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Doenças Do Girassol

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

presidente

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

ministro da agricultura e do abastecimento


ARLlNDO PORTO NETO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


presidente
ALBERTO DUQUE PORTUGAL

diretores
DANTE DANIEL G. SCOLARI
ELZA ANGELA BATTAGGIA BRITO DA CUNHA
JOSÉ ROBERTO RODRIGUES PERES

Centro Nacional de Pesquisa de Soja.

chefe
JOSÉ FRANCISCO FERRAZ DE TOLEDO

chefe adjunto técnico


PAULO ROBERTO GALERANI

chefe adjunto de apoio


VÂNIA BEATRIZ R CASTIGLlONI

Exemplares desta publicação podem ser solicitados a:


Área de Negócios Tecnológicos da Embrapa Soja
Caixa Postal 231 - CEP 86 001-970
Telefone (043) 371 6000 Fax (043) 371 6100
Londrina, Pr

As informações contidas neste documento somente


poderão ser reproduzidas com a autorização expressa do
Comitê de Publicação da Embrapa Soja
EMBRAPA-CNPSo, Circular Técnica, 19. ISSN: 0100-6703

Doenças do Girassol
Regina Maria Villas Bôas de Campos Leite
EMBRAPA-CNPSo, Circular Técnica, 19.

comitê de publicações

Clara Beatriz Hoffmann-Campo


Ivania Aparecida Liberatti
Flávio Moscardi
José de Barros França Neto
Léo Pires Ferreira
Norman Neumaier
Odilon Ferreira Saraiva

tiragem

5.000 exemplares
Novembro/1997

LEITE, R.M.V.B.C. Doenças do girassol. Londrina: EMBRAPA-CNPSo,


1997. 68p. (EMBRAPA-CNPSo. Circular Técnica, 19).
1. Girassol - Doença. I. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa
de Soja (Londrina, PR). 11. Tí!ulo. 111. Série.
CDD 633.11098162

EMBRAPA - 1997
Conforme Lei 5.988 de 14.12.73
Apresentação

Um dos fatores limitantes para o desenvolvimento da cultura do


girassol é a ocorrência de doenças. A condução de programas específi-
cos de pesquisa para a definição de métodos de controle, que visem
minimizar as perdas por doenças, tem sido um dos principais objetivos da
Embrapa Soja.

A cultura do girassol, como opção econômica para compor siste-


mas de produção agrícola, exige produtividade estável em níveis econô-
micos. Essa estabilidade passa obrigatoriamente pelo manejo das diver-
sas doenças que atacam a cultura. Doenças como as causadas pelos
fungos Sclerotinia e Alternaria têm sido um desafio nos programas de
pesquisa. O manejo da cultura e da época de semeadura tem sido o modo
mais eficiente de conviver com o problema.

A publicação "Doenças do Girassol" tem como objetivo principal


levar aos pesquisadores, técnicos de extensão rural e cooperativas, pro-
fessores, estudantes e produtores, informações sobre as principais doen-
ças que afetam a cultura do girassol e suas medidas de controle. Parte
dessas informações foram obtidas a partir de trabalhos já existentes e
parte delas por pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Soja, em parceria
com diversas instituições de pesquisa e universidades brasileiras. Esta
publicação pretende ser uma das referências que o usuário utilize no
planejamento e na implantação da cultura do girassol, com o objetivo de
minimizar o efeito das doenças ou prevenir sua ocorrência.

Paulo Roberto Galerani


Chefe Adjunto Técnico
Embrapa Soja
Sumário
1 Introdução : 7
2 Manchá de Alternaria - Alternaria spp 9
3 Podridão Branca - Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary 13
4 Míldio - Plasmopara halstedii (Farl.) Berl. & de Toni 21
5 Ferrugem - Puccinia helianthi Schw 25
6 Bolha Branca -Albugo tragopogi (Pers.) Schroet 28
7 Oídio - Erysiphe cichoracearum DC 31
8 Mancha Cinzenta da Haste - Phomopsis helianthi Munt.-
Cvet. et al. 33
9 Mancha Preta da Haste - Phoma oleracea varo helianthi-
tuberosi Sacc. 37
10 Outras Podridões Radiculares e Murchas - Sclerotium rolftii
Sacc., Macrophomina phaseolina (Tass.) Goid e Verticillium
dahliae Klebahn 39
11 Podridão Cinza do Capítulo - Botrytis cinerea Pers. ex Fr 45
12 Mancha Bacteriana e Crestarnento Bacteriano - Pseudomonas
syringae pv. helianthi (Kawamura) Dye, Wilkie et Young;
Pseudomonas cichorii (Swingle) Stapp 48
13 Podridão da Medula da Haste - Envinia sp 51
14 Mosaico Comum do Girassol - Vírus do mosaico do picão
("sunflower mosaic virus") 53
15 Controle de Doenças 55
16 Referências Bibliográficas 64
Doenças do Girassol
Regina Maria Villas Bôas de Campos Leite'

Introdução

A expansão da cultura do girassol tHelianthus annuus L.) pode ser


prejudicada, entre outros fatores, pela presença de doenças causadas por vírus,
bactérias e fungos. O girassol é hospedeiro de mais de 35 microrganismos
fitopatogênicos, a maioria fungos, que podem, dependendo de condições
climáticas que favoreçam a ocorrência e o processo infectivo dos patógenos,
levar à redução significativa da produção e da qualidade do produto (Zimmer &
Hoes.1978).
Estima-se que as doenças são responsáveis por uma perda anual média
de 12% da produção de girassol no mundo (Zimmer & Hoes, 1978), sendo este
o fator mais limitante para a cultura na maioria das regiões produtoras. No
Brasil, não há dados exatos sobre as perdas na produção provocadas pelas
doenças, mas sabe- se que estas podem alcançar 100%, dependendo das
condições climáticas. No Estado do Paraná, por exemplo, as doenças foram

I Eng. Agr. Mestre, Pesquisadora da Embrapa . Centro Nacional de Pesquisa de Soja. Caixa Postal
231, 8600 l-970, Londrina, PR.
-8-

consideradas um dos principais fatores responsáveis pelo decIínio da produção


de girassol na década de 80, com a redução da área cultivada de
aproximadamente 80.000 ha em 1981 para cerca de 5.000 ha em 1984 (Yorinori
et aI., 1985).
Várias doenças já foram relatadas afetando a cultura do girassol no Brasil:
mosaico, mancha e crestamento bacterianos, podridão da medula da haste,
mancha de altemária, podridão branca, míldio, ferrugem, bolha branca, oídio,
mancha cinzenta da haste, mancha preta da haste, tombamento e podridões
radiculares e podridões de capítulo (EMBRAPA, 1983; Yorinori et aI., 1985).
Algumas têm importância significativa, sendo a mancha de altemária e a podridão
branca as mais prejudiciais à cultura (EMBRAPA, 1983). A mancha de
altemária parece ser a doença predominante em todas as épocas de semeadura,
nas diferentes regiões de cultivo. A podridão branca do capítulo ocorre
principalmente em condições de temperatura amena e alta umidade, o que
praticamente inviabiliza o cultivo de girassol como cultura comercial, no período
de outono na região Sul do país.
Esta publicação contém informações sobre as principais doenças que
afetam a cultura do girassol no Brasil, os sintomas e as condições que as
favorecem. As medidas que devem ser tomadas para minimizar os danos à
cultura estão abordadas de uma forma conjunta.
-9-

Mancha de Alternaria - Alternaria spp.

Em áreas de clima subtropical úmido, condição esta predominante nas


regiões de cultivo de girassol no Brasil, a mancha de altemária é uma das principais
doenças, ocorrendo em praticamente todas as regiões e em todas as épocas de
semeadura. Os danos causados pela doença podem ser atribuídos à diminuição
da área fotos sintética da planta, devido à formação de manchas foliares e à
desfolha precoce, resultando na redução do diâmetro dos capítulos, do número
de aquênios por capítulo, do peso de 1000 aquênios e do teor de óleo. Plantas
severamente afetadas apresentam a maturação antecipada. Além do Brasil (Ribeiro
et ai., 1974), a doença ocorre em países da América do Norte e da África, além
da Argentina, Índia, Japão, Austrália, antiga Iugoslávia, Romênia e França
(Anahosur, 1978; Zimmer & Hoes, 1978; Davet et al., 1991; Pereyra & Escande,
1 Q94).

Várias espécies de Alternaria causam sintomas semelhantes em plantas


de girassol. Três espécies do fungo são relatadas como patogênicas ao girassol
no Brasil: A. helianthi (Hansf.) Tubaki & Nishihara (sin. Helminthosporium
helianthi Hansf.), A. zinniae Ellis e A. alternata (Fr.) Keissler (sin. A. tenuis
Nees). Os conídios de A. helianthi, de formato cilíndrico a elipsoidal, coloridos,
não possuem cauda e são formados isoladamente em conidióforos cilíndricos e
solitários (Anahosur, 1978). A. zinniae produz conídios com cauda longa, sendo
que esta característica distingue A. zlnniae de outras espécies de Alternaria
patogênicas ao girassol (David, 1991). A. alternata possui conídios piriformes e
de coloração marrom a marrom-amarelada (Zimmer & Hoes, 1978).
- 10-

A. helianthi é também patogênico ao crisântemo. Não há relatos de


especialização fisiológica dos fungos causadores de mancha de altemária em
girassol (Anahosur, 1978).
Os sintomas iniciais típicos nas folhas são pequenas pontuações necróticas
com cerca de 3 a 5 mm de diâmetro, de coloração variável da castanha à negra,
de formato arredondado a angular, com halo c!orótico. As lesões características
apresentam círculos concêntricos, semelhantes a um alvo (Fig. 1). Essas lesões
podem coalescer, formando áreas extensas de tecido necrosado, provocando a
seca prematura da folha e, conseqüentemente, a desfolha precoce das plantas.
Os sintomas manifestam-se primeiramente nas folhas mais baixas, expandindo,
posteriormente, para toda a planta. Entretanto, pode ocorrer infecção generalizada
das folhas, independente de sua posição na planta. Na haste e nos pecíolos, as
lesões iniciam-se como pequenos pontos ou riscas e, quando numerosas, formam
grandes áreas necróticas, evoluindo até tomar toda a haste (Fig. 2). Em condições
de ataque severo, a doença provoca crestamento total e, finalmente, morte da

FIG. 1. Mancha de alternária em folhas de girassol.


