Livro de Geografia Da População PDF
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POPULAÇÃO
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-
mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cur-
sos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais
de 100 mil estudantes espalhados em todo o
Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferen-
tes áreas do conhecimento, formando profissio-
nais cidadãos que contribuam para o desenvolvi-
mento de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
Pró-Reitor de
Ensino de EAD
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
Diretoria de Graduação
e Pós-graduação este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTOR
GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a). Esse é um trabalho realizado com muito carinho e atenção visando
sempre às necessidades de nossos alunos em consonância com a exigência que a ins-
tituição Unicesumar tem com a qualidade de seu ensino. Depois de muitas pesquisas,
muitas conversas e muitas trocas, este livro é fruto de intensas horas de debates, leituras
e escritas, no intuito de mantermos a qualidade tão consagrada de nossa instituição.
Neste livro, buscamos ressaltar diversas discussões a respeito da Geografia da Popula-
ção no âmbito nacional de pesquisa. A ideia era trazer para você um debate sobre os
principais autores históricos e contemporâneos do assunto, em vista das novas mudan-
ças às quais a população mundial vem sofrendo. Assim, mantemos o cunho acadêmico
do Curso de Licenciatura em Geografia, buscando mostrar as principais discussões que
temos hoje no âmbito da Geografia da População.
Além disso, esse livro vai se preocupar e doar grande parte ao fato de que a Geografia da
População é uma das disciplinas mais trabalhadas no âmbito escolar, e, não por menos,
pensamos nesse livro de uma forma que fosse possível usá-lo quando você for lecionar
suas próprias aulas.
Dessa forma, são mesclados conteúdos acadêmicos necessários à formação no Ensino
Superior, com conteúdos relacionados à Educação Básica, como conceitos de geopolíti-
ca, muito trabalhada no Ensino Médio e Ensino Fundamental.
Pensando nessa forma, a proposta do livro é levar você a compreender melhor a Geo-
grafia da População, e ao mesmo tempo prepará-lo(a) para a carreira docente, fornecen-
do base conceitual para suas aulas. Quando você vier a se tornar professor(a), poderá
revisar o conteúdo exposto aqui para que assim possa sanar dúvidas pertinentes a con-
teúdos ministrados no âmbito da Geografia da População.
Assim, no intuito de fornecer base a você, aliado ao compromisso que a Unicesumar
tem com seu(sua) aluno(a) e com sua qualidade no ensino, viemos gratificá-lo(a) e aco-
lhê-lo(a) da melhor maneira possível, para que, assim, sinta-se à vontade em debater,
questionar, opinar, elogiar, criticar, entre outras coisas, para que cada vez mais possamos
oferecer um ensino de extrema qualidade.
Desde já agradeço a todos que de alguma forma participaram da produção deste livro,
como a coordenação do curso, passando pela equipe de tutores e mediadores do curso,
além da equipe de diagramação e edição, ou seja, todos que fazem tornar realidade o
ensino de qualidade.
Esperamos contribuir com sua formação a partir desta leitura, e que nossa caminhada
rumo a esse sonho seu seja repleta de conhecimento e descoberta. Sucesso, caro(a) alu-
no(a), e vamos caminhar rumo ao conhecimento juntos!
Boa leitura!
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
45 Considerações Finais
51 Referências
53 Gabarito
UNIDADE II
57 Introdução
58 Teorias Demográficas
59 Teoria Malthusiana
61 Teoria Neomalthusiana
65 Teoria Reformista
81 Considerações Finais
89 Referências
90 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
93 Introdução
94 A Mobilidade Humana
98 Mobilidade Física
119 Referências
121 Gabarito
UNIDADE IV
125 Introdução
163 Referências
165 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
169 Introdução
201 Referência
203 Gabarito
204 CONCLUSÃO
Professor Me. Hugo Santana Casteletto
A TEORIA DA GEOGRAFIA
I
UNIDADE
DA POPULAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar os processos históricos de crescimento populacional, bem
como sua ligação com o homem que fixa território.
■■ Compreender os fatores de ordem natural, histórica e social de
distribuição da população no Planeta.
■■ Identificar os principais autores da Geografia da População, bem
como os motivos que levaram ao aumento da produção científica
nesse ramo da Geografia.
■■ Apresentar os principais conceitos relacionados à Geografia da
População.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A Distribuição da População Mundial e seu Crescimento Vertiginoso
■■ Os Estudos Populacionais na Geografia
■■ Os Conceitos Relacionados à Geografia da População
15
INTRODUÇÃO
tornou-se tão importante para os estudos geográficos. Também iremos nos apro-
ximar dos principais autores que contribuíram para a formação da Geografia
da População como ciência. E, por último, mas não menos importante, iremos
introduzir alguns conceitos criados no âmbito geográfico, para que você, como
futuro(a) professor(a), possa compreendê-los, entendê-los e difundi-los para
seus futuros alunos.
Lembre-se que, para a compreensão dos fatores que elencaremos nas outras
quatro unidades, é importantíssimo que você compreenda bem o que será exposto
nesta primeira unidade de nosso livro didático.
Portanto, fique atento a todas as explicações, desde os grandes movimentos
migratórios, passando pelas escolas geográficas que trabalharam com o tema, e
por último o entendimento dos principais conceitos que vão nortear nossos estu-
dos daqui para frente. Isso é de suma importância, pois nas unidades seguintes
tais temas serão trabalhados como se você já soubesse do que se trata. Quando
temas relacionados a esta unidade forem abordados nas unidades seguintes, saiba
que você terá que saber do que se trata, pois não há tempo hábil para retomar-
mos assuntos trabalhados nesta unidade em outras.
Espero que esta seja uma grande caminhada rumo ao conhecimento do
estudo da Geografia da População.
Vamos lá?!
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
População”, de Pierre George (1986, reeditado uma série de vezes), em que o
próprio autor demonstra sua expectativa acerca do crescimento populacional
vertiginoso. Acompanhe:
[...] duzentos e cinquenta milhões de habitantes na época da Antigui-
dade Clássica, meio bilhão pelos meados do século XVII, um bilhão em
1850, dois bilhões em 1940, mais de quatro bilhões antes de 1980 [...] e
sem duvida oito bilhões antes do fim do século (GEORGE, 1986, p. 7).
©shutterstock
No trecho escrito por George (1986), percebemos que, do século XIX para
o século XX, a população mundial, mais uma vez, dobrou de tamanho, pas-
sando de um bilhão para dois bilhões de habitantes. Ou seja, precisamos de cerca
de 100 anos para, mais uma vez, dobrarmos nosso contingente populacional.
Atualizando ainda mais os dados: de 1940 a 1980 mais uma vez a humanidade
se superou, passando de dois bilhões para cerca de quatro bilhões de habitantes,
uma explosão demográfica vertiginosa, permeada por uma série de melhorias
técnicas, científicas e sociais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Terra. Esse crescimento popula-
cional variará de acordo com as
condições que cada país oferece à
©shutterstock
sua população.
Tais inovações na qualidade de vida da população vão diferenciar a expec-
tativa de vida da República do Chade (49 anos), da expectativa de vida no Brasil
(78 anos), da expectativa de vida do Japão (83 anos). Dentro de um país, ainda
podemos encontrar regiões com expectativas de vida muito diferentes devido às
características de acesso dessas populações aos bens e serviços fornecidos pelo
Estado, como, por exemplo, a China, que possui expectativa de vida na faixa de
76 anos de idade e a Região Administrativa de Macau, que possui expectativa de
vida em torno de 85 anos de idade. Isso se dá pelo investimento diferenciado do
governo nos seus mais diversos territórios, além, é claro, de aspectos culturais
que envolvem determinados territórios, como formas de alimentação, modelo
de educação dos filhos, modelo escolar de aprendizagem, entre outros fatores.
Outro exemplo importante que
podemos citar sobre a relação entre o cres-
cimento vertiginoso da humanidade e sua
distribuição no planeta é a diferenciação
de renda entre os mais variados contin-
gentes populacionais espalhados pelo
mundo. Essa diferença pode ser primor-
dial na concentração ou desconcentração
da população pela Terra.
©shutterstock
©shutterstock
É, também, esse tipo de indicador que vai nos mostrar a diferença, por exemplo,
dos U$ 12.000 per capita no Brasil para os U$ 81.000 per capita da Suíça. Porém,
vale ressaltar que o alto índice de PIB per capita não garante que exista cresci-
mento vertiginoso ou não. Devemos nos atentar para outros aspectos sociais,
como custo de vida nesses países, religião, tradição, entre outros, que definem se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
anos, ainda assim, os Aspectos Sociais criados pelo sistema econômico vigente
no mundo são grandes definidores da distribuição da população no Planeta
Terra. Porém, além dos Aspectos Sociais, como processo de ocupação, renda e
IDH, ainda teremos os Aspectos Naturais, como clima e relevo, influenciando
na forma como a espécie humana ocupou o Planeta. Analisemos mais uma pas-
sagem de Pierre George (1986) a respeito dessa distribuição:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por diante). Isso se deve em muito aos climas extremos do Planeta Terra, às for-
mas de relevo encontradas e à cobertura vegetal que o compõe.
©shutterstock
que mais parece um “deserto” no que diz respeito à ocupação. Poucas são as popula-
ções que habitam tal localidade, como é o caso dos tibetanos e mongóis que, juntos,
não passam de cinco milhões de habitantes, em uma extensa área ao sul da Ásia.
Esse Aspecto Natural não atinge apenas as regiões polares. As regiões áridas,
como os desertos, também são limitadores de ocupação humana, onde “a insufi-
ciência das precipitações, agravada pela alternância de baixas e altas temperaturas
[...] afasta toda a possibilidade de agricultura sedentária e de povoamento perma-
nente.” (GEORGE, 1986, p. 12). Contudo, Pierre George (1986) ainda ressalta que,
na mesma latitude, por exemplo, do Saara Africano, estão países como o México,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
República Dominicana, Cuba, Haiti, entre outros, que possuem climas bem “tropicais”.
Isso se deve à sua posição com relação aos alísios e às correntes marítimas,
além, é claro, de uma formação de Planalto que nada mais é que uma extensão
da Cordilheira Americana, o que garante a essas populações solos mais férteis
para cultivo permanente, como o caso do Altiplano ou Meseta Mexicana.
©shutterstock
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Primeiramente, ao nos reportarmos à Pré-história, quando ainda éramos
povos nômades, podemos atestar que, talvez, tenha sido o momento da primeira
noção a respeito das migrações pelo mundo, ou seja, foram as primeiras vezes
que produzimos informações a respeito de nós mesmos, sobre nossa mobilidade.
Apesar de não termos “compilado” ou mesmo “armazenado” tais indicadores
sobre esse momento, sabemos que, por uma série de fatores, principalmente
oferta de alimento e fatores naturais, os nômades mudavam constantemente de
espaço, através de processos migratórios.
Para Rocha (1998), ao melhorarmos nossas técnicas de agricultura e de cons-
trução, ao nos tornarmos mais sedentários, ainda possuímos dificuldade de nos
mantermos de fato fixados, pois “as nações praticamente não existem, pelo menos
na moderna acepção do termo [...] não há também uma instância jurídica que
assegure o direito de propriedade [...] prevalece a lei do mais forte”, (ROCHA,
1998, p. 18). Ou seja, quase não existia interesse em se analisar e descrever os
processos populacionais vinculados à mobilidade, crescimento demográfico,
migração, entre outros fatores, devido à instabilidade pela qual passavam os ter-
ritórios dos Estados existentes.
©shutterstock
Durante a Antiguidade e a idade Média, o que vimos foram apenas estudos rela-
cionados às novas descobertas de terras no mundo, sendo pouco ou nada visados
os estudos estatísticos relacionados à população. Nessa época, nem mesmo estu-
dos descritivos, que tanto seriam criticados pela geografia-crítica posteriormente,
eram mencionados. Na Idade Média, a situação a respeito do arcabouço teórico
relacionado à Geografia da População fica ainda mais defasada com o domí-
nio do cristianismo, colocando o mundo em um entrave científico, onde o que
predominava era a palavra da Igreja e não mais a dos cientistas. Nessa época,
tivemos grande regresso nos estudos geográficos, e não apenas para a Geografia
da População. A própria Cartografia sofreu muito com esse período, pois, com
a diminuição das possibilidades de se deslocar, o homem se viu impossibilitado
de “mapear”.
©shutterstock Durante o séc. XVII e, sobre-
tudo XVIII, aparecem os pri-
meiros estudos sobre a relação
existente entre o meio e a so-
ciedade. As reflexões filosófi-
cas, um repensar do mundo e
o triunfo do liberalismo frente
à Igreja, a Revolução Tecnoló-
gica (primeira Revolução In-
dustrial) e a Revolução Social
(Revolução Francesa) marcam
este período com importantes
reflexões sobre a sociedade e a
economia (ROCHA, 1998, p.
18).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A partir do estabelecimento formal da Geografia da População como disciplina
da Geografia é que vamos ter um aumento significativo da produção neste ramo:
A pesquisa neste período aumenta, chegando a representar 10% dos
títulos de geografia geral [...] de 1962 a 1972 a proporção dos artigos
sobre população passa de 5% a 12% nos grandes periódicos da geogra-
fia nos EUA [...] observa-se, também, um importante aumento das pu-
blicações de comunicações que tratam de geografia da população nos
congressos de geografia. (ROCHA, 1998, p. 21)
Rocha (1998) ainda acrescenta que isso se deve “pela abundância de informações,
colocadas à disposição dos geógrafos pelos serviços de estatísticas de diversos
países e pela facilidade relativa de sua exploração” (ROCHA, 1998, p. 21).
