Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Hidroponia Dissertacao

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 50

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM


CIÊNCIAS AMBIENTAIS

Aproveitamento do Efluente Oriundo da Criação de Tilápias do Nilo


(Oreochromisniloticus) em Sistema Aquapônico para Produção de
Alface (Lactuca sativa cv. Brunela)

Arthur Sampaio Cardoso Lima

Itapetinga
Bahia
Fevereiro – 2016
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM
CIÊNCIAS AMBIENTAIS

Aproveitamento do Efluente Oriundo da Criação de Tilápias


(Oreochromisniloticus) em Sistema Aquapônico para Produção de
Alface (Lactuca sativa cv. Brunela)

Autor: Arthur Sampaio Cardoso Lima


Orientador: Dr. Alaor Maciel Junior
Coorientadora: Drª. Cláudia M. R. Raposo Maciel

“Dissertação apresentada, como parte das exigências para


obtenção do título de MESTRE EM CIÊNCIAS
AMBIENTAIS, no Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Ciências Ambientais da Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia – Área de concentração: Meio
Ambiente e Desenvolvimento”

Itapetinga
Bahia
Fevereiro – 2016
ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me proporcionar a vida, e sempre iluminar os meus caminhos.


Sem fé jamais conseguiria terminar esta pesquisa.
A toda minha família por sempre estar ao meu lado em momentos difíceis, e apesar
da distância nestes últimos anos, sempre foram o principal motivo de todos os meus esforços.
Ao meu tio e melhor amigo Artur Gonçalves Sampaio, por ter me apoiado e me
proporcionado a chance de mudar de cidade e cursar uma faculdade. Tentei seguir o máximo
suas palavras.
Minha mãe, Nelma Suely Gonçalves Sampaio, meu pai, Antônio Cardoso Lima e
minha irmã, Lorena Sampaio Cardoso Lima, sempre apoiando todas as minhas decisões,
ligando quase todos os dias para saber se estou bem, se tenho roupa, se estou me alimentando
direito, e principalmente a velha pergunta “Vêm quando Arthur?” Vocês foram a maior
inspiração que um filho pode ter, sei que foi difícil para vocês, mas a vitória é nossa.
A Felipe Vilani e Poly, por terem me ensinado um pouco sobre aquaponia. Sou
eternamente grato pelo acolhimento, pelo estágio intensivo e principalmente pela amizade,
sem vocês este estudo não teria acontecido. Sempre estaremos juntos inovando cada vez mais
essa técnica.
Aos meus orientadores, Alaor Maciel Jr. e Cláudia Maciel, pela oportunidade,
amizade e orientação nos últimos anos. Não tenho palavras para agradecer a vocês o quanto
foram importantes para mim durante toda a graduação e agora no mestrado muito obrigado
por tudo.
Aos professores Paulo Sávio, PauloBonomo, Alexilda Oliveira, DaniloPaulucio,
Daniela Fries, Dimas Santos, Andreia Gomes, Carmen Rech e José Luiz Rech pelo apoio,
incentivo, sugestões, amizade, paciência, mas principalmente por terem acreditado e confiado
em minhas ideias.
A todos os professores, que de alguma forma ajudaram, com sugestões,empréstimo
de material e equipamentos, para que o projeto fosse montado, Sônia Teodoro e Ronaldo
Vasconcelos Filho, muito obrigado.
A todos os meus amigos que me ajudaram no decorrer do experimento, com analises
e coletas,Ezaú muito obrigado pela ajuda durante o experimento, sempalavras para descrever
iii

o quanto, você foi importante durante toda a pesquisa. Lucas, muito obrigado pela amizade
edisponibilidade, durante as análises da água. Vitão e Zé obrigado pela ajuda durante a analise
das plantas.
A todos os colegas do grupo “NEOAQUA” pela amizade e constante apoio.
A todos os meus colegas da pós graduação.
À empresa “HIDROPONIA” pelaprodução das mudas. Obrigado pelaforça Garga!!!
À empresa “AQUAVALE”, em especial para Arleques Teixeira, pelo fornecimento
dos alevinos.
À minha família “Green House”: Lucas, Renam, Wesley, Marconi, Keko, Gabriel,
Breno, Rodrigo, Cirilo, Tripa, Laís, Neura, Davi, Stênio, Thiago e Paulo Sávio, por
compartilharem comigo momentos felizes e tristes.
A meus amigos Quetinho(Alexsandro) e Juliana por todo apoio durante a pesquisa.
A Eudes Vinícius e Gabriel Oliveira, que apesar da distância, nosso laço de amizade
nunca foi abalado. Obrigado meus amigos por acreditarem e apoiarem minha escolha.
À minha namorada Claudinha, por ter aparecido em minha vida no momento em que
mais precisei. Obrigado meu amor pelo seu companheirismo, carinho, ajuda, sugestões e
incentivo.
A todos os funcionários da UESB envolvidos no projeto, pela constante ajuda
durante a montagem e execução do projeto. Em especial a Nelson, Baducha, Jutaí, Reginaldo,
Ataíde,Manuel e Sr. José Carlos (Setor de transportes) e a todo o pessoal da UINFOR.
A todos que direta e indiretamenteajudaram nesta pesquisa.
iv

SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................3
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................................5
2.1. Aquicultura..................................................................................................................................5
2.2. Qualidade de água.......................................................................................................................6
2.3. Sistemas de Produção de Peixes.................................................................................................8
2.5.Histórico da hidroponia..............................................................................................................10
2.6. Aquaponia.................................................................................................................................11
2.7. Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus Linnaeus, 1758)..........................................................13
2.8. Alface (Lactuca sativa cv. Brunela).........................................................................................14
3. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................................16
3.1. Montagem do Sistema Aquapônico..........................................................................................16
3.2. Os animais.................................................................................................................................18
3.3. Montagem.................................................................................................................................18
3.4. Desempenho dos Peixes............................................................................................................19
3.5. As hortaliças..............................................................................................................................19
3.6. Análise da água.........................................................................................................................19
3.6.1. Análise físico-química da água............................................................................................19
3.6.2. Análise Química da água.....................................................................................................20
3.7. Análise das Plantas........................................................................................................................20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................................22
4.1. Temperatura.............................................................................................................................22
4.2. Qualidade da água....................................................................................................................23
4.3.Desempenho dos Peixes.............................................................................................................29
4.4 Massa fresca da plantas..............................................................................................................31
4.5. Composição centesimal das plantas...........................................................................................34
v

4.5.1 Umidade..............................................................................................................................34
4.5.2. Proteína bruta.....................................................................................................................35
4.5.3. Fibras..................................................................................................................................36
4.5.4. Matéria Mineral..................................................................................................................37
5. CONCLUSÃO.................................................................................................................................38
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................39
1

RESUMO

LIMA, A, S, C. Aproveitamento do Efluente Oriundo da Criação de Tilápias do


Nilo(Oreochromisniloticus) em Sistema Aquapônico para Produção de Alface (Lactuca
sativa cv. Brunela), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB, Itapetinga/BA,
2016.

A técnica conhecida como aquaponia integra o cultivo de peixes e a agricultura


hidropônica. O sistema aquapônicoevitao acúmulo de resíduos de excreção dos peixes na água
e consequentemente, reduz a toxicidade do sistema aquático. Isto é possível devido à
conversão aeróbia de amônia em outros compostos nitrogenados pela ação de
microorganismos. Objetivou-se avaliar o sistema aquapônico de cultivo de tilápias do Nilo
(Oreochromisniloticus) consorciadas com alface (Lactuca sativa cv. Brunela) que
apresentasse o melhor ajuste de densidade de estocagem dos peixes para a melhor produção
vegetal. O experimento foi conduzido na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –
Campus Juvino de Oliveira em Itapetinga – Ba, no laboratório de pesquisas em Aquicultura.
O sistema foi montado no interior de uma estufa agrícola, sendo composto por quatro tanques,
com capacidade para 1000 litros cada, contendo diferentes densidades de peixes por tanque
(0, 30,60,90 alevinos/m3). Cada tanque abastecia quatro calhas hidropônicas contendo 10
plantas em cada. O ensaio foi realizado no período de julho a setembro de 2015, totalizando
45 dias. A técnica hidropônica utilizada é conhecida como NFT (Nutrientfilmtechnique).
Foram analisados o crescimento dos peixes, a qualidade da água, por meio das variáveis
físico-químicas, e das hortaliças foram analisados o peso fresco, matéria mineral, nitrogênio
total, fibra e proteína bruta. Com os resultados, por meio de análise de regressão, foi possível
concluirque o tratamento com maior densidade de peixes, na fase juvenil, resultou em melhor
produção vegetal no sistemaaquapônico.

Palavras-chave: Alface,aquaponia, efluentes, peixes, recirculação, qualidade de água.


2

ABSTRACT

LIMA, A, S, C. Use of effluent from the Nile tilapia (Oreochromisniloticus) in aquaponic


system for lettuce (Lactuca sativa cv. Brunela) production. Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia- UESB, Itapetinga, BA, 2016.

The technique known as aquaponics integrates the cultivation of fish and hydroponic
agriculture. This system avoids accumulation of waste from fish excretion in water, and
hence, reduces the toxicity of the water system.This is possible due to aerobic conversion of
ammonia in other nitrogen compounds by the microorganism action. This study aimed to
evaluate the aquaponic system of Nile tilapia culture (Oreochromisniloticus) intercropped
with lettuce (Lactuca sativa cv. Brunela) to present the best fit of fish stocking density for
optimal crop production. The assay was conducted at the UniversidadeEstadual do Sudoeste
da Bahia - Campus “Juvino Oliveira”, Itapetinga - Ba, at the Aquaculture research laboratory.
The system was fitted inside of a greenhouse, consisting of four 1000 liter tanks containing
different fish densities per tank (0, 30, 60 and 90 fingerlings/ m3). Tanks supplied four
hydroponic troughs containing 10 plants each. The survey was carried out from July to
September 2015, totaling 45 days. Hydroponics technique used is known as NFT (Nutrient
film technique). It was analyzed the fish growth and water quality described through
physicochemical variables .The vegetables were examined; fresh weight, mineral matter, total
nitrogen, fiber and crude protein. With the results, by the regression analysis, it was
concluded that the treatment with higher fish density in the juvenile stage, resulted in
improved production on aquaponic system.

Keywords: Lettuce Brunela ,aquaponics, effluent, fish, recirculation ,Nile tilapia.


