APG3
APG3
APG3
O coração é o órgão central do sistema cardiocirculatório, é relativamente pequeno (tem o tamanho de um punho
fechado) e pesa aproximadamente 250g em mulheres e 300g em homens.
Localização do Coração
Está próximo à linha mediana da cavidade torácica, inserido no mediastino inferior médio.
Mediastino? Região anatômica entre as pleuras dos pulmões, que se estende: esterno – coluna
vertebral & 1° costela – diafragma.
Ápice do coração: ponta inferior do órgão; ponta do ventrículo esquerdo (VE). Repousa no diafragma.
Base do coração: parte mais superior do órgão; representada pelos átrios direito (AD) e esquerdo (AE).
Face diafragmática: repousa em grande parte sobre o diafragma e encontra-se entre ápice e face pulmonar
direita.
Face pulmonar direita: voltada para o pulmão direito e estende-se: face diafragmática – base.
Face pulmonar esquerda: voltada para o pulmão esquerdo e estende-se: base – ápice.
Face esternocostal: situa-se profundamente ao esterno e às costelas.
Pericárdio – Membrana que envolve o Coração
Pericárdio Fibroso
Superficial (tecido conjuntivo denso). Bolsa que repousa sobre o diafragma. Evita estiramento excessivo +
ancora o coração + fornece proteção.
Pericárdio Seroso
Mais profundo. Camada dupla: Lâmina Parietal (funde-se com o fibroso) + Lâmina Visceral (= Epicárdio =
camada mais externa do coração).
Entre lâminas = cavidade do pericárdio >> líquido pericárdico >> lubrifica as células pericárdicas, reduzindo
atrito no batimento.
Camadas histológicas do Coração
Epicárdio
Miocárdio
Endocárdio
Câmaras Cardíacas
Recebe sangue das veias cavas superior e inferior + seio coronário (circulação coronária).
Envia sangue para o VD por meio da valva tricúspide (valva atrioventricular direita).
Aurícula: aumenta discretamente a capacidade volumétrica de sangue.
Fossa Oval: estrutura do septo interatrial remanescente do forame oval embrionário (circulação fetal).
Limbo da fossa oval: circunda a fossa.
Músculos pectíneos anteriormente: região áspera do AD.
Crista terminal: região de transição entre a parte anterior áspera e a parte posterior lisa do AD.
Átrio Esquerdo (AE)
Valvas Cardíacas
Localizadas entre átrio e ventrículo. Quando abertas, suas extremidades arredondadas (cúspides) projetam-
se para dentro do ventrículo. Abrem-se quando a pressão é maior nos átrios, deixando músculos papilares
relaxados e cordas tendíneas frouxas. Já quando fechadas os músculos papilares tracionam as cordas
tendíneas impedindo regurgitação.
Semilunares (Aórtica e Pulmonar)
Possibilitam ejeção do sangue do coração para as artérias e impedem refluxo retrógrado do sangue de volta
para os ventrículos. Abrem-se pós aumento de pressão nos ventrículos com a contração ventricular.
Quando do relaxamento dos ventrículos elas tornam a se fechar.
Vasos Da Base
Circulação Coronária
A parede do coração possui seu próprio suprimento sanguíneo (nutrientes não conseguem se difundir do
sangue para todas as células das camadas histológicas do coração).
O coração é o único órgão abastecido durante a diástole (quando o coração relaxa, a pressão elevada do
sangue na aorta propele o sangue pelas artérias coronárias, nos capilares e, em seguida, pelas veias do
coração).
Artérias Coronárias: Saem da base da artéria aorta.
Dá origem á:
Dá origem á:
Seio Coronário
Veia Cardíaca Magna
Veia Cardíaca Média ou Veia interventricular posterior
Veia Cardíaca Parva
Veia Oblíqua do Átrio Esquerdo
FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDÍACO
O coração é na verdade formado por duas bombas distintas: o coração direito, que bombeia o sangue para os
pulmões, e o coração esquerdo, que bombeia o sangue para os órgãos periféricos.
O coração é composto por três “tipos” musculares: músculo atrial, músculo ventricular e fibras
especializadas excitatórias e condutoras.
Os músculos atrial e ventricular contraem como os músculos esqueléticos, porém com duração muito
maior. Já as fibras se contraem fracamente, auxiliam mais por meio das descargas elétricas rítmicas
automáticas (potenciais de ação) que sofrem = sistema excitatório que controla os batimentos rítmicos.
Miocárdio = Sincício
A presença dos discos intercalares nas células do miocárdio confere ao coração um batimento cardíaco
uniforme. Isto é, quando uma célula é excitada, o potencial de ação se espalha para todas, propagando-se
de célula a célula.
Por quê? Em cada disco intercalado, as membranas celulares se fundem entre si, de modo a formarem
junções “comunicantes” permeáveis (gap junctions) que permitem rápida difusão, quase totalmente livre,
dos íons.
A separação entre átrio e ventrículo se dá pela presença do septo atrioventricular. Esse septo tem
constituição fibrosa que age como uma barreira elétrica que isola o potencial de ação. Isso é importante
para que o átrio contraia antes e para que o caminho do impulso nervoso passe corretamente pela
inervação intrínseca do coração. Caso contrário: o impulso iria do átrio para a parte superior dos
ventrículos, empurrando o sangue para baixo. Enquanto que o correto é o impulso passar do átrio para o
septo interventricular em direção ao ápice do coração, empurrando o sangue para cima e para as valvas
semilunares.
No Nó Sinoatrial são encontradas fibras cardíacas especiais: autorrítimicas. Estas são auto-excitáveis, ou
seja, produzem repetidamente potenciais de ação que desencadeiam contrações cardíacas. DEFINE O
RITMO DE CONTRAÇÃO CARDÍACA = MARCA PASSO NATURAL.
Quando o potencial marca-passo alcança o limiar, ele dispara um potencial de ação. Cada potencial de ação
do nó SA se propaga ao longo de ambos os átrios: as fibras do nó SA se conectam diretamente às fibras
musculares atriais, de modo que qualquer potencial de ação que se inicie no nó SA se difunde para o
músculo atrial.
O valor do potencial de repouso no nó SA é menos negativo que no restante do coração. Por esse motivo os
canais rápidos de Na+ não atuam aqui, apenas os canais lentos de sódio-cálcio.
