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Cap. 2 - Combustao de Gases - Parte 4

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IPT CURSO DE COMBUSTÃO INDUSTRIAL AET

5 INTERCAMBIALIDADE DE COMBUSTÍVEIS

O objetivo deste capítulo é estudar a substituição de combustíveis, tendo como


pressuposto manter a produção e o rendimento térmico.
Há situações em que pode ocorrer colapso de fornecimento de combustível, nestes casos
é interessante dispor de alternativas de substituição de um combustível por outro, por exemplo;
combustível gasoso por outro combustível gasoso, ou por combustível líquido ou até mesmo por
sólido, e também vice-versa, evitando deste modo a interrupção da produção.
O termo "intercambialidade de combustíveis" implica na substituição de combustíveis
utilizando-se o mesmo sistema de combustão e sem a necessidade de atuação na regulagem do
sistema de combustão; isto só é possível quando ocorrer a substituição de combustíveis do
mesmo estado, ou seja gás por gás, líquido por líquido ou sólido por sólido.

Ao se estudar a substituição de combustíveis é necessário analisar todas as etapas


envolvidas na utilização dos combustíveis; algumas destas etapas podem ser visualizadas no
diagrama apresentado na figura 5.1.

RECEPÇÃO

ARMAZENAGEM

PREPARAÇÃO
(BENEFICIAMENTO)

ALIMENTAÇÃO

COMBUSTÃO

TROCA DE CALOR

EXAUSTÃO
(EMISSÃO AO MEIO AMBIENTE)

Figura 5.1 - Diversas etapas da utilização dos combustíveis

Somente os tópicos de combustão e troca de calor serão abordados neste capítulo deste
curso de combustão. Deve-se ressaltar que existem muitas diferenças entre as aplicações
domésticas/comerciais da industrial, destacando-se:

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• nas aplicações domésticas e comerciais os queimadores, em geral, são do tipo


atmosférico, enquanto que nas aplicações industriais freqüentemente a combustão
ocorre em câmaras confinadas (fornalhas).

• o usuário industrial normalmente tem equipamentos controlados por instrumentos e


dispositivos com automação, além de contar com supervisores e operadores treinados
para realizar regulagens necessárias para manter a combustão em condições
apropriadas.

Portanto, as preocupações e responsabilidades das substituições de combustíveis em


aplicações domésticas/comerciais são das empresas fornecedoras de combustíveis, por exemplo
as empresas de gás canalizado fornecem gases intercambiáveis quando for necessário, e os
usuários em geral sequer são notificados pelos fornecedores.

O usuário industrial, por sua vez, se pretender realizar a substituição de combustível no


seu processo de aquecimento, deve inicialmente avaliar algumas propriedades e características
dos combustíveis, e parâmetros que interferem nas trocas de calor; levando em consideração as
dimensões e geometrias dos equipamentos.

Apresentamos a seguir algumas análises sobre combustíveis e sobre trocas de calor de


forma qualitativa para orientar o usuário quanto à adequação da substituição de um combustível
por outro.

5.1 Mecanismos de Trocas de Calor em Processos de Combustão

Os mecanismos de trocas de calor entre chamas, gases de combustão e a carga são


basicamente de convecção e radiação.

A equação da troca de calor por convecção é:

Qc = A.h.(Tg-T1) (5.1)

onde:
Qc - potência transferida a carga por convecção (W)
A - área da carga exposta aos gases queimados (m2)
h - coeficiente de transmissão de calor por convecção (W/m2K)
Tg - temperatura dos gases nas proximidades da área da carga (K)
T1 - temperatura da superfície da área da carga (K)

O coeficiente h pode ser avaliado por:


h =Nu.Kg/L (5.2)

e
Nu = cte.Rem.Prn [número de Nusselt] (5.3)

Re = Vg.D.ρg/Ug [número de Reynolds] (5.4)

Pr = CPg.Ug/Kg [número de Prandtl] (5.5)

com:
ρg - massa específica dos gases (kg/m3)

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Kg - condutividade dos gases (W/m.K)


