Transmissão Da Casa Da Morada Da Familia
Transmissão Da Casa Da Morada Da Familia
Transmissão Da Casa Da Morada Da Familia
Coimbra, 2014
SANDRA CRISTINA MARTINS MORGADO MARQUES
Orientadora:
Coimbra, 2014
AGRADECIMENTOS
Dedico o presente estudo ao meu querido filho e ao meu marido, pelo tempo que
com a sua elaboração não lhes pude dedicar.
Agradeço à Sra. Professora Doutora Maria Olinda Garcia pelos seus sábios
conselhos.
3
INDÍCE
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................ 3
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ..................................................................................................... 5
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 6
CAPÍTULO 2 - DEFINIÇÃO DO CONCEITO E ENQUADRAMENTO JURÍDICO GERAL ............................. 8
2.1 O que deve entender-se por casa de morada da família ........................................................... 8
2.2 A tutela da casa de morada da família no ordenamento jurídico português - breve referência
...................................................................................................................................................... 12
CAPÍTULO 3 - A TRANSMISSÃO DA CASA DE MORADA DA FAMÍLIA: REGIME SUBSTANTIVO E
PROCESSUAL .................................................................................................................................... 16
3.1 A transmissão da casa de morada da família no caso especial de divórcio............................ 16
3.2 O processo de jurisdição voluntária de atribuição da casa de morada da família .................. 25
3.3 O procedimento tendente à formação do acordo das partes quanto à atribuição da casa de
morada da família formulado na conservatória do registo civil ................................................... 43
3.4 A transmissão da casa de morada da família no caso de dissolução da união de facto por
vontade de um dos seus membros ................................................................................................ 48
3.5 A transmissão da casa de morada da família em caso de morte............................................. 53
CAPÍTULO 4 - CONCLUSÕES ............................................................................................................ 63
Índice Bibliográfico e de Jurisprudência .......................................................................................... 70
4
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Ac. – Acórdão
DL- Decreto-lei
L- Lei
5
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
Cada vez mais, nos dias de hoje, surgem questões relacionadas com a transmissão
da casa de morada da família por motivo de divórcio, de separação do casal ou de
falecimento de um dos seus membros.
Com o presente estudo visa dar-se um contributo para a resolução dos problemas
que surgem com maior frequência quanto à sua transmissão.
São questões de difícil apreciação e decisão, pela problemática envolta em si, que
se circunscreve em se determinar quem deve ficar a viver na casa que era o lar do casal. O
dilema agudiza-se porque as partes já se encontram em clima de grande animosidade e
desgaste psicológico, o qual é reforçado, em muito, pelas dificuldades económicas que
surgem na sequência de uma separação entre pessoas que tinham uma comunhão de vida,
com partilha de recursos.
A casa onde vivia a família, que com a separação se altera quanto à sua
composição, implica uma análise cuidada do julgador no sentido de se aferir, na
inexistência de acordo ou acordo que satisfaça os interesses de ambas as partes e filhos, a
qual dos cônjuges ou unidos de facto, deve ser atribuída.
Com este trabalho fez-se uma análise da doutrina e jurisprudência mais recentes, no
sentido de se determinarem os critérios que devem nortear o julgador na decisão a tomar
quanto à atribuição da casa de morada da família e quais os problemas mais comuns, de
1
Neste sentido vide “Estatísticas Demográficas 2012”, pgs. 89 e 103, publicação do ine, acessível em texto
integral em www.ine.pt/ngt.
6
índole processual e substantiva, que surgem associados ao tema que se escolheu – A
transmissão da casa de morada da família.
7
CAPÍTULO 2 - DEFINIÇÃO DO CONCEITO E ENQUADRAMENTO JURÍDICO GERAL
Ao longo dos tempos a família tem sofrido uma profunda transformação quanto à
sua composição sendo, atualmente, maioritariamente constituída pela família nuclear ou
também designada por conjugal – cônjuges e filhos.
Mas hoje é também cada vez mais frequente os filhos maiores viverem com os pais,
ou porque nunca deixaram de viver com aqueles, fruto da instabilidade social que se
vivencia e da dificuldade de obtenção de emprego, ou porque regressaram ao agregado
familiar de origem em consequência de uma separação ou divórcio, por, as mais das vezes,
não terem capacidade económica para suportar os custos inerentes a uma habitação.
8
Entre as normas que tutelam a família existem as que tutelam a casa onde aquela
reside, o ambiente físico onde se desenvolve a vida familiar de um concreto agregado, hoje
maioritariamente nuclear (constituído por pai, mãe e filho ou filhos). A casa é o espaço
onde um agregado familiar reside de forma habitual e com caráter de permanência,
devendo entender-se que da mesma fazem parte os móveis e utensílios domésticos que a
compõem por estarem afetos à vida familiar daqueles que a habitam.
No direito positivo vigente não existe uma noção sobre o que é a casa de morada da
família. Poderá dizer-se que esta será aquele local onde a família fixou a sua residência,
onde tem o seu centro de vida familiar com permanência e habitualidade. E a família a que
se referem as normas que tutelam a habitação onde residem serão aqueles que são do
mesmo sangue ou ligados por algum vínculo familiar2/3.
2
Nos termos do artigo 1576.º do CC “São fontes das relações jurídicas familiares o casamento, o parentesco,
a afinidade e a adoção.
3
“À família de uma pessoa pertencem (…) não só o seu cônjuge como ainda os seus parentes, afins,
adotantes e adotados: este conceito assim tão lato é que corresponde à noção jurídica de família” – cfr.
Francisco Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira, in “Curso de Direito da Família”, Volume I, pg. 33.
4
Livraria Almedina, Coimbra, 1996, pgs. 30 e 31.
5
In, “Posição sucessória do cônjuge sobrevivo”, pg. 72.
9
Para Guilherme de Oliveira6, «a residência da família é, por assim dizer, a sua sede;
é o lugar onde a família cumpre as suas funções relativamente aos cônjuges e aos filhos e
onde assume os seus compromissos perante terceiros».
Capelo de Sousa7 aponta para a casa de morada da família como aquela «que
constitua a residência habitual principal do agregado familiar, ou seja, aquela residência,
determinável caso por caso, que pela sua estabilidade e solidez seja a sede e o centro
principal da maioria dos interesses, das tradições e das aspirações familiares em apreço».
Por sua vez, J. A. Lopes Cardoso8 refere-se como «a casa que serviu de residência
efetiva e permanente da família constituída».
Em conclusão, defende Nuno de Salter Cid, na obra citada10, que “Seja qual for a
definição proposta, está sempre subjacente a ideia de que a casa de morada da família, bem
como a residência da família, são a «sede» da família, constituindo, como diz Capelo de
Sousa, a «residência habitual principal do agregado familiar». Estão pois, indubitavelmente
excluídas as «residências secundárias e ocasionais», como as utilizadas apenas nas férias
ou fins de semana. Tal não impede, porém, no entendimento de alguns autores, que se
considere a hipótese de uma família possuir mais de uma casa de morada, desde que as
residências em causa sejam por aquela ocupadas com caráter de habitualidade e
permanência.
6
In, “A Família”, pg. 20.
7
In, “Lições de Direito das Sucessões”, Vol. II, pg. 246.
8
In, “Partilhas Judiciais”, Vol. III, pg. 373.
9
In, “Direito da Família”, pg. 88.
10
Pgs. 31 e 32.
10
António José Fialho, in “Guia Prático do Divórcio e das Responsabilidades
Parentais”11, cita vários acórdãos que revelam como a jurisprudência tem definido a casa
de morada da família, designadamente:
- “qualquer casa (comum ou própria de um dos cônjuges) que só poderá ter essa
qualificação quando for nela que habitualmente more ou habite a família (…), formando
uma economia comum” – Ac. RP de 21/12/2006, in CJ, V, pg. 197 e Ac. RC de
01/03/2005;
- “aquela que constitui a residência permanente dos cônjuges e dos filhos, a sua
residência habitual ou principal, implicando que esta constitua ou tenha constituído a
residência principal do agregado familiar e que um dos cônjuges seja titular do direito que
lhe confira o direito à utilização dela” – Ac. RL de 12/02/1998, in CJ, I, pg. 121.
11
Pgs. 47 e 48.
12
Pg. 39.
11
Com grande relevância prática se pronunciou também o mesmo autor, na obra
13
citada , no sentido de a casa de morada da família não ser desqualificada com a separação
de facto do casal, entendida como manifestação de rutura da comunhão de vida que o
casamento deve visar. Para que tal ocorra, além da separação, é necessário o acordo dos
cônjuges nesse sentido, expresso ou que se deduza tacitamente (artigo 217.º, n.º 1 do CC).
E é exigível esse acordo pela proteção que a lei confere à casa de morada da família, não
podendo ocorrer essa desqualificação pela vontade de apenas um dos cônjuges uma vez
que tal deixaria desprotegido o outro que poderia pretender a atribuição dessa.
13
Pgs. 153 e 154.
14
Acessível em www.dgsi.pt.
15
Acessível em www.dgsi.pt.
16
Acessível em www.dgsi.pt.
17
Acessível em www.dgsi.pt.
12
A consagração de uma proteção legal da casa da morada da família apareceu
regulada pela primeira vez no Código Civil com as alterações introduzidas pelo DL n.º
496/77, de 25/11, em vigor desde 01/04/1978 (cfr. artigo 176.º desse diploma legal).
Tratando-se de casa arrendada, o regime da transmissão do arrendamento encontrava-se
regulado pela Lei n.º 2030, de 22/06/1948.