3

1.INTRODUÇÃO

Aproximadamente 97% da água existente no planeta encontram-se nos mares e


oceanos, restando cerca de3% da capacidade hídrica total do planeta, que são próprias para o
consumo humano. Destes,2%dessa água estão nas calotas polares, restando apenas 1 % de
água doce, que poderá ser utilizada pelo consumo humano (NOBRE et al., 2014;
NOBREGA., 2015).
Conforme as previsões de crescimento demográfico mundial, nos últimos50anos a
população duplicou. Produzir alimentos para toda essa população, aliado agestão dos recursos
hídricos, torna-se um grande desafio, uma vez que 70% da água doce no planeta são
empregadas na produção de alimentos (FAO, 2014).
Neste contexto,a aquicultura, que é o cultivo de organismos aquáticos,pode se tornar
ameaça aos recursos hídricosem longo prazo, pois a eutrofização provocada pelo acúmulo de
nutrientes na água, oriundos das excreções destes organismos, proporciona um ambiente
insalubre para os animais, sendo necessária constante renovação nos ambientes de cultivo
(CORTEZet al., 2009).Normalmente o efluente da aquicultura é descarregadoem canais,
riachos, rios ou mares, podendo comprometer o equilíbrio natural e causar danos ao meio
ambiente.
Boas práticas de manejo na aquicultura, visando reduzir as cargas poluentes, são
fundamentais para tornar a atividade menos impactante ao meio ambiente. A aquaponia tem
sido apontadacomo alternativapromissora, pois é uma modalidade de cultivo de alimentos que
envolvem a integração entre aquicultura e a hidroponia em sistemas de recirculação de água e
nutrientes.(TONETet al., 2011,BRAGA, 2013; LOVE et al., 2014).
Osprimeiros estudos sobre aquaponia (RAKOCYet al., 1989; QUILLERÉet al.,
1993; SEAWRIGHT et al., 1998), demonstraramque é possível a criação intensiva de peixes
consorciada com cultivo de vegetais em hidroponia. Este processo acontece devidoàação de
4

um sistema de biofiltro ou filtro biológico, local onde os compostos orgânicos e inorgânicos


provenientes das excretas dos animais são convertidos em formas assimiláveis pelas plantas
(SIPAÚBA-TAVARES, 2002). Este modelo conta com aplicação de conceitos e técnicas
comuns a ambos os sistemas, piscicultura e hidroponia.
Alguns autores, como Herbert (2008) e Braz (2000), destacaram asprincipais
vantagens da produção em aquaponia. Com o aproveitamento da água em sistemas de
recirculação, os benefícios ao meio ambiente são notórios, pois o descarte de efluentes é
quase nulo, isso faz com que o risco de contaminação dos mananciais seja reduzido, ou seja, é
possível trabalhar como um sistema superintensivo, com alta densidade de peixes e hortaliças,
obtendo-se produtos finais de qualidade e sem uso de agrotóxicos.Entretanto, os mesmos
autores ressaltaram as principais desvantagens da produção em aquaponia. A dependência
contínua em energia elétrica e a necessidade de treinamento da mão de obra, por demandar
conhecimentos em áreas específicas, altos custos de investimento inicial e pouca tecnologia
difundida no Brasil.
Diante das possibilidades que a aquaponia apresenta, especialmente na questão do
aproveitamento da água oriunda do efluente da piscicultura, objetivou-se avaliar o sistema
aquapônico de cultivo de tilápias do Nilo (Oreochromisniloticus) consorciadas com alface
(Lactuca sativa cv. Brunela) que ajustea melhor densidade de estocagem dos peixes para a
produção vegetal, contribuindo assim, para a diminuição dos impactos ambientais que seriam
causados pelo descarte do efluente e promovendo um destino nobre na utilização no cultivo
de alface.
5

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Aquicultura

Jasper (1992) definiu aquicultura como a produção de organismos que vivem em


ambientes aquáticos, englobando vegetais e animais em água doce, marinha ou salobra.
Existem relatos em que a aquicultura teve início na China, há cerca de 2500 anos,
voltada para a subsistência (CASTAGNOLLI, 1992). Registros encontrados por arqueólogos
no Egito comprovam que por volta do século XX A.C. os nobres egípcios criavam tilápias em
suas piscinas, com fins ornamentais (SCHMIAT, 1998).
O nascimento da piscicultura na idade média ocorreu na Europa Central, relacionado
com a produção em mosteiros, atribuído aos períodos de abstinência da carne
(SCHMIAT,1998). O peixe era um alimento permitido durante os períodos de jejum, que
chegavam a 200 dias por ano.
Somente no século passadoa piscicultura começou a ser praticada com fins
comerciais no Japão, e apenas na década de 1940, foram realizadas pesquisas voltadas para a
nutrição dos peixes (CASTANGNOLLI,1992).
No Brasil a piscicultura começou a ser difundida em 1912 pelo cientista Rodolpho
Von Ihering (SCHMIAT, 1998),especialistaem pesquisasvoltadas a reprodução de espécies
nativas tais como curimatá (Prochiloduslineatus), dourado (Salminusmaxillosus), matrinxã
(Bryconlundi), mandi-guaçu (Pimelodusmaculatus) e outras, objetivando viabilizá-las para o
desenvolvimento da piscicultura nacional (GODOY, 1964).
O Brasil sofreu influência principalmente dos modelos de produção aplicados na
China, Hungria, e EUA. O policultivo, que é uma prática antiga e muito comum na China, e a
utilização da fertilização orgânica nos viveiros dos peixes, forama influência que os chineses
trouxeram para o Brasil. Da Hungria, o Brasil inspirou-se nos modelos de mecanização mais
sofisticados, tais como: aeração, alimentação suplementar, e utilização de terras inférteis para
6

a construção de viveiros escavados.Dos EUA, a principal influência foi à utilização de ração


extrusada (SILVA, 2005). As informações que chegaram ao Brasil sobre as técnicas de
criação de peixes se diferenciavam de acordo com a natureza dos insumos e equipamentos
utilizados (SILVA, 2005).

2.2. Qualidade de água

Os peixes influenciam na qualidade da água por meio de processos como eliminação


de dejetos e respiração, além da quantidade de ração fornecida e o uso de fármacos. O
conhecimento e acompanhamento dos parâmetros de qualidade de água são necessários para
um bom manejo do sistema de cultivo de peixes. Abaixo serão descritos alguns parâmetros
para um bom manejo de criação: Temperatura, oxigênio dissolvido (OD), potencial de
hidrogênio (pH), condutividade elétrica (CE), e salinidade (SAL), dentre outros.
A Temperatura está diretamente ligada a todas as atividades fisiológicas dos peixes
(respiração, digestão, reprodução, etc). Isto se deve ao fato dos peixes serem animais
ectotérmicos, ou seja, ajustam sua temperatura corporal de acordo com a temperatura da água.
Os peixes apresentam baixa tolerância a variações bruscas de temperatura podendo
ocasionar a morte dos animais. Em sistemas intensivos de produção, um aspecto
imprescindível para o sucesso na criação é a manutenção da temperatura da água nos tanques
nas temperaturas de conforto das espécies (JORDAN et al., 2014).
Cada espécie tem uma temperatura ótima para seu desenvolvimento (SILVA etal.,
2007). Dentro dos limites de tolerância térmica, quanto maior a temperatura da água maior a
velocidade dos fenômenos fisiológicos dos animais, sendo o contrário encontrado em
temperaturas mais baixas (JORDANet al., 2014;SCHMIDT-NIELSEN, 1997). Tal fato
exerce influência na concentração de oxigênio da agua, na proporção de quanto maior a
temperatura, maior o desempenho dos animais, e consequentemente maior o consumo de
oxigênio dissolvido na água (SILVA et al., 2007). Soma-se a isso a perda da capacidade de
retenção de oxigênio da água, com a elevação da temperatura.
O oxigênio é o elemento mais importante para o desenvolvimento dos organismos
aeróbios e está intimamente ligada com a temperatura, taxa fotossintética dos viveiros e da
pressão atmosférica. O oxigênio pode chegar aos viveiros por contato direto com a atmosfera,
principalmente por mistura mecânica provocada pelos ventos ou aeradores mecânicos e pelo
processo fotossintético (SILVA et al., 2007).
7

A concentração de oxigênio dissolvido na água varia constantemente durante o dia


graçasà ação do fitoplâncton (algas clorofiladas), tal processo ocorre graças a ação
fotossintetizante desses microrganismos. Durante o dia o oxigênio é obtido graças a
fotossíntese das algas no qual o gás carbônico contido na água é convertido em oxigênio e
carboidratos na presença da luz, ocorrendo o inverso no período noturno, ou seja na ausência
de luz o fitoplâncton converte o oxigênio em gás carbônico (SILVA et al., 2007). Com isso no
período noturno a disponibilidade de oxigênio é menor, chegando a valores críticos para a
sobrevivência dos animais.
A concentração mínima de oxigênio dissolvido que os peixes podem tolerar com
segurança depende da temperatura e da espécie, contudo o padrão estabelecido pela
Resolução CONAMA 357/2005 para corpos d ́água classe 2 é de5 mg/L de OD (SILVA et al.,
2007).
A diminuição do oxigênio dissolvido ocorre essencialmente pela decomposição de
matéria orgânica (oxidação), pelas perdas para a atmosfera, pela respiração de organismos
aquáticos e pela oxidação de íons metálicos (BOYD e TUCKER., 1998).
A maioria dos peixes sobrevive e cresce melhor em água com pH próximo a
neutralidade, ou seja valores entre 6,5 a 8, pois a disponibilidade e absorção de nutrientes são
realizadas nestes valores (DELINCÉ 1992). O pH é dito acido quando ele encontra-se abaixo
de 7 e alcalino quando encontra-se acima deste valor.
No decorrer do dia o pH da água sofre diversas oscilações. Nas primeiras horas do dia,
o pH geralmente está um pouco mais ácido, e no turno da tarde ele encontra-se mais alcalino.
Isto se dá graças ao processo de fotossíntese das algas, o gás carbônico se acumula na água,
promovendo acidez do meio, causando o declínio do pH durante o dia. A ligeira elevação do
pH pode ser relacionada à remoção do gás carbônico pelo uso na fotossíntese. Ao entardecer,
o processo de fotossíntese cessa e o gás carbônico se acumula na água, promovendo acidez do
meio e causando o declínio do pH (MERCANTE et al., 2012).
A salinidade é uma característica natural da água, os conjuntos de sais dissolvidos
podem tornar a água salobra e com características incrustantes (BRAGA el al., 2005). Em
relação à qualidade de água os sais podem ser utilizados como indicadores de alguma fonte
poluidora, que ocasionam um aumento na salinidade(CETESB, 2013).
A condutividade elétrica fornece informações sobre o metabolismo no tanque e está
ligada na quantidade de sais capazes de conduzir corrente elétrica (SILVA et al., 2007).A
condução elétrica é consequência da maior concentração iônica. Em águas muito puras, maior
será a resistividade e menor a condutividade, o inverso acontece quando a condutividade
8

apresenta-se alta, indicando um grau de decomposição elevado. Portanto a condutividade,


ajuda no acompanhamento de toda a dinâmica da criação de peixes, podendo detectar alguma
possível ação corrosiva para o sistema (BARRETO et al., 2012).