Vg - velocidade dos gases nas proximidades da área da carga (m/s)
CPg- calor específico dos gases (J/kg.K)
Ug- viscosidade dos gases (kg/m.s)
L e D- dimensões características da área da carga
m,n- constantes, em geral; 0,3 < m < 0,8

As equações das trocas de calor por radiação são apresentadas no capítulo , "Interação
entre chamas e câmaras de combustão" [22], entretanto para avaliar a ordem de grandeza da
radiação utilizaremos o equacionamento desenvolvido no item "Modelo de câmara de combustão
perfeitamente misturado", e o "Método simplificado de Hottel" [22]. As equações desenvolvidas
são:

Qr = (GS1)r.σ.(Tg4-T14) (5.6)

e
(GS )r = 1 / C . E A+ 1 / E
1
s 1
t

g −1
(5.7)

onde:

Qr - potência transferida a carga por radiação(W)


(GS1)r - área global de troca de calor por radiação(m2)
σ - constante de Stefan-Boltzman(5,67.10-4 kW/m2K4)
At - área total interna da câmara de combustão(m2)
Cs - relação entre área da carga (A1) e área total da câmara (At)
E1 - emissividade da área da carga
Eg - emissividade dos gases de combustão

5.2 Características dos Combustíveis

As propriedades e parâmetros dos combustíveis que interferem na troca de calor são:

• composição (determina a composição dos gases queimados)


• entalpia de reação (poder calorífico) (J/kg ou J/Nm3)
• volume gerado de gases de combustão (m3)
• temperatura dos gases queimados (K)

A seguir apresentamos as características de alguns combustíveis mais utilizados nas


indústrias.

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COMB PCI GASES DE COMBUSTÃO COM AR PCI/


ESTEQUIOMETRICO VOLtot
N2 CO2 H2O VOLtotal(m3)
MJ/m3 % % % POR m3 DE MJ/Nm3
COMBUSTÍVEL

A - H2 10,8 66,2 0 33,8 2,85 3,79


B - CO 12,6 65,5 34,5 0 2,88 4,37
C - CH4 35,9 72,1 9,5 18,4 10,5 3,42
D - C2H6 64,3 73 11 16 18,3 3,51
E - C2H2 55,5 75,8 16,1 8,1 12,4 4,47
F- C3H8 93,2 73,4 11,6 15 26,3 3,54
G - C4H10 123,4 73,6 11,9 14,5 34,7 3,56
H - CH3OH 32,1 65,9 11,6 22,5 8,97 3,58
I - C2H5OH 63 69,8 12,3 17,9 17,7 3,56
J - GN 31,7 72,5 9,6 17,9 9,4 3,37
K - COG 19,4 70,2 8,6 21,2 5,89 3,29
L - GDA 10,5 65,2 16,5 18,3 2,79 3,76
M - GP 4,62 72,4 17,5 10,1 1,88 2,46
N -GAF 3,73 74,3 23,3 2,4 1,63 2,29
O - GR 38,2 76,7 8,84 14,4 13,14 2,91
P - GN+N2 25,1 72,6 9,1 18,3 7,66 3,28
Q - GLP+AR 61,7 73,6 11,9 14,5 17,3 3,56

COMPONENTES DO GÁS COMBUSTÍVEL


NOME
DO GÁS H2 CO CH4 C2H6 C3H8 C4H10 CO2 N2

J -NATURAL 0 0 81 2,9 0,4 0,2 0,9 14,3


K -COQUERIA 53 6,3 32 2,7 1 0 1,8 3,4
L- D`AGUA 49,9 43 0,5 0 0 0 3 3,3
M -POBRE 16,5 24 1,2 0 0 0 7,5 50,2
N -ALTO FORNO 3 28 0,5 0 0 0 10 58
O -REFINARIA 13,5 0 37 32,7 2 0,9 0 13,6
P -CH4+N2 0 0 70 0 0 0 0 30
Q -C4H10+AR 0 0 0 0 0 50 0 39,5

Tabela 5.1 - Características de alguns combustíveis gasosos

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COMB PCI GASES DE COMBUSTÃO COM PCI/ % de SO2


AR ESTEQUIOMÉTRICO
VOLtot nos gases
queimados
VOLtotal
N2 CO2 H2O (m3) por
MJ/kg % % % kg de comb MJ/Nm3

