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Alimentação Do Recém-Nascido Pré-Termo Aleitamento PDF

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Alimentação do recém-nascido pré-termo: aleitamento

Artigo Original
materno, copo e mamadeira

Feeding preterm infants: breast, cup and bottle

Andréa Monteiro Correia Medeiros1, Aretha Tatiane Bernardi2

RESUMO

Objetivo: Verificar a oferta de seio materno em bebês nascidos pré-termos, internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital
e Maternidade Neomater, relacionando este dado com a forma de oferecer a dieta (copo ou mamadeira), na ausência da mãe, e a
estimulação fonoaudiológica realizada. Métodos: Participaram 48 recém-nascidos prematuros, com idade gestacional inferior ou
igual a 36 6/7 semanas, com peso ≤2500 gramas e padrão respiratório estável. Os recém-nascidos foram divididos em dois grupos:
grupo A (35 recém-nascidos) com dieta por mamadeira e grupo B (13 recém-nascidos) com dieta por copo. O acompanhamento
fonoaudiológico foi organizado em Fase 1 (sucção não-nutritiva em “dedo enluvado” ou “mama vazia” concomitante a dieta por
sonda); Fase 2 (oferta de dieta via oral – seio materno, copo ou mamadeira – com necessidade de complemento por sonda); Fase
3 (oferta de dieta via oral exclusiva, em seio materno, copo ou mamadeira); Fase 4 (oferta de seio materno efetivo). Foi realizado
comparativo entre os grupos quanto ao número de dias que permaneceu em cada fase. Os dados foram tratados estatisticamente com
o teste t-independente, com nível de significância de 5%. Resultados: Não houve diferenças significativas entre os grupos para ne-
nhum dos parâmetros estudados. Houve igual aceitação do seio materno pelos recém-nascidos, tanto no grupo copo como no grupo
mamadeira. Conclusão: O aleitamento materno pode ser igualmente aceito, independentemente da forma de oferta da dieta (copo ou
mamadeira), desde que haja o adequado acompanhamento fonoaudiológico e o incentivo ao aleitamento materno em idade precoce.

Descritores: Aleitamento materno; Mamadeira; Terapia intensiva neonatal; Dieta; Alimentação artificial; Métodos de alimentação;
Recém-nascido; Prematuro

