Apostila de Artes - 2º Ano Do Ensino Médio
Apostila de Artes - 2º Ano Do Ensino Médio
Apostila de Artes - 2º Ano Do Ensino Médio
ARTES
Do teatro às múltiplas expressões artísticas
Realismo, Expressionismo e Surrealismo
2º ANO – Foco do estudo: Cinema
Goiânia
2008
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ÍNDICE
Bibliografia ............................ 80
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Apesar de ter sido totalmente baseado nos moldes gregos, o teatro romano
criou suas próprias inovações, como a pantomima, em que apenas um ator
representava todos os papéis, com a utilização de máscara para cada
personagem interpretado, sendo o ator acompanhado por músicos e por coro.
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Foi a partir do século XVII que as mulheres passaram a fazer parte das
atuações teatrais na Inglaterra e na França. Na Inglaterra, os papéis femininos
eram antes representados por jovens atores aprendizes. Na França, uma das
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atrizes que outrora havia sido integrante do grupo de Molière passou a fazer
parte do elenco das peças de Racine. Therese du Parc, conhecida depois
como La Champmesle, foi a atriz que primeiro interpretou o papel principal de
Fedra, da obra de Racine, tornando-se então uma das principais atrizes da
chamada "Commedie Française".
Ao final do século XIX uma série de autores passaram a assumir uma postura
de criação bastante diversa da de seus predecessores românticos, visando a
arte como veiculo de denúncia da realidade. Escritores como Henrik Ibsen e
Emile Zola foram partidários dessa nova tendência, cada qual com sua visão
particular.
CAPÍTULO 1 – REALISMO
O Realismo também se
espalha fora da França, em
Auto-retrato, de Courbet
especial na Inglaterra,
Alemanha e Estados Unidos. Na Inglaterra, é especialmente expresso pela
"Irmandade Pré-Rafaelita". Para esse grupo, a arte, a partir de Rafael, passou
a desvalorizar a verdade, em busca de uma beleza idealizada. Deveriam,
portanto, voltar à época anterior ao mestre Renascentista. A irmandade tinha
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ainda forte apelo religioso, pretendendo exaltar Deus através de suas pinturas
"sinceras". "A Anunciação", de Dante Gabriel Rossetti, é uma importante obra
dessa escola. Rossetti, pintor e poeta Inglês, foi um dos iniciadores do pré-
rafaelismo. É mais conhecido como autor de Baladas e Sonetos (1881). Sua
irmã Christina Georgina, poetisa, é autora de Goblin market (1862).
Nos Estados Unidos, destaca-se Winslow Homer (1836-1910), com suas cenas
da vida e paisagem americana e as da Guerra Civil.
Realismo na literatura
Realismo Romantismo
Distanciamento do narrador Narrador em primeira pessoa
Valoriza o que se é Valoriza o que se idealiza e sente
Crítica direta Crítica indireta
Objectividade Sentimentos à flor da pele
Textos, às vezes, sem censura Textos geralmente respeitosos
Imagens sem fantasias, reais Imagens fantasiadas, perfeitas
Aversão ao Amor platônico Amores platônicos
Mistura de épico e lírico nos textos Separação
Cosmopolita Ufanista/Nacionalista
Realismo no Brasil
Realismo no teatro
Na Rússia, Nikolai Gogol, com sua peça ''O inspetor geral'', satiriza a corrupção
e o emperramento burocrático; Anton Tchekhov, em ''O jardim das cerejeiras'',
e Aleksandr Ostrovski, em ''A tempestade'', retratam o ambiente provinciano e
a passividade dos indivíduos diante da rotina do cotidiano; e em ''Ralé'' e ''Os
pequenos burgueses'', Maksim Gorki (pseudônimo de Aleksei Peshkov) mostra
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Realismo no Cinema
Realismo e Neo-Realismo
A diferença real que existe entre todo o realismo passado e o realismo de hoje
– o realismo humanista – reside essencialmente no seu comportamento em
face da realidade. O realismo passado tem os seus alicerces na contemplação,
na recepção e como tal é essencialmente descritivo. A realidade é nos seus
aspectos encarada tal qual é, a nota dominante é a sua cópia, a sua descrição.
