Livro U1
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UNIDADE 1
Fenômenos de
transporte
Estática e cinemática dos
fluidos
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Sumário
Convite ao estudo
Caro aluno, nesta unidade de ensino, estudaremos a estática
e a cinemática de fluidos. A partir da definição do fluido e de
suas propriedades, tem-se que a estática é o ramo da física que
estuda o comportamento dos fluidos em repouso e a cinemática
estuda o comportamento dos fluidos em movimento.
Assimile
Segundo Brunetti (2008), um fluido é uma substância que se deforma
continuamente quando submetida à aplicação de uma força de
cisalhamento, não atingindo, portanto, uma condição de equilíbrio
estático.
Assimile
A Lei de Newton da Viscosidade diz que a tensão de cisalhamento é
proporcional ao gradiente de velocidade.
Reflita
Como que a viscosidade pode interferir num projeto de máquinas
hidráulicas?
Apistão = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅ L
Avançando na prática
Seleção de um fluido lubrificante para um mancal de
deslizamento
Descrição da situação-problema
Nesta nova situação-problema, selecionaremos o fluido
lubrificante para um mancal de deslizamento. Tem-se um eixo com
10 mm de diâmetro girando a 1000 rpm (rotações por minuto) em
um mancal de deslizamento de 100 mm de comprimento. O torque
aplicado no eixo é de 0,01 Nm. Uma fina película de lubrificante
Resolução da situação-problema
Como a película de fluido lubrificante é muito delgada,
utilizaremos a Lei de Newton da Viscosidade simplificada, que é
dada por:
V0
τ =µ
ε
Tem-se que a velocidade V0 é relacionada com a velocidade
angular ω pela fórmula a seguir, em que r é o raio do eixo.
V0 = ω ⋅ r
T = Ft ⋅ r
Assimile
A pressão pode ser expressa por uma tensão normal à área de aplicação
da força. Não podemos confundir o conceito de pressão com o conceito
de força, sendo, portanto, que a unidade de pressão é N / m 2 , também
chamada de Pascal (Pa).
Teorema de Stevin
Caro aluno, a pressão em um fluido em repouso é constante ou
pode variar? É intuitivo que a pressão em um fluido em repouso varia
com a profundidade. A teoria que veremos a seguir nos mostra como
é dada essa variação de pressão.
O teorema de Stevin nos diz que a diferença de pressão entre dois
pontos de um fluido estático (ou seja, em repouso) é igual ao produto
do peso específico do fluido multiplicado pela diferença de cotas
(altura no eixo z) desses dois pontos.
Para conseguirmos formular esse teorema, partimos da
equação básica da estática dos fluidos, também conhecida
como lei fundamental da hidrostática. Essa equação mostra-nos
matematicamente, a partir da segunda Lei de Newton, um conceito
bastante intuitivo da experiência do dia a dia, que diz que a pressão
em um fluido estático aumenta com a profundidade. Imagine que
você esteja fazendo um curso de mergulho. Uma das primeiras lições
aprendidas é exatamente esse conceito. Quanto mais distante da
superfície do fluido você estiver, maior será a pressão agindo sobre
o seu corpo.
A lei fundamental da hidrostática pode ser escrita, como mostra
a equação a seguir, aplicada para casos com as seguintes hipóteses:
Pesquise mais
Para entender melhor os conceitos envolvidos e verificar o passo a passo
de como chegamos na lei fundamental da hidrostática, deduzindo-a a
partir da segunda Lei de Newton, pesquise Fox, Pritchard e McDonald
(2013, p. 50-52).
Lei de Pascal
O enunciado dessa lei diz que a pressão aplicada em um ponto
de fluido em repouso transmite-se integralmente a todos os pontos
do fluido.
Vamos entender melhor como funciona essa lei? Imagine um
recipiente cilíndrico, em que o fluido apresenta uma superfície
livre, em contato com a atmosfera, como ilustrado na Figura 1.7 (a).
Exemplificando
Como um elevador hidráulico consegue levantar um carro de 1 tonelada
de peso? Como funciona o sistema de transmissão e amplificação de
força de um guindaste?
Fn
p=
A
Medidores de pressão
Na indústria, máquinas e equipamentos, como bombas e
compressores, trabalham com uma determinada pressão de trabalho.
Os medidores de pressão são utilizados na indústria com a finalidade
de medir a pressão de trabalho, a fim de regulá-la ou limitá-la. Eles são
divididos em dois tipos: os que medem a pressão atmosférica e os
que medem a pressão manométrica.
