Igreja Católica - Wikipédia, A Enciclopédia Livre
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A Igreja Católica se considera a igreja estabelecida por Deus para salvar todos os homens [S. Mateus
16,18-19], embora admita a possibilidade de salvação dos que não a seguem[13]. Esta ideia é visível logo
no seu nome: o termo "católico" significa global em grego. Ela elaborou sua doutrina ao longo dos
concílios a partir da Bíblia, comentados pelos Pais e pelos doutores da Igreja. Ela propõe uma vida
espiritual e uma regra de vida aos seus fiéis inspirada no Evangelho e definida. Regida pelo Código de
Direito Canónico, ela se compõe, além da sua muita bem conhecida hierarquia ascendente que vai do
diácono ao Papa, de vários movimentos apostólicos, que comportam notadamente as ordens religiosas,
os institutos seculares e uma ampla diversidade de organizações e movimentos de leigos.
Desde o dia 13 de março de 2013, a Igreja Católica encontra-se sob a liderança do Papa Francisco. O
último papa antes do argentino foi o Papa Bento XVI, que abdicou do cargo no mesmo ano. Quando de
sua entronização, ela contava aproximadamente com 1,2 bilhões de membros[nota 1] (ou seja, mais de
um sexto da população mundial[15] e mais da metade de todos os cristãos[16]), distribuídos
principalmente na Europa e nas Américas mas também noutras regiões do mundo. Sua influência na
História do pensamento bem como sobre a História da arte é considerável, notadamente na Europa.
A Igreja Católica, pretendendo respeitar a cultura e a tradição dos seus fiéis, é por isso atualmente
constituída por 24 igrejas autônomas sui iuris, todas elas em comunhão completa e subordinadas ao
Papa. Estas Igrejas, apesar de terem a mesma doutrina e fé, possuem uma tradição cultural, histórica,
teológica e litúrgica diferentes e uma estrutura e organização territorial separadas. A Igreja Católica é
muitas vezes confundida com a Igreja Católica Latina, uma das suas 24 Igrejas autônomas e a maior de
todas elas[17][18][19].
Índice
História
Características doutrinais
Jesus, a salvação e o Reino de Deus
Eclesiologia
Revelação divina, Tradição e desenvolvimento da doutrina
Dogmas e Santíssima Trindade
Divergências com as outras Igrejas cristãs
Dez Mandamentos e a Moral
Sacramentos
Cinco Mandamentos da Igreja Católica
Estrutura e cargos
Culto e prece
Liturgia
Organização por região
Igrejas sui iuris e seus ritos litúrgicos
Lista
Presença mundial
Mundo
Brasil
Críticas e controvérsias
Ver também
Notas
Referências
Bibliografia
Literatura em francês
Literatura em inglês
Ligações externas
História
A Igreja Católica possui mais de dois mil anos de história, sendo a mais antiga instituição ainda em
funcionamento. Sua história é integrante à História do Cristianismo e a história da civilização
ocidental.[20].
A palavra Igreja Católica para referir-se à Igreja Universal é utilizada desde o século I, alguns
historiadores sugerem que os próprios apóstolos poderiam ter utilizado o termo para descrever a
Igreja.[21] Registros escritos da utilização do termo constam nas cartas de Inácio,[22] Bispo de
Antioquia, discípulo do apóstolo João, que provavelmente foi ordenado pelo próprio São Pedro.[21]
As primeiras listas de papas diziam que o
segundo papa após São Pedro, foi São Lino[23]
considerado sucessor do Apóstolo Pedro,
interveio em outras comunidades para ajudar
a resolver conflitos,[24] tais como fizeram o
Papa Clemente I, Vitor I e Calixto I. Nos três
primeiros séculos a Igreja foi organizada sob
três patriarcas: o de Antioquia, de jurisdição
sobre a Síria e posteriormente estendeu seu
domínio sobre a Ásia Menor e a Grécia; o de
A Basílica de São Pedro, no Vaticano. Alexandria, de jurisdição sobre o Egito; e o de
Roma, de jurisdição sobre o Ocidente.[25]
Posteriormente os bispos de Constantinopla e
de Jerusalém foram elevados à dignidade de patriarcas por razões administrativas.[25] O Primeiro
Concílio de Niceia, em 325, considerou o Bispo de Roma como o "primus" (primeiro) entre os
patriarcas, afirmando em seus quarto, quinto e sexto cânones que está "seguindo a tradição
antiquíssima",[26] embora muitos interpretem esse título como o "primus inter pares" (primeiro entre
iguais). Considerava-se que Roma possuía uma autoridade especial devido à sua ligação com São
Pedro.[27]
A grande divisão seguinte da Igreja Católica ocorreu no século XVI com a Reforma Protestante, durante
a qual se formaram muitas das atuais igrejas Protestantes, com maior presença no Norte da Europa.
