Protocolo Asma
Protocolo Asma
Protocolo Asma
2 INTRODUÇÃO
A asma é uma doença respiratória pulmonar crônica e heterogênea, geralmente
caracterizada por inflamação crônica e hiperresponsividade das vias respiratórias.
Usualmente, é diagnosticada por histórico de sintomas respiratórios como sibilância,
dispneia, desconforto torácico e tosse, sendo que estes sintomas variam em intensidade e
com o tempo. Características típicas da asma incluem sintomas agravados a noite ou pela
manhã, e disparados por infecções virais, exercício físico, alérgenos/irritantes ou
mudanças no clima (GINA, 2019b).
4 DIAGNÓSTICO
4.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO:
história clínica de sintomas respiratórios variáveis, como sibilância, dispneia, desconforto
torácico e tosse.
4.2 LABORATORIAL
Limitação de fluxo aéreo expiratório variável confirmada
*
VEF1: Volume expiratório forçado em 1 segundo;
**
CVF: Capacidade vital forçada;
***
PFE: Pico de fluxo expiratório
#
Cálculo realizado: (PFE máximo – PFE mínimo)/média do PFE máximo e do PFE
mínimo.
5 CENTRO DE REFERÊNCIA
Para crianças e adolescentes a cidade de Uruguaiana – RS Um ambulatório
especializado em asma e vinculado ao sistema público de saúde motivou a criação do
Programa Infantil de Prevenção a Asma (PIPA), coordenado pela Dra. Marilyn
Urrutia-Pereira, médica Pediatra, com mestrado e doutorado em Pediatria e Saúde da
criança, membro do Comité de Asma Pediátrica da GARD/WHO (Global Alliance
Againt Chronic Respiratory Diseases), membro do Comité de Asma da Sociedade
Latino-americana de Alergia, Asma e Imunologia (SLAAI), membro do
Departamento de Políticas Públicas da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
(ASBAI), membro do Comitê de Rhinitis & Rhinosinusitis da World Allergy
Organization (WAO), membro do Comitê de Aerobiology, Climate Change &
Biodiversity da World Allergy Organization (WAO) (URRUTIA-PEREIRA, 2019),
com o intuito de manejar e reduzir a morbimortalidade infantil por asma no município
(URRUTIA-PEREIRA et al., 2016).
6 TRATAMENTO
Associado a isso deve ser instituída a terapêutica medicamentosa que é dividida entre os
medicamentos de controle e os medicamentos de alívio (resgate). As diferenças entre o
tratamento sintomático e o tratamento de manutenção regular devem ser enfatizadas.
Ademais, os pacientes com asma persistente moderada ou grave devem ter um plano de
ação escrito para uso em caso de exacerbações (GINA, 2019b).
6.1 FÁRMACOS
6.1.1 Medicamentos de Controle
Passo 2: Quadro clínico compatível com asma e não possui sintomas bem controlados
ou ocorrem mais de 3 exacerbações anuais.
Quadro clínico não compatível com asma, mas os episódios de sibilância com
necessidade de SABA são frequentes mais do que 3 por ano.
Passo 3: Diagnóstico de asma, mas não é bem controlada com dose baixa de CI.
Dobrar a dose do CI
Dipropionato de Beclometasona - Spray HFA - 50mcg (Clenil – Disponível no SUS)
Passos de 1 a 5
Passo 1: Asma intermitente leve: sintomas diurnos ocasionais compatíveis com asma
ou necessidade de SABA menos de 2 vezes por mês, sem despertar noturno e sem
fatores de risco para exacerbações, incluindo nenhum episódio de exacerbação no
último ano.
Passo 2: Asma persistente leve: sintomas pouco frequentes de asma, mas o paciente
apresenta um ou mais fatores de risco para exacerbações.
Baixa dose de CI
- Dipropionato de Beclometasona - Spray HFA - 50mcg - (Clenil – Disponível no
SUS)
Corticoide inalatório + LABA (formoterol ou salmeterol) quando necessário.