L1 OLEO 41,2 74,4 13,9 11,7 11,7 3,51 0,024


L2 OLEO 39,5 74,6 14,1 11,0 11,2 3,51 0,249
L3 OLEO 41,3 74,5 14,1 11,4 11,6 3,56 0,042
L4 OLEO 41,6 74,3 13,7 11,8 11,6 3,58 0,138
L5 OLEO 39,8 74,9 14,4 10,5 11,1 3,59 0,252
L6 OLEO 42,8 74,6 14,2 11,2 11,5 3,72 0,049
2B
L7 OLEO 42,5 74,7 14,3 11,0 11,4 3,73 0,061
9B
L8 DIESEL 42,6 74,1 13,5 12,3 11,9 3,58 0,053
S1 C. MIN 16 75,0 17,2 7,7 4,51 3,55 0,186
S2 C. MIN 20,3 75,2 17,5 7,2 5,70 3,56 0,061
S3 C. VEG 30 76,9 18,8 4,3 8,63 3,48 0,000
S4 LENHA 18,3 68,9 18,1 13,0 4,99 3,67 0,000

COMPOSIÇÃO ELEMENTAR
COMB
C H S N O CINZAS

L1 OLEO 87,3 12,3 0,4 0 0 0


L2 OLEO 84,8 11,1 4 0 0 0
L3 OLEO 87,4 11,8 0,7 0 0 0
L4 OLEO 85,4 12,3 2,3 0 0 0
L5 OLEO 85,6 10,4 4 0 0 0
L6 OLEO 87,1 11,6 0,8 0,5 0 0
2B
L7 OLEO 87,1 11,2 1 0,7 0 0
9B
L8 DIESEL 86 13,1 0,9 0 0 0
S1 C. MIN 41,5 3,1 1,2 0,8 8,4 45
S2 C. MIN 53,3 3,7 0,5 0,4 9,6 32,5
S3 C. VEG 86,9 3,3 0 1,3 6,5 1,9
S4 LENHA 48,3 5,8 0 0,6 44,6 0,5

Tabela 5.2 - Características de alguns combustíveis sólidos e líquidos

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80
70
60 N2

% MOLAR
50
40 H2O
30
CO2
20
10
0
A B C D E F G H I J K LM N O P Q L L L L L L L L S S S S
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4
COMBUSTÍVEL

Gráfico 5.1 - Composição dos gases de combustão de diversos combustíveis

4,5
4
3,5
PCI/VOLtotal

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
A B C D E F G H I J K L MN O P Q L L L L L L L L S S S S
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4
COMBUSTÍVEL

Gráfico 5.2 - Relação PCI/VOLtotal de diversos combustíveis

Gráfico 5.3 - Calor específico médio de CO2,H2O, N2, SO2, etc

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Gráfico 5.4 - Temperatura teórica de chama em função de relação PCI/VOLtot (ordenada)


e calor específico médio (cpm) (ref- N. V. Nederlandse Gasunie, 1980)

5
Óleo (L4) Lenha seca C2H2
CH3OH
4,5 Óleo (L5)
C. Min (S2)
GDA Óleo
2B, 9B CO
4 Óleo (L3)
PCI/VOLtotal (MJ/Nm3)

C2H5OH H2
3,5
CH4 C4H10
C3H8 Diesel
3 GLP+AR
C. Min (S1)
GR COG GN
GP GN+N2 Óleo (L1 e
2,5
L2) C2H6
C. Veg (S3)
GAF
2
1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 2400 2500 2600
TEMPERATURA (K)

Gráfico 5.5 - Relação PCI/VOLtot em função da temperatura


teórica de chama de diversos combustíveis

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5.3 Comparação entre combustíveis

Analisando as características dos combustíveis apresentadas no item anterior, observa-se:

• as composições dos gases de combustão, se o comburente for ar, dos diversos


combustíveis apresentados nas tabelas 5.1 e 5.2 ; com exceção de H2, CO, carvão
vegetal e gás de alto-forno; estão nas seguintes faixas:

65 < N2 < 75
8 < CO2 < 19
7 < H2O < 23
que podem ser visualizadas no gráfico 5.1; portanto: as propriedades de transporte
de calor e massa

massa específica - ρg
calor específico - CPg
condutividade térmica - Kg
viscosidade - Ug

dos gases queimados são praticamente independentes do combustível.

