Cap. 2 - Combustao de Gases - Parte 4
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Cap. 2 - Combustao de Gases - Parte 4
5 INTERCAMBIALIDADE DE COMBUSTÍVEIS
RECEPÇÃO
ARMAZENAGEM
PREPARAÇÃO
(BENEFICIAMENTO)
ALIMENTAÇÃO
COMBUSTÃO
TROCA DE CALOR
EXAUSTÃO
(EMISSÃO AO MEIO AMBIENTE)
Somente os tópicos de combustão e troca de calor serão abordados neste capítulo deste
curso de combustão. Deve-se ressaltar que existem muitas diferenças entre as aplicações
domésticas/comerciais da industrial, destacando-se:
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Qc = A.h.(Tg-T1) (5.1)
onde:
Qc - potência transferida a carga por convecção (W)
A - área da carga exposta aos gases queimados (m2)
h - coeficiente de transmissão de calor por convecção (W/m2K)
Tg - temperatura dos gases nas proximidades da área da carga (K)
T1 - temperatura da superfície da área da carga (K)
e
Nu = cte.Rem.Prn [número de Nusselt] (5.3)
com:
ρg - massa específica dos gases (kg/m3)
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As equações das trocas de calor por radiação são apresentadas no capítulo , "Interação
entre chamas e câmaras de combustão" [22], entretanto para avaliar a ordem de grandeza da
radiação utilizaremos o equacionamento desenvolvido no item "Modelo de câmara de combustão
perfeitamente misturado", e o "Método simplificado de Hottel" [22]. As equações desenvolvidas
são:
Qr = (GS1)r.σ.(Tg4-T14) (5.6)
e
(GS )r = 1 / C . E A+ 1 / E
1
s 1
t
g −1
(5.7)
onde:
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COMPOSIÇÃO ELEMENTAR
COMB
C H S N O CINZAS
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80
70
60 N2
% MOLAR
50
40 H2O
30
CO2
20
10
0
A B C D E F G H I J K LM N O P Q L L L L L L L L S S S S
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4
COMBUSTÍVEL
4,5
4
3,5
PCI/VOLtotal
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
A B C D E F G H I J K L MN O P Q L L L L L L L L S S S S
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4
COMBUSTÍVEL
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5
Óleo (L4) Lenha seca C2H2
CH3OH
4,5 Óleo (L5)
C. Min (S2)
GDA Óleo
2B, 9B CO
4 Óleo (L3)
PCI/VOLtotal (MJ/Nm3)
C2H5OH H2
3,5
CH4 C4H10
C3H8 Diesel
3 GLP+AR
C. Min (S1)
GR COG GN
GP GN+N2 Óleo (L1 e
2,5
L2) C2H6
C. Veg (S3)
GAF
2
1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 2400 2500 2600
TEMPERATURA (K)
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65 < N2 < 75
8 < CO2 < 19
7 < H2O < 23
que podem ser visualizadas no gráfico 5.1; portanto: as propriedades de transporte
de calor e massa
massa específica - ρg
calor específico - CPg
condutividade térmica - Kg
viscosidade - Ug
• os combustíveis que têm enxofre ou elementos que formam as cinzas exigem análises
sobre corrosão de equipamentos e emissões de poluentes, além disso no caso das
cinzas deve-se estudar a forma de retirá-las da câmara de combustão.
• deve-se analisar também o mínimo excesso de ar com que o equipamento pode operar;
normalmente o excesso de ar é menor para equipamentos de potência elevada, e o
combustível sólido requer maior excesso de ar que o combustível líquido ou gasoso.