O realismo passado, como descritivo, é, em face da realidade, essencialmente
passivo, passividade esta que é um produto da sua própria estrutura
contemplativa. Limita-se à contemplação e como tal a sua arte é uma arte de
contemplação. É sobre este ângulo que, por exemplo, a obra de Balzac deve
ser observada.
Uma frase de Cesare Zavattini resume bem este espírito: ―Quis que meus
filmes fossem os mais elementares, os mais simples, a bem dizer os mais
triviais possíveis. O ideal seria criar um espetáculo cinematográfico com
noventa minutos da vida de um homem a quem nada aconteceu‖.
O Brasil neo-realista
Por aqui, cerca de dez anos depois, vimos filmes como Rio, 40 graus (1955),
Rio – Zona Norte (1955) e Vidas Secas (1963), do brasileiro Nelson Pereira dos
Santos, fortemente influenciados pelo neo-realismo.
Segundo Glauber Rocha, o filme ―revelava o povo ao povo. Sua intenção, vinda
de baixo para cima, era revolucionária. Suas idéias eram claras, sua linguagem
simples, seu ritmo introduzia o complexo de grande metrópole, a câmera narra
e expõe com ardor os dramas, as misérias e as contradições da grande cidade:
o autor estava definido na mis-en-scene‖.
1. Locais autênticos;
2. Retratação da vida natural de seus moradores;
3. Atores não-profissionais;
4. Olhar especial para o cotidiano;
5. Subdesenvolvimento e desemprego;
6. Delinqüência nas cidades e problemas sociais no campo;
7. Problemas comuns, como o abandono na velhice.
Sabemos que o movimento brasileiro não pode ser filiado a apenas uma
tendência neo-realista. Isso se define muito bem ao analisarmos a originalidade
das obras, a retomada do diálogo com a linguagem nacional e a discussão
sobre a cultura popular.
O filme Pixote: a lei do mais fraco traz como protagonista uma criança da
periferia de São Paulo, acostumada com a vida miserável do bairro. Na versão
em vídeo, vemos um documentário em que esse fato, juntamente com o
vocábulo criança, é ressaltado diversas vezes, talvez no intuito de distanciar o
termo ―criança‖ do termo ―menor‖, deixando claras as intenções do filme. O
―menor‖ é fruto da mídia, de uma leitura da realidade. A ―criança‖ é fruto da
realidade e da sociedade que a moldou. Este documentário termina mostrando
uma mãe e nove filhos na porta de um barraco. Uma destas crianças é
Fernando Ramos da Silva, o ator que interpreta Pixote. Se este documentário
não houvesse sido sabiamente produzido com um tom jornalístico, talvez não
notássemos a diferença entre ele, a realidade, e o filme, ficção, que se segue.
Essa fronteira tênue entre ficção e realidade tornou-se ainda mais famosa (e
curiosa) por Fernando ter seguido a suposta trajetória de seu personagem
(imaginada com as últimas cenas do filme) e morrido, dez anos após as
filmagens, em um tiroteio com a polícia.
Pixote foi baseado no livro de José Louzeiro A infância dos mortos. O livro em
si foi baseado em um fato real, o caso Camanducaia, no qual cento e dois
menores foram espancados e atirados de um desfiladeiro pela polícia de São
Paulo.
Se o problema não era novo por que a comoção e polêmica com o filme?
Pixote não sensibilizou por mostrar novidades, mas por dar visão e voz a um
povo que havia passado os últimos vinte anos amordaçado. Pixote mostrou a
violência contra menores, pobres, negros, homossexuais, toda espécie de
excluído. A escolha do tema poderia ser relacionada à proposta neo-realista
num forte diálogo. O menor abandonado foi visto de frente, chamando o
espectador a testemunhar a vida a partir de sua ótica, como havia feito Nelson
Pereira em Rio 40º, revelando uma complexidade da condição do infrator,
antes relegada a representação de arquétipos.
Pixote é uma ficção-verdade, diz o historiador André Luiz Vieira dos Campos.
Não seria o neo-realismo uma ficção verdade também?
O filme também foge da narrativa simples e usa o ritmo de videoclipe, com idas
e vindas temporais para contar a história. O equipamento e a produção por trás
do filme estão muito distantes dos filmes nascidos do cinema marginal.