INTRODUÇÃO te às diversas estimulações, de acordo com determinadas


motivações. Assim, responderá de um modo positivo a um
O aleitamento materno é fundamental para o adequado estímulo que lhe seja apropriado, e poderá realizar movimen-
desenvolvimento motor-oral e o estabelecimento correto tos de repulsa ou apresentar comportamentos de proteção
das funções estomatognáticas. Fazem parte deste sistema diante de estímulos considerados nocivos ou invasivos ao
as estruturas orais estáticas e dinâmicas que, equilibradas e seu organismo(3).
controladas pelo sistema nervoso central, serão responsáveis Atualmente, em alguns casos especiais, quando o bebê
pelo funcionamento harmônico da face(1). não pode ser alimentado no seio materno, temporária ou
Ao sugar o seio materno, o recém-nascido faz esforço permanentemente, é utilizado, em alguns hospitais, o bico
com os músculos da face para extrair o leite do peito, o que artificial para oferta da dieta, buscando que o bebê melhore
estimula, desenvolve e fortalece suas estruturas orais (lábios, o padrão de sucção. O uso da mamadeira pretende treinar a
língua, bochechas, ossos e músculos da face)(2). coordenação das funções de sucção, deglutição e respiração,
O recém-nascido (RN) tende a responder diferentemen- quando o RN ainda não tem condições adequadas de Sistema
Sensório Motor Oral (SSMO) para a prática do aleitamento
Trabalho realizado no Hospital e Maternidade Neomater – São Bernardo do natural(4).
Campo (SP), Brasil. Embora a sucção seja um comportamento reflexo, ela
(1) Núcleo de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Sergipe – UFS – São pode ser intensificada ou modificada de acordo com as
Cristóvão (SE), Brasil.
experiências obtidas. Os comportamentos miofuncionais
(2) Programa de Especialização em Motricidade Orofacial, Hospital e Mater-
nidade Neomater – São Bernardo do Campo (SP), Brasil. orais esperados na sucção do neonato são: lábios vedados,
Endereço para correspondência: Andréa Monteiro Correia Medeiros. compressão labial e formação de leve sulco nas comissuras
Universidade Federal de Sergipe – UFS. Centro de Ciências Biológicas e da labiais, movimentação dos músculos masseteres e movimen-
Saúde – CCBS – Núcleo de Fonoaudiologia. R. Marechal Rondon, s/n, Cidade
tos mandibulares e ântero-posteriores da língua(5). Alterações
Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Jd. Rosa Elze, São Cristóvão (SE),
Brasil, CEP: 49100-000. E-mail: andreamcmedeiros@ig.com.br antes, durante e/ou após o nascimento, podem comprometer a
Recebido em: 22/3/2010; Aceito em: 21/7/2010 alimentação e o desenvolvimento neuropsicomotor do bebê(6).
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A mamadeira, depois do aleitamento materno, é a segunda Qualquer técnica alternativa de oferta de dieta para o
forma mais conhecida pela população em geral para oferecer recém-nascido deve objetivar o treino de habilidades para a
o alimento ao RN. Os bicos artificiais, dentre tantas formas aceitação da amamentação natural, a qual estimula a neuro-
de oferta de dietas, foram criados como uma opção de alei- musculatura facial da criança, o que induz ao crescimento
tamento e de auxílio aos bebês e aos pais. harmônico de todas as estruturas craniofaciais(13).
Para alguns profissionais, as dificuldades no aleitamento Preconiza-se inclusive que os serviços de saúde prati-
materno, secundárias ao uso de mamadeiras e/ou chupetas, quem o método mãe canguru que, ao possibilitar o contato
podem gerar a “confusão de bicos”, devido às diferenças precoce pela pele da mãe com o bebê prematuro, contribui
existentes entre a sucção na mama e no bico artificial(7). significativamente para a melhora na produção de leite pela
Por outro lado, alguns autores questionam a existência de mãe, favorecendo o aleitamento materno futuro, mesmo
confusão de bicos, pois não existem evidências que compro- quando esta criança precisar ser alimentada por sonda, copo
vem que o recém-nascido apresenta uma habilidade limitada ou mamadeira em algum momento da internação(14-16).
para se adaptar a várias configurações orais(8). Neste sentido, este trabalho teve como objetivo verificar
Assim, enquanto alguns fonoaudiólogos indicam o uso se, no momento da alta hospitalar, o RN apresenta plenas
de bico ortodôntico na adequação da musculatura orofacial condições de receber a dieta no SM, e relacionar este dado
