Imagem e Inserção Social II
Imagem e Inserção Social II
Imagem e Inserção Social II
Roberto Chiachiri
Simonetta Persichetti
Organizadores
ISBN: 978-85-92691-09-7
Editora Uni
Avenida Damasceno Vieira, 903 - CEP: 04363-040 - São Paulo/SP
Fone: (11) 96998-4827
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Impresso no Brasil
SUMÁRIO
Apresentação
Imagens que nos inserem.....................................................11
Neyla Graciela Pardo Abril
Maria Ribeiro1
Thiago Pierangelo2
Ambiente
Um primata arranca a pedra incrustada, manipula-a e
transforma aquela matéria rochosa em um problema, um
24 Maria Ribeiro e Thiago Pierangelo
3 Traduzido do original pelos autores: “It is certainly true that a material reality
with its own inherent properties does exist beyond the human power to in-
vestigate, interpret, and manipulate that reality. Nothing the human mind or
social institutions accomplish can alter the simple presence of ‘nature’ as a raw
‘totality of things’. Beyond that brute fact, however, there are enormous possi-
bilities for interpreting nature and society as a reciprocal realms of meaning”
(Winner, 1992, p. 135).
Como somos-aqui: nascimento, vínculo e reticularidade 25
Nascer no Brasil
– Um homem que comeu uma tangerina e bebe vinho
elabora uma narrativa complexa para justificar certos
acontecimentos mais recentes.
Gonçalo M. Tavares em A máquina de Joseph Walser
está surgindo, que não conhece nem geografia, nem história, pois suprimiu
em sai a geografia e a história. As pessoas chamam isso de esfera telemática,
eu preferiria chamar de noosfera (Flusser, 2014, p. 276).
Como somos-aqui: nascimento, vínculo e reticularidade 29
Referências
FLUSSER, V. Comunicologia: reflexões sobre o futuro. São
Paulo: Martins Fontes, 2014.
em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/faturamento-do-
facebook-supera-expectativas-apesar-de-aumento-nas-despe-
sas/>. Acesso em: 14 out. 2016.
Figura 2 - Earthrise
Fonte: NASAb
46 Liliane Aparecida Pellegrini Pereira
Referências
BURROWS, W. E. This is new ocean: the story of the first space
age. New York: Random House, 1998.
Terra: o impacto da imagem do planeta 49
<https://www.nasa.gov/audience/foreducators/rocketry/home/
konstantin-tsiolkovsky.html#.WBovbbwrK-U>. Acesso em: 20
out. 2016.
POOLE, R. Earthrise: how man first saw the Earth. New Haven
and London: Yale University Press, 2008.
Unbreakeable Netflix3
Em 31 de julho de 2017, o jornal Folha de São Paulo
publicou em seu website uma notícia com o título: Série da
Netflix sinaliza auge de manipulação do público.
13 Texto orginal traduzido pela autora: “(...) our resulting experiences improv-
ing the Netflix product have taught us that there are much better ways to help
people find videos to watch than focusing only on those with a high predicted
star rating. Now, our recommender system consists of a variety of algorithms
that collectively define the Netflix experience, most of which come togeth-
er on the Netflix homepage. This is the first page that a Netflix member sees
upon logging onto one’s Netflix profile on any device (TV, tablet, phone, or
browser) - it is the main presentation of recommendations, where 2 of every
3 hours streamed on Netflix are discovered” (Gomez-Uribe; Hunt, 2016, p. 2).
Data is the new black 67
Referências
BOWER, J. L.; CHRISTENSEN, C. M. Disrupting technologies:
catching the waves. Harvard Business Review, fev. 1995. Dis-
ponível em: <https://hbr.org/1995/01/disruptive-technologies-
catching-the-wave>. Acesso em: 16 jul. 2016.
Eric de Carvalho1
A perspectiva da midiatização
Essa perspectiva tem como campo de estudo a trans-
formação na relação estrutural entre a mídia e diferentes
esferas da sociedade e sua influência mútua na constru-
ção de processos comunicacionais entre instituições so-
ciais e a vida cotidiana.
A perspectiva do processo de midiatização também
apresenta particularidades que o situam como método
privilegiado de análise de processos com lógicas próprias.
Referências
BARROS, L. M. Das poéticas da mídia às estéticas da recepção:
contribuições aos debates sobre energia, meio ambiente e comuni-
cação social. In: MEDINA, C. C. A.; MEDINA, S. (Orgs.). Energia,
meio ambiente e comunicação social. São Paulo: Mega Brasil, 2009.
