Fazendo As Coisas Se Moverem PDF
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se Moverem
Invenções do Tipo “Faça
Você Mesmo” para Hobistas,
Inventores e Artistas
Dustyn Roberts
Metais .................................................................................................... 38
Cerâmica ................................................................................................ 42
Polímeros (Plásticos)................................................................................ 42
Compostos ............................................................................................. 44
Semicondutores...................................................................................... 47
Biomateriais............................................................................................ 47
Projeto 2-1: Trampolins Diferentes .......................................................... 48
Referências ..................................................................................................... 49
Obrigada ao Eyebeam Art + Technology Center por apoiar este trabalho por
intermédio do programa de artistas residentes e por captar ótimos estagiários.
Este livro teria levado muito mais tempo e sido muito menos divertido de
compor, não fosse minha equipe de estagiários que trabalhou por pouco mais
do que almoços de graça e promessa de alguma fama e fortuna. Para Sean
Comeaux, por todas as ilustrações e por me obrigar a encontrar novas formas
de explicar as coisas. Para Sam Galison e Stina Marie Hasse Jorgensen, por seu
entusiasmo e trabalho maravilhoso nos projetos, fotografias e edições de vídeo
para o site. Tenho certeza de que nenhum dos dois se esquecerá tão cedo do
x Fazendo as Coisas se Moverem
Para a equipe em McGraw-Hill, por sua paciência e pelas respostas a cada uma
das minhas perguntas. Obrigada ao meu agente literário, Neil Salkind, que nutriu
uma escritora de primeira viagem com entusiasmo, desde o nosso primeiro
contato por e-mail.
Neste livro, você aprenderá como construir com sucesso mecanismos com
movimento, mediante explicações não técnicas, exemplos e projetos do tipo “faça
você mesmo”. Talvez você seja um escultor que queira dar vida a uma obra de
arte, um cientista da computação que queira explorar a mecânica ou um designer
de produtos que queira adicionar função para complementar a forma do seu
produto. Talvez você tenha montado projetos no passado, mas eles tenham se
desfeito facilmente. Ou talvez não tenha passado a infância montando objetos
com movimento, mas quer aprender. Os alunos da minha classe no Programa
Interativo de Telecomunicações (ITP), da Universidade de Nova York (NYU), na
Escola de Artes Tisch, englobavam cada um desses casos e me inspiraram a
escrever este livro.
A aula se chama Mecanismos e Coisas que se Movem e foi criada para preencher
uma lacuna existente no programa entre o que os alunos estão aprendendo a criar
(eletrônica básica, design de interação e objetos em rede) e o que eles querem
criar (carrinhos de bebê que sobem escadas de forma independente, brinquedos
mecânicos de madeira e bicicletas estáticas que energizam televisões). O objetivo é
começar com seus conceitos de projetos que parecem impossíveis, acrescentar um
conhecimento básico de engenharia e terminar com resultados surpreendentemente
similares ao conceito original. Você pode ter acesso a esses projetos e mais em
http://itp.nyu.edu/mechanisms*. Durante o primeiro ano como professora da turma,
percebi que a experiência prática que adquiri por meio do meu trabalho com
projetos de engenharia poderia ser útil a um público-alvo completamente diferente,
formado por pessoas que não eram engenheiros. Um aluno disse que “a aula me
apresentou a um mundo completamente novo”, e outro disse que “é inacreditável o
quanto é gratificante projetar e construir algo que funciona”. Este livro foi projetado
para levar esse nível de satisfação para todas as pessoas que desejam aprender sobre
mecanismos, mas não sabem por onde começar.
Eu garanto que você irá adquirir uma compreensão geral sobre mecanismos e
economizará tempo, dinheiro e frustração, evitando erros em projetos mecânicos
que levam ao fracasso. Qualquer um pode se tornar um criador de mecanismos —
mesmo se nunca tiver entrado em uma loja de ferramentas.
Cada capítulo poderia ter seu próprio livro, e existem muitas outras fontes para
pesquisar explicações técnicas detalhadas. Este livro trata sobre como fazer
projetos, o que inclui as informações necessárias para que exatamente isso seja
feito. A pequena quantidade de teorias e fundamentos apresentados ajudará na
compreensão de como os mecanismos funcionam para que seja possível conceber
e manipular suas próprias criações. Caso essas seções fiquem muito detalhadas, ou
você já conheça os fundamentos, leia somente os trechos de orientação prática.
Cada projeto possui duas seções: uma lista de compras e uma receita. Já ouvi
falar que a panificação é quase uma ciência e a culinária é quase uma arte. Dar
movimento a objetos é um pouco parecido com panificação no início. Você
deve se certificar de medir cada ingrediente de forma exata, seguir cada passo
e fazer tudo de acordo com as regras. Mas, depois de adquirir o hábito de criar
movimento, passa a ser mais parecido com culinária. Após aprender as receitas
básicas, você poderá acrescentar novos ingredientes e fazer experiências.
objetos, mas precisa de um guia prático sobre como gerar movimento. Essa última
hipótese era o meu caso quando terminei a graduação em engenharia. Eu sabia
qual o torque, ou força, que seria necessário para gerar movimento, mas não
sabia como escolher um motor ou conectar algo a um eixo. Não ensinam esse tipo
de coisa na escola (pelo menos não onde eu estudei), então, é preciso aprender
na prática. Espero que este livro ajude você a começar mais alto na curva de
aprendizado prático do que eu.