Nas células marcapasso do nó sinoatrial existe a presença dos chamados canais engraçados, eles permitem o
influxo de Na+ de forma espontânea até atingir o limiar (curva roxa). A partir daí ocorre abertura de canais de
Ca++ (curva verde), que representam uma fase de despolarização crescente. Na repolarização ocorre saída de
K+ da célula (curva azul).
Origem
Despolarização
Ocorre com a abertura dos canais acima e consequente entrada de cátions, tornando o interior celular mais
positivo que o exterior.
1. Devido ao segundo tipo de canal. Por ficar aberto mais tempo permite maior entrada de íons sódio e cálcio >>
prolongamento da despolarização.
2. Imediatamente após o inicio do potencial de ação ocorre diminuição da permeabilidade da membrana celular
miocárdica à K+, que empaca sua saída para o LEC, impedindo o retorno rápido do potencial de ação para seu
nível basal.
Repolarização
Ocorre com o fechamento dos canais de cálcio-sódio lentos, cessando influxo desses íons, o que aumenta a
permeabilidade da membrana à K+. Logo, K+ saindo da célula >> retorno do potencial de membrana para o
estado de repouso (-90 mV).
Ciclo Cardíaco
Enchimento: 70% rápido (gravidade); 10% diástase (lento); 20% sístole atrial.
Sístole Ventricular: ventrículos contraídos ejetando sangue.
DC = volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo (ou ventrículo direito) na aorta (ou tronco
pulmonar) POR MINUTO.
DC = VS x FC
Regulação do VS?
Pressão que precisa ser superada antes que uma válvula semilunar possa abrir.
E se houver aumento da pós-carga? O VS diminui, mais sangue permanece nos ventrículos no final da
Pós-carga sístole.
O que aumenta a pós-carga? Hipertensão, Estreitamento das artérias pela aterosclerose...
Regulação da FC?
O SN conta com o centro Cardiovascular (CV) no bulbo, que recebe info de receptores sensoriais, do
sistema límbico e do córtex cerebral. Logo, o CV regula o DC e a FC por meio de aumento ou diminuição da
atividade do SNA simpático e do parassimpático.
Receptores sensoriais?
PA = DC x RTP
SNA
Capacidade de causar aumentos rápidos da PA. Para isso, todas as funções vasoconstritoras e cardioaceleradoras do
SNAS são estimuladas simultaneamente. Ao mesmo tempo, ocorre a inibição recíproca de sinais inibitórios
parassimpáticos vagais para o coração.
2. Contração forte de veias >> deslocamento do sangue para fora dos grandes vasos sanguíneos periféricos em
direção ao coração >> ↥ retorno venoso >> ↥ estiramento do coração >> ↥ força dos batimentos >>
↥ bombeamento de sangue >> ↥ PA.
3. Por fim, o próprio coração é estimulado, aumentando ainda mais o bombeamento cardíaco >> ↥ FC >> ↥ PA.
Além disso, aumenta a força contrátil do músculo >> ↥ VS >> ↥ DC >> ↥ PA.
Reflexo Barorreceptor
Desencadeado por receptores de estiramento localizados em pontos específicos das paredes
de diversas grandes artérias sistêmicas.
Por quê? Com PA abaixo do nível crítico, ocorre redução dos níveis de O2 + acúmulo de CO2 e de H+ que não são
removidos pela circulação.
Hipóxia (↧ O2).
+
Acidose (↥ H ).
Hipercapnia (excesso de CO2).
Nessas situações os quimiorreceptores enviam impulsos ao CV >> ↥ ATIVIDADE SIMPÁTICA de arteríolas e veias >>
vasoconstrição + ↥ PA.
Obs: Estes quimiorreceptores também fornecem informações ao centro respiratório no tronco encefálico para
ajustar a frequência respiratória.
Sistema Renina-Angiotensia-Aldosterona
Quando o volume de sangue e a pressão arterial diminuem, as paredes da arteríola glomerular aferente é menos
distendida e as células justaglomerulares adjacentes secretam RENINA no sangue.
A estimulação simpática também será ativada e estimulará a liberação de renina pelas células justaglomerulares de
forma DIRETA.
A renina forma um peptídeo com 10 aminoácidos, a ANGIOTENSINA I, a partir do angiotensinogênio (sintetizado pelos
hepatócitos)
A ECA (enzima conversora de angiotensina) retira mais 2 aminoácidos da angiotensina I, a clivando em ANGIOTENSINA
II (forma ativa do hormônio).
1. Vasocontrai, principalmente, a arteríola glomerular aferente, causando diminuição do fluxo sanguíneo para os rins,
diminuição da TFG e consequente diminuição do débito urinário. Contribuindo, assim, para a manutenção do volume
de líquido corporal e da PA.
“A angiotensina, por seu turno, tem efeito direto sobre as arteríolas dos rins, diminuindo ainda mais o fluxo de sangue
para os rins, o que reduz especialmente a pressão nos capilares peritubulares em torno dos túbulos renais,
promovendo grande aumento da reabsorção de água e de sal pelos túbulos”.
Consequência osmótica: a água vem por osmose em maior quantidade. LOGO há aumento do volume
sanguíneo e da PA, por redução do débito urinário.
Obs: esse sistema tem relação intrínseca com a dieta. Indivíduos que ingerem muito sal tem redução de liberação de
renina e de angiotensina (já que o sal aumenta a quantidade de líquido extracelular, aumentando a PA) >> Redução da
retenção renal de sal e água >> Retorno do volume extracelular praticamente ao normal >> Retorno da pressão
arterial praticamente ao normal.
Reabsorção de água nos rins pelo ADH - ↥PA por redução do Débito Urinário
O ADH ou vasopressina é liberado pela neurohipófise. Ele regula a reabsorção facultativa de água, aumentando a
permeabilidade à água das células principais na parte final do túbulo contorcido distal e no túbulo coletor (ducto
coletor).
Se não houver ADH, as membranas apicais das células principais tem uma permeabilidade muito baixa á agua (a água
não consegue ser reabsorvida facilmente) [lembrar-se da diabetes insipidus].
No interior das células principais, no final do túbulo contorcido distal e no túbulo coletor, existem pequenas vesículas
que contêm muitas cópias de proteínas aquaporinas-2.