Características doutrinais
A Igreja Católica acredita ser a única Igreja fundada por Cristo, e portanto, a única autêntica frente a
demais igrejas e denominações cristãs que surgiram historicamente depois dela.[nota 2] Assim, a Igreja
Católica considera que tem por missão elaborar, comunicar e propagar os ensinamentos de Cristo,
assim como a de cuidar a unidade dos fiéis, com o objetivo de ajudar a humanidade a percorrer o
caminho espiritual a Deus. Tem também o dever de administrar os sacramentos aos seus fiéis, por meio
do ministério de seus sacerdotes. A Igreja acredita que Deus outorga a sua graça ao crente por meio dos
sacramentos, daí a sua importância na vida eclesial. Ademais, a Igreja Católica manifesta-se como uma
estrutura hierárquica e colegial, com Cristo como a sua cabeça espiritual e auxiliado pelo colégio dos
apóstolos, cuja autoridade passou a ser exercida, após a sua morte, pelos seus sucessores: o Papa e os
bispos.[28]
Nas suas muitas pregações, Jesus, ao anunciar o Evangelho, ensinou as bem-aventuranças e insistiu
sempre «que o Reino de Deus está próximo» (Mateus 10:7). Exortou também que quem quisesse fazer
parte desse Reino teria de nascer de novo, de se arrepender dos seus pecados, de se converter e
purificar. Jesus ensinava também que o poder, a graça e a misericórdia de Deus era maior que o pecado
e todas as forças do mal, insistindo por isso que o arrependimento sincero dos pecados e a fé em Deus
podem salvar os homens [36]. Este misterioso Reino, que só se irá realizar-se na sua plenitude no fim do
mundo, está já presente na Terra através da Igreja, que é a sua semente. No Reino de Deus, o Mal será
inexistente e os homens salvos e justos, após a ressurreição dos mortos e o fim do mundo, passarão a
viver eternamente em Deus, com Deus e junto de Deus [37].
A doutrina católica professa também que a salvação do Homem deve-se, para além da graça divina, ao
voluntário Sacrifício e Paixão de Jesus na cruz. Este supremo sacrifício deve-se à vontade e ao infinito
amor de Deus, que quis salvar toda a humanidade [38][39]. Além disso, é também fundamental para a
salvação a adesão livre do crente à fé em Jesus Cristo e aos Seus ensinamentos, porque a liberdade
humana, como um dom divino, é respeitado por Deus, o nosso Criador [40][41].
Esta fé cristã "opera pela caridade" ou amor (Gálatas 5:6), por isso ela obriga o crente a converter-se e
a levar uma vida de santificação. Este modo de viver obriga o católico a participar e receber os
sacramentos e a "conhecer e fazer a vontade de Deus" [42]. Este último ponto é cumprido através, como
por exemplo, da prática dos ensinamentos revelados (que se resumem nos mandamentos de amor
ensinados por Jesus), das boas obras e também das regras de vida propostas pela Igreja Católica
[43][44][45]. Estes mandamentos de amor consistem em «amar a Deus acima de todas as coisas ... amar
ao próximo como a si mesmo» (Mateus 22:37-39) (o Grande Mandamento) e «amar uns aos outros
como Eu vos amei» (João 15:12) (o Mandamento do Amor ou Novo Mandamento). Estes ensinamentos
radicais constituem por isso o resumo de «toda a Lei e os Profetas do Antigo Testamento» (Mateus
22:40)[46]. No fundo, a vida de santificação proposta pela Igreja tem por finalidade e esperança últimas
à salvação [47] e à implementação do Reino de Deus [37][48].
A Igreja ensina também que todos os não católicos que, sem culpa própria, ignoram a Palavra de Deus e
a Igreja Católica, mas que "procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por
cumprir a sua vontade", podem conseguir a salvação [49].
Eclesiologia
A Igreja Católica define-se pelas palavras do Credo niceno-
constantinopolitano, como:
«apostólica» porque ela é fundamentada na doutrina dos Apóstolos cuja missão recebeu sem
ruptura [54]. Segundo a Doutrina Católica, todos os Bispos da Igreja são sucessores dos Apóstolos
e o Papa, Chefe da Igreja, é o sucessor de São Pedro ("Príncipe dos Apóstolos"), que é a pedra
na qual Cristo edificou a sua Igreja.
