Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

A Dança

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 2

A Dança (1909) - Henri Matisse

Para Matisse,as figuras interessam como formas que constituem uma


composição.Observe nesse quadro como as figuras humanas,o céu ao fundo e a terra
formam um todo.Veja o emprego simples,mas intenso,das cores: o azul forte do
céu,o verde da terra e o vermelho dos corpos.Note ainda a impressão de
movimento que temos ao olhar as figuras que dançam entre o céu e a terra.Repare
nos pés e nos braços das figuras:cada uma delas parece continuar o movimento
iniciado pela outra,como numa roda que gira sem interrupção.

"Em Henri Matisse a profusão de cores se faz presente. Utilizava a cor como meio
mais de expressão do que de discrição e desdenhava as regras convencionais. A cor
teve papel fundamental na sua obra. Nessa obra “A dança” permite o azul emergir
como azul absoluto, e o mesmo vale para o verde da terra, para o vermelho vibrante
dos corpos (Argan, 1992:154). "

Dentro do esquema cromático, no processo da escolha das cores buscam


expressividade em cada cor e seu valor absoluto: o azul absoluto; o vermelho, um
vermelho absoluto; o amarelo, um amarelo absoluto; o verde, um verde absoluto,
tudo isso respeitando a natureza peculiar da tinta ali se sobrepondo, camadas sobre
camadas.

".O azul – “a cor do céu, sem nuvens, dá sensação do movimento para o infinito”, de
acordo com Farina (2000). Presente aqui abre a permissão para que cada espectador
o sinta como um sentimento profundo, uma intelectualidade, uma
verdade. Amarelo – simboliza a cor da luz irradiante em todas as direções. Preso...
não. É lhe permitindo a busca, a expansão, e a luta por não se isolar. Permite-se a
expectativa. Está presente a iluminação: o farol que me guiará para o ponto desejado
– ela me ilumina... quero chegar até lá ... Vermelho “simboliza a cor de aproximação
de encontro”, segundo Farina (2000). O vermelho que me circunda no amarelo é o
calor é coragem, a alegria é a excitação, e a paixão que me impulsiona para que o eu
não se sinta um ser estático. Estou em movimento, aceito a mudança, sou cercada
por impulso dinâmico ao que me impelem para uma busca de realizações maiores."

Dos pintores Fauvistas,Henri Matisse (1869-1954) foi sem dúvida,o mais


expressivo.Destacou-se pela despreocupação com o realismo tanto nas formas
quanto nas cores.Em sua obra,os objetos representados são menos importantes que
a maneira de representá-los.

No livro "Arte Moderna" de Argan "O quadro tem um significado mítico-cósmico: o


solo é o horizonte terrestre, a curva do mundo; o céu tem a profundidade do azul-
turquesa dos espaços interestelares; as figuras dançam como gigantes entre a terra e
o firmamento. Ao Cubismo que analisa racionalmente o objeto, Matisse
contrapõe a intuição sintética do todo. É este precisamente o quadro da síntese,
da máxima complexidade expressa com a máxima simplicidade. É a síntese das
artes.A música e a poesia confluem na pintura, e a pintura é concebida como uma
arquitetura de elementos em tensão no espaço aberto; é síntese entre a
representação e a decoração, símbolo e realidade corpórea, entre o volume, a linha e
cor. Todavia, a síntese ainda pode ser um cálculo racional; é preciso ir além,
identificá-la como uma beleza nunca vista e quase monstruosa, sobrenatural, para
além dos diferentes naturalismos do belo clássico e do belo romântico. E deve ser um
belo que também abarque e resolva em si o seu contrário, o feio, pois um belo que
tivesse um contrário não seria universal: o mesmo módulo de beleza deve valer para
as figuras, a terra e céu. Portanto, o belo não pode ser uma forma finita, e sim
contínua e rítmica: as figuras se alongam e se dobram no ritmo que as
transformam, e a sua beleza, cósmica e não física, não se dissocia da beleza do
espaço em que se movem. Assim como não pode haver um equilíbrio estático, não
pode haver um ritmo regular e uniforme; o ritmo deve se gerar no quadro (veja-se o
pé de uma das figuras que calca a terra, como se esta fosse elástica, e o
círculo sempre interrompido e o retomado dos b raços)e ascender
progressivamente a um clímax de máxima intensidade, levando todos os
valores (cores e linhas) a um vértice onde pode ser captado apenas por uma
sensibilidade estimulada além de seus próprios limites. Matisse, agora, opera para
além de todos os registros, de todas as gamas, de todas as combinações a que o
olhar humano está acostumado pela experiência da natureza: na dimensão ultra-
sensível, mas não transcendente, das ultracores. Tal era sua intenção ; prova-o uma
carta, em que afirma ter procurado "para o céu um belo azul, o mais azul dos azuis (a
superfície é pintada até a saturação, vale dizer, até um pouco em que finalmente
emerge o azul, a idéia do azul absoluto), e o mesmo vale para o verde da terra, para
overmelhão vibrante dos corpos.[...] " (Argan, pg.259)

Você também pode gostar