Manual de Ostreicultura
Manual de Ostreicultura
Manual de Ostreicultura
1
Especialista em pequenos negócios / 0800 570 0800 / sebrae.com.br
MANUAL DE OSTREICULTURA
COM ESPÉCIES NATIVAS
DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL
Volume II - Sanidade e Profilaxia
C352m
169 p. il.
ISBN 978-85-7333-751-8
Plankton
Pestana da III. Ostrensky, Antonio IV.Título
CDU – 639.4
SUMÁRIO
1 DEFINIÇÕES X
2.10 Como os outros organismos que estão presentes no próprio ambiente 12 3.6.3.3 Parasitos 32
podem prejudicar os cultivos de ostras?
2.10.2 Predadores 13
2.10.3 Parasitos 15
2.10.4 Competidores 18
v
PARTE 3 – CULTIVANDO OSTRAS E VENDENDO QUALIDADE
4.1 O que diz a legislação sobre a qualidade da água na ostreicultura? 36 7.1 Como e por que fazer biometrias? 66
4.1.1 Resolução do CONAMA nº 357/2005 36 7.2 Como e por que fazer a seleção dos animais? 67
4.1.2 Instrução Normativa Interministerial nº07/2012 38 7.3 Como e por que manter o mais limpas possível as estruturas de cultivo? 68
4.2 De quem é a responsabilidade pelo monitoramento da qualidade da 7.4 Como e por que fazer a limpeza das ostras? 69
39
água em locais com empreendimentos de ostreicultura instalados?
8.1 Quais são os cuidados gerais que o produtor deve ter nas fases de
72
colheita e de pós-colheita (despesca)?
5 CONTROLE DE ORGANISMOS PREDADORES E COMPETIDORES 48
8.1.1 Seleção e classificação 74
5.1 Quais são os principais organismos predadores ou competidores
49
associados às ostras cultivadas na Região Nordeste? 8.1.2 Armazenamento e transporte 75
5.2 É possível evitar a infestação de organismos competidores, predadores 8.1.3 Obtenção de Guia de Trânsito Animal 76
55
ou causadores de doenças em um cultivo de ostras?
6.2 Quais os principais cuidados em relação ao manejo dos berçários? 63 9.4 A depuração pode ser realizada no próprio ambiente? 83
vii
PARTE 4 – PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR PARTE 5 – A OSTREICULTURA EM NÚMEROS:
CONHECENDO SEU PRÓPRIO NEGÓCIO
10 MEDIDAS GERAIS DE PROFILAXIA 86
12 ANÁLISES E REGISTROS 106
10.1 Que cuidados o produtor deve ter em relação à qualidade da água
86
utilizada em atividades de manejo? 12.1 Por que fazer registros do que acontece na fazenda marinha? 106
10.2 Como descartar resíduos gerados durante os cultivos de ostras? 86 12.2 O que registrar e por quanto tempo manter os registros? 107
11 BIOSSEGURANÇA 96
ix
DEFINIÇÕES Depuração: ato de depurar. Processo aplica- Fungo: organismos geralmente macroscópicos O material incrustante pode consistir tanto de
do aos moluscos bivalves com a finalidade de (que podem ser vistos à olho nu), eucariontes, organismos vivos (incrustação, epibiontes) ou
reduzir sua contaminação microbiana a níveis heterótrofos. Os representantes mais conheci- uma substância não-viva (orgânica ou inorgâ-
aceitáveis para oconsumo humano, podendo dos são o bolor de pão, mofo, orelha de pau, nica).
Bactéria: são organismos unicelulares, ou seja, ocorrer no ambiente natural ou em dependên- leveduras e o cogumelo. São estudados pela
compostos por uma única célula. São extrema- cias de processamento situadas no estabeleci- Micologia. Organização Mundial da Saúde Animal (OIE):
mente pequenos e só podem ser enxergados mento industrial. é uma organização intergovernamental, com
com o uso de microscópios. Manipulador: é toda pessoa que em algum sede em Paris, que sucedeu, em 2003, à an-
Doenças: todo e qualquer conjunto de sinais momento manipula o alimento. Isto não ocorre tiga Organização Internacional das Epizootias
Biotoxina: substância tóxica produzida por or- clínicos que alteram o estado normal de saúde só no momento de consumi-lo, mas também (OIE), que havia sido criada em 1924 por um
ganismos vivos, como certos organismos fito- das ostras, ou seja, tira os animais de sua con- durante o manejo (retirada das ostras da es- Acordo Internacional. Tem como principal ob-
planctônicos, bactérias, fungos. dição de homeostase (equilíbrio interno). trutura de cultivo, retirada de incrustantes), jetivo coordenar e incentivar mundialmente a
transporte, colocação na embalagem, proces- informação, a investigação e a elaboração de
Boas práticas: é uma expressão derivada do Doenças de notificação obrigatória: São doen- samento (desconchamento, congelamento, normas sanitárias para o controle das epizoo-
inglês best practice, que denomina técnicas ças definidas anualmente em uma lista oficial, resfriamento, etc.) e no preparo e consumo. tias. A OIE coopera estreitamente com outras
identificadas como as melhores, em termos de divulgada pela Organização Mundial de Saúde organizações internacionais, principalmente
eficácia, eficiência e reconhecimento de valor Animal (OIE), e que devem ser obrigatoriamen- Maré vermelha: fenômeno natural caracteriza- do Sistema das Nações Unidas. Ela também
para os envolvidos e afetados direta e ou indire- te comunicadas por qualquer país, pelo Servi- do pelo aumento na quantidade de microalgas mantém atualizada uma lista com doenças que
tamente na realização de determinadas tarefas. ço Veterinário Oficial (SVO), assim que essas presentes na água, que podem ou não alterar a os países devem obrigatoriamente notificar se
doenças forem identificadas, seja em animais coloração da água. As microalgas podem pro- ocorrerem casos em seus territórios. Essas do-
Cadeia produtiva: é um conjunto de etapas se- cultivados ou não. Aliás, a notificação deve ser vocar manchas vermelhas, alaranjadas, ama- enças são de grande importância econômica e/
quenciais, ligadas de alguma forma entre si, feita mesmo se houver suspeita da doença.A relas, marrom ou nenhuma mancha na água. ou zoonoses perigosas.
e que envolvem produtos e serviços, desde a lista não envolve apenas doenças de ostras, A mudança de cor, quando ocorre, é devido à
obtenção dos insumos mais básicos até a che- mas dos mais diversos animais, como peixes, presença de pigmentos de clorofila “a” e “c” de Parasito: organismo animal ou vegetal que,
gada do produto final ao consumidor. Compre- camarões, bois, cavalos, ovelhas, aves, abe- cor verde, pigmento β-caroteno que dá a colo- durante toda sua vida ou parte dela, alimenta-
ende os setores de fornecimento de serviços lhas, coelhos, lebres, entre outros. Somente ração amarelada e diversas outras xantofilas, -se de substâncias produzidas por outro orga-
e insumos, máquinas e equipamentos, bem com a identificação precisa dos locais onde que são vermelhas e alaranjadas presentes no nismo. Pode ser um ectoparasito, quando vive
como os setores de produção, processamen- essas doenças de notificação obrigatória foram cromatóforo (células que sintetizam e armaze- sobre outro ser vivo ou endoparasito, quando
to, armazenamento, distribuição e comercia- confirmadas, é possível definir métodos de nam pigmentos) destes seres unicelulares. vive no interior de outro ser vivo.
lização (atacado e varejo), serviços de apoio controle e mesmo de eliminação dos focos de
(assistência técnica, crédito, licenciamento doenças. Micrômetro: unidade de medida identificada Plâncton: é formado por organismos uni ou
ambiental, etc.). pelo símbolo µm. Um micrômetro equivale a pluricelulares, em sua grande maioria micros-
Escherichia coli (E. coli ): é uma bactéria pato- 0,001 milímetros (1,0 µm = 0,0001 mm). cópica, que flutuam com pouca capacidade
Coliformes termotolerantes: bactérias gram- gênica (causadora de doenças) em formato de de locomoção na superfície de corpos d’água
-negativas, em forma de bacilos, oxidase-ne- bastonete Gram negativo, anaeróbio facultati- Moluscos bivalves: animais invertebrados (oceanos, rios, mares, lagos etc.) salgados, sa-
gativas, caracterizadas pela atividade da enzi- vo. É a única espécie do grupo dos coliformes aquáticos filtradores, caracterizados pela pre- lobros ou doces.
ma β-galactosidase. Podem crescer em meios termotolerantes cujo habitat é o intestino hu- sença de concha com deposição de carbonato,
contendo agentes tenso-ativos e fermentar a mano e de animais de sangue quente (endotér- formada por duas valvas. São exemplos demo- Processamento: contempla todas as etapas
lactose nas temperaturas de 44º a 45ºC, com micos), onde ocorre em densidades elevadas. luscos bivalves as ostras, os berbigões, os me- tecnológicas efetuadas desde a recepção da
produção de ácido, gás e aldeído. Além de es- xilhões e as vieiras. matéria-prima até a expedição do produto fi-
tar presentes em fezes humanas e de animais Fitoplâncton: é um dos tipos de plâncton, for- nal, incluindo a depuração, se necessária.
de sangue quente (endotérmicos), ocorrem em mado por organismos que fazem fotossíntese, Organismos incrustantes (fouling): Incrustan-
solos, plantas ou outras matrizes ambientais em sua grande maioria microscópica, que flu- tes referem-se ao acúmulo de material inde- Profilaxia: esse termo tem origem grega, sig-
que não tenham sido contaminados por mate- tuam com pouca capacidade de locomoção sejado em superfícies sólidas, mais frequen- nifica precaução e consiste em medidas cujo
rial fecal. Também são conhecidos por colifor- nos oceanos e mares, na superfície de águas temente encontradas em ambiente aquático. objetivo é prevenir ou atenuar doenças.
mes fecais ou coliformes a 45°C. salobras, doces ou lagos.
x xi
Programa Nacional de Controle Higiênico-Sa- Séssil: são chamados organismos sésseis
nitário de Moluscos Bivalves (PNCMB): insti- aqueles que não se deslocam voluntariamente
tuído pela Instrução Normativa Interministerial do seu local de fixação, como por exemplo, al-
n° 7, de 8 de maio de 2012, foi elaborado gumas espécies de algas, ostras e corais.
para monitorar toda a produção do setor desti-
nado ao consumo humano, como ostras, ber- Sujidade: sujeira, algo que está sujo.
bigões, vieiras e mexilhões. Este programa foi
instituído em conjunto pelo extinto Ministério Vírus: são seres muito simples e pequenos que
da Pesca e Aquicultura (MPA) e pelo Ministé- medem menos de 0,2 micrômetros (µm).São
rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento compostos basicamente por proteína e capa-
(MAPA). zes de infectar organismos vivos. São parasitas
obrigatórios do interior celular e isso significa
Rastreabilidade um passo atrás: é saber “o que eles somente se reproduzem pela invasão
que” (o produto ou bem), “de onde” veio (a e controle da maquinaria celular.
origem) e “para onde” foi (destino). Para isso,
o produto precisa estar identificado - o que se Zoonose: é um termo da medicina que desig-
está rastreando. A origem deve ser conhecida na as doenças e infecções transmitidas para o
- de onde vem o produto rastreado, e o destino Homem através dos animais. É uma palavra de
deve estar definido - para onde este produto origem grega formada por “zoo”, que significa
será embarcado/enviado. “animal” e “noso”, que significa “doença”. As
zoonoses são transmitidas pelos animais por
Semente: toda forma jovem de moluscos bival- vírus, bactérias, fungos, protozoários e outros
ves. Primeira fase de vida séssil, quando deixa microrganismos diversos.