Não podemos deixar de ressaltar a importância de um dos principais geó-
grafos modernos que trabalham com o tema: o francês Pierre George.
Este autor, que já foi citado no primeiro tópico dessa unidade, é um dos gran-
des expoentes desse ramo da Geografia. Em suas publicações, sempre ressaltou a
importância do processo histórico/social na compreensão dos fenômenos rela-
cionados às populações espalhadas pelo mundo.
Como já foi dito, em sua obra “Geografia da População”, George (1986)
faz um levantamento histórico minucioso, desde a Pré-história, passando pela
Antiguidade, Revolução Industrial e Revolução Francesa, sempre trabalhando
com hipóteses sobre as condições que mobilizaram os povos a migrarem, cresce-
rem e se concentrarem em determinadas localidades do planeta, nunca deixando
de lado também o aspecto natural do mundo.
Pierre George (1986) busca salientar a importância dos dados estatísticos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OS CONCEITOS RELACIONADOS À GEOGRAFIA DA
POPULAÇÃO
tal conceito, vale lembrar que o Crescimento Vegetativo ou Natural não é a única
forma pela qual determinada população cresce. Vale lembrar, antes de qualquer
coisa, que existem ao menos duas maneiras do aumento populacional ocorrer:
a primeira ocorre pela diferença entre o número de pessoas que saem do país
(emigrante) e o número de pessoas que entram em um país (imigrante), ou
seja, dependendo dessa diferença teremos aumento ou redução do contingente
populacional (tema que será melhor trabalhado nas unidades seguintes), e a essa
diferença daremos o nome de Imigração; a segunda maneira ocorre pela dife-
rença entre os nascidos (taxa de natalidade) e os mortos (taxa de mortalidade),
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Exemplo: no país “Z” morreram 50 mil pessoas e nasceram 150 mil pessoas num
período de um ano, havendo uma população absoluta de 6 milhões de habitan-
tes. O cálculo fica da seguinte forma:
50.000 x 1.000
Taxa de mortalidade: = 8,33‰
6.000.000
150.000 x 1.000
Taxa de natalidade: = 25‰
6.000.000
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
25% - 8.33% = 16,67‰
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Territorial. Essa relação nos mostra o quanto de “espaço territorial” existe para
cada um dos habitantes. Vamos ao exemplo. A conta é bem simples:
População Absoluta
Área Territorial
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
6.000.000
= 12 hab/km²
500.000
DENSIDADE
POPULAÇÃO ÁREA
PAÍS DEMOGRÁFICA (HAB./
ABSOLUTA TERRITORIAL
KM²)
Brasil 205.563.063 8.514.876 24,14
Cingapura 5.399.000 693 7.790
Fonte: adaptado de Tradingeconomics (CINGAPURA, on-line) . 3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Territorial nos torna um país um tanto “menos ocupado”. Ou seja, o Brasil é mais
Populoso que Cingapura, porém Cingapura é mais Povoado que o Brasil. Isso se
deve, basicamente, ao fato de Cingapura ter uma maior Densidade Demográfica.
A origem dessa diferença na Densidade Demográfica está na Área Territorial
de Cingapura, que é imensamente menor que a do Brasil, sendo totalmente ocu-
pada pelos seus pouco mais de 4 milhões de habitantes. Como sabemos, o Brasil
ainda possui grandes vazios demográficos, como a própria Região Norte, que
possui uma Densidade Demográfica de 4,1 hab./km², enquanto a Região Sudeste
possui Densidade Demográfica de 86,9 hab./km². Sendo assim, o Brasil não é
um país muito povoado, contudo é o 5º país mais populoso do mundo, devido
à distribuição irregular da população brasileira em seu território. Observem a
tabela abaixo que nos mostra exatamente essa irregularidade.
DENSIDADE PORCENTAGEM
REGIÃO POPULAÇÃO ÁREA (KM²) DEMOGRÁFICA DA POPULAÇÃO
(HAB./KM²) BRASILEIRA
Norte 18.013.834 3.853.327 4,67 8,76
Nordeste 55.794.694 1.554.257 35,89 27,14
Sudeste 85.965.579 924.511 92,98 41,80
Sul 29.795.762 576.409 51,69 14,49
Centro-Oeste 15.993.194 1.606.371 9,95 7,78
Brasil 205.563.063 8.514.876 24,14 100
Fonte: IBGE (2013, on-line)4.
Vemos que, apesar do número absoluto da população brasileira ser alto, ainda
possuímos uma distribuição irregular dessa população no solo brasileiro, con-
tudo este processo é um tema para as próximas unidades.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ainda sobre os principais assuntos, abordaremos o conceito criado para
que fosse possível mensurar, de certa forma, a qualidade de vida das populações
mundiais: o chamado “Índice de Desenvolvimento Humano” (IDH), que foi um
índice criado pela ONU (ONU BRASIL, on-line)5, o qual varia entre 0 e 1 (para
melhor compreendermos, o cálculo realizado pela ONU terá sempre o resultado
entre 0 até 1. Desta forma, quanto mais próximo do 1 o resultado obtido pelo
país, melhor será sua qualidade de vida). A ideia inicial na elaboração desse con-
ceito era que o mesmo pudesse mensurar o que o Produto Interno Bruto (PIB)
não podia: medir a qualidade de vida da população dos países.
Enquanto o PIB nos demonstra a dimensão econômica que cada um dos paí-
ses tem, ou seja, denota toda a produção interna bruta de um território, o IDH
tenta nos demonstrar o quanto a população desses países tem acesso a serviços
básicos fornecidos pelo Estado. O IDH é calculado com base em três indicadores,
resultando assim numa noção do quanto a população pode ou não se desenvol-
ver plenamente. São esses três indicadores:
■■ PIB per capita
■■ Expectativa de vida
■■ Escolarização
A partir desses indicadores, é possível que tenhamos uma ideia do quanto deter-
minada sociedade é desenvolvida ou não no que diz respeito ao bem-estar social.
Na ponta inversa, o PIB nos mostra o quanto determinado Estado é desenvol-
vido economicamente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste ponto, caro(a) aluno(a), você já possui a base para compreender o
que se seguirá nas próximas unidades. Desta forma, aprendemos nesta unidade
a origem dos estudos populacionais, bem como os contextos que determinados
autores viviam e que, consequentemente, trouxeram como contribuição para a
ciência dos estudos populacionais.
Além disso, foi possível nos aproximarmos mais das origens e consequências
da distribuição mundial da população, apontando os fatores naturais e sociais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que fazem com que a população mundial busque, em grande maioria, as regi-
ões temperadas do Planeta Terra. Fatores Naturais no sentido de mostrar como
clima, vegetação, relevo, disponibilidade de água, entre outros fatores, influem
diretamente na forma como o homem ocupou o mundo. Fatores Sociais no
sentido de mostrar que, com o advento do capitalismo, grandes massas popu-
lacionais se locomoveram no espaço em busca de melhores oportunidades de
ganhos, ou seja, pessoas migraram no intuito de conseguir melhores oportuni-
dades de emprego. Aliado a isso, também foi possível observar como existe uma
forte influência da questão econômica na distribuição da população mundial. Ou
seja, no geral, existe maior concentração de pessoas em regiões onde as oportu-
nidades de emprego são maiores.
Por fim, nesta unidade fizemos uma introdução dos principais conceitos que
norteiam as discussões a respeito da Geografia da População, através do levanta-
mento histórico e conceitual de cada uma das categorias que tal ciência abarca.
Agora, você, aluno(a), de fato entrará no âmbito conceitual da Geografia da
População, pois, a partir desse momento, você já possui bases para a compreen-
são dos fenômenos estudados pelas ciências populacionais. Fique atento(a) às
próximas unidades e, se for o caso, revise para que não surjam dúvidas sobre a
compreensão do conteúdo.
Considerações Finais
46
Geografia da População
Jacqueline Beaujeu-Garnier
Editora: Ed. Nacional, 1974
Sinopse: Neste livro, a célebre autora francesa
Beaujeu-Garnier dedica vários de seus capítulos para
trabalhar com as migrações internacionais, por meio
de uma série de dados estatísticos apresentados por
ela. Trabalhando com o tema da pobreza, a autora
tenta justificar a maior parte das imigrações através da
busca por oportunidades, e pelo descontentamento
das populações mundiais para com suas economias, trabalhando com vários conceitos, tais como:
nomadismo, seminomadismo, transumância e migração de temporada. Vale a pena conferir essa
grande obra da Geografia.
População e Geografia
Amélia Luísa Damiani
Editora: Zahar, 1999
Sinopse: A fome e a miséria de parte substancial
da população humana faz renascer, de forma clara
ou disfarçada, de tempos em tempos, o espectro
de teorias malthusianas. Aqui, há os que acham que
dificultando ou mesmo impedindo a reprodução dos
miseráveis, apenas os ricos e bem-nascidos habitariam
o planeta. Trabalhando com ideias como superpopulação absoluta (de Malthus), superpopulação
relativa (de Marx), a obra retoma e recupera a questão populacional no interior da chamada Geografia
Clássica. Leitura para geógrafos, demógrafos e estudiosos de temas populacionais.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Geografia da População
Pierre George
Editora: Difel, 6ª Edição, 1991
Sinopse: Neste livro, Pierre George nos mostra um
mapa da distribuição da população mundial no
território do Planeta Terra. Por meio de levantamentos
históricos, tenta dar sentido para a maior parte das
grandes migrações ocorridas na sociedade humana.
Uma excelente obra, que nos dará uma noção de como
aspectos sociais, históricos e naturais moldaram a ocupação da raça humana e sua dominação do
mundo.
Central do Brasil
Dora (Fernanda Montenegro) trabalha escrevendo cartas
para analfabetos na estação Central do Brasil, Rio de Janeiro.
A escrivã ajuda um menino (Vinícius de Oliveira), após sua
mãe ser atropelada, a tentar encontrar o pai que nunca
conheceu, no interior do Nordeste.
Este site contém conteúdos sobre Geografia Crítica, Geografia Política e diversos artigos e textos
sobre o tema.
Em: <http://www.geocritica.com.br/geocritica.htm>.
51
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
4 – B.
5 – A.
Professor Me. Hugo Santana Casteletto
II
AS TEORIAS RELACIONADAS
UNIDADE
À GEOGRAFIA DA
POPULAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar, aplicando a realidade, as principais Teorias Demográficas.
■■ Apontar as principais características da Teoria Malthusiana.
■■ Apontar as principais diferenças entre a Teoria Neomalthusiana
e a Teoria Reformista, bem como contextualizar o período de
desenvolvimento das mesmas.
■■ Identificar as principais fases que compõem a Teoria da Transição
Demográfica.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Teorias Demográficas
■■ Teoria Malthusiana
■■ Teoria Neomalthusiana
■■ Teoria Reformista
■■ Teoria da Transição Demográfica
57
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Estamos começando mais uma unidade na qual iremos
estudar temas importantes para o conhecimento de teorias que se desenvolve-
ram durante a história. Nestes estudos, teremos como foco as principais teorias
demográficas surgidas no âmbito histórico das ciências que trabalham com a
questão da população. A partir de um levantamento histórico e científico, foram
preparadas quatro explicações sobre as teorias, consideradas as mais importan-
tes que já surgiram na demografia.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
58 UNIDADE II
TEORIAS DEMOGRÁFICAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
citar as principais: Teoria Malthusiana; Teoria Neomalthusiana; Teoria Reformista;
e Teoria da Transição Demográfica.
Com exceção da Teoria Neomalthusiana e a Reformista, que foram elaboradas
no mesmo período histórico, as demais foram elaboradas em contextos diferentes
no qual foi possível ao longo de décadas observar as mudanças no crescimento
da população de determinados países e, porque não, relacionar tais aconteci-
mentos com a questão do desenvolvimento econômico. A Teoria Malthusiana e
a Teoria da Transição Demográfica foram originadas em contextos totalmente
opostos, sendo que a primeira data do final do século XVIII e a segunda com
surgimento em 1929, disseminando-se no contexto atual da Geografia Mundial.
A essas teorias damos o nome de Teorias Demográficas, e vamos estudá-las
na unidade II. Em princípio, iremos abordar rapidamente a teoria mais “antiga”,
criada por Thomas Malthus. Vamos nessa?!
©shutterstock
TEORIA MALTHUSIANA
Caro(a) aluno(a), você já deve ter lido ou até mesmo ouvido falar sobre essa
teoria. Muito difundida no meio acadêmico e social do século XIX, tornou-se
uma das poucas explicações para a condição de subdesenvolvimento de deter-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Teoria Malthusiana
60 UNIDADE II
Como conclusão de seus estudos, Malthus propôs uma única solução para
tal problema: a “sujeição moral”.
A ideia de “sujeição moral” trata de como a população deveria se comportar
em relação à sexualidade. Para Malthus, a população deveria ter uma “postura”
de abstinência voluntária, ou seja, deveria se privar dos seus desejos sexuais
no intuito de diminuir a natalidade exagerada e assim, por fim, a Progressão
Geométrica do crescimento populacional.
Segundo ele, essa era a causa de muitos países estarem em condições precá-
rias. Isso resultaria em fome e guerras. Na época, a teoria foi amplamente aceita,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
devido ao contexto histórico de uma sociedade altamente segregada, onde os ricos
possuíam muito mais conhecimento e acesso aos bens e serviços de qualidade.
Contudo, nos dias atuais tal teoria tornou-se totalmente ultrapassada, devido,
principalmente, a dois fatores: a modernização da agricultura e a dinamização
econômica advinda da Globalização.
