Administração, Princípios Básicos e Contemporâneos
Administração, Princípios Básicos e Contemporâneos
Administração, Princípios Básicos e Contemporâneos
Princípios básicos
e contemporâneos
1ª edição
rio de janeiro 2014
Comitê editorial externo claudio starec, marcelo pereira marujo e marcos figueiredo rodrigues
Comitê editorial interno durval corrêa meirelles, jorge bezerra lopes chaves, juarez jonas
thives junior
Autores dos originais marcelo pereira marujo (capítulos 1 e 3), marcos figueiredo rodrigues
(capítulo 2), andré luiz parreiras (capítulo 4)
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quais-
quer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou
banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2014.
isbn: 978-85-60923-09-0
cdd 658.001
Apresentação 7
1. A administração no Brasil e no mundo 9
2. Conceitos fundamentais 35
3. O ambiente organizacional 51
Ambiente organizacional 54
Definições 54
Cultura organizacional 57
Clima organizacional 59
Comportamento organizacional 60
Ambientalismo 61
Ambiente global e suas influências 63
Considerações finais 65
5. O processo administrativo 91
O processo administrativo 93
As quatro funções administrativas: Planejamento, Organização, Direção e Controle 94
Planejamento 94
Organização 97
Controle 101
Considerações finais 101
7
objetivos. São áreas essenciais que precisam operar para que os planos de ação possam
ser executados conforme o planejado. A Organização funcional se divide em várias áreas
ou departamentos funcionais; os mais importantes são: Produção (operações e logística),
Marketing (vendas e inteligência competitiva), Pesquisa & Desenvolvimento (inovação),
Finanças (contabilidade, controladoria e auditoria) e Recursos Humanos (comunicação
interna e desenvolvimento de competências). A administração central ou o principal exe-
cutivo (ceo — sigla em inglês que significa Chief Executive Officer) deve coordenar todas
estas funções, que precisam atuar de forma integrada.
No mais, esperamos que você consiga aplicar, na sua organização, tudo aquilo que
aprender neste livro.
8
1 A administração no
Brasil e no mundo
REFLEXÃO
A organização é a maneira pela qual a sociedade consegue que as coisas se-
jam feitas. E a Administração é a ferramenta, a função ou o instrumento que
torna as organizações capazes de gerar resultados e produzir o desenvolvimento
(CHIAVENATO, 2003, p. 612).
10 qcapítulo 1
Nessa perspectiva, o conhecimento científico e o conhecimento do CONCEITO
senso comum devem ser a unidade capaz de proporcionar a organici-
dade e o dinamismo necessário, possível de favorecer a prospecção das Unidade
administrações pública, privada e do terceiro setor. Nesta obra deve ser entendida como
Sendo assim, observa-se a imprescindibilidade de compreender a integração necessária e interde-
a Administração moderna de maneira necessária e simultaneamente pendente que se funde em uma úni-
sistêmica e complexa, como condições que favoreçam pesquisar/ ca condição para o desenvolvimento,
trabalhar as variadas especificidades da Administração de forma tanto na prospecção do profissional
mais integrada. quanto do organizacional, constante e
O mercado vem se mostrando mais necessitado de novas estratégias simultaneamente.
organizacionais capazes de atender mais tempestivamente a obsoles-
cência de produtos, de serviços e, principalmente, de conhecimentos
que se convertem em circunstâncias emergentes que tanto precisam de CONCEITO
respostas pontuais para as suas necessidades e que, por consequência,
vem fragilizando as administrações. Sistêmica
Refere-se à condição atualmente neces-
A Administração, muito mais que uma ciência, sária de se compreender as organiza-
ções, ou seja, como um sistema orgânico,
mostra-se ser a maneira multifuncional que a
dinâmico e interdependente. Pois, a pró-
sociedade humana se expande mediante suas pria organização compõe esse sistema
inter-relações familiares, sociais, profissionais juntamente com o mercado e a socieda-
e governamentais. de, para tanto são partes integrantes de
um único sistema que devem se retroali-
Igualmente, percebe-se também que a globalização fez com que a mentar de informações e necessidades.
Administração passasse a manter-se mais resiliente e proativa para com
as políticas globais e suas demandas globalizadas (LACOMBE; HEIL- Complexa
BORN, 2008), fatores que precisam de maior atenção para atender mais Condição de se (re)pensar as organi-
prontamente as variadas características dos mercados/sociedades. zações como de sistema complexo ou
Esse cenário emergencial e contemporâneo evidencia que a Admi- orientadas pela Teoria da Complexidade
nistração sempre influenciou e de forma bastante contundente pro- (MORIN, 2013). Passa a ser um impe-
move as organizações, propiciando o dinamismo necessário que o ditivo simplificar os processos; logo,
mercado vem demandando e assim favorecendo o desenvolvimento necessitando que desprezemos os pro-
da sociedade. cessos simples e comecemos a com-
Portanto, acredita-se que a Administração está cada vez mais conec- preender que tudo deve ser pensado de
tada com o mercado e a sociedade global — online, full time, on time —, forma complexa, mas não complicada.
situação de integração que demanda um processo formativo mais redi-
mensionado, de forma que um maior entendimento sobre as variadas
áreas de conhecimentos torna-se um imperativo.
Pode-se concluir que nessa dimensão global, a Administração, mui-
to mais que uma ciência, mostra-se ser a maneira multifuncional que a
sociedade humana se expande mediante suas inter-relações familiares,
sociais, profissionais e governamentais.
Entende-se que a Administração deve manter-se — validada também
para os seus profissionais — cada vez mais integrada com as constantes
novidades globais, condição que deve se aliar, fundamentalmente, com
capítulo 1 q11
as Tecnologias da Informação e da Comunicação (tic), tão efervescente e imprescindível
ao progresso da sociedade moderna.
Nessa perspectiva, ratifica-se que a Administração, a partir de seu processo histórico, o
qual suscitou necessárias proposições teóricas mediante problemáticas industriais em di-
ferentes momentos, e através de sua pertinência em prover novos conceitos e técnicas para
o melhor desenvolvimento das organizações, indubitavelmente se converte em área muito
importante à sociedade contemporânea.
ATENÇÃO
Nesse estágio, de agora em diante serão consubstanciadas as informações e os conhecimentos capazes
de proporcionarem melhor compreensão sobre as proposições teóricas, as quais orientarão e fundamenta-
rão o capítulo e suas imensuráveis proposições sobre a eloquente temática: Administração.
Na sequência, objetivamente, serão propostas às reflexões a trajetória da Administração no mundo e no
Brasil, diferentes tipos de empresas, teorias da Administração, características e suas variáveis norteadoras
e os desafios da administração diante das emergências globais.
CURIOSIDADE
Para muitos estudiosos de Administração, a sua história inicia-se na Suméria em torno do ano 5000 a.C.,
quando os antigos sumerianos buscavam melhorias das formas de contornar situações problemáticas em
suas práticas cotidianas, assim exercitando a arte de administrar.
12 qcapítulo 1
A Revolução Industrial nesse cenário mundial passa a ser a significativa circunstância
para que a Administração surja como área independente, uma vez que suas problemáticas
relacionadas com a produção carecem de ações efetivas para favorecer o processo de pro-
dução das fábricas (SOBRAL; PECI, 2008).
ATENÇÃO
Para tanto, pode-se dizer que foi a partir da Revolução Industrial, com as grandes indústrias e seus impo-
nentes maquinários, que os problemas de Administração surgem com mais evidência e força. Justamente
essas situações indesejáveis nas fábricas referentes à produção que passaram a ser objeto de insatisfação
e, consequentemente, de estudos para se buscar a melhoria contínua do processo de produção.
O momento atual
A sociedade moderna, não diferente das demais épocas, prossegue com indispensáveis
avanços à Administração, especialmente por compreender tal condição como necessária
diante da consolidação do capitalismo e, ainda, devido às imensuráveis e incontroláveis
disputas pela hegemonia global.
A pós-modernidade ostenta com veemência a tecnologia e sua consequente profusão de
informações como variável imprescindível para se manter consonante com a competitivi-
dade desenfreada e incontrolável peculiar da mundialização, a qual deve incessantemente
buscar corresponder às emergenciais demandas do mercado progressivamente dinâmico
para atender ao capitalismo.
REFLEXÃO
Não existem países desenvolvidos e países subdesenvolvidos, e sim países que sabem administrar a tec-
nologia e os recursos disponíveis e potenciais e países que ainda não o sabem (DRUCKER, 2001, p. 65).
capítulo 1 q13
CONCEITO em empresas que não acompanham as tendências e as novidades, con-
dições imprescindíveis para se manterem no mercado globalizado.
Terceiro Setor
É o setor constituído por organizações REFLEXÃO
sem fins lucrativos e não governamen-
tais, portanto, essas organizações têm As instituições privadas ou públicas, formais ou informais, com ou sem fins lucrativos,
como objetivo principal a geração de não existem por conta própria, mas para satisfazer uma necessidade exclusiva da so-
serviços de caráter público. ciedade, da comunidade ou do indivíduo. Existem para cumprir uma finalidade social
definida. Não são fins em si, são meios para que as necessidades sejam atendidas
(DRUCKER, 2001, p, 97).
CONCEITO
As empresas privadas, em geral, possuem administrações mais con-
E-commerce sistentes, uma vez que investem naqueles profissionais mais qualifica-
Trata-se da mais emergente modalidade dos e em tecnologia. Também, essas empresas mantêm continuamente
de comércio que realiza todas as suas programas de profissionalização, capacitação e qualificação dos seus
transações financeiras por intermédio empregados em seus diversos níveis.
de dispositivos e plataformas eletrôni- As organizações do Terceiro Setor, apesar de sofrerem com o proble-
cas, como computadores e celulares. ma da falta de administração, fator que vem mostrando as suas fragili-
dades e que se converte na principal causa de sua inércia, pouco propor-
cionam de profissionalização do seu pessoal.
ATENÇÃO
Sinaliza-se que a necessidade da formação e da profissionalização continuada pas-
sa a ser uma exortação para melhoria da qualidade dos serviços e da própria desen-
voltura das organizações para atenderem uma clientela cada vez mais informada e
consciente de seus direitos.
14 qcapítulo 1
Assim, a apresentação sobre o quanto a Administração acompanha, (re)desenha e im-
pulsiona a nossa história mundial serve para mostrar a sua expressividade para o desenvol-
vimento das organizações, do mercado e, por conseguinte, da sociedade.
ATENÇÃO
Mais especificamente em 1938, foi criado o Departamento de Administração Geral, centralizando as fun-
ções administrativas de todos os ministérios em um único órgão. Assim surge a elaboração e verbalização
do pensamento administrativo brasileiro (Enap, 2007).
capítulo 1 q15
Em relação às organizações privadas em atividade no país, na década de 1950, as mesmas
eram geridas por processos práticos com base na maneira com que os seus proprietários,
familiares e funcionários exerciam suas atividades. Essa situação de gestão se convertia em
uma situação fundamental para inserção de processos administrativos científicos.
Alguns estudiosos sinalizam ser esse momento — cenário nacional fértil — como pro-
pulsor das pesquisas e decorrentes publicações sobre a administração de organizações e
seus diversos processos de produção, circunstâncias que suscitaram o início da profissio-
nalização do administrador nas organizações.
Essa possibilidade provém do mais interessante dos recursos: o humano, que tem
como característica promover, de fato e significativamente, as transformações em distin-
tos ambientes, dessa forma adequando-os às necessidades da organização e do mercado
(MORGAN, 1996).
REFLEXÃO
Tanto o processo de construção de conhecimento quanto o seu produto refletem o desenvolvimento e a
ruptura ocorridos nos diferentes momentos da história. Em outras palavras, os antagonismos presentes em
cada modo de produção e as transformações de um modo de produção a outro serão transpostos para as
ideias científicas elaboradas pelo homem (ANDERY, 2007, p. 13).
No Brasil, em meados do século xix, esta interessante e orgânica relação — teoria e prá-
tica — vem favorecer a Administração. Surgem as possibilidades das ciências administra-
tivas redesenharem novos processos nas organizações frente às suas variadas atividades,
pois essa sinergia sempre favorece a construção de novas práticas administrativas.
Na década de 1960, a Administração se manifestou com caráter mais cartesiano e buro-
crático, de maneira que as questões administrativas se associaram com as questões políticas.
Nos anos 1980, observou-se uma Administração voltada para o empreendimento, uma
vez que havia forte postura empreendedora no país.
A cultura é um fator bastante influente para condicionar a Administração. Diante dessa
concepção, somos possuidores de valores expressivos, especialmente a criatividade, que
tanto proporciona redimensionar com mais distinção necessidades organizacionais. Pos-
sivelmente, trata-se de uma condição diferencial para o desenvolvimento de novas ações.
Para Sobral e Peci (2008, p. 19), “mesmo em contextos de adversidade cultural, existem
administradores aptos a guiar suas organizações com eficácia e eficiência, e os brasileiros
demonstram isso”.
ATENÇÃO
O ambiente nacional tem particularidades muito específicas que as organizações têm de passar a conviver
com mais atenção. Essas diferenças se tornam desafios para se conservarem no mercado, porque são
fatores complicadores, como: intensa tributação, pouca possibilidade de financiamentos, burocracia etc.
16 qcapítulo 1
sário para prever e prover a indispensável integração das Administra- CONCEITO
ções Pública, Privada e também, mais recentemente, do Terceiro Setor
(KWASNICKA, 2004). Laranjas
A Administração, por meio da governança, converte-se na possibi- O termo "laranja" designa, na lingua-
lidade mais marcante dos eloquentes setores 1º, 2º e 3º — respectiva- gem popular, a pessoa ou empresa
mente, governo, empresas e organizações não governamentais (ongs) que intermedeia transações financei-
— favorecerem o desenvolvimento sustentável do mercado e, conse- ras fraudulentas, emprestando seu
quentemente, da sociedade local e global. nome, documentos ou conta bancária
Na Administração pública, tal situação é também evidenciada nos para ocultar a identidade de quem a
Governos (Federal, Estaduais, Distrital e Municipais) mediante o des- contrata. A criação de laranjas tem,
contentamento com as referidas administrações e suas respectivas ati- entre outras motivações, o intuito de
vidades e ações profissionais, ou melhor, em sua maioria pela ausência escapar do pagamento de taxas, im-
e/ou deficiência das mesmas. postos e outros tributos oficiais.
Da mesma forma, a Administração Privada vem encontrando os
mesmos problemas, talvez com menor intensidade. A necessidade de
constante busca por melhoria do desempenho administrativo é uma CONCEITO
constante e real necessidade.
Vale ressaltar que tal situação torna-se mais clara quando a iniciativa Caixa dois
privada passa a gerir empresas do governo e a mesma mantém-se inerte O termo “caixa dois” refere-se a recur-
e, muitas das vezes, até com menos eficiência e efetividade. sos financeiros não contabilizados e não
declarados aos órgãos de fiscalização
EXEMPLO competentes. É utilizado por algumas
organizações, que deixam de emitir ou
Como exemplo pode-se citar as empresas das áreas de transportes: rodoviário, fer- emitem notas fiscais com valor menor ao
roviário e aquaviário, situações essas que vêm impulsionando os problemas de mo- da transação realizada, para que sejam
bilidade urbana nos grandes centros. devidos menos tributos, o que constitui
sonegação fiscal.
REFLEXÃO
Tal conjuntura intrínseca à Administração serve para mostrar que nem tudo que
é público, concernente à Administração, é ruim; nem tudo que é privado, é bom
e satisfatório; mas, sim, que Administração é uma área que deve ser objeto de
constante desenvoltura.
capítulo 1 q17
CONCEITO Essas são as administrações exemplos, mas que não devem ser em
hipótese alguma seguidas. Tais situações vão de encontro aos princí-
Teoria da Administração pios da Administração e do seu Código de Ética, em conformidade com
A Teoria da Administração, como cam- o Conselho Federal de Administração (cfa, 2014):
po do conhecimento humano, promove
estudos sobre a Administração em sua Art. 1º – São deveres do Profissional de Administração: I – exercer a pro-
totalidade, ou seja, de todas as suas fissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e
áreas. Para tanto, trata-se dos estudos interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignida-
da Administração das Organizações. de, prerrogativas e independência profissional, atuando como empregado,
funcionário público ou profissional liberal. (p. 10)
RESUMO
Observa-se que o panorama da Administração no Brasil não é muito diferente do res-
tante do mundo. Diante da atual conjuntura nacional pode-se perceber que as proble-
máticas nos setores supracitados mostram semelhanças com as administrações globais.
REFLEXÃO
A teoria das organizações é composta por diversas peças, como um grande mosaico. E
esse sistema está continuamente em movimento: surgem novos elementos que alteram
sua compreensão, levando-nos não só a questionar, ao menos parcialmente as “certe-
zas” e crenças anteriores, gerando novos insights e momentos de compreensão, como
também a comparar e a buscar o entendimento cada vez maior (MOTTA, 2006, p. xiv).
18 qcapítulo 1
A base de conhecimento da empresa é formada pelo acúmulo de co- AUTOR
nhecimentos oriundos das experiências de cada indivíduo. A qualidade
desse conhecimento depende da variedade e da qualidade dessas expe- Frederick Taylor
riências e, também, da extensão em que os indivíduos são envolvidos no Frederick Winslow
processo de aprendizagem (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 29). Taylor, engenheiro
Tal panorama emerge com mais contundência na Europa do século americano, espe-
XVIII, durante a Revolução Industrial, quando a Administração começa cialista em mecânica e com atuação
a incessante busca de responder as conveniências do progresso. também no “chão de fábrica”, condição
As teorias da Administração materializam as necessidades deman- que lhe proporcionou ser mais perspi-
dadas pelas organizações em todos os momentos, de maneira que pas- caz e capaz de empreender processos
sado, presente e futuro se retroalimentam para se manter tempestivos de produção nas empresas. Taylor,
às iminentes proposições do mercado. considerado o “Pai da Administração
Científica”, e com a supracitada expe-
REFLEXÃO riência, objetivou a eficiência, a eficácia
e a efetividade operacional nas opera-
A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do sen- ções industriais; assim, mediante seu
so comum. Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum de que o conhecimento, propôs a utilização de
aprendiz dispõe (ALVES, 1996, p. 9). métodos científicos cartesianos na ad-
ministração de empresas.
Essa contextualização converge-se em uma situação bastante pro-
pícia para o provimento da teoria da Administração. Nessa perspec-
tiva, serão apresentadas aqui as principais teorias da Administração
que surgiram no século xx, seus mentores e suas características, pois
somente nesse período a Administração começa a escrever o seu
desenvolvimento com mais força.
O início desse processo se fundamentou na organização eficiente
das atividades laborais nas empresas, logo surgindo pesquisadores
e estudiosos, como: Taylor, Ford, Fayol e Weber e ainda, em uma di-
mensão mais abrangente — humana e sistêmica — da Administração:
Mayo e Bertalanffy.
O “Taylorismo”
O pioneiro da Administração Científica foi o engenheiro americano
Frederick Taylor. Certamente, as constantes necessidades que começa-
ram a surgir nas fábricas tenham se convertido no ponto mais significa-
tivo para a criação da Ciência da Administração.
Acredita-se que a maior contribuição de Taylor à teoria de Adminis-
tração tenha sido sua insistência sobre a aplicação de métodos cientí-
ficos aos problemas da Administração. Assim, transformando-a da efi-
ciência do trabalho em uma constituição relevante de conhecimentos
com identidade própria.
A preocupação contínua de Taylor era em acabar com os desperdícios
e perdas das indústrias, dessa forma favorecendo a produção por meio da
capítulo 1 q19
aplicação de novos métodos e técnicas. O objetivo estava no aumento da eficiência da indús-
tria por meio da racionalização do trabalho.
Apesar de os princípios de Taylor buscarem redimensionar sua aplicação, seu obje-
tivo naquela ocasião não foi na administração geral da empresa, mas no nível de super-
visão da fábrica.