- 11-

FIG. 2. Mancha de alterná ria na haste e capítulo de girassol.

planta (Fig. 3). A quebra de hastes também é comum. Em plântulas, o fungo


pode ocasionar queima dos tecidos em desenvolvimento. Em plantas adultas,
coloniza as brácteas e o receptáculo floral (Fig. 2), podendo, inclusive, causar
podridão de capítulo (Anahosur, 1978; Almeida et aI., 1981; Davet et aI., 1991).
O fungo pode ser transmitido pela semente, sendo constatada sua presença
internamente e no tegumento ou em fragmentos de plantas presentes no lote,
podendo permanecer viável por muitos anos (Godoy & Fernandes, 1985a).
Entretanto, a principal fonte de inóculo primário é constituída por restos de
cultura infectados com o fungo (Davet e~aI., 1991). Em condições favoráveis,
- 12-

FIG. 3. Crestamento das plantas de girassol.

o fungo produz grande quantidade de conídios e, em pouco tempo, através do


transporte dos conídios pelo vento e pela chuva, pode se alastrar para outras
partes da planta ou para outras plantas. As condições ótimas para a germinação
de conídios de Alternaria spp. são alta umidade relativa e temperatura entre
25°C a 30°C. Os tubos germinativos penetram diretamente através da cutfcula
e da epiderme (Davet et al., 1991). Existem relatos de que a presença de
pólen, que cai das flores sobre as folhas, estimula a germinação dos conídios
(Pereyra & Escande, 1994). O fungo apresenta elevada capacidade patogênica,
sob condições favoráveis. As plantas de girassol são suscetíveis durante todos
os estádios de desenvolvimento, com uma fase de maior suscetibilidade desde
o surgimento das anteras até o enchimento de grãos (Anahosur, 1978; Davet et
al., 1991). A doença avança rapidamente das folhas mais baixas para as folhas
do ponteiro. As infecções mais severas ocorrem em estádios mais adiantados
de desenvolvimento, após o florescimento (Allen et al., 1983; Godoy &
Fernandes, 1985b; Pereyra & Escande, 1994).
- 13-

li
Podridão Branca - Sclerotinia sclerotiorton
(Lib.) de Bary

Este fungo é considerado o patógeno mais importante para o girassol no


mundo e está distribuído em todas as regiões produtoras. Pode infectar a raiz e
o colo da planta, a haste ou o capítulo. S. sclerotiorum mata rapidamente as
plântulas infectadas, ocasionando falhas no estande. A ocorrência de murcha
em plantas afeta seriamente a produção e a qualidade dos aquênios, que ficam
com menor peso. As perdas associadas à podridão de capítulo refletem
diretamente na produção, com redução no número de aquênios por capítulo, no
peso de aquênios e na concentração de óleo. A qualidade do óleo extraído de
grãos infectados pelo fungo é inferior, devido ao aumento da concentração de
ácidos graxos livres. A podridão branca pode causar a queda de aquênios do
capítulo ou de todo o capítulo, quando a infecção ocorre na base deste, resultando
em perda total da produção. Perdas indiretas ocorrem devido à contaminação
de lotes de grãos com escleródios, cuja remoção é dificultada na operação de
limpeza. Além desses prejuízos, o fungo persiste durante muitos anos no solo,
representando um perigo potencial permanente para o girassol (Zimmer & Hoes,
1978; Davet et al., 1991; Masirevic & Gulya, 1992; Pereyra & Escande, 1994).
Sclerotinia s clerotiorum [sino Sclerotinia lib ertiana Fuckel e
Whetzelinia sclerotiorum (Lib.) Korf & Dumont] forma micélio e escleródios
na fase assexual e ascas com ascosporos na fase sexual. O micélio é composto
por hifas hialinas multicelulares. O escleródio forma-se a partir da anastomose
de um grande número de hifas em um corpo duro e compacto, de formato
- 14-

variável, podendo atingir vários centímetros de comprimento (Masirevic &


Gulya, 1992). O escleródio maduro é formado por uma casca pigmentada, uma
camada fina de células e uma medula de tecido parcialmente embebido em
uma matriz gelatinosa, que fornece nutrientes para a sua germinação. O apotécio
é formado a partir da germinação do escleródio e constitui-se em uma estrutura
plana ou em forma de taça que produz os esporos sexuais de S. sclerotiorum.
Podem ser formados muitos apotécios a partir de um único escleródio. Os
apotécios são de coloração marrom clara e têm de 4 a 10 mm de diâmetro.
Solos úmidos por um longo período e presença de luz são essenciais para a
formação de apotécios. A parte superior do apotécio contém uma camada
himenial com ascas e muitas paráfises, onde são formados os ascosporos
(Mordue & Holliday, 1976; Zimmer & Hoes, 1978; Davet etal., 1991; Masirevic
& Gulya, 1992).

S. sclerotiorum é um fungo polífago, tendo como hospedeiros plantas de


75 famílias, 278 gêneros, 408 espécies e 42 subespécies ou variedades. Com
exceção de uma espécie da divisão Pteridophyta, todos os hospedeiros de S.
sclerotiorum pertencem às classes Gymnospermae e Angiospermae. A maioria
dos hospedeiros são plantas herbáceas da subclasse Dycotiledonea, mas muitos
são da subclasse Monocotyledonea (Boland & Hall, 1994). Não há relatos de
especialização fisiológica do fungo (Mordue & Holliday, 1976).

S. sclerotiorum pode produzir três sintomas diferentes em girassol,


dependendo do órgão da planta afetado. A podridão basal pode ocorrer desde
o estádio de plântula até a maturação. A infecção na base é principalmente
observada a partir da floração, quando plantas doentes aparecem isoladas na
linha. Logo após, mais plantas tornam-se infectadas, até que, próximo à
maturação, podem ser observadas grandes reboleiras de plantas mortas nos
campos de cultivo. O sintoma inicial é uma murcha súbita da planta, que pode
recuperar a turgidez à noite ou após uma chuva, mas que, em poucos dias,
torna-se irreversível. Uma lesão marrom-clara, mole e encharcada aparece na
haste, ao nível do solo, que pode se estender até a 50 em de comprimento e
circundar a haste (Fig. 4). Se houver umidade elevada, a lesão pode ser coberta
por um micélio branco. O fungo também desenvolve-se internamente, destruindo
os tecidos da haste. Muitos escleródios são formados dentro da parte da planta
-15-

FIG.4. Podridão basal de uma planta de girassol causada por Sclerotinia sclerotiorurm
(CETIOM, 1992).

colonizada pelo fungo, porém poucos são encontrados na raiz e na área externa.
As plantas afetadas acamam facilmente. A podridão na porção mediana da
haste ocorre em plantas a partir do final do estádio vegetativo até a maturação.
A infecção ocorre em folhas feridas e prossegue em direção ao pecíolo,
terminando na haste. A aparência da lesão é semelhante à da podridão basal
(Fig. 5). Um micélio branco pode cobrir a lesão e escleródios são observados
dentro e, em menor quantidade, fora da haste. As plantas podem quebrar no
ponto da lesão (Fig. 5). A podridão do capítulo ocorre a partir do final da floração.
A infecção pode começar em qualquer parte do receptáculo. Os sintomas iniciais
caracterizam-se por lesões pardas e encharcadas no lado dorsal do capítulo,
com a presença de micélio branco cobrindo porções dos tecidos (Fig. 6). O
fungo provoca o apodrecimento do interior do capítulo, deixando apenas os
elementos vasculares intactos (Fig. 7). Um grande número de escleródios, de
formato irregular, são encontrados no interior do capítulo. No final, ocorre a
ccmpleta desintegração do capítulo, com os elementos vasculares fibrosos
- 16-

FIG.5. Podridão da haste de girassol causada por Sclerotinia sclerotiorum (CETIOM,


1992).

expostos, assemelhando-se a uma vassoura (Fig. 7). Massas de aquênios e


escleródios, geralmente, caem na base da planta (Fig. 8) (Zimmer & Hoes,
1978; Almeidaet al., 1981; Davet etal., 1991; Masirevic & Gulya, 1992; Pereyra
& Escande, 1994).
O escleródio começa e termina o ciclo de vida de S. sclerotiorum.
Ocorrem duas formas de germinação do escleródio: uma miceliogênica,
formando somente hifas e outra carpogênica, produzindo apotécios (Zimmer &
Hoes, 1978). A germinação miceliogênica causa a infecção de tecidos da base
-17 -

FIG. 6. Podridão branca do capítulo de girassol causada por Sclerotinia sclerotiorum.

FIG. 7. Destruição total do capítulo de girassol causada por Sclerotinia sclerotiorum.


- 18-

FIG. 8. Queda de massas de aquênios e escIeródios, como consequência da podridão de


capítulos.

da planta, produzindo podridão de raízes, podridão basal do caule e murcha das


plantas. O papel atrativo dos exsudatos radiculares ao micélio é provável, apesar
de não estar claramente demonstrado (Davet et al., 1991). As hifas penetram
nos tecidos através de ferimentos, dos estômatos ou pela cutícula, invadem os
espaços intercelulares e, finalmente, atingem o interior das células. O fungo
provoca lesões visíveis na base do caule e murcha da parte aérea, devido à
obstrução dos vasos condutores (Pereyra & Escande, 1994). Contaminações
secundárias são possíveis através do contato direto dos tecidos doentes com os
tecidos sadios das plantas vizinhas (Davet et al., 1991). Na germinação
carpogênica, os apotécios formados a partir de escleródios existentes na camada
superficial de solo emergem na superfície e liberam os ascosporos (Fig. 9). Em
condições de alta umidade relativa, acima de 70%, um apotécio maduro pode
produzir até 2 x 108 ascosporos por um período de várias semanas. Os ascos poros
são liberados em temperaturas de 3°C a 22°C, com maior intensidade entre
19°C e 20° e. Temperaturas superiores a 25°C e umidade relativa abaixo de
- 19-

FIG. 9. Apotécios formados a partir de escIeródios de Sclerotinia sclerotiorum existentes


na camada superficial de solo (Cortesia de José Tadashi Yorinori, Embrapa Soja).