Neste particular, não pode deixar de se salientar a Recomendação n.º R (81) 15 que
dispõe que para os casos de divórcio a legislação nacional deve fixar as condições para que
possa ser atribuída a um dos cônjuges a habitação familiar, com todos ou parte dos objetos
familiares. Essa atribuição de ocupação da habitação pode ser exclusiva ao cônjuge, bem
como para o mesmo aí residir com outras pessoas, mormente os filhos. A recomendação
impõe que o tribunal ou outra autoridade competente examine todas as circunstâncias e em
particular os interesses da família no seu conjunto.
13
iii. um direito exclusivo sobre a propriedade ou sobre o direito ao arrendamento: o
tribunal poderá ordenar uma transferência de toda ou parte da propriedade ou a
transferência do arrendamento de um cônjuge para o outro. No entanto, aquele que ficar
ocupante poderá ter de indemnizar o seu cônjuge (pontos 21 e 22 da exposição de
motivos).
18
Cfr. Nuno de Salter Cid, ibidem, pgs. 359 e 360.
14
Quanto aos unidos de facto, há a considerar os artigos 4.º e 5.º da Lei n.º 7/2001, de
11/05.
Nos termos do artigo 12.º da Lei n.º 6/2006, de 27/02, se o local arrendado
constituir casa de morada da família, as comunicações do senhorio para extinção do
contrato de arrendamento ou aumento da renda para os arrendamentos antigos devem ser
dirigidas a cada um dos cônjuges.
Nos termos do artigo 6.º do DL n.º 1/2013 de 07/01, quando o local arrendado
constitua a casa de morada da família, o requerente deve indicar também como requerido,
no requerimento de despejo, o cônjuge do arrendatário que não seja parte do contrato de
arrendamento, o qual será notificado para o local arrendado.
19
Neste sentido vide Ac. do STJ de 06/07/2006, acessível em www.dgsi.pt.
15
CAPÍTULO 3 - A TRANSMISSÃO DA CASA DE MORADA DA
FAMÍLIA: REGIME SUBSTANTIVO E PROCESSUAL
O primeiro é o mais frequente na prática e é pedido por comum acordo, por ambos
os cônjuges, sem necessidade de indicação da causa do divórcio. O segundo é pedido por
um sem consentimento do outro e tem de ter um fundamento consagrado na lei substantiva,
em concreto no artigo 1781.º do CC.
Pode um divórcio começar por ser litigioso e depois, havendo acordo dos cônjuges
nesse sentido, ser convolado em divórcio por mútuo consentimento.
Havendo comum acordo entre os cônjuges, o divórcio tem de ser requerido por
ambos, obrigatoriamente, na conservatória do registo civil (artigo 1773.º, n.º 2 do CC e
artigos 12.º, n.º 1, al. b) e 14.º, n.º 1 do DL n.º 272/2001, de 13/10 21)22.
20
“O direito ao divórcio, litigioso ou por mútuo consentimento, é um direito potestativo, pessoal e
irrenunciável” - cfr. Francisco Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira, in “Curso de Direito da Família”,
Volume I, pg. 597.
21
Este diploma foi alterado pela Retificação n.º 20-AR/2001, de 30/11, pelo DL n.º 324/2007, de 28/09, pela
Lei n.º 61/2008, de 31/10 e DL n.º 122/2013, de 26/08.
22
Desde 1/01/2002, com a entrada em vigor do DL n.º 272/2001, de 13/10, o processo de divórcio por mútuo
consentimento passou a ser da competência exclusiva das conservatórias do registo civil.
16
a) Certidão narrativa completa do registo de casamento e certidão da escritura da
convenção antenupcial e do seu registo se os houver;
b) Relação especificada dos bens comuns, com indicação dos respetivos valores,
ou, caso os cônjuges optem por proceder à partilha daqueles bens nos termos dos artigos
272.º-A a 272.º-C do DL n.º 324/2007, de 28 de setembro, acordo sobre a partilha ou
pedido de elaboração do mesmo;
Se outra coisa não resultar dos documentos apresentados, entende-se que os acordos
se destinam tanto ao período da pendência do processo como ao período posterior (artigo
1775.º, n.º 2 do CC e artigo 994.º, n.º 2 do CPC).
Assim, o divórcio por mútuo consentimento pode ser requerido em qualquer altura
e apenas exige o acordo dos cônjuges quanto ao divórcio, quanto à prestação de alimentos
ao cônjuge que deles careça, acordo sobre o exercício das responsabilidades parentais
quando existam filhos menores e não tenha previamente havido regulação judicial e acordo
quanto ao destino da casa de morada da família.
23
Poderão os cônjuges, no entanto, formular verbalmente o pedido na conservatória, o qual será reduzido a
escrito pelo conservador, lavrando-o em auto, com aposição do seu nome, nos termos do artigo 224.º, n.º 2 do
Código do Registo Civil.
17
arrendamento24. Sendo um bem comum do casal ou próprio, o acordo de atribuição da casa
de morada da família poderá ser estabelecido mediante a celebração de um contrato de
arrendamento ou até de comodato. Poderá também traduzir-se na assunção por um deles e
como contrapartida dessa atribuição, do pagamento de todos os encargos à mesma
inerentes como o IMI, despesas de condomínio, empréstimos bancários pela sua aquisição,
etc. E, por acordo, poderá também estabelecer-se uma duração quanto a essa atribuição, o
que sucederá, por vezes, até à partilha, quando a casa é um bem comum do casal25.
24
Se o contrato de arrendamento foi celebrado por ambos os cônjuges, o acordo quanto à atribuição da casa
de morada da família traduzir-se-á, na concentração em um deles do arrendamento. Se apenas um o celebrou
e por acordo a casa foi atribuída ao cônjuge não outorgante do contrato, nesse caso o contrato de
arrendamento é transmitido a esse por vontade dos cônjuges.
25
Por vezes, quando o imóvel dado de arrendamento a um dos cônjuges é vendido, surge do lado dos novos
donos vontade em ver extinto esse direito, surgindo mesmo posições daqueles em pugnar que esse contrato
não lhes é oponível. Foi em tratamento de uma questão semelhante a esta que se decidiu no Ac. do STJ de
08/05/2013, acessível em www.dgsi.pt que “O direito constituído por acordo feito no processo de divórcio
por mútuo consentimento entre a ré e o seu ex-marido que teve por objeto a utilização da casa de morada de
família, destinando esta à habitação da ré tendo em conta (e por medida) as suas necessidades e da sua
família ao tempo em que o divórcio foi decretado, é um verdadeiro e próprio direito real de habitação (arts.
1484.º, 1485.º e 1490.º CC). Este direito não se extinguiu com a transferência do direito de propriedade sobre
o imóvel para os autores: por um lado, porque o direito de propriedade se transmitiu para a sua esfera jurídica
onerado ou limitado pelo direito de habitação anteriormente constituído a favor da ré; por outro lado, porque
no título constitutivo do direito de habitação, que foi o acordo referido em I), homologado pela sentença
proferida na ação de divórcio, nada se dispôs, quer acerca do seu tempo de duração, quer sobre os factos
conducentes à respetiva extinção. Assim, o direito de habitação não se extinguiu e é oponível aos autores,
legitimando a recusa da restituição – art. 1311º, nº 2, CC –, desde logo porque a posse da ré é titulada,
pública, pacífica e de boa fé, embora insuscetível de conduzir à aquisição por usucapião – arts. 1259.º a
1261º e 1293º, al. b), CC. O facto de o direito da ré não estar inscrito no registo não impede a sua
oponibilidade aos autores visto que, relativamente a ele, não são terceiros entre si, nos termos do art. 5.º, n.º
4, CRgP, antes sendo parte, no sentido visado pelo art. 4.º, n.º 1, do mesmo código”.
18
requerentes ou filhos, nos termos do artigo 1776.º, n.º 1 do CC, aquele informa os cônjuges
da existência de serviços de mediação familiar (artigo 1774.º do CC) e convoca-os para
uma conferência (artigo 1776.º, n.ºs 1 e 2 do CC, artigo 995.º, n.º 1 do CPC e artigo 14.º,
n.º 8 do DL n.º 272/2001, de 13/10).
19
acordo acautela os interesses de algum dos cônjuges ou dos filhos, podendo determinar
para esse efeito, em conformidade com o preceituado no artigo 1776.º, n.º 2, «a prática de
atos e a produção da prova eventualmente necessária»”.
Não sendo a mesma possível, tentará o juiz obter o acordo dos cônjuges para a
conversão do divórcio em mútuo consentimento (artigo 1779.º, n.º 2, 1.ª parte do CC e
artigo 931.º, n.º 2, 1.ª parte do CPC).
26
O respetivo montante será fixado numa quantia entre 0,5 UC e 5 UC, nos termos do artigo 27.º, n.º 1 do
Regulamento das Custas Processuais.
20
Na tentativa de conciliação, não havendo conciliação dos cônjuges nem acordo para
a conversão do divórcio em mútuo consentimento, tentará o juiz obter o acordo daqueles
quanto a alimentos, regulação do exercício das responsabilidades parentais havendo filhos
menores sem que exista decisão a fixar o regime e quanto à utilização da casa de morada
da família durante o período de pendência do processo (artigo 931.º, n.º 2 do CPC).
27
Neste sentido vide Ac. do STJ de 17/01/2013, acessível em www.dgsi.pt
21
parentais e utilização da casa de morada da família. Para o efeito pode o juiz, previamente,
ordenar a realização das diligências que considere necessárias.
No que à casa de morada da família se refere, os critérios a atender pelo juiz para a
sua atribuição provisória, são os mesmos que deverá ter em consideração na decisão
definitiva a proferir, ou seja, os enunciados no artigo 1793.º do CC, sendo a casa um bem
próprio ou comum e no artigo 1105.º do CC, sendo a casa arrendada.