Taylor apresenta as tarefas como ênfase para a melhoria dos processos. Conjuntura que
visava a aplicabilidade de métodos científicos aos problemas da Administração em busca
da eficiência às organizações.
Inicialmente, ele apresentou à sociedade americana de engenharia o seu famoso estu-
do sobre a gestão de fábrica (shop management), o qual apresentava uma filosofia de Admi-
nistração sob princípios, como (KOONTZ; O’DONNELL, 1989):
• customizar a produção e favorecer a remuneração;
• aplicação de métodos para priorização da execução das tarefas;
• seleção de pessoal em conformidade com as tarefas específicas;
• clima organizacional satisfatório para que as atividades evoluam.
ATENÇÃO
Taylor apresenta nesta obra os quatro princípios fundamentais da Administração Científica: planejamento,
preparação, controle e execução:
20 qcapítulo 1
As características mais expressivas da Administração Científica, al- AUTOR
gumas sendo objetos de muitas críticas, são as seguintes:
• significativas divisões de tarefas; Henry Ford
• otimização constante do processo de produção; Empresário empre-
• superespecialização do trabalhador mediante intenso treinamento endedor americano
sobre atividades específicas; que revolucionou a
• melhorias do ambiente de trabalho e da participação no aumento indústria de transportes. Construiu o
da produção; primeiro automóvel capaz de desenvol-
• customização capaz de prover mais produtividade; ver velocidade considerável. A sua pro-
• utilização dos métodos científicos para afastar habilidades individuais; dução de carros tinha preços acessí-
• socialização das atividades e consequentes responsabilidades. veis para grande parcela da população.
A teoria taylorista, indubitavelmente, impactou a comunidade cien-
tífica e, por conseguinte, causou uma verdadeira revolução no sistema
produtivo/organizacional.
Assim sendo, deu-se início à nova busca por constantes aperfei-
çoamentos de sua teoria, ainda continuando a ser alvo de críticas;
contudo, faz-se fundamental sinalizar que Taylor foi o precursor da
Teoria da Administração.
O “Fordismo”
Além dos teóricos responsáveis pelas teorias da Administração já men-
cionados, Henry Ford foi mais um responsável pela criação de ativida-
des também importantes para as indústrias.
ATENÇÃO
Foi Ford o criador da linha de montagem móvel para a produção em massa. Eram
linhas de montagens que trabalhavam em série, de forma que o produto em fabricação
se deslocava por diferentes estágios (estações de montagem), porém a sua eficiência
ficava na dependência da total integração dos demais estágios de montagem.
REFLEXÃO
“Quero construir um carro para toda a gente. Será
bastante amplo para comportar uma família e tão pe-
queno que um indivíduo só o possa guiar e zelar. Será
feito do melhor material e trabalhado pelos melhores
operários, segundo os mais simples desenhos criados
ford model t
pela técnica moderna. Mas de preço tão reduzido que
capítulo 1 q21
AUTOR qualquer homem poderá adquiri-lo para com ele gozar, na companhia dos seus, as
belezas e amenidades que Deus pôs na natureza.” (FORD, 2012, p. 67)
Fayol
Jules Henri Fayol, Esse contexto e suas variáveis ficaram conhecidos como fordismo, a
Engenheiro francês qual se refere à produção em massa de muitos automóveis com custos e
e um dos teóricos preços mais baixos, além de proporcionar aos funcionários da empresa
clássicos da Ciência da Administração. um salário mais digno e a possibilidade de adquirir esses automóveis.
Foi o fundador da Teoria Clássica da Essa foi a real proposição de Ford.
Administração e autor do mais expres- Outra ousadia de Ford foi a distribuição das ações da empresa com
sivo livro da época, intitulado “Adminis- os seus funcionários, ou melhor, participação efetiva nos lucros. Por-
tração Industrial e Geral”. que, como empreendedor, considerava que funcionários satisfeitos pro-
duziam muito mais e com melhor qualidade (FORD, 2012).
COMENTÁRIO
Jules Henri Fayol
A teoria de Fayol é, indubitavelmente,
uma das teorias mais consideráveis e Outro célebre mentor da Teoria da Administração, o engenheiro exe-
que mais contribuíram para o desenvol- cutivo Fayol, construiu sua teoria à evidência de suas atividades práticas
vimento do conhecimento administrativo na empresa, pois sempre foi propenso a criar e refletir sobre sua experi-
contemporâneo. ência na Administração, assim redesenhando os princípios que obser-
vava como necessários de serem redimensionados.
REFLEXÃO
Quase nunca se aplicará o mesmo princípio duas vezes em condições idênticas:
é necessário ter em conta circunstâncias diversas e variáveis, homens igualmente
variáveis e diferentes e muitos outros elementos também variáveis. Tais princípios
serão, pois, maleáveis, e suscetíveis a adaptar-se a todas as necessidades. A ques-
tão consiste em saber servir-se deles: essa é uma arte difícil que exige inteligência,
experiência, decisão e comedimento (FAYOL, 1997, p. 39).
FINANCEIRAS
CONTÁBEIS TÉCNICAS
ADMINISTRATIVAS
SEGURANÇA COMERCIAIS
22 qcapítulo 1
• Funções técnicas: relação com a variada produção de bens e/ou de serviços da empresa;
• Funções comerciais: relação com as atividades de compra, de venda e também de neces-
sárias transações de trocas;
• Funções financeiras: relação com a necessária e constante busca e gerência de capitais.
• Funções de segurança: relação com toda possibilidade de proteção, manutenção e pre-
servação dos bens e, principalmente, das pessoas;
• Funções contábeis: relação com os necessários inventários, todos os registros, balanços,
variados custos e estatísticas;
• Funções administrativas: relação com a integração orientadora das demais funções. Por-
que as funções administrativas devem coordenar as demais funções da empresa de manei-
ra que a sua integração torne-se fundamental para o seu desenvolvimento. Essa é a função
de coordenação sobre as demais.
capítulo 1 q23
Sob uma dimensão mais prospectiva, Fayol sempre vislumbrou a organização em sua
plenitude, condição que sempre o fez compreendê-la como uma universalidade dos prin-
cípios. Acredita-se que tal possibilidade se relaciona à dimensão dos seus princípios, os
quais, na sequência, serão apresentados.
Na identificação das tarefas da Administração são apresentados os 14 princípios que
ainda são utilizados na prática administrativa (FAYOL, 1989):
DIVISÃO DO TRABALHO
INICIATIVA ORDEM
REMUNERAÇÃO DISCIPLINA
ESPÍRITO DE EQUIPE EQUIDADE
UNIDADE DE DIREÇÃO
24 qcapítulo 1
• Ordem: pessoas e materiais devem estar no lugar certo e no tempo AUTOR
certo. Este é, essencialmente, um princípio de organização do arranjo
de coisas e pessoas; Weber
• Equidade: o gerente deve ser atencioso e justo com seus subordinados, Maximilian K. E. We-
e lealdade e devoção também devem ser conseguidas pelo administrador; ber, cientista social e
• Estabilidade na permanência do pessoal: a rotatividade elevada de economista alemão
pessoal é ineficiente. As pessoas devem permanecer o máximo possí- considerado um dos fundadores da
vel na organização, e o planejamento de pessoal deve fazer com que as Sociologia. Weber tinha em sua casa
substituições sejam feitas rapidamente; uma atmosfera intelectualmente esti-
• Iniciativa: os empregados responsáveis por executarem planos devem mulante. Fez faculdade de Direito de
manifestar esforço pessoal. A iniciativa é concebida pelo administrador, Heidelberg, um ano depois se transfe-
como a elaboração e a execução de um plano; riu para Estrasburgo e prestou o ser-
• Espírito de equipe: promover o espírito de equipe cria harmonia e unida- viço militar. Anos mais tarde reiniciou
de na organização. Esse é o princípio que faz a diferença nas organizações. os estudos universitários, em Berlim,
dedicando-se às áreas de Economia,
RESUMO História, Filosofia e Direito.
ATENÇÃO
Nesse momento, considera-se interessante sinalizar que o objetivo principal das
duas teorias, tanto a de Taylor quanto a de Fayol, era comum, ou seja, a permanente
busca da eficiência das organizações.
Maximilian K. E. Weber
Mais um célebre teórico da Sociologia, que pode ser considerado tam-
bém da Administração, embora com objetivo mais no comportamento,
nas organizações, Weber sempre buscou trabalhar com temáticas sus-
cetíveis inerentes aos mais diversos aspectos das sociedades humanas.
Seus estudos ostentavam a burocracia nas organizações.
Não obstante, seus estudos são provenientes de uma carência da Teo-
ria Clássica e da Teoria das Relações Humanas diante de seus paradoxos
que não proporcionaram uma visão global sobre as organizações.
Essa conjuntura suscitou a necessidade de um modelo de organi-
zação racional factível de contemplar as suas complexas variáveis e, da
mesma forma, o comportamento de seus empregados, tanto nas fábri-
cas quanto nas demais organizações humanas.
capítulo 1 q25
AUTOR Segundo Maximiano (2000, p. 62), Weber definiu as organizações bu-
rocráticas como “máquinas totalmente impessoais, que funcionam de
Elton Mayo acordo com regras que ele chamou de racionais — regras que dependem
É australiano e um dos sociólogos mais de lógica e não de interesses pessoais”.
renomados do mundo. Dirigiu uma fá- A Sociologia da Burocracia, que surge com as pesquisas de Weber,
brica da Western Eletric Company, em mostrava que os empregados poderiam ser remunerados para agir e se
Hawthorne, eua. Tal reconhecimento se comportar em certo padrão que suas emoções não os afetariam. Daí a
dá pelos seus expressivos estudos so- proposta de Weber sobre um modelo de organização norteado pela Teo-
bre a Sociologia nessa fábrica. Por con- ria da Burocracia na Administração.
seguinte, é considerado um dos princi- Essa teoria denota que a burocracia é a organização eficiente por
pais teóricos da Sociologia com atuação excelência. Porque, para se auferir eficiência, a burocracia deve es-
efetiva nas organizações. clarecer todos os detalhes, minuciosamente, de como as atividades
deverão ser desenvolvidas.
AUTOR
Outros teóricos
Bertalanffy
Karl Ludwig von Bertalanffy – biólogo Elton Mayo, sociólogo australiano, deu continuidade aos estudos de
austríaco, é o criador da teoria geral Munsterberg sobre a aplicação de métodos da psicologia experimental
dos sistemas. Desenvolveu estudos em na cidade de Hawthorne, que passou a ser reconhecida como o berço da
biologia e sempre se interessou pe- teoria comportamental, devido à realização do estudo sobre as variações
los organismos e pelos problemas do na iluminação e seus efeitos sobre o desempenho dos trabalhadores.
crescimento. Suas pesquisas foram de Nessa dimensão, Mayo constata a imprescindibilidade de promover
encontro com as pesquisas de cunho uma Administração mais humana e democrática; logo, experimentam-
cartesiano, fator que favoreceu a cria- se as ciências humanas mais influentes nas organizações.
ção de sua teoria. Assim, emerge a escola das relações humanas. Após intensas pesqui-
sas diante de consistentes resultados, denotando a importância do de-
sempenho não somente por causa do método, mas também pelo com-
portamento, foi proposta esta nova filosofia/teoria da Administração.
Numa outra corrente, Bertalanffy, inicia suas pesquisas sobre os
sistemas e suas necessárias correlações. Desse modo, começa a criar
uma enorme oposição com a limitada visão cartesiana e compartimen-
tada do universo. Ele considerava necessária a ampliação das aborda-
gens concernentes às organizações, condição que não ocorria, muito
pelo contrário, havia constantemente a predominância mecanicista
no processo organizacional.
Portanto, Bertalanffy propõe, por meio da teoria geral dos sistemas,
uma alternativa oportuna e capaz de proporcionar uma abordagem di-
ferenciada, ou seja, uma abordagem mais orgânica e dinâmica às orga-
nizações (BERTALANFFY, 1997).
Para essa composição, parte-se de duas variáveis: a primeira, que o
mundo real é composto de sistemas integrados; a segunda, que para
compreender o mundo real torna-se indispensável analisar, simulta-
neamente, o todo e suas partes por meio de possibilidades inter/trans/
multi/pluridisciplinar (BERTALANFFY, 1997; MARUJO, 2011).
26 qcapítulo 1
A condição que mais representa essa visão, intrínseca à Administração e o dinamismo
do mercado e da sociedade, é que a tecnologia e a sociedade estão cada vez mais complexas.
Assim, somente estratégias nesse dimensionamento — permeadas de complexidades —
propiciarão alternativas para contribuir com o desenvolvimento.
Ainda, acrescenta-se à pertinente visão de Bertalanffy, a proposição de Maturana e
Varela (1997), da mesma forma interessante, expandindo os sistemas como condicio-
nantes operacionalmente fechados, em um processo cíclico constante de autoconstru-
ção, factível de construir identidade, reduzir a complexidade e permitir a diferenciação
do ambiente.
ATENÇÃO
Na sociedade atual, as informações se apresentam aleatoriamente, dificultando a sua utilização, logo ca-
recendo de serem organizadas. Apesar disso, quando são organizadas, convertem-se em subsídios às
tomadas de decisões. Essa possibilidade está relacionada à capacidade humana de apreender as variadas
informações e organizá-las a fim de proporcionarem vantagens competitivas às organizações.
REFLEXÃO
A organização é a maneira pela qual a sociedade consegue que as coisas sejam feitas. E a Administração é
a ferramenta, a função ou o instrumento que torna as organizações capazes de gerar resultados e produzir
o desenvolvimento (CHIAVENATO, 2003, p. 612).
capítulo 1 q27
CONCEITO ATENÇÃO
Terceirização Com tal situação, as empresas multinacionais estão conseguindo maior efetividade
A terceirização ou outsourcing é uma global em detrimento da diminuição de seus negócios somente centrados na expor-
necessidade do atual mercado, por se tação. Circunstância que propulsiona as estratégias peculiares dessas empresas,
tratar de atividades com o intuito de como: ampliação do poder de operacionalização, maior geração de receita fora do
otimizar o custo e a constante melhoria país matriz, credibilidade e consequente visibilidade da marca, redimensionamento
da qualidade de serviços e/ou produtos. da cadeia de suprimentos e da empregabilidade local.
Geralmente, utiliza-se para atividades
volumosas de empresas que têm signi- As empresas nacionais contam com uma experiência sobre crises, pois
ficante potencial produtivo. conviveram muitos anos com trocas de moedas e contínuos ajustes econô-
micos, embora a dinamicidade do mundo esteja muito efervescente.
Além do mais, as empresas nacionais contam com um considerável
CONCEITO senso de criatividade, criticidade e improviso, comum do seu povo, para
contornar as mais diferentes problemáticas e adversidades, cotidiana-
Quarteirização mente, apresentadas como surpresas do mercado.
A quarteirização emerge do processo Não poderíamos deixar de ratificar a eloquência da tecnologia, no seu
de terceirização, ou seja, as atividades cerne, como organização potencial — tendência do mercado — materiali-
que deveriam ser desenvolvidas por zada na empresa virtual. Com característica bem distinta pela sua concen-
uma empresa contratada passam a ser tração e na maioria das vezes sem nenhuma divisão de departamentos.
desenvolvidas por outra empresa, por se Segundo Robbins (2006), a organização virtual tem uma “estrutura
tratar de outra contratada pela empresa, altamente centralizada, com pouca ou nenhuma departamentalização
inicialmente contratada, para provisio- e grande recurso à terceirização para muitas das principais funções da
nar tais atividades. organização.” (p. 189)
Vale ressaltar que conviver com os desafios de lidar com a terceirização
(outsourcing) e/ou quarteirização é mais um, dentre vários, enigmas e
incógnitas inquietantes para as empresas em um mercado muito com-
petitivo e compulsivo por permanentes inovações.
28 qcapítulo 1
ATENÇÃO
Não se pode caracterizar um perfil ideal de empresa na atualidade. Porque as empresas atuais carecem
de empreender estratégias para lidar melhor com tantas situações problematizadoras da sociedade global.
Mas, entende-se por obstinação para sua prospecção, a imperiosa condição de ser mais criativa, crítica,
inovadora, resiliente e proativa.
REFLEXÃO
A prática da Administração exige o conhecimento da organização inteira, permitindo a compreensão dos
reflexos que as decisões e ações dos administradores têm sobre toda a organização, uma vez que tais
decisões são tomadas no topo, e se espalham de cima para baixo (DRUCKER, 2001).
Desafios à Administração
REFLEXÃO
O importante é percebermos que nosso modo habitual de pensar e perceber não é o único possível, nem
tampouco um que venha acontecendo há muito tempo. É o modo pelo qual passamos a pensar, pelo qual
passamos a perceber (BARFIELD, Owen. History, Guilty and Habit.Wesleyan University Press, 1979, p.74).
Inicialmente, parafraseando Sócrates: “uma vida sem desafios não vale a pena ser
vivida”. O principal desafio da Administração está no resgate do ser humano, porque
capítulo 1 q29
antes de qualquer premissa precisa-se de pessoas melhores. Acredita-se que pessoas
melhores terão percepções mais abrangentes e se tornarão administradores e ges-
tores mais responsáveis e comprometidos; assim, favorecendo as empresas e todo o
horizonte profissional.
Em outra visão, a competição de todas as formas também se torna um fator assustador
e cada vez mais incontrolável. O que precisa ser mais bem pensado e realizado não é exter-
minar a competição, e sim fazer com que a competição não se desenvolva em detrimento
da cooperação. Pois, entende-se que a cooperação deve favorecer, mutuamente, a competi-
tividade de maneira interessante às partes.
O desafio à Administração está na mudança de pensamento dos administradores e
também da Administração. Por isso, os administradores precisam entender melhor as
novas tendências, logo proporcionando às empresas manterem-se contingentes para
com essas intensas mudanças.
REFLEXÃO
A reforma do conhecimento exige a reforma do pensamento. A reforma do pensamento exige um pensa-
mento que possa religar os conhecimentos entre si, religar as partes ao todo, o todo às partes, e que possa
conceber a relação do global com o local, do local com o global. Nossos modos de pensar devem integrar
um vaivém constante entre esses níveis (MORIN, 2013, p. 184).
Da mesma forma, essa mudança deve acontecer nas instituições formativas, principal-
mente na formação inicial (graduação), em que as instituições devem procurar mostrar o
quanto a Administração é necessária e abrangente, fator que demanda novas competên-
cias e habilidades, inclusive sobre outras áreas do conhecimento.
Sob outro prisma, a economia global tem passado por constantes mudanças (JOHN-
SON, 1993). A mesma situação tem ocorrido com as empresas, as quais estão buscando
maior flexibilidade para conviverem com os seus instáveis ambientes; desse modo, mudan-
ças e perspectivas refletem as transformações ocorridas na economia.
Essa é uma questão que vem problematizando todos os países política e economica-
mente. Indiferentemente, os governos e as empresas constantemente vêm buscando alter-
nativas para tentarem conviver melhor com tanta vulnerabilidade.
ATENÇÃO
O problema da Administração contemporânea está, justamente, na ineficaz capacidade de manter interli-
gadas todas as variáveis da sociedade, assim provendo um pensamento administrativo e/ou empresarial
possível de enfrentar com mais naturalidade todos os desafios da complexidade do mundo real.
As soluções estão muito menos em fórmulas padrões e/ou receitas únicas e absolu-
tas; mas, sim, em proposições multivariadas inovadoras em conformidade com diag-
nósticos mediante abordagens complexas, sistêmicas e contingenciais que devem se
tornar comuns às organizações.
Para Chiavenato (2003) a Administração “é considerada uma criadora de novas opor-
tunidades. Modernamente, percebe-se que é a Administração que produz e impulsiona o
30 qcapítulo 1
desenvolvimento econômico e social: o desenvolvimento econômico e CONCEITO
social é o resultado direto e concreto da Administração” (p. 613).