TEORIA NEOMALTHUSIANA
Teoria Neomalthusiana
62 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
res neomalthusianos era controlar o crescimento demográfico acelerado, bem
ilustrado por Vogt, defensor da ecologia, que aponta em passagens de seu texto
que se combatessem “medidas sanitárias que pudessem amenizar os sofrimen-
tos de grandes contingentes humanos” (MENDONÇA, 2011, p. 6). A justificativa
era de que o aumento da população mundial poderia destruir todos os recursos
naturais, o que comprometeria o fornecimento de recursos naturais básicos para
se manter o que ele chamou de “padrão de vida americano”. (VOGT, 1951, p. 62).
Assim, para o neomalthusianismo os grandes centros superpovoados poderiam
gerar grandes centros de subdesenvolvimento, pois em teoria, a “responsabilidade”
por um Estado ser pobre é inteiramente do grande crescimento populacional.
Por volta de 1950 já se tinha uma noção de métodos contraceptivos eficazes
para o controle populacional, contudo esse era um ponto que ia à contramão do
que pregava Thomas Malthus, pois, como pastor da igreja anglicana, Malthus
pregava a castidade do homem e sua consciência de que um dia era possível que
a produção alimentar não pudesse atender a todos no mundo. Já os neomalthu-
sianos defendiam o controle populacional através dos métodos contraceptivos,
o que na verdade era visto com maus olhos pela Igreja, pois segundo os dogmas
não se deveria pensar em “sexo” sem a “bênção” do casamento.
Contudo, como já vivíamos em tempos modernos, a Teoria Neomalthusina
passou a ser amplamente aceita nos países cujo grau de desenvolvimento eco-
nômico e populacional era alto. Dessa forma, podemos concluir que autores
que reproduziam essa teoria basicamente culpavam os países de terceiro mundo
pelas mazelas mundiais, devido à falta de controle de natalidade que tínhamos
em muitos deles.
©shutterstock
da sociedade.
Vários órgãos mundiais, como ONU (Organização das Nações Unidas), Banco
Mundial, FMI (Fundo Monetário Internacional), entre outros, promoveram
medidas de controle de natalidade em países subdesenvolvidos. Estes órgãos
investiram em esterilização das populações menos favorecidas (como ocorreu
na Índia); popularização de métodos anticoncepcionais, como pílulas, camisi-
nhas e dispositivos intrauterinos (DIU); publicidade em torno do planejamento
familiar e divulgação do que seria a “família ideal”. Em suma, para os neomal-
thusianos, quanto maior o controle populacional, maior a chance de um país
Teoria Neomalthusiana
64 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
trario, estimularia o consumo e ofereceria a mão de obra necessária ao
crescimento econômico. (PAIVA e WAJNMAN, 2005, p. 305).
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TEORIA REFORMISTA
Teoria Reformista
66 UNIDADE II
Vejamos como era o Brasil nesse período. Muitos de nós possuímos pais e
avós que possuem cinco ou até seis irmãos. Isso se deve a um período em que nos-
sos ancestrais não tinham informações a respeito de métodos anticoncepcionais,
acesso à educação, à saúde, em sua maioria vivendo em sítios ou fazendas, onde
dificilmente tais informações chegavam. Nos dias de hoje, se olharmos, fica quase
que impensável um casal ter cinco ou seis filhos, devido ao nosso conhecimento
adquirido durante anos a respeito do planejamento familiar e principalmente
das dificuldades financeiras que sabemos que temos em criar uma criança no
espaço urbano atual. Ou seja, houve uma diminuição da reprodução brasileira
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
na medida em que obtivemos maior conhecimento sobre nossos corpos, sobre
a medicina, sobre a economia mundial e a respeito dos nossos direitos de acesso
a saneamento básico e saúde.
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que nada mais era que um embate político acerca de qual modo de produ-
ção seria o melhor (Capitalismo X Socialismo). Nessa época, muitas econo-
mias subdesenvolvidas apoiaram os pensamentos de Karl Marx, devido à
sua proximidade maior com as classes mais pobres. É nesse contexto que a
Teoria Reformista vai ganhar força entre os países latinos e africanos. Daí o
motivo dessa teoria também ser denominada Teoria Marxista.
Fonte: Teorias Demográficas (GEOGRAFIA OPINATIVA, on-line)2.
Josué de Castro, geógrafo brasileiro nascido em 1908, que já era muito conhecido
pelo mundo no período de 1930-1973, vendo que grande parte dos autores nor-
te-americanos tendia a aceitar as ideias de Malthus, buscou contrapor tal teoria
no intuito de explicar as reais condições pelas quais a pobreza e a fome existiam
em países considerados subdesenvolvidos. Assim, em 1949, Castro publica a
primeira edição de seu livro intitulado “Geopolítica da Fome”, que veio atacar
as ideias Malthusianas a respeito da pobreza e da superpopulação nos países
subdesenvolvidos. O próprio Castro, segundo Mendonça (2011), ataca direta-
mente William Vogt, chamando-o de “porta-bandeira do neomalthusianismo”.
(CASTRO, 1957, p. 67).
Iniciando sua obra com uma dura crítica a Malthus, Josué de Castro não se
limita a censurar apenas as ideias Malthusianas, mas também as novas ideias base-
adas em textos de Malthus, chamadas nesse período de neomalthusianas. Em um
dos trechos do livro, Castro (1957) ressalta como Vogt (1951) foi tendencioso ao
manusear seus dados e como o autor não se preocupa em se aprofundar em suas
análises, invertendo assim os dados científicos, valendo-se dos pensamentos de
Teoria Reformista
68 UNIDADE II
Malthus para provar algo que nem ele mesmo sabia se realmente era verdade:
Quando trata, por exemplo, dos problemas da América Latina, Vogt
afirma que a existência da fome nesta área resulta do seu superpovoa-
mento [...] A América Latina tem uma densidade demográfica das mais
baixas do mundo, só ultrapassada em sua raleza pela África e a Austrá-
lia. (CASTRO, 1957, p. 128-129).
Castro (1957) ainda acrescenta que nem os próprios conterrâneos de Vogt con-
cordavam plenamente com suas teorias, citando Kingsley Davis e sua opinião a
respeito dos vazios demográficos na América Latina:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O demografista Kingsley Davis, quem afirma com toda a sua indiscu-
tível autoridade de especialista que a América Latina, sob o ponto de
vista demográfico, constitui uma das regiões privilegiadas do mundo,
dispondo de grandes potenciais em reserva, para a futura expansão de
suas populações. (CASTRO, 1957, p. 128-129).
Castro (1957) ainda é mais incisivo em suas críticas, ao lembrar que o neomal-
thusianismo faz nada mais que culpar os “famintos” pela sua própria condição de
vida, não atribuindo ao colonialismo e à exploração dos países desenvolvidos sobre
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Teoria Reformista
70 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mico à diminuição da reprodução humana. Vamos em frente!
40
Taxa por mil habitantes
30
20
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
10
-10 Fase 1:
Fase 2: Fase 3: Fase 4: Fase 5:
- Natalidade e - Natalidade alta e - Natalidade cai e - Natalidade cai e - Níveis de
Mortalidade Mortalidade Mortalidade Mortalidade baixa. Mortalidade
alto. caindo. baixa. - Crescimento acima da
- Crescimento - Crescimento - Crescimento populacional Natalidade.
populacional populacional começa a cair. estabiliza. - Crescimento
baixo. cresce. - Alto nível de
- Aumento no populacional
- Baixo nível de - Aumento do nível instrução.
nível de instrução. negativo.
instrução. de instrução. - Período
- Período - Alto níve de
- Baixa indus- - Período de indus- moderno.
trialização. industrial. instrução e
trialização. - Alto acesso a
- Baixo acesso a - Cresce o acesso custo de vida.
- Cresce o acesso a bens e serviços
bens e serviços a bens e serviços
bens e serviços básicos.
básicos. básicos.
básicos.
Natalidade
Mortalidade
Crescimento Demográfico
Fonte: o autor.
Assim, o próprio autor ainda conclui que sociedades que ainda estão nesse
período são sociedades em que viver no espaço urbano ainda nos torna mais
vulneráveis quanto à mortalidade, mais até que o próprio espaço rural, pois a
não existência de uma estrutura urbana básica nos torna parte do grupo de risco
de doenças graves e mortais.
Nessa fase, devido às altas taxas de natalidade e mortalidade, temos um cres-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cimento natural ou vegetativo muito baixo. Mas claramente podemos dizer que o
alto número de crianças nascidas acaba compensando, de uma forma ou outra, o
número de adultos mortos, apesar da expectativa de vida nessa fase não ser alta.
Essa característica ainda é muito comum em países essencialmente agrários, cujo
desenvolvimento urbano e industrial ainda está longe de atingir todos os cam-
pos da sociedade, caracterizando assim uma população muito jovem, formada
em sua maioria por crianças e adolescentes. A seguir temos um modelo etário da
primeira fase, para que possamos ilustrar como seria caracterizada a população
nesse período (Gráfico 2). Vale lembrar que esse é apenas um modelo elaborado
pelo autor, não condizendo com a verdadeira realidade. Qualquer semelhança
com a realidade não é intencional.
90
80
70
60
Idade
50
40 Idade Mulheres (%)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
30 Idade Homens (%)
20
10
0 5 10 15 20 25 30 35
Porcentagem
Fonte: o autor.
Ativa (PEA) do país, o que significa que numa próxima etapa o número de tra-
balhadores irá subir bruscamente, garantindo a força de trabalho necessária
para o desenvolvimento da economia. A isso damos o nome de “bônus demo-
gráfico”, pois é o momento do desenvolvimento da força de trabalho dos países.
A seguir temos um modelo etário da segunda fase, para que possamos ilustrar
como seria caracterizada a população nesse período (Gráfico 3). Vale lembrar
que esse é apenas um modelo elaborado pelo autor, não condizendo com a ver-
dadeira realidade. Qualquer semelhança com a realidade não é intencional.
Gráfico 3 - Modelo Etário da Segunda Fase da Transição Demográfica
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
90
80
70
60
50
Idade
20
10
0 5 10 15 20 25 30 35
Porcentagem
Fonte: o autor.
O que é PEA?
População Economicamente Ativa ou PEA é um termo criado para designar
a parcela da população que está no mercado de trabalho ou está procuran-
do se inserir. Ou seja, é o termo utilizado para especificar parte da população
que está contribuindo para a economia nacional. O PEA é constituído de
diversas formas em diferentes países. No Brasil, podem ser incluídas no PEA
pessoas entres 10 e 60 anos, o que de certa forma atrapalha o serviço do
instituto. Por exemplo, até o começo da década de 2000 os limites iniciais
da idade do PEA eram totalmente diferentes. No caso, o Censo Demográfico
e a PNAD consideravam o limite inferior de 10 anos. Ao contrário, na PME, o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
limite inferior era de 15 anos. Em geral, nos países desenvolvidos, considera-
-se 15 anos como o limite inferior do PEA.
Fonte: o autor, baseado em População Economicamente Ativa por Sexo
(PORTAL BRASILEIRO DE DADOS ABERTOS, on-line)3.
Plá (2013) lembra que “a expansão da oferta de mão de obra, por sua vez, deter-
mina que os salários permaneçam baixos.” (PLÁ, 2013, p. 66). Como consequência,
haverá uma rápida diminuição no número de filhos por família, devido ao alto
custo que cada um demanda para os pais. E isso ocorre de forma espontânea,
devido ao alto custo de aluguel, transporte e saúde que o espaço urbano irá
demandar de cada família.
É nesse momento também que grande parte do contingente feminino começa
a integrar o grupo da População Economicamente Ativa (PEA), pois se faz neces-
sário que a mulher busque outras fontes de renda para, de uma forma ou de
outra, contribuir nas despesas familiares. Dessa forma:
[...] as donas de casa sentem a necessidade de buscar um trabalho re-
munerado para complementar o salário do chefe do lar, que normal-
mente é insuficiente, o que colide com a dedicação exigida pela função
materna. (PLÁ, 2013, p.66).
A seguir, temos um modelo etário da terceira fase, para que possamos ilustrar
como seria caracterizada a população nesse período (Gráfico 4). Vale lembrar
que esse é apenas um modelo elaborado pelo autor, não condizendo com a ver-
dadeira realidade. Qualquer semelhança com a realidade não é intencional.
Gráfico 4 - Modelo Etário da Terceira Fase da Transição Demográfica
Modelo Etário da Terceira Fase
90
80
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
70
60
50
Idade
20
10
0 5 10 15 20 25 30 35
Porcentagem
Fonte: o autor.
Assim, com uma população mais velha, consequentemente teremos uma diminui-
ção acentuada do PEA, caracterizando de certa forma uma redução na força de
trabalho. Podemos inferir, portanto, que esse é um período crítico da Transição
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
passam a idade de trabalhar, originando a expansão da proporção da
população que necessita da ajuda da sociedade para atender suas ne-
cessidades. É a elevação da taxa de dependência, que coloca um desafio
para a administração dos sistemas de previdências. (PLÁ, 2013, p. 66).
A seguir temos um modelo etário da quarta fase, para que possamos ilustrar
como seria caracterizada a população nesse período (Gráfico 5). Vale lembrar
que esse é apenas um modelo elaborado pelo autor, não condizendo com a ver-
dadeira realidade. Qualquer semelhança com a realidade não é intencional.
Gráfico 5 - Modelo Etário da Quarta Fase da Transição Demográfica
90
80
70
60
50
Idade
20
10
0 5 10 15 20 25 30 35
Porcentagem
Fonte: o autor.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
20
10
0 5 10 15 20 25 30 35
Porcentagem (%)
Fonte: o autor.
