Administração Tributária
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Administração Tributária
Nabi Nota
4º Ano
Administração tributária
Delegação de Maputo
4º Ano
Administração tributária
Delegação de Maputo
Como dever a companhia tinha o dever de pagar 10% dos dividendos distribuidos e 7,5%
dos lucros liquidos totais, manter a sua sede em Lisboa, manter o estatuto de companhia
portuguesa e entregar os territórios ocupados no fim do contrato.
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Em 1891 surge a Companhia do Niassa (2ª companhia majestática), com privilégios de
ocupação, administração e exploração da área ocupada. 25% do território na zona norte
entre os rios Rovuma (norte) e Lúrio (sul), o oceano Indico (este) e Lago Niassa (oeste).
Em 1892 surge a Companhia da Zambézia (3ª companhia majestática), que ocupava as
áreas de Chire, limite com a Niassalandia, Zumbo e Luenha, fronteira com a Rodesia do
Norte. Esta companhia não tinha privilégios porque era concessionária.
A zona sul do País foi administrada de forma directa pelos portugueses e serviu como
reserva de mão de obra para as plantações de cana do açucar e exploração mineira na
vizinha Africa do Sul.
Com o Golpe de Estado ocorrido em Maio de 1926 em Portugal, nasceu o Estado Novo, o
qual ganhou vulto a partir de 1930 e consolidou-se em 1932, com o desenvolvimento do
Nacionalismo Económico.
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1 Objectivos
2.1 Objectivo geral
• Pretende-se que o formando fique apto a reconhecer como decorreu a evolução do
sistema fiscal Moçambicano.
2 Metodologia
A prossecução do trabalho foi com o recurso ao método de pesquisa bibliográfica. A
pesquisa bibliográfica consistiu na leitura de livros, artigos científicos, publicações em
revistas, dissertações e internet.
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3 Delimitação do Território e Administração Pública Colonial em
Moçambique
O Governo de Portugal iniciou o processo de delimitação do território de Moçambique
depois da realização da Conferência de Berlim que decorreu no periodo de 15 de
Novembro de 1884 a 26 de Fevereiro de 1885. A partir deste periodo tiveram lugar
conversações entre Portugal e outras potencias coloniais interessadas na colonização do
continente africano as quais só terminaram a 29 de Julho de 1869 com a delimitação das
actuais fronteiras de Moçambique iniciando desta forma a ocupação efectiva do território
sob a forma de colónia.
No período que decorreu desde o inicio da ocupação efectiva até aos anos 60
Moçambique era designado por colônia de Moçambique. A partir deste período passou a
designar-se província de Moçambique e nos anos 70 passou a designar-se por Estado de
Moçambique. Em todas as fases o governo colonial Português caracterizou-se por uma
postura centralizadora do processo decisório e as relações com as designadas províncias
ultramarinas eram estabelecidas através do Ministério das Colónias e mais tarde
Ministério do Ultramar.
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c) Entre 1926 e 1974, na fase do Estado Novo, Portugal adoptou a Administração
Corporativa caracterizada pela separação entre a administração e a justiça, o reforço da
administração central em detrimento da administração municipal, intervenção crescente
da administração na vida económica e social, diminuição das garantias dos particulares
em todas as matérias, por imperativosideológicos, políticos e econômicos, e o incremento
do autoritarismo políticoideológico do Estado. Neste deu-se primazia à centralização da
administração pública.
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Assim, a queda da produção industrial causou igualmente a queda nas cobranças em
impostos de produção e de consumo, daí a impossibilidade de manter as receitas ora
atingidas (entenda-se no tempo colonial, ou antes da independência).
5 .A Primeira reforma tributária de . 1978
A necessidade de garantir o funcionamento dos sectores sociais, nomeadamente a saúde e
a educação trouxe para o Estado moçambicano a problemática dos meios para assegurar a
realização das receitas para os objectivos de justiça social traçados (os supracitados), cuja
exequibilidade não passa de simples sonho, mas de concretização.