Além disso, a Igreja, de entre os seus inúmeros nomes, também é conhecida por:
«Corpo de Cristo» porque os católicos acreditam que a Igreja não é apenas uma simples
instituição, mas um corpo místico constituído por Jesus, que é a Cabeça, e pelos fiéis, que são
membros deste corpo único, inquebrável e divino. Este nome é assente também na fé de que os
fiéis são unidos intimamente a Cristo, por meio do Espírito Santo, sobretudo no sacramento da
Eucaristia [55]. A Igreja Católica acredita que os cristãos não católicos também pertencem, apesar
de um modo imperfeito, ao Corpo Místico, visto que tornaram-se uma parte inseparável d'Ele
através do Batismo - constituindo assim numas das bases do ecumenismo actual. Ela defende
também que muitos elementos de santificação e de verdade estão também presentes nas Igrejas
e comunidades cristãs que não estão em plena comunhão com o Papa [56].
«Esposa de Cristo» porque o próprio Cristo "Se definiu como o «Esposo» (Mc 2,19) que amou a
Igreja, unindo-a a Si por uma Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar
com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de todos os filhos de
Deus" [57].
«Templo do Espírito Santo» porque o Espírito Santo reside na Igreja, no Corpo Místico de
Cristo, e estabelece entre os fiéis e Jesus Cristo uma comunhão íntima, tornando-os unidos num
só Corpo. Para além disso, Ele guia, toma conta e "edifica a Igreja na caridade com a Palavra de
Deus, os sacramentos, as virtudes e os carismas" [58].
Apesar da doutrina católica ter sido plenamente revelada por Jesus Cristo, a definição e compreensão
desta mesma doutrina é progressiva, necessitando por isso do constante estudo e reflexão da Teologia,
mas sempre fiel à Revelação e orientada pelo Magistério da Igreja Católica. A esta definição progressiva
da doutrina dá-se o nome de desenvolvimento da doutrina [65]. Esta Revelação imutável e definitiva é
transmitida pela Igreja sob a forma de Tradição escrita (Bíblia) e oral.[66] A doutrina católica está
resumida no Credo dos Apóstolos, no Credo niceno-constantinopolitano e em variadíssimos
documentos da Igreja, como por exemplo no Catecismo da Igreja Católica (CIC) e no seu Compêndio
(CCIC) [67].
Dogmas e Santíssima Trindade
Com os seus estudos teológicos, a Igreja gradualmente
proclama os seus dogmas, que são a base imutável da sua
doutrina, sendo o último dogma (o da Assunção da Virgem
Maria) proclamado solenemente apenas em 1950, pelo Papa
Pio XII. Os dogmas são definidos e proclamados
solenemente pelo Supremo Magistério (Papa ou Concílio
Ecumênico com o Papa [68]) como sendo verdades
definitivas, porque eles estão contidos na Revelação divina
ou têm com ela uma conexão necessária. Uma vez
proclamado solenemente, nenhum dogma pode ser alterado
ou negado, nem mesmo pelo Papa ou por decisão conciliar.
Por isso, o católico é obrigado a aderir, aceitar e acreditar
nos dogmas de uma maneira irrevogável.[69]
Logo, muitas vezes, certas actividades e atributos divinos são mais reconhecidas (mas não
exclusivamente realizadas) em uma Pessoa do que em outra. Como por exemplo, a criação divina do
mundo está mais associado a Deus Pai; a salvação do mundo a Jesus, o Filho de Deus; e a protecção,
guia, purificação e santificação da Igreja ao Espírito Santo [70].
Sacramentos
Dentro da fé católica, os sacramentos, que a Igreja acredita
serem instituídas por Jesus, são gestos e palavras de Cristo
que concedem e comunicam a graça santificadora sobre
quem os recebe. Sobre os sacramentos, São Leão Magno diz:
"«o que era visível no nosso Salvador passou para os seus
sacramentos»" [72].
1. Participar na Missa, aos domingos e festas de guarda e abster-se de trabalhos e atividades que
impeçam a santificação desses dias.
Os dias santos de guarda ou preceito que podem não ser no domingo são dez:[77] [nota 3]
1 de janeiro - Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus;
6 de janeiro - Epifania do Senhor
19 de março - Solenidade de São José
Ascensão de Jesus (data variável - quinta-feira da sexta semana da Páscoa)
Corpus Christi (data variável - 1ª quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade)
29 de junho - Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.