nos casos em que não é viável o aleitamento materno em seio à estimulação realizada e ao tipo de oferta de dieta oferecido
materno exclusivo, outros profissionais consideram que o uso (copo ou mamadeira) durante sua internação.
de bicos artificiais pode ser prejudicial ao bebê.
Por outro lado, mesmo os fonoaudiólogos que optam pela MÉTODOS
indicação da mamadeira com bico ortodôntico têm alertado
para o fato de que o uso prolongado desta, ou seja, a partir da Esta pesquisa foi realizada na Unidade de Cuidado Inten-
dentadura decídua instalada, pode acarretar grande incidência sivo Neonatal (UCIN) do Hospital e Maternidade Neomater,
de mordida aberta anterior. situada na cidade de São Bernardo do Campo, a partir de
Na prática clínica, observa-se que frequentemente pacien- autorizações da Diretoria Clínica e Comissão de Ética do
tes com mordida aberta anterior são encaminhados, antes da respectivo hospital e do Comitê de Ética em Pesquisa da
correção ortodôntica, para a fonoterapia, o que aponta para Faculdade de Medicina do ABC (processo de no. 318/2009).
a necessidade da retirada da mamadeira em idade precoce(1).
Segundo recomendação da Organização Mundial de Sujeitos
Saúde (OMS), foi criada a Iniciativa Hospital Amigo da
Criança (IHAC), que estabelece “Dez passos para o sucesso Fizeram parte da amostra desta pesquisa 48 recém-
do aleitamento materno”, dentre esses dez passos, o nono diz: nascidos pré-temo (RNPT), com idade gestacional inferior
“Não dar bicos artificiais ou chupetas para crianças amamen- ou igual a 36 6/7 semanas (de acordo com a Organização
tadas ao seio”(9). O motivo da “proibição” do aleitamento por Mundial de Saúde – OMS), que foram recrutados a partir
mamadeira é a suposta “confusão de bicos” adquirida pelo coleta de dados no prontuário médico.
bebê, ou seja, o lactente apresentará dificuldades para sugar Como critérios de inclusão para ambos os grupos foram
no seio materno (SM), pois aprendeu a sugar no bico artificial. selecionados RNPT com peso inferior ou igual a 2500 gra-
A alimentação no copo tem sido utilizada há anos em mas, com idade gestacional inferior ou igual a 36 6/7 sema-
países em desenvolvimento, como objetivo de proporcionar nas, estáveis clinicamente e recebendo dieta (leite materno
um método de alimentação seguro para o recém-nascido, es- ou fórmula) prescrita pela equipe médica. Como critérios
pecialmente quando os meios de esterilização de mamadeiras de exclusão, não participaram recém-nascidos portadores
não são acessíveis(6,9-11). de síndromes genéticas e mal-formativas, afecções ósteo-
Entretanto, o copo é visto por vários fonoaudiólogos como mio-articulares não resolvidas (infecções, fraturas e lesões
um utensílio que acarreta muitos problemas na administração nervosas periféricas) ou qualquer anormalidade neurológica
da dieta para o recém-nascido, tais como: escape e desper- evidenciada através de exame de ultra-som craniano (hemor-
dício de leite, falta do vedamento labial anterior, aumento ragia peri-intraventricular – HPIV graus III e IV, hidrocefalia,
de risco de broncoaspiração, diminuição da estimulação da encefalopatia hipóxico-isquêmica – EHI, leucomalácia peri
musculatura da sucção (músculos bucinadores), entre outros. ventricular e outras).
A fisiologia de aceitação da dieta por copo é bem dife- Os bebês foram divididos em dois grupos:
rente da sucção realizada pelos recém-nascidos, seja no seio - Grupo A: administração da dieta por mamadeira (35 recém-
materno ou na mamadeira, ocorrendo o risco de deglutição nascidos);
atípica no futuro. Considera-se deglutição atípica quando - Grupo B: administração de dieta por copo (13 recém-
existe alteração nos mecanismos da contração da musculatura nascidos).
envolvida nesse processo(12). Até o momento da alimentação por via oral (VO), o
Desta forma, existem hoje diferentes técnicas para a recém-nascido já poderia ter sido estimulado com a técnica
alimentação do recém-nascido prematuro, em que há, entre de sucção não-nutritiva (SNN) – estimulação com “dedo
os profissionais de saúde, o constante debate sobre se a uti- enluvado” concomitante à oferta da dieta via sonda –
lização do bico artificial ou do copo prejudica a aceitação e/ou técnica de relactação – estimulação com “mama vazia”
do seio materno. concomitante à oferta de dieta via sonda.