2.3. Sistemas de Produção de Peixes

Um sistema de produção pode ser entendido como um conjunto de elementos que se


inter-relacionam com o objetivo de transformar entradas (insumos) em saídas (produtos),
através de um processo predefinido (sistema de produção)(LIMA, 2013). Considerando-sea
piscicultura, as entradas seriam os alevinos, a água e a ração, enquanto que as saídas seriam os
peixes em tamanho comercial, resíduos e água de descarte. Todos os sistemas de produção
variam de acordo com a infraestrutura utilizada. As classificações dos sistemas de produção
têm por objetivo facilitar a compreensão de suas características e relações com as atividades
de planejamento e manejo (LIMA, 2013).
Os sistemas de produção de peixes podem ser classificados como, extensivo, semi-
intensivo e intensivo.
No modelo extensivo ocorre mínima ou nenhuma intervenção do homem, a
alimentação dos peixes é oriunda da produtividade natural do corpo d’água, (açude ou
represa) (FARIAet al., 2013). A taxa de estocagem dos peixes geralmente é muito baixa (entre
150 a 500 kg/ha/ciclo) podendo ser utilizadas várias espécies de peixes, geralmente em
policultivo, e a despesca geralmente é parcial, utilizando-se redes de arrasto (LIMA,
2013,FARIAet al., 2013).
Os custos de produção no sistema extensivo são baixos e a suscetibilidade dos
animais a doenças também, devido principalmente à similaridade das condições de cultivo
àquelas do ambiente natural, e inexistência do manejo durante a produção.Entretanto ocorre
uma redução do estresse para os animais em comparação aos outros tipos de cultivo (LIMA,
2013).
Nomodelo de produção semi-intensivoé necessário uma maior intervenção do
homem. É considerado como o modelo de produção mais utilizado pelos produtores do
Brasil(LIMA, 2013),em que a fertilização da água é feita com objetivo de aumentar a
produtividade primária (fito e zooplâncton), que é fonte de alimento natural para os animais,
associada ao uso de ração balanceada. É necessário o controle da qualidade de água sendo
9

aferidos rotineiramenteparâmetros como: temperatura, transparência,pH e oxigênio


dissolvido, além de acompanhamentos periódicos da amônia, nitrito e nitrato, com intuído de
suportar maiores densidades de estocagem que o sistema extensivo. Quando os parâmetros
estão em desequilíbrio é necessário renovação da água, gerando efluentes para o meio
ambiente (LIMA, 2013).
Os custos de produção são maiores que no sistema extensivo, entretanto a
produtividade final varia entre 2.500 a 12.500 kg/ha/ciclo, sendo que o ciclo varia em função
da espécie e pode durar de 4 a 12 meses. Quanto maior a produtividade final do sistema,
maiores são as necessidades de manejo e acompanhamento da produção, pois devido a altas
estocagens, os animais ficam mais estressados, aumentando a suscetibilidade a doenças
(LIMA, 2013).
No sistema intensivo de produção os viveiros necessitam maior taxa de renovação de
água, em razãodas altas densidades de estocagens de peixes, e consequentemente maior
liberação de resíduos metabolitos, gerando grande liberação de efluentes ao meio ambiente
(LIMA, 2013). Neste tipo de modelo utiliza-se aeração artificial suplementar, cujo objetivo é
elevar as taxas de oxigênio dissolvido na água (FARIAet al., 2013). É o sistema com maior
potencialidade de crescimento do Brasil, apesar de não ser o modelo de cultivo dominante
devido aos custos de implantação e manutenção mais elevados e da necessidade de
acompanhamento especializado(LIMA, 2013).
Neste modelo de produção é possível alcançar uma estocagem de 150 kg/m³/ciclo,
tendo como consequência altos níveis de estresse nos animais, tornando-os vulneráveis a
doenças, podendo comprometer toda a produção final (LIMA, 2013).
A aquicultura pode ser desenvolvida em diversos modelos de infraestrutura, dentre
elas viveiros com uso de aeradores, tanques redes, tanques de alto fluxo (“raceways”), canais
de irrigação e canais de igarapé (LIMA, 2013).

2.4.Aquicultura e meio ambiente

Os crescentes avanços das degradações ambientais e os riscos de contaminação dos


corpos de água utilizados para a produção aquícola são algumas das consequências do
aumento da produção e da quantidade de unidades produtivas no modelo de produção adotado
no Brasil (HUNDLEY e NAVARRO, 2013). Os mesmos autores comentaram que os riscos
podem ser locais e imperceptíveis à população e até mesmo aos técnicos e produtores
envolvidos, ou podem ter efeitos devastadores como os casos ocorridos com o salmão chileno
10

quando do surto de anemia infecciosa do salmão (ISA–InfectiousSalmonAnemia), com o


camarão de Santa Catarina, quando do surto de mancha branca (WSSV - White Spot
SyndromeVirus), ou das perdas causadas pela Necrose Hipodérmica Hematopoiética
Infecciosa (IHHN, InfectiousHypodermalandHematopoieticNecrosis) no camarão do
Nordeste.
A aquicultura em recirculação, incluindo a aquaponia, apresenta-se como parte da
solução para os desafios ambientais na produção comercial aquícola. Evidências desta
possibilidade estão nos altos investimentos realizados por aquicultores em sistemas de
recirculação no Brasil, e o crescente interesse em sistemas de recirculação de água para a
produção de alevinos (KUBITZA, 2011; POERSH, 2012;HUNDLEY e NAVARRO, 2013).

2.5.Histórico da hidroponia

A hidroponia consiste em um sistema de cultivo sem uso do solo, em que os


nutrientes que as plantas precisam são fornecidos por uma solução aquosa (solução
hidropônica), que atende às exigências dos vegetais (FURLANIet al., 1999).
O cultivo de plantas na água é uma técnica antiga,sendo possível afirmar que as
culturas na água antecederam as culturas na terra. Existem indícios de cultivos sem solo,
sejam por fatos históricos, por fatos religiosos ou até mesmo por ruínas ainda existentes,
como,por exemplo, os Jardins suspensos da Babilônia (600 a.C), Jardins Flutuantes da China
(500-700 anos) e as Chinampas Astecas (1300 -1400) (COMETI, 2003).
O termo hidroponia foi utilizado pela primeira vez em 1935 porWiliam F.
Gericke,agrônomo e professor de nutrição de plantas na Universidade da Califórnia, autor do
livro “The Complete GuidetoSoillessGardening” impulsionando o cultivo comercial desta
cultura. A origem da palavra hidroponia vem do termo “Hidroponics” do grego “Hidro”
significando águae “Ponos” significando trabalho. (COMETI,2003).
Em 1975 um grupo de cientistas liderados pelo Dr Allen Cooper, revolucionou a
história da hidroponia com o desenvolvimento da técnica do fluxo laminar de nutrientes –
NFT (NutrientFilmTechniqueou NutrientFlowTechnique), descrevendo todos os detalhes do
sistema em um livro conhecido como “The ABC of NFT” editado em todo o mundo. Tal livro
não se baseia apenas em um resultado que deu certo, e sim em conceitos de experiências a
cerca de fisiologia e nutrição das plantas. Com o advento do NFT a hidroponia se expandiu
11

cada vez mais em todo o mundo, tornando-se uma alternativa econômica, altamente viável.
(JONESet al., 1983; SANTOS, 1998; COMETI , 2003).
O NFT consiste em um sistema de cultivo fechado no qual o sistema radicular da
planta fica dentro de uma calha por onde circula uma solução composta de água e nutrientes.
Para tal é necessária uma motobomba hidráulica, com função de bombear a solução para as
calhas de cultivo, em geral em bancadas elevadas 1m acima do solo, construídas geralmente
por tubos de PVC (FAQUINet al., 1996, COMETTI, 2003). A solução nutritiva em circulação
irriga e nutre as raízes das plantas. Parte do percurso é por efeito do bombeamento e o restante
se dá por gravidade.A medida que as plantas vão absorvendo os nutrientes, faz se necessário a
reposição de uma nova solução, para acompanhar o bom desenvolvimento das plantas
(FURLANI et al., 1999). Atualmente o NFT é o método mais utilizado na hidroponia devido a
uma série de vantagens, tais como: baixo custo para instalação, maior rapidez na colheita,
menor mão-de-obra.Entretanto o sistema é altamente dependente de energia elétrica, sendo
necessário obter fontes extras de energia, pois em menos de 3h é possível perder toda a
produção (SILVA e MELO, 2015).
Segundo Furlaniet al. (1999) e Silva e Melo (2015), além de maior valor final do
produto, a produção hidropônica possui as vantagens quantitativa e qualitativamente
melhoresem espaços reduzidos, em menor tempo, com menor mão de obra, menor consumo
de água, menor incidência de ataques de insetos quando comparada ao cultivo convencional
no solo. Contudo, apresenta como desvantagem o custo inicial mais elevado, mão de obra
capacitada, dependência de energia elétrica e manutenção constante, quando comparada ao
modelo tradicional de cultivo no solo.

2.6. Aquaponia

A aquaponia é uma modalidade de cultivo de alimentos que envolvem a integração


entre aquicultura e a hidroponia em sistemas de recirculação de água e nutrientes. Este
modelo de produção conta com a aplicação de conceitos e técnicas comuns a ambos os
sistemas. Através desta integração, é possível num sistema fechado gerar dois produtos finais:
o pescado e a planta (TONETet al., 2011 e BRAGA, 2013).
Todo o processo químico ocorre através da simbiose entre bactérias, plantas e
organismos que excretam na água. Os nutrientes necessários para o crescimento dos vegetais
são obtidos nas excretas e em outros resíduos metabólicos dos animais, ricos em compostos e
12

amônia que em altas concentrações podem comprometer a sanidade dos peixes (JORDANet
al., 2014).
A água, rica em amônia e outros compostos,é bombeada para um filtro biológico,
local onde estão alocadas comunidades de bactérias capazes de converter a amônia em
compostos nitrogenados absorvíveis pelas plantas na forma de nitrato. Este último passa por
um processo conhecido como desnitrificação, realizado por bactérias desnitrificantes alocadas
nas raízes das plantas, transformando o nitrito em nitrato (BERNSTEIN, 2015).
Ao final do ciclo, a água que retorna ao tanque de criação contém baixa concentração
de impurezas, podendo ser reutilizada novamente no ciclo, sendo reposta apenas a água
absorvida pelas plantas e perdida durante a transpiração das mesmas, além da água que foi
evaporada, tornando o ambiente equilibrado, com condições similares às que a natureza
proporciona, (BRAGA, 2013). Porém, devido à sua complexidade, faz-se necessário o
monitoramento constante.
Em síntese trata-se de uma criação de animais em um sistema intensivo, com
recirculação total da água de cultivo em um curto período (minimizando o acúmulo de
substâncias tóxicas) associado à produção de hortaliças em sistema hidroponico, visando à
produção de alimentos e geração de renda.
Hundley e Navarro (2013) relataram que a aquaponia tem sido predominantemente
difundida por todo o mundo através de produtores em escala domiciliar, algo por muitos
referidos como "BackyardAquaponics", que significa "Aquaponia de Quintal" (tradução
livre). Portanto a aquaponia apresenta-se como alternativa real para a produção de alimentos
de maneira menos impactante ao meio ambiente, por suas características de sustentabilidade
(HUNDLEY e NAVARRO,2013).
Neste sistema, os resíduos metabólicos dos peixes são fontes de sais minerais, ricos
em compostos nitrogenados, que em sua forma inorgânica, são absorvidos pelas plantas,
possibilitando então o retorno de uma água com baixa concentração de sais e impurezas aos
tanques de criação (PEDREIRAet al, 2014).
Os sólidos em suspensão presentes na água, como sobras de ração, dejetos e
partículas corporais são removidos por meio de um filtro biológico, sendo necessária uma boa
oxigenação para permitir que ocorram os processos de nitrificação (HUNDLEY E
NAVARRO,2013).
O papel do filtro acontece com a retirada da água do tanque de criação dos animais,
com auxilio de uma motobomba, e a passagem da mesma pela bancada hidropônica, que serve
de sustentação para as plantas (HANCOCK, 2012). Além disso, não são filtradas somente as
13

macro partículas neste processo, pois esta camada de substrato (Brita, cacos de telha, argila
expandida, etc.) serve para a fixação e desenvolvimento de bactérias responsáveis pela
transformação de compostos nitrogenados presentes na água, que são tóxicos aos animais
(nitrito e amônia), em substâncias absorvíveis e menos tóxicas (nitrato)(BERNSTEIN, 2015).
Alguns autores, como Braz (2000) e Herbert (2008), destacaram asprincipais
vantagens da produção em aquaponia, que são as mesmas da hidroponia com uma vantagem
extra, da não utilização da solução hidropônica, bem como a possibilidade de trabalhar como
um sistema superintensivo, com alta densidade de peixes e hortaliças, obtendo-se produtos
finais de qualidade e sem uso de agrotóxicos. Com o aproveitamento da água em sistemas de
recirculação os benefícios ao meio ambiente são notórios, pois o descarte de efluentes é quase
nulo, o que reduz o risco de contaminação dos mananciais. Entretanto, os mesmos autores
ressaltaram as principais desvantagens da produção em aquaponia, também encontrados na
hidroponia, que são a dependência contínua em energia elétrica e a necessidade de
treinamento da mão de obra, por demandar conhecimentos em áreas específicas, altos custos
de investimento inicial epouca tecnologia difundida no Brasil.
De acordo com Hundley e Navarro(2013), pode-se aferir que a aquaponia, apesar de
suas limitações, é uma alternativa viável para a produção de alimentos saudáveis de maneira
relativamente sustentável.