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Admitindo-se que, com ambos combustíveis A e B seja possível obter chamas com a
mesma emissividade de radiação térmica num determinado equipamento, tem-se:
caso a): - para a mesma potência de operação obtém-se o mesmo volume e temperatura
dos gases de combustão, portanto o combustível B poderá substituir o
combustível A e vice-versa.
caso b): - para a mesma potência de operação obtém-se (VOLtot)A > (VOLtot)B e
(Temp ch)A < (Temp ch)B logo, analisando as equações das trocas de calor,
conclui-se que o rendimento térmico com o combustível B deverá ser maior
que com o combustível A; portanto o combustível B poderá substituir o
combustível A.
caso c): - para a mesma potência de operação obtém-se (VOLtot)A < (VOLtot)B e
(Temp ch)A > (Temp ch)B logo, o combustível B não poderá substituir o
combustível A; porque ao operar com o combustível B teremos menor
quantidade de calor transferido, implicando num rendimento e produção
menores. Além disso o sistema de exaustão do equipamento não conseguirá
escoar o acréscimo de volume dos gases de combustão; normalmente os
exaustores e seus motores são dimensionados para operar próximo do ponto
de rendimento máximo, sob pena de operar com baixo rendimento na
exaustão.
(PCI/VOLtot)B ≥ (PCI/VOLtot)A
A avaliação das trocas de calor na câmara de combustão poderia ser realizada utilizando-
se diversos manuais e ábacos que permitem determinar a potência transferida por convecção;
entretanto o cálculo da potência transferida por radiação é mais complicado; mesmo com a
simplificação do "modelo de câmara de combustão perfeitamente misturado" , a dificuldade está
nas determinações dos valores dos parâmetros temperaturas e emissividade da chama e dos
gases de combustão; observar o item 5.4.2 Mapeamento da chama.
onde:
Q` - eficiência reduzida da fornalha
Q` = (Q/HF).(TAF- T0)/TAF
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τ - relação T1/TAF
HF - potência fornecida à câmara Σm.(h + ∆hr )
h - entalpia sensível
∆hr - entalpia de reação
TAF - temperatura de chama pseudo-adiabática ou
temperatura teórica de chama
T0 - temperatura do meio externo
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As substâncias presentes nos gases de combustão que emitem radiação térmica são: CO2 ,
H2O e fuligem (CmH)n com m>9 , sendo que somente a fuligem emite em todos os
comprimentos de onda, inclusive na faixa do visível entre 0,38 e 0,76 µm, observar a figura 5.2.
Figura 5.2 - Intensidade de radiação e faixas onde os gases CO2 e H2O emitem radiação [ ]
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A referência [18] aborda também um artigo que apresenta diversos valores obtidos em
experimentos laboratoriais de "Comparação do comportamento entre chama de emulsão de
resíduo asfáltico em água e chama de óleo combustível residual".
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Figura 5.5 - Concentração da fuligem, CO2, H2O e CO e perfil da temperatura a 0,75; 1,5; e
2,7 metros do bocal do queimador numa chama de óleo de 1,8 Mw(Ref.- Johnson, 1971)
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A dimensão da câmara deve ser maior que a dimensão da chama; se ocorrer o contrário
poderá haver extinção das reações de combustão produzindo poluentes como CO e fuligem.
É recomendável que a dimensão em cada direção da câmara seja pelo menos uma vez e
meia ( 1,5 ) maior que a da chama; resultando num volume de câmara da ordem de três vezes o
volume da chama.
- τ constante
- D` é linearmente proporcional à potência fornecida e é influenciada pelas emissividade
dos gases de combustão e da chama.
A elevação da potência fornecida HF promove um aumento no valor de εg , com a
tendência da elevação do teor de fuligem, conseqüentemente a carga térmica de superfície
reduzida D` aumenta; portanto a eficiência da troca de calor diminui.
Se a dimensão da câmara for muito maior que a da chama, observa-se que além da
radiação da chama, os gases de combustão existentes entre a chama e a carga também
contribuem de forma significativa com a radiação de CO2 e H2O, pois o termo (pL) aumenta com
a elevação do valor de (L) dimensão característica do volume dos gases de combustão, observar
a figura 5.3.
5.5 Intercambialidade
W = PCI/ d1/2
onde;
PCI - entalpia de reação volumétrico (J/m3)
d - densidade relativa ao ar
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POT = (PCI).Vazão(vol)
vel = cte.(∆P/ρ)1/2
Portanto;
se dois combustíveis gasosos forem fornecidos com a mesma pressão e tiverem o mesmo
índice de Wobbe a potência fornecida será a mesma para os dois combustíveis.