28
Neste sentido vide Ac. do TRL de 28/03/2013, acessível em www.dgsi.pt.
29
Acessível em www.dgsi.pt.
30
Acessível em www.dgsi.pt.
31
Acessível em www.dgsi.pt.
22
Quanto à fixação de uma renda na decisão de atribuição provisória da casa de
morada da família, da análise da jurisprudência resulta que se entendia, inicialmente, não
ser de fixar qualquer valor e, recentemente, verifica-se uma mudança de posição quanto a
esse entendimento nos tribunais superiores.
23
casa de morada de família - sem compensar o outro - o que fica sem o direito de a utilizar -
por se ver privado do uso e fruição de um bem que também é seu, sendo certo que entre o
momento da atribuição provisória daquela e o da partilha dos bens comuns pode decorrer
um período mais ou menos longo”.
Também no Ac. do TRL de 31/01/201335, se entendeu dever ser fixada uma renda
na atribuição provisória da casa de morada da família, aí se defendendo que “não faria
qualquer sentido que sendo esse manifestamente o regime legal para a atribuição definitiva
da casa de morada de família, no âmbito do processo regulado no art.º 1413.º do C. P.
Civil, não houvesse lugar a qualquer compensação para o regime provisório, ao abrigo do
incidente previsto no n.º 7, do art.º 1407.º, do mesmo código, sendo certo que essa
provisoriedade pode até prolongar-se por longos períodos”.
De interesse cumpre também salientar que a providência de fixação do regime
provisório de utilização da casa de morada da família previsto no artigo 931.º, n.º 7 do
CPC destina-se a acautelar a proteção da habitação de um dos cônjuges durante a
pendência do processo de divórcio. E para a sua decisão, o juiz, como decorre do citado
preceito, tem amplo poder de aplicação do direito e investigação dos factos, pelo que,
verificando que para a decisão é necessária a realização de diligências probatórias ou a
indicação de provas pela parte requerente, em face dos interesses em conflito, não pode
julgar improcedente o pedido por insuficiência da prova produzida. Impõe-se ao juiz,
determinar oficiosamente a realização das provas que reputar necessárias para a decisão a
proferir e se necessário, convidar o requerente a indicar a prova necessária, se a
apresentada não for suficiente36 .
Este regime provisório de utilização da casa de morada da família, diferencia-se do
previsto no artigo 990.º do CPC, uma vez que este último depende de pedido do
interessado e tem tramitação própria e o provisório é enxertado na ação de divórcio e pode
ser fixado oficiosamente pelo tribunal.
Quanto à sua específica tramitação, a lei não dispõe quanto ao momento em que
tem de ser requerida pelo cônjuge interessado nessa atribuição, ou a específica forma que
deve obedecer ao pedido.
35
Acessível em www.dgsi.pt.
36
Neste sentido vide Ac. do TRP de 01/07/2013, acessível em www.dgsi.pt.
24
Entende-se, face ao específico fim visado com o procedimento, que o pedido tem
de ser apresentado, necessariamente, até ao trânsito em julgado da sentença que decrete o
divórcio e assumirá a natureza de incidente, cuja disciplina processual consta nos artigos
293.º a 295.º do CPC.
Pelo exposto, deverá o requerente no requerimento em que suscite o incidente,
oferecer o rol de testemunhas e requerer outros meios de prova (artigo 293.º, n.º 1 do
CPC).
No entanto, o que sucede as mais das vezes, é que é na petição inicial de divórcio
ou na tentativa de conciliação que as partes requerem a atribuição provisória da casa de
morada da família. E fazem-no, quase sempre, sem alegar os factos concretos necessários
que integram a causa de pedir que lhes permite a procedência do pedido e quase nunca
indicam a prova. Também acontece, por vezes, que na tentativa de conciliação, os cônjuges
manifestam o propósito de se divorciar mas não estão de acordo quanto à atribuição da
casa de morada da família. Nestes casos, tem-se o entendimento, que se impõe ao juiz, para
que possa decidir, proferir despacho de convite dirigido à parte requerente para dar
cumprimento ao artigo 293.º, n.º 1 do CPC, ou seja, para apresentar requerimento a indicar
os concretos factos que integram a sua causa de pedir e deduzindo o pedido de atribuição
provisória da casa de morada da família, seguindo-se os demais termos previstos para os
incidentes da instância inominados. Este entendimento é o único que permite a ambas as
partes a tutela efetiva dos respetivos direitos.
Nos termos do artigo 990.º, n.º 1 do CPC aquele que pretenda a atribuição da casa
de morada da família, nos termos do artigo 1793.º do CC, ou a transmissão do direito ao
25
arrendamento, nos termos do artigo 1105.º do mesmo Código, deduz o seu pedido,
indicando os factos com base nos quais entende dever ser-lhe atribuído o direito.
Apenas poderá ser proferida uma decisão definitiva de atribuição da casa de morada
da família após o trânsito em julgado da sentença que decrete o divórcio ou a separação
judicial de pessoas e bens. E, tratando-se de um bem comum ou próprio do outro cônjuge,
o pedido deve ser formulado até à partilha dos bens (em caso de divisão de bens por
acordo) ou até à conferência de interessados.
26
O prazo para deduzir contestação é de 10 dias, nos termos do artigo 293.º, n.º 2 ex
vi do artigo 990.º, n.º 2, ambos do CPC.
Tanto com a petição inicial como com a contestação as partes têm de indicar logo o
rol de testemunhas e requerer outros meios de prova.
Nos termos do artigo 990.º, n.º 3, 1.ª parte do CPC, haja ou não contestação, o juiz
decide depois de proceder às diligências necessárias.
Do exposto resulta que, a inexistência de contestação por parte do réu não implica a
confissão dos factos articulados pelo autor, impondo-se ao julgador o dever de, de acordo
com o seu prudente critério, ordenar a produção de provas que entenda necessárias à
correta decisão a proferir, inclusive a realização daquelas que reputar convenientes37.
No entanto, não pode o juiz decidir, atribuindo a casa a um dos cônjuges, sem que
haja um pedido de uma delas nesse sentido39.
37
Assim no Ac. do TRL de 24/06/2010, acessível em www.dgsi.pt decidiu-se que “Na providência de
atribuição de casa de morada de família prevista no artigo 1413.º CPC, a falta de contestação não tem efeito
cominatório, porquanto, nos termos do n.º 3 deste preceito, haja ou não contestação, o juiz decidirá depois de
proceder às diligências necessárias (cfr. Lopes do Rego, Comentários ao Código de Processo Civil, 2.ª
edição, vol. II, pg. 301)”.
38
“A providência de atribuição da casa de morada de família a um dos ex-cônjuges, embora sujeita ao
princípio do pedido, tem natureza de jurisdição voluntária, pelo que o tribunal pode investigar livremente os
factos, coligir as provas, ordenar inquéritos e recolher as informações convenientes, em consequência do que
o ónus de alegação pelos interessados dos factos necessários à decisão da providência, bem como a sua
prova, possam ser oficiosamente supridos, podendo também o tribunal decidir o seu mérito por critérios de
oportunidade e de conveniência e não por critérios de legalidade estrita” – cfr. Ac. TRG de 25/05/2010,
acessível em www.dgsi.pt.
39
Neste sentido vide Nuno de Salter Cid, in “A proteção da Casa de Morada da Família no Direito
Português”, pg. 353, onde defendeu que “(…) e apesar de «falta de acordo» não significar o mesmo que
27
Da decisão que vier a ser proferida, cabe sempre recurso de apelação, com efeito
suspensivo (artigo 990.º, n.º 3, 2.ª parte do CPC).
Uma vez que nestes processos não é elaborado despacho saneador, o valor da ação
é fixado na sentença, nos termos do artigo 306.º, n.º 2 do CPC.
«desacordo» (evidenciado no processo), cremos que se supõe sempre, como é normal, um pedido do
interessado na titularidade exclusiva do direito ao arrendamento (e que não a tem), a que o cônjuge ou ex-
cônjuge normalmente se oporá. De outro modo, correr-se-ia até o risco de transferir o direito ao
arrendamento para quem, o não queria, em prejuízo do interessado, para além de que o silêncio das partes no
processo sobre a questão faz presumir «uma situação de acordo quanto à manutenção do status quo»”.
40
Como exemplo decidiu-se no Ac. do TRE de 10/11/2010, acessível em www.dgsi.pt que “Não havendo
acordo quanto ao destino da casa de morada de família terá o tribunal que seguir a tramitação processual
própria da resolução da questão da atribuição da casa de morada de família no contexto de uma ação de
divórcio litigioso (leia-se agora, «divórcio sem consentimento de um dos cônjuges») – o que implica, como
estabelece o artº 1413º, nº 4, do CPC, a dedução do pedido por apenso à ação de divórcio e a sua tramitação
nos termos dos demais números dessa disposição legal (e ainda das disposições aplicáveis do regime geral
dos processos de jurisdição voluntária – cfr. epígrafe do Capítulo em que se insere esse preceito)”.
41
Neste sentido se decidiu no Ac. do TRL de 28/03/2013, acessível em www.dgsi.pt.
42
Acessível em www.tribunalconstitucional.pt.
28
propriedade, de modo que possa ser-lhe atribuído efeito expropriativo. O direito de
propriedade do ex-cônjuge é mantido na sua titularidade, e o mesmo apenas se vê privado
do seu jus utendi, que tem por contrapartida o pagamento da renda que é imposto ao outro
cônjuge pela cedência do gozo da coisa. Apenas nesta dimensão do direito de propriedade
do cônjuge proprietário é que se verifica a ingerência estadual por impor, por ato de
autoridade e sem o consentimento do titular do direito, de um contrato de arrendamento.