2.7.Tilápia do Nilo (OreochromisniloticusLinnaeus, 1758)

A espécie Oreochromisniloticusé representante da Ordem Perciformes, família


Cichlidae, popularmente conhecidas como tilápias, originárias da África, Israel e Jordânia.
Possuem grande resistência a doenças, toleram baixos teores de oxigênio, aceitam altas taxas
e densidade no viveiro, e adaptam-se a diversos sistemas de produção, sendo o sistema semi-
intensivo o mais utilizado no Brasil (MOROet al., 2013;FARIA, et al., 2013).
No cenário nacional o cultivo de tilápias vem se destacando em algumas regiões do
país como o Nordeste, Sul e Sudeste (BRASIL, Ministério de Pesca e Aquicultura, 2014). A
legislação brasileira limita a criação de espécies exóticas nos diferentes corpos d’água, exceto
quando a espécie já esteja comprovadamente detectada em uma bacia hidrográfica, de acordo
com aPortaria do IBAMA n° 145/N, de 29 de outubro de 1998.
Geralmente o peixe é comercializado com peso acima de 600 gramas, com ciclo de
produção em torno de 8 a 12 meses (FARIAet al., 2013). Isoladamente, a produção de tilápia
aumentou 105% em apenas sete anos (2003-2009). Em conjunto, a aquicultura cresceu 43,8%,
14

entre 2007 e 2009, tornando a produção de pescado a que mais cresceu no mercado nacional
de carnes no período (BRASIL, Ministério de Pesca e Aquicultura, 2014).
O grande empecilho para produção desta espécie é a sua maturação sexual precoce, e
por isso é indicado à criação de populações monosexo, evitando assim a reprodução
indesejada em cativeiro, durante a fase de engorda (MOROet al., 2013). Em escala comercial
são utilizados alevinos masculinizados, por meio de uso de rações contendo hormônios
masculinizantes na fase de pós-larva, entretanto o processo de hibridização também pode ser
uma opção (FARIA,et al., 2013).

2.8. Alface (Lactucasativa cv. Brunela)

Espécie originária do mediterrâneo, a alface (Lactuca sativa) é a hortaliça mais


produzida e comercializada no Brasil e no mundo, sendo consumido in natura, (SALA e
COSTA, 2012; PORTOet al., 2012). Há indícios que esta hortaliça foi introduzida no Brasil
pelos portugueses em 1.650 (SALA e COSTA, 2012).
Características como a sua boa adaptação a diversas variações climáticas, a sua
grande resistência a pragas, boa aceitação pela população, tornam a alface a hortaliça
preferida dos agricultores (REZENDE et al., 2005, PETRAZZANIet al., 2014). Tal hortaliça
pode ser cultivada em campos abertos, estufas ou hidroponias (PORTO et al., 2012;
PETRAZZANIet al., 2014). Vantagens como a utilização de pouco espaço, cultivo no interior
de estufas, precocidade na colheita, economia de água, menor uso de agrotóxicos, maior
controle nutricional das plantas, produção durante o ano inteiro, melhores preços e rápido
retorno econômico, tornam a alface a hortaliça mais produzida em hidroponias,
principalmente pela técnica do NFT (PORTO et al., 2012;AZEVEDO et al., 2013; COMETI
et al., 2013). Entretanto, a maior produção de alface em território nacional se dá em solo,
mesmo sendo comprometida em épocas mais quentes, além de deixar as safras mais
vulneráveis a pragas e doenças (SALA e COSTA, 2012).
Dentre os vários tipos de alface produzidos no Brasil o tipo “crespa”, e o tipo
“americana” são os mais populares, cuja produção aumenta no verão, quando a procura
aumenta (SALA e COSTA, 2008; SALA e COSTA, 2012;PETRAZINI et al., 2014).
O grande desafio da alfacicultura brasileira, visando um consenso entre o produtor e
o mercado consumidor, era a criação de uma cultivar que unisse características de rusticidade
da alface crespa com a crocância daamericana. O melhoramento genético torna-se a principal
alternativa para a criação desta nova variedade (MOU, 2011). Em maio de 2013
15

pesquisadores da UFSCar, desenvolveram uma nova cultivar de alface, com características de


resistência ao calor, sem formação de cabeça, mais crocante e com precocidade na colheita,
batizada “alface Brunela”, resultado dos trabalhos dos pesquisadores Fernando Cesar Sala e
Cyro Paulino da Costa. Essa cultivar tem ganhado espaço e rapidamente tem conquistado a
preferência dos produtores e dosconsumidores (SALA e COSTA, 2013).
16

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Montagem do Sistema Aquapônico

A pesquisa foi conduzida na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –


CampusJuvino de Oliveira, em Itapetinga – Ba, no laboratório de pesquisas em Aquicultura –
AQUALABonde o ensaio foi realizadono período de julho a agosto de 2015, totalizando 45
dias. A estrutura montada pode ser visualizada na Figura 1.

Figura 1: Estufa de produção aquapônica experimental. Filtro Biológico (A), Bancadas Hidropônicas
(B), Tanques de 1000 litros (C).Itapetinga – BA. UESB, 2015

Um sistema aquapônicofoi montado pelos responsáveis pela pesquisa,no qual


construíram uma estufa agrícola e adaptaram um modelo de produção contendo, quatro
tratamentos com densidades diferentes de peixes, um tanque com capacidade para 1000 litros
de água,uma bateria de calhas hidropônicas com capacidade para alocação de 40 plantas e um
filtro biológico. O sistema consistiu em regime de circulação fechada de água, no qual a água
de cada tanqueera bombeada para um filtro biológico, como pode ser verificado na Figura 1.
17

Foram criados e montados quatro filtros biológicos, utilizando-se um tambor de


polietileno, com capacidade para 80 litros, contendo uma camada de cerca de 25 cm de argila
expandida, seguida de uma camada de 25 cm de anéis de PVC corrugados e uma camada de
25 cm de manta de lã acrílica (perlon). Os detalhes e materiais dos biofiltros são apresentados
nas Figuras2 e 3. Com exceção da manta acrílica, cuja função era a filtração mecânica de
partículas sólidas maiores,a função dos demais substratos era a fixação de colônias de
bactérias. O restante do espaço livre no tambor de polietileno serviucomo reservatório de água
a ser filtrado (Figura 4).

A C

Figura2: Materiais utilizados para montagem do filtro biológico. Argila expandida (A), Aneis de PVC
corrugados (B) e Perlon (C). Itapetinga – BA. UESB 2015.
18

Figura 3: Tambor de polietileno, utilizado como filtro biológico. Itapetinga – BA. UESB 2015.
Fonte: o autor

Os filtros eram abastecidos pela parte superior, com o auxílio de motobombas


hidráulicas com vazão de 2000L/h, e a filtragem se dava por gravidade. Após a filtragem, a
água seguia também por gravidade, abastecendo a bancada de calhas hidropônicas,
retornando, ainda por gravidade, ao tanque dos peixes, fechando o circuito. O sistema
hidropônico era do tipo NFT (“NutrientFilmTechnique”) conformeCometti(2003).
A oxigenação do sistema foi feita com auxilio de um compressor de ar do tipo
diafragma, e distribuída igualmente em todos os tratamentos.
A água de abastecimento do sistema era canalizada e tratada pelo SAAE-Itapetinga,
não havendo renovação, apenas reposição dos volumes consumidos pelas plantas ou perdas
por evaporação. O controle do nível dos tanques foi feito por meio de torneira de “bóia” usada
em caixas d’água.
Os tratamentos denominados de T1, T2 T3 e T4, eram idênticos estruturalmente,
diferindo apenas na densidade de peixes, que foi 0, 30, 60 e 90 peixes/m³ respectivamente.
19

3.2. Os animais

A espécie utilizada foiatilápia do Nilo (OreochromisniloticusLinnaeus, 1758), na


fase de juvenil, com peso médio inicial de 20,0g,cedidas pela empresa Aquavale – Fazendas
Reunidas do Vale do Juliana, no município de Ituberá – BA. Embora não seja uma espécie
nativa da ictiofauna brasileira, a espécie já se encontra disseminada por todo o país esua
escolha foi devido ao valor comercial, sua rusticidade, resistência ao estresse e capacidade de
adaptação a sistemas fechados de cultivo.

3.3. Montagem

Os peixes passaram por um período pré-experimental de adaptação por uma semana,


sendo acondicionados inicialmente em um tanque de 1000L e alimentados três vezes ao dia
em horários fixos (8:00, 12:00 e 18:00 horas).Após este período, 180 peixes, com peso médio
de 26g, foram transferidos para quatro tanques,em número de 0, 30, 60 e 90 peixes/tanque
correspondentes a T1, T2, T3 e T4. A alimentação foi feita por meio de ração comercial
inicialextrusada para peixes onívoros, com 36% de proteína bruta (PB)epéletes de 2,6 mm,
sendo fornecida “ad libitum” até a saciedade aparente, três vezes ao dia.

3.4.Desempenhodos Peixes

Ao final do experimentoforam analisados: Taxa de Sobrevivência (%), Ganho de


Peso Médio (GP) o Consumo Médio de Ração (CR), a Conversão Alimentar Aparente (CAA)
e a Taxa de Crescimento Especifico (TCE).
Para determinação da Taxa de Crescimento Específico (TCE) foi utilizada a seguinte
expressão (BUSACKERet al., 1990):

[In peso final (g) – In peso inicial (g)] x 100


TCE = onde:
Período experimental (dias)

ln = logaritmo natural (ou neperiano)


20

3.5.As hortaliças

A espécie vegetal utilizada foi a alface “Brunela”(Lactuca sativacv.Brunela), que


facilmente se adapta ao sistema NFT. Foram utilizadas sementes peletizadas semeadas e
germinadas em espuma fenólica, e alocadas em uma estufa hidropônica, localizada no
município de Ilhéus-BA, onde permaneceram 25 dias até atingirem maturidade suficiente para
transferência para as calhas hidropônicas contidas no ensaio experimental, local onde
permaneceram mais quarenta e cinco dias, totalizando seu ciclo de vida com setenta dias.
As plantas de alface receberam como única fonte nutriente, a água de reuso da
piscicultura dos tanques do sistema aquapônico, após a filtração mecânica e biológica, em
recirculação ininterrupta durante todo o período experimental.

3.6. Análise da água

3.6.1. Análise físico-química da água

Durante o períodoexperimental foram medidos os parâmetros físico-químicos da


água: temperatura, oxigênio dissolvido (OD), potencial de hidrogênio (pH) a condutividade
elétrica (CE), a salinidade (SAL), os sólidos totais dissolvidos (STD). A temperatura (ºC) foi
medida diariamente três vezes ao dia por meio do termômetro digital, oOD, opH, aCE, a SAL
e os STDforam medidos semanalmente, por meio de medidor multiparâmetrosde campo
(Hanna Instruments– HI 9828).

