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Pmma Dois Irmaos Outubro 24

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TOMADA DE PREÇO N° 06/2023

CONTRATO ADMINISTRATIVO Nº 155/2023

OBJETO: Elaboração do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica -


PMMA de Dois Irmãos/RS.

GESTÃO MUNICIPAL

JERRI ADRIANI MENEGHETTI


Prefeito Municipal
Juarez Stein
Vice-prefeito

Outubro de 2024 2
CONSULTORIA CONTRATADA:

ALTO URUGUAI ENGENHARIA & PLANEJAMENTO DE CIDADES LTDA - EPP


CNPJ: 19.338.878.0001-60
CREA/SC: 124483-7
CAU: 26591-8
Rua Abramo Eberle, nº 136, sala 01 - Centro
Concórdia – Santa Catarina – CEP: 89700-204
(49) 3442-6333
www.altouruguai.eng.br
contato@altouruguai.eng.br

EQUIPE TÉCNICA:

Marcos Roberto Borsatti, Engenheiro Ambiental – CREA/SC 116226-6 – Coordenador Geral


Maycon Pedott, Engenheiro Ambiental – CREA/SC 114899-9 – Coordenador Técnico
Jackson Antonio Bólico, Engenheiro Sanitarista e Ambiental – CREA/SC 147060-1
Elton Magrineli, Biólogo – CRBio 69005/03-D
Fátima Franz, Arquiteta e Urbanista – CAU A8318-6
Ana Paula Spohr, Geóloga – CREA/RS 209.053
Ediane Mari Biasi, Assistente Social – CRESS/SC 003854//12ª Região
Aline Maria da Campo, Geógrafa – CREA/SC 090483-1
Rudinei Moraes da Silveira, Técnico em Agrimensura, CRT/04 02982837943
Roberto Kurtz Pereira, Advogado – OAB/SC 22.519
Fábio Fernando Martins de Oliveira, Arquiteto e Urbanista – CAU/MS A32447-7

Outubro de 2024 3
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AMVAG Associação dos Municípios do Vale Germânico


APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
ARIE Área de Relevante Interesse Ecológico
CDB Convenção sobre Diversidade Biológica
COBRADE Classificação e Codificação Brasileira de Desastres
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DAP Diâmetro Altura do Peito
FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental
FUNBIO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
IBAMA
Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
MMA Ministério do Meio Ambiente
PAN-Bio Política Nacional de Biodiversidade
PMMA Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica
PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico
PNAP Plano Nacional de Áreas Protegidas
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
PROMDEMA Programa Municipal de Proteção ao Meio Ambiente
SEMA Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura
SME Secretaria Municipal de Educação (SME)
SIG Sistema de Informações Geográficas
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 13

2. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL ..................................................................... 16

2.1 PRIMEIRA DIMENSÃO DO DIAGNÓSTICO: REMANESCENTES DA MATA


ATLÂNTICA ....................................................................................................................... 21

2.1.1 Levantamento dos remanescentes da Mata Atlântica no município ......... 21

2.1.2 Grau de conservação ou degradação dos remanescentes .......................... 26

2.1.3 Localização dos remanescentes em áreas urbanas e rurais ....................... 49

2.1.4 Corredores ecológicos a serem preservados nos limites do município .... 57

2.1.5 Remanescentes integrados com municípios vizinhos ............................... 72

2.1.6 Mapa das fitofisionomias encontradas atualmente no município. ............ 77

2.1.7 Áreas de risco e de fragilidade ambiental ................................................. 80

2.1.8 Meio físico ................................................................................................ 95

2.1.9 Fitofisionomias originais ........................................................................ 102

2.1.10 Levantamentos de vegetação ................................................................. 107

2.1.11 Levantamentos de fauna ....................................................................... 116

2.1.12 Serviços ecossistêmicos ........................................................................ 138

2.1.13 Áreas protegidas em imóveis rurais ...................................................... 141

2.1.14 Áreas protegidas urbanas ...................................................................... 145

2.1.15 Unidades de Conservação ..................................................................... 148

2.1.16 Atrativos naturais, histórico-culturais e arqueológicos......................... 161

2.1.17 Áreas definidas como prioritárias para conservação ............................ 166

2.1.18 Terras Públicas ......................................................................................... 171

2.2 SEGUNDA DIMENSÃO DO DIAGNÓSTICO: VETORES DE DESMATAMENTO OU


DESTRUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA.................................................................... 172

2.3 TERCEIRA DIMENSÃO DO DIAGNÓSTICO: CAPACIDADE DE GESTÃO ....... 181

2.3.1 Quadro Legal em Vigor .......................................................................... 181

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2.3.2 Gestão Ambiental.................................................................................... 184

2.4 QUARTA DIMENSÃO DO DIAGNÓSTICO: PLANOS E PROGRAMAS .............. 186

2.4.1 Objetivos, áreas e ações prioritárias ....................................................... 186

2.4.2 Ações prioritárias .................................................................................... 187

2.4.3 PMMA e os demais planejamentos municipais e regionais.................... 209

2.5 Sistematização Do Diagnóstico .................................................................................... 211

2.6 ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO .. 216

2.6.1 Estratégias de implementação e monitoramento .................................... 216

2.6.2 Indicadores .............................................................................................. 218

2.6.3 Avaliação ................................................................................................ 226

3. APROVAÇÃO DO PMMA ............................................................................................. 229

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 230

ANEXOS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cobertura vegetal na área de aplicação da lei nº 11.428/2006, conforme IBGE..... 18


Figura 2 – Localização do município de Dois Irmãos no Bioma e no Estado. ........................ 19
Figura 3 – Municípios limítrofes. ............................................................................................. 20
Figura 4 – Aspecto dos remanescentes de vegetação no município. ........................................ 22
Figura 5 - Culturas monoespecíficas de espécies arbóreas exóticas ........................................ 23
Figura 6 - Visão panorâmica do fragmento 70. ........................................................................ 28
Figura 7 – Relevo ondulado vista a partir do fragmento 70. .................................................... 28
Figura 8 – Aspecto da vegetação conservada no fragmento 70. .............................................. 29
Figura 9 – Pequenas clareiras na mata para abertura de áreas de plantio. ............................... 29
Figura 10 – Plantação de Exóticas às margens do fragmento 70 ............................................. 30
Figura 11 – Substituição de nativas por exóticas e pastagem .................................................. 30
Figura 12 – Vegetação as margens do vale do Arroio 48. ....................................................... 31
Figura 13 – Aspecto da vegetação no fragmento 69. ............................................................... 32
Figura 14 – Arroio Carpintaria no fragmento 69...................................................................... 33
Figura 15 - Arroio Caru. ........................................................................................................... 33
Figura 16 – Aspecto da vegetação no fragmento 177 .............................................................. 34
Figura 17 – Aspecto da vegetação no fragmento 181 .............................................................. 34
Figura 18 – Aspecto da vegetação nos fragmentos 155 e 156, no entorno do Morros dos Dois
Irmãos. ...................................................................................................................................... 35
Figura 19 – Vista da região Rurbana no centro da imagem, a partir do Morros dos Dois Irmãos.
.................................................................................................................................................. 36
Figura 20 – Parte do fragmento 155 próximo a Zona Rural, no vale do Arroio Capim........... 37
Figura 21 – Fragmento 228. ..................................................................................................... 38
Figura 22 – Características da Zona Rural. .............................................................................. 38
Figura 23 –Extração de basalto na área. ................................................................................... 39
Figura 24 – Aspecto da fragmentação da vegetação no entorno do Morros dos Dois Irmãos. 39
Figura 25 – Fragmento 194. ..................................................................................................... 40
Figura 26 - Fragmento 252 no encontro do Arroio da Direita (ao fundo) com o Arroio Feitoria,
na região central da área urbana. .............................................................................................. 41
Figura 27 – Mapa do grau de degradação/conservação da Mata Atlântica no município. ....... 48
Figura 28 – Graus de degradação/conservação nas demais áreas ............................................ 51
Figura 29 – Remanescentes em Zona Urbana. ......................................................................... 54

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Figura 30 – Remanescentes em Zona Rurbana. ....................................................................... 55
Figura 31 – Remanescentes em Zona Rural. ............................................................................ 56
Figura 32 – Corredores Ecológicos identificados no município. ............................................. 60
Figura 33 – Aspecto da vegetação predominante no Corredor ecológico 48 – Feitoria. ......... 61
Figura 34 – Liana encontrada na área de estudo. ..................................................................... 62
Figura 35 – Aspecto da vegetação no Corredor ecológico 48 – Feitoria. ................................ 63
Figura 36 - Solanum mauritianum em área de regeneração. ................................................... 64
Figura 37 - Syagrus romanzoffiana em área de regeneração. ................................................. 64
Figura 38 - Presença de Cecropia sp. ...................................................................................... 64
Figura 39 Ficus adhatodifolia encontrado na área. ................................................................. 65
Figura 40 - Aspecto da vegetação às margens do Arroio Carpintaria. .................................... 65
Figura 41 - Aspecto da vegetação preservada no corredor ecológico Carpintaria – Feitoria.. 66
Figura 42 – Vista da Cascata das 7 Quedas. ............................................................................. 67
Figura 43 – Arroio Caru. .......................................................................................................... 67
Figura 44 – área degradada pela extração de saibro às margens do Arroio Caru..................... 68
Figura 45 – Silvicultura como atividade intensa na área ......................................................... 68
Figura 46 – Vegetação no corredor Ecológico Caru................................................................. 69
Figura 47 – Vegetação no corredor Ecológico dos Morros dos Dois Irmãos. .......................... 70
Figura 48 – Atividades agrícolas no interior da Zona de Proteção dos Morros Dois Irmãos. . 71
Figura 49 – vegetação remanescente no início do vale do Arroio Capim. ............................... 71
Figura 50 – Integração do corredor ecológico Arroio 48 – Arroio Feitoria com os município
vizinhos. ................................................................................................................................... 74
Figura 51 – Integração do corredor ecológico Arroio Carpintaria – Arroio Feitoria e Corredor
ecológico Caru com os município vizinhos. ............................................................................ 75
Figura 52 – Integração do corredor ecológico dos Morros dos Dois Irmãos com os municípios
vizinhos. ................................................................................................................................... 76
Figura 53 – A vegetação nativa como protetora das encostas entre Dois Irmãos e Campo Bom.
.................................................................................................................................................. 76
Figura 54 – A vegetação nativa como protetora das encostas entre Dois Irmãos e Novo
Hamburgo. ................................................................................................................................ 77
Figura 55 – Cobertura Florestal original. ................................................................................. 78
Figura 56 – presença de Araucaria angustifolia. ..................................................................... 80
Figura 57 – Mapa da área de risco de alagamento. .................................................................. 84

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Figura 58 – Área de risco de alagamentos no encontro do Arroio feitoria com Arroio da Direita
(ao fundo). ................................................................................................................................ 85
Figura 59 – Mapa de declividade em porcentagem.................................................................. 87
Figura 60 – Mapa de fragilidades ambientais. ......................................................................... 90
Figura 61 – Aspecto da vegetação na área de risco. ................................................................. 91
Figura 62 – Mapa do estado de conservação da vegetação na área de risco. ........................... 92
Figura 63 – Mapa das Áreas suscetíveis e de aptidão à urbanização. ...................................... 94
Figura 64 – Vista do relevo de transição entre Sapiranga e Dois Irmãos, a partir do Morro
Ferrabraz................................................................................................................................... 95
Figura 65 – Zona de transição entre a Serra Geral e a Depressão Central entre Dois Irmãos e
Campo Bom/Novo Hamburgo. ................................................................................................ 96
Figura 66 – Relevo suavizado na área urbana consolidada. ..................................................... 96
Figura 67 – Macrozona de consolidação Urbana e Relevo. ..................................................... 97
Figura 68 – Regiões hidrográficas do Rio Grande do Sul........................................................ 98
Figura 69 – Bacias Hidrográficas. .......................................................................................... 100
Figura 70 – Cursos d´água presentes no município. .............................................................. 101
Figura 71 - Diferentes Biomas no Rio Grande do Sul. .......................................................... 103
Figura 72 - Regiões fitoecológicas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. ...................... 104
Figura 73 – Formações fitoecológicas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. ................. 105
Figura 74 – Fitoecologia da Mata Atlântica na área de estudo. ............................................. 107
Figura 75 – Áreas de levantamento da vegetação .................................................................. 109
Figura 76 – Delimitação das parcelas amostrais. ................................................................... 110
Figura 77 – Imagem aérea evidencia árvores caducifólias na proporção típica da Floresta
Decidual. ................................................................................................................................ 111
Figura 78 – aspecto da vegetação nas áreas 1, 2 e 3, respectivamente. ................................. 112
Figura 79 – – Presença de Cecropia adenopus indicador de estágio secundário avançado para a
Floresta Estacional e semidecidual. ....................................................................................... 114
Figura 80 - Araucaria angustifolia espécie Vulnerável encontrada. ...................................... 115
Figura 81 – Fruto de Ficus adhatodifolia............................................................................... 116
Figura 82 – Armadilhas fotográficas usadas no estudo da fauna local. ................................. 122
Figura 83 -Locais de colocação das armadilhas fotográficas. ............................................... 123
Figura 84 - Vestígio de toca de Dasypus novemcinctus. ........................................................ 124
Figura 85 - Cerdocyon thous capturado em armadilha fotográfica (câmera 1)...................... 125
Figura 86 - Cerdocyon thous encontrado na área de estudo, (câmera 2). .............................. 126

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Figura 87 – Registro de encontro com Aloua a guariba. ...................................................... 128
Figura 88 – Registros de 1- Chiroxiphia caudata, 2- Colaptes melanochloros, 3- Fluvicola
nengeta, 4-Turdus rufiventris. ................................................................................................ 132
Figura 89 – Categorias de risco de extinção. ......................................................................... 133
Figura 90 – Vista aérea da Zona Rural. .................................................................................. 142
Figura 91 – Reserva Legal e APPs. ........................................................................................ 143
Figura 92 – Reserva Legal e APPs na área de proteção de manacial. ................................... 144
Figura 93 – Áreas verdes urbanas. ......................................................................................... 146
Figura 94 – Áreas protegidas urbanas. ................................................................................... 147
Figura 95– Unidades de Conservação e áreas de amortecimento próximas. ......................... 155
Figura 96 – Unidades de Conservação propostas................................................................... 157
Figura 97 – Arroio Feitoria na área proposta para criação da UC.......................................... 158
Figura 98 - UC Parque Romeo Benício Wolf......................................................................... 159
Figura 99 – Vista aérea do Morros dos Dois Irmãos e Dom Braga........................................ 160
Figura 100 – Unidade de Conservação Travessão. ................................................................ 161
Figura 101 – Vista aérea do Parque Municipal Romeo Benício Wolf.................................... 162
Figura 102 – Cascata São Miguel. ......................................................................................... 162
Figura 103 – Cascata 7 Quedas. ............................................................................................. 163
Figura 104 – Aspecto da Rota Romântica – BR 116. ............................................................. 164
Figura 105 - Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição dos
Benefícios da Biodiversidade. ................................................................................................ 168
Figura 106 – Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação da Mata Atlântica no
município. ............................................................................................................................... 170
Figura 107 – Area total desmatada no território do município. ............................................. 174
Figura 108 – Áreas com substituição de vegetação nativa por exóticas monoespecíficas. ... 176
Figura 109 – Áreas de desmatamento na Zona Urbana. ........................................................ 178
Figura 110 – APPs degradadas fora da Zona Urbana. ........................................................... 180
Figura 111 - Finalidade do monitoramento. ........................................................................... 216
Figura 112 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)........................................... 217
Figura 113 - Diferentes Biomas no Rio Grande do Sul.......................................................... 228

Outubro de 2024 10
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Área, em hectares, de cada fragmento nativo mapeado. ......................................... 24


Tabela 2 – Tabela com a matriz de Conservação/Degradação dos remanescentes da vegetação
nativa. ....................................................................................................................................... 42
Tabela 3 - Classificação de desastres geológicos e hidrológicos, conforme COBRADE. ....... 82
Tabela 4 Classificação de fragilidade para declividade em porcentagem. ............................... 86
Tabela 5: Classificação de uso e ocupado do solo.................................................................... 89
Tabela 6 - Valores dendrométricos nas áreas estudadas. ........................................................ 114
Tabela 7 – Herpetofauna – anfíbios. ....................................................................................... 119
Tabela 8 – Herpetofauna – Répteis......................................................................................... 120
Tabela 9 – Mastofauna. .......................................................................................................... 128
Tabela 10 - Lista de espécies de aves identificadas na área de estudo. ................................. 130
Tabela 11 – Répteis ameaçados de extinção........................................................................... 135
Tabela 12 – Aves ameaçadas de extinção. .............................................................................. 135
Tabela 13 – Mamíferos ameaçados de extinção. .................................................................... 137
Tabela 14 - Registros de atropelamento da fauna. ................................................................. 138
Tabela 15 - Vetores de desmatamento, problema atual e potenciais problemas futuros. ....... 181
Tabela 16 - Estratégia 1: Fortalecer a gestão ambiental municipal. ....................................... 191
Tabela 17 - Estratégia 2: Controlar a expansão urbana por meio de dispositivos legais. ...... 193
Tabela 18 - Estratégia 3: Ampliar as áreas verdes urbanas. ................................................... 195
Tabela 19- Estratégia 4: Fortalecer a gestão das Unidades de Conservação municipais. ...... 198
Tabela 20 - Estratégia 5: Manter o Programa integrado de Educação Ambiental e sensibilização
social....................................................................................................................................... 203
Tabela 21 Estratégia 6: Erradicar, prevenir e controlar as espécies exóticas invasoras da flora
local. ....................................................................................................................................... 206
Tabela 22 - Eixo temático: Gestão ambiental municipal........................................................ 214
Tabela 23 - Eixo Temático Desenvolvimento urbano. ........................................................... 214
Tabela 24 - Eixo temático: Recursos Naturais. ...................................................................... 215
Tabela 25 - Plano de Monitoramento Anual - PMA - Estrutura Geral. .................................. 216
Tabela 26 – Monitoramento e avaliação anual dos objetivos (exemplo). .............................. 218
Tabela 27 – Instrumentos de Medição da Estratégia 1: Fortalecer a gestão ambiental municipal.
................................................................................................................................................ 219

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Tabela 28 - Instrumentos de Medição da Estratégia 2: Controlar a expansão urbana por meio de
dispositivos legais. ................................................................................................................. 220
Tabela 29 - Instrumentos de Medição da Estratégia 3: Ampliar as áreas verdes urbanas. ..... 221
Tabela 30- Instrumentos de Medição da Estratégia 4: Fortalecer a gestão das Unidades de
Conservação municipais. ........................................................................................................ 222
Tabela 31 - Instrumentos de Medição da Estratégia 5: Manter o Programa integrado de
Educação Ambiental e sensibilização social. ......................................................................... 223
Tabela 32 - Instrumentos de Medição da Estratégia 6: Erradicar, prevenir e controlar as espécies
exóticas invasoras da flora local............................................................................................. 225

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Porcentagem dos graus de conservação/degradação dos remanescentes nativos . 46
Gráfico 2 – -Área dos remanescentes nativos por grau de conservação/degradação ............... 46
Gráfico 3 – Porcentagem de remanescentes nas diferentes Zonas Rural e Urbana. ............... 50
Gráfico 4 – Porcentagem de remanescentes em relação às exóticas. ....................................... 52
Gráfico 5 – Porcentagem de cobertura florestal e não florestal. .............................................. 52
Gráfico 6 – Porcentagem de remanescentes em relação a ocupação total do solo................... 53

Outubro de 2024 12
1. APRESENTAÇÃO

O município de Dois Irmãos/RS possui uma rica e diversa vegetação de Mata Atlântica.
Esse bioma único é caracterizado por sua biodiversidade excepcional, abrigando espécies
endêmicas e desempenhando um papel fundamental na manutenção dos serviços
ecossistêmicos, como a regulação do clima, a proteção dos recursos hídricos e a promoção da
qualidade de vida da população.

O Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA) é uma


exigência aos municípios com fundamento no art. 38 da Lei Federal 11.428/2006 e no art.43 do
Decreto Federal n°6660/2008 e consiste em um planejamento fundamental para identificar,
planejar e ordenar as ações e medidas que visam a conservação e a recuperação da Mata
Atlântica, promovendo a conectividade das áreas conservadas e em recuperação, ou seja,
mapear as áreas em que existem remanescentes do bioma e assim identificar as melhores
estratégias para sua conservação e consequente promoção de um desenvolvimento sustentável
no município.

A elaboração do PMMA é uma exigência para o município manter o convênio de


licenciamento ambiental com a SEMA/FEPAM, por meio do Termo de Cooperação assinado
em junho de 2019 (Convênio de Mata Atlântica), para o município prosseguir com a gestão
florestal em seu território.

No Termo está descrito nas cláusulas, que pelo descumprimento, o Município cooperado
responderá civil, penal e administrativamente, podendo motivadamente, ser indicada a
revogação do mesmo.

O Ministério Público, através do procedimento administrativo n° 01346.000.051/2022


referente a acompanhar a implementação, pelo Município de Dois Irmãos, do Plano Municipal
de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, em cumprimento a obrigação prevista no
Termo de Cooperação firmado com a SEMA/RS.

Diante desse cenário, tornou-se imperativo a elaboração do presente Plano Municipal


de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. Este plano estabelece as diretrizes e ações
estratégicas para a conservação, recuperação e uso sustentável desse importante patrimônio
natural.

Ao longo deste estudo, estão apresentados o diagnóstico da situação atual da Mata


Atlântica no município, com o mapeamento dos remanescentes da vegetação nativa, o grau de

Outubro de 2024 13
conservação desses remanescentes e os corredores ecológicos existentes e integrados aos
municípios vizinhos. Também está apresentado o mapa de fragilidade ambiental da Mata
Atlântica existente no município de Dois Irmãos.

O estudo do meio físico e ambiental traz brevemente, uma caracterização geral do clima,
do relevo, dos recursos hídricos, da fauna e da flora, encontradas na área de estudo.

Também são apresentadas as áreas especialmente protegidas rurais como a reserva legal
e as Áreas de Preservação Permanente, as áreas protegidas urbanas e as Unidades de
Conservação existentes.

O PMMA apresenta os atrativos naturais, históricos, culturais e arqueológicos


existentes, além de uma breve análise sobre a existência de comunidades tradicionais na área
de estudo.

São apresentados os vetores de desmatamento, demonstrando as causa e efeitos da


diminuição da cobertura vegetal nativa e as áreas degradadas existentes atualmente, com o
objetivo de identificar o problema existente e apontar soluções para a conservação e
recuperação do ecossistema local.

Também é apresentada a capacidade de gestão municipal, representada pela estrutura


gerencial, operacional e pelo arcabouço legal existente na área ambiental, capaz de promover a
efetivação dos objetivos e metas definidos no PMMA.

Por fim, são apresentados os planos e programas, a definição de metas, estratégias de


conservação, instrumentos de gestão, monitoramento e avaliação, para efetivação do plano

É fundamental ressaltar que o plano foi elaborado de forma participativa, contando com
a contribuição ativa de diferentes atores, como representantes do poder público, organizações
não governamentais, instituições de pesquisa, setor empresarial e a população local. A
participação e o engajamento da comunidade na elaboração e execução são pilares
fundamentais para a construção de um plano efetivo, capaz de promover a conservação e
recuperação da Mata Atlântica em Dois Irmãos de forma integrada, inclusiva e sustentável.

Seguindo o Art. 43 do Decreto Federal 6.660/2008, o Plano Municipal da Mata Atlântica


contém:

1. Diagnóstico da vegetação nativa com mapeamento dos remanescentes em


escala 1:50.000 ou maior;

Outubro de 2024 14
2. Indicação dos principais vetores de desmatamento ou destruição da
vegetação nativa;
3. Indicação de áreas prioritárias para conservação e recuperação da vegetação
nativa;
4. Indicação de ações preventivas aos desmatamentos ou destruição da
vegetação nativa e de conservação e utilização sustentável da Mata
Atlântica no município.
Por meio desse Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica,
buscamos não apenas proteger e restaurar esse valioso patrimônio natural, mas também
assegurar que as gerações presentes e futuras possam desfrutar dos benefícios e da beleza desse
ecossistema único. O trabalho conjunto e comprometido de todos os envolvidos é essencial para
alcançarmos resultados concretos e duradouros na conservação da Mata Atlântica em Dois
Irmãos.

No entanto, a Mata Atlântica no município de Dois Irmãos enfrenta uma série de


desafios e pressões decorrentes do crescimento urbano, da expansão agrícola, os sistemas
monocíclicos silvicultura monociclo, da exploração irregular de recursos naturais e da falta de
conscientização ambiental. Esses fatores têm contribuído para a perda e fragmentação dos
remanescentes florestais, colocando em risco a sobrevivência de espécies e comprometendo a
resiliência do ecossistema como um todo.

O processo de elaboração do PMMA foi supervisionado e fiscalizado pelo


Departamento Municipal de Meio Ambiente e pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente
CONSEMA. A elaboração do Plano ocorreu de forma participativa, com a realização de oficinas
e consultas públicas para capacitação dos atores envolvidos a elaboração do plano de acordo
com a legislação vigente e as necessidades locais.

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2. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL

De acordo com o IBGE, a Mata Atlântica abrange cerca de 13% do território nacional,
se apresentando largamente degradado devido à sua região de ocorrência, em áreas litorâneas,
onde residem 72% da população brasileira, sendo, assim, o bioma em maior estado de ameaça
do país. Deste modo, o bioma se encontra bastante fragmentado, com seus remanescentes
florestais presentes principalmente em locais de difícil acesso ou inóspitos à ocupação humana.
A figura a seguir apresenta a distribuição do Bioma Mata Atlântica no território nacional,
conforme a diversidade de formações e ecossistemas constituintes, definido para a aplicação da
Lei 11.428/2006 pelo IBGE em 2008.

O Bioma Mata Atlântica, originalmente, compreende uma área de aproximadamente 1,3


milhão de km², estando presente em 17 estados brasileiros e abrangendo mais de metade dos
municípios, onde habitam cerca de 145 milhões de pessoas. Atualmente, o Bioma apresenta
ainda cerca de 24% de sua cobertura original e destes 12,4 são florestas bem preservadas.
(SOSMA, 2023).

O reduzido percentual de cobertura remanescente de Mata Atlântica se relaciona com


sua localização, que se estende ao longo da faixa litorânea brasileira e áreas próximas, e com
seu histórico de colonização, sendo nestas áreas litorâneas onde se instalaram as primeiras
colônias portuguesas no Brasil, e a partir das quais se desenvolveram grandes cidades e regiões
metropolitanas.

Com a relevância que apresenta e sua abrangência territorial, foi criada a Lei da Mata
Atlântica (Lei Federal nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006), dispondo acerca da utilização e
preservação da vegetação nativa deste bioma. Esta lei tem entre seus objetivos a temática do
desenvolvimento sustentável, a proteção da biodiversidade e de valores paisagísticos, estéticos
e turísticos associados ao Bioma, e também traça diretrizes a orientar o uso, a ocupação e a
realização de atividades na Mata Atlântica.

É uma das maiores biodiversidades do mundo, com cerca de 20 mil espécies vegetais –
35% das espécies existentes no Brasil, sendo uma riqueza maior que a observada na América
do Norte e na Europa, 850 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis,
270 de mamíferos e 350 espécies de peixes.

Um dos pontos definidos na Lei 11.428/2006 é a possibilidade de destinação de recursos


para projetos relacionados à conservação de vegetação nativa, à restauração de áreas e à

Outubro de 2024 16
pesquisa científica a se implementarem em municípios que apresentam um Plano Municipal de
Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA) devidamente aprovado pelo conselho
de meio ambiente municipal.

Os dispositivos estabelecidos pela Lei federal nº 11.428/2006 são regulamentados pelo


Decreto Federal nº 6.660, de 21 de novembro de 2008, especificando critérios, conceitos,
condições e ações referentes ao que é estabelecido nesta lei. Dentre os dispositivos
regulamentados pelo Decreto está o PMMA, estabelecendo pontos a serem abordados no plano
municipal da Mata Atlântica, como o mapeamento de remanescentes da vegetação nativa,
indicação de vetores de desmatamento, indicação de áreas prioritárias para a conservação e
recuperação da vegetação nativa e definição e ações preventivas aos desmatamentos e para a
conservação e uso sustentável do Bioma a nível municipal.

As atividades de conservação, proteção, regeneração e utilização do Bioma Mata


Atlântica têm seu regime jurídico definido na Lei federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006,
conhecida como Lei da Mata Atlântica. Dentro deste bioma são consideradas várias formações
florestais e ecossistemas associados, presentes em grande parte do país, especialmente ao longo
de sua faixa litorânea, à margem do Oceano Atlântico, mas também se estendendo ao interior
do continente, como ocorre no estado de Santa Catarina, onde a totalidade do estado se insere
neste Bioma.

São considerados pertencentes à Mata Atlântica, conforme artigo 2º da Lei 11.428/2006:


a Floresta Ombrófila Densa; a Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de
Araucárias; a Floresta Ombrófila Aberta; a Floresta Estacional Semidecidual; e a Floresta
Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de restingas, campos de altitude,
brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. Esta Lei também estabelece que sua
regulamentação se aplica unicamente aos remanescentes de vegetação nativa em estágio
primário ou em estágios secundário inicial, média e avançado de regeneração, presentes ao
Bioma Mata Atlântica, sendo os limites do Bioma definidos em mapeamento realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Outubro de 2024 17
Figura 1 - Cobertura vegetal na área de aplicação da lei nº 11.428/2006, conforme IBGE.

Fonte: IBGE, 2008. Adaptado por Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

No Rio Grande do Sul, a Mata Atlântica ocupava 39,7% do território, estando hoje
reduzida a 2,69%, correspondendo a 7.496 km2 (FEPAM,2024), sendo um dos estados que mais
desmatou e desmata o Bioma.

O Município de Dois Irmãos está inserido no extremo sul do Bioma Mata Atlântica, com
a totalidade do território pertencente à essa formação. Está localizado em uma área de transição
com o Bioma Pampa.

O relevo do município está entre o Planalto Norte, ondulado e a Depressão Central, com
relevo suave. As extremidades do município estão localizadas em áreas mais declivosas,
enquanto que a região central, onde se localiza o perímetro urbano e a Zona Rurbana, apresenta
relevo mais ameno.

Tais características determinam a manutenção de remanescentes mais conservados nas


regiões extremas e com menos vegetação nas regiões centrais.

Outubro de 2024 18
Figura 2 – Localização do município de Dois Irmãos no Bioma e no Estado.

Fonte: Elaborado a partir de IBGE 2022.

O Município de Dois Irmãos está inserido na região metropolitana de Porto Alegre,


pertencendo a Associação dos Municípios do Vale Germânico – AMVAG, possui população de
30.709 habitantes, conforme o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,
do ano de 2022, o que representa um aumento de 11,38% em comparação com o Censo de 2010.
O IDH do município é avaliado como muito alto, possuindo o valor de 0,812.

O território do município está inserido na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (7%) e
Bacia Hidrográfica do Rio Caí (93%). Como o município está localizado na parte alta e inicial
dessas bacias, o volume de água dos cursos d´água que permeiam seu território, é baixo. O
município de Dois Irmãos faz divisa com os municípios de: Morro Reuter, Sapiranga, Campo
Bom, Novo Hamburgo e Ivoti.

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Figura 3 – Municípios limítrofes.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 20
O Plano Municipal da Mata Atlântica-PMMA, apresenta e descreve os remanescentes
de vegetação nativa no território do município, os vetores de desmatamento, com indicação das
possíveis causas da degradação observadas bem como o mapeamento das áreas prioritárias, e
as ações e programas a serem desenvolvidos para conservação e recuperação dessas áreas.

Tal mapeamento leva em consideração os remanescentes presentes nos municípios


vizinhos e procura propor ações integradas de conservação e recuperação compartilhados.

2.1 PRIMEIRA DIMENSÃO DO DIAGNÓSTICO: REMANESCENTES DA MATA


ATLÂNTICA

O diagnóstico da situação atual tem como objetivo caracterizar e analisar, de maneira


objetiva, a situação da Mata Atlântica no município, de forma a subsidiar o planejamento
necessário para que sejam alcançados os objetivos específicos estabelecidos.

O diagnóstico da localização e situação dos remanescentes de Mata Atlântica no


município de Dois Irmãos, levantou informações da flora e da fauna associada, dentre outros
aspectos relacionados à biodiversidade local. Também os aspectos do meio físico relacionados
com a manutenção dos remanescentes, foram identificados e integrados aos cartogramas
apresentados. As informações obtidas a partir dos levantamentos de campo, com auxílio de
imagens de satélite e emprego de drone, possibilitaram a validação e reambulação dos dados.

O artigo 43 do Decreto 6.660 de 2008 estabelece que o PMMA deve conter:

O diagnóstico da vegetação nativa contendo mapeamento dos remanescentes


em escala de 1:50.000 ou maior e a indicação dos principais vetores de
desmatamento ou destruição da vegetação nativa.

Para apresentação gráfica dos resultados do mapeamento, em Dois Irmãos, optou-se por
elaborar os cartogramas em escala de 1/2000, permitido a visualização bastante detalhada dos
remanescentes em seu território.

2.1.1 Levantamento dos remanescentes da Mata Atlântica no município

Como conceito de “remanescente”, o presente estudo, considerou toda a vegetação


nativa presente no território do município. Como conceito de “fragmento”, são considerados as
feições com porção significativa, diversidade de espécies representativas da fitoecologia local,
que constituem o mosaico da vegetação no território e que possuem função ambiental e

Outubro de 2024 21
ecológicas distintas, ou ainda, possuam possibilidade de interconexão com fragmentos
próximos, ampliando seu papel ecológico.

Os remanescentes da vegetação nativa da Mata Atlântica foram mapeados, tendo os


graus de conservação ou degradação representados e descritos, com a indicação da localização,
em área urbana ou rural.

Para o levantamento dos remanescentes da Mata Atlântica no município, foram


mapeados e numerados todos os fragmentos presentes com o emprego do Software livre QGis.
O mapeamento manual das feições nativas remanescentes associado ao trabalho de campo, com
observação direta e emprego de drone, permitiu a identificação do grau de conservação ou
degradação de cada um.

O resultado está apresentado nos cartogramas, em anexo ao presente estudo,


denominados “Mapa dos Remanescentes da Vegetação Nativa da Mata Atlântica”, em escala
de 1/2000. Tais produtos cartográficos, constituem um dos principais instrumentos para nortear
as políticas de conservação e recuperação das florestas nativas no município.

Figura 4 – Aspecto dos remanescentes de vegetação no município.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Além das informações obtidas em campo, outros arquivos foram incorporados ao SIG
com objetivo de ampliar a leitura da realidade e melhor caracterizar, qualitativamente e

Outubro de 2024 22
quantitativamente os fragmentos. Os shapefiles referentes à reserva legal, propriedades,
recursos hídricos, relevo, geologia, hidrografia, dentre outros, foram sobrepostos com as
informações da vegetação existente atualmente, para a elaboração do diagnóstico dos
remanescentes.

Também foram identificadas, mapeadas e numeradas as culturas monoespecíficas de


espécies arbóreas exóticas, identificadas como um importante fator para a definição da
paisagem no município, o entendimento do uso e ocupação do solo e os vetores de
desmatamento e da determinação da fragilidade ambiental.

Figura 5 - Culturas monoespecíficas de espécies arbóreas exóticas

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Em seguida, com a elaboração do SIG, que tabulou todas as informações obtidas, as


áreas foram separadas em rural e urbana e quantificadas. Os mapas dos remanescentes foram
analisados quanto o estado de conservação, o tamanho, a localização e a possibilidade de
integração com os demais, no território e nos municípios limítrofes. Com os dados finais do
mapeamento, associados à vegetação encontrada nos municípios vizinhos, foram identificados
e mapeados corredores ecológicos a serem preservados ou recuperados.

Em anexo são apresentados os cartogramas na escala 1/2000, superior a escala mínima


exigida por Lei que é de 1/50000. Também é apresentado o mapa geral dos remanescentes em
escala 1/10.000.

Ao todo foram identificados 363 fragmentos sendo 175 fragmentos da Mata Atlântica
nativa e 188 de plantações monoespecíficas (mono). Os 175 fragmentos mapeados formam os
remanescentes nativos totais no território do município.