Na era da informação, os valores se invertem, o capital financeiro dá Capital intelectual
lugar ao capital intelectual, o qual passa a significar o indispensável re- Constitui a matéria intelectual utiliza-
curso às organizações; assim, representando a sua maior riqueza. da para gerar riqueza, que é o produto
Mudanças são premências orgânicas para o desenvolvimento das do conhecimento. É difícil identificá-lo,
empresas. Porém, referem-se às mudanças política, cultural, tecnológi- distribuí-lo de forma eficaz. Na eco-
ca e, acima de tudo, das pessoas, a fim de tornarem as empresas propen- nomia atual compramos e vendemos
sas a entenderem a importância de estar, contingencialmente, buscan- conhecimento, não são mais os pro-
do as novidades para adequá-las à própria empresa e vice-versa. dutos e serviços, puros e simples, nem
mesmo os recursos naturais os frutos
RESUMO de renda da economia, mas sim a inte-
ligência, a capacidade mental utilizada
Na contemporaneidade, a Administração se relaciona com o processo de expansão para desenvolvê-los.
do capitalismo, com a crescente concentração de capitais e, ainda, com o apareci-
mento e disseminação das grandes corporações, o que exige considerável capaci-
dade efetiva de gerenciamento de recursos humanos, de tecnologias, dos sistemas
de produção e de distribuição das mercadorias.
capítulo 1 q31
mudanças e inovações. Portanto, entender e lidar com as mudanças constantes tornam-se
condições imprescindíveis para o desenvolvimento e, realmente, o nosso desafio.
Considerações finais
Pode-se concluir que a Administração aliada à informação busca seu modus vivendi para
enfrentar as constantes incertezas peculiares do mundo globalizado.
Essas indeterminações variadas estão associadas à instabilidade do mercado. Essa situa-
ção instável e indesejável do mercado faz com que a sociedade, orientada pelo mercado, fique
da mesma forma, sempre dependente e desestabilizada.
Numa pertinente retrospectiva, mergulhando na historicização da Administração, per-
cebe-se que as técnicas, as estruturas, as pessoas, os sistemas e a tecnologia se convergem
e, especialmente, compreendem a unidade necessária e capaz de potencializar, tanto à Ad-
ministração quanto ao administrador, uma visão e decorrente capacidade proativa para
lidar com as frequentes transformações.
Indiscutivelmente são muitos os desafios advindos da era da informação, no entanto
somente se tornarão contornáveis, positiva e favoravelmente, quando forem entendidos
como precípuos aliados e, essencialmente, propulsores do desenvolvimento sustentável
provedor de responsabilidade socioambiental tão necessário à sobrevivência do planeta.
Além do mais, observa-se que as empresas vêm buscando reorientações para se man-
terem mais harmônicas com as tendências do mercado global/local. Possibilidades essas
capazes de favorecer suas perspectivas, sobretudo por se manterem consonantes com as
expressivas variáveis — política, social, econômica, ambiental e cultural — que tanto pro-
porcionam um desenvolvimento mais sustentável.
Independentemente do setor (1º, 2º e 3º) a que pertencerem as empresas, a ética e o pro-
fissionalismo devem se converter no fator essencial para seu desenvolvimento; assim, em
procedentes condições possíveis de proporcionar-lhes mais credibilidade e visibilidade.
Além disso, as teorias da Administração sempre corresponderam às problemáticas das
organizações; logo, proporcionando-lhes novas alternativas. Situação comum e não dife-
rente às organizações atuais, em que as variadas áreas da Administração integradas a ou-
tras áreas de conhecimento continuam na busca incessante por inovações.
Nessa mesma ótica, acredita-se que os desafios da era da informação devem se conver-
gir em alternativas providenciais para a Administração frente ao delicado e suscetível qua-
dro atual, conjuntura que requer um alerta permanente no que se refere aos inesperados
acontecimentos globais.
Tem-se por certeza que a Administração representa o eixo primordial e capaz de im-
pulsionar o desenvolvimento mais qualitativo das empresas, as quais são dependentes de
um mercado volátil que convive, continuamente, com imensuráveis desafios para o próprio
progresso da sociedade contemporânea.
Finalmente, constatou-se que os fatos sempre denotaram que a Administração é funda-
mental à prosperidade da sociedade. Atualmente, não é diferente e, muito pelo contrário,
a Administração estabelece-se necessária e proativamente em todas as organizações com o
objetivo de prover estratégias contingenciais — imperativo diante dos desafios do mercado
e da sociedade global e local.
32 qcapítulo 1
BIBLIOGRAFIA
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capítulo 1 q33
IMAGENS DO CAPÍTULO
p. 10 Peter Drucker p. 22 Jules Henri Fayol
Jeff McNeill · Wikimedia . dp Autor desconhecido · Wikimedia . dp
p. 21 Henry Ford
Library of Congress · Wikimedia . dp
p. 21 T-Model Ford
Longhair · Wikimedia . dp
34 qcapítulo 1
2 Conceitos
fundamentais
É ainda muito comum nos dias de hoje uma grande parcela desinformada da população
acreditar que administrar é coisa fácil, é algo que qualquer um pode fazer e ter sucesso.
Isso porque quase todas as pessoas desempenham, constantemente, tarefas de admi-
nistração. As pessoas diariamente administram a utilização de seus recursos, sejam eles
financeiros, materiais, tecnológicos, humanos ou intangíveis (conhecimento, tempo, es-
paço), para atingir seus objetivos.
Contudo, administrar organizações é diferente, não basta o conhecimento empírico, su-
perficial, para saber conduzir um grupo de pessoas para atingir determinado fim. Exige uma
variedade muito maior de papéis para levar a organização a seus objetivos estabelecidos.
Diferentemente do que uma minoria pensa, um bom administrador não nasce pronto.
Inúmeros casos de fracasso gerencial e organizacional são em virtude desse pensamento
de que administrar é fácil e que qualquer um pode fazê-lo.
Pesquisas realizadas pelo Sebrae sobre a mortalidade das empresas até 2004, aponta-
vam que de cada 10 pequenas empresas abertas no Brasil, apenas duas sobreviviam até o
quinto ano de vida. Isso equivalia a 80% de empresas falidas.
As principais razões para esses fracassos eram a falta de conhecimento, a incompetên-
cia para se relacionar com o mercado, fidelizar clientes e expandir negócios e a falta de
estratégias de curto, médio e longo prazo.
Em recente pesquisa divulgada em 2013, o Sebrae constatou que esses números melho-
raram e que a taxa de sobrevivência das empresas, considerando os dois primeiros anos de
sua existência, passou a ser de 75,6%, sendo 24,4% a mortalidade.
ATENÇÃO
Visando a diminuir essas incidências de fracasso que ainda são expressivas, este capítulo tem o objetivo
de fornecer os conceitos fundamentais ou básicos, necessários para a iniciação e entendimento daqueles
que aspiram ser administradores.
Mais do que os conceitos, ele apresenta, também, os papéis, as habilidades e as competências necessárias
para se entender a essência da natureza do trabalho de um administrador, além de descrever aspectos
fundamentais para que o negócio seja sustentável.
36 qcapítulo 2
Enquanto as organizações eram de tamanho pequeno, não sofriam quase impactos do
ambiente externo e não apresentavam muitas dificuldades e desafios a enfrentar; adminis-
trar era considerado algo relativamente fácil.
A partir do momento que seu tamanho e complexidade aumentaram, que o ambiente
que atua passou a ser mais exigente, que o número de funcionários aumentou e a compe-
titividade ficou mais acirrada, surgiu a necessidade de que a Administração fosse tratada
como Ciência, de modo que com o surgimento de uma Teoria da Administração, os diri-
gentes (gestores) teriam modelos e estratégias adequados a seguir para a solução de seus
problemas organizacionais.
Organizações
Segundo Sobral e Peci (2008, p.4): “As organizações são grupos estruturados de pessoas que
se juntam para alcançar objetivos comuns.” Podem ser formais ou informais:
q 0SHBOJ[B¥FT GPSNBJT quando são estabelecidas por estruturas, regimentos etc., como no
caso das igrejas, forças armadas, empresas.
q 0SHBOJ[B¥FTJOGPSNBJTquando se juntam sem exigências burocráticas para determinado fim,
que pode ser provisório ou não, como grupos para jogar futebol, vôlei etc.
Toda organização tem um propósito, uma finalidade, uma missão. É a razão de sua
existência. Para conseguir alcançá-la, é necessário desenvolver uma estrutura com regras,
procedimentos, cargos, funções e responsabilidades, capaz de suportá-la e lhe prover o ar-
cabouço necessário para atingir seus objetivos.
As organizações podem ser de vários tamanhos e existem com a finalidade de fornecer
todos os tipos de produtos e serviços.
Empresas
Administração
capítulo 2 q37
Administração é um processo que consiste na coordenação do trabalho dos membros da organiza-
ção e na alocação dos recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos de uma
forma eficaz e eficiente.
q &GJDJ¢ODJB é fazer a coisa de forma correta, utilizando o mínimo de recursos possíveis. O foco
está nos meios, isto é, na utilização ponderada e econômica dos recursos organizacionais.
q &GJDªDJBé atingir os resultados, alcançar os objetivos estabelecidos. O foco está nos fins,
nos resultados.
Conforme afirmam Sobral e Peci (2008, p.5): “(...) Uma administração de sucesso consiste
em obter simultaneamente eficácia e eficiência na utilização dos recursos organizacionais”.
Logo, não basta ser eficiente, se não for eficaz¹. Assim como também não basta ser efi-
caz se a empresa não for eficiente².
¹ No primeiro caso, a empresa utiliza com maestria seus recursos, reduzindo seus gastos e evitan-
do desperdícios, mas não consegue atingir seus objetivos, ou seja, todos os esforços foram em vão.
² No segundo caso, a empresa atinge seus objetivos sem se preocupar com a forma que
conseguiu isso, ou seja, pode ter sido de forma ineficiente, desperdiçando recursos, ou até
mesmo de forma ilegal.
Portanto, o sucesso da empresa só está garantido se ela for eficiente e eficaz ao mesmo
tempo, como mostra a figura 1:
SUCESSO EMPRESARIAL
Figura 1 — Administração Eficiente x Administração Eficaz
38 qcapítulo 2
Administradores
De acordo com Sobral e Peci (2008, p.6): “Os administradores ou gestores são os membros
que têm como função guiar as organizações de forma alcançar seu propósito.”
Para atingir esses objetivos, eles decidem onde e como aplicar os recursos. Então,
nem todas as pessoas que trabalham na organização são administradores. Os adminis-
tradores coordenam as atividades de outras pessoas. São eles os diretores, gerentes,
supervisores, líderes de equipes.
Já aqueles que só executam as tarefas que lhes são solicitadas não são administradores,
mas, sim, funcionários, subordinados, trabalhadores, operários, empregados ou, como
são chamados atualmente, colaboradores ou parceiros.
Sobral e Peci (2008, p.4) ainda reforçam dizendo:
Em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, o sucesso ou insucesso das organizações
depende da qualidade de sua administração. São os administradores que estabelecem objetivos e
guiam a organização de forma a alcançá-los. São também eles que preparam a organização para a
mudança, procurando adaptá-la a um ambiente cada vez mais dinâmico e imprevisível.
Como pode se notar pela citação anterior, em um mundo cada vez mais globalizado e com-
petitivo, principalmente por conta de ferramentas como a internet, é primordial para as organi-
zações que aspiram ao sucesso que os administradores sejam mais bem preparados e atentos
às diversas demandas advindas tanto do ambiente interno quanto do externo à empresa.
Essa competição muitas vezes desmedida e até mesmo “destrutiva” para se obter mais
fatias do mercado (marketshare) nos mostra que hoje não há mais espaço para amadores.
REFLEXÃO
Mas, então, como ficam os empreendedores que estão começando o seu negócio?
Aqueles que não tiverem conhecimento e prática em administrar terão de ter a humildade para pedir ajuda
aos órgãos ou pessoas preparadas para tal (Cursos Superiores e Tecnológicos de Administração, Cursos
Superiores de Tecnologia em Gestão, Universidades em geral, Sebrae, Senai, Senac, Consultorias, profis-
sionais da área etc.), pois o percentual considerado de fracassos e falências das empresas nos primeiros
anos do negócio dá-se, principalmente, pela falta de preparo e conhecimento em administrar. Mesmo
aqueles que possuem tais conhecimentos precisam ser humildes e pedirem ajuda quando necessitarem.
Nível organizacional
capítulo 2 q39
AUTOR tempo com o planejamento e organização do que nos demais níveis (tá-
tico ou gerencial e operacional ou supervisão).
Henry Mintzberg
Henry Mintzberg es- Tipo de organização
creve sobre estraté-
gia de Gerência e de As organizações podem ser lucrativas (empresas) e não lucrativas
Negócios, com mais (Forças Armadas, Igreja, Serviço Público, Entidades Filantrópicas,
de 140 artigos publi- Organizações Não Governamentais — ong etc.). No caso dessas or-
cados e treze livros no seu nome. Seu ganizações que não visam lucro, os objetivos para os administrado-
mais produtivo livro, Ascensão e queda res são mais difíceis de definir, como a efetividade de suas ações, a
do planejamento estratégico, critica al- equidade e a justiça.
gumas das práticas de hoje do planeja- Entende-se por efetividade quando os resultados alcançados de
mento estratégico e é considerado leitu- forma eficiente pela organização trazem impactos positivos para seus
ra essencial para qualquer um que queira clientes que, na maioria das vezes, é a própria sociedade.
fazer parte do processo de tomada de Em outras palavras, não adianta construir uma ponte de forma efi-
decisões dentro de sua organização. ciente (conforme projetada e com o mínimo de recursos possíveis) e
dentro do prazo estabelecido, se ela estiver ligando nada a nada, ou seja,
não há efetividade na ação.
Dimensão da organização
Papéis do administrador
40 qcapítulo 2
REFLEXÃO AUTOR
Mintzberg estudou detalhadamente cinco administradores de alto nível. Como con- Chiavenato
clusão de sua pesquisa, Mintzberg salientou os seguintes aspectos sobre a natureza Idalberto Chiavenato é um dos autores
do trabalho do administrador: nacionais mais conhecidos e respeita-
q "TBUJWJEBEFTEPHFSFOUFT¨PNVJUPWBSJBEBT SFHVMBSFT
QSPHSBNBEBTFO¨PQSP- dos nas áreas de Administração de Em-
gramadas) e não obedecem à sequência racional das funções administrativas (pla- presas e de Recursos Humanos, tendo
nejar>organizar>dirigir>controlar); seus livros utilizados por administrado-
q 0BENJOJTUSBEPS£
BPNFTNPUFNQP
VNHFOFSBMJTUBFVNFTQFDJBMJTUB
PVTFKB
res no Brasil, nos países da América
deve ter uma visão holística e sistêmica e, simultaneamente, ser capaz de analisar Latina, em Portugal, na Espanha e nos
situações específicas; países africanos de língua portugue-
q "JOGPSNB¥¨P£PJOTVNPQSJODJQBMQBSBUPNBEBEFEFDJT¨P
QSJODJQBMNFOUFBRVF sa. Atualmente, Chiavenato atua como
se recebe verbalmente; conselheiro no Conselho Regional de
q "TBUJWJEBEFTEPTBENJOJTUSBEPSFTT¨PDBSBDUFSJ[BEBTQPSSBQJEF[
WBSJFEBEF Administração do Estado de São Pau-
e fragmentação; lo (CRA-SP), é presidente do Instituto
q 0USBCBMIPBENJOJTUSBUJWP£NBJTBSUFEPRVFDJ¢ODJBFTFCBTFJBNVJUBTWF[FTFN Chiavenato de Educação.
processos intuitivos e na sensibilidade do que é certo;
q 0USBCBMIPBENJOJTUSBUJWP£DBEBWF[NBJTDPNQMFYP
PCSJHBOEPPBENJOJTUSBEPSB
saber lidar com os diversos paradoxos que se apresentam.
Papéis Interpessoais
Representam as relações com pessoas de dentro e de fora da organização:
funcionários, chefes, diretores, clientes, fornecedores, acionistas etc. Os
papéis interpessoais incluem os de:
• Símbolo ou Representação — o gerente age como um símbolo e
representa a organização (relações públicas). Acompanha visitantes, as-
sina documentos legais, fala em público, comparece a solenidades;
capítulo 2 q41
• Líder — dirige as atividades dos subordinados: motivando, persuadindo, orientando,
aconselhando, treinando, levando-os à realização dos objetivos da organização;
• Elemento de ligação — envolve a rede de relacionamentos que o gerente deve manter, tanto
dentro como fora da organização, e que permite o intercâmbio de informação. Acompanhamen-
to da correspondência, construção de coalizões de alianças, integração de sua equipe a outras.
Papéis Informacionais
Descrevem as atividades usadas para manter e desenvolver informações, envolvendo a co-
leta, o processamento e a comunicação de informações. Os três papéis informacionais de-
sempenhados pelos administradores, segundo Mintzberg, são:
• Monitor — envolve a necessidade e a capacidade de obter informações sobre a orga-
nização e seu ambiente de saber lidar com essa variedade de fontes de informação: revistas,
relatórios, contatos pessoais, participação em eventos;
• Disseminador — responsável pela disseminação interna da informação, seja ela ex-
terna ou de um subordinado para outro. Reuniões formais ou informais com grupos, tele-
fonemas e e-mails informativos, memorandos e relatórios;
• Porta-voz — envolve a transmissão da informação de dentro para fora da organização.
Fala oficialmente em nome da organização. Comunicados de imprensa, entrevistas à mí-
dia, participação em reuniões de acionistas.
Papéis Decisórios
Envolvem todos os eventos e situações que implicam a tomada de decisão. Os quatro pa-
péis decisórios identificados por Mintzberg são:
• Empreendedor — o gerente identifica oportunidades de novos negócios e inicia e
planeja mudanças para a melhoria da organização. Inicia projetos, assume riscos, realiza
reuniões de brainstorming com os funcionários, entre outras iniciativas;
• Solucionador de conflitos — o gerente resolve situações de distúrbios que estão par-
cialmente fora de controle gerencial. Atua em eventos imprevistos, implementa ações cor-
retivas em casos de disputas ou crises, resolve conflitos entre os subordinados, adapta a
equipe a mudanças e crises;
• Administrador de recursos — esse papel está presente em praticamente qualquer
decisão do gerente. Segundo Mintzberg, envolve a administração do próprio tempo, a pro-
gramação do trabalho alheio e a autorização das decisões tomadas por terceiros. O gerente
decide a quem atribui os recursos organizacionais, além de planejar, programar, orçar e
estabelecer prioridades para os mesmos;
• Negociador — consiste em representar a organização nas principais negociações.
Negociação com sindicatos, clientes, credores, empregados e instituições financeiras.
42 qcapítulo 2
RESUMO AUTOR
CATEGORIA INDICAÇÃO PAPEL
Robert Katz
Interpessoal Como o administrador q TNCPMPPVSFQSFTFOUB¥¨P
interage com as pessoas q MEFS Robert Katz foi o responsável por um dos
e influencia seus q FMFNFOUPEFMJHB¥¨P primeiros estudos a respeito das habili-
subordinados.
dades necessárias para se ter uma boa
Informacional Como o administrador q NPOJUPS liderança. Foi professor em Harvard e
intercambia e processa a q EJTTFNJOBEPS Stanford e também dirigiu empresas e
informação. q QPSUBWP[
atuou como consultor.
Decisório Como o administrador q FNQSFFOEFEPS
utiliza a informação em q TPMVDJPOBEPSEFDPOGMJUPT
suas decisões. q BENJOJTUSBEPSEFSFDVSTPT
q OFHPDJBEPS
EXEMPLO
Por exemplo, o administrador de uma pequena empresa dará mais importância às
ações para o exterior, de modo a obter novas oportunidades de negócios, priorizan-
do, assim, o papel de porta-voz.