• a relação PCI/VOLtot é a entalpia de reação por volume de gases de combustão e


representa a entalpia sensível referida à água (H2O) no estado vapor, disponível por
volume de gases de combustão, observar o gráfico 5.2.

• a temperatura teórica de chama é praticamente linear em relação a PCI/VOLtot, com


exceção dos gases C2H2, CO, e gás d’água, observar o gráfico 5.5.

• as caracterizações dos combustíveis sólidos foram feitas em base seca; normalmente


os sólidos possuem umidade que deve ser incluída nos resultados das análises.

• os combustíveis que têm enxofre ou elementos que formam as cinzas exigem análises
sobre corrosão de equipamentos e emissões de poluentes, além disso no caso das
cinzas deve-se estudar a forma de retirá-las da câmara de combustão.

• deve-se analisar também o mínimo excesso de ar com que o equipamento pode operar;
normalmente o excesso de ar é menor para equipamentos de potência elevada, e o
combustível sólido requer maior excesso de ar que o combustível líquido ou gasoso.

5.3.1 Comparação entre dois combustíveis

Comparando-se dois combustíveis A e B queimando com ar, excetuando-se os


combustíveis C2H2, CO e as misturas gasosas com esses componentes predominando sobre os
demais combustíveis, observa-se no Gráfico 5.5 as seguintes possiibilidades:

caso a) com (PCI/VOLtot)A = (PCI/VOLtot)B


e (Temp ch)A = (Temp ch)B

caso b) com (PCI/VOLtot)A < (PCI/VOLtot)B


e (Temp ch)A < (Temp ch)B

caso c) com (PCI/VOLtot)A > (PCI/VOLtot)B

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e (Temp ch)A > (Temp ch)B

Admitindo-se que, com ambos combustíveis A e B seja possível obter chamas com a
mesma emissividade de radiação térmica num determinado equipamento, tem-se:

caso a): - para a mesma potência de operação obtém-se o mesmo volume e temperatura
dos gases de combustão, portanto o combustível B poderá substituir o
combustível A e vice-versa.

caso b): - para a mesma potência de operação obtém-se (VOLtot)A > (VOLtot)B e
(Temp ch)A < (Temp ch)B logo, analisando as equações das trocas de calor,
conclui-se que o rendimento térmico com o combustível B deverá ser maior
que com o combustível A; portanto o combustível B poderá substituir o
combustível A.

caso c): - para a mesma potência de operação obtém-se (VOLtot)A < (VOLtot)B e
(Temp ch)A > (Temp ch)B logo, o combustível B não poderá substituir o
combustível A; porque ao operar com o combustível B teremos menor
quantidade de calor transferido, implicando num rendimento e produção
menores. Além disso o sistema de exaustão do equipamento não conseguirá
escoar o acréscimo de volume dos gases de combustão; normalmente os
exaustores e seus motores são dimensionados para operar próximo do ponto
de rendimento máximo, sob pena de operar com baixo rendimento na
exaustão.

Conclui-se portanto, que o combustível B poderá substituir o combustível A se

(PCI/VOLtot)B ≥ (PCI/VOLtot)A

5.4 Avaliação das Trocas de Calor na Câmara de Combustão.

A avaliação das trocas de calor na câmara de combustão poderia ser realizada utilizando-
se diversos manuais e ábacos que permitem determinar a potência transferida por convecção;
entretanto o cálculo da potência transferida por radiação é mais complicado; mesmo com a
simplificação do "modelo de câmara de combustão perfeitamente misturado" , a dificuldade está
nas determinações dos valores dos parâmetros temperaturas e emissividade da chama e dos
gases de combustão; observar o item 5.4.2 Mapeamento da chama.