Simonetta Persichetti1
Larissa Rosa2
8 Traduzido do original pelas autoras: “In our culture, not one part of a wom-
an’s body is left untouched, unaltered. No feature or extremity is spared the
art, or pain, of improvement. Hair is dyed, lacquered, straightened, permanen-
ted; eyebrows are plucked, penciled, dyed; eyes are lined, mascaraed, shad-
owed; lashes are curled, or false – from head to toe, every feature of a woman’s
face, every section of her body, is subject to modification, alteration” (Dworkin
1974, p. 112 apud Jeffreys, 2005, p. 7).
Ser mulher 99
Considerações finais
Durante os seis anos em que a primeira mulher este-
ve à frente do Executivo brasileiro, o cargo de primeira-
dama permaneceu como uma lacuna na vida pública do
país. Como nos lembra a jornalista Camila Moraes em
artigo publicado no El País, “Marcela Temer e a volta do
‘primeira-damismo’ no Brasil”,11 vieram antes Marisa Le-
tícia, esposa de Lula, e Ruth Cardoso, esposa de Fernando
Henrique, “duas primeiras-damas atípicas que, à sua ma-
neira, não se encaixavam no modelo engessado de mulher
do presidente dedicada a causas sociais”. A segunda, é bom
lembrar, recusava inclusive o título de primeira-dama. É
nesse cenário de aparentes mudanças nas estruturas do
poder e de discussões calorosas sobre o papel feminino
na sociedade que emerge a figura de Marcela Temer, uma
jovem esposa de um vice-presidente que assume o cargo
após um processo de impeachment controverso.
Neste artigo, encara-se o cargo de primeira-dama, em
si, como um forte reflexo das estruturas patriarcais sobre
11 Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/05/politi-
ca/1475703599_233017.html>. Acesso em: 05 dez. 2016.
108 Simonetta Persichetti e Larissa Rosa
Referências
FRIEDAN, Betty. O problema sem nome. In: A mística femini-
na. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1971.
Quadro 1 - Quadro-resumo
2 Traduzido do original pelo autor: “El VJing se dibuja como esponja de las
múltiples formas de la cultura visual del siglo XX, vista a través del prisma de la
digitalización, la intermedialidad y la hibridación de medios” (Ustarroz, 2013,
p. 2, p. 7 e p. 172).
3 Traduzido do original pelo autor: “Mood, in sum, is an expressive way of re-
vealing time and meaning, as well as affectively charged aspects of a (fictional)
world” (Sinnerbrink, 2012, p. 155-156).
Ambiência do vídeo ao vivo 115
Referências
CAMPOS, P. I. M. Vídeo jockeying: estudo sobre a cultura vi-
sual. 2009. Dissertação (Mestrado em Multimédia) - Universi-
dade do Porto, Porto. Disponível em: <goo.gl/KYKys6>. Acesso
em: 17 jul. 2016.
2 Traduzido do original pela autora: “Selfies are usually casual, improvised, fast;
their primary purpose is to be seen here, now, by other people, most of them
unknown, in social networks. They are never accidental: Whether carefully
staged or completely casual, any selfie that you see had to be approved by the
sender before being embedded into a network. This implies control as well as
the presence of performing, self-criticality, and irony” (Saltz, 2014, s/p).
3 Traduzido do original pela autora: “A fast self-portrait, made with a smart-
phone’s camera and immediately distributed and inscribed into a network, is
an instant visual communication of where we are, what we’re doing, who we
Retratos do bem 141
think we are, and who we think is watching. Selfies have changed aspects of
social interaction, body language, self-awareness, privacy, and humor, altering
temporality, irony, and public behavior. It’s become a new visual genre–a type
of self-portraiture formally distinct from all others in history. Selfies have their
own structural autonomy” (ibid, 2014, s/p.).
4 Traduzido do original pela autora: “Éstas últimas han venido a instituirse
como espacio público virtual o ágora virtual, en el cual el activismo ciudada-
no y la protesta social que han sido invisibilizados por los medios masivos de
comunicación (Sapiezynska, 2014) convergen, se desarrollan y se renuevan”
(Büchner, 2016, p. 36).
5 Traduzido do original pela autora: “un vehículo de comunicación; un mensa-
je complejo; un mensaje personal y también interpersonal; un mensaje multi-
modal; y un mensaje político” (Büchner, 2016, p. 36).