Já o de grandes empresas priorizarão as ações direcionadas para o interior, como a alo-
cação de recursos a equipes. Por outro lado, à medida que o administrador sobe na hie-
rarquia (nível operacional > tático > estratégico), seu papel de líder diminui ao passo que
o papel de monitor aumenta.
Habilidades do administrador
capítulo 2 q43
• Habilidades técnicas — consiste na capacidade do administrador para utilizar fer-
ramentas, métodos, técnicas e equipamentos necessários para o desempenho de tarefas
específicas, por meio da experiência e educação. São muito importantes para o nível ope-
racional;
• Habilidades humanas — consiste na capacidade do administrador para trabalhar
com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e liderar grupos de pes-
soas. São muito importantes para todos os níveis da organização;
• Habilidade conceitual — consiste na capacidade do administrador para compreen-
der a complexidade da organização como um todo e o ajustamento do comportamento de
suas partes. Essa habilidade permite analisar e interpretar situações abstratas e comple-
xas. São muito importantes para o nível institucional ou estratégico.
Conforme ilustra a figura 3, e afirma Katz, na medida em que se sobe para os níveis mais
elevados da organização, diminui a necessidade de habilidades técnicas, enquanto aumenta
a necessidade de habilidade conceitual. Já as habilidades humanas são igualmente impor-
tantes em todos os níveis hierárquicos, pois é fundamental saber lidar com as pessoas.
Nível institucional
ou estratégico
Nível intermediário
ou gerencial
Nível operacional
ou supervisão
ATENÇÃO
Principais habilidades: pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Administração (CFA), em 2011, apon-
ta como as principais habilidades que um administrador as seguintes: o relacionamento interpessoal, a
visão do todo, o preparo para a liderança, a criatividade e a inovação.
44 qcapítulo 2
Competências do administrador
ATENÇÃO
Principais competências: pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Administração (CFA), em 2011,
aponta como as principais competências que um administrador deve possuir as seguintes: identificação de
problemas, formulação e implantação de soluções, enfrentar desafios e solucionar conflitos. Como atitudes
desejáveis, sobressaem o comprometimento, o comportamento ético e o profissionalismo.
capítulo 2 q45
Quando não há a interação da organização com seu ambiente externo, ela é considera-
da um sistema fechado, ou seja, voltada para dentro de si mesma, única e exclusivamente
para seus processos internos.
Contudo, as organizações não são autossuficientes, elas precisam dos insumos do ambien-
te externo (matérias-primas, recursos humanos, capital, produtos e serviços) para produzir, as-
sim como os resultados por elas produzidos (bens ou serviços) terão repercussão nesse ambien-
te em que elas estão inseridas. Esse mesmo ambiente lhe retornará informações (feedback) que
indicará como elas deverão se adaptar adequadamente para atender às demandas externas.
Sustentabilidade do negócio
Em primeiro lugar, é preciso não confundir o que algum tempo atrás se chamava de
longevidade do negócio (sobrevivência, perpetuidade) com o conceito atual de sustentabi-
lidade do negócio.
Para o negócio ser sustentável, a empresa precisa crescer e fazer com que parte da so-
ciedade com o qual interage e também o meio ambiente cresçam junto com ela. É o que
chamamos de responsabilidade social da empresa.
O desenvolvimento sustentável é hoje um objetivo global. A sustentabilidade apoia-se
sempre em três pilares, como mostra a figura 5:
• Econômico — os resultados da empresa devem incluir, além do lucro, ganhos am-
bientais e sociais; caso contrário, sua imagem ficará arranhada;
• Social — respeito pelos direitos humanos, pela cidadania, pela soberania e pelo de-
senvolvimento econômico local;
• Ambiental — produção mais limpa e matérias-primas menos tóxicas, a fim de reduzir
o impacto ao meio ambiente.
Social A Socioeconômico
B Ecoeficiência
A C
D C Socioambiental
Econômico B Ambiental D Negócio Sustentável
46 qcapítulo 2
Identificação do negócio
EXEMPLO
Antigamente os proprietários da enciclopédia Barsa definiam seu negócio
como “Venda de enciclopédias” (por produto), hoje seu negócio é “Distribuir
informação” (por mercado).
Considerações finais
O estudo da Administração possui natureza multidisciplinar e interdisciplinar dos funda-
mentos conceituais da disciplina, além da mesma estar presente no dia a dia e na realidade
de cada pessoa, empresa, ou grupo.
Logo, para o administrador ser bem-sucedido é preciso interagir com outras disci-
plinas como Psicologia, Antropologia, Filosofia, Direito, Contabilidade, Economia, Esta-
tística, Ciência Política, Ética, Engenharia de Produção e Logística, contextualizando-se
dos principais aspectos dessas disciplinas para poder entendê-los e interpretá-los à luz
da ciência da Administração.
Como a natureza de seu trabalho varia de acordo com os papéis que desempenha, das
habilidades que possui e das competências que lhes são requeridas, seu padrão de compor-
tamento será fundamental para o sucesso da organização.
Para uma administração bem-sucedida, todos esses conceitos e interpretações têm de
estar interligados, integrados de forma sinérgica, ou seja, agregando valor.
Cada uma das funções administrativas (planejar, organizar, dirigir e controlar), que se-
rão vistas em capítulo mais adiante, precisam das demais para criar uma base sólida de sus-
tentação às áreas funcionais da Administração (Operações, Marketing, Recursos Humanos
e Finanças). Essas, por sua vez, precisam estar bem integradas, de modo a alimentar com
informações importantes umas às outras, permitindo, dessa forma, que cada uma tome
decisões certeiras e fundamentadas em suas áreas, diminuindo no que for possível a possi-
bilidade de erros ou equívocos.
Nos dias de hoje, o sucesso da empresa não está pautado somente por ela ser eficiente
e eficaz, é preciso que ela também seja sustentável. Sua imagem perante a sociedade,
capítulo 2 q47
sua responsabilidade social e sua interação com o meio ambiente são fundamentais para
que haja êxito em suas ações. Além disso, o administrador precisa humanizar as organi-
zações, para que estas sejam efetivamente comprometidas com seus objetivos, visto o
capital humano ser o principal ativo de qualquer organização.
Resumindo, a Administração atual não pode significar apenas supervisionar pessoas,
departamentos, finanças nem se restringir às funções do administrador, mas conforme
Chiavenato (2008, p.17), “significa conduzir toda uma organização em direção a objetivos
previamente definidos, para obter resultados concretos e alcançar sucesso e sustentabili-
dade ao longo do tempo”. Para isso, uma boa administração tem de ser sistêmica e deve
haver sinergia entre todas as partes (internas e externas) envolvidas.
ATIVIDADE
Questões para reflexão e discussão em sala de aula
1. Diferencie os termos “Organização”, “Empresa” e “Administração”.
2. Quais as características principais que um administrador deve possuir para que sua organização tenha sucesso?
3. Como se diferencia o trabalho do administrador em relação ao nível organizacional que atua?
4. Como se diferencia o trabalho do administrador em relação ao tipo e dimensão da organização?
5. Diferencie “Eficiência” de “Eficácia”. Qual a mais importante para o desempenho da organização?
6. Explique o papel do administrador na empresa.
7. Se você vier a administrar uma pequena empresa, a que papéis você deverá dar mais importância? Por quê?
8. O que são as habilidades técnicas, humanas e conceituais?
9. Explique como se dá a relação entre as habilidades necessárias ao administrador, de acordo com o nível
organizacional em que atua.
10. Por que uma organização deve ser encarada como um sistema?
11. O que é um negócio sustentável?
12. Se você for abrir um negócio novo, qual será a definição desse negócio? Por quê?
48 qcapítulo 2
BIBLIOGRAFIA
CHIAVENATO, Idalberto. Administração para não administradores: a gestão de negócios ao alcance de todos. São
Paulo: Saraiva, 2008.
__________. Administração: teoria, processo e prática. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
KATZ, Robert L. Skills of an effective administrator. Harvard Business Review, p. 33-42. Jan./Feb. 1955.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à administração. 6ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2004.
MINTZBERG; Henry. The nature of managerial work. New York, & Row Publishers, 1973.
SOBRAL, Felipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
www.cfa.org.br
www.sebrae.com.br
IMAGENS DO CAPÍTULO
p. 40 Ascensão e queda do planejamento estratégico
Divulgação · Editora Bookman
p. 47 &ODJDMPQ£EJB#BSTB
Autor desconhecido · www.estadao.com.br
capítulo 2 q49
3 O ambiente
organizacional
REFLEXÃO
Em todo o mundo, existe a consciência de que o ambiente é uma questão sistêmica, que envolve todas as
nações e o comportamento de cada pessoa. Praticamente, todas as necessidades humanas precisam ser
atendidas por algum tipo de produto ou serviço que cobra um preço da natureza. Sem limites, a produção
de bens e serviços acabará comprometendo a capacidade de renovação dos recursos naturais e a quali-
dade da vida. No extremo, a sobrevivência da espécie humana ficará comprometida pelo atendimento de
suas necessidades (MAXIMIANO, 2007, p. 409).
Inicialmente, faz-se necessário valorizar o ambiente global onde as fronteiras não repre-
sentam mais limites e que o desenvolvimento das ciências, as diferenças — políticas, sociais,
econômicas, ambientais, culturais — e as tecnologias tanto nos proporcionam e nos fazem
cada vez mais entender a importância do todo e de suas partes como uma unidade: ambiente.
Para Morin (2013), na contemporaneidade, o ambiente deixa de ser uma unidade unica-
mente territorial para ser entendido como uma realidade organizadora.
São com essas características e representações ambientais que devemos começar a
compreender o ambiente — mercado e sociedade — que tanto se (re)orienta continuamen-
te, assim contribuindo para se redimensionar a sociedade contemporânea.
O ambiente organizacional, com base nessa dimensão, deve passar a ser o cenário dos
fatos reais e também imaginários e, especialmente, das necessidades capazes de promover
o desenvolvimento do mercado e, consequentemente, da sociedade para um planeta me-
lhor para todos.
Evidencia-se que tal condição se relaciona com as proposições orientadoras apresen-
tadas no Capítulo 1, no que concerne, na contemporaneidade, se trabalhar em harmonia
com a visão — sistêmica e complexa —, assim, ratificando a sua importância para entender
melhor a dinâmica do mercado e da sociedade.
Nesse aspecto, a cultura organizacional mostra-se como protagonista importante capaz
de promover criativa e criticamente as necessidades orgânicas às organizações.
Em um profundo mergulho histórico na cultura, embora mostrando total atualidade e
sua conformidade com a nossa visão, para Tylor (1912), Cultura é “um todo complexo que
52 qcapítulo 3
inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade
ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade (p. 46)”.
Na sociedade atual, a Cultura transfigura-se em um quesito extremamente significativo;
portanto, o que mais afeta os ambientes é, justamente, a sua carência e/ou ausência. A cul-
tura limitada é um dos fatores que mais atrapalham o desenvolvimento das organizações
e, certamente, dos países.
A cultura organizacional, com base nos ambientes interno e externo, favorece o enten-
dimento da importância da transparência no ambiente organizacional para as necessárias
políticas que precisam ser demandadas para atender um mercado extremamente compe-
titivo e insustentável.
O ambientalismo é outra interessante ramificação que vem instituindo-se por meio de
diferentes movimentos (ambientalistas, estudantis, black blocks, rolezinhos etc.), demons-
trando a magnitude da especialidade, inclusive por meio da tecnologia da informação, lan-
çando novas concepções sobre a territorialidade.
REFLEXÃO
O chip de silício e outros avanços na informática alteraram permanentemente as economias mundiais e,
como em breve demonstraremos, o modo como as pessoas trabalham. A eletrônica digital, o armazenamento
ótico de dados, os computadores mais poderosos e portáteis que podem comunicar-se entre si estão mudan-
do a maneira como a informação é criada, armazenada, utilizada e distribuída (ROBBINS, 2006, p. 7).
capítulo 3 q53
Ambiente organizacional
REFLEXÃO
Todas essas instituições necessitam de uma Administração, órgão eficaz e ativo que faz com que haja
desempenho. Nenhuma instituição existiria sem Administração. A Administração é a função ou processo
específico da instituição moderna, cujo desempenho determina o funcionamento e a própria sobrevivência
da entidade (GARRET; TACHIZAWA, 2006, p. 26).
Definições
54 qcapítulo 3
Assim, a relevância do ambiente organizacional associa-se, necessariamente, a toda
teoria e conceitos sobre as gestões. Essa condição favorece tal construção com base na
observação mediante situação real e consequente análise do funcionamento operacional
das organizações.
O ambiente organizacional deve ser caracterizado e desenvolvido com base na concep-
ção de totalidade, a qual necessita para se empreender com mais coerência a visão sistêmi-
ca e complexa sobre o panorama global das organizações e também promover a formação
humana. Portanto, “o dado fundamental para se entender o ambiente de uma organização
é que ela cria incerteza potencial” (ROBBINS, 2006, p. 89).
Sob essa ótica, Mariotti (2007) concebe o ambiente, em sua totalidade, convertendo-o
em base sólida para se buscar novos horizontes, onde o ser humano deve manter-se prota-
gonista de seu processo formativo, assim contribuindo com a organização:
Para Nonaka e Takeuchi (1997), a organização vive se recriando e ao mesmo tempo des-
truindo o seu próprio sistema de conhecimento, logo encontrando novas alternativas de
criar, criticar e refletir com a intenção de refazer as suas diversificadas ações e atividades.
Consideram-se tais condicionantes fundamentais para promover com criatividade uma
gestão responsiva e mais eficiente diante das novidades da concorrência e, em especial,
das expectativas de uma clientela mais esclarecida sobre a qualidade/preço, seus direitos,
melhor distribuição das riquezas e preservação/conservação do planeta.
capítulo 3 q55
Tal situação compreende a organização nos seus diferentes setores e departamentos; as-
sim, oportunizando a promoção de cursos de capacitação e formação profissional, reestrutu-
ração de modelos de gestão e outras ações capazes de personalizá-la.
Concebe-se que, a luz dessas circunstâncias, ganham-se mais facilidades para a pos-
sível inserção de novos produtos e/ou serviços, ou ainda, a possibilidade de redirecionar
mais rapidamente suas alternativas frente às demais organizações e/ou também responder
mais prontamente ao mercado. Como afirma Schopenhauer, “os mesmos acontecimentos,
ou situações exteriores, afetam de modo diverso cada pessoa e, em igual ambiente, cada
um vive em um mundo diferente” (2005, p. 86).
No concernente ao ambiente externo — macroambiente —, podem-se apreender infor-
mações mais genéricas sobre o mercado, as quais interferem nas organizações, embora con-
tribuam muito para se redesenhar o prosseguimento das atividades das organizações.
Num outro aspecto, o ambiente externo também pode ser constatado por meio do
marketing. Para Kotler e Armstrong (2007, p. 58), “a empresa e todos os seus participan-
tes operam em um macroambiente mais amplo de forças que oferecem oportunidades
e impõem ameaças”.
As forças ambientais para esses autores são: demográficas, econômicas, naturais, tec-
nológicas, políticas e culturais (as referidos forças ambientais de marketing serão objeto
de maior reflexão no Capítulo 6).
Para Kotler (1999) e Kotler e Armstrong (2007), as organizações que mais investem em
capital intelectual possuem olhares diferenciados para os ambientes interno e externo de
seus negócios. Logo, reconhecem mais facilmente o ambiente e suas novas oportunidades
e ameaças, fatores que compreendem a relevância do ambiente.
Em consequência da apresentação e suas significativas contribuições, com base na
visão de vários autores, considera-se o ambiente organizacional cada vez mais influen-
ciado e afetado pela hipercompetitividade peculiar do neoliberalismo que vem afetan-
do os custos, o crescimento da produtividade, a precariedade da empregabilidade e da
competição mais justa e responsável.
Sendo assim, o ambiente que deve ser objeto de reflexões para sua melhor com-
preensão é o ambiente real — global e local — dinâmico em demasia e muito incom-
preensível; então, conhecê-lo sempre melhor passa a ser uma condição importante às
estratégias das organizações.
Nesse momento, registra-se a expressividade dos ambientes, objeto das reflexões ante-
riores, como alternativas indispensáveis para as organizações confrontarem informações
com o intuito de converterem as ameaças do mercado em oportunidades.
56 qcapítulo 3
Cultura organizacional
A cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos sociais, os
comportamentos, as instituições ou os processos; ela é um contexto, algo dentro do qual eles [símbolos]
podem ser descritos de forma inteligível — isto é, descritos com densidade (GEERTZ, 1978, p. 24).
Padrão de pressupostos básicos que o grupo criou, descobriu ou desenvolveu, aprendendo a lidar com
seus problemas de adaptação externa e integração interna, os quais funcionam suficientemente bem,
podendo, assim, ser ensinados aos novos membros como o modo correto de perceber, pensar e sentir
em relação àqueles problemas (SCHEIN, 1992, p. 9).
capítulo 3 q57
Nos dias atuais, para se construir uma cultura organizacional, precisa-se de um con-
sistente processo de aprendizagem com base na teoria e na prática, uma vez que envolve a
promoção, tanto de alteração quanto de incorporação, de conceitos e princípios. Logo, de-
ve-se primar pela cognição como fator delineador de todo processo formativo organizacio-
nal com o intuito de tornar a aprendizagem mais significativa e representativa mediante a
liberdade de se criar e inventar mais.
A organização se recria destruindo o sistema de conhecimento existente e encontrando
novas formas de pensar e fazer (redesenhando) as coisas, de forma que se desenvolvam
mais consonantes para com suas necessidades diante da instabilidade comum do mercado
(NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
A criação da cultura e a sua constante recriação passam a ser condições norteado-
ras para o processo de aprendizagem organizacional. Para tanto, incorporando teoria,
conceitos e princípios de maneira que essa circunstância passe também a ser comum
aos seus membros, impulsionando à aprendizagem de nível criativo, inovativo e reflexivo
(NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
REFLEXÃO
Hoje, espera-se que as empresas ajam como cidadãos responsáveis. A sociedade espera que as corpora-
ções, por exemplo, contribuam com as instituições beneficentes, apoiem programas comunitários e adotem
políticas benéficas ao ambiente. A responsabilidade social é um bom negócio (ROBBINS, 2006, p. 9).
Uma cultura organizacional pode ser conhecida pelos símbolos, imagens, mitos, estórias, lingua-
gem, rituais, cerimônias, hábitos e valores, além de artefatos visíveis da organização, tais como a
organização espacial, arquitetura, móveis e espaço físico (SCHEIN, 1985, p. 27).
A organização constitui a sua identidade por meio de suas atividades cotidianas — pro-
fissionais, sociais e culturais — tornando-se elementos fundamentais para nortear e man-
ter-se propensa às mudanças.
Todo sistema social é constitutivamente conservador, este se encontra em contínua mudança es-
trutural devido à perda de seus membros; incorporação de novos membros (com propriedades
diferentes); e mudança das propriedades de seus membros, que surgem de mudanças estruturais
(MATURANA, 1998, p. 71).
O fato de adentrar e permanecer em uma organização faz com que o indivíduo necessite
conhecer, entender e aprender para ampliar as normas, os valores, as distintas maneiras de
se posicionar e executar todas as atividades em conformidade com as expectativas aguarda-
das pela organização. Essa trajetória começa, de fato, com a entrada do indivíduo na orga-
nização e persegue toda sua trajetória socioprofissional na organização (ROBBINS, 2006).
58 qcapítulo 3
CONCEITO
Administrar é manter renovada a cultura organizacional. Em uma época de
grandes transformações, administrar a instabilidade demanda estratégia da Modus operandi
empresa que corresponda a valores (cultura e filosofia empresarial), orienta- Condições que nas organizações de-
ções (políticas) e planejamento da ação (estratégias) (MATOS, 2008, p. 42). signam a maneira de realizar variadas
atividades mediante certa padronização
para o seu adequado funcionamento.
