Intevenção em Crise
Intevenção em Crise
Intevenção em Crise
116
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
A intervenção psicossocial em situações de crise, um efeito de contágio nas vítimas indiretas (familiares, amigos
emergência ou catástrofe é atualmente considerada como e pessoas não relacionadas que estiveram expostas ao inci-
fundamental na normalização de reações de stresse agudo que dente crítico através de outros meios, informação, comunica-
podem surgir em resposta a determinados incidentes críticos e ção social, etc.) e o papel da perceção de vulnerabilidade a
para a prevenção dos s relacionados com o trauma (e.g., Inter este nível (Neria, DiGrande & Adams, 2011). Numa revisão da
Agency Standing Comittee, 2014; International Federation of literatura acerca das intervenções efetuadas após o 11 de Se-
Red Cross and Red Crescent Societies, 2012; 2016; Task For- tembro, Pandya (2013) obteve resultados que mostraram que
ce on Community Preventive Services, 2008; United Nations a maior parte destas intervenções durante o incidente crítico
Children’s’ Fund, 2013; World Health Organization, 2011; 2013; incluiu formas de debriefing, primeiros socorros psicológicos
2014). A existência de diferentes modelos de intervenção, as e outro tipo de contactos pontuais. Por outro lado, Boscarino,
especificidades da formação nesta área e a inexistência de uma Adams e Figley (2011) obtiveram resultados que permitiram
rede que possibilite uma articulação eficaz com as entidades concluir que as intervenções na crise mostraram uma eficácia
responsáveis com vista à implementação de uma resposta superior às intervenções psicoterapêuticas no momento após
rápida e eficiente em situações de crise e catástrofe são, ainda o incidente crítico, o que pode estar relacionado com os obje-
desafios a ultrapassar. A exposição a incidentes críticos, ou tivos deste tipo de intervenções, a estabilização emocional. De
seja, a situações pessoais, sociais e/ou ambientais (saúde, acordo com os resultados do primeiro estudo efetuado após
vitimização, perdas, exposição à violência, desastres naturais, o 11 de Março em Madrid, um mês depois dos atentados,
terrorismo, entre outros) inesperadas, imprevisíveis e sem con- cerca de 9.5% da população de Madrid (dos quais 5.4% nas
trolo, pode originar uma crise o que, por sua vez, origina um zonas afetadas) evidenciou TSPT, com cerca de 8.4% desta
desequilíbrio emocional, na maior parte dos casos temporário, taxa a ser diretamente atribuível aos atentados terroristas. Na
devido à ineficácia dos recursos internos habitualmente utiliza- segunda avaliação, seis meses após os atentados, 16.9% da
dos (Carvalho, 2011). Conceptualizada desta forma, uma crise população anteriormente avaliada cumpria ainda critérios para
consiste numa reação emocional muito intensa a um incidente diagnóstico de TSPT. Apesar de elevados, estes resultados
crítico ameaçador perante o qual as estratégias habitualmente indicaram que os atentados do 11 de Março em Madrid cria-
utilizadas não funcionam, originando um estado de desequilíbrio ram, no geral, menos sintomatologia psicopatológica que os
e desorganização (Everly, & Mitchell, 1999; Jacobs, et al., 2016). atentados do 11 de Setembro em Nova Iorque (Cano-Vindel,
Estas reações, que podem apresentar manifestações físicas, Dongil-Collado, Iruarrizaga, Salguero-Noguera & Wood, 2011),
cognitivas, comportamentais e emocionais, são expectáveis no o que pode estar relacionado com o tipo de estratégias de
período após a ocorrência de um incidente crítico, dependendo intervenção de crise implementadas em ambos os contextos.
da forma como a pessoa o perceciona (em termos de ameaça, Estes dados demonstram claramente a evolução dos níveis de
relevância e importância). A maior parte das pessoas expostas stresse agudo para stresse traumático em situações de crise
a um incidente crítico apresenta condições para retornar ao e catástrofe em condições em que a normalização destes
nível prévio de funcionamento no período após a sua ocorrên- incidentes críticos e a preparação de um plano de vida futuro,
cia/resolução (quatro a seis semanas) e não vai necessitar de através de estratégias de intervenção psicossocial em crise
qualquer tipo de intervenção psicológica posteriormente. No e intervenção psicoterapêutica posterior (quando necessária)
entanto, um número significativo de pessoas mantém os sinto- não existiram ou, a terem existido, não contribuíram de forma
mas de stresse agudo ao longo do tempo (dependendo do tipo adequada para o retorno da maior parte das vítimas ao seu
de incidente crítico, este período pode rondar os dois a cinco nível prévio de funcionamento.Tendo como objetivo geral a
anos) os quais, sem uma intervenção adequada, aumentam contextualização e resolução rápida e eficaz das reações
a probabilidade de desenvolvimento de s relacionados com o emocionais na situação (ou situações) que a gerou com vista
trauma, o Transtorno de Stresse Agudo (TSA) e o Transtorno de ao retorno ao nível prévio de funcionamento, através da es-
Stresse Pós-Traumático (TSPT) (Birmes et al., 2003; Hagena- tabilização da crise, da normalização emocional e do foco na
ars, van Minnen, & Hoogduin, 2007; Yeager & Roberts, 2015). identificação e mobilização dos recursos pessoais e sociais
O impacto psicológico de uma crise, emergência ou disponíveis (Carvalho, 2011), a intervenção psicossocial em
catástrofe está bem demonstrado na literatura. Estudos reali- situações de crise e catástrofe apresenta especificidades que
zados após os ataques ao World Trade Centre em Nova Iorque variam em função do tipo de incidente crítico e do modelo que
evidenciaram que, cinco a oito semanas após o incidente lhe está subjacente.
