Tese Corrigida
Tese Corrigida
Tese Corrigida
Belo Horizonte
2016
Rafaela Silva Moreira
Belo Horizonte
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
COLEGIADO
Prof. Alexandre Rodrigues Ferreira – Titular Prof. Cássio da Cunha Ibiapina – Suplente
Profa. Ana Cristina Simões e Silva – Titular Prof. Leandro Fernandes Malloy Diniz – Suplente
Prof. Eduardo Araújo de Oliveira – Titular Profa. Eleonora M. Lima – Suplente
Prof. Jorge Andrade Pinto – Titular Profa Helena Maria Gonçalves Becker – Suplente
Profa. Juliana Gurgel – Titular Profa. Ivani Novato Silva –Suplente
Profa. Maria Cândida F. B. Viana – Titular Profa Luana Caroline dos Santos – Suplente
Prof. Sérgio Veloso Brant Pinheiro – Titular Prof. Marcos José Burle de Aguiar – Suplente
Profa Roberta Maia de Castro Romanelli – Titular Profa. Débora Marques de Miranda – Suplente
AGRADECIMENTOS
À Deus por me guiar sempre para os melhores caminhos e escolhas e por me dar força e
alegria para continuar.
À toda minha família que apesar de estar fisicamente distante, está sempre muito próxima
e presente na minha vida.
Ao César pela paciência e amor durante todo o percurso, por dividir as alegrias e
frustações e pela colaboração eficiente para o sucesso deste projeto.
À Cláudia por ser uma verdadeira orientadora, extremamente dedicada, disponível e por
me ensinar a ser mais segura e independente.
À Lívia por ser uma co-orientadora muito presente, direcionando a pesquisa e por me
ensinar conhecimentos fundamentais na área de desenvolvimento infantil.
Às famílias e crianças de Araranguá, sem as quais, este estudo não seria possível...
À UFSC por ter dentre seus princípios a formação continuada de seus professores, em
especial aos Professores Marcus Vínicius e Éverton e ao Diretor e Vice-Diretor do
campus Araranguá, Eugênio Simão e Fabrício Ourique.
À Rosane por ser, desde a graduação, meu exemplo de profissional e professora. Por
sempre se lembrar de mim, me incentivar e ajudar na minha carreira. Por me mostrar
como é maravilhoso trabalhar com crianças!
Ao André pelo auxílio e boa vontade para explicar as complexas análises estatísticas.
À Janaína, Adriana, Gisele, Mirieli, Janeisa e Giovana, docentes da UFSC, pela
generosidade, por fazerem parte da minha vida neste momento especial, contribuírem
para o meu afastamento e por compartilhar as dúvidas, medos e vitórias.
Introduction: In developing countries, like Brazil, there are few child development
assessment tools that are validated, adapted to the local culture, accessible, and viable for
use in clinical practice. Hence, it is important to validate and adapt tools that can be used
on a large scale in our country. The "Survey of Wellbeing of Young Children (SWYC)"
is a North American questionnaire for parents of children aged one to 65 months. The
SWYC is divided into three evaluation domains: developmental ("Developmental
Milestones" and "Parent's Observations of Social Interactions - POSI"), behavior ("Baby
Pediatric Symptom Checklist - BPSC" and "Preschool Pediatric Symptom Checklist -
PPSC”), and risk factors that affect parents and children's well-being ("Family
Questions"). The SWYC is quick and easy to administer, is available free of charge, and
shows evidence of validity and reliability, which makes it feasible to use in primary care.
Objectives: To conduct the cross-cultural adaptation of the SWYC for Brazilian
Portuguese and to do a normative study to identify cut off scores for the detection of
developmental delay and behavioral problems in Brazilian children. Methodology: In the
first phase of the study, the cross-cultural adaptation of the SWYC for Brazilian
Portuguese was carried out, following standard procedures described in the international
literature. The second phase encompassed the normative study of the SWYC with
Brazilian children, which consisted on an observational cross-sectional study involving
415 children from one to 65 months and their caregivers, recruited in primary care service
facilities in the city of Araranguá (SC). The questionnaires were applied through
individual interviews with parents/guardians with an average duration of 40 minutes.
Firstly, the parents answered a structured questionnaire, created by the researchers, to
characterize risk factors and the socioeconomic status of the families. Next, the SWYC
was applied and the interview was ended with the “Ages & Stages Questionnaires – 3rd
edition (ASQ-3)”. The clinimetric properties of the items of the "Developmental
Milestones" were analyzed using the Gradual Response Model of the Item Response
Theory (IRT), the same measurement model used to develop the original instrument. The
manual cut-off points of the "Developmental Milestones" were calculated based on the
values and parameters of the item characteristic curve of the IRT model, using the age
corresponding to 15% of delay. The construct validity of the BPSC and PPSC was verified
by obtaining the values of dimensionality, reliability and convergent validity. The
Bifactor model was employed for the PPSC, following the same procedure used in the
original version of the SWYC. This model was adjusted for the Brazilian version by
means of exploratory and confirmatory factor analysis. Statistical procedures were also
performed to adjust the cutoff points for the Brazilian versions of the BPSC and PPSC,
considering that the score at or above the 90th percentile for both questionnaires.
Results/Discussion: The final version of SWYC adapted to the Brazilian Portuguese is
available online since November 2015. The set of items of the "Developmental
Milestones" presented adequate adjustment in the factor analysis (Kaiser-Meyer-Olkin;
KMO= 0,97), convergent validity (Average Variance Extracted; AVE= 0,73) and internal
consistency (Cronbach's Alpha; AC= 0,97). It was also found that the "Developmental
Milestones" provides more information in the 10 to 30 months’ age group. The scores of
the American and Brazilian versions diverged for the majority of age groups for the
"Developmental Milestones”, BPSC, and PPSC. Regarding BPSC, all constructs
presented AVE, AC and Composite Reliability (CC) above 0.60 and KMO> 0.50.
Regarding the PPSC, it was observed that all measures of quality and validity of the
constructs in the Brazilian and the original version were very similar (AVE> 0.27; AC =
0.81; CC = 0.81; Tucker-Lewis Index and Comparative Fit Index> 0.90 and Root Mean
Square Error of Approximation <0.10). Conclusion: We conclude that the SWYC
questionnaires "Developmental Milestones", BPSC and PPSC have acceptable
measurement quality to be used with the Brazilian population. We recommend the use of
the Brazilian version cutoff points because they are more adjusted to the local context.
The cross-cultural adaptation and normative study of the SWYC can be considered the
first step towards the validation of resources for the screening of developmental delay and
behavioral disorders for large scale use in Brazil.
TESE:
FIGURA 1- Gráficos das pontuações do BPSC e PPSC de acordo com o percentil 90 para
crianças do Brasil, Araranguá, 2016...............................................................................101
ARTIGO 4: Uso do “Survey of Wellbeing of Young Children” no Rastreio Precoce
de Transtornos do Espectro do Autismo na Atenção Primária
GRÁFICO 1 - Prevalência de crianças com suspeita de TEA por faixa etária e global,
Araranguá, 2016............................................................................................................115
LISTA DE TABELAS
TESE:
MÉTODOS
TABELA 1 - Calculo da amostra de crianças por faixa etária e por UBS para menores de
12 meses, Araranguá, 2016..............................................................................................21
TABELA 2 - Calculo da amostra de crianças por faixa etária e por UBS para maiores de
18 meses, Araranguá, 2016..............................................................................................21
TABELA 3- Descrição dos escores manuais da versão brasileira e comparação dos pontos
de corte das versões brasileira e norte-americana por faixa etária, Araranguá,
2016.................................................................................................................................79
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 19
2.1. Gerais ................................................................................................................... 19
2.2. Específicos ........................................................................................................... 19
3. MÉTODOS ................................................................................................................ 20
3.1. Delineamento ....................................................................................................... 20
3.2. Cenário do Estudo ................................................................................................ 20
3.3. Amostra ................................................................................................................ 21
3.4. Critérios de Inclusão ............................................................................................ 21
3.5. Critérios de Exclusão ........................................................................................... 21
3.6. Recrutamento dos Sujeitos da Pesquisa ............................................................... 21
3.7. Instrumentos......................................................................................................... 23
3.7.1. Survey of Wellbeing of Young Children (SWYC) .......................................... 23
3.7.2. Questionário Estruturado............................................................................... 28
3.7.3. Ages & Stages Questionnaires – 3ª edição (ASQ-3) ..................................... 28
3.8. Procedimentos ...................................................................................................... 29
3.9. Análise Estatística ................................................................................................ 30
3.9.1. “Marcos do Desenvolvimento”...................................................................... 30
3.9.2. Domínio Sócio Emocional/Comportamento ................................................. 34
4. ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................... 38
5. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 39
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 44
6.1 Artigo 1 ................................................................................................................. 44
6.2- Artigo 2 ................................................................................................................ 68
6.3-Artigo 3 ................................................................................................................. 94
6.4- Artigo 4 .............................................................................................................. 114
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 131
8- APÊNDICES ........................................................................................................... 133
8.1- APÊNDICE A ................................................................................................... 134
8.2- APÊNDICE B .................................................................................................... 136
8.3- APÊNDICE C .................................................................................................... 138
8.4- APÊNDICE D ................................................................................................... 140
8.5- APÊNDICE E .................................................................................................... 144
9- ANEXOS ................................................................................................................. 158
9.1- ANEXO A ......................................................................................................... 159
9.2- ANEXO B ......................................................................................................... 165
9.3- ANEXO C ......................................................................................................... 169
9.4- ANEXO D ......................................................................................................... 171
9.5- ANEXO E .......................................................................................................... 172
16
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
2.1. Gerais
Realizar estudo normativo com crianças do Brasil menores de cinco anos para
determinação dos pontos de corte para detecção de atraso de desenvolvimento e
alterações de comportamento por meio do SWYC (Artigos 2 e 3);
2.2. Específicos
3. MÉTODOS
3.1. Delineamento
3.3. Amostra
As crianças elegíveis para o estudo foram identificadas a partir de uma lista feita
pelos ACS de cada UBS/ESF de Araranguá. A partir desta lista foi estabelecido o
percentual de crianças, em cada faixa etária, que residiam na área de abrangência de cada
uma das UBS/ESF. Desta forma, foi determinado o número de crianças por UBS/ESF e
faixa etária (TABELA 1 e 2). Foram convidados a participar do estudo os pais que
comparecessem nas UBS/ESF para consultas médicas, odontológicas ou vacinação de
seus filhos.
22
Tabela 1 – Cálculo da amostra de crianças por faixa etária e por UBS/ESF para menores de 12 meses, Araranguá, 2016
2 meses 4 meses 6 meses 9 meses 12 meses 15 meses
UBS/ESF N1 % N2 N1 % N2 N1 % N2 N1 % N2 N1 % N2 N1 % N2
Polícia Rodoviária 14 11 4 4 6 2 11 9 3 14 11 4 15 11 4 11 8 3
Jardim das Avenidas 9 7 3 7 11 4 6 5 2 8 7 2 16 11 4 12 9 3
Vila São José 5 4 1 7 11 4 6 5 2 4 3 1 7 5 2 7 5 2
Morro dos
Conventos 7 6 2 1 2 1 6 5 2 9 7 3 14 10 3 8 6 2
Jardim Cibele 14 11 4 5 8 3 17 15 5 14 11 4 13 9 3 17 12 4
Sanga da Areia 6 5 2 2 3 1 5 4 1 7 6 2 5 4 1 10 7 2
Sanga da Toca 5 4 1 4 6 2 6 5 2 12 10 3 6 4 1 5 4 1
Cidade Alta 3 2 1 1 2 1 6 5 2 6 5 2 9 6 2 6 4 1
Hercílio Luz 5 4 1 3 5 2 7 6 2 3 2 1 3 2 1 9 6 2
Alto Feliz 4 3 1 4 6 2 2 2 1 5 4 1 9 6 2 5 4 1
Coloninha 2 4 3 1 5 8 3 3 3 1 4 3 1 7 5 2 3 2 1
Coloninha 1 14 11 4 8 12 4 9 8 3 14 11 4 12 9 3 17 12 4
Lagoão 12 10 3 6 9 3 14 12 4 12 10 3 13 9 3 14 10 3
Mato Alto 12 10 3 3 5 2 8 7 2 5 4 1 3 2 1 7 5 2
Urussanguinha 7 7 1 6 9 3 10 9 3 5 4 1 8 6 2 8 6 2
Soma 121 32 66 37 116 35 122 33 140 34 139 33
N1= número de crianças nesta faixa etária cadastradas em cada unidade; % = de crianças em cada UBS/ESF nesta faixa etária
em relação ao total de crianças nesta faixa etária; N2 = número de crianças nesta faixa etária recrutadas em cada UBS/ESF.