Ainda para Maximiano (2007, p. 420), cultura organizacional “com-
preende normas de conduta, valores, rituais e hábitos das pessoas de
uma organização”.
Em relação à cultura organizacional, pode-se perceber diante de to-
das as exposições que são traços representativos que materializam os
conhecimentos e saberes das organizações mediante seus ambientes;
por conseguinte, proporcionando personalização de todas as suas ativi-
dades a partir de suas particularidades.
Clima organizacional
capítulo 3 q59
Para Maximiano (2007, p. 420), o clima organizacional é o “produto dos sentimentos
individuais e grupais criados pelas propriedades objetivas e elementos da organização”.
Sob outra ótica, o clima organizacional influencia vários aspectos marcantes e deter-
minantes nas organizações, como: a motivação, o desempenho humano, a satisfação e o
prazer no trabalho. Além do mais, favorece algumas expectativas que se revertem em ações
diferenciadas; assim, aguardando sempre compensações, satisfações e frustrações na base
de suas percepções do clima organizacional (CHIAVENATO, 2003).
O clima organizacional é favorável quando proporciona satisfação das necessidades pessoais dos
participantes, produzindo elevação do moral interno. É desfavorável quando proporciona frustração
daquelas necessidades. (CHIAVENATO, 1994, p. 53)
Comportamento organizacional
É fundamental que todos na organização tenham plena consciência dos valores imprescindíveis
norteadores das ações e comportamentos. Condição capaz de tornar manifesto os traços mais im-
portantes do ambiente organizacional; assim, o tornando mais responsivo às iminentes demandas
socioambientais (MARUJO, 2013, p. 78).
60 qcapítulo 3
estão no centro de toda organização/sociedade e por seu intermédio desempenhando com
pertinência as suas atividades com criatividade, criticidade, inventividade e competência
(DAVIS; NEWSTROM, 1998).
Quando do convívio e da vivência profissional em diferentes organizações proporcio-
narem mais conhecimentos sobre os contextos, passa-se a perceber que o comportamento
organizacional também estimula a produtividade e a melhoria do padrão do ambiente.
O ser humano é o único ser vivente que se pergunta sobre o sentido de sua vida. Educar para
sentir e ter sentido, para cuidar e cuidar-se, para viver com sentido em cada instante da nossa vida.
Somos humanos porque sentimos e não apenas porque pensamos. Somos parte de um todo em
construção (GADOTTI, 2005, p. 37).
Ambientalismo
capítulo 3 q61
Em geral, sem estabelecer parâmetros com variáveis específicas, pode-se entender que:
O crescimento visa a um aumento sem precedentes com foco em determinada questão.
Já o desenvolvimento busca uma relação com certa(s) situação(ões) a fim de favorecem
várias outras. Para Furtado (1996), o desenvolvimento se relaciona também ao grau de sa-
tisfação das necessidades humanas.
Podemos resumir a evolução da ideia de desenvolvimento, no último meio século, apontando para
a sua complexificação, representada pela adição de sucessivos adjetivos — econômico, social,
político, cultural, sustentável... (SACHS, 2004, p. 37).
De agora em diante, passa-se a entender o ambiente como parte do todo, ambiente global,
que tanto integra e ao mesmo tempo é integrado pelos diferenciados ambientes organizacionais.
Outro movimento na contracorrente das políticas atuais que vem ganhando muita for-
ça nas últimas décadas, principalmente por aliar o ambiente à sustentabilidade e que de-
fende a importância dos recursos naturais à sobrevivência do planeta, é conhecido como
ambientalismo sustentável.
Um número cada vez maior de empresas está adotando políticas de ambientalismo sustentável —
desenvolvimento de estratégias que não somente conservam o ambiente, mas também geram lucros
para a empresa. A sustentabilidade é crucial, porém difícil (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 526).
A sustentabilidade na sociedade contemporânea passa a ser uma incontestável condição para o de-
senvolvimento das organizações, do mercado e, consequentemente, da sociedade. Pois tal condição
precisa ser necessária e simultaneamente empreendida de forma a contemplar as variáveis — políti-
ca, econômica, social, ambiental e cultural — como promotoras de responsabilidade socioambiental
(MARUJO, 2013, p. 12).
62 qcapítulo 3
Essa proposição fundamenta-se em uma sociedade em que o desenvolvimento deve ser
orientado de forma que a atenção com as condições já citadas propiciem alternativas mais
ambientáveis capazes de favorecerem a qualidade de vida.
Com esse entendimento, a sustentabilidade converge-se em um eixo motriz capaz de fa-
vorecer a evolução e o progresso das políticas globais. Em consequência, se apresenta como
um paradigma emergente dominante que vem propondo o recrudescimento econômico, sim,
entretanto não desprezando as demais variantes sociais como intensamente vem ocorrendo.
Com a mesma semelhança, o socioambiental também deve ser compreendido como a
unidade constituída do global e do local como dispositivo necessário para todas as propo-
sições favoráveis à ascensão das organizações.
O ambientalismo vem demonstrando que a relação ambiental está mais comum às so-
ciedades e que antes de ser uma necessidade é, sem dúvida, uma questão de sobrevivência.
A era planetária construiu e desenvolveu uma realidade transcultural que associa as diferentes cultu-
ras em uma cultura mundial simultaneamente una e diversa (MORIN, 2013, p. 63).
O ambiente no decorrer do texto foi desenhado como sistêmico e complexo com a intenção
de contribuir para se compreender melhor a organização diante dos inúmeros desafios globais.
O ambiente organizacional não está dissociado em hipótese alguma do ambiente glo-
bal. Daí, a necessidade de apresentar um panorama das tendências globais e suas ques-
tões possíveis de provocar interferências diretas e/ou indiretas nos diversos ambientes,
tanto presente quanto futuro.
Toda essa explanação pretende tornar o ambiente organizacional mais integrado ao
ambiente global e local, sobretudo pela incondicional necessidade de pensar globalmente
para agir localmente (NFC, 1991).
REFLEXÃO
As fronteiras nacionais estão se tornando cada vez mais insignificantes na definição de fronteiras de ne-
gócios. Os avanços na tecnologia da comunicação e as reduções às barreiras comerciais entre as nações
contribuíram para a criação de uma aldeia verdadeiramente global (ROBBINS, 2006, p. 6).
capítulo 3 q63
Acredita-se que tal proposição torna-se uma premissa essencial para se demandar
ações mais agregadas para, com as múltiplas necessidades das organizações frente às no-
vas ações, consolidarem seus respectivos ambientes.
Em uma projeção real com o mundo atual, considera-se interessante mostrar de qual
sociedade se comenta nessa investigação: uma sociedade capitalista movida por estraté-
gias que priorizam, pura e simplesmente, o desenvolvimento econômico a qualquer custo.
Essa tendência de desenvolvimento está muito clara e, ainda, suas ações não se harmo-
nizam com uma sociedade que respeita os seus distintos ambientes, sequer o ser humano.
A carência de políticas globais mais responsáveis vem ampliando as problemáticas sobre
o crescimento desenfreado de ambientes e pessoas, especialmente nos grandes centros
urbanos, onde hoje se encontra quase 60% da população do planeta (a previsão da ONU é
de que nas próximas duas décadas esse percentual seja de 70%).
Atualmente, com uma população global de aproximadamente 7,2 bilhões (previsão de 9,6
bilhões em 2050) sinaliza-se, minimamente, um alerta sobre como a natureza — ambiente —
proverá tantos recursos se o consumo se mantiver incontrolável e insustentável (ONU, 2014).
Parte-se desse cenário preocupante para apresentar a política e a economia como fato-
res que mais problematizam o desenvolvimento sustentável do planeta.
O ambiente vem sendo dominado pelo poder político-econômico, o qual somente se
condiciona ao seu autodesenvolvimento, logo desprezando e/ou colocando em um segun-
do (terceiro, quarto...) plano todas as demais condicionantes sociais tão expressivas para
um desenvolvimento capaz de promover uma melhor qualidade de vida à população.
Julga-se necessário esclarecer que, a partir desse momento, o desenvolvimento deve ser
progressivamente contemplado de forma que o político, econômico, social, ambiental e
cultural estejam associados, necessária e interdependentemente, ao global e o local; sendo
considerados, assim como os conhecimentos, a tecnologia e a inovação, como variáveis
indispensáveis para retroalimentar o processo.
REFLEXÃO
Os avanços podem ser feitos se a formação se libertar do mercado e não continuar refém dele. Não ficar
muito distante do que se pratica no trabalho, mas também não ser dependente (MOTTA, 1998, p. 57).
Motta (1998) mostra que o ambiente de mercado é, ao mesmo tempo, importante e pe-
rigoso, porque a aproximação é necessária, embora a dependência passe a se constituir em
um problema. Esses fatores denotam muito bem o quanto o ambiente é cheio de situações
indesejáveis, mas que deve ser vivenciado em sua essência, porém com maiores distinções.
O ambiente nessa dimensão constitui-se em questão emergentíssima que, antes de ser um
espaço comum a todos, é a base indispensável para o desenvolvimento. Pois, converte-se em
questão potencialmente possível à criação de novos ambientes (organizacionais), em especial
quando orientada pela tecnologia e inovação na constante busca pelo autodesenvolvimento.
Ainda, as exposições revelam que, na busca de uma adaptação estratégica além da pre-
dominância de um comportamento que contemple uma visão mais sistêmica e complexa,
a organização sofre com intensas influências das políticas governamentais globais e locais.
Assim, essas políticas atuais em seus mais variados níveis influenciam as organizações,
sobretudo quando denotam sua ausência nas interferências diretas sobre o ambiente com
64 qcapítulo 3
forte determinação ambiental; logo, reduzindo a tensão ambiental em prol do desenvolvi-
mento das organizações.
Ter uma metavisão sobre o ambiente (percepção necessária do ambiente sob vários ân-
gulos e pontos de vista) é muito importante. Esta condição nos impulsiona para a expansão
do cenário em evidência, em que variadas áreas fazem-se necessárias para tal composição
e, consequentemente, proporcionam um melhor entendimento sobre o cenário global e
sua potencialidade.
O ambiente global, sem nenhuma dúvida, é um espaço muito influenciado por variados
fatores. Essas influências são originadas de toda relação homem e natureza. Portanto, o
desafio está em promover uma simbiose maior onde as partes em questão saibam respeitar
os seus próprios limites.
Por meio de uma influência mais tecnológica, a Tecnologia da Informação e da Comu-
nicação (TIC) passa a ser nesse processo, não mais um ator, mas uma variável de integração
do homem com a natureza de forma a promover um desenvolvimento capaz de respeitar e
privilegiar as partes.
Considerações finais
REFLEXÃO
Inovação é um tipo especial de mudança. Conquanto mudança se refira a tornar as coisas mais diferentes,
inovação diz respeito a uma ideia nova aplicada à criação ou melhoria de um produto, processo ou serviço.
Por isso, todas as inovações envolvem mudança, mas nem todas as mudanças envolvem necessariamente
ideias novas ou conduzem a melhorias significativas (ROBBINS, 2006, p. 474).
capítulo 3 q65
A competitividade é a nossa capacidade de produzir bens e serviços que passem no teste da com-
petição internacional, enquanto nossos cidadãos desfrutam um padrão de vida que seja ao mesmo
tempo crescente e sustentável (KRUGMAN, 1999, p. 6).
REFLEXÃO
A Administração fixa o tom para a cultura da organização tanto por aquilo que ela diz (estratégia) como por
aquilo que ela faz (comportamento). E a administração precisa encorajar o conflito funcional. A chave para
desencadear a franqueza real no trabalho é ensinar as pessoas a desistir da obrigação de estar de acordo.
É necessário explicitar os paradoxos, os conflitos e os dilemas, para que coletivamente possamos ser mais
inteligentes do que individualmente (ROBBINS, 2006, p. 478).
Essa citação de Robbins (2006) materializa tudo que deveria acontecer, mas não aconte-
ce nas organizações: a propensão às reflexões de maneira que os conhecimentos — experi-
ência, acadêmico, profissional — integrados às necessidades ambientais criem sempre no-
vas alternativas com base em consensos democráticos capazes de favorecer a todos, assim
como favorecer a organização.
São espaços às reflexões como esses — democráticos, livres, responsáveis e com-
prometidos — que criam o clima organizacional que, infelizmente, não é comum na
maioria das organizações.
66 qcapítulo 3
Essencial às organizações, o clima organizacional é um componente fundamental à
proliferação de conhecimentos e saberes diferenciados e à promoção de uma cultura me-
diante essas condições, a qual contribuirá para impulsionar a organização por um cami-
nho mais estável e sustentável.
Acredita-se que a criação de um ambiente organizacional sustentável — ambiente de
contínua aprendizagem — se constituirá em um ambiente que aprende. Nessa perspectiva,
esse ambiente que aprende passa a desenvolver uma capacidade continuada às adequa-
ções, adaptações e necessárias mudanças comuns do ambiente global.
Em consequência, todos os componentes (pessoas, talentos, colaboradores etc.) da or-
ganização aprendem, situação que estará condicionada à essência do ambiente e que não
dependerá da vontade própria de cada qual de seus componentes; por conseguinte, consi-
dera-se requisito indispensável para sua sobrevivência.
Os referidos componentes oportunizam as organizações a reorientarem o seu próprio
comportamento com base em seus membros, assim passando a reescrever normas de con-
duta, simplesmente guiada por ações condizentes com o seu próprio ambiente. Fator esse
que cabe ressaltar, por evidenciar o dinamismo da sociedade atual — os movimentos am-
bientais — que está cada vez mais se propagando por conta de uma população mais escla-
recida e que está fazendo valer sua condição de cidadã.
Em especial, as organizações estão também se adequando a políticas mais comprome-
tidas com a população. Observa-se o aumento das ações de responsabilidade socioambien-
tal das organizações com comunidades, geralmente em seu entorno, o que também confir-
ma o seu comprometimento com uma sociedade melhor; no entanto, tais ações ainda são
muito isoladas e inexpressivas.
Todas essas condições estão relacionadas ao maravilhoso, mas vulnerável, ambiente
global. A instabilidade política global desestabiliza todo o ambiente local. Contudo, o Bra-
sil dos dias atuais convive com momentos políticos menos instáveis, o que ratifica a sua
capacidade de lidar com as constantes mudanças.
Finalmente, considera-se que a melhor compreensão sobre o ambiente organizacio-
nal mediante a proposição — sistêmica e complexa — pode contribuir muito para torná-lo
mais responsivo diante de todas as demandas e novidades advindas do ambiente global.
capítulo 3 q67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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68 qcapítulo 3
4
Níveis
organizacionais e o
processo decisório
70 qcapítulo 4
Os três níveis organizacionais
Para lidar com os grandes desafios e mudanças do mundo atual, as organizações se estru-
turam por meio de três níveis que podem ser descritos como:
Este nível é também chamado de gerencial por seu caráter mediador entre os
níveis estratégico e operacional. Lida com a captação dos recursos para por em
prática as decisões tomadas pelo nível superior. É composto por profissionais
NÍVEL
de média gerência com a responsabilidade de traduzir as estratégias definidas
INTERMEDIÁRIO para o alcance dos objetivos em planos de ação que serão executados pelo
OU TÁTICO nível operacional. É o grupo de pessoas que deve agir sempre que houver um
desalinhamento entre a execução e os objetivos estabelecidos, redefinindo
ações e prioridades.
Para Chiavenato (2004), cada nível dentro da organização tem como foco sua realidade
na busca de resultados, que variam em abrangência com relação ao grau de incerteza e sua
lógica de sistema aberto ou fechado (figura 1).
capítulo 4 q71
Definição da visão, objetivos e
Nível ALTO GRAU DE INCERTEZA
estratégias, além das políticas
institucional
gerais. Lógica de
ou estratégico
Altos executivos e acionistas sistema aberto
RESUMO
Nos três níveis organizacionais apresentados, as pessoas estão continuamente tomando decisões, sejam
relacionadas ou não ao trabalho que estão responsabilizadas nas suas funções. Sendo assim, pode-se
entender uma organização como um local onde um complexo processo de decisões programadas e não
programadas acontece e dita o rumo e a velocidade com que os objetivos serão alcançados.
O processo decisório
Tomamos várias decisões no nosso dia a dia: Qual restaurante ir à noite? Para onde iremos
nas férias? Qual carro comprar? Onde estudar? Uma organização pode ser compreendida
como um complexo sistema de decisões em que alternativas são apresentadas para o me-
lhor alcance dos objetivos definidos no seu planejamento. Todos os níveis da organização
tomam decisões diariamente. Os tomadores de decisão seguem preferências e estudam a
melhor estratégia (melhor caminho) para pôr em prática sua decisão.
72 qcapítulo 4
REFLEXÃO AUTOR
Se existem alternativas, há uma decisão a ser tomada e mesmo quando existe ape- Chester Barnard
nas uma opção para a resolução de um problema, também uma decisão deve ser Chester Irving Barnard (1886–1961) foi
tomada: de seguir ou não adiante com a única opção. No universo organizacional, es- um pensador da Escola das Relações
colher a melhor opção de ação pode ser a diferença entre estar competitivo ou não. Humanas, corrente da Administração,
surgida com a Crise de 1929. Foi o cria-
O conceito de tomada de decisão foi introduzido no mundo da Admi- dor da Teoria da Cooperação, em que es-
nistração por Chester Barnard por volta de 1938, onde foi feita a distin- tuda a autoridade e a liderança, e um dos
ção entre decisões pessoais e decisões organizacionais. Mas é creditada primeiros teóricos da administração a ver
a Herbert Simon, economista e psicólogo norte-americano, a origem da o homem como um ser social, e a estu-
Teoria das Decisões, que ele concebeu para explicar o comportamento dar suas organizações informais dentro
humano nas organizações. das empresas. Para ele, as organizações
Segundo Simon, a organização é um sistema de decisões no qual cada eram sistemas sociais que exigiam coo-
indivíduo participa de forma consciente (racional) ou inconsciente por peração.
meio de decisões pessoais a respeito de alternativas racionais de comporta-
mento e limitadas pela dificuldade de se obter informações completas, ela-
borando, então, estratégias reducionistas para a resolução de problemas. AUTOR
Henry Mintzberg, posteriormente, e contrapondo a abordagem do
processo administrativo de Henry Fayol, descreve os diferentes tipos de Herbert Simon
tomadores de decisão com foco na área gerencial, em que os gerentes Herbert Alexander Simon (1916–2001)
respondem com velocidade às variações e mudanças no ambiente orga- foi um economista estadunidense e pes-
nizacional, ao invés de obedecerem a um processo sistemático de exe- quisador nos campos de psicologia cog-
cução (CHIAVENATO, 2006; PECI e SOBRAL, 2008; MINTZBERG, 2010). nitiva, informática, administração pública,
As decisões podem ser conceitualmente definidas como uma esco- sociologia econômica e filosofia. Rece-
lha entre diversas alternativas possíveis para que o administrador possa beu o Prêmio Nobel de Economia em
alcançar uma nova situação desejada e, assim, resolver um problema ou 1978, pela sua "pesquisa precursora no
aproveitar uma oportunidade. Ao final da execução, ou mesmo no seu processo de tomada de decisões dentro
andamento, novos problemas ou oportunidades podem surgir e, assim, de organizações econômicas".
realimentar (feedback) o processo para novas decisões. Essas etapas es-
tão visualizadas na Figura 2 a seguir.