3S % são limitantes para a sobrevivência dos ascosporos. Os ascosporos


germinam em condições favoráveis e infectam o hospedeiro, causando,
principalmente, podridão da haste e podridão do capítulo. A contaminação dos
capítulos só é possível quando os órgãos florais estão cobertos por água livre
por um período mínimo de 42 horas. A colonização se dá através das flores
tubulares. A suscetibilidade do capítulo à infecção é maior no período
compreendido entre a floração inicial até duas semanas após o florescimento.
Após um período de latência de IS a 40 dias, o fungo invade o parênquima do
capítulo e provoca o apodrecimento dos tecidos. O micélio desenvolve-se sobre
um substrato formado por tecidos mortos ou senescentes ou no interior da
cavidade do capítulo. A temperatura ótima para o desenvolvimento do micélio
situa-se entre 18°C e 2S°C. Os escleródios produzidos dentro e na superfície
dos tecidos colonizados retomam ao solo com os resíduos da cultura e são
responsáveis pela conservação do fungo (Zimmer & Hoes, 1978; Davet et al.,
-20-

1991). Os esc1eródios podem permanecer no solo por muitos anos, conservando


intacto seu poder patogênico (Pereyra & Escande, 1994). As sementes são
importantes veículos de disseminação de S. sclerotiorum, através de escleródios
misturados a elas ou de micélio existente nos tecidos internos (Mordue &
Holliday, 1976; Zimmer & Hoes, 1978).
- 21-

fi
Míldio - Plasmopara halstedii (Farl.) Berl,
&deToni

o míldio é uma das principais doenças do girassol no mundo, por ser


potencialmente muito destrutivo e estar distribuído por todas as áreas onde
girassol é cultivado. A maioria dos países tem regulamentações específicas
para evitar a introdução ou a dispersão do patógeno (Pereyra & Escande, 1994).
No Brasil, a doença foi constatada pela primeira vez em 1982, nos municípios
de Santo Augusto e Veranópolis, RS e, posteriormente, em 1983, em Londrina,
PR. O fungo foi observado em parcelas experimentais, as quais foram
imediatamente erradicadas e queimadas (Ferreira et al., 1983; Henning &
França Neto, 1985). Os danos causados pelo míldio podem decorrer da morte
precoce das plantas ou da perda total da produção e, ainda, da contaminação
das sementes (Pereyra & Escande, 1994). Como ocorre endemicamente em
vários países produtores, a importação de sementes de girassol comum e demais
espécies do gênero Helianthus para o Brasil provenientes desses países é
proibida.
O agente causal do míldio é o fungo Plasmopara halstedii (Farl.) Berl.
& de Toni. É um parasita obrigatório e sistêmico, que produz micélio intercelular
com naustórios globulares e esporangióforos que emergem e tomam-se aéreos
através dos estômatos. Os esporangióforos são finos e ramificados
monopodialmente, formando zoosporângios nas extremidades das ramificações.
Os zoosporângios rompem-se, liberando zoosporos biflagelados ou tubos
germinativos (Zimmer & Hoes, 1978). As estruturas do fungo são encontradas
em todos os tecidos da plântula e da planta adulta, mas nunca em contato com
- 22-

as células não diferenciadas dos tecidos meristemáticos, nem nos vasos


condutores (Davet et al., 1991).

Além de H. annuus , outras especres de Helianthus , como H.


argophyllus, H. debilis, H. divaricatus, H. grosseserratus e H. petiolaris,
além de outras espécies da família Compositae (Artemisia vulgaris, Centaurea
cyanus, Xanthium strumarium) são suscetíveis ao patógeno do míldio (Davet
et al., 1991). Na Europa, já foram relatadas pelo menos oito raças fisiológicas
do fungo afetando o girassol (Spring et al., 1994). No Brasil, foi verificada, em
1982, a ocorrência da raça 2 americana (Henning & França Neto, 1985).

O míldio pode apresentar diferentes tipos de sintomas, dependendo da


idade da planta, da reação do genótipo e das condições de umidade e temperatura.
O tombamento resulta da infecção do sistema radicular das plantas, nos estádios
iniciais de desenvolvimento, sob condições de temperatura amena e alta umidade.
Esse sintoma manifesta-se devido à presença de inóculo primário no solo,
podendo afetar as plântulas antes ou logo após a emergência, com redução do
estande. As plantas com infecção sistêmica apresentam crescimento lento ou
nanismo, com folhas cloróticas e anormalmente grossas, hastes quebradiças
com capítulos eretos e geralmente estéreis (Fig. 10). O sintoma inicial é o
amarelecimento do primeiro par de folhas verdadeiras, quase sempre na base
das folhas ou ao longo da nervura central. Com o desenvolvimento da planta, o
fungo alastra-se, aumentando as áreas cloróticas, inclusive nas folhas que nascem
sucessivamente. Por ocasião do florescimento, plantas infectadas sistemicamente
apresentam altura de 0,1 a 1,0 m, enquanto que plantas sadias possuem 1,5 a
1,8 m. Em condições favoráveis, há a formação de estruturas branco-
acinzentadas, compostas de esporangióforos e zoosporângios, na face inferior
das folhas cloróticas (Fig. 11). A infecção localizada pode ser observada nas
folhas jovens, inicialmente como manchas angulares, pequenas, verde-
amareladas, distribuídas ao acaso no limbo foliar. Essas manchas podem
aumentar de tamanho, coalescer e tomar grande parte da folha. Estruturas do
fungo podem ser vistas na face inferior da folha correspondente às lesões,
persistindo, por algum tempo, em condições de alta umidade relativa e
desaparecendo rapidamente em condições de seca. Quando afeta o sistema
radicular, o fungo causa a galha basal, caracterizada pela redução do número
- 23-

FIG. 10. Mildio em planta de girassol (CETIOM, 1992).

FIG. 11. Estruturas de Plasmopara halstedii na face inferior da folha (CETIOM, 1992).
- 24-

de raízes secundárias, que se apresentam descoloridas, rugosas e hipertrofiadas,


aumentando a sensibilidade da planta à seca (Zimmer & Hoes, 1978; Almeida
et al., 1981; Davet et al., 1991; Pereyra & Escande, 1994).
O ciclo de vida de P. halstedii inicia-se com oosporos de parede fina,
que são estruturas de resistência produzidas sexualmente, essenciais para sua
perpetuação. Os oosporos ocorrem em resíduos contaminados da cultura de
girassol anterior, bem como dentro do pericarpo e da testa de sementes colhidas
de plantas infectadas sistemicamente. Após o inverno, os oosporos germinam,
principalmente nas condições úmidas da primavera. Alguns oosporos, entretanto,
permanecem dormentes por até 14 anos (Zimmer & Hoes, 1978). A
porcentagem de plantas doentes diminui consideravelmente a partir do sexto
ano (Davet et al., 1991). Os oosporos germinam produzindo zoosporângios de
parede fina que, por sua vez, produzem zoosporos biflagelados. No contato
com o tecido do hospedeiro, principalmente raízes primárias e hipocótilos das
plântulas recém-emergidas, o zoosporo encista e penetra na célula por meio de
haustório. A infecção de partes subterrâneas pode causar a morte de plântulas,
quando a doença evolui rapidamente, ou produzir a galha basal, quando a infecção
permanece localizada. Entretanto, a infecção normalmente toma-se sistêmica,
com os sintomas manifestando-se nas partes aéreas da planta. O patógeno
esporula na superfície dos tecidos invadidos, produzindo zoosporângios, que
são responsáveis pelas infecções secundárias subterrâneas e dos tecidos foliares.
Com o avanço do ciclo da cultura, os órgãos sexuais masculino (anterídio) e
feminino (oogônio) do fungo são formados nos espaços intercelulares das raízes,
haste e sementes. A fertilização ocorre, dando origem a um oosporo de parede
fina. Finalmente, o oosporo retoma ao solo, completando assim o ciclo de vida
(Zimmer & Hoes, 1978). A incidência da doença e o tipo e severidade de
sintomas do míldio são determinados pela natureza e pela quantidade do inóculo,
pela idade da planta por ocasião da infecção e pelas condições do ambiente
(Zimmer & Hoes, 1978; Pereyra & Escande, 1994). Quanto mais velha for a
planta quando infectada, mais retardada será a expressão dos sintomas, que
podem se manifestar até após o florescimento. A doença é favorecida por
condições de alta precipitação (umidade relativa superior a 95%) e temperatura
entre 15°C a 18°C (Davet et al., 1991).
- 25-

Ferrugem - Puccinia helianthi Schw..

A ferrugem do girassol é uma doença importante em várias regiões


produtoras do mundo. Encontra-se em todas as regiões onde se cultiva o girassol
(Zimmer & Hoes, 1978; Pereyra & Escande, 1994). Perdas severas têm sido
atribuídas a esse fungo, que causa redução na produtividade e na qualidade de
aquênios, pela diminuição do peso e do teor de óleo, mas, aparentemente, tem
pouca influência sobre os teores dos ácidos graxos no grão (Zimmer & Hoes,
1978). A alta incidência de ferrugem em São Paulo, na metade da década de 60,
foi o principal fator responsável pelo desestímulo do cultivo de girassol na região
noroeste do estado nessa época. Esse fato ocorreu em virtude da alta
suscetibilidade das cultivares utilizadas pelos produtores (Lasca, 1993).
A ferrugem é causada pelo fungo Puccinia helianthi Schw. O fungo é
autóico, ou seja, desenvolve seu ciclo em um único hospedeiro e produz dois
tipos de esporos: uredosporos e teliosporos. Os uredosporos constituem a massa
pulverulenta alaranjada, característica da doença e são produzidos em urédios,
durante a fase favorável ao desenvolvimento do patógeno. Os urédios são
formados na face inferior da folha, distribuídos irregularmente e possuem 1 mm
de diâmetro. Os uredosporos são elipsoidais-obovais, às vezes cilíndricos, com
tamanho variando entre 25 a 32/lm x 19 a 25/lm. A parede tem 1 a 2 um de
espessura. Nos télios, estruturas escuras semelhantes aos urédios, são produzidos
os teliosporos, que são cilíndricos a clavados, com tamanho de 40 a 60/lm x 18
a 30/lm (Laundon & Waterson, 1965; Zimmer & Hoes, 1978; Pereyra & Escande,
1994).
- 26-

P. helianthi é um patógeno específico do gênero Helianthus, afetando


mais de 35 espécies anuais e perenes (Zimmer & Hoes, 1978; Pereyra & Escande,
1994). Existem diversas raças conhecidas do patógeno, sendo nove já relatadas
no Canadá e seis na Argentina (Laundon & Waterson, 1965; Zimmer & Hoes,
1978; Pereyra & Escande, 1994).
Os sinais típicos da ferrugem do girassol são pequenas pústulas circulares,
de 1 a 2 mm de diâmetro, pulverulentas, de coloração variando de alaranjada a
preta, distribuídas ao acaso por toda a superfície da planta, que desprendem um
polvilho da mesma cor, formado pelos uredosporos do fungo (Fig. 12). O ataque
é mais comum nas folhas de baixo, progredindo para as folhas superiores.
Normalmente, as pústulas são circundadas por pequenos halos amarelos. Em
altos níveis de infecção, haste, pecíolo e partes florais podem apresentar sintomas.
A coalescência de pústulas pode ocupar quase toda a superfície foliar, causando
senescência prematura de folhas, o que provoca a redução da produção e da

