2000 do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos - CNRH e Resoluções 01 de 30 de novembro de 2000 e 02 de 18 de dezembro de
2001 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH, que criam diretrizes para
formação e funcionamento de Comitês de Bacias Hidrográficas.
O CBH São José é constituído por 12 membros titulares, devendo cada titular ter um
suplente, de acordo com a seguinte composição:
I. 04 representantes dos poderes públicos executivos e seus respectivos suplentes.
II. 04 representantes dos usuários e seus respectivos suplentes:
¾ 01 representante de Abastecimento Público de água e/ou tratamento e
esgotamento sanitário;
¾ 01 representante de Indústria, captação e diluição de efluentes industriais
¾ 01 representante do setor de Turismo / Lazer e Pesca
¾ 01 representante do setor de Irrigação e Uso Agropecuário
III. 04 representantes da sociedade civil organizada e seus respectivos suplentes:
¾ 01 representante de Entidade Associativa de Usuários
¾ 01 representante de Entidade de Classe
¾ 01 representante de Associações Comunitárias
¾ 01 representante de Organizações Não Governamentais

A seguir são apresentadas as instituições e empresas que possuem representantes no


colegiado do biênio 2009-2010.

Poder Público
Prefeitura Municipal de Mantenópolis
IEMA - Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídrico
Prefeitura Municipal de São Gabriel da Palha
Prefeitura Municipal de Águia Branca
Prefeitura Municipal de Alto Rio Novo
Incaper
Floresta Nacional Goytacazes (ICMBIO)

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Sociedade Civil
Instituto Pró-Rio Doce
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mantenópolis
Instituto Biolago
Casa Polonesa
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
São Gabriel da Palha e Vila Valério
Lions Clube de Mantenópolis
Colônia de Pescadores Z6
Caboclo
Bernardo
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Linhares
Usuários
Cesan – Companhia Espírito Santense de Saneamento
Linhagua Mineração Ltda
Parque da Ilha Agroturismo
Frucafé Mudas Plantas Ltda
Univest – União das Indústrias de Vestuário e Lavanderias de São Gabriel da Palha
Mineração Pancieri
Associação dos Pequenos Agricultores do Córrego Três Pontões

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4. OBJETIVOS E METAS

4.1. Metas para a Bacia do rio Doce

Uma das fases do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce é o
estabelecimento de metas que demonstrem a realidade desejada para a bacia, isto é, “a bacia
que queremos”. A partir desse desenho, devem ser fixados os objetivos e as metas do plano,
em consonância com as necessidades e possibilidades da bacia, trazendo o desejo para um
nível de possibilidade mais próximo, ou seja, “a bacia que podemos”.
No presente projeto, a delimitação do cenário ideal (“a bacia que queremos”) foi
realizada a partir das contribuições do GAT, muitas delas expressas nos próprios Termos de
Referência, das análises evolutivas das informações coletadas no diagnóstico e na leitura dos
planos e programas governamentais para a região da bacia.
A BACIA QUE QUEREMOS
A partir das manifestações dos comitês de bacia constantes nos Termos de
Referência, pode-se montar um quadro referencial dos desejos da bacia, entendidos a partir da
expressão dos problemas e de algumas soluções já indicadas por estes atores. O quadro a
seguir agrupou estas manifestações em grandes grupos, mantendo o destaque para algumas
situações particulares.

Quadro 25 – Referencial dos desejos manifestos da bacia

Manhuaçu
Piracicaba

Caratinga

Maria do
Antônio*

São José
Guandu
Piranga

Suaçuí

Desejo
Santo

Santa

Doce
Gestão integrada de recursos hídricos,
X X X
incluindo outorga e sistema de informações
Gestão integrada de resíduos sólidos X X X X X
Tratamento de efluentes urbanos, rurais e
X X X X X
industriais
Ordenamento da ocupação territorial X X X
Desassoreamento dos rios X X X
Descontaminação dos recursos hídricos X X
Infraestrutura com qualidade ambiental X
Proteção e recuperação de áreas de preservação
X X X X X X
permanente
Proteção e recuperação de áreas erodíveis e
X X X X X X
degradadas
Aplicação das leis a partir de uma estrutura de
X X X X
fiscalização, controle e orientação
Zoneamento ecológico-econômico X
Convivência com as cheias e programa de
X X X X
prevenção de enchentes
Apoio ao pequeno produtor rural X X
Solução do conflito pelo uso da água na
X X
irrigação
Convivência com a seca X X
Apoio ao uso de tecnologias limpas X
Avaliação criteriosa da implantação de
X X
hidrelétricas
Avaliação criteriosa da atividade de mineração X X X
Avaliação criteriosa da silvicultura X X

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Manhuaçu
Piracicaba

Caratinga

Maria do
Antônio*

São José
Guandu
Piranga

Suaçuí
Desejo

Santo

Santa

Doce
Avaliação criteriosa da cafeicultura X
Avaliação criteriosa da siderurgia X
Programa de educação ambiental X X X X X
Programa de mobilização ambiental X X X X
Plano de desenvolvimento da bacia X X
* Não houve manifestação do CBH Santo Antônio no momento da consolidação do TDR, não sendo computados os desejos
neste quadro. Para esta UPGRH, foram consideradas as manifestações dos membros do GAT, bem como os resultados das
reuniões públicas

Verifica-se que é forte a expressão da bacia quanto à recuperação ou preservação de


áreas de preservação permanente e de recuperação de áreas já degradadas ou em processo de
erosão. Logo a seguir, os comitês demonstram sua preocupação com o tratamento de esgotos
e resíduos sólidos, além da educação ambiental e a mobilização social. Outro grupo de
preocupação refere-se às questões econômicas, com questionamentos sobre a viabilidade
ambiental de atividades como a mineração, a silvicultura e a cafeicultura e da geração de
energia a partir de hidrelétricas nos afluentes do rio Doce.
No caso específico da sub-bacia do rio São José, o Comitê respectivo apresentou
preocupações mais relacionadas com a qualidade da água do que com a sua quantidade.
Erosão, resíduos sólidos, educação ambiental, recuperação e conservação de áreas de
preservação permanente são algumas linhas de trabalho apresentadas na formação do quadro
referencial para a bacia do rio Doce.
A bacia do rio Doce que queremos pode, a partir desta análise, ser assim descrita:
A bacia do rio Doce que queremos preserva a vegetação natural nas áreas
delimitadas pela legislação, significando uma melhor qualidade ambiental, com redução dos
processos erosivos e de assoreamento dos rios. As águas e os solos da bacia não são
contaminados, graças ao tratamento adequado e integrado dos resíduos sólidos e dos
efluentes líquidos, urbanos, industriais e rurais, permitindo os mais diversos usos. Os
diversos corpos de água doce têm qualidade concordante com um enquadramento nas classes
especial, 1 e 2. A população da bacia é ambientalmente educada e socialmente mobilizada,
sendo capaz de atuar em um sistema de gerenciamento dos recursos hídricos, que, por sua
vez, tem a capacidade de solucionar os possíveis conflitos pelo uso e pela qualidade das
águas, a partir de uma ação normativa, fiscalizadora e orientadora do uso dos recursos
hídricos. Este sistema baseia-se em informações sistematizadas e planejadas de forma
integrada, que são consolidadas na forma de planos das bacias afluentes e no plano da bacia
como um todo. O desenvolvimento da bacia é harmônico, caracterizado pelo desenvolvimento
social, econômico e ambiental sustentado.
Essa visão de bacia referenda as bases filosóficas da gestão integrada de recursos
hídricos, além de demonstrar uma preocupação com o desenvolvimento sócio-econômico
sustentável da bacia. De forma destacada, surge a visão de um sistema de gestão que
compatibilize a gestão das bacias afluentes com o curso d’água principal, com plena
utilização dos instrumentos previstos na legislação sobre recursos hídricos: outorga,
enquadramento, cobrança, sistema de informações e planos de bacia.

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A BACIA QUE PODEMOS


A definição da bacia que podemos considera os limitantes existentes na região, no
arranjo institucional vigente e no tempo necessário para a implantação efetiva de todas as
medidas necessárias ou desejáveis. Conflitando com a bacia que queremos, verifica-se, além
do quadro de contaminação dos recursos hídricos, de redução drástica das áreas de
preservação permanente, dos intensos processos erosivos, da ocupação desordenada do
território e da falta de tratamento de esgotos e dos resíduos sólidos, a existência de três
arcabouços legais e institucionais (dois estados e um rio federal), que limitam a obtenção
direta de critérios únicos para a gestão dos recursos hídricos da bacia.
A bacia do rio Doce que podemos pode ser assim descrita:
A bacia que podemos ter em um horizonte de vinte anos apresenta uma melhora
significativa na qualidade dos recursos hídricos superficiais, graças a um processo de
implantação da outorga e do enquadramento em todos os trechos da bacia. A partir disto,
uma estrutura eficaz e com reconhecimento social e institucional, composta pelos comitês de
bacia dos rios afluentes, pelos órgãos estaduais – IEMA e IGAM – e pela Agência Nacional
de Águas, estabeleceu uma sistemática de orientação, normatização e fiscalização quanto ao
uso e a preservação dos recursos hídricos, reduzindo os conflitos pelo uso a um número
insignificante de casos, sendo estes rapidamente resolvidos no âmbito dos respectivos
Comitês. Como resultado da implantação desta estrutura de gerenciamento e de seu efetivo
funcionamento, os corpos de água doce da bacia apresentam parâmetros evolutivos em
direção ao enquadramento, respeitando as metas intermediárias fixadas por cada comitê. Os
recursos oriundos da cobrança são aplicados de acordo com os planos de bacia, sendo que
estes foram harmonizados com o plano do rio principal. Todos estes planos estabelecem uma
aplicação de recursos que promovem, parcial ou totalmente, ações de educação ambiental,
comunicação e mobilização social, como forma a garantir uma participação efetiva e
crescente da população da bacia na tomada de decisão sobre o gerenciamento dos recursos
hídricos. Outra parte dos recursos tem sua aplicação destinada a manter e ampliar uma base
de dados e informações sobre os recursos hídricos, aumentando a capacidade futura de
decisão sobre novos processos de outorga, revisão do enquadramento ou dos critérios de
cobrança. A estrutura de gestão implantada também é capaz de dialogar com outras
instituições, tendo por foco a gestão compartilhada ou exercer um papel de controle social
organizado em temas como coleta e tratamento de efluentes industriais, urbanos e rurais,
gestão de resíduos sólidos, ordenamento territorial urbano e rural, recuperação de áreas
degradadas, planos de desenvolvimento econômico e políticas públicas das mais diversas
áreas, como educação, saúde, extensão rural, turismo, geração de energia, tecnologias
limpas, entre outras.
A partir da bacia do rio Doce que podemos, é possível definir os grandes temas de
interesse da bacia:
I. Qualidade da Água
II. Quantidade de Água - Balanços Hídricos
III. Suscetibilidade a Enchentes
IV. Universalização do Saneamento
V. Incremento de Áreas Legalmente Protegidas
VI. Implementação dos Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos
VII. Implementação das Ações do PIRH Doce

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No Quadro 26, estas questões referenciais são apresentadas de forma sucinta, bem
como a situação atual e tendencial sem gestão e os objetivos gerais a serem observados na
definição das metas e dos programas, subprogramas e projetos.