O "método simplificado de Hottel", apresentado em [22] apresentado no item posterior,


procura contornar estas dificuldades; este método introduz novos parâmetros na análise do
modelo de câmara de combustão perfeitamente misturada, chegando à seguinte equação:
Q`.D` + τ4 = ( 1 - Q`)4 (5.8)

onde:
Q` - eficiência reduzida da fornalha

Q` = (Q/HF).(TAF- T0)/TAF

D` - carga térmica de superfície reduzida

D` = HF /[(GS1)r σ .TAF3.(TAF - T0)]

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τ - relação T1/TAF
HF - potência fornecida à câmara Σm.(h + ∆hr )
h - entalpia sensível
∆hr - entalpia de reação
TAF - temperatura de chama pseudo-adiabática ou
temperatura teórica de chama
T0 - temperatura do meio externo

Esta equação 5.8 foi plotada em gráfico (ver o Gráfico 5.6).


Observa-se que ainda persiste o parâmetro emissividade dos gases de combustão,
entretanto devido à sua simplicidade é possível realizar análise qualitativa das trocas de calor.

Gráfico 5.6 - Desempenho térmico em câmara de combustão ‘método simplificado de


Hottel’ aplicado ao modelo de câmara de combustão perfeitamente misturado(ref.- Hottel,
1971)

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5.4.1 Emissividade dos gases de combustão e da chama

As substâncias presentes nos gases de combustão que emitem radiação térmica são: CO2 ,
H2O e fuligem (CmH)n com m>9 , sendo que somente a fuligem emite em todos os
comprimentos de onda, inclusive na faixa do visível entre 0,38 e 0,76 µm, observar a figura 5.2.

Figura 5.2 - Intensidade de radiação e faixas onde os gases CO2 e H2O emitem radiação [ ]

Os gases combustíveis como H2 e CO não produzem fuligem, portanto as chamas destes


combustíveis são denominados "transparentes"; as emissividade dos gases de combustão destes
combustíveis podem ser avaliadas em ábacos semelhantes aos da figura 5.3.

Os hidrocarbonetos gasosos, em geral, mesmo com baixo excesso de ar produzem


chamas de baixo teor de fuligem, portanto nestes casos a radiação térmica é praticamente devida
à radiação de CO2 e H2O; entretanto é possível produzir chamas com fuligem se o aporte de
oxigênio for estagiado, por exemplo o metano (CH4) produz fuligem se a ignição ocorrer numa
mistura com coeficiente de ar inferior a 0,5.

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Figura 5.3 - Emissividade do vapor d’água e do gás carbônico dimensão característica do


volume de gases (L).

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Os combustíveis líquidos, com exceção do metanol (CH3OH) e etanol (C2H5OH), sempre


produzem chamas com fuligem, portanto nestes casos a radiação térmica da chama devida à
fuligem é preponderante sobre CO2 e H2O. O mesmo ocorrendo com os combustíveis sólidos de
alto teor de voláteis combustíveis, superior a 25%.

Contata-se que os combustíveis hidrocarbonetos com maior relação C/H produzem


chamas com maior teor de fuligem, observar a figura 5.4.

Maiores detalhes sobre formação de fuligem são abordados na referência [23].

Figura 5.4 - Variação da emissividade no mesmo ponto da chama para diversos


combustíveis com diferentes relações C/H [21]

5.4.2 Mapeamento da chama

Medições laboratoriais possibilitam o mapeamento da chama, observar na figura 5.5 os


perfis da fuligem, do CO2, do H2O, do CO e da temperatura ao longo da chama.

A referência [18] aborda também um artigo que apresenta diversos valores obtidos em
experimentos laboratoriais de "Comparação do comportamento entre chama de emulsão de
resíduo asfáltico em água e chama de óleo combustível residual".

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Figura 5.5 - Concentração da fuligem, CO2, H2O e CO e perfil da temperatura a 0,75; 1,5; e
2,7 metros do bocal do queimador numa chama de óleo de 1,8 Mw(Ref.- Johnson, 1971)

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5.4.3 Influência da dimensão da câmara em relação à dimensão da chama na troca de calor

A dimensão da câmara deve ser maior que a dimensão da chama; se ocorrer o contrário
poderá haver extinção das reações de combustão produzindo poluentes como CO e fuligem.
É recomendável que a dimensão em cada direção da câmara seja pelo menos uma vez e
meia ( 1,5 ) maior que a da chama; resultando num volume de câmara da ordem de três vezes o
volume da chama.

