AgRg No AREsp 1166037
AgRg No AREsp 1166037
AgRg No AREsp 1166037
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
ACÓRDÃO
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.166.037 - PB (2017/0236905-7)
RELATÓRIO
a) Da negativa de vigência aos artigos 400, §1°, 403, §3° e 564, IV,
todos do Código de Processo Penal. Intervalo de 10 (dez) meses entre as audiências
de instrução e julgamento. Rito Ordinário. Alegações finais orais. Prejuízo flagrante à
defesa. Nulidade absoluta.
Alega que "as alegações finais orais, trazidas pela Lei n. 11.689/2008, são
cabíveis na hipótese em que a audiência de instrução é una e indivisível, o que não é o caso
dos autos, já que, além de a instrução processual ter sido desmembrada, houve um intervalo
de dez meses entre os autos que foram conduzidos por magistrados distintos" (e-STJ, fl.
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 4 de 4
Superior Tribunal de Justiça
1.513).
Conclui que, "se o juízo de primeiro grau não se sentiu apto a proferir
decisão logo após as partes exporem as suas razões finais, levando mais de dois meses para
tal, isso é prova de que a defesa também não tinha condições hábeis para apresentar as
alegações orais ao final da instrução, uma vez que não teve acesso imediato e a tempo à prova
produzida há dez meses atrás" (e-STJ, fl. 1.515).
Enfatiza que "a prova pericial, em crimes que envolvem acidentes de trânsito,
além de legalmente exigida e, no mais das vezes, decisiva, seja perante um juiz togado, seja,
com muito mais prejuízo, perante juízes leigos" (e-STJ, fl. 1.521).
Diz que a decisão recorrida não enfrentou a tese de novatio legis in mellius
posta em petição juntada às e- STJ fls. 1459-1468, (tópico c.2), tampouco o dissídio
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 5 de 4
Superior Tribunal de Justiça
jurisprudencial posto pela defesa (tópico c.3)
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 6 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Aduz que, em 9/8/2018, a defesa peticionou requerendo a desclassificação
da acusação de homicídio doloso para a forma culposa, com base na Lei n. 13.546/2017 – lei
penal mais benéfica e complementariedade recursal –, mas o pleito não foi analisado.
Argumenta que referido diploma normativo deu nova disciplina aos crimes de
trânsito, criando hipótese típica e específica de homicídio culposo na direção de veículo
automotor, quando supostamente há embriaguez (art. 302, §3º, do CTB).
É o relatório.
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 8 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.166.037 - PB (2017/0236905-7)
VOTO
a) Da negativa de vigência aos artigos 400, §1°, 403, §3° e 564, IV,
todos do Código de Processo Penal. Intervalo de 10 (dez) meses
entre as audiências de instrução e julgamento. Rito Ordinário.
Alegações finais orais. Prejuízo flagrante à defesa. Nulidade
absoluta.
b) Da negativa de vigência aos arts. 159, §§ 3° e 5°, incs. II e 411,
§§ 1° e 2° e art. 564, III, "b" do Código de Processo Penal.
c) Da ausência de indícios de dolo eventual. Ponto de urgência:
necessidade de reforma. Novatio legis in mellius. Dissídio
jurisprudencial não analisado.
c.1) Da afronta aos artigos 302 do Código de Trânsito
Brasileiro. Negativa de vigência aos arts. 239, 413 e 413 do
Código de Processo Penal e aos arts. 18, I e II, 121, caput, e
129, caput, todos do Código Penal.
c.2 Da absoluta desconsideração novatio legis in mellius.
Necessidade de reforma da decisão agravada.
c.3) Do Dissídio jurisprudencial: Incerteza quanto a
ocorrência de crime de competência do Tribunal do Júri
impõe a desclassificação. Tese constante do relatório – mas
não analisada devidamente.
a) Da negativa de vigência aos artigos 400, §1°, 403, §3° e 564, IV,
todos do Código de Processo Penal.
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 9 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Código de Processo Penal:
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 10 de 4
Superior Tribunal de Justiça
3. No caso dos autos, a Defensora participou da audiência em que
foram colhidos os depoimentos das testemunhas e interrogado o
recorrente, não havendo falar em constrangimento ilegal na
apresentação de suas alegações finais em audiência, sem a
degravação dos depoimentos, por não se tratar de causa complexa
ou com elevado número de acusados.