a fase larval e passa a ter a capacidade de se
fixar em um substrato. Zooplâncton: são pequenos animais e larvas
de inúmeras espécies, em sua grande maioria
Serviço Veterinário Oficial (SVO): é uma rede microscópica, que flutuam com pouca capa-
nacional que envolve as secretarias estaduais cidade de locomoção na superfície de águas
de agricultura, o Ministério de Agricultura Pe- salgadas, salobras e doces. A capacidade de
cuária e Abastecimento (MAPA) e uma rede de locomoção do zooplâncton se reduz a migra-
laboratórios credenciados. No caso da ostrei- ções verticais. Zooplâncton é um dos tipos de
cultura fazem parte a Rede Nacional de La- plâncton, que é composto ainda do fitoplâncton
boratórios do MPA (RENAQUA) e a Rede Na- (microalgas fotossintetizantes), do bacterio-
cional de Laboratórios do MAPA (LANAGRO). plâncton (organismos procariontes autótrofos e
As funções básicas do SVO são a promoção heterótrofos) e do protozooplâncton (protistas).
da saúde pública e o controle e erradicação de Os organismos que compõem o zooplâncton
doenças de notificação obrigatória. não têm capacidade fotossintética.
xiii
1.1 Apresentação do manual
A ostreicultura comercial brasileira co- ção dos impactos ambientais; pela apli-
meçou a ensaiar seus primeiros passos cação de técnicas profiláticas e sanitá-
na década de 1970. Quase meio sécu- rias, que garantam um crescimento mais
lo depois, com poucas e louváveis ex- rápido das ostras; pela oferta de ostras
ceções, a atividade continua bastante de melhor qualidade etambém pelos cui-
informal, rudimentar, pouco eficiente e, dados com a saúde e com as condições
muitas vezes, pouco lucrativa. de trabalho dos próprios ostreicultores.
1 APRESENTAÇÃO
Cultivar ostras não exige grandes investi- Porém, acima de tudo, ser mais profis-
mentos, insumos ou equipamentos caros. sional implica na necessidade de numa
Aliás pode-se cultivá-las de forma relati- atividade cada vez mais viável e lucrati-
vamente simples e barata. Por não neces- va para todos, seja ela desenvolvida em
sitarem de alimentação artificial, as ostras grande escala ou em modestos empre-
podem ser cultivadas em total consonân- endimentos familiares. E, para tanto, é
cia com a utilização racional dos recursos fundamental que se produzam e comer-
naturais, respeitando princípios básicos cializem ostras que não representem
da conservação ambiental. A ostreicultu- riscos à saúde daqueles que, em última
ra também possibilita a valorização dos instância, possibilitarão que a ostreicul-
saberes populares e dos potenciais locais, tura brasileira dê esse desejado salto de
oque implica na não descaracterização qualidade: os CONSUMIDORES.
dos modos tradicionais de vida das co-
munidades tradicionais. O Manual de Ostreicultura com Espé-
cies Nativas da Região Nordeste do Bra-
Ao mesmo tempo, isso não significa que sil, uma iniciativa do Sebrae através do
ostreicultura não exija conhecimentos Projeto AQUINordeste, é especialmente
técnicos apurados; controle rigorosos voltado a ostreicultores, extencionistas,
do processo produtivo; desenvolvimen- consultores técnicos, estudantes e de-
to eaplicação de novas e mais eficientes mais agentes multiplicadores da área
tecnologias e cuidados extremos com a dessa importante área da aquicultura.
qualidade dos produtos produzidos e co-
mercializados... O Manual foi produzido a partir da ex-
periência de um grupo de profissionais
Para sair de um estado de “quase amado- que trabalha há quase duas décadas
rismo” para um patamar mais profissio- com o cultivo de ostras; foi complemen-
nal será necessário que todos os atores tado com informações e experiências das
envolvidos nessa ainda incipiente cadeia mais diversas partes do mundo; e, por
produtiva se envolvam na busca por mais fim incorporou os dados e experiências
qualidade e eficiência. Isso passa, entre gerados através do Projeto AQUINordes-
outras coisas, pelo conhecimento bioló- te, desenvolvidonos estados de Sergipe,
gico das ostras cultivadas; pela correta Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.
escolha e pelo monitoramento das áreas
de cultivo, respeitando a legislação que Nos dois volumes ilustrados que compõe
disciplina a ocupação desses espaços, o Manual (Volume I - Boas Práticas de
por princípio, públicos; pela minimiza- Produção e Volume II – Boas Práticas
1
O Volume II - Sanidade e Prifilaxia foi dividido em quatro partes:
3
PARTE 1
A SAÚDE DAS OSTRAS
5
2.2 De que forma a qualidade da água influencia a qualidade
das ostras cultivadas?
Para responder isso é preciso entender melhor a forma de alimentação das ostras.
Como já explicado no volume I, as ostras selecionam o seu alimento em função do
tamanho das partículas e não da origem do alimento. Com isso, elas acabam inge-
rindo um grande conjunto de partículas pequenas, incluindo microalgas, bactérias,
protozoários e vírus, além de substâncias tóxicas, como toxinas, agrotóxicos e metais
pesados, que estão dissolvidas na água ou que foram produzidas ou absorvidas por
2 A SAÚDE DAS OSTRAS esses microrganismos e que podem causar muito mal à saúde dos seus consumidores.
O problema aumenta ainda mais porque as ostras podem não apenas filtrar e ingerir,
mas também acumular esses produtos tóxicos. Assim, quanto mais elas filtram,
mais aumenta a concentração dessas substâncias.
Sim, as ostras, como qualquer outro animal, podem ficar doentes, perder rendi- Assim, pode-se dizer que a produção de ostras saudáveis depende, principalmente,
mento em cultivo e até morrer em função dessas doenças. da escolha de um local adequado para a instalação dos cultivos e da aplicação de
técnicas apropriadas de manejo por parte dos produtores.
A ausência de saúde pode ser total ou parcial e ocorrer devido a infecções, se-
quelas de traumas, neoplasias, disfunções orgânicas, entre outras alterações. A produção de ostras com qualidade depende, além disso, de uma água limpa e sem
poluentes e isso só pode ser garantido a partir do monitoramento da qualidade do
De um modo geral, as doenças podem ser ocasionadas por fatores exógenos ambiente onde as ostras são cultivadas, pela análise de sua carne e pela depuração,
(derivados do ambiente, como por exemplo, as doenças causadas por micror- sempre que recomendada.
ganismos) e/ou endógenos (derivados do próprio organismo, como por exemplo,
uma doença autoimune). O problema é que esse monitoramento pode ser caro e bastante complexo. Dificil-
mente ostreicultores familiares terão condições de fazê-lo sem o apoio ou parceria de
No entanto, são as doenças transmissíveis, ou seja, provocadas por agentes instituições.
patogênicos que podem ser carreados de uma ostra para outra, as mais impor-
tantes e as mais evitáveis com a aplicação de procedimentos profiláticos.
2.3 O que são biotoxinas marinhas?
Para que se faça a correta aplicação das boas práticas sanitárias e se opte pelos
melhores procedimento profiláticos, é necessário que se conheçam as enfermi- As chamadas “biotoxinas marinhas” são compostos tóxicos produzidos por microrga-
dades mais frequentes na região de cultivo. nismos marinhos, dentre os quais estão as microalgas e os dinoflagelados. Quando
a água se torna poluída, a população desses organismos pode crescer muito e muito
Também deve-se procurar conhecer as enfermidades que representam maior rapidamente.
risco em situações de surto, o que inclui as doenças de notificação obrigatória
definidas pela OIE. Um dos fenômenos bastante conhecido e relacionado à produção de biotoxinas é a
chamada “maré vermelha” (bloom ou floração de algas produtoras de biotoxinas).
No anexo deste manual é apresentado um resumo com as principais doenças De uma hora para outra, há um grande aumento na quantidade de microrganismos
que afetam ostras cultivadas no Brasil, na região nordeste, bem como as de no- produtores de biotoxinas, que em altas densidades podem produzir biotoxinas letais
tificação obrigatória pela OIE. para vertebrados.
7
2.4 Como saber se as ostras estão doentes?
O nome “maré vermelha” pode enganar um pouco, pois a água pode, sim, tornar-se Para saber se as ostras estão doentes é fundamental, antes de mais nada, conhecer
avermelhada, mas também poderá adquirir uma coloração alaranjada, azulada, es- uma ostra saudável.
verdeada ou mesmo nem sofrer qualquer alteração na sua cor. Tudo dependerá da
espécie de microrganismo presente naquele local, que pode dificultar ainda mais a O produtor pode aprender a diferenciar uma ostra doente de uma ostra saudável
detecção das marés vermelhas. no dia a dia, observado os animais durante a limpeza das estruturas de cultivo,
avaliando as taxas de crescimento das ostras, separando indivíduos vivos e mortos
e até mesmo durante a venda. Também é importante que o produtor abra algumas
ostras periodicamente para conhecer e verificar sua aparência interna.
Assim, conhecendo bem uma ostra saudável, será mais fácil identificar alterações
que ocorram em seu formato, coloração interna, aparência e consistência da parte
mole, cheiro, redução a resposta a estímulos de contato, presença de organismos
que possam afetar a saúde ou a qualidade das ostras comercializadas.
O surgimento de “marés vermelhas” é uma das razões que podem levar a Secretaria • Não-transmissíveis (não-contagiosas): doenças que não são transmitidas de
da Pesca e Aquicultura, vinculada ao MAPA, a proibir temporariamente a comercia- animal para animal, nem mesmo indiretamente.
lização de moluscos bivalves provenientes de áreas contaminadas.
2.6 O produtor também precisa se preocupar com doenças
Com o tempo, as populações desses microrganismos acabam se reduzindo natural- não transmissíveis?
mente. Se as ostras, mesmo contaminadas, forem transferidas para água limpa (sem
a presença de microrganismos produtores dessas biotoxinas), ocorre um processo Sim, e muito! Embora não sejam transmitidas de um animal para outro, essas do-
conhecido como “depuração”. Pouco a pouco, as ostras vão eliminando, pelas fezes, enças não são menos importantes que as transmissíveis. Em alguns casos a morta-
as microalgas produtoras de biotoxinas, ou mesmo as próprias toxinas presentes lidade por doenças não transmissíveis pode ser até mais rápida e atingir um maior
em sua carne, tornando-se aptas novamente ao consumo humano. Por isso é muito número de ostras do plantel, quando comparadas às doenças transmissíveis.
importante fazer a depuração das ostras.
As doenças não transmissíveis podem ter origem hereditária (genética); ser resultado
de alterações metabólicas, ou seja, doenças que fazem com que o organismo da os-
9
tra passe a não funcionar adequadamente; ser causadas por problemas nutricionais
ou, principalmente, por condições ambientais inadequadas.
Por exemplo, a simples queda da salinidade a um nível muito baixo e por muito tem-
BASES LEGAIS:
po (em épocas de grandes volumes de chuva) pode causar uma “doença ambiental”
e provocar uma grande mortalidade dos animais cultivados. Pode ainda fazer com
que as ostras desovem, deixando-as mais “magras” (com menor quantidade de car- Segundo a lista da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), publicada
ne), prejudicando a sua aparência e o seu valor de comercialização. em janeiro de 2015, são doenças de notificação obrigatória em moluscos:
Alterações bruscas de salinidade, elevação ou queda da temperatura da água, re- • Infecção por Abalone herpesvirus (vírus)
dução na concentração de oxigênio dissolvido são alguns problemas que podem
provocar grande estresse nos animais, provocando sua morte. • Infecção por Bonamia exitiosa (protozoário)
Um diagnóstico confiável é especialmente importante nos casos em que as ostras —— Infecção por Bonamia exitiosa (protozoário)
estiverem com alguma doença definida como de “notificação obrigatória” pela Orga-
nização Mundial da Saúde Animal (OIE), conforme quadro na página seguinte. —— Infecção por Perkinsus marinus (protozoário)
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), qual- —— Infecção por Mikrocytos mackini (protozoário)
quer cidadão, organização ou instituição que tenha animais sob sua responsabilida-
de ou que tenha conhecimento de casos suspeitos ou casos confirmados de doenças • Em ostras da espécie Crassostrea rhizophorae (ostra-do-mangue)
de notificação obrigatória deve notificar ao Serviço Veterinário Oficial (SVO).