O barômetro mede a pressão atmosférica local, também chamada
de barométrica. Esse medidor consiste basicamente de um tubo
cheio de líquido, que é virado de ponta-cabeça em um recipiente
cheio de mercúrio, como ilustra a Figura 1.8.
Figura 1.8 | Desenho esquemático de um barômetro
Empuxo e estabilidade
Tem-se que o empuxo, também chamado de princípio de
Arquimedes, pois foi estudado pelo cientista grego Arquimedes no
ano 220 a. C., é definido como sendo a força líquida vertical agindo
Fempuxo = ρ ⋅ g ⋅ V
Reflita
Como o empuxo pode ser utilizado no projeto de peças flutuantes,
equipamentos submersíveis ou para tornar os balões dirigíveis?
Note que, no ano de 220 a. C., Arquimedes utilizou essa relação para
determinar o teor de ouro na coroa do rei Hiero II. Como isso foi possível?
A partir da Figura 1.11 (a), nota-se que a linha de ação das forças
peso e de empuxo estão deslocadas, produzindo um conjugado que
tende a endireitar a embarcação. Já na Figura 1.11 (b), percebe-se
que o conjugado produzido pelo deslocamento da linha de ação das
forças tende a virar a embarcação, fato não desejável. Portanto, no
caso (a), temos um exemplo de uma condição de estabilidade e, no
caso (b), temos um exemplo de uma condição de instabilidade.
Portanto:
F1 = 98,1 N / cm 2 ⋅ A1 = 98,1 N / cm 2 ⋅ 10 cm 2 = 981 N
Avançando na prática
Cálculo da diferença de pressão entre dois reservatórios
Descrição da situação-problema
Nesta nova situação-problema, calcularemos a diferença de
pressão entre dois reservatórios, utilizando o dispositivo mostrado
na Figura 1.13.
Figura 1.13 | Manômetro utilizado para medir a diferença de pressão entre dois
reservatórios
Resolução da situação-problema
Aplicando a regra prática da equação manométrica, temos que:
pA + γ H 2O ⋅ h1 − γ Hg ⋅ h2 + γ Óleo ⋅ h4 − γ Hg ⋅ h5 − γ H 2O ⋅ h6 = pB
Escoamento unidimensional
Esse escoamento, ilustrado na Figura 1.21, é o tipo mais simples
dentro da classificação do escoamento quanto à variação no espaço.
No escoamento unidimensional, utilizamos somente uma única
coordenada para descrever as propriedades do fluido.
Figura 1.21 | Ilustração de um escoamento unidimensional
Exemplificando
Neste exemplo, determinaremos a velocidade média do escoamento,
a partir de um diagrama de velocidades linear. A Figura 1.23 ilustra o
desenho esquemático do problema proposto.
Figura 1.23 | Desenho esquemático do problema proposto
V = C1 ⋅ y + C2
Qmentrada = Qmsaída
Exemplificando
Neste exemplo, ilustrado na Figura 1.24, vamos supor que água escoa
em regime permanente na tubulação com uma contração, ilustrada na
figura. Queremos determinar a vazão volumétrica, a vazão mássica e a
velocidade média na seção (2).
∑
entrada
Qm = ∑Q
saída
m
Reflita
Se tivermos um equipamento com várias entradas e várias saídas,
em que a massa específica do fluido em cada uma das entradas seja
diferente, a equação da continuidade é válida? Se for válida, como
podemos aplicá-la?
Avançando na prática
Cálculo da velocidade média do escoamento
Descrição da situação-problema
Nesta nova situação-problema, determinaremos a velocidade
média do escoamento a partir de um diagrama de velocidades
dado por uma função quadrática: V = 75 ⋅ y − y 2 . A Figura 1.25 ilustra
o desenho esquemático do problema proposto.
Resolução da situação-problema
Vamos supor que o escoamento é bidimensional, sendo que a
profundidade do escoamento, na direção normal ao plano da figura,
é dada por b. Portanto, vamos supor que a área da seção transversal
ao escoamento é dada por:
A = b⋅h
Utilizando a formulação para o cálculo da velocidade média, tem-
se que:
1 1 1 2
y y 3 75 ⋅ h 2
h
h3
∫ (75 ⋅ y − y ) ⋅ b ⋅ dy = A ⋅ 75 ⋅ 2
h
∫
2
Vm = VdA = − = −
A A A 0 3 0 2⋅ A 3⋅A