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Parasitologia Tecnicas Basicas Exame de Fezes Jaleko Academicos

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TÉCNICAS BÁSICAS:

EXAME DE FEZES

Parasitologia
• INTRODUÇÃO

O EPF (Exame Parasitológico de Fezes) é uma análise laboratorial realizada a

partir de uma amostra de fezes. Possui o objetivo de pesquisar e diagnosticar

evidências da existência de parasitas intestinais, por meio da detecção das dife-

rentes formas parasitárias (ovo, cisto, trofozoítas, larvas, entre outras) que são

eliminadas juntamente com as fezes do indivíduo infectado.

É um exame muito útil nos países onde a prevalência dessas parasitoses é ele-

vada, ou seja, em países em desenvolvimento onde as condições socioeconômi-

cas são desfavoráveis e o saneamento básico é precário. Nessas áreas, sobre-

tudo tropicais e subtropicais, a transmissão fecal-oral é facilitada pela ingestão

de água e alimentos contaminados pelos parasitas.

• ANÁLISE MACROSCÓPICA

O EPF começa pela análise macroscópica da amostra fecal. Nessa, pode-se ob-

servar a consistência das fezes, a presença de sangue e muco, bem como formas

adultas dos mais variados agentes etiológicos.

Com relação à consistência, se utiliza a Escala de Bristol de classificação:

- Tipo 1: Fezes em “bolinhas”, duras e separadas – indicam mais crônica e severa.

- Tipo 2: Fezes moldadas, mas ainda duras com bolas agrupadas que podem

soltar – indicam constipação a médio prazo.

- Tipo 3: Fezes moldadas, em forma de “salsicha” e com algumas rachaduras na

superfície – indicam normalidade.

- Tipo 4: Fezes moldadas, compridas, em forma de “salsicha”, mas com a super-

fície lisa – indicam normalidade.


- Tipo 5: Fezes não-moldadas, em pedaços e moles – indicam deficiência de fi-

bra.

- Tipo 6: Fezes pastosas ou semi-líquidas, com alguns pedaços moles mistura-

dos – indicam diarreia branda.

- Tipo 7: Fezes totalmente líquidas, sem pedaços sólidos – indicam diarreia se-

vera.

Pela Escala de Bristol, se pode inferir qual tipo de forma evolutiva numa suspeita

de parasitose intestinal, tem-se a maior probabilidade de ser encontrada em de-

terminada amostra e, assim, a indicar a melhor metodologia de EPF para a sua

detecção. Por exemplo, em amostras de fezes diarreicas (Bristol 6 e 7), encon-

tram-se habitualmente, formas trofozoítas. Enquanto que nas fezes moldadas

(Bristol 2 a 4), encontram-se normalmente, formas císticas. Ovos e larvas podem

ser encontrados em qualquer tipo de Bristol.

Com relação à superfície, o exame é pautado na observação da presença de pro-

glotes de taenias, vermes ancilostomídeos ou oxiúros adultos, entre outras for-

mas adultas e/ou macroscópicas.

Além disso, a presença de sangue vivo pode indicar enterorragia e, consequen-

temente, hemorragia aguda do trato intestinal. No entanto, a detecção de muco

com sangue, sugere ulcerações e infecções, e uma porção desse material deve

ser observada ao microscópio.


• RECOMENDAÇÕES ANTES DO PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS

É recomendável que se realize três exames parasitológicos, em dias alternados.

Porque dependendo do ciclo evolutivo do parasita, se pode encontrar mais ou

menos formas evolutivas em dado período.

Sobre a análise e processamento, se recomenda que Fezes Líquidas sejam pro-

cessadas em até 30 minutos; Fezes Semi-sólidas em até 1 hora e Fezes Forma-

das em no máximo 24 horas.

Entretanto, caso o processamento ocorra após o período de 24 horas, a amostra

deve ser colocada em líquidos conservantes. Os mais usados são: Formol 10%,

PVA (álcool povilínico), MIF (mertiolato iodeto formalina) e SAF (ácido acético

formaldeído). Formol 10% e MIF são utilizados para conservação de ovos, cistos

e trofozoítos para exames a fresco. PVA e SAL são utilizados na conservação de

trofozoítos em métodos de coloração permanente.

