Educação, Poder e Sociedade No Brasil Império
Educação, Poder e Sociedade No Brasil Império
Educação, Poder e Sociedade No Brasil Império
BIBLIOTECA
BÁSICA
da HISTÓRIA
da EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
Bibliografia
ISBN 978-85-249-1404-1
08-03685 CDD-370.98104
© by Autores
Introdução 9
1. Formas do Brasil e Formas da Educação 19
Formas da educação na construção
do povo e da nação 28
2. As Forças Educativas 41
O poder público 41
Ação religiosa 58
Ação dos homens ilustrados:
sociedades, academias, grêmios 62
3. As Formas Educativas 81
Escolas elementares 81
Internatos e asilos 107
Colégios e liceus 124
Faculdades e academias superiores 134
4. Sujeitos da Ação Educativa 155
Professores 155
Meninas e mulheres 199
Negros 220
Índios 256
Crianças 270
Desafios para a História da Educação 289
Bibliografia 295
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A invenção do Brasil e
parte do Estado, como foi (e continua sendo)
a invenção da escola o monopólio sobre a tributação, justiça, al-
constituem faces de uma
mesma moeda, ou seja, fândega, moeda e educação escolar para enu-
integram o conjunto de merar alguns. Articulado, este conjunto de
ações articuladas no
processo de formação ações procurou promover a unidade territo-
do Estado imperial. Por
isso, um dos aspectos da
rial, submetida a medidas variadas visando
disciplina a ser adquiridounificar língua, moeda, pesos, medidas, sím-
pela educação escolar
deveria ser a construção bolos nacionais e também alimentação, vestu-
da própria idéia de Brasil.
ário, regras de convívio social, por exemplo. É
por meio deste vasto arco de políticas que se
pretendeu construir uma nação. Se pretendeu construir o Brasil.
Mas qual Brasil foi imaginado por homens e mulheres do passado?
Foi um Brasil especial e único, que procurou conhecer experiências
internacionais, especialmente dos países considerados civilizados,
para implantar ao sul do Equador uma experiência assemelhada? Co-
mo veremos, a peculiaridade da política, da economia, da cultura, do
regime de trabalho e da educação, dentre outras, organizou aqui uma
sociedade singular, especial e única que fez combinar o sonho da ci-
vilização com escravidão e exploração aguda, associadas a um regime
de reprodução das desigualdades de longa duração, cujos sinais ainda
podem ser facilmente encontrados em nosso presente.
Nesse quadro, escrever uma História da Educação do século XIX
exige debater datas e categorias, ferramentas necessárias para de-
senvolver esta forma de reflexão. Portanto, como podemos descrever
o próprio século XIX? A resposta a esta questão, como estamos tentan-
do assinalar, exige atenção paciente e rigorosa no que diz respeito ao
problema que se pretende abordar. No nosso caso, estamos conside-
rando a impossibilidade de nos fixarmos nos marcos de uma História
político-administrativa. Para tanto, em cada aspecto destacado, pro-
curamos observar sua historicidade e as lutas de que resulta, recuan-
do a séculos anteriores e posteriores para tornar visível suas transfor-
mações, deslocamentos, descontinuidades e, também o que resiste,
aquilo que permanece.
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“Havia um país chamado
Brasil; mas absolutamente não
havia brasileiros...”
Saint-Hilaire. Viagem pelo distrito dos diamantes
e litoral do Brasil. Itatiaia: Edusp, 1974.
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longo do tempo. Para tanto, como propôs Fonseca (2006, p. 58), foi
preciso romper com as perspectivas até então hegemônicas na histo-
riografia da educação brasileira, que vinham priorizando, desde a co-
lonização, a Igreja e o Estado como agências centrais, quase exclusivas
nos processos educativos. Tal abordagem, ancorada em concepções do
presente, dedicou pouca atenção aos processos educativos formais ou
informais, intencionais ou não, como as oficinas de artistas e artesãos,
os sistemas de aprendizagem do trabalho agrícola e rural, os professo-
res domésticos ou preceptores, entre outros. Nesses processos educa-
tivos, participaram indivíduos oriundos das classes populares, brancos,
livres, indígenas, escravos, forros e a população mestiça, não obstante
a exclusão e os preconceitos sofridos por tais grupos sociais nas insti-
tuições formais de educação.
Nesse sentido, é necessário problematizar os processos de circula-
ção de modelos de educação escolar, calcados nos ideais de civilização
e progresso, e considerar as experiências históricas singulares de im-
plementação numa sociedade mestiça, que se apropriou de modelos
estrangeiros no contexto de uma cultura plural e híbrida. Com isso, é
preciso perceber como o movimento dos defensores do modelo escolar
de educação para o Brasil do século XIX, o qual, em linhas gerais, im-
plicou apropriação e remodelação de espaços, conhecimentos e valo-
res próprios de instituições e concepções de educação, atuou no senti-
do de inventar e produzir a escola como um lugar próprio, específico,
destinado à educação de crianças e jovens.
No Império Português, inclusive na sua colônia americana, os pro-
fessores régios aportaram nas principais vilas,
ainda em fins do século XVIII, encontrando aqui
Na formação do Brasil e
dos brasileiros, inventar também a diversidade e a heterogeneidade
a forma escolar implicou
remodelar espaços,
das práticas educativas. No que se refere à ins-
tempos, conhecimentos, trução e ao ensino das letras, a inserção dos
valores, instituições e
concepções de educação, indivíduos na cultura escrita, em sociedades
produzindo a escola como de tradição predominantemente oral, se fazia
um lugar específico de
educação. no contato direto com os grupos originais de
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Na “Era das Revoluções” do século XVIII, isto pode ser evidenciado na Declaração de Direitos do Homem e
do Cidadão, estabelecida sob a égide da Revolução Francesa (1789).
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O texto constitucional abriu exceções para o limite de idade, o qual caía para 21 anos no caso de chefes de
família, oficiais militares, bacharéis, clérigos, empregados públicos e em geral todos aqueles cidadãos qualifi-
cáveis que tivessem independência econômica (carvalho, 2007, p. 30).
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mínimo de 100 mil réis anuais. Em nível local, o primeiro grau das
eleições, os libertos podiam participar. Esta categoria de cidadãos,
também chamada de votantes, apesar de qualificados para votar nas
eleições paroquiais e escolher o colégio eleitoral para os cargos supe-
riores, não podia se candidatar aos altos cargos políticos do Estado.
Os cidadãos elegíveis às funções de Deputado e Senador deveriam
comprovar o rendimento de 400 mil réis e 800 mil réis anuais, respec-
tivamente. Para escolher estes representantes, compondo os colégios
eleitorais, o cidadão, também chamado de eleitor, deveria comprovar
o rendimento de 200 mil réis anuais. Nesta categoria, os libertos eram
impedidos de participar. Estes dois grupos — votantes e eleitores —
compunham o corpo de cidadãos ativos do Império. Apesar de o texto
constitucional não proibir explicitamente, mulheres e escravos não ti-
nham direito ao voto.
O dilema entre a idéia liberal de igualdade natural entre os homens
e a manutenção da escravidão, sob a égide de Constituições livres, não
foi específico ao Brasil, mas se desenrolou em toda a Afro-América. Em
relação ao Império brasileiro, Mattos (2000) demonstra que os critérios
censitários constitucionais, estabelecidos pela Carta de 1824, já em
meados do século se encontravam economicamente defasados, mesmo
após a atualização dos valores em 1846, permitindo que trabalhadores
pobres e mestiços, livres e libertos, tivessem acesso ao voto, pelo me-
nos, em nível local, para além das fraudes eleitorais. A autora sustenta
ainda que, a partir de meados do século XIX, com a complexificação da
sociedade imperial e o processo de abolição, se acirraram as contradi-
ções entre os direitos civis e políticos, tendo como conseqüências uma
De acordo com Carvalho, o critério de renda não excluía toda a população pobre do direito de votar, ao
menos no que se refere às eleições locais, posto que a quantia de 100 mil réis anuais era acessível aos traba-
lhadores livres e libertos. Em Minas Gerais, por exemplo, dados de um município demonstraram que, em 1876,
apenas 24% dos votantes eram proprietários rurais, sendo a maioria composta por trabalhadores, artesãos,
empregados públicos e profissionais liberais (carvalho, 2007, p. 30).
Os senadores vitalícios e eleitos em lista tríplice, da qual o Imperador nomeava o candidato de sua prefe-
rência. Os deputados tinham mandato de quatro anos.
Os valores para exercer o direito de ser votante e para escolher o colégio eleitoral foram atualizados em
1846 para 200 e 400 mil réis anuais, respectivamente (nicolau, 2002, p. 11).
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Os debates sobre os projetos de educação para os escravos e índios apontam para as tensões sociais que
envolviam a construção do Estado nacional e o estabelecimento dos processos de escolarização na sociedade
imperial. Importantes documentos para analisar a questão foram os projetos de lei apresentados por José Bo-
nifácio de Andrada e Silva na Assembléia Constituinte de 1823, intitulados Apontamentos sobre a Civilização dos
Índios do Brasil e Representação à Assembléia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil sobre a
Escravatura. Para os projetos de José Bonifácio, ver Caldeira (2002) e para as práticas de educação dos índios no
Norte do Brasil imperial, consultar Rizzini (2002).
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De acordo com as
mando a partir, inclusive, da presença estatal,
que produzia, paulatinamente, a obrigatorieda-
hierarquias e as distinções
entre os cidadãos, o
direito à instrução de da instrução elementar, através, por exem-
primária, garantido pela plo, de um processo de normalização, no qual
constituição aos membros
se descortinam as relações entre os processos
da sociedade política, foi
intensamente discutido e
estabelecido no decorrer
de estruturação do Estado e a educação escolar.
dos Oitocentos, com base Em algumas províncias do Império, como
no processo de construção
as de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Pau-
das leis educacionais e dos
sistemas de instrução lo, Espírito Santo, Maranhão e Rio de Janeiro, a
pública provinciais.
instrução elementar foi regulamentada por leis
provinciais, sobretudo após o Ato Adicional de 1834 que redefiniu a com-
petência em matéria de educação, atribuindo às Províncias a autonomia
legislativa, ou seja, o dever de legislar, organizar e fiscalizar o ensino
primário e secundário, restando ao governo central, através da pasta do
Ministério do Império, a gestão de ambos os graus na Corte e do ensino
superior em todo o país. De acordo com a emenda constitucional, com-
petia às Assembléias Provinciais, então criadas, legislar sobre a:
Instrução pública e estabelecimentos próprios a promovê-la, não compreen-
dendo as faculdades de medicina, os cursos jurídicos, academias atualmen-
te existentes e outros quaisquer estabelecimentos de instrução, que para o
futuro forem criados por lei geral.
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Para acessar a legislação educacional de Mato Grosso, cf. Sá e Siqueira (2000), Paraná, cf. Miguel (2000) e
Miguel e Martin (2004), Paraíba, cf. Pinheiro e Cury (2004), e Rio Grande do Norte, cf. Bastos et al. (2004) e
Tambara e Arriada (2004).
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“A Sociedade Amante da Instrução, fundada
em 5 de setembro de 1829, faz as suas sessões
em todas as quartas-feiras, das 6 às 9 horas
da tarde, na sua casa, na Rua d’Ajuda
esquina da rua de Santa Luzia. Na mesma
casa, ela sustenta uma aula para ensino
primário lotada para 150 alunos; e mais
duas, uma na rua dos Arcos, lotada para
60 meninas e outra, também para meninas,
na rua da Imperatriz, nas casas das
respectivas professoras. A terça parte desta
lotação é destinada a filhos e filhas dos sócios,
e as outras duas partes para pobres e órfãos.
A Sociedade, além de concorrer com as
despesas para papel, penas, livros etc. dá
socorros medicinais, vestuário e calçados
aos mais necessitados.”
Almanak Laemmert, 1844, p. 184.
O poder público
Pensar a educação supõe inscrever em nosso horizonte os
interesses que esse tipo de prática aciona e mobiliza. Nesse mo-
vimento, é possível observar que a vontade de educar, de interferir no
curso da vida de modo mais ou menos “racional”, mais ou menos “cien-
tífico”, está presente em lugares variados. Dessa forma, consideramos
a existência de forças distintas que, agindo de modo solidário ou con-
corrente, delineiam aquilo que encontramos em termos de iniciativa e
conteúdo educativo. Para sistematizar este ponto, privilegiamos o exa-
me de três forças que participaram do debate a respeito da educação
no século XIX no Brasil: o Estado, as Igrejas e a Sociedade Civil (grê-
mios, sociedades, academias). No exame dessas forças, procuramos
dar a ver o seu funcionamento e o modo como se relacionam entre si
para solucionar os problemas educativos, tomando como fonte estudos
existentes, mas também a legislação, relatórios, imprensa, literatura
e documentos diversos, como ofícios, cartas e iconografia.
No que se refere ao Estado, nosso recorte privilegia o Estado-na-
ção, dada a engrenagem extensa e complexa estabelecida por essa
forma de representar, organizar e fazer fun-
cionar a sociedade. Nesse sentido, privilegia-
O Estado, as Igrejas
mos o período que vai da Independência (7 de e a Sociedade Civil
setembro de 1822) até o final do Império (15 constituíram forças
educativas plurais e
de novembro de 1889). No entanto, estabele- distintas, que agiram
cer esse período como foco de nossa atenção de modo associado e/ou
concorrente, ao longo
não nos impede de observar particularidades do século XIX.