Muitos autores defendem a tese de que o aumento nos insumos básicos forneci-
dos à população foram fatores primordiais na queda do crescimento vegetativo.
Assim, para esses geógrafos a industrialização e a urbanização foram os princi-
pais motivos para o controle da natalidade.
Contudo, atualmente, alguns autores defendem que tais aspectos não podem
ser aplicados a todas as sociedades, pois alguns países da Ásia haviam diminu-
ído suas taxas de fecundidade sem apresentarem aparente melhoria na condição
socioeconômica de suas populações. Daí tais autores buscarem explicação nos
fatores culturais, como as relações familiares de parentesco, análises de casamen-
tos e divórcios, entre outros.
O fato é que as Teorias Demográficas vêm se modificando ao longo dos anos,
principalmente pelo desenvolvimento das sociedades atuais, que, mais que um
modelo, nos parece um organismo vivo que está em constante evolução. Agora
que você conhece as principais Teorias Demográficas, já é capaz de fazer análi-
ses mais aprofundadas acerca da evolução da população. A seguir, temos uma
atividade de estudo que irá ajudá-lo(a) na fixação do conteúdo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
82
Introdução à Demografia
Catherine Rollet
Editora: Porto Editora, 2007
Sinopse: Apresenta as principais fontes da
demografia, os indicadores de base e os modos
de representação mais correntes aplicados aos
fenômenos demográficos. Sublinhando a transição
demográfica como processo comum a todos os
países, revela no horizonte uma nova repartição da
população no espaço e uma modificação sensível
da pirâmide etária.
Material Complementar
89
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
4 – C.
5 – C.
Professor Me. Hugo Santana Casteletto
O CONCEITO DE
III
UNIDADE
MOBILIDADE HUMANA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar o conceito de Mobilidade Humana e quais ordens
contemplam esse conceito na Geografia.
■■ Identificar a ordem de Mobilidade Física como um deslocamento
natural do homem no espaço.
■■ Identificar, por meio da Mobilidade Física, a diferença entre a
Macromobilidade e a Micromobilidade.
■■ Identificar a ordem de Mobilidade Centrada no Trabalho e seu papel
na lógica capitalista.
■■ Identificar a ordem de Mobilidade Social a partir do estudo da
formação das classes sociais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A Mobilidade Humana
■■ Mobilidade Física
■■ Mobilidade Centrada no Trabalho
■■ Mobilidade Social
93
INTRODUÇÃO
do ensino. Vale lembrar que, pelo fato do conceito de mobilidade ser muito utili-
zado por outras ciências, existe uma gama de tipologias associadas ao mesmo, o
que, muitas vezes, acaba trazendo certa dualidade, ou seja, mesmo tipo de movi-
mento com dois ou até três nomenclaturas possíveis.
Assim, nesta unidade, buscamos apresentar, através de um dos expoentes
dessa linha de pesquisa (Marcio Mendes Rocha, 1998), as várias vertentes da
mobilidade que possivelmente serão trabalhadas em sala de aula. Desta forma,
buscamos uma abertura maior no “leque” de maneiras de se trabalhar com a
ciência que estuda as populações e seus movimentos. Para isso, separamos a uni-
dade de forma que seja possível compreendermos as subdivisões que existem a
respeito dos tipos de movimentos que os seres humanos realizaram ao longo de
sua história como civilização.
Portanto, observe esta unidade como uma parte do livro na qual você con-
seguirá entender as várias formas de mobilidade, tanto as chamadas mobilidades
horizontais (tais como a imigração) como as mobilidades verticais (como, por
exemplo, a estratificação social), para que, assim, você compreenda que esse con-
ceito é algo mais amplo do que parece. Vamos perceber que, ao dominarmos
o assunto, a compreensão e a nossa capacidade de fazer com que nosso aluno
compreenda, de fato, fica muito mais fácil. E você, como futuro(a) professor(a),
deve saber disso. Vamos lá?!
Introdução
94 UNIDADE III
©shutterstock
A MOBILIDADE HUMANA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por Rocha (1998) no intuito de conseguir compreender as mudanças ocorridas
na sociedade do norte do Paraná desde seu surgimento.
Segundo o autor, a ideia de Mobilidade Humana “passa pela investigação do
conceito de mobilidade nas ciências geográficas, econômicas, sociais e demo-
grafia.” (ROCHA, 1998, p. 13). Para o autor, a mobilidade humana nada mais
é que uma soma das diversas formas de mobilidade que o homem fez durante
sua história na sociedade moderna capitalista. Claro que, para isso, levamos em
conta muito do que Karl Marx refletia sobre a questão capitalista, e como esse
modelo econômico interferia diretamente no cotidiano da população mundial.
Assim, para Rocha (1998):
[...] a mobilidade humana é uma noção que procura estabelecer a sín-
tese das construções teóricas sobre os vários conceitos de mobilida-
de, desenvolvidos nos ramos das ciências humanas que trataram desta
questão. (ROCHA, 1998, p. 13).
Para isso, Rocha (1998) buscou subdividir a mobilidade humana em três ordens.
Segundo o autor, dentro da mobilidade humana podemos encontrar três tipos
de mobilidade centrados na lógica capitalista, sendo elas:
■■ Mobilidade Física: para o autor, a Mobilidade Física é a forma pela qual o
homem se desloca no espaço, tendo como base o processo histórico pelo
qual determinada população passou. Assim, para o autor, a Mobilidade
Física se subdivide em Macromobilidade, que seria os grandes deslocamen-
tos permanentes que determinado grupo realiza em escala internacional
e nacional; e Micromobilidade, que seria os pequenos deslocamentos rea-
lizados pelo homem cotidianamente, ou seja, de escala temporal curta,
A Mobilidade Humana
96 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
no trabalho e mobilidade social” (ROCHA, 1998, p. 6), como mostra o Quadro 1:
TIPO DE
ORDEM PENSAMENTO CARACTERÍSTICAS
DESLOCAMENTO
Mobilidade Histórico-Geo- Horizontal Macromobilidade e
Física gráfico Micromobilidade.
Mobilidade Econômico Horizontal Força de trabalho é
Centrada no Marxista mercadoria, o que faz
trabalho o homem se deslocar
para áreas onde existe
maior mercado.
Mobilidade Sociológico Horizontal e Vertical Horizontal quando
Social Marxista um indivíduo aumen-
ta sou status em um
grupo; Vertical quan-
do o individuo sobre
de classe social.
Fonte: Rocha (1998, p. 11).
A Mobilidade Humana
98 UNIDADE III
MOBILIDADE FÍSICA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nos diversos ramos da ciência.
Observa-se na Geografia uma grande
associação dos conceitos de mobilidade e
migração, enquanto, para outros autores, a ©shutterstock
Mobilidade Física
100 UNIDADE III
Al-Shabaab; entre outros países, como Afeganistão e Líbia, que também passam
por um processo de Guerra Civil, criando assim uma onda de migração de boa
parte de suas populações para regiões da Europa e América do Sul.
No Brasil, vemos, em um passado não tão distante, boa parte da popula-
ção nordestina se deslocando para os grandes centros industriais do Centro-Sul.
Esse deslocamento se deu principalmente devido à seca no sertão nordestino.
Hoje, vemos que, com as políticas atuais, a condição na Região Nordeste vem
melhorando muito, fazendo com que presenciemos o grande deslocamento de
nordestinos novamente para a Região Nordeste, devido à melhoria da condi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ção de vida nessas regiões, além da grande precarização de serviços e o inchaço
urbano que ocorreu principalmente na Região Sudeste.
©shutterstock
Nesse sentido, vemos que esses deslocamentos diários, onde geralmente existe
retorno breve ao seu local de partida, podem ser considerados Micromobilidade
Física, pois o fato de se deslocar é uma das características da mesma. Contudo,
esse tipo de deslocamento é de menor escala, no qual o indivíduo faz seu retorno
ao local de origem.
O conceito de Rede Urbana vem para explicar o conjunto de cidades que in-
teragem entre si no espaço. Basicamente, existem fluxos de serviços presta-
dos entre as cidades, assim quando uma cidade oferece mais serviços, con-
sequentemente receberá mais fluxo de pessoas de cidades próximas, pois
oferece mais “variedade de serviços”. Deste modo, estrutura-se uma rede e,
consequentemente, uma hierarquia de importância entre as cidades, tanto
em escala municipal, regional, nacional ou mesmo internacional.
Fonte: o autor, baseado em Pena (MUNDO EDUCAÇÃO, on-line)1.
Mobilidade Física
102 UNIDADE III
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
regem a atual conjuntura da economia mundial. Para tanto, é necessário saber
que o modelo econômico capitalista necessita diretamente da força de trabalho
para manter a máquina da economia em movimento. Vale ressaltar que esse tipo
de mobilidade é considerado horizontal, uma vez que os movimentos criados
são de acordo com o acesso às mais diversas formas de renda.
Para isso, é necessário que existam polos de atração de pessoas, que ofer-
tem empregos e condições mínimas de salubridade, para que assim possam ser
atraídos os mais diversos tipos de mão de obra, seja braçal ou intelectual. Apesar
de nem sempre esses polos ofertarem condições mínimas de salubridade, o que
vemos é que, no geral, o que atrai a população para determinadas regiões em
busca de emprego são as condições nas quais essas pessoas viviam antes de migra-
rem a essas localidades.
Assim, temos dois pontos importantes na Mobilidade Centrada no Trabalho:
as condições que são ofertadas a essas pessoas que participarão dessa mobili-
dade e as condições nas quais vive essa população que migrará. Dessa forma,
podemos dizer que a concentração populacional de determinado local se dá
necessariamente pela oferta de emprego e salário, condições básicas proposta
pelo capitalismo.
É necessário nesse momento fazermos um resgate da evolução histórica do
trabalho, a fim de se compreender em qual momento a Mobilidade Centrada no
Trabalho se torna justificável.
Em um período mais remoto, a sociedade vivia basicamente do que era pro-
duzido pela natureza, ou seja, o indivíduo apenas produzia para si próprio ou
mesmo produzia em forma comunal, onde tal corpo social era um só.
Assim, o capital acumulado por essa classe nesse período cria uma “monetização”
da relação de produção, tornando assim o trabalho assalariado, estratificando
ainda mais a sociedade entre pobres e ricos. Ou seja, os que ganham mais e os
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que ganham menos devido à qualidade de sua mão de obra.
Quem são e para onde vão os Migrantes no Brasil? Essa é a pergunta que
dá título ao artigo publicado na ANPEC em 2008, que fala um pouco sobre
quem são os migrantes do Brasil. Texto muito bom para se ter uma base
das principais ondas migratórias do Brasil. A partir dos micros dados dos
Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000, o Dr. Wellington Ribeiro Justo
e o Dr. Raul da Mota Silveira Neto nos apresentam quem são os migrantes
internos do Brasil, apresentado um relação ao destino (região) de cada imi-
grante nesses períodos. Os resultados nos mostram grande diferença entre
os migrantes e os não migrantes. Uma excelente leitura.
Para leitura na íntegra, acesse: <http://www.anpec.org.br/encontro2008/ar-
tigos/200807211431490-.pdf>.
Fonte: o autor.
busca cada vez maior pelas regiões que oferecem as melhores condições de tra-
balho e capital. Portanto, a Mobilidade Centrada no Trabalho tem uma relação
direta com o desenvolvimento do capitalismo e das formas patronais de tra-
balho, nas quais o detentor do capital estimula a vinda de trabalhadores para
determinadas regiões a partir da oferta de empregos, condições de trabalho e
principalmente salários.
O trabalho assalariado somado à transformação do espaço rural acaba aju-
dando na formação direta do chamado Mercado de Trabalho. Isso significa
que, no capitalismo, o trabalho se torna uma mercadoria como qualquer outra,
onde empregado vende ao empregador suas habilidades e sua força de trabalho.
Contudo, Rocha (1998) lembra que a História é quem vai determinar os deten-
tores do capital e da força de trabalho, e a reprodução dessa força de trabalho e
sua própria mobilidade no espaço é, essencialmente, o momento histórico no
qual o trabalhador irá submeter-se às exigências do capital.
Vale ressaltar que a mobilidade do trabalho não quer dizer apenas o movimento
exercido pela força de trabalho em busca de novas condições. Esse conceito
também vale para sua funcionalidade, ou seja, para Rocha (2008), a Mobilidade
Centrada no Trabalho se desloca geograficamente e funcionalmente.
Geograficamente no sentido físico, no sentido do movimento migrató-
rio exercido pela força de trabalho em busca de emprego e novas condições de
vida, isso em múltiplas escalas. Funcionalmente no sentido de uma mudança na
atividade profissional e dentro de uma mesma atividade profissional, seja por
meio da capacitação, seja por meio da incorporação de mais funções a deter-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
minados serviços.
Portanto, o que pretendemos demostrar a você é que a Mobilidade Centrada
no Trabalho nasce juntamente com a mercantilização do mundo e, por que não,
com a mercantilização da força de trabalho, transformando-a em mercadoria.
Nesse momento, o capital fará uso dessa força de trabalho para a ampliação de
seus lucros. Cabe aqui, como Rocha (2008) o fez, lembrar o Capitulo I do “Capital”
de Karl Marx, onde o mesmo apresenta as três principais características da mer-
cadoria: o valor de uso, o valor de troca e a presença no mercado. Assim, como
já exposto anteriormente, no momento em que a força de trabalho se torna uma
mercadoria para o capital, essas três características tornam-se algo intrínseco à
Mobilidade Centrada no Trabalho.