• MÉTODOS DE ENRIQUECIMENTO

Muitas vezes, o número de formas parasitárias eliminadas com as fezes é pe-

queno, havendo a necessidade de métodos de enriquecimento para concentrá-

las. Sendo os principais: i) Sedimentação espontânea; ii) Sedimentação por cen-

trifugação; iii) Flutuação espontânea; iv) Centrífugo-flutuação. Sendo essas, téc-

nicas qualitativas: detectam ou não a infecção.

- Técnicas de Flutuação: baseiam-se na diferença de densidade específica entre

as formas evolutivas dos parasitas e o material fecal, a fim de que essas formas

flutuem na superfície do reagente (de alta densidade). A vantagem dessas téc-

nicas é a remoção seletiva do anel formado na superfície com poucos detritos


fecais. Todavia, como os reagentes possuem densidade elevada, apresentam

como desvantagem a possível alteração morfológica das formas evolutivas.

Dessa maneira, devem ser realizadas em, no máximo, 30 minutos após obtenção

da amostra. As técnicas mais utilizadas são: a) Técnica de Willis (ou solução sa-

turada de NaCl – flutuação espontânea – indicada para detecção de cistos e ovos

leves, principalmente de ancilostomídeos); b) Exame de Faust (ou sulfato de

zinco – centrífugo-flutuação – indicada para detecção de trofozoítas em fezes

diarreicas, como nos casos de amebíase).

- Técnicas de Sedimentação: baseiam-se na sedimentação das formas evoluti-

vas dos parasitas pela gravidade ou pela centrifugação. Tem como vantagem,

ação inversa à flutuação: retenção / sedimentação das formas no fundo do cálice

de sedimentação, enquanto os detritos fecais ficam suspensos na superfície não

interferindo no diagnóstico. As principais técnicas utilizadas são: a) Lutz (ou Ho-

ffman, Pons e Janer – HPJ – sedimentação espontânea – indicada para detecção

de formas pesadas, como os ovos de Trichuris trichiura); b) Método de Ritchie

(ou formalina-éter – o acetato de etila é usado para remoção da gordura presente

na amostra – indicado para detecção de cistos de protozoários, ovos e larvas de

helmintos); c) Técnica de MIF (ou Blagg- sedimentação por centrifugação – indi-

cada para pesquisa em fezes formadas de cistos de protozoários, como os da

Entamoeba histolytica).

• OUTROS MÉTODOS

- Método direto ou a fresco: trata-se de um exame qualitativo, indicado para

pesquisa de formas trofozoítas de protozoários, o qual se realiza a observação

direta de pequena quantidade da amostra fecal no microscópio óptico sem qual-

quer método de enriquecimento.


- Método Kato-Katz: é um exame quantitativo, diferente dos outros. É o mais

utilizado atualmente, pela facilidade na contagem de ovos, preparo do material,

baixo custo, possibilidade de transporte e armazenamento em ar ambiente sem

prejuízo dos resultados, bem como maior biossegurança, pela disponibilidade de

kits descartáveis. Permite a quantificação da carga parasitária, fornecendo o nú-

mero de ovos por grama de fezes. Indicado na detecção de ovos de Trichuris

trichiura e Schistossoma mansoni.

- Técnicas de Concentração por migração: baseiam-se na concentração de lar-

vas de helmintos por migração ativa, em razão do seu hidro-termotropismo. São

utilizados os métodos: i) de Baerman-Moraes (método seletivo para pesquisa de

larvas e não-específico, na detecção principalmente de Strongyloides stercoralis

nas fezes frescas – uso de funil de vidro suspenso, tubo de borracha acoplado,

água aquecida a 42ºC); ii) de Rugai (método adaptado ao de Baerman-Moraes –

uso de cálice de sedimentação).

- Coprotest: método comercial desenvolvido para aperfeiçoar a rotina dos labo-

ratórios e acelerar o processo de análise. Possui como vantagem, o armazena-

mento da amostra por mais de 30 dias, devido à presença de um dispositivo de

vedação.

- Three Fecal Test (TFtest): é um método automatizado desenvolvido em 2008,

pela equipe da UNICAMP e em fase de validação. Têm o objetivo de diminuir os

erros relacionados ao operador na visualização do campo à microscopia óptica.

Após processamento e montagem do esfregaço fecal habitual, esse conjunto é

analisado e verifica-se a presença das 15 espécies mais prevalentes no trato di-

gestório dos brasileiros, a partir de um software que realiza a varredura automa-

tizada da lâmina.

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