Quadro 26 – Questões referenciais da bacia hidrográfica do rio Doce.


Questão Referencial Situação Atual e Tendencial Objetivo
A qualidade da água não respeita a
expectativa de enquadramento. Esta Melhoria gradativa da qualidade da
I. Qualidade da Água –
situação deve permanecer em um cenário água nos trechos mais críticos
Enquadramento
sem uma gestão integrada dos recursos Atendimento ao Enquadramento
hídricos.
Observado déficit nos balanços hídricos Atingir um cenário onde não ocorram
em determinados trechos de rio, segundo déficits hídricos. Nesta situação,
as simulações realizadas, que indicam haveria o atendimento dos usos
II. Disponibilidade de Água - uma situação de maior restrição no consuntivos.
balanços hídricos cenário futuro sem gestão. Eliminar, reduzir ou gerenciar as
Demandas de irrigação elevadas na porção situações de conflito de uso, durante
inferior da bacia, sem base de informações todo o ano, predominando os usos
consistente mais nobres
Ocorrência freqüente de enchentes em
III. Suscetibilidade a zonas urbanas, ao longo do curso do rio Redução de danos quando da
Enchentes Doce, sendo previsíveis maiores impactos ocorrência de enchentes
no cenário sem gestão.
Sub-bacias com indicadores de
abastecimento de água, esgotamento Aumento dos indicadores de
IV. Universalização do
sanitário ou coleta de resíduos sólidos saneamento ambiental até o
Saneamento
abaixo da média estadual, com a tendência atingimento da média Estadual
de manutenção do quadro a médio prazo.
O total das áreas sob proteção legal, na
Atingir o valor de 10% de áreas sob
forma de UCs corresponde a 1,5% da área
proteção formal, com pelo menos
total da Bacia.
uma unidade de conservação de
Algumas bacias afluentes não possuem
proteção integral em cada bacia
V. Incremento de Áreas unidades de conservação integral
afluente efetivamente implantada e
Legalmente Protegidas As APP’s, principalmente matas ciliares, manejada.
encontram-se bastante alteradas pelo uso
Instituir uma ação consistente de
antrópico. O número de UCs pode sofrer
recomposição de APP na área da
elevação, mas de forma desordenada na
bacia
situação sem gestão.
Dos instrumentos previstos na legislação –
plano de bacia, enquadramento, outorga,
cobrança, sistema de informações, apenas
Implementação de todos os
a outorga está implementada,
VI. Implementação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos
parcialmente, e o Plano de Bacia e o
Instrumentos de Gestão de Hídricos (plano de bacia,
Enquadramento estão sendo
Recursos Hídricos enquadramento, outorga, cobrança,
implementados. Sem uma gestão efetiva,
sistema de informações)
esta situação de baixa velocidade de
implantação do sistema de gestão de
recursos hídricos deve ser mantida.
A implementação do PIRH Doce exigirá
uma estrutura gerencial capaz de integrar Estabelecer uma estrutura
diversas ações distintas, estabelecendo organizacional (material, recursos
VII. Implementação das Ações
procedimentos de planejamento humanos e de procedimentos) que dê
do PIRH Doce
constantes e eficazes. Na situação sem suporte ao gerenciamento das ações
uma gestão integrada, não há ambiente do PIRH Doce
propício para a realização do PIRH.

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A partir das questões referenciais, foram estabelecidas as metas para o PIRH Doce.
Na definição e organização das metas, adotou-se a metodologia do Marco Lógico (logical
framework), na qual a meta é o objetivo superior, que pode ou não ser atingido no horizonte
do plano, mas o PIRH contribuirá inegavelmente para a obtenção deste resultado. O PIRH e
os PARHs devem estabelecer objetivos mais imediatos, dentro de seu horizonte de
planejamento, que contribuam efetivamente com o atendimento da meta, mas cuja obtenção
está ou podem estar sob a gestão do arranjo institucional proposto. .
Assim, as metas apresentadas dividem-se em metas superiores, que não depende
apenas da atuação do arranjo institucional, e metas atingíveis no âmbito do plano, sendo que
para estas serão apresentados os programas necessários, sendo que estes apresentam as
informações básicas necessárias para a sua implantação, como responsáveis, cronogramas e
custos, dentre outras. Em alguns casos, foram propostos subprogramas e projetos, quando a
meta a ser atingida necessitaria de ações subordinadas ou prévias, de maior ou menor
complexidade e médios ou curtos prazos de execução, respectivamente. Os subprogramas e
projetos estão sempre vinculados a um programa, e, embora possam ser executados de forma
isolada, a sua realização integrada visa obter melhores condições de implementação dos
programas, bem como a elevação de sua eficácia.
O Quadro 27 apresenta as metas e sua hierarquia, definida a partir de sua relevância,
quanto à solução da questão referencial, e urgência, para permitir o atingimento das metas no
menor prazo possível. No Quadro 27, as metas superiores são apresentadas no início de cada
grupo das sete questões referenciais, sendo seguidas das metas atingíveis no horizonte do
PIRH e dos PARHs.

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Quadro 27 – Classificação das metas para a bacia do rio Doce quanto a sua relevância e urgência
Meta nº Descrição Relevância Urgência Nota Hierarquia
1 Até o ano de 2030, as águas superficiais da bacia do rio Doce terão qualidade da água compatível ou melhor do que a classe 2 em toda a extensão da bacia
1.1 Articulação entre atores do setor de saneamento Alta Alta 6 1
1.2 Articulação com as concessionárias dos serviços de saneamento operacional Alta Alta 6 1
1.3 Mapeamento de áreas produtoras de sedimentos concluído Média Média 4 3
1.4 Monitoramento da produção de sedimentos na bacia Média Baixa 3 4
1.5 Diagnóstico analítico dos efluentes das pequenas e micro empresas urbanas concluído Média Baixa 3 4
2 Até o ano de 2030, não são observados conflitos pelo uso da água, sendo que a demanda atual e futura projetada é atendida pela vazão de referência atual ou suplementada pela implantação de medidas estruturais e não estruturais que elevem este valor de referência até o mínimo suficiente para atender àquelas demandas.
2.1 Inventário de locais para barramentos concluído Média Média 4 3
2.2 Análise de viabilidade de obras de regularização concluída Média Baixa 3 4
2.3 Regularização de poços concluída Alta Média 5 2
2.4 Diagnóstico do uso da água subterrânea concluído Alta Média 5 2
2.5 Revisão das vazões referenciais concluída Alta Média 5 2
2.6 Estratégias de redução de perdas definidas Media Média 4 3
2.7 Estratégias de aumento de eficiência do uso da água na agricultura definidas e implantadas Média Média 4 3
2.8 Difusão de tecnologias implantada Média Média 4 3
2.9 Estratégias de convivência com a seca definidas e implantadas Média Média 4 3
2.10 Prioridades e de linhas de financiamento definidos - Média Média 4 3
3 Até o ano de 2030, as perdas de vidas humanas na bacia devidas às cheias são reduzidas a zero e as perdas econômicas são reduzidas a 10% do valor atual, com ações locais para combater as enchentes de origem convectiva e com ações regionais, para combater as cheias de origem frontal.
3.1 Modernização de estações concluída Alta Alta 6 1
3.2 Sistema de alerta operacional Alta Alta 6 1
3.3 Mapeamento de áreas críticas de deslizamento concluído Média Média 4 3
3.4 Sistema de alerta simplificado implantado Média Média 4 3
3.5 Modelo hidrológico de cheias definido Alta Média 5 2
3.6 Mapeamento de áreas inundáveis concluído Alta Média 5 2
3.7 Critérios para Planos Diretores Municipais definidos Alta Média 5 2
3.8 Inventário de locais de barramentos de contenção ou laminação concluído Média Média 4 3
3.9 Análise de viabilidade de obras de contenção ou laminação concluída Média Baixa 3 4
3.10 Alternativas de contenção ou laminação apresentadas Média Baixa 3 4
3.11 Projeto Básico e EIA das obras de contenção ou laminação contratados - Média Baixa 3 4
3.12 Inventário de locais de controle de cheias concluído Média Baixa 3 4
3.13 Análise de viabilidade do controle de cheias concluída Média Baixa 3 4
3.14 Alternativas de controle de cheias apresentadas Média Baixa 3 4
3.15 Projeto Básico e EIA das obras de controle de cheias contratados Média Baixa 3 4
3.16 Zoneamento territorial da bacia do rio Doce concluído Média Média 4 3
3.17 Articulação entre Defesa Civil e comitês da bacia do rio Doce Alta Alta 6 1
Até o ano de 2030, os índices do esgotamento sanitário nas áreas urbanas e rurais, do esgotamento pluvial das cidades com mais de 5.000 habitantes e de recolhimento, tratamento e destinação final de resíduos sólidos são iguais ou superiores aos valores médios dos estados em que cada sub-bacia está localizada. O abastecimento de água atinge a 100%
4
dos núcleos residenciais. Em 2020, a redução da carga orgânica dos esgotos sanitários é da ordem de 90% e existem aterros sanitários e unidades de triagem e compostagem em toda a bacia.
4.1 Apoio aos planos municipais de saneamento Alta Alta 6 1
4.2 Articulação com as concessionárias dos serviços de saneamento operacional Alta Alta 6 1
4.3 Informações sobre saneamento consolidadas- Alta Média 5 2
4.4 Estudo de viabilidade de tratamento e destinação final de resíduos sólidos concluído Alta Média 5 2
4.5 Estudo de viabilidade da expansão dos sistemas de abastecimento de água, de tratamento de esgoto e coleta, tratamento e destinação de resíduos sólidos ao meio rural concluído Média Baixa 3 4
Até o ano 2030, a bacia do rio Doce apresenta uma elevação do número de unidades de conservação efetivamente implantadas e manejadas, atingindo um patamar de 10% de seu território com restrição de uso para conservação e preservação ambiental. O grau de conservação das áreas legalmente protegidas é suficiente para contemplar a totalidade dos
5
biomas de interesse, bem como buscar a formação de corredores ecológicos eficientes para a dispersão e conservação das espécies de fauna e flora identificadas como de importância e relevância para a bacia.
5.1 Diagnóstico da implantação das atuais Unidades de Conservação concluído Média Média 4 3
5.2 Proposição de novas Unidades de Conservação apresentada Alta Média 5 2
5.3 Proposição de uma política de incentivo à criação de novas Unidades de Conservação apresentada Média Média 4 3
5.4 Diagnóstico da situação das APPs na bacia concluído Alta Média 5 2
5.5 Proposição de plano de recuperação de APPs concluída Média Média 4 3
5.6 Estudo de viabilidade para recuperação de APPs e formação de corredores ecológicos concluído Média Média 4 3
6 Até o final de 2011, a bacia do rio Doce apresenta um arranjo institucional de gestão integrada dos recursos hídricos, com todos os instrumentos de gestão definidos e implantados.
6.1 Arranjo institucional implantado Alta Alta 6 1
6.2 Sistema de informações implantado Alta Média 5 2
6.3 Cadastro de usuários concluído Alta Alta 6 1
6.4 Cadastro de poços concluído Alta Alta 6 1
6.5 Definição de usos prioritários e insignificantes concluído Alta Alta 6 1
6.6 Rede de estações fluviométricas e pluviométricas ampliada Alta Alta 6 1
6.7 Rede de amostragem operacional Alta Alta 6 1
6.8 Critérios de outorga publicados Alta Alta 6 1
6.9 Critérios de outorga revistos Média Baixa 3 4
6.10 Proposta de enquadramento aprovada Alta Média 5 2
6.11 Proposta de cobrança avaliada Alta Média 5 2
6.12 Valores referenciais de cobrança pelo uso da água definidos Alta Média 5 2
6.13 Implantação plena da cobrança pelo uso da água Alta Alta 6 1
6.14 Aprovação dos planos de investimentos Alta Alta 6 1
7 As ações previstas no PIRH Doce estão implantadas de acordo com os cronogramas e os custos previstos, sendo que o arranjo institucional e os recursos disponibilizados são suficientes para a obtenção de níveis satisfatórios de eficiência da gestão integrada dos recursos hídricos.
7.1 Programa de comunicação social apresentado aos Comitês Alta Média 5 2
7.2 Programa de educação ambiental apresentado aos Comitês Alta Média 5 2
7.3 Programa de capacitação apresentado aos Comitês Alta Média 5 2
7.4 Monitoramento do tratamento de efluentes de empresas urbanas Alta Média 5 2
7.5 Monitoramento da implantação das ações selecionadas para aumento de disponibilidade hídrica Alta Média 5 2
7.6 Monitoramento da ocorrência de cheias e de seus efeitos Alta Média 5 2
7.7 Monitoramento da universalização do saneamento na bacia Alta Média 5 2
7.8 Monitoramento da implantação de unidades de conservação e recuperação de APPs Alta Média 5 2
7.9 Atualização do PIRH e dos PARHs Alta Baixa 4 3
Ação acessória Ação de pequena importância Ação desejável Ação importante Ação essencial