15 de agosto - Solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu
1 de novembro - Dia de Todos-os-Santos
8 de dezembro - Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria
25 de dezembro - Natal
Estrutura e cargos
A Igreja Católica tem uma hierarquia, sendo o seu Chefe o Papa. A expressão "Santa Sé" significa o
conjunto do Papa e dos dicastérios da Cúria Romana, que o ajudam no governo de toda a Igreja.
A Igreja tem uma estrutura hierárquica de títulos que são, em ordem descendente:
Papa, que é o Sumo Pontífice e chefe da Igreja Católica, o guardador da integridade e totalidade
do depósito da fé, o Vigário de Cristo na Terra, o Bispo de Roma e o possuidor do Pastoreio de
todos os cristãos, concedido por Jesus Cristo a São Pedro e, consequentemente, a todos os
Papas. Esta autoridade papal (Jurisdição Universal) vem da fé de que ele é o sucessor directo do
Apóstolo São Pedro (a chamada "Confissão de Pedro"). Na Igreja latina e em algumas das
orientais, só o Papa pode designar os membros da Hierarquia da Igreja acima do nível de
presbítero. Aos Papas atribui-se infalibilidade. Por essa prerrogativa, as decisões papais em
questões de fé e costumes (moral) são infalíveis quando proclamadas ex cathedra.[79] Todos os
membros da hierarquia respondem perante o Papa e a sua corte papal, chamada de Cúria
Romana.
Camerlengo em caso de morte ou renúncia do cargo, essa pessoa é quem detém todos os
poderes de um papa até a eleição de outro pelo Colégio de Cardeais.
Cardeais são os conselheiros e os colaboradores mais
íntimos do Papa, sendo todos eles bispos (alguns só
são titulares). Aliás, o próprio Papa é eleito, de forma
vitalícia (a abdicação é rara, porque já não acontecia
desde a Idade Média) pelo Colégio dos Cardeais. A
cada cardeal é atribuída uma igreja ou capela (e daí a
classificação em cardeal-bispo, cardeal-presbítero e
cardeal-diácono) em Roma para fazer dele membro do
clero da cidade. Muitos dos cardeais servem na Cúria,
que assiste o Papa na administração da Igreja. Todos
os cardeais que não são residentes em Roma são
bispos diocesanos.
Diáconos são os auxiliares dos presbíteros e bispos e possuem o primeiro grau do Sacramento
da Ordem. São ordenados não para o sacerdócio, mas para o serviço da caridade, da
proclamação da Palavra de Deus e da liturgia. Apesar disso, eles não consagram a hóstia (parte
central da Missa) e não administram a Unção dos enfermos e a Reconciliação.
Todos os ministros sagrados supramencionados fazem parte do clero. A Igreja acredita que os seus
clérigos são "ícones de Cristo" [81], logo todos eles são homens, porque os doze Apóstolos são todos
homens e Jesus, na sua natureza humana, também é homem [82]. Mas isto não quer dizer que o papel
da mulher na Igreja seja menos importante, mas apenas diferente [83]. Exceptuando em casos
referentes a padres ordenados pelas Igrejas orientais, aos diáconos permanentes e a alguns casos
excepcionais, todo o clero católico é celibatário [84]. Os clérigos são importantes porque efetuam
exclusivamente determinadas tarefas, como a celebração da Missa e dos sacramentos.
Existem ainda funções menores: Leitor, Ministro Extraordinário da Comunhão eucarística, Ministro da
Palavra e Acólito. Estas funções tomados em conjunto não fazem parte do clero, pois são conferidas aos
leigos, uma vez que, para entrar para o sacerdócio, é preciso ao católico receber o sacramento da
Ordem. Desde o Concílio Vaticano II, os leigos tornaram-se cada vez mais importantes no seio da vida
eclesial e gozam de igualdade em relação ao clero, em termos de dignidade, mas não de funções [85].
Dentro da Igreja, também existem um grupo de leigos ou de clérigos que decidiram tomar uma vida
consagrada e normalmente agrupam-se em ordens religiosas, congregações religiosas ou em institutos
seculares, existindo porém aqueles que vivem isoladamente ou até junto dos não consagrados. Estes
movimentos apostólicos têm a sua própria hierarquia e títulos específicos. Destacam-se os seguintes:
Visão de 360 graus da cúpula do Vaticano e de Roma, mostrando praticamente toda a Cidade do
Vaticano.
Culto e prece
Na Igreja Católica, para além do culto de adoração a Deus
(latria), existe também o culto de veneração aos Santos
(dulia) e à Virgem Maria (hiperdulia). Estes dois cultos,
sendo a latria mais importante, são muito diferentes, mas
ambos são expressos através da liturgia, que é o culto oficial
e público da Igreja, e também através da piedade popular,
que é o culto privado dos fiéis [86][87].