CURIOSIDADE
IDENTIFICAÇÃO DO
TOMADA DE ANÁLISE DO
PROBLEMA OU EXECUÇÃO Decisão
DECISÃO RESULTADO
OPORTUNIDADE
A palavra decisão é originada do latim
de+caedere em que “de” (extrair, fora)
FEEDBACK
se antepõe a palavra “caedere” (parar
Figura 2 — Etapas do processo de decisão — Adaptado de Maximiano (2004) de cortar ou deixar de fluir). Levando
em consideração esse significado, po-
Dois elementos cruciais para a tomada de decisão são: a informação demos entender o ato de decidir como
e a comunicação da informação. um julgamento com o objetivo de encer-
Existem diversas visões sobre a palavra “informação” que podem rar algo, finalizar (GOMES e GOMES e
ser pesquisadas pelo estudante com muita facilidade. A definição bá- ALMEIDA, 2012).
sica vem do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa: dados acerca de
alguém ou de algo.
capítulo 4 q73
Ter uma informação vital pode causar transformações, de ordem quantitativa ou quali-
tativa, no sistema organizacional. Quantitativa, por exemplo, quando podemos facilmente
mensurar e comparar os resultados de desempenho interno e/ou externo da organização.
Qualitativa, quando usamos a informação para aprofundamento e estudo de novos concei-
tos, comportamentos e/ou gerarmos hipóteses para serem testadas e avaliadas.
A qualidade da informação e como ela circula na organização podem trazer impactos
no desempenho, tanto positivos quanto negativos. Em uma época de grandes incertezas,
a qualidade da informação, a velocidade com que circula entre os níveis organizacionais e
sua disponibilização podem ser fundamentais para criar e manter uma vantagem compe-
titiva perante concorrentes.
Para que os níveis executivo, gerencial e operacional tomem decisões apropriadas e alinha-
das com os objetivos definidos no planejamento organizacional, a implantação de ferramen-
tas tecnológicas é de grande relevância para o desempenho da organização como um todo.
O sig (Sistema de Informação Gerencial) pode ser um grande aliado dos tomadores de
decisão se as informações forem inseridas com qualidade e no tempo apropriado. Para
apoio na tomada de decisão dos atuais gestores, ferramentas como softwares de BI (Busi-
ness Intelligence) estão cada vez mais presentes nas grandes e médias corporações. O gran-
de desafio dos gestores é transformar a informação em conhecimento (RODRIGUEZ, 2002).
MODELO O foco está no que deve ser feito. Utilizado para problemas recorrentes ou
NORMATIVO altamente previsíveis nos ambientes técnicos e/ou profissionais.
MODELO Foco na maximização dos objetivos definidos pela alta direção e acionistas
RACIONAL majoritários.
É importante evidenciar que um mesmo problema pode ser entendido de forma dife-
rente, por diferentes tipos de pessoas (ALMEIDA et al.). A tomada de decisão está atrelada a
fatores contextuais tais como:
74 qcapítulo 4
o ambiente de competição (dinâmico e altamente competitivo);
capítulo 4 q75
Riscos e incertezas
Risco pode ser definido como um acontecimento possível, mas de difícil previsão. A infor-
mação disponível é suficiente para que o administrador, por meio de técnicas estatísticas,
modelos matemáticos e até a sua própria experiência, seja capaz de encontrar uma chance
probabilística para que o evento aconteça e, assim, elaborar planos de contingência, tam-
bém conhecidos como planos de continuidade de negócios, para situações não desejadas.
Devido à impossibilidade de se ter um conjunto de informações completas sobre deter-
minada situação, as empresas vivem constantemente sob o domínio das probabilidades,
que são resultados dos impactos das diferentes variáveis que compõem o ambiente compe-
titivo de uma organização.
EXEMPLO
Um exemplo para ilustrar o risco seria a escolha de investimentos em outros países para a expansão das
atividades da organização. O setor de construção civil brasileiro optou há décadas por atuar em países da
África, do Oriente Médio e recantos da América do Sul, correndo riscos calculados oriundos das barreiras
de entrada, barreiras de saída, fatores culturais e demais aspectos do ambiente externo que afetam todas
as organizações em um mercado competitivo global.
EXEMPLO
Os conflitos de rua acontecidos no Brasil, no ano que antecedeu a Copa do Mundo de 2014, trouxeram
um ambiente de incertezas para os grandes patrocinadores que se mobilizaram para tentar transformar a
incerteza em risco, ou seja, situações que podem matematicamente ser previstas. Por outro lado, pequenos
pontos de comércio foram seriamente afetados, sem que nada pudessem fazer a respeito e os prejuízos
foram enormes.
76 qcapítulo 4
NÍVEL NÍVEL NÍVEL
OPERACIONAL GERENCIAL / TÁTICO ESTRATÉGICO
REFLEXÃO
Segundo dados da consultoria Booz & Company, a taxa de rotatividade de CEOs (Chefes Executivos) no
Brasil chegou a 19,8%, em 2012, acima da média mundial de 15%, conforme noticiado pelo jornal O Globo,
em 26 de maio de 2013. Uma das conclusões da reportagem aponta que a taxa elevada observada para
os países emergentes acontece devido a grande influência de governos e modificações em leis que afetam
demasiadamente as organizações.
Tipos de decisão
Como vimos antes, de acordo com as variáveis dos ambientes externo e interno, do grau
de qualidade da informação disponível, além do nível organizacional em que a decisão será
tomada, podemos categorizar as decisões em programadas e não programadas. Vamos de-
finir melhor cada uma das duas.
Decisões programadas
São aquelas em que se conhece muito bem o resultado esperado. Problemas enfren-
tados anteriormente, cujas variáveis são plenamente conhecidas no seu comportamento
estatístico devido a sua recorrência e os mecanismos de monitoramento e controle, são
também bem desenvolvidos. As ações de correção já estão predeterminadas e fica mais
simples para o administrador agir.
Quando determinado lote apresenta os seus produtos fora da conformidade esperada,
mecanismos de correção são acionados para eliminar o problema. Não há gasto excessivo
de tempo, pois as definições de ações de correção já foram elaboradas. Quanto mais opera-
cional for o nível da decisão, mais a solução será padronizada em virtude do grande volume
de informação já armazenada e útil para resolver a situação não desejada.
Um problema maior ocorre quando não há a descoberta da falha na produção, por
exemplo, e o produto vai para o mercado, conforme veremos a seguir.
capítulo 4 q77
EXEMPLO
Em 2013, um determinado produto da marca Ades, pertencente à empresa Unilever, foi disponibilizado
para o mercado e, posteriormente, identificada a sua não conformidade com a legislação de saúde pública
brasileira, o que foi amplamente divulgado nas principais mídias do país.
O problema rapidamente foi corrigido na linha de produção (nível operacional), mas o arranhão na imagem da
marca foi profundo. Nesse caso, EFDJTFTO¨PQSPHSBNBEBT tiveram de ser tomadas, para corrigir a mancha
na imagem e convencer o público consumidor de que há responsabilidade e segurança na fabricação de seus
produtos, mesmo com as indefinições sobre as reações da imprensa em geral e dos habituais consumidores.
São tomadas para resolver situações não padronizadas e, portanto, pouco frequentes e
que afetam de forma significativa a imagem e o futuro da organização. Levam mais tempo
para serem tomadas, pois o melhor entendimento e análise do problema ou oportunidade
podem demandar esforços não definidos e obtenção de informação ainda não disponível
dentro da organização.
A maioria dessas decisões acontece no nível estratégico da organização e seu resulta-
do afeta toda a estrutura da empresa. A partir do momento que o administrador alcança
responsabilidades mais elevadas e sobe no nível hierárquico, mais decisões não progra-
madas são tomadas por ele.
Nas decisões não programadas, o julgamento pessoal do administrador é essencial
para a melhor escolha entre as alternativas, uma vez que nem todas as informações
estão disponíveis.
78 qcapítulo 4
ATENÇÃO
Faz-se importante ressaltar que são poucas as situações em que existem certezas absolutas, assim como
total incerteza. Dessa forma, as decisões programadas não eliminam completamente o julgamento do
gestor, assim como as decisões não programadas também podem seguir alguns procedimentos e políticas
já estabelecidos na organização.
RESUMO
CERTEZA RISCO INCERTEZA
TOMADOR O foco está no que deve ser feito. Utilizado para problemas recorrentes ou
DE DECISÃO altamente previsíveis nos ambientes técnicos e/ou profissionais.
Onde se quer chegar com a decisão tomada, ou seja, quais resultados são
OBJETIVOS esperados após a decisão de agir ou não agir.
AMBIENTE
Variáveis não percebidas e que estão fora do controle do tomador de decisão.
SITUACIONAL
capítulo 4 q79
O processo decisório pode ser dividido em etapas, sendo que o desempenho de cada
uma delas é vital para o sucesso dos resultados alcançados pela administração. Deve ficar
claro que o final do processo decisório pode desencadear novas oportunidades ou proble-
mas que serão tratados em um novo ciclo de etapas.
IDENTIFICAÇÃO DO
TOMADA DE ANÁLISE DO
PROBLEMA OU EXECUÇÃO
DECISÃO RESULTADO
OPORTUNIDADE
FEEDBACK
Figura 2 — Etapas do processo de decisão — Adaptado de Maximiano (2004)
EXEMPLO
Como exemplo de decisões que provocaram fracassos é citado por diversos autores o caso da implantação
da fábrica da Mercedes-Benz na cidade de Juiz de Fora, em 1999, para a produção do “Classe A”, versão
popular da marca que se mostrou um tremendo erro pela falha na identificação das reais condições de
ambiente no mercado brasileiro.
Outro exemplo muito citado nos meios acadêmicos e nas mídias em geral foi a decisão da IBM, que tinha
como estratégia a verticalização de sua produção e não acreditou muito no futuro do mercado de compu-
tadores pessoais (PCs) e entregou a produção dos sistemas operacionais para Microsoft e microproces-
sadores para a Intel, insignificantes comparadas ao que são hoje, líderes absolutas de mercado. Por outro
lado, aceitar o desafio foi a decisão acertada, tanto da Microsoft como da Intel.
80 qcapítulo 4
Tomada de decisão
TOMADA DE DECISÃO
1 2 3
AVALIAÇÃO E ESCOLHA
DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS
DE ALTERNATIVA
Figura 5 — Desdobramento da etapa de decisão — Adaptado de Maximiano (2004) e Peci e Sobral, (2008)
1 Diagnóstico da situação
Nesta etapa, os gestores estão preocupados em realizar uma análise para associar as cau-
sas e consequências do problema ou oportunidade identificado. Alguns problemas podem
ser facilmente identificados e existem várias opções de ferramentas que ajudam o gestor a
analisá-los de forma sistemática.
O diagrama de Pareto (Figura 6) permite verificar quais situações estão causando maior
impacto na organização, partindo do princípio de que 20% das causas geram 80% das con-
sequências. Esse princípio conhecido como 80–20 possibilita observar que poucas são as
causas que têm consequências significativas, permitindo ao administrador decidir a prio-
rização das causas que devem ser problematizadas e resolvidas.
MÉTODOS MATERIAIS
capítulo 4 q81
Como podemos visualizar no Gráfico 1, segundo Maximiano (2004), mão de obra e mé-
todos causam 80% dos problemas industriais.
120%
100%
80%
60%
60% Causa
Problemas
40%
20%
20% 15%
5%
0%
Mão de obra Método Materiais Máquinas
Gráfico 1 — Curva ABC representando o princípio de Pareto — Adaptado de Maximiano (2004)
2 Geração de alternativas
A geração de alternativas de soluções válidas para eliminar ou reduzir causas é respon-
sável por grande parte do sucesso na resolução de problemas. Quando o administrador está
diante de decisões programadas, fica evidente a facilidade da tomada de decisão, uma vez
que boa parte da solução do problema já está descrita em normas e procedimentos. Por outro
lado, quando há a necessidade de uma decisão não programada, a elaboração de alternativas
eficazes precisa ser trabalhada, principalmente por questões de prazos e custos envolvidos.
Quando o gestor tem pela frente a necessidade de reunir um volume substancial de alter-
nativas para problemas não programados, torna-se necessário estimular a criatividade das
equipes que estão comprometidas com a solução do problema ou oportunidade identificada.
Uma técnica muito utilizada é o brainstorming (tempestade de ideias) que funciona
com a geração livre de ideias pela suspensão de julgamentos iniciais e pela sucessiva asso-
ciação dessas ideias para o surgimento de novas ideias. Quando a geração de ideias é inter-
rompida por esgotamento ou por decisão do condutor do processo, as ideias são reunidas
em categorias que são avaliadas e validadas. A validação é importante porque nem todas as
ideias são boas e podem colocar em risco uma decisão do administrador.
82 qcapítulo 4
Segundo Peci e Sobral (2008), as alternativas devem ter as seguintes características:
Ser uma verdadeira alternativa e não apenas uma fraca opção. Exemplo: se
TER seu público é jovem, escolher se comunicar com eles através das redes
AUTENTICIDADE sociais pode ser uma escolha poderosa diante do grande uso dessas redes
por grande parte deste público.
SER EM Devem ser suficientes para representar uma verdadeira escolha, mas não em
GRANDE NÚMERO demasia para não dificultar e atrasar o processo de escolha da alternativa.
EXEMPLO
Como podemos aumentar o faturamento da loja X?
Depois que o diagrama (Figura 8) é montado, os administradores se debruçam nas proposições de alter-
nativas para que a situação desejada aconteça dentro das expectativas de tempo e recursos utilizados.
capítulo 4 q83
Como podemos aumentar o faturamento da loja X?
Após a definição dos impactos de cada alternativa, podem ser aplicadas diversas téc-
nicas de apoio à tomada de decisão para análise crítica do gestor. Essas técnicas podem
variar de complexidade em função das variáveis envolvidas na escolha da alternativa.
Entre essas técnicas temos:
84 qcapítulo 4
ANÁLISE DE VANTAGENS E DESVANTAGENS (PRÓS E CONTRAS)
MATRIZ DE PRIORIDADES OU PONDERAÇÕES
ÁRVORES DE DECISÃO
MATRIZ DE RESULTADOS
SISTEMAS ESPECIALISTAS
É a ferramenta mais utilizada por ser de fácil utilização pela sua simplicidade, mas pode
mascarar efeitos pela não complexidade de seu uso. Cada vantagem e desvantagem é lista-
da, e a escolha da melhor alternativa é feita de acordo com seus impactos elencados pelos
estudos anteriores.
A partir da escolha dos critérios de decisão como, por exemplo, preço, qualidade, prazo de
entrega, atendimento pós-venda, facilidade de atualização entre outros, aplicam-se então
pesos para cada critério (relevância do critério) e uma pontuação é definida para os níveis
de cada critério, como mostra a Tabela 1.
EXEMPLO
CRITÉRIOS E RELEVÂNCIA (PESO)
TOTAL DE
FORNECEDOR PRAZO DE ATUALIZAÇÕES
PREÇO (10) QUALIDADE (7) PÓS-VENDA (6) PONTOS
ENTREGA (6) (6)
&NQSFTB" 4 10 5 8 10 248
&NQSFTB# 5 8 8 9 5 238
&NQSFTB$ 7 8 5 7 7 240
Pela técnica da matriz de prioridades, a melhor alternativa seria comprar do fornecedor A, apesar de o pre-
ço não ser a melhor proposta. Quando um gasto maior de capital pode ser dispendido em função de outros
critérios, essa pode ser uma boa forma de escolher uma alternativa.
capítulo 4 q85
Árvores de decisão
Valeu o tempo e
Venta
o esforço, prazer.
Preparar
barco Frustração - perda
Não venta de tempo e dinheiro;
Previsão de melhorar previsão.
bons ventos Frustração - perda
Venta de momentos
Não preparar de prazer.
barco
Economia de
Não venta
tempo e dinheiro.
Na árvore da Figura 10, uma decisão importante precisa ser tomada. A construção de
novas instalações, que demandaria investimento de capital elevado, justifica-se caso a ex-
pectativa de crescimento do consumo se confirme. Por outro lado, caso a expectativa de
consumo não aconteça, a construção de uma nova fábrica poderia levar a organização a
amargar prejuízos.
Lucro de 4 milhões
Aumento do consumo
de reais.
%
70
Nova fábrica
Prejuízo estimado de
30
%
Manter a atual
Lucro estimado de
30
%
86 qcapítulo 4
Diante das informações da Figura 10, podemos calcular o valor esperado em função de
cada uma das escolhas:
Se a opção escolhida pelo gestor for a de construir novas instalações, temos o seguinte valor esperado:
7F OPWB
.
.
NJMIFTEFSFBJT
Caso a opção tenha sido manter as atuais instalações, a conta do valor esperado a ser feita é:
7F BUVBM
.
.
NJMIFTEFSFBJT
Monitoramento e feedback
Mais uma vez, vale ressaltar que o processo decisório é continuo, ou seja, não termi-
na após a execução de uma alternativa. Isso porque, com a complexidade dos problemas,
capítulo 4 q87
muitos deles estão interconectados e a escolha e execução de outras alternativas compõem
o conjunto de resultados esperados pela organização. Uma decisão pode gerar novas ela-
borações e escolhas de alternativas para solução de novos problemas e aproveitamento de
novas oportunidades, e assim o processo se mantém vivo dentro da organização.
Considerações finais
Após a exposição dos conteúdos e exemplos da vida real apresentados neste capítulo, fica
evidente que toda estrutura organizacional apresenta níveis de responsabilidades e de po-
der que podem, dependendo do nível da decisão tomada, impactar no desempenho de uma
organização, assim como no seu entorno: sociedade, governo, meio ambiente entre outros.
A qualidade da informação e o tempo de sua disponibilidade são vitais para a melhor ra-
cionalidade na escolha das alternativas para o tomador de decisão. Quanto mais técnicas e
próximas da operação, mais facilidade de acerto na escolha será possível.
Nos níveis gerenciais e estratégicos, o volume de decisões não programadas é maior, fa-
zendo do risco um companheiro presente na vida do gestor. As incertezas do mundo atual
e a velocidade dos acontecimentos muitas vezes fornecem uma falsa visão de futuro para
os administradores. Mitigar o risco é um desafio que sistemas com tecnologias de última
geração podem auxiliar o gestor diante da complexidade das variáveis que se apresentam
para análise e futura tomada de decisão. Sempre presente, a intuição tem grande influência
nas decisões tornando a racionalidade do processo limitada.
88 qcapítulo 4
ATIVIDADE
Questões para reflexão e discussão em sala de aula
BIBLIOGRAFIA
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capítulo 4 q89
5 O processo
administrativo
claudio starec
5 CONCEITO
O processo administrativo
REFLEXÃO
Feedback Daqui a vinte anos, a empresa típica terá pouca semelhança com a empresa indus-
Feedback se refere ao retorno que um trial da década de 1950 e, provavelmente, se parecerá com organizações às quais
profissional recebe em relação ao de- nem os gerentes praticantes nem os estudiosos de Administração dão hoje muita
sempenho das suas funções, das suas atenção: o hospital, a universidade e a orquestra sinfônica. A nova empresa será
habilidades, competências para execu- baseada no conhecimento, uma organização composta, sobretudo por especialistas,
tar determinada tarefa (habilidades e que dirigem e disciplinam seu próprio desempenho, por meio de feedback sistemá-
competências) ou sobre suas atitudes e tico de seus colegas, dos clientes e da alta administração. Peter Drucker (O Advento
comportamentos. da Nova Organização, in: Havard Business Review, 2000).
CONCEITO ATENÇÃO
Competitividade Em um ambiente competitivo cada vez mais turbulento, não basta ter uma vanta-
Neste livro, entendemos competitivida- gem momentânea, é preciso mantê-la ao longo do tempo. Mais importante ainda
de no sentido estritamente econômico: é que ela seja sustentável. Assim, para que uma vantagem competitiva possa ser
qualidade de quem tem a capacidade de sustentada por um prazo mais longo, a empresa necessitará monitorar constan-
competir com outros fornecedores, ven- temente as variáveis e os fatores que afetam sua competitividade, além de inovar
dedores, mercados. É o ato de buscar para se posicionar de forma diferenciada dos seus concorrentes, isto é, implemen-
uma vantagem para se diferenciar da tando estratégias que não possam ser facilmente copiadas.
concorrência e ganhar ou manter uma
participação relativa nos mercados alvo. Administrar, como já foi discutido neste livro, pressupõe a existên-
cia de uma instituição a ser gerida, ou seja, uma estrutura organizacio-
nal constituída de pessoas, recursos e processos que se relacionam em
um determinado ambiente, que tenham objetivos comuns e que sejam
orientados para alcançar determinados resultados desejados.