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 55


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

4.2. Metas Específicas para a UA São José

Na análise da definição de metas específicas para a UA São José, inicialmente é


preciso destacar que muitas das metas descritas para a bacia do Doce constituem ações de
gestão que são parte de um esforço global para o atingimento dos objetivos expressos na
Bacia que Queremos.
As metas referentes aos temas VI - Implementação dos Instrumentos de Gestão de
Recursos Hídricos, e VII - Implementação das ações do PIRH Doce, anteriormente descritas,
não são consideradas como metas específicas para a Unidade, uma vez que tratam de temas
com abrangência geral da bacia do Doce, no tocante à gestão integral do Plano como um todo.
Não obstante, elas devem ser consideradas como metas importantes dentro do arranjo
que deverá conter as ações de gestão da bacia, sendo necessária a atuação constante de
acompanhamento do Comitê local.
As metas específicas para a UA São José, neste entendimento, dizem respeito a ações
que podem ser efetivamente implantadas diretamente na bacia, com o controle e
acompanhamento do Comitê local, traduzindo direcionamento estratégico adotado pela
sociedade, e que possam ser entendidas como conquistas inerentes ao Plano.
Estas metas, associadas às questões referenciais são:
I. Metas de Qualidade de Água
¾ Em até 20 anos (ou no ano de 2030), as águas superficiais da bacia terão
classes de uso da água compatíveis ou melhores do que a classe 2 em toda a
extensão da bacia, considerando-se, ao menos, os seguintes indicadores
básicos:
ƒ DBO
ƒ OD
ƒ turbidez
ƒ coliformes fecais ou totais
ƒ fósforo

No rio Pancas, a classe 1 deve ser observada no trecho superior da sub-bacia; no rio
São José, esta classe deve ser mantida a montante da cidade de Águia Branca.
As ilustrações a seguir (Figura 30, Figura 31 e Figura 32) contêm uma avaliação
preliminar das possibilidades de enquadramento dos rios São José, Pancas e Barra Seca.

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 56


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Hidrografia - Proposta Enquadramento: Datum: South American 1969
Classe 1
Fonte:IGAM e IEMA - adaptado
19°30'0"S

Classe 2 Figura 30 - Enquadramento no âmbito do


Elaboração: Consórcio
Limite da Bacia Hidrográfica do Rio São José Ecoplan - Lume plano para o Rio São José

41°0'0"W 40°45'0"W 40°30'0"W 40°15'0"W


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Legenda:
Sede Municipal
!
P

Tipos de usos outorgados IEMA:


! Abastecimento Industrial
®

! Aquicultura

1:180.000
! Irrigação
Hidrografia
Hidrografia - Proposta Enquadramento:
Classe 1
Projeção Cônica Conforme de Lambert Classe 2
Datum: South American 1969 Limite da Bacia Hidrográfica do Rio Pancas

Fonte:IGAM e IEMA - adaptado


Figura 31 - Enquadramento no âmbito do
Elaboração: Consórcio
Ecoplan - Lume plano para o Rio Pancas

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18°45'0"S
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Limite da Bacia Hidrográfica do Rio Barra Seca

Fonte: ANA e IEMA - adaptado


Figura 32 - Enquadramento no âmbito do
Elaboração: Consórcio
Ecoplan - Lume plano para o Rio Barra Seca

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-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

As metas de gestão deverão incluir:

• Mapeamento de áreas produtoras de sedimentos concluído - Em um


prazo de 2 anos, as áreas rurais produtoras de sedimentos são mapeadas e
caracterizadas, com a indicação de volumes estimados de geração de
sedimentos e tipologia dos processos erosivos encontrados, sendo as
informações divididas em áreas vinculadas a estradas e caminhos rurais, à
pecuária, às zonas de deposição de rejeitos de mineração, entre outros.
Neste prazo é consolidado um projeto piloto de recuperação de micro-
bacia.

• Diagnóstico analítico dos efluentes das pequenas e micro empresas


urbanas concluído – no prazo de 36 meses, um diagnóstico analítico sobre
as atividades industriais e comerciais urbanas que lançam efluentes sem
tratamento na rede pública de esgotos é concluído, identificando os
principais poluentes, seu poder contaminante, as técnicas disponíveis para
tratamento, os custos de tratamento, os trechos da bacia mais afetados por
estes efluentes e seu efeito sobre a qualidade da água superficial e
interferência com outros usos, atuais e futuros, correntes e potenciais. Para
este projeto, a cidade de Linhares, por já possuir uma estação de coleta de
água para análise de qualidade.

Como meta de longo prazo, inserida fora do âmbito de controle direto do Sistema de
Gestão de Recursos Hídricos, pode-se colocar:

• Em um prazo de 10 anos, todas as sedes municipais da bacia estão com


sistemas de tratamento de esgotos operando satisfatoriamente, reduzindo
em 90% da carga de DBO gerada nas cidades. Rio Bananal e São Gabriel
da Palha já contam com este índice de tratamento.

II. Metas de Quantidade de Água - Balanços Hídricos

¾ Em 20 anos (ou no ano de 2030), não são observados conflitos pelo uso da
água, sendo que a demanda atual e futura projetada é atendida pela vazão de
referência atual ou suplementada pela implantação de medidas estruturais e
não estruturais que elevem este valor de referência até o mínimo suficiente
para atender àquelas demandas.
As metas de gestão deverão incluir:

• Inventário de locais para barramentos concluído - Em até dois anos,


são apresentados projetos de possíveis locais de construção de barragens
de acumulação ou regularização de vazões nas sub-bacias mais críticas,
com análise prévia de viabilidade e avaliação ambiental estratégica;

• Análise de viabilidade de obras de regularização concluída - Em até 30


meses, as regiões que necessitam de obras de regularização de vazão são
identificadas e são contratados os estudos necessários para a análise de
viabilidade técnica, ambiental, financeira e econômica de possíveis
intervenções;

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 60


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

• Regularização de poços concluída - Em até 30 meses, as regiões que


apresentam possibilidade de utilização excessiva das águas subterrâneas
são identificadas, sendo caracterizada a situação legal dos poços e
sugeridas ações necessárias para o fechamento dos poços irregulares, para
a limitação da autorização de novos poços ou para a regularização dos
poços existentes;

• Diagnóstico do uso da água subterrânea concluído - Em até 36 meses, o


monitoramento da exploração da água subterrânea inicia na bacia, com
coleta de informações quali-quantitativas com densidade e freqüência
suficientes para a caracterização da situação da água subterrânea na bacia;

• Revisão das vazões referenciais concluída - Em até 30 meses, as novas


informações hidrometeorológicas e hidrogeológicas coletadas são
utilizadas para a espacialização das vazões de referência para fins de
outorga de uso da água, permitindo a realização de um novo balanço entre
oferta e demanda;

• Estratégias de redução de perdas definidas - Em até dois anos, são


definidas as estratégias viáveis para a redução de perdas em sistemas
públicos de abastecimento humano na bacia, com a identificação de áreas
prioritárias, formas de macro e micromedição viáveis para a região e
definição de metas parciais e prazos para a implantação das medidas
necessárias por parte das empresas de saneamento. Na UA São José, as
cidades de São Gabriel da Palha, Pancas e Colatina apresentam índices
elevados de macromedição;

• Estratégias de aumento de eficiência do uso da água na agricultura


definidas e implantadas – Em até 24 meses, são definidas as estratégias
viáveis para elevação da eficiência do uso da água na agricultura irrigada,
sendo implantadas nas bacias com maior comprometimento da vazão de
referência de outorga em até 30 meses, com avaliações semestrais de
redução de consumo. Os municípios de Governador Linderberger,
Marilândia e Vila Valério são os que mais possuem, proporcionalmente,
estabelecimentos com irrigação e deve ser priorizados;

• Difusão de tecnologias de produção de água implantada - Em até 30


meses, são implantados projetos modelo das alternativas de produção de
água propostos no PIRH, como início de um processo de demonstração e
difusão de tecnologias e avaliação de eficiência das medidas propostas,
com avaliações semestrais de alteração das vazões mínimas. Pela
ocorrência de processos erosivos e pela suscetibilidade dos solos da UA
São José, as tecnologias de produção de água, como as barraginhas, devem
abranger principalmente a área mais alta da unidade;

• Estratégias de convivência com a seca definidas e implantadas – Em


até 30 meses, são avaliadas e definidas as estratégias viáveis para redução
dos efeitos da seca na bacia do rio Doce, contemplando sistema de alerta,
apoio à implantação de projetos de irrigação coletivos e individuais,
divulgação de produtos e práticas de produção alternativas, previsão
climatológica de médio e longo período, entre outras.