4. Sem embargo do amplo direito à produção das provas
necessárias a dar embasamento às teses defensivas, é facultado ao
magistrado o indeferimento das diligências protelatórias,
irrelevantes ou impertinentes, desde que mediante decisão
motivada. Por sua vez, cabe à parte interessada demonstrar a real
imprescindibilidade da produção da prova requerida. Precedentes.
5. Aferir a indispensabilidade da prova requerida durante a
instrução demandaria ampla incursão no acervo fático-probatório
dos autos, o que é incompatível com a via mandamental.
6. Recurso ordinário desprovido. (RHC 77.616/SP, Rel. Ministro
RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, julgado em 13/6/2017, DJe
23/6/2017)
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 14 de 4
Superior Tribunal de Justiça
pertinência com a sua instrução.
Nesse ponto, argumenta a defesa que não é possível que o agente tenha
assumido riscos distintos em relação às vítimas que ocupavam o mesmo veículo – risco de
matar e risco de lesionar –, sendo flagrante a violação dos artigos 18,1 e II, 121, caput, e
129, caput, todos do Código Penal (e-STJ, fl. 1.165).
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 17 de 4
Superior Tribunal de Justiça
A respeito do tema, vale destacar os seguintes julgados:
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 19 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Ora, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que o dolo eventual não
é extraído da "mente do agente", mas das circunstâncias do fato, de forma que a ocorrência de
uma morte e de uma lesão corporal faz parte do resultado assumido pelo agente, que, sob a
influência de álcool, em alta velocidade e desrespeitando as regras de trânsito, foi o
responsável pelo fatídico acidente. Tais elementos, bem delineados na denúncia, demonstram a
antevisão do acusado a respeito do resultado assumido, justificando a imputação.
A propósito:
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 22 de 4
Superior Tribunal de Justiça
probatórias, não há preclusão para o magistrado" (AgRg no REsp
n. 1.212.492/MG, Quarta Turma, Rel. Ministra Maria Isabel
Gallotti, DJe de 2/5/2014, grifei).
Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1579818/SC, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 27/06/2017,
DJe 01/08/2017)
Não significa, por isso, dizer que aqueles que dirigiam embriagados ou sob
efeito de substâncias psicoativas e se envolveram em homicídio no trânsito (dolo eventual)
tenham que, de pronto, ser beneficiado com a desclassificação do delito para a modalidade
culposa.
Nesse sentido:
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 24 de 4
Superior Tribunal de Justiça
2. Tendo a Corte de origem, soberana na apreciação da matéria
fático-probatória, concluído que as condutas imputadas ao
recorrente caracterizam o tipo previsto no art. 171, § 3º, do CP,
porque comprovadas a materialidade e autoria do delito, bem como
o dolo, o exame da pretensão de absolvição encontra óbice na
Súmula 7/STJ.
3. Conforme a jurisprudência desta Corte, a incidência da Súmula
7/STJ impede o exame do dissídio jurisprudencial aventado nas
razões do apelo nobre.
4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1532799/SC, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 22/03/2018,
DJe 03/04/2018)
É como voto.
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 25 de 4
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2017/0236905-7 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 1.166.037 /
PB
MATÉRIA CRIMINAL
Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MÁRIO FERREIRA LEITE
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : JOÃO PAULO BARBALHO INÁCIO DA SILVA
ADVOGADOS : TICIANO FIGUEIREDO DE OLIVEIRA - DF023870
PEDRO IVO RODRIGUES VELLOSO CORDEIRO - DF023944
LINDBERG CARNEIRO TELES ARAÚJO E OUTRO(S) - PB017922
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA PARAÍBA
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : JOÃO PAULO BARBALHO INÁCIO DA SILVA
ADVOGADOS : TICIANO FIGUEIREDO DE OLIVEIRA - DF023870
PEDRO IVO RODRIGUES VELLOSO CORDEIRO - DF023944
LINDBERG CARNEIRO TELES ARAÚJO E OUTRO(S) - PB017922
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA PARAÍBA
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental."
Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik, Leopoldo de Arruda Raposo
(Desembargador convocado do TJ/PE) e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Documento: 1903178 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 26 de 4