Mostrou que a violência urbana, mesmo não sendo uma novidade, tem enorme
potencial cinematográfico. Tentou retratar uma suposta realidade não-revelada,
criando uma obra digna das páginas de jornal e noticiários da TV que vemos
todos os dias em nossas casas. Buscou usar pessoas envolvidas com a
realidade a ser apresentada (o neo-realismo considerava esta uma forma de
criar reações autênticas por parte dos atores) e moldou os atores com oficinas
artísticas até que se enquadrassem no perfil requisitado. Expôs as entranhas
da violência sendo ao mesmo tempo um filme limpo, dégradé de tons de pele.
A realidade maquiada.
O neo-realismo não veio como uma imposição de modelo, mas como uma
opção. Foi sábia a decisão de fugir da mera cópia e adaptar a linguagem,
enriquecendo nossas produções. Toda vez que o cinema brasileiro decide pelo
copy & paste do modelo americano, o que se vê são produções de pouca
qualidade, independentemente do público pagante.
CAPÍTULO 2 – EXPRESSIONISMO
Principais artistas:
No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se
libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da
iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo
natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor
adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos,
amarelos, verdes e violetas. Quando voltou a Paris, realizou uma exposição
individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se
definitivamente na ilha Dominique. Obra Destacada: Jovens Taitianas com
Flores de Manga.
Dessa época são os quadros mais ousados de paisagens e nus, bem como
cenas circenses e de variedades. Em 1914 Kirchner foi convocado para a
guerra, e um ano depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se recuperaram
do ferimento, voltou a pintar ao ar livre, em sua casa ao pé dos Alpes. Quando
finalmente sua contribuição para a arte alemã foi reconhecida, foi nomeado
membro da academia de Berlim, em 1931, para seis anos mais tarde, durante o
nazismo, ver sua obra ser destruída e desprestigiada pelos órgãos de censura.
Kirchner tentou mostrar em toda a sua produção pictórica uma realidade de
pesadelo e decadência. Sensivelmente influenciado pelos desastres da guerra,
seus quadros se transformaram num amontoado neurótico de cores
contrastantes e agressivas, produto de uma profunda tristeza. No final de 1938
o pintor pôs fim à própria vida. Suas obras mais importantes estão dispersas
pelos museus de arte moderna mais importantes da Alemanha.
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Em 1912 viajou para Paris, onde se encontrou com Delaunay, que seria de vital
importância para suas obras posteriores. Klee escreveu: "A cor, como a forma,
pode expressar ritmo e movimento". Mas a grande descoberta ocorreria dois
anos depois, em sua primeira viagem a Túnis. As formas cúbicas da arquitetura
e os graciosos arabescos na terracota deixaram sua marca na obra do pintor.
Iniciou uma fase de grande produtividade, com quadros de caráter quase
surrealista, criados, segundo o pintor, em cima de "matéria e sonhos". Entre
eles merecem ser mencionados Anatomia de Afrodite, Demônios, Flores
Noturnas e Villa R.
Depois de lutar durante dois anos na Primeira Guerra, Klee juntou-se em 1924
ao grupo Die vier Blauen, mas antes apresentou suas obras em Paris, na
primeira exposição dos surrealistas. Paralelamente, começou a trabalhar como
professor em Dusseldorf e mais tarde na escola da Bauhaus em Weimar. Em
1933, Klee emigrou para a Suíça. Sua última exposição em vida aconteceu em
Basiléia, em 1940. Além de sua obra pictórica, Klee deixou vários trabalhos
escritos que resumem seu pensamento artístico.