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 61


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

III. Metas sobre Suscetibilidade a Enchentes

Uma meta desejada quanto à suscetibilidade a enchentes seria expressa por:


¾ Em 20 anos, as perdas de vidas humanas na bacia devidas às cheias são
reduzidas a zero e as perdas econômicas são reduzidas a 10% do valor atual,
com ações locais para combater as enchentes de origem convectiva e com
ações regionais, para combater as cheias de origem frontal.
As metas possíveis de serem propostas e para a Unidade são:

• Mapeamento de áreas críticas de deslizamento concluído – Em até 18


meses, o levantamento das áreas críticas de deslizamento está concluído e
apresentado na forma de mapas;

• Mapeamento de áreas inundáveis concluído – Em até 24 meses, é


realizado o mapeamento de áreas inundáveis para diferentes tempos de
retorno com base no modelo hidrológico selecionado;

• Critérios para Planos Diretores Municipais definidos – Em até 30


meses, são publicadas as orientações para os planos diretores municipais
sobre as áreas inundáveis, com localização destas áreas para diferentes
tempos de retorno de acordo com o projetado pelo modelo hidrológico;

• Inventário de locais de barramentos de contenção ou laminação


concluído – Em até 12 meses, são apresentados os possíveis locais de
implantação de barragens de contenção ou laminação de cheias a montante
de pontos críticos já identificados na fase de diagnóstico, com os
respectivos anteprojetos de engenharia;

• Análise de viabilidade de obras de contenção ou laminação concluída


– Em até 18 meses, são realizadas as análise de pré-viabilidade destes
anteprojetos e seleção dos mais viáveis;

• Alternativas de contenção ou laminação apresentadas – Em até 20


meses, os anteprojetos considerados viáveis são apresentados aos gestores
estaduais e municipais, comitês de bacia e órgãos federais relacionados
com cheias e seus efeitos;

• Projeto Básico e EIA das obras de contenção ou laminação


contratados – Em até 30 meses, são lançados os editais de contratação
dos projetos básicos de engenharia e de estudos de impacto ambiental das
alternativas aprovadas pelos gestores;

• Inventário de locais de controle de cheias concluído – Em até 12 meses,


são identificados e caracterizados os possíveis locais de implantação de
obras de controle local de cheias em pontos críticos, com execução dos
respectivos anteprojetos de engenharia;

• Análise de viabilidade do controle de cheias concluída - Em até 18


meses, são realizadas as análise de pré-viabilidade destes anteprojetos e
seleção dos mais viáveis;

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 62


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

• Alternativas de controle de cheias apresentadas - Em até 20 meses, os


anteprojetos considerados viáveis são apresentados aos gestores estaduais
e municipais, comitês de bacia e órgãos federais relacionados com cheias e
seus efeitos;

• Projeto Básico e EIA das obras de controle de cheias contratados - Em


até 30 meses, são lançados os editais de contratação dos projetos básicos
de engenharia e de estudos de impacto ambiental das alternativas
aprovadas pelos gestores;

• Zoneamento territorial da bacia do rio Doce concluído – Em até 24


meses, é apresentado o zoneamento territorial da bacia do rio Doce, em
escala inferior a 1:50.000, representando a ocupação atual e a desejável,
considerando os riscos de cheias com diferentes tempos de retorno de
acordo com o modelo hidrológico selecionado;

IV. Metas sobre Universalização do Saneamento

¾ Em 2030, as coberturas dos serviços de esgotamento sanitário nas áreas


urbanas e rurais da bacia, esgotamento pluvial das cidades com mais de 5.000
habitantes e de recolhimento, tratamento e destinação final de resíduos sólidos
são iguais ou superiores à média dos estados em que cada bacia está localizada,
enquanto que o abastecimento de água atinge a 100% dos núcleos residenciais.
A redução da carga orgânica dos esgotos sanitários é da ordem de 90% até o
ano de 2020, considerando o patamar expresso na CIPE rio Doce. No mesmo
ano, todos os municípios são atendidos por aterros sanitários e unidades de
triagem e compostagem.

Dentro de uma visão de gestão integrada de recursos hídricos, as metas podem ser
reescritas, trazendo para o âmbito de ação dos comitês de gerenciamento de bacias
hidrográficas:

• Apoio aos planos municipais de saneamento definido - No prazo de seis


meses, é definida, por parte de entidades do arranjo institucional proposto,
uma política de apoio á formulação dos planos municipais de saneamento,
na forma de linha de crédito por banco estatal ou por fundo setorial e na
divulgação dos estudos e informações existentes junto aos Comitês de
Bacia e suas instituições formadoras;

• Informações sobre saneamento consolidadas - No prazo de vinte e


quatro meses (2012), as informações constantes dos planos municipais de
saneamento aprovados até dezembro de 2010 são consolidadas em um
único quadro referencial, que apresenta as metas específicas para a
captação, tratamento e distribuição de água potável; para a coleta,
tratamento e destinação final de esgotos sanitários e industriais; coleta,
tratamento e destinação final de resíduos sólidos e efluentes derivados;
coleta e destinação final dos esgotos pluviais.

• Estudo de viabilidade de tratamento e destinação final de resíduos


sólidos concluído - No prazo de 30 meses, uma proposta de conjugação de

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 63


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

esforços quanto ao tratamento e destinação final de resíduos sólidos e


efluentes derivados é apresentada ao conjunto de municípios da região ou
de cada sub-bacia, apresentando a viabilidade de tratamento conjunto
destes resíduos;

• Estudo de viabilidade da expansão dos sistemas de abastecimento de


água, de tratamento de esgoto e coleta, tratamento e destinação de
resíduos sólidos ao meio rural concluído – em até 42 meses, um estudo
de viabilidade de expansão do saneamento para a área rural da bacia é
concluído, indicando os critérios de viabilidade técnica e econômica desta
expansão e os seus efeitos em termos de qualidade da água na bacia por
trecho.

V. Metas sobre Recuperação, Implementação e Incremento de Áreas


Legalmente Protegidas

Uma meta desejável sobre este tema seria:


¾ Até o ano 2030, a bacia do rio Doce apresenta uma elevação do número de
unidades de conservação efetivamente implantadas e manejadas, atingindo um
patamar de 10% de seu território com restrição de uso, para conservação e
preservação ambiental, em cada UPGRH/UA. O grau de conservação das
Unidades de Conservação (UCs) e Áreas de Preservação Permanente (APPs) é
suficiente para contemplar a totalidade dos biomas de interesse, bem como
buscar a formação de corredores ecológicos eficientes para a dispersão e
conservação das espécies de fauna e flora identificadas como de importância e
relevância para a bacia.
Verifica-se, porém, que, na maioria das vezes, não há um detalhamento suficiente
das áreas de interesse e/ou uma avaliação adequada da viabilidade técnica, econômica,
financeira, social e ambiental para a implantação de tais unidades de conservação ou reservas
legais. O nível de detalhe dos dados existentes é insuficiente para o mapeamento e o início
dos processos legais necessários para a formalização destas unidades de conservação ou
reservas legais. São necessárias ações prévias, diretamente focadas neste objetivo, que
permitam a correta delimitação das áreas de interesse, a identificação dos possíveis entraves,
dos valores e dos recursos humanos e materiais necessários, entre outras informações.
As metas possíveis em termos de gestão são:

• Diagnóstico da implementação da atual Unidade de Conservação


concluído - no prazo de 12 meses, a unidade de conservação já criada e as
nove anunciadas para breve criação são caracterizadas quanto aos seus
estágios de implementação e criação, descrevendo sua infra-estrutura,
equipe de trabalho, existência e adequação de seu plano de manejo,
orçamento e necessidades de investimento, programa de comunicação com a
comunidade do entorno, principais problemas e projetos em andamento,
entre outros elementos, de forma a criar um quadro referencial que permita a
ação política do arranjo institucional para a realização de demandas ou para
o estabelecimento de parcerias com os órgãos responsáveis pelas UCs;

• Proposição de novas Unidades de Conservação apresentada - no prazo


de 24 meses, são identificadas as áreas aptas a criação de novas Unidades de

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 64


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce

Conservação, preferencialmente de Proteção Integral, utilizando critérios


que atendam às metas do PARH e do PIRH. Estas novas áreas são
caracterizadas quanto à sua importância na preservação dos recursos
hídricos e quanto ao estabelecimento de corredores ecológicos de interesse
regional. Esta proposição é consolidada na forma de um dossiê com as
informações mínimas necessárias para a abertura, pelos órgãos competentes
(IEMA, ICMBIO), de um processo de criação destas unidades;

• Proposição de uma política de incentivo à criação de novas Unidades de


Conservação apresentada – no prazo de 24 meses, é apresentada, aos
órgãos ambientais (IEMA, ICMBIO), uma política de incentivo à criação de
novas Unidades de Conservação de Uso Sustentável na UA Santa Maria do
Doce, compatível com o Zoneamento Territorial da Bacia do Rio Doce,
identificando áreas e biomas prioritários;

Quanto à recuperação das APPs, são propostas as seguintes metas:

• Diagnóstico da situação das APPs na bacia concluído – no prazo de 12


meses, é realizado um diagnóstico crítico da situação das APPs do tipo topo
de morro, encostas e matas ciliares, com base na análise de séries de
imagens de satélite, modelos digitais de elevação do terreno e vistoria a
campo por amostragem. Este diagnóstico deve hierarquizar, com base nos
critérios de melhoria da qualidade e disponibilidade hídrica, as áreas com
maior necessidade de processos de recuperação das APPs, por sub-bacia,
indicando os processos recomendados para esta recuperação e uma
estimativa dos recursos humanos, materiais e financeiros para sua execução.

• Proposição de plano de recuperação de APPs concluída- No prazo


máximo de 24 meses, são realizados os estudos necessários para o
mapeamento, a identificação, a descrição e a caracterização de áreas de APP
hierarquizadas de acordo com a meta anterior, para a montagem da
respectiva proposta de remediação, com cronograma, orçamento, equipe
técnica e administrativa necessária, e proposição de um plano inicial de
manejo e monitoramento posterior à remediação;

• Estudo de viabilidade para recuperação de APPs e formação de


corredores ecológicos concluído - No prazo máximo de 36 meses, um
estudo de viabilidade técnica, ambiental, social, econômica e financeira para
a remediação das áreas indicadas pelos estudos anteriores é apresentado ao
arranjo de Comitês, órgãos ambientais e governos estaduais, para definição
de estratégias de intervenção nas áreas selecionadas.

CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME 65


-- Contrato Nº 043/2007 - IGAM--
Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Ações de Recursos Hídricos para as Unidades de
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5. INTERVENÇÕES RECOMENDADAS E INVESTIMENTOS PREVISTOS

A obtenção de um cenário mais próximo possível da bacia que queremos só poderá


ocorrer com intervenções planejadas na UA São José. Como intervenções, entende-se a
aplicação das ações específicas para a UA São José, constantes dos programas delineados no
PIRH Doce. Estas intervenções tanto podem ser obras, com implantação de estruturas físicas,
tais como aterros sanitários e estações de tratamento de esgotos, ações de recuperação de
áreas degradadas e renaturalização de bacias, como também ações de planejamento e gestão,
tais como estudos e projetos, capazes que configurar uma melhoria real na situação dos
recursos hídricos da região, no que diz respeito às disponibilidades e qualidade das águas. As
metas específicas para a UA São José, expostas no capítulo anterior, traduzem, inclusive com
datas e prazos, as ações preconizadas para a Unidade.
A sociedade organizada, aqui considerada como representada pelo Comitê de
Gerenciamento de Bacia Hidrográfica, pode, a partir da implantação do PIRH Doce e dos
respectivos PARHs, decidir sobre o ritmo e a intensidade destas intervenções.
Obviamente, as ações que dizem respeito à renaturalização de bacias ou recuperação
de áreas degradadas, no estágio de conhecimento que se tem da Unidade, ainda necessitam de
um esforço de caracterização e detalhamento, para o qual o Plano destina recursos e define
procedimentos metodológicos, sem, entretanto, estipular metas físicas de execução.
As intervenções propostas no PIRH Doce e que serão eleitas e redimensionadas em
cada um dos nove PARHs são apresentadas na forma de Programas, Sub-programas e
Projetos, em ordem decrescente de complexidade.
As ações do PIRH Doce são apresentadas no Quadro 28, o qual também indica a
hierarquia destas ações para a bacia como um todo.

Quadro 28 – Classificação dos programas, sub-programas e projetos quanto a sua


hierarquia, com base na relevância e urgência das metas relacionadas
P 11 - Programa de Saneamento da Bacia
P 12 - Programa de Controle de Atividades Geradoras de Sedimentos
P 13 – Programa de Apoio ao controle de efluentes em pequenas e micro empresas
P 21 - Programa de Incremento de Disponibilidade Hídrica-
P 22 - Programa de Incentivo ao Uso Racional da Água na Agricultura
P 23 - Programa de Redução de Perdas no Abastecimento Público de Água
P 24 - Implementação do Programa “Produtor de Água”
P 25 – Ações de convivência com a seca
P 25.a Estudos para avaliação dos efeitos das possíveis mudanças climáticas globais nas relações entre
disponibilidades e demandas hídricas e proposição de medidas adaptativas
P 31 - Programa de Convivência com as Cheias
P 41 - Programa de Universalização do Saneamento
P 42 – Programa de Expansão do Saneamento Rural
P 51 - Programa de Avaliação Ambiental para Definição de Áreas com Restrição de Uso
P 51.a Projeto Restrição de uso das áreas de entorno de aproveitamentos hidrelétricos
P 52 - Programa de Recomposição de APP’s e nascentes
P 52.a – Projeto de recuperação de lagoas assoreadas e degradadas
P 61 - Programa de Monitoramento e Acompanhamento da Implementação da Gestão Integrada dos
Recursos Hídricos

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P 61 1 Sub-programa Cadastramento e manutenção do cadastro dos usuários de recursos hídricos da


Bacia
P 61 2 Sub-programa Fortalecimento dos Comitês na Bacia segundo o arranjo institucional elaborado no
âmbito do plano e objetivando a consolidação dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos
Hídricos.
P 61 3 Sub-programa Gestão das Águas subterrâneas
P 61 4 Sub-programa Revisão e Harmonização dos Critérios de Outorga
P 61.a Projeto Desenvolvimento de um Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos da Bacia do Rio
Doce
P 61.b Estudos complementares para elaboração de proposta de enquadramento dos corpos d’água
P 61.c Projeto Diretrizes para a Gestão da Região do Delta do Rio Doce, assim como da região da
Planície Costeira do Espírito Santo na bacia do Rio Doce
P 61.d Projeto - Consolidação de mecanismos de articulação e integração da fiscalização exercida pela
ANA, IGAM e IEMA na bacia
P 61.e – Projeto Avaliação da aceitação da proposta de cobrança
P 62 - Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos
P 62 1 Sub-programa de levantamentos de dados para preenchimento de falhas ou lacunas de
informações constatadas no Diagnóstico da Bacia
P 71 - Programa de Comunicação do Programa de Ações
P 72 – Programa de Educação Ambiental
P 73 - Programa de Treinamento e Capacitação
Legenda:
Ação acessória
Ação de pequena importância
Ação desejável
Ação importante
Ação essencial

É preciso destacar, neste momento, que o Plano de Ação não pode ser assumido
como um plano autônomo, independente da execução físico-financeira do Plano de
Investimentos do PIRH propriamente dito. O Plano de Ação nada mais é que o
desdobramento do PIRH, com uma interface de alocação de recursos e execução de serviços
vinculada aos limites geográficos da UA. Ou seja, o acompanhamento da execução do Plano
de Ação, aqui descrito, não prescinde do acompanhamento do PIRH, que contém,
efetivamente, o plano de execução financeira do Plano Integrado de Recursos Hídricos,
considerando a bacia do rio Doce como um todo.
Os Planos de Ação da Bacia do rio Doce, na sua concepção geral, foram
contemplados como ações e programas para toda a bacia. Isto se faz, num primeiro momento,
pela constatação de que muitos dos problemas constatados na bacia possuem abrangência
regional, embora alguns fatores que causam comprometimento da qualidade ambiental
possam apresentar um componente localizado bastante intenso. Cita-se, como exemplo, o fato
das retiradas para irrigação se concentrarem predominantemente na porção capixaba da bacia.
Embora o programa que trata deste tema deva centrar sua ação neste local, todas as outras
porções da bacia devem, não obstante, ser impactadas positivamente por este programa.
Outro motivo importante para se conceber os Planos de Ação como desdobramentos
do PIRH diz respeito ao seu aspecto gerencial. A estrutura de coordenação, acompanhamento
e fiscalização dos planos deverá estar apta a abarcar todo o esforço físico e financeiro das
ações concebidas, independente das particularidades regionais.

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Os comitês das bacias afluentes, por sua vez, possuem um papel importante no
acompanhamento e viabilização das demandas regionais, embora não devam, por si só,
considerar o gerenciamento como atividade singular no âmbito de cada sub-bacia.
Dentro desta visão, existem muitos dos programas do PIRH que, por força de seu
escopo, são essencialmente ações de ampla abrangência na bacia.
As ações na bacia foram propostas com base em sete questões referenciais:
I. Qualidade da Água
II. Quantidade de Água - Balanços Hídricos
III. Suscetibilidade a Enchentes
IV. Universalização do Saneamento
V. Incremento de Áreas Legalmente Protegidas
VI. Implementação dos Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos
VII. Implementação das Ações do PIRH Doce
Dentro destas questões referenciais, os itens VI - Implementação dos Instrumentos de
Gestão de Recursos Hídricos; e VII - Implementação das Ações do PIRH Doce, possuem um
nítido caráter hierárquico superior, na medida em que organizam, consistem, implementam e
coordenam vários esforços de gestão dos recursos hídricos, com abrangência sobre toda a
bacia do Doce. Os programas que atendem a estas questões referenciais são:
• P61 - Programa de Monitoramento e Acompanhamento da Implementação da
Gestão Integrada dos Recursos Hídricos na Bacia do Rio Doce
• P62 - Programa de Monitoramento RH - Qualidade e Quantidade;
• P71 - Programa Comunicação do Programa de Ações
• P 72 - Programa Educação Ambiental
• P 73 - Programa Treinamento e Capacitação
Dito isto, pode-se considerar que todas as outras ações (programas, sub-programas e
projetos) em maior ou menor grau, são passíveis de terem ações específicas em cada bacia
afluente. Estas ações foram, posteriormente, espacializadas de acordo com a peculiaridade de
cada Unidade de Análise, conforme o Quadro 29.

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Quadro 29 – Espacialização territorial das ações


Unidade de Análise

Santa Maria
Manhuaçu
Piracicaba

Caratinga
Programas, sub programas e projetos do PIRH Doce

São José

Guandu
Antônio

do Doce
Piranga

Suaçuí
Santo
P 11 - Programa de saneamento da bacia
P 12 – Programa de Controle das Atividades Geradoras de Sedimentos
P 13 – Programa de apoio ao controle de efluentes em pequenas e micro
empresas
P 21 - Programa de Incremento de Disponibilidade Hídrica
P 22 - Programa de Incentivo ao Uso Racional de Água na Agricultura
P 23 - Programa de Redução de Perdas no Abastecimento Público de Água
P 24 - Programa Produtor de Água
P 25 - Programa Convivência com a Seca;
P 25.a - Estudos para avaliação dos efeitos das possíveis mudanças
climáticas globais nas relações entre disponibilidades e demandas hídricas
e proposição de medidas adaptativas
P 31 - Programa Convivência com as Cheias
P 41 - Programa Universalização do Saneamento
P 42 - Programa de Expansão do Saneamento Rural
P 51 - Programa de Avaliação Ambiental para definição de áreas com
restrição de uso
P 51.a - Projeto Restrição de uso das áreas de entorno de aproveitamentos
hidrelétricos
P 52 - Programa de Recomposição de APPs e nascentes
P 52.a – Projeto de recuperação de lagoas assoreadas e degradadas
P 61 - Programa de Monitoramento e Acompanhamento da Implementação
da Gestão Integrada dos Recursos Hídricos na Bacia do Rio Doce
P 61.1 - Sub-programa Cadastramento e manutenção do cadastro dos
usuários de recursos hídricos da Bacia
P 61.2 - Sub-programa Fortalecimento dos Comitês na Bacia segundo o
arranjo institucional elaborado no âmbito do plano e objetivando a
consolidação dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos
Hídricos.
P 61.3 - Sub-programa Gestão das Águas subterrâneas
P 61.4 - Revisão e Harmonização dos Critérios de Outorga
P 61.a - Projeto Desenvolvimento de um Sistema de Informações sobre
Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce
P 61.b - Projeto Proposta de Enquadramento para os principais cursos
d’água da bacia
P 61.c - Projeto Diretrizes para a Gestão da Região do Delta do Rio Doce,
assim como da região da Planície Costeira do Espírito Santo na bacia do
Rio Doce
P 61.d - Projeto - Consolidação de mecanismos de articulação e integração
da fiscalização exercida pela ANA, IGAM e IEMA na bacia
P 61.e - Projeto Avaliação da aceitação da proposta de cobrança
P 62 - Programa de monitoramento dos Recursos Hídricos – qualidade e
quantidade
P 62.1 - Sub-programa de levantamentos de dados para preenchimento de
falhas ou lacunas de informações constatadas no Diagnóstico da Bacia
P 71 - Programa Comunicação do Programa de Ações
P 72 - Programa de Educação Ambiental
P 73 - Programa Treinamento e Capacitação