O ADH estimula a inserção das vesículas com aquaporinas-2 nas membranas apicais por Exocitose. Logo, a
permeabilidade á agua aumenta e o líquido consegue adentrar a célula tubular e passar normalmente pelas
membranas basolaterais (que sempre são permeáveis a H2O) caindo no LEC e depois nos capilares peritubulares.
[quando há baixa de ADH, os canais de aquaporinas são removidos via Endocitose = rins produzindo muito urina].
Concentração máx. ADH (na desidratação grave, por ex.) = rins produzindo somente 400-500mL por dia.
Reflexo do Volume
É um reflexo atrial que ativa os rins.
O que estimula o reflexo? O estiramento dos átrios >> provoca dilatação reflexa significativa das arteríolas aferentes
renais + Sinais sendo transmitidos dos átrios para o hipotálamo, para diminuir secreção de ADH (p/ permitir a diurese
para eliminar volume extra).
Com a dilatação da arteríola, a resistência arteriolar aferente cai e provoca a elevação da pressão capilar
glomerular + ↥ taxa de filtração de líquidos nos rins.
A ↧ ADH >> menor absorção de água no néfron.
RESULTADO: AUMENTO DO DÉBITO URINÁRIO >> DIMINUIÇÃO DA PA.
Obs.: Com o estiramento atrial >> Átrio secreta PNA (Peptídeo Natriurético Atrial) >> natriurético = eliminação de
água e sódio nas vias urinárias: diminuição da PA pelo aumento do débito urinário.
Reflexo de Bainbridge
↥ PA >> aumento da FC em até 75%.
Por que aumenta a FC? É efeito direto do aumento do volume atrial que estira o nó SA + É resposta do Reflexo de
Bainbridge.
Reflexo de Bainbridge? Desencadeado pelos receptores de estiramento atrial, que enviam sinais para o bulbo pelo
nervo vago. A resposta é: nervos simpáticos eferentes aumentando a FC e a força de contração.
Qual o objetivo? Impedir acúmulo de sangue nas veias, átrios e na circulação pulmonar.
É uma das doenças mais importantes no mundo todo, por sua elevada prevalência e gravidade.
Aproximadamente 25% dos indivíduos na população em geral são hipertensos.
Como geralmente é assintomática, a doença evolui por muito tempo sem ser diagnosticada. Sem controle
ou tratamento, o estado hipertensivo atua SILENCIOSAMENTE causando sobrecarga ao coração e aos vasos
sanguíneos de vários órgãos, o que resulta em doenças de gravidade variada, muitas vezes letais (alta
morbidade e mortalidade).
Riscos: AVE, Arteriosclerose, hipertrofia cardíaca, ICC, Dissecção aórtica, Demência por multi-infarto e
Insuficiência renal.
FISIOPATOLOGIA DA HAS
Causas da HA primária (essencial): Os mecanismos que levam à HAS primária permanecem obscuros.
Teoria aceita: polimorfismo genético (que individualmente poderia ser inconsequente) + fatores
ambientais, que favorecem o aumento do volume sanguíneo e/ou da RPT.
2. Fatores ambientais: estresse, obesidade, tabagismo, falta de atividade física e alto consumo de sal modificam
o impacto dos determinantes genéticos.
Além disso: Alterações no controle renal de sódio (redução de sua excreção) e elevação da resistência
vascular (PA = DC x RTP) podem contribuir para a hipertensão essencial.
Hipertrofia do coração:
A hipertensão é a principal causa de hipertrofia ventricular esquerda (HVE), que contribui para a isquemia do
miocárdio.
A elevação da pressão arterial aumenta a carga de trabalho imposta ao ventrículo esquerdo, porque eleva a pressão
contra a qual o coração precisa bombear para ejetar o sangue na circulação sistêmica. Com o tempo, a pressão alta
aumenta a sobrecarga do coração. Com isso, a parede do ventrículo esquerdo remodela e hipertrofia para compensar
o aumento da carga de pressão. Essa hipertrofia do ventrículo esquerdo é um fator de risco importante para
cardiopatia coronariana, arritmias cardíacas, morte súbita e insuficiência cardíaca congestiva, porque o coração não
consegue bombear sangue com eficiência. A hipertrofia hipertensiva do ventrículo esquerdo regride com o
tratamento com alguns fármacos.
Hipertrofia concêntrica com aumento na espessura da parede.
Nos casos de hipertensão, as paredes das artérias sofrem hipertrofia e se tornam mais espessas, reduzindo a tensão e
minimizando o estresse sobre a parede.
O que ocorre na HAS: A lesão vascular com perda ou disfunção das células endoteliais estimula a proliferação das
células musculares lisas associadas à síntese de MEC. A cicatrização dos vasos lesados ocorre devido à migração das
células musculares lisas ou de seus precursores dentro da íntima. Nessa camada, há proliferação dessas células e
síntese de MEC.
Deve-se enfatizar que o fenótipo das células musculares lisas da neoíntima é distinto das mesmas células localizadas
na média, já que as primeiras não se contraem como as células musculares lisas da média, mas possuem capacidade
para se dividir e sintetizar MEC, consideralvemente maior do que as da camada média.
Com agressões persistentes e recorrentes, o espessamento excessivo pode causar estenose de pequenos e médios
vasos sanguíneos (ex: como na aterosclerose). Obs: é importante reconhecer que o espessamento da íntima faz parte
do processo de envelhecimento fisiológico.
Ateroesclerose: ↧.
Aterosclerose: A hipertensão é fator de risco importante para o desenvolvimento da aterosclerose. Por si mesma, a
hipertensão aumenta em aproximadamente 60% o risco de DCI. (doença cardíaca isquêmica) >> lembrar da
aterosclerose coronariana, que causa isquemia miocárdica (má irrigação do músculo cardíaco decorrente da obstrução
da circulação coronária).
Se não tratado: aumenta e a parede do vaso sanguíneo torna-se tão fina que se rompe. O resultado é uma hemorragia
maciça, choque, dor intensa, AVE ou morte.
“Os aneurismas se formam quando a tensão da parede excede a capacidade estrutural da parede arterial. O
espessamento da parede arterial induzido pela hipertensão ajuda a proteger contra a formação de um aneurisma,
mantendo baixa a tensão da parede”.
Trombose: A hipertensão causa lesões arteriais responsáveis por tromboses, tanto no sexo masculino como no
feminino, essas tromboses levam ao quadro de IAM ou de AVE.