Tabela 2 – Cálculo da amostra de crianças por faixa etária e por UBS/ESF para maiores de 18 meses, Araranguá, 2016
18 meses 24 meses 30 meses 36 meses 48 meses 60 meses
UBS/ESF N1 % N2 N1 % N2 N1 % N2 N1 % N2 N1 % N2 N1 % N2
Polícia Rodoviária 20 10 3 36 15 5 47 17 6 51 11 4 59 12 4 33 14 5
Jardim das Avenidas 12 6 2 13 5 2 7 3 1 35 7 3 29 6 2 11 5 2
Vila São José 15 8 3 22 9 3 12 4 1 29 6 2 37 8 3 20 9 3
Morro dos
Conventos 6 3 1 13 5 2 10 4 1 25 5 2 24 5 2 11 5 2
Jardim Cibele 25 13 4 19 8 3 36 13 4 47 10 3 52 11 4 31 13 4
Sanga da Areia 8 4 1 13 5 2 18 7 2 27 6 2 26 5 2 10 4 1
Sanga da Toca 9 5 2 8 3 1 12 4 1 19 4 1 15 3 1 9 4 1
Cidade Alta 12 6 2 13 5 2 10 4 1 23 5 2 22 4 2 12 5 2
Hercílio Luz 4 2 1 7 3 1 6 2 1 22 5 2 16 3 1 7 3 1
Alto Feliz 9 5 2 13 5 2 25 9 3 34 7 2 26 5 2 14 6 2
Coloninha 2 5 3 1 14 6 2 7 3 1 12 3 1 14 3 1 3 1 0
Coloninha 1 20 10 3 29 12 4 31 11 4 42 9 3 42 9 3 22 9 3
Lagoão 14 7 2 13 5 2 23 8 3 36 8 3 49 10 3 24 10 3
Mato Alto 19 10 3 11 4 2 13 5 2 20 4 1 35 7 2 17 7 2
Urussanguinha 18 9 3 24 10 3 17 6 2 49 10 4 43 9 3 11 5 2
Soma 196 33 248 36 274 33 471 35 489 35 235 33
N1= número de crianças nesta faixa etária cadastradas em cada unidade; % = de crianças em cada UBS/ESF nesta faixa etária
em relação ao total de crianças nesta faixa etária; N2 = número de crianças nesta faixa etária recrutadas em cada UBS/ESF.
23
3.7. Instrumentos
referência para verificar se pontuação total obtida está acima ou abaixo do ponto de corte
estabelecido para a faixa etária (PERRIN et al., 2016) (APÊNDICES B e C).
O POSI foi criado para rastrear Transtornos do Espectro Autista (TEA) nas idades
entre 18 e 34 meses e 31 dias, subdividido em três faixas etárias (18 a 22 meses e 31 dias;
23 a 28 meses e 31 dias e 29 a 34 meses e 31 dias). É um questionário breve, composto
de sete itens relacionados às interações sociais, comunicação e comportamentos
repetitivos. As questões do POSI foram baseadas nos critérios do “Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders, four edition and fifth edition (DSM-IV e DSM-
5)” para diagnóstico de TEA e também no Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-
CHAT) (PERRIN et al., 2016; SMITH; SHELDRICK; PERRIN, 2013). Foram realizados
dois estudos para avaliar a confiabilidade e validade do POSI em relação ao M-CHAT.
Em ambos estudos o questionário demonstrou consistência interna adequada (Alfa
Cronbach; AC >0,83) e índices de sensibilidade e especificidade comparáveis ao M-
CHAT (SMITH; SHELDRICK; PERRIN, 2013).
Cada pergunta do POSI oferece aos pais a possibilidade de cinco respostas não
excludentes. Pode ser atribuído “0” ou “1” ponto para cada uma, alcançando pontuação
máxima de sete pontos. Se os responsáveis selecionam uma ou mais respostas localizadas
nas últimas três colunas, a questão recebe pontuação “1”; caso contrário, é dado “0”
(PERRIN et al., 2016). A pontuação final do POSI fundamenta-se no projeto gráfico do
questionário, assim, três ou mais pontos nas últimas três colunas indica que há suspeita
de TEA e a criança deve ser encaminhada para avaliação diagnóstica (PERRIN et al.,
2016; SMITH; SHELDRICK; PERRIN, 2013) (APÊNDICE C).
Para obtenção de informações sobre o domínio socioemocional/comportamento,
os responsáveis respondem a um entre dois questionários específicos, desenvolvidos de
acordo com a idade da criança – “Baby Pediatric Symptom Checklist” ou “Lista de
Sintomas do Bebê (BPSC)” e “Preschool Pediatric Symptom Checklist” ou “Lista de
Sintomas Pediátricos (PPSC)”. As questões do BPSC foram baseadas na experiência
clínica dos autores, em revisão de literatura e em instrumentos comumente utilizados na
prática clínica e pesquisa, tais como, o “Infant-Toddler Social and Emotional Assessment
(ITSEA)”, “Ages & Stages Questionnaire: Social/Emotional (ASQ:SE)”, dentre outros
(PERRIN et al., 2016). A construção dos itens do PPSC também foi fundamentada em
extensa revisão de literatura e de outros instrumentos como o “Pediatric Symptom
26
O ASQ foi criado em 1997 por Briecker & col nos Estados Unidos da América
(EUA) com o intuito de avaliar o desenvolvimento global de crianças menores de cinco
anos. O questionário encontra-se em sua 3ª edição (SQUIRES J, BRICKER D, 2009) e é
um instrumento de triagem de desenvolvimento amplamente utilizado em todo mundo,
29
tendo sido traduzido e validado para mais de nove línguas, dentre elas, espanhol,
norueguês, chinês e, recentemente, para o português brasileiro (FILGUEIRAS et al.,
2013). Todavia, ainda não foram estabelecidos os pontos de corte para a classificação do
desenvolvimento da criança brasileira, sendo utilizados os critérios norte-americanos.
A 3ª edição do ASQ-3, traduzida para o português, apresenta 18 questionários que
abrangem a faixa etária de seis a 60 meses de idade e que devem ser respondido pelos
pais (FILGUEIRAS et al., 2013; KERSTJENS et al., 2009). O questionário ASQ-3 para
cada faixa de idade contém 30 itens divididos em cinco domínios do desenvolvimento
(comunicação, coordenação motora ampla, coordenação motora fina, resolução de
problemas e pessoal social) (ANEXO A). Cada item possui três alternativas de resposta:
“sim”(10 pontos), “as vezes”(5 pontos) ou “não”(0 pontos) e a soma destas respostas
fornecem o escore total de cada área do desenvolvimento (FILGUEIRAS et al., 2013;
SQUIRES J, BRICKER D, 2009). Este escore é transferido para uma tabela em cores,
com marcação dos pontos de corte, de acordo com a faixa etária da criança. Assim em
cada domínio do desenvolvimento a criança é classificada como abaixo da média, na
média e acima da média, seguindo a normatização do ASQ-3 para crianças americanas.
O ASQ-3 tem propriedades psicométricas adequadas para uso na prática clínica e
em situações de pesquisa, tais como, confiabilidade teste-reteste (94%), validade
concorrente (76 a 88%), especificidade (82,5%) e sensibilidade (88%). O questionário
vêm sendo utilizado em programas públicos de intervenção precoce nos EUA e no
acompanhamento do desenvolvimento de crianças em creches (FILGUEIRAS et al.,
2013; SQUIRES J, BRICKER D, 2009).
3.8. Procedimentos
Foi realizado estudo piloto com cinco pais com aplicação dos questionários da
pesquisa com o intuito de verificar a adequação dos itens, no caso do Questionário
Estruturado, e para treinamento da pesquisadora nos demais instrumentos. Os
procedimentos foram considerados adequados e apenas uma pesquisadora (fisioterapeuta
pediátrica) foi responsável pela coleta de dados. A coleta de dados se estendeu de junho
de 2014 a abril de 2015.
Inicialmente os pais receberam informações a respeito dos objetivos da pesquisa
e procedimentos a serem realizados. Após o esclarecimento das dúvidas, os responsáveis
30
foram convidados a assinar o TCLE (APÊNDICE A). Em seguida foi realizada entrevista
individual com os responsáveis e seus filhos em uma sala da UBS/ESF. As entrevistas
tiveram duração média de 40 minutos. Os instrumentos foram aplicados na seguinte
ordem: primeiro a pesquisadora aplicava o Questionário Estruturado, para conhecer as
condições socioeconômicas e fatores de risco das famílias, em seguida era aplicado o
SWYC e a entrevista era finalizada com a aplicação do ASQ-3.
Para realização do estudo normativo, o SWYC foi aplicado na faixa etária na qual
a criança se encontrava e também na faixa etária anterior e posterior do instrumento.
Assim, se a criança tivesse sete meses de idade, era realizado além do SWYC da faixa
etária de seis meses, o SWYC de quatro e de nove meses. A aplicação do questionário
só terminava quando os pais relatavam que a criança não realizava três itens consecutivos
da faixa etária posterior a idade da criança.
1 1
𝑃𝑖,𝑘 (𝜃𝑗 ) = −𝑎 (𝜃 −𝑏 )
− −𝑎𝑖 (𝜃𝑗 −𝑏𝑖,𝑘+1 ) ,
1+𝑒 𝑖 𝑗 𝑖,𝑘 1+𝑒
Onde:
𝜃𝑗 é a idade do indivíduo j;
32
𝑏𝑖,𝑘 é o parâmetro de dificuldade da k-ésima categoria do item i, sendo que que bi,0 ≤
bi,1 ≤ bi,2, ou seja, existe uma ordenação do nível de dificuldade das categorias de um
determinado item i;
𝑎𝑖 é o parâmetro de discriminação do item i.
2) Como a TRI parte do pressuposto de que cada escala avalia um único construto,
foi realizada análise fatorial com todos os itens do “Marcos do Desenvolvimento”
para avaliar a unidimensionalidade dos dados. Para visualizar o número de
dimensões foi construído um gráfico Scree Plot, que apresenta os autovalores
associados aos fatores versus o número de fatores. O número de dimensões foi
estimado a partir do critério Acceleration Factor (AF) que determina se há mais
de uma dimensão no conjunto de itens (RAÎCHE et al., 2013). Além disso,
33
itens resultou no escore manual geral, sendo que o ponto de corte de cada faixa etária foi
arredondado para o próximo valor inteiro.
Para obter estimativas da distribuição da idade de desenvolvimento para cada
item, além do modelo de TRI, utilizou-se também um Modelo Logístico Marginal
(LIANG; ZEGER, 1986). O modelo marginal ou método GEE é adequado quando se tem
várias medidas feitas em um mesmo indivíduo. Para utilizar este método as respostas dos
itens foram binarizadas em “realiza com frequência” e “não realiza com frequencia”
(união das categorias “não realiza” e “realiza com baixa frequência”), além disso, o banco
de dados foi empilhado, fazendo com que cada indivíduo se repetisse o número de vezes
igual ao número de itens que respondeu. Dessa forma, considerando a interação de cada
item com a idade, essa modelagem permitiu estimar a curva de probabilidade de alcançar
a resposta “faz muito” para cada item de acordo com a idade da criança.
O software utilizado em todas as análises foi o R (versão 3.3.0).
Carga Fatorial
Item Com.
FG¹ Exter.² Inter.³ P.A.4
Sua criança quebra coisas de propósito? 0,65 0,20 0,47
Sua criança briga com outras crianças? 0,58 -0,12 0,35
Sua criança é agressiva? 0,69 0,68 0,95
Sua criança é brava\ zangada? 0,70 0,17 0,52
Sua criança tem dificuldades para brincar com outras crianças? 0,58 -0,04 0,33
Sua criança parece triste ou infeliz? 0,45 0,85 0,93
Sua criança parece medrosa ou nervosa? 0,43 0,23 0,24
Sua criança fica chateada se as coisas não são feitas do jeito que
ela está acostumada? 0,65 0,44 0,62
Sua criança tem dificuldade para lidar com mudanças na rotina? 0,39 -0,00 0,15
Sua criança tem dificuldade para prestar atenção? 0,36 0,40 0,29
Sua criança é inquieta ou incapaz de ficar sentada? 0,40 0,43 0,34
Sua criança tem dificuldade para se manter em uma única
atividade? 0,33 0,91 0,94
É difícil ir com sua criança a locais públicos? 0,65 0,42
É difícil fazer sua criança obedecer você? 0,64 0,41
É difícil acalmar sua criança? 0,60 0,37
É difícil saber o que sua criança precisa? 0,52 0,27
É difícil manter sua criança nas rotinas do dia a dia? 0,38 0,15
Sua criança tem dificuldade para se acalmar sozinha? 0,40 0,16
Proporção Variância Explicada (%) 29,3 3,1 5,4 6,6
VME 0,29 0,03 0,05 0,06
Alfa de Cronbach 0,81 0,67 0,51 0,57
Confiabilidade Composta 0,81 0,73 0,66 0,70
5
RMSEA 0,04 [0,02; 0,06]
TLI 0,94
CFI 0,95
¹ Fator Geral; ² Problemas de Externalização; ³ Problemas de Internalização; 4 Problemas de
Atenção; 5 I.C. – 95%.
Uma vez constatado que era adequado interpretar apenas o fator geral, o indicador
comportamento foi criado a partir da soma de todos os itens. Dessa forma, os valores do
indicador puderam variar de zero até 36. Foram ajustadas Regressões Quantílicas com
90%, 70% e 50% para observar como se comportava o indicador ao longo das idades.
Para investigar se a criança apresentava alteração de comportamento foram utilizados o
ponto de corte nove, proposto na versão original do questionário (SHELDRICK et al.,
2012) e os pontos de corte calculados usando a Regressão Quantílica de 90% para cada
faixa etária. A descrição do indicador comportamento foi feita utilizando novamente as
medidas de tendência central, dispersão e posição, enquanto que a descrição das
alterações de comportamento foi feita por meio do cálculo das frequências absoluta e
relativa. O software utilizado em todas as análises foi o R (versão 3.3.0).
38
4. ASPECTOS ÉTICOS
5. REFERÊNCIAS
LIANG, K.-Y.; ZEGER, S. L. Longitudinal data analysis using generalized linear models.