FIG. 12. Ferrugem na face inferior da folha de girassol (Cortesia de José Tadashi Yorinori,
Embrapa Soja).
- 27-

qualidade dos aquênios (Zimmer & Hoes, 1978; Almeida et al., 1981; Pereyra
& Escande, 1994).
O patógeno pode perpetuar-se em plantas do gênero Helianthus, onde
são produzidos os uredosporos. Esta é, possivelmente, a forma habitual de
perpetuação do fungo em regiões onde o inverno não é rigoroso (Pereyra &
Escande, 1994). Os esporas são transmitidos para outras plantas, a partir de
lavouras contaminadas, de ramos e folhas deixados no campo, da superfície do
solo ou de plantas voluntárias. Uredosporos e teliosporos têm sido encontrados
na semente, mas não há provas de transmissão (Laundon & Waterson, 1965).
Correntes de ar em grandes altitudes podem contribuir para a disseminação de
esporos a longas distâncias. A infecção ocorre pouco após a floração, quando os
uredosporos disseminados pelo vento são depositados em folhas e germinam
em condições de alta umidade relativa, penetrando na planta através dos
estômatos. O fungo coloniza os tecidos imediatamente adjacentes ao ponto de
penetração, onde se desenvolve uma pústula pulverulenta, que produz novos
uredosporos (Pereyra & Escande, 1994). Esses são disseminados para outros
tecidos da mesma planta ou para outras plantas vizinhas. A severidade da ferrugem
pode variar com a idade da planta, com as condições ambientais e com a resistência
do genótipo. O patógeno é favorecido por temperaturas variando entre 18°C a
noc e alta umidade relativa.
-28-

Bolha Branca - Albugo tragopogi (Pers.)


Schroet

Esta doença já foi constatada no Brasil e ocorre, especialmente, em


regiões de clima ameno. Geralmente, a doença é de ocorrência localizada e os
ataques não são de grande intensidade, não resultando em perdas consideráveis
de rendimento. Apesar de pouco freqüentes, as infecções que ocorrem em
estádio de plântula podem provocar a perda das folhas e a morte de algumas
plantas. Apesar de ser considerado um patógeno de menor importância, pode
levar à morte da planta, como relatado na Argentina (Pereyra & Escande,
1994).
o agente causal da bolha branca é o fungo Albugo tragopogi (Pers.)
Schroet [sino Albugo tragopogonis (DC) S.F. Gray], parasita obrigatório
normalmente presente em sua forma assexual. O fungo forma pústulas
esbranquiçadas e pulverulentas, de 1 a 5 mm x 1 a 8 mm, correspondendo à
massa de esporângios hialinos e cilíndricos, produzidos a partir de
esporangióforos. Os esporângios são disseminados e germinam, produzindo de
sete a 11 zoosporos biflagelados por esporângio, com tamanho de 45 a 57 11m
(Mukerji,1975).
A. tragopogi ocorre somente em membros da família Compositae,
causando bolha ou ferrugem branca. A especialização fisiológica do fungo não
é conhecida (Mukerji, 1975).
Os primeiros sintomas observados são manchas amareladas salientes,
com cerca de 1 a 2 mm de diâmetro, dispostas irregularmente na face inferior
- 29-

FIG. 13. Bolha branca (Cortesia de Vania B. R. Castiglioni, Embrapa Soja).

das folhas (Fig. 13). Essas bolhas podem ocorrer também nos pecíolos. As
manchas alargam-se e podem coalescer. A ruptura das bolhas libera grande
quantidade de esporos, como uma massa pulverulenta branca, que são facilmente
levados pelo vento, disseminando o patógeno para outras plantas. Quando
severamente infectadas, as folhas tornam-se marrons e secam prematuramente,
conferindo à planta um aspecto de queima. A doença afeta principalmente as
folhas inferiores da planta e raramente a haste. Os sintomas de bolha branca
podem manifestar-se em qualquer fase de desenvolvimento da planta, desde a
plântula até a floração (Mukerji, 1975; Zimmer & Hoes, 1978; Almeida et al.,
1981; Pereyra & Escande, 1994).

Os esporângios produzidos na parte inferior das folhas são disseminados


pelo vento e pela chuva e produzem zoosporos. Os zoosporos movem-se na
água livre, penetram no tecido do hospedeiro através dos estômatos, encistam
e produzem hifas intercelulares (Pereyra & Escande, 1994). A infecção ocorre
do estádio de plântula até a floração, sendo mais evidente em tecidos tenros.
Os zoosporos podem sobreviver no solo ou em restos de cultura. A intensidade
- 30-

de infecção parece depender da presença de lâmina de água na superfície da


planta, proveniente da água da chuva ou do orvalho. Os esporângios germinam
numa ampla faixa de temperatura de 4°e a 35°e, sendo a ótima entre 12°e e
15°e, mas os zoosporos permanecem viáveis apenas em temperaturas entre
4°e e 20 e (Mukerji, 1975;Zimmer & Hoes, 1978).Os fatores que mais limitam
0

a ocorrência de A. tragopogi são a umidade e a temperatura. Temperaturas


amenas e alta umidade favorecem a penetração do fungo, enquanto que
temperaturas mais quentes favorecem seu desenvolvimento dentro da planta
(Pereyra & Escande, 1994).A doença é mais severa em épocas muito chuvosas,
quando há aumento da liberação de esporos (Mukerji, 1975).
- 31 -

Oídio - Erysiphe cichoracearum De

o oídio é uma doença distribuída por todo o mundo, mas ocorre com
maior intensidade em áreas tropicais onde, ocasionalmente, causa senescência
da planta no estádio de florescimento ou mais adiante. Em áreas temperadas, o
oídio normalmente não é observado até o florescimento e raramente apresenta
importância econômica (Zimmer & Hoes, 1978).
O oídio é causado pelo fungo Erysiphe cichoracearum DC, que é um
parasita obrigatório. As estruturas aveludadas características do fungo são micélio
e estruturas de origem assexual, como conidióforos e conídios. O micélio é
normalmente bem desenvolvido. Os conídios são formados em cadeias longas,
têm formato elipsóide e tamanho variando de 25 a 45f.!mx 14 a 26f.!m.No final
do ciclo, o fungo produz cleistotécios, estruturas sexuadas negras de sobrevivência,
que contém ascas com dois ascosporos. Há relatos da ocorrência de 13forma e
specialis do fungo (Kapoor, 1967).
E. cichoracearum está restrito à família Compositae, causando oídio em
230 espécies pertencentes a 50 gêneros (Kapoor, 1967).
Esta doença caracteriza-se pelo aparecimento de estruturas aveludadas
de coloração branca ou cinza sobre a parte aérea da planta, principalmente em
folhas, mas ocasionalmente na haste e em brácteas (Fig. 14). As lesões podem
crescer e coalescer, infectando grande parte da superfície da planta. Com a
evolução do ciclo da cultura, podem ser observadas pontuações negras
distribuídas ao acaso nas áreas aveludadas, que são os cleistotécios do fungo
(Zimmer & Hoes, 1978; Almeida et al., 1981).
- 32-

FIG. 14. Oídio em folhas do terço inferior da haste do girassol.

A transmissão é feita principalmente por cleistotécios, que sobrevivem de


uma safra para outra. Em alguns casos, os conídios também podem sobreviver
(Kapoor, 1967). A disseminação é feita principalmente pelo vento, que leva os
conídios a longas distâncias. As condições ótimas para a infecção são temperatura
ao redor de 25°C e umidade relativa de 95%. Os conídios não germinam quando
há um filme de água na superfície foliar. A doença é favorecida em períodos
quentes e secos.
--
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Mancha Cinzenta da Haste - Pbomopsis


helianthi Munt. -Cvet. et al.

Esta doença é relativamente nova, relatada a partir dos anos 80 e tem se


mostrado altamente destrutiva nos países da Europa oriental e França (Davet et
al., 1991; Masirevic & Gulya, 1992; Pereyra & Escande, 1994). O dano
provocado por esta doença está na quebra e no acamamento das plantas atacadas,
prejudicando seriamente a colheita. É uma doença que freqüentemente ocorre
em reboleiras e, dependendo das condições climáticas, o grau de incidência
pode alcançar 50% a 80% das plantas (Masirevic & Gulya, 1992; Pereyra &
Escande, 1994). Esta doença tem sido freqüentemente encontrada no Brasil.
A mancha cinzenta da haste é causada por Phomopsis helianthi Munt.-
Cvet. et al., cujo teleomorfo é Diaporthe helianthi Munt.-Cvet. et alo Em
condições de infecção natural, os picnídios começam a ser formados logo após
as manchas surgirem na haste. Os picnídios são globulares, com 120 a 190 um
de diâmetro, marrom-escuros, ostio!ados e imersos nos tecidos do hospedeiro.
Desenvolvem beta-conídios hialinos, com 17 a 42 um de comprimento por 0,5
a 2 um de largura. Os peritécios podem ser encontrados desenvolvendo-se em
resíduos de plantas de girassol. Numerosas ascas globulares a cilíndricas, com
60 a 76,5 um de comprimento por 8,7 a 12,5 um de largura, desenvolvem-se
nos peritécios. Após a maturação, cada asca libera oito ascosporos bicelulados e
elipsoidais (Masirevic & Gulya, 1992).
Além de espécies do gênero Helianthus, não há relatos confirmados de
outras plantas hospedeiras de P. helianthi. Entretanto, Phomopsis sp. isolado
- 34-

de Xanthium italicum é relatado como patogênico ao girassol (Carriere & Petrov,


1990).
Os primeiros sintomas da doença ocorrem nas folhas medianas ou baixeiras,
normalmente após o florescimento. Cerca de 10 a 15 dias após a infecção,
pequenas manchas necróticas, circundadas por um halo amarelado, aparecem
na margem das folhas e evoluem em direção à nervura (Fig. 15). As folhas

FIG. 15. Lesão foliar causada por Phomopsis helianthi.

