Cantando A História 1
Cantando A História 1
Cantando A História 1
Baseado no livro Brasil Sculo XX ao P da Letra da Cano Popular, de Luciana Sales Worms e Wellington Borges costa.
MSICA: JURA (Sinh) 2 28. Arranjo Marcos Leite. Domnio Pblico. ISRC: BR 008-0300001. Percusso vocal: Fabiano Salek CONTEXTO: No incio do sculo XX e da Repblica no Brasil, reinava no carnaval, nos teatros de revista e nos discos, Jos Barbosa da Silva, o Sinh. O samba era ainda muito prximo de outro ritmo afrodescendente, o maxixe, ideal para se danar a dois. As manifestaes culturais africanas eram muito reprimidas pela polcia e portar violo era motivo para que o sujeito fosse preso pela polcia. JURA Jura Jura, jura pelo Senhor Jura pela imagem Da Santa Cruz do Redentor Pra ter valor A tua jura Jura, jura de corao Para que um dia Eu possa dar-te o meu amor Sem mais pensar na iluso Da ento dar-te eu irei Um beijo puro na catedral Do amor Dos sonhos meus Bem junto aos teus Para sentirmos as emoes do amor MSICA: SE VOC JURAR (Ismael Silva / Francisco Alves / Nilton Bastos 2 48. Arranjo: Fabiano Salek. ISRC: BR 008-0300002. Piano Marcelo Caldi. Cavaquinho: Eduardo Krieger. Percusso: Fabiano Salek CONTEXTO: No final da dcada de 20, morria Sinh e nascia a primeira escola de samba do Brasil, A Deixa Falar, fundada por Ismael Silva. A soluo rtmica para que o samba orientasse os desafios nas ruas foi a incorporao de dois instrumentos de percusso: o surdo e o tamborim. A temtica preferencial das letras desse novo samba era a figura do malandro carioca.
SE VOC JURAR Se voc jurar que me tem amor Eu posso me regenerar Mas se para fingir, mulher A orgia assim no vou deixar Muito tenho sofrido Por minha lealdade Agora estou sabido No vou atrs de amizade A minha vida boa No tenho em que pensar Por uma coisa -toa No vou me regenerar A mulher um jogo Difcil de acertar E o homem como um bobo No se cansa de jogar O que eu posso fazer se voc jurar Arriscar a perder Ou desta vez ento ganhar MSICA: FEITIO DA VILA (Noel Rosa / Vadico) 4 11. Arranjo: Marcelo Caldi e Ktia Lemos. ISRC: BR 008-030003. Solo: Ktia Lemos. Piano: Marcelo Caldi. Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: Ao mesmo tempo que se processava uma revoluo no samba, em 1930, acontecia a Revoluo que faria com que Getlio Vargas pusesse fim Repblica do Caf-com-Leite em que as oligarquias rurais paulistas e mineiras se revezavam no poder. Vrios compositores brancos de classe mdia aderiram ao samba de Ismael Silva. Noel Rosa, por exemplo, comps, com Vadico, estes versos sobre melodia, que deixam clara a mudana no panorama poltico: So Paulo d caf, Minas d leite e a Vila Isabel d samba. FEITIO DA VILA Quem nasce l na vila / Nem se quer vacila Ao abraar o samba Que faz danar os galhos do arvoredo E faz a lua nascer mais cedo L em Vila Isabel / quem bacharel No tem medo do samba So Paulo d caf / Minas d leite, A Vila tem feitio sem farofa
Sem vela e sem vintm / que nos faz bem Tendo nome de princesa Transformou o samba num feitio descente Que prende a gente O sol da Vila triste / Sam no assiste Porque a gente implora: Sol pelo amor de Deus no venha agora Que as morenas vo logo embora.... Eu sei por onde passo / sei tudo que fao Paixo no me aniquila Mas tenho que dizer, modstia parte Meus senhores eu sou da Vila! MSICA: CHIQUITA BACANA. (Joo de Barro / Alberto Ribeiro) 2 35. Arranjo Original do Grupo Bando da Lua. ISRC: BR 008-030004. Baixo / Cavaquinho: Eduardo Krieger. Flautins: Alexandre Caldi. Piano: Marcelo Caldi. Percusso Fabiano Salek. CONTEXTO: Um dos grandes pilares do regime de Getlio Vargas foi a radiodifuso. Brilharam vrias cantoras do rdio. Dentre elas Emilinha Borba, a Embaixatriz da Boa Vizinhana. Nesta marcinha de carnaval, gravada em 1949, Braguinha (Joo de Barro) brinca com o existencialismo francs, que influenciou a cultura mundial ps-guerra. No Brasil, essa influncia gerou as tristes canes de dor-de-cotovelo que imperavam no rdio o ano inteiro. As alegres marchas, como esta ficavam confinadas aos quatro dias de carnaval. CHIQUITA BACANA Chiquita Bacana L da Martinica Se veste com uma casca De banana nanica No usa vestido No usa calo Inverno pra ela pleno vero Existencialista Com toda razo S faz o que manda O seu corao MSICA: O SAMBA DA MINHA TERRA. (Dorival Caymmi) 2 30. Arranjo original do Grupo os Cariocas. ISRC: BR 008-030005. Piano: Marcelo Caldi. Baixo: Eduardo Krieger. Percusso: Fabiano Salek.