Pensando dessa forma, é possível nesse
momento mensurar que a Mobilidade
Centrada no Trabalho é algo que tem muito
a ver com a questão da formação capitalista
e as formas pelas quais o homem consegue
atingir um nível estável de vida. Assim, é
possível observar que a busca por condições
melhores de vida é que vai fazer com que o
homem se desloque tanto geograficamente
como funcionalmente, sempre no principal
intuito, que é o de conseguir melhores con-
dições de trabalho e salário, para que, assim,
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não tenha dificuldades de acesso aos mais
MOBILIDADE SOCIAL
Mobilidade Social
108 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a Sociologia a avançarem mais ainda no tema, devido às mais diversas concep-
ções sobre o assunto que foram surgindo a partir da publicação desses estudos.
Nos Estados Unidos, Pitirin Sorokin (1927) foi um dos emblemáticos autores
da sociologia que se preocupou em explicar como as diferenças sociais se con-
figuravam na sociedade. Em seus estudos, Sorokin (1927) tenta explicar como
o individuo pode se mover horizontalmente e verticalmente na sociedade, por
Mobilidade Social
110 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(como é falado no dito popular, sem generalização) essa estratificação social
vai ter como fator principal a diferença de ganhos? Essa é uma questão já
levantada há anos, ou seja, famílias que ao longo da história se valeram de
vantagem intelectual e política para se perpetuarem na alta escala da socie-
dade. Casos de famílias que se aproveitaram do trabalho forçado em cam-
pos de concentração na Alemanha Nazista aproveitaram da ingenuidade de
produtores rurais, utilizaram grilagem e a atuação de posseiros, entre outros
fatores, tudo para que fosse possível o aumento de suas posses. Poucos pro-
curam saber o processo histórico pelo qual passou determinado grupo para
que chegassem ao poder, e isso é de suma importância para a compreensão
da estratificação social.
Fonte: o autor.
Touraine (1991) cada grupo tem uma visão diferente da sociedade, o que não era
considerado pela Sociologia Americana apoiada pelo Positivismo de Durkeim.
Conforme afirma Rocha (1998), esse tipo de análise teve grande influência
nas futuras pesquisas realizadas na França, onde, segundo o autor:
[...] o período de 1950 a 1970, sob a coordenação do INSEE (Institut
national d’Économie et Statistique), várias enquetes sobre emprego fo-
ram desenvolvidas, que serviram como base de dados para um certo
número de pesquisas sobre a problemática social [...] no final dos anos
60, observa-se uma forte atenção para a reflexão sobre a classe operária
na França, período que marca o amadurecimento de uma reflexão aca-
dêmica marxista. (ROCHA, 1998 p. 65).
Mobilidade Social
112 UNIDADE III
avaliação da divisão social do trabalho. Assim, as classes sociais nada mais são
que o reflexo da divisão social do trabalho, ou seja, do posicionamento de cada
um dos agentes no mercado de trabalho.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
concepção de ausência. É temporário, na verdade, aquele migrante que se
considera a si mesmo “fora de casa”. (José de Souza Martins).
A isso, soma-se a questão histórica singular de cada indivíduo, que acabou deter-
minando sua posição nessa conjuntura.
Dessa forma, entende-se a Mobilidade Social como algo dinâmico no qual
está presente a luta por interesses sociais das mais diversas categorias, tendo que
ser entendida como uma luta de classes, na qual o indivíduo nem sempre tem
a possibilidade de subir nessa estratificação, muito devido à ação dos agentes
capitalistas que dependem das classes menos favorecidas para que se mantenha
a reprodução social capitalista.
Por fim, podemos entender a Mobilidade Social como a capacidade de cada
indivíduo de se elevar economicamente e funcionalmente na sociedade, a partir
das relações sociais capitalistas existentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir que a questão da mobilidade vai muito além de uma mera
questão de migração. A mobilidade nas ciências humanas é definida como a
capacidade do indivíduo de se locomover, seja verticalmente ou horizontal-
mente na sociedade.
Assim, seja por meio das migrações ou dos deslocamentos para camadas
mais altas da sociedade, o homem é passível de mobilidade, principalmente com
o advento do capitalismo, devido às novas formas de interação entre os povos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por isso, podemos entender que a Mobilidade Humana é algo intrínseco ao ser
humano, pois, na busca incessante pela melhoria na condição normal de vida e
no intuito de ascensão social, o homem é capaz tanto de mover-se fisicamente,
seja por meio das macromobilidades ou micromobilidades, mover-se pela força
do trabalho e mover-se socialmente (vertical), na busca pela inversão da lógica
capitalista que interfere na vida cotidiana da maior parte da população mundial
que não detém o capital e nem os meios de produção necessários para manter
condições razoáveis de vida. Por isso, é necessário, ao se trabalhar com o presente
assunto em sala de aula, certa dose de sensibilidade, pois será um momento no
qual dúvidas, pontos de vista divergentes e até mesmo opiniões irão aparecer,
pois necessariamente trata-se de um tema muito complexo e de íntima ligação
com o modo de produção vigente na maioria dos mercados mundiais.
Por isso, é importante que abordemos, na Geografia da População, a capa-
cidade que a sociedade possui de mudar e apresentar uma maior ou menor
dinâmica. Por meio desse conhecimento, que nada mais é que o resgate histórico
que originou determinado processo de movimentação humana, é que podere-
mos ter uma maior compreensão e um maior domínio sobre o conteúdo, o que
vai nos garantir confiança e a certeza de dever cumprido como professor(a).
Considerações Finais
114
1. A respeito da Mobilidade Humana abordada nesta unidade III, cite os três tipos
de ordens de mobilidade que estão implícitos na Mobilidade Humana, expli-
cando pelo menos uma característica principal de cada uma das ordens.
3. Vimos nesta unidade III que a Mobilidade Centrada no Trabalho é algo intrínseco
ao modo de produção capitalista. Relacione a Mobilidade Centrada no Trabalho
com a Lógica Capitalista trabalhada nesta unidade.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
BRITO, F. Brasil, final do século: a transição para um novo padrão migratório. In:
ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 2000, Belo Horizonte-MG.
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Géographie, Paris, n. 564, p. 174-187, mar./abr. 1992.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
3 – Neste tipo de mobilidade a mão de obra se torna uma mercadoria, ou seja, ela é
vendida como qualquer outro produto a quem estiver interessado em pagar mais e
der melhores condições de trabalho. Desta forma podemos entender que os movi-
mentos relacionados à busca de novas oportunidades não seriam possíveis se não
fosse pelo modelo de produção que criamos. É por meio dessa mobilidade que se-
rão geradas áreas de atração e desenvolvimento econômico e áreas de repulsão
com déficit econômico.
4 – B.
5 – C.
Professor Me. Hugo Santana Casteletto
IV
A MIGRAÇÃO PARA
UNIDADE
A GEOGRAFIA DA
POPULAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender os fatores pelos quais os povos humanos migram.
■■ Identificar os principais tipos de migração que existem na ciência
geográfica.
■■ Identificar as principais migrações históricas que ocorreram no
mundo.
■■ Identificar o papel da Europa nas migrações e formações dos mais
diversos continentes do mundo.
■■ Identificar as principais migrações contemporâneas, a fim de
compreender o papel dos países mais ricos, como os EUA, na
migração mundial.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Tipos de Migração
■■ Os Principais Tipos de Migração Trabalhados no Ensino Básico
■■ As Grandes Migrações Mundiais
125
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade discutiremos com maior precisão sobre o
conceito de Migração para a ciência geográfica, abordando os tipos de fluxos
mais utilizados e principalmente o elucidar a respeito da importância da análise
sobre o Padrão Migratório em si.
A Migração, sucintamente, é o deslocamento de pessoas de determina-
dos espaço (ou mesmo dentro de um espaço), em um determinado período ou
tempo, podendo ocorrer em etapas, se for o caso. Esses deslocamentos de pes-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
126 UNIDADE IV
expectativas sociais nesses padrões migratórios que são observados pelo mundo.
Assim, nesta unidade iremos mostrar a diferença entre tipos de migração e
padrões migratórios, caracterizados pela formação de áreas de repulsão e áreas
de atração, e que, mais que um simples deslocamento, significa a mudança estru-
tural urbana e social dessas sociedades que repelem e atraem imigrantes. Essas
mudanças refletem no número de habitantes, mudança no padrão de linguagem,
diversidade religiosa e gastronômica e, por que não, diversidade arquitetônica,
além de muitas outras características. Observando dessa forma, olhamos pelo lado
da “luz” da imigração, não podendo esquecer que existem partes ruins nesse tipo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de movimento tais como o aumento por conflitos devido à diversidade, aumento
da xenofobia, além da popularização de partidos separatistas e nacionalistas.
Contudo, vamos nos permear nesta unidade apenas em falar sobre o con-
ceito de migração, seus principais tipos, e nos atentar a orientá-lo(a) a entender
a imigração como uma análise sobre o Padrão Migratório, do qual devemos
conhecer seu tempo, espaço e etapas, por meio dos contextos históricos pelos
quais determinados grupos ou territórios passam.
Para isso, começaremos falando um pouco sobre os tipos de imigração que
existem e os principais fluxos, a fim de que, assim, você possa ir se familiari-
zando com os termos científicos. Vamos lá!
OS TIPOS DE MIGRAÇÃO
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Os Tipos de Migração
128 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
variam de acordo com as necessidades históricas de determinado grupo de indi-
víduos. Olhando dessa forma, veremos que os tipos de fluxos migratórios mudam
com o tempo, pois dependem muito da evolução desses povos como sociedade.
Em minha opinião, existem dois tipos de viajantes: os que viajam para fugir
e os que viajam para buscar.
(Érico Verissimo).
Não estamos aqui tentando dizer que é errado tipificar os fluxos migratórios.
O que estamos tentando esclarecer é que os fluxos migratórios no período da
Revolução Industrial não são os mesmos que no período Técnico-Científico-
Informacional, e provavelmente não serão iguais em uma próxima época. Assim,
tipificar fluxos migratórios em determinado período não significa que esse modelo
poderá ser usado para sempre. E é aí que fica a essência dos fluxos migratórios:
a tipificação tem que andar juntamente com o contexto histórico, e assim deve-
-se apresentar um Padrão Migratório, que é quando o tipo de fluxo se alinha ao
processo histórico pelo qual os migrantes passaram.
Os Tipos de Migração
130 UNIDADE IV
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De acordo com Brito (2000), o autor Braudel (1995) realiza uma análise deta-
lhada acerca das migrações ocorridas nos séculos XV e XVIII e chega à conclusão
que existe uma infinidade de riqueza e detalhes sobre a migração nesse período.
Segundo Brito, “Braudel chama a atenção para a variedade de tipos de deslocamen-
tos populacionais que ocorriam em contextos sociais e culturais diferenciados”
(BRITO, 2000, p. 2). Todavia, para o autor, uma das melhores análises tipifica-
das dos fluxos migratórios, que denotam um padrão analisado, é a de Livi Bacci
(1999), onde o mesmo ressalta as principais transformações ocorridas na socie-
dade europeia no período ante Revolução Industrial e pós Revolução Industrial.
Nesse estudo, Bacci (1999) consegue observar grande migração rural-urbana,
além de identificar migrações permanentes e temporárias, sejam elas internas
ou externas ao território (migrações internas e internacionais).
Brito (2000) ainda nos lembra de Hobsbawm (1977), que faz uma grande
análise sobre o período caracterizado pela Revolução Industrial na Europa,
ressaltando a importância da imigração para a formação de cidades e, conse-
quentemente, de novas nações na Europa, o que juntamente poderia causar
conflitos étnicos e sociais.
Porém, para Brito (2000), a grande análise realizada sobre o padrão migra-
tório ocorrido principalmente no período de industrialização mundial é a que
foi realizada por Karl Marx (1989):
É importante ressaltar que boa parte das análises clássicas citadas acima eram
meramente análises feitas a partir das transformações sociais e urbanas que
ocorriam na Europa em determinado período. Na verdade, Ravenstein (1980) é
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Observamos, portanto, que apesar de termos uma série de tipos de fluxos migrató-
rios, estes estão, em sua maioria, relacionados principalmente ao desenvolvimento
do capitalismo como modelo econômico. Zelinsk (1971) cita que alguns padrões
são característicos de determinados modelos históricos, tal como: a migração
rural-rural é característica da sociedade antes da Revolução Industrial, a migra-
ção rural-urbana é característica da população em industrialização, a migração
urbana-urbana é característica das sociedades industriais e os modelos de migra-
ção cidade-periferia da sociedade pós-industrial.
Os Tipos de Migração
132 UNIDADE IV
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O que será apresentado a seguir são apenas alguns conceitos básicos que são ine-
rentes aos seus conhecimentos acerca do assunto.
É importante ressaltar que tais conceitos serão apresentados de forma sucinta
e em tópicos, para que, assim, facilite na hora em que precisar recorrer a este
livro. Assim, para ajudá-lo(a), este tópico vem para sistematizar algumas das
principais dúvidas de nossos alunos no Ensino Básico.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
São os conceitos:
■■ Migração: É o principal conceito dentre todos os que serão estudados. A
partir dele, podemos definir seu tipo. Migração nada mais é que o des-
locamento dos indivíduos dentro de um determinado espaço geográfico
ou natural. Ela pode ter uma série de motivos, sejam eles econômicos,
políticos, religiosos, culturais, naturais, etc., apesar de a questão econô-
mica ser a mais visível dentre todas. Ela pode acontecer de duas formas:
■■ Migração Permanente: Quando o indivíduo se deslocada no espaço com
intuito de se instalar definitivamente em outro território. Neste caso, difi-
cilmente haverá volta do migrante, fazendo da migração um movimento
permanente, ou seja, o indivíduo fixa um território e passa a fazer parte desse
outro corpo no qual foi instalado.