Biometrika Trust, v. 73, n. 1, p. 13–22, 1986.
MADASCHI, V. et al. Bayley-III Scales of Infant and Toddler Development:
Transcultural Adaptation and Psychometric Properties. Paidéia (Ribeirão Preto), v. 26,
n. 64, p. 189–197, 2016.
MAGALHÃES, L. D. C. et al. Desempenho de crianças pré-termo com muito baixo peso
e extremo baixo peso segundo o teste Denver-II. Revista Brasileira de Saúde Materno
Infantil, v. 11, n. 4, p. 445–453, 2011.
MONTGOMERY, D. C.; PECK, E. A.; VINING, G. G. Introduction to Linear
Regression Analysis. 5. ed. New Jersey: John Wiley & Sons, 2012.
MURRAY, J. et al. Epidemiology of childhood conduct problems in Brazil: Systematic
review and meta-analysis. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, v. 48, n.
10, p. 1527–1538, 2013.
NASCIMENTO, E.; FIGUEIREDO, V. L. M. WISC-III e WAIS-III: alterações nas
versões originais americanas decorrentes das adaptações para uso no Brasil. Psicologia:
Reflexão e Crítica, v. 15, n. 3, p. 603–612, 2002.
PERRIN, E. C. et al. The Survey of Well-being of Young Children (SWYC) User ’ s
Manual. 1.01 ed. Boston: Center, Tufts Medical, 2016.
PERRIN, E. C.; SHELDRICK, R. C. Survey of Wellbeing of Young Children (SWYC).
Disponível em: <http://www.theswyc.org/>.
PHILLIPS, D.; ADAMS, G. Child care and our youngest children. Future of Children,
v. 11, n. 1, p. 35–51, 2001.
PNUD; IPEA; FJP. Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em:
<http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/home/>. Acesso em: 20 jul. 2016.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARANGUÁ. Secretaria Municipal de Saúde de
Araranguá. Disponível em: <http://www.ararangua.sc.gov.br>. Acesso em: 23 dez.
2014.
RAÎCHE, G. et al. Non-graphical solutions for Cattell’s scree test. Methodology, v. 9, n.
1, p. 23–29, 2013.
REDE NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA. Plano Nacional pela Primeira Infância.
1. ed. Brasília: Secretaria executiva RNPI, 2010.
REISE, S. P.; MORIZOT, J.; HAYS, R. D. The role of the bifactor model in resolving
dimensionality issues in health outcomes measures. Quality of Life Research, v. 16, n.
SUPPL. 1, p. 19–31, 2007.
RHODES, H.; HUSTON, A. Building the Workforce Our Youngest Children Deserve.
Social Policy Report. Society for Research in Child Development, v. 26, n. 1, p. 1–32,
2012.
SABANATHAN, S.; WILLS, B.; GLADSTONE, M. Child development assessment
tools in low-income and middle-income countries: how can we use them more
42
2013.
SQUIRES J, BRICKER D, P. L. Ages & Stages Questionnaires, Third Edition (ASQ-
3) User’s Guide. 3. ed. Baltimore: Brookes Publishing, 2009.
STEIGER, J. H.; SHAPIRO, A.; BROWNE, M. W. On The Multivariate Asymptotic
Distribution of Sequential Chi-square statistics. Psychometrika, v. 50, n. 3, p. 253–264,
1985.
TENENHAUS, M. et al. PLS path modeling. Computational Statistics and Data
Analysis, v. 48, n. 1, p. 159–205, 2005.
VALENTINI, N. C.; SACCANI, R. Escala Motora Infantil de Alberta: validação para
uma população gaúcha. Revista Paulista de Pediatria, v. 29, n. 2, p. 231–238, 2011.
WALKER, S. P. et al. Child development: risk factors for adverse outcomes in developing
countries. The Lancet, v. 369, n. 13, p. 145–157, 2007.
WHO. WHO Anthro for personal computers, version 3.2.2, 2011: Software for
assessing growth and development of the world’s children.Geneva.WHO, 2010.
44
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Artigo 1
Introdução
O SWYC permite avaliar crianças até 65 meses, tendo como marcos avaliativos as
faixas etárias de 2, 4, 6, 9, 12, 15, 18, 24, 30, 36, 48 e 60 meses, sendo realizada entrevista
estruturada com cerca de 40 perguntas, feitas aos responsáveis pela criança. Ele aborda
três grandes domínios – desenvolvimento, emoções/comportamento e fatores de risco
familiares 15,18. O domínio desenvolvimento é composto por dois questionários, um para
averiguar os marcos do desenvolvimentos (“Marcos do Desenvolvimento”) e o outro é
uma triagem específica para autismo (“Observações dos Pais sobre Interação Social”)5.
O “Marcos do Desenvolvimento” contém 10 questões para avaliar as habilidades
cognitivas, motoras, sociais e de linguagem em todas as faixas etárias propostas15. Já o
POSI visa rastrear transtornos do espectro autista por meio de sete questões nas idades
entre 18 e 36 meses19.
No domínio emoções/comportamento, foram desenvolvidos dois questionários
específicos de acordo com a faixa etária da criança (“Lista de Sintomas do Bebê -BPSC”
e “Lista de Sintomas Pediátricos -PPSC”), contendo 12 e 18 itens, respectivamente. O
“BPSC” foi desenvolvido para faixa etária de dois até 17 meses e 30 dias, enquanto o
“PPSC” destina-se a crianças de 18 a 65 meses e 30 dias20,21. Neste domínio, os
entrevistados respondem também duas questões sobre preocupações relativas ao
comportamento e aprendizagem ou desenvolvimento da criança. O último domínio
avaliado é denominado “Perguntas sobre a Família”, que contém nove itens sobre fatores
de risco na família, como depressão materna, abuso de álcool e drogas e conflitos
parentais 22.
Pesquisas demonstram que a validade e a confiabilidade do SWYC são
semelhantes às de outros instrumentos de triagem reconhecidos pela literatura científica.
Isso decorre do SWYC apresentar evidências de propriedades psicométricas adequadas
(0,7 a 0,89 para sensibilidade; 0,54 a 0,9 para especificidade e teste-reteste de 0,70 a 0,81)
15,16,19-21
. Além disso, há concordância entre as respostas obtidas no SWYC e os relatos
de pais de crianças previamente diagnosticadas com alterações de desenvolvimento e
comportamento16.
Considerando estas características, o SWYC parece ser um instrumento promissor
para ser utilizado em larga escala na atenção primária no Brasil 5. O presente estudo tem
como objetivo descrever o processo de adaptação transcultural do SWYC para a população
do Brasil e analisar as propriedades básicas de medida deste questionário.
47
Método
2° Pré-Teste
Resultados
QUADRO 1- Avaliação da equivalência referencial dos itens considerados diferentes no SWYC, Brasil, 2016
Escala Original Versão Traduzida (Português) Versão Retrotraduzida (Inglês) Avaliação da Equivalência Versão traduzida corrigida
Referencial
Lista de Sintomas do Bebê (BPSC)
Does your child have a hard É difícil para sua criança ficar com Is it difficult for your child to stay with Diferente Sua criança fica incomodada
time being with new people? novas pessoas? new people? com novas pessoas?
Does your child have a hard É difícil para sua criança ficar em Is it difficult for your child to stay in Diferente Sua criança fica incomodada
time in new places? lugares novos? new places? em lugares novos?
Pré-teste 1
QUADRO 2- Avaliação da equivalência geral a partir dos resultados do 1º pré-teste e as respectivas modificações, Brasil,
2016 justificativas
1º Versão do SWYC no Pré-teste Modificação da 1º Versão Justificativa
Develpmental Milestones
Emite sons que mostram para você que ele ou ela Faz sons que mostram para você que ele ou ela está Facilitar a compreensão dos pais
está feliz ou chateado feliz ou chateado
Emite sons como “ga”,“ma”, “ba” Faz sons como “ga”, “ma” ou “ba” Facilitar a compreensão dos pais
Estende os braços para ser carregado Levanta os braços para ser carregado Facilitar a compreensão dos pais
Especificar mais o item para mostrar que a tarefa
Pega a comida e come Pega alimento com a mão e come deveria ser realizada pela criança e sem o auxílio de
talheres
Nomeia pelo menos 5 objetos familiares-como Fala o nome de pelo menos 5 objetos familiares Facilitar a compreensão dos pais
bola ou leite como bola ou leite
Nomeia pelo menos 5 partes do corpo- como Fala o nome de pelo menos 5 partes do corpo como Facilitar a compreensão dos pais
nariz, mão ou barriga nariz, mão ou barriga
Combina duas ou mais palavras juntas- como Combina duas ou mais palavras como “dá água” ou Adequar a cultura brasileira, facilitando entendimento
“mais água” ou “vamos embora” “vamos embora”
Nomeia pelo menos uma cor Fala o nome de pelo menos uma cor Facilitar a compreensão dos pais
Fala palavras como “pés” para mais de um pé e Fala palavras no plural, por exemplo, pés, meninos, Adequar à cultura brasileira, facilitando entendimento
“homens” para mais de um homem frutas”
Fica seco, sem urinar na cama, a noite toda Fica sem urinar na cama a noite toda Adequar à cultura brasileira, facilitando entendimento
Nomeia os dias da semana na ordem correta Sabe falar os dias da semana na ordem correta Facilitar a compreensão dos pais
Lista de Sintomas do Bebê (BPSC)
Sua criança tem problemas para ficar dormindo? Sua criança tem dificuldades para manter o sono? A palavra problemas remetia a significados
semanticamente diferentes
Lista de Sintomas Pediátricos (PPSC)
Fica chateada se as coisas não são feitas de uma Fica chateada quando as coisas não são feitas do Não remeter ao significado que as tarefas sejam
certa forma jeito que ela está acostumada realizadas pela criança conforme a sua vontade
Tem dificuldades com mudanças? Tem dificuldades para lidar com mudanças na Facilitar a compreensão dos pais
rotina?
56
QUADRO 3- Avaliação da equivalência geral a partir da opinião do comitê de especialistas e as respectivas justificativas, Brasil, 2016
1º Versão traduzida do SWYC ou Versão original Modificação da 1º Versão feita pelos especialistas Justificativa
Marcos do Desenvolvimento
Segue com os olhos um brinquedo que se mexe Segue com os olhos o movimento de um brinquedo Não remetia o sentido de acompanhar com o olhar o
movimento de um brinquedo
Mantém a cabeça firme quando puxado para a posição Mantém a cabeça firme quando puxado para sentar Não parecer que a criança teria de permanecer sentada de
sentada forma independente após ser realizada a movimentação
Mantém a cabeça firme quando você o coloca na Mantém a cabeça firme quando você o/a segura na Uso correto da Gramática da Língua Portuguesa
posição sentada posição sentada
Olha quando você chama pelo nome dele ou dela Olha quando você o/a chama pelo nome Uso correto da Gramática da Língua Portuguesa
Sobe escadas com ajuda Sobe escadas com ajuda de uma pessoa Especificar o item para diferenciar da próxima questão
Sobe escada Sobe escadas sozinha apoiando com as mãos na parede Especificar o item para diferenciar da questão anterior
ou no corrimão
Tenta olhar para você quando você diz: “olhe para Fala alguma coisa para chamar atenção das pessoas para Facilitar a compreensão dos pais
mim” o que ele/ela está fazendo
Colore dentro das linhas Colore um desenho dentro das linhas Facilitar a compreensão dos pais
Faz perguntas começando com “por que” ou “como” Faz perguntas começando com “por que” ou “como” Retirou-se o exemplo por ele não se adequar a realidade
– Por que não cookies? brasileira
Explica o motivo das coisas, como precisar de um Sabe explicar o porquê das coisas, por exemplo, precisa O exemplo acrescentado se adequa melhor a realidade
agasalho quando está frio comer por que está com fome brasileira, facilitando entendimento
Lista de Sintomas Pediátricos (PPSC)
Sua criança tem dificuldade para se acalmar? Sua criança tem dificuldade para se acalmar sozinha? Facilitar a compreensão dos pais
Sua criança tem dificuldade para ficar em uma única Sua criança tem dificuldade de se manter em uma única Facilitar a compreensão dos pais
atividade? atividade?
Observações dos Pais sobre Interação Social (POSI)
Olhar coisas que ficam girando como ventiladores ou Ficar olhando coisas que giram como ventiladores ou Facilitar a compreensão dos pais
rodas rodas
“Perguntas sobre a Família”
No último ano, alguma vez você consumiu álcool ou No último ano, alguma vez você consumiu mais álcool A palavra “mais” estava ocasionando um sentido diferente
drogas mais do que pretendia? ou drogas do que pretendia? ao desejado
No último ano, você sentiu vontade ou necessidade de No último ano, você sentiu vontade ou necessidade de Facilitar a compreensão dos pais
diminuir o consumo álcool ou drogas? diminuir o seu consumo de álcool ou drogas?
57
Pré-teste 2
Elaborou-se nova versão do instrumento que foi submetida a outro pré-teste. Dos
27 pais entrevistados, 21 (77%) compreenderam 100% das questões do SWYC, o que foi
considerado satisfatório.
“Marcos do Desenvolvimento”
A análise fatorial demonstrou ser uma técnica estatística apropriada para este
conjunto de itens pois o valor KMO foi 0,97. Esta análise confirmou a
unidimensionalidade dos itens do questionário, na medida que um único fator explicou a
maior parte da variância dos itens (primeiro autovalor=39,65; segundo autovalor = 8,95),
satisfazendo o critério AF. Além disso, o conjunto de itens da versão brasileira apresentou
valores adequados de validade convergente (VME=0,73) e confiabilidade (AC=0,97).