A sua colaboração mais importante é uma ideia. Alguns dos projetos mais
fantásticos que já vi vieram de pessoas sem qualquer experiência prática em
projetos e, definitivamente, nenhum diploma em engenharia. Caso você seja
um músico aficionado que teve uma ideia sobre um violão que toca sozinho,
possuirá maiores chances de montar um ótimo projeto do que teria se fosse um
engenheiro que acha que sabe como um violão funciona, mas nunca tocou em
um. Este livro lhe dará as ferramentas para transformar suas paixões em projetos
e seus conceitos em realidade. As ferramentas estão aqui, juntamente com os
exemplos sobre como utilizá-las, mas as ideias sobre como aplicar isso tudo
devem partir de você.
Eu não acredito ser uma artista. O lado direito do meu cérebro não é nem de
perto tão desenvolvido quanto o da maioria dos alunos e designers com quem
tive o prazer de trabalhar. No entanto, acredito que saiba conversar com pessoas
que não são engenheiras sobre o processo de criar objetos com movimento. Este
livro pode até ser utilizado como uma leitura leve para se distrair em um sábado
à noite, mas eu conto que ele fornecerá as ferramentas e técnicas para você
tirar o conceito de um liquidificador de sucos movido a energia humana da sua
cabeça e torná-lo realidade.
O livro inclui uma variedade de projetos que poderão ser construídos, mas
as aplicações dos conceitos e habilidades são limitadas somente por sua
imaginação. Os mecanismos podem parecer um pouco intimidantes à primeira
vista, mas, depois que você passar a dividir as tarefas mais complicadas em
partes, verá que não são tão assustadoras, afinal. Este livro capacitará você. E
quanto mais aprender, mais inspiração terá para futuros projetos.
Introdução xv
irá ajudá-lo a se conectar com aqueles que possuam interesses similares. Links
de arquivos digitais para download, produção e compra estarão disponíveis
no site, ou você poderá buscar por “dustynrobots”, no Thingiverse (www.
thingiverse.com*), Ponoko (www.ponoko.com*) ou Shapeways (www.
shapeways.com*) para uma lista de tudo que eu já publiquei.
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3. Instrumentos de medidas Uma fita métrica para itens maiores, uma régua
metálica para itens menores e para uso como orientador, e um paquímetro para
itens ainda menores. Eu recomendo um paquímetro digital pela facilidade de uso.
6. Fita adesiva e WD-40 “Se está se movendo e não deveria, use fita adesiva;
se não está se movendo e deveria, use WD-40”. Não tenho certeza sobre onde
deparei com essa frase pela primeira vez, mas pode ter sido em um calendário
que o meu chefe tinha em sua mesa, durante o meu primeiro estágio, chamado
“365 Dias de Fita Adesiva”. A maioria dos leitores deve conhecer a fita adesiva
larga silver tape padrão, que pode ser utilizada para quase tudo. O WD-40
também é útil para ser utilizado em tudo, desde em dobradiças barulhentas até
para lubrificar engrenagens ou outras peças móveis.
S
istemas mecânicos existem em diferentes formatos e formas e possuem várias
definições. Antes de começar a produzir máquinas, precisamos saber do que
estamos falando:
o Um mecanismo é um agrupamento de peças móveis.
o Uma máquina é qualquer aparelho que auxilie um trabalho, seja um
martelo ou uma bicicleta. Um martelo é uma máquina porque torna o seu
braço mais longo, de forma que você possa fazer mais trabalho.
Força (F) é igual a massa (m) vezes a aceleração (a), e é expressa por F=ma
(também conhecido como a segunda Lei de Newton).
Por exemplo, imagine que você esteja pisando em várias uvas para fazer vinho.
A força sofrida pelas uvas quando são pisadas é o seu peso somado à aceleração
que seus músculos conferem aos seus pés. As uvas sofreriam menos força, no
entanto, se pisasse nelas na Lua, que possui um sexto da gravidade da Terra. A
massa se refere à quantidade de matéria que lhe compõe, que não é modificável.
A gravidade e a aceleração dependem de onde você está e do que está fazendo.
Assim, a massa é a matéria, e o peso é a força que a massa exerce.
1. Alavancas
Considere uma alavanca como uma máquina de um único mecanismo. É um
mecanismo, pela nossa definição, porque possui peças móveis. É uma máquina
porque irá ajudá-lo a trabalhar.
Uma alavanca é um objeto rígido utilizado com um ponto fixo ou fulcro para
multiplicar a força mecânica em um objeto. Existem três tipos de classes diferentes
de alavanca. Cada tipo de alavanca possui três componentes dispostos de formas
diferentes:
2. Você pode empurrar para baixo um lado com a mesma força que
o peso do outro lado. Seus pais devem ter feito isso com você nas
gangorras durante a sua infância.