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Desde 1906 morando num pequeno castelo que havia adquirido, Alfred Kubin
criava composições a partir de faíscas luminosas, fragmentos de cristais e
conchas, pedaços de carne e pele, folhas e outros objetos, em pinturas
abstratas que materializavam suas lembranças e seus pesadelos. Repercutiam
entre os jovens artistas as idéias bergsonianas que Wilhelm Worringer
defendeu em Abstraktion und Einfühlung (1907), de que a subjetividade é a
base da arte e a intuição o elemento fundamental da criação; seguindo esse
caminho, eles suprimiam as formas instituídas para atingir "as coisas que estão
por trás das coisas", em efusões selvagens, demoníacas. Em 1909,
inaugurando o teatro expressionista, o pintor Oskar Kokoschka montou sua
peça Mörder, Hoffnung der Frauen ("Assassino, Esperança das Mulheres") no
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O Expressionismo no teatro
Maxwell Anderson (1888) e Elemer Rice (1892) não cumpriram a promessa das
primeiras obras. Arthur Miller é um intelectual, em oposição à cutura de massa
e suas consequências políticas e sociais. Tennessee Willians pertence ao
movimento literário do sul dos E.U.A., com fortes interesses psicológicos e
psicopatológicos. Os teatros da Broadway voltaram a ser dominados pela
produção comercial, às vezes com verniz literário (S. Behrman, Lillian Hellman,
George S. Kaufman). Só Thornton Wilder mantém o alto padrão literário do seu
estilo expressionista, que uma crítica mal informada dessas origens costuma
confundir com Surrealismo. Entre as muitas ramificações do teatro
expressionista ainda merece menção um original autor em língua iídiche, S.
Anski (1863-1920), cujo drama místico O Dibuk foi representado em muitas
línguas.
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O Expressionismo no cinema
As mudanças políticas ocorridas no final do
século XIX, particularmente a fundação do
Segundo Reich Alemão (1871), foram o pano
de fundo no qual surgiram as Secessões,
grupos artísticos associados à origem do
expressionismo. A unificação dos 25 estados,
em torno à Prússia e sob o poder do seu rei
(Guilherme I), foi acompanhada da
impossibilidade do recém-fundado império
em exercer um controle absoluto sobre a
política cultural de todas as regiões. Com
isso, os estados mantiveram uma relativa
independência no que se refere à arte que se
produzia. Entretanto, na década de 1880 foi
institucionalmente oficializada a pintura que
glorificasse a dinastia do imperador
Guilherme I, principalmente pela presença
junto a este de Anton Von Werner (1843-1915), representante de uma
linguagem artística voltada à representação de temas históricos.
Fausto
Nosferatu - 1922
Quase uma década antes da audiência americana ser aterrorizada por Bela Lugosi
como Conde Drácula, a Alemanha ficou horrorizada com a imagem do vampiro
Nosferatu. Baseado na obra "Drácula", de Bram Stoker, o filme conta a história de um
corretor da cidade de Bremen que deixa a sua noiva para ir à costa do Mar Báltico,
fazer a venda de um castelo cujo proprietário é o Conde Orlock, que durante o dia
dorme em um caixão e à noite desperta para se alimentar de sangue humano.
Nosferatu - 1970
A Última Gargalhada
CAPÍTULO 3 – SURREALISMO
Principais artistas
Não esqueçamos, no entanto, que muitos destes aspectos não são exclusivos
da literatura e que foram também explorados noutras manifestações artísticas,
sobretudo na pintura e no cinema.
Uma obra de António Pedro, Apenas uma Narrativa, publicada em 1947, será
considerada o primeiro conjunto de textos surrealista-automáticos produzido
em Portugal. Antônio Pedro, já em 1936, aderira ao grupo surrealista inglês e
publicara em Lisboa o Manifesto Resumo do Dimensionismo.
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O cadáver esquisito era uma das principais técnicas usadas pelos surrealistas
franceses. O acaso, criando por vezes insólitas aproximações, leva a que esta
técnica seja encarada não apenas como um divertimento mas como uma forma
de enriquecimento de conhecimento do real.
Surrealismo no teatro
O dramaturgo francês Antonin Artaud é o maior representante do surrealismo
no teatro, por meio de seu teatro da crueldade. Poeta, dramaturgo, diretor e
ator francês, ele tem como proposta despertar as forças inconscientes do
espectador, para libertá-lo do condicionamento imposto pela civilização. Uma
das técnicas usadas pelo dramaturgo foi unir palco e platéia, durante a
realização das peças. No livro O Teatro e seu duplo, Artaud demonstra sua
teoria.
Parte de sua teoria está exposta no livro O Teatro e Seu Duplo (1938). A
montagem mais representativa é a do texto
Os Cenci (1935), sobre uma família italiana
do Renascimento.