Hipertensos normalmente não possuem fluxo sanguíneo laminar e sim turbulento. Esse tipo de fluxo potencializa
choques/lesões na parede dos vasos podendo expor fatores de coagulação que podem levar ao surgimento de
trombos (principalmente em regiões de bifurcação vascular).
ICC (Insuficiência Cardíaca Congestiva): pode ser produzida por qualquer condição do coração que reduza sua
capacidade de bombeamento. Dentre as causas mais comuns, destacam-se doença arterial coronariana,
HIPERTENSÃO, miocardiopatia dilatada e doença cardíaca valvar.
A disfunção sistólica representa uma diminuição da contratilidade do miocárdio e a redução da capacidade de ejetar
sangue do ventrículo esquerdo, enquanto a disfunção diastólica representa uma anormalidade no relaxamento e no
enchimento ventricular.
No caso da ICC decorrente de hipertensão: A HAS causa sobrecarga ao miocárdio, que passa a trabalhar com maior
força para vencer a resistência vascular periférica aumentada >> hipertrofia >> insuficiência cardíaca congestiva,
porque o coração não consegue bombear sangue com eficiência.
IAM (Infarto Agudo do Miocárdio): É o bloqueio do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. A HAS é fator de
risco para IAM, sendo a aterosclerose a principal causa direta.
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO SURGIMENTO DA HAS
História Familiar:
“A PA tende a aumentar com a idade, e pessoas normotensas apresentam grande risco de desenvolverem HA com o
envelhecer. Esse risco é maior e mais precoce nos descendentes de hipertensos”.
Resultados: “Indicam que descendentes de indivíduos hipertensos têm maior resistência à insulina, alterações no
ritmo circadiano da pressão arterial, com diminuição do descenso noturno da PA e, além disso, apresentam maior
diâmetro de átrio esquerdo, mesmo na presença de valores de PA normais. Esses achados indicam que jovens
saudáveis, com predisposição hereditária para HA, já apresentam alterações metabólicas, de morfologia cardíaca e do
comportamento da pressão arterial, sugerindo, assim, que merecem atenção especial do serviço de saúde no sentido
de prevenir o aparecimento de doenças no futuro”.
“A HAS é cerca de 2X mais comum em indivíduos que tem um ou os dois pais hipertensos. No entanto, a influência
genética, apesar de importante, não é determinante de forma isolada na patogênese da elevação tensional. Os
fenótipos resultantes podem ser modulados por vários fatores ambientais, alterando assim a gravidade da elevação
da PA e o momento de instalação da doença”.
Etnia:
“A HA em negros, quando comparada com indivíduos da raça branca, tende a ser mais frequente, de início mais
precoce e apresentação mais grave. Os seus determinantes não são completamente compreendidos, porém são
fatores de risco possivelmente implicados o baixo nível socioeconômico, a dieta rica em sódio/pobre em potássio,
além da má nutrição materna, associada ao baixo peso ao nascer, com consequente impacto no desenvolvimento
renal e menor número de néfrons funcionais”.
Idade:
“O avanço da idade está associado com o aumento da PA, particularmente a pressão sistólica, e aumento da
incidência da HA. Alterações na musculatura lisa e tecido conjuntivo dos vasos com o envelhecimento determinam o
aumento dos níveis tensionais durante a vida do indivíduo”.
“A ingestão aumentada de sódio, frequentemente associada ao baixo consumo de potássio, está relacionada com
maior risco de desenvolvimento de HA. No entanto, existe uma variabilidade individual das respostas da pressão
arterial ao excesso e restrição de sódio alimentar, com implicação de um componente genético, permitindo dividir as
pessoas em dois grupos: sensíveis ao sal e resistentes ao sal. Estima-se que cerca de 50-60% dos hipertensos sejam
sensíveis ao sal. Além dos polimorfismos genéticos, a sensibilidade ao sal aumenta com o envelhecimento, nos negros
e portadores de diabetes mellitus, insuficiência renal crônica ou síndrome metabólica”.
Tabagismo:
“(...) O tabagismo em homens e mulheres aumenta a incidência de infarto do miocárdio e doença arterial
coronariana”.
“O tabagismo altera o balanço do sistema nervoso autonômico, e especificamente, a exposição à fumaça do cigarro
leva a uma ativação do SN simpático (SNS).O SN simpático tem papel central nas alterações agudas da pressão arterial
e sua ativação pode contribuir na elevação crônica da pressão arterial por sua ação nos rins, na estrutura dos vasos e
na supressão do barorreflexo”.
Elitismo:
“O álcool apresenta efeito bifásico em relação à PA. Pequenas quantidades podem diminuí-la, pela provável ação
vasodilatadora, mas o consumo em excesso, além de elevar a PA, pode ser motivo de resistência ao tratamento anti-
hipertensivo”.
“O consumo de álcool em doses baixas ou moderadas (uma dose diária para mulher e até duas doses diárias para
homem) está associado com redução da mortalidade por todas as causas e por doenças cardiovasculares. A redução
do estresse, o efeito anti-inflamatório e antioxidante dos polifenóis ou ainda alterações no metabolismo do cálcio e do
colesterol (com diminuição do LDL colesterol e elevação do HDL colesterol) foram implicados em tal redução”.
ENTRETANTO: “O consumo abusivo de álcool (a partir de três a quatro doses por dia) consiste em uma das causas
mais comuns de HA reversível”.
Sedentarismo:
“O sedentarismo aumenta o risco para o desenvolvimento de HA, sendo a atividade física regular uma efetiva medida
na redução da PA”.
Sobrepeso e Obesidade:
“O ganho de peso está associado à elevação tensional (...). O aumento da pressão arterial em obesos, inicialmente
determinado por aumento do débito cardíaco, também se deve a alterações como maior resistência vascular
periférica e ativação do SRAA”.
Estresse:
Pode-se compreender o aumento de pressão sanguínea decorrente do stress como resultado da mediação de
mudanças autonômicas e neuroendócrinas na contratilidade cardíaca e na RTP. Essas alterações fisiológicas induzidas
pelo stress fornecem suporte metabólico para o comportamento necessário à reação de luta e fuga. Alguns indivíduos
apresentam, contudo, a tendência de demonstrar excessivos aumentos de pressão sanguínea. Essas elevações
excessivas de pressão sanguínea são preditoras de risco aumentado para hipertensão.
DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DA HAS
DIAGNÓSTICO
Confirmação do diagnóstico.