Outubro de 2024 23
Tabela 1 - Área, em hectares, de cada fragmento nativo mapeado.
Fragmento Área (ha) Fragmento Área (ha) Fragmento Área (ha) Fragmento Área (ha)
1 18,07 92 mono 183 0,7 274 mono
2 mono 93 mono 184 mono 275 5,24
3 8,22 94 16,8 185 2,93 276 mono
4 4,66 95 mono 186 mono 277 mono
5 53,82 96 mono 187 mono 278 mono
6 mono 97 14,57 188 mono 279 mono
7 mono 98 298,29 189 mono 280 1,22
8 mono 99 mono 190 mono 281 59,11
9 mono 100 mono 191 mono 282 6,93
10 mono 101 mono 192 mono 283 mono
11 mono 102 7,61 193 mono 284 mono
12 mono 103 1,23 194 69,51 285 mono
13 mono 104 mono 195 mono 286 mono
14 mono 105 mono 196 9,11 287 1,88
15 mono 106 0,2 197 mono 288 mono
16 mono 107 mono 198 mono 289 0,13
17 mono 108 mono 199 2,86 290 0,57
18 mono 109 mono 200 1,59 291 mono
19 mono 110 1,28 201 1,73 292 mono
20 mono 111 mono 202 0,47 293 0,49
21 mono 112 mono 203 80,72 294 mono
22 3,86 113 mono 204 70,59 295 1,25
23 mono 114 mono 205 2,1 296 0,94
24 1,22 115 mono 206 mono 297 mono
25 0,99 116 mono 207 1,13 298 7,69
26 mono 117 mono 208 20,46 299 1,01
27 1,19 118 mono 209 mono 300 2,23
28 0,95 119 mono 210 mono 301 3,87
29 mono 120 mono 211 mono 302 2,11
30 mono 121 mono 212 mono 303 1,01
31 mono 122 5,94 213 5,44 304 mono
32 1,07 123 3,21 214 12,62 305 mono
33 mono 124 40,11 215 1,06 306 mono
34 mono 125 13,09 216 4,08 307 mono
35 mono 126 6,89 217 1,15 308 0,63
36 2,15 127 2,45 218 mono 309 0,49
37 4,29 128 2,91 219 mono 310 mono
38 2,8 129 6,23 220 mono 311 mono
39 mono 130 mono 221 3,8 312 mono
40 0,51 131 mono 222 mono 313 mono
41 mono 132 mono 223 9,76 314 0,86
42 1,76 133 1,36 224 mono 315 2,89
43 1,03 134 0,79 225 mono 316 mono
44 1,08 135 mono 226 11,31 317 2,47
45 mono 136 0,22 227 mono 318 0,58
46 1,12 137 2,07 228 259,56 319 1,33
47 0,52 138 1,01 229 29,61 320 0,42
48 mono 139 14,39 230 mono 321 3,14
49 mono 140 mono 231 mono 322 0,85
50 2,55 141 mono 232 mono 323 2,24

Outubro de 2024 24
51 2,5 142 mono 233 0,81 324 1,34
52 1,36 143 mono 234 0,67 325 mono
53 mono 144 mono 235 mono 326 0,65
54 5,9 145 mono 236 mono 327 0,7
55 mono 146 1,62 237 mono 328 mono
56 mono 147 mono 238 mono 329 mono
57 7,17 148 mono 239 7,75 330 0,6
58 mono 149 mono 240 1,01 331 0,53
59 mono 150 4,44 241 mono 332 mono
60 2,47 151 138,43 242 0,57 333 0,78
61 mono 152 0,77 243 mono 334 1
62 0,28 153 1,59 244 1,15 335 mono
63 0,22 154 mono 245 mono 336 mono
64 mono 155 347,65 246 mono 337 mono
65 3,26 156 80,75 247 11,02 338 mono
66 mono 157 mono 248 mono 339 4,51
67 0,19 158 12,67 249 0,27 340 mono
68 mono 159 mono 250 1,31 341 2,3
69 92,53 160 mono 251 3,75 342 0,67
70 477,43 161 mono 252 38,88 343 mono
71 mono 162 mono 253 0,97 344 mono
72 mono 163 mono 254 1,18 345 mono
73 mono 164 8,75 255 0,54 346 5,27
74 mono 165 mono 256 2,57 347 5,77
75 22,14 166 mono 257 1,16 348 1,16
76 3,02 167 mono 258 2,31 349 1,11
77 mono 168 mono 259 3,24 350 6,26
78 mono 169 mono 260 3,57 351 3,1
79 69,34 170 mono 261 mono 352 2,26
80 mono 171 11,07 262 0,5 353 1,67
81 mono 172 mono 263 1,94 354 1,37
82 mono 173 mono 264 1,39 355 0,23
83 mono 174 2,26 265 0,87 356 0,22
84 0,75 175 mono 266 mono 357 mono
85 11,67 176 20,72 267 mono 358 2,2
86 mono 177 25,15 268 60,16 359 mono
87 2,17 178 mono 269 mono 360 0,57
88 5,61 179 mono 270 mono 361 mono
89 19,68 180 0,62 271 mono 362 mono
90 12,8 181 90,68 272 2,88 363 1,08
91 mono 182 mono 273 3,76
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Foram mapeados 2.952,61 hectares de vegetação nativa no município de um total de


6.842,63 hectares, que compõe a área total do território. Conclui-se que, aproximadamente,
43,15% do território de Dois Irmãos é coberto por vegetação nativa. Outros 621,52 hectares
representam culturas monoespecíficas como Eucalipto, Pinus e Acácia negra. Esse percentual
corresponde a aproximadamente, 9,08% do território de Dois Irmãos.

Outubro de 2024 25
A Acácia negra (Acacia mearnsii), principal representante das culturas monoespecíficas
mapeadas, desempenha um papel significativo no setor calçadista, forte atividade econômica
do município. A espécie é empregada na produção de tanino, extraído de sua casca. Tal
substância é utilizada no processo de curtimento do couro. O tanino ajuda a transformar peles
animais em couro, tornando-as mais duráveis e resistentes. A Acácia negra é uma espécie de
rápido crescimento, o que a torna uma fonte renovável de tanino. Isso contribui para práticas
mais sustentáveis na indústria do couro e justifica sua ampla distribuição na região de estudo.

2.1.2 Grau de conservação ou degradação dos remanescentes

O estudo da paisagem, entendido no presente PMMA como o conglomerado de


fragmentos de habitats favoráveis, corredores favoráveis associados à ambientes antropizados,
compõe a matriz da paisagem do território do município.

Uma matriz que contém habitats que são relativamente favoráveis a espécies promoverá
o movimento de espécies entre os fragmentos mais favoráveis (Ricklefs, 2010). Portanto, a
matriz serve como uma variedade de corredores de definem o contexto da paisagem.

Em relação aos remanescentes identificados no município, suas características e


aspectos relacionados ao grau de conservação e degradação, podemos qualificá-los da maneira
que segue.

Na região norte do território, o fragmento 70, possui área de 477,43 hectares, sendo o
maior fragmento contínuo de vegetação nativa. Este fragmento está conectado com
remanescentes vizinhos dos municípios de Ivoti e Morro Reuter, estabelecendo um corredor
ecológico bastante significativo nessa área. Grande parte da vegetação se encontra em estágio
avançado de regeneração, sobretudo na divisa com o município de Ivoti.

Além de se conectar com remanescentes vizinhos, este fragmento tem o potencial de se


unir aos fragmentos periféricos, como os fragmentos 79, 69, 85, 90, 94 e 208, pelas margens
dos Arroios 48 e Feitoria.

O relevo é ondulado nessa área, pois essa região está na transição entre o Planalto Norte,
ondulado e a Depressão Central, com relevo suave. Nesse fragmento encontramos as nascentes
do Arroio 48, afluente do Arroio Feitoria, principal curso hídrico de Dois Irmãos. O fragmento
possui um bom grau de conservação.

Outubro de 2024 26
A degradação observada se restringe às áreas de expansão urbana e os mosaicos de
florestamento com espécies florestais exóticas monoespecíficas, além de pequenas roças
existentes no interior da floresta.

Outubro de 2024 27
Figura 6 - Visão panorâmica do fragmento 70.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Figura 7 – Relevo ondulado vista a partir do fragmento 70.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 28
Figura 8 – Aspecto da vegetação conservada no fragmento 70.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Figura 9 – Pequenas clareiras na mata para abertura de áreas de plantio.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 29
Figura 10 – Plantação de Exóticas às margens do fragmento 70

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Figura 11 – Substituição de nativas por exóticas e pastagem

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Esses fragmentos tem o importante papel de proteger a bacia de drenagem do Arroio 48,
afluente do Arroio Feitoria.

Outubro de 2024 30
Figura 12 – Vegetação as margens do vale do Arroio 48.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

O fragmento 98, com 298,29 hectares, é o terceiro fragmento contínuo em extensão


mapeado no município. Localizado na região nordeste do território, com vegetação, juntamente
com o 69, 5, 124 e 75, que, devidamente conectados por ações pontuais de recuperação, também
formam corredor ecológico com os remanescentes do município de Morro Reuter e Sapiranga.
Esse corredor se estende de forma contínua até a Área de Relevante Interesse Ecológico do
Morro Ferrabraz, em Sapiranga, que é uma importante Unidade de Conservação por conter as
nascentes do Arroio Feitoria. Também é responsável por garantir a manutenção das Áreas de
Preservação Permanente, das nascentes e primeiros trechos do Arroio Carpintaria e Feitoria.

Esse fragmento está inserido na Área Especial de Proteção de Manancial no Município,


instituída pela Lei 989/91, tendo a função de proteger a bacia de contribuição para captação de
água para distribuição pública.

Pela referida Lei, são proibidos nesta área balneários, indústrias de qualquer natureza,
depósito de lixo, novos loteamentos e matadouros, sendo a gestão ambiental do licenciamento
das atividades nessa área de responsabilidade do órgão licenciador municipal.

Outubro de 2024 31
Figura 13 – Aspecto da vegetação no fragmento 69.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Esses fragmentos constituem um importante corredor ecológico na região Leste do


território e são responsáveis por abrigar as nascentes do Arroio Carpintaria, afluente do Arroio
Feitoria e de proteger as margens deste, no início de seu curso.

Os remanescentes mencionados possuem bom grau de conservação predominantemente


em estágio avançado de sucessão. A degradação observada diz respeito à supressão em algumas
faixas marginais dos cursos d´água e a substituição das áreas nativas por exóticas.

Outubro de 2024 32
Figura 14 – Arroio Carpintaria no fragmento 69.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Os fragmentos 151, 177 e 181 constituem, com os demais próximos, um corredor


ecológico responsável por guardar as nascentes do Arroio Caru, além da proteção à
biodiversidade local.

Figura 15 - Arroio Caru.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Esses fragmentos possuem a conservação ameaçada pelo reflorestamento com espécies


exóticas, a ocupação urbana, em forma de chácaras e as atividades agropecuárias de pequeno
porte.

Mapear as nascentes existentes na área, promover ações de proteção destas, bem como
a manutenção da vegetação nas APPs existentes, são ações fundamentais para a qualidade
ambiental nestes locais, que se apresentam bastante fragmentados.

Outubro de 2024 33
Figura 16 – Aspecto da vegetação no fragmento 177

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Figura 17 – Aspecto da vegetação no fragmento 181

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Os fragmentos 155, com 347,65 hectares, é o segundo maior fragmento de vegetação


nativa encontrado no município. Juntamente com o fragmento 156, com 80,75 hectares, são
importantes porções de Mata Atlântica na área rural, no sul do município. Com algumas áreas
inacessíveis devido à declividade, constituem uma importante região de floresta na Zona Rural.
Os remanescentes ficam confinados entre a RS 239, a área urbana de Novo Hamburgo e a área
antropizada de Dois Irmãos.

Outubro de 2024 34
Figura 18 – Aspecto da vegetação nos fragmentos 155 e 156, no entorno do Morros dos Dois Irmãos.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Neste local é identificado a Zona de Proteção dos Morros Dois Irmãos, marco
importante do município além da importância ambiental. Desses Morros partem o Arroio Caru
e o Arroio Capim, além de nascentes na face sul, que drenam para a Bacia do Rio dos Sinos.
Segundo o Plano Diretor do município, esta Zona: “corresponde à área com cota de nível de
altitude igual ou superior a 350 metros no entorno do Morros dos Dois Irmãos com vistas à
promoção da proteção e preservação do patrimônio histórico, cultural e natural da região, nos
termos da legislação municipal”.

O Plano Diretor também estabelece que “Estudo Prévio de Impacto Ambiental será
obrigatório em qualquer caso de intervenção na Zona de Proteção dos Morros Dois Irmãos”

As áreas de difícil acesso devido à maior declividade, são preservadas, enquanto que as
áreas próximas da base do morro, são utilizadas para a agricultura, pecuária e reflorestamentos,
sobretudo na Zona Rurbana, sendo permitido apenas instalações para atividades rurais.

A Zona Rurbana possui maior grau de supressão da vegetação nativa em relação a Zona
Rural. Nesta região a vegetação foi substituída por atividades agropecuárias e edificações.

Outubro de 2024 35
Figura 19 – Vista da região Rurbana no centro da imagem, a partir do Morros dos Dois Irmãos.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Parte da área pertence à Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal Banhado


da Imperatriz Leopoldina, de São Leopoldo, apesar de não se observar conexão entre essas
áreas, a não ser pelo fato de pertencerem a borda da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, a
região é contribuinte da drenagem dessa bacia.

Os fragmentos mencionados estão localizados em área de relevo ondulado nos divisores


de águas das sub bacias do Arroio Feitoria e Rio dos Sinos. Nessa área encontram-se as
nascentes do Arroio Capim e do Arroio Caru.

Outubro de 2024 36
Figura 20 – Parte do fragmento 155 próximo a Zona Rural, no vale do Arroio Capim.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Aproveitando-se da recuperação das áreas de preservação permanente de ambos os


Arroios é possível a conexão desses fragmentos com outros, como o 203, 228, 229 na direção
ao vale central do território, na bacia do Arroio Feitoria e o estabelecimento de um corredor
ecológico e de proteção dos mananciais.

O fragmento 228 com 259,56 hectares, é o quarto maior remanescente da vegetação


nativa do município. Está confinado entre a Zona Rurbana, a urbanização do Bairro Travessão
e a Zona Urbana do município. Nascentes do Arroio Caru e do Arroio Capim se forma em seu
interior. A recuperação da APP do Arroio Capim, até o fragmento 155, é uma importante ação
para interligação desses dois fragmentos e a consolidação de um corredor ecológico na área.

Outubro de 2024 37
Figura 21 – Fragmento 228.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A área adjacente ao fragmento 155 corresponde a Zona Rural do município, onde se


observa a substituição da vegetação nativa para implantação de atividades agropecuárias em
pequenas propriedades.

Figura 22 – Características da Zona Rural.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A presença de uma pedreira para extração de basalto, nos limites do município de Dois
Irmãos com Novo Hamburgo, é outra ameaça à diversidade local, tanto pela supressão da

Outubro de 2024 38
vegetação quanto pelo afugentamento da fauna, em virtude dos ruídos produzidos pela
atividade.

Figura 23 –Extração de basalto na área.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A fragmentação da vegetação na área também é observada pelas atividades de


silvicultura, agropecuária e a passagem de uma linha de transmissão de alta tensão.

Figura 24 – Aspecto da fragmentação da vegetação no entorno do Morros dos Dois Irmãos.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 39
O fragmento 194, com 69,51 hectares, abriga nascentes do Arroio Luiz Rau, que
atravessa o perímetro urbano do município de Novo Hamburgo, sendo um afluente do Rio dos
Sinos. O fragmento possui relevo ondulado e vegetação preservada, em estágio avançado,
dentro dos limites de Dois Irmãos, avançando para Novo Hamburgo.

Figura 25 – Fragmento 194.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A ligação desse fragmento (69,51ha) com o 204, via território de Novo Hamburgo, é
impedida por uma britagem, instalada entre ambos.

Os fragmentos mencionados anteriormente, são os de maior extensão e aqueles que


possuem a possibilidade de interconexão para o estabelecimento de corredores ecológicos e a
integração com a vegetação nativa do município no entorno.

Além desses fragmentos de maior porte, foram identificados remanescentes urbanos,


que possuem papel ambiental relevante nas áreas urbanizadas, como grandes áreas verdes.

O fragmento 252, no perímetro urbano, possui vegetação preservada, as margens dos


Arroios Feitoria e Arroio da Direita, em uma área de risco de alagamento. Nessa área se propõe
a criação de uma Unidade de Conservação para a mitigação dos riscos e ampliação das
atividades de conservação e recuperação da mata nativa.

Outubro de 2024 40
Figura 26 - Fragmento 252 no encontro do Arroio da Direita (ao fundo) com o Arroio Feitoria, na região
central da área urbana.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Os demais fragmentos, encontrados no perímetro urbano do município são devidamente


mapeados no presente estudo, devem ser considerados áreas verdes urbanas, serem preservados
e recuperados, quando necessário, para a manutenção da função ecológica dessas áreas.

Por fim, após a análise da vegetação nativa em todo o território do município, foi
possível o mapeamento do grau de conservação e degradação dos remanescentes da Mata
Atlântica, sendo uma ação fundamental para a definição das estratégias de conservação e
recuperação das florestas locais.

Para o estabelecimento dos graus de conservação ou degradação, os remanescentes


foram mapeados com a matriz de conservação/degradação, apresentada em níveis de 1 a 4,
sendo:

1- Conservado: fragmento grande em extensão, que mantem as


características fitoecológicas originais, formando ou com possibilidade de
formação de corredores ecológicos ou com função ambiental bastante
significativa.

Outubro de 2024 41
2- Parcialmente conservado: remanescente com área significativa, com a
presença da diversidade florística característica em área pouco antropizada
e com função ambiental relevante
3- Parcialmente degradado: remanescente que se apresenta menos
fragmentado, com a presença da diversidade florística característica em
área menos antropizada
4- Degradado: remanescente que se apresenta bastante fragmentado, com
perda significativa da diversidade florística característica ou em área
antropizada.

A partir dos critérios descritos acima, e a observação in loco, foi elaborada a Matriz
de Degradação/Conservação para os remanescentes da vegetação nativa. Não foram
computadas as áreas com culturas monoespecíficas para a elaboração da matriz.

Tabela 2 – Tabela com a matriz de Conservação/Degradação dos remanescentes da vegetação nativa.


Fragmento (n) Área (em ha) Graus de Conservação
1 18,07 Parcialmente Conservado
3 8,22 Parcialmente Conservado
4 4,66 Parcialmente Conservado
5 53,82 Conservado
22 3,86 Degradado
24 1,22 Degradado
25 0,99 Degradado
27 1,19 Degradado
28 0,95 Degradado
32 1,07 Degradado
36 2,15 Degradado
37 4,29 Degradado
38 2,8 Degradado
40 0,51 Degradado
42 1,76 Degradado
43 1,03 Degradado
44 1,08 Degradado
46 1,12 Degradado
47 0,52 Degradado
50 2,55 Degradado
51 2,5 Degradado
52 1,36 Degradado
54 5,9 Degradado
57 7,17 Degradado
60 2,47 Conservado
62 0,28 Parcialmente Degradado
63 0,22 Degradado
65 3,26 Parcialmente Conservado
67 0,19 Degradado
69 92,53 Conservado

Outubro de 2024 42
70 477,43 Conservado
75 22,14 Parcialmente Degradado
76 3,02 Degradado
79 69,34 Parcialmente Degradado
84 0,75 Parcialmente Degradado
85 11,67 Parcialmente Degradado
87 2,17 Degradado
88 5,61 Parcialmente Degradado
89 19,68 Parcialmente Degradado
90 12,8 Parcialmente Degradado
94 16,8 Parcialmente Conservado
97 14,57 Parcialmente Degradado
98 298,29 Conservado
102 7,61 Parcialmente Degradado
103 1,23 Degradado
106 0,2 Conservado
110 1,28 Degradado
122 5,94 Parcialmente Degradado
123 3,21 Parcialmente Degradado
124 40,11 Parcialmente Degradado
125 13,09 Parcialmente Degradado
126 6,89 Parcialmente Conservado
127 2,45 Parcialmente Degradado
128 2,91 Degradado
129 6,23 Parcialmente Degradado
133 1,36 Parcialmente Degradado
134 0,79 Parcialmente Degradado
136 0,22 Conservado
137 2,07 Degradado
138 1,01 Degradado
139 14,39 Parcialmente Conservado
146 1,62 Degradado
150 4,44 Parcialmente Degradado
151 138,43 Parcialmente Conservado
152 0,77 Degradado
153 1,59 Parcialmente Conservado
155 347,65 Parcialmente Degradado
156 80,75 Parcialmente Conservado
158 12,67 Parcialmente Degradado
164 8,75 Parcialmente Conservado
171 11,07 Parcialmente Conservado
174 2,26 Parcialmente Degradado
176 20,72 Parcialmente Conservado
177 25,15 Parcialmente Degradado
180 0,62 Conservado
181 90,68 Parcialmente Conservado
183 0,7 Degradado
185 2,93 Degradado
194 69,51 Conservado
196 9,11 Parcialmente Conservado
199 2,86 Parcialmente Conservado
200 1,59 Degradado

Outubro de 2024 43
201 1,73 Degradado
202 0,47 Degradado
203 80,72 Parcialmente Conservado
204 70,59 Parcialmente Conservado
205 2,1 Parcialmente Conservado
207 1,13 Parcialmente Conservado
208 20,46 Parcialmente Conservado
213 5,44 Parcialmente Conservado
214 12,62 Parcialmente Degradado
215 1,06 Degradado
216 4,08 Degradado
217 1,15 Degradado
221 3,8 Degradado
223 9,76 Parcialmente Degradado
226 11,31 Conservado
228 259,56 Conservado
229 29,61 Parcialmente Degradado
233 0,81 Degradado
234 0,67 Degradado
239 7,75 Degradado
240 1,01 Degradado
242 0,57 Degradado
244 1,15 Parcialmente Degradado
247 11,02 Parcialmente Degradado
249 0,27 Conservado
250 1,31 Parcialmente Degradado
251 3,75 Parcialmente Degradado
252 38,88 Parcialmente Degradado
253 0,97 Degradado
254 1,18 Degradado
255 0,54 Degradado
256 2,57 Degradado
257 1,16 Degradado
258 2,31 Degradado
259 3,24 Degradado
260 3,57 Degradado
262 0,5 Degradado
263 1,94 Degradado
264 1,39 Degradado
265 0,87 Degradado
268 60,16 Parcialmente Degradado
272 2,88 Degradado
273 3,76 Parcialmente Degradado
275 5,24 Parcialmente Degradado
280 1,22 Parcialmente Degradado
281 59,11 Parcialmente Degradado
282 6,93 Parcialmente Degradado
287 1,88 Parcialmente Degradado
289 0,13 Degradado
290 0,57 Degradado
293 0,49 Degradado
295 1,25 Parcialmente Degradado

Outubro de 2024 44
296 0,94 Degradado
298 7,69 Parcialmente Degradado
299 1,01 Degradado
300 2,23 Degradado
302 3,87 Parcialmente Degradado
303 2,11 Degradado
308 0,63 Degradado
309 0,49 Degradado
314 0,86 Conservado
315 2,89 Parcialmente Degradado
317 2,47 Parcialmente Degradado
318 0,58 Degradado
319 1,33 Degradado
320 0,42 Degradado
321 3,14 Parcialmente Degradado
322 0,85 Parcialmente Degradado
323 2,24 Degradado
324 1,34 Degradado
326 0,65 Degradado
327 0,7 Degradado
330 0,6 Degradado
331 0,53 Degradado
333 0,78 Conservado
334 1 Degradado
339 4,51 Degradado
341 2,3 Degradado
342 0,67 Degradado
346 5,27 Degradado
347 5,77 Parcialmente Conservado
348 1,16 Degradado
349 1,11 Degradado
350 6,26 Degradado
351 3,1 Degradado
352 2,26 Degradado
353 1,67 Degradado
354 1,37 Degradado
355 0,23 Parcialmente Degradado
356 0,22 Conservado
358 2,2 Parcialmente Degradado
360 0,57 Degradado
363 1,08 Degradado

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A partir dos dados obtidos, foi possível mensurar a porcentagem de cada grau de
conservação/degradação do total de remanescentes nativos mapeados no município.

Outubro de 2024 45
Gráfico 1 – Porcentagem dos graus de conservação/degradação dos remanescentes nativos

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Gráfico 2 – -Área dos remanescentes nativos por grau de conservação/degradação

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

O território municipal, através do mapa utilizado pelo município, possui 6.842,63


hectares. Desta área total, 2.952,61 são cobertos por remanescentes da vegetação nativa,
correspondendo à 43,15% da área total. Ainda considerando a área total do município e os
fragmentos de vegetação remanescente, quanto ao seu grau atual de conservação/degradação,

Outubro de 2024 46
podemos observar que 18,80% do território é coberto por vegetação nativa conservada,
parcialmente conservada: 9,10%, parcialmente degradada: 13,16% e degradada: 2,36%.

Observou-se que a maior conservação ocorre em ambientes de maior declividade,


por serem locais pouco propícios às ocupações humanas e em ambientes próximos aos cursos
hídricos, por força da legislação ambiental. Essas regiões correspondem a região norte, sul e
oeste, nas bordas do limite municipal, que possuem os remanescentes mais significativos da
Mata Atlântica.

As atividades agropecuárias não são significativas no município, com exceção da


silvicultura, que é responsável pelo maior impacto no desmatamento. A urbanização e a
expansão urbana são os maiores fatores de decremento da vegetação nativa em Dois Irmãos,
que é um município predominantemente urbano. Esses fatores foram levados em consideração
para a elaboração do mapeamento do grau de degradação/conservação.

Por fim, cada um dos remanescentes foi observado de maneira direta em campo,
inclusive com emprego de drone, e a partir dos dados coletados, com o uso da matriz de
classificação de conservação/degradação, foi elaborado o Mapa dos Graus de
Degradação/Conservação, conforme segue. O mapa em escala adequada está em anexo ao
presente estudo, compondo os materiais cartográficos.

Outubro de 2024 47
Figura 27 – Mapa do grau de degradação/conservação da Mata Atlântica no município.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Dentre as diferentes formas de degradação florestal observada no município, foi


identificado o avanço da urbanização sobre as áreas nativas, bem como as atividades
agropecuárias, além da substituição de vegetação nativa por espécies exóticas, de culturas
monoespecíficas.

Outubro de 2024 48
As consequências diretas observadas são a grande fragmentação dos remanescentes, a
perda da diversidade, a invasão de espécies exóticas, a poluição dos mananciais e a desproteção
de nascentes e margens dos cursos hídricos.

2.1.3 Localização dos remanescentes em áreas urbanas e rurais

Foram mapeados 2.952,61 hectares de remanescentes nativos existentes em todo o


território do município. Em relação à localização, 750.11 hectares de remanescentes nativos
estão na Zona Rural. A área rural possui 1.127 hectares, portanto, apresenta, aproximadamente,
66.56% de cobertura florestal nativa.

A Zona Rurbana possui 1.383,11 hectares de vegetação nativa. Como essa Zona possui
2.845,76 hectares de área total, aproximadamente 48,61% desta é composta por vegetação
nativa

A Zona Urbana, por sua vez, possui 625 hectares de vegetação nativa, para uma área
total de 2.349,65 hectares, possuindo, portanto, uma cobertura de 26,60% de vegetação nativa.

As demais Zonas, possuem 520,22 hectares e apresentam 37,37% de vegetação nativa.

Considerando a Zona Rural e Rurbana em conjunto, encontramos 53,70% de


remanescentes de vegetação nativa, distribuídos em 3.972, 76 hectares, sendo 2.133,22 com
cobertura de nativas. Considerando o território total do município, que é de 6.842,63 hectares,
e possui 2.952,61 hectares de nativas, é possível concluir que existem 43,15% de remanescentes
de mata nativa.

Outubro de 2024 49
Gráfico 3 – Porcentagem de remanescentes nas diferentes Zonas Rural e Urbana.

Remanescentes da vegetação nativa

8%
16%
Zona Rural
Zona Rurbana
34%
Zona Urbana
Demais Zonas
42%

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

As “Demais Zonas” representadas no gráfico correspondem à vegetação remanescente


presente na Zona de proteção dos Morros dos Dois Irmãos, Zona de Interesse Turístico, Zona
Especial, fora do perímetro urbano, e Zona de Proteção Ambiental.

Outubro de 2024 50
Figura 28 – Graus de degradação/conservação nas demais áreas

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Ao todo, foram mapeados 2.952,61 hectares de remanescentes nativos da Mata Atlântica


no município, mais 621,52 hectares de exóticas, totalizando 3.574,13 hectares de cobertura
florestal.

Outubro de 2024 51
Gráfico 4 – Porcentagem de remanescentes em relação às exóticas.

Nativas x Exóticas

17%

Nativas
Exóticas

83%

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

É possível concluir que 52% do território possui cobertura florestal, considerando


nativas e exóticas, enquanto que o restante do território, ou seja 48% é ocupado com todos os
demais usos do solo: agropecuária, urbanização, cursos d´água, infraestrutura. Nos gráficos 5 e
6, as áreas não florestais foram identificadas como “outros usos”.

Gráfico 5 – Porcentagem de cobertura florestal e não florestal.

Outros usos
48%
52% cobertura florestal

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Também foram identificados os percentuais de ocupação do solo com espécies exóticas


monoespecíficas e nativas, comparando-se, percentualmente, com os demais usos do solo.

Outubro de 2024 52
Gráfico 6 – Porcentagem de remanescentes em relação a ocupação total do solo.

Ocupação do solo

9%
Outros usos
48% Nativas
43% Exóticas

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Em síntese, na Zona Rural foram mapeados 750,11 hectares de vegetação nativa, na


Zona Rurbana 1.383,11 hectares e na Zona Urbana 625 hectares, distribuídos conforme os
mapas que seguem.

Outubro de 2024 53
Figura 29 – Remanescentes em Zona Urbana.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 54
Figura 30 – Remanescentes em Zona Rurbana.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 55
Figura 31 – Remanescentes em Zona Rural.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 56
2.1.4 Corredores ecológicos a serem preservados nos limites do município

Os corredores ecológicos são instrumentos de planejamento da paisagem com o objetivo


principal de garantir que os remanescentes da vegetação nativa não se mantenham isolados e
fragmentados. Isolar populações animais ou vegetais contribui para o declínio das espécies e
por esta razão é ideal que os remanescentes estejam conectados.

Uma característica da paisagem que pode diminuir os efeitos negativos da fragmentação


são os corredores de habitat, que são tipicamente faixas estreitas de habitat que facilitam o
movimento dos organismos entre os fragmentos adjacentes. (Ricklefs, 2010)

A ocupação do entorno dos remanescentes e a infraestrutura associada, como as


estradas, lavouras, núcleos urbanos, oferecem riscos às espécies que se deslocam para fora dos
limites das matas, como atropelamentos, caça por humanos ou outros animais. Assim, um
corredor ecológico bem planejado e implantado evita que estes riscos estejam presentes e
permite uma ligação segura entre os remanescentes.

Os corredores ecológicos são reconhecidos como unidade de planejamento pelo Sistema


Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei Federal n.º 9.985/2000), que traz o
seguinte conceito:

Art. 2º (…) Inciso XIX Corredores ecológicos: porções de ecossistemas


naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam
entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de
espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de
populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior
do que aquela das unidades individuais.

São também contemplados no Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (Decreto


Federal n° 5.758, de 13 de abril de 2006), que os reconhece como instrumento de gestão
territorial de grandes paisagens, tal como Reservas da Biosfera e Mosaicos. O Plano faz
destaque para a gestão destes territórios, onde devem ser consideradas as sobreposições,
conflitos, efetividades e benefícios sociais advindos.

No planejamento e implantação dos corredores ecológicos o envolvimento das


comunidades locais é essencial. É uma oportunidade para discutir a conservação e o
desenvolvimento de paisagens sustentáveis. Estimular a implantação de corredores ecológicos,
além de ser uma forma de garantir a integridade das populações animais e vegetais, é uma
maneira descentralizada e participativa de fazer a conservação da biodiversidade, é integrar
oportunidades e processos culturais e socioeconômicos à gestão ambiental.

Outubro de 2024 57
No âmbito municipal e entorno, o mapeamento de áreas propícias para o
estabelecimento de corredores ecológicos é fundamental para direcionar as ações de
conservação e recuperação visando o maior ganho ambiental através das seguintes ações:

 Redução da Fragmentação: Os corredores ecológicos reduzem ou previnem


a fragmentação florestal, permitindo o fluxo gênico e a recolonização de
áreas, contribuindo assim para a conservação da biodiversidade.
 Conexão de Áreas: Eles promovem a ligação entre áreas fragmentadas,
sendo importantes por garantir o deslocamento de animais e a dispersão de
sementes entre essas áreas.
 Manutenção do Ecossistema: Além da importante manutenção do
ecossistema, os corredores ecológicos oferecem diversas oportunidades
para a população, como a criação de espaços de recreação, transporte e
desenvolvimento da coesão social
 Regulação do Clima e Serviços Ecossistêmicos: Essas áreas ajudam a
regular o clima, fornecem serviços ecossistêmicos, como a polinização de
culturas agrícolas, e contribuem para a qualidade e disponibilidade da água.

Objetivando localizar e quantificar os corredores ecológicos existentes no município,


após o mapeamento dos remanescentes da Mata Atlântica, foram estabelecidos critérios para o
mapeamento dos corredores ecológicos. Para tanto, foram consideradas:

 Integridade da paisagem natural: A condição e qualidade do ambiente


natural são fundamentais para determinar a viabilidade de um corredor
ecológico.
 Abundância e riqueza de espécies: A presença e diversidade de espécies na
área são importantes para entender o valor ecológico do corredor.
 Grau de ameaça dos grupos de organismos: A presença de espécies
ameaçadas ou em perigo pode aumentar a necessidade de um corredor
ecológico.
 Diversidade de ecossistemas e comunidades de espécies: A variedade de
habitats e comunidades de espécies pode influenciar a funcionalidade e
eficácia de um corredor.

Outubro de 2024 58
 Potencial de conectividade entre comunidades terrestres e aquáticas: A
capacidade de conectar diferentes habitats e ecossistemas é um fator chave
na determinação da localização e extensão de um corredor ecológico.

A partir do uso dos critérios acima, confrontados com os remanescentes


identificados, foram mapeados, 4 corredores ecológicos:

1- Corredor ecológico 48 – Feitoria: que compreende os remanescentes associados


à cabeceira do arroio 48, APPs da drenagem até o Arroio Feitoria. O corredor
se estabelece com importantes remanescentes dos municípios de Ivoti,
presidente Lucena e Morro Reuter
2- Corredor ecológico Carpintaria – Feitoria: Representado pelos remanescentes
da cabeceira dos Arroios Carpintaria e Feitoria, além da conexão com a ARIE
do Morro Ferrabraz, em Sapiranga e remanescentes de Morro Reuter. Esse
corredor está inserido na área de preservação dos mananciais do Arroio Feitoria,
estabelecida pela Lei municipal 989/91.
3- Corredor ecológico Caru: Representados pelos remanescentes no entorno da
cabeceira do Arroio e as APPs desse curso. Possibilita ligação com as florestas
da ARIE do Morro Ferrabraz, em Sapiranga
4- Corredor ecológico Morros dos Dois Irmãos: Importante remanescente que
cobre as bordas de duas sub bacias hidrográficas com a presença de algumas
nascentes. Além de proteger o Morros dos Dois Irmãos.

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Figura 32 – Corredores Ecológicos identificados no município.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 60
O Corredor ecológico 48 – Feitoria, que compreende os remanescentes associados à
cabeceira do Arroio 48, APPs da drenagem até o Arroio Feitoria. O corredor se estabelece com
importantes remanescentes dos municípios de Ivoti, Presidente Lucena e Morro Reuter

Os remanescentes possuem vegetação típica das áreas de encosta da tensão entre a


fitofisionomia Floresta Estacional Decidual e Semidecidual. Os remanescentes são pouco
fragmentados, com estágio sucessional predominantemente avançado.

Segundo relato dos moradores locais, a região está em regeneração nos últimos 50 anos
e atualmente se observa, como atividades econômicas, a melicultura, a silvicultura e a
agricultura familiar. Essas atividades estão mais concentradas na região próxima a BR 116 e
ausentes nas regiões de maior declive. Essa característica da ocupação do solo explica a maior
densidade da vegetação nas áreas declivosas.

Figura 33 – Aspecto da vegetação predominante no Corredor ecológico 48 – Feitoria.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Na área de estudo, foram encontradas algumas das espécies indicadoras das florestas
Deciduais, como a Cecropia adenopus (embaúba); Hieronyma alchorneoides (licurana);
Nectandra leucothyrsus (canela-branca); Cupania vernalis (camboatá-vermelho); Ocotea
puberula (canela-guaicá), Piptocarpha angustifolia (vassourão-branco); Parapiptadenia rigida

Outubro de 2024 61
(angico-vermelho); Patagonula americana (guajuvira), Matayba ealeagnoides (camboatá-
branco).

Figura 34 – Liana encontrada na área de estudo.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 62
Figura 35 – Aspecto da vegetação no Corredor ecológico 48 – Feitoria.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Além das espécies indicadoras, também foi possível identificar espécies como o angico-
vermelho (Paraptadenia rigida), aguaí (Crysophyllum gonocarpum), canelão (Ocotea
acutifolia), canela-de-veado (Helietta apiculata), jerivá (Syagrus romanzoffiana), canela-preta
(Nectandra megapotamica), guajuvira (Patagonula americana), cangerana (Cabralea
canjerana), cedro (Cedrela fissilis) além de estrato herbáceo característico e o fumo-brabo
(Solanum mauritianum), grandiúva (Trema micrantha), pata-de-vaca (Bauhinia forficata),
urtigão-manso (Boehmeria caudata), embaúba (Cecropia sp.), e Canela-guaicá (Ocotea
puberula), figueira (Ficus adhatodifolia) nas áreas secundárias em regeneração.

