Alterações Da Atividade Voluntária
Alterações Da Atividade Voluntária
Alterações Da Atividade Voluntária
Psicopatologia I
Prof.: Antônio Teixeira
Fichamento:
PAIM, Isaías. Curso de Psicopatologia. 243-259 1986, São Paulo
Introdução psicológica
Hipertimia
Estado de ânimo morbidamente elevado. Distinguem-se
euforia e exaltação afetiva patológica. A primeira é observada na fase de mania da
psicose maníaco-depressiva, nos estados hipomaníacos, na embriaguez alcoólica,
demência senil, paralisia geral e na epilepsia. A segunda é acompanhada de
aceleração do curso de pensamento e pode chegar à fuga de ideias, desviabilidade da
atenção e certa facilidade para passar do pensamento à ação.
Hipotimia
Na hipotimia ou depressão patológica, verifica-se o aumento da reatividade para os
sentimentos desagradáveis, podendo variar desde o simples mal-estar até o estupor
melancólico. Caracteriza-se, essencialmente por uma tristeza profunda e imotivada,
que se acompanha de lentidão e inibição de todos os processos psíquicos. Em suas
formas leves, a de pressão se revela por um sentimento de mal-estar, de abatimento,
de tristeza, de inutilidade e de incapacidade para realizar qualquer atividade. Nas for
mas graves, os doentes apresentam um estado de profundo abatimento: fisionomia
triste, traços contraídos, atitude em semiflexão.
Sentimento de insuficiência
Os enfermos deprimidos manifestam alterações dos sentimentos no sentido de uma
espécie de "sentimento de in suficiência", que os incapacita para a prática de qualquer
ação.
Diz Jaspers que a consciência de ser inútil para o mundo real, incapaz para qualquer
ação necessária, inapto para determinar-se, a indecisão, o sentimento de não ser
capaz, de não poder pensar, de ter perdido a memória, causam um profundo
sofrimento ao paciente. Nem sempre essas queixas correspondem a uma insuficiência
real, ou podem existir em grau moderado. Correspondem, provavelmente, à inibição
geral que acompanha os casos de depressão.
Sentimentos inadequados
Em pacientes esquizofrênicos, algumas vezes, as reações são inteiramente
inadequadas aos estímulos. Acontecimentos que, normalmente, produzem reação
intensa em indivíduos sãos, podem ocasionar, nesses enfermos, uma reação
paradoxal; os fatos podem ser acompanhados da mais completa indiferença, ou, em
de terminadas circunstâncias, fatos banais provocam intensas reações afetivas. Um
enfermo hebefrênico assim se referiu à morte do pai: "Na ocasião eu me encontrava
em casa, acompanhei o funeral e fiquei muito satisfeito porque não era a mim que
estavam enterrando. Agora me encontro enterrado vivo."
Bleuler descreveu a inadequação dos sentimentos com a denominação de
"dissociação afetiva" como uma dissolução das lógicas dos sentimentos.
Qualidades novas do sentimento
Nos quadros de estado de defeito da esquizofrenia é muito comum verificar-se que o
enfermo revela sentimentos e esta dos de ânimo qualitativamente novos, na maioria
das vezes indefinidos e incompreensíveis. Os pacientes fazem referência a senti
mentos de pavor, desespero, de solidão, de desprezo social, ou a senti mentos de
beatitude e de iluminação divina.
Sentimentos de presença
O enfermo tem a certeza imediata de que alguém está ao seu lado, atrás dele, sente a
presença de alguém que nun ca é visto, porém está certo de que está próximo ou se
afasta. Santa Margarida Maria, modesta freira da Ordem da Visitação, a par tir de
certa época "renunciou a todos os seus desejos naturais de felicidade, de estima e de
repouso, pela doação constante de si mesma". Durante esta fase começou a perceber
algo estranho e indefinível, uma espécie de senti mento de presença, como se o
Senhor estivesse sempre ao seu lado. Não O via com os olhos, nem ouvia a Sua voz,
mas tinha a certeza de que Ele a acompanhava em todos os lugares. "Sentia-O como
se estivesse continua mente junto dela, e este sentimento causava-lhe a consternação
mais profunda, revelando-se até nas suas atitudes físicas, pois, quando só,
conservava -se prostrada no chão ou de joelhos."