Legenda:
Ação acessória ou sem significado para a unidade de análise
Ação de pequena importância para a unidade de análise
Ação desejável para a unidade de análise
Ação importante para a unidade de análise
Ação essencial para a unidade de análise

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A questão do uso do solo e carreamento de sedimentos aos cursos de água pode ser
considerada problema importante na bacia. A degradação do solo, a sobre-exploração e o uso
de tecnologias altamente impactantes associadas aos solos erodíveis e ao relevo declivoso, faz
com que vários programas estejam afetos ao disciplinamento do solo na bacia. São estes:
• P12 - Programa de Controle de Atividades Geradoras de Sedimentos
• P24 - Programa Produtor de Água
• P51 - Programa de Avaliação Ambiental para Definição de Áreas com
Restrição de Uso
• P52 - Programa de Recomposição de APPs e Nascentes
Os programas acima listados, de maneira indelével, são aderentes a quaisquer das
nove sub-bacias afluentes, sendo sua aplicação diferenciada resultado de avaliações
particularizadas ou de pactuação de aplicação de recursos, entre os membros do Comitê.
Ainda neste grupo, de abrangência geral na bacia, embora voltado para a questão do uso da
água e controle de efluentes, encontra-se o programa P13 - Programa de Apoio ao Controle
de Efluentes em Pequenas e Micro Empresas.
Da mesma forma, um dos problemas mais constantes na bacia do Doce, representado
pelas cheias do curso principal e cheias nos seus principais tributários, notadamente onde
existem núcleos urbanos instalados, possui abrangência geral no âmbito da bacia, sendo
objeto de um programa onde várias ações já se encontram em andamento: P31 - Programa
Convivência com as Cheias.
No tocante aos programas relacionados ao tema quantidade de água, entretanto, o uso
dos recursos hídricos passa a constituir especificidades onde é possível definir prioridades de
ação na bacia. Sobre este tema, a UA São José apresenta um prognóstico muito preocupante
de conflitos pelo uso da água, pois os resultados dos modelos hidrológicos indicam saldos
hídricos nulos ou negativos nos períodos de escassez. No caso da irrigação, deverão ser
consideradas ações de redução e controle de retiradas agrícolas. A região capixaba da bacia do
rio Doce, da mesma forma, tem sido confrontada nas últimas décadas com períodos de
estiagem que causam prejuízos à agropecuária e exercem forte pressão sobre os mananciais da
região. Deste modo, os programas que são afetos mais fortemente a estas regiões são:
• P21 - Programa de Incremento de Disponibilidade Hídrica
• P22 - Programa de Incentivo ao Uso Racional de Água na Agricultura
• P25 – Programa de Convivência com a Seca;
Dentre os programas que podem ter seus componentes perfeitamente
individualizados entre as sub-bacias, encontram-se aqueles que podem ser expressos por
indicadores municipais precisos, extraídos de dados oficiais e que traduzem uma realidade
conhecida.
Inicialmente, cita-se o P11 - Programa de Saneamento da Bacia, que visa à redução
da carga orgânica dos esgotos sanitários das sedes municipais da bacia do rio Doce, de forma
a atingir os requisitos das classes de enquadramento e cumprir as exigências da legislação,
tendo como meta reduzir em 90% a carga orgânica dos esgotos sanitários até o ano de 2020
(baseada na CIPE Rio Doce).
Os investimentos foram definidos com base em custos unitários, per capita,
considerando a população do município. Quando não discriminados, o custo total refere-se a
investimentos informados pelo prestador do serviço de saneamento (Quadro 30).

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Quadro 30 – Investimentos em rede de esgotamento sanitário e implantação de estações


de tratamento de esgotos na UA São José
Sede Municipal Rede de Esgotos (R$) ETE (R$) Total
Águia Branca/ES 862.039,16 543.279,87 1.405.319,03
Alto Rio Novo/ES 890.264,03 587.933,01 1.478.197,04
Governador Lindenberg/ES 1.397.610,90 404.358,99 1.801.969,89
Jaguaré/ES 7.297.954,20 2.111.455,62 9.409.409,82
Linhares/ES 23.676.440,33 23.700.551,98 47.376.992,31
Marilândia/ES 1.077.600,19 824.901,79 1.902.501,98
Pancas/ES 1.862.876,37 1.620.271,08 3.483.147,45
Rio Bananal/ES 1.330.332,13 965.358,36 2.295.690,49
São Domingos do Norte/ES 911.573,76 581.908,38 1.493.482,14
São Gabriel da Palha/ES 5.084.359,77 2.785.741,66 7.870.101,43
Sooretama/ES 6.396.341,78 2.276.837,62 8.673.179,40
Vila Valério/ES 1.386.701,26 825.846,83 2.212.548,09
Total 89.402.539,09

O programa se dará pela implantação e/ou complementação das redes de coleta, para
atingir a universalização do atendimento; e implantação e/ou complementação das unidades
de tratamento de esgotos sanitários urbanas.
Ainda na questão do saneamento, o P41 - Programa Universalização do Saneamento
trata de questões mais abrangentes, envolvendo um conjunto de serviços, infraestruturas e
instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, manejo de
resíduos sólidos e limpeza urbana e manejo das águas pluviais e drenagem urbana. O P42 -
Programa de Expansão do Saneamento Rural atende a mesma lógica.
A Política (art. 9º) e o Plano de Saneamento Básico (art. 19), instituídos pela Lei
11.445/2007, são os elementos centrais da gestão dos serviços municipais de saneamento.
Conforme essa lei, a boa gestão é objeto das definições da política de saneamento básico
formulada pelo titular dos serviços e engloba: o respectivo plano; o estabelecimento das
funções e normas de regulação, fiscalização e avaliação; a definição do modelo para a
prestação dos serviços; a fixação dos direitos e deveres dos usuários, inclusive quanto ao
atendimento essencial à saúde pública; o estabelecimento dos mecanismos de controle social e
do sistema de informação; dentre outras definições.
No presente momento, o que se deseja como meta é implementar, na sua
integralidade, os planos municipais de saneamento na Bacia. Os investimentos foram
definidos com base em custos unitários, per capita, considerando a população do município
(Quadro 31).

Quadro 31 – Investimentos na elaboração dos Planos Municipais de Saneamento na UA


São José
Sede Municipal R$
Águia Branca/ES 50.000,00
Alto Rio Novo/ES 50.000,00
Governador Lindenberg/ES 50.000,00
Jaguaré/ES 50.000,00
Linhares/ES 300.000,00
Marilândia/ES 50.000,00
Pancas/ES 50.000,00

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Sede Municipal R$
Rio Bananal/ES 50.000,00
São Domingos do Norte/ES 50.000,00
São Gabriel da Palha/ES 50.000,00
Sooretama/ES 50.000,00
Vila Valério/ES 50.000,00
Total 850.000,00

Implantar aterros sanitários e unidades de triagem e compostagem em todas as sedes


municipais na bacia do rio Doce também é uma ação integrante dentro do Programa de
Universalização do Saneamento. As ações serão desenvolvidas nas sedes municipais da bacia.
A tendência atual é de se buscar a formação de consórcios municipais para a destinação final
do lixo, o que deverá em muitos casos alocar o aterro sanitário em município diferente do
emissor dos resíduos. No Estado do Espírito Santo, com a implantação do programa Espírito
Santo sem Lixões, a implantação de aterros consorciados encontra-se bastante avançada.
A bacia do rio Doce foi dividida em Doce Leste e Doce Oeste. A primeira, constituída
dos municípios: Aracruz, Fundão, Ibiraçu, João Neiva, Linhares, Rio Bananal, Santa Teresa e
Sooretama, já possui soluções adequadas com estações de transbordo e aterros sanitários.
Em 18/8/2009 foi firmado o Consórcio Doce Oeste – CONDOESTE, abrangendo
todos os municípios desta área que são: Afonso Cláudio, Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo
Guandu, Colatina, Governador Lindenberg, Itaguaçu, Itarana, Mantenópolis, Arilância,
Pancas, São Domingos do Norte, São Roque do Canaã, Vila Valério, Laranja da Terra e São
Gabriel da Palha. Este consórcio faz parte do projeto em conjunto com as regiões Norte e Sul
do Estado, no qual o governo estadual está investindo R$ 50 milhões. Aos municípios cabe a
coleta urbana e a implantação de UTCs. O aterro sanitário do CONDOESTE será o existente
de Colatina.
Os investimentos foram definidos com base em custos unitários, per capita,
considerando a população do município. O custo da Unidade de Triagem e Compostagem
considera o custo de uma unidade de porte compatível com a população do município
(Quadro 32).

Quadro 32 – Investimentos na implantação de unidades de triagem e compostagem na


UA São José
Destinação Existente Custo Aterro Custo UTC Custo Total
Município
ou em Andamento Sanitário (R$) (R$) (R$)
Águia Branca/ES AS 200.000,00 200.000,00
Alto Rio Novo/ES AS 200.000,00 200.000,00
Governador Lindenberg/ES AS 200.000,00 200.000,00
Jaguaré/ES AS 200.000,00 200.000,00
Linhares/ES AS 520.000,00 520.000,00
Marilândia/ES AS 200.000,00 200.000,00
Pancas/ES AS 200.000,00 200.000,00
Rio Bananal/ES AS 200.000,00 200.000,00
São Domingos do Norte/ES AS 200.000,00 200.000,00
São Gabriel da Palha/ES AS 280.000,00 280.000,00
Sooretama/ES AS 200.000,00 200.000,00
Vila Valério/ES AS 200.000,00 200.000,00
Total 2.800.000,00
LX = lixão AC = Aterro Controlado
As = Aterro Sanitário UTC = Unidade de Triagem e Compostagem

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Por fim, o P23 - Programa de Redução de Perdas no Abastecimento Público de


Água também apresenta um enfoque que pode ser discriminado em âmbito municipal. Este
constitui o aspecto da gestão dos sistemas de abastecimento de água que tem um importante
impacto localizado na melhoria na disponibilidade hídrica da bacia, podendo chegar a um
impacto de redução nas vazões captadas de até 17%. É, portanto um importante aspecto que
deve receber investimentos. O combate às perdas nos sistemas distribuidores tem como foco
principal a redução dos volumes fornecidos, medidos ou não e não convertidos em receita,
mas o conjunto das ações envolvidas tem também como conseqüência uma melhoria geral na
gestão do sistema, com reflexos positivos inclusive na universalização e na qualidade dos
serviços.
Os investimentos foram definidos com base em custos unitários, considerando o
volume de perdas, quando acima da meta estabelecida, ou a não existência de estatística
confiável (Quadro 33).