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Figura 36 - Solanum mauritianum em área de regeneração.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Figura 37 - Syagrus romanzoffiana em área de regeneração.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Figura 38 - Presença de Cecropia sp.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

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Figura 39 Ficus adhatodifolia encontrado na área.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

O Corredor ecológico Carpintaria – Feitoria, é representado pelos remanescentes da


cabeceira dos Arroios Carpintaria e Feitoria, além da conexão com a ARIE do Morro Ferrabraz,
em Sapiranga e remanescentes de Morro Reuter.

Esse corredor está inserido na área de preservação dos mananciais do Arroio Feitoria,
estabelecida pela Lei municipal 989/91, possuindo remanescentes de vegetação preservados e
potencial para ações de recuperação e conservação significativos.

Figura 40 - Aspecto da vegetação às margens do Arroio Carpintaria.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 65
Figura 41 - Aspecto da vegetação preservada no corredor ecológico Carpintaria – Feitoria.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A vegetação presente na área representa a mesma diversidade de espécies típicas da


tensão entre a Florestas Estacional Decidual e Semidecidual, com a presença das espécies
descritas anteriormente, para o Corredor Ecológico 48 – Feitoria.

As margens do Arroio Carpintaria e Feitoria estão majoritariamente preservadas por esse


corredor, justificando a sua importância. O corredor possui potencial turístico pois a Cascata
das 7 Quedas está localizada em seu interior. A atração possui potencial para trilhas, caminhadas
e contemplação da natureza.

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Figura 42 – Vista da Cascata das 7 Quedas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

O Corredor ecológico Caru, representado pelos remanescentes no entorno da


cabeceira do Arroio Caru e as APPs desse curso, possibilita ligação com as florestas da ARIE
do Morro Ferrabraz, em Sapiranga, para formação de uma extensa área de vegetação além de
proteger as nascentes do Arroio.

Figura 43 – Arroio Caru.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 67
O corredor, conforme avança no território municipal, sobretudo às margens da Travessa
Campo Bom II e Travessa Campo do Jorginho, sofre com a ocupação imobiliária, as atividades
silviculturais e a extração de saibro, que provocam o surgimento de mosaicos de desmatamento.
Por isso é o Corredor com maior degradação dentre os demais analisados.

Figura 44 – área degradada pela extração de saibro às margens do Arroio Caru.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

As monoculturas florestais exóticas, bastante presentes na área, são os fatores


degradantes no local.

Figura 45 – Silvicultura como atividade intensa na área

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 68
A vegetação predominante não difere da apresentada anteriormente, quanto ao tipo de
formação fitoecológica, porém, a maior fragmentação acentua o efeito de borda dos
remanescentes implicando em uma menor diversidade e estágios sucessionais variando do
médio ao avançado.

Figura 46 – Vegetação no corredor Ecológico Caru

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

O desafio de conservação para o corredor ecológico concentra-se na localização das


nascentes do Arroio Caru e a recuperação das suas APPs, bem como as APPs do curso inicial
do Arroio.

O corredor ecológico dos Morros dos Dois Irmãos é um importante remanescente que
cobre as bordas de duas sub bacias hidrográficas com a presença de algumas nascentes do
Arroio Capim e do Arroio Caru.

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Figura 47 – Vegetação no corredor Ecológico dos Morros dos Dois Irmãos.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Este corredor ecológico apresenta a possibilidade de conexão com o Corredor Ecológico


do Caru, ampliando, dessa forma, sua abrangência. Para tanto, são necessárias ações de
recuperação ambiental das margens do Arroio Caru, a partir de suas nascentes.

A vegetação remanescente na área apresenta-se fragmentada devido as atividades


agrícolas e silviculturais existentes, com exceção das áreas de maior declive. A diversidade de
espécies é semelhante às encontradas nos demais corredores ecológicos.

A área delimitada como Zona de Proteção dos Morros Dois Irmãos (ZPM), está, no seu
topo, no entorno no morro das antenas, desmatada pelas atividades agrícolas.

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Figura 48 – Atividades agrícolas no interior da Zona de Proteção dos Morros Dois Irmãos.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

As demais áreas, com maior declividade, estão preservadas e guardam remanescentes


em estágio avançado.

Figura 49 – vegetação remanescente no início do vale do Arroio Capim.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 71
A recuperação das APPs das nascentes do Arroio Caru e das suas margens, nas
proximidades do Morro dos Dois Irmãos, possibilita a conexão dos remanescentes florestais
existentes e a ampliação deste corredor.

2.1.5 Remanescentes integrados com municípios vizinhos

A caracterização e o mapeamento detalhados dos remanescentes de Mata Atlântica


integrados com municípios vizinhos são componentes essenciais do Plano Municipal da Mata
Atlântica (PMMA), oferecendo diversos benefícios cruciais para a conservação da
biodiversidade, o desenvolvimento sustentável e a gestão ambiental eficaz da região.

Tal caracterização possibilita a compreensão holística da paisagem, gerando uma visão


integrada, indo além das fronteiras municipais, reconhecendo a interconexão dos ecossistemas
e a importância da colaboração intermunicipal na proteção da Mata Atlântica.

Também possibilita o entendimento das conexões ecológicas, observadas no


mapeamento dos corredores ecológicos, que ligam os remanescentes dos diferentes municípios
e garantem a livre movimentação da fauna e flora, essencial para a manutenção da
biodiversidade.

Além disso torna-se possível estabelecer a compressão da dinâmica das


metapopulações, grupos de indivíduos da mesma espécie em diferentes remanescentes, crucial
para a viabilidade a longo prazo das espécies.

O mapeamento dessas áreas, fornece subsídios para ações estratégicas de conservação


com a ampliação das áreas prioritárias, direcionando os esforços de forma mais eficaz,
otimizando recursos e maximizando os resultados de conservação.

Além disso torna possível o planejamento integrado da restauração de corredores


ecológicos entre os remanescentes, garantindo uma maior conectividade da paisagem,
combatendo a fragmentação do habitat e promovendo o fluxo gênico entre as populações.

Extrapolando o território do município, torna-se possível identificar conexão com entre


as diferentes Unidades de Conservação, municipais, estaduais e federais consolidando a
proteção abrangente da Mata Atlântica.

Também é possível o fortalecimento da governança ambiental, através da cooperação


intermunicipal, uma vez que o mapeamento dos remanescentes contínuos, facilita a colaboração
entre municípios na definição de estratégias e ações compartilhadas para a conservação da Mata

Outubro de 2024 72
Atlântica, o compartilhamento de recursos, através da gestão conjunta, que otimiza o uso
compartilhado de recursos para atividades de monitoramento, proteção e restauração florestal.

Ainda podemos citar o embasamento para políticas públicas, o planejamento urbano,


relacionado ao uso urbano sustentável, orientando o desenvolvimento de cidades com menor
impacto ambiental e que valorizem os serviços ecossistêmicos da Mata Atlântica, tendo impacto
nas atividades econômicas, uma vez que possibilita a identificação de áreas com aptidão para
atividades econômicas compatíveis com a conservação da Mata Atlântica promovendo o
desenvolvimento sustentável da região.

Através da análise dos remanescentes da vegetação integrados aos municípios vizinhos,


foi possível identificar os corredores ecológicos mapeados, que levaram em consideração a
conectividade com a vegetação nativa nos municípios limítrofes. Os mapas que seguem
demonstram os remanescentes da vegetação no entorno dos corredores ecológicos
identificados, em municípios próximos, evidenciando a ligação existentes entre essa floresta e
justificando a sua delimitação.

A integração do corredor ecológico Arroio Carpintaria – Arroio Feitoria e do corredor


ecológico do Arroio Caru com a ARIE do Morro Ferrabraz é possível, por meio de ações
integradas de recuperação das áreas de ligação desses fragmentos, possibilitando o
estabelecimento de um grande corredor ecológico regional.

Dos corredores mapeados, o do Morro dos Dois Irmãos é o que tem menor potencial de
integração com os municípios vizinhos, pois, seus remanescentes ficam confinados entre a área
urbana de Novo Hamburgo, o qual avança até o início da área mais declivosa, no limite do
município de Dois Irmãos e a área de expansão urbana do município de Campo Bom. Porém
essa área é importante para a estabilidade das encostas, até a planícies urbanizadas.

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Figura 50 – Integração do corredor ecológico Arroio 48 – Arroio Feitoria com os município vizinhos.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 74
Figura 51 – Integração do corredor ecológico Arroio Carpintaria – Arroio Feitoria e Corredor ecológico
Caru com os município vizinhos.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

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Figura 52 – Integração do corredor ecológico dos Morros dos Dois Irmãos com os municípios vizinhos.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Figura 53 – A vegetação nativa como protetora das encostas entre Dois Irmãos e Campo Bom.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

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Figura 54 – A vegetação nativa como protetora das encostas entre Dois Irmãos e Novo Hamburgo.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

2.1.6 Mapa das fitofisionomias encontradas atualmente no município.

Antes da colonização e da intensa modificação do meio ambiente pelo homem, o


município de Dois Irmãos, levando-se em consideração o relevo e o tipo de vegetação
remanescente, era coberto por uma rica diversidade associada as fitofisionomias da região.

Através de pesquisas e análises de dados históricos, associados as informações apuradas


em campo, é possível estimar as paisagens originais que existiam na região, conforme
apresentado abaixo.

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Figura 55 – Cobertura Florestal original.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 78
Dominando a maior parte do município, a Floresta Estacional Decidual, também
conhecida como Mata Atlântica Interior, caracteriza-se por árvores que perdem suas folhas no
outono e inverno. Espécies como o pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), o cedro
(Cedrela fissilis), a imbuia (Ocotea porosa) e várias espécies de canela, são comumente
encontradas. Essa floresta abrigavam uma fauna diversa, com mamíferos como a jaguatirica
(Leopardus pardalis), o macaco-prego (Sapajus nigritus), anta (Tapirus terrestris) e o Bugio-
Ruivo (Alouatta guariba) o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), esses últimos ainda
encontrados.

Em áreas mais úmidas e protegidas, como encostas e fundos de vale, a Floresta


Estacional Semidecidual, que também se manifesta no território do município, apresenta
árvores que perdem apenas parte de suas folhas na estação seca. Espécies como a canela-preta
(Ocotea catharinensis), o guatambú (Balfourodendron riedelianum) e a peroba-rosa
(Aspidosperma polyneuron) eram comuns. Essa floresta era rica em bromélias, orquídeas e
outras epífitas, além de abrigar aves como o tucano-toco (Ramphastos toco) e o sabiá-laranjeira
(Turdus rufiventris).

Com a colonização e o crescimento urbano, as fitofisionomias originais de Dois Irmãos


sofreram um processo intenso de modificação. A Floresta Estacional Decidual foi drasticamente
reduzida para dar lugar, primeiramente à agricultura e posteriormente, à urbanização. Com o
crescimento da indústria de calçados, a silvicultura ocupou gradativamente as áreas de
vegetação nativa. Em menor escala a pecuária também foi responsável pelo decréscimo da
vegetação original.

Atualmente, existem fragmentos das fitofisionomias originais de Dois Irmãos. A


preservação desses remanescentes é fundamental para a manutenção da biodiversidade e dos
serviços ecossistêmicos. Ações de restauração florestal também são importantes para recuperar
áreas degradadas e promover a reconexão dos fragmentos de floresta para a perpetuação da
variabilidade genética.

Como o município possui áreas de tensão ecológica entre a Floresta Ombrófila Mista, a
Floresta Estacional Decidual e Semidecidual, é possível encontrar espécies da flora ameaçadas
de extinção como a Araucaria angustifólia, que são típicas da Floresta Ombrófila Mista, além
de outras espécies dessa fitofisionomia.

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Figura 56 – presença de Araucaria angustifolia.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

2.1.7 Áreas de risco e de fragilidade ambiental

O Guia de Procedimentos Técnicos do Serviço Geológico do Brasil -CPRM, para as


setorizações de áreas de risco geológico, traz alguns conceitos básicos envolvidos no seu
processo de elaboração.

Assim, são apresentadas a seguir algumas definições dos termos utilizados direta ou
indiretamente na construção dos trabalhos, baseadas nos entendimentos de Ellison (1948,)
Augusto Filho (1992), Merritt et al. (2003), Morgan (2005), Ministério das Cidades & IPT
(2007), FELL et al. 2008, UNISDR (2009), Julien (2010) e Bitar (2014).

Por Risco, entende-se a probabilidade de ocorrência e severidade de um efeito adverso


à saúde, à propriedade ou ao meio ambiente. O Risco geológico: relação entre à probabilidade
de ocorrência de um evento adverso de natureza geológica e a magnitude de suas consequências
socioeconômicas. A Setorização de áreas de risco geológico é a divisão do terreno em áreas ou
domínios homogêneos e sua classificação de acordo com os graus de risco.

A Suscetibilidade está relacionada à propensão ou potencialidade natural de ocorrer um


evento do meio físico em uma determinada área, O perigo é a condição com potencial para
causar consequência indesejável em um intervalo de tempo. Deve incluir o local, a área de
deflagração e atingimento, velocidade e probabilidade de ocorrência em um dado período de
tempo enquanto que a Vulnerabilidade se define como o grau de perda de um dado elemento
ou grupo de elementos em uma área afetada por um evento adverso. Em geral, quanto maior a
vulnerabilidade, maior o risco.

Outubro de 2024 80
O conceito de desastre é tido como uma grave perturbação do funcionamento de uma
comunidade ou sociedade, envolvendo amplo impacto e perdas humanas, materiais,
econômicas ou ambientais, que excedem a capacidade de gerenciamento próprio por parte da
população afetada.

Dentre os fenômenos geológicos analisados, destacam-se os movimentos de massa, que


são os: deslocamentos descendentes de solo, rocha ou detritos sob ação da força da gravidade
e os processos hidrológicos fluviais, definidos como a elevação temporária do nível da água
que escoa pelos canais fluviais.

Com o intuito de abranger a diversidade de desastres com ocorrência no Brasil,


possibilitando uma padronização da nomenclatura empregada para os diferentes tipos de
desastres, no país utiliza-se a Codificação Brasileira de Desastres – COBRADE, classificando
os desastres em nível de categoria, grupo, subgrupo, tipo e subtipo. Ao nível de categoria os
desastres podem ser classificados em naturais ou tecnológicos, sendo os tecnológicos
relacionados aos grupos de substâncias radioativas, produtos perigosos, incêndios urbanos,
obras civis e transportes de passageiros e de cargas não perigosas. Já a categoria dos naturais
abrange os grupos de desastres: geológico (terremoto, movimentos de massa), hidrológico
(inundações, enxurradas, alagamentos), meteorológico (como ciclones, temperaturas
extremas), climatológico (relacionados à seca, como estiagem, baixa umidade, incêndios) e
biológico (envolvendo pragas e epidemias).

No Brasil, as ocorrências de desastres naturais mais comuns de se observarem são


deslizamentos de encostas e inundações, estando associados a eventos pluviométricos intensos
e prolongados, e que se repetem à medida que se repetem estes períodos chuvosos, de acordo
com publicação do Ministério das Cidades (Carvalho e Galvão, 2006). Inundações
compreendem o transbordamento de corpos d’água, se aplicando a diferentes tipos, sendo
normalmente ocasionadas por precipitações pluviométricas intensas e concentradas, por
intensificação do regime de chuvas sazonais, saturação do lençol freático, ou mesmo por degelo,
podendo haver também outras causas e fatores auxiliares, como o assoreamento do leito de rios
e a compactação e impermeabilização do solo (Castro, 1998).

Os deslizamentos de encostas são fenômenos naturais que podem ocorrer em qualquer


área com declividade mais elevada, em decorrência de chuvas intensas e prolongadas. Entende-
se que, naturalmente, dadas as condições de relevo e os processos geodinâmicos, considerando
a escala de tempo geológica, em algum momento toda encosta deve sofrer deslizamento. Porém,

Outubro de 2024 81
como afirmam Carvalho e Galvão (2006), a intervenção humana, com remoção da vegetação e
ocupação dessas áreas, tornam estes ambientes ainda mais frágeis, de modo que tais ocorrências
se observam com maior frequência, podendo ocorrer dentro de décadas ou mesmo anualmente.

Destaca-se que os movimentos de massa podem ser de diferentes tipos, devido às


próprias condições existentes no local e de suas características de litologia e de geomorfologia.
Para a COBRADE, os eventos de desastre são classificados quanto à Categoria, Grupo,
Subgrupo, Tipo e Subtipo. Assim, cada grupo pode apresentar diferentes subgrupos, bem como,
cada subgrupo pode apresentar diferentes tipos, e de cada tipo, diferentes subtipos. Nesta
classificação, os movimentos de massa se dividem em quatro tipos, apresentando também
subtipos, como se observa na tabela a seguir.

Tabela 3 - Classificação de desastres geológicos e hidrológicos, conforme COBRADE.


Categoria Grupo Subgrupo Tipo Subtipo
Tremor de terra -
Terremoto
Tsunami -
Emanação
- -
vulcânica
Blocos
Quedas, Lascas
tombamentos e
rolamentos Matacões
Lajes
Movimento de Deslizamentos
Deslizamentos
massa de solo e/ou de
(escorregamentos)
Geológico rocha
Solo/lama
Corridas de massa
Natural Rocha/Detrito
Subsidências e
-
colapsos
Erosão
-
costeira/marinha
Erosão de margem
-
fluvial
Erosão
Laminar
Erosão continental Ravinas
Voçorocas
Inundações - -
Hidrológico Enxurradas - -
Alagamentos - -
Fonte: COBRADE, 2019. Adaptado por Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 82
O mapeamento de áreas de risco possui grande importância no planejamento territorial,
pois essas áreas demandam a atenção e o acompanhamento dos gestores públicos, tendo em
vista a possibilidade de ocorrência de acidentes e desastres envolvendo pessoas e bens materiais
situados nesses locais. Assim, além do mapeamento dessas áreas, as ações de prevenção a
ocupação e as medidas de readequação destas, são imprescindíveis para a mitigação dos riscos
e a garantia da segurança.

O Município de Dois Irmãos não possui o mapeamento da setorização de risco do


CPRM, não sendo incluído nos municípios prioritários para tal estudo uma vez que não possui
áreas críticas, suscetíveis a desastres. Porém, observa-se uma relação importante entre os
alagamentos recorrentes e o avanço da urbanização sobre os cursos d´água, sobretudo no vale
do Arroio Feitoria, Arroio da Direita, Arroio da Esquerda e o Arroio Caru, onde estes atravessam
as áreas urbanizadas. Sugere-se o mapeamento e a setorização das áreas de risco, tanto de
escorregamento de massa, alagamentos e inundações como forma de propor ações mitigadoras
nesses locais.

Os regimes de chuva acentuados, ocorridos neste ano no Rio Grande do Sul, provocaram
alagamentos no Bairro Vila Rosa em residências às margens do Arroio Caru, Beira Rio, na
região de confluência entre o Arroio da Direita e Arroio Feitoria, além do Bairro Portal da Serra,
às margens do Rio Feitoria.

Essas áreas de alagamento compreendem regiões mais baixas como no encontro das
águas do Arroio Caru, Arroio da Esquerda com o Arroio Feitoria em área identificada neste
Plano, como propensa à criação de uma Unidade de Conservação, sendo uma ação efetiva do
PMMA para a mitigação dos riscos associada à conservação da Mata Atlântica.

Cabe ressaltar, a importância da elaboração de um estudo que promova a setorização


dessas áreas de risco, mapeando-as e qualificando-as, para a mitigação dos impactos causados
pelos possíveis desastres naturais futuros.

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Figura 57 – Mapa da área de risco de alagamento.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

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Figura 58 – Área de risco de alagamentos no encontro do Arroio feitoria com Arroio da Direita (ao fundo).

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

 Mapa de fragilidade ambiental e áreas de risco

As características do meio biótico e abiótico se relacionam. O ambiente encontra-se em


equilíbrio conforme a relação entre os parâmetros que o compõe, sendo que qualquer alteração
nesse equilíbrio causa alterações ambientais. Para Tricart (1977), a declividade, a pedologia e
o uso do solo, são parâmetros básicos para a análise da fragilidade ambiental. Ross,1994,
também considera a correlação desses parâmetros básicos no estudo das fragilidades
ambientais, considerando-as muito fracas ou muito altas, dependendo das características dos
parâmetros.

Para o mapeamento das áreas de fragilidade ambiental, foi empregada a metodologia


desenvolvida por Ross (1994) que levou em consideração:

1- Área de estudo, considerando o território do município de Dois Irmãos, na


perspectiva das bacias hidrográficas e as áreas próximas;
2- Cartografia elaborada para o PMMA;
3- Classificação dos parâmetros quanto à fragilidade;
4- Correlação dos parâmetros;
5- Elaboração do mapa de fragilidade;

Outubro de 2024 85
6- Verificação dos resultados.

A partir do Modelo Digital de Elevação obtido dos dados do satélite Alos Palsar,
foi possível elaborar o Mapa de Declividade do município, com precisão de 12.5 metros.
Também do MDT se extraiu as curvas de nível com intervalo ajustado de 1 metro. Através das
imagens disponibilizadas pelo Goolge Earth, mais atuais, foi possível a elaboração do mapa de
uso e ocupação do solo. Finalmente, com o uso do Mapa de Classificação dos Solos do Estado
do Rio Grande do Sul Quanto à Resistência a Impactos Ambientais, foi possível integrar as
informações e gerar o Mapa de Fragilidade Ambiental do município de Dois Irmãos.

O primeiro mapeamento gerado, foi a classificação de declividade por


porcentagem, conforme Ross (1994).

Tabela 4 Classificação de fragilidade para declividade em porcentagem.


Classe Nome da classe Intervalo de declividade
1 Muito Fraca Até 6%
2 Fraca De 6 a 12%
3 Média De 12 a 20%
4 Alta De 20 a 30%
5 Muito Alta Acima de 30%
Fonte: ROSS, 1994.

Após a reclassificação da camada Raster, esta foi vetorizada com a utilização de


software de geoprocessamento, gerando o mapa abaixo:

Outubro de 2024 86
Figura 59 – Mapa de declividade em porcentagem

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 87
Outro parâmetro analisado para a determinação das fragilidades ambientais foi o tipo de
solo. O município de Dois Irmãos possui solos que variam de Argissolos Vermelho-Amarelos
e Vermelhos Distróficos além de Nitossolos Vermelhos Eutroficos, Neossolos Litolicos
Eutroficos e Cambissolos Háplicos Ta Eutróficos que são em áreas com relevo ondulado a forte
ondulado. Apesar de apresentarem características que os tornam importantes para a agricultura,
também possuem algumas fragilidades ambientais que precisam ser consideradas para um uso
sustentável da terra.

Estes solos são naturalmente pobres em nutrientes, principalmente fósforo e potássio.


Isso significa que a agricultura nessas áreas exige um manejo cuidadoso, com aplicação regular
de fertilizantes e corretivos de acidez.

Também apresentam susceptibilidade à erosão, já que a textura argilosa desses solos,


combinada com a topografia frequentemente acidentada, os torna altamente propensos à erosão
hídrica. A presença de argila nos horizontes superficiais pode limitar a infiltração da água no
solo, levando ao encharcamento em períodos chuvosos e à dificuldade de penetração das raízes
das plantas. O uso inadequado desse tipo de solo, como o cultivo em áreas com declividade
acentuada sem as devidas práticas conservacionistas, pode acelerar os processos de degradação,
levando à perda de matéria orgânica, compactação do solo e à formação de crostas.

Os solos que apresentam uma combinação de Nitossolos Vermelhos Eutroficos,


Neossolos Litolicos Eutroficos e Cambissolos Haplicos Ta Eutroficos. indica uma área com
características pedológicas bastante variadas, o que, por sua vez, implica em diferentes níveis
de fragilidade ambiental.

Os Nitossolos Vermelhos Eutroficos geralmente possuem um perfil profundo, o que


pode ser uma vantagem em termos de armazenamento de água e nutrientes, possuindo boa
fertilidade natural: A classificação "eutrofico" indica alta fertilidade natural, mas essa
fertilidade pode ser rapidamente depletada por práticas agrícolas inadequadas. São solos que,
apesar da profundidade, podem ser suscetíveis à erosão em áreas com declividade,
especialmente se a cobertura vegetal for removida.

Os Neossolos Litolicos Eutroficos, são rasos, possuem um horizonte A diretamente


sobre a rocha, o que limita a capacidade de armazenamento de água e nutrientes. São
pedregosos, característica que restringe o desenvolvimento das raízes e dificulta o preparo do
solo. Devido à sua profundidade reduzida e à presença de pedras, são altamente suscetíveis à
erosão.

Outubro de 2024 88
Os Cambissolos Haplicos Ta Eutroficos possuem um perfil menos desenvolvido que os
Nitossolos, o que os torna mais sensíveis a processos erosivos e de degradação. Assim como os
Nitossolos, são naturalmente férteis, mas essa fertilidade pode ser rapidamente perdida.

Os três tipos de solo são suscetíveis à erosão, especialmente em áreas com declividade
e quando submetidos a práticas agrícolas inadequadas. A erosão leva à perda de solo fértil,
assoreamento de rios e degradação da qualidade da água.

Foi empregado a seguinte matriz de suscetibilidade para análise da fragilidades


ambiental relacionada ao tipo de solo:

Tabela 4: Classificação da fragilidade dos solos.


Tipo de solo Fragilidade
Nitossolos Vermelhos Eutróficos 3 - Alta
Planossolos Háplicos Eutróficos 2 - Média
Argissolos Vermelho 3- Alta
Fonte: Adaptado, ROSS, 1994.

Por fim, o uso do solo também influencia na fragiliadde ambiental. Foi empregada a
matriz abaixo para a determinação da fragilidade ambiental associada ao tipo de uso do solo:

Tabela 5: Classificação de uso e ocupado do solo.


Classe Nome da Classe Uso e Ocupado do Solo
1 Fraca Florestas e Mata/ Area Urbana
2 Média Silvicultura
3 Alta Culturas de Ciclo Curto
4 Muito Alta Áreas Desmatadas, de queimadas e solo exposto
Fonte: Adaptado, ROSS, 1994.

A partir dos parâmetros acima, reacionados à declividade, tipo de solo e ao uso e


ocupação do solo, foi elaborado o Mapa de Fragilidade Ambiental baseado na graduação
abaixo.

Tabela 4: Classificação da fragilidade segundo ROSS (1994).


Classe Nome da Classe Descrição
2 Fraca Dissecaçâo baixa, pouca drenagem e baixo potencial erosivo.
Dissecaçâo média a alta, densidade de drenagem de média a alta, sujeitas
3 Média
a fortes atividades erosivas.
Dissecaçâo muito intensa, densidade de drenagem alta em vales muito
5 Alta
entalhados, processos erosivos intensos.
Fonte: Adaptado, ROSS, 1994.

Outubro de 2024 89
Figura 60 – Mapa de fragilidades ambientais.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 90
 Estado de conservação ou degradação das áreas de risco

O Modelos Digitais de Elevação disponíveis permitem a elaboração de curvas de nível


de 1 metro de equidistância e a partir da determinação da cota de alagamento e do mapeamento
dos remanescentes de vegetação, estabelecer a relação da área de risco e o grau de conservação
da vegetação existente.

Figura 61 – Aspecto da vegetação na área de risco.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 91
Figura 62 – Mapa do estado de conservação da vegetação na área de risco.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 92
 Áreas suscetíveis e de aptidão à urbanização

Determinar áreas suscetíveis e aptas à urbanização no Plano Municipal da Mata


Atlântica (PMMA) requer uma análise criteriosa e abrangente de diversos fatores interligados,
considerando aspectos ambientais, sociais e econômicos. O objetivo principal foi identificar
áreas onde o desenvolvimento urbano possa ocorrer de forma harmônica, minimizando
impactos negativos ao bioma da Mata Atlântica e promovendo o bem-estar da população.

Em relação as Áreas de Preservação Permanente (APPs) estas são zonas protegidas por
legislação específica, como margens de rios, nascentes e áreas com declive acentuado,
essenciais para a manutenção de funções ecológicas e equilíbrio ambiental das localidades.

Nas áreas de declive acentuado, além da possibilidade de serem consideradas APPs, são
áreas propensas a deslizamentos e erosão, e locais com alto potencial de inundações devem ser
evitados para habitação e infraestrutura urbana.

Áreas de Mata Atlântica, mesmo em estágios avançados de regeneração, são


fundamentais para a biodiversidade, fornecimento de água potável e regulação do clima. A
conversão de áreas florestais para fins urbanos deve ser minimizada e compensada por medidas
de recuperação ambiental. Essas áreas, além da biodiversidade, podem ser áreas de ocorrência
de espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção devem ser rigorosamente protegidos. Essas
áreas também podem se converter em corredores ecológicos e áreas que conectam diferentes
fragmentos da Mata Atlântica local, sendo para a migração de animais e manutenção da
conectividade biológica. A fragmentação do bioma por empreendimentos urbanos deve ser
evitada ao máximo.

Em relação aos recursos hídricos, mananciais, nascentes e cursos d'água e suas


respectivas APPs, essas áreas foram excuídas do mapeamento

Considerando os fatores sociais e econômicos e a ocupação urbana consolidada,


representeada pelas áreas já ocupadas por infraestrutura urbana e habitações, com acesso a
serviços básicos e boa infraestrutura, foram priorizadas na definição das áreas suscetíveis e de
aptidão à urbanização. O processo de delimitação dessas áreas levou em cosideração o
Zoneamento constante do Plano Diretor se restringindo a Zona Rurbana e Urbana.

Seguindo os critérios descritos acima, foram identificadas e mapeadas as áreas


propensas a expansão urbana, coforme segue.

Outubro de 2024 93
Figura 63 – Mapa das Áreas suscetíveis e de aptidão à urbanização.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 94
2.1.8 Meio físico

 Clima

O município de Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul, e seu entorno estão sob
influência do clima Cfa, segundo a classificação de Köppen. Esse clima é caracterizado como
subtropical úmido, com verões quentes e chuvosos e invernos amenos e secos. A precipitação
média anual varia entre 1.400 e 1.600 mm, com maior concentração de chuvas entre os meses
de outubro e março. As temperaturas médias variam entre 18°C e 22°C, com máximas podendo
ultrapassar 30°C no verão e mínimas próximas a 0°C no inverno.

 Relevo

O relevo de Dois Irmãos e entorno é caracterizado por ondulações suaves a


moderadas, com altitudes variando entre 200 e 500 metros acima do nível do mar. A região
apresenta uma topografia formada por serras, colinas e planícies. O principal acidente
geográfico é a Serra Geral, que se estende por toda a extensão norte do município.

A cidade de Dois Irmãos está situada nos primeiros degraus da encosta meridional,
numa altitude média de 175 metros, posição que lhe conferiu a designação “Portal da Serra”.
Município integrante do Vale do Rio Feitoria, afluente do Rio Caí.

O Município está localizado no limite da Depressão Central e a Encosta inferior do


Nordeste, em altitudes mais elevadas.

Figura 64 – Vista do relevo de transição entre Sapiranga e Dois Irmãos, a partir do Morro Ferrabraz.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 95
Figura 65 – Zona de transição entre a Serra Geral e a Depressão Central entre Dois Irmãos e Campo
Bom/Novo Hamburgo.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A cidade se instalou e expandiu no vale do Arroio Feitoria, em região central do


território, com relevo suavizado.

Figura 66 – Relevo suavizado na área urbana consolidada.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 96
Figura 67 – Macrozona de consolidação Urbana e Relevo.

Fonte: Elaborado a partir do MDE Alos Palsar 2011.

Outubro de 2024 97
 Recursos hídricos

O Município de Dois Irmãos está inserido na Região Hidrográfica do Guaíba: formada


pelas bacias da porção norte e central do Estado que drenam para o Lago Guaíba, o qual também
foi subdividido em uma bacia individualizada (G80); as bacias que drenam para o lago são:
Gravataí (G10), Sinos (G20), Caí (G30) e Baixo Jacuí (G70); outras bacias drenam para o Baixo
Jacuí, são elas: Alto Jacuí (G50), Taquari-Antas (G40), Pardo (G90), Vacacaí e Vacacaí-Mirim
(G60). O exutório de toda esta bacia é a Laguna dos Patos.

Figura 68 – Regiões hidrográficas do Rio Grande do Sul.

Fonte: SEMAS/FEPAM,2018.

A Região Hidrográfica do Guaíba situa-se na região nordeste do RS, entre os paralelos


28º S e 31ºS e os meridianos 50ºW e 54º W, abrangendo uma área de 84.763,54 Km2
correspondente a 30% da área total do Estado. Formada pelo território parcial ou total de 251
municípios, com uma população de 5.869.265 habitantes, o que representa 61% da população
do Estado.

Outubro de 2024 98
Abrange, ao norte, o Planalto da Bacia do Paraná, onde localizam-se as cotas
altimétricas mais elevadas do Estado, a Depressão Periférica, com as menores altitudes e ao sul
o Planalto Sul-Rio-Grandense (Escudo Sul-Rio-Grandense).

A região hidrográfica do Guaíba é subdividida em 9 bacias: As principais características


das nove bacias que constituem a Região Hidrográfica do Guaíba, sendo que o Município de
Dois Irmãos drena suas águas para as bacias do Caí na quase totalidade (93%) e uma pequena
porção para a Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos

Em relação a Bacia do Rio Caí, a contribuição de despejo de esgotos domésticos da


região de Caxias do Sul é a responsável pelo maior impacto ambiental na Bacia, ampliado pela
dificuldade de drenagem em virtude do relevo ondulado. Além dos efluentes do Polo
Petroquímico há, também, a contribuição dos agrotóxicos das lavouras do entorno.

A Bacia do Rio dos Sinos é considerada a mais poluído da região, possuindo importante
parque industrial do setor coureiro-calçadista, petroquímico e metalúrgico. O setor primário é
pouco significativo fora do curso superior do rio. O Rio dos Sinos criou o primeiro comitê de
gerenciamento de bacia hidrográfica do Brasil.

As formações vegetais, originalmente existentes são, a Floresta Ombrófila Mista


(Floresta com Araucária), a Floresta Estacional e as Savanas (Campos). Grande parte desta
vegetação foi suprimida ou alterada, restando áreas remanescentes nas encostas íngremes dos
vales, especialmente dos rios Taquari-Antas e Jacuí.

Outubro de 2024 99
Figura 69 – Bacias Hidrográficas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A nível local, os principais cursos d'água que cortam o município de Dois Irmãos são o
Arroio Feitoria, que é o principal curso d´água que banha a cidade. Ele inicia na divisa de
Sapiranga, com junção dos Arroios Jacob e Lauer, com suas nascentes em Santa Maria do
Herval e Sapiranga respectivamente, descendo em direção sul, percorrendo 9 Km do município.
Atravessa o município na direção Leste-Oeste, onde termina, no território de Dois Irmãos, com
a Cascata São Miguel, junto à divisa com Ivoti.

Outubro de 2024 100


Figura 70 – Cursos d´água presentes no município.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 101


 O Arroio da Esquerda, também inicia na cidade de Morro Reuter. Passa pelos
Bairros Vale Direito, União e Navegantes, onde deságua no Arroio Feitoria.
Atravessa grande parte do município verticalmente de Norte a Sul. Sua extensão
é de aproximadamente 5,7 Km.
 O Arroio Capim, inicia no Bairro Travessão São Luis, no entroncamento de
outros dois arroios. Deságua no Arroio Feitoria, no município de Ivoti. Sua
extensão é de aproximadamente 3,5 Km.
 O Arroio Carpintaria, inicia na cidade de Morro Reuter e deságua no Arroio
Feitoria, próximo ao Bairro Navegantes. Sua extensão é de aproximadamente
5,75 Km.
 O Arroio Caru, inicia próximo à Estrada Campo Bom, 900 m do Bairro São João,
no entroncamento de outros dois arroios. Deságua no Arroio Feitoria, no Bairro
Vila Rosa. Sua extensão é de aproximadamente 4 Km.
 O Arroio 48, inicia no município de Morro Reuter, passando pelos Bairros Bela
Vista e Picada 48, desaguando no Arroio Feitoria, próximo ao Bairro São
Miguel.
 O Arroio da Direita, tem suas nascentes no município de Morro Reuter.
Atravessa a cidade verticalmente, no sentido Norte-Sul, passando pelo Vale
Esquerdo, Bairros Floresta, Primavera e Beira Rio, onde deságua no Arroio
Feitoria. Sua extensão é de aproximadamente de 3 Km.

2.1.9 Fitofisionomias originais

As diferentes formações florestais originais que estão inseridas no Bioma Mata


Atlântica, no estado do Rio Grande do Sul, são: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila
Aberta, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional
Semidecidual além de ecossistemas como os mangues, as restingas e os Campos de Altitude.

Quanto aos Biomas presentes no estado, observamos 2: o Bioma Pampa e o Bioma Mata
Atlântica. O Município de Dois irmãos está inserido no Bioma Mata Atlântica.

Outubro de 2024 102


Figura 71 - Diferentes Biomas no Rio Grande do Sul.

Fonte: Elaborado a partir de dados vetoriais disponíveis no Banco de Dados e Informações Ambientais (BDIA)
do IBGE.