Suspeição + Identificação de causa secundária.
Avaliação do risco CV.
Investigação de LOA e doenças associadas.
MRPA? Realizada com protocolo específico, consistindo na obtenção de medidas 3x pela manhã, antes do
desjejum e da tomada da medicação, e 3x noite, antes do jantar, durante 05 dias. Outra opção é realizar
02 medições em cada uma dessas duas sessões, durante 07 dias.
Avaliação Clínica:
HF: fundamental para aumentar a certeza do diagnóstico de HA primária. (GR: I; NE: B).
Interrogar sobre fatores de risco específicos para Doença CV, comorbidades, aspectos socioeconômicos e
estilo de vida.
Uso prévio e atual de medicamentos ou outras substâncias que possam interferir na medição da PA e/ou no
tratamento da HA.
Pesquisar indícios de causa secundária para a HAS.
Exame Físico:
Medição da PA com técnica e material adequados (nos dois braços). Medir FC.
Medida de dados antropométricos: peso e altura (calcular IMC; índice de massa corporal) + circunferência
abdominal (CA).
Valores normais para IMC e CA: recomendados pela IDF (International Diabetes Federation) de 2006.
Palpação + Ausculta do coração, carótidas e pulsos.
Medida do ITB (índice tornozelobraquial): PAs braço/PAs tornozelo > 0,90. Presença de DAP (Doença arterial
periférica)? Leve (0,71-0,9) – Moderada (0,41-0,7) – Grave (0,0-0,4).
Fundoscopia.
Investigação laboratorial básica + Avaliação de lesões subclínicas e clínicas em órgãos-alvo:
Objetivo: Detectar LOA >> melhorar a estratificação de risco CV. Para a estratificação do risco CV global,
deverão ser levados em conta os FR: idade (homem > 55/ mulher > 65), tabagismo, dislipdemias, DM, HF
prematura de DCV: homens < 55/ mulheres < 65.
A avaliação laboratorial em seguida deve fazer parte da rotina inicial de todo paciente hipertenso:
ACOMPANHAMENTO
Arco Senil
AIT: uma disfunção neurológica de início e agudo, porém passageira (minutos/horas). Esse tipo de
manifestação ocorre, normalmente, em função da formação de coágulos sanguíneos que,
temporariamente, bloqueiam o fluxo de sangue para determinada área do encéfalo que seja suprida pela
artéria acometida/obstruída.
Insuficiência Renal: A hipertensão crônica provoca nefrosclerose, uma causa comum de doença renal
crônica. A lesão dos rins é causada por vários mecanismos. Um dos principais mecanismos pelos quais a
hipertensão causa danos aos rins é por redução da perfusão (hipoperfusão) dos glomérulos. Em seguida,
essa hipoperfusão causa glomerulosclerose e fibrose tubulointersticial. Outro mecanismo estudado é a
disfunção endotelial causada pelas pressões glomerulares altas.
Retinopatia Hipertensiva: acomete a retina por uma série de alterações da microcirculação. Os olhos de
um paciente hipertenso inicialmente têm tônus vasomotor exagerado, que causa estreitamento arteriolar
generalizado. À medida que a hipertensão persiste, as alterações arterioscleróticas pioram e incluem
hiperplasia da média da artéria, espessamento da íntima e degeneração hialina. Essas alterações crônicas
podem causar entalhes arteriovenosos (AV) mais graves e cegueira. A retina é um dos órgãos-alvo que
deveriam ser avaliados regularmente nos pacientes hipertensos, de modo a evitar lesões oculares graves.
PROBLEMA 4: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC)
Enchimento: 70% rápido (gravidade); 10% diástase (lento); 20% sístole atrial.
B4?
É ocasionada pela turbulência do sangue durante a sístole atrial (responsável por enviar 20% do sangue que
chegou ao átrio ao ventrículo).
FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA ICC
A insuficiência cardíaca congestiva ou simplesmente insuficiência cardíaca (ICC/IC) corresponde à falência do coração,
sendo desfecho comum de muitas formas de doença cardíaca. Normalmente é uma condição progressiva com
prognóstico extremamente ruim (índice de mortalidade em 05 anos é de cerca de 50%).
É a incapacidade do coração de bombear sangue em quantidade e pressão necessárias para a perfusão dos órgãos.
“Síndrome complexa resultante de qualquer distúrbio funcional ou estrutural do coração que causa e ou aumenta o
risco de desenvolvimento de manifestações de baixo DC e/ou congestão sistêmica ou pulmonar (excesso de líquido
nos pulmões)”.
Aguda X Crônica:
Aguda: Início abrupto de ICC. Exemplos: infarto grande do miocárdio ou disfunção valvar aguda.
Crônica: Desenvolvimento gradual e insidioso de ICC, resultado dos efeitos cumulativos da sobrecarga crônica
de trabalho ou da perda progressiva de miocárdio.
Sistólica X Diastólica:
Disfunção sistólica
A função contrátil do miocárdio está inadequada. Logo: contração ventricular insuficiente com redução da
fração de ejeção (mensurada pelo ecocardiograma; normal = 60-65%, ICC = < 40%). Assim, tem-se ↧
Contratilidade + ↧ VS (volume de sangue ejetado pelo ventrículo por contração) + ↧ DC (volume de sangue
ejetado do ventrículo para a artéria por minuto).
Além disso, o ventrículo acaba acumulando, progressivamente, mais sangue e dilata-se. Por quê? Ocorre ↥
Volume Diastólico Final + ↥ Pré-carga (grau de estiramento do coração antes da contração) + ↥ Tensão da
parede ventricular + ↥ Pressão Diastólica Final do ventrículo (ventrículo que já estava cheio fica ainda mais
pós-diástole).
↥ Volume + Retorno Venoso normal = ↥ Pré-carga (citado acima) = Mecanismo compensatório. Objetivo: tentativa de
manter o volume de ejeção por meio do mecanismo de Frank-Starling. ENTRETANTO, conduz ao: acúmulo de sangue
nos átrios e no sistema venoso (que desemboca no átrio), causando edema pulmonar ou edema periférico
[consequências deletérias da patologia].
Na IC sistólica a fração de ejeção declina progressivamente com graus crescentes de disfunção miocárdica,
podendo cair, nas formas muito graves, para um percentual de apenas um dígito.