3.6.2. Análise Química da água

Os teores de amônia, nitrato, nitrito, fosfatoe alcalinidade totalda águaforam


analisados quinzenalmente, por meio de um fotômetromultiparâmetros(HannaInstruments –
HI 83099). Todos os parâmetros foram coletados no horário das 12h e transferidos para um
freezer.
21

3.7. Análise das Plantas

A análise da composição centesimal da parte aérea foi feita retirando-se a raiz, em


seguida foram coletados 5 gramas de amostra da parte área, e colocadas em cadinhos de
alumínio, depois foram levados à estufa com circulação de ar forçada a 105ºC e monitoradas
a cada três horas até ser atingida a massa constante, para então ser determinado o teor de
umidade, através do qual foi realizada a análise da composição centesimal (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 1985).
As análises de matéria mineral (MM), nitrogênio total (NT), Fibra em Detergente
Neutro (FBN), foram realizadas segundo os procedimentos descritos por Dettmanet al.,
(2012), sendo que o teor de proteína bruta (PB) foi obtido indiretamente, multiplicando-se o
NT pelo fator 6,25.
22

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Temperatura

Os valores de temperatura da água são apresentados naFigura 4, e apresentaram


comportamento muito semelhante nos tanque de cultivo durante o período experimental.

Figura 4. Temperatura média semanal da água dos tratamentos T1,T2, T3 e T4. Itapetinga – BA.
UESB 2015.

A temperatura da água em todos os tratamentos se manteve na faixa de20ºC até 25ºC


nos três horários (8:00;12:00;18:00h) em que as temperaturas foram aferidas, sendo que na
ultima semana de experimento, ocorreu uma baixa na temperatura do ar, deixando a água a
níveis abaixo de 20ºC no turno matutino (8:00h), influenciando na taxa de alimentação nesse
período do dia. As maiores temperaturas da água foram encontradas no final do dia e início da
noite, uma vez que a água absorveu calor durante todo o dia.
Maciel Jr. (2006)eJordanet al.(2014) trabalhando com tilápiasem diferentes
temperaturas observaram que os animais submetidos a temperaturas de 28ºC obtiveram um
melhor desenvolvimento quanto aos mantidos em temperatura da ordem de 20ºC.
Santos et al. (2011) avaliando o desenvolvimento de alfaces em sistema NTF,
encontrou temperaturas em torno de 30ºC e 38ºC, tendo ocasionado um estresse térmico nas
23

raízes das plantas. O valor indicado por Alberoni (1998) é de 18ºC a 24ºC, para períodos
quentes, valor semelhante ao encontrado durante o ensaio.
A temperatura interna da estufaapresentou grandes variações ao longo do dia, tendo
umamédia 16ºC até 37ºC , como pode ser verificada naFigura 5.

Figura 5: Temperatura média, máxima e mínima do interior da estufa (E). Itapetinga – BA. UESB
2015.

4.2. Qualidade da água

Os valores de amônia, apresentados na Figura6, variaram entre os tratamentos em


função da quantidade de peixes, na proporção de quanto maior o número de peixes, maior a
produção de dejetos na água e consequentemente maior o teor de amônia dissolvida na água.
Summerfelt (2000) indicou que a principal fonte de amônia em criação de peixes provém de
suas excreções, principalmente de suas brânquias.
Em T1 ocorreu pouca variação, ao longo do experimento, em virtude da ausência de
peixes neste tratamento, e seus índices permaneceram próximos a zero. T2, T3 e T4, sofreram
grandes variações ao longo do ensaio, sendo que a partir de 30 dias esses teores começaram a
crescer pouco em relação às primeiras semanas. Esse comportamento permitiu inferir que com
o crescimento das plantas os teores de amônia, ainda que considerados elevados para a criação
de peixes, obtiveram uma taxa de aumento menor devido à nitrificação ocorrida pela ação do
biofiltro e a conversãodo nitrogênio em nitrito e nitrato, sendo este ultimo, nutriente para o
crescimento vegetal (BERNSTEIN, 2014) e consequentemente reduzindo a taxa de elevação
dos teores de amônia nos tanques.
24

Figura 6: Teores de Amônia Total, nos tanques de criação de Tilápias do Nilo


(OreochromisniloticusLinnaeus, 1758)em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB 2015.

Os resultados do teor de amônia total (Figura 6) evidenciaram que este parâmetro


esteve sempre acima do recomendado para criação de peixes que é de até 0,05 mg/L (BOYD,
1997). No entanto, os elevados teores de amônia total, encontrados em todos os tratamentos
não afetaram o desenvolvimento dos peixes, sugere-se que este comportamento pode ser
atribuído à presença de maior quantidade de íons amônio (NH 4+) em detrimento da espécie
NH3, pois em meio aquoso as duas espécies estão presentes em equilíbrio de acordo com a
equação (SHRIVER e ATKINS, 2003):

NH3 (aq)+ H2O (aq)  NH4+ (aq) + OH- (aq)

A toxicidade da amônia para os peixes está relacionada principalmente à forma não


ionizada (NH3), devido à facilidade em difundir para dentro do peixe através das membranas
respiratórias, causando danos ao epitélio branquial e, consequentemente dificultando as trocas
gasosas entre o animal e a água, desestabilizando assim, o sistema de osmorregulação
(PIEDRAS et al., 2006 ). A maioria das membranas biológicas é permeável ao NH 3 epouco
permeável ao íon amônio (NH4+). A amônia não ionizada é de natureza lipofílica, com isso,
difunde-se rapidamente através das membranas biológicas, por outro lado, a amônia ionizada
tem uma estrutura maior, pois éhidratada e carregada o que dificulta a sua difusão por meio
das membranas biológicas (MARTINEZ et al., 2006).
Diante do exposto, pode-se compreender a tolerância dos peixes às altas taxas de
amônia total presente na água.
25

Os teores de Nitrato (Figura 7) variaram em função dos tratamentos, sendo que no


final mantiveram-se em níveis mais estáveis, com exceção do tratamento T1,no qual uma
redução ao longo do ensaio sugere que a ausência de peixes tenha feito com que o nível inicial
de nitrato (4,7 mg/l) tenha sido assimilado pelas plantas,apontando uma queda ao longo do
ensaio. Os níveis de nitrato em T2 e T3 cresceram de maneira linear, atingindo níveis mais
estáveisao final do experimento, indicando que a geração de resíduos, aumentada com o
crescimento dos peixes, foi acompanhada do maior tamanho das plantas e consequentemente
maior assimilação dos compostos nitrogenados presentes água. O tratamento T4 resultou
emteores de nitrato (Figura 7) mais elevados, em razão da maior biomassa depeixes e
consequentemente maior produção de dejetos e maior liberação de compostos
nitrogenados.Entretanto na fase final do experimento observou-se uma queda nos níveis de
nitrato, acredita-se que como este tratamento foi superior e com o maior crescimento das
plantas,possivelmente tenha-seobtido uma maior assimilação deste composto.

Figura 7: Teores de Nitrato, nos tanques de criação de Tilápias do Nilo


(OreochromisniloticusLinnaeus, 1758) em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB
2015.

Durante o período experimental os teores de nitrito (Figura 8)aumentaram e variaram


entre os tratamentos. Em T1 o aumento foi considerável, o que pode ser atribuídoà presença
de fitoplâncton que proliferou espontaneamente neste tratamento. Em T2, T3 e T4 este
composto variou devido às diferentes proporções de peixes e a partir da segunda amostragem
da água foi observada umalinearidade. Possivelmente os teores de nitrito foram constantes
devido à assimilação da amônia (Figura 8) no processo de nitrificação do biofiltros.
26

Figura 8: Teores de Nitrito, nos tanques de criação de Tilápias do Nilo


(OreochromisniloticusLinnaeus, 1758) em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB
2015.

Nas últimas duas amostragens da água ficou, evidenciado que os teores denitrato
(Figura 7) se elevaram e que os teores de amônia (Figura 6) e nitrito (Figura 8), começaram a
manter certa estabilidade, o que pode comprovar o funcionamento do biofiltro.Pedreira et al.
(2014) testando diferentes biofiltros, obteve uma similaridade nas concentrações de nitrato e
constância nas concentrações de nitrito e amônia, comprovando a nitrificação dos materiais
em decomposição, demonstrando a importância e a eficiência do biofiltro.
Os teores de alcalinidade e fosfato, apresentados na Figura 9, aumentaram ao longo
do ensaio. No tratamento T1 não houve variação, possivelmente devido à ausência de peixes.
Nos demais tratamentos, aumentaram de acordo com a biomassa de peixes. Isso se deu em
razãodo produção de matéria orgânica, proveniente dos dejetos e possíveis sobras deração
dissolvidos na água, sendo maiores os teores de fosfato e a alcalinidade (Figura 10)quanto
maior a biomassa de peixes.

Figura 9: Teores de Alcalinidade e Fosfato, nos tanques de criação de Tilápias do Nilo


(OreochromisniloticusLinnaeus, 1758) em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB
2015.
27

Os níveis de oxigênio dissolvido, apresentados na Figura 10, ficaram acima dos 5mg/L
em todos os tratamentos, enquadrando-se ao padrão estabelecido pela Resolução CONAMA
357/2005 para corpos d ́água classe 2 onde a concentração deste gás dissolvido na água em
qualquer amostra não deve ser inferior à 5 mg/L, demonstrando a eficiência do sistema de
oxigenação montado no sistema. Os teores de oxigênio dissolvido nos tratamentos T4, T3 e
T2 apresentaram uma pequena redução na quinta semana, devido a uma possível eutrofização
da água, problema que foi facilmente contornado aspirando-se o fundo dos tanques, realizado
em todos os tratamentos.

Figura 10. Teores de Oxigênio Dissolvido nos tanques de criação de Tilápias do Nilo
(OreochromisniloticusLinnaeus, 1758) em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB
2015.

A condutividade elétrica e a salinidade (Figura 11) apresentaram


comportamentosgráficos semelhantes, pois ambas estão correlacionadas, e quanto maior o
teor sais dissolvidos na água maior será a condutividade elétrica. O tratamento T1 manteve-se
constante ao longo do experimento, pela ausência de peixes e de matéria em decomposição.
Os tratamentos T2 e T3 apresentaram teores crescentes, relacionados ao crescimento dos
peixes e maior produção de resíduos, enriquecendo a água. No tratamento T4, na ultima
semana,verificou-se uma queda nos valores de condutividade elétrica e salinidade (Figura 12),
o que pode ser explicadopela maior assimilação dos nutrientes com o crescimento das plantas,
resultando em melhor desenvolvimento das plantas contidas neste tratamento.
28

Figura 11. Teores de Condutividade elétrica e Salinidade nos tanques de criação de Tilápias do Nilo
(OreochromisniloticusLinnaeus, 1758) em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB
2015.

Os níveis de sólidos totais dissolvidos (Figura 12) foram crescentes em todos os


tratamentos, exceto em T1, que se manteve constante pela ausência de peixes. Nos demais
tratamentos os índices de sólidos totais aumentaram de acordo com a densidade de peixes. O
aumento dos teores de sólidos totais está relacionado à maior presença de resíduos,
decorrentes da maior excreção dos peixes e às taxas de lotação dos tanques. Isso demonstrou
que a capacidade volumétrica do filtro pode ter sido subdimensionada, sendo necessária a
limpeza do fundo dos tanques, para evitar o acumulo de resíduose elevação dos teores de
sólidos totais dissolvidos na água.

Figura 12. Teores de Sólidos Totais nos tanques de criação de Tilápias do Nilo
(OreochromisniloticusLinnaeus, 1758) em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB
2015.