Em relação as formações fitoecológicas existentes na área de estudo recorremos à Base


Contínua de Vegetação do Brasil, parte integrante do Banco de Dados e Informações
Ambientais (BDIA), do IBGE. As informações foram produzidas em formato digital, no
período de 1997 a 2017, a partir da compilação de dados existentes, interpretação de imagens
orbitais, expedições de campo e pesquisa bibliográfica. Utilizando os dados vetoriais
disponíveis, foi possível elaborar o mapa da cobertura vegetal do Rio Grande do Sul nas
diferentes formações fitoecológicas existentes.

Outubro de 2024 103


Figura 72 - Regiões fitoecológicas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul.

Fonte: Elaborado a partir de BDIA 2017.

Especificamente em relação à formação fitoecológica da Mata Atlântica no território do


Rio Grande do Sul, observa-se a formação de campos (estepe) Floresta Estacional decidual e
Semidecidual, Floresta Ombrófila Mista e Densa, além de formações pioneiras.

Outubro de 2024 104


Figura 73 – Formações fitoecológicas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul.

Fonte: Elaborado a partir de BDIA 2017.

O Rio Grande do Sul possui, segundo estimativas de Ministério Público Estadual (MP-
RS) junto ao MapBiomas, menos de 7% de área de Mata Atlântica preservada.

As áreas das Formações Pioneiras, cujas áreas maiores estão na planície costeira, são
ocupadas por superfície líquida das lagoas costeiras e formações campestres sobre terreno
arenoso.

Inicialmente, a maior porção de florestas ocorria no norte do Estado, em especial ao


longo dos rios Pelotas e Uruguai até a confluência com o rio Ijuí, nas escarpas sul e leste do
Planalto Meridional bem como ao longo dos rios formadores do Guaíba e seus principais
afluentes que cortam a escarpa do Planalto (Jacuí, Taquari, Caí e Sinos). Na metade sul do

Outubro de 2024 105


estado as florestas estavam concentradas na encosta oriental da Serra do Sudeste. Estas foram,
entretanto, as terras destinadas à colonização europeia a partir do início do século XIX e onde
hoje se concentram as propriedades com tamanho médio menor.

A Floresta Ombrófila Densa é caracterizada por árvores de folhas largas, sempre-verdes,


de duração longa, adaptadas às variações de calor e umidade. As árvores, nesta fitofisionomia,
podem apresentar raízes suporte para fixação em diferentes ambientes. Encontramos, nessa
formação muitas lianas e epífitas, formando uma mata bastante fechada, justificando a sua
classificação.

A Floresta Ombrófila Densa é a melhor conservada (59,54%), provavelmente, devido a


sua localização em áreas bastante íngremes e de difícil acesso para remoção da madeira.

A Floresta Ombrófila Mista, caracteriza-se como uma floresta ombrófila, porém com
predomínio da espécie Araucaria angustifolia, e por isso é também conhecida como Mata de
Araucária; ocorre no Planalto Meridional, onde as chuvas são regularmente distribuídas ao
longo do ano e as temperaturas são mais baixas em relação às outras regiões com formações
ombrófilas.

A Floresta Ombrófila Mista e as estacionais possuem hoje menos de um quarto da


cobertura original (12,84% para a Ombrófila Mista, 17,97% e 18,77% para a Floresta Estacional
Decidual e Semidecidual, respectivamente).

A Floresta Estacional Semidecidual é também denominada Floresta Tropical


Subcaducifólia. Apresenta vegetação condicionada pela dupla estacionalidade climática: uma
tropical com época de intensas chuvas de verão, seguida por estiagem acentuada e outra
subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio do inverno,
quando parte da vegetação perde suas folhas.

A Floresta Estacional Decidual, também denominada Floresta Tropical Caducifólia. Sua


vegetação caracteriza-se por duas estações climáticas bem demarcadas: uma chuvosa seguida
de outro longo período biologicamente seco, onde a maior parte das espécies perde suas folhas.

Na área de estudo, que compreende o município de Dois Irmãos e seu entorno, as


fitofisionomias predominantes são a Estepe, a Floresta Estacional Decidual, predominante no
território, a Floresta Semidecidual e as formações pioneiras.

Outubro de 2024 106


Especificamente em relação ao território do município, é possível observar o
predomínio da Floresta Estacional Decidual e Semidecidual, esta última mais ao sul do
território.

A delimitação exata dessas formações não é possível, pois os fragmentos vegetais


existentes são resultado das tensões entre essas diferentes formações, contando com
contribuições de cada uma. Para fins de caracterização da cobertura florestal no território do
município, em seu aspecto fitoecológico, consideramos como Floresta Estacional Decidual e
Semidecidual.

Figura 74 – Fitoecologia da Mata Atlântica na área de estudo.

Fonte: Elaborado a partir de BDIA 2017.

2.1.10 Levantamentos de vegetação

Os trabalhos para o levantamento da vegetação se concentram em identificar a


fisionomia e a estratificação, nas áreas identificadas como corredores ecológicos.

Também foi identificado e mapeado as áreas de ocorrência de espécies vegetais


endêmicos e/ou ameaçados, espécies de uso tradicional, espécies de valor simbólico para a
população ou grupos sociais.

Outubro de 2024 107


A definição destas áreas ocorreu após o mapeamento dos remanescentes e o
estabelecimento dos corredores ecológicos existentes.

Com o auxílio de imagens obtidas com uso de drone, foi possível identificar esses
remanescentes e caracterizá-los quanto à densidade, a fisionomia e as mudanças sazonais. O
objetivo foi de gerar os mapas apresentados no PMMA que descrevem os remanescentes da
cobertura vegetal, com tipologias vegetais identificadas. Não é objetivo do levantamento o
estudo florístico e fitossociológico.

Quanto ao esforço amostral, foram empregadas 12 horas de trabalho de campo, sendo 4


horas para cada remanescente estudado, entre os dias 16, 17 e 18 de julho de 2024.

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Figura 75 – Áreas de levantamento da vegetação

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

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Foram delimitadas áreas de 10 x 10 metros com fita zebrada, todas as árvores contidas
foram identificadas e mensuradas. O objetivo foi de definir a densidade da vegetação nessas
áreas e a ocorrência de espécies indicadoras que confirmam a fitofisionomia decidual. Foram
definidas 12 parcelas amostrais sendo 4 em cada área.

Figura 76 – Delimitação das parcelas amostrais.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Com as imagens aéreas, foi possível observar e identificar a presença de árvores


caducifólias, típicas das fitofisionomias Decidual e Semidecidual.

Outubro de 2024 110


Figura 77 – Imagem aérea evidencia árvores caducifólias na proporção típica da Floresta Decidual.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Segundo Klein apud LEITE & KLEIN (1990) podem ser definidos cinco estratos na
estrutura organizacional da Floresta Estacional Decidual do Rio Grande do Sul: um emergente,
descontínuo, quase integralmente composto por árvores deciduais com até 30 m de altura, como
grápia (Apuleia leiocarpa), angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), louro-pardo (Cordia
trichotoma), maria-preta (Diatenopteryx sorbifolia), pau-marfim (Balfourodendron
riedelianum) e canafístula (Peltophorum dubium), além de outras, em geral não tão frequentes.

Os Trabalhos de campo evidenciaram a presença dessas espécies indicadoras, com


exceção da Apuleia leiocarpa, que nos locais amostrados não foi observada, apesar de ter sido
mencionada nas entrevistas por moradores locais. Portanto as observações diretas corroboram
os trabalhos de caracterização dessa fitofisionomia.

O segundo estrato apresenta copagem bastante densa e, em geral, predomínio de árvores


perenifolias com alturas em torno de 20m. Dele fazem parte, principalmente lauráceas e
leguminosas, sendo a canela-fedida (Nectandra megapotamica) a espécie mais representativa.

O terceiro estrato, o das arvoretas, geralmente está formado por grande adensamento de
indivíduos pertencentes a poucas espécies, das quais umas são próprias deste estrato e outras
encontram-se em desenvolvimento para os estratos superiores. Dentre aquelas características

Outubro de 2024 111


do estrato, destacam-se, pela maior frequência: o cincho (Sorocea bonplandii), a laranjeira-do-
mato (Gymnanthes concolor) e o catiguá (Trichilia claussenii). Nas áreas antropizadas, nas
bordas das matas, essas espécies se destacam juntamente com outras pioneiras.

A mata alta compõe-se em toda extensão da Serra, das seguintes espécies típicas:
Phytolacca dioica (umbú), Zanthoxylum spp. (mamica-de-cadela), Cedrela fissilis (cedro),
Cabralea canjerana (cangerana), Cordia trichotoma (louro), Myrocarpus frondosus (cabriúva),
Parapiptadenia rigida (angico), Apuleia leiocarpa (grápia), Enterolobium contortisiliquum
(timbaúva), Luehea divaricata (açoita-cavalo), Patagonula americana (guajuvira), Ocotea spp.
e Nectandra spp. (canelas) e Vitex megapotamica (tarumã) (RAMBO, 1956). Tais espécies, com
exceção da grápia e da timbaúva, foram encontradas na área de estudo.

Figura 78 – aspecto da vegetação nas áreas 1, 2 e 3, respectivamente.

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Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

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Figura 79 – – Presença de Cecropia adenopus indicador de estágio secundário avançado para a Floresta
Estacional e semidecidual.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Segundo a Resolução CONAMA nº 33, de 7 de dezembro de 1994, que define os


estágios sucessionais das formações vegetais que ocorrem na região da Mata Atlântica do
Estado do Rio Grande do Sul, a vegetação em Estágio avançado de regeneração, possui
fisionomia arbórea predominando sobre os demais estratos, formando um dossel fechado,
uniforme, de grande amplitude diamétrica, apresentando altura superior a 8 (oito) m e Diâmetro
a Altura do Peito (DAP) médio, superior a 15 (quinze) cm.

Quanto aos valores dendrométricos relacionados à população de indivíduos arbóreos


por hectare, Circunferência e Diâmetro Altura do Peito médios, área basal por hectare e altura
total média, para cada área, foram apurados os seguintes valores:

Tabela 6 - Valores dendrométricos nas áreas estudadas.


ÁREA Pop/ha CAP médio (cm) DAP médio (cm) AB m2/ha Ht média
1 3000 96 31 480,80 11,9
2 4200 56 18 185,64 10,0
3 2500 61 19 130,85 10,6
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 114


Em relação às espécies arbóreas ameaçadas de extinção, o Decreto Estadual Nº 52.109,
de 1º de dezembro de 2014 listou 902 espécies de Angiospermas e 3 Gimnospermas ameaçadas
no Estado.

Foram identificados exemplares de Araucaria angustifolia, que não são pertencentes à


Floresta Decidual, mas estão presentes na área de estudo.

Figura 80 - Araucaria angustifolia espécie Vulnerável encontrada.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Foram identificados exemplares de Ficus adhatodifolia, diferentes das Ficus citrifolia e


Ficus eximia, presentes na lista.

Outubro de 2024 115


Figura 81 – Fruto de Ficus adhatodifolia.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Não foram encontradas espécies de Angiospermas ameaçadas de extinção nos trabalhos


de campo. Tal pesquisa carece de estudos complementares dada a importância do tema e a
dimensão do território.

2.1.11 Levantamentos de fauna

O Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta com mais de 13% da biota, sua
dimensão continental com grande variedade de biomas, maior sistema fluvial do mundo. Esses
biomas abrigam mais de 42.000 espécies de plantas, 148.000 espécies de animais, com quase
9.000 espécies de vertebrados e uma estimativa de no mínimo 129.840 invertebrados
(ICMBio,2016).

O Bioma Mata Atlântica, junto com a floresta amazônica é um hotspot mundial, com
enorme interesse para a conservação. Este bioma cobre 15% do território brasileiro, sendo a
segunda maior floresta do país. Está presente em 17 estados, se estendendo do Rio Grande do
Sul ao Rio Grande do Norte, passando integralmente pelos estados do Espírito Santo, Rio de
Janeiro e Santa Catarina, e parte do território do estado de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul,
São Paulo e Sergipe. Ainda segundo o SOS Mata Atlântica, cerca de 72% da população
brasileira vive no território da Mata Atlântica, correspondendo à mais de 145 milhões de
habitantes em 3.429 municípios, (SOS Mata Atlântica,2020).

Na Mata Atlântica encontramos cerca de 20.000 espécies vegetais correspondentes a


mais de 35% das espécies existentes no Brasil, possuindo uma das maiores densidades de

Outubro de 2024 116


árvores por hectare do planeta. Em relação à fauna, foram catalogadas, até o momento, 849
espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca
de 350 espécies de peixes.

A área de estudo se caracteriza por ser antropizada, com atividades agrícolas e


urbanização próxima. Porém, ainda existem fragmentos florestais preservados nas imediações,
que constituem refúgios da fauna local.

Este estudo buscou levantar a diversidade da fauna no território do município,


verificando a fauna terrícola, compreendendo a avifauna, mastofauna e herpetofauna. Os
resultados subsidiam a tomada de decisões quanto às ações necessárias para a recuperação
ambiental é o enriquecimento da biodiversidade local.

Com o objetivo de identificar as espécies de possivel ocorrência na área de estudo, se


optou por uma metodologia híbrida que mesclou os trabalhos de campo e a pesquisa
bibliográfica.

A instalação de armadilhas fotográficas, aliada a observação direta dos animais, através


da busca ativa por avistamentos, vestígios e vocalização, além da entrevista com moradores
locais, foram os métodos empregados para coleta dos dados primários.

Quanto ao esforço amostral, foram empregadas 50 horas para aplicação da metodologia


de estudo, nos dias 14, 15 e 16 de fevereiro, 12 ,13, 14, 18 e 19 e 20 de março, 17, 18 e 19 de
abril e 16, 17 e 18 de julho de 2024.

Não foram adotados métodos de captura e as observações sempre ocorreram em


condições climáticas favoráveis.

 Herpetofauna

A Herpetofauna refere-se ao conjunto de anfíbios e répteis de uma determinada região.


Na área de estudo, é esperado o encontro de sapos, rãs, serpentes, e lagartos,

Os anfíbios e répteis são excelentes indicadores da saúde ambiental. Devido à sua


sensibilidade às mudanças no ambiente, como poluição e alterações climáticas, a presença ou
ausência desses animais pode fornecer informações valiosas sobre a qualidade do ecossistema.

A herpetofauna contribui significativamente para a biodiversidade local.. Estudar esses


animais ajuda a entender a complexidade das interações ecológicas e a importância de cada
espécie no equilíbrio dos ecossistemas.

Outubro de 2024 117


Como metodologia de estudo para a herpetofauna se recorreu ao método da Procura
Visual e Auditiva, que envolveu a a busca ativa por animais em seus habitats naturais,
utilizando a visão e a audição para localizar espécies, tanto diretamente quanto por meio da
vocalização. O método foi associado aos encontros ocasional, durante caminhadas em áreas de
estudo, quando foram registrados todos os avistamentos.

Em relação aos principais grupos dos anfíbios, que ocorrem no sul do país são os anuros
(sapos, rãs e pererecas), e cobras-cegas. São descritas mais de 6.400 espécies de anuros em todo
o mundo (FROST, 2010). O Brasil é o país com maior diversidade de anfíbios anuros do mundo,
atualmente com 847 espécies conhecidas (SBH, 2010). A Mata Atlântica é um dos 25 hotspots
mundiais de diversidade biológica devido à sua elevada riqueza e taxa de endemismo de
espécies (MYERS et al., 2000), abrigando cerca de 47% da riqueza de anfíbios do país,
aproximadamente 400 espécies. (HADDAD et al., 2008). Para o estado de Santa Catarina são
conhecidas cerca de 140 espécies de anfíbios (LUCAS, 2008).

Devido a especificidade do habitat e as características fisiológicas, os anfíbios são mais


sensíveis às alterações ambientais e por essa razão considerados bioindicadores de qualidade
ambiental (DUELLMAN & TRUEB, 1986; BEEBE, 1996). Representam o grupo animal mais
ameaçado no planeta, devido à fragmentação e degeneração dos seus habitats.

Não foram encontrados registros para os anfíbios nos trabalhos de campo, utilizando-se
dos métodos propostos.

Para os diferentes grupos dos anfíbios, são relacionadas as seguintes espécies de


ocorrência possível na área:

Outubro de 2024 118


Tabela 7 – Herpetofauna – anfíbios.
Família Espécie Nome popular
Rhinella icterica sapo-cururu
BUFONIDAE
Melanophrinyscus tumifrons Sapinho-narigudo-de-barriga-vermelha
BRACHYCEPHALIDAE Ischnocnema henselii Rã-da-floresta
Odontophrynus americanus Sapo-boi-mocho
CYCLORAMPHIDAE
Proceratophrys brauni Sapo-boi-pequeno
Aplastodiscus perviridis Perereca-de-olhos-vermelhos
Dendropsophus minutus Perereca-pequena
Hypsiboas faber Sapo-martelo
Hypsiboas bischoffi Perereca
HYLIDAE
Hypsiboas prasinus Perereca
Hypsiboas leptolineatus Perereca
Scinax fuscovarius Perereca
Scinax perereca Perereca
Physalaemus cuvieri Rã-cachorro
LEIUPERIDAE
Physalaemus gracilis Chorãozinho
Leptodactylus plaumanni Rã-escavadeira
LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus ocellatus Rã-manteiga
MICROHYLIDAE Elachistocleis bicolor Apito-do-brejo
RANIDAE Lithobates catesbeianus Rã-touro
Fonte: adaptado, FAVRETTO,2008.

Quanto aos répteis, são reconhecidas atualmente mais de 10.700 espécies de répteis no
mundo (Uetz & Hošek 2018). No Brasil, esse número atualizado é de 795 espécies, sendo 36
Testudines, 6 Crocodylia e 753 Squamata. Destes, 395 espécies são endêmicas (SBH) 2018.

Na Mata Atlântica são 67 espécies de lagartos e anfisbênios e 134 serpentes, embora


estes números possam estar subestimados (RODRIGUES, 2005). Os répteis também são
importantes indicadores da qualidade ambiental por serem especialistas e necessitarem de
ecossistemas equilibrados, para sua sobrevivência.

Os principais impactos sobre a fauna de anfíbios e répteis no Brasil são aqueles


relacionados à perda e descaracterização do seu habitat, que influencia diretamente na
complexidade ambiental e na heterogeneidade, ou seja, coexistência de diversas espécies num
determinado ambiente (SILVANO et. al., 2005).

Outubro de 2024 119


Para os diferentes grupos dos répteis foram identificadas as seguintes espécies de
ocorrência possível:

Tabela 8 – Herpetofauna – Répteis.


FAMÍLIA ESPÉCIES NOME POPULAR
CHELIDAE Acanthochelys spixii Cágado-preto
Amphisbaena darwini Mussurana
AMPHISBAENIDAE
Amphisbaena prunicolor Anfisbena marrom
LEIOSAURIDAE Anisolepis grilli Lagartixa-das-uvas
Atractus taeniatus Cobras da terra
COLUBRIDAE
Boiruna maculata Muçurana comum
Bothrops alternatus Urutu, cruzeira
Bothrops cotiara Cotiara
VIPERIDAE Bothrops jararaca Jararaca
Bothrops neuwiedi Jararaca pintada
Bothrops pubescens Jararaca pintada dos pampas e Uruguai
ALLIGATORIDAE Cayman latirostris Jacaré-de- papo-amarelo
GYMNOPHTHALMIDAE Cercosaura schreibersii Lagartino-do-chão
Clelia rustica Mussurana
COLUBRIDAE
Chironius bicarinatus Cobra-cipó
VIPERIDAE Crotalus durissus Cacavel
Echinantera bilineata Corredeira de mato
COLUBRIDAE Echinantera cyanopleura Corredeira-do-mato-grande
Echinantera poecilopogon Corredeira de barriga vermelha
LEIOSAURIDAE Enyalius Iheringii Lagartinho- verde
Gomesophis brasiliensis Cobra bola
COLUBRIDAE
Helicops infrataeniatus Cobra d’agua
GEKKONIDAE Hemidactylus maboia Lagarticha
CHELIDAE Hydromedusa tectifera Cágado pescoço de cobra
LIOLAEMIDAE Liolaemus occipitalis Lagartinho-da-praia
Liophis flavifrenatus Jararaquinha-listrada
Liophis jaegeri Jararaquinha-do-campo
COLUBRIDAE
Liophis miliaris Cobra-lisa
Liophis poecilogyrus Cobra-do-capim
ANOMALEPIDIDAE Liotyphlops beui Cobra-cega
COLUBRIDAE Lystrophis dorbignyi Nariguda

Outubro de 2024 120


SCINCIDAE Mabuya dorsivittata Scinco comum
COLUBRIDAE Mastigodryas bifossatus Jararaca do brejo
ELAPIDAE Micrurus altirostris Cobra –coral
ANGUIDAE Ophiodes estriatus Cobra-de-vidro
Oxyropus clathrstus Cobra preta
Oxyropus rhombifer Falsa coral
COLUBRIDAE
Phalotris iheringii Cabeça preta serrana
Phalotris lemniscatus Cobra de vidro verde
CHELIDAE Phrynops hilarii Cágado-da lagoa
Phylodryas olfersii Boiubu, Cobra- verde
Phylodryas aestiva Cobra-verde
Phylodryas patagoniensis Parelheira
COLUBRIDAE
Spilotes pullatus Caninana, Papa-pinto, Cobra-tigre
Sybimorphus
Dormideira comum
ventrimaculatus
TEIIDAE Teius ocelatus Teju-verde
Thamnodynastes strigatus Corredeira de campo
COLUBRIDAE Thamnodynastes hypoconia Corredeira de campo
Tomodon dorsatus Cobra-espada
TROPIDURIDAE Tropidurus torquatus Calanguinho
EMYDIDAE Trachemys dorbigni Tigre-d’agua
TEIIDAE Tupinambis merianae Teiú, lagarto
TYPHLOPIDAE typhlops brongersmianus Cobra-cega
Waglerophis merremii Boipeva, Cobra-chata
COLUBRIDAE
Xenodon neuwiedii Falsa-jararaca
Fonte: adaptado, FAVRETTO,2008.

Não foram encontrados registros para répteis nos trabalhos de campo.

 Mastofauna

A Mastofauna refere-se ao conjunto de mamíferos de uma determinada região. Este


grupo inclui uma vasta gama de espécies, desde pequenos roedores até grandes predadores.

Outubro de 2024 121


Os mamíferos são excelentes indicadores da saúde dos ecossistemas. A presença,
ausência ou comportamento de certas espécies pode fornecer informações valiosas sobre a
qualidade do ambiente e as mudanças que ocorrem nele.

Os mamíferos desempenham papéis cruciais nos ecossistemas, como predadores,


presas e dispersores de sementes. Muitas espécies de mamíferos estão ameaçadas de extinção
devido à perda de habitat, caça e mudanças climáticas. Pesquisas sobre mastofauna são
essenciais para desenvolver estratégias de conservação eficazes e proteger essas espécies
vulneráveis.

Como método de trabalho, foram empregadas armadilhas fotográficas, instaladas


em locais estratégicos. O método se demonstrou eficaz para identificação de espécies presentes
nos locais de estudo.

Figura 82 – Armadilhas fotográficas usadas no estudo da fauna local.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 122


Figura 83 -Locais de colocação das armadilhas fotográficas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Também foi usado o método da análise de vestígios, que incluiu a identificação e análise
de pegadas, fezes e outros sinais deixados pelos mamíferos. Este método é particularmente útil

Outubro de 2024 123


para estudar espécies noturnas ou de hábitos discretos. Foram entrevistados moradores locais e
foi possível apurar informações sobre avistamentos.

A metodologia empregada, resultou na captura de imagens de espécies como Dasypus


novemcinctus (vestígio) Cerdocyon thous, Alouatta guariba e um roedor não identificado,
provavelmente um exemplar de Akodon montensis.

Figura 84 - Vestígio de toca de Dasypus novemcinctus.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

O tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) é um mamífero da ordem Cingulata, conhecido


por sua carapaça característica. No Rio Grande do Sul, essa espécie é bastante comum e
desempenha um papel importante nos ecossistemas locais. O tatu-galinha ocorre em
praticamente todo o território gaúcho, adaptando-se a diversos tipos de ambientes, desde
florestas até áreas agrícolas. Sua capacidade de escavar tocas e sua dieta onívora contribuem
para sua ampla distribuição. As tocas servem como abrigo, local para a criação dos filhotes e
refúgio durante o dia.

O tatu-galinha é um animal predominantemente noturno, passando o dia em suas tocas.


Sua dieta é bastante variada, incluindo insetos, pequenos vertebrados, frutas, raízes e fungos.
Essa flexibilidade alimentar permite que se adapte a diferentes disponibilidades de recursos.

Ao escavar tocas, o tatu-galinha contribui para a aeração do solo e a dispersão de


sementes, influenciando a composição da vegetação.

A expansão agrícola e urbana reduz a área de habitat disponível para o tatu-galinha. A


caça ilegal ainda ocorre em algumas regiões, principalmente por causa de sua carne. A alta
mobilidade do tatu-galinha o torna vulnerável a atropelamentos.

Outubro de 2024 124


A IUCN classifica o tatu-galinha como Menos Preocupante. No entanto, a perda de
habitat e a caça ainda representam ameaças significativas para a espécie em algumas regiões.

Figura 85 - Cerdocyon thous capturado em armadilha fotográfica (câmera 1).

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

O Cerdocyon thous, também conhecido como graxaim-do-mato ou lobinho-do-mato, é


um canídeo encontrado em diversos biomas brasileiros, incluindo a Mata Atlântica, o Cerrado
e a Caatinga. Sua pelagem é predominantemente marrom-acinzentada, mas as tonalidades
podem variar entre indivíduos. O graxaim-do-mato é um pouco menor que o graxaim-do-campo
(Lycalopex gymnocercus), medindo até cerca de um metro.

Onívoro, com uma dieta variada que inclui pequenos vertebrados, invertebrados e frutas.
Geralmente ativo durante a noite, escondendo-se em tocas durante o dia. É um animal social,
vivendo em grupos familiares. É um canídeo bastante comum e adaptável. Apesar de sua ampla
distribuição, ainda há muito a ser descoberto sobre a ecologia dessa espécie no Estado.

Ao se alimentar de frutas, o graxaim contribui para a dispersão de sementes, auxiliando


na regeneração da vegetação. Como predador, ajuda a controlar as populações de pequenas
presas, contribuindo para o equilíbrio do ecossistema.

A expansão agrícola e urbana reduz a área de habitat disponível para o graxaim. É


erroneamente considerado um predador de animais domésticos, o que leva à sua perseguição.

Outubro de 2024 125


No Brasil, o graxaim-do-mato é classificado como Menos Preocupante pela IUCN. No
entanto, a perda de habitat e a caça ainda representam ameaças significativas.

Figura 86 - Cerdocyon thous encontrado na área de estudo, (câmera 2).

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A espécie com maior número de visualizações durante os levantamentos, foi o bugio-


ruivo (Alouatta guariba).

O bugio-ruivo (Alouatta guariba) é um primata neotropical conhecido por sua


vocalização característica e sua dieta predominantemente folívora. Embora seja mais comum
em regiões de Mata Atlântica, a presença dessa espécie no Rio Grande do Sul, um estado com
um clima mais temperado e uma vegetação menos exuberante, é um fato que merece destaque.

O bugio-ruivo é famoso por seus longos e altos uivos, que podem ser ouvidos a grandes
distâncias. Essa vocalização serve para demarcar território, manter a coesão do grupo e
comunicar diversos tipos de informações.

Outubro de 2024 126


A dieta do bugio-ruivo é composta principalmente por folhas, flores e frutos. Sua
capacidade de digerir folhas se deve à presença de um estômago especializado e à associação
com bactérias que auxiliam na fermentação.

Apesar de serem primatas arborícolas, os bugios-ruivos são animais bastante adaptáveis


e podem ser encontrados em diferentes tipos de ambientes, incluindo áreas urbanas e
fragmentos florestais. Desempenham um papel importante na dispersão de sementes e na
dinâmica das florestas.

A presença do bugio-ruivo no Rio Grande do Sul é resultado de um processo de


expansão de sua área de distribuição ao longo do tempo. Essa espécie encontrou no estado
condições ambientais adequadas para sua sobrevivência, como a presença de fragmentos
florestais e uma dieta diversificada.

Apesar de sua adaptabilidade, o bugio-ruivo enfrenta diversas ameaças em seu habitat


natural, como o desmatamento, a fragmentação de habitat, a caça ilegal, acidentes com linhas
de energia e atropelamentos.

A Criação de Unidades de Conservação, como as propostas neste estudo, nas áreas de


ocorrência da espécie é essencial para preservar os habitats naturais dos bugios-ruivos. A
recuperação de áreas florestais degradadas contribui para aumentar a conectividade entre os
fragmentos florestais e facilitar a dispersão dos animais. Além disso a conscientização da
população sobre a importância da conservação dos bugios-ruivos é fundamental para mudar
comportamentos e reduzir as ameaças à espécie.

Outubro de 2024 127


Figura 87 – Registro de encontro com Aloua a guariba.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Em relação à mastofauna, para a área de estudo, são relacionadas as seguintes espécies


de possível ocorrência:

Tabela 9 – Mastofauna.
Família Nome científico Nome popular
DIDELPHIDAE Didelphis albiventris Gambá
MYRMECOPHAGIDAE Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim
Cabassous tatouay Tatu-rabo-mole
DASYPODIDAE Dasypus septemcinctus Tatu -mulita
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha
MUSTELIDAE Galictis cuja Furão
CANIDAE Cerdocyon thous Cachorro-do-mato
Nasua Quati
PROCYONIDAE
Procyon cancrivorus Mão-pelada
FELIDAE Leopardus pardalis Jaguatirica

Outubro de 2024 128


Leopardus tigrinus Gato-do-mato
Puma yagouaroundi Gato mourisco
SCIURIDAE Guerlinguetus ingrami Esquilo
HYDROCHAERIDAE Hydrochaeris Capivara
CUNICULIDAE Cuniculus paca Paca
ERETHIZONTIDAE Coendou spinosus Ouriço
DASYPROCTIDAE Dasyprocta azarae Cutia
MYOCASTORIDAE Myocastor coypus** Ratão-do-banhado
CERVIDAE Mazama americana Veado
LEPORIDAE Lepus europaeus Lebre
Fonte: adaptado, FAVRETTO, 2011.

Conforme o registro dos atropelamentos mantidos pelo Departamento de Meio


Ambiente do município, também foram registradas espécies da mastofauna com ocorrência no
município e que servem para subsidiar este estudo, tais como:

 GRAXAIM - Cerdocyon thous


 GAMBÁ - Didelphis albiventris
 FURÃO - Galictis cuja
 GATO-DO-MATO-PEQUENO - Leopardus tigrinus,
 GATO-DO- MATO - Leopardus geoffroyi,
 GATO - MOURISCO - Puma yagouaroundi,
 LEBRE - Lepus europaeus,
 LONTRA - Lontra longicaudis,
 MÃO-PELADA - Procyon cancrivorus,
 OURIÇO - Sphiggurus spinosus,
 PACA - Cuniculus paca
 QUATI - Nasua nasua,
 RATÃO – DO – BANHADO - Myocastor coypus,
 TAMANDUÁ – MIRIM Tamandua tetradactyla,
 TATU – GALINHA - Dasypus novemcinctus
 BUGIO - Alouatta guariba.
 VEADO – Mazama americana

Outubro de 2024 129


 Avifauna

Avifauna refere-se ao conjunto de aves de uma determinada região. Este grupo inclui
uma vasta gama de espécies, desde pequenos pássaros canoros até grandes aves de rapina.

As aves também são excelentes bioindicadores da saúde dos ecossistemas. A presença,


ausência ou comportamento de certas espécies pode fornecer informações valiosas sobre a
qualidade do ambiente e as mudanças que ocorrem nele.

As aves desempenham papéis cruciais nos ecossistemas, como polinizadores,


dispersores de sementes e controladores de populações de insetos. Estudar a avifauna ajuda a
entender a complexidade das interações ecológicas e a importância de cada espécie no
equilíbrio dos ecossistemas.

Muitas espécies de aves estão ameaçadas de extinção devido à perda de habitat,


mudanças climáticas e outras atividades humanas. Pesquisas sobre avifauna são essenciais para
desenvolver estratégias de conservação eficazes e proteger essas espécies vulneráveis e tem
uma relação direta com as ações de recuperação e conservação da Mata Atlântica.

Como método de trabalho de foi empregada a Observação Direta, através de Transectos


Lineares, ao longo de linhas pré-determinadas em cada uma das áreas de estudo, para o registro
todas as aves avistadas.

Entre avistamentos, registros fotográfiocos e vocalizações, foram encontradas as


seguintes espécies:

Tabela 10 - Lista de espécies de aves identificadas na área de estudo.


FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR
Columba livia pombo-doméstico
Zenaida auriculata avoante
Columbidae
Columbina talpacoti rolinha-roxa
Columbina squammata rolinha-fogo-apagou
Cuculidae Guira guira anu-branco
Rallidae Pardirallus sanguinolentus saracura-do-banhado
Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero
Butorides striata socozinho
Ardeidae
Egretta thula garça-branca-pequena
Threskiornithidae Theristicus caudatus curicaca

Outubro de 2024 130


Cathartidae Coragyps atratus urubu-preto
Accipitridae Rupornis magnirostris gavião-carijó
Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira
Trogonidae Trogon surrucura surucuá-variado
Bucconidae Nystalus chacuru joão-bobo
Ramphastidae Ramphastos dicolorus tucano-de-bico-verde
Picidae Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado
Cariamidae Cariama cristata seriema
Milvago chimango chimango
Falconidae
Falco sparverius quiriquiri
Myiopsitta monachus caturrita
Psittacidae
Brotogeris chiriri periquito-de-encontro-amarelo
Conopophagidae Conopophaga lineata chupa-dente
Furnariidae Furnarius rufus joão-de-barro
Chiroxiphia caudata tangará
Pipridae Pitangus sulphuratus bem-te-vi
Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada
Troglodytidae Troglodytes musculus corruíra
Turdidae Turdus rufiventris sabiá-laranjeira
Mimidae Mimus saturninus sabiá-do-campo
Passeridae Passer domesticus pardal
Fringillidae Spinus magellanicus pintassilgo
Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo
Passerellidae
Zonotrichia capensis tico-tico
Parulidae Geothlypis aequinoctialis pia-cobra
Thraupidae Thraupis sayaca sanhaço-cinzento
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 131


Figura 88 – Registros de 1- Chiroxiphia caudata, 2- Colaptes melanochloros, 3- Fluvicola nengeta, 4-Turdus
rufiventris.

1 2

3 4
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

 Fauna ameaçada de extinção

A União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), criou um método de


caracterização do risco de extinção, atribuindo categorias de risco para cada espécie listada. O
Brasil adota a metodologia, criando a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção.

O estudo das espécies e a inclusão na Lista Vermelha, leva em consideração informações


sobre distribuição geográfica, dados populacionais e características da espécie que possam
interferir em sua resposta às alterações do ambiente, ameaças que a afetam e medidas de
conservação já existentes. (ICMBio,2016).

Outubro de 2024 132


Figura 89 – Categorias de risco de extinção.

Fonte: ICMBio/2018.

A implementação de Planos de Ação Territoriais para a Conservação de Espécies


Ameaçadas de Extinção (PATs) é uma iniciativa adotada em nível nacional para definir
estratégias para a conservação de espécies criticamente ameaçadas de extinção e deficientes de
planejamento de conservação. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA)
instituiu o Programa Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção - Pró-
Espécies por meio da Portaria Nº 43, de 31 de janeiro de 2014 visando cumprir a Meta 12 da
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).

Outubro de 2024 133


O objetivo principal do Pró-Espécies: Todos contra a extinção é promover iniciativas
para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação das espécies ameaçadas de
extinção.

O Projeto trabalha em conjunto com 13 estados do Brasil, incluindo o RS e prioriza a


integração da União e estados na implementação de políticas públicas, assim como procura
alavancar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de espécies
categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) e que não contam com nenhum instrumento
de conservação.

A estratégia é financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em
inglês para Global Environment Facility Trust Fund), sob a coordenação do Departamento de
Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do MMA. É implementado pelo Fundo
Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e tem o WWF-Brasil como agência executora.

A SEMA hoje é executora de dois PATs: o PAT Planalto Sul (que envolve os Campos de
altitude e a Floresta Ombrófila Mista no Bioma Mata Atlântica) e o PAT da Campanha Sul e
Serra do Sudeste (abrangendo Campos da Campanha e a Serra e Encosta de Sudeste, no Bioma
Pampa)

O Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção atua em pelo menos 12 áreas-chave


para conservação de fauna e flora ameaçada de extinção, que inicialmente totalizavam 9
milhões de hectares e após o detalhamento dos territórios com a elaboração dos Planos de Ação
Territoriais para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PATs) passou para 62
milhões de hectares. A expectativa é que, até 2023, sejam tomadas medidas para proteção de
todas as espécies ameaçadas do país, em especial para as 290 que estão em situação mais crítica,
visando o envolvimento de 13 estados brasileiros.