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levada a Vila Rica, foi fixada em poste alto, em lugar público, dentro
de uma gaiola de ferro, até que o tempo a consumisse. O réu foi decla-
rado infame, assim como seus filhos e netos. Teve ainda seus bens
confiscados e sua casa foi “arrasada e salgada”, levantando-se no local
um “padrão” pelo qual “a memória e infâmia do abominável réu” de-
veria ser conservada.
Curioso notar que esses movimentos de insurreição contavam não
só com a participação de letrados, mas também de gente das camadas
populares. Por exemplo, na conjuração baiana, dentre os 33 presos e
processados, havia 11 escravos, 5 alfaiates, 6 soldados, 3 oficiais, 2
ourives e também um pedreiro, carpinteiro, bordador, negociante, ci-
rurgião e um professor (tavares, 1975).
Com isto, fica a pergunta: como os projetos de liberdade foram
disseminados e apropriados por sujeitos de extração social tão distinta?
Uma resposta a esta pergunta pode ser localizada nos próprios “autos
das devassas”, isto é, no conjunto de documentos que compõe os pro-
cessos instaurados contra os “conjurados”. Nesse núcleo documental é
possível localizar livros, jornais e manuscritos diversos que atestam a
circulação de uma literatura “perigosa” no Brasil colonial, a existência
de uma rede de relações entre “conjurados” e de outras práticas de
disseminação de idéias e de organização política desses sujeitos, como
reuniões, criação de sociedades, conversas e participação em lojas ma-
çônicas, por exemplo. A literatura “perigosa” era trazida ou copiada
clandestinamente pelos brasileiros em suas viagens à Europa, sobretu-
do nas viagens de estudos cujo destino era a metrópole (especialmente
os cursos de Direito e Filosofia em Coimbra), mas também a França,
com destaque aos cursos de Medicina em Montpellier.
Outro ponto a ser considerado e que cumpre uma função impor-
tante no complexo processo de construção da independência foi o fato
de termos passado pela experiência de sede do Império português. A
Um aprofundamento desse tema se encontra bem desenvolvido no artigo de Villalta (1998), no qual explora
as relações entre língua, instrução e leitura na América portuguesa.
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Para saber mais sobre as ações de Hipólito da Costa, cf. PAULA (Org.), 2001.
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Poder Moderador
Imperador
Presidente de Províncias
Câmara dos
Senado
Deputados
Conselhos Provinciais
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Um panorama de trabalhos sobre a adoção deste método encontra-se na coletânea organizada por bastos e
faria filho (1999).
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Governo está disposto a não multiplicar as Escolas onde se ensine esse mé-
todo enquanto as existentes não aperfeiçoarem esse método.
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Para observar as estratégias dos conservadores na restauração do poder central, via reforma do Ato de 1834,
cf. Carvalho (Org.), 2002.
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Ação religiosa
A pacificação do Império demandou também uma articulação generosa
e continuada com a Igreja Católica, que implicou pagamento dos orde-
nados de religiosos, sua contratação, construção de templos, imposi-
ção do ensino religioso nas escolas, dentre outras medidas. Neste sen-
tido, a Igreja se organizou por dentro do aparelho do Estado, marcando
uma relação de cumplicidade que, deste então, vem sendo mantida.
Não é gratuito, apenas a título de curiosidade, que a Constituição de
1824 tenha sido feita “em nome da Santíssima Trindade” e a última
Constituição de 1988 tenha sido promulgada “sob a proteção de Deus”.
Este tipo de vínculo esteve ausente na constituição republicana de
1891 e na de 1937. No entanto, o artigo 133 desta última prescrevia
que o ensino religioso poderia ser contemplado como matéria do curso
ordinário das escolas primárias, normais e secundárias, sem que fosse
constituído objeto de obrigação dos mestres ou professores, nem de
freqüência compulsória por parte dos alunos.
A mudança que se pretendeu operar nesta matéria fica explicita-
da em cinco parágrafos do artigo 72 da primeira constituição republi-
cana, por meio dos quais se procurava disciplinar alguns direitos dos
cidadãos:
§ 3º. Todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer pública e li-
vremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens, obser-
vadas as disposições do direito comum.
§ 4º. A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gra-
tuita.
§ 5º. Os cemitérios terão caráter secular e serão administrados pela autori-
dade municipal, ficando livre a todos os cultos religiosos a prática dos res-
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pectivos ritos em relação aos seus crentes, desde que não ofendam a moral
pública e as leis.
§ 6º. Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos.
§ 7º. Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relações
de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados.
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o aparelho do Estado foi uma estratégia eficiente, o que vale para ca-
tólicos, mas também para as outras religiões. Para aprofundar as refle-
xões sobre o desenvolvimento da Igreja Católica no Brasil, recomenda-
mos a consulta aos trabalhos de beozzo (1992), azzi (2004) e Lopes, Faria
Filho e Veiga (2003).
No caso dos protestantes, sua organização também se complexi-
ficou desde do século XVI, fazendo surgir as igrejas luterana, anglica-
na, presbiteriana, batista, metodista, pentencostal e congregacional,
por exemplo. Cada uma com uma organização, ramificação e discipli-
na própria.
Semelhante ao pensamento católico, educadores e líderes pro-
testantes têm defendido a legitimidade e a necessidade de envolvi-
mento de suas igrejas na tarefa educacional. No entanto, não se ba-
seiam em documentos papais, apelando diretamente para a interpre-
tação da Bíblia.
Para viabilizar seu projeto, os protestantes também disputaram o
poder político, aliando-se ao Estado em vários países e conjunturas.
Aliança que não perdeu de vista a dimensão estratégica da educação
como parte das medidas de enraizamento do protestantismo nos pla-
nos nacional e internacional. Para o aprofundamento destas questões,
conferir Almeida (2002), Chamon (2005), Hilsdorf (1977) e Nascimento
(2001), dentre outros.
As religiões africanas são um complexo de crenças e práticas
oriundas de antigos habitantes da região da África subsaariana. Mais
reprimida, revestida de preconceitos, associadas à feitiçaria e à bruxa-
ria, as religiões afro-brasileiras, como a quimbanda, umbanda e can-
domblé, difundem suas crenças por meio de estratégias mais invisíveis,
como as atividades variadas promovidas nos/pelos terreiros.
Após o período do colonialismo europeu e do período da escrava-
tura, houve a disseminação dessas práticas por outras partes do mun-
do, sobretudo para o continente americano, desenvolvendo-se mais
nas ilhas do Caribe, Brasil e México. No Brasil, embora não houvesse
proibição de culto, a Constituição de 1824, além de assumir a religião
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Para saber mais a respeito das estatísticas no Império, cf. senra, 2006.
Para acessar estes trabalhos, recomendamos a consulta nos portais da Sociedade Brasileira de História da Educa-
ção (www.sbhe.Org.br) e da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (www.anped.Org.br),
bem como às revistas destas duas associações, a Revista Brasileira de História da Educação e a Revista Brasileira de
Educação, respectivamente.
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A maçonaria surgiu na Inglaterra, na primeira metade do século XVIII, se difundindo pela Europa e pelos
Estados Unidos da América. Constituída por associações secretas, em princípio, sem fins políticos ou religiosos,
a maçonaria é considerada embrião da constituição dos espaços públicos modernos, viabilizando a formação do
“reino da crítica” no âmbito da sociedade civil. Em Portugal e na América Portuguesa, há indícios de sua pre-
sença desde finais do século XVIII. Após a Independência, nas décadas de 1820 e 1830, as lojas Grande Oriente
Brasileiro (1822), do grupo de José Bonifácio de Andrada e Silva, a Grande Loja Brasileira (1831), de oposição
política moderada, e as sociedades secretas radicais dos liberais chamados de Exaltados, foram as mais conhe-
cidas. Para compreender melhor a ação dos grupos maçons no Primeiro e no Segundo Reinados, consultar Bara-
ta (1999), Morel (2005) e o verbete Maçonaria (neves, 2002, p. 507).
As confrarias e irmandades eram associações corporativas sediadas nas Igrejas. Poderiam reunir membros de
várias origens sociais e étnicas ou se organizavam como associações de grupos étnicos, de cor, de classe ou
profissão. Ao longo do século XIX, existiram irmandades ligadas a comerciantes e artesãos, bem como aquelas
relacionadas aos pertencimentos étnicos, como as de “pardos” e “pretos”. Conferir Abreu (2002a, p. 390).
10 Por exemplo, em Portugal, ainda no final do século XVIII, foram criadas a Academia Real de Ciências de Lisboa
e o Colégio dos Nobres. No Brasil, no período joanino (1808 a 1821), foram criadas a Academia Militar, de Marinha
e a Academia Fluminense das Ciências e Artes. Na década seguinte, surgiram a Sociedade Literária do Rio de Ja-
neiro, a Sociedade Beneficente Musical, a Sociedade Philarmônica e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
11 Na década de 1830, em todo o Império, várias sociedades e agremiações se reuniram em torno de interesses
e confrontos políticos, tais como: as Sociedades Defensoras da Liberdade e da Independência Nacional, ligadas
aos grupos liberais moderados e que chegaram ao número de 89 sociedades, espalhadas por São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Goiás, Alagoas, Ceará, entre
outras localidades; as Sociedades Federais ou Federalistas, que defenderam posições que variavam da organi-
zação federal do Estado à forma republicana de governo, cujas sedes foram encontradas nas províncias onde
ocorreram as principais revoltas regenciais, como Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia e Grão-Pará; Sociedade
Conservadora da Constituição, relacionada aos restauradores e regalistas. Sobre o tema, consultar: morel (2005)
e grinberg (2002, p. 680-682).
12 Por exemplo, a Sociedade dos Pintores do Rio de Janeiro (1827), a Sociedade de Bem-Estar dos Caixeiros
(1834), Sociedade Animadora da Corporação de Ourives (1836). As associações corporativas e profissionais ten-
deram ao crescimento ao longo do século, sobretudo a partir de 1850.
13 Associação Filantrópica dos Suíços, em Nova Friburgo (1819); Sociedade Francesa de Beneficência (1836);
Sociedade Inglesa de Beneficência (1837); e Sociedade Portuguesa de Beneficência (1840).
14 A Associação Comercial do Rio de Janeiro, inicialmente Sociedade da Praça do Comércio, foi responsável
pela criação do Instituto Comercial (1856) e do Asilo dos Inválidos da Pátria (1869). A esse respeito, cf. cunha,
2006.
15 Por exemplo, a Sociedade de Colonização (1833) e a Associação Auxiliadora de Colonização e Imigração, em
São Paulo (1871).
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16 O período de maior crescimento das agremiações se deu a partir do final da década de 1820: 5 em 1829; 6
em 1830, 19 em 1831, 25 em 1832, 21 em 1833, 25 em 1836, 19 entre 1837 e 1839 (Morel, 2005, p. 265).
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17 Ao analisar o movimento associativo docente na Corte, Lemos (2006) realizou um levantamento das agre-
miações existentes na Província do Rio de Janeiro, na segunda metade do século XIX. Nas fontes localizadas
pelo autor, havia o registro de que, até 1879, havia aproximadamente 56 associações de auxílio mútuo, que
reuniram 138.174 associados. Nas décadas de 1880 e 1890 surgiram sociedades identificadas com categorias de
funcionários públicos e operários do Estado, representando 14,6% do total de agremiações. Na virada do século,
a tendência de diminuição das sociedades de auxílio mútuo deu lugar à emergência de agremiações profissio-
nais, como os grêmios e os sindicatos.
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18 Lyceu de Artes e Officios. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 nov. 1885. In: Relatorios do Lycêo de Artes e Officios
apresentados à Sociedade Propagadora das Bellas-Artes pelas Directorias de 1885 a 1888, p. 1-138.
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19 Polyanthéa Commemorativa da inauguração das aulas para o sexo feminino do Imperial Lyceu de Artes e
Officios. Rio de Janeiro, Typ. Lit. Laembert e C., 1881.
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noturnos para jovens e adultos nas últimas décadas do século XIX tam-
bém foram localizadas pela historiografia nas cidades de Pelotas e
Campinas (peres, 2002; souza, 1998).
Nas décadas de 1870 e 1880, os debates em torno do processo de
abolição da escravidão e, conseqüentemente, da reorganização das
formas de controle e do (re)ordenamento do trabalho foram problemas
que ecoaram, em todo o Império, tanto nos projetos de reforma edu-
cacional quanto no incremento das iniciativas da sociedade em prol da
instrução pública.
A idéia de civilizar e disciplinar a população estava diretamente
relacionada com a redefinição de percepções sociais a respeito da “ca-
ridade”, da “pobreza” e da “mendicância”. A partir de meados do sé-
culo XIX, a filantropia moderna questionava as práticas caritativas,
demonstrando a necessidade de intervir nos hábitos e comportamentos
das classes populares — não poucas vezes associadas às “classes peri-
gosas” —, por meio de campanhas educativas nas quais se exaltavam
princípios como a positividade do trabalho, do modelo familiar nuclear,
da economia, da moralidade e da religião. Cada vez mais a “pobreza”
e a “mendicância” eram associadas, nos discursos de médicos e higie-
nistas, a “vícios” e “degenerações” humanas. A filantropia ganhava
adeptos até mesmo no interior das irmandades religiosas, o que trouxe
mudanças nas perspectivas assistencialistas tradicionais. Nesse contex-
to, difundiu-se a idéia de que a educação das classes populares seria
um poderoso instrumento de “regeneração social”.
A preocupação com as crianças desvalidas e desamparadas, ter-
mos utilizados pelas elites dirigentes para legitimar suas estratégias de
intervenção sobre as infâncias das camadas mais pobres, incluía tam-
bém os filhos das escravas, nascidos de ventre livre a partir da Lei de
28 de setembro de 1871.