Teatro da Crueldade
Antonin Artaud (1896 – 1948) foi
considerado um louco visionário do teatro
surrealista, que apesar de ter morrido sem
ver muito suas teorias realizadas na
prática, influenciou vários teatrólogos que o sucederam, entre eles, Jerzy
Grotowski, cujas teorias deram origem ao Teatro Pobre, e Peter Brook. Até o
surgimento do mito Artaud, eram considerados pilares de sustentação teatral, o
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Por ser da mesma época e viver os mesmos ares de uma Europa em crise,
Artaud com certeza sofreu grandes influências da Escola de Frankfurt, de
forma que algumas de suas teorias se aproximam bastante ao que propôs
Benjamin. Esse teórico era contra a utilização desenfreada da arte em prol da
capitalização, o que, segundo ele, desgastava a importância da obra. Adorno,
apesar de também criticar, buscou ver o lado positivo da comercialização da
arte, alegando que a divulgação estreita os laços da obra artística com a
sociedade. Porém Adorno rechaça a utilização da obra como um bem
particular, afirmando que tal prestígio impede que toda a sociedade manifeste
interesse por uma obra. Hockheimer concorda e alega que as diferenças
sociais impedem que o público se aproxime de uma obra original e sim de
cópias e criações voltadas para o faturamento de riquezas, transformando a
cultura em um bom produto para venda, manipuladas pelo marketing,
subordinado à moda vigente, com uma demanda limitada do público mais rico.
Teatro do Absurdo
O Surrealismo no Cinema
As tendências verdadeiramente
revolucionárias na arte do século XX,
que se manifestaram em bloco, de
conjunto, no período que vai da
primeira até o início da segunda guerra
mundial, atingiram o seu ponto
culminante na década de 30, após o
crack da Bolsa de Nova Iorque, que
dará lugar ao período de maior
polarização entre a revolução e a
contra-revolução na história da
humanidade. Em 1929, Luís Buñuel
lançava Um cão andaluz e, em 1930, A
idade de ouro, expressão cinematográfica desta corrente revolucionária que
percorria o mundo e que se manifestava na pena de Breton, Eluard e Peret e
no pincel de Max Ernst, Miró, Picasso, Ives Tanguy e muitos outros. Conforme
o próprio Buñuel destaca, "nenhuma das artes tradicionais manisfesta
desproporção tão grande entre as possibilidades que oferece e suas
realizações", afirmação que nunca foi tão verdadeira como hoje, visto o cinema
em perspectiva, com suas extraordinárias realizações técnicas e sua não
menos extraordinária vacuidade artística. O capitalismo, em sua imensa
capacidade destrutiva tenta, também, assimilar a obra revolucionária de
Buñuel, canonizando-a como divertimento para o divertimento convencional e
os jogos intelectuais de uma classe média amante da mediocridade. O cinema
de Buñuel, como muito da realização surrealista chocou durante muitos anos o
público e despertou a ira e, até mesmo, a violência dos reacionários. Sua
oposição ao cinema elaborado para expor uma pretensão intelectual declarou,
sobre o seu primeiro filme, Um cão andaluz que, "historicamente, este filme
representa uma violenta reação contra o que se chamou, na época, cinéma
d'avant-garde, gênero que era dirigido exclusivamente no sentido da
sensibilidade artística e do raciocínio do espectador, com seu jogo de luz e
sombra, seus efeitos fotográficos, sua preocupação com a montagem rítmica e
a pesquisa técnica e, às vezes, no sentido de exibir um estado de espírito
perfeitamente convencional e barato", fazendo uma profissão de fé por um
cinema que "tomou posição pela primeira vez num plano puramente POÉTICO-
MORAL (o termo MORAL deve ser tomado no sentido do que governa os
sonhos ou as compulsões). Na elaboração da trama, todas as idéias de
preocupação racional, estética ou outras com assuntos técnicos foram
rejeitadas como irrelevantes. O resultado é um filme deliberadamente
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de Ouro de Veneza por A Bela da Tarde (Belle de Jour, 1966), lhe perguntaram
o significado da caixinha de música que um japonês carrega quando no quarto
com Catherine Deneuve. O cineasta respondeu que não sabia. Assim, o
espectador não pode racionalizar dentro de determinada lógica nos filmes
surrealistas. É claro que os significados existem, amplos, dissonantes e
insólitos. E por que os convidados aristocráticos de O Anjo Exterminador, ainda
que não haja nenhum obstáculo que lhes impeçam de sair, não conseguem ir
embora da mansão? Um recurso surreal para a análise da condição humana,
um laboratório criado para se investigar pessoas numa situação-limite.