Os 22 territórios representados no mapa foram escolhidos como áreas prioritárias para


elaborar e implementar ações de conservação que podem beneficiar invertebrados, aves, peixes,
mamíferos, répteis e flora Criticamente em Perigo (CR) de extinção.

O Município de Dois Irmãos não está inserido em nenhum desses territórios, porém faz
divisa com o território 26, que contempla os municípios de Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas,
Capela de Santana, Estância Velha, Esteio, Gravataí, Montenegro, Nova Santa Rita, Novo
Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Sapucaia Do Sul e Triunfo.

Outubro de 2024 134


Para a indicação das espécies da fauna ameaçadas de extinção, foi recorrido ao Decreto
Estadual nº 51.797, de 8 de setembro de 2014. O Decreto declara as Espécies da Fauna Silvestre
Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio Grande do Sul e foi empregado para a identificação
dessas espécies de ocorrência possível nas matas e rios do município, possibilitando nortear as
políticas públicas de conservação.

Da lista oficial, foram excluídas as espécies com localização restrita e mantidas as de


ocorrência provável, possível ou confirmada na região. Em relação aos répteis ameaçados de
extinção de possível ocorrência no território do município, são listados abaixo.

Tabela 11 – Répteis ameaçados de extinção.


NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR
Apostolepis quirogai
cobra-da-terra
Atractus thalesdelemai
Bothrops jararacussu jararacuçu, surucucu-tapete, surucucu-dourada, urutu - dourado
Hydrodynastes gigas boipevaçu
Fonte: Decreto Estadual nº 51.797/2014.

A lista de aves ameaçadas de extinção, de possível ocorrência em Dois Irmãos e no


entorno, é listada a seguir.

Tabela 12 – Aves ameaçadas de extinção.


NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR
Aburria jacutinga jacutinga
Amazona pretrei charão
Amazona vinacea papagaio-de-peito-roxo
Anabacerthia amaurotis limpa-folha-miúdo
Anthus nattereri caminheiro-grande
Aphantochroa cirrhochloris beija-flor-cinza
Attila rufus capitão-de-saíra
Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco
Cinclodes pabsti pedreiro, teresinha
Circus cinereus gavião-cinza
Clibanornis dendrocolaptoides cisqueiro
Cnemotriccus fuscatus fuscatus guaracavuçu
Dromococcyx pavoninus peixe-frito-pavonino
Dromococcyx phasianellus peixe-frito-verdadeiro
Eleoscytalopus indigoticus macuquinho
Formicarius colma galinha-do-mato
Gallinago undulata narcejão
Gubernatrix cristata cardeal-amarelo
Hemitriccus orbitatus tiririzinho-do-mato
Leptasthenura platensis rabudinho

Outubro de 2024 135


Lophornis magnificus topetinho-vermelho
Mackenziaena severa borralhara
Myiarchus tyrannulus maria-cavaleira-de-rabo - ferrugem
Myrmeciza squamosa papa-formiga-de-grota
Myrmotherula unicolor choquinha-cinzenta
Parabuteo leucorrhous gavião-de-sobre-branco
Patagioenas plumbea pomba-amargosa
Polystictus pectoralis papa-moscas-canela, tricolino-canela
Procnias nudicollis araponga, ferreiro
Pseudastur polionotus gavião-pombo-branco
Psilorhamphus guttatus macuquinho-pintado
Pyroderus scutatus pavó
Saltator fuliginosus bico-de-pimenta
Scytalopus iraiensis macuquinho-da-várzea
Spizaetus melanoleucus gavião-pato
Spizaetus ornatus gavião-de-penacho
Spizaetus tyrannus gavião-pega-macaco
Sporophila angolensis curió
Sporophila bouvreuil caboclinho, caboclinho - branco, caboclinho-coroado
Sporophila frontalis pixoxó
Sporophila hypoxantha caboclinho-de barriga - vermelha
Sporophila melanogaster caboclinho-de-barriga-preta, bico-de - ferro
Sporophila palustris caboclinho-de-papo-branco
Sporophila plumbea patativa-do-sul, patativa-de - bico-amarelo, patativa
Sporophila ruficollis caboclinho-de-papo-escuro
Tangara peruviana saíra-sapucaia
Tinamus solitarius macuco
Urubitinga coronata águia-cinzenta
Xanthopsar flavus veste-amarela
Xolmis dominicanus noivinha-de-rabo-preto, tobianinha
Fonte: Decreto Estadual nº 51.797/2014.

Dos mamíferos listados como ameaçados de extinção, o bugio-ruivo é o animal de


ocorrência local bem conhecido. A preservação e recuperação das matas, está intimamente
ligada com a preservação da espécie na região de estudo.

A região de estudo apresenta-se muito alterada em relação às características originais


dos ecossistemas nativos, fato que ocasionou o afugentamento ou a extinção local de mamíferos
de grande porte como o lobo-guará e a anta. Estes animais possuem raros registros no estado e
não são encontrados nas proximidades do território do município.

Há relatos da ocorrência de cervídeos no município. O Cervo-do-pantanal (Blastocerus


dichotomus), tem a última população, com cerca de 30 animais, restrita ao Refúgio de Vida

Outubro de 2024 136


Silvestre Banhado dos Pachecos e a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande na
vizinhança do município de Porto Alegre. O Gênero Mazama, representado pelo veado-
catingueiro (Mazama gouazoubira) e pelo veado-mateiro (Mazama nana), contam da lista de
espécies ameaçadas. Essas espécies foram amplamente dizimadas através da caça, em toda a
região e a ocorrência na área de estudo é rara.

Em relação à possibilidade de ocorrência de mamíferos ameaçados na área de estudo,


segue lista de espécies.

Tabela 13 – Mamíferos ameaçados de extinção.


NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR
Alouatta guariba clamitans bugio-ruivo
Chironectes minimus cuíca-listrada, cuíca-d`água
Cuniculus paca paca
Dasyprocta azarae cutia
Eira barbara irara, papa-mel
Leopardus pardalis jaguatirica
Leopardus wiedii gato-maracajá
Marmosa paraguayana cuíca, guaiaquica-cinza
Mazama americana veado-mateiro, veado-pardo
Mazama nana veado-bororó-do-sul, veado - mão-curta
Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira, tamanduá-açu
Nasua nasua quati
Ozotoceros bezoarticus veado-campeiro, veado - branco
Sylvilagus brasiliensis tapiti
Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim, tamanduá - de-colete
Wilfredomys oenax rato-do-mato
Fonte: Decreto Estadual nº 51.797/2014.

Em relação aos anfíbios e peixes, grupos extremamente prejudicados pela ação humana,
perda dos habitats e poluição das águas, as atividades de conservação devem considerar todas
as espécies possíveis listadas como ameaçadas de extinção, condizentes com os ambientes de
água doce locais, para as ações de repovoamento e proteção.

Também é importante mencionar o impacto ambiental relacionado ao tráfego de


veículos e as possiblidades de atropelamentos da fauna em seus deslocamentos entre diferentes
remanescentes cortados pelas rodovias. A ausência de pontos de passagem desses animais é
responsável por acidentes que custam a diminuição da diversidade da fauna local.

O município de Dois Irmãos possui registros das ocorrências de atropelamento desde


1995 até 2024. Tal levantamento, dá a dimensão dos impactos ocasionados pelos
atropelamentos e auxilia na identificação das espécies da fauna existentes no município.

Outubro de 2024 137


Tabela 14 - Registros de atropelamento da fauna.
ENDERECO ANIMAL SP IND.
GRAXAIM Cerdocyon thous 53
GAMBÁ Didelphis albiventris 422
FURÃO Galictis cuja 4
GATO DO MATO PEQUENO Leopardus tigrinus 7
GATO DO MATO Leopardus geoffroyi 7
GATO - MOURISCO Puma yagouaroundi 7
LAGARTO Tupinambis merianae 2
LEBRE Lepus europaeus 0
BR 116
LONTRA Lontra longicaudis 0
MÃO PELADA Procyon cancrivorus 16
OURIÇO Sphiggurus spinosus 17
PACA Cuniculus paca 1
QUATI Nasua nasua 2
RATÃO – DO – BANHADO Myocastor coypus 2
TAMANDUÁ – MIRIM Tamandua tetradactyla 2
TATU – GALINHA Dasypus novemcinctus 38
BUGIO Alouatta guariba 1
FURÃO Galictis cuja
GAMBÁ Didelphis albiventris 69
GATO MOURISCO Puma yagouaroundi 1
Alberto Rübinich GRAXAIM Cerdocyon thous
LEBRE Lepus europaeus 1
MÃO PELADA Procyon cancrivorus 1
OURIÇO Sphiggurus spinosus 3
TATU – GALINHA Dasypus novemcinctus 3
GAMBÁ Didelphis albiventris 31
LAGARTO Tupinambis merianae 1
Av. Florestal
OURIÇO Sphiggurus spinosus 1
TATU – GALINHA Dasypus novemcinctus 1
GAMBÁ Didelphis albiventris 14
Estrada Campo
GRAXAIM Cerdocyon thous 3
GAMBÁ Didelphis albiventris 12
Av. João Klauck
GRAXAIM Cerdocyon thous 2
Av. São Miguel GAMBÁ Didelphis albiventris 7
Fonte: DMA, 1995 – 2024.

2.1.12 Serviços ecossistêmicos

A identificação e qualificação dos serviços ecossistêmicos prioritários no contexto do


Plano Municipal da Mata Atlântica de Dois Irmãos, passa fundamentalmente pelo mapeamento
dos remanescentes da Mata Atlântica e o estudo de campo das paisagens no município. Esse

Outubro de 2024 138


estudo fornece informação sobre os serviços ecossistêmicos de grande importância para a
população e ambientes locais.

O Plano Municipal da Mata Atlântica reconhece a importância desses serviços e visa a


sua proteção e valorização.

Para identificar e qualificar os serviços ecossistêmicos prioritários, foram realizados


estudos que incluem a revisão bibliográfica e o Levantamento de informações sobre os serviços
ecossistêmicos fornecidos pela Mata Atlântica e outras paisagens. A análise de dados e consulta
a dados secundários sobre o município de Dois Irmãos, como cobertura vegetal, uso do solo e
recursos hídricos.

Foi possível observar que os serviços e ecossistêmicos estão relacionados à

 Provisão de água: A Mata Atlântica e outras paisagens protegem os


recursos hídricos do município, garantindo a qualidade e a quantidade de
água disponível para o consumo humano, agricultura e indústria. Nesse
contexto, destaca-se a importância do Arroio Feitoria e a manutenção das
áreas remanescentes em suas margens e cabeceiras bem como a proteção
dos cursos d’água contribuintes e suas respectivas APPs e nascentes.
 Regulação do clima: As florestas ajudam a regular o clima local,
reduzindo as temperaturas e a incidência de eventos climáticos extremos,
como secas e inundações. Nesse contexto, torna-se fundamental a
recuperação das áreas degradadas às margens dos cursos d´água
mapeados.
 Proteção do solo: A cobertura vegetal protege o solo contra a erosão e
deslizamentos de terra, além de contribuir para a fertilidade do solo,
sendo fundamental a ampliação dos projetos de recuperação dos taludes
e encostas mais íngremes do território com espécies nativas.
 Manutenção da biodiversidade: A Mata Atlântica é um dos biomas mais
biodiversos do planeta, abrigando uma grande variedade de espécies de
plantas e animais. Devido à grande fragmentação observada nos
remanescentes do município, deve-se investir no enriquecimento dessas
áreas com espécies nativas e o estabelecimento de ligações entre
diferentes fragmentos de vegetação visando ampliar os corredores
ecológicos.

Outubro de 2024 139


 Polinização: As abelhas e outros polinizadores são essenciais para a
reprodução de muitas plantas, incluindo as culturas agrícolas. Nesse
contexto o cuidado com melíponas e a ampliação da diversidade vegetal
associada deve ser priorizada.
 Recreação e turismo: As paisagens naturais do município oferecem
oportunidades para recreação e turismo, proporcionando bem-estar à
população e gerando renda para a comunidade local. Conciliar o uso
racional desses espaços com a preservação e recuperação ambiental, é
fundamental para garantia da sustentabilidade do turismo associado.
A importância de cada serviço ecossistêmico foi avaliada com base em sua
relevância para o bem-estar da população e para o desenvolvimento sustentável do município.

 Ameaças: As principais ameaças aos serviços ecossistêmicos foram


identificadas, como o desmatamento, a urbanização, poluição e a fragmentação
dos remanescentes para introdução de culturas exóticas monoespecíficas.
 Oportunidades: Foram identificadas oportunidades para a proteção e valorização
dos serviços ecossistêmicos, como a criação de unidades de conservação, a
recuperação de áreas degradadas e a implementação de práticas agrícolas
sustentáveis.

Os serviços ecossistêmicos fornecidos pela Mata Atlântica e outras paisagens no


município de Dois Irmãos são essenciais para o bem-estar da população e para o
desenvolvimento sustentável do município. O Plano Municipal da Mata Atlântica é um
instrumento importante para a proteção e valorização desses serviços.

Os últimos eventos climáticos extremos ocorridos no rio grande do Sul


demonstraram a importância da preservação da vegetação nativa como forma de minimizar os
efeitos devastadores das chuvas. Tais eventos, sem precedentes no estado, ampliam o
entendimento da importância da preservação ambiental, da manutenção e recuperação da
vegetação nativa, dos remanescentes nativos como como protetores de encostas, na mata ciliar,
na concepção de áreas verdes urbanas permeáveis dentre outros benefícios socioeconômicos,
ambientais e ecológicos.

Outubro de 2024 140


2.1.13 Áreas protegidas em imóveis rurais

Os imóveis rurais possuem áreas protegidas por lei que representam espaços importantes
para a conservação ambiental. As áreas de preservação permanente e as áreas de reserva legal
representam esses espaços.

As áreas de Reserva Legal, instituídas pela Lei Federal nº 12.651/2012, em seu artigo
12, que define os percentuais sobre a área total do imóvel, a depender da região do país em que
se encontra localizado e do tipo de cobertura vegetal sobre ele existente.

Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre
as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais
mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68
desta Lei.

I - localizado na Amazônia Legal:


a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).

Também é importante mencionar que, segundo o artigo 14 da referida Lei, a localização


da área de Reserva Legal deverá levar em consideração o plano de bacia hidrográfica, o
Zoneamento Ecológico-Econômico a formação de corredores ecológicos com outra Reserva
Legal, com Área de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área
legalmente protegida, as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e as
áreas de maior fragilidade ambiental.

Tais critérios devem ser levados em consideração no mapeamento das áreas de reserva
legal e os remanescentes de vegetação no PMMA. Neste sentido, o PMMA é um instrumento
que torna visível as possíveis inter-relações das diferentes áreas de reserva legal presentes nos
imóveis rurais no município.

Outubro de 2024 141


Figura 90 – Vista aérea da Zona Rural.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Quanto ao regime de Proteção da Reserva Legal, segundo o Art. 17. da Lei 12.651/2012
a Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do
imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado. Essa exigência, permite a integração desses fragmentos com as áreas de
preservação permanente e demais remanescentes da vegetação nativa, somadas as áreas
passíveis de recuperação ambientas e as Unidades de Conservação, para o mapeamento dos
possíveis corredores ecológicos existentes no território.

Outubro de 2024 142


Figura 91 – Reserva Legal e APPs.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 143


Figura 92 – Reserva Legal e APPs na área de proteção de manacial.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 144


2.1.14 Áreas protegidas urbanas

As áreas verdes urbanas referem-se a espaços dentro dos limites da urbana que são
destinados à vegetação, ao paisagismo e ao lazer. Elas podem incluir parques, praças, jardins
públicos, canteiros centrais, áreas de preservação ambiental, entre outros espaços que oferecem
um ambiente natural em meio ao ambiente construído da cidade. Essas áreas desempenham um
papel importante no fornecimento de espaços de recreação, na melhoria da qualidade do ar, na
redução do calor urbano e na promoção do bem-estar físico e mental da população.

Os atrativos turísticos são locais ou pontos de interesse que atraem visitantes e turistas.
Esses locais podem ter um valor cultural, histórico, natural ou recreativo que desperta o
interesse e a curiosidade das pessoas. Os atrativos turísticos podem incluir monumentos,
museus, praças montanhas, parques, sítios arqueológicos, eventos culturais, entre outros. Eles
contribuem para o desenvolvimento do turismo, promovendo o conhecimento, a interação
cultural e econômica entre os visitantes e as comunidades locais. Quando envolvem espaços
naturais, devem ser especialmente protegidos, pois o atrativo está relacionado e intimamente
ligado à sua forma conservada.

As belezas cênicas são elementos naturais ou paisagísticos que são visualmente


atraentes e cativantes. Essas características podem ser encontradas em diferentes ambientes,
como montanhas, praias, cachoeiras, florestas, rios, lagos e paisagens urbanas. As belezas
cênicas podem envolver a harmonia das formas, as cores, os contrastes, a singularidade dos
elementos naturais, entre outros atributos estéticos. Elas são valorizadas por sua capacidade de
despertar emoções, inspirar admiração e proporcionar experiências sensoriais positivas e
igualmente devem ser preservadas para manter sua capacidade de atrair e sensibilizar o público.

Outubro de 2024 145


Figura 93 – Áreas verdes urbanas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 146


Figura 94 – Áreas protegidas urbanas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 147


2.1.15 Unidades de Conservação

As Unidades de Conservação (UCs) são áreas delimitadas e gerenciadas com o objetivo


principal de conservar a natureza e seus recursos naturais. Elas são estabelecidas por meio de
legislação específica e podem abranger diversos tipos de ambientes, como florestas, parques,
reservas naturais, áreas marinhas, entre outros.

Já as áreas tombadas como patrimônio natural são espaços reconhecidos e protegidos


em virtude de seu valor histórico, cultural, paisagístico ou científico. O tombamento é um ato
legal que impede a destruição, alteração ou descaracterização dessas áreas, preservando-as para
as gerações futuras. Essas áreas podem incluir paisagens, formações geológicas, sítios
arqueológicos, entre outros elementos naturais de relevância.

As áreas tombadas como patrimônio natural podem fazer parte das Unidades de
Conservação ou existir como entidades separadas. O objetivo principal é salvaguardar esses
locais de valor natural único e promover a sua apreciação, pesquisa e proteção contra a
degradação.

Através da legislação específica, as Unidades de Conservação passaram a ser


classificadas em dois grupos e doze categorias, com objetivos e características distintas. Assim,
o grupo das Unidades de Proteção Integral tem como objetivo básico preservar a natureza,
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos
previstos na Lei. Já o grupo da Unidades de Uso Sustentável tem como objetivo básico a
compatibilização da conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus
recursos naturais.

O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias:

I - Estação Ecológica: de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares


incluídas em seus limites serão desapropriadas. Tem como objetivo a preservação da natureza
e a realização de pesquisas científicas, sendo proibida a visitação pública, exceto quando com
objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou
regulamento específico. Nessa modalidade de UC a pesquisa científica depende de autorização
prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e
restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

Para a Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas nos casos
de:

Outubro de 2024 148


a) medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados;

b) manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica;

c) coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;

d) pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele
causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas,
em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total da unidade e até o
limite de um mil e quinhentos hectares.

II - Reserva Biológica: tem como objetivo a preservação integral da biota e demais


atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações
de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e
os processos ecológicos naturais. De posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites serão desapropriadas. É proibida a visitação pública, exceto aquela
com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico. A pesquisa científica
depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita
às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

III - Parque Nacional: tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas


naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. É de posse e domínio públicos,
sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com
o que dispõe a lei. A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano
de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração,
e àquelas previstas em regulamento. A pesquisa científica depende de autorização prévia do
órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por
este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão


denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.

IV - Monumento Natural: tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica, pode ser constituído por áreas particulares, desde que
seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos

Outubro de 2024 149


naturais do local pelos proprietários. Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as
atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo
órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Monumento Natural
com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.

A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de


Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e
àquelas previstas em regulamento.

V - Refúgio de Vida Silvestre: tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local
e da fauna residente ou migratória. Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais
do local pelos proprietários.

Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas, ou não


havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela
administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da
propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.

A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo


da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas
previstas em regulamento.

A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela


administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento.

Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de


unidade de conservação:

I - Área de Proteção Ambiental - APA: uma área em geral extensa, com um certo grau
de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e
tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É constituída por terras
públicas ou privadas.

Outubro de 2024 150


A APA deve dispor de um conselho que seja presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da
sociedade civil e da população residente.

As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob
domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade. Nas áreas sob propriedade
privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público,
observadas as exigências e restrições legais.

II - Área de Relevante Interesse Ecológico: é uma área em geral de pequena extensão,


com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que
abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais
de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. É constituída por terras públicas
ou privadas, podendo ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade
privada localizada em área definida como UC desta categoria.

III - Floresta Nacional: é uma área com cobertura florestal de espécies


predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de
florestas nativas. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em
seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei. É admitida a
permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua criação, em conformidade
com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.

As unidades desta categoria devem dispor de um conselho consultivo a ser presidido


pelo órgão responsável por sua administração e sendo constituído por representantes de órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e, se houverem, de organizações das populações
tradicionais residentes.

A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da


unidade pelo órgão responsável por sua administração. A pesquisa é permitida e incentivada,
sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às
condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em regulamento. A unidade
desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, respectivamente,
Floresta Estadual e Floresta Municipal.

Outubro de 2024 151


IV - Reserva Extrativista: é uma área utilizada por populações extrativistas
tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura
de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger
os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos
naturais da unidade. É de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas
tradicionais, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser
desapropriadas.

A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de


acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. A pesquisa científica é permitida e
incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da
unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento.
São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional.

A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis


e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva
Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.

Reservas Extrativistas devem ter um Conselho Deliberativo para a sua gestão, sendo
presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na
área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.

V - Reserva de Fauna: é uma área natural com populações animais de espécies nativas,
terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos
sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. É de posse e domínio públicos,
sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas.

A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade
e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração. É
proibido o exercício da caça amadorística ou profissional. A comercialização dos produtos e
subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e
regulamentos.

VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável: é uma área natural que abriga


populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos
recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas

Outubro de 2024 152


locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da
diversidade biológica.

Tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as


condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de
vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar,
conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por
estas populações. É de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites devem ser, quando necessário, desapropriadas. As atividades desenvolvidas na Reserva
de Desenvolvimento Sustentável devem atender a determinadas condições:

a) é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses


locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área;

b) é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à


melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se
à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e
restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento;

c) deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a


conservação;

d) é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de


manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que
sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área.

O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas de


proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será
aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural: é uma área privada, de modo que
sua criação deve partir da iniciativa do próprio proprietário, sendo gravada com perpetuidade,
e tendo como objetivo a conservação da diversidade biológica, de forma que neste local só
poderão ser permitidas atividades voltadas à pesquisa científica e à visitação com objetivos
turísticos, recreativos e educacionais. É necessário que o órgão ambiental verifique e ateste o
interesse público representado pela área, sendo assinado termo de compromisso perante o órgão
ambiental e averbação à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.

Outubro de 2024 153


A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de
consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados
para a unidade, exceto na criação de Estação Ecológica ou de Reserva Biológica, para as quais
não é obrigatória a consulta. As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem
ser transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por
instrumento normativo do mesmo nível hierárquico daquele que criou a unidade, desde que
obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos na Lei do SNUC.

Outubro de 2024 154


Figura 95– Unidades de Conservação e áreas de amortecimento próximas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 155


 Propostas de criação de unidades de conservação

Através do mapeamento dos remanescentes e da identificação das áreas prioritárias,


além das conversas com a equipe técnica municipal, foi possível apontar áreas propensas para
a criação de Unidades de Conservação no Município.

A escolha da categoria e Unidade de Conservação (UC) ideal para o município de Dois


Irmãos, levou em consideração fatores sobre as características da área: tipo de vegetação,
topografia, presença de recursos hídricos, fauna e flora, atrativos turísticos.

O objetivo da implantação das unidades propostas está relacionado com a proteção da


biodiversidade, preservação de nascentes, recuperação de áreas degradadas, educação
ambiental, turismo ecológico e pesquisa científica.

É proposto a criação de 05 Unidades de Conservação, conforme descrito abaixo e


identificadas no mapa a seguir:

1- UC FEITORIA;
2- UC PARQUE MUNICIPAL ROMEO BENÍCIO WOLF;
3- UC DOM BRAGA;
4- UC DO TRAVESSÃO.
5- UC MORRODOS DOIS IRMÃOS

Outubro de 2024 156


Figura 96 – Unidades de Conservação propostas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 157


UC FEITORIA: localizada na região central do município, possuí remanescentes
urbanos nativos da Mata Atlântica, com papel de proteção do entorno contra as enchentes e
inundações, além de garantir a manutenção da biodiversidade local e de uma importante área
verde urbana. Essa área de alagamento compreende uma região mais baixa com o encontro das
águas do Arroio Caru, Arroio da Esquerda com o Arroio Feitoria, pelo grande volume de água,
causa as inundações.

Figura 97 – Arroio Feitoria na área proposta para criação da UC.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

UC PARQUE MUNICIPAL ROMEO BENÍCIO WOLF: Unidade de Conservação


proposta para o parque, compreende, além da área do Parque, uma porção contínua de
vegetação que se estende a partir dele.

Além da mata preservada na área, o importante remanescente urbano, é atravessado pelo


Arroio Feitoria, da Esquerda e Carpintaria, além de se ligar com o corredor ecológico do Arroio
Carpintaria-Feitoria.

Sugere-se a ampliação dos limites do Parque Municipal, com a inclusão dos imóveis de
domínio privado, com a manutenção dessa condição, para constituição de um parque linear, por
exemplo.

Outubro de 2024 158


Figura 98 - UC Parque Romeo Benício Wolf.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

UC DOM BRAGA: A Unidade de Conservação Dom Braga, de domínio público,


possui área com vegetação em estágio de regeneração avançado em área declivosa sujeita
erosão. Para criação de unidade de conservação no imóvel, sugere-se a modalidade de RPPN –
Reserva Natural do Patrimônio Natural, com a manutenção do domínio público.

UC MORRO DOS DOIS IRMÃOS

Adjacente à área, encontramos a Zona de Proteção dos Morros dos Dois Irmãos que
intercepta cerca de 15 imóveis particulares. Tal área, pode ser convertida em Parque Municipal
com atividades de contemplação da natureza, já que é um dos pontos mais altos do município,
aliado a atividades de conservação e recuperação ambiental.

Tal condição manteria o domínio privado dos imóveis, mas restringiria os eu uso para
atividades compatíveis com os objetivos da UC.

Outubro de 2024 159


Figura 99 – Vista aérea do Morros dos Dois Irmãos e Dom Braga.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

UC DO TRAVESSÃO: A Unidade de Conservação do Travessão é uma área de


vegetação preservada, no espaço urbano, que está ligada ao Corredor ecológico do Caru e é, em
partes, atravessado pelo Arroio. Também encontramos nascentes contribuintes desse curso
d`água em seu interior, justificando sua conservação em UC. Está sobre imóveis privados e
pode ser convertida em Reserva Natural do Patrimônio Natural, com manutenção do domínio
privado.

Outubro de 2024 160


Figura 100 – Unidade de Conservação Travessão.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

2.1.16 Atrativos naturais, histórico-culturais e arqueológicos

Dois Irmãos é um município rico em atrativos naturais, histórico-culturais e


arqueológicos. O Parque Municipal Romeo Benício Wolf, é conhecido por sua exuberante área
verde, trilhas para caminhadas, espaços para piqueniques, quadras esportivas e um lago central.

Outubro de 2024 161


Figura 101 – Vista aérea do Parque Municipal Romeo Benício Wolf.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

O município também possui algumas cachoeiras com um bom potencial de ecoturismo,


como a Cascata são Miguel, próxima ao centro da cidade e a Cascata 7 Quedas, alcançada por
meio de trilha em meio a mata preservada.

Figura 102 – Cascata São Miguel.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 162


Figura 103 – Cascata 7 Quedas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

A Praça do Imigrante localizada no centro da cidade, é conhecida por suas flores e


tranquilidade. Ela conta com o Armazém da Rota, a Casa do Produtor, o Centro de Artesanato,

Outubro de 2024 163


chimarródromo, brinquedos para as crianças, lago com peixes, chafariz, Casa do Turista,
banheiro público e amplo espaço coberto.

A Rota Romântica, da qual Dois Irmãos faz parte, possui diversas opções de lazer para
passeios com opções de hotéis, pousadas e gastronomia típica.

Figura 104 – Aspecto da Rota Romântica – BR 116.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Além dos atrativos naturais, inúmeros são os eventos ao longo do ano que trazem ao
turista o melhor da nossa culinária típica, produtos diretos de fábrica, festas populares, atrações
culturais e de entretenimento.

O município de Dois Irmãos é conhecido como o Berço do Café Colonial, por causa da
sua tradição na gastronomia desde o início do século, tendo sido o local onde surgiu o primeiro
café colonial no Estado, por volta da década de 40. Para exaltar esta peculiaridade da cidade,
foram criadas duas marcas: Dois Irmãos Um doce de cidade e Dois Irmãos Capital do Café
Colonial.

O café colonial é uma refeição tradicional na região serrana do Rio Grande do Sul. São
servidos alimentos como cucas, pães, bolos, tortas, frios, geleias, mel, schmier, embutidos,
conservas, chocolate quente, café, chás, waffles, sucos, tortas e outras iguarias. O costume,
proveniente da Alemanha, remete a história da colonização do sul do país por alemães.

Em relação ao Patrimônio Histórico e Cultural, em Dois Irmãos, atualmente existem 23


locais tombados e 39 de interesse. A maioria dos imóveis fica na Avenida São Miguel, no
Centro, local de formação inicial do núcleo urbano.

Outubro de 2024 164


Os imóveis tombados contam com isenção dos impostos territorial, rural e predial
urbano importante de preservação do patrimônio cultural. Dois Irmãos têm um Conselho e um
Fundo Municipal de Patrimônio para a preservação do patrimônio na cidade.

São bens tombados no Município de Dois Irmãos:

 ARMAZÉM SANDER - Av. São Miguel, n° 749;


 CASA ARNO SAUERESSIG Av. São Miguel, n° 749;
 CASA AULER - Av. São Miguel, n° 2159;
 CASA DIENSTMANN - Av. São Miguel, n° 1961;
 CASA ELLWANGER - Rua Prof. Affonso Wolf, n° 1036;
 CASA ENGELMANN - Rua 10 de Setembro, nº 2310;
 CASA KOLLING 01 - Av. São Miguel, n° 939;
 CASA KOLLING 02 - Av. São Miguel, n° 555;
 CASA KONRATH - Av. São Miguel, n° 1619;
 CASA PASTORAL - Av. São Miguel, n° 1170;
 CASA PASTORAL E IGREJA - Av. São Miguel, n° 1465;
 CASA PROFESSOR MATHEUS GRIMM - Av. São Miguel, n° 395;
 CASA SOINE - Av. São Miguel, n° 1835;
 CASA WENDLING - Av. São Miguel, n° 552;
 CEMITÉRIO E IGREJA EVANGÉLICA - Av. São Miguel, nº1339;
 CEMITÉRIO EVANGÉLICO (TRAVESSÃO RÜBENICH) - Rua Alberto
Rübenich;
 COLÉGIO IMACULADA CONCEIÇÃO - Av. São Miguel, n° 436;
 IGREJA MATRIZ DE SÃO MIGUEL - Rua São Miguel, nº 453;
 MOINHO COLLET - Beco do Moinho, 81;
 MUSEU HISTÓRICO MUNICIPAL Av. São Miguel, n° 1658;
 PONTE DE PEDRA (BEIRA RIO) - Término da Av. São Miguel, início da R.
Alberto Rübenich;
 SERRARIA BECKER (BAIRRO VILA ROSA) - Rua Alberto Rübenich, n°
93;

Conforme a Lei Municipal 1.768, no ano 2000 foram tombadas duas árvores nativas
como Patrimônio de Preservação Ecológica em Dois Irmãos:

Outubro de 2024 165


 Canafístula (Peltophorum dubium), localizada à Avenida São Miguel, 453,
fundos da antiga Igreja São Miguel; e
 Araçá amarelo (Psidium catteianuim), localizado à Avenida Florestal, esquina
com a Rua Lourenço Hack, em frente ao número 140.

2.1.17 Áreas definidas como prioritárias para conservação

Áreas definidas como prioritárias para conservação são espaços identificados como de
extrema importância para a preservação da biodiversidade, dos ecossistemas e dos serviços
ecossistêmicos. Essas áreas são selecionadas com base em critérios científicos e técnicos que
levam em consideração a riqueza biológica, a representatividade de diferentes ecossistemas, a
presença de espécies ameaçadas, endêmicas ou de valor conservacionista, entre outros aspectos
relevantes.

A definição de áreas prioritárias para conservação pode ocorrer em diferentes escalas,


desde a global até a local, dependendo dos objetivos e da abrangência do planejamento
conservacionista. Essas áreas podem incluir unidades de conservação, terras indígenas, reservas
particulares do patrimônio natural, corredores ecológicos, entre outros tipos de áreas protegidas.

A identificação e a definição de áreas prioritárias para conservação são fundamentais


para orientar a tomada de decisões e a alocação de recursos visando à conservação efetiva da
biodiversidade. Essas áreas servem como foco para a implementação de medidas de proteção,
restauração e manejo sustentável, visando a garantir a sobrevivência de espécies e ecossistemas
ameaçados.

As “Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição dos


Benefícios da Biodiversidade” são um instrumento de política pública que visa à tomada de
decisão, de forma objetiva e participativa, sobre planejamento e implementação de medidas
adequadas à conservação, à recuperação e ao uso sustentável de ecossistemas.

Essas áreas são identificadas com base em critérios científicos e são atualizadas
periodicamente, a partir do surgimento de novos dados, informações e instrumentos. O processo
de identificação dessas áreas é orientado para o desenvolvimento de ações de pesquisa,
inventário da biodiversidade, recuperação de áreas degradadas e de espécies sobre explotadas
ou ameaçadas de extinção, licenciamento ambiental, fiscalização, identificação de áreas com

Outubro de 2024 166


potencial para criação de unidades de conservação, corredores ecológicos, ações de fomento ao
uso sustentável, ações de regularização ambiental.

As regras para a identificação de tais Áreas e Ações Prioritárias foram instituídas


formalmente pelo Decreto nº 5092 de 21/05/2004 no âmbito das atribuições do Ministério do
Meio Ambiente (MMA). A definição de áreas prioritárias se baseia na metodologia de
Planejamento Sistemático da Conservação (PSC), que coleta e processa informações espaciais
sobre a ocorrência de espécies e ecossistemas, custos e oportunidades para a conservação.

Essas áreas abrangem todos os grandes biomas e a Zona Costeira e Marinha do Brasil,
além de um banco de dados com informações sobre as áreas. A identificação dessas áreas é uma
prioridade do MMA, em consonância com as estratégias recomendadas pela Convenção sobre
Diversidade Biológica (CDB), pelo Plano de Ação para Implementação da Política Nacional de
Biodiversidade (PAN-Bio) e pelo Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP).

As áreas identificadas foram classificadas de acordo com seu grau de importância para
biodiversidade e com a urgência para implementação das ações sugeridas. Para tanto, foi
adotada a seguinte classificação: Importância Biológica – Extremamente Alta, Muito Alta, Alta
e Insuficientemente Conhecida. Para a urgência das ações, a classificação é: Extremamente
Alta, Muito Alta e Alta.

Para o município de Dois Irmãos, as áreas mapeadas possuem prioridade Alta e


importância para a biodiversidade Alta.

Outubro de 2024 167


Figura 105 - Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição dos Benefícios da
Biodiversidade.

Fonte: MMA,2022.

Outubro de 2024 168


Através do mapeamento das áreas remanescentes no município, associadas ao relevo, a
importância ecossistêmica, a proteção dos mananciais, Áreas de Preservação Permanente, áreas
propensas à riscos, foi possível a elaboração do Mapa das Áreas Prioritárias para Conservação
e Recuperação da Mata Atlântica no município. Essas áreas podem ou não estar cobertas por
vegetação nativa.

Outubro de 2024 169


Figura 106 – Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação da Mata Atlântica no município.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 170


2.1.18 Terras Públicas

Terras públicas em um município são áreas de propriedade do poder público, seja


municipal, estadual ou federal. Essas terras são administradas pelo poder público e podem ser
utilizadas para diversos fins, como a implantação de serviços públicos, infraestrutura, áreas
verdes, proteção ambiental, reforma agrária entre outros.

O conceito de terras públicas engloba diferentes categorias de áreas, incluindo:

 Áreas públicas urbanas: São terras pertencentes ao município e localizadas


dentro dos limites urbanos. Podem ser destinadas para a construção de prédios
públicos, praças, parques, equipamentos de lazer, vias públicas, entre outros.
 Áreas públicas rurais: São terras públicas localizadas fora dos limites urbanos,
geralmente em áreas rurais. Essas terras podem ser utilizadas para diversos fins,
como assentamentos rurais, projetos de agricultura familiar, preservação
ambiental, pesquisa científica, entre outros.
 Unidades de conservação: São áreas públicas destinadas à preservação e
proteção da natureza e dos recursos naturais. Podem incluir parques nacionais,
reservas biológicas, áreas de proteção ambiental, entre outras categorias. Nessas
áreas, há restrições e regulamentações específicas para garantir a conservação
da biodiversidade e dos ecossistemas.
 Terras públicas destinadas a povos indígenas e comunidades tradicionais: O
poder público pode destinar terras públicas para a demarcação e regularização
de terras indígenas, territórios quilombolas e outras áreas tradicionalmente
ocupadas por comunidades tradicionais, como mencionado na pergunta anterior.