Quadro 33 – Índice de perdas e investimentos na redução de perdas de abastecimento


público na UA São José
Sede Municipal Perdas (Litros/lig.dia) R$
Águia Branca/ES 188,03
Alto Rio Novo/ES 43,71
Governador Lindenberg/ES 215.649,00
Jaguaré/ES 845.334,00
Linhares/ES 263,14 5.994.027,39
Marilândia/ES 304.101,00
Pancas/ES 146,34
Rio Bananal/ES 351,59 348.264,00
São Domingos do Norte/ES 197.946,00
São Gabriel da Palha/ES 322,14 1.354.626,00
Sooretama/ES 936.747,00
Vila Valério/ES 128,06
Total 10.196.694,39

A divisão de valores referentes às ações do PIRH Doce entre as unidades de análise


seguiu uma lógica onde foram considerados quatro critérios distintos: (i) Critérios de
população (onde o percentual de população da UA dentro da bacia do Doce determinou o
montante de recursos destinados à Unidade); (ii) Critério da população rural. (iii) Critério de
área (onde o percentual da área da UA dentro da bacia do Doce determinou o montante de
recursos destinados à Unidade); (iv) Critério de área irrigada (onde o percentual da área
irrigada da UA dentro da bacia do Doce determinou o montante de recursos destinados à
Unidade; e (v) Critério de deficiência hídrica, na qual para as cinco unidades de análise (entre
elas, a UA São José) que apresentaram deficiência de quantidade de água no prognóstico
foram contemplados com uma verba para estudos e projetos.
Alguns programas, ainda, por se tratarem de ação de âmbito geral da bacia,
notadamente aqueles relacionados ao arranjo institucional, não podem ter seus valores
parciais alocados a nenhuma Unidade de Análise específica.
Ainda com relação a este tema, é preciso destacar que, com exceção dos valores
alocados especificamente a intervenções orçadas individualmente, a distribuição de valores

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entre as unidades, utilizando critérios de área, população ou área irrigada é meramente


estimativo, devendo haver ajustes quando da efetiva aplicação dos programas, considerando a
evolução dos estudos diagnósticos, a elaboração de projetos específicos, e a capacidade
gerencial e de mobilização dos comitês locais.

Da mesma forma, a distribuição dos valores ao longo do horizonte das intervenções,


deverá sofrer ajustes conforme a execução das ações de planejamento e gestão (cronograma
em sequência), prevendo-se uma necessária flexibilidade em virtude das peculiaridades de
cada bacia e do avanço do arranjo institucional proposto.

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Quadro 34 - Intervenções previstas para a UA São José e bacia do rio Doce


INVESTIMENTO CRITÉRIO DE
TOTAL DO INVESTIMENTO
QUESTÃO REFERENCIAL AÇÕES PROPOSTAS PREVISTO NA DISTRIBUIÇÃO DO
PREVISTO NA BACIA DO DOCE
UA VALOR
P11 - Programa de Saneamento da Bacia 89.402.539 orçamento em base municipal R$ 916.592.923,44
I. Qualidade da Água P12 - Programa de Controle de Atividades Geradoras de Sedimentos 675.263 área R$ 6.010.000,00
P13 - Programa de Apoio ao Controle de Efluentes em Pequenas e Micro empresas 133.218 população R$ 6.300.000,00
P21 - Programa de Incremento de Disponibilidade Hídrica 3.000.000 defíciência hídrica R$ 8.000.000,00
P22 - Programa de Incentivo ao Uso Racional de Água na Agricultura 1.500.000 área irrigada R$ 4.000.000,00
P23 - Programa de Redução de Perdas no Abastecimento Público de Água 10.196.694 população R$ 105.211.511,59
II. Disponibilidade de Água P24 - Programa Produtor de Água 4.050.000 área R$ 10.800.000,00
P25 - Ações de Convivência com a Seca 5.175.000 área R$ 13.800.000,00
P 25.a Estudos para Avaliação dos Efeitos das Possíveis Mudanças Climáticas Globais nas Relações entre
39.325 área R$ 350.000,00
Disponibilidades e Demandas Hídricas e Proposição de Medidas Adaptativas
III. Suscetibilidade a Enchentes P31 - Programa Convivência com as Cheias 137.511 população R$ 6.503.060,00
P41 - Programa Universalização do Saneamento 3.650.000 R$ 182.627.150,00
IV. Universalização do Saneamento população
P42 - Programa de Expansão do Saneamento Rural 508.349 R$ 4.000.000,00
P51 - Programa de Avaliação Ambiental para Definição de Áreas com Restrição de Uso 393.248 população rural R$ 3.500.000,00
V. Incremento de Áreas Legalmente P 51.a Projeto Restrição de Uso das Áreas de Entorno de Aproveitamentos Hidrelétricos 280.891 área R$ 2.500.000,00
Protegidas P52 - Programa de Recomposição de APPs e Nascentes 970.761 área R$ 8.640.000,00
P 52.a – Projeto de recuperação de lagoas assoreadas e degradadas 30.000 área R$ 270.000,00
P61 - Programa de Monitoramento e Acompanhamento da Implementação da Gestão Integrada dos
674.139 área R$ 6.000.000,00
Recursos Hídricos
P 61.1 Sub-Programa Cadastramento e Manutenção do Cadastro dos Usuários de Recursos Hídricos da
2.831.386 área R$ 25.200.000,00
Bacia
P 61.2 Sub-programa Fortalecimento dos Comitês na Bacia segundo o arranjo institucional elaborado no
âmbito do plano e objetivando a consolidação dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos 150.000 área R$ 1.350.000,00
Hídricos
P 61.3 Gestão das Águas Subterrâneas 252.802 área R$ 2.250.000,00
P 61.4 Revisão e Harmonização dos Critérios de Outorga 85.391 R$ 760.000,00
VI. Implementação dos P 61.a Projeto Desenvolvimento de um Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos da Bacia do Rio
Instrumentos de Gestão de Recursos 503.357 área R$ 4.480.000,00
Doce
Hídricos
P 61.b Projeto Proposta de Enquadramento para os Principais Cursos D’Água da Bacia 280.891 área R$ 2.500.000,00
P 61.c Projeto Diretrizes para a Gestão da Região do Delta do Rio Doce, Assim Como da Região da
750.000 área R$ 1.500.000,00
Planície Costeira do Espírito Santo na Bacia do Rio Doce
P 61.d Projeto - Consolidação de Mecanismos de Articulação e Integração da Fiscalização Exercida pela
404.484 R$ 3.600.000,00
ANA, IGAM e IEMA na Bacia
P 61.e – Projeto Avaliação da Aceitação da Proposta de Cobrança 89.885 área R$ 800.000,00
P62 - Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos 672.566 área R$ 5.986.000,00
P 62.1 Sub-programa de Levantamentos de Dados para Preenchimento de Falhas ou Lacunas de
191.006 área R$ 1.700.000,00
Informações Constatadas no Diagnóstico da Bacia
P71 - Programa Comunicação do Programa de Ações 280.891 área R$ 2.500.000,00
VII. Implementação das Ações do
P72 - Programa Educação Ambiental 494.369 população R$ 4.400.000,00
PIRH Doce
P73 - Programa Treinamento e Capacitação 308.981 população R$ 2.750.000,00
TOTAL 128.112.949 R$ 1.344.880.645,03

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Quadro 35 – Cronograma de execução dos programas


Programas, Sub-programas 2.010 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 2.016 2.017 2.018 2.019 2.020 Total
P 11 - Programa de Saneamento da Bacia 22.350.635 29.502.838 8.940.254 3.576.102 3.576.102 3.576.102 3.576.102 3.576.102 3.576.102 3.576.102 3.576.102 89.402.539
P 12 - Programa de Controle de Atividades Geradoras de Sedimentos 0 0 317.374 81.032 81.032 81.032 81.032 33.763 0 0 0 675.263
P 13 – Programa de apoio ao controle de efluentes em pequenas e micro empresas 0 0 0 0 66.609 66.609 0 0 0 0 0 133.218
P 21 - Programa de Incremento de Disponibilidade Hídrica- 1.200.000 600.000 300.000 300.000 300.000 300.000 0 0 0 0 0 3.000.000
P 22 - Programa de Incentivo ao Uso Racional da Água na Agricultura 450.000 300.000 150.000 150.000 150.000 75.000 75.000 75.000 75.000 0 0 1.500.000
P 23 - Programa de Redução de Perdas no Abastecimento Público de Água 0 0 0 0 3.059.008 3.059.008 1.529.504 1.019.669 509.835 509.835 509.835 10.196.694
P 24 - Implementação do Programa “Produtor de Água 0 0 2.430.000 405.000 405.000 405.000 405.000 0 0 0 0 4.050.000
P 25 – Ações de convivência com a seca 1.552.500 776.250 776.250 776.250 258.750 258.750 258.750 258.750 258.750 0 0 5.175.000
P 25.a Estudos para avaliação dos efeitos das possíveis mudanças climáticas
globais nas relações entre disponibilidades e demandas hídricas e proposição de 0 0 0 0 0 0 0 0 19.662 19.662 0 39.325
medidas adaptativas
P 31 - Programa de Convivência com as Cheias 0 0 31.215 34.790 30.390 19.939 18.427 2.750 0 0 0 137.511
P 41 - Programa de Universalização do Saneamento 0 0 912.500 912.500 365.000 365.000 365.000 365.000 365.000 0 0 3.650.000
P 42 – Programa de Expansão do Saneamento Rural 0 0 305.009 50.835 50.835 50.835 50.835 0 0 0 0 508.349
P 51 - Programa de Avaliação Ambiental para Definição de Áreas com Restrição
0 0 275.274 39.325 39.325 39.325 0 0 0 0 0 393.248
de Uso
P 51.a Projeto Restrição de uso das áreas de entorno de aproveitamentos
0 0 0 0 196.624 28.089 28.089 28.089 0 0 0 280.891
hidrelétricos
P 52 - Programa de Recomposição de APP’s e nascentes 0 0 728.071 48.538 48.538 48.538 48.538 48.538 0 0 0 970.761
P 52.a – Projeto de recuperação de lagoas assoreadas e degradadas 0 0 12.000 6.000 6.000 6.000 0 0 0 0 0 30.000
P 61 - Programa de Monitoramento e Acompanhamento da Implementação da
269.656 134.828 134.828 134.828 0 0 0 0 0 0 0 674.139
Gestão Integrada dos Recursos Hídricos
P 61 1 Sub-programa Cadastramento e manutenção do cadastro dos usuários de
2.038.598 198.197 198.197 198.197 198.197 0 0 0 0 0 0 2.831.386
recursos hídricos da Bacia
P 61 2 Sub-programa Fortalecimento dos Comitês na Bacia segundo o arranjo
institucional elaborado no âmbito do plano e objetivando a consolidação dos 82.500 67.500 0 0 0 0 0 0 0 0 0 150.000
Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
P 61 3 Gestão das Águas subterrâneas 141.569 111.233 0 0 0 0 0 0 0 0 0 252.802
P 61 4 Revisão e Harmonização dos critérios de outorga 0 46.965 38.426 0 0 0 0 0 0 0 0 85.391
P 61.a Projeto Desenvolvimento de um Sistema de Informações sobre Recursos
181.209 40.269 40.269 40.269 40.269 40.269 40.269 40.269 40.269 0 0 503.357
Hídricos da Bacia do Rio Doce
P 61.b Projeto Proposta de Enquadramento para os principais cursos d’água da
0 0 196.624 84.267 0 0 0 0 0 0 0 280.891
bacia
P 61.c Projeto Diretrizes para a Gestão da Região do Delta do Rio Doce, assim
0 0 375.000 375.000 0 0 0 0 0 0 0 750.000
como da região da Planície Costeira do Espírito Santo na bacia do Rio Doce
P 61.d Projeto - Consolidação de mecanismos de articulação e integração da
0 0 137.524 133.480 133.480 0 0 0 0 0 0 404.484
fiscalização exercida pela ANA, IGAM e IEMA na bacia
P 61.e – Projeto Avaliação da aceitação da proposta de cobrança 0 0 89.885 0 0 0 0 0 0 0 0 89.885
P 62 - Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos 201.770 47.080 47.080 47.080 47.080 47.080 47.080 47.080 47.080 47.080 47.080 672.566
P 62 1 Sub-programa de levantamentos de dados para preenchimento de falhas ou
0 0 95.503 95.503 0 0 0 0 0 0 0 191.006
lacunas de informações constatadas no Diagnóstico da Bacia
P 71 - Programa de Comunicação do Programa de Ações 168.535 11.236 11.236 11.236 11.236 11.236 11.236 11.236 11.236 11.236 11.236 280.891
P 72 – Programa de Educação Ambiental 0 0 128.536 123.592 34.606 34.606 34.606 34.606 34.606 34.606 34.606 494.369
P 73 - Programa de Treinamento e Capacitação 0 0 86.515 27.808 27.808 27.808 27.808 27.808 27.808 27.808 27.808 308.981
Total 28.636.971 31.836.395 16.757.568 7.651.631 9.125.887 8.540.224 6.597.274 5.568.660 4.965.347 4.226.328 4.206.666 128.112.949