92 qcapítulo 5
Segundo Maximiano (2000): “administrar é uma combinação de esforços individuais
que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Por meio de uma organização torna-se
possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa sozinha.”
O autor argumenta que uma empresa multinacional ou uma pequena oficina, uma orques-
tra ou o clube de futebol, um hospital ou uma igreja são exemplos de organizações que têm
como maior objetivo gerar resultados para seus acionistas ou para a sociedade.
A Ciência da Administração surgiu da aplicação de métodos e metodologias de diversas
ciências após a Revolução Industrial. A organização do tipo “comando e controle” que des-
pontou pela primeira vez em 1870, segundo Drucker (ver no primeiro capítulo deste livro os
antecedentes históricos da Administração), deu origem à abordagem funcional da Admi-
nistração proposta por Henri Fayol. Drucker afirma que um dos aspectos mais importantes
da teoria de Fayol foi separar a tarefa da administração das tarefas operacionais e técnicas.
É justamente o que você verá a seguir.
O processo administrativo
“Administrar é fazer previsão e planejar,
organizar, comandar e controlar.”
Jules Henri Fayol (Administração Industrial e Geral)
AMBIENTE EXTERNO
q Planejar q Organizar
q Definir q Distribuir
q Programar
P O q Alocar
ENTRADAS SAÍDAS
q Controlar
q Avaliar
C D q Dirigir
q Liderar
q Realinhar q Executar
AMBIENTE INTERNO
Figura 1 — O processo administrativo e o ambiente organizacional
O processo administrativo é um elemento chave na gestão empresarial. É um conjunto
estruturado de funções inter-relacionadas, interdependentes e indispensáveis que trans-
formam as informações do ambiente de negócios em produtos ou serviços com a finalida-
de de atender às necessidades e expectativas dos clientes internos ou externos.
capítulo 5 q93
COMENTÁRIO Veja a seguir, cada uma dessas funções separadamente.
94 qcapítulo 5
ao planejamento é provocado pelo fato de a gerência concentrar sua COMENTÁRIO
atenção em questões consideradas prioritárias como produção e ven-
das, e consequentemente, deixa o planejamento para segundo plano; Estudo do Sebrae
isso acaba virando uma rotina e compromete o resultado de toda a or- A Pesquisa do Sebrae “Sobrevivên-
ganização. cia das empresas no Brasil”, divulgada
Levantamentos do Sebrae (Serviço brasileiro de apoio às micro e em 2013, tomou como referência as
pequenas empresas) reforçam esse ponto: das quase 500 mil empresas empresas brasileiras constituídas em
que são abertas todos os anos nas Juntas Comerciais do Brasil, quase 2007. O estudo foi elaborado a partir
metade fecha as portas nos dois primeiros anos de existência e 60% de- do processamento das bases de dados
las não sobrevivem a quatro anos de mercado. da Secretaria da Receita Federal (SRF).
O impacto da mortalidade das empresas se reflete diretamente na Esse relatório analisa a taxa de sobrevi-
perda da competitividade do país, apontada por vários indicadores in- vência das empresas com até 2 anos de
ternacionais. Entre 2000 e 2002, mais de 772 mil empresas fecharam, atividade no Brasil, e pode ser acessado
o que provocou a eliminação de 2,4 milhões de empregos formais, um no portal do Sebrae.
prejuízo estimado em 20 bilhões de reais com o fim desses negócios.
Segundo o Sebrae, as principais causas do fechamento prematuro
das empresas brasileiras estão direta ou indiretamente ligadas à falta de
planejamento: falhas gerenciais e logística operacional.
REFLEXÃO
A conclusão é clara ao apontar que as questões relacionadas ao gerenciamento
do negócio são determinantes para o sucesso ou o fracasso do empreendimento
e constatar que as empresas brasileiras morrem mais devido a falhas gerenciais do
que a problemas conjunturais ou taxação tributária.
capítulo 5 q95
Planejamento estratégico: é o planejamento
mais diretivo, capaz de mudar os rumos da
organização. É definido e aprovado pelos
PLANO ESTRATÉGICO principais executivos da organização. Ex.: re-
torno sobre o investimento para os acionis-
tas, decisões de abertura de novas unidades,
de posicionamento estratégico do negócio ou
PLANO TÁTICO outras definições estratégicas.
Planejamento tático: é o planejamento fei-
to no nível departamental ou de unidade de
negócio, tendo como metas: objetivos especí-
ficos dos departamentos ou objetivos geren-
PLANO OPERACIONAL ciais. Ex.: implementar um novo sistema de
gestão e de vendas ou melhorar a qualidade
de um produto e ou serviço.
Planejamento operacional: é o planejamen-
Figura 2 — Os três tipos de planejamento
to de curto prazo e é feito no nível operacio-
Fonte: Starec, 2014
nal. Ex.: admitir profissionais de controle de
qualidade ou consultores de vendas e incentivar o debate de novas ideias que diminuam as
falhas na produção ou que possibilitem o aumento nas vendas.
96 qcapítulo 5
COMENTÁRIO
8 O planejamento é uma função administrativa que interage e está intima-
mente relacionado com as demais funções administrativas, (organização, Quando
direção e controle), influenciando e sendo influenciado por todas elas a todo O prazo pode ser explicitado por meio
momento e em todos os níveis da organização. de um cronograma, que é um gráfico de
9 O planejamento é uma técnica de coordenação e integração. O planeja- planejamento e controle. O cronograma
mento permite a coordenação, sincronização e integração de várias ativida- retrata o começo e o fim de cada evento
des para o alcance dos objetivos definidos. de um processo operacional, permitindo
10 O planejamento é uma técnica de mudança e inovação. O planejamento a sincronização das tarefas e dos prazos
é uma das melhores maneiras de se introduzir mudanças em uma empresa, de cada etapa do planejamento.
de forma previamente definida e programada para o futuro.
Organização
CONCEITO
Organização é o conjunto de atividades que, em função do planejamento formulado,
estabelece a melhor disposição dos recursos das empresas. De modo geral, organi-
zação é a forma como se prepara para atingir os resultados pretendidos, em outras
palavras, é “arrumar a casa, as ações e planos a serem executados”.
capítulo 5 q97
CONCEITO ordenar todos os recursos da empresa, sejam humanos, financeiros
ou materiais, alocando-os da melhor forma segundo o planejamento
Coach que foi estabelecido.
A palavra coach surgiu na Europa e era Entretanto não basta alocar recursos. É fundamental que as pessoas
usada para chamar os cocheiros, os que fazem parte da organização se integrem (trabalhem em equipe), se
condutores das carruagens. Anos mais comuniquem e se comprometam a atuar de forma coordenada para al-
tarde, a academia se apropriou desse cançar os resultados esperados, o que será discutido a seguir.
conceito para classificar os professores
que iriam orientar os melhores alunos. Direção, execução e liderança
O conceito pegou e foi utilizado pelas Direção é o processo de realizar atividades e utilizar recursos necessá-
equipes esportivas de alta performance rios para atingir os objetivos desejados. Dirigir faz com que os funcioná-
que passaram a chamar seus treinado- rios executem o que deve ser feito. A direção estabelece que as relações
res de coach. No mundo empresarial, hierárquicas estejam claras e definidas, ou seja, que a forma como as
o conceito tem pouco mais de 30 anos equipes se relacionam, assim como o grau de participação e colabora-
e serve para definir uma nova liderança ção que se espera de cada um para a realização dos objetivos definidos,
que transforma ao orientar e conduzir as estejam explicitados.
equipes e as pessoas a alcançarem seus A implantação de qualquer planejamento seria inviável, ou melhor,
objetivos estabelecidos por meio de uma pouco efetiva, sem uma coordenação das atitudes, tarefas e esforços de
série de técnicas, de orientação, comuni- toda a empresa, para alcançar as metas estabelecidas e acordadas. Para
cação assertiva e muito feedback. que essa coordenação seja de fato eficaz, surge a necessidade de se ter
um responsável, um gestor, um líder. É relevante assinalar que o modelo
de gestão tipo comando e controle adotado por boa parte das organiza-
ções modernas foi inspirado em instituições militares. O chefe ou co-
mandante tinha e exercia o papel de capataz, não admitia contestações
e agia como o “senhor da verdade”.
Hoje, mais do que em qualquer outra era, o papel do chefe ganhou
outras conotações, exigindo desse profissional novas competências, um
alinhamento institucional e uma capacidade de envolver a equipe nos
objetivos organizacionais a serem alcançados. O capataz se transfor-
mou em condutor, daí vem a origem palavra coach, que define o que se
espera da liderança nos dias de hoje.
A liderança é um processo dinâmico de exercer influência sobre o
indivíduo ou grupo, para impulsionar esforços em função do alcance
de objetivos, em determinada situação. É importante ressaltar que a ha-
bilidade de liderança não é nata nem exclusiva de alguns. Ela pode ser
aprendida e incorporada para fazer parte do cotidiano do trabalho de
administradores, gerentes e de profissionais que ocupam posição de co-
mando nas organizações. Mas vale o alerta de Stheven Covey (2002): de
acordo com o autor, é fundamental que o líder saiba a diferença entre
gerenciar (controlar e administrar) e liderar (inspirar).
Por isso se faz necessário ressaltar algumas características essen-
ciais da liderança moderna:
98 qcapítulo 5
FOCO NOS Comprometimento na busca dos objetivos individuais, da
CONCEITO
OBJETIVOS equipe e organizacionais.
ORIENTAÇÃO PARA O líder põe a mão na massa e orienta a ação, a execução Stakeholders
AÇÃO das tarefas. Stakeholder é um termo usado em di-
versas áreas como gestão de projetos,
Em si e na sua equipe. Líderes inseguros acabam tornan-
AUTOCONFIANÇA administração e arquitetura de software
do suas equipes inseguras também.
referente às partes interessadas que
HABILIDADE NO devem estar de acordo com as práti-
Deve saber ouvir e saber falar. Ter empatia e simpatia.
RELACIONAMENTO cas de governança corporativa execu-
Resistência à frustração. Suportar pressão da função.
HUMANO tadas pela empresa. O termo foi usado
Atitude de abertura e receptividade. Uma constante predis- de forma mais ampla pelo filósofo Ro-
FLEXIBILIDADE
posição a negociações e mudanças se forem necessárias. bert Edward Freeman. Segundo ele, os
Estabelece prioridades, analisa alternativas e informações, stakeholders são elementos essenciais
TOMADA DE ao planejamento estratégico de ne-
utiliza todos os recursos disponíveis para minimizar os
DECISÃO gócios. De maneira mais ampla, com-
riscos do processo de tomada de decisão.
preende todos os envolvidos em um
O líder deve ter um profundo orgulho do seu trabalho e da
processo, que pode ser de caráter tem-
sua equipe. Ele cuida do negócio como se fosse sócio e
porário (como um projeto) ou duradouro
BUSCA DA está voltado para a obtenção de resultados. Não é indivi-
(como o negócio de uma empresa ou a
EXCELÊNCIA dualista. Busca a eficiência, a eficácia, a produtividade e a
missão de uma organização).
qualidade. Consegue se automotivar e motivar as outras
pessoas pelos desafios e pelas recompensas.
A lista pode ser muito maior, mas esses fatores e os seus impactos
no dia a dia das organizações fazem do administrador que reunir tais
características, um verdadeiro líder.
O maior desafio para qualquer líder é justamente trabalhar o proces-
so de comunicação de forma integrada para divulgar os objetivos, me-
tas, estratégias e ações por meio de um ou mais canais entre a empresa
e seus diversos stakeholders (influenciadores ou partes interessadas).
É importante registrar que não existe falta de comunicação nas or-
ganizações, e sim má comunicação. Acredita-se que a comunicação se
confunde com a própria vida: o ato de comunicar, que vem do latim co-
municare, “tornar comum”, passa a ser uma necessidade básica do ho-
mem e das empresas como regra geral, por ligar as equipes funcionais
aos valores, objetivos e estratégias com a cultura organizacional.
Em O Corpo Fala, Weil e Tompakow (1998) argumentam que é im-
possível não se comunicar. Os autores argumentam que o homem se
comunica o tempo todo, principalmente por meio da comunicação
não verbal, que seria responsável por mais de 90% da comunicação
interpessoal. O processo de comunicação seria formado por três mo-
mentos simultâneos:
capítulo 5 q99
7% O que você diz, ou seja, as palavras, corresponde a 7% do impacto que você causa.
Como você diz, a maneira como fala — seu tom de voz e sua inflexão, têm 38% de
38%
impacto.
Se isso vale para pessoas, acredita-se que possa valer também para organizações.
Um fator importante é a deficiência encontrada pelas empresas para se comunicar inter-
namente. A má comunicação interna é apontada como uma das principais falhas que ocor-
rem nas organizações. O maior problema é que, quando a comunicação falha, a primeira ví-
tima é o comprometimento do funcionário, afinal, como ele pode “vestir a camisa” de uma
organização e ajudá-la a alcançar suas metas e objetivos sem saber onde ela quer chegar?
Uma pesquisa, que pode ser encontrada no livro O oitavo hábito de Stheven Covey, refor-
ça essa tese. O levantamento feito pelo Instituto Harris Interative com 23 mil empregados
em tempo integral de empresas americanas, nas mais diversas áreas, constatou o seguinte:
40%
35%
30%
25%
20%
37%
15%
0%
Entendem Entusiasmados Confiança e Comunicação Confiam
claramente com as metas colaboração transparente plenamente
Apenas 37% dos empregados disseram entender claramente o que sua organização
37%
está tentando atingir e por quê.
Apenas um em cada cinco estava entusiasmado com as metas de sua equipe e de sua
20%
organização, pois tinha uma visão clara sobre suas metas e as da empresa.
Apenas 13% deles diziam ter relações de grande confiança e intensa colaboração
13%
entre os departamentos.
Apenas 17% sentiam que suas organizações promoviam comunicações diretas, objeti-
17%
vas, transparentes e abriam espaço para o diálogo.
20% Apenas 20% dos funcionários confiavam plenamente na organização em que trabalhavam.
100 qcapítulo 5
Em resumo, é papel da liderança dar a direção e propósito para a organização e para as
equipes. O maior desafio de um líder de sucesso é alcançar os três “Es” (Eficiência, Eficá-
cia, e Efetividade). Mas como é possível saber se a empresa está realmente caminhando no
rumo certo? É o que vamos discutir a seguir.
Controle
Medição do desempenho
"EP¥¨PEFB¥FTDPSSFUJWBTEPTEFTWJPTOFHBUJWPTJEFOUJGJDBEPT
BTTJN
DPNPEFB¥FTQSFWFOUJWBTEBTDBVTBTEFTTFTEFTWJPT
Ainda em relação ao controle, ele gera insumos que subsidiarão uma nova rodada de
planejamento, tornando o processo administrativo um ciclo que se repete sucessivamen-
te. Indicadores que mostram quando as empresas não vão bem são claros: queda de ven-
das, perda de participação de mercado, reclamação de clientes, retrabalho, entre outros.
No mundo empresarial, não falta informação, não existe escassez de conhecimento. Falta
ação, capacidade de sair da inércia corporativa e aplicar aquilo que se sabe para obter a tão
almejada vantagem competitiva sustentável.
Considerações finais
Como foi discutido neste capítulo, o processo administrativo é uma função-chave na
gestão empresarial. O administrador precisa entender que esse conjunto estruturado de
atividades inter-relacionadas, interdependentes e indispensáveis é a melhor forma de ad-
ministrar, ou seja, de gerar mais e melhores resultados.
Na prática corporativa, o processo administrativo é utilizado para que os gestores/admi-
nistradores possam ter uma visão sistêmica da realidade da empresa, fornecendo informa-
capítulo 5 q101
ções essenciais, sejam elas operacionais, táticas ou estratégicas, para auxiliar no processo
de tomada de decisão, em qualquer nível organizacional. Esse é um dos maiores desafios
do administrador do século XXI, minimizar os riscos do processo de tomada de decisão.
O processo administrativo não é complexo, mas também não é simples de ser trabalha-
do de forma efetiva em cada momento. Uma dura crítica que se faz ao profissional brasilei-
ro, de maneira geral, é que ele não planeja o suficiente e que improvisa demais. E o resulta-
do é um só: perda de competitividade para as organizações e para o país.
Da mesma forma que é preciso planejar mais e melhor, organização é essencial para
executar os planos traçados; o papel da liderança é fundamental, mas também não basta
ter organização adequada se não tiver uma direção para que o planejamento possa sair do
papel. Ao final do processo, é indispensável avaliar, mensurar e controlar tudo o que foi fei-
to, isto é, criar métricas e indicadores para checar se o que foi pensado foi realizado como
se deveria e se existem ações corretivas a serem feitas.
As empresas, de maneira geral, estão deixando de ser apenas o local onde se faz, para se
tornarem, cada vez mais, os lugares onde se pensa. A produção se rende à Era da Inovação.
Essa nova revolução ou choque de gestão impacta todo o processo administrativo, por isso
é papel do administrador planejar, organizar, dirigir controlar. Em resumo, o primeiro pas-
so é fazer um planejamento do que precisa ser feito, depois o administrador deve organizar
tudo, o terceiro passo é agir, dirigir até alcançar o que foi planejado, e o último passo é con-
trolar pra que não saia do plano combinado ou fazer os ajustes necessários.
ATIVIDADE
Questões para reflexão e discussão em sala de aula
1. Escolha uma empresa (de preferência a que você trabalha ou já trabalhou) e comente cada etapa do
processo administrativo.
2. O que é um processo administrativo?
3. Por que é tão importante para um administrador conhecer cada etapa do processo administrativo?
4. Toda empresa deveria ter processos desenhados?
5. Como as empresas deveriam gerenciar seus processos administrativos?
102 qcapítulo 5
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capítulo 5 q103
As Áreas Funcionais
6 da Administração
e as Organizações
Funcionais
claudio starec
6 As Áreas Funcionais da Administração
e as Organizações Funcionais
FINANÇAS
PRODUTOS
OPERAÇÕES
ADMINISTRAÇÃO
INSUMOS
RECURSOS HUMANOS CLIENTE
INFORMAÇÕES
MARKETING
SERVIÇOS
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
106 qcapítulo 6
As funções organizacionais COMENTÁRIO
Independentemente do seu porte, ramo de atuação ou complexidade, as Compartilhar informações e
organizações, de maneira geral, apresentam as seguintes características: experiências
• O modelo de tomada de decisão (como foi visto no Capítulo 4) é Apesar de ser desejável, o compartilha-
centralizado, isto é, a administração central ou o principal executivo mento de informações, conhecimentos
tem amplo controle sobre o caminho que a organização deve seguir. e experiências ainda é apontado como
• Uma vez que as responsabilidades estão bem definidas e entendi- um dos maiores desafios organizacio-
das para todos os atores envolvidos, as tarefas ficam claras e é possível nais. Várias pesquisas de clima organi-
cobrar responsabilidades. zacional feitas em grandes empresas
• A gestão de pessoas é mais bem controlada, o que quer dizer: como Petrobras apontam que boa parte
administrar o número de gerentes necessários para executar as ativi- das informações e dos conhecimentos
dades essenciais. existentes não é compartilhada interna-
• Compartilhar informações e experiências se torna possível, uma mente. Isso se deve à crença de que in-
vez que os especialistas de cada área estão reunidos num mesmo local formação é poder, quando, na verdade,
ou departamento. o entendimento deveria ser informação
• Quanto maior for a complexidade da organização, há uma tendên- é poder fazer.
cia a aumentar a especialização, ou seja, a divisão de tarefas e atividades,
o que pode dificultar a integração e a comunicação dentro das áreas.