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Procedimentos sendo registrados os dados dos RN’s quanto ao gênero, idade


gestacional corrigida, e número de dias que permaneceu em
Inicialmente, foi realizado o levantamento dos prontuários cada fase da intervenção fonoaudiológica (Fase 1: sucção não-
dos recém-nascidos internados na Unidade de Cuidado Inten- nutritiva; Fase 2: dieta por sonda mais complemento por via
sivo Neonatal (UCIN). oral; Fase 3: via oral exclusiva; Fase 4: aleitamento materno
A verificação desses prontuários foi feita por fonoau- exclusivo e efetivo) (Quadro 1).
diólogas pertencentes ao grupo responsável pela pesquisa, A intervenção fonoaudiológica foi registrada no Protocolo

Quadro 1. Caracterização dos RN’s quanto ao sexo, idade gestacional, idade gestacional corrigida, e número de dias que permaneceu em
cada fase da intervenção fonoaudiológica

Nº de dias na Nº de dias na
Nº RN Sexo IG IGC Fase 1 Nº de dias na Fase 2 Nº de dias na Fase 3 Fase 4
1 M 28 37 1 3(SM) 1 (Copo) 1
2 M 32 34 6/7 2 4 (VOBC) 1 (VOBO) 1
3 F 34 1/7 34 4/7 1 12 (VOBO) 2 (VOBOPT) 0
4 M 33 34 3/7 5 3 (VOBC) 5 (VOBC) 1
5 M 30 30 4/7 8 0 1 (VOBC) 2 (VOBO) 3
6 M 32 33 6/7 3 6 (Copo) 4 (Copo) 0
7 M 33 34 2/7 3 0 1 (Copo) 3
8 F 28 38 1/7 5 6 (VOBC) 1(VOBC) 1
9 M 33 34 6/7 2 0 1 (VOBC) 1 (VOBO) 2
10 M 28 33 6/7 2 8 (VOBC) 1 (VOBC) 1
11 M 34 35 2 0 3 (Copo) 2
12 F 33 35 1/7 2 4 (VOBC) 5 (VOBC) 10
13 F 33 34 6/7 1 1 (VOBC) 4 (VOBC) 0
14 F 31 34 1/7 2 3 (VOBC) 1 (VOBC) 2 (VOBO) 1
15 F 35 36 2/7 1 1 (SM) 0 2
16 F 32 33 2 1 (SM) 2 (VOBC) 2
17 M 34 35 4 0 4 (Copo) 3
18 F 35 35 2/7 1 0 2 (Copo) 3
19 M 35 36 1/7 2 0 6 (VOBC) 6
20 M 32 33 5/7 3 1 (SM) 1 (VOBC) 1
21 M 31 31 5/7 10 0 6 (VOBC) 3
22 F 36 4/7 37 1/7 4 2 (VOBC) 3 (VOBC) 7
23 M 28 40 3/7 1 0 5 (VOBC) 1 (VOBO) 1
24 F 27 35 5 2 (VOBC) 2 (VOBC) 1 (VOBO) 1
25 M 28 41 3 2 (VOBC) 1 (VOBC) 3 (VOBO) 1
26 F 28 4/7 31 6 7 (VOBC) 4 (VOBC) 1 (VOBO) 1
27 M 35 36 4/7 1 1 (Copo) 1 (SM) 1 (Copo) 1
28 F 30 30 3/7 8 8 (VOBC) 1 (VOBC) 3 (VOBO) 1
29 F 30 45 1/7 5 2 (Copo) 3 (Copo) 2
30 M 30 34 4/7 1 1 (VOBC) 1 (VOBC) 1 (VOBO) 1
31 M 32 34 2/7 8 2 (VOBC) 1 (VOBC) 1
32 F 29 35 1/7 3 0 3 (Copo) 7
33 F 29 36 3/7 9 2 (SM) 2 (Copo) 3
34 F 33 34 2 3 (SM) 1 (Copo) 3
35 M 30 38 1 1 (Copo) 5 (SM) 0 1
36 M 33 33 5/7 3 4 (VOBC) 3 (VOBC) 2 (VOBO) 1
37 F 32 33 6/7 1 6 (VOBC) 1 (VOBO) 1
38 M 32 32 5/7 1 3 (VOBC) 2 (VOBOPT) 2 (VOBO) 2
39 F 31 34 1 1 (VOBC) 1(VOBC) 1 (VOBO) 1
40 M 34 35 2/7 1 4 (VOBC) 3 (VOBC) 1 (VOBO) 1
41 F 32 34 1 1(VOBC) 2(VOBO) 6 (VOBO) 1
42 F 31 33 2 1(VOBC) 5(VOBO) 1 (VOBC) 1 (VOBO) 1
43 M 31 34 1 5 (VOBC) 2 (VOBC) 2 (VOBO) 1
44 M 32 33 6/7 1 9 (VOBC) 1 (VOBC) 1
45 M 33 5/7 34 5/7 6 5 (Copo) 2 (SM) 1 (Copo) 1
46 F 36 37 2/7 1 3 (VOBC) 3 (VOBOPT) 2
47 F 35 38 1/7 1 0 3 (VOBOPT) 1
48 M 30 31 10 2 (VOBC) 1 (VOBC) 1
Legenda: N = número; RN = recém-nascido; F = Feminino; M = Masculino; IG = idade gestacional; IGC = idade gestacional corrigida no dia da avaliação fonoaudi-
ológica; SM = Seio Materno; VOBC = Via oral mamadeira com bico comum; VOBO = Via oral mamadeira com bico ortodôntico; VOBOPT = Via oral mamadeira com
bico ortodôntico para prematuro