Uma destas agremiações, a Associação Municipal Protetora da In-
fância Desvalida, criada em 1871 sob a iniciativa da Câmara Municipal
do Rio de Janeiro, foi uma das mais importantes no período. Coadjuvan-
do os poderes públicos locais, a associação foi responsável pela constru-
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Asilo Agrícola de Santa Isabel foi erguido numa antiga fazenda de café,
próximo a Valença (schueler, 2000). A iniciativa, assim como a Colônia
Orphanológica de Pernambuco (arantes, 2005), representou a concreti-
zação das propostas de instruir as crianças e jovens pobres em colônias
e institutos agrícolas, tão debatidas nos Congressos Agrícolas do Rio de
Janeiro e do Recife, realizados em 1878 (fonseca, 2002).
A emancipação dos escravos e a educação dos libertos foram pro-
postas presentes na iniciativa do Grêmio dos Professores contra a Es-
cravidão (1884), criado pelos proprietários e mestres do Colégio Hewitt,
instituição particular da Corte. Seu objetivo era angariar recursos a
partir das contribuições dos associados e de doações públicas e parti-
culares, para a compra de alforrias de escravos, e promover a educa-
ção dos alforriados. No mesmo sentido, o Club de Libertos de Niterói,
criado em 1881 pelos abolicionistas José do Patrocínio e João Clapp,
oferecia cursos noturnos para adultos, inclusive escravos, libertos e
livres. Visando congregar todos os clubes abolicionistas do Império,
João Clapp liderou o movimento de organização da Confederação Abo-
licionista, que agregou instituições de cinco províncias, além da Corte
(grinberg, 2002a, p. 402). Sociedades beneficentes criadas por indivídu-
os negros, livres, libertos e escravos no Rio de Janeiro, para além de
procurar estabelecer redes de solidariedade e ajuda mútua para a
compra de alforrias, também reivindicavam direitos sociais, incluindo
o acesso à instrução primária (chalhoub, 2007, p. 233).
Por meio das iniciativas pontuais aqui brevemente enumeradas,
pudemos perceber que, ao longo do século XIX, diversos setores da
sociedade imperial se reuniram em agremiações privadas, leigas e re-
ligiosas para organizar modos de intervenção visando à constituição de
escolas primárias e profissionais, cursos noturnos para trabalhadores,
asilos e educandários para a infância pobre. Na maioria dos casos, as
agremiações receberam apoio pecuniário do governo, por meio de sub-
venções ou concessões de espaços físicos, como, por exemplo, as casas
alugadas ou a doação de materiais, livros e objetos escolares. Dentre
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“As casas para as escolas terão
acomodações para residência do
professor, sala para as classes e
exercícios de instrução, duas ou
três alcovas para dormitórios dos
discípulos internos, oratório para
a educação moral, e casa e quintal
para os exercícios de educação
física e ornicultura.”
(Regulamento da Instrução Primária da Província
do Amazonas, n. 1 de 8/3/1852)
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Escolas Elementares
Das oito escolas que se haviam criado para a instrução primária aqui, acham-
se apenas com professores as das Vilas de Maués e Ega e, com professora, a
do sexo feminino nesta Capital, porque o de meninos aqui, com moléstia
grave, faleceu, e os dos outros lugares, sem a menor cerimônia, abandona-
ram as cadeiras (Presidente da Província do Amazonas, 1852).
O século XIX pode ser O século XIX pode ser caracterizado como o
caracterizado como o tempo de invenção e legitimação da forma
tempo de invenção e
legitimação da forma escolar moderna no Brasil, ainda que iniciati-
escolar moderna no Brasil.
vas nesta direção possam ser evidenciadas
desde o período colonial, seja por meio das
iniciativas católicas, seja por intermédio das aulas régias. Deste mo-
do, pode-se afirmar que a construção mais efetiva da escola elemen-
tar ocorre simultaneamente ao projeto de organização do próprio
Estado Nacional.
Quando nos referimos à escola, consideramos as escolas voltadas
para diversos níveis de ensino (primeiras letras, secundárias e superio-
res), estatuto das mesmas (públicas, privadas e subvencionadas) e mo-
dalidades (profissionalizantes — militares, comerciais —, ou especiais
voltadas para o atendimento de cegos e surdos), além dos asilos, semi-
nários, conventos e outros tipos de internatos.
No Brasil, ao observar a capilarização do modelo escolar ao longo
do século XIX, fica perceptível a adesão do Estado, da Igreja e da so-
ciedade civil a esta forma de interferir no curso da vida e no funciona-
mento geral da sociedade. Adesão que implicou um investimento na
construção de uma malha escolar diferenciada, acionada e voltada pa-
ra públicos específicos, o que permite pensar o jogo social no qual a
escola foi inscrita e que, desde então, vem ajudando a delinear. Neste
momento, vamos nos deter no exame das chamadas escolas de primei-
ras letras, para debater o modelo destinado ao conjunto da população,
como já vimos nas prescrições da Lei Geral de Ensino de 1827, concen-
trando nossa atenção nas iniciativas provinciais ocorridas a partir do
Ato Adicional (Lei n. 16, de 12 de agosto de 1834), quando a competên-
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Número de
Estabelecimentos Número de alunos
Províncias estabelecimentos
ou escolas
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
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Número de
Estabelecimentos Número de alunos
Províncias estabelecimentos
ou escolas
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
374
Primárias Públicas 200 174 6.072 4.404 10.566
137
Primárias Particulares 72 65 1.041 665 1.695
2
Pernambuco Secundárias Públicas 781
13
Particulares Subvenc. 781
53
Particulares s/ Subvenc. 540
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Número de
Estabelecimentos Número de alunos
Províncias estabelecimentos
ou escolas
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
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Número de
Estabelecimentos Número de alunos
Províncias estabelecimentos
ou escolas
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
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Amazonas 7 7
Ceará 16 15 49 80
Pernambuco 20 7 52 79
Sergipe 11 4 33 48
Paraíba 6 3 34 43
Maranhão 7 1 34 42
Alagoas 6 3 12 21
Rio de Janeiro 4 5 31 40
Espírito Santo 3 5 11 19
Santa Catarina 7 2 21 30
Paraná 30 27 58 115
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Internatos e asilos
A difusão dos saberes elementares e aprendizagem de ofícios manuais,
ligados a postos nas manufaturas, indústria, comércio e oficinas, pare-
ce ter sido uma fórmula amplamente difundida no Ocidente, marcando
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A ironia aqui tem como referente uma frase de Guizot, citada pelo autor, em que afirmava ser a França o
país em que: “As afeições e as virtudes domésticas dominam tanto, fazendo da educação das crianças o objeto
da vida e constante solicitude dos pais”. In: Guizot, Mémoires pour servir à l’histoire de mon temps apud Riant,
p. 171.
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Imperial Senhor,
Venho aos pés de V.M.I. implorar que V.M.I. lance as sua vistas
para o Asilo dos Meninos Desvalidos de Vila Izabel que hoje são
muito maltratados com rigorosos castigos, andam muito mal ves-
tidos com roupa de algodão, servindo como presos da correição,
além disso, comem uma comida do gênero mais inferior11 que po-
de haver, os castigos são bárbaros que até fecham os meninos
dentro de um quarto e surram os pobres infelizes de correia.
Além disso, quando os meninos da banda acabam de tocar dão-
lhes um pão seco e ruim a cada um e nós, como mães, pedimos a
Proteção e esperamos de V.M.I. esse ato de bondade e caridade.
Nós, quando botamos nossos filhos lá, foi para eles terem educa-
ção, e não para servirem como negros escravos carregando pedras
na cabeça. V.M.I. tenha compaixão daquelas infelizes crianças
porque elas não são criminosas.
E. R. Mce.
Rio de Janeiro,...., de 1881.
11 No Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (Códice 13-4-19 — Título: Instrução Pública — Instituto Pro-
fissional Masculino — 1887–1909), há uma extensa documentação contendo um mapa com a tabela para a dis-
tribuição dos gêneros alimentícios dos meninos e dos empregados do Asilo, com os cálculos de consumo dos
alimentos e também os valores de cada refeição diária e anual. Alimentos: Açúcar refinado de 2ª; banha; arroz;
batatas; bacalhau; café em grão; “carne verde” e carne seca; fubá; massa para sopa; manteiga; toucinho; pão;
feijão preto; farinha; sal e vinagre; condimentos; “combustível”; sobremesa. A “carne verde” e o arroz compa-
recem em doze refeições semanais, seguida de carne seca que é servida oito vezes; batatas, sete; toucinho,
seis, e feijão preto, cinco. O pão e o “combustível” em quatro refeições; sobremesa uma vez na semana e ba-
calhau duas vezes semanais.
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1. Advertência em particular;
2. Advertência em público;
3. Repreensão em particular;
4. Repreensão em público;
5. Privação simples de recreio ou de passeio;
6. Privação de passeio ou de recreio, com trabalho;
7. Privação de mesa;
8. Prisão até por três dias, sem prejuízo do estudo e trabalho;
9. Expulsão do estabelecimento.
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da ineficácia da prisão de três dias. Outro ponto que merece ser obser-
vado se refere à possibilidade da expulsão, penalidade só aplicável
pelas autoridades máximas do estabelecimento, com anuência do Mi-
nistro. Em 1883, o destino dos expulsos passa a ser o trabalho nas for-
ças armadas, no âmbito das companhias de aprendizes ou corpo de
imperiais marinheiros. Outro ponto a ser lembrado é a prescrição em
relação ao crime cometido no interior do internato, prática que tam-
bém levaria os superiores a retirar o aluno e definir seu destino.
Cabe lembrar a alteração na idade de ingresso imposta pelo Regu-
lamento de 1883, elevando de 6 para 8 anos a idade mínima de entrada
no asilo, mantendo-se, contudo, o limite máximo de 12 anos. O que
pode ter promovido esta alteração? Dois elementos podem ser conside-
rados: o limite de atendimento a 200 alunos e a questão do trabalho
infantil. Ao fixar em 200 o número máximo de internos, o novo regula-
mento reduz a faixa de atendimento e o tempo de permanência do
aluno em seu interior para quatro anos. Ao mesmo tempo, se conside-
rarmos a orientação do internato como de preparação para o mundo do
trabalho, o novo limite de idade retira do asilo crianças de 6 e 7 anos,
provavelmente menos aptas para freqüentar as oficinas de desenho e
escultura, música, alfaiataria, encadernação, sapataria, marcenaria e
empalhador, carpintaria, latoaria e ginástica. Ao lado da idade, os “de-
feitos físicos” se constituíam em outro critério que impedia o acesso ao
asilo, quando impossibilitava os estudos e aprendizagem de artes ou
ofícios.
Ingressar no internato, como já assinalado, supõe a submissão a
sua disciplina, dentre elas a que prevê a exclusão do incorrigível. A
“despedida” dos alunos era decorrente de uma tripla combinatória: a
conclusão dos estudos, a não aprendizagem e a incorreção, do ponto
de vista moral e disciplinar. A “despedida” parece ser uma medida ge-
neralizada nas instituições, bem como aquilo que a motiva, como po-
demos observar no quadro dos alunos demitidos em 1850 na Casa dos
Educandos Artífices do Maranhão.
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Quadro 3. Expulsos
Alienação mental 1
Obstrutos 3
Constituição deteriorada 1
Inércia habitual 2
Rudez de entendimento 2
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Ano de
Província Nome da Instituição
criação
12 De acordo com Rizzini (2001), as províncias de Minas e Sergipe organizaram projetos para a instalação de
colégio/institutos de educandos, que não foram efetivados (Sergipe: Resolução n. 441 de 21/8/1856 e Minas
Gerais: Projeto de 1876 para criação de 3 institutos de menores artífices). Para o exame de Institutos Profissio-
nais femininos na cidade do Rio Janeiro, temos os trabalhos de câmara (1997) e bonato (2003). Para o caso minei-
ro, cf. faria filho e veiga (1999). No que se refere a outras formas de lidar com a infância pobre no Rio de Janei-
ro, no período republicano, cf. vianna, 2002.
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Ano de
Província Nome da Instituição
criação
Rio Grande
Colégio de Educandos Artífices 1859
do Norte
Rio Grande
Arsenal de Guerra do Exército 1774
do Sul
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13 O livro Doidinho (1933) é tido como uma continuidade do livro de estréia Menino do Engenho. Neste, o
protagonista, o menino Carlos de Melo — Carlinhos, em família — vai viver com seu avô, o Coronel José Paulino,
dono do engenho Santa Rosa e, de certa medida, também de seus moradores. No segundo livro, encontramos
o mesmo Carlos, um pouco mais velho, mas ainda menino, enfrentando outra instituição: o Instituto Nossa
Senhora do Carmo, mais conhecido como “o colégio do Seu Maciel”, onde ele se torna um dos alunos internos
e recebe o apelido de Doidinho. À exceção de umas férias passadas no engenho do avô, toda a ação do livro
transcorre dentro do colégio, cujo cotidiano é hábil e dolorosamente dissecado pelo narrador. Da péssima
comida (que não tinham o direito de recusar) aos piolhos de que todos estavam contaminados, dos banhos de
cuia aos “bolos” de palmatória, do professor autoritário ao colega de hábitos perversos, cada ação, pensamen-
to e sentimento de Doidinho exibem um nervo exposto da experiência de um menino submetido à disciplina
de um internato.