—— Infecção por Perkinsus marinus (protozoário)
Essa comunicação pode ser feita pessoalmente nas superintendências do MAPA nos es-
tados, ou nas secretarias estaduais de agricultura, tanto por e-mail, quanto por telefone.
O MAPA inclusive disponibiliza um número para chamadas gratuitas: 0800 704-1995.
11
2.9 Alguma doença considerada de notificação obrigatória em
ostras já foi identificada no Brasil?
Sim, uma, que teve o seu diagnóstico confirmado pelo Sistema Veterinário Oficial
(SVO). Foi uma infecção por Perkinsus marinus em ostras Crassostrea rhizophorae
coletadas em manguezais da Paraíba, em janeiro de 2013. Figura 12. Bactérias Roseovarius crassostrea presentes na parte interna da concha
de uma ostra.
13
2.10.3 Parasitos
Parasitos são organismos que sobrevivem associados a outros organismos vivos
(hospedeiros) e retiram dele seu alimento. Geralmente os parasitos prejudicam
seu hospedeiro causando lesões, doenças ou mesmo levando-o à morte.
Protozoários
Uma doença chamada de “dermo”, por exemplo, é causada por um protozoário para-
sito (Perkinsus marinus). A doença não afeta os seres humanos que consomem os-
tras infectadas, mas causa mortalidades de ostras em massa e representa uma séria
ameaça econômica para a indústria de ostra em várias partes do mundo.
Outro parasito com potencial para causar grande mortalidade de ostras é o pro-
tozoário Haplosporidium nelsoni, geralmente associado a águas com elevada sa-
linidade e temperatura. A diferença, neste caso, é que as ostras que sobrevivem
à doença acabam desenvolvendo resistência a esse parasito e isso pode ajudar
aselecionar ostras cada vez mais resistentes. Entretanto e felizmente, este proto-
zoário ainda não foi registrado em ostras no Brasil.
Figura 13. Principais predadores das ostras. A) planária,B) cioba, C) siri, D) caramujo
liso, E) caramujo peludo, F) estrela-do-mar.
15
Poliquetas Fungos
Os poliquetas são vermes aquáticos parentes das minhocas e formam um grupo Quando se fala em fungos se lembra logo de cogumelos ou de bolor, mas o grupo dos
composto por mais de 8.000 espécies. É comum encontrar ostras com conchas fungos pode ser encontrado em diferentes locais, na forma de leveduras utilizadas na
perfuradas por poliquetas, que podem causar a redução no conteúdo de carne e, indústria de alimentos (por exemplo, na fabricação de cerveja e pães), decompondo
consequentemente, a diminuição do valor comercial e até a morte do animal. Cul- a matéria orgânica (madeira podre, fezes, restos de alimentos, etc.) e até mesmo em
tivos muito próximos ao fundo também podem favorecer a ação de poliquetas e de organismos vivos, causando doenças (como as micoses, por exemplo).
outros parasitos de hábito bentônico (que habitam o sedimento).
As ostras, como outros animais, não escapam da possibilidade de serem parasitadas
Durante o monitoramento dos cultivos de ostra na região Nordeste do Brasil, reali- por um fungo e de adoecerem com isso. Há espécies de fungos que são capazes
zado durante o desenvolvimento deste Manual, constatou-se que um grande número de se desenvolver em ostras, deixando-as doentes e até levando-as a morte. Um
de ostras, em diferentes localidades, estava parasitado por poliquetas. Havia não exemplo é a doença chamada Mal-do-Pé, causada pelo fungo, que ataca o músculo
só poliquetas perfurantes de conchas (poliqueta, polidora ou verme-da-lama), mas adutor das ostras, leva à perda da capacidade do animal de fechar as valvas e é
também poliquetas tubícolas (que formam tubos sobre as ostras) e também polique- responsável por grande mortalidade. Esta doença já foi descrita no Brasil, principal-
tas errantes (que apenas caminham sobre as ostras, sem provocar prejuízos diretos mente em Santa Catarina, mas não foi observada na região Nordeste, nas análises
aos animais cultivados). laboratoriais realizadas pelos autores deste Manual.
Figura 17. Ostras com a doença chamada de mal-do-pé, causada por um fungo (Ostra-
cobable implexa), em estágio inicial (esquerda) e avançado (direita).
Para conhecer um pouco mais sobre a ação destes organismos nas ostras e as for-
mas de evitá-los ou exterminá-los do cultivo, consulte as FICHAS TÉCNICAS ILUS-
TRADAS - ORGANISMOS IDENTIFICADOS NAS OSTRAS CULTIVADAS NO NORDE-
SE DO BRASIL, do Sebrae.
17
2.10.4 Competidores
Os competidores são organismos que, como o próprio nome diz, competem com Entretanto, o efeito da competição sobre as ostras é bastante variável entre os organis-
as ostras por alguma coisa, que pode ser: alimento, espaço ou até mesmo pelo mos citados. Isto porque, alguns animais são muito pequenos e aparecem em mínima
oxigênio dissolvido na água. Os competidores,também chamados de incrustantes quantidade, como é o caso dos microcrustáceos, que causam mínimo efeito competitivo.
ou fouling, geralmente se fixam nas estruturas de cultivo ou sobre as próprias Outros, por exemplo, como as esponjas que produzem perfurações na concha, deixan-
ostras. Eles consomem o alimento disponível para as ostras, formam uma barrei- do-a quebradiça, a craca e o marisco que recobre a concha, dificultando sua abertura,
ra, dificultando a circulação da água e podem até provocar a morte dos bivalves. podem até provocar a morte da ostra.
Além disso, incrustantes também podem dificultar a abertura da concha, deixan-
do as ostras mais vulneráveis à predação, comprometendo a sua respiração e
ingestão de alimentos.
19
PARTE 2
CONSUMIDORES SAUDÁVEIS,
PRODUTOR SATISFEITO
21
Todos esses fatores podem levar a um menor crescimento, a uma maior desunifor-
midade no tamanho das ostras e a maiores perdas por mortalidade. O produtor pode
também perder a sua credibilidade pela má qualidade ou pela má apresentação de
seus produtos e isso se refletir em maiores dificuldades de comercialização.
Ainda assim, produzir um produto de alta qualidade é o primeiro passo para que o
produtor possa vender melhor suas ostras, ampliar mercados, conseguir um melhor
preço por elas e lucrar com a atividade.
23
3.4 Qual a diferença entre uma ostra contaminada e
outra estragada?
Detectar uma ostra estragada é quase sempre fácil, mas identificar uma ostra conta-
minada não é nada fácil, pois isso depende de análises laboratoriais.
Uma ostra estragada pode ser identificada pelo forte cheiro de podridão ou pelas
alterações em sua aparência (cor, textura, umidade, reação a estímulos). Mas, ge-
ralmente basta cheirar os animais para constatar que eles estão estragados e não
devem mais ser consumidos.
COMO SABER SE A OSTRA ESTÁ MORTA: 3.5 Como saber se as ostras estão contaminadas?
• uando as ostras estão abertas e não fecham as valvas quando são tocadas, ou
Q Só há um jeito: fazendo análises específicas em laboratórios especializados. E para
mesmo se estão fechadas mas geram um som oco quando se bate na concha complicar ainda mais, poucos laboratórios no país estão adaptados para fazer aná-
com algum objeto duro, elas provavelmente já estão mortas ou então estão mor- lises que confirmem alguns tipos específicos de contaminação, como é o caso da
rendo. contaminação por biotoxinas.
Então, atenção! Nessas condições, as ostras devem ser descartadas, especialmente Como essas análises são geralmente caras e demoradas, o recomendável é que as
se tiverem sido mantidas a temperatura ambiente. áreas de cultivo sejam periodicamente monitoradas em relação à qualidade da água.
Mas, como já explicado anteriormente, essa é uma tarefa que os ostreicultores não
conseguem assumir sozinhos.
25
3.6.2 Perigos químicos Como grande parte das toxinas é resistente ao calor, mesmo não consumindo
as ostras cruas ou malcozidas, o consumidor pode adquirir intoxicações ali-
Os perigos químicos ocorrem pela presença de toxinas na carne da ostra. Es- mentares. Neste caso, o monitoramento das ostras no cultivo e os cuidados
sas toxinas, quando ingeridas, podem provocar doenças graves. com a higiene durante a manipulação deste alimento são fundamentais.
A presença dessas toxinas em alimentos pode causar diversos problemas Como a maioria dessas toxinas é incolor, não tem cheiro e é resistente ao
para o consumidor. Em infecções por bactérias produtoras de endotoxinas, o calor (cozimento, por exemplo), o monitoramento de áreas de cultivo e das
consumidor pode apresentar febre, fraqueza, dores, choque séptico (um tipo próprias ostras produzidas é a melhor forma de prevenir surtos de intoxicação
grave de infecção que leva à falência do sistema circulatório), dilatação dos alimentar pela ingestão de ostras contaminadas. Em casos de ocorrência de
vasos sanguíneos e, quando em grande quantidade, infecção generalizada “marés vermelhas”, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(septicemia), que pode levar o paciente à morte. (MAPA) deve proibir temporariamente a comercialização de ostras cultivadas
nas áreas afetadas.
27
Para evitar problemas futuros, é importante, antes de iniciar um cultivo, verificar se
há proximidade da área de cultivo com fontes poluidoras, como indústrias, locais de
lançamento de esgotos, postos de combustíveis, piers, marinas, etc.
Também é preciso que o produtor tenha um cuidado muito grande com os próprios
combustíveis e lubrificantes que mantém estocado ou que eventualmente use para
chegar até sua área de cultivo.
Caso algum produto químico são seja mais utilizado, ele deverá ser armazenado
em embalagem apropriada e descartado corretamente. Esse tipo de produto nunca
deverá ser jogado na água!
Entre os perigos químicos causados pela ingestão de ostras contaminadas es- • NBR 15428/2006
tão os produtos de origem abiótica, ou seja, aqueles que não são produzidos Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis
por organismos vivos. Agrotóxicos, petróleo e seus derivados, metais pesados, —— Manutenção de unidade de abastecimento;
resíduos de indústrias, são alguns dos poluentes que representam alto risco
ao consumidor caso as ostras sejam expostas a eles.
• NBR 17505-2/2006
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis
—— Parte 2: Armazenamento em tanque e em vasos;
• NBR 17505-4/2006
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis
—— Parte 4 - Armazenamento em recipientes e em tanques
portáveis;
• NBR 17505-5/2006
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis
—— Parte 5 - Operações;
• NBR 17505-6/2006
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis
—— Parte 6 - Instalações e equipamentos elétricos).
29
3.6.3 Perigos biológicos
3.6.3.1 Bactérias
As bactérias são encontradas em absolutamente qualquer lugar (no solo, na
água doce, na água salgada, no gelo, no ar, nos animais, em vegetais, na
matéria em decomposição, nas fezes, nos alimentos, nas ostras e até em
nossos corpos). Aliás, os seres humanos possuem mais bactérias que células
humanas.
A contaminação bacteriana pode ter duas fontes, a água contaminada ou o Um exemplo de bactéria causadora de doenças nos humanos é Vibrio vulnificus, que
próprio manipulador. provoca gastroenterite (inflamação do estômago e intestino) e infecções de pele tão gra-
ves que se espalham rapidamente e podem exigir até a amputação do membro afetado.