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Tabela 1. Número de dias que os sujeitos permaneceram em cada fase de intervenção fonoaudiológica

Grupo
  Valor de p Resultado
Copo Mamadeira Total
Média 3,15 3,09 3,10
Fase 1 DP 2,38 2,76 2,64 0,938 copo=mamadeira
N 13 35 48
Média 2,38 3,26 3,02
Fase 2 DP 2,53 2,96 2,85 0,352 copo=mamadeira
N 13 35 48
Média 2,00 3,03 2,75
Fase 3 DP 1,29 1,76 1,69 0,061 copo=mamadeira
N 13 35 48
Média 2,31 1,77 1,92
Fase 4 DP 1,75 2,00 1,93 0,399 copo=mamadeira
N 13 35 48
Média 9,85 11,14 10,79
Total DP 3,69 4,53 4,32 0,361 copo=mamadeira
N 13 35 48
Teste t independente (p<0,05)
Legenda: N = número de sujeitos; DP = desvio-padrão

de Avaliação e Acompanhamento Fonoaudiológico do Hospital ção fonoaudiológica realizada e às diferentes formas de oferta
e Maternidade Neomater (Anexo 1). de dieta por VO (copo ou mamadeira).
Os RNPT foram divididos em oferta de dieta no copo e na Os resultados foram trabalhados estatisticamente utilizando
mamadeira, aleatoriamente. o teste t-independente(17), com nível de significância de 5%, a
Para a oferta da dieta por mamadeira o RNPT foi colocado fim de comparar os dados quantitativos de dois grupos conten-
em posição elevada, com apoio (no colo ou dentro da incu- do informações com níveis de mensuração numérica e amostras
badora). Os RNPT geralmente receberam a oferta inicial de independentes. Com o intuito de facilitar a visualização dos
mamadeira com bico convencional/bico comum, sendo que resultados, as tabelas e as figuras apresentam a média, o desvio
quando houve indicação de bico ortodôntico, usaram o bico padrão e o N em cada item avaliado durante o estudo.
ortodôntico pré-termo (marca NUK®). A dieta por mamadeira Quanto ao comparativo entre os grupos, em relação ao
foi prescrita e orientada pela fonoaudióloga responsável e número de dias em que cada um permaneceu em cada fase
nos horários em que o serviço de Fonoaudiologia não esteve de intervenção fonoaudiológica, os resultados demonstraram
presente, a oferta foi ministrada pela enfermeira ou auxiliar que não houve diferenças entre os grupos para nenhuma das
de enfermagem previamente orientada e treinada. fases (Tabela 1).
Para a oferta de dieta por copo o RNPT também foi co- Embora não tenham existido diferenças entre os grupos
locado em posição elevada, com apoio (no colo ou dentro da para nenhuma das fases do estudo, houve uma tendência à
incubadora). Inicialmente, pesou-se uma compressa que foi diferença na fase 3, no sentido de menor número de dias, para
colocada como babador no RN. O bebê, ao sentir o líquido, copo (Figura 1, Tabela 2).
sorveu ou lambeu o leite, deglutindo até ficar satisfeito. Ao Com relação ao tempo total da intervenção, foi observada
final da oferta, pesou-se novamente a compressa, com o in-
tuito de verificar a quantidade de escape de leite ocorrido. A
dieta por copo foi prescrita pela fonoaudióloga responsável e,
nos horários em que o serviço de Fonoaudiologia não esteve
presente, a oferta foi ministrada pela enfermeira ou auxiliar
de enfermagem previamente orientada e treinada.
Durante ambas as ofertas, foram observados e registrados
todos os aspectos importantes para a pesquisa, seguindo os
itens do protocolo de avaliação e acompanhamento fonoau-
diológico.