4 Fazendo as Coisas se Moverem
3. Os dois objetos podem ter pesos diferentes, e o mais leve deverá ficar
mais distante do fulcro para manter o equilíbrio. Se já esteve em uma
gangorra com alguém mais pesado do que você, provavelmente já fez isso
inconscientemente. Caso fosse o mais leve, você se afastaria o máximo
possível até o final da gangorra, e seu amigo mais pesado provavelmente
iria em direção ao ponto fixo.
Para aplicar essas regras de balanço nas máquinas, vamos substituir a palavra
objeto por força. Mas, antes, vamos conhecer Fido e Fluffy.
Fido é um cachorro grande. Fluffy é uma gata pequena. Já que ambos os nomes
começam com F, utilizarei F1 para Fido e F2 para Fluffy quando abreviá-los. Fido é
mais pesado, então sua seta (F1) do lado esquerdo da Figura 1–2 é maior. Ele está
sentado a certa distância (d1) do fulcro. De forma parecida, Fluffy (F2) está a uma
distância d2 do fulcro do lado direito. Para equilibrar a gangorra, F1 multiplicado
por d1 deve ser igual a F2 multiplicado por d2:
F1 x d1 = F2 x d2
Você pode observar, a partir da Figura 1-2 e da equação que, se F1=F2 e d1=d2,
a gangorra ficará igual à da Figura 1-1 e estará equilibrada. Mas, caso Fido (F1)
seja um cachorro de 25 quilos (Kg) e Fluffy (F2) uma gata de 5 Kg, então deverão
ajustar suas distâncias em relação ao fulcro para encontrar o equilíbrio. Digamos
que Fido esteja a 1 metro (m) de distância do fulcro (d1 = 1 m). O quão longe do
fulcro Fluffy deverá estar para encontrar equilíbrio? Agora, nossa equação está
assim:
25 Kg x 1 m = 5 Kg x d2
Capítulo 1 Introdução a Mecanismos e Máquinas 5
Assim, a gata, mais leve, pode equilibrar um cachorro cinco vezes mais pesado,
se ela se afastar mais. Você também notará que, caso Fido e Fluffy comecem a
balançar ou a girar em torno do fulcro, Fluffy subirá mais, já que está mais distante
do ponto fixo. Chamaremos a distância do chão ao ponto mais alto de Fluffy de
deslocamento (veja a Figura 1–3).
A gata leve consegue levantar o cachorro pesado, mas ela deve se deslocar
mais para isso. É assim que as alavancas nos proporcionam vantagem mecânica:
uma força menor que se desloca por uma distância maior pode equilibrar uma
força maior que se desloca por uma distância menor. Também podemos dizer
que a gata leve está utilizando uma vantagem mecânica de 5:1 para levantar o
cachorro pesado, por estar cinco vezes mais longe do fulcro. Em nosso exemplo,
o deslocamento da gata leve Fluffy (F2) é cinco vezes o deslocamento do cachorro
pesado Fido (F1).
F1 x 2 m = 10 Kg x 1 m
Então, para levantar as sacas de ouro, devemos puxar os braços com pelo menos
5 Kg de força (F1). Viu só? Podemos mover 10 Kg de sacas de ouro com somente
2 Kg de força para obtermos outra vantagem mecânica de 5:1 — a mesma que
observamos com Fido e Fluffy na gangorra.
Outro item doméstico que utiliza uma alavanca de segunda classe é um abridor de
garrafas. Na Figura 1–6, observe a identificação da força potente, do fulcro e da
força resistente. O cabo do abridor de garrafas faz um longo trajeto para retirar a
tampa de uma garrafa, mas a força na ponta da tampa da garrafa é relativamente
alta. Um quebra-nozes é outro exemplo de alavanca de segunda classe. Você
consegue se lembrar de alguma outra alavanca de segunda classe?
cm
cm
cm
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O seu braço é um bom exemplo de uma alavanca de terceira classe. Como pode
ser observado na Figura 1–8, o músculo do bíceps fica entre o braço, próximo
ao ombro, e o antebraço, após o cotovelo. O bíceps deve fazer muita força para
levantar um peso pequeno em sua mão, mas o peso pode se deslocar por uma
longa distância, já que está longe do ponto fixo no cotovelo. Um braço triangular
Capítulo 1 Introdução a Mecanismos e Máquinas 9
que permitisse que o bíceps fosse localizado Figura 1–8 Seu braço como uma
próximo ao pulso seria mais eficiente, mas teria alavanca de terceira classe.
uma limitação muito grande de possibilidades
de movimento. Varas de pesca e pinças também
funcionam como alavancas de terceira classe.
Sistemas Fechados
Chamarei um sistema de polias constantemente apertado em uma corda ou
correia com comprimento fixo de sistema fechado. Um exemplo comum é uma
correia sincronizadora de carro, como apresentado na Figura 1–10. Correias de
sincronização utilizam polias com pequenas serrilhas que se combinam com as
serrilhas de encaixe da correia. Isso auxilia o motor a direcionar a correia sem
deslizes, o que é chamado de acionamento positivo, já que a correia e as serrilhas
na polia se unem.
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