Apesar de existirem muitos modelos de estrutura organizacional, boa
parte das organizações possui funções semelhantes. A missão da organi-
zação é desdobrada em cinco grandes funções: Operações ou Produção,
Marketing e Vendas, Recursos Humanos, Finanças e Pesquisa e Desenvol-
vimento. A Figura abaixo detalha as atividades de cada uma dessas funções:
PESQUISA E
RECURSOS
OPERAÇÕES DESENVOLVI- FINANÇAS MARKETING
HUMANOS
MENTO
capítulo 6 q107
COMENTÁRIO Operações/produção
Organização baseada em Toda organização deve possuir uma área funcional de operações ou de
serviços produção. É na produção que ocorre o processo dos insumos em bens
É importante registrar que o setor de ou serviços que são entregues para os clientes finais.
serviços já corresponde a 67,3% do PIB
(Produto Interno Bruto) do Brasil. A in- As tarefas dessa área compreendem um ciclo de atividades produtivas que
dústria é responsável por 26,9% da in- vão desde a determinação da quantidade de produtos a serem fabricados
dústria e a agricultura por apenas 5,8%. ou clientes a serem atendidos, até a entrega efetiva dos produtos e serviços
Esse é o maior percentual entre os paí- (Maximiano, 2000).
ses que compõem os Brics (Brasil, Rús-
sia, Índia, China e África do Sul). Fonte: Na área industrial, a função de operações engloba a produção, uma
O Globo - 29/03/2012 [Fundo Mone- função essencial porque faz a engrenagem da organização se movimen-
tário Internacional e Banco Central]. tar em direção ao objetivo traçado. O maior desafio da área de operações
é fornecer e gerir os recursos (bens e serviços) e liderar pessoas no dia a
dia corporativo.
COMENTÁRIO Na indústria, a produção tem a responsabilidade de transformar
matérias-primas em produtos com maior qualidade e menor custo pos-
Procons do Brasil sível. Já no setor de serviços, a produção ganha forma de operações. A
Pesquisa realizada pelos Procons do produção de um serviço precisa ter uma série de cuidados especiais para
Rio e de São Paulo podem ser encon- garantir uma entrega de qualidade na percepção do cliente. Para evitar
tradas no site Portal do Consumidor. as “falhas” na entrega ou as lacunas na qualidade do serviço e garantir
a confiabilidade ou credibilidade do prestador de serviço é preciso “Do
it right, the first time”, que, traduzindo do inglês, quer dizer “fazer cer-
COMENTÁRIO to na primeira vez”. Essa deveria ser a missão de qualquer organização
baseada em serviços.
Recursos humanos O planejamento das atividades de operações e produção é conside-
Os seis subsistemas de RH são: di- rado um dos mais importantes das funções do administrador, porque
mensionamento de pessoal, cargos e está diretamente ligado à capacidade de atender as necessidades e ex-
salários, recrutamento e seleção, re- pectativas dos clientes. É muito comum empresas quebrarem ou serem
muneração e benefícios, treinamento e acionadas judicialmente porque foram incapazes de entregar o que
desenvolvimento e gestão do desem- combinaram com seus clientes. Essa é a principal queixa registrada pe-
penho. Cada subsistema precisa estar los consumidores nos Procons do Brasil.
alinhado com as diretrizes do plane-
jamento estratégico da organização. Recursos Humanos
Cada vez mais o RH ganha uma posição
mais estratégica nas empresas. O RH Jack Welch, considerado um dos mais admirados executivos e adminis-
também é responsável, de acordo com tradores do século passado por ter tornado a GE (General Eletric) uma
uma pesquisa da Associação Brasileira das maiores e mais valiosas empresas do mundo, dizia que não eram os
de Recursos Humanos RJ, pela Comu- objetivos e nem mesmo as estratégias que levavam as empresas a atingi-
nicação Interna, na maior parte das em- rem seus resultados, e sim as pessoas. Essa é a missão da área funcional
presas que possuem departamentos de de Recursos Humanos: encontrar as pessoas certas para os lugares cer-
Comunicação Interna. tos, no momento certo, e a um custo adequado à realidade da empresa.
É de responsabilidade da área de RH (Recursos Humanos) adminis-
trar todas as relações da empresa com seus empregados, desde o recru-
108 qcapítulo 6
tamento e contratação, passando pela remuneração e benefícios, pelo desenvolvimento de
competências e habilidade necessárias a uma boa atuação e até pela gestão do desempe-
nho de cada empregado contratado ou terceirizado.
A economia global mudou, e para sobreviver nesse ambiente de alta competitividade, as
empresas perceberam que precisam de pessoas mais qualificadas e preparadas, capazes de
criar soluções, dar respostas precisas e aumentar a produtividade.
ATENÇÃO
As organizações que irão sobreviver no futuro cheio de incertezas serão aquelas que descobrirem como incen-
tivar nas pessoas o comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis, em todos os setores da
organização. As organizações que aprendem só serão possíveis porque, no fundo, todos são aprendizes (Senge,
1999). Não existem organizações inteligentes, que aprendem sem que seus colaboradores aprendam.
A ideia da “organização que aprende” (Learning Organization – Senge, 1999) é uma realidade
no cenário globalizado. Mas é importante registrar que não existem “organizações que apren-
dem” no sentido de se ter todas as respostas certas. Na prática, as organizações, apesar do uni-
verso de informações disponíveis, são tomadas por uma inércia que se origina, muitas vezes, no
fato de se saber muito e se fazer muito pouco com aquilo que se sabe (STAREC, 2011).
Desenvolvimento pessoal,
Sobrevivência e segurança Expectativa do funcionário
qualidade de vida e reconhecimento
Figura 4 — Modelos das organizações. Fonte: Starec, 2009. Adaptado de Meister, 1999.
capítulo 6 q109
Para a organização ter sucesso, isto é, alcançar os resultados planejados, precisa lidar
com duas questões fundamentais: a primeira é a externa, a mudança contínua do ambiente
competitivo, e a segunda deve ter ligação sistêmica com a cultura organizacional: a neces-
sidade de aprender sempre. Senge (1999) defende que esse aprendizado corporativo se dá
por meio do desenvolvimento de cinco disciplinas:
PENSAMENTO É ter a visão do “todo” e de ter “todo aprendizado” de alguma forma interliga-
SISTÊMICO do. É um aperfeiçoamento do processo de aprendizagem.
110 qcapítulo 6
Para sobreviver neste ambiente de alta competitividade, as CONCEITO
empresas perceberam que precisam de pessoas mais qualifi-
cadas e preparadas, capazes de criar soluções e dar respostas Plano de negócios
precisas para aumentar a produtividade. A Petrobras, que atua O Business Plan ou Plano de Negócios
TREINAMENTO é um documento essencial para o em-
numa das áreas mais afetadas pela escassez de profissionais
E DESENVOL- preendedor avaliar as possibilidades,
preparados e necessita de gente extremamente qualificada, a
VIMENTO oportunidades e riscos do lançamento
de energia, vislumbrou há 50 anos que a saída para ter pessoal
qualificado seria investir na formação de seus quadros. A Pe- de um negócio, novo produto ou servi-
trobras é uma das empresas que mais investem em educação ço no mercado. Geralmente, o business
corporativa no mundo (STAREC, 2011). plan é composto por três partes: Plano
Operacional, Plano de Marketing e Pla-
Essa atividade é considerada uma das mais importantes, pois no Financeiro.
avalia o desempenho de cada colaborador e mede o quanto
ele contribuiu ou não para o alcance dos resultados planejados.
AVALIAÇÃO DE
Com base em indicadores de avaliação de desempenho é que
DESEMPENHO
muitas organizações estão direcionando a participação nos re-
sultados, que é uma prática cada vez mais utilizada para recom-
pensar aqueles empregados que tiveram melhor desempenho.
CONCEITO
Domenico de Masi (1999) argumenta que os brain workers (trabalhadores do co-
nhecimento ou mente de obra) desempenham um papel central na Sociedade pós
-industrial, marcada por cinco aspectos:
1) a passagem da produção de bens para a economia de serviços;
2) a preeminência da classe dos profissionais e dos técnicos;
3) o caráter central do saber teórico, gerador de inovação e das ideais diretivas nas
quais a coletividade se inspira;
4) a gestão do desenvolvimento técnico e o controle normativo da tecnologia;
5) a criação de uma nova tecnologia intelectual.
Mas foi Peter Drucker quem pela primeira vez usou o termo trabalhador do conheci-
mento num artigo na década de 1960.
Marketing
capítulo 6 q111
Existem inúmeras definições e conceitos sobre o que é marketing. Segundo a AMA —
Associação Americana de Marketing (American Marketing Association):
Já para Philip Kotler (2012), considerado um dos maiores pensadores sobre marketing
na atualidade, “Marketing é a arte de descobrir oportunidades, desenvolvê-las e lucrar com
elas. Marketing do século XXI é a arte de criar, conquistar e dominar mercados”.
Seguindo a definição de Kotler, o Marketing pode ser entendido como uma espécie de
radar que tem a missão de monitorar o ambiente competitivo no qual a empresa está inseri-
da, para identificar oportunidades de negócio e evitar ameaças como mostra a figura abaixo.
Figura 5 — Evitando ameaças. Fonte: Starec, 2014 adaptado da apresentação do Dr. Carlos Alberto
Schneider, 2008
A função do marketing é muito ampla e abrange atividades como:
Análise mercadológica e concorrencial;
Posicionamento estratégico;
Definição de preço (Pricing): determinação das políticas comerciais e estratégias de preço no mercado;
112 qcapítulo 6
Como o principal objetivo é conquistar e manter um bom relacio- COMENTÁRIO
namento com seus clientes e com o mercado, os profissionais utilizam
o composto de marketing também conhecido como marketing mix. O Outros 4 "Pês"
composto de marketing define a estratégia de marketing da empresa ao O composto de Marketing ou Marketing
trabalhar com decisões sobre 4 “pês”: Preço, Praça, Promoção (comu- Mix foi formulado pelo professor da uni-
nicação) e Produto; e atualmente envolvendo outros 4 “Pês”: Pessoas, versidade de Michigan Jerome McCharty
Processos, Programas (são todas as atividades da empresa direcionadas na década de 1960. Como o mundo dos
aos clientes) e Performance (resultado) (KOTLER, 2012 p.24). negócios mudou muito nos últimos anos,
Veja a seguir um descritivo de cada “Pê” do composto de marketing: em virtude da abrangência, complexida-
de do próprio marketing, vários autores,
liderados por Philip Kotler, entendem que
Definir as especificidades do produto a ser fabricado ou
os 4 “Pês” iniciais já não representam
serviço a ser oferecido é, provavelmente, uma das mais im-
mais todo o cenário corporativo e propu-
PRODUTO portantes decisões que a organização pode tomar. As deci-
seram novos “Pês” aos já existentes.
(PRODUCT) sões sobre produto envolvem investimentos e ou financia-
mentos e precisam levar em consideração as competências
técnicas e os recursos existentes.
capítulo 6 q113
Os novos “Pês” da Administração moderna de marketing (KOTLER, 2012 P.24) podem
ser definidos como:
Além dos quatro novos “Pês” propostos por Philip Kotler, dois outros “Pês”, Posiciona-
mento e Pesquisa, deveriam completar a lista:
Finanças
A função financeira é considerada uma das mais críticas e aparece de forma prioritária na
agenda de administradores e executivos pelo fato de ser a responsável por apontar se os
resultados financeiros planejados estão sendo alcançados pela organização. Os impac-
tos das decisões financeiras precisam ser avaliados, principalmente pela utilização eficaz
dos recursos disponíveis.
ATENÇÃO
Nos dias de hoje, é muito difícil encontrar algum planejamento ou mesmo plano de ação sem ter um desdo-
bramento financeiro. O ROI (do inglês return of investments), indicador que mede o retorno financeiro dos
114 qcapítulo 6
investimentos (qualquer que seja o investimento), está muito presente no dia a dia corporativo. No mundo
corporativo, acionistas, executivos e administradores querem saber se o investimento a ser feito vai trazer
algum retorno para a organização, qual é esse retorno e em quanto tempo ele virá.
Como preço e qualidade dos produtos estão a cada dia mais similares entre concorren-
tes (como foi visto no capítulo anterior) e as margens, de maneira geral, cada vez menores,
em função do aumento da concorrência é obrigatório pensar no planejamento financeiro
sempre que decisões ou opções estratégicas precisem ser tomadas.
A administração financeira não é uma tarefa simples. Na realidade, é bastante comple-
xa, por abranger uma série de outras funções e atividades. Decisões de planejamento estra-
tégico são afetadas principalmente pelas questões de investimento (em função do fluxo de
caixa, do dinheiro disponível depois dos pagamentos efetuados) e financiamento (identifi-
cando as opções de crédito).
É missão da área financeira gerar recursos para que a organização consiga manter em
dia seus compromissos com impostos e tributos, pessoal e infraestrutura (custos fixos e
variáveis), e ainda gerar caixa para financiar seus novos projetos ou aqueles que ainda estão
em andamento.
Em resumo, a função finanças abrange decisões de:
Entre as perguntas mais relevantes para ajudar no processo decisório (como foi visto no
Capítulo 4) estão:
É mais interessante, do ponto de vista financeiro, lançar um novo produto/serviço ou melhorar o atual?
De onde virá o dinheiro para o lançamento de um novo produto ou a abertura de uma nova filial?
capítulo 6 q115
CURIOSIDADE Pesquisa & desenvolvimento
“O gênio da lâmpada” A literatura comenta que antes de Thomas Edison inventar a lâmpada
O termo gênio da lâmpada foi recupe- elétrica, ele levou um ano inteiro e tentou, pelo menos, umas cinco mil
rado da matéria “Thomas Edison, o gê- de vezes. Edison acreditava que o sucesso de uma invenção era medido
nio da lâmpada”, capa da revista Super pela seguinte fórmula: “1% de inspiração e 99% de transpiração”. Foi as-
Interessante de dezembro de 1988. sim que “o gênio da lâmpada” teve outra “ideia luminosa” e criou uma
O texto reconta a história de Thomas das maiores empresas de todos os tempos, a GE (General Eletric), se
Edison, o gênio da lâmpada — conside- transformando num dos homens mais ricos e admirados da sua época.
rado o mais fértil inventor de todos os Edison acreditava que a criatividade representava uma pequena parte
tempos; criou o fonógrafo, a lâmpada no desenvolvimento de novos produtos e serviços.
elétrica, o projetor de cinema e aperfei- Nos dias de hoje, o sucesso organizacional é sinônimo de resultado
çoou o telefone. Ele traçou desse modo e está diretamente ligado à qualidade com que os administradores uti-
o perfil do mundo de hoje, intensivo em lizam a informação disponível para melhorar o processo de tomada de
energia, entretenimento e comunica- decisão, e também pelo conhecimento dos empregados e pela compe-
ção (indústria criativa). tência das suas ações, ou seja, por sua capacidade de inovar.
ATENÇÃO
No contexto atual da competitividade, em que a única certeza é a mudança, inovar
passa a ser uma questão de sobrevivência para as organizações. A sociedade mu-
dou e continua mudando cada vez de forma mais intensa. As organizações tentam se
adaptar aos novos e turbulentos tempos, as fronteiras desapareceram, novos merca-
dos estão surgindo a todo instante, e os administradores precisam acompanhar e se
adaptar a essas mudanças radicais.
116 qcapítulo 6
Alinhamento com a estratégia macro da organização e com o planejamento estratégico;
Considerações finais
“Só sei que nada sei.” Sócrates
A frase de Sócrates bem que poderia sintetizar a premissa de toda vantagem competitiva sus-
tentável, que está na capacidade de aprender mais rápido e colocar esses aprendizados em
ação antes que os seus concorrentes o façam (GEUS, 1997). A prática corporativa atesta que
não basta inovar ou ter uma vantagem competitiva se essa inovação ou vantagem competitiva
não forem colocadas em prática antes que os concorrentes o façam (STAREC, 2011).
No cenário competitivo atual, as empresas simplesmente não competem mais com pro-
dutos ou serviços. Cada vez mais a competição se dará com informação (DRUCKER, 2001),
ou com base nas possibilidades de aplicação do conhecimento em termos de melhoria de
produtos ou processos, o que se pode classificar de inovação (STAREC, 2011).
As organizações perceberam a importância da gestão para aprendizagem, com foco
na criação de conhecimento, na inteligência aplicada e inovação nos negócios. Na reali-
dade, o acesso à informação já não é o grande desafio da Sociedade da Informação e do
Conhecimento, mas sim a aplicabilidade da informação na geração de novos conheci-
mentos, que, por sua vez, podem gerar melhorias nos produtos ou serviços, ajudar a mo-
nitorar tendências de mercado, identificar novas oportunidades de negócio e até mesmo
evitar ameaças competitivas (STAREC, 2011).
A nova organização tem agora a missão de aprender a se reinventar mais rápido do que
seus concorrentes na busca por diferenciais competitivos sustentáveis. E esse aprendizado
deve ser colocado em prática também de forma mais rápida que os concorrentes. Essa é
uma tarefa das mais difíceis de ser alcançada no mundo corporativo. Por isso, hoje, mais
do que em qualquer outra época, a educação está sendo construída em várias frentes com
distintos objetivos como fruto da demanda da Sociedade.
As novas organizações se caracterizam essencialmente pelo desafio de facilitar a comu-
nicação da informação, o compartilhamento das melhores práticas e o incentivo à aquisi-
ção/construção de novos conhecimentos pelos seus colaboradores. O sucesso desse mo-
delo organizacional tem uma ligação direta com as facilidades propiciadas pela revolução
tecnológica, ao fazer com que as informações se tornem mais acessíveis o tempo todo.
capítulo 6 q117
Essa nova e desafiante fronteira da Administração surgiu em função dos avanços tecno-
lógicos que contaminaram de forma decisiva indivíduos, organizações, governos e socieda-
des. O advento da nova organização só foi possível a partir da constatação de que não existe
organização sem pessoas e de que informação e conhecimento são as principais riquezas
da Sociedade do Aprendizado.
ATIVIDADE
Questões para reflexão e discussão em sala de aula
1. Como as áreas funcionais devem atuar?
2. Qual é a função do Marketing?
3. O que faz a área de operações nas organizações?
4. Qual é o papel essencial dos Recursos Humanos?
5. Como a área Financeira pode ajudar as demais a atingirem os resultados?
6. Por que é importante para um administrador inovar?
7. Na sua empresa quais são as áreas funcionais mais críticas?
8. Por que as áreas funcionais precisam operar em sinergia?
9. Por que é difícil compartilhar informações e conhecimentos?
10. O que você faria para incentivar a troca de informações na sua organização?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Administração de Empresas. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
______. Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2003.
DRUCKER, Peter. Administrando em Tempos de grandes mudanças — Administração. São Paulo: Publifolha, 1999.
______. O Advento da Nova Organização. In: Gestão do Conhecimento Havard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 2006.
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GEUS, Arie. A empresa viva. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
HAMEL, Gary; PRAHALARD, C.K. Competindo pelo futuro. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin L. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson, 2012.
MASI, Domenico. A Sociedade pós-industrial. São Paulo: Senac, 1999.
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______. Introdução à Administração. São Paulo: Atlas, 2004.
MEISTER, J.C. Educação Corporativa. São Paulo: Makron Books, 1999.
SENGE, M. Peter. A quinta disciplina. São Paulo: Best Seller, 1999.
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STAREC, Claudio. Educação corporativa em xeque. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2011.
ZEITHAML, Valarie A.; BITNER, Mary Jo. Marketing de Serviços: a empresa com foco no cliente. São Paulo: Bookman, 2003.
Sites consultados
www.abrhrj.org.br
www.oglobo.globo.com
www.petrobras.com.br
www.portaldoconsumidor.gov.br
http://super.abril.com.br/cotidiano/thomas-edison-genio-lampada-438845.shtml, acesso em 6 de março de 2014
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