RESULTADOS

Os resultados obtidos neste estudo evidenciaram a eficácia


da mamada em seio materno (SM), correlacionada à estimula- Figura 1. Número de dias de intervenções fonoaudiológicas na Fase 3

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Tabela 2. Número de dias que cada grupo permaneceu na Fase 3


ferenças entre os grupos para nenhuma das fases. No entanto,
Grupo observou-se que há uma tendência à diferença na fase 3, no
Copo Mamadeira sentido de menos dias para copo. Tal tendência pode estar
Média 2,00 3,03 relacionada ao fato de que no grupo copo a idade gestacional
corrigida (IGC) no dia da avaliação fonoaudiológica era maior
DP 1,29 1,76
do que a do grupo mamadeira, o que pode ter contribuído para
N 13 35 a aceitação mais rápida da dieta por via oral em tal grupo.
Valor de p 0,7 0,6 Neste estudo, o tempo total da intervenção fonoaudiológica
Teste t independente (p<0,05) com os RNPT com dificuldade na alimentação foi em média
Legenda: N = número de sujeitos; DP = desvio-padrão de 11 dias, sendo de três dias para cada uma das fases 1, 2 e
3 e de dois dias para a fase 4.
Além do tempo de intervenção fonoaudiológica ter sido
semelhante em ambos os grupos, os resultados demonstram
que os RNPT, tanto do grupo copo quanto do grupo mamadeira,
com acompanhamento fonoaudiológico adequado, consegui-
ram alimentar-se efetivamente por via oral, sobretudo com
aceitação do seio materno, sugerindo que a sucção pode ser
intensificada ou modificada, de acordo com as experiências
obtidas(6).
Esse dado aponta para o questionamento do conceito que
preconiza a não oferta de bicos artificiais para crianças ama-
mentadas ao seio, devido à suposta “confusão de bicos”, que
fará com que o lactente apresente dificuldades para sugar o
seio materno pelo fato que aprendeu a sugar o bico artificial.
Figura 2. Tempo total de dias de intervenções fonoaudiológicas (so- Por outro lado, se a utilização do bico artificial não impediu
matória de todas as fases) a aceitação do seio materno, é importante salientar que o bico
ortodôntico poderia contribuir na estimulação dos músculos
Tabela 3. Número total de dias de intervenções fonoaudiológicas orofaciais envolvidos na sucção, sobretudo quanto ao meca-
(somatória de todas as fases) nismo dos músculos bucinadores.
Grupo Assim, embora haja controvérsias sobre as diferentes
Copo Mamadeira
técnicas de alimentação do recém-nascido, sugerindo ora a
oferta do copo(6,9-11), ora a oferta da mamadeira(4,6), o que pa-
Média 9,85 11,14
rece fundamental é que ambas as técnicas foram efetivas para
DP 3,69 4,53 a facilitação e indicação do aleitamento materno nos RNPT
N 13 35 submetidos a um programa de acompanhamento fonoaudio-
Valor de p 2,1 1,5 lógico direcionado às questões alimentares.
Teste t independente (p<0,05) Assim, é fundamental que as famílias sejam amplamente
Legenda: N = número de sujeitos; DP = desvio-padrão esclarecidas sobre as implicações dos diferentes tipos de dieta
na saúde de seu bebê, compreendendo que a realização de um
a média de 11 dias, sendo as médias de três dias nas fases 1, programa de orientação significa a oportunidade de receber
2 e 3 e de dois dias na fase 4 (Figura 2, Tabela 3). informação especializada(18).