Dentro da liturgia, destaca-se a Missa (de frequência Procissão de Nosso Senhor dos
obrigatória aos Domingos e festas de guarda) e a Liturgia Passos: uma das inúmeras
das Horas; enquanto que na piedade popular, destacam-se expressões de piedade popular.
indubitavelmente as devoções e as orações quotidianas.
Apesar de a piedade popular ser de certo modo facultativa, ela é muito importante para o crescimento
espiritual dos católicos [86][87]. As principais devoções católicas são expressas em "fórmulas de
orações" a Deus (Pai, Filho e Espírito Santo), à Virgem Maria e aos Santos (novenas, trezena, Santo
Rosário...); em "peregrinações aos lugares sagrados"; na veneração de medalhas, estátuas, relíquias e
imagens sagradas e bentas de Cristo, dos Santos e da Virgem Maria; em procissões; e em outros
"costumes populares" [88].
Liturgia
O ato de prece mais importante na Igreja Católica é, sem dúvida, a liturgia Eucarística, normalmente
chamada de Missa. A liturgia, que é centrada na missa, é a celebração oficial e pública do "Mistério de
Cristo e em particular do seu Mistério Pascal". Através dela, "Cristo continua na sua Igreja, com ela e
por meio dela, a obra da nossa redenção" [89]. Esta "presença e actuação de Jesus" são assegurados
eficazmente pelos sete sacramentos [86][87], com particular para a Eucaristia, que renova e perpetua "o
sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até ao regresso" de Jesus. Por isso, toda a missa centra-se na
Eucaristia, porque ela "é fonte e cume da vida cristã" e nela "a acção santificadora de Deus em nosso
favor e o nosso culto para com Ele" atingem o cume [90].
Jesus, como Cabeça, celebra a liturgia com os membros do seu Corpo, ou seja, com a sua "Igreja celeste
e terrestre", constituída por santos e pecadores, por habitantes da Terra e do Céu [89][91]. Cada membro
da Igreja terrestre celebra e atua na liturgia "segundo a sua própria função, na unidade do Espírito
Santo: os batizados oferecem-se em sacrifício espiritual [...]; os Bispos e os presbíteros agem na
pessoa de Cristo Cabeça", representando-o no altar. Daí que só os clérigos (excetuando os diáconos) é
que podem celebrar e conduzir a Missa, nomeadamente a consagração da hóstia [92]. Apesar de celebrar
o único Mistério de Cristo, a Igreja possui muitas tradições litúrgicas diferentes, devido ao seu
encontro, sempre fiel à Tradição católica, com os vários povos e culturas. Isto constitui uma das razões
pela existência das 24 Igrejas sui iuris que compõem a Igreja Católica [93].
A missa é celebrada todos os domingos; no entanto, os católicos podem cumprir as suas obrigações
dominicais se forem à missa no sábado. Os católicos devem também ir à missa em cerca de dez dias
adicionais por ano, chamados de Dias Santos de Obrigação. Missas adicionais podem ser celebradas em
qualquer dia do ano litúrgico, exceto na Sexta-feira Santa, pois neste dia não se celebra a Missa em
nenhuma igreja católica do mundo. Muitas igrejas têm missas diárias. A missa é composta por duas
partes principais: a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Eucaristia. Durante a Liturgia da Palavra, são
lidas em voz alta uma ou mais passagens da Bíblia, acto desempenhado por um Leitor (um leigo da
igreja) e pelo padre ou diácono (que leem sempre as leituras do Evangelho). Depois de concluídas as
leituras, é feita a homilia por um clérigo. Nas missas rezadas aos domingos e dias de festa, é professado
por todos os católicos presentes o Credo, que afirma as crenças ortodoxas (ou seja, oficiais) do
catolicismo. A Liturgia da Eucaristia inclui a oferta de pão e vinho, a Prece Eucarística, durante a qual o
pão e o vinho se transformam no Corpo e Sangue de Cristo, e a procissão da comunhão.
Além da missa, a Liturgia das Horas também é extremamente importante na vida eclesial, porque ela é
a oração pública e comunitária oficial da Igreja Católica. Esta oração consiste basicamente na oração
quotidiana em diversos momentos do dia, através de Salmos e cânticos, da leitura de passagens bíblicas
e da elevação de preces a Deus. Com essa oração, a Igreja procura cumprir o mandato que recebeu de
Cristo, de orar incessantemente, louvando a Deus e pedindo-Lhe por si e por todos os homens. A
Liturgia das Horas, que é uma antecipação para a celebração eucarística, não exclui, mas requer de
maneira complementar, as diversas devoções católicas, particularmente a adoração e o culto do
Santíssimo Sacramento.