142 Denise Vilche Sepulveda
Considerações finais
Se antes o trabalho de denúncia cabia aos fotógrafos e
suas retratações da vida cotidiana, a tecnologia e a lingua-
gem da selfie possibilitaram que qualquer pessoa se torne
um produtor de conteúdo.
Pisano (2013) assinala que a selfie é performática em
três níveis. O primeiro deles é a preparação do autor
da mensagem para a ação, através do uso de elementos
como vestuário, cenário, a posição corporal e gestos
presentes em sua pose. Em segundo lugar, a imagem
é, ao mesmo tempo, imagem-objeto e performance.
Finalmente, o ato de publicar e compartilhar uma sel-
fie em qualquer rede social é uma extensão da per-
formance da imagem-objeto, já que leva mais longe
Retratos do bem 151
13 Traduzido do original pela autora: “Pisani (2013) señala que la selfie es per-
formativa en tres niveles. El primero de ellos es la preparación del autor del
mensaje para la acción, a través del uso de elementos como vestuario, esce-
nario, la posición corporal y gestos presentes en su pose. En segundo lugar,
la imagen es, al mismo tiempo, imagen-objeto y performance. Finalmente, el
acto de publicar y compartir una selfie en cualquier red social es una exten-
sión de la performance de la imagen-objeto, ya que lleva más lejos el solo acto
de capturar el mensaje digital, favoreciendo la posible influencia que la selfie
pueda tener sobre otros usuarios de una red social y, en última instancia, sobre
aquel o aquellos a quienes se dirige el mensaje” (Büchner, 2015, p. 41).
152 Denise Vilche Sepulveda
Referências
A brief history of the selfie. The Huffington Post. Disponível
em: <http://www.huffingtonpost.com/2013/10/15/selfie-his-
tory-infographic_n_4101645.html>. Acesso em: 14 set. 2016.
15 Traduzido do original pela autora: “I’m not telling you that the selfie cam-
paign is on that level,” he said. “I’m not. But I am saying you need to embrace
in the moment what is relevant in society. And I am trying to make a social
change” (Asnin apud Silverman, 2014).
154 Denise Vilche Sepulveda
Roberto Chiachiri1
Rodrigo Morais2
Esquizofrênico → Avatar
Avatar → Esquizofrênico
Esquizofrênico → Psiquiatra
Psiquiatra → Esquizofrênico
Psiquiatra → Avatar
Avatar → Psiquiatra
problem, such as a social need, even when the problem constitutes no “shared
conscience” yet, i.e., there is no defined social discourse explaining it. It must
be noted that the “problem” is not only an obstacle, but also what we feel as
a lack of something whose existence can be imagined” (Zingale, 2016, p. 10).
8 Traduzido do original pelos autores: “We shall call the obtained text brief-
ing-text, i.e., an articulated and structured text possessing its own form of ex-
pression but still unsuitable for communication. In other words a text with the
task of preparing for full signification and communicative effectiveness. The
briefing-text, indeed, has a value because it defines only the form of content of
the design needs, while the form of expression is still virtual rather than actual”
(Zingale, 2016, p. 10).
A tradução intersemiótica na construção de avatares 177
Referências
LEFF, J.; HUCKVALE, M.; WILLIAMS, G. Avatar therapy: an
audio-visual dialogue system for treating auditory hallucina-
tions. Lyon: Interspeech, 2013a. Disponível em: <https://www.
phon.ucl.ac.uk/project/avtherapy/IS13_AvatarTherapy.pdf>.
Acesso em: 18 dez. 2015.
voices_The_use_of_phenomenology_to_differentiate_malin-
gered_from_genuine_auditory_verbal_hallucinations>. Acesso
em: 12 jun. 2016.
Marcelo Santos1
Camila Coelho2
Roberta Bernardo3
Referências
CAMPOS, H. Metalinguagem & outras metas. São Paulo:
Perspectiva, 2010.
Midiatização
Podemos encontrar no passado recente do país dois
momentos históricos no que se refere à participação social
na vida política: os movimentos das Diretas Já e dos Caras
Pintadas, nas décadas de 80 e 90, respectivamente. Mobi-
lizações sociais de tal expressão voltariam a acontecer em
2013 e nos anos seguintes, abrangendo os mais diversos
temas e espectros políticos, como se sabe.