■■ Migração Temporária: Quando o indivíduo se deslocada no espaço e existe
uma corrente de retorno após determinado período. É muito caracterizado
pelos trabalhadores que se locomovem para outras cidades a trabalho e em
seguida retornam. Neste tipo de deslocamento não existe uma fixação de
território, ou seja, o indivíduo ainda reside em seu território natal, porém
se desloca por um determinado período para outros lugares, retornando ao
final de sua tarefa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Hoje, 92,7% das pessoas que frequentam escolas ou creches estudam nas ci-
dades onde residem. Sudeste é a região com maior número de deslocamen-
tos para estudo, chegando a quase 9% dos estudantes. Isso se deve muito à
condição econômica, que propicia tal deslocamento.
Fonte: Migração e Deslocamento (IBGE, on-line)2.
lhe tal indivíduo, ou seja, um estrangeiro que vem morar no Brasil pode ser
considerado imigrante, porém não possui a mesma denominação para o ter-
ritório que antes o abrigava.
■■ Emigração: Ao contrário do que foi exposto acima, o Emigrante é aquele que
emigra, ou seja, é o indivíduo capaz de sair de determinado território para
sua instalação em outro. Neste caso, o emigrante só pode ser assim conside-
rado do ponto de vista do território do qual saiu. Ou seja, uma pessoa que
sai do Brasil, por exemplo, em busca de novas oportunidades em outros paí-
ses pode ser considerado pelo Brasil como um emigrante. Veja que, como foi
dito, ele pode ser visto como emigrante pelo ponto de vista brasileiro, não
pelo ponto de vista de quem o recebe. O país que receber tal indivíduo, con-
sequentemente, estará considerando-o um imigrante.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: o autor, baseado em Tombini e Saquet (2013).
Olhe Intel e Google, Yahoo e Bay. Todas essas grandes companhias estaduni-
denses que criaram inúmeros empregos e nos ajudaram a liderar o mundo
nas indústrias de alta tecnologia foram fundadas por um imigrante.
(Barack Obama).
dentro de uma mesma região, seja qual for o grau motivacional. Vimos
muito esse tipo de migração nos chamados “Ciclos Econômicos Brasileiros”.
A saída da região de São Vicente para o interior de Minas Gerais e a saída
do interior de Minas Gerais para as lavouras de café do Rio de Janeiro e
São Paulo são exemplos desse movimento. Observe que o exemplo dado é
caracterizado pelo deslocamento desses indivíduos dentro de uma mesma
região, no caso a Sudeste.
■■ Migração Sazonal: Ligada principalmente às estações do ano, caracteri-
za-se pela saída do indivíduo de seu território para outro em determinado
período do ano, em geral por causa de fatores naturais e econômicos. Um
exemplo desse fator natural é a saída do nordestino que mora no sertão e
parte do agreste em determinados períodos de seca em busca de melhores
condições climáticas. Nesse caso, existe um retorno do indivíduo após esse
período. Outro exemplo, são o dos chamados “boias-frias”, que trabalham
em períodos de colheita da soja e da cana-de-açúcar em outras regiões.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Muitos são os textos que trabalham com a questão dos movimentos migratórios
mundiais. Fato é que você, aluno(a), quando vier a exercer sua profissão de pro-
fessor(a), deverá ter um mínimo conhecimento acerca do assunto, uma vez que
tais movimentos ajudaram a criar a sociedade na qual vivemos hoje.
Desde os tempos pré-históricos o homem tende a migrar entre regiões.
Mesmo nesse período, já havia grande predomínio de povos nômades, que são
aqueles povos que não fixavam território, ou seja, tinham uma constância de
mudança de seu habitat. Em sua maioria, esses movimentos estavam relacio-
nados à busca por alimentos, uma vez que ainda não tínhamos desenvolvido as
técnicas de agricultura disponíveis atualmente. Até hoje podemos encontrar esse
tipo de população, sendo mais característica em regiões da Ásia Central, Norte
da África e nas Regiões Glaciais.
Com a evolução da agricultura, a maior parte da população mundial pas-
sou de uma característica mais nômade, ligada à migração constante, para uma
população um tanto quanto sedentária. Esse tipo de mudança foi crucial no
desenvolvimento das cidades como as conhecemos hoje. É a partir desse perí-
odo que a migração deixa de ser forçada diretamente, uma vez que antes todos
eram obrigados a migrarem devido à escassez de comida.
Devemos relembrar nesse momento que vários são os motivos que levam
determinados grupos a se deslocarem, tais como política, economia, cultura,
religião, etc. Isso porque desde muito tempo as disputas políticas, culturais, étni-
cas e religiosas fizeram parte das chamadas “diásporas”, que nada mais são que
a dispersão de população pelo mundo, tendo como “pano de fundo” conflitos
entre nações e povos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: o autor, baseado em Sarmatz (SUPER INTERESSANTE, 2002, on-line)6.
Veja que, mesmo nos primeiro séculos do período depois de Cristo, já era pos-
sível identificar grandes movimentos populacionais pelo mundo, e por mais
que ainda não tivéssemos embasamento científico para compreendê-los, sabe-
mos que isso acarretou uma onda de distribuição do povo judeu pelo mundo.
O território veio a ser reconquistado pelos judeus assim que a Inglaterra expul-
sou o Império Turco, abrindo as portas para que os antigos habitantes voltassem.
O problema é que esta região havia sido dominada pelos mulçumanos durante
milhares de anos, o que gerou um conflito que dura até os dias de hoje nos ter-
ritórios de Israel e Palestina, formando uma rede de imigração de pessoas que
fogem dessas regiões.
Figura 5 - Monumento aos Descobrimentos em Lisboa, Portugal.
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Esse movimento migratório mostrado acima é tão intenso que se perdurará por
mais dois séculos, passando pelo séc. XVIII e XIX, principalmente para con-
tinentes como América e Oceania. O próprio Japão, num período de recessão
econômica, acabou se transformando em um país cuja emigração era maior que
a imigração. O Brasil mesmo foi um dos países que mais receberam imigran-
tes japoneses. Porém, com a recuperação da economia japonesa, o país voltou a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
alemães, derrotados na Segunda Guerra Mundial, foram expulsos de vários ter-
ritórios após o final do conflito, tais como os países do Leste Europeu que já se
alinhavam com os pensamentos políticos da antiga URSS.
Um exemplo notório das grandes migrações causadas pelo homem está no des-
membramento do Paquistão junto à Índia. Em 1947, o território da Índia era
tomado em parte por muçulmanos, que eram contrários ao hinduísmo, que é
uma religião predominante no local. Com o desmembramento do território do
Paquistão e a consequente formação de um Estado novo, muitos muçulmanos
saíram do território indiano em direção ao novo Estado muçulmano e, ao con-
trário, muitos hindus saíram do novo território criado em direção à Índia, de
maioria hindu.
Muito parecido com o que ocorreu com o território da Palestina, atual
território de Israel. Com a volta dos judeus após a conquista dos ingleses no
território palestino, começaram intensos conflitos entre judeus e muçulmanos
na região que hoje é de Israel. Calcula-se que só na década de 50 foram expul-
sos quase um milhão de palestinos de suas terras pelos judeus, o que criou uma
AS MIGRAÇÕES EUROPEIAS
É importante dar destaque para a Europa no contexto das migrações, pelo fato
desse continente ser o grande “fornecedor de imigrantes” durante boa parte da
história humana. É desse continente que parte boa parcela da população que
imigra e emigra, ajudando na formação de grande parcela do sistema no qual
vivemos hoje.
Muito disso se dá entre o século XIV e
XVIII, num período caracterizado pela desco-
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berta de novos continentes. América e Oceania
foram os grandes exemplos, pois foram total-
mente formados, na concepção de como
conhecemos hoje, por meio da migração de
indivíduos europeus. Claro que boa parte da
cultura formada nesses países encontrará san-
gue africano e asiático, contudo, foi o ímpeto
europeu e seu dom de deslocamento que aju-
dou na formação e na configuração do território que temos hoje. Destaque para
Portugal e Espanha, que prontamente ocuparam terras na África e América, aju-
dando na formação da Nova Espanha (futuro México), América Central, Andina
e Platina, além, é claro, do Brasil.
O Brasil moderno foi construído pelo sofrimento e labor dos povos imigran-
tes. Pouco devemos aos brasileiros.
(Walmir Celso Koope).
Tal deslocamento foi capaz de, praticamente, ocupar as principais regiões desse
continente no qual vivemos.
Já os ingleses ocuparam menos terras, contudo sua organização ajudou na
criação de países que com o tempo se tornaram economias desenvolvidas. Seu
devido a uma série de disputas, sete grandes nações europeias literalmente repar-
tiram territórios na Ásia, e principalmente na África, moldando o espaço do
continente. Se compararmos as fronteiras atuais da África com o mapa etno-
lógico criado por Murdock (1953), veremos que existe uma infinidade muito
maior de povos (ou mesmo nações) do que Estados. Devido à repartição reali-
zada na África, muitas etnias acabaram sendo subjugadas a um mesmo Estado,
mesmo sendo povos totalmente contrários a uma série de opiniões. Essa repar-
tição, e consequentemente a migração dos europeus para o continente africano,
causou sérios problemas históricos naquele lugar, tais como os conflitos étni-
cos que lá temos hoje, reflexo desse deslocamento europeu rumo às novas terras
“descobertas”.
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Mapa anexo do livro “Africa: its peoples and their culture history” de Murdock,
1953. (divisão por etnia).
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possuem restrições quanto à circulação de mão de obra e pessoas, devido à dife-
rença socioeconômica que os países que integram o grupo possuem.
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tou por uma restrição na concessão de vistos, além de tomar medidas pelo
reforço da segurança na fronteira norte. A presente pesquisa busca formular
uma análise qualitativa desse fluxo migratório, frisando sua difícil definição
legal e fornecendo um exame da postura adotada pelo governo brasileiro
diante desse deslocamento rumo a suas fronteiras.
Fonte: Thomaz (2013, p. 131).
AS MIGRAÇÕES ESTADUNIDENSES
Várias foram as formas pelas quais os povos migrantes tentaram entrar nos
Estados Unidos. Na verdade, há muitos anos os EUA enfrentam esse “problema”
com relação à imigração, principalmente a imigração ilegal.
Desde o período colonial, os EUA são vistos como o “Eldorado” para todos.
De 1930 a 1940 o fluxo foi imenso, principalmente de europeus que vinham com
a promessa de vida melhor e novas oportunidades.
Um curto período de calmaria na imigração rumo aos Estados Unidos ocorreu
no período pós Segunda Guerra Mundial, pois, incentivados pelo Plano Marshall
dos EUA, que tinha como objetivo conter o avanço do socialismo, a Europa con-
seguiu se reerguer, voltando a ser um local onde seus habitantes viviam bem, o
que consequentemente fez diminuir o fluxo de europeus para os EUA.
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Todavia, os EUA sempre foram um país caracterizado por receber muitos imi-
grantes latinos, principalmente de países colonizados pela Espanha, como, por
exemplo, o México. A onda de mexicanos tentando atravessar ilegalmente a fron-
teira entre esses dois países era tão grande que o governo dos EUA montou um
verdadeiro aparato de guerra contra tais imigrantes. Desde então, esse tem sido
um tema recorrente nas agendas políticas dos governantes dos Estados Unidos,
pois o fluxo migratório pode ser algo que muda o espaço, trazendo pontos posi-
tivos e negativos. Positivos no sentido dos mexicanos fazerem boa parte do
serviço que muitos americanos se recusam a fazer, e negativo, pois muitos des-
ses imigrantes acabam sendo explorados, principalmente por fazendeiros que os
ameaçam, de forma que ou o clandestino aceita sua condições ou será deportado.
A imigração é tema tão importante nos Estados Unidos que a partir dos
atentados de 11 de setembro de 2001, quando dois aviões se chocaram contra
os prédios do World Trade Center em Nova York, as regras de migração no país
mudaram completamente. Desde então existe uma grande dificuldade de se con-
seguir um visto para entrada em território norte-americano, principalmente para
pessoas que possuem ascendência muçulmana. Os próprios habitantes mulçu-
manos que viviam nos Estados Unidos nesse período passaram a viver em um
ambiente de terror, sendo vistos pela sociedade norte-americana como inimigos.
Figura 10 – Momento da colisão das aeronaves comerciais no World Trend Center em Nova Iorque, em
setembro de 2001
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Agora, o caso de Cuba é o mais curioso. Na década de 80, período pelo qual
Cuba era financiada pela antiga URSS, os Estados Unidos tinham como principal
adversário político na América o então presidente de Cuba, Fidel Castro. Nesse
período, os Estados Unidos faziam de tudo para tentar manter uma campanha
negativa em relação à ilha, tanto que recebia refugiados no Estado da Flórida
como se fossem “troféus”, tratando-os como exilados políticos.
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Apesar de Fidel Castro dizer que não havia presos políticos no país, os Estados
Unidos fizeram uma convocação para os cubanos que tivessem sendo perseguidos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pelo Regime de Fidel para que fossem para a Flórida que seriam bem recebidos.
Uma clara tentativa de propaganda negativa. Assim posto, Fidel ordenou que
fossem enviados todos os presos do país para os Estados Unidos, independen-
temente do crime cometido.