Como estão presentes em todos os lugares, as bactérias se adaptam com
grande facilidade a qualquer situação. Algumas são benéficas e até necessá-
rias para a nossa saúde e para a dos animais. Outras são responsáveis por
causar graves doenças.
O mesmo acontece em relação às ostras. As bactérias podem estar presentes INFORMAÇÕES AOS PRODUTORES
Informações aos produtores E AOS de
e aos manipuladores
e não causar nenhuma doença a elas, mas podem causar sérios problemas a MANIPULADORES DE OSTRAS:
ostras:
quem consome estas ostras. Ou ainda, podem estar presentes e não causar
nenhum problema nem às ostras e nem aos consumidores. As ostras podem ser contaminadas por bactérias causadoras de
DTAs (Doenças Transmitidas por Alimentos) pelo manejo incorreto.
Porém, como muitas vezes as ostras são consumidas cruas, há um grande Ou seja, quando o manipulador (produtor, funcionário do cultivo,
risco de que se estiverem contaminadas com bactérias causadoras de doen- intermediário, vendedor ou consumidor) armazena ou manipula a
ças elas possam prejudicar a saúde dos consumidores. O problema torna-se ostra de forma inadequada, provocando sua contaminação.
ainda mais preocupante quando se sabe que algumas bactérias são capazes
de produzir toxinas que se mantém estáveis, ou seja, continuam sendo tóxi-
cas, mesmo após o aquecimento do alimento a altas temperaturas.
31
3.6.3.2 Vírus
Os vírus podem estar presentes em ostras sem alterar seu odor, sabor ou mes- O preocupante é que os cistos de Giardia duodenalis são formas resistentes, que
mo sua aparência. Por isso, ostras contaminadas com determinados vírus permitem o protozoário sobreviver na água, resistir a desinfetantes, passar pela aci-
podem também representar riscos à saúde do consumidor, provocando, por dez do estômago e se manter viável por até 2 meses no ambiente. A doença pro-
exemplo, hepatite. O problema é que a única forma de saber se realmente há vocada por este parasito é a Giardíase, uma zoonose que causa: diarreia, distensão
contaminação viral em ostras é através de análises laboratoriais. e dores abdominais, perda de peso e fraqueza. Os sintomas menos frequentes in-
cluem: esteatorréia (gordura nas fezes), diminuição do apetite, flatulência, náuseas
Ao contrário de algumas bactérias, entretanto, os vírus não são capazes de e vômitos, febre, dor de cabeça e nervosismo.
resistir ao cozimento do alimento. Mas, como ostras são frequentemente con-
sumidas cruas, os riscos de contaminação viral não devem ser desprezados. O protozoário Cryptosporidium sp. parasita desde o esôfago até reto, embora o ha-
bitat preferencial seja o intestino delgado. É uma zoonose (afeta seres humanos e
Como os principais vírus relacionados às ostras são provenientes da contamina- animais) e tem ampla distribuição geográfica. Causa diarreia aguda com duração
ção da água por fezes, o monitoramento do ambiente de cultivo passa a ser uma de 1 a 2 semanas, náuseas, vômitos, dor abdominal e febre. Esta doença se torna
boa ferramenta para reduzir os riscos de ocorrência de doenças, inclusive virais. muito mais grave em pessoas imunodeprimidas, principalmente em portadores do
vírus HIV, podendo haver infecção em outros órgãos, como nos pulmões.
3.6.3.3 Parasitos
Entre os parasitos que já foram identificados em ostras coletadas no Brasil, há Figura 24. Parasitos de ostras: A) Cryptosporidium, B) Giardia.
alguns protozoários que podem representar grande risco ao consumidor, por
serem causadores de doenças em humanos.
33
PARTE 3
CULTIVANDO OSTRAS E
VENDENDO QUALIDADE
35
Em outras palavras, um produtor de ostras está muito mais sujeito a sofrer com os efei-
tos de uma água de má qualidade, do que causar significativas alterações sobre ela.
Por outro lado, como os principais riscos aos consumidores de ostras têm relação
com a qualidade microbiológica da água, a resolução determina que sejam feitas
análises periódicas para identificação e quantificação de um dos dois grupos de
bactérias nas águas utilizadas para o cultivo:
Entretanto, como nenhum local (mesmo aquele que não tenha histórico de contami-
nação) pode, a partir de um determinado momento, passar a receber contaminantes.
4.1 O que diz a legislação sobre a qualidade da Portanto, é necessário que essas análises sejam realizadas frequentemente.
água na ostreicultura?
37
4.1.2 Instrução Normativa Interministerial nº07/2012
Essa Instrução Normativa instituiu o Programa Nacional de Controle Higiênico-
-Sanitário de Moluscos Bivalves (PNCMB) e estabeleceu os procedimentos para a § 1º Os delineamentos amostrais para o monitoramen-
sua execução. Dentre outros temas, ela trata do monitoramento de microrganis- to de microrganismos contaminantes e biotoxinas ma-
mos contaminantes e de biotoxinas marinhas em moluscos bivalves, como medi- rinhas em moluscos bivalves serão publicados em atos
da de prevenção de efeitos nocivos à saúde do consumidor e com a finalidade de normativos complementares.
garantir padrões mínimos de qualidade. § 2º As análises dos parâmetros selecionados para moni-
toramento e controle de microrganismos contaminantes e
Segundo essa IN, cabia ao Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) o monitora- biotoxinas marinhas em moluscos bivalves serão realiza-
mento, o controle e a fiscalização de microrganismos contaminantes e biotoxinas das em laboratórios da rede oficial de laboratórios (...)”
marinhas em moluscos bivalves provenientes da pesca e da aquicultura e ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a fiscalização do
cumprimento de requisitos de inspeção industrial e sanitária pelos processadores
de moluscos bivalves para consumo humano.
39
Por outro lado, não adianta muito o produtor apenas fazer o monitoramento se depois não
souber interpretar e usar os resultados obtidos. Para isso, os ostreicultores precisam ter acesso
à capacitação técnica e também à extensão rural, dois temas fundamentais para o desenvol-
vimento da ostreicultura em escala familiar no país. Estar vinculado a uma associação ou a
uma cooperativa também pode ser muito importante nesse momento de monitorar a qualidade
microbiológica do ambiente e das ostras cultivadas.
Diversos parâmetros de qualidade da água podem ser analisados como parte de procedimen-
tos de rotina de um empreendimento aquícola. A seguir será feita a descrição de alguns deles,
apresentados em ordem crescente de custos e de complexidade:
41
PARÂMETRO INSTRUMENTO CUSTO PERIODICIDADE IMPORTÂNCIA COMO MEDIR
43
PARÂMETRO INSTRUMENTO CUSTO PERIODICIDADE IMPORTÂNCIA COMO MEDIR
45
PARÂMETRO INSTRUMENTO CUSTO PERIODICIDADE IMPORTÂNCIA COMO MEDIR
47
5.1 Quais são os principais organismos predadores
ou competidores associados às ostras cultivadas
na Região Nordeste?
Os principais organismos associados às ostras cultivadas, identificados pelos autores
deste manual na Região Nordeste do Brasil, são descritos na tabela abaixo.
Perigos
5 CONTROLE DE
ORGANISMOS
estrutura de cultivo.
órgãos presentes na
de água dentro da
Produz lesões na
COMPETIDORES
Nome Classificação
Briozoário Competidor
Camarão Competidor
Caranguejo Competidor
Craca Competidor
Gastrópode Competidor
e predador
Marisco Competidor
Microcrustáceos Competidor
Ostra Competidor
Competidor,
Poliqueta predador e
parasita
Porífera
Competidor
(esponja)
Lithophaga Parasita
49
Figura 35. Camarões.
Figura 32. Algas verdes.
51
Figura 38. Caranguejos. Figura 41. Ascídia (maria-mijona).
53
Figura 44. Ostras. Figura 42. Lithophaga sp.
• Castigo por banho em água doce: é realizado pela imersão das ostras em água
doce por cerca de uma hora. Neste processo, os incrustantes geralmente não
resistem e acabam morrendo, enquanto as ostras permaneces fechadas em suas
conchas. Porém, este ambiente com salinidade zero, pode ser estressante tam-
bém para as ostras e elas podem desovar, ficando “magras” e com baixo valor
para venda. Por isso, deve-se evitar o seu uso próximo ao período de colheita
das ostras cultivadas.
• Castigo por exposição ao Sol: consiste na exposição das ostras ao Sol, por al-
gumas horas durante o dia. Algumas estruturas fixas de cultivo (como mesas e
varais) permitem que essa exposição ocorra naturalmente, conforme o ciclo de
marés. Outras, como acontece nos sistemas flutuantes, estão sempre submer-
sas. Nesse caso, a retirada das estruturas de contenção (sacolas, lanternas ou
BSTs) podem ser retiradas manualmente e expostas ao Sol preferencialmente no
início da manhã ou final da tarde, quando o Sol não estiver muito forte, o que
poderia ser prejudicial às ostras. Afinal, a intenção é matar os incrustantes, não
as ostras.
Figura 50. Castigo por banho em água doce.
57
• Castigo por banho em água super salgada: dissolvem-se 5 kg de sal de cozinha • Retirada do incrustantes das ostras manualmente: este processo é mais traba-
para cada 100 L de água em um tanque. Depois, as ostras são transferidas para lhoso e lento. Envolve a raspagem ou retirada manual dos organismos incrus-
esse tanque contendo água super salgada por cerca de uma hora. Neste proces- tantes (aqueles que ficam aderidos à concha das ostras). Nesse caso, o trabalho
so, os incrustantes geralmente não resistem e acabam morrendo, enquanto as deve ser feito ostra por ostra, utilizando uma faca ou um utensílio similar.
ostras permanecem fechadas.
• Limpeza das ostras por hidrojateamento (pressão de água): as ostras são la-
vadas utilizando-se lavadoras de alta pressão. De preferência, a lavagem nunca
deve ser feita diretamente no mesmo lugar onde as ostras são cultivadas, para
que os organismos retirados não voltem a se acumular na área de cultivo.
Figura 51. Castigo por banho em água super salgada. Figura 53. Limpeza das ostras por hidrojateamento (pressão de água).
59
• Retirada de incrustantes das ostras de forma mecanizada por atrito: a retirada
de organismos indesejados poderá ser feita com o uso de equipamentos cons-
truídos especialmente para isso. Normalmente são utilizados tambores rotativos
contendo um “chuveiro” de água doce. As ostras giram nestes tambores, ba-
tendo umas contra as outras, fazendo com que os organismos indesejados se
soltem das conchas. A água então lava as conchas, eliminando os organismos
indesejados. Este processo é mais rápido que a retirada manual e demanda me-
nos funcionários, mas exige investimentos em equipamentos.
IMPORTANTE:
61
6.2 Quais os principais cuidados em relação ao manejo dos
berçários?
6 O MANEJO SANITÁRIO As sementes são muito frágeis e não podem ser submetidas ao mesmo tipo de ma-
NA FASE DE BERÇÁRIO nejo de ostras juvenis ou adultas. Elas não podem ser submetidas ao “castigo”, por
exposição ao Sol, ou mesmo serem limpas com uso de lavadoras de alta pressão.
Porém, a exposição ao ar, na sombra, por períodos curtos (até 2 horas) pode ser rea-
lizada com cuidado. Se for necessário fazer qualquer conserto nos berçários, o ideal
é que antes as sementes sejam cuidadosamente transferidas para outras estruturas
semelhantes.
63
Os berçários devem ser constantemente monitorados, para se evitar o entupimento
das telas pela deposição de lodo e pelos organismos incrustantes.