14 Outras experiências da formação escolar foram narradas, em textos de caráter autobiográfico, por Nabuco
(1947), Ramos (2003) e Amado (1966), por exemplo. Estas são fontes ricas para se poder pensar o efeito da
escola do ponto de vista do aluno.
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Colégios e liceus
“Nós levamos nas mãos, o futuro
De uma grande e brilhante Nação
Nosso passo constante e seguro
Rasga estradas de luz na amplidão.
Nós sentimos no peito, o desejo
De crescer, de lutar, de subir
Nós trazemos no olhar o lampejo
De um risonho e fulgente porvir.
Vivemos para o estudo
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Soldados da ciência
O livro é nosso escudo
E arma a inteligência.
Por isso sem temer
Foi sempre o nosso lema
Buscarmos no saber
A perfeição suprema.
Estudaram, aqui, brasileiros
De um enorme e subido valor
Seu exemplo, segui companheiros
Não deixemos o antigo esplendor.
Alentemos ardente a esperança
De buscar, de alcançar, de manter
No Brasil a maior confiança
Que só pode a ciência trazer.
Vivemos para o estudo
Soldados da ciência
O livro é nosso escudo
E arma a inteligência.
Por isso sem temer
Foi sempre o nosso lema
Buscarmos no saber
A perfeição suprema”.
Hino oficial do Colégio Pedro II, executado e cantado pela primeira vez em 2 de dezembro de 1937.
Letra: Bacharel Hamilton Elia. Música: Maestro Francisco Braga.
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As famílias que
sas províncias possibilita um reconhecimento
desejassem, e pudessem dos anúncios de contratação de professores(as)
pagar, uma formação mais
por parte das famílias abastadas, o anúncio de
estendida para suas filhas
tinham três alternativas:serviços docentes oferecidos por vários profes-
a contratação de
preceptoras, o envio à sores, bem como a propaganda feita pelos pro-
malha de escolas privadas
femininas existentes nas
prietários de escolas privadas, masculinas e fe-
províncias ou a clausura mininas. Os almanaques produzidos no século
dos conventos.
XIX são uma fonte importante para se observar
essa movimentação. Para aprofundar esse debate, recomendamos os
trabalhos de Haidar (1972), Lopes, Faria Filho e Veiga (2003), Pinho
(2005), Barreto e Pinho (2006), Menezes (2006) e Limeira (2007).
Outro aspecto diz respeito aos custos para se manter um menino
no colégio. Ao lado das mensalidades, há que se considerar também o
que se gastava com os “enxovais”. A título de exemplo, o regulamento
aprovado em 17 de fevereiro de 1855 estabelecia quatro classes de
alunos: pensionistas de 1a classe, pensionistas de 2a classe, meio-pen-
sionistas e externos. Para todos, a matrícula custava 12$000, sendo a
diferença evidenciada no valor pago a cada três meses, o que tinha
efeito naquilo a que cada aluno teria direito. Vejamos os valores:
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Medicina e Direito
de para disciplinar a vida individual e social;
apresentavam-se à um com a Lei, outro com o Remédio.
sociedade como campos
de conhecimento Quanto à formação dos bacharéis, o tra-
autorizados a solucionar balho de Adorno (1988) problematiza a preo-
os problemas da nação.
Não por acaso, na cupação com a formação científica dos nossos
sociedade brasileira
o título de “doutor”
“homens da lei”. Ao analisar a estrutura curri-
permanece como cular, práticas de ensino-aprendizagem, meca-
representação simbólica
de distinção, poder nismos burocrático-administrativos, composi-
e autoridade. ção e relação entre corpo docente e corpo
discente, produção e práticas de qualificação
intelectual dos acadêmicos da Faculdade de Direito de São Paulo
(FDSP), entre 1825 e 1883, conclui que as salas de aula não se consti-
tuíram em único espaço responsável pela profissionalização dos bacha-
réis. Neste sentido, ele afirma:
Conquanto os princípios lapidares da ciência do Direito fossem transmitidos
em sala de aula, o aprendizado foi caracterizado pelo autodidatismo, não
consolidou a formação de discípulos e sequer foi dotado de padrões mínimos
uniformes no desempenho de suas atribuições pedagógicas. A diversidade na
composição do corpo docente revela contradições relacionadas quer a uma
conformação ideológica que buscou conciliar, no mesmo espaço institucio-
nal, fundamentos filosóficos de distintas origens, quer às ambivalências de-
correntes do contraste entre a academia formal e a academia real. Essas
contradições desnudam, por sua vez, uma conclusão profundamente intimi-
dativa e, a um só tempo, perturbadora: o “segredo” do ensino jurídico no
Império foi, justamente, o de nada ou quase nada haver ensinado a respeito
de ciências jurídicas (p. 236-237).
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17 Com relação a este último aspecto, recomendamos a leitura do trabalho de Antunes (1999), no qual ele
analisa a repercussão na imprensa de casos que podem ser incluídos no ainda impreciso campo da medicina legal.
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18 A presença do discurso médico na grande imprensa pode ser aquilatada pelo trabalho de Antunes (1999)
quando este analisa os casos médicos (1870-1930) que mereceram ocupar, alguns por um tempo significativo,
as páginas dos jornais, provocando o interesse dos editores e dos leitores.
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19 Digno de registro é o fato de que a SMRJ também começou a se organizar no interior da Santa Casa de
Misericórdia do Rio de Janeiro, donde é possível reconhecer a condição de nucleadores no processo de organi-
zação da medicina no Brasil exercida por esses hospitais.
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cias para a matrícula no primeiro ano do curso não eram muito severas.
O candidato deveria ler e escrever correntemente, observando-se que
“bom será que entendam as línguas francesa e inglesa”, podendo, en-
tretanto, efetuar exames dessas duas línguas no decorrer do curso, que
se completava em cinco anos. Com isto, o plano do Dr. Carvalho rece-
beu o jocoso cognome de “Bom Será”.
A transformação das duas escolas em academias implicou, na ótica
de Schwarcz, uma maior institucionalização dos cursos médicos. O pro-
grama foi reformulado, ampliado, e novas regras foram implementadas.
Dentre elas, a mais relevante diz respeito ao estatuto profissional dos
alunos recém-formados: terminados os exames do quinto ano, os apro-
vados recebiam a carta de “cirurgião aprovado”, sendo que os bons
estudantes que desejassem repetir as matérias do quarto e quinto anos
receberiam o registro de “formados em cirurgia”, correspondendo a
uma espécie de bacharelado na área. Com isto, continua esta autora:
Criava-se, dessa maneira, uma nova rede de hierarquias, na medida em que
o cirurgião gozava de uma série de regalias que não se estendiam ao cirur-
gião aprovado, mas ambos deviam se submeter à avaliação e licença outor-
gada pelo cirurgião-mor do Reino (1995, p. 195).
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20 As instalações da Santa Casa de Misericórdia foram utilizadas para o funcionamento da FMRJ, ao longo de
grande parte do século XIX. Uma das tentativas de transferência para um espaço próprio deu-se com o aluguel de
uma casa situada na rua Santa Luzia, e outra deu-se com a transferência para a Rua dos Borbonos, 66 (atual rua
Evaristo da Veiga, onde funciona um batalhão da Polícia Militar). Esta medida não encontrou apoio junto aos
membros da Congregação que achavam o local distante, impróprio e de dispendiosa adaptação (Maia, 1995, p. 56)
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21 Na Faculdade de Medicina de Coimbra, só a partir de 1858 é que foi concedida a oportunidade aos acadê-
micos de escreverem as suas teses em língua portuguesa, de acordo com o estudo de Crespo (1990).
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22 Esta medida representa uma alteração nos procedimentos terapêuticos até então em vigor, constituído
pelo uso de “bichas e sangrias”, de acordo com Maia (1995, p. 26). Neste sentido, a terapêutica médica ensi-
nada no interior das Faculdades deveria estar amparada em outros métodos, menos empíricos, e combater os
abusos cometidos em nome da medicina. Em 1848, o farmacêutico Dr. Sebastião Vieira do Nascimento ainda
demonstrava preocupação com a questão dos abusos cometidos pela ciência médica em tese que sustentou
junto à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, intitulada: Breves considerações sobre os abusos da Sciencia
em Geral, em particular sobre os da Medicina. Ao final de sua tese ele afirma: “Esta sciencia, cantada e endeo
sada no culto Egypto, onde houve templos, sacerdotes, e altares, he entre nós o fóco da immoralidade, e o
flagelo do genero humano! Ao veneno, ao punhal, e ao ouro ouvimos muitas vezes dar o nome de Medicina! Á
um ascaroso covil o de templo da Medicina. Tal he a nossa illustração” (p. 11). Cabe registrar que a indignação
deste médico-farmacêutico coloca, no horizonte de combate, o charlatanismo e a homeopatia.
23 Embora a reforma de 1820 já tivesse contemplado os estudos de botânica e química, estes passam a ter um
tratamento mais destacado com a reforma de 1832.
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longo de seis anos. O ano letivo deveria ser iniciado no dia primeiro de
março e ser finalizado no último dia de outubro, o que não significava
término das atividades escolares, visto que estas incluíam os exames
anuais, os quais deveriam ser realizados até o dia 20 de dezembro.
Nesse calendário, estavam previstos “feriados” apenas nos dias santos
e nos de Festa Nacional, excetuando-se desta disposição o funciona-
mento das clínicas, para as quais não haveria feriado.
Conhecimentos ou matérias médicas mais especializadas, elevação
do seu número, fixação da necessidade de uma formação de longa du-
ração, estabelecimento de professores-médicos especializados para ca-
da uma das matérias, distribuição do tempo escolar, de regras de ava-
liação, separação de competências entre o médico, o farmacêutico e a
parteira, bem como a proibição da atividade dos leigos (posta em uma
região, não mais apenas de ilegitimidade, mas, desde então, também de
ilegalidade), tudo isto produzia uma nova arquitetura para a medicina
no Brasil. Em conjunto, tais procedimentos concorriam para a constitui-
ção de um monopólio sobre a “arte de curar”. Tudo isto contribuía para
que as faculdades passassem a ser reconhecidas como um espaço de
saber específico, como um templo do saber e da racionalidade médica.
Esse princípio, a despeito das reformas que se sucederam, não foi ja-
mais alterado. Como pedra fundamental do templo da razão médica, a
formação escolar é critério, exigência e condição necessária para o ple-
no exercício do fazer médico, embora isso não seja suficiente para as-
segurar o pleno êxito do ensino24 e das intervenções médicas, como
admitia, em 1848, o Dr. Nascimento.
O recurso a uma formação que se pretendia cada vez mais diferen-
ciada, mais especializada, não se constituiu em propriedade exclusiva
dos campos médico e jurídico. Ela também pode ser evidenciada na
formação dos militares e artistas, por exemplo.
24 Diferentes autores da história da medicina do Brasil salientam a fragilidade das condições em que a forma-
ção médica se dava. No caso do Rio de Janeiro, o problema do espaço físico da faculdade é, por exemplo, algo
que permanece indefinido até 1918, quando foi inaugurado o edifício próprio na Praia Vermelha. Até então, por
esse motivo, a parte de clínica e de anatomia enfrentava problemas para que tais disciplinas fossem ensinadas
de modo satisfatório.
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com perfeição nas doutrinas, aliás vastas, difficeis e variadas, destes ramos
da sciencia do engenheiro, tão distinctos e de tão diversa applicação.25
Categorias/
1855 1856 1857 1858 1859 1860 1861 1862 1863 1864
Ano
Civis 156 182 255 312 169 195 148 150 136 139
25 Relatório apresentado à Assembléia Geral Legislativa na segunda sessão da décima legislatura pelo Minis-
tro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra Jerônymo Francisco Coelho. Rio de Janeiro: Typographia
Universal de Laemmert, 1858. (apud Cunha, 2006).
26 O externato foi autorizado através da Lei n. 1836, de 27/09/1870, e regulamentado em 17/01/1871.
27 Relatório apresentado à Assembléia Geral Legislativa na terceira sessão da décima quarta legislatura,
pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha Dr. Manoel Antonio Duarte de Azevedo. Rio de
Janeiro: Typographia do Diário do Rio de Janeiro, 1872.
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28 Relatório apresentado à Assembléia Geral Legislativa na quarta sessão da décima quinta legislatura, pelo
Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha Joaquim Delfino Ribeiro da Luz. Rio de Janeiro: Typo-
graphia Nacional, 1874.
29 Lei n. 2.670, de 20/10/1875.
30 Decreto n. 1.660, de 8/02/1879.
31 Decreto n. 9.611, de 26/06/1886.
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32 Dados gerais extraídos do portal www.itaucultural.Org.br. Acesso em: 20 de junho de 2007.
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“Ninguém poderá ensinar primeiras
letras em escola pública ou particular,
sem licença do Presidente, e sem que
se habilite pelo tempo preciso para ser
examinado na Escola desta capital,
que será Normal pelo sistema do Barão
Degerando, devendo o método de ensino
em todas as escolas ser o simultâneo.
Os que ensinarem sem a dita licença
pagarão uma multa de 100 mil réis para
a Fazenda Provincial, e serão punidos
com as penas de desobediência se
continuarem.”
Regulamento da Instrução Primária da Província
do Amazonas, n. 1, de 8 de março de 1852.
Professores
Ser professor no Império Português: das corporações
religiosas aos professores régios
Nos manuais de História da Educação Brasileira é comum encontrarmos
a afirmativa de que os jesuítas foram os nossos primeiros professores.