Ao ver o erro cometido, os Estados Unidos não puderam voltar atrás, pois
seria uma propaganda negativa, e assim receberam por volta da década de 80
muitos imigrantes cubanos condenados por crimes em seu país. Desde então,
a regra para imigrantes cubanos é a seguinte: alimentá-los, medicá-los e man-
dá-los de volta.
Fato é que, desde o fim da URSS, Cuba vem passando por uma grave crise
financeira, a qual acaba afetando vários setores da economia da ilha. Desde então,
muitos cubanos tentam atravessar de balsa, barcos, botes, etc., para chegarem
aos Estados Unidos, principalmente nos últimos anos correntes, devido à rea-
proximação econômica entre Estados Unidos e Cuba.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
158
5. Nesta unidade nos aproximamos mais do conceito de imigração. Assim, foi possí-
vel ver uma série de tipos de imigração que surgiram a partir do momento em que
as ciências passaram a trabalhar com o tema. Para tanto, é necessário conhecer o
básico disso tudo. Sabendo disso, explique a diferença entre imigração e emigra-
ção, e em seguida descreva quais são os dois tipos básicos de migração.
159
A Migração Digital
Lorenzo Vilches
Editora: Edições Loyola, 2003
Sinopse: Como o próprio nome já diz, este livro trabalhará com
a questão da imigração e emigração na nova era digital, ou como
comumente dizemos, na era da Globalização. Por meio de análises, o autor busca evidenciar como
as formas de migração mudaram com o advento da informática. Um livro muito interessante e
contemporâneo que trabalha com o tema.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Scarface
Um criminoso cubano exilado (Al Pacino) vai para Miami
e em pouco tempo está trabalhando para um chefão
das drogas. Sua ascensão na quadrilha é meteórica, mas
quando ele começa a sentir interesse na amante do chefe
(Michelle Pfeiffer) este manda matá-lo. No entanto ele
escapa do atentado, mata o mandante do crime, fica com
a amante dele - mas simultaneamente sente desejos incestuosos por sua irmã (Mary Elizabeth
Mastrantonio) - e assume o controle da quadrilha. Em pouco tempo ele ganha mais dinheiro do
que jamais sonhou. No entanto ele está na mira dos agentes federais, que o pegam quando está
“trocando” dinheiro. Mas seu problema pode ser resolvido se ele fizer um “serviço” em Nova York
para um grande traficante e pessoas influentes, que podem manipular o poder para ajudá-lo.
Porém, a missão toma um rumo inesperado quando, para concretizá-la, ele precisa matar crianças.
Um filme que retrata a migração cubana para os EUA em tempos de Guerra Fria. Um clássico do
cinema mundial.
163
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
A CARACTERIZAÇÃO DA
V
UNIDADE
POPULAÇÃO BRASILEIRA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar as principais características populacionais do Brasil nos
últimos anos.
■■ Compreender como as migrações de povos estrangeiros ajudaram na
formação da população e da cultura do Brasil.
■■ Apresentar a atual estrutura populacional do Brasil, atentando para
as principais mudanças na Pirâmide Etária Brasileira.
■■ Apresentar em que passo o Brasil está em relação à Teoria da
Transição Demográfica.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A Formação da População Brasileira
■■ Principais Povos que Migraram para o Brasil
■■ A Estrutura da População Brasileira
■■ O Processo de Transição Demográfica Brasileira.
169
INTRODUÇÃO
Introdução
170 UNIDADE V
Até os anos de 1500 d.C. a região onde hoje se constitui o Brasil não havia rece-
bido qualquer tipo de imigração. Nesse período, o Brasil possuía apenas povos
nativos, caracterizados pelos chamados Índios. Estima-se que vivam cerca de 5
milhões de indígenas apenas em território brasileiro, em sua maioria formados
pelos povos Jês, Tupi e Guaranis. Apesar da imprecisão e da falta de confiabili-
dade nos dados, Darcy Ribeiro (1995) tenta justificar as divergências a respeito
do número de índios que aqui viviam antes dos colonizadores chegarem:
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Havia, tanto do lado português como do espanhol, uma tendência evi-
dente dos estudiosos para minimizar a população indígena original.
Seja por crer que houvesse exagero nas fontes primárias dos cronis-
tas, que efetivamente viram os índios com seus próprios olhos, o que
era um absurdo. Seja pela tendência prevalecente por muito tempo – e
ainda hoje perceptível – de dignificar o papel dos conquistadores e co-
lonizadores, ocultando o peso do seu impacto genocida [...] (RIBEIRO,
1995, p. 141-142).
Calcula-se que, nos dias atuais, cerca de 200 mil índios vivem no Brasil, ou seja,
apenas 4% da população original indígena sobreviveu ao holocausto realizado
pelos europeus em terras brasileiras. Isso é decorrente do forte genocídio pregado
pelos colonizadores contra os povos que aqui viviam antes de sua chegada. Hoje,
a maior parte dos índios se restringe à Região Norte e Centro-Oeste brasileira,
onde ainda correm risco devido à disputa por territórios entre eles, madeireiros
e pecuaristas. (GUIMARÃES, 2015, on-line)2.
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Existe uma tendência de esse número ficar ainda mais baixo, não devido às dis-
putas territoriais e armadas entre o “homem branco” e o índio, mas pelo fato
dessas populações terem se adaptado à cultura difundida pelos índios, gerando
uma miscigenação ainda maior entre índios, brancos, negros e asiáticos. Vide
casos dos chamados Mamelucos e Cafuzos, que são em parte indígenas, contudo
são classificados, de acordo com os órgãos de pesquisa, como mulatos ou par-
dos. Como conclusão, podemos dizer que existe uma tendência desse número
de indígenas cair ainda mais, na medida em que o índio se adapta e se torna per-
meável a uma nova cultura produzida.
Isso fica bem claro na passagem de Josuel Ribeiro (2012) em seu artigo que
trabalha sobre a formação do povo brasileiro. Ao tentar justificar a miscigenação
Ribeiro (2012) acaba nos trazendo os mais diversos tipos de misturas advindas
da relação entre as várias raças que compuseram o Brasil:
[...] foram criadas três categoriais para definir o ‘fruto’ das relações en-
tre brancos, negros e índios, sendo o mameluco a descendência do ín-
dio(a) com o branco(a), em que nos primeiros tempos, geralmente, era
a índia com o branco por meio de relações sexuais forçadas; o cafuzo
que é relativo a descendência do negro(a) com o índio(a) e por fim o
mulato que é relativo a descendência do negro(a) com o branco(a) sen-
Podemos dizer também que “brasileiros nativos” são apenas os índios. O res-
tante da população do Brasil basicamente é formado pelas várias imigrações que
ocorreram na história do país (migração forçada ou não). Por isso, há íntima
relação entre História e Geografia na formação de professores, pois não existe
explicação sem contexto, e o contexto, neste caso, é histórico. Dentre os que vie-
ram para o Brasil, estão, em sua maioria, europeus, depois africanos e em seguida
os asiáticos. Soma-se a esses as tribos de índios que já viviam no Brasil, e como
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resultado teremos a peculiar população brasileira (veja como é uma formação
completamente diferente da ocorrida na Europa).
Fato é que a imigração europeia ao Brasil ocorre em meados de 1530, com o
então expedicionário Martin Afonso de Sousa. Nesse período, pouca foi à ocu-
pação do território brasileiro. A ideia de fixação no chamado “novo mundo” não
fazia parte dos planos portugueses. Existia apenas o interesse em explorar as ter-
ras em busca de recursos naturais.
Com a criação das chamadas Capitanias Hereditárias, dá-se início à fixa-
ção do povo português em território brasileiro. Juntamente com os portugueses,
veio a mão de obra escrava para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar que
se instalavam no então território do Brasil. Nesse período, temos como carac-
terísticas principais a formação de lavouras no litoral dos atuais estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia.
Esse período é caracterizado pela intensa disputa armada entre os países
europeus pelas então colônias recém-descobertas. Assim, tivemos ainda nessa
fase invasões de holandeses, franceses, britânicos, espanhóis, entre outras nacio-
nalidades. Porém, não caracterizamos esses povos como parte da formação da
população, pois, depois de determinado período, eles acabaram sendo expulsos.
Contudo, não podemos deixar de falar da importância dos mesmos na formação
cultural de várias cidades. Apesar de não terem contribuído consideravelmente
para o aumento populacional, contribuíram, e muito, culturalmente.
Nesse período assinalado, basicamente nossa população foi formada por portu-
gueses (únicos que podiam adquirir terras no Brasil), indígenas (povos nativos que
moravam nas Américas) e africanos (que em sua maioria vieram forçadamente).
Seguindo nossa linha histórica a respeito da formação da população bra-
sileira, em 1808, com a vinda da Coroa Portuguesa, houve abertura dos portos
brasileiros, e consequentemente uma abertura maior para que imigrantes pudes-
sem vir e se instalar na terra recentemente descoberta.
Porém, como nesse período o Brasil ainda tinha uma mão de obra basica-
mente escrava, poucos imigrantes se aventuraram nessa vinda, pois praticamente
não havia empregos para os mesmos. Isso muda completamente em 1850 com
a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de negros. Com essa lei, muitas
mudanças vão ocorrer na sociedade brasileira. Com o futuro fim dos escravos
(pois não podiam mais ser comercializados) existia uma necessidade de substi-
tuição dessa mão de obra por uma capaz de realizar os mesmo serviços que os
negros realizavam. Aliado a isso, a partir de 1850 os cafezais brasileiros tornam-
-se de grande importância no comércio mundial, o que demanda uma produção
ainda maior do produto. Isso é comprovado por meio dos dados de Darcy Ribeiro
(1995), onde o mesmo faz um levantamento a respeito da chegada de imigrantes
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Darcy Ribeiro (1995, p. 242).
Tais empresários, em sua maioria, foram os que até então vinham ganhando
muito dinheiro com a produção do café. Logo, podemos entender que a Região
Sudeste foi a precursora na indústria no Brasil. Consequentemente, o processo
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Na verdade, a crise da bolsa de Nova Iorque apenas foi o estopim para a crise
do café em si. Há alguns anos, por volta de 1920, o Brasil já vinha produzindo
café em excesso, chegando à incrível marca de 21 milhões de sacas, quando
o que se tinha era apenas um consumo mundial que girava em torno de 22
milhões. Para termos uma ideia, a safra de 1927 ainda estava sendo vendida
em outubro de 1929; e a safra de 1928 sequer tinha saído dos armazéns
que estocavam o produto. Tal superprodução fez com que o café brasileiro
despencasse seu valor. Aliado a isso, ainda havia outros países que vinham
competindo conosco, com cafezais tão bons e até melhores que os nosso.
Isso fez com que todo o investimento realizado pelos empresários brasileiro,
fosse comprometido, à medida que caia o preço do produto e nosso mer-
cado ficava cada vez mais reduzido. Aliado a tudo isso, veio a crise da bolsa
de valores de Nova Iorque em 1929, fazendo com que os EUA deixassem de
comprar boa parte da safra brasileira, que naquele período já estava sem
mercado. Consequência foi a falência da maioria das fazendas de café que
existiam em São Paulo e Rio de Janeiro.
Fonte: o autor, baseado em Opinião e Notícia (2015, on-line)4.
Região Sudeste, era decorrente dos altos níveis de desemprego que assolavam o
país devido à crise de 1929. Nesse período, apenas as indústrias brasileiras conse-
guiam empregar grandes contingentes populacionais, e em sua maioria estavam
concentradas no Sudeste. A fim de se evitar o aumento do desemprego no Brasil,
o então presidente Getúlio Vargas estabelece em 1934 a chamada Lei de Cotas
de Imigração, na qual se buscava um maior controle da entrada de imigrantes
no país, devido à falta de ofertas de vagas, o que poderia acarretar um desem-
prego ainda maior. Nessa Lei ficava estrelecido que só poderiam entrar 2% do
total de imigrantes que vieram para o país nos últimos 50 anos. Por exemplo, se
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durante os 50 anos de imigração europeia tivessem entrado no Brasil 1 milhão
de espanhóis, a partir do ano de 1934 só poderiam entrar 2% desse total, ou seja,
apenas 20 mil espanhóis. Curioso é que essa lei valia para todas as nacionali-
dades, menos para a portuguesa, que continuava chegando sem ser “barrada”.
Densidade demográfica em
2010
2.01 a 4.69
4.98 a 12.4
17.65 a 39.79
52.4 a 66.7
76.25 a 444.07
©shutterstock
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Não é possível estimar com precisão quantos imigrantes chegaram ao Brasil
desde sua descoberta. O que sabemos é que determinados grupos se destacam
nesse deslocamento, dentre eles temos dois principais: africanos e portugueses.
Os portugueses compõem o principal povo que migrou para o Brasil. Em
contagens oficiais (e não precisas), eles foram o grupo que mais contribuiu para
a formação da população brasileira. A imigração portuguesa começa em 1530
e praticamente ocorreu até o fim da década de 80, quando a União Europeia
começa a ganhar força real nas relações econômicas. A partir desse momento,
começa uma fase na qual Portugal teria melhorias significativas no campo social
e econômico, tendendo a população brasileira ao fluxo contrário, no qual os bra-
sileiros iam rumo a Portugal. Tal inversão foi tão grande que os países membros
da União Europeia tiveram que pressionar Portugal para que não aceitasse mais
a ida de brasileiros.