Quase todas as dioceses ou eparquias estão organizadas em grupos conhecidos como províncias
eclesiásticas, cada uma das quais é chefiada por um arcebispo metropolitano. Logo, estes arcebispos
exercem uma jurisdição e supervisão limitada sobre as dioceses que fazem parte da sua província
eclesiástica. Existem também as conferências episcopais, geralmente constituídas por todas as dioceses
de um determinado país ou grupo de países. Estes grupos lidam com um vasto conjunto de assuntos
comuns, incluindo a supervisão de textos e práticas litúrgicas para os grupos culturais e linguísticos da
área, e as relações com os governos locais. Porém, a autoridade destas conferências para restringir as
actividades de bispos individuais é limitada. As conferências episcopais começaram a surgir no
princípio do século XX e foram oficialmente reconhecidas no documento Christus Dominus, do
Concílio Vaticano II.
As dioceses ou eparquias são subdivididas em distritos locais chamados paróquias. Todos os católicos
devem frequentar e sustentar a sua igreja paroquiana local. Ao mesmo tempo que a Igreja Católica
desenvolveu um sistema elaborado de governo global, o catolicismo, no dia a dia, é vivido na
comunidade local, unida em prece na sua paróquia. As paróquias são em grande medida
autossuficientes e são administradas por um presbítero (o pároco); uma igreja, frequentemente situada
numa comunidade pobre ou em crescimento, que é sustentada por uma diocese, é chamada de
"missão".
Para além da sua vasta hierarquia, a Igreja Católica sustenta muitos grupos de monges e frades, não
necessariamente ordenados, e religiosas que vivem vidas consagradas, especialmente devotadas a servir
a Deus. São pessoas que se juntaram sob um determinado sistema e regra a fim de atingir a perfeita
comunhão com Deus. Os membros de algumas ordens religiosas são semi-independentes das dioceses a
que pertencem; o superior religioso da ordem exerce jurisdição ordinária sobre eles.
As Igrejas sui iuris ou sui juris utilizam uma das seis tradições litúrgicas tradicionais (que emanam de
Sés tradicionais de importância histórica), chamadas de ritos. Os ritos litúrgicos principais são o
Romano, o Bizantino, o de Antioquia, o Alexandrino, o Caldeu e o Arménio. O Rito Romano, que
predomina na Igreja Latina, é por isso dominante em grande parte do mundo, e é usado pela vasta
maioria dos católicos (cerca de 98%); mas mesmo na Igreja Latina existem ainda outros ritos litúrgicos
menores, em particular o Rito Ambrosiano, o Rito Bracarense e o Rito Moçárabe. Antigamente havia
muitos outros ritos litúrgicos ocidentais, que foram substituídos pelo Rito Romano pelas reformas
litúrgicas do Concílio de Trento.
A forma da Missa usada no Rito Romano durante a maior parte da história, codificada especialmente
em 1570 (a "Missa Tridentina"), foi reformada a pedido do Concílio Vaticano II (1962-1965),
modificando-se as preces e cerimônias do Missal e promulgado uma nova liturgia em 1970, que tornou-
se a forma ordinária do Rito Romano, normalmente usando vernáculo e com o padre voltado para a
povo (versus populum). O uso antigo do Rito Romano, celebrado ocasionalmente, a partir de 2007,
através da carta apostólica "Summorum Pontificum", foi designado pelo Papa Bento XVI como a
"forma extraordinária do Rito Romano", podendo ser rezado a pedido dos fiéis.
O serviço correspondente das Igrejas Católicas Orientais, a Divina Liturgia, é conduzido em várias
línguas antigas e modernas, segundo o rito e a Igreja: as Igrejas de Rito Bizantino usam o grego, o
eslavo eclesiástico, o árabe, o romeno, o georgiano e outras; as igrejas de Ritos Antioquiano e Caldeu
usam o siríaco e o árabe; a Igreja de Rito Arménio usa o arménio; e as Igrejas de tradição alexandrina
usam o copta e o ge'ez.
Atualmente, a esmagadora maioria dos católicos são de rito latino. Em 2016, os católicos orientais
totalizavam somente 17,8 milhões, dos quais aproximadamente 7,67 milhões seguiam o rito
bizantino.[94]
Lista
Presença mundial
Mundo
Na sociedade ocidental, a Igreja Católica, como muitas outras instituições religiosas, perdeu muita
influência.[95] Essa perda de influência ocorreu inclusive em lugares onde a Igreja era mais importante,
como Irlanda e Espanha. Tem-se observado, principalmente nas Américas e em parte da Europa, o
desinteresse frequente pela população com relação à Igreja Católica.