A Tabela 1 apresenta as cargas fatoriais dos 54 itens do questionário “Marcos do
Desenvolvimento”. Os itens “2, 3, 4, 7 e 54” apresentaram cargas fatoriais abaixo de
0,50, dessa forma, considera-se que estes itens não contribuam de forma relevante para a
composição da variável latente “nível de desenvolvimento da criança” (TABELA 1).
Optou-se pela não exclusão deste itens a medida que apresentaram adequada validade
convergente.
Os valores obtidos de KMO em cada um dos domínios foram maiores que 0,62,
demonstrando ser adequado aplicar a análise fatorial nos itens do BPSC. De acordo o
critério Kaiser todos os constructos do BPSC foram unidimensionais. Além disso, todos
os constructos dos diferentes domínios apresentaram validade convergente (VME= 0,52
a 0,57) e os níveis aceitáveis de confiabilidade (AC= 0,55 a 0,63 e CC= 0,68 a 0,71).
A Tabela 2 exibe as cargas fatoriais dos itens do BPSC por domínio. Todos os
itens apresentaram cargas fatoriais altas, com exceção do item “8” do constructo
inflexibilidade (“É difícil para sua criança lidar com mudanças na rotina?”). Como a
validade convergente do constructo inflexibilidade mostrou-se satisfatório, optou-se por
não excluir esse item (TABELA 2).
apresentaram cargas fatoriais positivas, sendo que no fator geral todas as cargas foram
maiores que 0,35 e nos demais fatores (Externalização, Internalização, Problemas de
Atenção), todas as cargas foram maiores que 0,20 (TABELA 2). Além disso, foram
obtidos os valores de RMSEA=0,02, CFI=0,98 e TLI=0,98, que indicam que o modelo
para a versão brasileira está bem ajustado.
Considerando que o fator geral apresentou, na maioria das vezes, as maiores
cargas fatoriais (TABELA 2) e a maior proporção de variância explicada, pode-se
concluir que é adequado interpretar apenas o fator geral do modelo Bifactor, justificando
assim o uso de uma única dimensão. Além disso, o fator geral exibiu os maiores valores
de VME (0,27), AC (0,81) e CC (0,81), quando comparado aos demais fatores.
60
(Continuação)
Carga
Itens do “Marcos do Desenvolvimento” Fatorial
48. Usa palavras como “ontem” e “amanhã” corretamente 0,74
49. Fica sem urinar na cama a noite toda 0,86
50. Segue regras simples quando brinca com jogos de tabuleiros ou de cartas 0,80
51. Copia seu primeiro nome 0,70
52. Desenha figuras que você reconhece 0,77
53. Colore um desenho dentro das linhas 0,78
54. Sabe falar os dias da semana na ordem correta 0,44
62
TABELA 2- Cargas fatoriais do BPSC por domínio e do PPSC, Brasil, 2016
Itens C.F.1 Com.2
Lista de Sintomas do Bebê (BPSC)
Irritabilidade
1. Sua criança chora muito? 0,85 0,58
2. É difícil para sua criança se acalmar sozinha? 0,72 0,44
3. Sua criança fica irritada facilmente? 0,71 0,44
4. Sua criança continua chorando, mesmo quando você a pega no colo e tenta acalmá- 0,68 0,35
la?
Inflexibilidade
5. Sua criança fica incomodada com novas pessoas? 0,87 0,67
6. Sua criança fica incomodada de ser carregada por outras pessoas? 0,79 0,53
7. Sua criança fica incomodada em lugares novos? 0,77 0,47
8. É difícil para sua criança lidar com mudanças na rotina? 0,31 0,09
Dificuldade com Mudanças de Rotina
9. É difícil para você dormir o suficiente por causa da sua criança? 0,79 0,55
10. Sua criança tem dificuldades para manter o sono? 0,79 0,53
11. É difícil manter sua criança nas rotinas do dia a dia? 0,72 0,42
12. Sua criança tem dificuldades para pegar no sono? 0,70 0,41
Lista de Sintomas Pediátricos (PPSC)
Carga Fatorial Com.2
Itens
FG3 Ext4 Int5 P.A6
1. Sua criança quebra coisas de propósito? 0,47 0,72 - - 0,75
2. Sua criança briga com outras crianças? 0,47 0,27 - - 0,30
3. Sua criança é agressiva? 0,64 0,37 0,55
4. Sua criança é brava\ zangada? 0,66 0,27 - - 0,51
5. Sua criança tem dificuldades para brincar com outras crianças? 0,51 0,21 - - 0,30
6. Sua criança parece triste ou infeliz? 0,55 - 0,77 - 0,89
7. Sua criança parece medrosa ou nervosa? 0,46 - 0,20 - 0,25
8. Sua criança fica chateada se as coisas não são feitas do jeito que ela está acostumada? 0,63 - 0,40 - 0,56
9. Sua criança tem dificuldade para lidar com mudanças na rotina? 0,47 - - - 0,22
10. Sua criança tem dificuldade para prestar atenção? 0,41 - - 0,37 0,31
11. Sua criança é inquieta ou incapaz de ficar sentada? 0,35 - - 0,45 0,32
12. Sua criança tem dificuldade para se manter em uma única atividade? 0,35 - - 0,90 0,93
13. É difícil ir com sua criança a locais públicos? 0,47 0,55 - - 0,53
14. É difícil fazer sua criança obedecer você? 0,58 0,23 - - 0,40
15. É difícil acalmar sua criança? 0,67 - - - 0,45
16. É difícil saber o que sua criança precisa? 0,63 - - - 0,39
17. É difícil manter sua criança nas rotinas do dia a dia? 0,41 - - 0,23 0,22
18. Sua criança tem dificuldade para se acalmar sozinha? 0,46 - - - 0,21
4 Problemas 5 Problemas 6Problemas
¹Carga Fatorial; ² Comunalidade; ³Fator Geral; de Externalização; de Internalização; de Atenção
63
Discussão
modificações efetuadas fossem suficientes. Somente no segundo pré-teste foi obtida uma
compreensão satisfatória, o que confirma a importância da dupla testagem na população
alvo. Para garantir maior confiabilidade dos resultados, a amostra selecionada para os
pré-testes foi diversificada e o comitê de especialistas foi composto por equipe
multidisciplinar37. Além disso, os pesquisadores se preocuparam em realizar entrevistas
em mais de uma região do Brasil, incluindo participantes da zona rural e das classes
menos favorecidas da sociedade, em razão da grande diversidade cultural brasileira.
A versão final do SWYC foi enviada aos autores do instrumento, tendo sido testada
em grupos de imigrantes brasileiros residentes nos Estados Unidos e considerada
adequada para aplicação na população alvo. A versão final em português brasileiro está
disponível online https://sites.google.com/site/swyc2016/swyc-
filecabinet/translations/portuguese-swyc.
O presente estudo tentou manter-se fiel a versão original do SWYC e procurou-se
reproduzir as análises estatísticas usadas na versão original do instrumento. Assim, ao
realizar as análises da qualidade e da validade dos itens de todos os questionários
integrantes do SWYC (“Marcos do Desenvolvimento”, “BPSC” e “PPSC”), foram
evidenciados parâmetros adequados que apoiam o uso do instrumento em crianças do
Brasil. Além disso, todos os questionários apresentaram índices aceitáveis de validade
convergente e confiabilidade.
Conclui-se que a versão do SWYC para o português brasileiro foi desenvolvida
seguindo rigorosos critérios técnicos, o que propiciou uma adaptação adequada ao
contexto cultural das famílias brasileiras. O SWYC parece ser um instrumento promissor
para a triagem de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, no comportamento e
no contexto de vida das crianças, embora outras propriedades psicométricas da versão
brasileira ainda precisem ser verificadas. Trata-se de um questionário de fácil e rápida
aplicação, de acesso livre e, assim, viável para ser utilizado no contexto da atenção
primária.
65
Referências
1. Spittle AJ, Doyle LW, Boyd RN. A systematic review of the clinimetric properties of
neuromotor assessments for preterm infants during the first year of life. Dev Med Child
Neurol. 2008; 50(4):254–66.
2. Engle PL, Black MM, Behrman JR, Mello MC. Strategies to avoid the loss of
prevalencia potential in more than 200 million children in the developing world. Lancet.
2007; 369(20):229–42.
3. Walker SP, Wachs TD, Gardner JM, Lozoff B, Wasserman GA, Pollitt E, et al. Child
development : risk factors for adverse outcomes in developing countries. Lancet. 2007;
369:145–57.
4. Grantham-mcgregor S, Cheung YB, Cueto S, Glewwe P, Richter L, Strupp B.
Developmental potential in the first 5 years for children in developing countries. Lancet.
2007; 369:60–70.
5. Perrin EC, Sheldrick RC, Brandi S. Making the Link- Monitoring the Well-Being of
Young Children. Grantmakers for Children, Youth & Families. 2011; (8):1–6.
6. Campos D, Santos DCC, Gonçalves VMG, Goto MMF, Arias AV, Brianeze ACGS,
et al. Agreement between scales for screening and diagnosis of motor development at 6
months. J Pediatr (Rio J). 2006; 82(6):470–4.
7. AAP Institution. Identifying Infants and Young Children With Developmental
Disorders in the Medical Home: An Algorithm for Developmental. Pediatrics.2006; 118
(1):405–420.
8. Sheldrick RC, Merchant S, Perrin EC. Identification of Developmental-Behavioral
Problems in Primary Care: A Systematic Review. Pediatrics. 2011; 128(2):356–63.
9. Santos RS, Araújo APQC, Porto MAS. Early diagnosis of abnormal development of
preterm newborns: assessment instruments. J Pediatr (Rio J). 2008; 84(4):289–99.
10. Fischer VJ, Morris J, Martines J. Developmental screening tools: feasibility of use at
primary healthcare level in low- and middle-income settings. J Health Popul Nutr. 2014;
32(2):314–26.
11. Abubakar A, Holding P, Van Baar A, Newton C, Van de Vijver F. Monitoring
psychomotor development in a resource-limited setting: an evaluation of the Kilifi
Developmental Inventory. Ann Trop Paediatr. 2008; 28 (3):217–26.
12. Madaschi V, Mecca TP, Macedo EC, Paula CS. Bayley-III Scales of Infant and
Toddler Development: Transcultural Adaptation and Psychometric Properties. Paid
(Ribeirão Preto). 2016; 26(64):189–97.
13. Epstein J, Santo Miyuki R, Guillemin F. A review of guidelines for cross-cultural
adaptation of questionnaires could not bring out a consensus. J Clin Epidemiol. Elsevier
Inc; 2015; 68(4):435–41.
14. Santo RM, Ribeiro-Ferreira F, Alves MR, Epstein J, Novaes P. Enhancing the cross-
cultural adaptation and validation process: linguistic and psychometric testing of the
66
29. Raîche G, Walls TA, Magis D, Riopel M, Blais JG. Non-graphical solutions for
Cattell’s scree test. Methodology. 2013; 9(1):23–9.
30. Fornell C, Larcker DF. Evaluating structural equation models with unobservable
variables and measurement error. J Mark Res. 1981; 18(1):39–50.
31. Henseler J, Ringle CM, Sinkovics RR. The use of partial least squares path modeling
in international marketing [Internet]. Advances in International Marketing. 2009. 277-
319 p.
32. Tenenhaus M, Vinzi VE, Chatelin YM, Lauro C. PLS path modeling. Comput Stat
Data Anal. 2005; 48(1):159–205.
33. Kaiser HF. The varimax criterion for analytic rotation in factor analysis.
Psychometrika. 1958; 23 (3):187–200.
34. Steiger JH, Shapiro A, Browne MW. On The Multivariate Asymptotic Distribution
of Sequential Chi-square statistics. Psychometrika. 1985; 50(3):253–64.
35. Bentler PM. Comparative fit indexes in structural models. Psychol Bull. 1990;
107(2):238–46.
36. Bentler PM, Bonett DG. Significance tests and goodness of fit in the analysis of
covariance structures. Psychol Bull [Internet]. 1980; 88(3):588–606.
37. Word Health Organization. Process of translation and adaptation of instruments.
http://www.who.int/substance_abuse/research_tools/translation/en/. 2013. P. 10–2.
38. Epstein J, Osborne RH, Elsworth GR, Beaton DE, Guillemin F. Cross-cultural
adaptation of the Health Education Impact Questionnaire : experimental study showed
expert committee, not back-translation, added value. J Clin Epidemiol. Elsevier Inc;
2015; 68(4):360–9.
68
6.2- Artigo 2
Introdução
Método
ser maior que 0,70 para dar suporte a confiabilidade da escala (TENENHAUS et al.,
2005).
Assim como realizado na versão norte-americana, foi calculado o escore manual
para interpretação da pontuação final com base no escore convertido de desenvolvimento
de cada criança disponibilizado pelo modelo TRI. O escore manual pode ser consultado
em tabelas, o que viabiliza seu uso na prática clínica. O ponto de corte manual foi
calculado a partir dos valores e parâmetros da curva característica do item (a, b1 e b2)
do modelo TRI, utilizando a idade correspondente a 15% de atraso, seguindo o criterio
utilizado no instrumento original.