Pode ser consequência de: cardiopatia isquêmica (compromete o desempenho contrátil do coração), HA e
estenose valvar (sobrecarga pressórica do coração), insuficiência valvar e anemia (sobrecarga de volume).
Disfunção diastólica
Incapacidade do coração de relaxar e se encher de modo adequado >> enchimento ventricular retardado
por relaxamento ventricular inadequado ou por diminuição da complacência, a fração de ejeção pode estar
normal.
Nesse tipo de IC o sangue é incapaz de se mover livremente no interior do VE (pois os ventrículos não se
relaxam como deveriam para permitir esse movimento) >> ↥ Pressão Intraventricular (em qualquer volume
determinado). Esse aumento de pressão é transferido para o AE e para o sistema venoso pulmonar (veias
pulmonares) >> ↧ Complacência Pulmonar >> ↥ Trabalho da respiração + Dispneia.
Pode ser consequência de: hipertrofia maciça do VE (aumenta a espessura da parede e reduz o tamanho da
câmara); deposição de amiloide, pericardite constritiva e fibrose do miocárdio (impedem a expansão do
ventrículo); envelhecimento e isquemia do miocárdio (retarda o relaxamento diastólico) Muito comum em
idosos, diabéticos e mulheres.
Vários estudos indicam que 40-60% dos casos de ICC podem ser causados por disfunção diastólica.
FC e função diastólica: taquicardia e arritmias prejudicam a diástole e na ICC causa agravos ainda piores.
Durante essas situações o ventrículo tem MAIOR dificuldade de enchimento.
Embora o evento inicial que resulta em insuficiência cardíaca possa ser ventricular direito ou esquerdo,
principalmente em sua origem, os casos de insuficiência cardíaca em longo prazo geralmente envolvem os
dois lados.
Disfunção ventricular direita
Logo, a falha no VD =
↧ volume de sangue movido para a circulação pulmonar, em seguida, para o lado esquerdo do coração,
provocando, em última análise, ↧ DC do VE (diminui o volume de sangue que sai pela aorta por minuto).
Acúmulo ou congestão no sistema venoso sistêmico >> Pressões Diastólica Final do VD, do AD e venosa
sistêmica.
Desenvolvimento de edema periférico. Por quê? A congestão do sistema venoso causa extravasamento de
líquido para o espaço intersticial. É periférico devido às forças gravitacionais (ortostase: edema é observado
nos MMII; Se deitada: edema é visto na área sobre o sacro).
Congestão das vísceras: Progressão da distensão venosa: sangue retornando para as veias hepáticas (pois
elas drenam na veia cava inferior) >> Fígado fica túrgido = congestão hepática.
Veias jugulares externas distendidas e visíveis em ortostatismo ou com a pessoa sentada: Se IC do lado
direito grave.
Causas para IC do lado direito? Condições que impeçam fluxo de sangue para os pulmões ou que
comprometam a eficácia de bombeamento do VD.
Compromete o movimento de sangue da circulação pulmonar de baixa pressão para o lado arterial
de alta pressão da circulação sistêmica.
Logo, a falha no VE =
↧ DC para a circulação sistêmica (diminuição do volume de sangue ejetado pelo VE pela aorta/min).
No caso da IAM: Pode causar rapidamente IC esquerda e congestão pulmonar, mesmo se a área de infarto
é pequena, pode existir uma região circundante de tecido isquêmico >> grande área de hipocinesia ou
acinesia (movimento muscular reduzido e ausente, respectivamente) da parede ventricular + congestão
pulmonar + edema.
Estenose ou regurgitação da valva mitral ou aórtica também cria o nível de retorno do lado esquerdo que
resulta em congestão pulmonar. À medida que a pressão pulmonar aumenta como resultado da congestão,
pode evoluir para produzir insuficiência cardíaca do lado direito.
DIAGNÓSTICO de ICC
O histórico deve incluir informações relacionadas com sintomas de dispneia, tosse, nictúria, fadiga
generalizada e outros sinais e sintomas de insuficiência cardíaca.
Um exame físico abrangente deve incluir a avaliação da frequência cardíaca, dos sons do coração, da pressão
arterial, a verificação das veias jugulares para congestão venosa, dos pulmões para sinais de congestão
pulmonar e dos membros inferiores para edema.
Os testes laboratoriais são utilizados para o diagnóstico de anemia e desequilíbrio eletrolítico, e para
detectar sinais de congestão hepática crônica.
As radiografias torácicas fornecem informações sobre o tamanho e a forma do coração e sobre a vasculatura
pulmonar. A silhueta cardíaca pode ser utilizada para detectar hipertrofia e dilatação cardíaca. A radiografia
de tórax pode indicar a gravidade relativa da insuficiência ao revelar se o edema pulmonar é
predominantemente vascular ou intersticial, ou se avançou para o estágio alveolar e brônqui co.
Epimastigotas: flagelo livre e bem desenvolvido. Capazes de se multiplicar, incapazes de invadir as células do
hospedeiro. [cinetoplasto pertinho do núcleo].
Amastigotas: flagelo ausente. Capacidade de multiplicação (divisão binária) a cada 12h por 05 dias.
Tripomastigotas: flagelo livre e curto. Pode ser metacíclico (no triatomíneo) ou sanguíneo (no homem).
Forma infectante. [cinetoplasto distante do núcleo].
O protozoário passa por variações morfológicas de acordo com a fase em que se encontra.
Contato entre triatomíneo e homem: picada do inseto seguida de hematofagismo. O sangue, ao adentrar o
TGI do vetor produz um “sinal” para que ocorra a defecação. Picada + presença de fezes = importante
estímulo para o ato de coçar o local da ferida >> entrada dos Tripomastigotas (forma infectante) no
organismo humano.
Contato do patógeno com mucosa: O Tripomastigota metacíclico, quando em contato com mucosas,
alcançam a corrente sanguínea de maneira ativa >> início do processo infectivo.
Invasão celular: O parasito deve deslocar-se pela MEC para aderir à superfície da célula hospedeira. A
interação (protista) – (ligantes da membrana basal) associada à clivagem de alguns desses ligantes é
essencial ao seu deslocamento, possibilitando a entrada na célula-alvo.
O que facilita a invasão? Interage avidamente com Laminina, Colágeno tipo IV,
Proteoglicanos e Fibronectina (componentes da membrana basal e que atuam como
ligantes no parasitismo celular).