crítico, entre 7.5% a 20% da população adulta (em função da
zona avaliada) cumpria critérios para diagnóstico de TSPT e
Modelos de intervenção psicossocial
9.7% apresentava um Transtorno Depressivo Major (Galea et São diversos os modelos de intervenção psicossocial
al., 2002). Um ano depois, em 2002, uma segunda avaliação em situações de crise. O Quadro I apresenta os principais
evidenciou resultados que apontaram para uma taxa de preva- modelos utilizados nestas circunstâncias, bem como as suas
lência de 18% para o TSPT tendo, ainda, ficado comprovado características principais.
117
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
Os modelos de intervenção na crise que fornecem infor- nele envolvida(s), na intervenção psicossocial em crise a ênfase é
mação, conforto, suporte e apoio nas necessidades emocionais colocada na reação ao incidente crítico (e não no incidente crítico),
e instrumentais desempenham um papel fundamental na forma e são considerados eventuais fatores de risco atuais e estratégias
como as pessoas, no imediato, podem lidar com os incidentes de coping em situações prévias, os quais podem influenciar as
críticos (Arriaga, 2011; Brymer, Steinberg, Watson, & Pynoos, 2012; reações individuais à situação. Dois dos modelos habitualmente
Hobfoll, et al., 2007; Litz, 2008; McCabe et al., 2014; Mitchell, 2004; utilizados colocam a sua ênfase no debriefing enquanto forma de
Kearns, Ressler, Zatzick, & Rothbaum, 2012; Pereira, 2015; Roberts gestão do stresse imediatamente após a ocorrência de incidentes
& Everly, 2006; Wethington, et al., 2008). Um aspeto chave envol- críticos. Neste âmbito, é importante diferenciar os debriefings
vido em todos os modelos de intervenção psicossocial em crise operacionais das diversas formas de debriefing psicológico. En-
respeita à comunicação e às barreiras e/ou erros nela envolvidos. quanto que os debriefings operacionais devem constituir rotina e
Enquanto elementos básicos do processo de comunicação em são fundamentais para a gestão da ansiedade ligada à incerteza
situações de crise, emergência ou catástrofe, a escuta ativa com das situações traumáticas, uma vez que envolvem a transmissão
empatia, clareza, franqueza e cordialidade são fatores chave de e clarificação de informação objetiva a propósito da situação,
uma comunicação eficaz. A capacidade para lidar com os silêncios das suas circunstâncias e de como, quando e onde obter mais
(que, neste contexto, são necessariamente diferentes dos silêncios informação, os debriefings psicológicos (Dyregrov, 1997; 2003),
de qualquer um dos tipos de intervenção psicoterapêutica), a par envolvem a partilha das histórias pessoais a par da ventilação
da capacidade de gestão do espaço pessoal e da resposta eficaz das reações emocionais e são atualmente menos consensuais.
às necessidades da pessoa em crise funcionam como facilitadores Enquanto forma de diminuição do impacto da exposição ao inci-
da comunicação. Por outro lado, apesar de não o assumirem como dente crítico, este segundo tipo de debriefings tem demonstrado
uma das fases em particular, todos os modelos pressupõem a ava- não ter efeito ou, mesmo, ter um efeito negativo na redução do
liação, no imediato, das condições de segurança (física, emocional, risco de TSPT, depressão ou ansiedade (e.g., Arendt, & Elklit,
ambiental, etc.) do ponto de vista de todos os envolvidos. Sem 2001; Chambless et al, 1998; Chambless, & Ollendick, 2001; Foa,
garantia destas condições de segurança, as vítimas apresentam et al., 2010; Forbes et al., 2010; McNally, Bryant, & Ehlers, 2003;
risco aumentado, em particular, de exposição ao mesmo ou a ou- Tolin et al., 2015; Rose, Bisson, Churchill, & Wessely, 2002). É, no
tros incidentes críticos e os profissionais designados para o efeito entanto, possível que estes efeitos negativos sejam devidos ao
podem, eles próprios, expor-se a situações traumáticas de forma tipo de grupos (heterogéneos) e também à limitação no tempo
não intencional. Independentemente do modelo, a intervenção da verbalização do trauma (uma sessão, habitualmente em gru-
psicossocial em situações de crise é rápida e limitada no tempo, po), o que pode gerar um aumento da ativação fisiológica ligada
baseando-se numa abordagem ativa e diretiva. Sendo importante aos sintomas de trauma em vez da sua diminuição (não ocorre
ter em consideração o tipo de incidente crítico que está na sua habituação), a par de um eventual efeito de contágio negativo,
base, bem como o significado do mesmo para a(s) pessoa(s) pelo que a sua utilização não é aconselhável, em particular com
118
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
indivíduos com elevada ativação fisiológica. Numa tentativa de evidência da eficácia destas intervenções e propõem a sua inte-
ultrapassar as limitações decorrentes da utilização dos debrie- gração num modelo mais abrangente de emergência e trauma. A
fings psicológicos, Mitchell e Everly (1996) propuseram o Critical mesma conclusão foi retirada do estudo elaborado por Kearns,
Incidents Stress Debriefing (CISD). Enquanto que o debriefing Ressler, Zatzick e Rothbaum (2012) com base na revisão da
psicológico tradicional consiste na partilha de histórias pessoais literatura acerca dos estudos sobre intervenções psicossociais
de trauma, o CISD coloca a sua ênfase na partilha das reações em crise e prevenção dos sintomas de stresse pós-traumático.