O parâmetro (a) indica a taxa com que a probabilidade de realização do item
aumenta de acordo com a idade. Um item que a maioria das crianças domina em curto
intervalo de tempo apresenta alta discriminação, pois gera informações relevantes sobre
um curto intervalo de tempo, ou seja, se a criança não atingiu aquele marco na idade
especifica ou logo após, isso é sugestivo de atraso. Por outro lado, itens referentes as
habilidades que desenvolvem por longo período são pouco discriminativos. O parâmetro
(b1) reflete a idade limite entre as respostas “ainda não” e “um pouco”, sendo
representado pela mediana da idade das respostas “ainda não”. Por fim, o parâmetro (b2)
reflete a idade de corte entre as opções “um pouco” e “muito”, sendo representado pela
mediana da idade das respostas “muito”. A partir das probabilidades estimadas de
responder “ainda não”, “um pouco” e “muito”, o escore manual foi calculado como a
probabilidade de responder “probabilidade de responder ainda não” x 0 + probabilidade
de responder “um pouco” x 1 + probabilidade de responder “muito” x 2. A soma dos
escores esperados dos 10 itens resultou no escore manual geral, sendo que o ponto de
corte de cada faixa etária foi arredondado para o próximo valor inteiro.
O presente estudo faz parte de projeto mais amplo denominado “Avaliação do
desenvolvimento infantil e intervenção precoce em crianças de alto risco e suas famílias
no Brasil”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (CAAE
29437514.1.0000.5149). A pesquisa recebeu financiamento da Grand Challenges
Canada e da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa
Catarina (FAPESC).
75
Resultados
* 5 crianças sem informação; ** 74 crianças excluídas por terem menos de 6 meses e 192 crianças excluídas
por não terem amamentação exclusiva até os 6 meses.
Tabela 2. Parâmetros do modelo de Resposta Gradual e idade das crianças em que o percentual de “faz muito” atinge 25%, 50% e 75% em
cada item, Araranguá, 2016
Idade (meses) que o percentual de crianças
Parâmetros que realizam as habilidades atinge
Itens
a 𝒃𝟏 𝒃𝟐 25% 50% 75%
1. Faz sons que mostram para você que ele ou ela está feliz ou chateado 1,48 - 1,16 0,74 1,16 1,82
2. Parece feliz em ver você 1,60 - 0,67 0,44 0,67 1,01
3. Segue com os olhos o movimento de um brinquedo 0,88 - 0,07 0,03 0,07 0,15
4. Vira a cabeça para achar a pessoa que está falando 1,05 - 0,43 0,23 0,43 0,80
5. Mantém a cabeça firme quando puxado para sentar 1,69 1,53 2,53 1,71 2,53 3,73
6. Junta as mãos 1,77 1,93 2,39 1,65 2,39 3,47
7. Ri 2,78 1,46 2,06 1,63 2,06 2,61
8. Mantém a cabeça firme quando você o/a segura na posição 2,55 1,17 3,30 2,54 3,30 4,27
9. Faz sons como “ga”, “ma” ou “ba” 2,13 2,98 3,83 2,81 3,83 5,22
10. Olha quando você o/a chama pelo nome 1,80 1,98 4,46 3,09 4,46 6,43
11. Vira de barriga para baixo 2,71 3,64 5,52 4,33 5,52 7,04
12. Passa um brinquedo de uma mão para a outra 3,06 4,45 4,98 4,01 4,98 6,18
13. Procura por você ou outro cuidador quando está chateado 2,48 3,45 3,83 2,94 3,83 5,00
14. Segura dois objetos e bate um no outro 3,18 4,59 5,04 4,10 5,04 6,20
15. Levanta os braços para ser carregado 3,56 5,27 6,75 5,61 6,75 8,13
16. Passa para a posição sentada sozinho (a) 3,31 6,65 7,85 6,43 7,85 9,58
17. Pega alimento com a mão e come 3,53 5,83 6,83 5,66 6,83 8,23
18. Puxa para ficar de pé 3,47 6,57 7,22 5,97 7,22 8,73
19. Brinca de “escondeu-achou” ou “bate palminhas” 3,71 6,46 7,01 5,87 7,01 8,38
20. Chama você de “mama” ou “papa” ou nome parecido 3,10 7,26 8,54 6,91 8,54 10,56
21. Olha ao redor quando você diz coisas como “Onde está sua
3,26 6,93 8,38 6,84 8,38 10,26
mamadeira?” ou “Onde está seu cobertor?”
22. Imita sons que você faz 4,14 8,42 10,78 9,19 10,78 12,65
23. Atravessa um cômodo andando sem ajuda 4,05 10,83 11,39 9,68 11,39 13,40
24. Atende pedidos como “Venha cá” ou “Me dá a bola” 4,09 8,12 9,47 8,06 9,47 11,12
25. Corre (sem ajuda) 3,54 12,86 15,28 12,69 15,28 18,41
26. Sobe escadas com ajuda 3,77 11,06 12,14 10,19 12,14 14,46
27. Chuta uma bola 3,42 13,71 16,06 13,24 16,06 19,47
28. Fala o nome de pelo menos 5 objetos familiares como bola ou leite 4,00 14,51 15,26 12,94 15,26 17,99
29. Fala o nome de pelo menos 5 partes do corpo-como nariz, mão ou
3,04 19,13 21,13 17,00 21,13 26,25
barriga
30. Sobe escadas sozinha apoiando com as mãos na parede ou no
4,77 14,53 16,05 13,97 16,05 18,43
corrimão
79
Continuação
Nota: “a”: nível de discriminação do item; “b1”: mediana da idade das respostas “ainda não” e “b2”: mediana da idade das respostas “muito”.
80
Gráfico 1 – Função de informação dos 54 itens do SWYC de acordo com a idade, Araranguá,
2016
Tabela 3 –Descrição dos escores manuais da versão brasileira e comparação dos pontos de corte das
versões brasileira e norte-americana por faixa etária, Araranguá, 2016
Pontos de corte
Idade Estudo
Milestones n Média DP Mín 1Q 2Q 3Q Máx Estudo
(meses) Norte-
Brasileiro
Americano*
2 meses 1–3 39 15,4 2,1 10 14,0 16,0 17,0 19 - -
4 20 12,9 2,8 6 11,0 13,5 15,0 17 11 13
4 meses
5 15 15,4 2,1 12 14,5 15,0 16,5 19 14 15
6 14 14,9 3,2 9 13,0 15,0 18,0 20 10 11
6 meses 7 11 15,6 2,8 10 14,5 16,0 17,0 20 13 14
8 9 17,6 1,9 15 16,0 18,0 19,0 20 15 16
9 7 15,4 1,7 13 14,5 15,0 16,5 18 10 11
9 meses 10 13 15,9 3,1 10 13,0 17,0 18,0 20 13 13
11 13 17,2 1,7 14 16,0 17,0 18,0 20 15 14
12 15 16,1 2,1 14 14,0 16,0 18,0 20 14 12
12 meses 13 11 16,8 1,6 14 16,0 17,0 17,5 20 15 13
14 7 16,3 2,3 13 14,5 17,0 18,0 19 16 14
15 20 14,9 3,0 8 14,0 15,0 17,0 19 13 10
15 meses 16 9 15,9 3,7 10 12,0 18,0 19,0 20 14 12
17 4 17,3 3,0 13 15,5 18,0 19,0 20 15 13
18 10 14,2 4,6 6 10,0 16,0 18,0 19 9 8
19 3 13,7 1,5 12 13,0 14,0 14,5 15 10 10
18 meses 20 7 15,1 3,6 9 13,5 16,0 17,0 20 11 11
21 8 15,3 3,9 7 14,0 16,0 18,0 19 12 13
22 5 17,0 3,9 11 15,0 19,0 20,0 20 13 14
23 3 16,7 2,3 14 16,0 18,0 18,0 18 9 10
24 4 14,3 5,5 7 10,0 15,5 18,5 19 10 11
25 6 12,7 4,3 8 8,0 12,5 17,0 18 11 12
24 meses
26 8 12,9 5,5 4 8,0 15,0 17,5 18 12 13
27 6 12,2 5,0 5 9,0 12,5 14,0 20 13 14
28 7 16,4 2,1 13 15,5 16,0 18,0 19 14 15
82
(Continuação)
Pontos de corte
Idade
Milestones N Média DP Mín 1Q 2Q 3Q Máx Norte-
(meses) Brasileiro
Americano*
29 2 11,5 7,8 6 6,0 11,5 17,0 17 8 9
30 6 14,2 4,8 6 13,0 14,5 17,0 20 9 10
31 8 14,4 2,8 11 12,0 14,5 16,0 19 9 11
30 meses
32 7 14,1 6,0 1 14,5 15,0 18,0 18 10 12
33 – 34 12 15,2 3,3 9 13,0 14,5 18,5 19 11 13
35 3 10,0 1,7 8 9,5 11,0 11,0 11 8 10
36 3 13,0 1,0 12 12,5 13,0 13,5 14 8 11
37 3 13,7 4,9 8 12,0 16,0 16,5 17 9 12
36 meses 38 – 39 9 14,3 2,7 10 12,0 14,0 17,0 18 9 13
40 – 41 2 11,0 7,1 6 6,0 11,0 16,0 16 10 14
42 – 43 5 16,2 2,2 13 16,0 16,0 17,0 19 11 15
44 – 46 12 16,4 2,7 11 15,0 16,5 18,5 20 12 16
47 2 11,5 0,7 11 11,0 11,5 12,0 12 8 12
48 – 50 10 12,3 3,8 5 9,0 13,0 15,0 17 9 13
48 meses 51 – 53 7 13,6 3,1 9 11,5 14,0 15,5 18 10 14
54 – 57 13 14,6 1,7 10 14,0 15,0 16,0 17 11 15
58 4 14,8 2,1 12 13,5 15,0 16,0 17 12 16
60 meses 59 – 65 33 14,8 2,8 8 14,0 15,0 17,0 19 - -
Nota: * SHELDRICK; PERRIN, 2013
Discussão
que itens localizados no final da escala apresentem maior grau de dificuldade. Além disso,
considerando o contexto brasileiro, estes itens estão relacionados a habilidades que, na
maioria das vezes, são desenvolvidas em ambientes escolares e no presente estudo apenas
uma pequena parcela das crianças frequentava a educação infantil.
Assim como ocorre na maioria dos testes de desenvolvimento, a curva de função
de informação do teste demonstrou que o “Marcos do Desenvolvimento” é mais
consistente em faixas etárias intermediárias e que fornece pouca informação sobre o
desenvolvimento de crianças com menos de três e mais de 60 meses. Drachler et al (2007)
encontraram resultados semelhantes ao utilizarem a TRI para analisar o Denver-II em
crianças de Porto Alegre, pois a escala mostrou ser mais simétrica e homogênea nas faixas
etárias entre três e 59 meses (DRACHLER; MARSHALL; LEITE, 2007).
De forma geral, as pontuações obtidas pelas crianças do Brasil foram inferiores
às das norte-americanas, sendo que somente nas faixas etárias de 12 e 15 meses as
crianças em estudo obtiveram ponto de corte na versão brasileira superior ao ponto de
corte do SWYC original. É provável que isso seja resultado da maior quantidade de ítens
referentes a marcos motores que são bastante estimulados pelos pais nestas faixas etárias
no Brasil. Estudos utilizando a triagem do desenvolvimento motor AIMS também
encontraram escores inferiores de crianças brasileiras quando comparadas àquelas
nascidas em países desenvolvidos (GONTIJO; MAGALHÃES; GUERRA, 2014;
SACCANI; VALENTINI, 2011a, 2013).
No presente estudo, na maioria das faixas etárias, os escores diferiram nas
versões americana e brasileira em um ou dois pontos. Já nas faixas etárias mais avançadas
do “Marcos do Desenvolvimento” (36 e 48 meses), as diferenças encontradas foram
maiores (acima de três pontos). Essas pequenas diferenças entre faixas etárias nos pontos
de corte das versões brasileira e americana podem ser atribuídas a variação amostral e aos
arredondamentos automáticos dos programas estatísticos. Entretanto, é relevante destacar
que, de modo geral, as diferenças encontradas foram grandes o suficiente para que seja
recomendado o uso do ponto de corte estabelecido no presente estudo para avaliação de
crianças do Brasil.
Foram encontradas diferenças maiores de escores entre as versões americana e
brasileira nas faixas etárias mais avançadas do teste provavelmente por que os itens dessas
faixas etárias se referem a habilidades muitas vezes desenvolvidas durante a educação
infantil. Diferentemente das crianças americanas, a maioria das crianças incluídas neste
estudo não frequentava ambientes educacionais (PHILLIPS; ADAMS, 2001; RHODES;
86
ser atribuídas à diversidade sociocultural das amostras analisadas e sua influência sobre
as práticas parentais (GONTIJO; MAGALHÃES; GUERRA, 2014; SACCANI;
VALENTINI, 2011b).
Capovilla & Capovilla (1997) ao realizar a tradução e estandardização para o
Brasil dos testes de linguagem “Peabody Picture Vocabulary Test” e “Language
Development Survey” também fizeram alterações nos pontos de corte em ambos
instrumentos, à medida que o vocabulário expressivo e receptivo é influenciado pelos
níveis econômico e social, além da escolaridade materna e paterna (CAPOVILLA;
CAPOVILLA, 1997). Na área cognitiva, Nascimento & Figueiredo (2002) ao fazer a
adaptação transcultural da “Escala de Inteligência Wechsler para crianças (WISC-III)”,
constataram a necessidade de fazer adaptações no conteúdo, ordem, tempo, concessão de
bônus para pontuação, além de modificar os grupos etários nas tabelas normativas
(NASCIMENTO; FIGUEIREDO, 2002).