Mas esta ingerência tem por fundamento a necessidade de cedência deste direito de fruição
perante outros valores constitucionalmente protegidos designadamente para proteção da
família, enquanto elemento fundamental da sociedade (artigo 67.º da CRP)43.
43
Mais aí se fundamentou que «Emerge da relação conjugal e da constituição do bem como “casa de morada
de família”, qualidade em que o sujeito que vê a sua esfera jurídica afetada voluntariamente ingressou e
situação para que contribuiu, e que tem como beneficiários o outro cônjuge e os filhos. De acordo com o
regime legal em que o segmento normativo agora questionado se insere e da qual não pode ser isolado para
compreensão da questão que neste recurso é colocada, esta específica vinculação da propriedade só existe por
causa da família e poderá deixar de subsistir quando circunstâncias supervenientes o justificarem. Na
verdade, é da essência do vínculo conjugal – só desse modo de constituição da família aqui cuidamos – afetar
a situação pessoal e patrimonial dos cônjuges, gerando direitos e deveres que podem perdurar para além da
sua dissolução, designadamente em matéria de alimentos, que é o efeito mais próximo daquele que agora
analisamos. Nesta perspetiva, que é a que corresponde à razão determinante da medida legislativa em causa,
trata-se de norma conformadora do estatuto jurídico de um bem (aquele em que a família estabeleceu o
centro da vida familiar) por ter sido afetado pelos cônjuges a uma determinada finalidade que se entende
exigir proteção especial, no contexto da relação familiar e por causa dela, mesmo depois da dissolução do
vínculo. Não se trata de um sacrifício imposto ao titular em nome de uma genérica hipoteca social da
propriedade, mas de manter uma situação emergente dos efeitos do casamento e que vai para além dele.
Aliás, os direitos de cada um dos cônjuges sobre o bem em que o casal estabelece o centro da vida familiar
sofrem compressão noutros aspetos, designadamente, na alienação ou oneração (artigo 1682.º-A do CCv), na
disposição do direito ao arrendamento (1782.º-B) do CCv).
Assim, encontrando legitimação na defesa de um elemento constitucionalmente proclamado como elemento
fundamental da sociedade, sendo meio idóneo a prosseguir essa finalidade e de modo algum podendo ser
acusada de “reduzir a nada” os poderes de disposição, fruição e utilização, a solução normativa questionada
não viola a garantia constitucional do artigo 62.º da Constituição. É uma norma de vinculação da
propriedade, mas enquanto incidente sobre um bem em especial e de um tipo de proprietário e beneficiário: a
casa de morada de família e o ex-cônjuge relativamente ao outro. Cabe, atendendo à imposição constitucional
de proteção da família, nos poderes de determinação legislativa do conteúdo da propriedade “nos termos da
Constituição”».
29
O pedido de atribuição da casa de morada da família pode ser deduzido quer a casa
seja um bem comum ou próprio do outro cônjuge, ou serem aqueles titulares, ou um deles,
de um direito de uso da casa44 que permita a constituição de uma relação jurídica de
arrendamento tendo por objeto a casa onde o casal teve o seu centro de vida familiar em
comum.
Os fatores referidos não têm qualquer prevalência de uns sobre os outros, cabendo
ao julgador atribuir-lhe maior ou menor relevância, de acordo com a sua prudente
apreciação e valoração, mas sem deixar de dar especial relevo ao interesse dos filhos
menores.
Note-se que, nos termos do artigo 1105.º, n.º 2 do CC, na falta de acordo dos
cônjuges, em caso de divórcio ou separação judicial de pessoas e bens, cabe ao tribunal
decidir, pela transmissão ou concentração a favor de um deles do arrendamento sobre a
casa de morada da família, tendo em conta a necessidade de cada um, os interesses dos
filhos ou outros fatores relevantes.
Nos termos do artigo 1793.º do CC, os fatores a ponderar pelo julgador são as
necessidades de cada um dos cônjuges e o interesse dos filhos do casal.
44
Como ocorrerá quanto aos direitos de usufruto ou superfície, nos termos dos artigos 1444.º e 1534.º do
Código Civil. Nuno de Salter Cid, na obra “A Proteção da Casa de Morada da Família”, pg. 322, na nota de
rodapé 68 defende também a possibilidade dessa constituição quando os cônjuges ou ex-cônjuges são
titulares do direito de habitação ou são ambos comodatários, desde que a tal não se oponha o título
constitutivo do direito de habitação ou o contrato de comodato.
45
Cfr. António José Fialho, in “Guia Prático do Divórcio e das Responsabilidades Parentais”, Edição do
Centro de Estudos Judiciários, 2012, pg. 50, citando no sentido exposto o Ac. do TRL de 16/10/2007, in CJ,
IV, pg. 119.
30
“O propósito da lei será o de assegurar que, decretado o divórcio ou a separação, a
casa de morada de família possa ser utilizada pelo cônjuge ou ex-cônjuge a quem for mais
justo atribuí-la tendo em conta as necessidades de um e de outro”46.
Em anotação ao Ac. do STJ de 02/04/1987, in R.L.J., ano 122, pgs. 120 ss. Pereira
Coelho tentou fixar um critério geral de fatores de atendibilidade para a atribuição do
direito ao arrendamento igualmente aplicáveis como fatores de atendibilidade para a
48
atribuição da casa de morada da família prescritos no artigo 1793.º do CC . Assim,
concluiu aquele ilustre Professor Doutor, nessa anotação, que em face da nova redação do
artigo 1105.º, n.º 2 do CC, ainda mantinham atualidade as seguintes conclusões:
- a casa deve ser atribuída ao cônjuge ou ex-cônjuge que mais precise dela, sendo
irrelevantes a culpa pela separação ou divórcio;
46
Cfr. Pereira Coelho, RLJ, 122º, pg. 137 apud Ac. do TRP de 01/02/2011, acessível em www.dgsi.pt
47
No Ac. do TRP de 09/12/1987, in B.M.J., n.º 372, pg. 467, citado por Nuno de Salter Cid, in “A Proteção
da Casa de Morada da Família no Direito Português” na nota 71, pg. 324 entendeu-se que ambas as normas
são excecionais, porque contrariam o princípio geral da liberdade contratual, visando situações jurídicas
diversas, não podendo aplicar-se por analogia ao artigo 1793.º a norma do n.º 3 do artigo 1110.º (vigente à
data), que enunciava vários critérios para além dos indicados na primeira norma referida, o que se
compreendia, face à enumeração dos fatores quanto ao arrendamento que não eram referidos no CC. Com a
nova redação do artigo 1105.º, n.º 2 do CC, muito mais semelhante ao artigo 1793.º do CC, parece já não
poder ser defensável essa posição.
48
Apud Nuno de Salter Cid, in “A Proteção da Casa de Morada da Família no Direito Português”, pgs. 326 e
ss.
31
- na apreciação da necessidade da casa releva a situação patrimonial dos cônjuges
havendo que apurar-se os rendimentos e proventos de cada um e os respetivos encargos,
nomeadamente a obrigação de alimentos de um cônjuge ao outro bem como aos filhos;
- outras razões atendíveis são as que resultem da idade e estado de saúde de algum
dos cônjuges ou ex-cônjuges, a localização da casa relativamente ao local de trabalho de
cada um, a eventual disponibilidade do casal ou de um deles de dispor de outra casa onde
possa residir;
Nuno de Salter Cid49, defende igualmente que deve atender-se aos bens e direitos
que componham o património dos cônjuges ou ex-cônjuges. Defende também, com o que
se concorda, que quando a lei fala do interesse dos filhos do casal, não se refere só aos
filhos daqueles mas aos menores que habitam ou habitavam com aqueles.
32
rendimentos e proventos de um e outro, uma vez decretado o divórcio ou separação
judicial de pessoas e bens, assim como os respetivos encargos; no que se refere ao interesse
dos filhos, há que saber a qual dos cônjuges ou ex-cônjuges ficou a pertencer a guarda dos
filhos menores (…), e se é do interesse dos filhos viverem na casa que foi do casal com o
progenitor a quem ficaram confiados. (…) Haverá que considerar ainda outros fatores
relevantes, como a idade e o estado de saúde dos cônjuges ou ex-cônjuges, a localização da
casa relativamente ao local de trabalho de um e outro, o facto de algum deles dispor
eventualmente de outra casa em que possa estabelecer a sua residência, etc.
33
- Ac. do TRG de 03/12/2009 – “Na decisão que tenha por objeto a atribuição do
direito de arrendamento da casa de morada de família, deve ter-se em conta que o objetivo
da lei é proteger o cônjuge ou ex-cônjuge que mais seria ou foi atingido pela separação ou
pelo divórcio. Deverá por isso atender-se, para além do mais, à situação patrimonial dos
cônjuges e ao interesse dos filhos”;
34
- Ac. do TRP de 21/06/2012 - “Não é de atribuir a casa de morada de família à
requerente quando se trata de bem próprio do requerido, dispõe de outro apartamento que é
bem comum do casal, o qual fica próximo daquela e oferece todas as condições de
habitabilidade para si e as filhas que consigo residem”;
Não são poucas as vezes em que os pais pretendem a guarda dos filhos não por
entenderem que o seu superior interesse assim o impõe mas porque pretendem também,
com isso, forçar a decisão do tribunal em lhes atribuir a casa de morada da família, pelo
que, nestas situações deverá o julgador fazer cuidada apreciação, ouvindo os menores, se
necessário e a sua maturidade o permitir.