É importante ressaltar que o uso e a destinação das terras públicas devem ser realizados
de acordo com a legislação e os instrumentos de planejamento urbano e ambiental. A gestão
adequada dessas áreas é fundamental para garantir o interesse público, a preservação ambiental,
o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da população.

Não há terras destinadas à reforma agrária ou assentamentos no município, bem como


não existem terras indígenas ou quilombolas.

Podemos destacar como espaços públicos relevante para as atividades de proteção e


conservação da Mata Atlântica, o Parque Municipal Romeo Benício Wolf, as áreas verdes
urbanas, pertencentes ao município e distribuídas nos loteamentos diversos além das praças
públicas.

Outubro de 2024 171


Através dos arquivos primários fornecidos pelo município, não foi possível a
vetorização de tais informações, essas áreas devem ser inventariadas e mapeadas, para que
juntamente com as Praças Públicas e APPs urbanas, possam abrigar projetos de arborização
urbana que privilegiem espécies nativas da Mata Atlântica.

2.2 SEGUNDA DIMENSÃO DO DIAGNÓSTICO: VETORES DE


DESMATAMENTO OU DESTRUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA

Para a identificação das áreas desmatadas no município, se partiu da premissa de que a


totalidade do território era coberta originalmente por Mata Atlântica para se comparar com os
remanescentes da vegetação atual e o padrão de ocupação do solo. Com isso, associado as
observações realizadas em campo, foi possível mapear os remanescentes da vegetação atual
bem como se qualificar os vetores de desmatamento resultantes.

O município de Dois Irmãos, ostenta uma rica história marcada por sucessivas ondas de
colonização e ocupação. Os colonizadores europeus e os migrantes nacionais, moldaram a
paisagem local de maneira singular, deixando um legado socioambiental complexo e dinâmico.
Este estudo tem como objetivo demonstrar o resultado dos principais vetores de desmatamento
ao longo do tempo e fundamentalmente, nos dias atuais.

Os principais vetores de desmatamento e degradação da Mata Atlântica podem variar


dependendo da região e do contexto específico. No entanto, alguns dos principais vetores
comuns incluem a exploração madeireira, tanto legal quanto ilegal é uma das principais causas
de desmatamento na Mata Atlântica.

A conversão do uso do solo para agricultura, pecuária e silvicultura são importantes


vetores do desmatamento e degradação na Mata Atlântica no município.

Também se observa a urbanização e expansão urbana, associado ao crescimento


populacional, e a conversão de áreas florestais em espaços urbanos, com a construção de
infraestrutura e desenvolvimento imobiliário, como um dos principais vetores de
desmatamento.

Os vetores de desmatamento correspondem ao conjunto de situações que promoveram


ou tem potencial de promover a degradação do ecossistema local. Esses fatores estão
interconectados e desta forma, ampliam os impactos a Mata Atlântica.

Outubro de 2024 172


Esses fatores, que potencializam os vetores de desmatamento podem ser demográficos,
fundiários, relacionados à infraestrutura e aos aspectos econômicos locais, ou ainda estar
relacionados aos fatores climáticos.

Em relação à demografia, a existência de núcleos urbanos formais e informais e zonas


de expansão urbana e aumento populacional, exercem pressão sobre os remanescentes da
vegetação nativa.

Sobre as questões fundiárias que afetam a integridade da Mata Atlântica, observamos as


ocupações para fins agropecuários em áreas de preservação permanente, o parcelamento em
áreas rurais e a expansão das atividades econômicas nessas áreas, com a substituição da
vegetação nativa.

Quanto à infraestrutura, as rodovias existentes, as estruturas de geração e distribuição e


energia elétrica, as estruturas de água e esgoto, destinação final de resíduos sólidos, são
identificados como ações que potencializam os vetores de desmatamento e degradação.

No aspecto econômico, as atividades relacionadas à indústria, agropecuária, turismo,


comércio e a expansão destas, são exemplos de atividades com potencial de degradação e
impacto sobre a Mata Atlântica.

Outro aspecto fundamental que foi levado em consideração para o mapeamento e


qualificação dos vetores de desmatamento no território do município foi à análise dos efeitos
das mudanças climáticas. As chuvas intensas que ocorreram no Rio Grande do Sul, sobretudo
na região de estudo, demonstram a potencialização significativa das áreas de risco ocupadas e
a importância da manutenção e recuperação da vegetação nativa em áreas prioritárias para a
mitigação de tais ocorrências, que serão recorrentes.

O Mapa dos Vetores de Desmatamento, em primeira análise, procura demonstrar a


situação geral do desmatamento no território do município em relação à vegetação original para,
a partir deste, compreendermos o impacto dos diferentes elementos que causam tal degradação.

Outubro de 2024 173


Figura 107 – Area total desmatada no território do município.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 174


Do total de área desmatada no município, parte teve a vegetação substituída por espécies
exóticas relacionadas à silvicultura. O dimensionamento e a comparação dessas áreas nos
fornecem elementos para dimensionar e relacionar o impacto sobre a vegetação nativa;

Outubro de 2024 175


Figura 108 – Áreas com substituição de vegetação nativa por exóticas monoespecíficas.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 176


A urbanização e sua expansão se dão, quase a totalidade, pela substituição da vegetação
nativa pelas edificações e os demais elementos que compõe a malha urbana Além do
desmatamento, através dos impactos ambientais inerentes, observa-se a degradação da
vegetação remanescente associada, tanto pela fragmentação quanto pelos impactos da poluição
direta, associada ao esgotamento sanitário a disposição irregular dos resíduos sólidos urbanos.

O processo de ocupação urbana e seu desenvolvimento urbano é inexorável, porém deve


ser limitado e restrito às áreas passíveis, levando em consideração o Plano Diretor, a legislação
ambiental e as demais normas correlatas.

Mesmo em áreas regulares, a observância dos aspectos sanitários e o monitoramento


dos riscos associados à ocupação devem ser permanentes. A relação da produção de efluentes
líquidos, domésticos e industriais, dos resíduos sólidos e sua destinação, devem levar em
consideração os impactos potenciais à vegetação existente.

Além desse aspecto a dinâmica hidrológica e geológica devem ser monitoradas e


consideradas na determinação dos vetores de desmatamento, neste caso, como fenômenos
naturais que podem ser potencializados pela antropização.

Na Zona Urbana do município, os vetores de desmatamento associados às ocupações


irregulares das áreas de preservação permanente e/ou ao desmatamento dessas, são decisivos
para a potencialização dos riscos de inundação e alagamento e a ampliação das áreas de riscos
associadas.

Foram identificadas e mapeadas as áreas desmatadas em APPs urbanas, relacionadas as


margens dos cursos hídricos, servindo de referência para as ações de recuperação dessas.

Outubro de 2024 177


Figura 109 – Áreas de desmatamento na Zona Urbana.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 178


A Zona Rural no município de Dois Irmãos está restrita à uma pequena porção de terras
na região sul do território, e as atividades agropecuárias associadas à urbanização, são
observadas nas Área Rurbana e também na Área urbana.

Na Zona Rural e nas áreas com atividades agropecuárias, a degradação das Áreas de
Preservação Permanentes, além dos impactos diretos à biodiversidade, está relacionada a
deterioração da qualidade da água, a redução da estabilidade do solo, com consequências diretas
na ampliação das áreas de risco urbanas.

Outubro de 2024 179


Figura 110 – APPs degradadas fora da Zona Urbana.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 180


Por fim, a título de sistematização dos diferentes vetores de desmatamento ou destruição
da vegetação nativa, é apresentado o quadro síntese a seguir.

Tabela 15 - Vetores de desmatamento, problema atual e potenciais problemas futuros.


POTENCIAIS
VETOR PROBLEMA ATUAL
PROBLEMAS FUTUROS
Aumento de núcleos informais
Expansão urbana irregular de interesse social
Aumento populacional
Aumento dos efluentes Aumento dos efluentes líquidos
e resíduos sólidos
Diminuição dos remanescentes
Pressão sobre os remanescentes
Parcelamento do solo Fragmentação dos
da vegetação nativa
remanescentes
Silvicultura como fator de
Intensificação da ocupação Ampliação das atividades
substituição da vegetação
do solo em áreas rurais agrícolas de subsistência
nativa
Disseminação de espécies Disseminação de espécies
Infraestrutura de transporte exóticas invasoras às margens exóticas invasoras às margens
das rodovias das rodovias
Ampliação das áreas ocupadas
Ampliação das áreas ocupadas para disposição final de
Infraestrutura de
para disposição final de resíduos sólidos;
saneamento
resíduos sólidos Impacto dos efluentes não
tratados à mata ciliar.
Substituição de espécies
Substituição de áreas de
Atividades madeireiras nativas por exóticas
silvicultura por agropecuária
monoespecíficas
Desmatamento para ampliação
Industrias ocupando Áreas de
Atividades industriais das atividades industriais em
Preservação Permanente
áreas consolidadas
Aumento da recorrência e
Desastres naturais decorrentes
intensidade dos impactos
do aquecimento global e
Mudança climática decorrentes dos desastres
aumento significativo da
ambientais associados ao
precipitação
aquecimento global
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

2.3 TERCEIRA DIMENSÃO DO DIAGNÓSTICO: CAPACIDADE DE GESTÃO

2.3.1 Quadro Legal em Vigor

A legislação municipal pode ter relação direta com os objetivos do PMMA. A análise
dos seus pontos positivos e negativos, possibilita a identificação de oportunidades de
implementação das ações previstas no Plano, bem como a possibilidade legal para tanto, dentro
do ambiente normativo municipal.

Outubro de 2024 181


Plano Diretor (Lei 4733/2019, possui como pontos positivos o fato de que considera a
proteção do meio ambiente como princípio, compatibiliza -se com a preservação, a proteção e
a recuperação da qualidade do meio ambiente e do patrimônio histórico, cultural e natural, tem
como objetivo preservar e valorizar o patrimônio histórico, cultural e natural do Município e
proteger o meio ambiente através do controle do uso do solo e utilização de instrumentos da
política urbana. Também apresenta a possibilidade de proposição de espaços públicos de lazer
e áreas verdes como instrumentos de especial interesse, Cria a macrozona de Proteção
Ambiental, Rurbana e de proteção rural, destacando a preservação ambiental como objetivo

O Plano Diretor, define a Macrozona de Proteção Ambiental como a porção do território


urbano ou rural destinada à proteção do Arroio Feitoria, dos Morros Dois Irmãos, do Bioma
Mata Atlântica, das Áreas de Preservação Permanente (APPs), dos topos de morros e das áreas
com declividades incompatíveis à ocupação, tendo como objetivos, promover a preservação
dos recursos hídricos, a proteção das áreas verdes, da mata nativa e da identidade paisagística
do município, a proteção das Áreas de Preservação Permanente e a vegetação nativa do Bioma
Mata Atlântica. No próprio Plano Diretor essas áreas são definidas como àquelas superiores à
cota 300 metros e a faixa marginal de 100 metros do Arroio Feitoria.

Como pontos negativos, observa-se que a Zona de Proteção Ambiental fica restrita à
duas pequenas porções na região norte do município, que não contempla a totalidade das áreas
que tem declive acentuado e vegetação nativa preservada em ambas áreas, que devem ser
ampliadas. Também é possível observar que a definição de uma faixa genérica de proteção
ciliar, não leva em conta as especificidades de cada porção dos cursos d’água em seu percurso,
como ocupação e áreas de risco, por exemplo.

Outro aspecto negativo é que a criação de Zonas de Interesse Ambiental, se restringem


ao espaço urbano e não contemplam as margens dos cursos d´água na zona rural.

A delimitação da Zona de Proteção do Morros dos Dois Irmãos é uma iniciativa


importante da legislação municipal, mas, tal zoneamento, deve se estender para outros espaços
igualmente prioritários, restritos à ocupação e ricos em remanescentes da vegetação e outros
recursos ambientais.

A elaboração do PMMA pode ser elencada como uma importante iniciativa para
identificar as potencialidades e carências e apontar, de forma participativa, as ações para
efetivação dos princípios e objetivos gerais, inclusive por meio da proposição de Leis e normas
regulamentadoras dos instrumentos presentes no Plano Diretor.

Outubro de 2024 182


O Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) de dois Irmãos é um importante
instrumento legal para garantir a compatibilização entre o desenvolvimento econômico e social
com a necessidade de preservação ambiental, de forma sustentável.

O PMSB foi instituído pela Lei Municipal n°3449/2012 e teve a primeira revisão
aprovada ela Lei Municipal n°5298/2023. Como pontos positivos, que possibilitam a associação
do PMSB ao PMMA, podemos citar as respostas aos desastres, a proposta de um programa de
arborização urbana associado ao manejo das águas pluviais.

Como pontos negativos, associado a vegetação, podemos citar a falta de propostas para
proteção dos mananciais, como um todo, associando a recuperação das APPs das margens e das
nascentes como estratégia de melhorar a qualidade e a disponibilidade de água. Exceção se faz
para as áreas protegidas pela Lei Municipal 989/91, que cria a área de proteção de manancial
do Arroio Feitoria, principal contribuinte para a captação de água da distribuição pública no
município.

A Lei nº 1.671/99 dispõe sobre o Código do Meio Ambiente de Dois Irmãos. Como
aspectos positivos podemos citar a criação da Política do meio Ambiente para o município, a
recuperação de áreas degradadas como instrumento de proteção ambiental, o licenciamento e a
fiscalização ambiental municipais, inclusive das atividades relacionadas à exploração florestal,
com uma seção dedicada às diretrizes para a proteção da vegetação, através de Termo de
Cooperação SEMA/FEPAM e Município de dois Irmãos.

Como aspecto negativo podemos observar a não regulamentação e implantação de todos


os instrumentos previstos no Código que poderiam ampliar significativamente a melhoria das
condições ambientais, e para nossa análise, a gestão florestal no município. Podemos citar, as
penalidades disciplinares e compensatórias os incentivo fiscais, a cobrança de contribuição de
melhoria ambiental, a cobrança de taxa de construção de áreas de relevante interesse ambiental,
a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevante
interesse ecológico, dentre outras unidades de conservação e a contribuição sobre a utilização
de recursos ambientais com fins econômicos, como instrumento que podem ser efetivamente
implantados e colocados à serviço da recuperação e conservação ambiental.

A Lei também cria o Consema, com função deliberativa e consultiva e o Programa


Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (PROMDEMA).

Outubro de 2024 183


2.3.2 Gestão Ambiental

O município de Dois Irmãos possui a Secretaria de Planejamento e Sustentabilidade que


possui o Departamento Municipal de Meio Ambiente está vinculado.

A Secretaria Municipal de Planejamento e Sustentabilidade, tem a atribuição de


supervisionar a elaboração dos projetos arquitetônicos, projetos habitacionais e a execução das
obras municipais. Coordena processos de reforma urbana para melhorar as condições de
acessibilidade e de mobilidade urbana, respeitando a preservação do meio ambiente. Aprova
projetos de construção de acordo com o Plano Diretor, autoriza a criação de loteamentos e
desmembramentos e promove ações e programas de urbanização, de habitação e de saneamento
básico, visando garantir qualidade de vida à população. Também elabora projetos para captação
de recursos estaduais e federais e acompanha a execução de obras públicas, tais como
pavimentações e construções de escolas, postos de saúde e praças.

Também vinculados à Secretaria, encontramos Departamento de Estudos e Projetos


(Engenharia e Arquitetura), Departamento de Controle e Urbanismo, Licenciamento, Cadastro
imobiliário, Fiscalização de Obras, Posturas e Urbanismo, Topografia e Departamento de Meio
Ambiente DMA.

Criado através da Lei Municipal nº 1.445/1997, o DMA, como órgão ambiental


municipal, é responsável pela execução da Política Municipal de Meio Ambiente, instituída
pela Lei Municipal nº 1.671/1999, visando à proteção, preservação e recuperação, entre outras
medidas, do Meio Ambiente.

Cabe ao DMA a gestão ambiental municipal através do licenciamento ambiental, a


fiscalização, educação ambiental, arborização urbana, proteção das florestas, recursos hídricos,
qualidade do ar, controle de vetores, entre outras atividades.

A equipe técnica do DMA conta com:

 1 (um) Chefe do Departamento – Engenheiro Ambiental


 1 (uma) Fiscal ambiental – Engenheira Florestal
 1 (uma) Bióloga
 1 (uma) Bióloga (assessoria técnica)
 1 (um) Geólogo (assessoria técnica)
 1 (uma) Gestora Ambiental
 2 (dois) Operários

Outubro de 2024 184


 1 (uma) Estagiária
 1 (uma) Oficial administrativo
 1 (um) Auxiliar Administrativo

O atendimento do departamento se dá, na segunda-feira: das 07h e 30min às 18h e de


terça-feira a sexta-feira: das 07h 30min às 13h 30min.

O Atendimento semanal mediante prévio agendamento somente ocorre nas quintas-


feiras das 8 horas até as 12 horas, para elucidar questões técnicas.

O Departamento também faz atendimento por e-mail


meioambiente@doisirmaos.rs.gov.br, via WhatsApp, para denúncias, orientações gerais e
agendamentos para elucidar questões técnicas e Atendimento presencial no balcão para
denúncias, agendamentos e outras informações gerais.

O auto atendimento, para obtenção de informações sobre andamento de protocolos


podem ser realizados no link: https://doisirmaos.atende.net/autoatendimento/servicos/consulta-
de-processo-digital ou presencialmente no Setor de Expediente/Protocolos da Prefeitura. Além
dos contatos mencionados, o Departamento também disponibiliza o número de telefone de
contato (51) 3564-8894.

Os protocolos são analisados obedecendo ordem cronológica de recebimento e o


requerente recebe os alertas via e-mail com todas as movimentações do processo, inclusive
quando for analisado pelo técnico.

Para as solicitações de podas e cortes de árvores, o sistema envia alertas de todas as


movimentações dos protocolos. Nos serviços na via pública, após parecer do Depto. de Meio
Ambiente, os processos deferidos, são encaminhados para a Secretaria de Infraestrutura e
Serviços Públicos para execução.

O Conselho Municipal do Meio Ambiente CONSEMA, criado pela Lei Municipal Lei
Municipal n. º 1.671/1999 e alterado pelas Leis Municipais n.º 1.758/2000 e nº 4.885/2021, tem
como finalidade fiscalizar, assessorar e propor à Administração Municipal, diretrizes e políticas
governamentais para o Meio Ambiente, e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões técnicos, compatíveis com o Meio Ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida da coletividade. O CONSEMA é composto por
representantes do município e da sociedade civil.

Outubro de 2024 185


2.4 QUARTA DIMENSÃO DO DIAGNÓSTICO: PLANOS E PROGRAMAS

O objetivo principal do Plano de Ação é o de apontar soluções concretas que visam a


transformação da situação atual, em um horizonte temporal, com metas que podem mensurar
sua execução.

A situação atual, caracterizada no Diagnóstico é o ponto de partida para a situação futura


desejada e compreende a visão de futuro do PMMA. À medida que o Plano de Ação aponta
diretrizes gerais de proteção da Mata Atlântica no município, também as relaciona com as
estratégias para efetivamente colocá-las em prática.

São elencadas as ações preventivas aos desmatamentos e de conservação e utilização


sustentável da Mata Atlântica no município. Segundo o Decreto Federal nº 6.660 de 21 de
novembro de 2008, que regulamenta a Lei da Mata Atlântica, o Plano de Ação deve indicar, no
mínimo: áreas prioritárias para conservação e recuperação da vegetação nativa; ações
preventivas aos desmatamentos ou destruição da vegetação nativa; ações de conservação e
utilização sustentável da Mata Atlântica.

2.4.1 Objetivos, áreas e ações prioritárias

Os objetivos específicos do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata


Atlântica (PMMA) para o município de Dois Irmãos, inclui:

 Conservação e Recuperação da Mata Atlântica: O objetivo principal é


conservar e recuperar áreas do Bioma Mata Atlântica, focando na proteção
da biodiversidade, na sustentabilidade e na resiliência do município.
 Restringir a Expansão Urbana em Áreas de Mata Atlântica: Um dos
objetivos é restringir a expansão urbana em áreas de Mata Atlântica, visando
a preservação desse bioma.
 Ações Prioritárias e Áreas para Conservação: O plano aponta ações
prioritárias e áreas para a conservação, manejo, fiscalização e recuperação
da vegetação nativa e da biodiversidade da Mata Atlântica.
 Fortalecimento da Estrutura de Governança: Outro objetivo é fortalecer a
estrutura de governança para a implementação coordenada, monitoramento

Outubro de 2024 186


e avaliação da implementação do PMMA com participação de
representantes da sociedade civil.
 Erradicação de exóticas invasoras

2.4.2 Ações prioritárias

As Estratégias representam ações globais que devem ser executadas para a


concretização dos objetivos do PMMA, identificados no diagnóstico deste. Tais estratégias são
subdivididas em ações práticas que podem ser quantificadas por metas específicas.

As metas por sua vez, geram indicadores que permitem mensurar e avaliar a efetividade
da execução em um programa de monitoramento do PMMA.

Conforme a relevância de cada estratégia e suas respectivas ações, são definidas


prioridades que variam dos níveis: Baixa, Média, Alta e Muito Alta. Essa graduação de
prioridades é proporcional a urgência da execução de cada ação, conforme a situação da Mata
Atlântica no território do município e suas ameaças. Também se estabelece um horizonte
temporal razoável para o planejamento, elaboração dos programas e projetos bem como a
execução destes:

 Curto: equivale ao período entre a publicação do PMMA até 2 anos;


 Médio: equivale ao período entre a publicação até 5 anos; e
 Longo: equivale ao período entre a publicação até 10 anos.
Também são considerados indicadores de execução de metas, tidos como ferramentas
de gestão que permitem avaliar o desempenho e a efetividade de um determinado processo,
programa ou projeto em relação às metas estabelecidas em cada estratégia. Esses indicadores
devem ser utilizados para medir e monitorar o progresso na implementação de cada iniciativa,
bem como para identificar eventuais desvios e pontos críticos que possam afetar o seu sucesso.

Os indicadores de execução de metas são quantitativos, expressos em números,


porcentagens ou índices. Eles podem ser usados para medir uma ampla variedade de aspectos,
como a quantidade de recursos utilizados, o tempo necessário para atingir determinados
objetivos, o número de pessoas beneficiadas, entre outros.

Para o acompanhamento e avaliação da execução do PMMA, podem ser empregados os


seguintes indicadores:

Outubro de 2024 187


 Taxa de execução: medida em percentual, indica o quanto do trabalho
programado para cada meta foi realizado em relação ao total previsto.
 Orçamento executado: indica quanto do orçamento previsto foi utilizado até o
momento. Esse indicador passa a ser empregado quando uma meta se converte
em projeto ou projetos que tem seus valores discriminados em orçamento e
cronograma de desembolso e execução próprios.
 Taxa de satisfação do usuário: indica o grau de satisfação dos usuários em
relação a um determinado serviço ou iniciativa.
 Número de pessoas beneficiadas: indica quantas pessoas foram atendidas ou
beneficiadas por uma determinada iniciativa.
 Outros, conforme a especificidade da meta.
Ao utilizar indicadores de execução de metas, é possível acompanhar o progresso de
uma iniciativa e avaliar o seu desempenho em relação aos objetivos estabelecidos, permitindo
a adoção de medidas corretivas e ajustes no processo, quando necessário.

O prazo médio de execução está descrito em todas as metas, os demais indicadores


sugeridos estão numerados conforme segue:

 Taxa de execução;
 Orçamento executado;
 Taxa de satisfação do usuário;
 Número de pessoas beneficiadas ou parceiros envolvidos;
 Outros, conforme a especificidade da meta.
Quanto à execução do Plano Municipal de Mata Atlântica, pode envolver uma série de
parceiros e responsáveis, tanto públicos como privados, tais como:

 Órgãos públicos municipais: O Departamento Municipal de Meio Ambiente -


DMA e o Conselho do Meio Ambiente – CONSEMA, são responsáveis diretos
pela coordenação, elaboração, avaliação, revisão, além de congregar parceiros
execução do PMMA. Também devem atuar subsidiariamente, a as demais
secretarias.
 Órgãos públicos estaduais e federais: órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), FEPAM - Fundação
Estadual de Proteção Ambiental e Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) podem fornecer recursos financeiros e técnicos para a

Outubro de 2024 188


execução do plano, além de orientar e auxiliar no planejamento e gestão das
ações.
 ONGs ambientalistas: organizações não governamentais podem atuar como
parceiras no planejamento, execução e monitoramento das ações previstas no
plano, bem como na mobilização da sociedade civil em torno da conservação da
Mata Atlântica.
 Empresas privadas: empresas podem colaborar com a implementação do plano,
seja por meio de doações financeiras, patrocínio de projetos, ou mesmo pela
adoção de práticas sustentáveis em suas atividades que contribuam para a
conservação da Mata Atlântica.
 Universidades: As universidades podem contribuir com o desenvolvimento de
pesquisas para o monitoramento da biodiversidade e dos ecossistemas da Mata
Atlântica, auxiliando na identificação de áreas prioritárias para a conservação e
na elaboração de estratégias efetivas de restauração ecológica. Além disso, os
programas de extensão universitária podem promover a conscientização da
população sobre a importância da Mata Atlântica e a necessidade de sua
preservação.
 Comunidade local: a participação ativa da comunidade local é fundamental para
o sucesso da implementação do plano, seja por meio de ações voluntárias, como
plantio de mudas e limpeza de áreas degradadas, ou mesmo pela conscientização
e mobilização da população em torno da importância da Mata Atlântica.
 As parcerias com municípios vizinhos são muito importantes para a execução
do PMMA, especialmente porque muitas das questões ambientais que afetam a
Mata Atlântica não se restringem ao território do município. Ao estabelecer
parcerias com municípios vizinhos, é possível desenvolver ações coordenadas
para a conservação da Mata Atlântica em toda a região, compartilhar
conhecimentos, recursos e boas práticas, além de aumentar a efetividade das
políticas públicas ambientais, inclusive com a elaboração conjunta de planos de
conservação da Mata Atlântica em nível regional, realização de ações integradas
de restauração da Mata Atlântica em áreas degradadas, com a participação de
diferentes atores dos municípios envolvidos, implementação de políticas
públicas integradas para o controle do desmatamento, das queimadas e das
atividades econômicas que impactam a Mata Atlântica, com a atuação conjunta

Outubro de 2024 189


dos órgãos ambientais e dos diferentes setores da sociedade, promoção de
campanhas de conscientização sobre a importância da Mata Atlântica e da
conservação ambiental, envolvendo diferentes públicos e municípios da região.
Todos esses parceiros e responsáveis devem trabalhar em conjunto para a execução
efetiva do plano, compartilhando conhecimento, recursos e experiências, a fim de alcançar as
metas estabelecidas e garantir a conservação da Mata Atlântica. A administração pública dispõe
de secretarias e entidades que devem se envolver diretamente com a execução do Plano
enquanto que a iniciativa privada e a sociedade civil podem contribuir com ações e
responsabilidades específicas.

Podemos estabelecer, para as situações identificadas no Diagnóstico, a seguinte matriz


de estratégias e ações:

Outubro de 2024 190


Tabela 16 - Estratégia 1: Fortalecer a gestão ambiental municipal.
AÇÕES METAS PRIORIDADE PRAZO INDICADORES RESPONSÁVEIS
Atender todas as demandas
referentes a denúncias de Muito Alta Permanente Taxa de execução DMA
degradação da mata nativa.
1.1. Fortalecer a fiscalização
ambiental sobre as áreas Capacitar os técnicos envolvidos Número de pessoas
Alta Médio DMA
nativas. em geoprocessamento. beneficiadas
Ampliar a equipe técnica de Número de servidores
Alta Longo Município
fiscalização. incorporados ao DMA
Manter o Conselho ativo e Número de reuniões Consema, administração
1.2. Ampliar a participação Muito Alta Permanente
deliberante. realizadas por ano municipal
social nas instâncias
decisórias do Conselho Realizar atividades de informação
Municipal do Meio e formação para os segmentos que Número de atividades Consema, administração
Alta Permanente
Ambiente. participam da composição do por ano municipal
Conselho.
Monitorar as áreas com DMA; Comunidade;
1.3. Executar ações de Número de ações e
remanescentes da Mata Atlântica Muito Alta Permanente Instituições de Pesquisa
monitoramento dos parcerias realizadas
remanescentes da vegetação e no território do município. e Ensino
áreas em recuperação da Criar um banco de dados com
Mata Atlântica mapeados no informações georreferenciadas das Média Médio Taxa de execução DMA
município. áreas de supressão autorizadas.

Elaborar o Plano de
Muito Alta Permanente Taxa de execução DMA
Monitoramento Anual - PMA

Revisar as ações, metas e


1.4. Revisar o PMMA. Média Médio Taxa de execução DMA
indicadores do plano.
DMA; Conselho
Revisar o Plano de Mata Atlântica
Média Longo Taxa de execução Municipal do Meio
a cada 10 anos.
Ambiente
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 191


O fortalecimento da gestão ambiental municipal passa, primeiramente, pela elaboração
de uma Política Municipal do Meio Ambiente, nos moldes da legislação federal, que contemple
todos os princípios, diretrizes, objetivos e instrumentos da gestão ambiental no município,
possibilitando a regulamentação de todas ações na área ambiental pública.

Tal política, instituída por lei municipal, serve como norma integralizadora de toda a
legislação municipal concernente ao meio ambiente e possibilita a elaboração de legislação
complementar, se necessário.

A integração do órgão ambiental municipal com o Conselho Municipal do Meio


Ambiente e as demais instituições gestoras da administração municipal é fator fundamental para
a garantia da gestão ambiental municipal eficaz e que torna o PMMA exequível.

A criação de um programa de monitoramento dos remanescentes da vegetação e das


áreas em recuperação da Mata Atlântica no município é um instrumento de acompanhamento e
avaliação da efetividade das ações de manutenção das áreas preservadas e de recuperação das
áreas degradadas. Tal programa poderá ser instituído no âmbito da fiscalização ambiental
municipal, por meio de um Sistema de Informações Geográficas.

Dentro da Ação 1.4 – Revisar o PMMA, é indicado a criação do Plano de


Monitoramento Anual – PMA, com o propósito de detalhar metas e as ações a serem realizadas
no período de 12 meses do ano subsequente. A estrutura geral proposta para o PMA é
apresentada na Estratégia de Implementação, Monitoramento e Avaliação, item 2.5 do PMMA.

Outubro de 2024 192


Tabela 17 - Estratégia 2: Controlar a expansão urbana por meio de dispositivos legais.
AÇÕES METAS PRIORIDADE PRAZO INDICADORES RESPONSÁVEIS
2.1. Identificar as ocupações Promover, quando possível, a DMA, Secretaria de
irregulares em áreas recuperação ambiental da área Alta Médio Taxa de execução Desenvolvimento
ambientalmente frágeis. irregularmente ocupada. Social e Habitação
Realizar a fiscalização diária das
2.2. Promover constante áreas de risco e dos núcleos DMA, Secretaria de
fiscalização nos núcleos urbanos urbanos irregulares. Muito Alta Permanente Taxa de execução Desenvolvimento
irregulares. Mapear e acompanhar a expansão Social e Habitação
dos núcleos urbanos irregulares

Contemplar, na atualização do
2.3. Direcionar, por meio do Plano Administração
Plano Diretor, os zoneamentos que
Diretor, a expansão urbana para municipal, Secretaria de
garantam a preservação ambiental Alta Curto Taxa de execução
áreas não prioritárias para Desenvolvimento
das áreas prioritárias para
conservação. Social e Habitação
conservação da Mata Atlântica.

Fiscalizar o atendimento das


condições e restrições ambientais
Média Permanente Taxa de execução DMA
contidas no licenciamento das
2.4. Fortalecer os instrumentos de atividades.
licenciamento ambiental.
Revisar e estruturar a legislação
pertinente ao licenciamento Alta Curto Taxa de execução DMA
ambiental.
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 193


O zoneamento urbano, constante no Plano Diretor, é um importante mecanismo para a
definição das áreas de expansão urbana e das áreas de uso restrito. Esse instrumento legal é
fundamental para a conciliação entre a necessidade de crescimento da cidade e a preservação
ambiental, sobretudo dos remanescentes da Mata Atlântica. Nesse sentido, o Plano Diretor deve
acolher as informações contidas no mapeamento do PMMA, como forma de organizar a
expansão urbana, conciliando-a com a preservação ambiental, sobretudo nas áreas prioritárias
para conservação.

As áreas com ocupações irregulares devem ser regularizadas ou recuperadas. As áreas


de risco, não passíveis de regularização fundiária, necessitam ser desocupadas, com a população
residente realocada, para posterior recuperação das áreas com vegetação nativa.

Além do Plano Diretor, o licenciamento ambiental municipal assume papel


preponderante no controle da expansão urbana sobre as áreas prioritárias para a conservação da
Mata Atlântica. A fiscalização do atendimento das condições e restrições ambientais para
emissão e vigência das licenças ambientais é um mecanismo fundamental para a conservação
do ecossistema local.

A ação integrada entre os órgãos ambientais, das três esferas administrativas, no âmbito
do licenciamento e da fiscalização ambiental, deve ser priorizada para a adequada gestão do
espaço urbano, no âmbito da conservação ambiental.

Outubro de 2024 194


Tabela 18 - Estratégia 3: Ampliar as áreas verdes urbanas.
AÇÕES METAS PRIORIDADE PRAZO INDICADORES RESPONSÁVEIS
3.1. Mapear as áreas verdes Realizar o levantamento quantitativo e
Média Médio Taxa de execução DMA
urbanas. qualitativo das áreas verdes urbanas.

3.2. Priorizar a inserção de Exigir, quando possível, a implantação de Projetos de


espécies nativas adequadas a arborização urbana nas aprovações de novos Média Permanente arborização DMA
ambientes antropizados. empreendimentos. executados
3.3. Elaborar o Plano Municipal
Executar as ações contidas no Plano
de Arborização Urbana de maneira Muito Alta Curto Taxa de execução DMA
Municipal de Arborização Urbana.
integrada com o PMMA.
Estimular a produção autossuficiente de
3.4. Fomentar a implantação do mudas de espécies nativas para atender a
Alta Médio Taxa de execução DMA
viveiro municipal de mudas. demanda dos programas de arborização do
município.
Ampliar o conhecimento da flora local por
meio da identificação das espécies nativas
dos espaços protegidos, divulgando-os em
locais de visitação pública.
Adquirir e disponibilizar acervo adequado
3.5. Apoiar a produção e a em bibliotecas e escolas públicas.
DMA; Instituições
divulgação científica voltada ao
Incentivar a produção de materiais Média Permanente Taxa de execução de Pesquisa e
conhecimento das espécies nativas
informativos sobre a biodiversidade de Ensino; SME
do Bioma Mata Atlântica.
espaços protegidos no município.
Fomentar parcerias com Universidades,
Organizações Não-governamentais e
iniciativa privada para a divulgação
científica voltada ao conhecimento da flora
local.
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 195


Áreas verdes urbanas são espaços naturais ou seminaturais em meio à cidade, como
parques, praças, jardins, canteiros centrais, entre outros, que desempenham importantes funções
ambientais, sociais e econômicas para o ambiente urbano.

Entre as funções ambientais, destacam-se a regulação do clima, a purificação do ar e da


água, a redução do ruído e o armazenamento de água. As áreas verdes urbanas ajudam a reduzir
a temperatura nas cidades, criando ambientes mais confortáveis e saudáveis para as pessoas.
Além disso, a presença de árvores e outras plantas contribui para a melhoria da qualidade do ar.
As áreas verdes urbanas também ajudam a reduzir a poluição sonora, além de atuar como
barreiras acústicas. A presença de áreas verdes pode ajudar a reduzir o risco de enchentes, uma
vez que elas absorvem a água das chuvas e ajudam a recarregar os aquíferos subterrâneos. E,
por fim, a presença de áreas verdes urbanas promove a biodiversidade local, oferecendo habitats
e alimentação para diversas espécies animais.

Do ponto de vista social, as áreas verdes urbanas oferecem espaços de convivência e


lazer para a população, contribuindo para a qualidade de vida e o bem-estar. As áreas verdes
podem ser utilizadas para a prática de esportes, caminhadas, piqueniques e outras atividades ao
ar livre, favorecendo o convívio social e a integração entre os moradores da cidade. Além disso,
essas áreas têm um papel importante na educação ambiental, ajudando a conscientizar a
população sobre a importância da natureza e da conservação do meio ambiente.

Por fim, do ponto de vista econômico, podem valorizar os imóveis no entorno, uma vez
que contribuem para a melhoria do ambiente urbano, tornando-o mais agradável e saudável
para as pessoas.