infectadas rapidamente murcham e morrem. O fungo cresce em direção à haste,


onde aparecem os sintomas mais característicos, cerca de 25 a 30 dias após a
infecção inicial da folha. As lesões na haste sempre iniciam nas axilas das folhas,
como manchas pequenas, marrons e encharcadas, que rapidamente alargam-se
e tomam-se redondas ou elipsoidais e usualmente circundam a haste (Fig. 16).
A parte central da mancha toma-se cinzenta, enquanto que as bordas são marrom-
escuras. O fungo destrói os tecidos internos e a haste quebra-se facilmente,
tomando as plantas sujeitas ao acamamento (Fig. 17). Em genótipos suscetíveis,
- 35-

FIG.16. Mancha cinzenta da haste, causada por Phomopsis helianthi (CETlOM, 1992).

as lesões podem atingir, eventualmente, 15 a 20 em, enquanto que em genótipos


resistentes, as lesões permanecem pequenas, marrons e superficiais, sem danos
aos tecidos internos. Nos tecidos infectados, picnídios pequenos e escuros podem
ser observados. Concomitantemente com o desenvolvimento de lesões na haste,
as folhas superiores tomam-se c!oróticas. O sintoma final da doença é a seca
total da planta (Davet eta!., 1991; Masirevic & Gulya, 1992; Pereyra & Escande,
1994).
A temperatura ótima para o desenvolvimento do fungo está ao redor de
25°C. Chuvas freqüentes e abundantes resultam em aumento no nível de
- 36-

FIG. 17. Quebra de planta causada por Phomopsis helianthi.

infecção. O fungo persiste em restos de cultura como micélio que, sob condições
de temperatura entre 18°e e 20 e e umidade elevada durante 12 a 15 horas
0

consecutivas, forma peritécios que liberam ascosporos, os quais são disseminados


pelo vento e água da chuva (Pereyra & Escande, 1994). Os ascosporos germinam
na inserção da folha e iniciam a infecção, através da invasão do pecíolo, atingindo
finalmente a haste (Masirevic & Gulya, 1992). O fungo também pode ser
encontrado em sementes de girassol. Altas populações de plantas favorecem o
aumento da incidência e da severidade da doença, devido à formação de um
microclima mais favorável (alta umidade) e à redução do vigor das plantas
(Masirevic & Gulya, 1992).
- 37-

Mancha Preta da Haste - Phoma oleracea


vare helianthi-tuberosi Sacc.

Esta doença tem importância secundária, especialmente quando se


apresenta isoladamente e seus sintomas podem ser confundidos com outras
doenças de haste. Entretanto, é considerada um dos integrantes do complexo
de doenças chamado "peste negra", que se caracteriza pelo ataque conjunto de
vários patógenos, ocasionando a seca antecipada das plantas (Pereyra &
Escande, 1994).
A mancha preta da haste é causada pelo fungo Phoma oleracea varo
helianthi-tuberosi Sacc. Os picnídios têm 155 a 308 11mde diâmetro e são de
coloração parda-escura, globosos, pouco achatados e subepidérmicos. Aí são
formados conídios hialinos, unicelulares, com tamanho variando de 3 a 8,5 11m
de comprimento por 2,5 a 3 11mde largura. Poucos picnídios são visíveis em
condições de campo, mas são abundantemente formados em câmara úmida.
Na Argentina, foi descrita a fase perfeita Leptosphaeria lindquistii Frezzi
(Zimmer & Hoes, 1978).
O patógeno provoca lesões negras nas folhas, no capítulo e na haste.
Nas folhas, as lesões têm formato variável. No capítulo, as lesões são superficiais,
com o aparecimento de áreas enegrecidas no receptáculo e nas brácteas. O
sintoma mais comum e característico é a formação de lesões na haste. As
lesões preto-brilhantes são bem típicas e iniciam-se nas axilas das folhas (Fig.
18). São menores que as lesões causadas por Phomopsis, atingindo no máximo
1 a 2 em e normalmente superficiais. Podem coalescer, quando a infecção é
severa, tomando a haste totalmente negra. Não há desintegração e flacidez
- 38 -

FIG. 18. Mancha preta da haste, causada por Phoma oleracea.

dos tecidos do capítulo e da haste, como ocorre com outros patógenos. Infecções
severas podem causar a morte de plantas jovens ou enfraquecimento, nanismo
e redução do tamanho do capítulo em plantas mais velhas. Os sintomas típicos
da doença manifestam-se principalmente a partir da floração (Zimmer & Hoes,
1978; Almeida et aI., 1981; Pereyra & Escande, 1994).
A infecção primária das plantas de girassol ocorre a partir de conídios
oriundos de picnídios e ascosporos produzidos em peritécios formados nos restos
de cultura infectados. Em condições de alta umidade, a formação de picnídios
aumenta e os conídios são liberados através do ostíolo. A disseminação dos
conídios é feita pela água da chuva. As condições ótimas para o desenvolvimento
do fungo são umidade relativa muito elevada e temperaturas em torno de 25°C
(Pereyra & Escande, 1994).
-39 -

Outras Podridões Radiculares e Murchas-


Sclerotium rolftii Sacc., Macrophomina
phaseolina (Tass.) Goid e Verticillium
dahliae Klebahn

Além de S. sclerotiorum, diversos fungos que atuam individualmente ou


em complexo causam podridões radiculares ou da base do caule e murchas em
girassol. Entre eles, destacam-se Sclerotium rolfsii Sacc., agente causal da
podridão do colo e tombamento, Macrophomina phaseolina (Tass.) Goid.,
causando podridão negra da raiz e verticillium dahliae Klebahn, que ocasiona
murcha. Esses fungos estão amplamente distribuídos nas regiões produtoras de
girassol no mundo. Algumas dessas doenças são de importância secundária,
mas, sob condições de estresse das plantas, podem causar danos econômicos
ou incrementar os danos inicialmente ocasionados por outros fungos (Zimmer
& Hoes, 1978; Davet et al., 1991; Pereyra & Escande, 1994). Além de S.
sclerotiorum, V dahliae é considerado um dos principais patógenos do girassol
na Argentina (Pereyra & Escande, 1994).
Sclerotium rolfsii Sacc. [fase teleomórfica Corticium rolfsii Curzi ]
possui micélio branco denso, onde são formados escleródios arredondados, de
1 a 2 mm de diâmetro, inicialmente de coloração creme e posteriormente marrom-
escuros ou negros (Pereyra & Escande, 1994). A forma perfeita não é
freqüentemente observada no campo e provavelmente não é importante na
transmissão da doença (Mordue, 1974). Causa podridão de raiz e da base do
colo em uma ampla variedade de culturas, incluindo leguminosas, plantas
- 40-

ornamentais e diversas plantas daninhas. Apesar de haver variações


morfológicas mínimas entre isolados de diferentes áreas geográficas, há poucas
evidências de especialização do fungo entre hospedeiros (Mordue, 1974).
Os sintomas primários da podridão do colo causada por S. rolfsii
manifestam-se com escurecimento e necrose dos tecidos dessa região (Fig.
19). Posteriormente, a necrose pode se estender para cima ou para baixo, além
de causar estrangulamento da região basal da haste. Nesse caso, as plantas
exibem sintoma secundário de murcha. Em condições de alta umidade, observa-
se desenvolvimento de micélio branco a partir das lesões localizadas no colo

FIG. 19. Podridão basal de uma planta de girassol causada por Sclerotium rolfsii.
- 41 -

das plantas, similar à podridão causada por S. sclerotiorum. Sobre esse micélio,
formam-se os escleródios. As plantas em estádios mais avançados de infecção
acabam morrendo (Almeida et al., 1981; Pereyra & Escande, 1994).
S. rolfsii é um parasita facultativo com extensiva capacidade de
crescimento saprofítico nas camadas superficiais do solo, podendo persistir em
restos de cultura e plantas daninhas. O escleródio é disseminado por práticas
culturais, vento e água e pode estar misturado às sementes. A temperatura
ótima para o desenvolvimento da doença varia de 25°C a 35°C. Os escleródios
germinam em umidade relativa próxima de 100%. Solos encharcados e alta
população de plantas aumentam a incidência da doença e, à medida que o solo
seca, a infecção avança para o nível abaixo da superfície e os sintomas de
murcha tornam-se mais evidentes (Mordue, 1974).
Macrophomina phaseolina (Tass.) Goid. forma picnídios escuros, com
100 a 200 11mde diâmetro e conídios hialinos elipsóides a obovóides. O fungo
também produz microescleródios arredondados e negros, com 100 11ma 1 mm
de diâmetro (Holliday & Punithalingam, 1970). O fungo é extremamente polífago,
afetando pelo menos 284 espécies de plantas e está amplamente distribuído nos
trópicos e subtrópicos, particularmente nas regiões com altas temperaturas e
umidade relati va baixa (Holliday & Punithalingam, 1970; Zimmer & Hoes, 1978).
O sintoma mais comum da podridão negra da raiz é a desagregação dos
tecidos da base da haste e das raízes, que apresentam coloração negra
característica, em virtude da abundante produção de microescleródios do fungo,
facilmente visível pela remoção da epiderme (Fig. 20). As hastes severamente
infectadas apresentam-se ocas e facilmente quebradiças, muito suscetíveis ao
acamamento. A medula destruída apresenta o aspecto de discos empilhados
(Fig. 20). O capítulo é menor do que o de plantas sadias. Os sintomas só
aparecem a partir da floração, mesmo quando as plantas são infectadas nos
estádios iniciais de desenvolvimento. As plantas secam prematuramente (Zimmer
& Hoes, 1978; Almeida et a!., 1981; Davet et a!., 1991; Pereyra & Escande,
1994).
M. phaseolina sobrevive em restos de culturas, onde forma quantidades
consideráveis de microescleródios que permanecem no solo viáveis por três ou
- 42-

FIG. 20. Haste afetada por Macrophomina phaseolina, com medula destruída (CETIOM,
1992).

quatro anos. Tanto microesc1eródios como picnídios podem ocorrer na semente.