Através da língua e da linguagem, oral e escrita, os missionários encon-
traram terreno fértil para semear idéias e crenças consideradas como
padrão de uma civilização — a cultura cristã, católica e reformada,
branca, européia versus a natureza das terras virgens dos Trópicos e
animalidade dos corpos e mentes dos “infiéis” que nelas habitavam
(neves, 1978). A catequese, o ensino das primeiras letras, a leitura das
Sagradas Escrituras, o estabelecimento de formas modernas de educa-
ção escolarizada e institucional, como as escolas e os colégios, a cons-
tituição das aldeias e missões indígenas — todas estas estratégias edu-
cativas permitiram a construção, sempre tensa e contraditória, de
laços e nexos, complementares, porém, hierarquizados, entre as duas
faces da moeda colonial, os colonizadores e os colonos.
Sem dúvida, os jesuítas foram mestres na arte de ensinar e apren-
der. Com a função docente, inerente à reprodução da própria ordem
religiosa, os mestres jesuítas cumpriram seus objetivos de intercomu-
nicação e estabeleceram a ponte necessária para a realização de sua
missão. Souberam compreender, condensar e reelaborar a multiplici-
dade de línguas faladas pelas diversas comunidades étnicas destas ter-
ras americanas (todorov, 1992). A ação da Companhia de Jesus se cons-
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Alvará Régio de 28 de junho de 1759, que criou as aulas de gramática latina, retórica e grego, e a Lei de 6 de
novembro de 1772, que regulamentou as aulas de leitura, escrita e cálculo, além das cadeiras de filosofia. Sobre
as aulas régias, consultar, entre outros, carvalho (1978), neves (2002, p. 55-59), maxwell (1997) e cardoso (2003).
Diretoria de Instrução Pública do Pará. Mappa das Cadeiras de Instrucção Primaria, 18/12/1850 (IHGB — Co-
leção Manuel Barata).
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De acordo com Garcia (2005), embora o estudo de Nóvoa tenha privilegiado os professores do ensino pri-
mário, sua análise pode fornecer elementos para a compreensão da profissão docente em outros níveis do en-
sino, levando em consideração o desenvolvimento precário do secundário e superior neste período. A autora
destaca que no Brasil a profissão docente também foi configurada a partir do seu grau elementar, embora re-
conheça a existência de dispositivos de recrutamento (exames, concursos, regulamentos) que indicam a pre-
sença do Estado na configuração do corpo profissional destinado ao ensino secundário e superior.
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Segundo Mendonça e Cardoso (2006), a reforma de 6 de novembro de 1772 foi direcionada à concretização
de três objetivos principais: “O primeiro deles foi o esforço em reformar os Estudos Maiores, substituindo os
antigos Estatutos da Universidade de Coimbra; o segundo objetivo foi a criação de um imposto específico, o do
Subsídio Literário, para financiar as reformas então em andamento no campo da educação, principalmente as
relacionadas aos Estudos Menores. O terceiro objetivo da reforma dos estudos pode ser apreendido no empenho
em relançar na prática, em todo o Reino, o sistema de ensino criado com as Aulas Régias.”
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Conforme Mendonça e Cardoso (2006), os ordenados dos professores relacionavam-se diretamente à ordem
de importância atribuídas a cadeiras ou aulas régias. Quanto mais próximas dos Estudos Superiores, maiores
eram os salários. Do mesmo modo, os salários também eram maiores nas cidades e vilas consideradas mais
importantes. Além disso, a remuneração dos professores de uma mesma categoria não era fixa, apresentando
variações e alterações em função de determinadas situações específicas. A situação dos professores substitutos
se manteve instável e precária, percebendo estes os menores salários. Para Pernambuco, no início do século
XIX, Silva (2006, p. 92) apontou que os salários de professores de primeiras letras variavam entre 80$000 a
150$000, sendo este último valor relativo às principais cidades, como Recife e Olinda. Já os professores régios
das cadeiras isoladas percebiam entre 240$000 e 440$000. A remuneração dos professores de primeiras letras
era baixa se comparada ao preço de um escravo padrão (valor da “mercadoria” de maior qualidade, ou seja,
homem, entre 18 e 25 anos, saudável), que então chegava a 150$000 em Pernambuco.
Os professores régios, pelo Alvará de 1759, possuíam foro de nobreza (fernandes, 1994).
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O primeiro concurso para professores públicos realizado no Brasil aconteceu em Recife, a 20 de março de
1760, e a fim de que fossem aceitos ao exame os candidatos teriam que “apresentar documentação atestando
seus bons antecedentes, sendo submetidos a uma investigação de suas vidas e os seus costumes, não se permi-
tindo a inscrição daqueles cujas informações fossem desabonadoras de seu comportamento”. No Rio de Janeiro,
os primeiros exames para professores régios de Gramática Latina foram realizados em 7 de maio de 1760, con-
forme Garcia (2005, p. 111).
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Quanto à regra da maioridade (25 anos), havia exceções constitucionais (art. 92, Capítulo VI, Constituição
do Império do Brasil de 1824): cidadãos maiores de 21 anos, desde que fossem casados e/ou Oficiais Militares,
Bacharéis e Clérigos das Ordens Sacras estavam aptos a ingressar nos cargos públicos. Em relação à comprova-
ção da conduta moral, os atestados e as cartas apresentadas pelos candidatos ao magistério deveriam ser obti-
dos com autoridades civis e eclesiásticas, bem como com pessoas influentes nas localidades em que residissem
ou que pretendiam lecionar.
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zo, e a custa de seu ordenado, quando não tenha necessária instrução desse
método.10
10 BN — Brasil, Colleção de Leis do Império. Rio de Janeiro. 1882. Sobre o método de ensino mútuo, consultar
Bastos e Faria Filho, 1999 e Bastos, 2005.
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11 As leis provinciais, ao longo do século, instituíram a obrigatoriedade da instrução escolar primária, como,
por exemplo: Minas Gerais (1835), Ceará (1836), Rio de Janeiro (1837), Mato Grosso (1837), Piauí e Pernambuco
(1851), Pará (1851), Amazonas (1852), Corte (1854). O princípio da obrigatoriedade, pela sua ineficácia, foi
constantemente reiterado nos projetos e reformas educacionais posteriores, em todo o Império.
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12 A historiografia da educação, desde o final dos anos 1990, tem se dedicado a investigar o processo de cons-
tituição dos sistemas de instrução pública provinciais, notadamente quanto ao aspecto da profissionalização
docente, com esforços significativos para as províncias referidas, consultar, por exemplo: para o Rio de Janeiro,
Villela (2002), Villela e Gasparello (2006), Schueler (2002), Gondra (2004), Borges (2004), Teixeira (2004), Ueka-
ne (2005, 2006), Garcia (2005), Lemos (2006), Limeira (2007); para Minas Gerais, Rosa (2000, 2003, 2006), Nas-
cimento (2002), Veiga (2002); para Santa Catarina, Luciano (2000). Para uma visão mais abrangente, recomenda-
se a consulta aos Anais dos Congressos Brasileiros de História da Educação, disponíveis na página institucional da
Sociedade Brasileira de História da Educação: www.sbhe.Org.br
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13 Os exames públicos eram realizados, periodicamente, por uma banca examinadora formada por professo-
res públicos e particulares, ou outras pessoas de notório saber nas disciplinas específicas de instrução primária
e secundária. Esta banca era nomeada pelo Ministério do Império, após a indicação do Inspetor Geral e a con-
sulta prévia ao Conselho Superior de Instrução. Os candidatos aprovados nestes exames, considerados capazes
e habilitados para a atividade docente, adquiriam a licença para lecionar ou dirigir escola pública ou privada,
cuja comprovação se dava através de um documento denominado Título de Capacidade, emitido pelos órgãos
executivos, isto é, a Inspetoria Geral e o Ministério do Império.
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A docência era
dócio, a burocracia, a militância política e o
ambiguamente localizada comércio, o que fazia com que os professores,
em algum lugar entre o
sacerdócio, a burocracia, públicos e particulares, estivessem sempre no
a militância política e o centro de disputas em meio a uma gama de
comércio, o que fazia
com que os professores, interesses políticos locais extremamente va-
públicos e particulares,
estivessem sempre no
riados (interesses da política local, do Estado,
centro de disputas em da Igreja, dos pais e das famílias). Em contra-
meio a uma gama de
partida, os professores buscaram usar o lugar
interesses políticos locais
extremamente variados que ocupavam na sociedade como porta de
(interesses da política
acesso às redes de clientela e meio de obten-
local, do Estado, da Igreja,
dos pais e das famílias).
Em contrapartida, os
ção de benesses do Estado. O que, em certa
professores buscaram usar medida, para os historiadores da profissão do-
o lugar que ocupavam na
sociedade como porta de cente, explicaria a vitória, ainda que contes-
acesso às redes de tada e turbulenta, do processo de estatização
clientela e meio de
obtenção de benesses e a conseqüente incorporação dos mestres ao
do Estado.
corpo de funcionários públicos — portanto, sua
adesão, em maior ou menor nível, ao controle
estatal (nóvoa, 1991; vilella, 2002).
Como argumentou Silva (2006), muito embora o magistério públi-
co de primeiras letras fosse exercido por homens e mulheres das cama-
das médias e pobres, ele permitia àqueles que a ele se dedicasse o
desfrute de um cargo vitalício; passível de ser exercido em todas as
Províncias; portador de um significativo prestígio social em meio às
camadas mais modestas da sociedade; e significativamente valorizado
para o ingresso nas redes locais de clientela e proteção.
Entre os privilégios estabelecidos pela legislação aos professores
oficiais estava o de solicitar ao Estado as gratificações por tempo de
serviço, além da aposentadoria do serviço público obtida, em média,
entre 21 a 25 anos completos de carreira, limites que variaram nas leis
provinciais do Império.14
14 Uma compilação das leis e reformas de instrução provinciais, de consulta sempre indispensável, foi reali-
zada por Moacyr (1940). Para algumas províncias, há publicações organizadas pela Sociedade Brasileira de His-
tória da Educação, em parceira com o Inep, nas quais se pode consultar a legislação educacional do século XIX,
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como já assinalado. Parte deste material pode ser consultado na página do Inep: www.inep.gov.br.
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15 A respeito das viagens de professores, conferir os artigos da coletânea Viagens pedagógicas, organizada por
Mignot & Gondra (2007).
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portanto, o professor é tudo; e só por força do absurdo que nada vale pe-
rante uma sociedade constituída como nós somos!
16 O autor encontrou indícios da organização de algumas associações docentes na Corte que procuravam repre-
sentar a classe, a saber: Caixa Beneficente da Corporação Docente do Rio de Janeiro (1875); Associação dos Pro-
fessores Públicos da Corte (1877); Instituto Pedagógico (1877); Sociedade Ateneu Pedagógico (1877); Grêmio dos
Professores Públicos Primários da Corte (1882); Comissão dos Professores Públicos de Instrução Primária do Muni-
cípio da Corte (1888). Cf. lemos, 2006, capítulo 5.
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A questão da qualificação
No decorrer do século XIX, intensificou-se a
docente no século XIX foibusca de maior definição na política de sele-
palco dos mais intensos
ção e recrutamento de professores, o que se
debates e conflitos, já que
diferentes modelos de
expressava nas reformas curriculares e nas dis-
formação de professores
estavam em pauta. cussões pedagógicas gerais sobre modelos dis-
tintos de formação docente. O tema da forma-
ção prévia dos professores foi recorrente nas discussões da época,
como se pode perceber nas diversas tentativas de introdução de um
modelo escolarizado de preparação para o magistério, por meio das
Escolas Normais.
A defesa das Escolas Normais pode ser observada nos Relatórios dos
Presidentes de Província e nos Relatórios do Ministério do Império:
A criação de uma escola normal para a habilitação do pessoal que se desti-
nar ao magistério é, a meu ver, a necessidade mais urgente do ensino pri-
mário. Na corte e nas províncias torna-se de dia em dia mais sensível a falta
de pessoas idôneas para o desempenho destas graves funções. Um estabe-
lecimento desta natureza que aqui se criasse em escala conveniente, pro-
duziria os melhores resultados e concorreria para a regeneração do magis-
tério, do qual depende essencialmente o progresso da instrução pública
(Relatório do Ministério do Império, 1861).
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Funcionamento
Províncias Criação oficial Interrupções
efetivo
Amazonas 1882
Maranhão
Ceará 1881
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Funcionamento
Províncias Criação oficial Interrupções
efetivo
Rio Grande do
1873 1873 a 1881 1882
Norte
Goiás 1881
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17 Philippe Ariès há muito havia observado que os sistemas de aprendizagem de ofícios, disseminados a partir
do período medieval, caracterizavam-se pela mistura das idades, na medida em que nesta modalidade de edu-
cação as crianças viviam no meio dos adultos, que lhes comunicavam o savoir faire e o savoir vivre (Ariès, 1981,
p. 16).
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pois eles seriam aproveitados como regentes das escolas vagas aos 18
anos de idade, momento no qual seus vencimentos passariam de
360$000 mil réis a 600$000 ou 800$000, conforme regessem escolas
suburbanas ou escolas urbanas, respectivamente. Além disso, os adjun-
tos das escolas públicas adquiriam o privilégio de poder requerer a li-
cença para dirigir escolas ou lecionar em colégios particulares, sem a
necessidade de comprovar a capacidade para o ofício, exigência que se
fazia aos demais professores particulares.
Como foi visto, os professores e as professoras escolhiam os assis-
tentes, a partir do exercício das atividades docentes, entre os meninos
e as meninas julgados mais aptos à aprendizagem do ofício, pelo domí-
nio que apresentavam das situações e das disciplinas elementares.