Fazemos alusão a essa gama de movimentos reivin-
dicatórios para destacar um fenômeno característico do
mundo contemporâneo, que tem visto intensas mobiliza-
ções da sociedade civil. Por si, tais acontecimentos não se-
Imagem e violência simbólica 197
Referências
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret,
2005.
Definições terminológicas
A proposta desse estudo é abordar o papel e as fun-
ções que as relações públicas possibilitam no âmbito da
propaganda institucional, visando à produção dos sen-
tidos e valores nas propagandas do Governo do Estado
de São Paulo. A propaganda institucional tem por ação
primária suprir as necessidades da empresa. Para J. B.
Pinho (1990), a ação planejada é fundamental para a
consolidação dos meios e veículos utilizados, atenden-
do à necessidade de estabelecer vínculos entre organi-
zação e seus públicos, a fim de atuar junto à opinião
pública. Gracioso (1995) enfatiza, em sua definição, que
esse tipo de propaganda aplica-se à divulgação de men-
sagens em veículos de comunicação de massa.
Pinho define a propaganda institucional como tendo o
“propósito de preencher as necessidades legítimas da em-
presa, aquelas diferentes de vender um produto ou servi-
ço” (1990, p. 23). Diante do exposto, pode-se interpretar
que a propaganda lida com valores morais, sociais e éticos,
por sua vez, lidará com o consumo, a expectativa e os valo-
res do seu público, portanto, peculiar.
A propaganda, quando produzida de maneira asser-
tiva, possibilita à sociedade um entendimento coeso e ao
emissor a garantia de que a mensagem foi recebida com
o tom e direcionamento que lhe foi dado. No entanto, a
publicidade, a propaganda e as relações públicas, como
Propaganda institucional: valores e sentidos 221
Considerações finais
O valor simbólico da mensagem publicitária tem uma
mensagem que é entendida comumente, porém ele tam-
232 Mithály Paola da Silva e Rodrigo Morais
Referências
CANFIELD, B. R. Relações públicas. São Paulo: Pioneira Editora.
Revista Veja
Referências
CARNEVALLI, M. A. Indispensável é o leitor: o novo papel
das revistas semanais de informação no Brasil. Tese (Douto-
rado) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São
Paulo (ECA/USP), São Paulo. 2003.
Chamadas de capa
VEJA. Vai sobrar pra ela?. Ed. 2382, ano 47, n. 29, 16 jul. 2014.
VEJA. A culpa de Putin. Ed. 2383, ano 47, n. 30, 23 jul. 2014.
VEJA. Marina presidente?. Ed. 2388, ano 47, n. 35, 27 ago. 2014.
VEJA. A fúria contra Marina. Ed. 2391, ano 47, n. 38, 17 set. 2014.
VEJA. As armas para a decisão. Ed. 2392, ano 47, n. 39, 24 set. 2014.
VEJA. Todos atrás dela. Ed. 2393, ano 47, n. 40, 01 out. 2014.
VEJA. Eles sabiam de tudo. Ed. 2397, ano 47, n. 44, 29 out. 2014.
S
ão Paulo invisível e as singularidades
do masculino: representações do
masculino periférico na maior mídia
social do mundo, o facebook
Fábio Caim1
Singularidades do masculino
Apresentaremos a seguir um quadro com as 16 foto-
grafias dos sujeitos retratados na página do SP Invisível, no
mês de outubro de 2016.
268 Fábio Caim
1) Antonio 2) Renato
5) José 6) Edson
7) Adam 8) Ivanildo
O masculino periférico
Eu to há 16 anos na rua, sou de 1984. Sou bom em de-
corar, minha memória é boa pra essas coisas. Me fala
um número de telefone, que eu gravo agora pra você.
Aqui, meu apelido é Itaquera e todo mundo me co-
nhece assim.Viver aqui é desagradável, mas às vezes
não. Nem todo mundo que tá na rua é porque quer ou
porque gosta. É sempre porque lá de onde eles vieram
São Paulo invisível e as singularidades do masculino 273
Conclusão
Para iniciar nossa conclusão, vale ressaltar que: Aque-
les que coincidem muito plenamente com a época, que em
todos os aspectos a esta aderem perfeitamente, não são
contemporâneos porque, exatamente por isso, não con-
seguem vê-la, não podem manter fixo o olhar sobre ela
(Agamben, 2009, p. 59).