normais e esperadas a circunstâncias extremas por parte de um Por outro lado, num estudo realizado com o objetivo de avaliar a
grupo homogéneo, com apoio de profissionais especializados e eficácia das intervenções implementadas após a ocorrência de
enquadrado num programa multicomponentes, com uma aborda- incidentes críticos em 33 países Europeus, a European Network
gem mais abrangente, o Critical Incidents Stress Management for Traumatic Stress – Training and Practice (TENTS-PT) obteve
(CISM, Everly, Flannery, & Mitchell, 2000; Everly & Mitchell, 1997; resultados que evidenciaram uma grande variabilidade no tipo
Everly, & Langlieb, 2003). Este programa de gestão do stresse em de planeamento e implementação do apoio psicossocial nos
situações relacionadas com a ocorrência de incidentes críticos, diferentes países. Enquanto nos países do Norte da Europa,
pelas suas características, permite a seleção e implementação a coordenação, articulação e implementação dos programas
das estratégias mais apropriadas de forma a responder de forma baseados em evidências é, ainda, escassa (mantendo-se a
mais adequada às necessidades do incidente crítico em particular utilização de diversas formas de debriefing psicológico), nos
(Everly & Mitchell, 1999; Everly & Langlieb, 2003). Composto por países do Sul e Sudeste da Europa, a prescrição de medicação
vários elementos, o CISM inclui, entre outras intervenções táticas, para controlo da ansiedade é a estratégia mais frequentemente
a intervenção individual na crise, com grandes grupos (através, utilizada (Witteveen, et al., 2012). Tendo em consideração os
por exemplo, de briefings de gestão da crise), pequenos grupos resultados obtidos neste estudo, a TENTS divulgou um conjunto
(por exemplo, através do CISD), famílias, organizações e a co- de linhas orientadoras que devem ser tidas em linha de conta
munidade, que se agrupam em cinco elementos principais, em aquando do planeamento, desenvolvimento e implementação de
função dos seus objetivos: avaliação/triagem, primeiros socorros programas de intervenção psicossocial em crise e que envolvem
psicológicos individuais, grupos interativos/informativos, planea- para além deste planeamento, preparação e gestão prévios, os
mento estratégico e resiliência (Everly, Flannery, & Mitchell, 2000). componentes gerais destes programas mas também compo-
Estudos realizados com o objetivo de avaliar a eficácia nentes específicos, tendo em consideração o período de tempo
dos modelos de intervenção psicossocial em situações de crise decorrido após o incidente crítico (Bisson, & Tavakoly, 2008).
e catástrofe originadas por diferentes tipos de incidentes críticos Em resumo, se, por um lado, todos os modelos de
e em populações vulneráveis com diferentes tipos de vítimas intervenção psicossocial preconizam, de uma forma geral,
(primárias, secundárias e terciárias têm demonstrado resultados uma intervenção com três etapas principais ao longo de todo
mistos. Tuckey e Scott (2014) avaliaram a eficácia do CISD nos o processo (avaliação, intervenção e finalização/referencia-
profissionais de emergência pré-hospitalar através de um ensaio ção), por outro lado, a sua intensidade relativa e implemen-
clínico controlado após a exposição a um incidente crítico, por tação em termos temporais são variáveis. Mais importante,
comparação com um grupo sujeito a psicoeducação acerca da nenhum dos modelos prevê a implementação de um protocolo
gestão do stress ee outro grupo sujeito apenas a avaliação. Os estruturado de intervenção durante o período de retorno às
operacionais que foram alvo do CISD relataram menor consumo rotinas habituais ou a novas rotinas, fulcral para a adaptação
de álcool após a intervenção (por comparação com o grupo à “nova” vida e/ou aceitação das consequências do incidente
sujeito a avaliação) e uma melhor qualidade de vida (por compa- crítico, o que apresenta implicações na continuidade do apoio
ração com o grupo sujeito à psicoeducação). Não foram obtidas prestado após a intervenção psicossocial na crise e ainda
diferenças significativas entre os grupos no mal-estar emocional antes dos primeiros contactos com o sistema de saúde que
geral e no stresse pós-traumático, demonstrando que, apesar contêm em si tempos de espera que podem não ser compa-
de as intervenções baseadas no CISD poderem contribuir para tíveis com as necessidades destas pessoas no que respeita
facilitar o retorno ao funcionamento prévio após o incidente à intervenção nos fatores de risco ou mesmo no TSPT.
crítico, ainda é necessário continuar a investigar os fatores, a
vários níveis, que podem contribuir para promover a recuperação.