Desde logo, o sistema clamava por uma Reforma. Reforma que se concretizou em
Fevereiro de 1978, que se basearia nos princípios de política fiscal definidos na
Resolução 5/77 da Assembleia Popular (AP) que incluía taxas progressivas e outras
medidas que visavam a prossecução da justiça social.
6 A resolução 5\77 da Assembleia Popular
O princípio da legalidade e a observância das normas constantes da Constituição
evidenciavam uma profunda razão para a Reforma (Cfr. Art. 13 CRPM), pois dispunha
que o rendimento e a propriedade privada estavam sujeitos a impostos progressivos,
fixados segundo os critérios de justiça social.
Ainda, a Resolução supracitada, enquadrava os impostos adoptados na política
orçamental do país assentes na política económica da “ideologia” concebida, virada à
solução de problemas sociais de todo o povo, na defesa da soberania e numa economia
centralmente planificada em que o sector público tinha papel preponderante na
arrecadação de receitas do Orçamento Geral do Estado.
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Fusão das diversas formas de tributação do Rendimento do Trabalho num só
imposto, estabelecendo-se taxas progressivas nos termos da Constituição
vigente.
Agravamento das taxas dos impostos sobre o lucro das empresas;
Simplificação da legislação fiscal em vigor.
Todavia, esta Reforma funcionou eficazmente até 1983 com reflexo no PIB que passou
de 9% em 1976 para 16% em 1983. Porém, em 1984, o PIB baixou para 13%, o que
demonstrou a inadequação do sistema adoptado à realidade da época. Tal situação deveu-
se porque o sistema estava concebido para vigorar num ambiente de paz e segurança
social onde o mercado oficial fosse controlado pelo Estado. A não ser assim, dos estudos
feitos em 1986, notou-se que o estado detinha 30% do controlo tributário em detrimento
dos 70% que escapavam, debilitando deste modo a economia nacional e tornando o
sistema fiscal cada vez mais ineficaz.
Aliás, houve muita indiferença nos contribuintes para com o fisco, pois a cobrança não
incidia sobre o mercado paralelo, vulgo “candonga”, daí os prejuízos enunciados, que não
satisfaziam os objectivos preconizados na Resolução 5/77. Ainda, o agravamento das
receitas públicas e a inadaptação das receitas fiscais à economia prejudicou o Estado na
aceleração progressiva do PIB. Quer dizer, a redução da distribuição das riquezas pelo
Estado por via dos impostos era notável por seguintes causas:
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Inadequação do sistema tributário que não incidia sobre o mercado paralelo;
Progressiva deterioração da economia por causa da guerra.
Desta feita, uma nova Reforma se exigia para repor a situação à normalidade.
Por assim dizer, a Reforma implicava a revogação da Resolução 5/77, cujos princípios já
não solucionavam os problemas da altura, pela Lei 3/87 que fixava novos princípios em
que deveria assentar o sistema fiscal de modo a:
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Porém, mantiveram-se os seguintes Impostos: sobre o Rendimento de Trabalho, sobre
Lucro de Empresas, sobre as Transacções e sobre o Consumo e Importação, e alterou-se:
Em jeito de conclusão, extrai-se que a lei 3/87 contribuiu para o aumento das receitas
fiscais e para a reposição de alguns princípios que orientam as leis do mercado. Dado que
as posições divergem em função da preferência de um ou outro sistema, não nos cabe
aqui tomar posições sobre a perfeição ou não de um sistema.
Este sistema vigorou até 31 de Dezembro de 2002, altura em que começou a funcionar o
novo sistema aprovado pela Lei 15/2002 de 26 de Junho, conhecida pela sigla LBST.