CAPÍTULO 4 – O CINEMA
Para isso, é preciso ter em conta que cada plano, movimento de câmera, etc,
tem um efeito psicológico, um valor dramático específico e exerce seu papel
dentro da totalidade que é um filme. Portanto, ao se escolher um
enquadramento, deve-se levar em conta o seu efeito visual individual e também
como ele se encaixa na continuidade do trabalho.
Contra-plano: dialoga com o plano e pode ser definido como uma tomada feita
com a câmera orientada em direção oposta à posição da tomada anterior.
I. PLANOS
Plano geral:
Plano americano:
Plano seqüência:
Close:
Plano detalhe:
Ângulos
Plongée:
A câmera filma o objeto de cima para baixo, ficando a objetiva acima do nível
normal do olhar. Tende a ter um efeito de diminuição da pessoa filmada, de
rebaixamento.
Contra-plongée:
Inclinado:
Panorâmica:
Travelling:
A câmera é movida sobre um carrinho (ou qualquer suporte móvel) num eixo
horizontal e paralelo ao movimento do objeto filmado. Este acompanhamento
pode ser lateral ou frontal, neste último caso podendo ser de aproximação ou
de afastamento. Ao lado temos um exemplo de travelling lateral.
Zoom:
III. MONTAGEM
Corte seco:
É quando há uma transição imediata, direta de uma cena para outra. Foi um
dos primeiros procedimentos da montagem, usado na hora da transição de um
filme para outro. Usado quando se quer obter imagens que se sucedem dentro
de um enredo.
Fusão:
Fade:
Quando a imagem vai surgindo aos poucos de uma tela preta (ou de outra cor
qualquer), temos o fade in. Quando ela vai desaparecendo até que a tela fique
preta, temos o fade out. A velocidade com que a imagem dá lugar à tela preta e
vice-versa pode ser controlada de acordo com o efeito desejado. O fade in é
comumente usado no início de uma seqüência e o fade out, como conclusão.
Pode denotar a passagem de tempo ou um deslocamento espacial, assim
como na fusão.
Cortina:
É uma forma de transição de planos que ocorre quando uma cena encobre
outra (geralmente entrando no eixo horizontal, mas pode ocorrer também no
sentido vertical, diagonal, em íris e em uma infinidade de formas). Pode ocorrer
também através de uma linha que corre o quadro, mudando as ações.
Montagem Paralela:
IV. PIONEIROS
Viagem à lua
(Le voyage dans la lune, 1902)
Diretor: D. W. Griffith
Fotografia: G. W. Bitzer
Atores: Lilian Gish, Mae Marsh,
Henry Walthall
Encouraçado Potenkin
(Bronenosets Potyomkin, 1929)
M, O Vampiro de Düsseldorf
(M, 1931)
O anjo azul
(Der blaue engel, 1930)
Sangue de herói
(Fort apache, 1948)
O terceiro homem
(The third man, 1949)
Limite
A ação do filme se passa num barco. Nele, perdidos no mar, estão um homem
e duas mulheres, que, abatidos, deixam de remar e parecem conformados com
seus destinos. Cada um conta, através de flash backs, sua história. Estreou em
1931, patrocinado pelo Chaplin Club, mas não conseguiu distribuição
comercial. Predominam os planos próximos (closes), que revelam as reações e
estados de alma das personagens. Quase não há planos gerais. Por duas
vezes foi escolhido em enquérito nacional (promovidos pela Cinemateca
Brasileira em 1988 e pela Folha de São Paulo em 1995) o melhor filme
brasileiro de todos os tempos.
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Psicose
(Pshyco, 1960)
Cidadão Kane
(Citizen Kane, 1941)
A marca da maldade
(A touch of evil, 1958)
Ladrões de bicicleta
(Ladri di biciclette, 1948)
O livro de cabeceira
(The pillow book, 1996)
A última tempestade
(Prospero's books, 1991)
BIBLIOGRAFIA
CIVITA, VICTOR. Teatro Vivo, Introdução e História. São Paulo: Abril Cultural,
1976.