CONTEXTO: O regime de Getlio Vargas, por meio do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), promovia canes ufanistas de exaltao ptria. Ary Barroso era um dos maiores expoentes desse tipo de msica. A grande intrprete dessas canes era Carmem Miranda. Por problemas de cach, Ary Barroso foi substitudo por um jovem compositor baiano cujos versos seriam imortalizados pela Pequena Notvel. Dorival Caymmi, inclusive, alm das canes, surgiu vrios ingredientes do inconfundvel figurino de Carmem Miranda. O SAMBA DA MINHA TERRA
Samba da minha terra Deixa a gente mole Quando se canta todo mundo bole Quem no gosta de samba Bom sujeito no ruim da cabea Ou doente do p Eu nasci com o samba No samba me criei E do danado do samba Nunca me separei MSICA: O PATO (Neusa Teixeira / Jaime Silva) 3 05. ISRC: BR 008-030006. Arranjo: Marcos Leite. Piano: Marcelo Caldi. Pandeiro: Fabiano Salek. CONTEXTO: A Bossa Nova veio pr fim ao baixo astral da dor-de-cotovelo do ps-guerra. No havia mais motivo para a tristeza: o Brasil vivia um perodo democrtico, ganhava a Copa do Mundo, a tenista Maria Ester Bueno era bicampe do torneio de tnis de Wimbledon. A batida de violo de Joo Gilberto, somada melodia de Tom Jobim e poesia de Vincius de Morais, colocava a msica brasileira como produto de exportao. O centro histrico desse perodo foi o governo Juscelino Kubitschek. O PATO O pato vinha cantando alegremente, quen, quen Quando um marreco sorridente pediu Para entrar tambm no samba No samba, no samba O ganso Gostou da dupla e fez tambm quen, quen Olhou pro cisne E disse assim vem, vem Que o quarteto ficar bom, Muito bom, muito bem
Na beira da lagoa foram ensaiar Para comear o tico-tico no fub A voz do pato era mesmo um desacato Jogo de cena com o ganso era mato Mas eu gostei no final Quando caram ngua Ensaiando o vocal Quen, quen, quen, quen Quen, quen, quen, quen Quen, quen, quen, quen MSICA: DISPARADA (Geraldo Vandr / Tho de Barros) 3 40. Arranjo: Regina Lucatto e Marcos Leite. ISRC: BR 008-030007. Solo: Celso Branco. Violo 7 cordas: Eduardo Krieger. Sanfona: Marcelo Caldi. Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: O perodo em que o Brasil viveu sob democracia e liberdade e que justificava as letras da Bossa Nova foi muito curto entre duas ditaduras. Com o golpe de 1964, muitos artistas egressos da Bossa Nova entenderam que no havia mais clima para cantar barcos, patos e namoradas. A msica tornou-se apenas pretexto para o protesto. Para dizer no ao regime militar. DISPARADA Prepare seu corao pras coisas que vou contar Eu vinho l do serto, eu venho l do serto Eu venho l do serto e posso no lhe agradar Aprendi a dizer no, ver a morte sem chorar A morte, destino, tudo, a morte e o destino, tudo Estava fora do lugar, eu vivo pra consertar Na boiada j fui boi, mas um dia me montei No por um motivo meu, ou de quem comigo houvesse Que qualquer querer tivesse, porm por necessidade Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu Boiadeiro muito tempo, lao firme e brao forte Muito gado, muita gente, pela vida segurei Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei Mas mundo foi rodando nas patas do meu cavalo E nos sonhos que fui sonhando, as vises se clareando As vises se clareando, at que um dia acordei Ento no pude seguir valente em lugar tenente E o dono de gado a gente, porque gado a gente marca Tange, ferre, engorda e mata, mas com gente diferente Se voc no concordar no posso me desculpar No canto pra enganar, vou pegar minha viola Vou deixar voc de lado, vou cantar noutro lugar