Proposta de Protocolo de Intervenção
Por outro lado, o CISM foi considerado eficaz para a redução dos Psicossocial após Situações de Crise
sinais de stress agudo (Everly, Flannery, & Mitchell, 2000; Everly, A intervenção psicossocial de continuidade com vista ao re-
Flannery, & Eyler, 2002; Flannery, & Everly, 2004). Os resultados torno às rotinas e ao nível prévio de funcionamento assume a maior
obtidos nestes estudos apontam claramente para a dificuldade relevância no período após a ocorrência do incidente crítico que,
na condução de investigação controlada nestas circunstâncias. dependendo das suas características e das reações psicológicas
Numa revisão sistemática da literatura acerca destes programas, ao mesmo pode demorar dois a cinco anos. No caso específico de
North e Pfefferbaum (2013) concluíram que estes programas não Portugal, por exemplo, e do ponto de vista do Plano Nacional de
foram suficientemente avaliados com vista ao estabelecimento da Emergência da Proteção Civil (Autoridade Nacional de Proteção
119
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
Civil, ANPC, 2015), está prevista a prestação de “apoio psicológico”, após a ocorrência do incidente crítico, o qual envolve o retorno
coordenado pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (em às rotinas (e, por vezes, iniciar novas rotinas) e ao nível prévio de
termos imediatos) e pelo Instituto da Segurança Social (em termos funcionamento. A Figura 1 apresenta proposta de um Modelo de
de continuidade), em articulação com a ANPC, as Câmaras Munici- Intervenção Psicossocial de Continuidade, baseado em evidências.
pais, as Corporações de Bombeiros, a Cruz Vermelha Portuguesa, Neste modelo, é de destacar a importância da pre-
as Forças Armadas, a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de paração para a possibilidade de ocorrência de incidentes
Segurança Pública e outras organizações não-governamentais. críticos. Nesta fase, o fornecimento de informação à popu-
Como prioridades deste plano destacam-se a prestação de apoio lação em geral (adequada aos diferentes contextos e níveis
psicológico às vítimas e de apoio de continuidade, com o objetivo de desenvolvimento), enquanto forma de psicoeducação,
de estabilizar emocionalmente as vítimas e identificar necessida- sobre as reações, formas de lidar e consequências comuns
des psicossociais. Este tipo de apoio, “psicológico”, supostamente em situações de stresse e trauma, possibilita um maior e
diferenciado da intervenção psicossocial em crise por apenas aos melhor conhecimento acerca dos estados emocionais no
psicólogos dizer respeito, nem sempre está disponível da forma mais geral e, em particular, em situação de crise. Em Portugal, um
apropriada e/ou atempada ou, a existir, pode carecer de suporte bom exemplo deste tipo de materiais é o documento recen-
teórico e evidências empíricas. Por outro lado, é mais provável a temente desenvolvido pela Direção Geral de Saúde, com a
existência deste tipo de apoio perante um incidente crítico que colaboração da Ordem dos Psicólogos Portugueses (2017).
envolve a comunidade (como é o caso de um recente exemplo do Ainda nesta fase de preparação, a criação de protocolos de
incêndio ocorrido em Pedrogão Grande/ Portugal), por comparação atuação em incidentes críticos, adaptados a populações e
a outro tipo de incidentes críticos, que ocorrem com indivíduos e/ou contextos específicos (por exemplo, com os migrantes e em
com famílias. Dadas as inconsistências deste apoio de continuida- contexto escolar), a par da simulação, a formação prática
de e dada a sua relevância para a prevenção do TSA e do TSPT, para implementação desses mesmos protocolos é da maior
torna-se da maior relevância focar também a atenção no período relevância para preparar as pessoas para a resposta a um
120
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
incidente crítico no qual pode, eventualmente, vir a existir para a necessidade premente de implementação de uma
uma crise. Um exemplo de um protocolo deste tipo dirigido intervenção breve e estruturada, no terreno, que vise o (re)
a migrantes em Portugal pode ser encontrado no Manual de estabelecimento de rotinas que apoiem a (re) organização
Apoio Psicossocial a Migrantes (Brito, Arriaga, & Gouveia, em termos pessoais, sociais, familiares, ocupacionais,
2015). Deste modo, a população em geral e, especifica- entre outros. Nesse sentido, apresentamos no presente
mente, os operacionais e outros profissionais (ligados à trabalho um protocolo estruturado de intervenção breve,
saúde, educação, forças de segurança, etc.) ficarão mais dirigido às vítimas diretas e indiretas (incluindo profissio-
e melhor preparados para agir perante um incidente crítico. nais), que tem como objetivos gerais, individualmente ou
Por outro lado, já durante e imediatamente após a ocorrência em grupo (grupos homogéneos) a promoção de condições
do incidente crítico, deve ser considerada a possibilidade que facilitem o retorno ao nível prévio de funcionamento e
de implementar outro tipo de intervenção psicossocial na a (re) organização de rotinas, com vista à prevenção dos s
crise para além dos Primeiros Socorros Psicológicos. Nes- relacionados com o trauma e de s relacionados que, pela
te contexto, o Manejo do Stresse em Incidentes Críticos literatura, têm demonstrado estar associados, em comor-
afigura-se como a forma de intervenção mais apropriada, bilidade ou em consequência (em particular, o Transtorno
pelo seu carácter, de componentes múltiplos que incluem, Depressivo Major e os Transtornos relacionados com o Uso
para além dos Primeiros Socorros Psicológicos, outras de Substâncias) (American Psychiatric Association, 2013).