Estudos nacionais também evidenciam a importância da triagem para
identificação precoce de ADNPM em crianças brasileiras (GUEDES; PRIMI;
KOPELMAN, 2011; MADASCHI et al., 2016; SACCANI; VALENTINI, 2011a). No
contexto brasileiro, o “Marcos do Desenvolvimento” , parte integrante do questionário de
triagem SWYC, apresenta vantagens, pois não tem custo, é rápido e mostrou-se viável de
ser aplicado na atenção primária. Os profissionais da atenção primária são aqueles que
melhor podem fazer vigilância e entender a trajetória do desenvolvimento de seus
pacientes, à medida que mantém contato regular e longitudinal com as famílias (ALY;
TAJ; IBRAHIM, 2010). O uso de instrumentos de triagem do desenvolvimento na
atenção primária pode contribuir para estudos brasileiros de base populacional, tão
necessários para subsidiar políticas públicas.
Conclui-se que o questionário “Marcos do Desenvolvimento” têm qualidades de
medida aceitáveis para serem utilizados em crianças do Brasil para triagem de ADNPM,
já que apresentou adequados índices de consistência interna e validade convergente.
Todavia, para analisar os resultados sugerimos que sejam utilizados os pontos de corte
ajustados ao contexto brasileiro. É necessário destacar que o questionario “Marcos do
Desenvolvimento” é apenas uma seção do SWYC e o uso do questionário completo
possivelmente irá fortalecer previsões mais adequadas do desenvolvimento global. É
importante ressaltar também que estes resultados são preliminares e que são necessários
outros estudos sobre a validade do SWYC, especialmente no que se refere a sua utilidade
para identificar atraso (medidas de especificidade e sensibilidade). Devido a diversidade
88
cultural brasileira, os estudos futuros devem ampliar o tamanho da amostra e incluir dados
de outras regiões do país, e de todas as classes sociais brasileiras.
89
Referências
ALY, Z.; TAJ, F.; IBRAHIM, S. Missed opportunities in surveillance and screening
systems to detect developmental delay: A developing country perspective. Brain and
Development, v. 32, n. 2, p. 90–97, 2010.
ANDRADE, D. F. DE; TAVARES, H. R.; VALLE, R. D. C. Teoria da Resposta ao
Item: Conceitos e Aplicações. [s.l: s.n.].
BENTLER, P. M. Comparative fit indexes in structural models. Psychological Bulletin,
v. 107, n. 2, p. 238–246, 1990.
BENTLER, P. M.; BONETT, D. G. Significance tests and goodness of fit in the analysis
of covariance structures. Psychological Bulletin, v. 88, n. 3, p. 588–606, 1980.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE. Disponível em:
<http://www.cidades.ibge.gov.br>. Acesso em: 23 dez. 2015.
BRASIL. Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde. Disponível em:
<http://cnes.datasus.gov.br/>. Acesso em: 23 dez. 2015.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAUDE. Orientações para a coleta e análise de dados
antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional - SISVAN / Básica. 1. ed. Brasília: [s.n.].
CAPOVILLA, F. C.; CAPOVILLA, A. G. S. Desenvolvimento Linguistico na criança
dos dois aos seis anos: Tradução e Estandardização do Peabody Picture Vocabulary Test
de Dunn & Dunn, e da Language Development Survey de Rescorla. Ciência Cognitiva:
Teoria, Pesquisa e aplicação, v. 1, n. 1, p. 353–80, 1997.
COELHO, R. et al. Child development in primary care: a surveillance proposal. Jornal
de Pediatria, v. 92, n. 5, p. 505–511, 2016.
DOSMAN, C. F.; ANDREWS, D.; GOULDEN, K. J. Evidence-based milestone ages as
a framework for developmental surveillance. Paediatr Child Health, v. 17, n. 10, p. 561–
568, 2012.
DRACHLER, M. D. L.; MARSHALL, T.; LEITE, J. C. DE C. A continuous-scale
measure of child development for population-based epidemiological surveys: A
preliminary study using item response theory for the Denver test. Paediatric and
Perinatal Epidemiology, v. 21, n. 2, p. 138–153, 2007.
EICKMANN, S. H.; EMOND, A. M.; LIMA, M. C. Evaluation of child development :
beyond the neuromotor aspect. Jornal de Pediatria, v. 92, n. 3, p. 571–83, 2016.
EL-BEHADLI, A. F. et al. Translations of Developmental Screening Instruments: An
Evidence Map of Available Research. J Dev Behav Pediatr, v. 36, n. 6, p. 471–483,
2015.
FERNALD, L. C. H. et al. Examining Early Child Development in Low-Income
Countries: A toolkit for the assessment of children in the first five years of life. In: The
World Bank. [s.l: s.n.]. p. 1–133.
FIGUEIRAS, A. C. M. et al. Avaliação das práticas e conhecimentos de profissionais da
atenção primária à saúde sobre vigilância do desenvolvimento infantil. Cadernos de
90
e extremo baixo peso segundo o teste Denver-II. Revista Brasileira de Saúde Materno
Infantil, v. 11, n. 4, p. 445–453, 2011.
MONTGOMERY, D. C.; PECK, E. A.; VINING, G. G. Introduction to Linear
Regression Analysis. 5. ed. New Jersey: John Wiley & Sons, 2012.
MURRAY, J. et al. Epidemiology of childhood conduct problems in Brazil: Systematic
review and meta-analysis. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, v. 48, n.
10, p. 1527–1538, 2013.
NASCIMENTO, E.; FIGUEIREDO, V. L. M. WISC-III e WAIS-III: alterações nas
versões originais americanas decorrentes das adaptações para uso no Brasil. Psicologia:
Reflexão e Crítica, v. 15, n. 3, p. 603–612, 2002.
PERRIN, E. C. et al. The Survey of Well-being of Young Children (SWYC) User ’ s
Manual. 1.01 ed. Boston: Center, Tufts Medical, 2016.
PERRIN, E. C.; SHELDRICK, R. C. Survey of Wellbeing of Young Children (SWYC).
Disponível em: <http://www.theswyc.org/>.
PHILLIPS, D.; ADAMS, G. Child care and our youngest children. Future of Children,
v. 11, n. 1, p. 35–51, 2001.
PNUD; IPEA; FJP. Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em:
<http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/home/>. Acesso em: 20 jul. 2016.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARANGUÁ. Secretaria Municipal de Saúde de
Araranguá. Disponível em: <http://www.ararangua.sc.gov.br>. Acesso em: 23 dez.
2014.
RAÎCHE, G. et al. Non-graphical solutions for Cattell’s scree test. Methodology, v. 9, n.
1, p. 23–29, 2013.
REDE NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA. Plano Nacional pela Primeira Infância.
1. ed. Brasília: Secretaria executiva RNPI, 2010.
REISE, S. P.; MORIZOT, J.; HAYS, R. D. The role of the bifactor model in resolving
dimensionality issues in health outcomes measures. Quality of Life Research, v. 16, n.
SUPPL. 1, p. 19–31, 2007.
RHODES, H.; HUSTON, A. Building the Workforce Our Youngest Children Deserve.
Social Policy Report. Society for Research in Child Development, v. 26, n. 1, p. 1–32,
2012.
SABANATHAN, S.; WILLS, B.; GLADSTONE, M. Child development assessment
tools in low-income and middle-income countries: how can we use them more
appropriately? Archives of Disease in Childhood, v. 100, n. 5, p. 482–488, 2015.
SACCANI, R.; VALENTINI, N. C. Análise do Desenvolvimento Motor de crianças de
zero a 18 Meses de idade: Representatividade dos ítens da Alberta Infant Motor Scale por
faixa etária e postura. Revista brasileira de crescimento e desenvolvimento humano,
v. 20, n. 3, p. 711–722, 2010.
SACCANI, R.; VALENTINI, N. C. Reference curves for the Brazilian Alberta Infant
Motor Scale: percentiles for clinical description and follow-up over time. Jornal de
Pediatria, v. 88, n. 1, p. 40–47, 2011a.
92
SACCANI, R.; VALENTINI, N. C. Reference curves for the Brazilian Alberta Infant
Motor Scale: percentiles for clinical description and follow-up over time. Jornal de
Pediatria, 4 nov. 2011b.
SACCANI, R.; VALENTINI, N. C. Análise transcultural do desenvolvimento motor de
crianças brasileiras, gregas e canadenses avaliadas com a Alberta Infant Motor Scale.
Revista Paulista de Pediatria, v. 31, n. 3, p. 350–358, 2013.
SAMEJIMA, F. Estimation of latent ability using a response pattern of graded scores.
Psychometrika, v. 35, n. 1, p. 139, 1969.
SANTANA, C. M. T.; FILGUEIRAS, A.; LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Ages &
Stages Questionnaire-Brazil-2011: Adjustments on an Early Childhood Development
Screening Measure. Global Pediatric Health, v. 2, n. 0, p. 1–12, 2015.
SANTOS, M. M. et al. Comparison of motor and cognitive performance of children
attending public and private day care centers. Brazilian Journal of Physical Therapy,
v. 17, n. 6, p. 579–587, 2013.
SEBRAE/SC. Araranguá em Números. 1. ed. Florianópolis: Sebrae, 2013.
SHELDRICK, R. C. et al. The Preschool Pediatric Symptom Checklist (PPSC):
development and initial validation of a new social/emotional screening instrument.
Academic pediatrics, v. 12, n. 5, p. 456–67, 2012.
SHELDRICK, R. C. et al. The baby pediatric symptom checklist: development and initial
validation of a new social/emotional screening instrument for very young children.
Academic pediatrics, v. 13, n. 1, p. 72–80, 2013.
SHELDRICK, R. C.; MERCHANT, S.; PERRIN, E. C. Identification of Developmental-
Behavioral Problems in Primary Care: A Systematic Review. Pediatrics, v. 128, n. 2, p.
356–63, 2011.
SHELDRICK, R. C.; PERRIN, E. C. Evidence-based milestones for surveillance of
cognitive, language, and motor development. Academic pediatrics, v. 13, n. 6, p. 577–
86, 2013.
SHONKOFF, J. P. et al. The Lifelong Effects of Early Childhood Adversity and Toxic
Stress. Pediatrics, v. 129, n. 1, p. e232–e246, 2012.
SMITH, N. J.; SHELDRICK, R. C.; PERRIN, E. C. An abbreviated screening instrument
for autism spectrum disorders. Infant Mental Health Journal, v. 34, n. 2, p. 149–155,
2013.
SQUIRES J, BRICKER D, P. L. Ages & Stages Questionnaires, Third Edition (ASQ-
3) User’s Guide. 3. ed. Baltimore: Brookes Publishing, 2009.
STEIGER, J. H.; SHAPIRO, A.; BROWNE, M. W. On The Multivariate Asymptotic
Distribution of Sequential Chi-square statistics. Psychometrika, v. 50, n. 3, p. 253–264,
1985.
TENENHAUS, M. et al. PLS path modeling. Computational Statistics and Data
Analysis, v. 48, n. 1, p. 159–205, 2005.
VALENTINI, N. C.; SACCANI, R. Escala Motora Infantil de Alberta: validação para
uma população gaúcha. Revista Paulista de Pediatria, v. 29, n. 2, p. 231–238, 2011.
93
6.3-Artigo 3
Introdução
Métodos
criança (PERRIN et al., 2016; SHELDRICK; PERRIN, 2013). O SWYC apresenta como
vantagens ser de livre acesso, além de poder ser usado por profissionais da educação e da
saúde (PERRIN et al., 2014; SHELDRICK; PERRIN, 2013).
No presente estudo foram analisados dados dos questionários de comportamento
e sintomas emocionais integrantes do SWYC-“BPSC” e PPSC”. As questões do BPSC
foram criadas tendo como base a experiência clínica dos autores, revisões de literatura
sobre o tema e a partir de instrumentos comumente utilizados na prática clínica e
pesquisa, tais como, o “Infant Toddler Social and Emotional Assessment (ITSEA)”, “Ages
& Stages Questionnaire: Social/Emotional (ASQ:SE”), dentre outros (PERRIN et al.,
2016). A construção dos itens do PPSC também foi fundamentada em extensa revisão de
literatura e de outros instrumentos validados, como o “Pediatric Symptom Checklist,
Child Behavior Checklist (CBCL)”, “Children’s Depression Inventory”, “ITSEA” e o
“ASQ:SE” (PERRIN et al., 2016).
O BPSC foi desenvolvido para crianças abaixo de 18 meses e apresenta 12 itens
divididos em três subescalas (irritabilidade, inflexibilidade e dificuldades com a rotina).
Cada subescala tem pontuação independente que é dada pela soma das respostas dos pais
(“0” para a resposta “ainda não”, “1” para “um pouco” e “2” para “muito”). Para a versão
original, pontuação igual ou superior a três em qualquer das subescalas indica suspeita
de alteração no comportamento. No estudo original, a confiabilidade interna e teste-
reteste apresentaram medidas adequadas em todas as subescalas (ICC>0,70), exceto para
irritabilidade (ICC=0,64) (PERRIN et al., 2016; SHELDRICK et al., 2013).