Importante:
IMPORTANTE:
• As sementes são muito frágeis e não podem ser submetidas
ao mesmo tipo de manejo de ostras juvenis ou adultas. Elas
não podem ser submetidas ao “castigo”, ser expostas ao ar,
ao Sol, ou mesmo ser limpas com uso de lavadoras de alta
pressão. Por isso, se for necessário fazer qualquer conserto
nos berçários, o ideal é que antes as sementes sejam cuida-
dosamente transferidas para outras estruturas semelhantes.
65
7 O MANEJO SANITÁRIO
NA FASE DE ENGORDA
67
7.4 Como e por que fazer a limpeza das ostras?
Os organismos incrustantes (fouling) podem dificultar a abertura das valvas das
ostras e prejudicar atividades como alimentação, respiração, defecação e eliminação
das fezes e das pseudofezes para o ambiente.
Figura 57. A seleção possibilita a uniformização de tamanho dos lotes de ostras cultivadas.
IMPORTANTE: Durante a fase de engorda, as ostras já podem ser limpas para remoção de organis-
mos incrustantes, por já apresentarem um tamanho que permita que isso seja feito
• Todo o maquinário e equipamentos que tiveram contato sem que ocorram danos à sua integridade.
com as ostras ou com a água de cultivo, deve ser lavado e
desinfetado adequadamente após cada ciclo de produção A retirada dos organismos incrustantes das conchas deve ser rápida, mas cuidadosa.
ou antes de ter novamente contato com as ostras. Como discutido anteriormente, a limpeza das ostras pode ser realizada com equi-
pamentos de alta pressão de água, tambores rotativos com aspersão de água e/ou
• uso de tintas anti-incrustantes só pode ser feito se essas
O mesmo pela limpeza manual com escova e faca.
tintas não forem tóxicas e se estiverem devidamente regis-
tradas para o uso na aquicultura pelos órgãos competentes. A lavagem inicial com água limpa irá auxiliar na retirada de lodo e de alguns orga-
Isto porque a grande maioria das tintas anti-incrustantes nismos incrustantes. Entretanto, há organismos que se fixam mais fortemente às
empregadas em embarcações no Brasil são a base de me- conchas, como é o caso das cracas, que só serão retirados pelo atrito de uma concha
tais pesados. à outra (com o uso de tambores rotativos) ou pela retirada manual com uma faca.
69
IMPORTANTE:
Importante:
71
8 O MANEJO SANITÁRIO
NA FASE DE COLHEITA
E DE PÓS-COLHEITA
Quanto maior o cuidado com a higiene no manejo das ostras, maior será sua quali-
dade e melhor a aparência do produto para a comercialização. As práticas de manejo
após a colheita incluem, no mínimo:
• vitar os horários mais quentes do dia e, sempre que possível, manejar as ostras
E
à sombra.
• anipular as ostras com cuidado para não quebrar a concha e sempre em lugar
M
limpo, para evitar contaminação.
73
LIMPEZA DAS OSTRAS: 8.1.2 Armazenamento e transporte
A limpeza deverá seguir os seguintes passos: Logo após a retirada da água e da sua limpeza, as ostras deverão ser armaze-
nadas em embalagens apropriadas para o transporte (embalagens de material
• As ostras devem sofrer uma pré-lavagem, realizada com água atóxico, laváveis, impermeáveis, descartáveis ou que possibilitem a limpeza
limpa, para a retirada do lodo e dos organismos incrustantes. e desinfecção para reutilização), em local seco e limpo e, de preferência,
mantidas em temperatura entre 7e 15°C. Mas, se isso não for possível, então
• s incrustantes que ainda permanecem aderidos a concha
O que sejam mantidas à sombra, em lugar arejado e bem ventilado, por curto
deverão ser retirados manualmente ou com equipamento intervalo de tempo antes de serem transportadas.
apropriado.
75
8.1.3 Obtenção de Guia de Trânsito Animal
A Guia de Trânsito Animal (GTA) é um documento sanitário que deve ser
emitido pelo órgão estadual competente (geralmente as secretarias estaduais BASES LEGAIS:
de agricultura) para o trânsito de qualquer animal vivo, dentro do estado e
entre diferentes estados. O Manual de Preenchimento para Emissão de Guia de Trânsito
Animal de Animais Aquáticos - Versão 6.0, do Ministério da
A princípio, todos os proprietários, transportadores e todos aqueles que a Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabelece que:
qualquer título tiverem animais vivos sob seu poder ou guarda só podem
transportá-los se emitirem antes uma GTA e se tiverem pago a guia de re- Moluscos Bivalves
colhimento da taxa de vigilância epidemiológica. A emissão da GTA é de
competência de cada estado. Está proibido o egresso, em qualquer estágio de desenvol-
vimento e para qualquer finalidade, de moluscos bivalves
Mas, além disso, no caso de ostras e outros organismos aquáticos, o trans- do estado da Paraíba, salvo autorizações pontuais da Se-
porte de animais vivos pode exigir ainda um atestado de sanidade emitido por cretaria de Monitoramento e Controle da Pesca e Aqui-
um médico veterinário do setor privado. cultura do Ministério da Pesca e Aquicultura que deverão
acompanhar a GTA (Portaria SEMOC/MPA nº 04/2013). A
Para não serem surpreendidos por uma eventual fiscalização e para atender emissão de GTA para o trânsito de moluscos bivalves para
à legislação, recomenda-se que os produtores busquem informações sobre as estabelecimentos de processamento somente será permi-
exigências para transporte de sementes ou de ostras adultas em seu estado. tida se os animais forem provenientes de locais com reti-
rada liberada de moluscos bivalves ou locais com retirada
liberada sob condição (INI MPA/MAPA n.7/2012), confor-
me disponível para consulta no sitio eletrônico do MPA:
77
9 DEPURAÇÃO 1º DIA 2º DIA 3º DIA
Estômago cheio Estômago ainda Estômago vazio
de microrganismos com alguns
microrganismos
Existe um processo que pode melhorar a qualidade das ostras e eliminar vários con-
taminantes. Esse processo é conhecido como “Depuração”.
79
Obviamente, depurar as ostras implica em custos, que estão relacionados à manu-
tenção e ao funcionamento da própria depuradora e também custos de logística,
para levar as ostras cultivadas até uma depuradora, retirá-las de lá após a depuração
e antes de enviá-las ao mercado consumidor. Mas, esse é o preço a se pagar para ter
um produto diferenciado e de qualidade garantida.
Em uma depuradora, as ostras ficam em contato com água salgada de ótima qua-
lidade, livre de partículas em suspensão, rica em oxigênio dissolvido e com tempe-
ratura controlada. As ostras filtram essa água, ao mesmo tempo que vão eliminado
todos os restos de alimento presentes em seu trato digestório.
81
Isto porque a depuração reduz muito a contaminação da carne das ostras, mas não é
BASES LEGAIS: uma solução mágica. Se houver contaminação microbiológica elevada ou presença de
determinados poluentes (metais pesados ou pesticidas) ou determinados vírus, nem
Sobre a necessidade de depuração das ostras, segundo a Instrução Normativa Inter- mesmo a depuração será capaz de deixar as ostras em condições seguras de consumo.
ministerial nº07/2012:
“(...) Art. 4º Os resultados do monitoramento de microrganismos contaminan- 9.4 A depuração pode ser realizada no próprio ambiente?
tes e de biotoxinas produzidas por microalgas marinhas serão utilizados para
a definição da retirada de moluscos bivalves. Depende. No ambiente o processo de depuração jamais será o mesmo que aquele
realizado em depuradoras, principalmente porque no ambiente as ostras continuarão
Art. 5º A retirada de moluscos bivalves destinados ao consumo humano será se alimentando. Entretanto, as ostras poderiam, sim, ser retiradas de uma zona com
definida como: pior qualidade de água e ser transferidas para realizar a depuração em um local
I - liberada; completamente livre de contaminantes (principalmente por bactérias de origem fecal
II - liberada sob condição; ou e por ficotoxinas). Nesse caso, a qualidade final desse produto seria bem melhor que
III - suspensa. (...)” de ostras que tivessem permanecido o tempo todo em seu local de origem.
83
PARTE 4
PREVENIR É MELHOR
QUE REMEDIAR
85
Por fim, como não há uma solução única para esses descartes, cada produtor
deve buscar soluções específicas e adequadas para o seu caso. Independen-
temente das alternativas encontradas, duas coisas jamais devem ser feitas: 1)
eliminar os resíduos diretamente no mar; 2) eliminar os resíduos de uma forma
que prejudique os vizinhos.
87
10.2.2 Organismos incrustantes 10.2.3 Conchas e demais resíduos sólidos
O produtor precisa limpar periodicamente suas estruturas de cultivo, para As conchas são ricas em cálcio e possuem grande potencial de aproveitamen-
evitar a predação ou competição das ostras com outros organismos por es- to na agricultura (para correção do solo), na pecuária (alimentação animal),
paço ou por alimento. Mas, se esses organismos incrustantes forem jogados na fabricação de tijolos, no calçamento de ruas, como base para o artesanato
próximos ao local de cultivo, é claro que poderão voltar a entupir as estrutu- e até na indústria farmacêutica (para a formulação de medicamentos para
ras de cultivo e competir ou predar as ostras. reposição de cálcio).
Por isso, o mais eficiente (embora não seja o mais fácil) é coletar todo e qual- Mas, sem uma cadeia produtiva suficientemente estruturada para processar
quer resíduo, inclusive os organismos incrustantes e transferi-los para uma esse material e o deixá-lo em condições de uso depois das ostras serem
base em terra para que possam ser adequadamente descartados. consumidas, na maioria das vezes, suas conchas são descartadas em locais
e de forma inadequados, gerando um forte mau cheiro, atraindo moscas e
podendo causar doenças.
IMPORTANTE:
Importante:
89
10.3 O que é vazio sanitário e quando adotá-lo?
Vazio sanitário é um período em que o cultivo de ostras deixa de ser feito em uma
determinada área para que o ambiente possa se recuperar das eventuais alterações IMPORTANTE:
ou impactos causados durante um ou mais ciclos de produção.
A higienização de materiais e de utensílios que entram em con-
Essa parada também pode ser empregada na tentativa de controlar a ocorrência de tato com as ostras envolve obrigatoriamente dois processos:
doenças contagiosas ou pragas em uma determinada área.
Durante o vazio sanitário, o ideal é que as estruturas de cultivo sejam retiradas do HIGIENIZAÇÃO = 1º + 2º
local, limpas e desinfetadas antes de serem utilizadas novamente. Caso não haja (LIMPEZA) (DESINFECÇÃO
condições de serem retiradas do local, pelo menos elas não devem ser utilizadas OU SANITIZAÇÃO)
para a manutenção das ostras durante este período.
Limpeza: remoção de substância orgânicas e/ou inorgânicas
(lodo, gordura, etc.), usando detergente neutro.
Pré-lavagem
10.4 Porque é importante manter a higiene dos materiais e dos
equipamentos usados no cultivo?