formas de intervenção em crise, específicas, dirigidas a Esta intervenção estruturada, breve e intensiva, de cariz
grupos homogéneos (incluindo as vítimas indiretamente cognitivo-comportamental-contextual, fundamenta-se nos
expostas ao incidente crítico, desde as famílias e outros sig- modelos cognitivo-comportamentais de primeira, segunda
nificativos, passando pela comunidade (se for o caso), até e terceira gerações e na abordagem centrada no sentido da
às vítimas de sexto nível que, como a literatura demonstra, vida (Rogers, 1959; Wong, 2010) em quatro fases:
apresentam muito frequentemente “culpa do sobrevivente” Avaliação. Nesta fase deve ser feita a avaliação do es-
(Carlson & Dalenberg, 2000). As práticas baseadas em tado emocional da pessoa, das estratégias de coping utilizadas
evidências pressupõem, após este período, um seguimento (atuais e prévias) para lidar com o incidente crítico, da existência
breve e, se necessário, a referenciação para os diferentes e disponibilidade de suporte social e familiar (em conjunto com
níveis de cuidados de saúde, num modelo de articulação, a avaliação de papéis e funções de cada um dos elementos,
em rede, que pressupõe também a existência de equipas e da existência de redes formais e informais de apoio), de
ou trabalho interdisciplinar - em muitas das situações de necessidades específicas e da existência de condições de
crise, a história prévia da pessoa pode indicar a necessi- segurança e risco (suicídio, entre outros riscos). A avaliação
dade de (re) avaliação e (re) orientação terapêutica a nível de eventuais acontecimentos significativos na história prévia, a
farmacológico - que, do ponto de vista psicoterapêutico, par das estratégias utilizadas para lidar com os mesmos, deve
implementem as intervenções que mostraram eficácia para também ser feita, uma vez que é um bom indicador da forma
o tratamento do TSA, TSPT e, se necessário, das conse- como a pessoa poderá vir a lidar com a sua situação nesse
quências associadas, de acordo com os critérios para os momento. Esta fase permite também o estabelecimento de uma
tratamentos empiricamente validados. Neste contexto, as in- relação de ajuda que, não sendo o objetivo do programa de
tervenções psicoterapêuticas especializadas baseadas nos intervenção, é a forma de estabelecimento de uma relação de
modelos cognitivo-comportamentais são as que apresentam confiança a partir da qual se poderá desenvolver o programa.
eficácia (Chambless et al., 1998; Chambless, & Ollendick, Psicoeducação. A normalização das reações emocio-
2001; Forbes et al., 2010; Tolin et al., 2015). Outro tipo de nais, iniciada na intervenção psicossocial em crise durante
intervenções como o Eye Movement Dessensitization Re- o incidente crítico, deve continuar a ser feita sempre que
processing (EMDR), têm também sido alvo de avaliação; no necessário ao longo deste programa de intervenção, através
entanto, alguns dos resultados obtidos têm mostrado que o do fornecimento de informação (ou do acesso a informação)
mecanismo de mudança assenta na exposição à situação sobre as mesmas e sobre aspetos gerais e/ou específicos
traumática (e.g., Zalta, 2015). Em qualquer momento deste necessários relacionados com o incidente crítico.
processo, pela necessidade individual, ou pela recorrência Orientação. Após um incidente crítico, e perante o dese-
do incidente crítico ou de novos incidentes críticos, pode quilíbrio emocional provocado pelo mesmo, pode existir a neces-
ser necessário voltar a realizar intervenção psicossocial em sidade de ensinar ou reorientar a pessoa para a utilização de
crise. Apesar deste modelo demonstrar uma intervenção de estratégias mais adaptativas com vista à resolução do incidente
continuidade, em muitos incidentes críticos, a possibilidade (se for o caso) ou à sua adaptação e/ou aceitação do mesmo,
de deslocação a um dos serviços de saúde e o tempo da pelo que a criação de um plano para regressar às rotinas facilita
resposta nem sempre se compadecem com os tempos da a reorganização e o retorno ao nível prévio de funcionamento.