Irritabilidade patológica
Bleuler considera a irritabilidade patológica como uma predisposição especial ao
desgosto, à ira e ao furor. Observa-se com freqüência em neurastênicos, nos quais o
sintoma bem característico é a chamada "debilidade irritável". Os enfermos manifes-
tam impaciência, irritabilidade, aumento da capacidade de reação para deter minados
estímulos e intolerância pelos ruídos. Nesses casos, como Bumke salientou, a
perturbação consiste, na realidade, no aumento da tonalidade afetiva própria das
percepções: tanto assim que se pode verificar certa contradição na conduta dos
doentes, os quais sofrem mais com a falta de consideração do ambiente do que
propriamente com os ruídos produzidos no meio exterior.
Tenacidade afetiva
A tenacidade afetiva é própria dos epilépticos, conforme assinalou Kleist, a
perseveração viscosa dos epilépticos é um fenômeno geral, semelhante à sonolên cia
ou ao estupor, e abrange também os processos afetivos. Daí a persistência anormal
dos sentimentos observada nesses enfermos.
Instabilidade afetiva
A instabilidade afetiva é um estado especial em que se produz a mudança rápida e
imotivada do humor, sempre acompanhada de extraordinária intensidade da reação
afetiva, que se processa com duração muito limitada. Esta forma súbita de reagir
diante dos diferentes estímulos do meio exterior revela enfraquecimento da inibi ção,
que se mostra incapaz de controlar a intensidade das reações.
A labilidade afetiva é tam bém algo comum em casos avançados de transtorno mental
afetivo. Tam bém os deficientes mentais podem padecer do mesmo".
Incontinência emocional
Sugestibilidade patológica
É uma alteração de ordem tanto afetiva quanto volitiva. Trata-se de uma predisposição
psíquica especial, que determina uma receptividade e uma submissão muito fáceis às
influências estranhas exercidas sobre o indivíduo. No terreno pura mente psíquico,
encontra-se a sugestibilidade nos histéricos, razão pela qual se tornam esses
enfermos muito favoráveis à produção de estados hipnóti cos, de sintomas somáticos
e até mesmo de sintomas psicóticos - as chamadas perturbações mentais induzidas
ou por contágio mental. Em alguns histéricos, a sugestibilidade é exercida tanto no
domínio da vida interior (auto-sugestibilidade) quanto em relação ao meio exterior
(hétero-sugestibi lidade). A sugestibilidade pode ser também observada nos estados
de excitação maníaca e nos alcoolistas. No delirium de abstinência alcoólica, por
exemplo, podem-se sugerir facilmente várias coisas ao enfermo, inclusive alucinações.
Na catatonia, a sugestibilidade é predominantemente motora.
Puerilismo
O termo puerilismo é empregado em psiquiatria para designar as alterações mentais
caracterizadas pela regressão da personalidade adulta ao nível do comportamento
infantil. Em conseqüência, o enfermo adota inconscientemente as atitudes, a
linguagem e o estado de ânimo de uma criança.
Moria
Bruns e Jastrowitz deram o nome de moria a um estado de excitação alegre associado
a certo puerilismo mental. Nesses casos os enfermos fazem bufonarias, caretas, não
permanecem quietos um só instante; o humor é extremamente instável; tornam-se
cada vez mais exuberantes, loquazes, riem às gargalhadas.
A moria foi descrita primeiro em casos de lesões do lobo frontal (tumores,
principalmente) e posteriormente nas demências senis e pré-senis. A intranqüilidade
motora e a turvação da consciência são elementos que servem para a distinção entre
a moria e a euforia maníaca e a jovialidade e patetice dos hebefrênicos
Angústia
“Na angústia os processos do conhecimento que a precedem são, freqüentemente,
muito mais vagos e indiferenciados, características que correspondem a estratos
psíquicos mais primitivos."
Angústia vital - López Ibor considera a angústia vital como o elemento básico da
personalidade humana, podendo surgir sem características patológicas, mas, em
condições mórbidas, está representada por seus "graus acentuados". A angústia se
acha somatizada.
Ambivalência afetiva
Honório Delgado define a ambivalência como a "anormalidade das ten dências em
geral, que se caracteriza na esfera intelectual pela coexistência de juízos
contraditórios sobre o mesmo objeto, simultânea afirmação e nega ção, coincidência
do oposto". No plano afetivo, a ambivalência "consiste em experimentar sentimentos
opostos, simultaneamente e em relação ao mes mo motivo".
Fobias
O termo fobia é definido como "um temor insensato, obsessivo e angustiante, que
certos doentes sentem em determinadas situações".