Proferida sentença a atribuir a uma das partes a casa de morada da família, será
constituída uma relação jurídica de arrendamento imposta judicialmente. Porquanto, a
sentença proferida é constitutiva, visto produzir uma alteração no mundo jurídico existente.
35
E quanto à definição destas condições, importa ter em conta que as que o tribunal
normalmente definirá são a duração do contrato e o montante da renda a pagar.
52
Pág. 48.
53
Acessível em www.dgsi.pt.
54
3.ª edição, AAFDL, 2011, pg. 698.
55
Acessível em www.dgsi.pt
36
corrente de mercado - o qual constitui mera referência inicial -, mas antes os fatores de
proteção da família (ou do que resta dela), que legitimam a compressão do direito de
propriedade envolvido, designadamente a situação patrimonial dos cônjuges, as
circunstâncias de facto relativas à ocupação da casa e o interesse dos filhos”. E no Ac. do
TRG de 19/01/201256, decidiu-se que o montante da renda a pagar por um dos ex-cônjuges
ao outro deve ser fixado na ponderação da situação económica de ambos os cônjuges e não
apenas daquele a quem foi atribuído o direito ao arrendamento.
Quanto a este particular, Nuno de Salter Cid57, defendeu que “A respeito da fixação
do montante da renda, a jurisprudência não é pacífica. Assim, há decisões no sentido de
que o tribunal, nesta matéria, não tem de ter em conta a situação patrimonial do
interessado, podendo dar de arrendamento «nas condições mais vantajosas de renda», pois
«só toma de arrendamento quem quer», e existem decisões no sentido de que assim não é;
de que o tribunal pode e deve fixar a renda mais ajustada à situação em causa, não tendo de
atender aos valores que resultariam das regras normais do mercado. Aderimos, sem hesitar,
a este entendimento, o único compatível com o espírito da lei. Na verdade, não faria muito
sentido que, enunciados expressamente como fatores atendíveis «as necessidades de cada
um dos cônjuges e o interesse dos filhos do casal» (art. 1793.º, n.º 1 do CC) e estabelecido
que «o tribunal pode definir as condições do contrato» (ibid., n.º 2), o próprio tribunal
viesse a inviabilizar, na prática, o objetivo da lei, mediante a fixação de um montante de
renda incomportável para o ex-cônjuge beneficiado com o arrendamento – em atenção à
sua maior necessidade e/ou, eventualmente, ao interesse dos filhos, e, bem assim, a outros
fatores atendíveis -; este deverá pagar uma renda de acordo com o valor de mercado se, e
só se, o montante em causa for compatível com a sua situação patrimonial”.
56
Acessível em www.dgsi.pt.
57
Ibidem, pg. 345.
58
Volume I, pg. 676.
37
em particular, a situação do cônjuge arrendatário que não ande muito longe do valor da
renda condicionada corresponderá em geral a esses objetivos”.
Com respeito ao pagamento da renda, se o imóvel ainda não estiver partilhado entre
os cônjuges, pagará o arrendatário metade desse valor ao ex-cônjuge, caso seja bem
próprio daquele, pagar-lhe-á a totalidade da renda. Se, realizada a partilha, o imóvel for
adjudicado ao arrendatário, extingue-se o arrendamento, se for ao outro ex-cônjuge, é
devido o pagamento integral da renda.
59
Pgs. 701 e 702.
60
Pg. 50.
61
Pg. 343, nota 106.
38
Em igual sentido se pronunciaram Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira62, nos
termos seguintes “Fixado o valor da renda, o cônjuge ou ex-cônjuge a favor do qual foi
constituído o direito ao arrendamento pagará esse valor ao outro se a casa pertencia
exclusivamente a este; se a casa era bem comum do casal ou pertencia em compropriedade
a ambos, pagará ao outro cônjuge ou ex-cônjuge metade dessa importância. Neste caso, se
em futura partilha ou divisão de coisa comum a casa for adjudicada ao arrendatário
extingue-se naturalmente o arrendamento; se for adjudicada ao cônjuge ou ex-cônjuge
senhorio, este passará a receber a importância total da renda”.
62
Ibidem, pgs. 676 e 677.
63
Acessível em www.dgsi.pt.
64
Acessível em www.dgsi.pt.
65
Acessível em www.dgsi.pt.
39
Quanto às condições do contrato de arrendamento não definidas por decisão
judicial, valem as regras gerais do arrendamento.
Não se deverá olvidar que nos termos do artigo 2.º, n.º 1, al m) do Código do
Registo Predial, está sujeito a registo o arrendamento por mais de seis anos e as suas
transmissões ou sublocações, excetuado o arrendamento rural.
Nos termos do disposto no artigo 1793.º, n.º 2, 2.ª parte do CC o tribunal pode fazer
caducar o arrendamento, a requerimento do senhorio, quando circunstâncias
66
supervenientes o justifiquem .
Para Pires de Lima e Antunes Varela, in “Código Civil Anotado” 69, constituem
exemplos de circunstâncias supervenientes capazes de determinar a caducidade judicial do
contrato:
66
Sendo o processo de atribuição da casa de morada da família de jurisdição voluntária, as resoluções podem
ser alteradas, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, com fundamento em circunstâncias supervenientes que
justifiquem a alteração. Dizem-se supervenientes tanto as circunstâncias ocorridas posteriormente à decisão
como as anteriores, que não tenham sido alegadas por ignorância ou outro motivo ponderoso (artigo 988.º do
CPC).
67
Ibidem, pg. 677, nota 143.
68
Cfr. Ac. do TRP de 22/02/2013, acessível em www.dgsi.pt.
69
Volume IV, pg. 57.
40
- a aquisição de um outro prédio pelo cônjuge arrendatário, em condições de
satisfazer através dele a sua necessidade de habitação própria;
70
Com relevância, no Ac. do TRC de 31/05/2005, acessível em www.dgsi.pt decidiu-se que “O artº 1793º, nº
1, do Código Civil, ao referir como um dos fatores de atribuição da casa de morada de família o interesse dos
filhos do casal, diz respeito aos filhos menores, por serem estes que, normalmente, estão na dependência dos
pais, necessitando da proteção e apoio destes. A circunstância, no entanto, de o filho atingir a maioridade, só
por si, não é motivo de resolução do arrendamento da casa de morada de família, nos termos do disposto no
nº 2 daquele normativo, se ele continua a viver com a mãe (ou o pai), em favor de quem o arrendamento fora
constituído, já que a maioridade pode não significar autonomia, podendo o filho continuar na dependência
económica dos pais e, portanto, a necessitar de viver com eles”.
71
Ibidem, pg. 677.
72
Ibidem, pg. 698.
41
responsabilidade pelos encargos de fruição das partes comuns formulado por qualquer um
dos ex-cônjuges ou ex-membros da união de facto73.
73
Pronunciou-se no sentido da admissão desse pedido, apenas por parte do senhorio, Jorge Duarte Pinheiro,
in “O Direito da Família Contemporâneo”, pg. 698.
74
Cfr. Ac. do TRL de 11/07/2013, acessível em www.dgsi.pt.
42
3.3 O procedimento tendente à formação do acordo das partes quanto à
atribuição da casa de morada da família formulado na conservatória do registo civil
Tendo sido decretado o divórcio, por mútuo consentimento ou por decisão judicial
já transitada em julgado, se um dos ex-cônjuges pretender a atribuição da casa de morada
da família deverá apresentar requerimento nesse sentido numa conservatória do registo
civil à sua escolha (artigos 5.º, n.º 1, al. b) e 6.º do DL n.º 272/2001, de 13/10).
75
Da exposição de motivos pode ler-se que “(…) se atribui ao conservador do registo civil competência para,
paralelamente aos tribunais, decretar o divórcio e a separação de pessoas e bens por mútuo consentimento, se,
além dos demais requisitos de direito substantivo, o casal requerente não tiver filhos menores ou, havendo-os,
o exercício do respetivo poder paternal se mostrar já judicialmente regulado, entendendo-se que a natureza
dos interesses em causa aconselha, nesta matéria, a intervenção exclusiva dos tribunais”.
76
Pgs. 39 e 40.
43
- No tribunal, desde que esteja pendente ação de divórcio ou separação judicial de
pessoas e bens litigiosos, a título provisório, nos termos do art.º 1407.º/7, do C. Proc. Civ.
Neste caso o incidente corre nesses autos;
Idêntica posição foi tomada no Ac. do STJ de 07/06/201177, ao decidir-se que “Se o
divórcio por mútuo consentimento correu termos na Conservatória do Registo Civil e foi
decretado por decisão do Conservador que homologou os respetivos acordos,
designadamente o que incidiu sobre o destino da casa de morada de família, o novo pedido
de atribuição da casa de morada de família deve ser intentado na Conservatória e sujeito,
por conseguinte, ao procedimento constante do art. 7.º do DL n.º 272/2001, de 13-10, a não
ser que se verifique alguma das situações a que se refere o n.º 2 do art. 5.º deste DL,
designadamente a cumulação de pedidos no âmbito da mesma ação judicial”.
77
Acessível em www.dgsi.pt.
44
Jorge Duarte Pinheiro, in “O Direito da Família Contemporâneo”78, pronunciou-se
no sentido de o pedido de atribuição da casa de morada da família dever seguir o
procedimento tendente à formação do acordo das partes previsto nos artigos 7.º a 10.º do
DL n.º 272/2001, de 13/10 se não se cumular com outro no âmbito da mesma ação judicial
nem constituir incidente ou dependência de ação pendente. Nomeadamente, assim sucederá
quando já tiver transitado a ação de divórcio. No entanto, admite ser possível a dedução
desse pedido em ação subsequente de regulação do exercício das responsabilidades
parentais, por o interesse dos filhos ser um dos fatores mais relevantes na decisão do
destino da casa de morada da família.