A análise da influência da dimensão da câmara na troca de calor pode ser realizada


utilizando-se o gráfico 5.6; supondo que as dimensões da câmara e a temperatura da carga sejam
mantidas fixas, ao variar a potência fornecida à câmara tem-se:

- τ constante
- D` é linearmente proporcional à potência fornecida e é influenciada pelas emissividade
dos gases de combustão e da chama.
A elevação da potência fornecida HF promove um aumento no valor de εg , com a
tendência da elevação do teor de fuligem, conseqüentemente a carga térmica de superfície
reduzida D` aumenta; portanto a eficiência da troca de calor diminui.

A elevação da potência fornecida implica no aumento da taxa volumétrica de combustão


(potência liberada por unidade de volume da câmara).

Esta conclusão da redução da eficiência da troca de calor com a elevação da taxa


volumétrica de combustão tem sido constatada nas medições realizadas em câmaras de
combustão.

Se a dimensão da câmara for muito maior que a da chama, observa-se que além da
radiação da chama, os gases de combustão existentes entre a chama e a carga também
contribuem de forma significativa com a radiação de CO2 e H2O, pois o termo (pL) aumenta com
a elevação do valor de (L) dimensão característica do volume dos gases de combustão, observar
a figura 5.3.

5.5 Intercambialidade

O termo intercambialidade de combustíveis implica na substituição de combustíveis


utilizando-se o mesmo sistema de combustão e sem a necessidade de atuação na regulagem do
sistema de combustão, isto só é possível quando ocorrer a substituição de combustíveis do
mesmo estado, e além disso depende do sistema de combustão existente.

5.5.1 Intercambialidade de combustíveis gasosos

O índice de Wobbe é o parâmetro mais importante para os combustíveis gasosos serem


intercambiáveis, este índice foi definido como:

W = PCI/ d1/2

onde;
PCI - entalpia de reação volumétrico (J/m3)
d - densidade relativa ao ar

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Qual a implicação de dois combustíveis gasosos terem o mesmo índice de Wobbe?


Para responder a esta pergunta vamos realizar as seguintes considerações:

• a potência fornecida a um sistema de combustão é;

POT = (PCI).Vazão(vol)

• a Vazão(vol) é - (Área x velocidade)

• a velocidade é proporcional à raiz quadrada do quociente entre a variação da pressão


no sistema e a massa específica.

vel = cte.(∆P/ρ)1/2

Portanto;

POT = cte. (PCI).(∆P/ρ)1/2

se dois combustíveis gasosos forem fornecidos com a mesma pressão e tiverem o mesmo
índice de Wobbe a potência fornecida será a mesma para os dois combustíveis.

A grande maioria dos sistemas de combustão de gases de aplicação industrial requerem


que:

• os gases tenham o mesmo índice de Wobbe e PCI/VOLtot iguais (vide Gráfico


5.2) para serem intercambiáveis.

Os queimadores atmosféricos (inspiradores de ar primário) e alguns sistemas de


combustão requerem outros índices para serem considerados intercambiáveis; tais como:

• índice de desprendimento e retorno de chama


• índice de pontas amarelas
• índice de aeração, etc.
Maiores detalhes sobre estes índices podem ser vistos na referência Gas Engineers
Handbook, 1974.

5.5.2 Intercambialidade de combustíveis líquidos

O parâmetro mais importante no estudo da intercambialidade de líquidos é a viscosidade,


o valor adequado da viscosidade possibilita o transporte do líquido (alimentação), e também da
nebulização (combustão).