Na boiada j fui boi, boiadeiro j fui rei No por mim nem por ningum, que junto comigo houvesse Que quisesse ou que pudesse, por qualquer coisa de seu Por qualquer coisa de seu querer ir mais longe do que eu Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo E j que um dia montei agora sou cavaleiro Lao firme e brao forte num reino que no tem rei MSICA: PONTEIO (Edu Lobo / Capinam) 3 44. Arranjo: Regina Lucatto e Marcos Leite. ISRC: BR 008-030008. Solo: Regina Lucatto. Piano / Sanfona: Marcelo Caldi. Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: O teatro de operaes para a batalha que se travava entre os adeptos da Msica de Protesto, da Jovem Guarda e do Tropicalismo foram os festivais da cano. Ponteio venceu o festival da TV Record de 1967, superando Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil. PONTEIO Era um, era dois, era cem Era o mundo chegando e ningum Que soubesse que eu sou violeiro Que me desse amor ou dinheiro Era um, era dois, era cem Vieram pra me perguntar voc: - de onde vai, de onde vem? Diga logo o que tem pra cantar Parado no meio do mundo Senti chegar meu momento Olhei pro mundo e nem via Nem sombra, nem sol, nem vento Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar Era um dia, era claro, quase meio Era um canto calado, sem ponteio Violncia, viola, violeiro Era morte ao redor, mundo inteiro Era um dia, era claro, quase meio Tinha um que jurou me quebrar Mas no lembro de dor nem receio S sabia das ondas do mar Jogaram a viola no mundo Mas fui l no fundo buscar Se eu tomo a viola, ponteio Meu canto no posso parar, no Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar
Era um, era dois, era cem Era um dia, era claro, quase meio Encerrar meu cantar, j convm Prometendo um novo ponteio Certo dia que sei por inteiro Eu espero no v demorar Esse dia estou certo que vem Digo logo que vem pra buscar Correndo no meio do mundo No deixo a viola de lado Vou ver o tempo mudado E um novo lugar pra cantar Quem me dera agora eu tivesse a vida pra cantar MSICA: O BOM (Carlos Imperial) 2 42. Arranjo: Marcos Leite. ISRC: BR 008-030009. Solo: Celso Branco. Piano: Marcelo Caldi. Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: Com a popularizao da televiso, os lares brasileiros foram invadidos por uma legio de jovens artistas comandados por Roberto Carlos. Era a Jovem Guarda. Os requebrados de Elvis Presley e os cabelos compridos dos Beatles e Rolling Stones ganharam verso brasileira: yeah, yeah, yeah virou i-i-i. Aos adeptos da cano de protesto causavam ojeriza as guitarras eltricas e demais instrumentos plugados na tomada, vistos como smbolo de alienao e subservincia ao imperialismo norte-americano. So Paulo chegou a acontecer uma passeata contra as guitarras na msica brasileira. O BOM Ah! Meu carro vermelho No uso espelho pra me pentear Botinha sem meia E s na areia eu sei trabalhar Cabelo na testa sou o dono da festa Perteno aos dez mais Se voc quiser experimentar Sei que vai gostar Quando eu apareo O comentrio geral Ele o bom o bom demais Ter muitas garotas para mim normal Ele o bom entre os dez mais
MISCA: TROPICLIA (Caetano Veloso) 3 49. Arranjo: Marcos Leite. ISRC: BR 008030010. Teclados: Marcelo Caldi. Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: Entre o no e o i-i-i, surgiu o muito pelo contrrio. Inspirados pela Antropofagia Cultural do poeta Oswald de Andrade, os artistas da Tropiclia entendiam que no havia problema algum em se incorporarem guitarras e ritmos estrangeiros msica brasileira desde que se despejasse tudo em um caldeiro de cultura em que essas influncias fossem devoradas e misturadas arte brasileira em uma grande gelia geral. TROPICLIA Sobre a cabea os avies Sob os ps os caminhes Aponta contra os chapeles, meu nariz Eu organizo o movimento Eu oriento o carnaval Eu inauguro um monumento No Planalto Central do pas Viva a bossa sa sa Viva a palhoa a a a.... O monumento de papel crepom e prata Os olhos verdes da mulata A cabeleira esconde atrs da verde mata O luar do serto O monumento no tem porta A entrada uma rua antiga, Estreita e torta E no joelho uma criana sorridente... Feia e morta Estende a mo Viva a mata ta ta Viva a mulata ta ta ta... No ptio interno h uma piscina Com gua azul de Amaralina Coqueiro, brisa e fala nordestina