Formação de vacúolo na célula: Após se ligar e internalizar a célula hospedeira, o parasito fica
temporariamente dentro do Vacúolo Parasitóforo. A membrana interna do vacúolo é revestida por Ácido
Siálico (AS).
Em células não fagocíticas (como células cardíacas e estriadas esqueléticas): Proteinase Cruzipain
internaliza o protista. Como? Liberação de substâncias que auxiliam no processo de mobilização de Ca++
intracelular, o qual é primordial para internalização na célula hospedeira.
No citoplasma celular: Nova diferenciação da forma do patógeno: Tripomastigota >> Amastigota. Realizam
muitas divisões binárias que podem levar ao rompimento da célula infectada, se tornando livres na
circulação.
Pós-rompimento celular: Amastigotas >> Tripomastigotas sanguíneos. Alguns desses parasitos ficarão livres
no sangue e outros infectarão novas células.
A Doença de Chagas (Tripanossomíase americana) é uma patologia causada pelo parasita protozoário
Trypanosoma cruzi (agente etiológico).
É considerada uma Zoonose, isto é, uma doença/infecção que é naturalmente transmitida entre animais
vertebrados e humanos. Sendo ainda, uma antroponose: ser humano é o único reservatório, suscetível e
hospedeiro.
Formas de transmissão:
Via vetorial (transmissão clássica): penetração de Tripomastigotas (eliminados nas fezes ou na urina de
triatomíneos, durante o hematofagismo) na pele ou mucosa íntegra.
Via Transfusional: A transfusão de sangue contaminado com o parasita.
Via Congênita (vertical): Ocorre quando existem ninhos de Amastigotas na placenta, que liberariam
Tripomastigotas que chegariam à circulação fetal.
Via Oral: Ingestão de alimentos contaminados. Comuns: caldo de cana, açaí, palmito de babaçu, jaci =
coquinho, buriti e bacaba.
Via Transplante: O transplante de órgãos contaminados com o parasita. Pode desencadear a forma aguda,
por estar fazendo uso de imunossupressores devido ao procedimento e diminuir sua resposta à invasão do
organismo.
Fase Aguda
Inicia-se pós-infecção por T. cruzi, onde ocorre reconhecimento do Ag. etiológico pelo sistema imune e a ocorrência
de uma série de fenômenos que levam ao surgimento da doença.
O T. cruzi induz lesões teciduais no hospedeiro vertebrado (humano) de três formas: Resposta inflamatória
+ Lesões celulares + Alterações da MEC.
Uma vez parasitada, a célula produz citocinas e quimiocinas que dão início à uma resposta inflamatória:
Interferona-gama (IFN-γ) PROD Z fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), óxidos nítricos (NO) e radicais livres
para SINALIZAR a ativação das células fagocíticas: tentativa de destruir o patógeno intracelular.
Dependendo da intensidade da produção desses mediadores inflamatórios, para controle da parasitemia,
lesões teciduais ocorrem (devido à elevada produção de espécies reativas de oxigênio, ERO, e de nitrogênio,
ERN).
Ativação policlonal de linfócitos (indução de todas as células de linfócitos) associada à
hipergamaglobulinemia (decorrente de ação dos linfócitos B que se diferenciam em plasmócitos e produzem
anticorpos). Eleva o processo inflamatório.
Apesar da ativação das células do sistema imune já preexistentes, o T. cruzi causa imunossupressão nessa
fase da doença, pois prejudica a geração de novas células de defesa.
Lesões celulares: Desencadeada pela resposta inflamatória que causa lesão tecidual. Além disso, durante o
ciclo evolutivo, a célula parasitada acaba se rompendo e libera no interstício as formas Epi, Tripo e
Amastigotas do parasito (íntegras ou degeneradas) e restos da célula hospedeira, induzindo ainda mais
resposta inflamatória.
Cronicamente: encontra-se reação inflamatória ativa e fibrosante, mas com parasitismo escasso. A resposta
imune tende a ser mais efetiva, possibilitando, por exemplo, o desenvolvimento de resistência à nova
infecção.
Nessa fase, ocorre remodelamento cardíaco e consequente processo de dilatação ventricular progressiva
>>> CCC.
Fase Aguda
Inicial, de rápida duração, com elevada parasitemia e geralmente autolimitada.
Pode ser sintomática ou assintomática (mais comum).
Início: pós-entrada do parasito no hospedeiro por infecção primária OU reativação do processo infeccioso
durante a fase crônica da doença.
Principais sintomas: febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos (sinal
de Romaña; Patognomonimo) e aumento do fígado e do baço. Com frequência, a febre desaparece depois
de alguns dias e a pessoa não se dá conta do que lhe aconteceu, embora o parasita já esteja alojado em
alguns órgãos.
Os dois sinais aparecem em 50% dos casos agudos dentro de 4-10 dias pós-picada do
barbeiro, regredindo em um ou dois meses.
Tempo de incubação: tempo decorrido entre a exposição ao patógeno e a manifestação dos primeiros
sintomas. Na Doença de Chagas, varia com a forma de transmissão: por vetor (4-15 dias), via oral (3-22
dias), transfusão (30-40 dias ou +).
Nessa fase, Tripomastigotas circulam nos vasos sanguíneos, se distribuem pelo organismo e proliferam nas
células do hospedeiro vertebrado, principalmente naquelas que integram o Sistema Mononuclear
Fagocitário (SMF), e se diferenciam em Amastigotas. Essas formas do T. cruzi se alojam em vários órgãos e
provocam destruição celular associada a processos imunoinflamatórios. A lesão tecidual é intensa e
evidente nessa fase, com declínio progressivo e recuperação parcial dos tecidos parasitados entre a 4° e a
8° semana pós-infecção.
Fase Crônica
Pode ser dividida clinicamente nas formas indeterminada, cardíaca e digestiva:
Forma Indeterminada
Assintomática ou Oligossintomática (podendo permanecer assim por anos, ou não). Sorologia positiva.
Exames radiográficos (coração, esôfago, cólon) e ECG sem anormalidades. Normalmente ocorre entre 1° e
3° década da fase crônica.
Forma cardíaca
Também denominada Cardiopatia Chagásica Crônica (CCC). Forma comum da doença. Pode ser
assintomática. Pode ser sintomática:
Forma digestiva
Ocorre devido às lesões nos plexos intramurais e mioentéricos, causando alteração morfofuncional do
esôfago ou cólon. É comum a formação de “megas”, ou seja, dilatações permanentes das vísceras ocas.