Nesse sentido, pode-se afirmar, como o fez Mariano Narodowski, que a
escola primária oitocentista “ensina por si mesma”, isto é, que era do
interior dos processos de ensino e das experiências escolares cotidia-
nas, que se realizava a formação prática e se viabilizava a reprodução
do ofício de mestre-escola (narodowski, s/d).
Um aspecto a ser destacado nesta política de formação pela prá-
tica era sua dimensão econômica. De acordo com os seus defensores,
este modelo de formação era uma opção de menor custo se comparado
ao modelo das Escolas Normais, implementado nas Províncias do Rio de
Janeiro e do Espírito Santo, sob a idealização do mesmo homem, o
saquarema Couto Ferraz. Ainda que esta opção não tenha sido aceita
com unanimidade no interior do próprio grupo que dirigia e executava
a política educacional — o que resultou numa tensão permanente entre
ambos os modelos de formação de professores no decorrer do século
XIX —, a economia do sistema de formação pela prática se expressava
na possibilidade de se atingir, ao mesmo tempo, os objetivos de esco-
larizar a população e garantir a reprodução do magistério, sem arcar
com as despesas necessárias à manutenção das escolas pedagógicas.
A regulamentação dos adjuntos implicava, por outro lado, a valo-
rização da reprodução da docência pela prática, no interior das esco-
las, através de um complexo e tradicional sistema de aprendizagem do
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Meninas e mulheres
Nas últimas décadas, as mulheres e a constituição das relações entre
os sexos têm sido objetos privilegiados da historiografia internacional
e brasileira. Neste aspecto, foi salutar a contribuição dos estudos re-
centes, que preocupados com os processos de construção de identida-
des coletivas, abriram caminhos para a investigação a respeito de uma
ampla variedade de grupos sociais até então “excluídos”, como mulhe-
res, crianças e jovens, operários, camponeses, escravos e pessoas co-
muns (perrot, 1988). Consideradas a partir da diversidade de suas expe-
riências e trajetórias e da multiplicidade de suas condições de classe,
etnia, faixas etárias, crenças religiosas, enfim, as mulheres foram al-
çadas à condição de objeto da reflexão histórica (soihet, 1997).
Pluralizando-se os objetos e os sujeitos da História, parte dos his-
toriadores proporcionou a reavaliação da produção escrita existente
sobre as mulheres, o que, felizmente, vem acarretando a necessidade
de investigar a construção social das relações de gênero, flexionando-
as no plural e conjugando-as a partir de uma perspectiva relacional. Tal
reviravolta na historiografia abandonou a idéia da suposta existência
de natureza feminina que, freqüentemente, opunha as mulheres/do-
minadas/submissas aos homens/dominadores (scott, 1991). Segundo
esta posição, as mulheres na história ora apareciam sumariamente sub-
jugadas ao poder masculino, ora como rebeldes e revolucionárias, pro-
tagonistas, uma espécie de heroína à frente de seu tempo.
Sem dúvida, o movimento feminista dos anos 1970 contribuiu pa-
ra a emergência da história das mulheres,
acompanhando as lutas e campanhas pela
Consideradas a partir
afirmação da identidade coletiva e ampliação da diversidade de suas
experiências e trajetórias
dos direitos civis, sociais e trabalhistas e a de-
e da multiplicidade de
fesa da liberdade de escolha individual das suas condições de classe,
etnia, faixas etárias,
mulheres a respeito de sua sexualidade, suas crenças religiosas, enfim,
funções na família e no exercício da materni- as mulheres foram alçadas
à condição de objeto da
dade. No entanto, se buscavam construir uma reflexão histórica.
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18 No que se refere à educação da mulher no período colonial, cf. Ribeiro (2000).
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19 De acordo com esta perspectiva, apesar de a legislação imperial prever escolas para meninas, “a população
feminina era de fato marginalizada do sistema escolar. Nas camadas populares obviamente nem se cogitava da
sua instrução, ao passo que, nas camadas médias e superiores, elas recebiam em graus variados uma educação
doméstica” (xavier, ribeiro, noronha, 1994, p. 75).
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20 Conferências Pedagógicas. Trabalhos da Sétima. 18 a 20 de dezembro de 1883. Rio de Janeiro: Typographia
Nacional, 1883. p. 95.
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21 Os dados apresentados pelos autores para Minas Gerais apontam para o crescimento tanto no número de
matrícula e freqüência de meninas nas escolas primárias quanto no número de mulheres exercendo a docência.
Neste caso, em 1857, havia 13,5% mulheres, percentual que se elevou para 44% em 1884. No decorrer do perío
do, a participação masculina no magistério também se manteve elevada (faria filho et al., 2005, p. 61-62).
22 Os estudos sobre a profissão docente no século XIX brasileiro vêm redimensionando a propalada idéia de que
a carreira era valorizada economicamente, conferindo elevada remuneração e prestígio aos seus membros. No
que se refere ao exercício docente nas escolas públicas primárias, por exemplo, há indícios de que os salários,
ao longo deste período, eram baixos, sendo motivo de protestos e reivindicações constantes dos professores e
das professoras, em que pesem os discursos ideológicos que enfatizavam a centralidade da missão social, da
vocação, do status e do prestígio simbólico associados às representações sobre as funções docentes, como já
abordamos no item relativo aos professores.
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Negros
Educação dos Negros e História da Educação
Pelos idos de 1839, Cosme Bento das Chagas, quilombola, nas fazendas
da região do Itapecuru-Mirim, no Maranhão, liderou uma das principais
insurreições escravas do período regencial, em meio aos confrontos e
às guerras civis promovidas pela Balaiada. Embora não se conheça mui-
to sobre a sua vida, sabe-se que ele nasceu escravo, em Sobral, no
Ceará, no início do século. Alforriado, passou a viver no Maranhão,
onde foi preso, acusado pelo crime de homicídio, tendo fugido da ca-
deia de São Luís em 1830. Retornando a Itapecuru-Mirim, Preto Cosme,
como era então conhecido, teve papel fundamental na resistência qui-
lombola e na ação dos escravos e libertos que participaram do movi-
mento balaio (engel, 2002, p. 590).23
No entanto, a participação em conflitos sociais e a liderança exer-
cida nos movimentos quilombolas e nas insurreições escravas, por si só,
não é o que torna singular a trajetória de Preto Cosme, já que outros
23 Deflagrado no Maranhão no final de 1838, o movimento conhecido como Balaiada ganhou o nome de um de
seus líderes, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio. Teve sua origem numa reivindicação democrática
— a descentralização das eleições de prefeitos, até então sob controle do governo conservador — encabeçada
pelos liberais de São Luís que editam o jornal de oposição Bem-te-vi. Os combates de rua se iniciaram quando
o mestiço Raimundo Gomes Vieira Jutaí invadiu a prisão de Vila Manga para libertar o irmão, aprisionado a
mando dos conservadores. Todos os prisioneiros escaparam com o apoio de Preto Cosme, negro liberto que co-
mandou um quilombo de 3 mil escravos fugitivos. O episódio generalizou o conflito, transformando-o numa
rebelião sertaneja que sacudiu o Maranhão, parte do Ceará e do Piauí entre 1838 e 1841. Sobre o tema, confe-
rir (engel, 2002, p. 590).
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24 Cosme Bento e seus seguidores (aproximadamente 2.000 escravos) foram derrotados na repressão coman-
dada por Duque de Caxias à Balaiada, em fevereiro de 1841. Com a maioria dos escravos exterminada, Preto
Cosme foi preso. Em 1842, foi executado por enforcamento, julgado como líder da insurreição escrava de Ita-
pecuru-Mirim, não tendo sido beneficiado pela anistia concedida pelo governo imperial em agosto de 1840 aos
balaios, grupos liberais que participaram da revolta e não reconheceram Preto Cosme como um dos seus inte-
grantes (engel, 2002, p. 591).
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25 Segundo Fonseca, na historiografia da educação, as motivações para a pequena presença da temática sobre
a educação escolar dos negros se baseavam no argumento da ausência ou da raridade das fontes documentais e
numa crença generalizada, divulgada nos manuais, de que a escola primária oitocentista era “uma instituição de
caráter elitista e, portanto, era freqüentada por uma população freqüentemente branca” (fonseca, 2005, p. 93).
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26 Para o balanço da produção recente, consultar, por exemplo, o Dossiê Negros e a Educação, número 4 da
Revista Brasileira de História da Educação, além das coletâneas organizadas por romão (2005); oliveira, silva e
pinto (2005), müller (2006).
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27 De acordo com Fonseca (2002, p. 140), este processo de socialização dos indivíduos fazia parte das formas
de educação tradicional, nas quais se realizava uma “transmissão por impregnação”, com a partilha de tarefas
e responsabilidades das gerações mais novas com os adultos. Assim, era na convivência com os senhores e com
os escravos adultos que a criança escrava tomava conhecimento de sua condição.
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28 Chalhoub (1988) já havia chamado a atenção para os limites das teorias de coisificação do escravo: longe
de aceitarem passivamente a escravidão, os escravos buscaram formas de luta e resistência cultural em todos
os espaços cotidianos e por meio das possibilidades encontradas dentro da sociedade escravista, e não somente
por meio das revoltas e confrontos diretos com o poder senhorial.
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29 De acordo com Mattos (2002, p. 22) todas as lutas e as tensões sociais que implicaram participação popular
no século XIX estavam imbuídas pelo embate dos posicionamentos sobre a extensão dos direitos constitucionais,
entre os quais emergia, para alguns grupos, a defesa da igualdade entre brancos livres e a população não-bran-
ca livre.
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30 Veiga (2004) cita um Relatório de 1852, que fornece indícios de práticas de aprendizagem das letras
pelos escravos em diferentes espaços sociais: “Em todas as fazendas há mestres particulares da família. Os
próprios escravos têm seus mestres. Não é raro encontrar-se nas tabernas das estradas, nas lojas de sapatei-
ros e alfaiates 2,3,4 meninos aprendendo a ler.”
31 Para a compreensão das alforrias no século XIX, consultar Grinberg, 2002b, pp. 33-35.
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32 Hilsdorf, por exemplo, indicou as dúvidas apresentadas por escrito às autoridades provinciais, pelo profes-
sor João Francisco, do Seminário das Educandas e da escola pública de Santa Ifigênia, em São Paulo, nas déca-
das de 1820 e 1830, no sentido de saber se a lei permitia receber os libertos nas escolas, pois era freqüente-
mente procurado por estes para matriculá-los (1999, p. 211).
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33 Antonio Pereira Rebouças (1798-1848), filho de liberta e de alfaiate português, nasceu na Bahia, autodidata
no estudo das leis, tornou-se rábula, advogado provisionado e especialista em direito civil na monarquia. Seu filho,
o abolicionista André Rebouças, até pouco tempo, era mais conhecido pela história. Nas décadas de 1830 e 1840,
Antonio Pereira Rebouças foi Deputado, Conselheiro da Coroa e atuou como advogado do Conselho de Estado.
Escreveu autobiografias e produziu discursos, artigos em jornais, além de comentários jurídicos. Os seus três ir-
mãos também foram beneficiados com a supressão da mancha de sangue pela Constituição de 1824 e ingressaram
em processos de escolarização formal (formaram-se um médico, um engenheiro e outro escrivão). Era membro da
Sociedade Amante da Instrução (1829). Entusiasta do liberalismo, do direito de propriedade, e defensor das res-
trições censitárias para a cidadania. No entanto, partilhando da ideologia liberal que valorizava os “talentos” e
“virtudes” individuais, lutava pela entrada de libertos nos cargos públicos mais altos do Estado, desde que com-
provassem suas posses. Considerava o critério da “ingenuidade”, estabelecida para o cidadão ativo pleno, uma
exceção odiosa. Sobre a trajetória de Rebouças, o pai, ver o estudo de Grinberg (2002).
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34 A categoria de africanos livres teve origem nos tratados bilaterais assinados entre Portugal e Grã-Bretanha
para a abolição do tráfico de escravos. Entre os procedimentos acordados, estava a criação das Comissões
Mistas dos dois lados do Atlântico para julgar os responsáveis pelos navios apreendidos. Na convenção de 1817,
determinou-se que os escravos apresados ilegalmente seriam emancipados, ficando sob tutela do governo onde
o navio tivesse sido julgado. Nesse sentido, D. João assinou o Alvará de 1818 determinando que “durante 14
anos os africanos emancipados seriam preparados para o trabalho livre”. Segundo o estudo de Mamigonian
(2006), com base nas regras de direito internacional e nas leis brasileiras de 1831 e de 1850, foram emancipados
cerca de 11 mil africanos, pessoas que cumpriram o período de trabalho compulsório estabelecido, prestando
serviços em instituições públicas e particulares. A maioria dos africanos traficados (o cálculo é de cerca de
760.000 almas), no entanto, foi escravizada, ao arrepio da lei. Os debates sobre a lei de 1831 no parlamento
brasileiro, e suas conseqüências, foi extremamente rico e revelou as estratégias dos defensores do regime es-
cravista em garantir a sua ineficácia. A pressão britânica sobre o Império para que providenciasse a emancipa-
ção dos africanos permaneceu nos anos 1840 e 1850, o que acarretou no Decreto n. 1.303, de 28 de dezembro
de 1853, declarando a emancipação parcial dos africanos livres. Aqueles que tivessem completado os 14 anos
de serviço compulsório deveriam ser emancipados definitivamente. Após 1853, a seção do Ministério da Justiça
responsável pela administração dos africanos livres passou a receber petições encaminhadas por estes, visando
à comprovação do direito à liberdade. Nas décadas de 1870 e 1880, alguns advogados abolicionistas, como Luiz
Gama, ao impetrar ações de liberdade em nome de escravos e africanos, lançaram mão de uma interpretação
singular da lei de 1831, e obtiveram sucesso em alguns casos, argumentando que todos os escravos que entra-
ram no país após a publicação da lei seriam livres, posto que traficados ilegalmente. As disputas em torno das
concepções de direito estabelecidos pela legislação e a apropriação realizada pelos africanos livres constituiu
tema profundamente analisado por Mamigonian (2006). A respeito da ação de Luiz Gama, ver Azevedo (1999).