Dessa forma, as áreas verdes urbanas são fundamentais para a qualidade de vida das
pessoas e para a sustentabilidade das cidades, contribuindo para a conservação do meio
ambiente e para a promoção de um ambiente urbano mais saudável e equilibrado.

De acordo com o Art. 8º, § 1º, da Resolução CONAMA Nº 369/2006, considera-se área
verde de domínio público: "o espaço de domínio público que desempenhe função ecológica,
paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental
da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização".

“As áreas verdes urbanas são consideradas como o conjunto de áreas


intraurbanas que apresentam cobertura vegetal, arbórea (nativa e introduzida),
arbustiva ou rasteira (gramíneas) e que contribuem de modo significativo para
a qualidade de vida e o equilíbrio ambiental nas cidades. Essas áreas verdes
estão presentes numa enorme variedade de situações: em áreas públicas; em

Outubro de 2024 196


áreas de preservação permanente (APP); nos canteiros centrais; nas praças,
parques, florestas e unidades de conservação (UC) urbanas; nos jardins
institucionais; e nos terrenos públicos não edificados.” (MMA,2013)

Tais espaços devem ser mapeados e utilizados, sempre que possível, para a introdução
de espécies nativas. Nos projetos paisagísticos, deve ser afastada a possibilidade de uso de
espécies invasoras de qualquer tipo.

Outubro de 2024 197


Tabela 19- Estratégia 4: Fortalecer a gestão das Unidades de Conservação municipais.
AÇÕES METAS PRIORIDADE PRAZO INDICADORES RESPONSÁVEIS

4.1. Avaliar a viabilidade de Administração


Articular parcerias para efetivar a
implantação dos corredores municipal; Municípios
implantação de corredores Alta Longo Taxa de execução
ecológicos mapeados no vizinhos; Iniciativa
ecológicos, quando possível.
Diagnóstico do PMMA. privada

Administração
Articular parcerias para realização municipal; Órgãos
4.2. Estimular a criação de Unidades
de estudos associados a propostas públicos estaduais e
de Conservação em áreas Muito Alta Permanente Taxa de execução
de implantação de Unidades de federais; Instituições de
prioritárias para conservação.
Conservação. Pesquisa e Ensino;
Iniciativa privada

4.3. Incentivar parcerias público- Administração


privadas para projetos de Priorizar a obtenção de recursos municipal; Iniciativa
Muito Alta Permanente Taxa de execução
conservação de UCs previstos nos para execução das ações em UCs. privada; Fundos
Planos de Manejo. diversos

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 198


A criação de Unidades de Conservação torna o município e seu território elegíveis para
projetos de conservação, recuperação e manutenção da vegetação da Mata Atlântica.

O mapeamento dos fragmentos florestais nativos, distribuídos no território do


município, possibilitou a identificação de as áreas prioritárias para a conservação que são
suscetíveis à criação de Unidades de Conservação, possibilitando a conexão entre porções
remanescentes do território do município com áreas adjacentes nos municípios vizinhos.

O estabelecimento de corredores ecológicos, nessas porções florestadas do município,


passa pelo desafio de restabelecer a conectividade, sempre que possível, dos fragmentos
florestais existentes, mantendo o fluxo da fauna entre eles e ampliando a função ecológica
desses espaços.

Em torno desses fragmentos principais, todas as ações de conexão com os demais


fragmentos periféricos agregariam valor à ampliação da efetividade do programa de
conservação da biodiversidade local. Somado a esses esforços, as estratégias de conservação e
recuperação dos fragmentos são apontadas como fundamentais para a conservação da
biodiversidade local.

A Compensação Ambiental é um mecanismo dos mais importantes para a captação de


recursos destinados aos projetos de conservação e recuperação de áreas degradadas ou
protegidas.

No caso dos empreendimentos com significativo impacto ambiental, obrigados à


elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo relatório– EIA/RIMA, a Lei Federal
nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que regulamenta o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC, obriga o empreendedor a apoiar a implantação de unidades de
conservação de Proteção Integral.

“Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de


significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental
competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo
relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e
manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de
acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.”

A partir do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, que regulamentou artigos do


SNUC, ficou assim determinada a aplicação dos recursos da compensação ambiental:

Outubro de 2024 199


“Art. 33. A aplicação dos recursos da compensação ambiental de que trata
o art. 36 da Lei no 9.985, de 2000, nas unidades de conservação, existentes
ou a serem criadas, deve obedecer à seguinte ordem de prioridade:
I - regularização fundiária e demarcação das terras;
II - elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo;
III - aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão,
monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de
amortecimento;
IV - desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de
conservação; e
V - desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de
conservação e área de amortecimento.

Parágrafo único. Nos casos de Reserva Particular do Patrimônio Natural,


Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de Relevante Interesse
Ecológico e Área de Proteção Ambiental, quando a posse e o domínio não
sejam do Poder Público, os recursos da compensação somente poderão ser
aplicados para custear as seguintes atividades:
I - elaboração do Plano de Manejo ou nas atividades de proteção da unidade;
II - realização das pesquisas necessárias para o manejo da unidade, sendo
vedada a aquisição de bens e equipamentos permanentes;
III - implantação de programas de educação ambiental; e
IV - financiamento de estudos de viabilidade econômica para uso sustentável
dos recursos naturais da unidade afetada.”

A implantação de RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural deve ser


permanentemente estimulada, sobretudo nas áreas mapeadas com fragmentos de Mata
Atlântica, prioritários para a conservação, sempre com o intuito de promover a recuperação das
áreas de floresta nativa e o reestabelecimento de corredores ecológicos.

Existem várias formas de incentivos municipais que podem ser implementadas para
promover a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) em propriedades
privadas. Aqui estão alguns exemplos:

1. Isenção ou Redução de IPTU:

o Propriedades que se tornam RPPNs podem receber isenção total ou parcial do


IPTU, incentivando os proprietários a destinarem áreas para conservação.

2. Descontos em Taxas Municipais:

o Redução ou isenção de taxas municipais, como taxas de licenciamento


ambiental, para propriedades que criam e mantêm RPPNs.

Outubro de 2024 200


3. Apoio Técnico e Jurídico:

o Oferecer suporte técnico e jurídico gratuito ou subsidiado para ajudar os


proprietários no processo de criação e gestão das RPPNs.

4. Programas de Educação e Sensibilização:

o Implementar programas de educação ambiental e campanhas de sensibilização


para informar a população sobre os benefícios das RPPNs e os incentivos
disponíveis.

5. Reconhecimento e Certificação:

o Criar programas de reconhecimento e certificação para proprietários que


estabelecem RPPNs, incluindo prêmios e selos de sustentabilidade que podem
valorizar a propriedade.

6. Parcerias com Instituições de Pesquisa e ONGs:

o Facilitar parcerias entre proprietários de RPPNs e instituições de pesquisa ou


ONGs para projetos de conservação, monitoramento ambiental e ecoturismo.

7. Incentivos Financeiros:

o Oferecer subsídios ou incentivos financeiros diretos para a criação e manutenção


de RPPNs, como parte de programas municipais de conservação.

Esses incentivos podem ajudar a aumentar a adesão dos proprietários à criação de


RPPNs, contribuindo para a conservação da biodiversidade e a sustentabilidade ambiental no
município

As RPPNs são unidades de conservação de domínio privado e caráter perpétuo, com


objetivo de conservação da biodiversidade, sem que haja desapropriação ou alteração dos
direitos de uso da propriedade. Pode ser criada inclusive em áreas urbanas, não havendo
tamanho mínimo para seu estabelecimento. Pessoas físicas, jurídicas, ONGs, entidades civis ou
religiosas podem requerer o reconhecimento total ou parcial de suas propriedades como RPPN,
desde que sejam os legítimos proprietários da área, formalizada mediante requerimento ao
Poder Público.

Outubro de 2024 201


O constante diálogo entre o Poder Público e a inciativa privada, no sentido de direcionar
e estimular a criação dessas unidades, é uma importante parceria que deve ser estabelecida, uma
vez que possui grande potencial para as ações de conservação.

Outubro de 2024 202


Tabela 20 - Estratégia 5: Manter o Programa integrado de Educação Ambiental e sensibilização social.
AÇÕES METAS PRIORIDADE PRAZO INDICADORES RESPONSÁVEIS

Envolver a educação formal em


projetos de sensibilização sobre
a importância da Mata Atlântica
existente no município e o
envolvimento nas ações de
recuperação e preservação
ambiental dos remanescentes. DMA; ONGs;
5.1. Fortalecer o programa de
Iniciativa privada;
Educação Ambiental sobre as Muito Alta Permanente Taxa de execução
Instituições de
ações do PMMA.
Pesquisa e Ensino
Sensibilizar a população local
por meio de campanhas
educativas e informativas sobre a
Mata Atlântica, sua importância
e a necessidade de participação
social em sua preservação.

5.2. Apoiar as ações das Mobilizar a adesão das


Administração
entidades da educação formal e instituições representativas ao Muito Alta Permanente Taxa de execução
municipal
informal. Programa.

5.3. Estabelecer estratégias para


campanhas educativas nos
Ampliar o público atingido com
multimeios voltadas à Muito Alta Permanente Taxa de execução DMA, SME
ações de educação ambiental.
sensibilização da comunidade
sobre as questões ambientais.

Outubro de 2024 203


Administração
5.4. Buscar integração das municipal;
Promover a integração regional
políticas de educação ambiental Muito Alta Permanente Taxa de execução
em ações conjuntas do PMMA. Municípios vizinhos;
com os municípios da região.
AMVAG
Envolver os setores do poder
Órgãos públicos
5.5. Executar o PMMA de público e demais órgãos
Muito Alta Permanente Taxa de execução municipais, estaduais e
forma multissetorial e integrada. ambientais na execução do
federais
PMMA.

5.6. Manter programa


Promover a capacitação
permanente de capacitação para
continuada de servidores públicos Administração
servidores públicos designados Muito Alta Permanente Taxa de execução
responsáveis pela execução do municipal
para a execução das ações do
PMMA.
PMMA.

5.7. Promover ações integradas Fomentar a criação de programas Taxa de satisfação do


Administração
de turismo sustentável e integrados de turismo de baixo Alta Permanente usuário/taxa de
municipal
ecoturismo. impacto. execução

5.8. Promover eventos e


atividades em datas Criar um cronograma anual das
Alta Permanente Taxa de execução DMA; SME
comemorativas relacionadas ao atividades.
meio ambiente.

5.9. Promover palestras em


Elaborar e distribuir materiais
escolas locais para divulgar
informativos impressos nas Alta Permanente Taxa de execução DMA; SME
sobre a problemática das
escolas do município.
espécies exóticas invasoras.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 204


De forma condizente com a Política Nacional de Educação Ambiental, este programa
deve estar voltado à construção de “valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

Para a obtenção de um engajamento social e a sensibilização da população em relação


aos objetivos e a execução das ações do PMMA, a Educação Ambiental deve contemplar, de
forma articulada, ações nas esferas da educação formal e não-formal. Para tanto, cabe ao poder
público, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, coordenar as ações que incluam o programa
de educação ambiental do PMMA em todos os níveis da educação do município, nos órgãos
gestores municipais, nos meios de comunicação de massa, nas empresas, entidades de classe,
instituições públicas e privadas, e na sociedade como um todo.

O Programa de Educação Ambiental deve promover a capacitação de recursos humanos,


o desenvolvimento de estudos, pesquisas e a produção e divulgação de material educativo e o
constante acompanhamento e avaliação da efetividade das ações e dos resultados obtidos.

Outubro de 2024 205


Tabela 21 Estratégia 6: Erradicar, prevenir e controlar as espécies exóticas invasoras da flora local.
AÇÕES METAS PRIORIDADE PRAZO INDICADORES RESPONSÁVEIS

Executar a Política Municipal de Administração


Erradicação de Espécies Invasoras Médio Taxa de execução municipal; Câmara de
da Flora. Vereadores

Revisar a base legal e elaborar


normas prioritárias para viabilizar a
6.1. Elaborar e aprovar a execução de medidas de prevenção,
Política de Erradicação das erradicação e controle de espécies
Muito Alta
Espécies Exóticas exóticas invasoras.
Invasoras. Administração
Permanente Taxa de execução municipal; Instituições
de Pesquisa e Ensino
Fomentar a pesquisa científica para
subsidiar a implementação de ações
prioritárias de prevenção, controle e
monitoramento de espécies exóticas
invasoras.

6.2. Promover o
Substituir os exemplares exóticos DMA; Iniciativa
enriquecimento da Alta Permanente Taxa de execução
invasores por espécies nativas. Privada
vegetação nativa.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades,2024.

Outubro de 2024 206


Em anexo está apresentada uma proposta para a Política Municipal de Erradicação de
Espécies Invasoras da Flora.

Ademais, sugere-se a criação de um Programa de Erradicação de Espécies Invasoras da


Flora, devendo contemplar, no mínimo:

 Diagnóstico: Identificação das espécies invasoras existentes no município, sua


distribuição geográfica, nível de infestação e impactos causados.
 Legislação: Normas, leis e regulamentos que disponham sobre o manejo e
controle de espécies invasoras no âmbito municipal, como proibições de plantio,
uso ou comercialização de espécies invasoras.
 Monitoramento: Desenvolvimento de sistemas de monitoramento para
acompanhamento da situação das áreas invadidas e da eficácia das medidas
adotadas.
 Educação Ambiental: Campanhas de educação ambiental para conscientização
da população sobre os riscos das espécies invasoras e a importância da sua
erradicação.
 Manejo Integrado de Plantas Invasoras: Desenvolvimento de planos de manejo
integrado de plantas invasoras, envolvendo a adoção de diferentes técnicas de
controle, tais como controle químico, biológico e mecânico, com prioridade para
as técnicas menos agressivas e mais eficientes.
 Parcerias: Estabelecimento de parcerias com outras entidades, tais como
universidades, ONGs e empresas privadas, para realização de pesquisas,
monitoramento e controle de espécies invasoras.
 Fiscalização: Fiscalização das atividades relacionadas ao comércio, produção e
utilização de plantas invasoras, para garantir a conformidade com a legislação
municipal.
 Recuperação de Áreas Degradadas: Realização de projetos de recuperação de
áreas degradadas pela presença de espécies invasoras, com o objetivo de
recuperar a vegetação nativa e reduzir os impactos ambientais causados por essas
plantas.
 Avaliação e revisão: Avaliação periódica do programa para verificar sua eficácia
e realizar eventuais ajustes e revisões.

Outubro de 2024 207


A criação de um Programa Municipal de Erradicação de Espécies Exóticas Invasoras da
Flora é extremamente importante por diversas razões, destacando-se a proteção da
biodiversidade, a preservação dos ecossistemas, a redução de prejuízos econômicos, a
promoção da conscientização ambiental e o cumprimento da legislação ambiental.

Uma forma eficaz de incentivar a população a aderir ao Programa Municipal de


Erradicação de Espécies Exóticas é através de incentivos financeiros e recompensas. Aqui
estão algumas sugestões:

1. Subvenções e Subsídios:

o Oferecer subvenções ou subsídios para cobrir os custos de remoção de espécies


exóticas invasoras e a restauração de áreas afetadas.

2. Programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA):

o Implementar programas de PSA que recompensem financeiramente os


proprietários que participam ativamente na erradicação de espécies exóticas e na
recuperação de ecossistemas nativos.

3. Concursos e Premiações:

o Organizar concursos e premiações para reconhecer e recompensar os esforços


dos cidadãos e comunidades que se destacam na erradicação de espécies
exóticas.

4. Redução de Impostos e Taxas:

o Oferecer reduções em impostos municipais, como IPTU, ou isenção de taxas


para proprietários que participam do programa e mantêm suas propriedades
livres de espécies exóticas invasoras.

5. Apoio Técnico e Logístico:

o Fornecer apoio técnico e logístico, como a disponibilização de equipes


especializadas e equipamentos necessários para a remoção das espécies exóticas.

6. Educação e Sensibilização:

o Promover campanhas de educação e sensibilização para informar a população


sobre os impactos negativos das espécies exóticas invasoras e os benefícios da
sua erradicação.

Outubro de 2024 208


7. Parcerias com Empresas e ONGs:

o Estabelecer parcerias com empresas e ONGs para financiar e apoiar iniciativas


de erradicação de espécies exóticas, oferecendo incentivos adicionais como
descontos em produtos ou serviços.

Essas estratégias podem aumentar a participação da comunidade no programa e


contribuir significativamente para a conservação da biodiversidade local.

Ações educativas e informativas que desestimulem a manutenção dessas espécies,


aliadas à ação de remoção destes indivíduos por parte das equipes de limpeza urbana,
constituem ações necessárias para ampliar a efetividade das ações de erradicação dessas
espécies.

2.4.3 PMMA e os demais planejamentos municipais e regionais

O Plano Municipal da Mata Atlântica (PMMA) se configura como um instrumento


fundamental para a efetiva conservação do bioma em âmbito local. No entanto, para alcançar
sua plena efetividade, torna-se crucial integrá-lo com os demais planos municipais e regionais,
promovendo uma gestão ambiental abrangente, sinérgica e participativa.

Essa integração multifacetada deve se dar em diversos níveis, desde a definição de metas
convergentes até a implementação de ações conjuntas. Em primeiro plano, destaca-se a
necessidade de harmonização das metas do PMMA com os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), planos estaduais e municipais de outras áreas, assegurando uma visão
holística e alinhada com os desafios globais e locais.

No âmbito da implementação, o compartilhamento de recursos e infraestrutura entre


municípios surge como uma estratégia promissora para otimizar custos, viabilizar ações de
maior escala e garantir a efetividade das medidas de conservação. Nesse sentido, a criação de
áreas protegidas intermunicipais, corredores ecológicos e unidades de conservação conjuntas
torna-se essencial para a proteção da conectividade ambiental e da rica biodiversidade da Mata
Atlântica.

A governança compartilhada também se revela como um pilar fundamental para o


sucesso do PMMA. Através da criação de comitês intermunicipais de gestão, compostos por
representantes dos diversos municípios envolvidos, torna-se possível a tomada de decisões

Outubro de 2024 209


conjuntas, transparentes e legitimadas, considerando as especificidades e desafios de cada
localidade.

Nesse processo, a participação ativa da sociedade civil, incluindo ONGs, comunidades


tradicionais e demais setores, é indispensável para o fortalecimento da legitimidade e do apoio
social às ações de conservação. O monitoramento conjunto e a avaliação periódica dos
resultados do PMMA e dos demais planos integrados garantem a adaptabilidade das ações e a
otimização contínua da gestão ambiental.

O fortalecimento da capacidade institucional dos municípios também se configura como


um aspecto crucial para a efetiva integração. A oferta de capacitação técnica para gestores,
técnicos e demais profissionais envolvidos na gestão da Mata Atlântica, o intercâmbio de
experiências e a difusão de boas práticas entre municípios, além do acesso facilitado à
informação e à tecnologia, são elementos basilares para a qualificação profissional e a
otimização dos processos de gestão.

A integração do PMMA com planos municipais e regionais de outras áreas, como


saneamento básico, uso do solo, turismo e desenvolvimento econômico, garante a
transversalidade da conservação da Mata Atlântica e a promoção do desenvolvimento
sustentável em sua totalidade. Essa integração deve ser construída a partir de um diálogo
constante entre os diferentes níveis de governo, atores sociais e técnicos, buscando soluções
inovadoras e adaptadas às realidades locais.

Exemplos Práticos de Integração:

 Consórcios Intermunicipais: Consórcios intermunicipais podem ser criados para


implementar ações conjuntas de conservação, como a criação de corredores
ecológicos, a gestão de unidades de conservação e a realização de pesquisas
científicas.
 Acordos de Cooperação Técnica: Acordos entre municípios podem facilitar a
troca de conhecimentos, a transferência de recursos e a realização de ações
conjuntas, como o monitoramento da biodiversidade, a realização de campanhas
de educação ambiental ou o desenvolvimento de projetos de turismo sustentável.
 Programas Regionais de Reflorestamento: Programas regionais coordenados por
municípios, em conjunto com o governo estadual ou federal, podem promover a
restauração florestal em larga escala, recuperando áreas degradadas e ampliando
a cobertura vegetal da Mata Atlântica.

Outubro de 2024 210


 Feiras e Eventos Intermunicipais: A organização de feiras e eventos que reúnem
produtores locais de produtos da Mata Atlântica, como artesanatos, alimentos
orgânicos e outros, pode promover o desenvolvimento sustentável das
comunidades, valorizar a cultura local e fortalecer a identidade regional.
 Plataformas Digitais Colaborativas: O desenvolvimento de plataformas digitais
que integram dados e informações sobre a Mata Atlântica de diferentes
municípios pode facilitar o monitoramento ambiental, a pesquisa científica e a
tomada de decisões para a gestão do bioma.

A integração do PMMA com outros planos municipais e regionais configura-se como


um caminho estratégico para superar os desafios da gestão ambiental e construir um futuro mais
verde e próspero para as populações que vivem na e da Mata Atlântica. Através da colaboração,
da sinergia e da participação ativa de todos os atores envolvidos, torna-se possível garantir a
conservação do bioma, promover o desenvolvimento sustentável e assegurar a qualidade de
vida.

2.5 SISTEMATIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO

O desafio do Pano Municipal de Conservação da Mata Atlântica, como qualquer outro


plano público, é o de ser colocado em prática. A seguir, é apresentado os principais pontos
abordados e diagnosticados no PMMA.

 O presente plano possui o diagnóstico dos remanescentes da vegetação nativa


no território do município de Dois Irmãos, os principais vetores de
desmatamento ou destruição, a indicação de áreas prioritárias para conservação
e recuperação, a indicação de ações preventivas aos desmatamentos ou
destruição da vegetação nativa e de conservação e utilização sustentável da Mata
Atlântica no município;
 O diagnóstico mapeou, no território do município, 363 fragmentos de vegetação
sendo, 175 fragmentos da Mata Atlântica nativa e 188 de plantações
monoespecíficas;
 De um total de 6.842,63 hectares, que corresponde ao território total do
município, foram identificados 2.952,61 hectares cobertos por vegetação nativa
correspondendo à aproximadamente, 43,15% do território de Dois Irmãos.

Outubro de 2024 211


Outros 621,52 hectares representam culturas monoespecíficas o que corresponde
à aproximadamente, 9,08% da área do município;
 750.11 hectares de remanescentes nativos estão na Zona Rural. A área rural
possui 1.127 hectares, portanto, apresenta, aproximadamente, 66.56% de
cobertura florestal nativa;
 A Zona Rurbana possui 1.383,11 hectares de vegetação nativa. Como essa Zona
possui 2.845,76 hectares de área total, aproximadamente 48,61% desta é
composta por vegetação nativa;
 A Zona Urbana, por sua vez, possui 625 hectares de vegetação nativa, para uma
área total de 2.349,65 hectares, possuindo, portanto, uma cobertura de 26,60%
de vegetação nativa;
 Considerando a Zona Rural e Rurbana em conjunto, totalizam 53,70% de
remanescentes de vegetação nativa, distribuídos em 3.972, 76 hectares, sendo
2.133,22 com cobertura de nativas;
 Quanto aos graus de conservação dos remanescentes, foi possível observar que
aqueles situados nas regiões mais declivosas, no extremo noroeste, leste e sul do
território estão mais conservados e estabelecem corredores ecológicos com os
municípios vizinhos. Nesses remanescentes foram identificados o Corredor
Ecológico do Arroio 48 – Feitoria, o Corredor Ecológico do Arroio Carpintaria
– Feitoria, o Corredor Ecológico do Arroio Caru e o Corredor ecológico Morros
dos Dois Irmãos. Esses corredores representam os remanescentes que se
interconectam nas microbacias dos respectivos Arroios e no caso dos Morros dos
dois Irmãos, a vegetação em seu entorno. Todos os corredores possuem, em
maior ou menor grau, conexão com remanescentes dos municípios vizinhos.

O diagnóstico apurou que o município não possui mapeamento da setorização de risco


e que os recentes desastres ambientais ocorridos no Estado, causados pelos grandes volumes de
chuva, apontam para a necessidade de elaboração de tal mapeamento. Esse mapeamento
associado ao diagnóstico do estado de conservação ou degradação das áreas de risco, contido
no PMMA, a definição das áreas de risco associadas ao Mapa das Fragilidades Ambientais, e
que levou em consideração o uso do solo, os tipos de solo e a declividade, são fundamentais
para a definição das ações mitigadoras nessas áreas.

Outubro de 2024 212


Levando em consideração as áreas de risco, as áreas especialmente protegidas, o mapa
das fragfilidades ambientais, o PMMA apresenta o Mapa das Áreas suscetíveis e de aptidão à
urbanização, gerando o mapa com as áreas propícias para a expansão urbana.

Também foi apresentado proposta para criação de 5 Unidades de Conservação, que


visam proteger a biodiversidade, os mananciais, a vegetação nativa, bem como as belezas
naturais com potencial turístico em Dois Irmãos.

Os principais vetores de desmatamento e degradação da Mata Atlântica observados no


município são a silvicultura, representada pelos cultivos monoespecíficos, principalmente de
Acácia negra e eucalipto, a expansão urbana sobre os remanescentes nativos, a agropecuária, e
as atividades minerárias. Através da análise desses fatores foi elaborado o Mapa dos Vetores de
Desmatamento. Em primeira análise, procura demonstrar a situação geral do desmatamento no
território do município em relação à vegetação original para, a partir deste, compreendermos o
impacto dos diferentes elementos que causam tal degradação.

Em relação à gestão ambiental, o Município de Dois Irmãos possui a Secretaria de


Planejamento e Sustentabilidade e o Departamento Municipal de Meio Ambiente vinculado. O
Departamento possui boa estrutura de fiscalização ambiental, com procedimentos relacionados
ao licenciamento, a gestão florestal e a fauna.

O Conselho Municipal do Meio Ambiente, possui atribuições consultivas e deliberativas


e é constituído por membros da administração municipal e da sociedade civil, em paridade.

A partir do diagnóstico da situação atual da Mata Atlântica no município, e a consulta


aos atores envolvidos no processo de elaboração participativa do PMMA, foi possível construir
a análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), apresentada por eixos
temáticos nas tabelas abaixo.

Outubro de 2024 213


Tabela 22 - Eixo temático: Gestão ambiental municipal.
Forças Oportunidades Fraquezas Ameaças
 Órgão ambiental  Ampliação da legislação  Ausência de regulamentações específicas  Ausência de um banco de dados mais
municipal estruturado e ambiental; em relação as Unidades de Conservação; detalhado com um SIG ambiental;
atuante;  Fortalecer a fiscalização  Falta de parcerias público-privadas;  Recursos financeiros insuficientes;
 Conselho Municipal ambiental;  Falta de monitoramento dos  Falta de integração das políticas públicas
atuante.  Capacitação da equipe remanescentes da vegetação nativa. ambientais com os demais planos existentes
técnica; no município.
 Ampliar a equipe técnica;
 Coordenar ações de
recuperação de áreas
degradadas.
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades,2024.

Tabela 23 - Eixo Temático Desenvolvimento urbano.


Forças Oportunidades Fraquezas Ameaças

 Fiscalização  Identificar os Núcleos Urbanos  Falta de banco de dados completo em relação aos  Ocupações irregulares;
ambiental; irregulares passíveis de regularização; núcleos urbanos irregulares;  Especulação imobiliária;
 Plano Diretor;  Ampliar o zoneamento com a definição  Plano Diretor não contempla o Zoneamento  Legislação desatualizada
 Licenciamento das áreas aptas à expansão urbana; baseado nos remanescentes da vegetação nativa; e insuficiente;
ambiental.  Ampliar a fiscalização das  Falta de fiscalização de todas as áreas irregulares;  Áreas de risco existentes
condicionantes ambientais;  Ausência de mapeamento das áreas de risco. no município.
 Mapeamento e setorização de risco.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades,2024.

Outubro de 2024 214


Tabela 24 - Eixo temático: Recursos Naturais.
Forças Oportunidades Fraquezas Ameaças
 Elaboração do PMMA;  Ampliar as áreas verdes urbanas;  Áreas verdes urbanas insuficientes;  Falta de programa de
 Fiscalização ambiental;  Priorizar o plantio de espécies  Saneamento básico; arborização urbana;
 Remanescentes com potencial nativas na área urbana;  Falta de Programa De Recuperação  Expansão Urbana;
para criação de UCs;  Promover a recuperação das áreas de Áreas Degradadas;  Silvicultura;
 Belezas naturais; degradadas;  Falta de parcerias público privadas  Atividades Minerárias;
 Corredores ecológicos;  Criação do viveiro municipal de para o ecoturismo;  Supressões irregulares;
 Biodiversidade local. mudas;  Falta de estrutura para o ecoturismo.  Espécies exóticas
 Ecoturismo; invasoras.
 Ampliar a produção e divulgação
científica.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades,2024.

Outubro de 2024 215


2.6 ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E
AVALIAÇÃO

2.6.1 Estratégias de implementação e monitoramento

De acordo com o MMA (2017), através do monitoramento é realizado o


acompanhamento das ações e dos resultados a fim de identificar se os objetivos do PMMA estão
sendo alcançados, como pode ser observado na figura abaixo.

Figura 111 - Finalidade do monitoramento.

Fonte: MMA, 2017.

Com o objetivo de orientação da implementação das ações do PMMA, estabeleceu-se o


Plano de Monitoramento Anual – PMA, cuja estrutura geral está representada abaixo.

Tabela 25 - Plano de Monitoramento Anual - PMA - Estrutura Geral.


AÇÃO Indicar ação¹
Identificar com clareza a(s) meta(s) necessária(s)
META(S)
para a execução da ação
Dado(s)/informação(ões) para medir a execução
INDICADOR(ES)
da ação
Órgão/instituição responsável por
FONTE DE INFORMAÇÃO
dado(s)/informação(ões)
Órgãos municipais envolvidos na execução da
RESPONSABILIDADE
ação²

Outubro de 2024 216


Órgãos públicos de outras esferas de governo,
Conselho Municipal de Meio Ambiente,
PARCEIROS
Universidades e outras instituições de pesquisa e
tecnologia, ONGs, empresas, dentre outros²
Valores/recursos necessários Inserção na LOA e
PREVISÃO DE FONTES E RECURSOS PPA, dotação orçamentária, convênios e
parcerias, compensação ambiental
PRAZO(S) Se necessário, definir prazos intermediários
Indicar planos, programas municipais, estaduais,
PLANOS e PROGRAMAS INCIDENTES
nacionais e internacionais
ÁREAS PRIORITÁRIAS Indicar área(s) onde a ação será(ão) executada(s)²
VÍNCULO COM ODS Indicar qual(is) ODS estão relacionados à ação
¹ De acordo com o Plano de ação do PMMA.
² De acordo com o Plano de ação do PMMA e eventuais complementações.

As ações previstas no PMMA serão avaliadas, no âmbito do PMA, em relação aos


Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). Os ODS (figura abaixo) compõem
uma estratégia global para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir
que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. O PMMA
alinha-se plenamente aos objetivos da Agenda ONU 2030 e suas ações contribuirão para trazer
essa agenda global para o âmbito local. Cada estratégia e ação do plano atende ao escopo de
um ou mais ODS, sendo que essa correlação poderá demonstrar qual o impacto socioeconômico
e ambiental positivo de cada ação implementada.

Figura 112 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Fonte: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Para a avaliação dos PMAs, o DPA deverá criar Relatórios Anuais em que deverão
constar os resultados alcançados para cada uma das ações propostas, visando alcançar os

Outubro de 2024 217


objetivos específicos e estratégias do PMMA. Para tanto as metas e indicadores propostos nos
PMAs devem estar totalmente alinhados a estes objetivos (exemplo na tabela abaixo). Os
Relatórios devem abordar eventuais dificuldades observadas para a sua execução além da
proposição de soluções.

Tabela 26 – Monitoramento e avaliação anual dos objetivos (exemplo).


Objetivo Meta Indicadores
Restringir a expansão urbana em Zerar ocupação urbana em áreas Taxa de desmatamento anual
áreas de Mata Atlântica de Mata Atlântica até 20XX (medida pelo MapBiomas)
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades,2024.

Dessa forma, a elaboração e execução do monitoramento e avaliação das propostas e


planos de ação do Plano Municipal da Mata Atlântica em relação aos indicadores pré-
estabelecidos são fundamentais para garantir a efetividade das políticas públicas de conservação
da Mata Atlântica em Dois Irmãos e para promover uma gestão ambiental mais efetiva e
integrada.

Para acompanhamento da implementação das ações indicadas no PMMA pela


população em geral, os PMAs e Relatórios anuais deverão ser disponibilizados nas redes sociais
e site do município.

2.6.2 Indicadores

Para responder as questões da Figura 110, deverá ser realizado o acompanhamento do


desenvolvimento das ações estabelecidas, transformando os resultados obtidos em
“indicadores”. Esses indicadores trarão uma visão da situação real da implantação de cada ação.

As tabelas abaixo apresentam os indicadores de cada ação pré-concebida. Esses


indicadores referem-se às metas já apresentadas no item 2.4.2 “Ações Prioritárias”. De forma a
facilitar a análise dos indicadores, foram estabelecidos instrumentos de medição. A partir dos
instrumentos de medição, deverão ser produzidos relatórios anuais de andamento das ações, ou
seja, um relatório de indicadores, proporcionando, assim, “uma visão de gestão que alimente o
controle social e a discussão política do andamento, facilitando demonstrar os progressos e as
dificuldades a serem vencidas” (MMA, 2017).

Outubro de 2024 218


Tabela 27 – Instrumentos de Medição da Estratégia 1: Fortalecer a gestão ambiental municipal.
AÇÕES METAS INDICADORES INSTRUMENTOS DE
MEDIÇÃO

Atender todas as demandas referentes a Banco de dados atualizado e em


Taxa de execução
denúncias de degradação da mata nativa. uso
1.1. Fortalecer a fiscalização Capacitar os técnicos envolvidos em Número de pessoas Número de funcionários no
ambiental sobre as áreas nativas. geoprocessamento. beneficiadas núcleo;
Número de servidores Número de funcionários no
Ampliar a equipe técnica de fiscalização.
incorporados ao DMA núcleo;
Número de reuniões Legislação de regulamentação
Manter o Conselho ativo e deliberante.
realizadas por ano instituída
1.2. Ampliar a participação social nas
instâncias decisórias do Conselho Realizar atividades de informação e
Municipal do Meio Ambiente. Número de atividades por Legislação de regulamentação
formação para os segmentos que participam
ano instituída
da composição do Conselho.

Monitorar as áreas com remanescentes da Número de ações e parcerias


1.3. Executar ações de monitoramento Registros de acompanhamento
Mata Atlântica no território do município. realizadas
dos remanescentes da vegetação e
áreas em recuperação da Mata Criar um banco de dados com informações
Atlântica mapeados no município. georreferenciadas das áreas de supressão Taxa de execução Registros de acompanhamento
autorizadas.
Elaborar o Plano de Monitoramento Anual -
Taxa de execução Registros de acompanhamento
PMA
Revisar as ações, metas e indicadores do
1.4. Revisar o PMMA. Taxa de execução % do plano desenvolvido
plano.

Revisar o Plano de Mata Atlântica a cada 10


Taxa de execução Plano desenvolvido
anos.
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 219


Tabela 28 - Instrumentos de Medição da Estratégia 2: Controlar a expansão urbana por meio de dispositivos legais.
INSTRUMENTOS DE
AÇÕES METAS INDICADORES
MEDIÇÃO

2.1. Identificar as ocupações irregulares em Promover, quando possível, a recuperação Mapeamento e Diagnóstico
Taxa de execução
áreas ambientalmente frágeis. ambiental da área irregularmente ocupada. elaborado

Realizar a fiscalização diária das áreas de Implementação de legislação


Taxa de execução
risco e dos núcleos urbanos irregulares. e fiscalização
2.2. Promover constante fiscalização nos
núcleos urbanos irregulares.
Mapear e acompanhar a expansão dos Mapeamento e Diagnóstico
Taxa de execução
núcleos urbanos irregulares elaborado

Contemplar, na atualização do Plano


2.3. Direcionar, por meio do Plano Diretor,
Diretor, os zoneamentos que garantam a Estratégias incluídas no plano
a expansão urbana para áreas não Taxa de execução
preservação ambiental das áreas prioritárias e desenvolvidas;
prioritárias para conservação.
para conservação da Mata Atlântica.