O PPSC foi desenvolvido para a faixa etária de 18 a 65 meses e apresenta 18 itens
divididos em quatro dimensões (problemas de externalização, internalização, problemas
de atenção e desafios para parentagem). O sistema de pontuação é similar ao BPSC, sendo
que na versão original do questionário, pontuação igual ou superior a nove sinaliza
suspeita de alterações de comportamento, sendo recomendada melhor investigação. Este
questionário apresenta valores Alfa Cronbach (AC) acima de 0,86 e valor adequado de
confiabilidade teste-reteste (0,75). Há evidências de que o PPSC identifica crianças com
alterações de comportamento de forma semelhante a outros instrumentos reconhecidos,
como o CBCL (PERRIN et al., 2016 ; SHELDRICK et al, 2012).
Os dados foram armazenados em formato eletrônico, com digitação dupla e sem
qualquer identificação dos participantes. Para processamento e análise dos dados foi
utilizado o pacote estatístico Epi Info, versão 7 e o software R (versão 3.2.2). A fim de
analisar a qualidade e validade das subescalas do BPSC- “Irritabilidade”,
99
Resultados
Tabela 1- Características das crianças, mães e famílias incluídas no estudo, Araranguá, 2016
Variáveis n %
e “muito”, demonstrando que na opinião dos pais seus filhos apresentavam os sintomas
comportamentais questionados.
103
Bifactor (SWYC original) 18 0,29 0,81 0,81 1 0,04 [0,02; 0,06] 0,94 0,95
Bifactor (SWYC versão brasileira) 18 0,27 0,81 0,81 1 0,026 [0,00; 0,05] 0,98 0,98
Média Extraída; ²Alfa de Cronbach; ³Confiabilidade Composta; 4 Dimensionalidade; 5 Medida de Adequação da Amostra de
¹Variância
Kaiser-Meyer-Olkin; 6Root Mean Square Error of Approximation; 7Tucker-Lewis Index; 8Comparative Fit Index.
A Figura 1 mostra dois gráficos que apresentam o percentil 90 dos escores obtidos
pelas crianças do Brasil, de acordo com a idade, no BPSC (por dominio) e no PPSC.
Nota-se que em todos os domínios do BPSC, o ponto de corte para suspeita de alterações
de comportamento foi próximo a quatro pontos. Já para o PPSC, o ponto de corte para
suspeita de alterações de comportamento está próximo a 16 pontos (FIGURA 1).
105
Dificuldades com as
Irritabilidade Inflexibilidade
mudanças na rotina
n % n %
18 ⊢ 23 14 42,4 4 12,1
23 ⊢ 29 16 47,1 5 14,7
29 ⊢ 35 24 68,6 4 11,4
35 ⊢ 47 17 45,9 3 8,1
47 ⊢ 59 16 44,4 5 13,9
59 ⊢ 66 15 45,5 4 12,1
Discussão
resultados trazem contribuições para esta área de conhecimento à medida que existem
poucos instrumentos de triagem de comportamento para a primeira infância adaptados
culturalmente para o Brasil e viáveis de serem usados na prática clínica (EICKMANN;
EMOND; LIMA, 2016; HABIB; MAGALHÃES, 2007).
As caracteristicas socioeconomicas da amostra deste estudo correspondem às da
população de Ararangua nos seguintes aspectos: a maioria das famílias participantes são
de baixa renda (SEBRAE/SC, 2013) e apresentam média da escolaridade materna
semelhante (11 anos) (PNUD; IPEA; FJP, 2013). Dados obtidos do SEBRAE/SC
apontam que a maior parte dos domicílios de Araranguá pertence às classes sociais C1,
C2, D/E (SEBRAE/SC, 2013).
Verificou-se que a utilização da Análise Fatorial na versão brasileira foi
apropriada, assim como realizado na versão original. Foi constatado ainda que os itens da
versão brasileira, tanto do BPSC quanto do PPSC, alcançaram todos os critérios de
validade analisados, o que viabiliza seu uso nesta população. Todas as subescalas do
BPSC foram unidimensionais pelo critério de Kaiser e tiveram ajustes da análise fatorial
considerados adequados. Em relação ao PPSC, pode-se observar que o modelo Bifactor
da versão brasileira do SWYC apresentou medidas semelhantes ao modelo da versão
original. Dessa forma, tanto as medidas de qualidade e validade dos constructos do BPSC
e do PPSC, quanto o modelo de ajuste obtido para a versão brasileira do PPSC foram
semelhantes aos encontrados na versão original do SWYC (SHELDRICK et al., 2012,
2013).
A análise da frequência das respostas dos responsáveis, tanto no BPSC quanto no
PPSC, mostra que os pais descrevem, de formal geral, seus filhos com características
positivas. Seidl-de-Moura et al (2013) obtiveram resultado semelhante em estudo no qual
mães brasileiras descreveram seus filhos com mais características positivas que negativas
de temperamento (SEIDL-DE-MOURA et al., 2013). Apesar disso, a análise das
respostas do BPSC mostrou que pais brasileiros de crianças até 17 meses também
relataram com alguma frequência características negativas de temperamento. Vários pais
relataram que seus filhos se irritam facilmente, não conseguem se acalmar sozinhos e que
eles tem dificuldade para manter os filhos em rotinas pré-estabelecidas. Estudos sobre
práticas educativas e crenças maternas demonstram que mães brasileiras atribuem grande
importância ao seguimento de regras sociais, considerando isso como bom
comportamento (BANDEIRA; SEIDL-DE-MOURA, 2012; SEIDL-DE-MOURA et al.,
2008; VIEIRA et al., 2010). Assim, as questões destacadas pelos pais no BPSC, podem
108
Referências
BENTLER, P. M.; BONETT, D. G. Significance tests and goodness of fit in the analysis
of covariance structures. Psychological Bulletin, v. 88, n. 3, p. 588–606, 1980.
HALEKOH, U.; HØJSGAARD, S.; YAN, J. The R Package geepack for generalized
112
HENSELER, J.; RINGLE, C. M.; SINKOVICS, R. R. The use of partial least squares
path modeling in international marketing. [s.l: s.n.]. v. 20
KIELING, C. et al. Child and adolescent mental health worldwide: Evidence for action.
The Lancet, v. 378, n. 9801, p. 1515–1525, 2011.
MURRAY, J. et al. Childhood 112revalen problems predict crime and violence in late
adolescence: Brazilian and British birth cohort studies. Social Psychiatry and
Psychiatric Epidemiology, v. 50, n. 4, p. 579–589, 2015.
PERRIN, E. C. et al. Improving parenting skills for families of young children in pediatric
settings: a randomized clinical trial. JAMA pediatrics, v. 168, n. 1, p. 16–24, 2014.
SHELDRICK, R. C. et al. The baby pediatric symptom checklist: development and initial
validation of a new social/emotional screening instrument for very young children.
Academic pediatrics, v. 13, n. 1, p. 72–80, 2013.
6.4- Artigo 4
Introdução
que instrumentos para triagem de TEA são de difícil acesso, têm custo elevado e exigem
tempo extra para aplicação e interpretação dos resultados.7
Vários instrumentos são usados internacionalmente para detecção de TEA,12
contudo, poucos são adaptados e validados para a população brasileira, o que reflete em
pequeno uso na prática clínica e em pesquisas no país.4 Revisão sistemática recente
verificou a existência de seis instrumentos de triagem para detecção de TEA adaptados
para o Brasil. Destes, somente o “Modified Checklist for Autism in Toddlers(M-CHAT)”
contempla as idades de 16 a 30 meses, sendo que os demais instrumentos são direcionados
para crianças acima de dois anos. Entretanto, apesar de apresentar propriedades
psicométricas adequadas, o M-CHAT tem 23 itens, necessitando de 10 minutos para
aplicação e interpretação. Este tempo parece razoável, contudo, o MCHA-T rastreia
apenas casos de TEA e o profissional de saúde necessitará buscar outros instrumentos
para avaliar diferentes áreas do desenvolvimento infantil.4
Considerando a necessidade de instrumentos de triagem, os autores do presente
estudo realizaram a adaptação transcultural do “Survey of Wellbeing of Young Children
(SWYC)” para crianças do Brasil. O SWYC é um questionário de vigilância do
desenvolvimento infantil criado em 2011 nos Estados Unidos da América. É subdividido
em três partes (desenvolvimento, comportamento e fatores de risco familiares) e contém
questionários curtos para avaliar crianças de um a 65 meses. O domínio desenvolvimento
inclui uma triagem especifica para TEA (“Observações dos Pais sobre Interação Social-
-POSI”) nas faixas etárias de 18 a 34 meses.13 O SWYC é simples, de rápida aplicação,
não necessita de kit com materiais específicos, além de ter a vantagem de ser de livre
acesso.13 Foi realizada adaptação transcultural do SWYC conforme normas
internacionais 14 e este instrumento bem como instruções para utilização estão disponíveis
online https://sites.google.com/site/swyc2016/swyc-filecabinet/translations/portuguese-
swyc.
Os objetivos do presente estudo foram investigar a prevalência de suspeita de TEA
em crianças do Brasil por meio do questionário de triagem POSI e verificar a associação
da suspeita de TEA com alterações do comportamento e desenvolvimento e/ou com
outras condições de risco.
116
Método
problemas e pessoal social. Cada item do ASQ-3 é pontuado em uma escala de três pontos:
“sim”(10 pontos), “as vezes”(5 pontos) ou “não”(0 ponto) – cuja soma fornece o escore
total de cada área do desenvolvimento.19 Segundo a normatização norte-americana do
ASQ-3, em cada domínio o desenvolvimento da criança é classificada como abaixo da
média, na média e acima da média. As propriedades psicométricas do ASQ-3,
confiabilidade teste-reteste (0,94), validade concorrente (0,76 a 0,88), especificidade
(0,82) e sensibilidade (0,88), são adequadas para uso clínico e pesquisa.19
Os dados do presente estudo foram armazenados em formato eletrônico, sem
qualquer identificação dos participantes. Para processamento e análise dos dados foi
utilizado o pacote estatístico Epi Info, versão 7. Foi realizada análise univariada para
verificar associação entre as variáveis de exposição e o desfecho suspeita de TEA,
utilizando os testes Qui-quadrado e Exato de Fisher (nível de significância ≤0,05).
Resultados
Gênero
Masculino 51 50,50
Feminino 50 49,50
Idade da mãe ao nascimento da criança (anos)
≤19 17 16,83
>19 84 83,17
Escolaridade da mãe (anos)
1-4 7 6,93
5-8 28 27,72
9-11 61 60,40
12-15 5 4,95
Classificação Socioeconômica (ABEP)
A+B1+B2 28 27,72
C1+C2+D/E 73 72,28
Renda per capita (salários mínimos)
≤ 0,5 36 35,64
0,5˂ a ≤ 1 52 51,49
1˂a≤2 13 12,87
10
% de Crianças com POSI
8 18 a 22 meses
positivo
6 23 a 28 meses
29 a 34 meses
4
Resultado Global
2
GRÁFICO 1 – Prevalência de crianças com suspeita de TEA por faixa etária e global,
Araranguá, 2016
120
Tabela 2- Frequência das respostas dos responsáveis de acordo com o POSI, Araranguá, 2016
Perguntas do POSI
Tabela 3 – História pregressa, comportamento atual, aspectos psicossociais e sua associação com o POSI,
Araranguá, 2016
Gênero
Masculino 38 13 51 0,35ª
Feminino 42 8 50
Prematuridade (semanas)
<37 9 3 12 0,70ᵇ
≥37 71 18 89
Preocupação dos pais com o desenvolvimento
da criança
Sim 16 6 22 0,38ᵇ
Não 64 15 79
Preocupação dos pais com o comportamento da
criança
Sim 36 11 47 0,72ª
Não 44 10 54
PPSC (SWYC)
Normal 70 17 87 0,48ᵇ
Alterado 10 4 14
Criança frequenta creche
Sim 28 9 37 0,68ª
Não 52 12 64
ª Teste Qui-quadrado; ᵇ Teste Exato de Fisher; * Classificação Socioeconômica Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas
Comunicação
Alteração 0 1 1 2 3 5 5 0 5
0,30ª 0,03*ª 1,00ª
Normal 23 9 32 25 3 28 25 5 30
Coordenação
Motora Fina
Alteração 2 3 5 5 1 6 1 0 1
0,14ª 1,00ª 1,00ª
Normal 21 7 28 22 5 27 29 5 34
Coordenação
Motora Ampla
Alteração 1 0 1 1 3 4 2 1 3
1,00ª 0,01*ª 0,37ª
Normal 22 10 32 26 3 29 28 4 32
Pessoal Social
Alteração 0 2 2 6 2 8 7 0 7
0,08ª 0,61ª 0,55ª
Normal 23 8 31 21 4 25 23 5 28
Resolução de
Problemas
Alteração 1 0 1 1 2 3 3 0 3
1,00ª 0,07ª 1,00ª
Normal 22 10 32 26 4 30 27 4 32
ª Teste Exato de Fisher; * p<0,05; (+) Positivo para suspeita de TEA; (-) Negativo para suspeita de TEA
124
Discussão
americanas foi o atraso na linguagem entre o primeiro e o segundo ano de vida, assim
como no presente estudo.20 Hardy et al (2015), ao utilizarem também o ASQ-3 e o M-
CHAT, demonstraram que uma em cada três crianças norte-americanas de 16 a 30 meses
requer vigilância do desenvolvimento e que 14% necessitarão de triagem para autismo.26
Deve-se destacar que o tamanho pequeno da amostra, possivelmente, não permitiu
demonstrar associação estatística entre alterações do desenvolvimento e resultados do
POSI em outras faixas etárias. Além disso, é importante ressaltar que apesar da adaptação
transcultural do ASQ-3 para o Brasil ter sido realizada, ainda não foram realizados estudos
normativos para classificação do desenvolvimento de crianças brasileiras utilizando este
instrumento.19 Assim, diferenças socioculturais relacionadas ao comportamento das
crianças e percepção dos pais poderiam explicar os resultados encontrados neste estudo.