Os negros africanos foram o segundo maior povo a chegar ao Brasil. Segundo
algumas estimativas de órgãos ligados aos direitos raciais, eles chegam a somar
cinco milhões de habitantes, sendo principalmente trazidos das colônias por-
tuguesas na África. Foram tirados forçadamente de seus territórios, onde hoje
estão localizados os países de Moçambique, Costa do Marfim, São Tomé, Angola,
etc. Essa migração foi um dos principais crimes cometidos pela humanidade,
mais precisamente falando do homem branco. Tal atrocidade é até hoje (mesmo
depois de mais de 500 anos) “motivo” para subjugar esse povo que, literalmente,
construiu o Brasil com seu sangue.
América- América
Da Itália nós partimos,
Partimos com a nossa honra
Trinta e seis dias de carro e navio
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E na América chegamos
América, América, América,
É um lindo ramalhete de flores.
Que coisa será esta América?
É um lindo ramalhete de flores. (Folclore Italiano Merica-Merica).
Contudo, a Região Sul, até então menos explorada no Brasil, ganhou grande força
com a vinda dos alemães e italianos. Cidades importantíssimas nos dias de hoje
foram fundadas com base na colonização das terras da Região Sul, que não era
vista com tal poderio econômico. Isso ajudou o Brasil a manter suas fronteiras
delimitadas, pois havia o risco de uma invasão espanhola nas terras do Sul do
Brasil. Cidades como Porto Alegre e Florianópolis foram fundadas pelos portu-
gueses, Joinville e Blumenau fundadas por alemães, Garibaldi e Bento Gonçalves
fundadas por italianos.
Vale lembrar, nesse momento da imigração espanhola, que apesar de ter sido
numerosa, não ajudou a criar núcleos de povoamento que viessem a se tornar
cidades. No geral, esse grupo se espalhou pelo Brasil como um todo, trazendo
principalmente características físicas e culturais para nosso povo.
Outro grupo menos volumoso, porém não menos importante, é o de japo-
neses, que vieram para o Brasil à medida que o mercado japonês foi aberto para
a economia global. Como os outros imigrantes, os japoneses também sofreram
com a dificuldade de adaptação na cultura (“escravidão por dívida”), diferen-
ças religiosas e linguísticas, entre outros fatores. Isso fez deles uma grande força
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesse período, houve uma melhora significativa do acesso à medicina, porém
as taxas de natalidade ainda se mantinham em patamares elevados. Como con-
sequência, tivemos um aumento expressivo no crescimento vegetativo, dado a
diferença entre a taxa de natalidade e mortalidade.
Os avanços na medicina não só fizeram com que a taxa de natalidade caísse, mas
também mostrou que houve um aumento na expectativa de vida de seus habi-
tantes. Isso vai refletir diretamente na pirâmide etária do Brasil, que passou a ter
sua base menor em detrimento das faixas etárias mais elevadas, como mostra a
sequência abaixo da evolução da população brasileira segundo o IBGE (2016).
80+ 80+
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70-74 70-74
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
65-69 65-69
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Idade
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Homens Mulheres Homens Mulheres
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ano 2020 ano 2030
80+ 80+
75-79 75-79
70-74 70-74
65-69 65-69
60-64 60-64
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50-54 50-54
Idade
45-49 45-49
40-44 40-44
35-39 35-39
30-34 30-34
25-29 25-29
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10-14 10-14
5-9 5-9
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Homens Mulheres Homens Mulheres
O que foi apontado por Alves (2013) é reflexo direto das mudanças ocorridas
na Pirâmide Etária Brasileira, onde há um aumento da população mais velha
em detrimento da população mais jovem. Isso é reflexo da chamada “Transição
Demográfica”, onde há tendência de diminuição da população geral, devido aos
baixos índices de natalidade.
Ainda segundo Alves (2013), houve uma diminuição da participação dos
homens na PEA e um aumento considerável da participação da mulher no
60
50
40
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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10
0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Homens 80,8 77,2 71,8 72,4 71,5 69,6 67,1
Mulheres 13,6 16,5 18,5 26,6 32,9 32,9 48,9
Observe que os homens tiveram uma ligeira diminuição de sua participação, pas-
sando de 80,8% em meados de 1950 para 67,1% em meados de 2010. A grande
mudança está na participação feminina, que passou de apenas 13,6% em 1950
para 48,9% em 2010. Isso reflete diretamente na Pirâmide Etária Brasileira, uma
vez que a inserção da mulher no mercado de trabalho se contrapõe ao papel de
mãe, acarretando diminuição na reprodução da sociedade como um todo.
O QUE É PEA?
PEA é a sigla de População Economicamente Ativa, ou seja, todo individuo
que está trabalhando ou está procurando algum tipo de emprego/serviço
remunerado. Não existe precisão na definição das classes que se enquadra-
riam na PEA do mundo. O que se sabe é que no Brasil podem-se incluir pes-
soas de 10 a 60 anos na PEA. Em países desenvolvidos, por exemplo, a idade
mínima passa a ser de 15 anos. Ao contrário da População Economicamente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Afirma um deputado federal, em entrevista ao Jornal Zero Hora: “Eu sou libe-
ral. Defendo a propriedade privada. Se você tem um comércio que emprega
30 pessoas, eu não posso obrigá-lo a empregar 15 mulheres”.
Você concorda?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
país que também possui produção industrial que pode oferecer uma gama de
bens e serviços à sua população.
Se compararmos com o Haiti, por exemplo, veremos que 60% da população
trabalha no primeiro setor, o que nos mostra que tal país ainda vive um modelo
agrário e muito subdesenvolvido. Veja que a distribuição da PEA pelos setores
de produção nos mostra muito sobre como é a economia e como esse país se
coloca à frente do mercado mundial.
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filhos por mulher), já é possível ver que nesse período o desenvolvimento social
brasileiro atingia patamares diferentes dos que tínhamos há anos atrás. Apesar
de a natalidade não ter indicado tanta diferença, ainda na década de 1970 é pos-
sível observar uma elevada queda nos níveis de mortalidade, acarretando uma
maior sobrevida da população, indicando, portanto, um começo do envelheci-
mento da mesma.
Fato é que a experiência com a chamada Transição Demográfica começa
a partir da década de 1970 onde é possível observar nos indicadores do IBGE
uma verdadeira revolução demográfica. Isso é bem observado a partir da década
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de 80, quando todos os dados importantes para a mudança da estrutura etária
se reduzem a níveis muito baixos (taxa de natalidade e taxa de mortalidade). O
número de filhos por mulher passa para 4,4, a esperança de vida ultrapassa a casa
dos 60 anos e, além disso, houve uma redução drástica na mortalidade infantil.
Existe uma tendência já confirmada no Brasil de, num futuro próximo, es-
tarmos presenciando a diminuição ou o crescimento muito baixo de nossa
população. O IBGE divulgou em 2014 que as mulheres estão diminuindo o
número de filhos. Na década passada, a média era de 2,14 filhos e em 2014 a
média passou a ser de 1,74. Isso foi observado em todas as regiões brasilei-
ras, tanto no Norte, que passou de 2,84 para 2,16 filhos por mulher, como no
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Sul, que tem a menor taxa de fecundidade: 1,60 filhos por mulher.
Fonte: o autor, baseado em Revista Exame (MULHERES..., 2015, on-line)11.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), nesta unidade foi possível nos aproximarmos mais da real situ-
ação populacional atual de nosso país. Vimos que, devido à evolução no acesso
a uma série de bens e serviços, o Brasil passou a figurar entre os países que têm
uma população em fase de envelhecimento. Dessa forma, é necessário que você
como professor(a) se atente às mudanças que ocorrerão nos próximos anos, pois
a estrutura populacional brasileira e mundial é muito dinâmica, ou seja, existe
uma constante mutação na forma como a população se configura.
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Considerações Finais
194 UNIDADE V
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2. Ainda sobre a imigração brasileira, sabemos que nas décadas passadas tal vinda
dos imigrantes foi muito importante para a formação da nossa sociedade. Então,
por que hoje o Brasil é considerado um país de emigrantes e não mais de imigran-
tes?
4. Vimos que a Estrutura Populacional Brasileira nos últimos anos vem mudando.
Isso é decorrente das várias mudanças que ocorreram na forma de pensar e agir
da sociedade como um todo. Vimos que a própria PEA do brasileiro vem mudando
rapidamente. Sobre as mudanças na população Economicamente Ativa do Brasil,
assinale a alternativa que demonstra as principais mudanças ocorridas nela nos úl-
timos anos:
a) Houve uma diminuição drástica de pessoas integrantes da PEA, devido principal-
mente ao envelhecimento da população.
b) Houve um aumento da PEA, devido ao aumento consequente do trabalho infantil
no Brasil.
c) Houve um aumento das mulheres e diminuição da participação do homem, devi-
do ao fato de as mulheres irem para o mercado de trabalho.
d) Houve uma maior participação do setor primário na PEA, devido ao fato de Brasil
ser considerado um país agrário.
e) Houve uma diminuição da participação das indústrias e serviços na PEA devido à
volta do modelo de colonização do Brasil.
5. Vimos que o Brasil foi um país que passou por diversas modificações na sua estru-
tura populacional. Isso foi decorrente de uma série de fatores, muito bem explicados
por meio da Teoria da Transição Demográfica. Sabendo disso, explique o que é essa
teoria, como o Brasil se encaixa nessa tese e quais fatores levaram o Brasil a modifi-
car sua estrutura populacional.
196
O Povo Brasileiro
Darcy Ribeiro
Editora: Companhia das Letras, 1995
Sinopse: Na obra, Ribeiro quis responder à pergunta
“por que o Brasil não deu certo?” e debruçou-se sobre a
formação do povo brasileiro. No estudo, ele defendeu a miscigenação como fator preponderante
da diversidade que caracteriza o Brasil. Essa fusão biológica e cultural teria se iniciado logo que os
primeiros portugueses desembarcaram na América, e a gestação étnica do brasileiro se prolongou
por todo o período colonial (1530-1815). Uma obra importantíssima para alunos que estão prestando
ou pretender prestar vestibular. Nela o autor esmiúça cada um dos fatores de miscigenação brasileira.
Leitura obrigatória.
O Povo Brasileiro
O antropólogo Darcy Ribeiro (1913-1997) foi um dos
maiores intelectuais brasileiros do século XX. Este digistack
com 02 DVDs traz os 10 episódios da elogiada série baseada
na obra-prima de Darcy: O Povo Brasileiro, em que o autor
responde à questão “quem são os brasileiros?”, investigando
a formação de nosso povo.
Coproduzida pela TV Cultura, pela GNT e pela FUNDAR,
a série conta com as participações especiais de Chico
Buarque, Tom Zé, Antônio Cândido, Aziz Ab’Saber, Paulo
Vanzolini, Gilberto Gil, Hermano Vianna, Luiz Melodia, entre
outras personalidades e intelectuais de renome.
Com imagens captadas em todo o Brasil, material de arquivo raro e depoimentos, O Povo
Brasileiro é uma obra fundamental para educadores, estudantes e todos aqueles interessados em
conhecer um pouco mais sobre o nosso país.
Material Complementar
201
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em: <https://historiaestvitae.wordpress.com/2014/08/17/os-tupi-guaranis-resu-
mo/>. Acesso em: 21 de jun. de 2016.
2 Em: <http://marcozero.org/515-anos-de-genocidio-indigena/>. Acesso em: 21 de
jun. de 2016.
3 Em: <http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/cap_hereditarias.html>.
Acesso em: 21 de jun. de 2016.
4 Em: <http://opiniaoenoticia.com.br/nesta-data/quebra-da-bolsa-de-valores-de-
-nova-york-inicia-a-grande-depressao-nos-eua/>. Acesso em: 21 de jun. de 2016.
5 Em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=10&uf=00>.
Acesso em: 21 de jun. de 2016.
6 Em: <http://www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_da_vacina.htm>. Acesso
em: 21 de jun. de 2016.
7 Em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_popula-
cao/2008/piramide/piramide.shtm>. Acesso em: 05 de mar. de 2016.
8 Em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 05 de mar. de 2016.
9 Em: <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/lista_tema.aspx?de=19&no=7&op=0>.
Acesso em: 21 de jun. de 2016.
10 Em: <http://www.cepal.org/pt-br>. Acesso em: 05 de mar. de 2016.
11 Em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/mulheres-brasileiras-tem-menos-
-de-dois-filhos-em-media>. Acesso em: 21 de jun. de 2016.
203
GABARITO
3 – Na verdade, esse foi o “pontapé” para a substituição da mão de obra escrava para
uma mão de obra assalariada. Como mesmo após a abolição (e até os dias de hoje)
há preconceito contra o negro, houve uma dificuldade muito grande de se achar
mão de obra assalariada que não fosse negra nesse período. Isso porque boa par-
te do “empresariado” brasileiro se recusava a contratar negros. Como solução para
esse “problema”, o Brasil passou a fazer propagandas na Europa e Ásia no intuito de
chamar imigrantes à ocuparem os postos de trabalho deixados pelos negros. Dessa
forma, houve uma grande onda de imigrantes vindos para o Brasil.
4 – C.
5 – A Teoria da Transição Demográfica foi uma teoria criada para demonstrar como os
países, de acordo com seu nível de desenvolvimento econômico e social, mudam seu
padrão na população. Dessa forma, vemos que o Brasil vem passando pela chamada
Terceira Fase da Teoria da Transição Demográfica, na qual o aumento do acesso à
saúde, bens e serviços, renda, saneamento básico, fazem com que a estrutura popu-
lacional brasileira mude de tal forma que passamos a ter uma população mais velha
do que jovem, decorrentes do aumento da expectativa de vida e da diminuição do
número de filhos por mulher devido ao alto custo de vida nos centros urbanos.
CONCLUSÃO