Os valores depH (Figura 13) ficaram próximosa 7,0 no decorrer do ensaio em todos
os tratamentos. O pH manteve-se em uma faixa aceitável para produção de peixes que é de
6,5 a 8,0 (DELINCÉ, 1992).
29

Conforme Egidio e Levy (2013) o pH ideal para o cultivo hidropônico deve estar na
faixa de 6,0 e 7,0 pois a disponibilidade e absorção dos nutrientes minerais são influenciadas
por este parâmetro. Desta forma é fundamental monitorar o pH constantemente.

Figura 13.Valores do pHdos tanques de criação de Tilápias do Nilo (OreochromisniloticusLinnaeus,


1758) em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB 2015.

Summerfelt (2000), correlacionando os teores de pH, amônia e temperatura, ressaltou


que é mais provável a toxidade da amônia total em pH elevados e altas temperaturas. Durante
o ensaio,opHfoi mantido próximo à neutralidade (Figura 13)e a temperatura da água
permaneceu na faixa de 20 a 25°C (Figura 4),entretanto os teores de amônia total (Figura 6)
foram elevados. Considerando as condições experimentais do presente trabalho, pode-se
sugerir que o teor de amônia total que é constituído pelas espécies NH 3 e NH4+, corresponde
em maior extensão à presença da amônia em suaforma ionizada (NH4+).
O pH é, sem dúvida, um parâmetro decisivo no ambiente aquático. No sistema
aquapônico, peixes, plantas e bactérias do ciclo do nitrogênio coabitam o mesmo ambiente.
Enquanto o pH próximo à neutralidade favorece aos peixes e plantas, para as bactérias o pH
ideal é mais baixo, entre 5,5 e 6,5 (TYSON et al., 2004). Talvez isso possa ter afetado a
eficiência na filtração biológica neste trabalho, uma vez que os teores de resíduos
nitrogenados ficaram em níveis elevados.

4.3.Desempenho dos Peixes


No total morreram seis peixes, sendo que um em T2, dois em T3 e três em T4
(Tabela 1). A temperatura durante o período experimental, juntamente com o pH equilibrado e
30

os níveis de oxigênio dissolvido sempre próximos à saturação contribuíram para as elevadas


taxas de sobrevivência. Moro et al., (2013) destacaram, entre muitos atributos da espécie, que
a tilápia tolera temperaturas entre 14 e 33ºC e que além de aceitar a ração comercial, busca
outras fontes de alimento, como fitoplâncton, algas bentônicas pequenos insetos, dentre outros
itens.

Tabela1. Taxa de sobrevivência de tilápia(Oreochromisniloticus)durante o período experimental


Taxa de sobrevivência
Tratamentos Total de peixes Total de Mortos
(%)
T1 — — —-
T2 30 1 96.66
T3 60 2 96,66
T4 90 3 96,66

Os valores de consumo médio de ração (CR), ganho de peso médio (GP), conversão
alimentar aparente (CAA) e a taxa de crescimento especifico (TCE) estão apresentados na
Tabela 2.

Tabela 2. Consumo médio de ração (CR), Ganho de peso médio (GP), Conversão Alimentar Aparente
(CAA) e Taxa de Crescimento Especifico (TCE) de tilápias (Oreochromisniloticus)durante
o período experimentalcomalimentação “ad libitum”.

Tratamento CR GP CAA TCE


T1 — — — —
T2 2095,63 g 60,18 g 1,16:1 1,33 g
T3 4177,77 g 63,71 g 1,09:1 1,41 g
T4 5569,44 g 53,38 g 1,17:1 1,18 g
O consumo médio diário de ração dos tanques T2, T3 e T4 foi de 45,55g; 90,82g e
121,07g, mostrando a proporcionalidade do consumo médio diário por peixe (T2 = 1,51g; T3
= 1,51g e T4 = 1,34).A ração foi fornecida “ad libitum”, até a saciedade aparente,afim de
evitar sobras de ração, que poderia superestimar o consumo além de ocasionar mudanças nos
parâmetros físico-químicos da água.
No início do experimento os juvenis de tilápia de T2, T3 e T4 apresentaram peso
médio de 26,32; 25,95 e 26,28 g, respectivamente. Ao final do experimento elas
apresentarampeso médio de 86,5; 89,6 e 79,6 g, tendo um ganho de peso de 60,18, 63,71 e
53,38g.Nenhum tratamento estatístico foi aplicado às diferenças de peso entre tratamentos,
31

mas numericamente a pior resposta do peso médio dos peixes do tratamento T4 pode estar
relacionada ao maior grau de eutrofização do tanque e pela maior densidade de estocagem (90
peixes/tanque).
A conversão alimentar aparente (CAA)foi calculada dividindo-se a quantidade de
ração aparentementeconsumida pelo ganho de peso dos peixes (KUBTIZA,2010). As taxas de
CAA do ensaio foram de 1,16:1; 1,09:1 e 1,17:1 para T2, T3 e T4 respectivamente, valor
semelhante encontrado por Jordan et al. (2014) para a fase de crescimento de 3,5 até 63 g,
obtendo uma CAA de 1:16:1. Foi observado que o T3 obteve a melhor taxa de conversão
alimentar (1,09:1), além de ter sido o tratamento com maior ganho de peso (63,71g).
Hundley e Navarro (2013) utilizando tilápias e manjericão (Ocimumbasilicum) e
manjerona (Origanummajorana) em sistemas de recirculação de água observaram que os
peixes obtiveram maior crescimento quando atingiram cerca de 20 g. Valor semelhante
foiverificado no inicio desta pesquisa, sugerindo que o tamanho dos peixes influenciou
também no valor da melhor CAA encontrada.
Turkeret al.(2003) abordando a capacidade de filtração de tilápias do Nilo,relatou
que a espécie é capaz de se alimentar do fitoplâncton presente na água, além da ração
fornecida. Acredita-se, pela presença de fitoplâncton nos tanques deste experimento, que os
peixes do ensaio tiveram uma fonte de alimento natural suplementar, o que pode ter resultado
em índices de CAAsuperestimados.
Ao término do experimento, verificou-se a boa adaptação dos peixes, nesta fase de
desenvolvimento, ao sistema de recirculação em aquaponia, considerando-se o desempenho
dos mesmos, sendo relatadas poucas perdas e um bom ganho de peso ao longo do ensaio.

4.4 Massa fresca da plantas

As plantas do T4 apresentaram os maiores valores de massa fresca, enquanto que os


tratamentos T2 e T3 apresentaram resultados similares. Sugere-se que em T4 as plantas
apresentaram-se maiores, devido a maior presença de peixes neste tratamento. Em T1 foram
encontrados os menores valores, em virtude da escassez de nutrientes, devido a ausência de
peixes (Tabela 3).
Tabela 3. Valores médios de Massa Fresca das Folhas de Alface Lactuca sativa cv. Brunela (%)
durante o período experimental. Itapetinga – BA. UESB, 2015.

Tratamento R1 R2 R3 R4 Média
T1 2,37 2,23 2,87 3,19 2,66
T2 46,29 39,57 39,94 38,06 40,96
32

T3 45,77 44,02 35,88 40,31 41,50


T4 59,57 57,39 49,24 63,98 57,57

A variedade de alface estudada possui características especiais, sendo uma delas a


precocidade na colheita (SALA e COSTA, 2013). Com os resultados foi possível afirmar que
as plantas não atingiram tamanho comercial que fica em torno de 250 a 300g/planta (SALA e
COSTA, 2012). Acredita-se que o desenvolvimentos das plantas pode ter sido afetado, devido
ao funcionamento dobiofiltro no período inicial do ensaio, no qual foi observado que os
parâmetros da água começaram a seguir para uma constância, a partir da terceira semana,
evidenciando o funcionamento tardio do biofiltro, o que pode ter gerado um possível
desequilíbrio nutricional na planta, tendo como resposta um pendoamento precoce, afetando
assim o crescimento da mesma.
Outro fator que pode ter afetado o pendoamento precoce das plantas, esta ligado com o
clima da região. A grande amplitude térmica do ar pode ser causa do pendoamento precoce
das plantas, uma vez que todo o experimento foi conduzido no interior de uma estufa,
elevando as temperaturas, que atingiram 48ºC em um dia, cuja mínima de 13ºC foi alcançada
no mesmo dia. Vasgasetal (2015) ressaltou que elevadas temperaturas estimulam o
pendoamento precoce, provocando um alongamento no caule, redução no número de folhas,
má formação da cabeça comercial além de estimular a produção de látex, resultando na
colheita de plantas ainda pequenas, não expressando seu máximo potencial genético.
CASTELLANIet al (2012), utilizaram um sistema aquapônico com berçários de
camarões (Macrobrachiumamazonicum), para produção de alface (lactuca sativa)e
agrião(Rorippanasturtiumaquaticum), obtendo a sua maior massa fresca das folhas de alface
de 59,9g, entretantoo agrião conseguiu se desenvolver bem neste sistema atingindo peso
comercial. Os autores sugeriram que para uma maior produção de alface é necessário uma
suplementação mineral. CORTEZet al (2009) indicaram que a água residual do sistema de
criação de matrinxã (Bryconcephalus), não foi capaz de atender à demanda por nutrientes,
principalmente potássio e magnésio, para o cultivo de alface hidropônico.
Os primeiros registros de aquaponiapublicados também não conseguiram atingir
tamanho comercial das plantas em suas pesquisas. RAKOCY et al. (1989) encontraram
alfaces com 98 a 131g em 42 dias de cultivo; PARKER et al. (1990) obtiveram plantas com
peso total de 50g; QUILLERÉ et al. (1993)obtiveram plantas com 101 a 171g;SEAWRIGHT
et al. (1998) encontraram peso fresco de 120 g, em 35 dias. Todos estes autores realizaram
33

pesquisas integrando Tilapias do Nilo (Oreochromisniloticus) e alface (Lactuca sativa) em


regime de circulação fechada.
CRIVELENTIet al (2009) sugeriu a aquaponia como uma técnica ecologicamente
viável, e como atividade econômica complementar na renda familiar, permitindo reduzir o
consumo de água para produção de alimentos.PIRTOSCHEGet al (2013) analisando o ponto
de vista econômico da aquaponia integrando tilápias e alface, afirmaram que a produção é
inviável comercialmente, entretanto pode servir de alternativa para melhorar a alimentação
familiar pois permite a produção de peixes e vegetais de qualidade e livres de contaminações
e de aditivos químicos.
Hundley e Navarro (2013) relataram que a aquaponia tem sido predominantemente
difundida por todo o mundo através de produtores em escala domiciliar, algo por muitos
referidos como "BackyardAquaponics", termo em inglês para "Aquaponia de Quintal".
Portanto a aquaponia apresenta-se como alternativa real para a produção de alimentos de
maneira menos impactante ao meio ambiente, por suas características de sustentabilidade.
Neste trabalho, houve um bom desenvolvimento dos peixes, e um pendoamento
precoce das plantas, entretanto o mínimo de água foi retirado do sistema, comprovando a
eficiência do sistema em produzir alimentos com economia de água. Sugere-se que novas
pesquisas sejam realizadas a cerca do assunto, para adequar um melhor rendimento por parte
das plantas.
Para os valores de peso fresco das plantas em comparação com a densidade de peixes,
foi feita uma curva de regressão expressos na figura (14).
34

Figura 14. Relação entre peso das plantas de alface e densidade de estocagem de tilápias do Nilo
(OreochromisniloticusLinnaeus, 1758) em sistema aquapônico. Itapetinga – BA. UESB
2015.