Fiscalizar o atendimento das condições e


restrições ambientais contidas no Taxa de execução Número de ações realizadas
2.4. Fortalecer os instrumentos de licenciamento das atividades.
licenciamento ambiental.
Revisar e estruturar a legislação pertinente Legislação de regulamentação
Taxa de execução
ao licenciamento ambiental. instituída

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 220


Tabela 29 - Instrumentos de Medição da Estratégia 3: Ampliar as áreas verdes urbanas.
INSTRUMENTOS DE
AÇÕES METAS INDICADORES
MEDIÇÃO
Realizar o levantamento quantitativo e qualitativo das Banco de dados
3.1. Mapear as áreas verdes urbanas. Taxa de execução
áreas verdes urbanas. atualizado e em uso

3.2. Priorizar a inserção de espécies


Exigir, quando possível, a implantação de arborização Projetos de arborização % de projetos
nativas adequadas a ambientes
urbana nas aprovações de novos empreendimentos. executados aprovados
antropizados.
3.3. Elaborar o Plano Municipal de
Executar as ações contidas no Plano Municipal de Plano em
Arborização Urbana de maneira integrada Taxa de execução
Arborização Urbana. desenvolvimento
com o PMMA.
Estimular a produção autossuficiente de mudas de
3.4. Fomentar a criação do viveiro % de espécies nativas
espécies nativas para atender a demanda dos Taxa de execução
municipal de mudas. sendo utilizadas
programas de arborização do município.
Ampliar o conhecimento da flora local por meio da
identificação das espécies nativas dos espaços
protegidos, divulgando-os em locais de visitação % de espécies nativas
pública. sendo utilizadas
Adquirir e disponibilizar acervo adequado em
3.5. Apoiar a produção e a divulgação bibliotecas e escolas públicas. Ações realizadas
científica voltada ao conhecimento das Taxa de execução
espécies nativas do Bioma Mata Atlântica. Incentivar a produção de materiais informativos sobre Convênio formalizado
a biodiversidade de espaços protegidos no município.

Fomentar parcerias com Universidades, Organizações Estratégias incluídas no


Não-governamentais e iniciativa privada para a plano e desenvolvidas;
divulgação científica voltada ao conhecimento da
flora local.
Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 221


Tabela 30- Instrumentos de Medição da Estratégia 4: Fortalecer a gestão das Unidades de Conservação municipais.
AÇÕES METAS INDICADORES INSTRUMENTOS DE
MEDIÇÃO

4.1. Avaliar a viabilidade de implantação dos Articular parcerias para efetivar a


corredores ecológicos mapeados no implantação de corredores ecológicos, Taxa de execução Mapeamento executado
Diagnóstico do PMMA. quando possível.

Ações realizadas
4.2. Estimular a criação de Unidades de Articular parcerias para realização de
Conservação em áreas prioritárias para estudos associados a propostas de Taxa de execução
conservação. implantação de Unidades de Conservação. Articulação formalizada;

4.3. Incentivar parcerias público-privadas Ações realizadas


Priorizar a obtenção de recursos para
para projetos de conservação de UCs Taxa de execução
execução das ações em UCs.
previstos nos Planos de Manejo. Articulação formalizada

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 222


Tabela 31 - Instrumentos de Medição da Estratégia 5: Manter o Programa integrado de Educação Ambiental e sensibilização social.
INSTRUMENTOS DE
AÇÕES METAS INDICADORES
MEDIÇÃO
Envolver a educação formal em projetos de
sensibilização sobre a importância da Mata
Campanhas em andamento
Atlântica existente no município e o
envolvimento nas ações de recuperação e
5.1. Fortalecer o programa de Educação preservação ambiental dos remanescentes.
Taxa de execução criação dos programas e,
Ambiental sobre as ações do PMMA. Sensibilizar a população local por meio de
campanhas educativas e informativas sobre posteriormente, para
a Mata Atlântica, sua importância e a implantação Número de
necessidade de participação social em sua capacitações e treinamentos
preservação.

5.2. Apoiar as ações das entidades da Mobilizar a adesão das instituições Programa criado e
Taxa de execução
educação formal e informal. representativas ao Programa. desenvolvido

5.3. Estabelecer estratégias para


campanhas educativas nos multimeios Ampliar o público atingido com ações de % de pessoas atingidas pelas
Taxa de execução
voltadas à sensibilização da comunidade educação ambiental. ações / eventos
sobre as questões ambientais.

5.4. Buscar integração das políticas de


Promover a integração regional em ações
educação ambiental com os municípios da Taxa de execução Parceria formalizada
conjuntas do PMMA.
região.

Envolver os setores do poder público e


5.5. Executar o PMMA de forma Integração formalizada e
demais órgãos ambientais na execução do Taxa de execução
multissetorial e integrada. estabelecida
PMMA.
5.6. Manter programa permanente de
Promover a capacitação continuada de
capacitação para servidores públicos Programa instituído e em
servidores públicos responsáveis pela Taxa de execução
designados para a execução das ações do implementação
execução do PMMA.
PMMA.

Outubro de 2024 223


5.7. Promover ações integradas de turismo Fomentar a criação de programas Taxa de satisfação do
Administração municipal
sustentável e ecoturismo. integrados de turismo de baixo impacto. usuário/taxa de execução

5.8. Promover eventos e atividades em


Número de seminários
datas comemorativas relacionadas ao meio Criar um cronograma anual das atividades. Taxa de execução
realizados e de participantes
ambiente.

5.9. Promover palestras em escolas locais


Elaborar e distribuir materiais informativos Número de seminários
para divulgar sobre a problemática das Taxa de execução
impressos nas escolas do município. realizados e de participantes
espécies exóticas invasoras.

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades, 2024.

Outubro de 2024 224


Tabela 32 - Instrumentos de Medição da Estratégia 6: Erradicar, prevenir e controlar as espécies exóticas invasoras da flora local.
INSTRUMENTOS DE
AÇÕES METAS INDICADORES
MEDIÇÃO
Dispositivo legal instituído
Executar a Política Municipal de Erradicação
Taxa de execução
de Espécies Invasoras da Flora. % de espécies invasoras
utilizadas

Revisar a base legal e elaborar normas


prioritárias para viabilizar a execução de
6.1. Elaborar e aprovar a Política de medidas de prevenção, erradicação e controle
Erradicação das Espécies Exóticas Dispositivo legal instituído
de espécies exóticas invasoras.
Invasoras.
Taxa de execução

Fomentar a pesquisa científica para subsidiar a


implementação de ações prioritárias de Parcerias formalizadas
prevenção, controle e monitoramento de
espécies exóticas invasoras.

6.2. Promover o enriquecimento da Substituir os exemplares exóticos invasores por % de áreas recuperadas e em
Taxa de execução
vegetação nativa. espécies nativas. recuperação

Fonte: Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades,2024.

Outubro de 2024 225


2.6.3 Avaliação

A avaliação consiste em apresentar e definir se os resultados estão satisfatórios, de forma


simples e clara acerca da conclusão e acompanhamento das ações previstas no PMMA do
município de Dois Irmãos/RS.

O PMMA deve passar por uma adaptação ao longo do tempo de execução, integrando
as novas demandas políticas, econômicas, sociais e ambientais, tornando-o um plano dinâmico
e atual e, consequentemente exequível.

Neste sentido, deve ser realizada sua revisão e atualização a cada 10 anos, de forma
participativa e ampla com a sociedade. Dentro dos anos iniciais de implementação do plano, o
MMA (2017) recomenda que o PMMA seja avaliado anualmente no âmbito do Conselho
Municipal de Meio Ambiente - CONSEMA e esta avaliação deve ser realizada a partir do
relatório de indicadores previsto no monitoramento.

Como recomendação para condução do plano e de suas avaliações, o MMA (2017)


sugere o ciclo PDCA. Esta ferramenta é baseada na repetição, aplicada sucessivamente nos
processos buscando a melhoria de forma continuada para garantir o alcance das metas
necessárias. Seu principal objetivo é tornar os processos da gestão mais ágeis, claros e objetivos
e segue os seguintes passos:

 Planejar: Consiste no estabelecimento de objetivos e de processos fundamentais


para garantir os resultados, conforme o que se espera atingir em termos de metas
organizacionais;
 Desenvolver: Implementar o PMMA, executar o processo, coletar dados para
mapeamento e análise dos próximos passos, sendo a etapa executiva da
metodologia PDCA. Antes de iniciar a fase de execução é necessário educar e
treinar todos os atores envolvidos no processo para garantir que todos estejam
comprometidos e que sigam o planejamento realizado nas etapas do PMMA.
Todos os envolvidos são treinados em procedimentos que tem como base as
metas estabelecidas, realizam as atividades e colhem dados.
 Checar: Estudar os resultados (medido e coletado no passo anterior
“Desenvolver”) e compará-lo em relação aos resultados esperados (objetivos
estabelecidos no passo “PLANEJAR”) para determinar quaisquer diferenças
apresentadas nos resultados obtidos. Após planejar e pôr em prática, o gestor

Outubro de 2024 226


precisa monitorar e avaliar constantemente os resultados aferidos com a
execução das atividades. Avaliar processos e resultados, confrontando-os com
o planejado, com os objetivos, especificações e estado desejado, consolidando
as informações, eventualmente confeccionando relatórios específicos e
tabulando todas as ações norteadoras dos indicadores. Esta é uma etapa
puramente gerencial, que verifica se o que foi executado está de acordo com as
metas estabelecidas.
 Agir: Tomar as iniciativas referentes ações corretivas sobre as diferenças
significativas entre os resultados reais aferidos e os planejados/almejados.
Analisar as diferenças para determinar suas causas e derivações. Determinar
onde aplicar as mudanças que incluem a melhoria do processo de melhoramento
do PMMA. Assim, caso os resultados não forem satisfatórios, replanejar e
refazer mais uma vez o ciclo. Se os resultados forem satisfatórios, escolher um
próximo problema para resolver.

Abaixo é apresentado o ciclo PDCA a ser aplicado durante os primeiros cinco anos de
implantação do PMMA. No décimo ano, deverão ser atualizados os objetivos, utilizando como
base as avaliações dos ciclos anteriores.

Outubro de 2024 227


Figura 113 - Diferentes Biomas no Rio Grande do Sul.

Fonte: MMA (2017).

Considerando que para este PMMA foi estabelecido o período de 10 anos para sua
revisão, optou-se pela aplicação de ciclos de avaliação na periodicidade anual. Ou seja, a cada
ano devem ser planejadas (PLANEJAR) e executadas (DESENVOLVER) as ações a serem
realizadas naquele período (12 meses).

Durante a execução das ações, deve ser feito o controle e monitoramento (CHECAR) se
as metas de cada ação estão sendo atingidas de acordo com o planejamento. Se algo não ocorrer
conforme o programado, a equipe deverá AGIR de modo a trazer a realidade mais próxima do
planejamento. Aquilo que for considerado sucesso, deverá ser padronizado e repetido. Ao final
de cada ciclo, deverão ser feitas as correções e melhoria no andamento das ações e metas, bem
como na articulação política, por esta razão faz-se necessária a participação do COMSEMA na
avaliação final dos relatórios do PMMA de Dois Irmãos.

Outubro de 2024 228


3. APROVAÇÃO DO PMMA

Outubro de 2024 229


4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Lei nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da


vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11428.htm

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a política nacional de recursos hídrico,
cria o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, regulamenta o inciso XIX do
art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da lei nº 8.001. de 13 de março de 1990, que
modificou a lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível em:
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BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, §1º, incisos I, II, III e
VII da Constituição Federal, institui o sistema nacional de unidades de conservação da natureza
e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa;
altera as Leis nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e nº
11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e nº
7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e
dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2012/Lei/L12651

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guia para elaboração de políticas municipais. Brasília: Cities Alliance, 2006.

CASTRO, A. L. C. Glossário de defesa civil, estudos de riscos e medicina de desastres.


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Outubro de 2024 230


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Grande do Sul – Texto Explicativo. Porto Alegre: CPRM, 107 p., 2013.

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SAZIMA, I. Guia dos Anfíbios da Mata Atlântica: diversidade e biologia. São Paulo: Anolis
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prego (Sapajus nigritus) em fragmentos florestais de Mata de Araucária em Fazenda Souza,
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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico de 2022. Disponível


em: https://censo2010.ibge.gov.br/.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. SIDRA: Sistema IBGE de Recuperação


Automática. Produto Interno Bruto dos Municípios, 2018. Disponível em:
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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. SIDRA: Sistema IBGE de Recuperação


Automática. Cadastro Central de Empresas 2019. Disponível em:
http://www.sidra.ibge.gov.br/.

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(Doutorado em Ecologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

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MINISTÉRIO DAS CIDADES; INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS. Manual de


Urbanização Sustentável. Brasília: Ministério das Cidades, 2007.

MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Painel das Unidades de Conservação. 2023.


Disponível em:
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMGNmMGY3NGMtNWZlOC00ZmRmLWExZWIt
NTNiNDhkZDg0MmY4IiwidCI6IjM5NTdhMzY3LTZkMzgtNGMxZi1hNGJhLTMzZThmM
2M1NTBlNyJ9&pageName=ReportSectione0a112a2a9e0cf52a827

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MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; DA FONSECA, G. A. B.;


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RESOLUÇÃO CONAMA nº 33, de 7 de dezembro de 1994 Publicada no DOU no 248, de 30


de dezembro de 1994, Seção 1, páginas 21352-21353.

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RIO GRANDE DO SUL. 2014. Decreto Estadual n° 51.797, de 08 de setembro de 2014.


Declara as Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção do Rio Grande do Sul. Diário
Oficial do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

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Morellato (Org.). Biodiversidade, ecologia e conservação da Mata Atlântica. São Paulo: Editora
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ROSS, J. L. S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista


do Departamento de Geografia, n. 8, p. 63-74, 1994

ROSS, J. L. S – O Registro Cartográfico dos Fatos Geomorfológicos e a Questão da Taxonomia


do Relevo in Revista do Departamento de Geografia, 6 FFLCH-USP, São Paulo, 1992.

ROSS, J. L. S. – O Relevo Brasileiro, as Superfícies de aplainamento e os Níveis Morfológicos


in Revista do Departamento de Geografia, 5 FFLCH- USP São Paulo, 1991.

ROSS, J. L. S. Relevo Brasileiro- Uma nova proposta de classificação in Revista do


Departamento de Geografia nº 04. FFLCH- USP, São Paulo, 1990.
SILVANO, D. L.; SEGALLA, M. V.; KELLER, C.; BORGES-MARTINS, M. Impactos
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ecologia e conservação da Mata Atlântica. São Paulo: Editora XYZ, 2005
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TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977.

SBH (Sociedade Brasileira de Herpetologia). Lista de espécies de répteis do Brasil. 2018.


Disponível em: http://www.sbherpetologia.org.br.

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database.org.

UNITED NATIONS INTERNATIONAL STRATEGY FOR DISASTER REDUCTION


(UNISDR). Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction. Genebra: UNISDR, 2009.

Outubro de 2024 233


Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica - PMMA de
Dois Irmãos/RS.

Marcos Roberto Borsatti


Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades
Engenheiro Ambiental
CREA SC 116226-6
Coordenador Técnico

Maycon Pedott
Alto Uruguai Engenharia e Planejamento de Cidades
Engenheiro Ambiental
CREA SC 114899-9
Coordenador Técnico

Outubro de 2024 234


ANEXO I – MINUTA DE LEI DO PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DE EXÓTICAS

INSTITUI A POLÍTICA MUNICIPAL DE CONTROLE E ERRADICAÇÃO DE ESPÉCIES


EXÓTICAS INVASORAS DA FLORA NO MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS - RS

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Fica instituída a Política Municipal de Controle e Erradicação de Espécies Exóticas


Invasoras da Flora no Município de Dois Irmãos.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I – Área degradada: aquela impossibilitada de retornar, por uma trajetória natural, a um


ecossistema que se assemelhe ao estado inicial.

II – Controle de espécies exóticas invasoras: aplicação de métodos físicos, químicos ou


biológicos que resultem na redução ou erradicação de populações de espécies exóticas
invasoras.

III – Espécie exótica invasora da flora: espécie exótica da flora cuja introdução ou
manutenção ameace ecossistemas, ambientes ou outras espécies, conforme listagem definida
Secretaria do Meio Ambiente – SEMA.

IV – Espécie nativa: espécie ocorrente dentro de sua área de distribuição natural.

V – Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a


uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original.

VI – Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o


mais próximo possível de sua condição original.

Art. 3o O Poder Executivo Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento e


Sustentabilidade e o Departamento Municipal de Meio Ambiente (DMA), será o responsável
pelo desenvolvimento e execução da Política Municipal de Controle e Erradicação de

Outubro de 2024 235


Espécies Exóticas Invasoras da Flora do Município de Dois Irmãos, mediante ações que
coordenem, apoiem e disciplinem a atividade no Município.

CAPÍTULO II

DOS PRINCÍPIOS, OBJETIVOS, DIRETRIZES E INSTRUMENTOS

Seção I
DOS PRINCÍPIOS

Art. 4o São princípios da Política Municipal de Controle e Erradicação de Espécies Exóticas


Invasoras da Flora do Município de Dois Irmãos:

I - A restauração e a recuperação das características dos ambientes naturais no Município de


Dois Irmãos;

II - A redução, ao mínimo, da contaminação biológica, com a finalidade de conservação de


espécies nativas da fauna e da flora locais, bem como das águas presentes em todos os
sistemas hídricos do Município;

III - A participação social no seu gerenciamento;

IV - A regularidade, continuidade e universalidade do processo de remoção e substituição das


espécies exóticas invasoras por espécies nativas;

V - A cooperação entre o Poder Público, o setor produtivo e a sociedade civil;


VI - A promoção de educação ambiental voltada à conscientização da importância da
conservação da mata nativa e da ameaça de espécies exóticas invasoras dirigida a toda a
comunidade; e - A integração da Política Municipal de Controle e Erradicação de Espécies
Exóticas Invasoras da Flora às políticas ambientais na sua totalidade.
VII
Seção II
DOS OBJETIVOS

Art. 5o São objetivos da Política Municipal de Controle e Erradicação de Espécies Exóticas


Invasoras da Flora do Município de Dois Irmãos:

Outubro de 2024 236


I - Conservar e preservar a fauna e a flora nativas do município de Dois Irmãos;

II - Proteger e melhorar a qualidade do meio ambiente;

III - Estimular a restauração e a recuperação de áreas degradadas pela presença de


espécies exóticas invasoras da flora;

IV - Assegurar a utilização adequada e racional dos recursos naturais;


V - Ampliar o nível de informação existente de forma a integrar o tema ao cotidiano dos
cidadãos; e

VI - Incentivar a cooperação entre municípios da região e a adoção de soluções conjuntas,


mediante planos regionais de conservação ambiental.

Seção III
DAS DIRETRIZES

Art. 6o A ação do Poder Público na implementação dos objetivos previstos nesta Lei será
orientada pelas seguintes diretrizes:

I - Redução, supressão e substituição, de forma gradativa, das espécies exóticas invasoras no


município de Dois Irmãos;

II - Definição de procedimentos relativos ao manejo das espécies exóticas invasoras e sua


substituição por espécies nativas;

III – Incentivo à implantação de centrais de informações e suporte técnico necessários aos


procedimentos de remoção e substituição;

IV - Promoção de parcerias entre estado, municípios, sociedade civil e iniciativa privada para
implantação da Política Municipal de Controle e Erradicação de Espécies Exóticas Invasoras
da Flora do Município de Dois Irmãos;

V – Incentivo a parcerias com empresas que tenham interesse no aproveitamento da madeira


proveniente da retirada das espécies exóticas invasoras, e que em contrapartida custeiem as
operações previstas nesta Lei;

VI - Fomento à criação e articulação de fóruns, conselhos municipais e regionais para


garantir a participação da comunidade, de organizações não-governamentais e de instituições
ambientais no processo de gestão integrada da remoção e substituição das espécies exóticas

Outubro de 2024 237


invasoras por espécies nativas.

Seção IV
DOS INSTRUMENTOS

Art. 7o São instrumentos da Política Municipal de Controle e Erradicação de Espécies


Exóticas Invasoras da Flora do Município de Dois Irmãos:

I - A capacitação técnica e valorização profissional dos envolvidos;

II - A divulgação de informações;

III - O monitoramento, a fiscalização e o licenciamento ambiental;

IV - A cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o


desenvolvimento das ações;
V – A distribuição de mudas de espécies nativas à comunidade;

VI - A educação ambiental; e

VII – O mapeamento e acompanhamento das áreas com presença de espécies exóticas


invasoras no município.

CAPÍTULO III

DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE CONTROLE E ERRADICAÇÃO


DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS DA FLORA

Art. 8o Fica proibido, no município de Dois Irmãos, o plantio de espécies exóticas invasoras
da flora, bem como a comercialização de suas mudas e sementes, sua posse e manutenção de
plantas já existentes.

Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput os casos estabelecidos no regulamento


desta Lei.

Outubro de 2024 238


Art. 9o A prioridade para controle das espécies exóticas invasoras será definida de acordo
com critérios técnicos considerando o potencial invasor da espécie, a situação populacional
da mesma e a relevância biológica da área onde a espécie está presente.

Art. 10. O proprietário do terreno com a presença de indivíduos de espécies exóticas


invasoras é responsável pela execução de medidas de controle e erradicação da(s) espécie(s)
em sua propriedade.

§ 1o O manejo das espécies exóticas invasoras em terrenos privados é isento de autorização


do órgão ambiental competente.

§ 2o Em Áreas de Preservação Permanente (APPs), ou áreas com possível risco de


instabilidade e erosão do solo, a remoção dos exemplares deverá ser precedida de parecer
técnico emitido pela Secretaria Municipal de Planejamento e Sustentabilidade e o
Departamento Municipal de Meio Ambiente (DMA).

Art. 11. Os proprietários de áreas privadas terão o prazo de dois anos para promover o
controle e erradicação das espécies exóticas invasoras em seu imóvel, a partir da publicação
desta Lei.

Art. 12. Constatada a presença de nidificação habitada nos vegetais a serem removidos, o
procedimento deverá ser adiado até o momento da desocupação dos ninhos, salvo em casos
de risco à segurança, sem prejuízo do adequado manejo.
Art. 13.. Após o prazo estabelecido no Art. 11., constatada a presença de espécies exóticas
invasoras em terreno privado, o Poder Público notificará o proprietário para que apresente
cronograma de execução das atividades de controle e erradicação dos indivíduos em sua
propriedade.

§ 1o Em caso de não cumprimento da notificação, aplicar-se-á ao infrator a penalidade de


multa de:

I – R$ 100,00 (cem reais), por exemplar não suprimido, em áreas de até 500 m2 (quinhentos
metros quadrados).

II – R$ 1.000,00 (mil reais) a cada 100 m2 (cem metros quadrados) ou fração não suprimidos,

Outubro de 2024 239


em áreas acima de 500 m2 (quinhentos metros quadrados).

§ 2o A ocorrência de duas ou mais autuações ocasionará a aplicação da multa em dobro.


Art. 14.. Poderá o Poder Público, por meio de contratação de terceiros, ou com recursos
próprios, realizar a retirada das exóticas invasoras mediante prévia autorização do
proprietário da área, quando este deixar de atender notificação.

§ 1o O Poder Público poderá exigir do particular o ressarcimento pelos serviços executados.

§ 2o Esgotadas as vias administrativas, não tendo sido executadas as atividades de controle


e erradicação das exóticas invasoras do imóvel, os fatos serão encaminhados ao
conhecimento do Ministério Público ou à Procuradoria Geral do Município para a propositura
da respectiva ação judicial, visando a obrigação de fazer.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 15. Cabe ao Poder Público Municipal, por meio de sua administração direta e indireta,
de forma articulada, adotar as providências necessárias para o cumprimento desta Lei.

Art. 16. As árvores e formações vegetais que, pela beleza, raridade, antiguidade, interesse
histórico, excepcional valor paisagístico e/ou outros motivos que justifiquem, localizadas em
logradouros públicos, poderão ser declaradas imunes ao corte por meio de ato legal.

Art. 17. As despesas com a execução desta Lei correrão por conta de dotações orçamentárias
próprias, consignadas no orçamento vigente, suplementadas, se necessário.

Art. 18. O Poder Executivo terá o prazo de cento e vinte dias, a partir da data de publicação
desta Lei, para regulamentá-la.

Art. 19. Cabe ao Departamento Municipal de Meio Ambiente (DMA) orientar sobre as
espécies vegetais nativas que serão utilizadas para a substituição das espécies exóticas

Outubro de 2024 240


invasoras.

Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Outubro de 2024 241


ANEXO II – MAPA DO GRAU DE DEGRADAÇÃO DOS REMANESCENTES DA
VEGATAÇÃO NATIVA

Outubro de 2024 242


ANEXO III – ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA - ART

Outubro de 2024 243


Anotação de Responsabilidade Técnica - ART CREA-SC ART OBRA OU SERVIÇO
Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977 25 2024 9226758-9
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina Complementação - ART 9226276-1
Equipe - ART Principal
1. Responsável Técnico
MARCOS ROBERTO BORSATTI
Título Profissional: Engenheiro Ambiental RNP: 2511250926
Registro: 116226-6-SC

Empresa Contratada: ALTO URUGUAI ENGENHARIA E PLANEJAMENTO DE CID Registro: 124483-7-SC

2. Dados do Contrato
Contratante: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS CPF/CNPJ: 88.254.891/0001-53
Endereço: RUA BERLIM Nº: 240
Complemento: Bairro: CENTRO
Cidade: DOIS IRMAOS UF: RS CEP: 93950-000
Valor: R$ 69.000,00 Ação Institucional:
Contrato: 01/2023 Celebrado em: Vinculado à ART: Tipo de Contratante:

3. Dados Obra/Serviço
Proprietário: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS CPF/CNPJ: 88.254.891/0001-53
Endereço: RUA BERLIN Nº: 240
Complemento: Bairro: CENTRO
Cidade: DOIS IRMAOS UF: RS CEP: 93950-000
Data de Início: 02/01/2024 Previsão de Término: 02/09/2024 Coordenadas Geográficas:
Finalidade: Código:

4. Atividade Técnica
Coordenação Estudo
Sensoriamento Remoto
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)
Coordenação Execução
Fotointerpretação
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)
Coordenação Planejamento Estudo
Riscos Ambientais Aplicada à Área da Engenharia Ambiental
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)
Coordenação Execução
Geoprocessamento
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)
Coordenação Execução Planejamento
Levantamento Florestal
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)
Coordenação Estudo Planejamento
Coordenação de serviços na área da Engenharia Ambiental
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)

5. Observações
ELABORAÇÃO DE PLANO MUNICIPAL DA MATA ATLÂNTICA - PMMA DO MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS/RS, COM ÁREA DE 66,14 km²

6. Declarações
. Acessibilidade: Declaro, sob as penas da Lei, que na(s) atividade(s) registrada(s) nesta ART não se exige a observância das regras de acessibilidade previstas nas normas técnicas de
acessibilidade da ABNT, na legislação específica e no Decreto Federal n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004.

7. Entidade de Classe 9. Assinaturas


NENHUMA Declaro serem verdadeiras as informações acima.
CONCORDIA - SC, 04 de Abril de 2024
8. Informações
. A ART é válida somente após o pagamento da taxa.
Situação do pagamento da taxa da ART: ART ISENTA
ART ISENTA DE TAXA CONFORME RESOLUÇÃO DO CONFEA N 1.067/2015 OU
POR DECISÃO JUDICIAL.
MARCOS ROBERTO BORSATTI
. A autenticidade deste documento pode ser verificada no site www.crea-sc.org.br/art. 070.707.899-71
. A guarda da via assinada da ART será de responsabilidade do profissional e do
contratante com o objetivo de documentar o vínculo contratual.
. Esta ART está sujeita a verificações conforme disposto na Súmula 473 do STF,
na Lei 9.784/99 e na Resolução 1.025/09 do CONFEA.

www.crea-sc.org.br falecom@crea-sc.org.br Contratante: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS


Fone: (48) 3331-2000 Fax: (48) 3331-2107 88.254.891/0001-53
Anotação de Responsabilidade Técnica - ART CREA-SC ART OBRA OU SERVIÇO
Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977 25 2024 9226314-0
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina Inicial
Equipe - ART 9226276-1
1. Responsável Técnico
JACKSON ANTONIO BOLICO
Título Profissional: Engenheiro Sanitarista e Ambiental RNP: 2516124503
Registro: 147060-1-SC

Empresa Contratada: ALTO URUGUAI ENGENHARIA E PLANEJAMENTO DE CID Registro: 124483-7-SC

2. Dados do Contrato
Contratante: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS CPF/CNPJ: 88.254.891/0001-53
Endereço: RUA BERLIM Nº: 240
Complemento: Bairro: CENTRO
Cidade: DOIS IRMAOS UF: RS CEP: 93950-000
Valor: R$ 69.000,00 Ação Institucional:
Contrato: 01/2023 Celebrado em: Vinculado à ART: Tipo de Contratante:

3. Dados Obra/Serviço
Proprietário: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS CPF/CNPJ: 88.254.891/0001-53
Endereço: RUA BERLIN Nº: 240
Complemento: Bairro: CENTRO
Cidade: DOIS IRMAOS UF: RS CEP: 93950-000
Data de Início: 02/01/2024 Previsão de Término: 02/09/2024 Coordenadas Geográficas:
Finalidade: Código:

4. Atividade Técnica
Coordenação Avaliação Execução Planejamento
Geoprocessamento
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)
Projeto Coleta de Dados
Hidrologia
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)

5. Observações
ELABORAÇÃO DE PLANO MUNICIPAL DA MATA ATLÂNTICA - PMMA DO MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS/RS, COM ÁREA DE 66,14

6. Declarações
. Acessibilidade: Declaro, sob as penas da Lei, que na(s) atividade(s) registrada(s) nesta ART não se exige a observância das regras de acessibilidade previstas nas normas técnicas de
acessibilidade da ABNT, na legislação específica e no Decreto Federal n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004.

7. Entidade de Classe 9. Assinaturas


NENHUMA Declaro serem verdadeiras as informações acima.
CONCORDIA - SC, 04 de Abril de 2024
8. Informações
. A ART é válida somente após o pagamento da taxa.
Situação do pagamento da taxa da ART em 04/04/2024: TAXA DA ART A PAGAR
Valor ART: R$ 99,64 | Data Vencimento: 15/04/2024 | Registrada em: 04/04/2024
Valor Pago: | Data Pagamento: | Nosso Número: 14002404000147114
JACKSON ANTONIO BOLICO
. A autenticidade deste documento pode ser verificada no site www.crea-sc.org.br/art. 075.281.449-40
. A guarda da via assinada da ART será de responsabilidade do profissional e do
contratante com o objetivo de documentar o vínculo contratual.
. Esta ART está sujeita a verificações conforme disposto na Súmula 473 do STF,
na Lei 9.784/99 e na Resolução 1.025/09 do CONFEA.

www.crea-sc.org.br falecom@crea-sc.org.br Contratante: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS


Fone: (48) 3331-2000 Fax: (48) 3331-2107 88.254.891/0001-53
Anotação de Responsabilidade Técnica - ART CREA-SC ART OBRA OU SERVIÇO
Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977 25 2024 9226767-8
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina Inicial
Equipe - ART 9226276-1
1. Responsável Técnico
MAYCON PEDOTT
Título Profissional: Engenheiro Ambiental RNP: 2510990489
Registro: 114899-9-SC

Empresa Contratada: ALTO URUGUAI ENGENHARIA E PLANEJAMENTO DE CID Registro: 124483-7-SC

2. Dados do Contrato
Contratante: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS CPF/CNPJ: 88.254.891/0001-53
Endereço: RUA BERLIM Nº: 240
Complemento: Bairro: CENTRO
Cidade: DOIS IRMAOS UF: RS CEP: 93950-000
Valor: R$ 69.000,00 Ação Institucional:
Contrato: 01/2023 Celebrado em: Vinculado à ART: Tipo de Contratante:

3. Dados Obra/Serviço
Proprietário: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS CPF/CNPJ: 88.254.891/0001-53
Endereço: RUA BERLIN Nº: 240
Complemento: Bairro: CENTRO
Cidade: DOIS IRMAOS UF: RS CEP: 93950-000
Data de Início: 02/01/2024 Previsão de Término: 02/09/2024 Coordenadas Geográficas:
Finalidade: Código:

4. Atividade Técnica
Coordenação Estudo
Riscos Ambientais Aplicada à Área da Engenharia Ambiental
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)
Coordenação Avaliação Execução Planejamento
Geoprocessamento
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)
Coordenação Estudo
Hidrografia
Dimensão do Trabalho: 66,14 Quilômetro(s) Quadrado(s)

5. Observações
ELABORAÇÃO DE PLANO MUNICIPAL DA MATA ATLÂNTICA - PMMA DO MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS/RS, COM ÁREA DE 66,14

6. Declarações
. Acessibilidade: Declaro, sob as penas da Lei, que na(s) atividade(s) registrada(s) nesta ART não se exige a observância das regras de acessibilidade previstas nas normas técnicas de
acessibilidade da ABNT, na legislação específica e no Decreto Federal n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004.

7. Entidade de Classe 9. Assinaturas


NENHUMA Declaro serem verdadeiras as informações acima.
CONCORDIA - SC, 04 de Abril de 2024
8. Informações
. A ART é válida somente após o pagamento da taxa.
Situação do pagamento da taxa da ART em 04/04/2024: TAXA DA ART A PAGAR
Valor ART: R$ 99,64 | Data Vencimento: 15/04/2024 | Registrada em:
Valor Pago: | Data Pagamento: | Nosso Número:
MAYCON PEDOTT
. A autenticidade deste documento pode ser verificada no site www.crea-sc.org.br/art. 075.832.129-52
. A guarda da via assinada da ART será de responsabilidade do profissional e do
contratante com o objetivo de documentar o vínculo contratual.
. Esta ART está sujeita a verificações conforme disposto na Súmula 473 do STF,
na Lei 9.784/99 e na Resolução 1.025/09 do CONFEA.

www.crea-sc.org.br falecom@crea-sc.org.br Contratante: MUNICÍPIIO DE DOIS IRMÃOS RS


Fone: (48) 3331-2000 Fax: (48) 3331-2107 88.254.891/0001-53
25/09/2024, 14:58 ART -Anotação de Responsabilidade Técnica

Serviço Público Federal


CONSELHO FEDERAL/CONSELHO REGIONAL DE BIOLOGIA 9a REGIÃO
1-ART N°:
ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA - ART 2024/06098
CONTRATADO
2.Nome: ELTON MAGRINELLI 3.Registro no CRBio: 069005/09-D
4.CPF: 933.435.159-49 5.E-mail: elton.magrinelli@gmail.com 6.Tel: (49)35570380
7.End.: VINÍCIUS DE MORAES 130 8.Compl.:
9.Bairro: CONCEIÇÃO lO.Cidade: ZORTEA 11.UF: SC 12.CEP: 89633-000
CONTRATANTE
13.Nome: ALTO URUGUAI ENGENHARIA E PLANEJAMENTO DE CIDADES
LTDA
14.Registro Profissional: 15.CPF CGC CNPJ: / / 19.338.878/0001-60
16.End.: RUA ABRAMO EBERLE 136
17.Compl.: 18.Bairro: CENTRO 19.Cidade: CONCORDIA
20.UF: SC |21.CEP: 89700204 22.E-mail/Site: contato@altouruguai.eng.br / https://www.altouruguai.eng.br/
DADOS DA ATIVIDADE PROFISSIONAL
23.Natureza : 1. Prestação de serviço
Atividade(s) Realizada(s) : Proposição de estudos, projetos de pesquisa e/ou serviços; Execução de estudos, projetos de pesquisa
e/ou serviços; Realização de consultorias/assessorias técnicas; Coordenação/orientação de estudos/projetos de pesquisa e/ou outros;
24.1dentificação : FAUNA, FLORA E MEIO BIÓTICO: PLANO MUNICIPAL DA MATA ATLÂNTICA DO MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS-RS:
LEVANTAMENTO DA FAUNA, LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E IDENTIFICAÇÃO DE FITOFISIONOMIAS, DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO
MEIO BIÓTICO/BIOLÓGICO.
25.Município de Realização do Trabalho: CONCORDIA 26.UF: SC
27.Forma de participação: EQUIPE 28.Perfil da equipe: BIÓLOGO, ENGENHEIROS AMBIENTAIS
29. Área do Conhecimento: Botânica; Ecologia; Informática; 30.Campo de Atuação: Meio Ambiente

31.Descrição sumária : COORDENAÇÃO E ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DA MATA ATLÂNTICA DO MUNICÍPIO DE DOIS
IRMÃOS-RS: LEVANTAMENTO DA FAUNA, LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E IDENTIFICAÇÃO DE FITOFISIONOMIAS, DIAGNÓSTICO
AMBIENTAL DO MEIO BIÓTICO/BIOLÓGICO
32.Valor: R$ 8.000,00 |33.Total de horas: 200 |34.Início: ABR/2024 |35.Término: DEZ/2024
36. ASSINATURAS 37. LOGO DO CRBio
Declaro serem verdadeiras as informações acima
/F
Data: 01/04/2024 Data:

Assinatura do Profissional Assinatura e Carimbo do Contratante

CRBio09
38. SOLICITAÇÃO DE BAIXA POR CONCLUSÃO 39. SOLICITAÇÃO DE BAIXA POR DISTRATO
Declaramos a conclusão do trabalho anotado na presente ART, razão
pela qual solicitamos a devida BAIXA junto aos arquivos desse CRBio.
Assinatura do Profissional Data: / / Assinatura do Profissional
Data: / /
Assinatura e Carimbo do Contratante Data: / / Assinatura e Carimbo do Contratante
Data: / /

CERTIFICAÇÃO DIGITAL DE DOCUMENTOS


NÚMERO DE CONTROLE: 4356.6239.6553.6867
OBS: A autenticidade deste documento deverá ser verificada no endereço eletrónico www.crbio09.org.br

https://crbio09.spiderware.com.br/scripts/art.dll/login 1/2

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