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onde:
h - raio da câmara de mistura (cm) 0,4
∆U - velocidade relativa (m/s) 311,4
W - vazão de líquido (g/s) 11,1
A - vazão de ar (g/s) 5,7
ρ - massa específica do ar (kg/m3) 4,62
τ - tensão superficial do líquido (dinas/cm) (*)
ν - viscosidade do líquido (centistokes) (*)
(*) variáveis dependentes das condições do líquido.
φ(gota) = 7,0556.ν0,5.τ0,2
- teor de voláteis
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Os estudos das influências destes parâmetros estão além do escopo deste curso.
CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO A B C D E
Pressão no tubulão (kgf/cm2) 47 47 47 47 47
Produção de vapor (t/h) 46 77 77 77 77
Consumo de GAF (Nm3/h) 24.700 42.500 36.900 0 0
Consumo de COG (Nm3/h) 3.370 6.720 0 5.960 0
Consumo de OC (t/h) 0 0 3 2.9 5.4
Ar de combustão (t/h) 45,4 90,7 75 79,5 82
Gases de combustão (t/h) 82 163 132 92 96
Temp dos gases na ent pre-aq-ar (C) 360 430 420 327 327
Temp dos gases saida pre-aq-ar (C) 204 250 240 149 149
Temp do ar na saida pre-aq-ar (C) 305 345 340 237 235
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• 1- Observar os dados do ventilador dos gases de combustão; vazão de 175 t/h a 270 C e 280
mmca.
Cond. de oper A B C D E
Vazão dos gases de 82 163 132 92 96
combustão t/h
Temp. dos gases saída 204 250 240 149 149
Pre-Aq-Ar °C
Portanto, a caldeira foi projetada para operar na condição (B) e também para as outras
condições. Observar a potência do motor elétrico do ventilador de 600 HP.
• 2 - As relações PCI/VOLtot (vide Tabela 5.1 e 5.2), para as diversas condições podem ser
calculadas através da divisão da potência total fornecida via combustível por vazão
volumétrica dos gases de combustão ou vazão mássica.
Cond. de oper. A B C D E
Pot via combustível Gcal/h 31,95 58,98 54,33 53,48 51,30
Pot/gases combustão Kcal/kg 389,6 361,9 411,6 581,3 534,4
Observa-se que:
Nota: na condição (A*) a caldeira está operando com produção bem inferior à nominal.
Portanto, o óleo poderá substituir tanto o GAF como o GCO, condições (C), (D) e (E),
em condições mais favoráveis para a operação da caldeira, tais como temperaturas menores do ar
como dos gases de combustão no Pre-Aq-Ar.
Porém, se a caldeira fosse construída para operar com óleo combustível, "ventilador de
exaustão com 105 t/h", somente poderia haver substituição de 50% do óleo por GCO, com
pequeno prejuízo no rendimento, em torno de 4%. Ainda neste caso se o óleo fosse substituído
por GAF ou integralmente por GAF+GCO, condições (B) e(C), a produção máxima de vapor
ficaria limitada pela capacidade do ventilador; observar as vazões de gases de combustão das
condições (A), (B) e (C). Além disso haveria problemas de perda de carga na chaminé mesmo
com a substituição do ventilador.
• 3 - A potência fornecida via combustível e a relação entre essa potência e a produção de
vapor podem ser calculadas;
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Cond. de oper A B C D E
Pot via comb Gcal/h 31,95 58,98 54,33 53,48 51,30
Pot comb/prod Mcal/ton 694,6 766,0 705,6 694,5 666,2
Relação referida ao 1,04 1,15 1,06 1,04 1,00
OC, cond (E)
• 4 - Comparando as condições (B) e (E), verifica-se que o rendimento da operação com óleo é
da ordem de 15% superior a da operação com GAF+GCO; isto decorre de:
• a troca de calor por convecção também é favorável à condição (E), uma vez que a relação
• 5 - Comparando as condições (B) e (C), a presença do óleo na condição (C), deve tornar a
radiação por fuligem mais efetivo na troca de calor
• a troca de calor por convecção é favorável a condição (A), uma vez que:
Sup( troca ) Sup( troca )
A é da ordem de 2 vezes a B
VOLtot VOLtot
• a relação entre os valores da carga térmica de superfície reduzida D` para estas condições é:
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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