Com os resultados foi possível observar que o tratamento com a maior densidade
de peixes (T4), expressou o maior peso fresco das plantas, provavelmente, em virtude de
ser o tratamento, com maior estocagem de peixes, e consequentemente, mais sais
minerais assimiláveis pelas hortaliças.
Conforme Hundley e Navarro (2013), a quantidade de plantas e peixes, para a criação de um
sistema aquaponico, está diretamente ligada à quantidade de nutrientes disponíveis para as
plantas. Rakocy (2006) sugeriu que a cada metro de canteiro hidropônico é necessário que
sejam fornecidos 60 a 100g de ração por dia. Wilson (2005) utilizou a proporção de 1
kg/peixe para 7kg/ planta. Nesta pesquisa foram utilizadas diferentes densidades de peixes,
sendo observado (figura 14) que o tratamento com maior densidade de peixes T4, expressou o
maior desenvolvimento das plantas.

4.5. Composição centesimal das plantas

4.5.1 Umidade

Os valores observados na Tabela 4 mostraram que os tratamentos T2, T3 e T4,


apresentaram valores semelhantes em sua matéria seca, e que T1 obteve um menor valor.
Sugere-se que emrazão da ausência de peixes e consequentemente de nutrientes, isso tenha
afetado o crescimento e consequentemente influenciado nos teores de umidade neste
tratamento.
Ohseet al (2001) obtiveram teor de umidade em suas variedades hidropônicas de 5,5%.
OHSEet al (2009) encontraram em seus cultivares de alface hidropônico, média de 4,56% de
umidade. OHSEet al (2012) encontraram teores de 9,07 e 9,26, para variedades de alfaces
hidropônicas. Segundo Sgarbieri (1987), o teor de umidadepara alface produzida no solo é de
6%.
OHSEet al (2001) ressaltou que a variação no teor de umidade se deve, provavelmente
ao tempo de exposição das plantas na fase final, sendo que quanto maior esse período maior o
acumulo de matéria seca, gerando um menor o teor de água.
35

Os altos valores encontrados, neste trabalho, naumidadepodem ser explicadosdevido


ao pendoamento precoce das plantas, acumulando assim, mais matéria seca em sua
composição. Outra possibilidadepode estar ligada às característicasda cultivar utilizada, por
ser mais crocante que as demais (SALA e COSTA, 2013), ou seja, a planta acumula mais sais
minerais e consequentemente aumenta a umidade.
OHSEet al (2001) sugeriram que, a baixa concentração de nutrientes em soluções
hidropônicas pode influenciar no desenvolvimento das plantas, gerando assim um acumulo de
matéria seca, e pouco crescimento, elevando assim os teores da composição centesimal da
alface. É possível que a alta concentração de nutrientes observada nesta pesquisa também
tenha influenciado no acumulo de matéria seca nos tratamentos T2, T3 e T4.

Tabela 4.Teores médios de Umidade(%) de Alface Lactuca sativa cv. Brunela durante o
período experimental. Itapetinga – BA. UESB, 2015.

Tratamentos Materia Seca


T1 4,87%
T2 10,48%
T3 11,37%
T4 11,87%

4.5.2. Proteína bruta

Os resultados apresentadosna Tabela 5demonstram que os maiores níveis de proteína


foram encontrados em T3 e T4. Ohseet al (2001), comparando a composição centesimal de 6
variedades de alfaceshidroponicas, obtiveram uma média de 1,6% no teor de proteína
bruta.Ohseet al (2009) comparando cinco cultivares de alface hidropônicas obtiveram média
de 1,06%. Ohseet al (2012) alcançaram média de 0,85% e 1,06% em seus cultivares de alfaces
hidropônicos.
Segundo Sgarbieri (1987) a alface produzida no solo apresenta teor deproteína em
torno de 1,3%.Dutra de Oliveira e Marchini (2000) obtiveram como valor médio de proteína
para alface do tipo folha lisa cv. Regina cultivada no solo de 1,3 %. De Araujoet al (2010)
encontraram um teor de 1,29 para alface no solo.
36

Sugere-se que, com a maior concentração de peixes, nestes tratamentos, as plantas,


foram capazes de assimilar mais nitrogênio aumentando assim o teor de proteína. O
tratamento T1 apresentou o teor de proteína baixo em virtude da ausência de peixes.

Tabela 5.Teores médios de Proteína Bruta em Alface Lactuca sativa cv. Brunela (%) durante o
período experimental. Itapetinga – BA. UESB, 2015.

Tratamentos Proteína Bruta


T1 0,58%
T2 1,71%
T3 2,38%
T4 2,93%

4.5.3.Fibras

As plantas de alface nos diferentes tratamentos acumularam valores diferentes de fibra


bruta, em razão da quantidade de peixes por tratamento. As alfaces no T4 foramas que
apresentaram maior valor de fibra bruta, como pode ser verificado na Tabela 6.
Ohseet al (2001) comparando diferentes soluções hidropônicas, obtiveram teores
elevados de fibra em um dos seus tratamentos, com valor médio de 3,39% da sua composição.
Os autores sugeriram que os valores encontrados se deram em razão da baixa concentração de
nutrientes encontrada em um dos seus tratamentos, o que levou a planta acumular alto
percentual de matéria seca.
Ohseet al (2009) encontraramvalores médios de 0,32% de fibra em suas cultivares
hidropônicas, sendo o maior teor encontrado em um dos seus tratamentos, de 0,48%.Ohseet
al,(2012) encontraram 0,34 e 0,48% em seus dois cultivares de alface hidropônica.
Dutra de Oliveira e Marchini (2000) e Sgarbieri (1987) citaram que a alface produzida
no solo apresenta valores médios 0,6 e 0,7 g/100g para fibra. De Araujoet al (2010) com o
objetivo de estudar frutas e hortaliças como fonte de fibras alimentares, obtiveram o teor de
1,26 de fibras, em alface convencional.
37

Ohseet al (2009) verificaram que os teores de fibra encontrados nas cultivares de


alface hidropônica foram menores que os da alface produzida no solo, provavelmente, devido
ao rápido ciclo de cultivo quando produzidas por esse sistema em casa de vegetação.
Entretanto, deve-se considerar sempre o sistema de cultivo, a época de cultivo, as condições
experimentais, os tratamentos e o ciclo de vida da planta para fazer inferências sobre a
produtividade de qualquer cultura (OHSEet al, 2012).
Nestetrabalho os teores de fibra apresentaram-se bem maiores em relação aos cultivos
hidropônicos e no solo. Acredita-se que os altos teores de matéria seca influenciaram, no
acumulo de fibra por parte das plantas, em todos os tratamentos.

Tabela 6.Teores médios de Fibra em Detergente Neutro de Alface Lactuca sativa cv. Brunela (%)
durante o período experimental. Itapetinga – BA. UESB, 2015.
Tratamentos FDN
T1 1,21
T2 2,71
T3 2,92
T4 2,98

4.5.4. Matéria Mineral

Pode-se verificar com os resultados apresentados da Tabela 7 que o T4 alcançou os


maiores valores de resíduo mineral. Sugere-se que como este tratamento foi o que teve uma
maior densidade de peixes as plantas foram capazes de assimilar mais nutrientes. Os
tratamentos T2 e T3 obtiveram resultados similares, enquanto que T1 apresentou o menor
valor, devido à falta de nutrientespela ausência dos peixes.
Ohseet al (2001) comparando os teores de resíduo mineral em quatro soluções
hidropônicas distintas obtiveram médias de 0,7; 0,8; 0,9 e 0,8%.Ohseet al (2009) observaram
que suascultivares de alface acumularam diferentes teores de resíduo mineral, sendo o maior
teor de resíduo mineral, de 0,77%.Ohseet al (2012) obtiveram para seus dois cultivares de
alfaces hidropônicos0,63 e 0,70%.De Araujoet al (2010) encontraram para alfaces cultivadas
em solo, 0,89% de matéria mineral.
Acredita-se que os valores de matéria mineral encontrados nesta pesquisa,
apresentaram-se mais altos, em razão da grande demanda de nutrientes solúveis, contida no
sistema aquapônico, influenciando assim na assimilação de mais compostos aumentando os
teores de matéria seca e consequentemente os teores de cinzas. Outra hipótese está ligada ao
38

pendoamento precoce observado neste trabalho, fazendo com que a planta acumule mais
matéria seca, aumentando os teores de resíduo mineral.

Tabela 7.Teores médios de Resíduo Mineral de Alface Lactuca sativa cv. Brunela (%) durante o
período experimental. Itapetinga – BA. UESB, 2015.
Tratamentos Resíduo Mineral
T1 0,65%
T2 1,60%
T3 1,65%
T4 1,98%

5. CONCLUSÃO

O sistema aquapônico demonstrou ser eficiente no que diz respeito ao


reaproveitamento da água da piscicultura. A densidade de estocagem de peixes influenciou o
desenvolvimento das plantas, uma vez que maiores densidades de peixes geraram maior
quantidade de resíduos na água e consequentemente maior aporte de nutrientes para as plantas
de alfaceBrunela. Contudo, densidades de 90 peixes/1000L elevaram a eutrofização do
sistema, especialmente os níveis de amônia e nitrito. Como sistema aquaponico utilizado as
plantas não atingiram peso comercial, em virtude do funcionamento tardio do biofiltro, além
da temperatura no interior da estufa, ter estimulado o pendoamento precoce das
hortaliças,entretanto para a produção de tilapias do Nilo, na fase juvenil (25-100g), os
resultados mostraram-se satisfatórios, obtendo um bom rendimento dos peixes.Outros estudos
são necessários para comprovar a eficiência do biofiltro, além de outras estratégias para tentar
39

diminuir os teores de amônia e nitrito na água, tornando o sistema aquapônico uma alternativa
sustentável para agricultura familiar.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERONI, R. B. Hidroponia. São Paulo: Nobel, 1998. 102p.


ALVIM, M.C.C.; PERET, A. C. Food resources sustaining the fish fauna in a section of the
upper São Francisco river in Três Marias, MG, Brazil. Brazilian Journal of Biology, v. 64, n.
p.195-202. 2004.
AZEVEDO, A. M. et al. Seleção de genótipos de alface para cultivo protegido: divergência
genética e importância de caracteres.Horticultura brasileira, v. 31, n. 2, 2013.

BARBOSA, L.P.J.L.; BARBOSA, F.H.F.; FAUSTINO, S.M.M. Algas em tanques de


piscicultura: uma análise crítica.Arquivo Brasileiro de Microbiologia Básica e Aplicada, v.
1, n. 1, p. 2013.

BERGHAGE, R.D., MAcNEAL, S.F., WHEELER, T.F., ZACHRITZT, W.H. ‘Green’ water
treatment for green industries: opportunities for bio-filtration of greenhouse and nursery
irrigation water and runoff with constructed wetlands. HortScience, v.34, n.1, p. 50-54. 1999.
BERNSTEIN, S. Recipe for successful aquaponics. Alternatives Journal.Academic One
File. 2014.
BOYD, C E. Manejo do solo e da qualidade da água em viveiro para aquicultura.
Campinas: Associação Americana de Soja (ASA). 1997. 55p.
40

BRAGA, M. Aquaponia pode gerar menor impacto ao meio ambiente, 2013. Disponível
em: <http://www.jornalpp.com.br/economia/item/44996-aquaponia-pode-gerar-menor-
impacto-ao-ambiente>. Acesso em: 21 mai. 2015.
BRASIL. Ministério de Pesca e Aquicultura, 2014 Disponível em:
<http://www.mpa.gov.br/aquicultura/especies-cultivadas>. Acessoem: 15 jun, 2015.