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35 Durante as primeiras décadas do século XIX, várias rebeliões de escravos explodiram na Província da Bahia.
A mais importante delas foi a dos Malês, uma rebelião de caráter racial, contra a escravidão e a imposição da
religião católica, que ocorreu em Salvador, em janeiro de 1835. Nessa época, a cidade de Salvador tinha cerca
de metade de sua população composta por negros escravos ou libertos, das mais variadas culturas e procedên-
cias africanas, dentre as quais a islâmica, como os haussas e os nagôs. Foram eles que protagonizaram a rebe-
lião, conhecida como dos “malês”, pois este termo designava os negros muçulmanos, que sabiam ler e escrever
o árabe e difundiam o Alcorão (reis, 1989).
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36 A hipótese já foi aventada por Chalhoub (1998) a partir da leitura de documentos policiais da Corte imperial
que, em 1835, demonstravam o medo das elites ao acesso à leitura pelos africanos livres e escravos de nação
Mina (preto-minas). Estes grupos eram temidos em razão das revoltas regenciais e, sobretudo, pela suposta
participação na Revolta dos Malês, na qual africanos escravos de tradições islâmicas tiveram acesso aos textos
do Alcorão e outros escritos incendiários (reis, 1989).
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37 A presença das crianças negras tem sido demonstrada pela historiografia em várias regiões do Império,
como em Minas Gerais (veiga, 2004a; fonseca, 2005), na Corte imperial e na Província do Rio de Janeiro (silva,
2002; schueler, 2002), em Pernambuco (silva, 2006); em São Paulo (barros, 2005; vidal e souza, 2006), em Campi-
nas (souza, 1998), entre outras.
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38 Na legislação educacional do século XIX, além do critério de liberdade, outras clivagens e interdições vão
ser inscritas, como a proibição aos não-vacinados e portadores de moléstias contagiosas e a demarcação das
idades adequadas à freqüência (gouvêa, 2004; veiga, 2004; gondra, 2004).
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39 As designações de cor no século XIX, como construções sociais, se constituíram foco de tensões e disputas.
Segundo Mattos (2002, p. 23), a simples tentativa de introduzir a categoria “cor” nas primeiras experiências de
recenseamento da população imperial gerou protestos generalizados. Um primeiro regulamento para institui-
ção do registro civil de nascimento e óbito (1850) gerou revoltas armadas em vários municípios do Nordeste,
baseadas na crença de que o regulamento — apelidado de “Lei do Cativeiro” — teria por objetivo escravizar a
“gente de cor”.
40 De acordo com a autora, a categoria pardos foi construída no final do período colonial, e abrangia mais do
que mulatos e mestiços (estes últimos ligados à ascendência africana). Surgiu no momento em que já havia uma
enorme população afrodescendente livre, a qual não se enquadrava mais no estatuto de escravo ou liberto: “A
emergência de uma população livre de ascendência africana — não necessariamente miscigenada, mas disso-
ciada, há algumas gerações, da experiência do cativeiro — consolidou a categoria pardo livre como condição
lingüística para expressar a nova realidade, sem que recaísse sobre ela o estigma da escravidão, mas também
sem que se perdesse a memória dela e as restrições civis que implicava. Pardo livre assinalará para a ascendên-
cia africana, assim como cristão-novo assinalava para origem judaica: era, portanto, condição de diferenciação
em relação à população escrava e liberta, e também de discriminação em relação à população branca; expres-
são da mancha de sangue”. Já negro e preto foram termos usados mais comumente para designar escravos e
forros recentes, até o avançar do séc. XIX (mattos, 2002, p. 14-15).
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listas analisados por Vidal e Souza (2006) de- A variação nas indicações
monstra, em primeiro lugar, o quanto é proble- das cores e condições das
crianças afro-descendentes
mático utilizarmos concepções rígidas e nos mapas escolares e nos
relatórios oficiais do século
abstratas a respeito das identidades étnicas e
XIX demonstra, em
das origens raciais, na medida em que podem primeiro lugar, o quanto
é problemático utilizarmos
indicar não apenas o fenótipo dos indivíduos, concepções rígidas e
mas também, constituem as representações abstratas a respeito das
identidades étnicas e das
historicamente construídas na experiência so- origens raciais, na medida
em que podem indicar
cial, expressando clivagens sociais, culturais e
não apenas o fenótipo
econômicas. Em segundo lugar, a heterogenei- dos indivíduos, mas
também, constituem
dade étnica encontrada pelas pesquisadoras as representações
nas escolas primárias paulistas, e também por historicamente construídas
na experiência social,
estudos referentes a outras Províncias do Im- expressando clivagens
sociais, culturais e
pério, sugere a fragilidade da idéia, tão divul-
econômicas.
gada, de que a escola primária oitocentista foi
criada para educar apenas as crianças brancas, e, sobretudo, as elites
senhoriais.41 Cabe, ainda, considerando a diversidade regional, educa-
cional e social do país, avançar mais nas pesquisas sobre os sujeitos da
ação educativa, buscando investigar quem eram os professores, as pro-
fessoras, os alunos e as alunas que passaram pelas instituições educa-
cionais, e como experimentaram a constituição da cultura escolar no
século XIX. Como argumentou Cruz (2005, p. 27):
A necessidade de ser liberto ou de usufruir a cidadania quando livre, tanto
durante os períodos do Império quanto nos primeiros anos da República,
aproximou as camadas negras da apropriação do saber escolar (...) embora
41 A historiografia indica uma série de experiências de escolarização de negros no século XIX, entre outras: 1.
Maranhão — aulas públicas mantidas pela Irmandade de São Benedito, criada em 1821, e escola de escravos do
Preto Cosme, criada em 1839; 2. Campinas — Colégio Perseverança, escola feminina regida pelo professor e mé-
dico Antonio Cesariano Jr. e sua esposa, ambos pardos livres; cinco escolas para libertos e escravos em 1871 (cruz,
2005) e cursos noturnos (peres, 2002); Colégio São Benedito, criado em 1903; 3. Corte — escola particular de Pre-
textato dos Passos, entre 1853-1873 (silva, 2002); 4. Província do Rio de Janeiro — escolas nas fazendas do Comen-
dador Souza Breves e na Fazenda Vista Alegre, em Valença, e Asilo Agrícola de Santa Isabel, criado em 1886 (marti-
nez, 1997); 5. Minas Gerais — presença de crianças negras nas escolas primárias públicas e particulares (veiga,
2002a; gouvêa, 2004; fonseca, 2005); 6. Província de São Paulo — presença de crianças negras nas escolas públicas
primárias (barros, 2005; vidal e souza, 2006) e nas escolas profissionais, técnicas e tecnológicas, criadas pelos ne-
gros ou pelo Estado (silva e araújo, 2005); 7. Pernambuco — Colônia Orfanológica Isabel, 1874 (arantes, 2005). Para
uma visão de conjunto sobre o tema, consultar o Dossiê Negros e a Educação, número 4 da Revista Brasileira de
História da Educação, além das obras de Romão (2005); Oliveira, Silva e Pinto (2005); e Müller (2006).
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42 Barros (2005, p. 83) cita um relatório de inspetor da instrução pública paulista (1855) determinando aos
professores que só matriculassem as crianças das quais tivessem “certeza” de sua condição de livre. A autora
também se refere a fontes que apontavam resistências de grupos sociais às escolas públicas e particulares que
aceitavam crianças pobres e negras. Na Corte, já nas décadas de 1870 e 1880, também encontramos determi-
nações oficiais aos professores para certificarem a condição civil das crianças como requisito legal para a ma-
trícula (schueler, 2002).
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43 Além do ensino primário e profissional para as camadas populares, inclusive libertos, em cursos noturnos,
asilos e/ou colônias agrícolas, o incremento de indústrias ou oficinas e o incentivo à pequena propriedade agríco-
la, foram também propostas feitas por alguns reformistas conservadores, liberais e republicanos, como Joaquim
Nabuco, André Rebouças e Tavares Bastos. Sobre as propostas encaminhadas pelos fazendeiros e senhores de
terra nos Congressos Agrícolas de 1878 (Recife e Rio de Janeiro), consultar o estudo de Fonseca (2002).
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45 Menezes (2002), preocupada em investigar os índices de alfabetização entre a população negra na Bahia,
analisando dados dos Censos de 1872 e 1890, aponta que o índice de alfabetização entre a população livre
brasileira era de 15%, 47% e 25,3%, respectivamente. Entre aproximadamente 70.000 escravos, segundo dados
de 1872, foram registrados apenas 1.403 indivíduos alfabetizados (pouco mais de 1%), sendo 329 na Corte, 107
na Província do Rio de Janeiro, 104 na Província de São Paulo e 64 na Bahia. No final do século XIX, as regiões
brasileiras com o maior índice de alfabetização entre a população livre e liberta eram a Corte, Rio de Janeiro,
Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Pará.
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46 Tomamos de empréstimo a expressão “ação negra” proposta por Barros (2005) para designar as demandas
e iniciativas dos próprios grupos negros pelo acesso à educação.
47 A lei n. 10.639, de janeiro de 2003, ao determinar a inclusão da temática “História e cultura afro-brasilei-
ra” no currículo da rede oficial de ensino, vem ao encontro de desafios de nosso presente, com efeitos na es-
crita e no ensino da história.
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Índios
Do Diretório dos Índios à construção da nação: a política
indigenista imperial
Os índios são um rico tesouro para o Brasil se tivermos juízo e manha para
aproveitá-los.
(José Bonifácio de Andrada e Silva. Apontamentos para a civilização dos
índios bravos do Império do Brasil).
48 Diretório, que se deve observar nas povoações dos índios do Pará e Maranhão. Lisboa, Oficina de Miguel
Rodrigues, 1758, apud Almeida, 1995. Esta legislação inicialmente direcionada aos povos nativos da Amazônia
foi também aplicada nas demais regiões da América Portuguesa, conforme Alvará de 17 de agosto de 1758.
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49 A própria denominação “índio” ou “indígena” foi utilizada pelos colonizadores como instrumento de iden-
tificação, classificação e homogeneização cultural em face da enorme diversidade de grupos étnicos, tribos,
nações e comunidades nativas no vasto território americano. A atribuição do apelido genérico “índio” teria
resultado do “erro náutico” de Cristóvão Colombo que, em 1492, em nome da Coroa espanhola, no contexto da
expansão marítima e comercial européia, tencionava conquistar as Índias. Porém, devido a uma tempestade, a
frota em viagem, à deriva, foi trazida para o continente americano. Esta denominação, que porta representa-
ções e significados diversos e contraditórios, permanece até hoje, e tem sido reapropriada pelos movimentos
indígenas no sentido de articular e conferir uma unidade, demarcando uma fronteira étnica e identitária entre
os povos nativos originários das Américas. Sobre a discussão, ver Luciano (2006) e Oliveira e Freire (2006).
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50 “Essas variadas práticas de aplicação da política indigenista coexistiram e se sucederam, desde as reformas
pombalinas até a segunda metade do século XIX. A intenção era integrar os índios, assimilando-os à massa po-
pulacional e para isso três procedimentos foram freqüentemente utilizados: combatê-los, aldeá-los, civilizá-los
e decretá-los misturados, civilizados, diminutos, extintos” (almeida, 2005, p. 249).
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aos que forem mais frouxos e desleixados; como igualmente em abrir valas,
derrubar matos, transportar madeiras dos montes aos rios e estradas, e
abrir picadas pelo sertão, para o que são próprios, ou também ensinando-
lhes aqueles ofícios para os quais tiverem mais habilidade e jeito (andrada e
silva apud costa, 2000, p. 6).
51 Em 1861, o encargo da catequese e da civilização dos índios do sertão passou ao Ministério dos Negócios,
Agricultura, Comércio e Obras Públicas, pela centralidade da questão das terras para o Estado imperial (cunha,
1992).
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52 Por exemplo, destaca-se a atuação de José Vieira Couto de Magalhães no Serviço de Catequese do Vale do
Araguaia, em Goiás, projeto que resultou na criação do Colégio Isabel às margens do rio, em 1870, já com o
apoio da Província de Goiás e do governo imperial (rizzini, 2000, p. 5).
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pela força ou pela sedução, para outros fins que não os dos seus conquista-
dores (certeau, 1996, p. 94, apud Silva, 2000, p. 6).
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53 Cursos de Licenciaturas Interculturais são oferecidos atualmente nas seguintes instituições: Universidade
Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), Universidade de Roraima (UFRR), Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de
Goiás (UFG) em parceria com a Universidade Federal de Tocantins (UFT) e Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD).
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54 As comunidades indígenas mantêm práticas e formas educacionais tradicionais, entre as quais se destacam
os seguintes valores: a família e a comunidade são os principais agentes de educação dos filhos; aprende-se a
fazer roça, a caçar, a pescar, a plantar, a fazer canos, cestarias, farinha; aprende-se a cuidar da saúde, benzer,
curar doenças, conhecer plantas medicinais; aprende-se, na experimentação e na prática, a geografia das
matas, rios, serras, a matemática e a geometria para elaborar canoas, remos, casas, roças; os conhecimentos
dos pajés são transmitidos e devem ficar a serviço de todos; aprende-se a lutar, a guerrear e a proteger crianças
abandonadas, famintos e mendigos; alunos e professores das escolas ensinam novos conhecimentos aos povos
indígenas, pajés e caciques tradicionais, bem como aprendem com eles seus saberes (luciano, 2006, p. 147).