Limpeza com detergente neutro
A palavra HIGIENE tem origem na palavra grega hygieine, que significa saúde. Para
garantir a saúde das ostras, dos manipuladores de ostras e dos próprios consumido-
res, é fundamental que os materiais e equipamentos que entrarão em contato direto Enxágue
ou indireto com as ostras estejam em perfeita condição de higiene. Em outras pala-
vras, sem a presença de resíduos e/ou contaminantes que possam alterar a qualida-
de deste alimento e, consequentemente, colocar em risco a saúde do consumidor. Desinfecção ou sanitização
Enxágue
91
10.4.1 Como realizar a limpeza dos materiais e utensí- Além disso, o empreendimento deverá garantir, no mínimo, o cumprimento
lios usados na manipulação de ostras? das seguintes medidas:
O processo de limpeza de equipamentos deverá seguir as seguintes etapas: • quipamentos utilizados no empreendimento (como motores para com-
E
pressores e embarcações, bombas, guinchos, colheitadeiras mecaniza-
das, entre outros) devem ser submetidos à manutenção periódica, a fim
de garantir o seu correto funcionamento para reduzir impactos ambien-
1- Antes de iniciar o processo de limpeza, os tais e sociais.
materiais e equipamentos deverão passar por
uma pré-lavagem, que consistirá na retirada • s estruturas e todos os demais equipamentos e utensílios utilizados no
A
de sujidades facilmente visíveis a olho nu. Esta empreendimento devem ser de material atóxico.
pré-lavagem poderá envolver a raspagem com
espátula, faca ou outro utensílio que promova • trânsito de barcos deve ser reduzido dentro e perto da área de cultivo,
O
a retirada de resíduos sem comprometer o ma- principalmente para evitar o contato das ostras com combustíveis e lubri-
terial ou o equipamento. Também poderão ser ficantes.
empregados equipamentos de alta pressão de
água (jateamento) e escovas.
93
• rmazená-los em local se-
A
O QUE O RÓTULO DO PRODUTO UTILIZADO NA parado e apropriado (seco
HIGIENIZAÇÃO DEVERÁ CONTER? e ventilado), de forma a
evitar a contaminação do
• CATEGORIA: exemplo: detergente de uso geral
ambiente ou dos organis-
• DESTINAÇÃO: exemplo: uso industrial mos cultivados.
Atenção! O produtor deverá seguir sempre as recomendações do fabri- • ermitir o acesso a estes pro-
P
cante para utilização de produtos destinados à higienização de materiais dutos apenas a pessoas au-
e equipamentos e, sempre que tiver dúvida, procurar o SAC (Serviço torizadas e capacitadas para
de Atendimento ao Consumidor) da empresa, cujo contato deverá estar seu manuseio.
indicado no rótulo do produto.
Entretanto, rótulos contendo as recomendações de uso não são obri-
gatórios para produtos de uso domiciliar, mas apenas para produtos
industriais.
95
No caso da ostreicultura, há diversos perigos, tais como:
• Perigo biológico: pode ser exemplificado pelas contaminações por vírus ou bac-
11 BIOSSEGURANÇA térias.
• Perigos físico: como exemplo, excesso de umidade ou de calor aos quais os tra-
balhadores estão expostos, presença de fragmentos de conchas na ostra durante
a ingestão.
11.1 O que significa biossegurança e como
aplicá-la no dia a dia? • Perigo químico: pela contaminação das ostras ou da água por produtos quími-
cos de origem humana (por exemplo, agrotóxicos e metais pesados) ou micro-
Biossegurança é definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) biana (por exemplo. ficotoxinas e toxinas bacterianas).
como:
“A condição de segurança alcançada por um conjunto de ações des- O controle desses perigos depende de ações em várias áreas, além da adoção de
tinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às procedimentos correspondentes às boas práticas de segurança para profissionais,
atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio organismos vivos e o ambiente.
ambiente”.
Maiores informações sobre a segurança do trabalhador na aquicultura podem ser
obtidas na Portaria MTB nº 3.214, de 08 de junho de 1978, que traz a lista de
Normas Regulamentadoras (NR). Sendo a “Agricultura, pecuária, silvicultura, explo-
TECNOLOGIA ração florestal e aquicultura” abordadas na NR31.
97
Por exemplo, toda e qualquer fazenda marinha deveria obrigatoriamente aplicar pro-
cedimentos de higiene pessoal apropriados à prevenção da contaminação das ostras
cultivadas. Dentre esses procedimentos, destacam-se:
BASES LEGAIS:
• estabelecimento de normas internas, envolvendo métodos e frequência para
O
a higienização pessoal dos trabalhadores, principalmente os manipuladores de Os equipamentos de proteção individual devem ser adequados
ostras e os visitantes; aos riscos e mantidos em perfeito estado de conservação e fun-
cionamento. Os EPIs indicados para a aquicultura são definidos
• tilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos trabalhadores e
U na NR31 e descritos na NR6, ambos da Portaria MTE nº 3.214
visitantes segundo exigido pela NR31 do MTE (item 31.20 Medidas de Proteção de 1978.
Pessoal), tais como:
—— Proteção dos
membros infe- —— P
roteção do cor-
riores, tais como po inteiro, como
bota imperme- uniforme para
áveis e antider- realização de ma-
rapantes ou cal- nejo, avental es- —— A
lém de prote-
çados fechados pecífico para ma- tor solar e re-
para as demais nejo dos animais, pelente contra
atividades. em terra. insetos.
99
11.3.1 Segurança do trabalho nas empresas de
produção de ostras
As empresas precisam elaborar manuais de procedimentos destinados a ga- • NR – 7- Exames Médicos
rantir a segurança de seus trabalhadores. Esses manuais precisam incluir to-
das as etapas do processo de produção e de transporte das ostras cultivadas, • NR – 8- Edificações
seja por terra ou por água. Além disso:
• NR – 9- Riscos Ambientais
• Todos os trabalhadores envolvidos devem ser previamente capacitados
para as atividades que irão desempenhar. • NR – 10- Instalações e Serviços de Eletricidade
• Revisões desses manuais e reciclagens periódicas dos funcionários tam- • NR – 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Ma-
bém devem ser previstas e incentivadas. nuseio de Materiais
• Avisos devem ser fixados em locais de fácil acesso e em linguagem obje- • NR – 12- Máquinas e Equipamentos
tiva e acessível aos trabalhadores para que eles sempre sejam alertados
dos principais cuidados que devem tomar. • NR – 13- Vasos Sob Pressão
• NR – 14- Fornos
101
11.3.2 Segurança do trabalho nos
empreendimentos familiares
• NR – 26- Sinalização de Segurança É importante que até mesmo os trabalhadores familiares passem por progra-
mas de capacitação para evitar acidentes de trabalho ou doenças ocupacio-
• NR – 27- Registro de Profissionais nais e atendam às exigências das Normas Regulamentadoras do MTE, como
no caso das que regulamentam o uso de Equipamentos de Proteção Individual
• NR – 28- Fiscalização e Penalidades (EPIs), por exemplo.
• NR – 29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário Mesmo nos empreendimentos familiares, e existência de cartilhas ou de ma-
nuais com as recomendações para a implementação de boas práticas que
• NR – 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário visem a segurança dos trabalhadores, facilita a organização das atividades e
aumenta a segurança de todos os envolvidos.
• NR – 30 - Anexo I - Pesca Comercial e Industrial
• NR – 35 Trabalho em altura
103
PARTE 5
A OSTREICULTURA
EM NÚMEROS:
CONHECENDO A FUNDO
SEU PRÓPRIO NEGÓCIO
105
12.2 O que registrar e por quanto tempo manter os registros?
Além do registro das informações detalhadas no Volume I, o controle profilático e
sanitário de ostras cultivadas envolve uma série de informações e de dados que
precisam ser registrados para que o produtor conheça melhor seu próprio negócio,
possa identificar a origem de problemas - caso eles ocorram - e até avaliar o resul-
tado de procedimentos técnicos realizados. Dentre esses registros, destacam-se:
12.1 Por que fazer registros do que acontece 9. Procedimentos ligados à segurança dos trabalhadores;
na fazenda marinha?
10. Procedimentos ligados à higiene de trabalhadores e visitantes.
Se desejamos ter um dia uma ostreicultura verdadeiramente forte, teremos que ten-
tar, desde já, começar a ser o mais profissional possível nessa atividade. Os registros podem ser feitos em planilhas, em livros de registro, em cadernos ou
em computadores (veja modelos disponíveis no tópico seguinte deste manual).
Apesar da ostreicultura envolver, em todo o Brasil, um número proporcionalmente
muito alto de pessoas de baixa renda e baixo nível de escolaridade, é preciso que Abaixo segue uma descrição da periodicidade de realização e tempo de manu-
todos compreendam que a atividade faz parte de negócio (mesmo em escala fami- tenção dos documentos e registros, conforme recomendado pela ABNT (NBR
liar). E, como em qualquer negócio, controlar o que acontece durante o processo 16376:2015, de maio de 2015).
produtivo; registrar os problemas enfrentados, as soluções que foram tentadas e os
resultados alcançados; registrar as análises de água e de ostras que foram feitas;
registrar gastos e receitas; anotar quaisquer anormalidades que tenham acontecido,
fazem parte do controle e do sucesso desse negócio.
107
Tabela 4. Registros, periodicidade e tempo de manutenção de documentos e regis-
tros, adaptado das recomendações da ABNT (NBR 16376:2015, de maio de 2015).
Plano de treinamento e seus regis- Por pelo menos cinco anos após o
Ao final de cada ciclo Preferencialmente anual
tros último treinamento.
111
TEMPO QUE SERÁ
FASE DO CULTIVO EM QUE PERIODICIDADE DE
REGISTROS NECESSÁRIO GUARDAR OS
SERÁ UTILIZADO ATUALIZAÇÃO
REGISTROS
113
12.3 Modelos de Fichas de Registro
A seguir serão apresentadas sugestões de como podem ser feitos os registros para
controle das atividades realizadas em uma fazenda de cultivo de ostras.
CNPJ: Responsável:
Data: / / Horário:
Certificação:
Data: / / Horário:
Quantidade: Recebedor:
POVOAMENTO
Data Horário Identificação da estrutura de cultivo Densidade (sementes/estrutura) Sistema de cultivo Responsável
115
FICHA DE REGISTRO 02: SEMENTES Número:
117
FICHA DE REGISTRO 03: SEMENTES Número:
BIOMETRIAS
Peneira (abertura Quantidade de
Data Horário Identificação da estrutura Total de sementes
de malha em cm) sementes
119
FICHA DE REGISTRO 04: ENGORDA Número:
POVOAMENTO
Identificação da Densidade Tamanho
Data Horário Sistema de cultivo Responsável
estrutura de cultivo (ostras/estrutura) da malha
121
FICHA DE REGISTRO 05: ENGORDA Número:
BIOMETRIAS
Data: / / Horário: Identificação estrutura: Responsável:
10
11
12
13
14
15
16
17
18
123
FICHA DE REGISTRO 06: ENGORDA Número:
Identificação Limpeza
Data Horário da estrutura Responsável Incrustantes Observações
Sim Não Método
de cultivo
(marcar X) (marcar X) empregado
125
FICHA DE REGISTRO 07: COLHEITA Número:
COLHEITA (DESPESCA)
Identificação Quantidade Temperatura das
Quantidade Temperatura Responsável
Data Horário da estrutura de ostras ostras durante o Transportadora
de ostras vivas ambiente pela colheita
de cultivo mortas transporte
127
FICHA DE REGISTRO 08: DEPURAÇÃO Número:
DEPURAÇÃO
Certificação: Certificadora: Data: Validade:
CONTROLE NA DEPURAÇÃO
129
FICHA DE REGISTRO 09: ANÁLISE DE ÁGUA Número:
131
FICHA DE REGISTRO 10: BIOSSEGURANÇA Número:
BIOSSEGURANÇA
Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) Vacinação
Funcionário
Perigos Procedimentos Apto ou inapto
Data Antitetânica Validade
ocupacionais médicos para a função
133
FICHA DE REGISTRO 11: HIGIENE PESSOAL Número:
E BIOSSEGURANÇA
REGISTRO DE DESCUMPRIMENTO DE NORMAS
Funcionário Data Norma descumprida Advertência Responsável
135
FICHA DE REGISTRO 12: CERTIFICAÇÃO Número:
DO CULTIVO
CERTIFICAÇÃO
Certificação da propriedade Finalidade Certificador Data da Auditoria Auditor Validade
137
FICHA DE REGISTRO 13: DOENÇAS Número:
DAS OSTRAS
REGISTRO DE DOENÇAS
Estrutura Alterações Data de envio Manejo
Data Hora Mortalidade Laboratório Diagnóstico
de cultivo nas ostras das amostras aplicado
139
ANEXO
AS PRINCIPAIS DOENÇAS
EM OSTRAS CULTIVADAS
141
Tabela 5. Principais doenças de ostras registradas no Brasil.