BROWN, E., GRATZEK, J., TAVE, D. Genetics for fish hatchery managers.Westport: Avi
Pub Co. 1986.

CARMOUZE, J.P. O Metabolismo dos Ecossistemas Aquáticos. 1. ed. São Paulo: Edgard
Blücher / FAPESP. 1994. 253p.
CASTAGNOLLI, N. Criação de peixes de água doce. Jaboticabal: FUNEP, 1992.
CHRISTOFIDIS. D. Água na produção de alimentos: o papel da academia e da indústria no
alcance do desenvolvimento sustentável.Revista Ciências Exatas, v. 12, n. 1, 2008.

COMETTI, N. N. et al. Cooling and concentration of nutrient solution in hydroponic lettuce


crop.HorticulturaBrasileira, v. 31, n. 2, 2013. p. 287-292.

COMETTI, N. N. Nutrição mineral da alface (Lactuca sativa L.) em cultura hidropônica–


sistema NFT.(Tese de doutorado).Seropédica: UFRRJ. 2003. 128p

CORTEZ, G.E.P. et al. Qualidade química da água residual da criação de peixes para cultivo
de alface em hidroponia.Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 13,n.
4, p. 494-498, 2009.

CORTEZ, G.E.P.; Cultivo de alface em hidroponia associado à criação de peixes. Tese


(Doutorado em Agronomia). Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista – UNESP. 1999,
63p.
DELINCÉ, G. The ecology of the fish pond ecosystem with special reference to
Africa.Dordrecht: Kluwer. 1992. 230p.
DETMANN, E., SOUZA, M.A., VALADARES FILHO, S.C.Métodos para análise de
alimentos. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2012. 214p.
EGÍDIO, N. B.; LEVY, B.P.;As técnicas de hidroponia.Anais da Academia Pernambucana
de Ciência Agronômica, v. 8, p. 107-137, 2013.
EMATER-PR. Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural. Modelo
EMATER de produção de tilápia. 2004.Disponível em: http://www.emater.pr.gov.br/
arquivos/File/Comunicacao/Premio_Extensao_Rural/1_Premio_2005/ModeloEmaterProd_Til
apia.pdf. Acesso em: 21 agosto2015.
FAO. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. O Crescimento
populacional e a questão alimentar. Disponível em:
http://http://www.fao.org/fileadmin/user_upload/faoweb/lisbon/docs/O_Pa
%C3%ADs_25_7_2014.pdf. Acesso em 22 março 2016.
FAQUIN. V.; FURTINI N. A. E.; VILELA, L. A. A.Produção de Alface em Hidroponia.
Lavras: UFLA, 1996. 50 p.
41

FARIA, R. H. S. et al.Manual de Criação de Peixes em Viveiros.Brasília:CODEVASF.


2013.
FURLANI, P. R.et al. Cultivo Hidropônico de Plantas. Campinas: Instituto Agronômico,
1999.
GAVA, A. J.Princípios de Tecnologia de Alimentos. São Paulo: Nobel, 1978. 284p.
GERHARDINGER, R. C. Policultivo de tilápias e robalos em pequenas unidades de
produção aquícola de Santa Catarina. (Dissertação – Mestrado em Agrossistemas)
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina.2012.

HUNDLEY, G.C.; NAVARRO, R.D. Aquaponia: a integração entre a piscicultura e a


hidroponia. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável. v. 3, n. 2, p.52-61. 2013.

JASPER, L. Aquaculture: anintroduction. Danville: Interstate Publishers. 1992. p. 164-179.


JONES J.R.; BENTON, J.et al. Plant analysis handbook. A practical sampling,
preparation, analysis, and interpretation guide. Micro-MacroPublishing, Inc., 1991.
JORDAN, R. A. et al. Sistema intensivo de criação de peixe com recirculação de água e
controle de temperatura via bomba de calor de duplo efeito térmico.Revista Brasileira de
Engenharia de Biossistemas.v. 5, n. 1, p. 12-22, 2014.

KUBITZA, F. Qualidade da água na produção de peixes. 3. ed. Jundiaí: Degaspari. 1999.


97p.

LIMA, A.F. Sistemas de produção de peixes. In: RODRIGUES, A.P.O.; LIMA, A.F.;
ALVES, A.L. et al. (Ed.). Piscicultura de Água Doce, Multiplicando Conhecimentos.
Brasília: EMBRAPA, 2013. p. 97-108.
LOVE, D.C. etal.An international survey of aquaponics practitioners.PlosOneJournal. 2014.
MACIEL JUNIOR, A. Efeitos da temperatura no desempenho e na morfometria de
tilápia, Oreochromisniloticus, linhagem tailandesa. (Tese - Doutorado em Zootecnia).
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. 2006. 66p.
MARTINEZ, C. B. R.; AZEVEDO, FÁBIO DE ;WINKALER, ELISSANDRA ULBRICHT.
Toxicidade e efeitos da amônia em peixes neotropicais. In: José Eurico Possebon Cyrino;
Elisabeth CriscuoloUrbinati. (Org.). Tópicos Especiais em Biologia Aquática e
Aqüicultura. Jaboticabal - SP: Sociedade Brasileira de Aqüicultura e Biologia Aquática,
2006,p. 81-95.

MORO, G.V. et al.; Espécies de peixes para a piscicultura. In: RODRIGUES, A.P.O.; LIMA,
A.F.; ALVES, A.L. et al. (Ed.). Piscicultura de Água Doce, Multiplicando
Conhecimentos.Brasília: EMBRAPA, 2013. p. 29-70.
MOU B. 2011. Mutations in lettuce improvement.International Journal of Plant
Genomics.2011.p. 1-7.
42

PEDREIRA, M. M. et al.Biofiltros com diferentes proporções de substratos na larvicultura de


piabanha-do-Pardo (Brycon sp.).Zootecnia, v. 1, n. 1, p. 11-17, 2014.

PEREIRA, L. P. F.; MERCANTE, C. T. J. A amônia nos sistemas de criação de peixes e seus


efeitos sobre a qualidade da água. Uma revisão.Boletim do Instituto de Pesca, v. 31, n. 1, p.
81-88, 2005.

PETRAZZINI, L.L. et al. Nutritional deficiency in crisphead lettuce grown in


hydroponics.Horticultura Brasileira. v. 32, n. 3. p.310-313. 2014.

PIEDRAS, S.R.N., OLIVEIRA, J.L.R., MORAES, P.R.R., BAGER, A. Toxicidade aguda da


amônia não ionizada e do nitrito em alevinos de Cichalasomafacetum (Jenyns, 1842), Ciênc.
agrotec. vol.30 no.5 Lavras Sept./Oct. 2006.

POERSH, L. H. et al. Bioflocos: Uma alternativa econômica viável para produtores de


camarão em viveiro. Panorama da Aquicultura. 2012. 37 p.

PÔRTO, M. L.A. et al. Doses de nitrogênio no acúmulo de nitrato e na produção da alface em


hidroponia.HorticulturaBrasileira, v. 30, n. 3, 2012.

QUILLERÉ, I. et al. An artificial productive ecosystem based on a fish/bacteria/plant


association. 1- Design and management. Agriculture, Ecosystems and Environment, v.47,
n.1, p.13–30, 1993.

RACKOY, J.; MASSER, M.; LOSORDO, T.Recirculating aquaculture tank


productionsystems: aquaponics-integrating fish and plant culture. SRAC Publication, v.454,
p.1-16, 2006.

RAKOCY, J. E. Hydroponic lettuce production in a recirculating fish culture


system.University of the Virgin Island Agricultural Experiment Station.Islands Perspectives,
v.3, p.4–10, 1989.

RAKOCY, J.E.; HARGREAVES, J.A. Integration of vegetable hydroponics with fish culture:
a review. In.: Techniques for Modern Aquaculture – Aquacultural Engineering
Conference. Proceedings.Spokane: ASAE, p. 112–36. 1993.

SALA F. C.; COSTA C. P. Gloriosa: cultivar de alface americana tropicalizada. Horticultura


Brasileira. v. 26, n.3, 2008.
SALA F.C.; COSTA C. P. Retrospectiva e tendência da alfacicultura brasileira. Horticultura
Brasileira. v. 30, n. 2, abr. - jun. p 187-194. 2012.

SALA,F. C.; COSTA, C. P. Crocância: a característica de destaque da Alface Brunela.


Revista Plasticultura. p. 8-10. 2013.

SANTOS, A. N.et al. Produção de alface em NFT e Floating aproveitando água salobra e o
rejeito da dessalinização.Revista Ciência Agronômica, v. 42, n. 2, p. 319-326, 2011.
SANTOS, O. S. Conceito e histórico. In: SANTOS, S. (Ed.). Hidroponia da alface. Santa
Maria: UFSM. 1998. p. 1-3.
43

SCHMIDT, A.A.P.Piscicultura:a fonte divertida de proteínas.São Paulo: Ícone. 1988. 88p.

SEAWRIGHT, D. E.; STICKNEY, R. R.; WALKER, R. B; Nutrient dynamics in integrated


aquaculture–hydroponics systems. Aquaculture, v.160, p.215-237, 1998.

SHRIVER, D.F, ATKINS, P.W. Química Inorgânica, 3° edição, Porto Alegre, Bookman,
2003.
SILVA, A. P. P.; MELO, B. Hidroponia. Núcleo de Estudo em Fruticultura no Cerrado.
2015. Disponível em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/hidropo.htm>. Acesso em 12 de
abr 2015.

SILVA, R. F. Inovação - hidroponia integra vegetal e animal. Disponível em


<http://today3tech.blogspot.com/2011/04/inovacao-hidroponia-integra-vegetal-e.html>.
Acesso em: 12 out. 2014.

SIPAÚBA-TAVARES. L. H; Limnologia dos sistemas de cultivo. In: VALENTI, W.C.


Carcinicultura de água doce. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Renováveis. 1998 p.47-76.

SIPAÚBA-TAVARES. L.H.; FAVERO, E.G.P.; BRAGA, F.M.S. Utilização de biofiltros de


macrófitas em efluentes de aquicultura: I. Planta flutuante. Brazilian Journal of Biology,
v.62, n.4, p.713-723, 2002
SUMMERFELT, R.C. Water quality considerations for aquaculture.AquacultureNetwork
Information Centre, 2000.

TIMMONS, M.; LOSORDO, T. Aquaculture water reuse systems: engineering design and
management. New York: Elsevier. 1994. p. 18-27.
TONET, A. et al. Microbiological analysis of water and lettuce (Lactuca sativa) cultivated in
hydroponic and aquaponic systems and in soil. RevistaBrasileira de PesquisaemAlimentos,
v. 2, n. 2, 2013.
TURKER, H; EVERSOLE, A.G.; BRUNE, D.E. Effect of temperature and phytoplankton
concentration on Nile tilapia Oreochromisniloticus (L.) filtration rate.Aquaculture Research,
v.34, n.6., 2003. p. 453-460.

TYSON, R.V. et al. Reconciling water quality parameters impacting nitrification in


aquaponics: the pH levels. Proc. Fla. State Hort. Soc. v. 117, n. 1, p. 79-83. 2004.

WATANABE, W. O. et al. Tilápia production system in the Americas: technological


advances, trends, and challenges. Reviews in Fisheries Science, v.10, n.2. 2002. p. 384.
WILSON, G. Australian barramundi farm goes aquaponic. Aquaponics Journal, v.37, p.12-
16, 2005.

Você também pode gostar