E faris Na mo direita tem uma roseira Autenticando a eterna primavera E no jardim os urubus passeiam A tarde inteira Entre os girassis... Viva Maria ia ia Viva a Bahia ia ia ia... No pulso esquerdo o bang bang Em suas veias corre muito pouco sangue Mas seu corao Balana a um samba de tamborim Emite acordes dissonantes Pelos cinco mil alto-falantes Senhoras e senhores Ele pe os olhos grandes sobre mim Viva Iracema ma ma Viva Ipanema ma ma ma... Domingo o fino-da-bossa Segundo-feira est na fossa Tera-feira vai a roa Porm, o momento bem moderno No disse nada do modelo do meu terno Que tudo mais v pro inferno, meu bem Que tudo mais v pro inferno, meu bem Viva a banda da da Carmem Miranda da da da da
MSICA: MEU CARO AMIGO (Chico Buarque / Francis Hime) 2 47. Arranjo: Marcos Leite. ISRC: BR 008-030013. Piano / Sanfona: Marcelo Caldi; Violo 7 Cordas / Cavaquinho: Eduardo Krieger; Flautas: Fbio Luna; Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: O regime militar se acirrou muito depois do AI-5, em dezembro de 1968. Muitos brasileiros foram presos, torturados, mortos e exilados. Em exlio voluntrio no incio dos anos 70, Chico Buarque rompeu com a imagem de bom moo. De volta ao Brasil, especializou-se na arte de driblar a censura. Em parceria com Francis Hime, em 1976, comps esta homenagem ao dramaturgo e amigo Augusto Boal, exilado involuntariamente em Portugal. M E U CA R O A M I G O
Meu caro amigo me perdoe, por favor Se eu no lhe fao uma visita Mas como agora apareceu um portador Mando notcias nessa fita Aqui na terra to jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rocknroll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero lhe dizer que a coisa aqui t preta Muita mutreta pra levar a situao Que a gente vai levando de teimoso e de pirraa E a gente vai tomando, que tambm, sem a cachaa Ningum segura esse rojo Meu caro amigo eu no pretendo provocar Nem atiar suas saudades Mas acontece que no posso me furtar A lhe contar as novidades Aqui na terra to jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rocknroll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero lhe dizer que a coisa aqui t preta pirueta pra cavar o ganha-po Que a gente vai levando s de birra, s de sarro E a gente vai fumando que, tambm, sem um cigarro Ningum segura esse rojo Meu caro amigo eu quis at telefonar Mas a tarifa no tem graa Eu ando aflito pra fazer voc ficar A par de tudo que se passa Aqui na terra to jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rocknroll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero lhe dizer que a coisa aqui t preta Muita careta pra engolir a transao E a gente ta engolindo cada sapo no caminho Ningum segura esse rojo Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever Mas correio andou arisco Se permitirem, vou tentar lhe remeter Notcias frescas nesse disco Aqui na terra to jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rocknroll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero lhe dizer que a coisa aqui t preta A Marieta manda um beijo para os seus Um beijo na famlia, na Ceclia e nas crianas O Francis aproveita pra tambm mandar lembranas A todo pessoal Adeus
MSICA: BRASIL (Cazuza / George Israel / Nilo Romero) 3 05. Arranjo: Marcos Leite. ISRC: BR 008-030011. Solo Maurcio Detoni. Piano: Marcelo Caldi. Baixo: Eduardo Krieger. Percusso: Fabiano Salek.
CONTEXTO:
Com a anistia aos presos e exilados polticos e o pluripartidarismo, o Brasil dos anos 80 marca o fim do regime militar e a luta pelas eleies diretas. A trilha sonora que vai cantar esse perodo da chamada Nova Repblica o pop-rock nacional. Compositores que cresceram durante a ditadura passaram a gozar de uma liberdade de expresso e no economizam preocupaes polticas em suas letras. Essa Gerao coca-cola, o BRock, ganhou o mercado fonogrfico nacional. Roqueiro brasileiro deixou de ter cara de bandido e redimiu a guitarra.