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8 A terceira reforma de 2002
A terceira Reforma teve como prenúncio a introdução do IVA como substituição do
imposto de circulação que apesar de ter constituído grande fonte de receita para os cofres
do Estado fomentava o mercado informal e aumento dos preços dos produtos produzidos
internamente; e introdução do Imposto de Consumo de Produtos Específicos (ICE) que
substituía o Imposto de Consumo, que pelas características dava azo ao contrabando e
evasão fiscal.
Estes novos impostos visavam alargar da base tributária, reduzir a carga fiscal no
conjunto da tributação directa, aumentar o nível das receitas fiscais, modernizar o sistema
de impostos e racionalizar o sistema de benefícios fiscais.
Como ficou dito, nem toda a legislação fiscal colonial foi revogada, restando para tal tudo
o que não fosse contrário à Constituição de 1975. Por assim dizer, assistiu-se a uma
reformulação da tributação, substituindo também a matéria do Código dos Impostos sobre
o Rendimento de 1987.
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organizações da atualidade. É deste modo que estão em curso vários projetos de
modernização tecnológica a saber (Autoridade Tributária de Moçambique, 2012):
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directa, passando do clássico modelo cedular para um modelo de tributação de
Rendimentos.
A terminar, de referir que esta Lei trouxe grandes inovações e modernizou o sistema
fiscal moçambicano porquanto adopta princípios universais do direito fiscal e está virado
para a justiça social.
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Particular atenção é dada ao Imposto Simplificado para os Pequenos Contribuintes de
2009 (ISPC) e ao Código dos Benefícios Fiscais de 2009 (CBF). O capítulo examina
igualmente a posição do sistema tributário de Moçambique na classificação do relatório
Doing Business do Banco Mundial. A secção final contém um resumo dos planos da
Autoridade Tributária de introduzir mais reformas com vista a modernizar a
administração tributária.
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• Determinação do Rendimento das Matéria colectável
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• Imposto de Reconstrução Nacional.
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11 Conclusão
O sistema fiscal moçambicano é uma realidade que tem vindo a evoluir desde os tempos
antigos. Desde já, a evolução por mais que seja boa ou má aos olhos de uns e outros, ela
tende a melhorar qualquer situação social. Segundo, Hegel, o filósofo, a história é uma
contradição ou oposição de forças (tese, antítese e síntese).
Deste modo, a história do direito fiscal que partiu desde o período primitivo até à época
colonial servindo os interesses dos soberanos e depois dos exploradores, respectivamente,
tem hodiernamente o sentido verdadeiro do fisco, que visa a financiar a carência do
Estado de forma a satisfazer os fins a que ele se obriga a prosseguir. Desde a
Independência até hoje, vivemos três épocas “fiscais” distintas que pretendiam fins de
justiça social. Porém, bem ou mal, perfeito ou imperfeito era o sistema vigente.
Na primeira época, com a introdução do sistema socialista, houve por bem deixar o ideal
colonialista que satisfazia os interesses imperialistas burgueses para servir os interesses
da nação baseados no princípio de justiça social. Assistimos aqui a uma lapidação
económica, consequência da inexistência da paz e segurança social, descontrolo duma
grande parte da tributação, cerca de 70% e indiferença quanto ao fisco, incentivada pela
guerra e outros males sociais. Esta fase redundou num fracasso. Porque a história é feita
de teses, antíteses e sínteses desembocámos numa outra fase que pretendia recuperar o
sucesso alcançado pela primeira fase. Na segunda fase, as medidas usadas foram
violentas e penosas para a população ao se introduzir o PRE, exigindo de todos maior
sacrifício fiscal. Procurava-se ajustar as receitas fiscais ao OGE e acelerar o PIB. Das
medidas tomadas, o mercado informal foi abrangido e o custo de vida subiu.
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12 Bibliografia
CRPM de 1975
CRM de 2004
Lei das Finanças autárquicas.
IBRAIMO, I., O Direito e a fiscalidade, Um Contributo para o Direito Fiscal
Moçambicano, Maputo, s.a.
LBST
WATY, T. A., Introdução ao Direito Fiscal, W&W Editora, Maputo, 2004
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