prevenção. Por outro lado, o retorno ao nível de funciona- Nesta fase, a resolução instrumental de problemas relaciona-
mento prévio no ambiente em que a pessoa vive, aponta dos (ou não) com o incidente crítico contribui para melhorar a
121
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
perceção de eficácia para lidar com dificuldades enquadradas perda(s). A monitorização sistemática da evolução das
nas “novas” rotinas, a par de uma perspetiva orientada para um reações emocionais e das estratégias utilizadas possibilita
futuro próximo que permita devolver à pessoa o seu sentido de a reavaliação e reorientação dos objetivos inicialmente
vida o qual, após um incidente crítico relacionado com perdas formulados e irá permitir uma referenciação mais rápida, se
(pessoais, afetivas, etc.) pode ser alterado (situação muito fre- necessário. Apesar de a avaliação da eficácia de programas
quente perante a morte de filhos ou crianças pequenas, com de intervenção psicossocial em crise estar dependente, por
sobreviventes de acidentes de viação ou desastres naturais). um lado, da ocorrência de um incidente crítico e, por outro
A par desta capacidade, a aceitação do incidente crítico e das lado, da capacidade, no terreno, de levar a cabo essa mesma
consequências com ele associadas é fundamental. Mais do avaliação, consideramos, contudo, que este programa pode
que modificar pensamentos ou crenças a propósito do incidente representar uma mais-valia na articulação entre o trabalho
crítico, o processo de aceitação de uma situação imprevisível e que é feito inicialmente em crise e, posteriormente, em con-
não dependente do controlo pessoal, envolve em si próprio um texto clínico, em particular em termos de custo-efetividade,
conjunto de reações emocionais que devem, também, ser nor- enquanto forma eficaz de prevenção do TSA e do TSPT.
malizadas. A identificação de valores e do compromisso pessoal
com esses próprios valores, em conjunto com uma orientação
Limitações e Questões éticas na área da
para a (re) atribuição do sentido da vida para a pessoa, em Intervenção Psicossocial na Crise
termos pessoais, familiares, ocupacionais e/ou sociais, entre A intervenção psicossocial em crise levanta um conjunto de
outros, no contexto do incidente crítico, irão contribuir para que a questões éticas e limitações que devem ser tidas em consideração.
pessoa desenvolva um significado para a sua vida que, podendo A avaliação da eficácia deste tipo de programas é escassa, devido,
ser diferente do que existia até aí, pode, ele próprio, permitir um como foi referido, à necessidade da ocorrência de incidentes críticos
crescimento pós-traumático (Tedeschi, 1996). Em situações es- e de avaliação controlada do trabalho que é feito e dos seus resulta-
pecíficas, pode existir necessidade de ajudar a pessoa a enfrentar dos a curto, médio e longo prazo, o que constitui uma das principais
de forma adequada o incidente e/ou as suas consequências. limitações deste tipo de intervenções. A avaliação da sua eficácia
Neste caso, a utilização de procedimentos para modificação de forma controlada, em particular por comparação à recuperação
da evitação comportamental e/ou experiencial, com base nos natural que é feita pelas pessoas que não são alvo deste tipo de
princípios da aprendizagem, numa fase em que a pessoa possui intervenção, é a única forma de ultrapassar esta limitação. Apesar
ferramentas para normalizar as suas reações emocionais, tem de, a nível nacional, os diferentes níveis de intervenção serem claros,
rotinas e objetivos, a par de uma perspetiva contextualizada do não é claro que os técnicos das organizações governamentais e
próprio incidente crítico, pode também contribuir para a preven- não-governamentais de segunda linha tenham formação específica
ção de grande parte da sintomatologia pós-traumática de stresse. e experiência neste âmbito. É crucial que a seleção dos técnicos
Seguimento. Como foi já mencionado anteriormente, o para intervir de forma psicossocial em crise tenha em consideração
seguimento das situações sinalizadas durante e imediatamen- este aspeto, independentemente do número de vítimas direta e indi-
te após a ocorrência de um incidente crítico desempenha um retamente afetadas e da gravidade dos sintomas que apresentam.
papel fundamental na prevenção do surgimento de s relacio- Como foi anteriormente referido, as condições de segurança devem
nados com o trauma. No âmbito deste programa, o seguimento estar, à partida, garantidas. A formação e experiência neste âmbito
destina-se a monitorizar a evolução do processo de adaptação constituem, nesse sentido, uma das condições de segurança. Por
emocional e às novas rotinas, bem como a sinalizar potenciais outro lado, se o apoio psicológico deve ser prestado exclusivamente
situações que devam ser alvo de referenciação para o sistema por Psicólogos, a intervenção psicossocial em crise pode, e deve,
de saúde, com vista a avaliação e intervenção especializada. ser prestada por outros profissionais na área da saúde, segurança
Enquanto intervenção estruturada breve em processo e, mesmo, educação, com formação e experiência neste âmbito.
de avaliação, o programa APÓS contém procedimentos tera- Ainda, o cuidado na transmissão de informação, em particular pela
pêuticos que derivam de modelos teóricos e de intervenção comunicação social, deve também ser uma questão a considerar.
bem estudados e empiricamente validados. As fases apre- Para além da possibilidade de contribuir para o surgimento de trans-
sentadas sustentam-se em mecanismos de ação baseados tornos relacionados com o trauma em pessoas que não estiveram
em evidências, e que envolvem a educação/informação, a expostas, nem tiveram ninguém significativo exposto, ao incidente
resolução de problemas e de conflitos, a gestão do stres- crítico, a informação pode induzir respostas de stress agudo pelo
se, a par da componente centrada no significado da vida aumento da perceção de ameaça e vulnerabilidade. Por fim, a
(Everly & Lating, 2002). A compreensão da adversidade, a utilização de intervenções farmacológicas deve, também, ser alvo
par da promoção da capacidade individual para controlar o de análise. Se este tipo de intervenções pode ser útil, e mesmo
que é controlável e do suporte por parte de outras pessoas necessário, em pessoas com antecedentes pessoais, a medicação
significativas, pode contribuir para que a pessoa encontre de reações expectáveis no momento da crise pode contribuir para,
um significado para a vida nessa mesma adversidade e a médio e longo prazo, aumentar a probabilidade de ocorrência, a
para que se identifique e obtenha um significado para a(s) médio e longo prazo, de transtornos relacionados com o trauma.