78
Pg. 700.
79
Acessível em www.dgsi.pt.
45
de prazos sobretudo quando determinada por razões que não emanam da essência do
regime das conservatórias; A contagem do prazo de apresentação da oposição prevista no
art. 7º, nº 2 deste diploma deve ser efetuada ao abrigo do regime previsto no art. 228º do
CRC”.
Ainda assim, por se revelar de importante relevância, até pelo fim pretendido pelo
procedimento, que é a obtenção de consenso das partes quanto ao pedido de atribuição da
casa de morada da família, haja ou não oposição, defende-se que deve o conservador
designar dia para a realização de uma tentativa de conciliação a ocorrer no prazo de 15
dias, como prescreve o artigo 7.º, n.º 4 do DL n.º 272/2001, de 13/10.
80
Pg. 53.
46
e requererem a produção de novos meios de prova, sendo de seguida o processo,
devidamente instruído, remetido ao tribunal judicial de 1.ª instância competente em razão
da matéria no âmbito da circunscrição a que pertence a conservatória.
Tal deverá ocorrer também quando o requerido não conteste o pedido em virtude de
a revelia ser inoperante quanto ao pedido de atribuição da casa de morada da família apesar
do preceito omitir esta situação. De facto, esta é a única solução que permite que seja
proferida uma decisão quanto ao pedido, não podendo o conservador decidir por
inexistência dos necessários pressupostos exigidos na lei.
81
Neste sentido vide Ac. do TRL de 27/09/2012, acessível em www.dgsi.pt.
82
Acessível em www.dgsi.pt.
83
Lei que adota medidas de proteção das uniões de facto.
47
entendimento que o pedido de atribuição da casa de morada da família não pode ser
apresentado nas conservatórias, pois, nunca pode o conservador fazer o que o próprio juiz
não pode, isto é, decidir da atribuição da casa sem que esteja declarada judicialmente a
dissolução da união de facto. No entanto, já se aceita consentâneo com o fim visado pelo
DL n.º 272/2001, de 13/10, que tendo sido declarada judicialmente a dissolução da união
de facto, por decisão transitada em julgado, em ação que siga o regime processual das
ações de estado, possa o membro interessado na atribuição da casa de morada da família,
lançar mão do procedimento tendente à formação do acordo das partes, previsto nos artigos
5.º e ss. do citado diploma legal.
Porquanto vivem em união de facto, aquelas pessoas não unidas entre si através do
casamento, mas que vivem em comunhão de leito, mesa e habitação. Ou seja, traduz-se na
situação que existe entre duas pessoas que não são casadas mas vivem uma com a outra
como se o fossem. É exigida a unidade ou exclusividade da união de facto, não sendo
tuteladas as relações passageiras nem o concubinato, ainda que duradouro. E dela não
fazem parte as relações passageiras ou fortuitas porque as mesmas são destituídas de uma
duração que possa criar a aparência no mundo exterior, para os outros, da vivência de duas
pessoas como se casadas fossem. E com respeito ao concubinato, inexiste comunhão de
mesa e habitação.
84
Alterada pela Lei n.º 23/2010, de 30/08.
48
económicas, passando o casal jovem, as mais das vezes, a integrar o agregado familiar de
um deles.
Com a Lei n.º 7/2001, de 11/05, no artigo 1.º, n.º 2, passou a reconhecer-se a
existência de união de facto, com respeito a pessoas que vivam em condições análogas às
dos cônjuges, há mais de dois anos, independentemente do sexo.
Para que seja reconhecida uma união de facto entre duas pessoas, de diferente sexo
ou não, é necessária a existência entre estas de uma comunhão de vida, em condições
análogas às dos cônjuges e com estabilidade, exigindo a lei que a mesma perdure há mais
de dois anos.
85
Volume I, pg. 561.
86
Volume I, pg. 56.
87
Quanto à apreciação deste impedimento, decidiu-se no Ac. do STJ de 22/05/2013, acessível em
www.dgsi.pt que “Estando à data da cessação da união de facto um dos unidos que vivia em situação
adulterina, já liberto do vínculo conjugal por ter sido decretado o divórcio por sentença transitada em julgado,
menos de dois anos antes da data de cessação da união de facto, esse facto não integra a exceção impeditiva
da atribuição de efeitos jurídicos à união de facto prevista no art. 2º c) da Lei 7/2001, de 11.5. O requisito de
estabilidade da união de facto que a lei coloca no período de dois anos não exige que a dissolução do
casamento de um dos membros que viveu em união de facto tenha ocorrido há pelo menos dois anos em
49
tiver sido decretada a separação de pessoas e bens, parentesco na linha reta ou no 2.º grau
da linha colateral ou afinidade na linha reta, e condenação anterior de uma das pessoas
como autor ou cúmplice por homicídio doloso ainda que não consumado contra o cônjuge
do outro (artigo 2.º).
A prova mais usual será a testemunhal, com a audição das pessoas que conheçam o
casal e que tenham conhecimento direto de factos reveladores da existência de uma
comunhão de leito, mesa e habitação entre aqueles.
Mas hoje, porventura, a melhor prova será aquela que resultar das declarações de
parte, nos termos do artigo 466.º do CPC, as quais são livremente apreciadas pelo tribunal,
salvo se constituírem confissão (n.º 3). Para que possam ter lugar, até ao início das
alegações orais em primeira instância, a parte tem de requerer a sua prestação de
declarações, as quais apenas são admissíveis quanto a factos em que tenha intervindo
pessoalmente ou de que tenha conhecimento direto. É o que sucede, inequivocamente,
quanto à prova que pode ser feita pela parte quanto à existência da união de facto, pois é a
mesma que melhor saberá quanto se iniciou, como era a vida do casal, quando cessou e
porque motivos.
relação à data em que cessou, consensualmente, a união de facto que, no caso, perdurou cerca de 14 anos.
Tendo a união de facto cessado quando um dos membros dessa união já estava divorciado não se exige que o
estado de divorciado perdure há dois anos, não existindo, no caso vertente, possibilidade de concorrência ou
disputa de direitos, por exemplo, previdenciais ou outros, como a atribuição da casa de morada de família
entre o cônjuge e o unido de facto.”
88
“O estatuto legal da união de facto é incompatível com casamento não dissolvido de um dos companheiros,
o que não obsta à eventual relevância da figura da “economia comum” e da proteção legal que lhe está
associada, mormente em matéria de direito real de habitação da casa de morada de família” – cfr. Ac. do
TRC de 25/05/2010, acessível em www.dgsi.pt.
50
Pode a parte também se socorrer de prova documental, designadamente, atestado
emitido pela Junta de Freguesia89 que ateste a vida e a residência das partes, a qual admite
prova em contrário.
No artigo 3.º da Lei n.º 7/2001, de 11/05 estão mencionados os efeitos da união de
facto, embora essa enunciação não seja taxativa. No entanto à união de facto não são
aplicáveis as normas referentes ao casamento.
A união de facto extingue-se com o falecimento de um dos membros (artigo 8.º, n.º
1, al. a) da Lei n.º 7/2001, de 11/05), por vontade de um dos seus membros (artigo 8.º, n.º
1, al. b)) e com o casamento de um deles (artigo 8.º, n.º 1, al. c)).
89
O artigo 34.º do DL n.º 135/99, de 22/04, sob a epígrafe “atestados emitidos pelas juntas de freguesia”
dispõe que: “1.- Os atestados de residência, vida e situação económica dos cidadãos, bem como os termos de
identidade e justificação administrativa, passados pelas juntas de freguesia nos termos das alíneas f) e q) do
n.º 1 do Decreto-Lei n.º 100/84, de 29 de março, devem ser emitidos desde que qualquer dos membros do
respetivo executivo ou da assembleia de freguesia tenha conhecimento direto dos factos a atestar, ou quando
a sua prova seja feita por testemunho oral ou escrito de dois cidadãos eleitores recenseados na freguesia ou,
ainda, mediante declaração do próprio. (…) 3.- Não está sujeita a forma especial a produção de qualquer das
provas referidas, devendo, quando orais, ser reduzidas a escrito pelo funcionário que as receber e
confirmadas mediante assinatura de quem as apresentar”.
51
Entre os efeitos decorrentes da união de facto prescritos na Lei n.º 7/2001, de 11/05,
no artigo 3.º, al. a) está consagrado que as pessoas que vivem em união de facto nas
condições previstas naquela lei, têm direito a proteção da casa de morada da família, nos
termos ali definidos. E, uma vez dissolvida a união de facto, surgem frequentemente
posições diferentes entre os membros quanto à sua atribuição.
Dispõe o artigo 4.º da Lei n.º 7/2001, de 11/05 que em caso de rutura da união de
facto é aplicável o disposto nos artigos 1105.º e 1793.º do CC.
A casa de morada da família pode ser um bem próprio ou comum dos membros ou
ser arrendada.
Entende-se que não poderá ser atribuída a casa de morada da família a um dos
membros da união de facto, a seu pedido, se o outro apenas detiver o imóvel em
compropriedade com terceiros, por exemplo, com os seus filhos de um anterior casamento
ou união. De facto, não se pode impor judicialmente a constituição de um arrendamento a
quem é estranho à união de facto que existiu.