O microescleródio, provavelmente, é a principal fonte de inóculo para a infecção,
que também pode ocorrer pelos conídios, e é capaz de germinar em contato
com as raízes. A doença é mais severa em altas temperaturas (35°C a 39°C) e
baixa umidade. O fungo pode ser transmitido por sementes contaminadas
(Holliday & Punithalingam, 1970; Zimmer & Hoes, 1978; Davet et al., 1991).
Verticillium dahliae Klebahn (sin. Verticillium albo-atrum Reinke &
Berth.) é classificado como fungo imperfeito, já que a fase sexual não é
- 43-

conhecida. Os conídios hialinos, unicelulares, com tamanho de 3 a 5 um, são


produzidos na extremidade de fiálides. O entrelaçamento de hifas forma
microescleródios com 8 a 15 um de diâmetro (Zimmer & Hoes, 1978). A gama
de hospedeiros de V. dahliae inclui mais de 350 espécies de dicotiledôneas
anuais e perenes. Esse fungo pode apresentar especialização fisiológica em
hospedeiros, tendo inclusive sido constatada, na Argentina, uma raça afetando
híbridos de girassol resistentes (Zimmer & Hoes, 1978; Davet et aI., 1991).
A doença causada por V. dahliae inicia-se pela clorose internerval de
folhas, geralmente situada de um lado da planta, especialmente a partir da
floração. As folhas tornam-se escurecidas, mas o halo amarelado persiste ao
redor dos tecidos necrosados (Fig. 21). Cortes da porção inferior da haste
podem mostrar a descoloração dos tecidos vasculares invadidos pelo fungo.
Podem-se observar amarelecimento e murcha de folhas e flacidez de capítulos.
Plantas severamente afetadas apresentam redução do tamanho, capítulos
menores e destruição do sistema radicular por fungos oportunistas. A medula

FIG. 21. Lesão foliar causada por Verticillium. dalzliae (Cortesia de Marcelo F. Oliveira,
Embrapa Soja).
-44-

da haste apresenta uma massa densa de coloração acinzentada formada por


microescleródios do fungo (Zimmer & Hoes, 1978; Davet et aI., 1991; Pereyra
& Escande, 1994).
V. dahliae sobrevive no solo na forma de microescleródios dormentes,
presentes em restos do cultivo anterior ou em plantas daninhas, que podem
sobreviver no solo por muitos anos. Exsudados de plantas quebram a dormência
e os microescleródios germinam, produzindo hifas e conídios. A infecção inicia-
se com a penetração direta no hospedeiro. Com a invasão dos vasos do xilema,
os conídios são produzidos e o fungo torna-se sistêmico na planta. O patógeno
também pode ser transmitido por sementes contaminadas (Zimmer & Hoes,
1978; Pereyra & Escande, 1994).
O conjunto de sintomas ocasionados' por esses fungos, traduzido pela
seca prematura das plantas, é conhecido na Argentina por "peste negra". Devido
ao ataque conjunto dos patógenos, muitas vezes torna-se difícil a identificação
do agente principal, mas sabe-se que S. sclerotiorum, S. rolfsii, M. phaseolina,
V. dahliae, além de A. helianthi e P. oleracea podem estar envolvidos na
manifestação da doença (Pereyra & Escande, 1994).
- 45-

m
Podridão Cinza do Capítulo - Botrytis
cinerea Pers. ex Fr.

Além de S. sclerotiorum, diversos fungos podem causar podridões de


capítulos e, dentre essas, a podridão cinza é muito freqüente. As perdas de
rendimento causadas pelo apodrecimento dos capítulos são de difícil avaliação,
mas a doença afeta a qualidade dos grãos, pois dificulta a limpeza, já que se
forma uma massa úmida e compacta entre as sementes e as estruturas do
fungo. O fungo pode ainda afetar o pericarpo do grão ou a amêndoa,
deteriorando o óleo por acidificação (Zimmer & Hoes, 1978; Davet et al.,
1991; Pereyra & Escande, 1994).
Botrytis cinerea Pers. ex Fr. causa podridão de coloração cinza. É um
parasita facultativo que pode se desenvolver saprofiticamente em restos de
matéria orgânica. Forma micélio acinzentado, que dá origem a conidióforos
ramificados e conídios simples. Na etapa mais avançada da infecção, aparecem
macro e microescleródios e micélio dormente, o que permite a sobrevivência
do fungo às condições adversas (Davet et al., 1991; Pereyra & Escande, 1994).
O fungo é freqüente em um grande número de espécies vegetais, como
hortaliças, forrageiras e plantas ornamentais, causando podridões semelhantes
(Pereyra & Escande, 1994).
Inicialmente, notam-se lesões de coloração marrom na face inferior do
capítulo, comumente nas brácteas ou no receptáculo. Em condições de alta
umidade, os tecidos invadidos pelo fungo perdem a consistência e há o desenvol-
- 46-

vimento de podridão mole que se alastra por trás do capítulo. Ocorre abundante
produção de conidióforos e conídios de coloração cinza, que envolvem todo o
capítulo, inclusive os aquênios (Fig. 22). Os capítulos totalmente atacados ficam
mumificados e podem se desprender da planta (Zimmer & Hoes, 1978; Almeida

FIG. 22. Estruturas de Botrytis cinerea envolvendo o capítulo de girassol (CETIOM, 1992).

et al., 1981; Davet et al., 1991; Pereyra & Escande, 1994).


O fungo sobrevive na forma de micélio em restos vegetais e em sementes
(Pereyra & Escande, 1994). Após a esporulação, os conídios formados são
facilmente disseminados pelo vento. A contaminação dos capítulos ocorre
durante a floração. Os esporos do fungo germinam sobre tecidos senescentes
ou ferimentos no capítulo, causados, principalmente, por insetos ou pássaros. A
infecção por B. cinerea atinge a máxima intensidade em temperaturas de 15-
20 e e 90% de umidade relativa (Davet et al., 1991; Pereyra & Escande,
0

1994). A doença é favorecida pela ocorrência de chuvas sucessivas, bem como


- 47-

pela presença de partes florais e brácteas senescentes. As perdas na colheita


são significativas quando a etapa de maturação fisiológica coincide com períodos
de abundante precipitação (Zimmer & Hoes, 1978; Davet et al., 1991; Pereyra
& Escande, 1994).
- 48-

Mancha Bacteriana e Crestamento


Bacteriano - Pseudomonas syringae pv.
helianthi (Kawamura) Dye, Wilkie et
Young; Pseudomonas cichorii (Swingle)
Stapp

Embora a mancha bacteriana e o crestamento bacteriano sejam causados


por diferentes espécies de Pseudomonas, os sintomas nas folhas apresentam
grande semelhança entre si, tomando-se difícil a sua caracterização ao nível de
campo. São doenças freqüentes, mas não causam grandes danos.
A mancha e o crestamento bacterianos são causados por bactérias
pertencentes ao gênero Pseudomonas. O agente causal da mancha bacteriana é
P. syringae pv. helianthi (Kawamura) Dye, Wilkie et Young (Kimura et al.,
1974; Arsenijevic et al., 1994), enquanto que P. cichorii (Swingle) Stapp causa
manchas na haste (Robbs & Almeida, 1981).
As células desses patógenos são Gram negativas, medem 3,0 a 7,0 x 0,6 a
1,5 mm, são móveis e possuem de um a muitos flagelos polares. As colônias,
em meio de cultura nutriente-ágar, são circulares, de cor creme-pálido e, em
meio de King B, um pigmento fluorescente esverdeado que se difunde no meio
é formado (Zimmer & Hoes, 1978; Lelliot & Stead, 1987).
P.syringae pv. helianthi causa doença em espécies de Helianthus, enquanto
que P. cichorii é um patógeno oportunista, que pode infectar uma ampla gama
- 49-

de plantas dicotiledôneas herbáceas, como hortaliças e plantas ornamentais (Lelliot


& Stead, 1987).
Inicialmente, observam-se pontuações de formato angular, levemente
cloróticas e encharcadas no limbo foliar, que se tomam marrom a negras em três
a quatro dias, formando lesões necróticas com estreitos halos amarelados. Essas
lesões podem coalescer e tomar grandes áreas da folha, que fica encarquilhada.
Na face inferior, as lesões têm aspecto negro e oleoso, às vezes brilhantes,
devido à exsudação bacteriana. Folhas infectadas caem prematuramente. As

FIG.23. Mancha bacteriana em haste de girassol (Cortesia de Léo Pires Ferreira, Ernbrapa
Soja).
- 50-

lesões ocorrem também nos pecíolos e na haste, tomando extensas áreas (Fig.
23) (Kimura et al.,1974; Almeida et al., 1981; Robbs & Almeida, 1981;
Arsenijevic et al., 1994).
As bactérias são transmitidas principalmente pela água da chuva,
disseminando-se rapidamente em condições de clima quente e úmido. A
transmissão também ocorre pela semente (Zimmer & Hoes, 1978).
- 51-

Podridão da Medula da Haste - Erwinia Sp.

A doença foi descrita pela primeira vez, no Brasil, em 1983, ocorrendo


no município de Londrina, PR e em uma lavoura no sul do Estado de São Paulo
(EMBRAPA, 1983). Entre as doenças bacterianas, a podridão da medula é a
que causa danos de maior importância em girassol (Pereyra & Escande, 1994).
A podridão da medula é causada por uma bactéria do gênero Erwinia,
que inclui bactérias causadoras de podridão mole (EMBRAPA, 1983).
Erwinia carotovora (Jones) Bergey et ai. é uma bactéria Gram negativa,
movida por flagelos peritríquios. As células medem 0,5 a 0,8 x 0,8 a 1,3 mm e
são anaeróbias facultativas. Em nutriente-ágar, as colônias são branco-
acinzentadas, circulares, lisas, brilhantes, visíveis a olho nu em 24 h, sob incubação
a 25°C-30°C (Bradbury, 1977; Lelliot & Stead, 1987).
Bactérias do gênero Erwinia causam podridão mole em muitas espécies
de plantas, especialmente as que possuem folhas e caules tenros, como
hortaliças, plantas ornamentais e girassol (Bradbury, 1977; Lelliot & Stead,
1987).
Inicialmente, observa-se uma lesão encharcada na haste que aumenta
de tamanho rapidamente. Internamente, o sintoma típico da doença caracteriza-
se pela decomposição total dos tecidos da medula da haste, que adquire coloração
parda e odor característico e, finalmente, liqüefaz-se na região lesionada (Fig.
24). A podridão evolui de baixo para cima da haste. O capítulo pode mostrar-se
pequeno e mal formado. As plantas com podridão da medula podem ter a haste
quebrada, devido à destruição dos tecidos internos (EMBRAPA, 1983).
- 52-

FIG. 24. Podridão da medula da haste causada por Erwinia (Cortesia de Léo Pires Ferreira,
Embrapa Soja).