122
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
123
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
Dyregrov, A. (2003). Psychological debriefing. Ellicott city: Chevron pu- McCabe, O. L., Everly, G. S., Brown, L. M., Wendelboe, A. M., Hamid,
blishing company. N. A., Tallchief, V. L, & Links, J. M.(2014). Psychological first aid: A
consensus-derived, empirically supported, competency-based trai-
Everly & Lating (2012). A clinical guide to the treatment of the human ning model. American Journal of Public Health, 104 (4), 621 - 628.
stress response. NY: Springer. DOI: 10.2105/AJPH.2013.301219.
Everly, G. S., & Mitchell, J. T. (1999). Critical incident stress management. McNally, R. J., Bryant, R. A., & Ehlers, A. (2003). Does early psychological
Ellicott City, MD: Chevron. intervention promote recovery from posttraumatic stress? Psycho-
Everly, G. S., (1996). A rapid crisis intervention technique for law enfor- logical Science in the Public Interest, 4 (2), 45 – 79. DOI: https://doi.
cement. In J. T. Reese & R. Soloman (Eds.), Organizational issues in org/10.1111/1529-1006.01421
law enforcement (pp. 183-192). Washington, DC: FBI. Mitchell, J. T. (2004). Characteristics of successful early intervention
Everly, G. S., Flannery, R. B., & Eyler, V. A. (2002). Critical incident stress programs. International Journal of Emergency Mental Health, 6
management (CISM): A statistical review of the literature. Psychiatric (4), 175 - 184.
Quarterly, 73 (3), 171-182. DOI: 10.1023/A:1016068003615 Mitchell, J.T. & Everly, G. S. (1996). Critical incident stress debriefing: An
Everly, G. S., Jr., & Langlieb, A. (2003). The evolving nature of disaster operations manual. Ellicott City: Chevron.
mental health services. International Journal of Emergency Mental Neria, Y., DiGrande, L., & Adams, B. G. (2011). Posttraumatic stress disor-
Health, 5 (3),113 – 119. der following the September 11, 2001, terrorist attacks: A review of
Everly, G., S., Flannery, R. B., & Mitchell, J. T. (2000). Critical incident stress the literature among highly exposed populations. American Psycho-
management (CISM): A review of the literature. Aggression and logist, 66 (6), 429 - 446. doi: 10.1037/a0024791.
Violent Behavior, 5 (1), 23 – 40. 10.1016/S1359-1789(98)00026-3 North, C. S., & Pfefferbaum, B. (2013). Mental health response to
Everly, G.S. & Mitchell, J.T. (1997). Critical incident stress management community disasters: A systematic review. Journal of the Ame-
(CISM): A new era and standard of care in crisis intervention. Ellicott rican Medical Association, 310 (5), 507 – 518. doi: 10.1001/
City: Chevron. jama.2013.107799.
Flannery, R. B., & Everly, G. S: (2004). Critical incident stress management Pandya, A. (2013). A review and retrospective analysis of mental
(CISM): Updated review of findings, 1998–2002. Aggression and health services provided after the September 11 attacks. Cana-
Violent Behavior, 9 (4), 319 – 329. 10.1016/S1359-1789(03)00030-2 dian Journal of Psychiatry, 58 (3), 128 – 134. DOI: https://doi.
org/10.1177/070674371305800302
Forbes, D., Creamer, M., Bisson, J. I., Cohen, J. A., Crow, B. E., Foa, E. B.,
Friedman, M. J., Keane, T. M., Kudler, H. S. and Ursano, R. J. (2010). A Pereira, M. (Coord.) (2015). Intervenção psicológica em crise e catástrofe.
guide to guidelines for the treatment of PTSD and related conditions. Lisboa: Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Journal of Traumatic Stress, 23 (5), 537 – 552. doi: 10.1002/jts.20565 Roberts, A. (2000). An overview of crisis theory and crisis intervention.
Galea, S., Ahern, J., Resnick, H., Kilpatrick, D., Bucuvalas, M., Gold, J., In A. Roberts (Ed.), Crisis intervention handbook: Assessment,
& Vlahov, D. (2002). Psychological sequelae of the September 11 treatment, research. NY: OUP.
terrorist attacks in New York City. New England Journal of Medicine, Roberts, A. (2006). Assessment, crisis intervention, and trauma treatment:
346 (13), 982 - 987. DOI: 10.1056/NEJMsa013404 the integrative act intervention model. Brief Treatment and Crisis
Hagenaars, M. A., van Minnen, A., & Hoogduin, K. A. (2007). Peritraumatic Intervention, 2 (1), 1 - 22.
psychological and somatoform dissociation in predicting PTSD symp- Roberts, A. R. (2005). Bridging the past and present to the future of
toms: A prospective study. Journal of Nervous Mental Diseases, 195 crisis intervention and crisis management. In A. R. Roberts (Ed.),
(11), 952 - 954. doi: 10.1097/NMD.0b013e3181594810 Crisis intervention handbook: Assessment, treatment, and research
Hobfoll, S. E., Watson, P., Bell, C. C., Bryant, R. A., Brymer, M. J., Friedman, (3rd ed., pp. 3–34). NY: OUP.