55 Apenas recentemente, a lei n. 11465/08, alterando o texto de lei n. 10.639, de janeiro de 2003, determina
a obrigatoriedade da temática “História afro-brasileira e indígena”, no currículo da rede oficial de ensino.
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Crianças
Muitos bacharéis, políticos, literatos, médicos e religiosos abraçaram a
causa da instrução no século XIX. Para eles, a instrução como necessi-
dade se encontrava pautada pelo modo como liam e/ou testemunha-
ram as experiências de parte da Europa e América. Invertendo a dire-
ção, a descrição do país e costumes de seu povo, feita por viajantes
estrangeiros, também forneceu chave para ler o Brasil. Leitura que,
em função dessa visão etnocêntrica, descreveu o Brasil como uma vas-
ta massa a ser plasmada à luz do que percebiam no mundo tido como
polido, culto e civilizado. Ao mesmo tempo, as ações de reconheci-
mento da população local confirmavam o diagnóstico da elite tropical.
Ainda que considerada precária por Ministros, Presidentes de Pro-
víncia e outras autoridades, a estatística cumpria o papel de ciência
que mapeava e oferecia um quadro de síntese da situação em que se
encontravam os brasileiros e seus problemas. Um dos problemas que
emergiam dessa ação do Estado era a diferença entre a densidade da
população escolar dos países tidos como adiantados e a do Brasil.
Estes números são visibilizados nos relatórios de Ministros, Presi-
dentes de Províncias, Inspetores de Instrução e também na pena de
homens empenhados na manutenção do regime monárquico, como Pi-
res de Almeida (1989), ou em sua transformação em República, como
56 Dados da Fundação Nacional do Índio demonstram a existência de cerca de 218 povos indígenas espalha-
dos em milhares de aldeias por todo o país, além da concentração de etnias na Amazônia e no Pantanal, tota-
lizando uma população estimada em 500 mil indivíduos (menos de 1% da população brasileira). Tais grupos falam
180 línguas e dialetos. A política de Educação Escolar Indígena tem buscado valorizar as culturas nativas, incen-
tivando a apropriação da escola pelos povos indígenas, que podem construir novos significados e sentidos ao
modelo ocidental de educação escolar. Sobre a questão, consultar o documento do Ministério da Educação,
Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (1998) e lopes da silva e ferreira (2001).
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durar a ação da escola. Neste caso, trata-se de uma escola para livres,
sendo igualmente estabelecida a idade de entrada e de saída, preven-
do-se nove anos de escolarização. Neste ponto, diferentemente do que
faz supor o viajante norte-americano, não havia consenso. As represen-
tações da infância eram diversas, indício de que esta própria idéia não
se constitui em um universal, sendo objeto de descrições distintas por
parte dos adultos.
O clássico estudo de Ariès (1981) procurou demonstrar como a
idéia de infância foi socialmente construída. Nesta linha, Ariès chama
atenção para os elementos da fantasia, tradição e exatidão que envol-
vem a inscrição de um novo ser no mundo civil. Fantasia na escolha do
nome.57 Tradição no sobrenome e exatidão na definição das idades.
Exatidão que convive, segundo ele, com a heterogeneidade dos crité-
rios adotados para descrever/compreender o desenvolvimento huma-
no. Assim, a vida já foi repartida de acordo com o número de planetas,
signos do zodíaco, ou mesmo, meses do ano. Repartição e terminologia
que podem nos parecer estranhas, mas que à época traduziam noções
partilhadas pelos representantes da “ciência”, correspondendo igual-
mente a um sentimento popular e comum da vida (1981, p. 38).
Com a popularização das “idades da vida”, indicada pela icono-
grafia e outras fontes consultadas por Ariès, estas passaram a ser asso-
ciadas não apenas a etapas biológicas, mas também às funções sociais.
Para esse autor, a repetição das imagens, pregada nas paredes, ao lado
dos calendários e entre objetos familiares, alimentava a idéia de uma
vida dividida em etapas bem delimitadas, correspondendo a modos de
atividade, tipos físicos, funções e as modas do vestir. Desse modo, o
pesquisador francês assinala que a periodização da vida tinha a mesma
fixidez que o ciclo da natureza ou a organização da sociedade (p. 40),
a despeito de uma proliferação nas formas de designar as idades. De-
57 De acordo com o estudo de Gélis (1997), perdurou por muito tempo o hábito de dar às crianças os nomes
dos avós, como forma de assegurar a continuidade da família. Referindo-se ao caso inglês, assinala que, por
vezes, se dava o mesmo nome aos três filhos de um casal, pois se o mais velho morresse, seu homônimo man-
teria este bem simbólico da família.
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58 Cabe registrar também a obra Aventuras de Telêmaco, que consiste em um livro escrito com base na expe-
riência de Fénelon como preceptor do filho de Luiz XIV. No Brasil, essa obra foi um best-seller durante um sé-
culo, na virada do XVIII para o XIX, de acordo com estudos de Abreu (2007).
59 Obra organizada em 2 partes e 1 apêndice: I. Objeto da higiene — estudo do homem e o estado de saúde
(contendo 10 capítulos), II. Matéria da higiene (com 30 capítulos), e Apêndice. Higiene aplicada (com 14 capí-
tulos).
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60 Trata-se de Jean-Noël Hallé, higienista e professor da Faculdade de Medicina de Paris que, em 1787,
formulou uma classificação das idades que, de acordo com Luc (1998), marcou grandemente o século XIX.
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61 Ao fim de cada seção, o autor apresenta uma bibliografia relativa ao assunto. Para o tema das idades, ele
lista: GORDON (Bernard de), De conservatione vitae humanae, a die nativitatis usque ad ultiman horam mortis
(vers. 1300). Lipsiae, 1570, in-12. BUFFON, De l’homme, de l’enfance, de la puberté, de l’âge viril, de la viel-
lesse et de la mort, in Oeuvres completes. HALLÉ, Encyclopédie. Méth., Art. Ages, t. I, p. 358. DAUBETON,
Leçons professes aux Écoles normales, t. VIII, p. 314. ESPARRON, Essai sur les âges de l’homme, thèse inaug.
Paris, 1803, in-8o, n. 257. DENDRIN, De l’influence des âges sur les maladies, these de concours. Paris, 1840.
ESTÈVE, Considérations générales sur les âges étudiés, etc. Thèse inaug. Paris, 1859, in-4º, n. 69.
62 Isso pode ser atribuído ao fato de a 1a edição do livro do médico parisiense datar de 1851.
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tese do Dr. Leitão (1840). Ele se limitara a alguns dos pontos mais im-
portantes relativos à primeira infância63, fase que, segundo Mr. Hallé,
recobria o período que vai do nascimento até a segunda dentição. Na
seqüência, defendia a importância da ação dos adultos: “A Higiene
d’esta época da nossa vida merece muita consideração; porquanto é
ela, que vai plantar os alicerces de uma existência feliz, é ela que fará
gozar um lisonjeiro porvir.
Nessa linha de raciocínio, a existência feliz e o lisonjeiro porvir
justificam a periodização da vida e, mais que isso, funcionam como
argumento para que a racionalidade médica se debruçasse sobre a
“flor da infância”, de modo a construir um discurso especializado a
respeito desse período, do qual se poderia extrair as regras para asse-
gurar a continuidade da vida, afastando as crianças das práticas e su-
jeitos convertidos, na lógica da ciência, em ignorantes, curiosos e in-
discretos. Esse movimento da racionalidade médica, procurando
instituir as verdades da ciência ou da razão, ao acompanhar a lógica da
natureza, encontra-se igualmente atento para os problemas da cultu-
ra. Nesse sentido, ao discorrerem sobre o tema da infância, torna-se
perceptível a preocupação desses homens com as crianças submetidas
a condições desiguais. No caso dos discursos autorizados pela FMRJ,
isso pode ser evidenciado no conjunto das oito teses já referidas, como
também nas cinco que abordam o ponto das “crianças expostas”64 e em
um outro conjunto que trata da higiene dos colégios65.
O ingresso nos colégios obedeceria a critérios também variáveis,
tomando-se como baliza elementos do desenvolvimento biológico, co-
mo o aparecimento da segunda dentição, sinal de um amadurecimento
que tornava o indivíduo capaz de aprender os saberes disseminados na
escola. Outros argumentos se voltam mais para os aspectos neurológi-
63 De acordo com a estrutura da tese, organizada em 5 capítulos, os pontos considerados mais importantes
são: banhos, vestimenta, aleitamento materno (vantagens, escolha de uma ama, aleitamento artificial, princí-
pio e terminação do aleitamento), o leito do recém-nascido e alimentos.
64 A esse respeito, cf. Gondra 2004a.
65 Para aprofundar a reflexão acerca da higiene dos colégios, cf. Gondra, 2004.
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66 Para observar aspectos dessa questão no caso norte-americano, conferir o trabalho de Popkewitz e Bloch
(2000, p. 33-68).
67 O segundo remete ao problema da hipermedicalização da procriação e o terceiro se volta para as trans-
formações no âmbito da família ocorridas nos últimos 30 anos.
68 No que se refere à dificuldade de designar os cortes precisos das idades da vida, os autores remetem à
coleção organizada por Levi e Schmitt (1996), em que os autores insistem no fato de que a “juventude” por eles
estudada não encontra definição clara nem na quantificação demográfica, nem na definição jurídica.
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69 Para o caso brasileiro, vale conferir as coletâneas organizadas por freitas (1997), freitas e kuhlmann jr. (2002)
e del priore (1999).
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70 Nesse sentido, este estudo pode ser aproximado ao de Ariès quando este chama atenção para o arbitrário
das idades, para sua dimensão social e histórica.
71 Aqui nos aproximamos da definição de forma escolar de Vincent, Lahire e Thin (1994), em que estão preo-
cupados em compreender como um modo de socialização, não sem dificuldades, foi imposto aos outros modos,
esforçando-se para discernir seus traços principais e o que faz parte desta configuração histórica singular no
que se refere à pedagogia, disciplinas etc. (p. 14). Também é possível ver essa preocupação em um outro en-
quadramento, no estudo de Varella e Alvarez-Uria (1992).
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72 Este debate fez aparecer o curioso movimento dos “fraldas pintadas”, reunindo os que lutam pela extensão
desse direito, cada vez mais colocado como uma exigência das famílias mais empobrecidas que, a seu modo, vêem
na creche uma alternativa mais segura e de melhor qualidade para o atendimento e educação de seus filhos.
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ria. Para eles, o aparelho estatal não conseguiria cobrir a demanda por
este tipo de serviço que, em linhas gerais, continua a ser oferecido
pela iniciativa privada e creches comunitárias.
Outra manifestação na direção de se pensar a atualidade do debate
acerca das idades da vida e da própria idéia de infância pode ser obser-
vada no decreto do ditador Saparmurad Niyazov. Este é um caso emble-
mático da ação do Estado e do arbitrário da repartição das idades da
vida e nos remete à experiência em curso no Turcomenistão, a mais po-
bre das antigas repúblicas soviéticas (Ásia Central). Lá o ditador Sapar-
murad Niyazov, ou Turkmenbashi, em 2002, decretou a reclassificação
das idades dos seus cidadãos. De acordo com esse decreto, as idades da
vida passaram a ter a seguinte configuração: 0-13 anos (Infância), 13-25
anos (Adolescência), 25-37 anos (Juventude), 37-49 anos (Maturidade),
49-62 anos (Idade do Profeta), 62-73 anos (Idade da Inspiração), 73-85
anos (Idade das Barbas Brancas), 85-97 anos (Velhice) e 97-109 anos (Ida-
de de Oguz Khan — monarca ancestral dos povos turcomanos)73.
Estes dois últimos exemplos apenas confirmam que o debate acer-
ca da escolarização da infância não pode ser desenvolvido no vazio. Há
que se considerar onde e quando o mesmo se processa, sob o risco de
promoção de uma reflexão anacrônica, a-histórica.
Enfim, a cronologia da vida deve levar em consideração a base,
carga e tempo de amadurecimento biológico dos sujeitos, não sendo
menos necessário reconhecer as variantes culturais (negros, índios, po-
bres, escravos, meninos e meninas, crenças, costumes, religiões e es-
trutura familiar, por exemplo) e a história que também definem de
modo decisivo as possibilidades de compreensão da vida e de sua racio-
nalização, por intermédio da “invenção” das idades. Nesse jogo, móvel
e imprevisível, cabe prestar atenção para a função exercida por dife-
rentes instituições (médicas, jurídicas, religiosas, familiares) na confi-
guração das idades da vida e seus efeitos na definição da forma da
própria escola. Exercício que nos levaria, imaginamos, a tomar a forma
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74 Nasceu em Córdoba, na Espanha, no ano 4 a.C., suicidando-se em Roma no ano 65 d.C., a pedido de Nero,
de quem tinha sido preceptor e, mais tarde, seu principal conselheiro. É considerado uma das grandes expres-
sões da filosofia estóica, caracterizada, sobretudo, pela consideração do problema moral, constituindo a ata-
raxia, serenidade, o ideal do sábio.
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“A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue
É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos”
Canción por unidad latinoamericana,
Pablo Milanés/Chico Buarque.
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