Quando um dos unidos pretenda que a casa de morada da família lhe seja atribuída
terá, conjuntamente com esse pedido, de pedir também a declaração judicial de dissolução
da união de facto. É o que impõe o artigo 8.º, n.º 1, al. b) e n.º 2, do qual decorre que,
quando a dissolução da união de facto resultar da vontade de um dos membros, a mesma
tem de ser judicialmente declarada quando pretendam fazer valer direitos que dela
dependam. A declaração judicial de dissolução da união de facto tem de ser proferida na
ação mediante a qual o interessado pretende exercer direitos dependentes da dissolução da
união de facto, ou em ação que siga o regime processual das ações de estado (n.º 3).
90
Volume I, pg 83.
52
civil mas no tribunal, como resulta do artigo 5.º, n.º 2, do Decreto-lei n.º 272/2001, de
13/10.
Trata-se de uma norma que tutela o cônjuge sobrevivo, para lhe permitir continuar a
viver na casa onde fixou o seu centro de vida familiar.
Caducam esses direitos se o cônjuge não habitar a casa por prazo superior a um
ano, salvo nos casos previstos no n.º 2, do artigo 1093.º do CC91. E assim é porque, como
consta do preâmbulo do DL n.º 496/77, de 25/11, diploma que introduziu o artigo 2103.º-A
do CC esse direito teve por fundamento “assegurar ao cônjuge sobrevivo a possibilidade de
91
Consideram-se sempre como vivendo com o arrendatário em economia comum a pessoa que com ele viva
em união de facto, os seus parentes ou afins na linha reta ou até ao 3.º grau da linha colateral, ainda que
paguem alguma retribuição, e bem assim as pessoas relativamente às quais, por força da lei ou de negócio
jurídico que não respeite diretamente à habitação, haja obrigação de convivência ou de alimentos.
53
continuar vivendo no ambiente que era seu”, referido por Nuno de Salter Cid92. E este
mesmo autor aí defende que se o membro sobrevivo da união de facto “sem razão
atendível, não habita a casa por mais de um ano, deixa de justificar-se que continue a
usufruir do benefício que lhe foi concedido relativamente aos demais herdeiros”.
Este preceito é aplicável quanto a casa da família era bem próprio do de cuius,
quando era bem comum do casal ou lhes pertencia em compropriedade. Mas “a proteção
apenas existe se a casa for objeto de partilha, i. e., se o de cuius, podendo fazê-lo, não tiver
legado, válida e eficazmente (cf. Arts. 2030.º e 2179.º ss. do CC), a casa (o direito que
tinha sobre ela) a terceiro, ao abrigo da faculdade de disposição para depois da morte que
lhe conferia o art. 1685.º, n.º 1, do CC.” - cfr. Nuno de Salter Cid93. Segundo este mesmo
autor, o pedido de encabeçamento tem de ser formulado na conferência de interessados e
não no momento da partilha, citando na pg. 374, na nota 168, o Ac. do TRP de 19/02/1991,
in C. J., Ano XVII, Tomo I, pgs. 249 e ss., que se pronunciou no sentido que o pedido deve
ser formulado até à conferência.
E até à partilha do imóvel, pode o cônjuge sobrevivo continuar a usar a casa como o
fazia em vida do falecido, por sobre a mesma, conjuntamente com os demais herdeiros, ter
os mesmo direitos e obrigações, por aplicação analógica do artigo 2074.º do CC95.
92
Obra citada, pg. 375.
93
Ibidem, pg. 370.
94
Acessível em www.dgsi.pt.
95
Cfr. último acórdão citado.
54
Considera-se recheio o mobiliário e demais objetos ou utensílios destinados ao
cómodo, serviço e ornamentação da casa (artigo 2103.º-C do CC).
96
Acessível em www.dgsi.pt.
97
“O legislador de 2010, tendo em atenção que a atribuição deste direito real onera o direito de propriedade
dos sucessores do membro da união de facto falecido, numa composição de interesses contrapostos, entendeu
excluir aquele direito nas situações em que o membro sobrevivo dispunha de uma casa própria, com uma
localização próxima, onde podia estabelecer a sua habitação” – cfr. Ac. do TRC de 19/02/2013, acessível em
www.dgsi.pt.
55
Se o arrendatário falecer nos seis meses anteriores à data da cessação do contrato, o
transmissário tem direito de permanecer no locado por período não inferior a seis meses a
contar do decesso.
No que se refere aos unidos de facto, dispõe o artigo 5.º da Lei n.º 7/2001, de 11/05
sobre a proteção da casa de morada da família em caso de morte.
98
Este diploma legal foi alterado pela retificação n.º 24/2006, de 17/04 e Lei n.º 31/2012, de 14/08.
99
Neste sentido vide Ac. do TRL de 07/11/2013, acessível em www.dgs.pt.
56
prazo de cinco anos, como titular de um direito real de habitação e de um direito de uso do
recheio (n.º 1, do artigo 5.º). No entanto, este direito não é conferido ao membro sobrevivo
da união de facto, se o mesmo tiver casa própria na área do respetivo concelho da casa de
morada da família. No caso das áreas dos concelhos de Lisboa ou do Porto incluem-se os
concelhos limítrofes (n.º 6, do artigo 5.º).
Nos casos em que a união de facto teve início há mais de cinco anos antes da morte,
o membro sobrevivo pode permanecer na casa por tempo igual ao da duração da união (n.º
2, do artigo 5.º).
100
Neste sentido vide Ac. do TRL de 16/05/2013, acessível em www.dgsi.pt.
57
Durante o tempo em que habitar o imóvel, o membro sobrevivo tem direito de
preferência em caso da sua alienação (n.º 9, do artigo 5.º).
Exige, no entanto, o n.º 2 do citado preceito que, para que possa ocorrer a
transmissão da posição de arrendatário, o transmissário, membro sobrevivo da união de
facto ou pessoa que vivia com o falecido em economia comum, à data da morte do
arrendatário, resida no locado há mais de um ano.
Note-se que, diferentemente do prescrito no artigo 1.º, n.º 2 da Lei n.º 7/2001, de
11/05, parece resultar do artigo 1106.º, n.º 1, al. b) e n.º 2 que para o funcionamento da
proteção aí conferida bastará a existência de uma união de facto com a duração de mais de
um ano, e que os seus membros tenham residido no locado por mais de um ano à data da
morte do arrendatário101.
101
José França Pitão, in “Uniões de Facto e Economia Comum”, pg. 205, defendeu ser infeliz a redação dada
ao artigo 1106.º do CC por aí se estabelecer um prazo de duração mínima de um ano de residência o qual é
inconsequente “na medida que os efeitos da união de facto só se produzem quando esta dure há mais de dois
anos”.
102
Pgs. 77 e 78.
58
vivesse em união de facto; acrescenta que a duração dessa convivência deverá existir há
mais de um ano.
Tal questão não se coloca com o prescrito no artigo 57.º, n.º 1, al. b) da Lei n.º
6/2006, de 27/02, uma vez que aí se determina, expressamente, que tem direito à
transmissão do arrendamento quem vivia em união de facto há mais de 2 anos, com
residência no locado há mais de um ano. “O unido de facto tem agora um tratamento
jurídico menos favorável do que tinha antes, pois enquanto não completar um ano de
residência no local arrendado (desde que à data da morte do arrendatário a união de facto
dure há mais de 2 anos) não tem direito a suceder na posição contratual do arrendatário.
Faltando tal requisito, o contrato caduca e o unido de facto terá de desocupar a casa no
prazo de 6 meses, como determina o artigo 1053.º do CC” – cfr. Olinda Garcia, in
“Arrendamento Urbano Anotado”103.
59
uma separação do casal, mas por motivos compreensíveis, devendo beneficiar da sua
atribuição.
A Lei n.º 6/2001, de 11/05 consagra medidas de proteção das pessoas que vivam
em economia comum. Mas a proteção que resulta dessa lei apenas é aplicável às pessoas
que vivam em economia comum há mais de dois anos (artigo 1.º, n.º 1).
A coabitação em união de facto não impede a aplicação da referida lei (artigo 1.º,
n.º 3).
A Lei n.º 6/2001, de 11/05 é aplicável a agregados constituídos por duas ou mais
pessoas, desde que pelo menos uma delas seja maior de idade (artigo 2.º, n.º 2),
independentemente de serem ou não da mesma família ou do mesmo ou de diferente sexo.
Para o que no presente importa, o artigo 4.º, als. d) e e) consagra uma proteção às
pessoas que vivam em economia comum, há mais de dois anos, no que se refere à casa de
morada comum, nos termos do artigo 5.º e à transmissão do arrendamento por morte.
60
Assim, em caso de morte da pessoa proprietária da casa de morada comum, as
pessoas que com ela tenham vivido em economia comum há mais de dois anos têm direito
real de habitação sobre a mesma, pelo prazo de cinco anos, e, no mesmo prazo, direito de
preferência na sua venda (artigo 5.º, n.º 1).
O direito conferido por esse preceito não pode ser exercido caso ao falecido
sobrevivam descendentes ou ascendentes que com ele vivessem há pelo menos um ano e
pretendam continuar a habitar a casa, ou no caso de disposição testamentária em contrário
(artigo 5.º, n.º 2) e no caso de sobrevivência de descendentes menores que não coabitando
com o falecido demonstrem ter absoluta carência de casa para habitação própria (artigo 5.º,
n.º 3).
O direito à transmissão prescrito no artigo 57.º, n.º 1 da citada lei não se verifica se
à data da morte do arrendatário, o titular desse direito tiver outra casa, própria ou
arrendada, na área dos concelhos de Lisboa ou do Porto e seus limítrofes ou no respetivo
concelho quanto ao resto do país (n.º 3 do artigo mencionado).
61
na falta de acordo entre as partes, o disposto para os contratos com prazo certo, pelo
período de 2 anos (artigo 57.º, n.º 5).