Redução na
alimentação e
Águas em
na natação das Inspeção
temperaturas
HERPES Lesões no manto, larvas, mortali- frequente
Herpes vírus Larvas e juve- superiores a Ampla distribui-
VÍRUS Pela água alta mortalidade em dades de semen- Sinais clínicos Não há dos animais
(OsHV-1) nis de bivalves 16°C, com ção geográfica.
(Neto, 2015) juvenis (10-30%). tes e lesões no e descarte
mortalidade
tecido conjuntivo dos doentes.
no verão.
de larvas infec-
tadas.
INFECÇÃO
Adultos e ju-
POR MI- Obtenção de
venis de ostras Direto, de Sinais clínicos, Espanha, Flo-
CROSPORA Steinhausia sp. Infecta o citoplasma Infiltração de sementes de
mexilhões (ma- hospedeiro para histopatologia Não há rianópolis, Rio
(Stainhausia (Microspora) dos oócitos hemócitos. locais livres
riscos), berbi- hospedeiro. e PCR. Amazonas
sp. e Micros- da doença.
gões, amêijoas.
pora
Parasito intrahemo-
Pela água, de
cítico, quando em Sítios de ação
hospedeiro
grande quantidade nas brânquias, Observação Obtenção
para hospe- Bahia, Ceará,
INFECÇÃO nas brânquias, pode manto, glândula do protozoário de se-
Apicomplexa Ostras e deiro, havendo Rio de Janeiro,
POR NEMA- causar lesões teci- digestiva, palpos por microsco- Não há - mentes de
(Nematopsis) mexilhões relação com Santa Catarina
TOPSIS duais que prejudi- labiais e pé de pia (histopa- locais livres
a presença de e Paraná.
quem a respiração, bivalves, que os tologia) da doença.
crustáceos no
podendo causar a possuem.
ambiente.
morte.
143
AGENTE/ ANIMAIS FATORES DISTRIBUIÇÃO
ETIOLOGIA TRANSMISSÃO PATOGENIA SINAIS CLÍNICOS DIAGNÓSTICO TRATAMENTO PROFILAXIA
DOENÇA SUSCETÍVEIS AMBIENTAIS GEOGRÁFICA
Bactéria intracito-
Transmissão plasmática, com
Bactéria Larvas, juvenis direta de hos- inclusões visíveis Aquisição
INFECÇÃO Quando em grande Temperaturas
Rickettsia sp. e adultos de pedeiro para microscopicamente de sementes Ampla
POR Rickett- quantidade pode Histopatolo- elevadas,
ou organismos ostras e outros hospedeiro, (histopatologia) Não há de locais distribuição
sia, RICKETT- causar lesão teci- gia, PCR próximas a
semelhantes a moluscos bival- possivelmente encontradas prin- livres da geográfica
SIOSE dual. 18-25°C.
Rickettsia sp. ves. pela via fecal- cipalmente nasw doença.
-oral. brânquias, manto e
trato gastrintestinal.
Manchas bran-
Biodegradam a cas na camada Sinais
MAL DO PÉ Inspeção
Doença fún- matriz calcária das sub-nacarada, clínicos, Restrito a
(enfermidade frequente
gica, causada Larvas, juvenis conchas e originam dando um aspecto isolamento águas com
do pé, da dos ani- Ampla distri-
pelo fungo e adultos de Pela água um depósito de con- áspero, a doença do fungo em Não há temperatura
concha ou mais, des- buição.
Ostracoblabe ostras. chiolina, que pode atinge o manto, meio de cul- superior a
da charneira) cartando os
implexa prejudicar o fecha- provocando um tura, histopa- 22°C.
(Neto, 2015) doentes.
mento da concha. depósito de con- tologia.
chiolina.
Coloração alaranja-
da do manto. Ocor-
TREMATÓ- Molusco como re em gônadas, Monitora-
Metazoário,
DEO DIGE- hospedeiro glândula digestiva mento dos
trematódeo Sinais clíni-
NÉTICO, Bivalves intermediário e Pode causar castra- e brânquias e em animais Ampla
digenético, cos, histopa- Não há -
BUCEFALO- marinhos peixe carnívoro ção parasitária. alguns casos pode cultivados e distribuição
digenea, tologia.
SE, DOENÇA como hospedei- causar reação do descarte de
bucefalídeos
LARANJA ro definitivo. hospedeiro por doentes.
infiltração hemoci-
tária focal.
Monitora-
Tylocephalum Pode usar os Histopatologia: mento de
Infiltração hemocitá-
sp. (CESTO- Tylocephalum Bivalves bivalves como Infiltração hemoci- animais do Estados Unidos,
ria e encapsulamen- Histopatologia Não há -
DA) (Neto, sp. (Cestoda) marinhos hospedeiros tária e encapsula- cultivo de Brasil,
to do parasito.
2015) intermediários. mento do parasito. descarte de
doentes.
145
Tabela 6. Principais organismos epibiontes encontrados em ostras cultivadas no Nordeste do Brasil.
Exposição ao
sol (desseca-
Ostras juvenis e ção), lavagem
Dificulta a abertura
adultas. com água
e o fechamento da
Algas verdes Fixa-se em doce, retirada
concha; pode dimi- Águas rasas Limpeza pe-
(algas marinha, qualquer Presença de al- Observação vi- manual ou
ALGA nuir a qualidade da e ricas em riódica das Ampla distribui-
macroalgas, substrato que Pela água gas verdes sobre sual das algas automatizada,
VERDE ostra e afetar o seu matéria orgâ- estruturas ção geográfica
algae, alface forneça condi- as ostras. verdes. limpeza com
valor de mercado, nica. de cultivo.
do mar) ções adequa- equipamento
podendo causar a
das para sua de alta pres-
morte das ostras.
sobrevivência. são das ostras
e das estrutu-
ras de cultivo.
Exposição ao
sol (desseca-
Ostras juvenis e ção), lavagem
Dificulta a abertura
adultas. com água
Algas verme- e o fechamento da
Fixa-se em doce, retirada
lhas (algas concha; pode dimi- Águas rasas Limpeza pe-
qualquer Presença de Observação vi- manual ou
ALGA marinhas, ma- nuir a qualidade da e ricas em riódica das Ampla distribui-
substrato que Pela água algas vermelha sual das algas automatizada,
VERMELHA croalgas, algae, ostra e afetar o seu matéria orgâ- estruturas ção geográfica
forneça condi- sobre as ostras. vermelhas. limpeza com
sargaço, cisco valor de mercado, nica. de cultivo.
ções adequa- equipamento
ou limo) podendo causar a
das para sua de alta pres-
morte das ostras.
sobrevivência. são das ostras
e das estrutu-
ras de cultivo.
147
AGENTE/ ANIMAIS SINAIS FATORES DISTRIBUIÇÃO
ETIOLOGIA TRANSMISSÃO PATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO PROFILAXIA
DOENÇA SUSCETÍVEIS CLÍNICOS AMBIENTAIS GEOGRÁFICA
Caramujo liso
Perfuraou abre a Exposição ao Preferência Inspeção
(caramujo liso, Costa atlântica
Ostras e mexi- concha da ostra, Presença de Visualização Sol, limpeza por ambien- frequente
CARAMUJO Thais haemas- do Brasil (do
lhões (maris- Pela água consumindo os teci- perfurações na do caramujo com água te de fundo das estru-
LISO toma, buzo Amapá ao Rio
cos) dos moles, causando concha. liso. doce e retirada pedregoso ou turas e dos
ou caramujo Grande do Sul)
sua morte. manual. de cascalho. animais.
marinho)
Localização
Craca (aristim, Exposição ao costeira e
pirrixiu, Ostras juvenis e
Sol, limpeza estuarina,
adultas.
bolota-do-mar com água encontrado
Fixa-se em Compete por alimen-
ou craca- doce, retirada sobre superfí- Limpeza fre- Oceano Pací-
qualquer to e oxigênio com Diminuição do
-das-pedras), Visualização manual ou cies naturais quente das fico, Oceano
CRACA substrato que Pela água a ostra, dificulta a crescimento e
crustáceo da da craca. mecaniza- duras como estruturas e Atlântico e
forneça condi- abertura e fecha- morte.
classe dos cirrí- da, limpeza rocha, pe- dos animais Oceano Índico
ções adequa- mento da concha.
pedes, Balanus periódica das dras, conchas
das para sua
amphitrite estruturas de de moluscos
sobrevivência.
cultivo. e mangue
vermelho.
Exposição ao
Sol, banho em
Camarões, água doce, Animais mari- Inspeção
Raramente causam Redução no crescimento
caranguejos retirada me- nhos encontra- e limpeza Ampla
Juvenis e adul- problemas, mas caso haja muitos epibiontes Visualização dos
CRUSTÁCEOS e microcrus- Pela água canizada ou dos em zonas frequente das distribuição
tos de ostras. podem competir por competindo por alimento e epibiontes.
táceos (pulga limpeza com costeiras e estruturas e geográfica
oxigênio e alimento. oxigênio.
d’água) equipamento estuarinas. dos animais.
de alta pres-
são de água.
149
AGENTE/ ANIMAIS SINAIS FATORES DISTRIBUIÇÃO
ETIOLOGIA TRANSMISSÃO PATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO PROFILAXIA
DOENÇA SUSCETÍVEIS CLÍNICOS AMBIENTAIS GEOGRÁFICA
Exposição ao
Sol e banho
em água
Ostras juvenis e
doce associa-
adultas. Fixa-se Perfurações na Visualização Inspeção
Compete por alimen- dos, retirada
em qualquer concha, que fica dos sinais clí- Costumam frequente
to e oxigênio com a manual ou
Esponja substrato que muito quebra- nicos e das es- viver em dos animais Ampla distribui-
ESPONJA Pela água. ostra, causa perfu- mecanizada,
(porífero) forneça condi- diça e porosa, ponjas fixadas águas claras e das es- ção geográfica.
rações na concha e limpeza com
ções adequa- podendo levar os na superfície e tranquilas. truturas de
morte. equipamento
das para sua animais a morte da concha. cultivo.
de alta pressão
sobrevivência
e limpeza das
estruturas de
cultivo.
Exposição ao
Sol, limpeza
com água
Ostras juvenis e doce, retirada
Compete com as
adultas. Fixa-se manual ou Inspeção e
ostras por alimento
Maria-mijona em qualquer Presença do mecanizada, Animais limpeza pe-
e oxigênio. Pode Visualização
MARIA- (ascídia), Tuni- substrato que epibiontes sobre limpeza das marinhos riódica das Ampla distribui-
Pela água. dificultar a abertura dos epibion-
-MIJONA cata (Urochor- forneça condi- a concha das ostras com eurialinos e ostras e das ção geográfica.
e fechamento da tes.
data) ções adequa- ostras. equipamento euritérmicos. estruturas
concha e causar sua
das para sua de alta pressão de cultivo.
morte.
sobrevivência. e limpeza
periódica das
estruturas de
cultivo.