A bactéria parece estar presente naturalmente em solos onde há matéria


orgânica em decomposição. Pode ser transmitida por diferentes meios, incluindo
chuva, escorrimento de água de superfície, insetos, ferramentas, homem,
máquinas, partículas, ou ainda pela semente. O patógeno penetra nos tecidos
através de ferimentos. Solos mal drenados favorecem o aparecimento da
podridão bacteriana.
- 53-

flJ
Mosaico Comum do Girassol - Vírus do
mosaico do picão ("sunflower mosaic virus")

o mosaico comum do girassol é a virose mais comumente encontrada


nas regiões de cultivo de girassol no mundo, inclusive no Brasil. Entretanto,
apesar de ocorrer em todas as regiões de cultivo, apresenta pouca importância
econômica.
o agente causal desta virose é o vírus do mosaico do picão ("sunflower
mosaic virus"). Estudos realizados na Argentina, incluindo testes de transmissão
mecânica para plantas indicadoras e por afídeos e estudo de tamanho e morfologia
das partículas virais indicam que esse vírus pertence ao grupo dos potyvírus,
apresentando partículas flexuosas de aproximadamente 750nm e inclusões do
tipo catavento (Lenardon, 1994).
Os principais hospedeiros deste vírus são o picão preto (Bidens pilosa) e
o carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum), que são plantas daninhas
facilmente encontradas próximas aos campos de cultivo do girassol (Almeida et
al., 1981).

Os sintomas caracterizam-se por um mosaico típico, com áreas verde-


claras distribuídas no limbo foliar (Fig. 25). Podem ocorrer também manchas
anelares, faixas verde-escuras nas nervuras e presença de anéis concêntricos ou
necróticos. O tamanho da planta e da inflorescência tomam-se reduzidos e esta
redução será tanto maior quanto mais cedo ocorrer a infecção da planta. Os
sintomas desta virose variam, principalmente, de acordo com a estirpe do vírus
e com o genótipo (Almeida et aI., 1981; Lenardon, 1994).
- 54-

FIG. 25. Mosaico em planta de girassol.

A transmissão do vírus ocorre através de pulgões (Aphis spp.),


freqüentemente encontrados no picão, mas o vírus pode ser transmitido,
experimentalmente, de forma mecânica para o girassol com 100% de eficiência
(Lenardon, 1994).
- 55-

Controle de Doenças

Uma vez instaladas na lavoura, as doenças do girassol são de difícil


controle. Portanto, as medidas de controle têm caráter principalmente preventivo
e não devem ser utilizadas de forma isolada. O controle efetivo de doenças
baseia-se num programa integrado de medidas, que incluem diversas práticas
culturais. Assim, os seguintes aspectos de controle devem ser considerados:

• Medidas regulatórias
Medidas de exclusão foram adotadas, a partir de 1984, para prevenir a
entrada do míldio no Brasil e a introdução de S. sclerotiorum por meio de
sementes contaminadas. Uma portaria emitida pelo Ministério da Agricultura e
do Abastecimento proibiu a importação de sementes de girassol comum e demais
espécies do gênero Helianthus, assim como tubérculos de H. tuberosus, quando'
procedentes da Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França,
Hungria, Irã, Israel, antiga Iugoslávia, Japão, Jordânia, Paquistão, República
Dominicana, Romênia, Rússia, antiga Tchecoslováquia e Uruguai, além dos
demais países onde for constatado o fungo P. halstedii. A importação a partir
de outros países é restrita a sementes produzidas em áreas livres de míldio e de
S. sclerotiorum, A partir de 1996, com a harmonização dos requisitos
quarentenários para o MERCOSUL, é permitida a importação de sementes de
girassol procedentes da Argentina, Paraguai e Uruguai, desde que autorizada
pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento.
- 56-

• Escolha de cultivares
A resistência genética às doenças é altamente desejável, pois não onera
diretamente o custo de produção e, muitas vezes, pode dispensar outras medidas
de controle. Estudos sobre o comportamento de genótipos e trabalhos de
melhoramento visando resistência têm sido realizados para diferentes doenças.
Com relação à mancha de altemária, os genótipos atualmente disponíveis
no mercado são suscetíveis aA. helianthi. Certas espécies de Helianthus, como
H. hirsutus, H. rigidus e H. tuberosus, apresentam resistência a A. helianthi
(Lipps & Herr, 1986; Davet et al., (991). A hibridização interespecífica poderá
permitir a incorporação de genes de resistência nos genótipos cultivados (Davet
et al., 1991). Linhagens parentais de H. annuus, como a linhagem macho-
estéril CMS 821A e a restauradora RHA 6D-l foram consideradas como boas
fontes de resistência aA. helianthi (Nagaraju et al., 1992) e podem ser utilizadas
na produção de híbridos resistentes.
A resistência genética à podridão basal e à podridão do capítulo tem
sido estudada em vários países. Esforços têm sido empreendidos em programas
de melhoramento visando encontrar resistência ao patógeno, mas poucos
avanços têm sido obtidos (Zimmer & Hoes, 1978). A resistência do girassol à
S. sclerotiorum é parcial e comandada por múltiplos genes. O comportamento
do mesmo genótipo pode diferir, dependendo da forma de ataque do fungo, ou
seja, um genótipo pode apresentar um nível de resistência elevado para a
podridão basal e ser muito sensível à podridão do capítulo. Além disso, os
genes que se expressam em uma fase de desenvolvimento da planta podem ser
ineficazes em outro estádio (Davet et al., 1991). Espécies selvagens de
Helianthus, como H. resinosus, H. debilis, H. lenticularis e H. petiolaris,
apresentam genes de elevada resistência (Zimmer & Hoes, 1978; Davet et al.,
1991). Há relatos de variação de comportamento entre cultivares quanto à
incidência de podridão do capítulo, mas, aparentemente, essas diferenças estão
relacionadas à maior altura das plantas, que deve proporcionar condições menos
propícias para a infecção pelo fungo (Zimmer & Hoes, 1978). Finalmente, não
existem híbridos ou variedades comerciais que possuam nível de resistência
adequado para serem cultivados em condições favoráveis à doença (Masirevic
& Gulya, 1992).
- 57-

o uso de cultivares resistentes é o método mais seguro de prevenção do


míldio (Pereyra & Escande, 1994). A resistência genética não impede a
penetração do fungo nos tecidos, mas forma uma barreira à progressão da
doença. Estudos histocitológicos revelam a presença de micélio tanto em
cultivares suscetíveis como em resistentes. As cultivares resistentes produzem
reações de defesa contra o patógeno, que se caracterizam pelo depósito de
caloses, lignina e suber, que tendem a isolar o fungo dos tecidos da planta
(Davet et aI., 1991). A resistência ao rm1dio é oligogênica e dominante, controlada
por genes denominados PL. Muitos genes de resistência são conhecidos. Pelo
menos nove genes de resistência ao míldio (PLl a PL9) são os mais utilizados
nos programas de melhoramento. Na França, todas as cultivares recomendadas
possuem pelo menos um gene de resistência à raça européia (Davet et aI.,
1991). Também, a maioria dos genótipos atualmente comercializados na Argentina
tem incorporada a resistência ao míldio (Pereyra & Escande, 1994).

O método de controle da ferrugem universalmente utilizado é a criação


de cultivares resistentes. Seleções e cultivares resistentes a esse fungo têm
sido desenvolvidas na Rússia, Peru, Chile, Iugoslávia, Estados Unidos e Argentina
(Laundon & Waterson, 1965; Zimmer & Hoes, 1978; Pereyra & Escande,
1994). A resistência à ferrugem é determinada por um único gene dominante.
Muitas fontes de resistência à ferrugem são conhecidas. Coleções de girassol
selvagem, incluindo H. annuus e H. petiolaris, representam um reservatório
de genes de resistência que podem ser utilizados no melhoramento. Os genes
RI e R2 têm sido amplamente utilizados para o desenvolvimento de cultivares
resistentes (Zimmer & Hoes, 1978). Muitas cultivares desenvolvidas apresentam
resistência à raça 1, mais freqüente e mundialmente distribuída (Pereyra &
Escande, 1994). Entretanto, o uso de cultivares resistentes pode ser limitado
devido à existência de raças do fungo. À medida que cultivares portadoras dos
genes de resistência forem extensivamente utilizadas, poderá haver pressão de
seleção para raças que superem essa resistência. Além disso, nem sempre se
pode incorporar esses genes de resistência sem afetar o comportamento de
outros caracteres (Pereyra & Escande, 1994).

Há relatos de fontes de resistência à bolha branca, mas sua utilização


em programas de melhoramento não tem sido feita comercialmente, em função
- 58-

da menor importância da doença. Entretanto, a alta suscetibilidade de genótipos,


especialmente os que apresentam sintomas em folhas medianas ou superiores,
são causa de descarte de materiais experimentais (Pereyra & Escande, 1994).

Poucos esforços têm sido feitos no desenvolvimento de cultivares


resistentes ao oídio. Entretanto, parece haver amplas diferenças na reação de
diferentes cultivares ao patógeno (Zimmer & Hoes, 1978).

Um grande número de acessos de espécies selvagens de Helianthus


possuem um nível satisfatório de resistência à mancha cinzenta da haste: H.
tuberosus, H. resinosus, H. decapetalus, H. divaricatus, H. eggertii, H.
giganteus, H. grosserratus, H. hirsutus, H. mollis , H. salicifolius, H. nuttallii
e H. radula. .Cruzamentos interespecíficos de girassol cultivado com H.
argophyllus e H. tub ero sus resultaram em linhas utilizadas para o
desenvolvimento de híbridos comerciais com alto nível de resistência à mancha
da haste (Masirevic & Gulya, 1992). Os estudos genéticos indicam que a
resistência envolve herança poligênica, incluindo alguns genes recessivos
(Masirevic & Gulya, 1992). A resistência ao fungo está ligada positivamente à
resistência a Macrophomina phaseolina, a Phoma oleracea var. helianthi-
tuberosi e à seca, possivelmente atribuídas a genes ligados (Masirevic & Gulya,
1992; Pereyra & Escande, 1994).

Devido à pouca importância da mancha preta da haste, não tem havido


preocupação específica de programas de melhoramento para resistência a P.
oleracea. Somente tem-se tido o cuidado de descartar genótipos experimentais
de alta suscetibilidade (Pereyra & Escande, 1994).

Apesar de S. rolfsii possuir um largo espectro de hospedeiros, alguns


genótipos de girassol podem apresentar menor incidência da doença (Carvalho,
Y. et al., 1995).
Reações diferenciais para a podridão negra da raiz também foram
observadas entre cultivares inoculadas artificialmente e em infecções naturais
(Zimmer & Hoes, 1978).