Salvo no caso previsto na alínea e), do n.º 1, do artigo 57.º, quando a posição do
arrendatário se transmita para filho ou enteado nos termos da alínea d) do mesmo número,
o contrato fica submetido ao NRAU na data em que aquele adquirir a maioridade ou, caso
frequente o 11.º ou o 12.º ano de escolaridade ou cursos de ensino pós-secundário não
superior ou de ensino superior, na data em que perfizer 26 anos, aplicando-se, na falta de
acordo entre as partes, o disposto para os contratos com prazo certo, pelo período de 2 anos
(artigo 57.º, n.º 6).
62
CAPÍTULO 4 - CONCLUSÕES
Não definindo a lei o que é a casa de morada da família, poderá esta ser definida
como o local onde a família fixou a sua residência, onde vive e convive, onde tem o seu
centro de vida familiar com permanência e habitualidade.
63
A atribuição provisória da casa de morada da família deve ser deferida ao cônjuge
que mais necessite dela, tendo em conta o interesse dos filhos, mas, como contrapartida
dessa utilização exclusiva, deverá ser fixada em favor do outro cônjuge uma contrapartida
monetária.
III- Por sua vez, o procedimento de atribuição da casa de morada da família carece
de pedido do interessado, não podendo ser decidido oficiosamente pelo tribunal.
64
Sendo um processo de jurisdição voluntária, na decisão a proferir, o julgador não
está vinculado a critérios de legalidade estrita, podendo proferir a decisão que lhe parecer
mais justa e equilibrada.
O pedido de atribuição da casa de morada da família pode ser deduzido quer a casa
seja um bem comum ou próprio do outro cônjuge, ou serem aqueles titulares, ou um deles,
de um direito de uso da casa que permita a constituição de uma relação jurídica de
arrendamento tendo por objeto a casa onde o casal teve o seu centro de vida familiar em
comum.
Nos termos do artigo 1793.º do CC, os fatores a ponderar pelo julgador são as
necessidades de cada um dos cônjuges e o interesse dos filhos do casal. Estes fatores não
têm qualquer prevalência de uns sobre os outros, cabendo ao julgador atribuir-lhe maior ou
menor relevância, de acordo com a sua prudente apreciação e valoração, mas sem deixar de
dar especial relevo ao interesse dos filhos menores.
Nos termos do artigo 1105.º, n.º 2 do CC, na falta de acordo dos cônjuges, em caso
de divórcio ou separação judicial de pessoas e bens, cabe ao tribunal decidir, pela
transmissão ou concentração a favor de um deles do arrendamento sobre a casa de morada
da família, tendo em conta as necessidades de cada um, os interesses dos filhos ou outros
fatores relevantes.
Proferida sentença a atribuir a uma das partes a casa de morada da família, será
constituída uma relação jurídica de arrendamento imposta judicialmente, na qual o tribunal
65
deve definir as condições do contrato, pelo menos quanto à duração e montante da renda a
pagar. Quanto às condições do contrato de arrendamento não definidas por decisão
judicial, valem as regras gerais do arrendamento.
Com respeito ao pagamento da renda, se o imóvel ainda não estiver partilhado entre
os cônjuges, pagará o arrendatário metade desse valor ao ex-cônjuge, caso seja bem
próprio daquele, pagar-lhe-á a totalidade da renda. Se, realizada a partilha, o imóvel for
adjudicado ao arrendatário, extingue-se o arrendamento, se for ao outro ex-cônjuge, é
devido o pagamento integral da renda.
Tem-se este entendimento por se defender que o cônjuge que não utiliza a casa tem
direito a ser compensado pelo outro por essa ocupação exclusiva, o que será de elementar
justiça nos casos em que ambos estão obrigados ao pagamento do crédito hipotecário pela
66
sua aquisição. Nestes casos também se defende que a atribuição da casa de morada da
família deverá ter uma limitação temporal, designadamente o tempo necessário, que se
entende ser não superior a dois anos, para o cônjuge que fica com a atribuição da utilização
da casa lograr a transferência do crédito hipotecário para a sua titularidade exclusiva, ou,
não tendo condições económicas para o efeito, não podendo onerar-se a vida do outro com
um pagamento hipotecário, que sabemos que é quase para toda a vida, terá de ser até à
venda do imóvel ou, então, o mesmo terá de ser adjudicado ao cônjuge que possa pagar os
encargos com a sua aquisição, pagando as respetivas tornas ao outro, caso o valor do
imóvel seja superior aos encargos bancários que o oneram.
Nos termos do disposto no artigo 1793.º, n.º 2, 2.ª parte do CC o tribunal pode
resolver o contrato de arrendamento, a requerimento do senhorio, quando circunstâncias
supervenientes o justifiquem.
67
ou inexistindo esta, nos casos em que não deva considerar-se confessados os factos
indicados pelo requerente, o conservador marca tentativa de conciliação, a realizar no
prazo de 15 dias”. Em consequência, também o artigo 8.º da referida lei deveria ser
alterado, na parte inicial, nos seguintes termos “Tendo havido oposição do requerido ou
constatando-se a impossibilidade de acordo, (…)”.
VI- Nos termos do artigo 4.º da Lei n.º 7/2001, de 11/05, em caso de rutura da
união de facto, é aplicável o disposto nos artigos 1105.º e 1793.º do CC.
Entende-se que não poderá ser atribuída a casa de morada da família a um dos
membros da união de facto, a seu pedido, se o outro apenas detiver o imóvel em
compropriedade com terceiros, por exemplo, com os seus filhos de um anterior casamento
ou união. E tem-se este entendimento por se defender que não se pode impor judicialmente
a constituição de um arrendamento a quem é estranho à união de facto que existiu.
VII- O cônjuge sobrevivo, nos termos do artigo 2103.º-A do CC, tem direito a ser
encabeçado, no momento da partilha, no direito de habitação da casa de morada da família
e no direito de uso do respetivo recheio, devendo tornas aos co-herdeiros se o valor
recebido exceder o da sua parte sucessória e meação, se a houver. Este pedido tem de ser
formulado na conferência de interessados.
E até à partilha do imóvel, pode o cônjuge sobrevivo continuar a usar a casa como o
fazia em vida do falecido, por sobre a mesma, conjuntamente com os demais herdeiros, ter
os mesmo direitos e obrigações, por aplicação analógica do artigo 2074.º do CC.
68
por morte do arrendatário quando lhe sobreviva, cônjuge com residência no locado, pessoa
que com ele vivesse em união de facto há mais de um ano e pessoa que com ele vivesse em
economia comum há mais de um ano. Nas duas últimas hipóteses mencionadas, a
transmissão da posição de arrendatário depende de, à data da morte do arrendatário, o
transmissário residir no locado há mais de um ano.
No que se refere aos unidos de facto, dispõe o artigo 5.º da Lei n.º 7/2001, de 11/05
sobre a proteção da casa de morada da família em caso de morte.
VIII- O artigo 4.º, als. d) e e) da Lei n.º 6/2001, de 11/05 consagra uma proteção às
pessoas que vivam em economia comum, há mais de dois anos, no que se refere à casa de
morada comum, nos termos do artigo 5.º e à transmissão do arrendamento por morte.
69
Índice Bibliográfico e de Jurisprudência
Carlos Pamplona Corte-Real e José Silva Pereira, Direito da Família, Tópicos para uma
Reflexão Crítica, AAFDL, 2008.
Carvalho, Telma, A união de facto: a sua eficácia jurídica, Comemorações dos 35 Anos do
Código Civil e dos 25 Anos da Reforma de 1977, Volume I, Direito da Família e das
Sucessões, Coimbra Editora, 2004.
Cid, Nuno de Salter, A Proteção da Casa de Morada da Família no Direito Português, Liv.
Almedina, Coimbra, 1996.
Cid, Nuno de Salter, A alteração do acordo sobre o destino da casa de morada da família,
Comemorações dos 35 Anos do Código Civil e dos 25 Anos da Reforma de 1977, Volume
I, Direito da Família e das Sucessões, Coimbra Editora, 2004.
Dias, Cristina M. Araújo, Uma Análise do Novo Regime Jurídico do Divórcio, Almedina,
2009.
Fialho, António José, Guia Prático do Divórcio e das Responsabilidades Parentais, Edição
do Centro de Estudos Judiciários, 2012.
Francisco Pereira Coelho & Guilherme de Oliveira, Curso de Direito da Família, Volume I,
4.ª edição, Coimbra Editora, outubro de 2011.
Leal, Ana Cristina Ferreira de Sousa, Guia Prático do Divórcio, Almedina, 2014.
70
Oliveira, Guilherme, Transformações do direito da família, Comemorações dos 35 Anos do
Código Civil e dos 25 Anos da Reforma de 1977, Volume I, Direito da Família e das
Sucessões, Coimbra Editora, 2004.
Pinheiro, Jorge Duarte, O Direito da Família Contemporâneo, 3.ª edição, AAFDL, 2011.
Pires de Lima e Antunes Varela, Código Civil Anotado, vol. IV, 2.ª edição, Coimbra
Editora, 1992.
Pitão, José António de França, Uniões de Facto e Economia Comum, 3.ª edição, Almedina,
2011.
Ramião, Tomé d´Almeida, O Divórcio e Questões Conexas, Regime Jurídico Atual, Quid
Juris, 2009.
Varela, Antunes, Direito da Família, 1.º Volume, 5.ª edição, Livraria Petrony, Lda.,1999.
Jurisprudência
71
- Ac. do STJ de 09/10/2008, processo n.º 08A2211;
72
- Ac. do TRL de 16/05/2013, processo n.º 7244/04.4TBCSC.L1-6;
73