BRASIL
No me convidaram Pra essa festa pobre Que os homens armaram pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que j vem malhada antes de eu nascer No me ofereceram Nem um cigarro Fiquei na porta estacionando os carros No me elegeram Chefe de nada O meu carto de crdito uma navalha Brasil Mostra tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil Qual o teu negcio? O nome do teu scio? Confia em mim No me convidaram Pra essa festa pobre Que os homens armaram pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que j vem malhada antes de eu nascer No me sortearam A garota do Fantstico No me subornaram Ser que o meu fim Ver TV a cores Na taba de um ndio Programada pra s dizer sim, sim Grande ptria desimportante Em nenhum instante Eu vou te trais (No vou te trair)
MSICA: INJURIADO (Chico Buarque) 2 27. Arranjo: Marcos Leite. ISRC: BR 008-030012. Solo: Celso Branco. Piano Marcelo Caldi. Flauta / Saxes soprano, alto e tenor: Alexandre Caldi. Baixo / Cavaquinho: Eduardo Krieger. Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: Na ltima dcada do sculo, o brasileiro foi s ruas exigir o impeachment de Fernando Collor e elegeu duas vezes Fernando Henrique Cardoso. A relao entre FHC e Chico Buarque muito antiga. O presidente fora aluno do pai do compositor. Chico, por sua vez, apoiou as candidaturas de Fernando Henrique ao Senado do em 1978 e prefeitura de So Paulo em 1985. J presidente pela segunda vez, em entrevista a uma publicao portuguesa sobre cultura lusfona, Fernando Henrique enalteceu Chico Buarque, que apoiara Lula em 94 e 98. Embora Chico, negue, como sempre, este samba pode ser lido como uma resposta injria do presidente. INJURIADO Se eu s lhe fizesse o bem Talvez fosse um vcio a mais Voc me teria desprezado por fim Porm no fui to imprudente E agora no h francamente Motivo pra voc me injuriar assim Dinheiro no lhe emprestei Favores nunca lhe fiz No alimentei seu gnio ruim Voc nada est me devendo Por isso meu bem, no entendo Porque anda agora falando de mim Dinheiro no lhe emprestei Favores nunca lhe fiz No alimentei seu gnio ruim Voc nada est me devendo Por isso meu bem, no entendo Porque anda agora falando de mim MSICA: SAMBA DO APPROACH (Zeca Baleiro) 2 56. Arranjo: Maurcio Detoni. ISRC: BR 008-030014. Violo 7 cordas / Cavaquinho: Eduardo Krieger. Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: No final do sculo XX, ganha extrema importncia a informtica, com a popularizao dos PCs (computadores pessoais) e da rede mundial de computadores, a Internet. A reboque, entram no vocabulrio brasileiro uma srie de estrangeirismos, notadamente os de lngua inglesa, satirizados nesta cano de Zeca Baleiro, representante de uma nova gerao de herdeiros da nossa tradio trovadoresca.
SAMBA DO APPROACH Fica ligado no link Que eu vou confessar my Love Depois do dcimo drink S um bom velho Engov Eu tirei meu Green Card E fui para Miami Beach Posso no ser pop star Mas j sou um noveau rich Eu tenho sex-appeal Saca s meu background Veloz como Damon Hill Tenaz como Fittipaldi No dispenso um happy end Posso jogar no dream team De dia um macho man E de noite drag queen
Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferry boat Eu tenho savoir-faire Meu temperamento ligth Minha casa high tech Toda rola um insight J fui f do Jethro Tull Hoje me amarro no Slash Minha vida agora cool Meu passado que foi trash
MSICA: PARABOLICAMAR (Gilberto Gil) 4 21. Arranjo: Marcos Leite. Preta Music (Resto do Mundo). ISRC: BR 008-030015. Piano: Marcelo Caldi. Percusso: Fabiano Salek. CONTEXTO: A globalizao o tema que toma conta do debate no final do sculo XX e comeo do XXI. A interligao instantnea e a integrao comercial e cultural dos mais longnquos rinces do planeta geram incluso por um lado e a excluso de milhes de seres humanos em pases pobres, por outro. Em termos nacionais, a grande questo que se coloca ao Brasil que tipo de insero nos mercados globais o aguarda: uma insero soberana e justa ou uma insero subserviente e colonizada? PARABOLICAMAR Antes mundo era pequeno Porque terra era grande Hoje mundo muito grande Porque terra pequena Do tamanho da antena Parabolicamar , volta do mundo, camar -, mundo d volta, camar Antes longe era distante Perto, s quando dava Quando muito, ali defronte E o horizonte acabava Hoje l trs dos montes, den de casa camar
De jangada leva uma eternidade De saveiro leva uma encarnao Pela onda luminosa Leva o tempo de um raio Tempo que levava Rosa Pra aprumar o balaio Quando sentia que o balaio ia escorregar Esse tempo nunca passa No de ontem nem de hoje Mora no som da cabea Nem ta preso nem foge No instante que tange o berimbau, meu camar De jangada leva uma eternidade De saveiro leva uma encarnao De avio, o tempo de uma saudade Esse tempo no tem rdea Vem nas asas do vento O momento da tragdia Chico, Ferreira e Bento S souberam na hora do destino apresentar