Ou seja, para que possamos olhar para os movimen-
tos contemporâneos, é preciso que não estejamos tão ali-
nhados com eles, que consigamos manter certo distancia-
mento, pertinente a todo pesquisador científico, para com
razoável isenção ver os fenômenos que nos rodeiam e que
constituem os lugares em que vivemos, em suas formas
mais puras, ainda assim sempre mediados, já que percebe-
mos a realidade e a alteramos por meio de signos.
A masculinidade sempre foi associada a diversas ma-
neiras de ser que levassem em conta características
relacionadas ao domínio físico, psicológico, espacial,
São Paulo invisível e as singularidades do masculino 279
Referências
O filme
Na primeira cena, sobre um fundo escuro, surge a voz
em off de Laura Poitras que nos diz que seu nome foi co-
A configuração e a reconfiguração do sensível em Citizenfour 287
O sensível e o invisível
Aos poucos, a definição de espaço público e privado foi
alterada no contexto urbano da sociedade contemporânea
desde o desenvolvimento tecnológico das últimas duas dé-
cadas. À medida que a internet se afirmou além do domí-
nio exclusivo das residências e escritórios para se estar em
nossos celulares e cidades, como distinguir os espaços pú-
blicos dos privados? Entre outras coisas, Citizenfour (2014)
destaca o problema da relação entre o espaço público e pri-
vado hoje em dia; pergunta que ecoa no livro Modulated
cities: networked spaces, reconstituted subjects (2012), dos
professores Helen Nissenbaum (New York University) e
Kazys Varnelis (Faculdade de Arquitetura, Planejamento e
Preservação da Universidade de Columbia) .
Para Nissenbaum (2012), três desenvolvimentos tecno-
lógicos exemplificam esse novo olhar sobre os conceitos de
público e privado. O primeiro desenvolvimento refere-se à
A configuração e a reconfiguração do sensível em Citizenfour 291
Conclusão
Snowden adquire a posição de persona non grata não
porque traz à luz documentos classificados como secretos,
mas, principalmente, por rejeitar a posição de acusado
para atribuir-se a de acusador da agência NSA. É precisa-
mente essa inversão de posições que torna seu ato político.
Ao opor-se à premissa de que o governo decide sobre a co-
leta de dados dos seus cidadãos, Snowden desafia o lugar a
ele reservado na divisão do sensível e, portanto, questiona
essa mesma divisão. O ato de Snowden extrapola a esfera
privada ao reivindicar para a comunidade a participação
em decisões sobre privacidade e vigilância do governo.
Citizenfour (2014) tem força política porque alinha-
se ao gesto de Edward Snowden para agir como um eco
da pergunta formulada pelo ex-agente. O filme não só dá
contexto e voz a Edward Snowden, como porta o tema da
A configuração e a reconfiguração do sensível em Citizenfour 295
Referências
FEINBERG, S. The untold story: how radius brought the Ed-
ward Snowden doc ‘Citizenfour’ to America. The Hollywood
Reporter. Disponível em: <http://www.hollywoodreporter.
com/race/untold-story-how-radius-brought-773409>.
Rodrigo Morais1
Alini Buchi Borges2
Shortbus
O filme mostra o paradigma social vivido por diferen-
tes estereótipos de personagens na cidade de Nova Iorque
pós-11 de setembro, por meio dos fetichismos visuais e se-
xualização de elementos imagéticos de uma sociedade pau-
tada em hábitos culturais de repressão sexual imposta pela
contenção da libido. Focada em desejos e emoções que ali-
5 Traduzido do original pelos autores: “The people who’ve won this award be-
fore have influenced me a lot, like Todd Haynes and Gus Van Sant. They were
making films when I was wanting to learn how to do it. I learned from their aes-
thetic and their purity how to go about it. Before them, they’d probably point
to Derek Jarman, who’d have won it if he was around. He was a very influential
person on all kinds of queer art. He brought Tilda Swinton to our attention.
The queer filmmakers who worked underground are the ones who are most
interesting to me. Way back you looked to Jean Genet in a film called Un Chant
D’Amour. He made one film that was very influential on me and on Shortbus.
The other person is Frank Ripploh, a German filmmaker who made Taxi zum
Klo. That influenced Shortbus a lot. [...] (Mitchell apud Kinser, 2015, s/p).
306 Rodrigo Morais e Alini Buchi Borges
Referências
CANEVACCI, M. A comunicação entre corpos e metrópoles.
Revista Signos do Consumo, 2009b.