DISCUSSÃO CONCLUSÃO

Considerando os achados relacionados à caracterização Considerando ser o aleitamento materno a forma mais saudá-
dos grupos copo e mamadeira, os resultados evidenciam que vel e segura de alimentar um bebê, esta pesquisa contribuiu para
não houve diferença significativa em nenhum dos parâmetros elucidar que as diferentes técnicas e perspectivas teóricas sobre a
estudados. forma de oferta de dieta (copo ou mamadeira), quando orientadas
No que tange aos resultados da comparação do número de modo ético e criterioso, podem contribuir e auxiliar na reali-
de dias em que os grupos copo e mamadeira permaneceram zação do aleitamento materno efetivo e na saúde geral do bebê.
em cada fase da intervenção fonoaudiológica, não houve di-

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78 Medeiros AMC, Bernardi AT

ABSTRACT

Purpose: To assess the offer of the maternal breast in preterm babies hospitalized at the Intensive Care Unit of the Hospital and
Maternity Neomater, linking this datum with the manner to feed them (cup or bottle) in the absence of the mother, and the speech-
language stimulation carried out. Methods: Forty-eight newborn preterm infants with gestational age less than or equal to 36 6/7
weeks, weighting ≤2500 grams and with stable respiratory pattern participated in this study. The newborns were divided into two
groups: group A (35 newborns) with bottle feeding, and group B (13 newborns) with cup feeding. Speech-Language Pathology
monitoring was organized in Stage 1 (non-nutritive sucking in “gloved finger” or “empty breast” concomitant with enteral feeding);
Stage 2 (oral feeding offer – maternal breast, bottle or cup – with complement provided by enteral feeding); Stage 3 (exclusive oral
feeding offer – maternal breast, bottle or cup); Stage 4 (effective breastfeeding offer). A comparison was carried out between the
groups regarding the number of days in each phase. Data were statistically analyzed using the independent t-test, with significance
level of 5%. Results: There were no significant differences between the groups for any of the studied parameters. Breast feeding was
equally accepted by newborns in the cup and the bottle groups. Conclusion: Breast feeding can be equally accepted, regardless the
alternative feeding form used (cup or bottle), provided that there is adequate Speech-Language Pathology monitoring and encoura-
gement to breastfeeding at an early age.

Keywords: Breast feeding; Bottle feeding; Intensive care, neonatal; Diet; Artificial feeding; Feeding methods; Infant, newborn;
Premature

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Aleitamento materno, copo e mamadeira em RNPT 79

Anexo 1. Protocolo de Avaliação e Acompanhamento Fonoaudiológico

1- Identificação e Histórico Clínico:


Nome da Mãe:_________________________________________________ Data: __________
Nome do RN: _________________________________________________ Horário: __________
D.N.:___________ I.G.:__________ D. Vida: _________ I.C.:__________
P. Nasc.:_________ P.Dia Ant.:_________ P.Atual: _______ P:________
Diagnóstico Médico: _________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________________

2- Tipo de Alimentação: 13 - Sinais de Estresse:


Volume prescrito: _______ ml. _____/_____horas  Mudança de coloração:  Cianótico
Técnica do resíduo: __ ml. Balanço Calórico: __ cal/kg/dia  Avermelhado
 Oscilação da Freq. Cardíaca:  Taquicardia
 Seio Materno (SM)  Bradicardia
 Via Oral mamadeira (VOBC) - volume aceito: ________ml  Oscilação / Queda da SAO2 Valor: ____________
 Via Oral mamadeira (VOBO) - volume aceito: ________ml  Desconforto Respiratório
Via Oral copo (VOC) - volume aceito: ________ml  Cansaço. Após______ min. Após ______ ml.
 Sucção Não Nutritiva (SNN)  SOG /  SNG: _____ ml  Escape de leite. Após______ min. Após _____ ml.
 técnica “dedo enluvado”  relactação (“mama vazia”)  Náusea
 “mama parcialmente cheia” concomitante à sonda  Refluxo/ Vômito
 “mama cheia”concomintante à sonda  Tosse / Engasgo