- Dipropionato de Beclometasona - Spray HFA - 50mcg - (Clenil – Disponível no
SUS)
Brometo de tiotrópio - Solução para inalação – 2,5 mcg (2 puff 1x/dia) (não
recomendado para crianças)
- Brometo de tiotrópio - Solução para inalação – 2,5 mcg (2 puff 1x/dia) (não
recomendado para crianças)
ou + Anti-IL5/5R
- Dipropionato de Beclometasona - Spray HFA - 50mcg - (Clenil – Disponível no SUS)
- Anti-IL5
ou + Anti-IgE
- Dipropionato de Beclometasona - Spray HFA - 50mcg - (Clenil – Disponível no SUS)
- Anti-IgE (Omalizumabe)
ou + Anti-IL4
- Dipropionato de Beclometasona - Spray HFA - 50mcg - (Clenil – Disponível no SUS)
- Anti-IL4
Considerar corticoide via oral
Predinisona VO (dose máxima de 7,5mg/dia)
Utilizar agonista β2 de curta duração (SABA) por via inalatória para alívio dos
sintomas:
SABA se necessário
- Salbutamol Aerossol - 100 mcg (Aerolin - Disponível no SUS) quando necessário
Ou associações
CI + SABA quando necessário
- Dipropionato de Beclometasona - Spray HFA - 50mcg (Clenil - Disponível no SUS)
7 MONITORAMENTO
Avaliação do controle dos sintomas
• Sintomas diurnos de asma por mais de alguns minutos, mais de 1 vez na semana?
• Alguma limitação de atividade devido a asma? (Correr, brincar menos, cansa
facilmente)
• Necessidade de medicação de resgate mais de 1 vez na semana?
• Despertar ou tosse noturnos devido a asma?
Efeitos indesejáveis dos β2-agonistas (SABA e LABA) estão relacionados à dose e são
causados pela estimulação de receptores β extrapulmonares. Não são comuns com a
terapia inalatória, mas bastante comuns com administração oral ou intravenosa
(BRUNTON et al, 2012).
Os efeitos colaterais da terapia a longo prazo com corticosteroide oral incluem a retenção
de líquidos, aumento do apetite, ganho de peso, osteoporose, fragilidade capilar,
hipertensão, úlcera péptica, diabetes, catarata e psicose. Sua frequência tende a aumentar
com a idade. Reações adversas muito ocasionais (como anafilaxia) à hidrocortisona
intravenosa foram descritas, particularmente em pacientes asmáticos sensíveis ao ácido
acetilsalicílico (BRUNTON et al, 2012).
Efeitos colaterais locais são disfonia, candidíase orofaríngea e tosse, já os sistêmicos são
a supressão e insuficiência suprarrenais, supressão do crescimento, hematomas,
osteoporose, catarata, glaucoma, anormalidades metabólicas (glicose, insulina,
triglicerídeos), distúrbios psiquiátricos (euforia, depressão) e pneumonia.
Segundo BRUNTON et al (2012), a maioria dos estudos reforçado que doses 400 µg/dia
não foram associadas a deficiência do crescimento; pelo contrário, pode até haver um
estirão do crescimento quando a asma é mais bem controlada. Há alguma evidência de
que o uso de altas doses de CI está associado a catarata e glaucoma, mas é dificil dissociar
os efeitos dos CI dos efeitos dos cursos de esteroides orais que esses pacientes geralmente
exigem.
Efeitos adversos dos antileucotrienos são associados a casos raros de disfunção hepática,
assim, as enzimas associadas ao fígado devem ser monitoradas. Vários casos de síndrome
de Churg-Strauss foram associados ao uso de zafirlucaste e montelucaste. A síndrome de
Churg-Strauss é uma vasculite muito rara que pode afetar o coração, nervos periféricos e
rins e está associada ao aumento de eosinófilos circulantes e asma. Não se sabe se os casos
relatados são causados por uma redução na dose de corticosteroides orais ou inalados ou
se é um efeito direto do fármaco. Casos de síndrome de Churg-Strauss foram descritos
em pacientes sob tratamento com antileucotrienos, que não estavam sob tratamento com
corticosteroides concomitantes, sugerindo que há uma ligação de causalidade
(NATHANI et al, 2008 apud BRUNTON et al, 2012).