151
AGENTE/ ANIMAIS SINAIS FATORES DISTRIBUIÇÃO
ETIOLOGIA TRANSMISSÃO PATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO PROFILAXIA
DOENÇA SUSCETÍVEIS CLÍNICOS AMBIENTAIS GEOGRÁFICA
Exposição ao
Sol, limpeza
com água
Ostras juvenis e doce, retirada
Compete com as
adultas. Fixa-se manual ou Vivem fixados Inspeção e
ostras por alimento
em qualquer Presença de ma- mecanizada, ao substrato limpeza pe-
Marisco (suru- e oxigênio. Pode Visualização
substrato que riscos aderidos limpeza das marinho, riódica das Ampla distribui-
MARISCO ru, bacucu ou Pela água dificultar a abertura dos epibion-
forneça condi- na superfície da ostras com na zona ostras e das ção geográfica
mexilhão) e fechamento da tes.
ções adequa- concha da ostra. equipamento entremarés estruturas
concha e causar sua
das para sua de alta pres- (intertidal) de cultivo.
morte.
sobrevivência. são e limpeza
periódica das
estruturas de
cultivo.
Exposição ao
Sol, limpeza
com água
Ostras juvenis e doce, retirada
adultas. Fixa-se manual ou Animais ma- Inspeção e
Presença dos
em qualquer mecanizada, rinhos mais limpeza pe-
Musgo marinho Compete com as epibiontes aderi- Visualização
MUSGO substrato que limpeza das comuns em riódica das Ampla distribui-
(animal musgo Pela água. ostras por alimento e dos na superfície dos epibion-
MARINHO forneça condi- ostras com águas rasas ostras e das ção geográfica.
ou briozoário) oxigênio. da concha da tes.
ções adequa- equipamento de mares estruturas
ostra.
das para sua de alta pres- tropicais. de cultivo.
sobrevivência. são e limpeza
periódica das
estruturas de
cultivo.
Habitam
Ostras juvenis e
águas ma-
adultas. Fixa-se Inspeção e
Presença dos rinhas ou
em qualquer limpeza pe-
Ostras Compete com as epibiontes aderi- Visualização Retirada salobras, em
substrato que riódica das Ampla distribui-
OSTRAS (sementes Pela água. ostras por alimento e dos na superfície dos epibion- manual ou zona entre-
forneça condi- ostras e das ção geográfica.
de ostras) oxigênio. da concha da tes. mecanizada. marés (inter-
ções adequa- estruturas
ostra. tidal) ou de
das para sua de cultivo.
infra litoral
sobrevivência.
(subtidal).
153
AGENTE/ ANIMAIS SINAIS FATORES DISTRIBUIÇÃO
ETIOLOGIA TRANSMISSÃO PATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO PROFILAXIA
DOENÇA SUSCETÍVEIS CLÍNICOS AMBIENTAIS GEOGRÁFICA
Inspeção
Exposição ao
Animais e limpeza
Sol, banho
marinhos periódica
em água
que vivem das ostras e
doce, limpeza
Presença de próximos suas estru-
Visualização mecanizada,
POLIQUETAS Poliqueta, ne- Ostras juvenis e poliquetas na ao fundo, turas de cul- Ampla distribui-
Pela água. dos epibion- limpeza com
ERRANTES reis ou verme adultas. superfície da preferencial- tivo. Evitar ção geográfica.
tes. equipamento
concha da ostra. mente em a instalação
de alta pres-
ambiente rico das estru-
são das ostras
em matéria turas muito
e das estrutu-
orgânica. próximas ao
ras de cultivo.
fundo.
Inspeção
Exposição ao
Animais e limpeza
Sol, banho
Presença de marinhos periódica
em água
poliquetas na que vivem das ostras e
doce, limpeza
superfície da próximos suas estru-
POLIQUETAS Poliqueta, Visualização mecanizada,
Ostras juvenis e concha da ostra ao fundo, turas de cul- Ampla distribui-
PERFURAN- polidora ou Pela água. dos epibion- limpeza com
adultas. e de perfurações preferencial- tivo. Evitar ção geográfica.
TES verme-da-lama tes. equipamento
e túneis reple- mente em a instalação
de alta pres-
tos de lodo na ambiente rico das estru-
são das ostras
concha. em matéria turas muito
e das estrutu-
orgânica. próximas ao
ras de cultivo.
fundo.
Inspeção
Exposição ao
Animais e limpeza
Sol, banho
marinhos periódica
Presença de poli- em água
que vivem das ostras e
quetas em túneis doce, limpeza
Visualização próximos suas estru-
calcários ou de mecanizada,
POLIQUETAS Poliqueta Ostras juvenis e dos epibiontes ao fundo, turas de cul- Ampla distribui-
Pela água. proteína fibrosa limpeza com
TUBÍCOLA tubícola adultas. ou de seus preferencial- tivo. Evitar ção geográfica.
(moles), aderidos equipamento
túneis. mente em a instalação
a superfície da de alta pres-
ambiente rico das estru-
concha da ostra. são das ostras
em matéria turas muito
e das estrutu-
orgânica. próximas ao
ras de cultivo.
fundo.
155
Tabela 7. Doenças de notificação obrigatória de ostras.
Sinais clínicos,
Infiltração de he- histopatolo-
Parasito intracelular
mócitos e necro- gia, imprints
que infecta hemó-
se focal. Doença (citologia de
INFECÇÃO citos, mas pode ser
frequentemente decalque) e Obtenção de Nova Zelân-
POR Bona- Protozoário Ostras próxi- Direta de observado extrace- Picos no iní-
letal (mortali- microscopia sementes de dia, Austrália,
mia exitiosa Bonamia mas do tama- hospedeiro para lularmente. Infecção Não há cio do outono
dade de 80% eletrônica de locais livres Austrália e
(Health, exitiosa nho comercial. hospedeiro. sistêmica, princi- e no inverno.
em 2 a 3 anos). transmissão/ da doença. Espanha.
2016a) palmente no tecido
Observação de citopatologia,
conjuntivo do manto
ostras mortas ou PCR, PCR-
e das brânquias.
abertas. -RFLP, DNA
probes in situ.
Infecção do sis-
Vetores: várias
tema digestório Resiste por 2
espécies do
(palpos labiais, Sinais clínicos, a 3 semanas
INFECÇÃO Adultos e ju- zooplâncton,
Protozoário Parasito de sistema estômago, histopatolo- no ambiente, Obtenção de
POR Marteilia venis de ostras incluindo co- Países da
Marteilia digestório. Letal glândula diges- gia, imprints com surtos sementes de
refringens mexilhões (ma- pépodes, larvas Não há Europa e
refringens para ostras (50-90% tiva), brânquias (citologia de em períodos locais livres
(Health, riscos), berbi- de carangue- Marrocos.
(tipos O e M) de mortalidade). e manto, desor- decalque) e quentes do da doença.
2016b) gões, amêijoas. jo, além de
dens fisiológicas PCR verão e do
nematoides e
e eventualmente outono.
cnidários.
morte.
Sensível a des-
secação, clo-
ração (>0,3
Sinais, clíni- mg/mL = 300
cos, esfregaço ppm) radiação
de hemolinfa, UV (>28.000
INFECÇÃO
Larvas, juvenis Bivalves mortos histopatologia, µWs/cm²) e Sobrevive no Obtenção de EUA , México
POR Perkin- Protozoário Direta de
e adultos de Doença debilitante ou abertos, com cultivo em água doce. ambiente por sementes de (Oceanos Atlân-
sus marinus* Perkinsus hospedeiro para
ostras e amê- crônica. tecido fino e meio tioglico- Banhos de tempo desco- locais livres tico e Pacífico)
(Health, marinus hospedeiro.
ijoas aquoso. lato fluido de larvas e ovos nhecido. da doença. e Brasil
2009a)
Ray (RFTM), com N-Hala-
PCR, hibridi- mine e banhos
zação in situ. nas ostras com
bacitracina,
cycloheximide
e água doce.
157
AGENTE/ ANIMAIS SINAIS FATORES DISTRIBUIÇÃO
ETIOLOGIA TRANSMISSÃO PATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO PROFILAXIA
DOENÇA SUSCETÍVEIS CLÍNICOS AMBIENTAIS GEOGRÁFICA
Animais mor-
tos ou abertos,
sendo que a
mortalidade pode
ocorre até 1 a Ciclohexami- Sobrevive no
Larvas, juve- 2 anos após a da, pirimeta- ambiente por
nis e adultos infecção. Glân- mina, defero- tempo des-
Região tropical
de amêijoas, dula digestiva Sinais clínicos, xamina (DFO) conhecido.
do Oceano Pací-
ostras, ostras pálida, nódulos PCR, hibridi- e 2,2-bipyridyl Preferência
fico, Austrália,
INFECÇÃO perlíferas, Infecção sistema no manto e nas zação in situ, inhibitP. por tempera-
Obtenção de norte da Nova
POR Perkin- Protozoário abalones, Direta de (todos os órgãos e a brânquias. Na cultivo em olseniin vitro e turas amenas
sementes de Zelândia, Viet-
sus olseni Perkinsus gastrópodes e hospedeiro para hemolinfa), podendo histopatologia: meio tioglico- DFO inhibitsP. (9-21°C) e
locais livres nam, Coreia,
(Health, olseni bivalves das hospedeiro. ser fatal ou persis- lesões multifo- lato fluido de olseni in vivo. salinidade
da doença. Japão, China
2009b) famílias Arci- tente. cais contendo Ray (RFTM), N-Halamine ótima acima
Portugal, Es-
dae, Malleidae, tecido conjun- histopatologia e bacitracina de 25 ups e
panha, França,
Isognomonidae, tivo, infiltração e PCR. reduzem, mas intolerante
Itália e Uruguai.
Chamidae e de hemócitos não eliminam a salinidade
Veneridae (hemocitose) e o protozoário abaixo de 15
encapsulamento do hospedeiro. ups.
de material eosi-
nofílico, resultan-
te da degradação
dos hemócitos.
159
REFERÊNCIAS
161
SEBRAE CEARÁ SEBRAE PARAÍBA
Conselho Deliberativo Estadual Conselho Deliberativo Estadual
Presidente Presidente
Flávio Viriato de Saboya Neto Francisco Benevides de Gadelha
163
SEBRAE PIAUÍ SEBRAE SERGIPE
Conselho Deliberativo Estadual Conselho Deliberativo Estadual
Presidente Presidente
Carlos Augusto Melo Carneiro da Cunha Gilson Silveira Figueiredo
Presidente
José Álvares Vieira
Diretoria Executiva
Diretor Superintendente
José Ferreira de Melo Neto
Diretor-Técnico
João Hélio Costa da Cunha Cavalcanti Júnior
Diretor de Operações
José Eduardo Ribeiro Viana
Coordenador do Projeto
Estruturante AquiNordeste
José Ronil Rodrigues Fonseca
Gestores Estaduais
Marcelo de Oliveira Medeiros
Renato Augusto Gouveia de Carvalho
165
Coleção AquiNordeste
Ostreicultura
MANUAL DE OSTREICULTURA OSTREICULTURA
COM ESPÉCIES NATIVAS DA Manual de Boas Práticas:
REGIÃO NORDESTE DO BRASIL Qualidade e Segurança
Volume I: Produção Para Bons Negócios
MANUAL DE OSTREICULTURA
COM ESPÉCIES NATIVAS DA
FICHAS TÉCNICAS
REGIÃO NORDESTE DO BRASIL
ILUSTRADAS
Volume II: Sanidade e Profilaxia
Organismos Identificados
nas Ostras Cultivadas no
Nordeste do Brasil
167
RASTREABILIDADE NA OSTREICULTURA
OSTREICULTURA Informativo Técnico:
Conceitos, Fundamentos e Identidade e Diversidade
Recomendações Técnicas Genética de Espécies
de Ostras Nativas nos
Estados de Sergipe,
Alagoas, Paraíba e RIO
Grande do Norte
CARTILHA DE
RASTREABILIDADE
Ostras Cultivadas
169
0800 570 0800 / sebrae.com.br