M. H., Friedman, M., …, Ursano, R. J. (2007). Five essential elements Roberts, A. R., & Everly, G. S. (2006). A meta-analysis of 36 crisis interven-
of immediate and mid-term mass trauma interventions: Empirical tion studies. Brief Treatment and Crisis Intervention, 6 (1), 10 - 21.
evidence. Psychiatry: Interpersonal Biological Processes, 70 (4), 283 DOI: 10.1093/brief-treatment/mhj006
– 315. doi: 10.1521/psyc.2007.70.4.283.
Roberts, A. R., & Ottens, A. J. (2005). The seven-stage crisis intervention
Inter-Agency Standing Committee (2014). Review of the Implementation model: A road map to goal attainment, problem solving, and crisis
of the IASC Guidelines on MHPSS. Geneva: IASC. resolution. Brief Treatment and Crisis Intervention, 5 (4), 329 - 339.
International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies (2016). doi:10.1093/brief-treatment/mhi030
International first aid and resuscitation guidelines 2016. Geneva: IFRC. Rogers, C. (1959). A theory of therapy, personality and interpersonal
Jacobs, G. A., Gray, B. L., Erickson, S. E., Gonzalez, E. D., & Quevillon, R. P. relationships as developed in the client-centered framework. In S.
(2016) Disaster mental health and community-based psychological Koch (Ed.), Psychology: A study of a science. Vol. 3: Formulations of
first aid: Concepts and education/training. Journal of Clinical Psycho- the person and the social context. NY: McGraw Hill.
logy, 72 (12), 1307 - 1317. DOI: 10.1002/jclp.22316. Rose, S., Bisson, J. Churchill, R., &Wessely, S (2002). Psychological debrie-
Kearns, M. C., Ressler, K. L., Zatzick, D., & Rothbaum, B. O. (2012). Early fing for preventing posttraumatic stress disorder (PTSD). Cochrane
interventions for PTSD: A review. Depression and Anxiety, 29 (10), Database Systematic Reviews, 2, CD000560.
833 – 842. doi: 10.1002/da.21997
Task Force on Community Preventive Services (2008). Recommendations
Litz B. T. (2008). Early intervention for trauma: Where are we and where to reduce psychological harm from traumatic events among children
do we need to go? A Commentary. Journal of Traumatic Stress, 21 and adolescents. American Journal of Preventive Medicine, 35 (3),
(6), 503 – 506. DOI: 10.1002/jts.20373 314 – 316. doi:10.1016/j.amepre.2008.06.025.
124
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2016•12(2)•pp.116-125
Tedeschi, R.G., & Calhoun, L.G. (1996). The Posttraumatic Growth Witteveen, A. B., Bisson, J. I., Ajdukovic, D., Arnberg, F. K., Bergh, J. K., Bol-
Inventory: Measuring the positive legacy of trauma. Journal of ding, H. B., Elklit, A., …, Olff, M. (2012). Post-disaster psychosocial ser-
Traumatic Stress, 9, 455- 471. vices across Europe: The TENTS project. Social Science and Medicine,
75, 1708 – 1714. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2012.06.017
Tolin, D. F., McKay, D., Forman, E. M., Klonsky, E. D., & Thombs, B. D.
(2015). Empirically supported treatments: Recommendations for Wong, P. T. P. (2010). Meaning therapy: An integrative and positive exis-
a new model. Clinical Psychology: Science & Practice, 22 (4), 317 – tential psychology. Journal of Contemporary Psychotherapy, 40 (2),
338.. doi:10.1111/cpsp.12122 85-99. doi:10.1007/s10879-009-9132-6
Tuckey, M. R., & Scott, J. E. (2014). Group critical incident stress World Health Organization (2014). Psychological first aid. Facilitator’s
debriefing with emergency services personnel: A randomized manual for orienting field workers. Geneva: WHO.
controlled trial. Anxiety, Stress and Coping, 27 (1), 38 – 54. doi:
10.1080/10615806.2013.809421 Yeager & Roberts, (2015). Differentiating among stress, acute stress disor-
der, acute crisis episodes, trauma, and PTSD: Paradigm and treatment
Wethington, H. R., Hahn, R. A., Fuqua-Whitley, D. S., Sipe, T. A., Crosby, goals. In K. Yeager & A. Roberts (Eds.), Crisis Intervention Handbook:
A. E., Johnson, R. L., Liberman, A. M., …, Task Force on Community Assessment, Treatment, and Research (4th Ed.). London: OUP.
Preventive Services (2008). The effectiveness of interventions to
reduce psychological harm from traumatic events among children Zalta, A. (2015). Psychological mechanisms of effective cognitive–beha-
and adolescents: A systematic review. American Journal of Preventive vioral treatments for PTSD. Current Psychiatry Reports, 17(4), 23.
Medicine, 35 (3), 287 – 313. doi: 10.1016/j.amepre.2008.06.024 doi:10.1007/s11920-015-0560-6
125