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6. CONCLUSÕES E DIRETRIZES GERAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO PARH

A Unidade de Análise São José pode ser caracterizada por alguns aspectos básicos
que definem sua relação de uso com os recursos hídricos, decorrentes de aspectos
fisiográficos e sócio-econômicos da região.
A irrigação é o principal uso consuntivo, representando 79 % do total das retiradas.
Considerando as disponibilidades, os balaços hídricos, tanto na sub-bacia do São José quanto
nas sub-bacias dos rios Barra Seca e Pancas, mostram uma situação de estresse hídrico,
provocando situações de conflitos de uso. Notadamente na sub-bacia do Pancas, já se
observam hoje saldos hídricos negativos, da ordem de 0,08 m³/s, que tendem a se agravar no
futuro, caso não sejam adotadas medidas de aumento de disponibilidade hídrica e controle dos
usos da irrigação, tal como já está sendo implementado atualmente pelo Pode Público, no
Espírito Santo.
Para o futuro, caso se mantenham as taxas de crescimento do uso da agricultura
irrigável, se projetam saldos hídricos negativos também para as sub-bacias do São José e
Barra Seca.
Desta forma, considera-se importante o início de ações de gestão no sentido de se
estudar e planejar intervenções estruturais na forma de barragens, explotação de águas
subterrâneas e aduções da calha do rio Doce, bem como controle e racionalização das
retiradas.
Igualmente, como forma de dar início a um processo de incremento de oferta hídrica
através de regularização das vazões em micro-bacias que tiveram seu sistema natural alterado,
é possível introduzir ações de renaturalização, pela construção de “barraginhas” e outros
dispositivos que promovem a infiltração da água no solo. A recuperação de Áreas de
Preservação Permanente – APPs, como a recuperação de mata ciliar e vegetação de topo de
morros também é um importante aliado neste processo.
No atual cenário, a qualidade da água também é uma questão a ser abordada pelo
presente Plano. A contaminação sanitária, notadamente nos núcleos urbanos, assoma como o
fator que mais constantemente ultrapassa os valores permitidos pela legislação, referente ao
parâmetro coliformes totais. Os outros parâmetros afetados dizem respeito à turbidez e
fósforo, relacionados com a erosão do solo e contaminantes dos insumos agrícolas utilizados
na agricultura (pesticidas e adubos).
Desta forma, as ações de controle de qualidade da água devem estar centradas em
duas ações distintas: (i) coleta e tratamento de esgotos, bem como disposição adequada dos
resíduos sólidos, e (ii) controle da erosão, no caso do aporte de contaminantes de origem
difusa no meio rural.
Em todas estas questões, também é necessário que se promova um processo de
discussão da regulação do saneamento nas cidades da bacia, como forma de tornar as ações de
saneamento propostas neste plano integrantes de um processo de planejamento maior,
envolvendo também o abastecimento de água e a drenagem pluvial nas cidades. Neste caso, a
adoção dos Planos Municipais de Saneamento pode contribuir sobremaneira para dotar a
cidades de um instrumento de planejamento que projete soluções para o futuro.
Especificamente quanto ao abastecimento de água, as cidades de São Gabriel da
Palha, Rio Bananal e Linhares possuem volumes de perda superiores à meta estipulada de 200
L/lig. x dia, enquanto que para outras sedes urbanas não se dispõe de estatística disponível.

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A questão das enchentes também deve ser considerada como um ponto importante
sobre o qual o PIRH Doce deve abordar e propor soluções, uma vez que as cidades da bacia
podem sofrer com inundações em períodos de precipitações intensas ou prolongadas, como já
ocorreu em períodos recentes. Tanto os Planos Municipais de Saneamento quanto as
iniciativas de planejamento constantes no Plano de Convivência com as Cheias podem dotar
as cidades de instrumentos para atenuar os danos com as cheias.
Neste ponto, há que se considerar que na UA o Plano de Ação correspondente se vale
de iniciativas governamentais que impulsionam as iniciativas propostas para um ambiente de
plena realização. O programa Espírito Santo Sem Lixões, por exemplo, pode canalizar e servir
de base para os processos de gestão necessários à plena efetivação das medidas propostas. A
implantação de ações de coleta e tratamento de esgoto, neste caso, podem se beneficiar deste
ambiente nitidamente pró-ativo para as questões de saneamento. Cabe ao CBH São José, neste
momento, secundar estas iniciativas, incorporando-as aos esforços já existentes na região.
Os resultados das ações de saneamento nas cidades, caso bem conduzidas,
apresentam resultados imediatos, diminuindo sobremaneira a contaminação por coliformes e
DBO sobre os rios e cursos d’água próximos às cidades da bacia.
O controle do aporte de sedimentos e contaminantes associados, oriundos das
atividades agrícolas, entretanto, costuma apresentar resultados somente a longo prazo, em
função da ampla área de origem e da dificuldade de se implantar práticas conservacionistas
baratas e eficientes no meio rural. Usualmente, os resultados são mais eficientes quando
tomados como integrantes de um processo de gestão de micro-bacias. Neste caso, haveria a
conjugação de esforços no sentido de se diminuir o processo de erosão do solo, associado à
recuperação de nascentes, áreas de preservação permanente e mesmo, em determinados casos,
implantação de Unidades de Conservação. O efeito, neste caso, da melhoria da qualidade
ambiental da micro-bacia, se daria não só sobre a qualidade da água, como também sobre o
aumento da vazão regularizada, diminuindo os efeitos da sazonalidade dos recursos hídricos.
Por todo o exposto, é possível afirmar que a UA São José possui distintos desafios
para a implantação das metas específicas da Unidade. Inicialmente, é preciso resolver as
questões de disponibilidade hídrica da bacia, para o qual existem soluções tecnológicas
viáveis e plenamente difundidas na região. Também é necessário investir no saneamento, na
coleta e tratamento de esgotos e disposição adequada dos resíduos sólidos.
Concomitantemente, mas com resultados a serem observados a longo prazo, é necessário
desenvolver ações demonstrativas de recuperação de micro-bacias, envolvendo recuperação
de áreas degradas e a renaturalização, objetivando não só a redução de sedimentos e
contaminantes, mas também com reflexos sobre a vazão regularizada.
Também se faz necessário dotar a bacia com instrumentos de planejamento, tais
como os Planos Municipais de Saneamento, agregando e coordenando as diversas ações
propostas.
Por fim, é preciso destacar uma ação de âmbito geral, mas que possui reflexos
importantes sobre a Unidade, que trata do esforço no sentido de se identificar com maior
precisão o setor irrigante, tido como o maior tomador de água na bacia, conhecendo os
sistemas de captação e irrigação utilizados, os volumes retirados e a eficiência de rega, bem
como os mananciais utilizados. Não menos importante, se faz necessário o adensamento da
malha de monitoramento da qualidade de água na bacia. Estes conhecimentos serão de grande
valia para as etapas de revisão do plano.

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Não estão listadas no rol de ações acima descritas as iniciativas de outros programas
do PIRH Doce que, apesar de terem ação específica na Unidade, são de caráter geral e
abrangente, não podendo, portanto, ser desmembradas em componentes individuais, tais como
o Programa de Comunicação do Programa de Ações, o Programa de Educação Ambiental e
o Programa de Treinamento e Capacitação. Esta diferenciação é muito importante para a
unidade do PIRH Doce, conforme já referido
Ao final do período de aplicação do PIRH Doce, portanto, o que se deseja para a UA
São José, em grandes temas, é:

• O enfrentamento da questão dos déficits hídricos previstos para o futuro,


através do planejamento de intervenções estruturais com o objetivo de
aumentar vazões regularizadas;

• A implantação de todas as estações de tratamento de esgotos, incluindo


melhorias nas redes coletoras das cidades existentes na UA;

• A implantação de um sistema de coleta e disposição final de resíduos em


todos os municípios com sede na UA, inclusive com unidades de triagem e
compostagem;

• A implantação de Planos Municipais de Saneamento em todos os municípios


com sede na UA, abordando as questões relacionadas ao abastecimento da
água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem urbana;

• A organização dos municípios para o enfrentamento da questão das


enchentes;

• A consolidação de um processo organizado de renaturalização de bacia,


adotando princípios de controle da erosão, aumento da infiltração do uso do
solo e recomposição de áreas de preservação permanente;

• O melhor conhecimento do universo de usuário da água na UA, notadamente


no setor irrigante, no tocante a volumes retirados, tecnologias empregadas e
mananciais;

• O adensamento da malha de monitoramento da qualidade da água, de modo a


verificar as condições ambientais dos recursos hídricos e a efetividade das
ações adotadas;

• A organização e intensificação de um processo de educação ambiental,


formal e não formal, com a intenção de acelerar os processos de mudança
pretendidos, bem como consolidar os avanços obtidos com cada uma das
ações executadas;

• A harmonização da gestão dos recursos hídricos da UA São José com a da


bacia do rio Doce, com a implantação de um arranjo institucional que seja
potente a ponto de estabelecer um ambiente de conhecimento técnico,
desenvolvimento da participação social organizada e de negociação
democrática da utilização sustentável dos recursos hídricos.

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