A seguir é apresentado um estudo da substituição de óleo 2A por óleo 7A; os dados


fornecidos são:

- nebulização com fluido auxiliar (ar comprimido)


- combustível: óleo tipo 2A/7A
- vazão de combustível: 40 kg/h

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- vazão de ar de nebulização: 16 Nm3/h


- velocidade do líquido no bocal: Uo = 5,3 m/s
- velocidade do ar no bocal: Ua = 316,7 m/s (blocado)
- massa específica do ar de nebulização: a = 4,62 kg/m3
- equação de Wigg para diâmetro de gotas (SMD)
φ( gota) = 200. h{ . ∆U −1 . W 0,1 .(1 + W / A ) .ρ −0,3 . 12
0 ,5
0,1
ν4 . τ4
0,5 0, 2
3
geometria
1444442444443 caracteristicas
do bocal condiç oesoperacionais fisicas do
− potencia combustivel
− relaç ao ar / combustivel

onde:
h - raio da câmara de mistura (cm) 0,4
∆U - velocidade relativa (m/s) 311,4
W - vazão de líquido (g/s) 11,1
A - vazão de ar (g/s) 5,7
ρ - massa específica do ar (kg/m3) 4,62
τ - tensão superficial do líquido (dinas/cm) (*)
ν - viscosidade do líquido (centistokes) (*)
(*) variáveis dependentes das condições do líquido.

Portanto o diâmetro da gota será:

φ(gota) = 7,0556.ν0,5.τ0,2

A viscosidade e a tensão superficial são funções da temperatura.

log log ν(T) = a + b.log T

τ(T) = c.(d - T)1,2

VISCOSIDADE TENSÃO SUPERFIC. DIAMETRO DE GOTA


TEMP DO
(cst) (dinas/cm) micra
OLEO
(C) 2A 7A 2A 7A 2A 7A

100 89,6 3267 11,6 21,8 109,1 745


120 40,5 1004 6,9 17,3 66,1 396
140 21,6 384 2,7 13 40,1 231
150 16,6 254 0,9 11 28,4 181
160 174 9 144
180 90 5,2 93

5.5.3 Intercambialidade de combustíveis sólidos

Existem diversos parâmetros importantes na análise da combustão de sólidos, tais como:

- teor de voláteis

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- teor de cinzas e sua composição


- curva de destilado X temperatura
- granulometria, etc

Os estudos das influências destes parâmetros estão além do escopo deste curso.

5.6 Exercício para Fixação

Um fabricante de equipamento térmico forneceu os seguintes dados sobre uma caldeira


aquo-tubular:
- capacidade nominal de produção de vapor 77 t/h a T = 440 C , e P = 43 kgf/cm2
- queimadores do tipo multi-combustível; gás de alto-forno, gás de coqueria e óleo
combustível
- coeficiente de ar 1,2 (excesso de 20%)
- superfície de aquecimento 1560 m2
- área da fornalha 210 m2
- volume da fornalha 300 m3
- superfície de aquecimento do super-aquecedor 130 m2
- ventilador de ar de combustão; 105 t/h a 27 C e 180 mmH2O, (125 HP)
- ventilador de exaustão; 175 t/h a 270 C e 280 mmH2O (600 HP)

DADOS OPERACIONAIS DE PROJETO EM DIVERSAS CONDIÇÕES

CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO A B C D E
Pressão no tubulão (kgf/cm2) 47 47 47 47 47
Produção de vapor (t/h) 46 77 77 77 77
Consumo de GAF (Nm3/h) 24.700 42.500 36.900 0 0
Consumo de COG (Nm3/h) 3.370 6.720 0 5.960 0
Consumo de OC (t/h) 0 0 3 2.9 5.4
Ar de combustão (t/h) 45,4 90,7 75 79,5 82
Gases de combustão (t/h) 82 163 132 92 96
Temp dos gases na ent pre-aq-ar (C) 360 430 420 327 327
Temp dos gases saida pre-aq-ar (C) 204 250 240 149 149
Temp do ar na saida pre-aq-ar (C) 305 345 340 237 235

Analisar comparativamente nas diversas operações a influência das substituições dos


combustíveis na eficiência da troca de calor.

Observação: considerar as seguintes informações;


-PCI do óleo 9500 kcal/kg
- dados dos gases

CO H2 CH4 CO2 N2 CnHm ρ(kg/Nm3) PCI (kcal/Nm3)


GAF 22 3 0 21 54 0 1,3 700
GCO 6 62 28 1,3 0 2,7 0,4 4350

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RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

• 1- Observar os dados do ventilador dos gases de combustão; vazão de 175 t/h a 270 C e 280
mmca.