3- Estado Comportamental no Início da Mamada: 14- Outros Sinais de Desconforto:


 Sono Profundo  Alerta  Soluços  Espirros
 Sono Leve  Agitado/Irritado  Caretas  Sobressaltos
 Sonolento  Choro  Movimentos Corporais de aversão/ recusa

4- Prontidão para a Mamada: 15- Estado Comportamental Após a Mamada:


 Movimentos de procura  Leva mãos à face  Sono Profundo  Alerta
 Movimentos de sucção  Preensão palmar  Sono Leve  Agitado/Irritado
 Leva mãos à linha média  Protrusão língua  Sonolento  Choro
Após ______ min. ______ml.
5- Postura Corporal / Padrão Motor
 Estável com apoio  Estável sem apoio
 Flexão  Hipotonia fisiológica 16- Horários da Mamada:
 Instável / Tremores / Desorganização Inicial Final DT
SM: _________ __________ ____________
6- Sucção: VOBC: _________ __________ ____________
 Não apresenta sucção  Sucção esporádica VOBO: _________ __________ ____________
 Apresenta grupos de sucções:  Regulares COPO: _________ __________ ____________
 Irregulares SNN: _________ __________ ____________
 Apresenta pausas  Pausas muito longas
 É preciso ajudar a dar pausas p/ RN se organizar 17- Eficácia (VO): > 3 mL/min, sem sinal de estresse.
 Coordenação grupos sucção/deglutição/respiração  Sim ______ mL/min.
 Não ______ mL/min.  Sinal de estresse.
7- Grau de Força de Sucção:
 Fraca  Média/Fraca Conduta:
 Média  Forte/Média ( ) Incentivo à mãe canguru (fase: ____ )
 Forte ( ) Incentivo ao aleitamento materno (SMLD)
( ) Aleitamento materno mais VO, se necessário
8- Variação na Força de Sucção: ( ) VOBC (mamadeira com bico comum)
 Sim  Não ( ) VOBO (mamadeira com bico ortodôntico)
( ) VOC (copo)
9- Variação no Ritmo de Sucção: ( ) Oferecer dieta exclusivamente por Sonda
 Sim, após _______min. _______ ml. ( ) Oferecer tudo VO; Sonda, se necessário
 Não ( ) Suspender VO
( ) SNN (com “dedo enluvado”)
10- Movimentação de Mandíbula: ( ) SNN em “mama vazia” (técnica de relactação)
 Excursão exagerada  Tremores ( ) Sucção “mama parcialm/e cheia” concomitante SNG
 Movimento organizado  Travamentos ( ) Seio Materno + ______ ml por sonda
( ) Ausência da mãe: dieta por sonda
11- Movimentação de língua: ( ) Realizar técnica de translactação
 Retração  Protrusão exagerada ( ) Acompanhamento fonoaudiológico
 Canolamento  Língua alargada ( ) Alta fonoaudiológica
 “Suckling” organizado  Incoord. Movimento Outros: ________________________________________________
______________________________________________________
12- Deglutição (COPO) ______________________________________________________
 Lambe a borda do copo  Lambe os lábios
 Introduz a língua no copo  Sorve o leite c/ coordenação Fonoaudiólogo Responsável:_____________________
 Engasga ao sorver o leite  Escape de leite ao sorver Auxiliar de enfermagem: _________________________

Legenda:  (SM) = Seio materno;  (VOBC) = Via oral em mamadeira com bico comum;  (VOBO) = Via Oral em mamadeira com bico ortodôntico;  (VOC) =
Via oral em copo;  (SNN) = Sucção não Nutritiva;  SOG = Sonda orogástrica;  SNG = Sonda nasogástrica; SMLD = seio materno livre demanda

Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011;16(1):73-9

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