A África, anteriormente com exclusividade de missionários europeus, tem exportado padres para países
do Ocidente.[96] Atualmente, 17% da população deste continente é adepta do catolicismo.[96]
Brasil
No Brasil, a Igreja Católica possui o maior número de fiéis entre as demais.[97] No entanto, em 2007,
foram feitas duas pesquisas que apresentaram resultados divergentes. A primeira, realizada pela
Fundação Getúlio Vargas, dizia que o número de católicos parou de cair no Brasil depois de mais de 130
anos de queda, apontando como motivos a renovação da Igreja, e a grande comoção pela então recente
morte do papa João Paulo II, estando o número de fieis estabilizado em 73%.[98] Uma pesquisa
divulgada pelo Datafolha em 2010, registrou nova queda no número de fieis, apontando um percentual
de 64% de católicos na população brasileira.[99] Um reflexo disto é o aparecimento de grande número
de pessoas que se intitulam católicos não praticantes. No Censo 2000 feito pelo IBGE, 40% dos que
responderam ser católicos no Brasil diziam ser "não praticantes". Esses indivíduos geralmente
discordam de políticas severas da igreja quanto ao uso do preservativo sexual,[100][101][102] o
divórcio,[103][104] uniões estáveis entre heterossexuais,[104] união entre homossexuais,[105] e o
aborto.[106]
Críticas e controvérsias
A Igreja Católica é uma das instituições mais antigas do mundo
contemporâneo. Simultaneamente, é também uma das mais
controversas, porque ela "revela-se muitas vezes [...] em oposição
ao que parece ser o conhecimento vulgar dos nossos tempos" e
porque ela insiste sempre que "a fé envolve verdades, que essas
verdades envolvem obrigações e que essas obrigações exigem
certas escolhas". Por essa razão, a Igreja Católica, "vista do exterior,
[...] pode parecer de vistas curtas, mal humorada e atormentadora
— o pregador azedo de um infinito rosário de proibições"[108].
Atualmente, as críticas são frequentemente dirigidas, como por exemplo, à hiperdulia, à dulia, à ética
católica sobre o casamento (que condena o divórcio), sobre a Vida (que condena o aborto, as pesquisas
científicas que matam embriões humanos, a eutanásia e os contraceptivos artificiais) e sobre a
sexualidade (que condena o sexo pré-marital, a homossexualidade e o uso de preservativos). Estas
questões ético-morais continuam a gerar polêmicas e controvérsias[109][110][111]. Algumas ações
escandalosas e imorais, que vão contra a doutrina católica, praticadas por certos membros e clérigos
católicos (ex: abuso sexual de menores por membros da Igreja Católica) reforçaram as críticas
referentes ao modo como essa doutrina trata a sexualidade e a moralidade em geral.[112][113]
Nos tempos modernos, a própria crença em Deus e as inúmeras regras ético-morais da Igreja são
também duramente criticadas como sendo obstáculos para a libertação, progresso e realização do
Homem. A origem da Igreja e da Bíblia, a vida de Jesus e a paradoxal compatibilidade entre a
existência de Deus e a existência do mal e do sofrimento são também questionadas[111]. Recentemente,
a questão teológica da "unicidade e universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja [Católica]" [114]
e a definição teológica de que a Igreja Católica é a única Igreja de Cristo [115] continuam a suscitar
várias polémicas e desentendimentos [116]. Apesar destas duas crenças, a doutrina católica nunca negou
a salvação aos não católicos.
Questões mais disciplinares da Igreja, como a hierarquia católica e o celibato clerical, e questões
doutrinárias como o ensinamento de ser impossível conferir ordenação sacerdotal às mulheres, são
também temas muito debatidos na atualidade[111]. Outras controvérsias que a Igreja está ou esteve
metida incluem o mediático e atual caso do abuso sexual das crianças por padres[117], as históricas
acções opressoras e violentas das Cruzadas e da Inquisição (que perseguiu os hereges, os judeus e
alguns cientistas), o seu suposto envolvimento com os regimes não democráticos e as acções
"desatinadas" de alguns missionários católicos durante o período colonial na África, na Ásia e na
América [118].