O melhoramento genético para resistência é o método mais eficiente


para o controle da murcha de venicillium. Grandes diferenças no comportamento
das cultivares foram observadas no campo, independentemente do estádio da
- 59-

planta (Davet et al., 1991). A resistência é controlada por um único gene


dominante e está presente em várias espécies de girassol selvagem, podendo
ser facilmente incorporada em híbridos comerciais. (Zimmer & Hoes, 1978;
Davet et al., 1991).
Apesar de não se conhecer genótipos totalmente imunes à infecção por
B. cinerea, há relatos da existência de resistência poligênica ao patógeno, a
qual poderá, futuramente ,ser incorporada aos genótipos comerciais (Zimmer
& Hoes, 1978; Davet et al., 1991). Além disso, os capítulos que apresentam
uma ligeira inclinação, com superfície plana, de modo a evitar o acúmulo de
água, estão menos sujeitos ao ataque do fungo (Pereyra & Escande, 1994).
O uso de cultivares precoces pode ser interessante para minimizar a
ocorrência de doenças, pois reduz a exposição das plantas às adversidades
climáticas (Zimmer & Hoes, 1978). Assim, é importante utilizar genótipos
testados e indicados pela pesquisa .

• Escolha da área
Para a semeadura do girassol, deve-se escolher corretamente a área,
em solos sem problemas de drenagem, profundos, com boa textura e com pH
adequado.
O isolamento espacial é uma medida eficiente na redução da ocorrência
da infecção aérea por ascosporos de S. sclerotiorum. Geralmente, recomenda-
se escolher áreas pelo menos 1 km distantes de lavouras infectadas com o
fungo no ano anterior (Masirevic & Gulya, 1992).

• Uso de sementes sadias


Como vários patógenos do girassol são transmitidos por sementes, é
imperativo utilizar sementes sadias, de procedência conhecida (Pereyra &
Escande, 1994). Uma recomendação óbvia, mas muito importante, é evitar a
utilização de sementes com escleródios de S. sclerotiorum, que, uma vez
depositados no sulco de semeadura, poderão favorecer a infecção basal (Pereyra
& Escande, 1994).
-60-

+ Tratamento de sementes
o tratamento de sementes com fungicidas específicos para P. halstedii,
como o metalaxyl, é obrigatório em alguns países, como a França e a Argentina,
em variedades de polinização aberta ou cultivares híbridas suscetíveis (Davet
et al., 1991; Pereyra & Escande, 1994). Esse tratamento assegura boa proteção
contra contaminações primárias. O tratamento de sementes também tem se
mostrado eficaz no controle da mancha cinzenta da haste (Davet et al., 1991).
Entretanto, no Brasil, não há produtos registrados para tratamento de sementes
de girassol, o que inviabiliza sua recomendação pela pesquisa.

+ Época de semeadura
Uma medida fundamental para minimizar a ocorrência e a severidade
de doenças, especialmente da mancha de altemária e da podridão branca, é a
escolha da época de semeadura da cultura. A semeadura deve ser realizada em
uma época que permita satisfazer as exigências da planta, nas diferentes fases
de desenvolvimento, e que desfavoreça a ocorrência de epifitias. Em estudos
realizados no Estado do Paraná, a mancha de alternária ocorreu com menor
intensidade no girassol semeado nos meses de outubro e novembro (Carvalho,
V.P. et al., 1995). Para prevenir a ocorrência da podridão branca basal ou de
haste, é importante reduzir ao máximo os períodos de alta umidade e baixa
temperatura na cultura. Também, para reduzir as chances de ocorrência de
podridão de capítulos, é imperativo evitar a época de semeadura que resulte
em florescimento em períodos de baixa temperatura, como ocorre no outono-
inverno, na região sul do Brasil. Para minimizar as perdas causadas pela
podridão cinza de Botrytis, deve-se evitar que a colheita coincida com períodos
chuvosos. Considerando as diferentes doenças e as exigências da planta, a
época indicada para a semeadura do girassol varia de acordo com as diferentes
regiões climáticas (Tabela 1).

+ Densidade de semeadura
Uma medida importante para o controle de doenças em girassol é a
utilização de densidade de semeadura em torne, de 40.000 a 45.000 plantas/ha
(Castro et al., 1996). Cultivos muito adensados formam um microclima mais
- 61-

TABELA 1. Épocas de semeadura do girassol indicadas


para diferentes estados do Brasil.

Estado Época de Semeadura

Goiás início de janeiro a 15 de fevereiro


Paraná início de agosto a meados de outubro
Rio Grande do Sul 15 de julho a final de agosto
São Paulo fevereiro e março
Fonte: Castro et ai. (1996).

favorável às doenças. O uso de densidades de semeadura menores e


espaçamentos maiores permite uma adequada aeração das plantas e diminui as
chances de contato de raízes de plantas doentes com plantas adjacentes (Zimmer
& Hoes, 1978).

• Tratos culturais
A correção do pH do solo é desejável, bem como a manutenção da
fertilidade em níveis adequados para o bom desenvolvimento da planta de girassol.
A correção e as adubações devem ser sempre feitas com base em análises de
solo (Castro et al., 1996). Deve-se evitar adubações excessivas, especialmente
de nitrogênio, que, além de significar desperdício, podem tornar os tecidos mais
suculentos e, conseqüentemente, mais suscetíveis às doenças.

O controle da água de irrigação também se faz necessário para minimizar


os danos causados por doenças de parte aérea ou de raiz, em áreas irrigadas.
Em lavouras irrigadas sob pivô central, deve-se diminuir ao máximo o número
de irrigações na fase de maior suscetibilidade do capítulo à infecção por fungos
causadores de podridão (Davet et al., 1991).

É recomendado manter o cultivo livre de plantas daninhas, que podem


ser hospedeiras alternativas de S. sclerotiorum e de vírus.

• Controle químico
O controle de doenças do girassol através de pulverizações com fungicidas
têm sido amplamente estudados nos países produtores, visando proteger a planta
do contato direto com os diferentes patógenos.
- 62-

o controle químico da podridão do capítulo não tem se mostrado eficiente


por diversas razões (Davet et al., 1991). Para o girassol, não existem produtos
com eficiência sistêmica. Também, os produtos são rapidamente degradados
por fenômenos físico-químicos. O período de duração da fI oração e, conseqüen-
temente, da suscetibilidade do capítulo à infecção, exige dois ou três tratamentos
preventivos com fungicidas de contato. Além disso, a penetração dos produtos
nos órgãos florais é bastante difícil (Daver et al., 19(1) e o fungicida precisaria
ser aplicado na face do capítulo para ser eficiente (Masirevic & Gulya, 1992).
Os produtos fungicidas a base de benzimidazóis têm sido empregados no
controle de Phomopsis helianthi, na Argentina e na França (Davet et al., 1991;
Pereyra & Escande, 1994). O controle químico com duas aplicações aéreas de
fungicidas,: a primeira na fase vegetativa \[8 a Vl0 (plantas com oito a dez
folhas com comprimento maior que 4 cm) e a segunda no florescimento, é
preconizado por Masirevic & Gulya (1992) Apesar de minimizar as perdas de
produção, o uso de fungicidas não é tão eficiente no controle como a resistência
genética (Masirevic & Gulya, 1992) .
. O controle do míldio através de pulverizações foliares com fungicidas
não tem sido recomendado na França, pois esse tipo de tratamento pode provocar
a pressão de seleção sobre a população do fungo, que pode responder
manifestando resistência aos fungicidas, como já é conhecido para outras espécies
de Plasmopara (Davet et al., 1991).

Os fungicidas a base de cobre e enxofre, apesar de controlarem doenças


fúngicas como ferrugem e oídio, não têm sido util izados em lavouras (Laundon
& Waterson, 1965; Kapoor, 1967).

Assim, apesar do controle químico com aplicação de fungicidas na parte


aérea ter demonstrado produzir, em alguns países, aumentos consideráveis de
rendimento, do peso de aquênios e do teor de óleo, essa medida não tem sido
preconizada, devido à impossibilidade da entrada de máquinas con vencionais na
lavoura, tendo em vista o porte elevado das plantas (Pereyra & Escande, 1994).
Além disso, atualmente, no Brasil, não há fungicidas registrados para US0 em
girassol, o que inviabiliza a sua recomendação.
- 63-

• Antecipação da colheita
A aplicação de dessecantes é recomendada em alguns países, permitindo
a antecipação da data da colheita, reduzindo os prejuízos provocados por doenças
(Masirevic & Gulya, 1992).

• Rotação e sucessão de culturas


A sobrevivência de diferentes fungos que afetam o girassol nos restos
de cultura indica medidas de controle que visem a eliminação do patógeno ou
que, pelo menos, sejam capazes de diminuir a quantidade de inóculo na área.
O girassol deve ser incluído dentro de um sistema de rotação de culturas,
retomando na mesma área somente após, pelo menos, quatro anos (Castro et
al., 1996). A rotação de culturas isoladamente não é eficiente no controle da
murcha de V dahliae, devido à ampla gama de hospedeiros do fungo, mas
contribui para a redução do inóculo do solo (Davet et al., 1991).
Devido à suscetibilidade a S. sclerotiorum, o cultivo em sucessão com
soja, canola, ervilha, feijão, alfafa, fumo, tomate e batata, entre outras culturas,
deve ser evitado. A intercalação com culturas resistentes a esse fungo, como
as gramíneas, serve para dar tempo para a degradação natural dos escleródios,
por meio de seus inimigos naturais .

• Destruição dos restos de culturas


A destruição ou a incorporação de restos de cultura infectados no solo é
recomendada para limitar a esporulação de diversos fungos patogênicos ao
girassol e diminuir o inóculo primário (Mordue, 1974; Holliday & Punithalingam,
1970; Davet et al., 1991; Pereyra & Escande, 1994). Além disso, a incorporação
profunda de hastes contaminadas ou a sua remoção auxilia na redução d.oinóculo
de Phomopsis na área (Davet et al., 1991; Masirevic & Gulya, 1992).
A destruição de plantas espontâneas de girassol nascidas após a colheita
também visa a diminuição do inóculo inicial e a redução dos riscos de perdas
ocasionadas pela ferrugem, pelo míldio e por viroses (Laundon & Waterson,
1965; Zimmer & Hoes, 1978; Pereyra & Escande, 1994).
- 64-

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