Sambas LAGRIMAS e SURPRESA - Carnaval de Sao Joao Del-Rei - MG PDF
Sambas LAGRIMAS e SURPRESA - Carnaval de Sao Joao Del-Rei - MG PDF
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“Não, não foi surpresa para mim / porque tudo na vida tem fim. / Eu
esperei com resignação / o triste dia da separação. / Vai, meu amor / siga o
teu destino / que eu seguirei o meu. Seja feliz Adeus. / Um prazer eu trago
comigo / é que a Escola de Samba Depois Eu Digo / será sempre imitada, /
mas nunca será igualada. / Não é?”. Eu cresci ouvindo conversas de que a
letra e a melodia deste samba foram surrupiadas dos “autores” e até mesmo
que a cantora Clara Nunes teria se apropriado do samba, e, também, que ela
teria feito o sucesso que fez à custa dos compositores de São João del-Rei.
Casos e mais casos revoltosos, românticos, engraçados, lamuriosos e
(in)conformados sobre o possível surrupiamento do dito samba já foram
contados e recontados.
Assim, intrigado com a vasta boataria sobre o assunto, este articulista
começou a buscar algumas informações plausíveis sobre o possível
episódio do “furto” do samba, já meio que indignado e achando que este
era mais um caso de coisas nossas indevidamente apropriadas por outrem,
em detrimento dos valores da terra são-joanense. Pesquisando aqui, lendo
ali, especulando acolá, perguntado a fulano e a sicrano, ouvi muitas
conjecturas e não consegui avançar muito na minha investigação. Só fui
saber algo de palpável quando me deparei com a preciosa ajuda de Jota
Dangelo (José Geraldo Dangelo), um dos mais entendidos (senão aquele
que é o mais entendido) na história dos carnavais são-joanenses.
Jota Dangelo, na página 179 do seu livro “Subsídios para a História do
Carnaval de São João del-Rei” (São Paulo: Editora Atheneu, 2003, 312 p.),
registrou que “a autoria do samba ‘Surpresa’ esteve envolta num certo
mistério (...) mas a primeira parte do samba não é de Agostinho França
como se propala. É a primeira parte de um samba chamado ‘Tudo é Ilusão’
de dois compositores cariocas. Inclusive são conhecidas gravações do
samba ‘Tudo é Ilusão’, a mais recente de Clara Nunes, de 1975. Conta
Ginego [João da Cruz Magalhães] que em 47 e 48 Agostinho França estava
trabalhando no Rio de Janeiro. Deve ter tomado conhecimento do samba
nesta ocasião e divulgado a música em São João del-Rei, incluindo os
versos da segunda parte. Aliás, a análise dos versos da segunda parte
mostram, claramente, que eles não guardam qualquer relação com o tema
da primeira parte. Musicalmente também. No entanto, basta escutar “Tudo
é Ilusão” para perceber que a composição tem unidade temática perfeita, a
segunda completando a primeira parte”. Jota Dangelo continuou: “criou-se
em São João a lenda de que alguém teria ouvido o samba em del-Rei e
‘roubado’ o samba de Agostinho França, uma hipótese sem qualquer
consistência. Para tirar as dúvidas pedi a ajuda de Sérgio Cabral, um dos