8 ACOMPANHAMENTO
8.1 Avaliação do controle dos sintomas e risco futuro para situações adversas
• Avaliar controle dos sintomas durante as últimas 4 semanas;
• Identificar quaisquer outros fatores de risco para exacerbações, limitação
persistente do fluxo aéreo ou efeitos adversos;
• Medir função pulmonar após 3-6 meses do início do tratamento com medicação
de controle e, depois, periodicamente.
Por se tratar de uma doença crônica os pacientes com asma devem ser avaliados
periodicamente de forma regular.
9 REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolos Clínicos e Diretrizes terapêuticas:
Volume 3. 1a edição ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
GLOBAL INICIATIVE FOR ASTHMA. GINA Appendix 2019. Global Iniciative for
Asthma. 2019a. Disponível em: <http://ginasthma.org/wp-
content/uploads/2016/04/GINA-2016-main-report_tracked.pdf>. Acesso em: 1 out 2019.
GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA. Global strategy for asthma management and
prevention. 2019b. Disponível em: <https://ginasthma.org/wp-
content/uploads/2019/06/GINA-2019-main-report-June-2019-wms.pdf>. Acesso em: 1
out 2019.
IBGE. COORDENAÇÃO DE TRABALHO E RENDIMENTO. Pesquisa nacional de
saúde 2013. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde. Brasil., 2014.
KUMAR, V., ABBAS, A.K., FAUSTO, N., ASTER, J.C. Robbins & Cotran Patologia:
Bases Patológicas das Doenças. 8 ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2010.
10 FLUXOGRAMAS
DIAGNÓSTICO DA ASMA
Sintomatologia NÃO
compatível com asma?
SIM
Realizar:
Espirometria ou PEF
com teste de
reversibilidade
SIM
NÃO
Considerar tratamento
para o diagnóstico mais
Tratamento empírico provável
Tratar para diagnóstico
CI + SABA sob Tratar para ASMA OU
alternativo
demanda Encaminhar para
investigação mais
aprofundada
Controle Ambiental Diminuição da exposição a alérgenos e irritantes nocivos para as vias aéreas, como objetos acumuladores
de poeira (cortinas, tapetes, carpetes, brinquedos de pelúcia), ambientes com a presença de mofo, animais
de pelos e penas, irritantes químicos (desinfetantes, ceras, amaciantes de roupa, detergentes e perfumes)
e fumaça de cigarro.
Passo 1 Passo 2 Passo 3 Passo 4 Apresentação no SUS
Controle Ambiental Diminuição da exposição a alérgenos e irritantes nocivos para as vias aéreas, como objetos acumuladores
de poeira (cortinas, tapetes, carpetes, brinquedos de pelúcia), ambientes com a presença de mofo, animais
de pelos e penas, irritantes químicos (desinfetantes, ceras, amaciantes de roupa, detergentes e perfumes)
e fumaça de cigarro.
Passo 1 Passo 2 Passo 3 Passo 4 Passo 5
Medicação de Dose média de Dose alta de CI + LABA
Corticoide inalatório Baixa dose diária de corticoide Baixa dose de
controle CI + LABA OU E adicionar (de acordo com
(CI) + Formoterol (sob inalatório (CI) OU CI + corticoide inalatório
de escolha Dose média de o fenótipo): Tiotrópio; Anti-
necessidade) Formoterol (sob necessidade) (CI) + LABA CI + LAMA IL4; Anti-IL5/5R; Anti-IgE
Em
Sem
tratamento
tratamento
CRISE DE ASMA
Como identificar e o que fazer