Dificuldades econômicas das famílias, incluindo número de telefones válidos
para contato, baixa escolaridade materna e desconhecimento dos familiares sobre
desenvolvimento infantil são algumas barreiras sociodemográficas que dificultam a
localização destas crianças e a detecção precoce de TEA .30,31 Estes obstáculos podem ser
minimizados considerando que profissionais de saúde da atenção primária conhecem as
residências das famílias e são os primeiros a acompanhar o desenvolvimento da criança.
As UBS/ESF constituem cenário ideal para rastreio precoce de alterações do
desenvolvimento por serem a porta de entrada da população no Sistema Único de Saúde.
Assim, programas de atenção primária, tais como, pré-natal, puericultura e vacinação,
poderiam se transformar em oportunidades para orientar as famílias e encaminhar as
crianças para intervenção, quando necessário.25 Todavia, profissionais inseridos na
atenção primária enfrentam dificuldades, como falta de tempo, custos elevados e
desconhecimento sobre desenvolvimento infantil, para realizar triagem das crianças 26,28
o que muitas vezes, os leva a restringir a puericultura à antropometria e vacinação
infantil.25 No presente estudo, no entanto, foi constatada a viabilidade da aplicação do
POSI nas UBS/ESF.
É importante considerar que foram encontradas prevalência de suspeita de TEA
semelhante a de outros estudos, além de associações com alterações desenvolvimento
nos domínios comunicação e coordenação motora ampla. Isso evidencia a necessidade
de melhor vigilância do desenvolvimento infantil, além da utilização de procedimentos
viáveis e eficazes para triagem destas crianças na atenção primária. O POSI poderia ser
utilizado para este fim na atenção primária, contudo, ainda são necessários outros estudos
que façam o seguimento das crianças com triagem positiva para verificação diagnóstico
127
Referências
2. Carvalho FA, Teixeira MCTV, Brunoni D, Strauss VG, Paula CS. Identificação de Sinais
Precoces de Autismo Segundo um Protocolo de Observação Estruturada: um Estudo de
Seguimento. Psico. 2014; 45 (4):502–12.
4. Backes B, Monego BG, Bosa CA, Bandeira DR. Psychometric properties of assessment
instruments for autism spectrum disorder: a systematic review of Brazilian studies. J Bras
Psiquiatr [Internet]. 2014; 63(2):154–64.
6. Blumberg SJ, Bramlett MD, Kogan MD, Schieve LA, Jones JR, Lu MC. Changes in prevalence
of parent-reported autism spectrum disorder in school-aged U. S. children: 2007 to 2011 –
2012. Natl Health Stat Report. 2013; (65):1–11.
7. Smith NJ, Sheldrick RC, Perrin EC. An abbreviated screening instrument for autism spectrum
disorders. Infant Ment Health J. 2013; 34 (2):149–55.
8. Elsabbagh M, Divan G, Koh YJ, Kim YS, Kauchali S, Marcín C, et al. Global Prevalence of
Autism and Other Pervasive Developmental Disorders. Autism Res. 2012; 5 (3):160–79.
10. Teixeira MCTV, Mecca TP, Velloso RDL, Bravo RB, Ribeiro SHB, Mercadante MT, et al.
Literatura científica brasileira sobre transtornos do espectro autista. Rev Assoc Med Bras.
2010;56(5):607–14.
11. Carvalho FA, Paula CS, Teixeira MCT, Zaqueu L da CC, Famá D’Antino ME. Rastreamento
de sinais precoces de transtornos do espectro do autismo em crianças de creches de um
129
12. Brentani H, de Paula CS, Bordini D, Rolim D, Sato F, Portolese J, et al. Autism spectrum
disorders: An overview on diagnosis and treatment. Rev Bras Psiquiatr. 2013; 35(SUPPL.
1):62–72.
13. Perrin EC, Sheldrick C, Visco Z, Mattern K. The Survey of Well-being of Young Children
(SWYC) User’s Manual [Internet]. 1.01 ed. Boston: Center, Tufts Medical; 2016. 1-157 p.
Available from: www.theSWYC.org
14. Moreira RS, Magalhães LDC, Machado CS, Alves CRL. Adaptação Transcultural do “Survey
of Wellbeing of Young Children (SWYC)” questionário de vigilância do desenvolvimento
para crianças até 65 meses. Cad Saude Publica. A ser publicado 2017.
16. Kamakura W, Mazzon JA. Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa- ABEP [Internet].
Critério de Classificação Econômica Brasil- ABEP. 2015. Available from:
http://www.abep.org/
17. Sheldrick RC, Henson BS, Merchant S, Neger EN, Murphy JM, Perrin EC. The Preschool
Pediatric Symptom Checklist (PPSC): development and initial validation of a new
social/emotional screening instrument. Acad Pediatr [Internet]. Elsevier Ltd; 2012; 12(5):456–
67.
18. Sheldrick RC, Perrin EC. Evidence-based milestones for surveillance of cognitive, language,
and motor development. Acad Pediatr [Internet]. Elsevier Ltd; 2013 [cited 2014 Jan 9]; 13
(6):577–86.
20. Zanon RB, Backes B, Bosa CA. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais.
Psicol Teor e Pesqui [Internet]. 2014;30(1):25–33.
21. Zaqueu L da CC, Teixeira MCTV, Carvalho FA, Paula CS de. Associações entre Sinais
Precoces de Autismo, Atenção Compartilhada e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Psicol
Teor e Pesqui [Internet]. 2015; 31(3):293–302.
22. Paula CS, Ribeiro SH, Fombonne E, Mercadante MT. Brief report: Prevalence of pervasive
130
23. Robins DL. Screening for autism spectrum disorders in primary care settings. Autism
[Internet]. 2008; 12(5):537–56.
24. Yama B, Freeman T, Graves E, Yuan S, Karen Campbell M. Examination of the properties of
the modified checklist for autism in toddlers (m-chat) in a population sample. J Autism Dev
Disord. 2012;42(1):23–34.
25. Melo CM de, Luzia JC, Kienen N, Fornazari SA. Psicologia e Análise do Comportamento-
Saúde e Processos Educativos. 2nd ed. Londrina: Universidade Estadual de Londrina; 2015. 1-
80 p.
26. Hardy S, Haisley L, Manning C, Fein D. Can Screening with the Ages and Stages
Questionnaire Detect Autism? J Dev Behav Pediatr [Internet]. 2015; 36(7):536–43.
27. McPheeters ML, Weitlauf A, Vehorn A, Taylor C, Sathe NA, Krishnaswami S, et al. Screening
for Autism Spectrum Disorder in Young Children: A Systematic Evidence Review for the U.S.
Preventive Services Task Force. AHRQ Publ [Internet]. 2016; 13-05185-E (129):202.
29. Centers for Disease Control and Prevention. Prevalence of Autism Spectrum Disorders-Autism
and Developmental Disabilities Monitoring Network. MMWR Surveill Summ. 2007;
56(SS01):12–28.
30. Gomes PTM, Lima LHL, Bueno MKG, Araújo LA, Souza NM. Autism in Brazil: A systematic
review of family challenges and coping strategies. J Pediatr (Rio J) [Internet]. Sociedade
Brasileira de Pediatria; 2015;91(2):111–21.
31. Khowaja MK, Hazzard AP, Robins DL. Sociodemographic barriers to early detection of
autism: screening and evaluation using the M-CHAT, M-CHAT-R, and Follow-Up. J Autism
Dev Disord. 2015;45(6): 229–62.
131
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS
necessários outros estudos que ampliem a amostra, incluam crianças de classes sociais e de diferentes
regiões diferentes no Brasil, além de dar continuidade ao processo de validação do teste com a
mensuração de outras propriedades psicométricas, como validade concorrente, confiabilidade teste-
reteste, confiabilidade intra e extraexaminadores, dentre outras.
133
8- APÊNDICES
134
8.1- APÊNDICE A
Atenciosamente,
CONSENTIMENTO
Eu ____________________________________________________________________responsável
por _________________________________________________________________ estou
esclarecido(a) sobre os objetivos da pesquisa e autorizo sua participação na pesquisa: ADAPTAÇÃO
TRANSCULTURAL E VALIDAÇÃO PARA O BRASIL DO INSTRUMENTO SURVEY OF
WELLBEING OF YOUNG CHILDREN (SWYC).
Pesquisadoras:
Cláudia Regina Lindgren Alves- Médica, professora do Departamento de Pediatria da Universidade
Federal de Minas Gerais. Tel. (31) 99851611
Lívia de Castro Magalhães- Terapeuta Ocupacional, professora do Departamento de Terapia
Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. Tel.(31) 3409-7429
Rafaela Silva Moreira- Fisioterapeuta, professora do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal
de Santa Catarina e doutoranda da Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da
UFMG.Tel. (48)98185178
8.2- APÊNDICE B
137
138
8.3- APÊNDICE C
139
140
8.4- APÊNDICE D
QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO
Entrevistador:__________________________________________Data da entrevista:________________________
I-Identificação
Dados da Criança
Nome:__________________________________________________________________________________________
Data de Nascimento:______________________ Peso ao nascer:___________________________________________
Idade gestacional:________________________ Peso atual:______________________________________________
Altura:__________________________________
Dados Familiares
Nome da mãe:_______________________________________________________ Telefone:____________________
Nome do pai:________________________________________________________Telefone:_____________________
Endereço Mãe:___________________________________________________________________________________
Endereço Pai:____________________________________________________________________________________
Centro de Saúde de Referência:______________________________________________________________________
11. Você recebe bolsa família? (1) sim (2) não ( ) NS Bolsa
12. Qual o valor da Bolsa Família que você recebe: R$_________ ( )NS Valbolsa
13. Renda familiar mensal incluindo a bolsa família e outras possíveis bolsas: R$ _________ Renda
( ) NS
14. Quantas pessoas vivem com essa renda? ________ pessoas Npessoas
15. Quem são estas pessoas? (listar pelo grau de parentesco com a mãe) Parentes
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
16. Qual a situação da casa em que vive? Moradia
(1) Própria (já paga) (2)Própria (pagando) (3) Aluguel (4) Cedido pelo empregador
(5) Cedido de outra forma (6) Outra:___________________________________
17. Quantos cômodos tem na casa? _____________ Cômodos
18. Quantas consultas de Pré- natal você fez? (1) _________________(99) não sabe responder Prenatal
19. Durante o primeiro ano de vida você colocou ou coloca seu filho de barriga para baixo? Prono
(1) sim (2) não
20. Até qual idade a criança foi amamentada? _____ meses Aleitidad
21. A criança apresenta atualmente algum problema de saúde?
Problemas
(1) sim qual? _______________________________ (2) não (99) não sabe informar
22. Sua criança já foi internada alguma vez? (1) sim- motivo _____________________
Internacao
(2)não (99) não sabe informar
23. Sua criança tem ou já teve baixo peso em algum momento da sua vida? (1) sim (2) não (99)
Baixopeso
não sabe informar
24. Você faz acompanhamento periódico do crescimento/desenvolvimento da sua criança no posto Puericult
de saúde?
25. Quem cuida da criança a maior parte do tempo? (1) mãe (2) pai (4) parentes (8) Babá (16)
Cuidarcri
outros
26. A criança frequenta (ou) creche/maternal/ prézinho? Freqcrech
(1) sim, com que idade começou?______________ (2) não (99) não sabe informar
27. Quanto tempo à criança permanece no ambiente de creche ou escola? (1) 1 turno (2) 2 turnos Turnos
(99) não sabe informar
28. Sua criança convive com outras crianças? (1) sim, quem?_______________ (2) não Conviv
29. Quais os brinquedos que seu filho tem ou já teve? Brinq
uma cama só para ele
brinquedos de andar (triciclo, bicicleta, patinete...)
brinquedos para movimentos corpo (corda de pular, balanço...)
instrumento musical de brinquedo ou de verdade (tambor, pianinho...)
brinquedo que lida com números (dados, dominó... )
brinquedos de letras (abecedários, quebra -cabeças com letras... )
brinquedo de aprender cores, tamanhos, formas (quebracabeça, encaixes)
142
INSTRUÇÃO: Todos os itens devem ser perguntados pelo entrevistador e respondidos pelo entrevistado.
Agora vamos fazer algumas perguntas sobre sua casa para classificação econômica de sua família. Estas são perguntas
usadas em várias pesquisas, como o IBOPE e o Censo. Vamos perguntar sobre vários itens e serviços de uso doméstico,
mas nem todas as famílias possuem estes itens e serviços. Todos os eletroeletrônicos devem estar funcionando.
Nesta pesquisa, consideramos que o chefe da família é a pessoa que contribui com a maior parte da renda do
domicílio. ATENÇÃO – ESTA PERGUNTA NÃO PODE FICAR SEM RESPOSTA!!!!
8.5- APÊNDICE E
9- ANEXOS
159
9.1- ANEXO A
160
161
162
163
164
165
9.2- ANEXO B
9.3- ANEXO C
9.4- ANEXO D
ATA DA DEFESA
172
9.5- ANEXO E
FOLHA DE APROVAÇÃO