As vazões dos gases de combustão para as diversas condições de operação são:

Cond. de oper A B C D E
Vazão dos gases de 82 163 132 92 96
combustão t/h
Temp. dos gases saída 204 250 240 149 149
Pre-Aq-Ar °C

Portanto, a caldeira foi projetada para operar na condição (B) e também para as outras
condições. Observar a potência do motor elétrico do ventilador de 600 HP.

• 2 - As relações PCI/VOLtot (vide Tabela 5.1 e 5.2), para as diversas condições podem ser
calculadas através da divisão da potência total fornecida via combustível por vazão
volumétrica dos gases de combustão ou vazão mássica.

Cond. de oper. A B C D E
Pot via combustível Gcal/h 31,95 58,98 54,33 53,48 51,30
Pot/gases combustão Kcal/kg 389,6 361,9 411,6 581,3 534,4

Observa-se que:

PCI  PCI  * PCI  PCI  PCI 


B < A < C < E < D
VOLtot  VOLtot  VOLtot  VOLtot  VOLtot 

Nota: na condição (A*) a caldeira está operando com produção bem inferior à nominal.

Portanto, o óleo poderá substituir tanto o GAF como o GCO, condições (C), (D) e (E),
em condições mais favoráveis para a operação da caldeira, tais como temperaturas menores do ar
como dos gases de combustão no Pre-Aq-Ar.

Porém, se a caldeira fosse construída para operar com óleo combustível, "ventilador de
exaustão com 105 t/h", somente poderia haver substituição de 50% do óleo por GCO, com
pequeno prejuízo no rendimento, em torno de 4%. Ainda neste caso se o óleo fosse substituído
por GAF ou integralmente por GAF+GCO, condições (B) e(C), a produção máxima de vapor
ficaria limitada pela capacidade do ventilador; observar as vazões de gases de combustão das
condições (A), (B) e (C). Além disso haveria problemas de perda de carga na chaminé mesmo
com a substituição do ventilador.
• 3 - A potência fornecida via combustível e a relação entre essa potência e a produção de
vapor podem ser calculadas;

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Cond. de oper A B C D E
Pot via comb Gcal/h 31,95 58,98 54,33 53,48 51,30
Pot comb/prod Mcal/ton 694,6 766,0 705,6 694,5 666,2
Relação referida ao 1,04 1,15 1,06 1,04 1,00
OC, cond (E)

constata-se que o rendimento da caldeira decresce na seguinte ordem:

Ef)E > Ef)A = Ef)D > Ef)C > Ef)B

• 4 - Comparando as condições (B) e (E), verifica-se que o rendimento da operação com óleo é
da ordem de 15% superior a da operação com GAF+GCO; isto decorre de:

• a chama da condição (B) é praticamente "transparente", baixa emissividade εB da ordem de


0,3; enquanto que a chama da condição (E) com óleo é radiante emissividade εE da ordem 0,8
a 0,9; e também pelo fato de existir algum teor de fuligem nos gases de combustão existentes
entre a chama e a superfície da câmara, que devem contribuir para elevar a taxa de troca de
calor. Neste caso, tem-se

(GS1)r)B < (GS1)r)E logo D`)B > D`)E

vide Gráfico 5.6

• a troca de calor por convecção também é favorável à condição (E), uma vez que a relação

Sup( troca )  Sup( troca ) 


 E é da ordem de 1,7 vezes a B
VOLtot  VOLtot 

• 5 - Comparando as condições (B) e (C), a presença do óleo na condição (C), deve tornar a
radiação por fuligem mais efetivo na troca de calor

• 6 - Analisando as condições (A) e (B), observa-se que o rendimento da condição (A) é em


torno de 10% superior ao da condição (B); isto decorre porque:

• a troca de calor por convecção é favorável a condição (A), uma vez que:
Sup( troca )  Sup( troca ) 
 A é da ordem de 2 vezes a B
VOLtot  VOLtot 

• a relação entre os valores da carga térmica de superfície reduzida D` para estas condições é:

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D`)B da ordem de 2 vezes D`)A , apesar de

(GS1)r)A = (GS1)r)B , entretanto H )B = 2.H )A

vide o Gráfico 5.6.


A taxa volumétrica de combustão da condição (B) é o dobro da condição (A).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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