A relação entre a Igreja e a Ciência não foi fácil e está recheada de
controvérsias passadas e já resolvidas, como a questão da
perseguição de certos cientistas e teorias (ex: os casos famosos de
Galileu Galilei e do evolucionismo darwiniano). Apesar de a Igreja
defender tanto a fé quanto a razão [118][119][120][121](por exemplo, a
Igreja aceita a teorias do evolucionismo e do Big-bang, que aliás foi
proposto pela primeira vez por um padre católico), a Igreja e os
cientistas/filósofos seculares continuam a discordar em questões
mais teológicas relacionadas com a infalibilidade papal e a
autenticidade da Revelação divina contida nas Escrituras e na
tradição oral; com a negação da existência de Deus e da alma (e da
Galileu Galilei, um dos
sua imortalidade); com os momentos exactos do princípio e do fim
símbolos do confronto entre
da vida humana; e com as implicações éticas da clonagem, da
a Igreja Católica e a
contracepção ou fertilização artificiais, da manipulação genética e Ciência.
das investigações científicas que matam embriões humanos
[122][123].
Ver também
Doutrina da Igreja Católica
Teologia católica
Igreja Católica e Ciência
Catecismo da Igreja Católica
Igreja Católica Apostólica Romana no mundo
Colégio de Cardeais
Concílio Vaticano II
Cúria Romana
Dogmas da Igreja Católica
Dogmas e doutrinas marianas da Igreja Católica
Doutrina Social da Igreja
História da Igreja Católica Apostólica Romana
Lista de papas
Nunciatura apostólica
Denominações cristãs
Papa
Santa Sé
Vaticano
Sucessão Apostólica
Igrejas católicas não em comunhão com Roma
Associação Patriótica Católica Chinesa
Abuso sexual de menores por membros da Igreja Católica
Notas
1. 1.114.966.000 seria o número total dos fiéis registrados no último dia de 2005[14]
2. A Igreja alega que esta é a vontade de Cristo, seu fundador, que deseja "um só rebanho e um só
Pastor" (Jn 10, 16; 17, 11. 20-23). Segundo a doutrina católica, Cristo é o "Deus verdadeiro" (Cf.
Credo Niceno; Jn 1,1. 18; 5, 17-18; 10,33; 1Jn 5,20; Rm 9,5; Hch 20,28; Tit 2,13; Hb 1,5-9; Ap
1,18) que pode fundar validamente a sua Igreja (Sal 87). Assim, Jesus aparece como a "pedra
angular" e "fundamental" sob a qual se funda a Igreja (Cf. 1Co 3,9-15; 1Ped 2,3-10) e cuja base é
também constituída pelos apóstolos (Cf. Ef 2, 20-22) e especialmente por São Pedro (Cf. Mt 16,
16-19; Jn 1,42), que foi constituído Pastor universal da Igreja por vontade de Cristo (Cf. Jn 21,15-
22; Lc 22, 28-32). Por sucessão apostólica, os Papas são os sucessores de São Pedro e
merecem a obediência de todos os católicos, por ser o Vigário de Cristo na Terra. Isto somado à
promessa de Cristo aos primeiros discípulos sobre uma constante assistência (Mt 28,20) e
companhia do Espírito Santo (Cf. Jn 16, 7-15; 14,15-17. 26; 15,26; 1 Jn 2, 27) e à garantia que ele
deu à Igreja de nunca ser vencida pelo mal (Mt 16,18), foi suficiente para que a Igreja Católica se
proclame a si mesma como a "coluna e fundamento da Verdade" (1 Tm 3, 15), "Esposa de Cristo"
(Ef 5, 24-30) e herdeira e depositária de toda a Verdade Evangélica revelada por Deus e legada
pelos Apóstolos (Cf. 1 Co 11, 1-2; 1 Jn 2,24; 2 Ts 2,15; 1 Tm 6, 20-21; 2 Tm 1, 12-14; Flp 4, 8-9).
3. Porém, nem todos os países e dioceses festejam e guardam estes dez dias de preceito, porque,
"com a prévia aprovação da Sé Apostólica, [...] a Conferência Episcopal pode suprimir algumas
das festas de preceito ou transferi-los para um domingo".[77] Além destes dez dias, existe também
outras festas e solenidades (ex: Páscoa, Pentecostes, etc.) que são dias de preceito, porém elas
calham sempre num domingo, que já é o dia semanal de preceito obrigatório.
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57. Ibidem, n. 158 da Igreja Católica (CCIC), n. Constituição dogmática
58. Ibidem, n. 159 37, 41, 42, 44, 48, 49 e 50 Lumen Gentium, do Concílio
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Ligações externas
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Enciclopédia Católica Popular (http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/)
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (http://www.cnbb.org.br/)
(em inglês) The Catholic Encyclopedia (http://www.newadvent.org/cathen/)
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