Esofagopatia chagásica
A infecção por T. cruzi causa a destruição do plexo mioentérico, falha de relaxamento do EEI (esfíncter esofágico
inferior) e dilatação do esôfago (megaesôfago; que pode causar adenocarcinoma esofágico). A Esofagopatia chagásica
ocorre progressivamente, e seu primeiro sintoma é a disfagia. Costumam ocorrer regurgitação, epigastralgia, tosse,
odinofagia, hipertrofia das glândulas parótidas, salivação, soluço, emagrecimento, aspiração broncopulmonar
(principalmente durante o sono) e pneumonia por broncoaspiração.
Colopatia chagásica
As alterações encontram-se principalmente nas porções mais distais do intestino (sigmoide e reto). Principais
sintomas: constipação intestinal, meteorismo (gases), distensão e dor abdominais, anorexia e halitose. A formação de
fecalomas, torções e vólvulos pode ocorrer nos casos mais graves. Possibilidade: “sobreposição” das formas cardíaca e
digestiva >> forma cardiodigestiva.
A doença de Chagas, por não apresentar sintomas característicos, impõe dificuldade de identificação ao início da
infecção. Logo, nem sempre o diagnóstico coincide com o momento da infecção nessa patologia.
Exame Laboratorial
Uma vez que o portador da doença de Chagas comumente se encontra na forma indeterminada da doença,
o exame laboratorial é um dos instrumentos mais importantes do qual o médico poderá dispor para
ratificar sua hipótese diagnóstica.
Algumas indicações:
Suspeita de infecção aguda (presença de chagomas ou sinal de Romaña positivo; febre e/ou
hepatoesplenomegalia, história de hemotransfusão recente e paciente morador de área endêmica);
Doadores de sangue;
Gestante com histórico de hemotransfusão ou moradora de área endêmica;
Filho de mãe com diagnóstico de tripanossomíase americana;
Indivíduos com alterações cardíacas ou digestivas que evoquem a possibilidade de infecção por T. cruzi;
Métodos parasitológicos: com base na investigação do patógeno nos fluidos e nos tecidos do hospedeiro
(excelentes para fase aguda: alta parasitemia).
Métodos sorológicos: Detectam-se, em geral, anticorpos anti-T. cruzi da classe IgG (duas coletas com
intervalo mínimo de 15 dias entre uma e outra) e anticorpos anti-T. cruzi da classe IgM, sendo que estes
últimos podem apresentar resultados falso-reativos em várias doenças febris (BAIXA SENSIBILIZAÇÃO).
(extremamente relevantes para o diagnóstico da fase crônica).
Confirmação? Só com a identificação de reatividade sorológica em pelo menos duas das técnicas citadas ou
de pelo menos dois tipos de antígenos diferentes do T. cruzi.
Métodos moleculares: A reação em cadeia da polimerase (PCR) com hibridização tem se mostrado um
ensaio um promissor para a investigação na fase aguda. Porém, ISOLADA não confirma nem descarta
chagas aguda (nem chagas crônica). Pode ser útil pós-ensaios sorológicos inconclusivos.
PROBLEMA 6: CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA & MIOCARDIOPATIA DILATADA
FISIOPATOLOGIA DA CCC
É manifestação da fase cardíaca crônica da doença e afeta aproximadamente 30% dos indivíduos crônicos.
Ela é caracterizada por intenso infiltrado inflamatório no miocárdio, o qual pode ser responsável por
danos teciduais. De fato, há correlação entre a gravidade clínica da doença e a ocorrência de miocardite.
No miocárdio de pacientes com CCC pode ser observado miocardite difusa, fibrose (grave esclerose
intersticial do miocárdio) e danos nas fibras musculares cardíacas.
A patogenia da agressão miocárdica na fase crônica da doença de Chagas depende principalmente: persistência
parasitária + resposta do sistema imunológico desfavorável a esse estímulo infeccioso incessante.
Resposta imune exacerbada do TH1 (o infiltrado inflamatório pode estar associado com o desenvolvimento e
progressão da doença).
Infiltrado de células mononucleares: associado à destruição das células musculares cardíacas e fibrose.
Envolvimento de produção local de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias: danos cardíacos.
TNF-α: elevadas concentrações dele estão associadas piora da função cardíaca.
Morfologicamente: A CCC é uma miocardiopatia dilatada (MCD). Isto é: câmaras cardíacas dilatadas +
disfunção contrátil (sistólica) progressiva.
QUADRO CLÍNICO DA CCC
Sintomas
Insuficiência Cardíaca.
Por ser uma Miocardiopatia Dilatada, apresenta disfunção sistólica (também apresentará
disfunção diastólica).
Por quê? Lenta e persistente destruição das fibras miocárdicas por processos
inflamatórios crônicos, com intensa fibrose reparativa e remodelamento ventricular
progressivo >> Hipertrofia acompanhada de posterior dilatação das câmaras + paredes
flácidas e delgadas = o coração vai perdendo capacidade de contração.
Aneurismas ventriculares.
O aneurisma apical constitui o mais marcante entre todos: lesão característica na ponta do
ventrículo esquerdo ou do direito. Representado por um afilamento da extremidade
ventricular, onde há total ou parcial desaparecimento do miocárdio, que se encontra
substituído por fibrose, e pode estar associada à trombose mural.
Mecanismos causadores: inflamação, isquemia, fatores mecânicos, trombose, espessura
afilada da parede apical, distúrbios de condução.
CCC E EXAMES
ECG Extrassistolia ventricular. Bloqueio completo do ramo direito isolado ou associado ao hemibloqueio
anterior esquerdo. Fibrilação atrial. Manifestações de disfunção sinusal (bradicardia e bloqueio sinusal).
Ecocardiograma Exame de ultrassonografia do coração que fornece imagens obtidas através do som.
Permite avaliar tanto a função miocárdica global quanto a segmentar, além de identificar marcadores
importantes para estadiamento da cardiopatia, como dimensões das câmaras, alterações de mobilidade
segmentar e presença de aneurismas e tromboses murais.
Estadiamento
Prognóstico
FISIOPATOLOGIA DA MCD
A maioria das doenças que afetam o músculo cardíaco resulta de alguma outra condição, por exemplo,
aterosclerose coronariana, HAS ou doença cardíaca valvar. Contudo, há também doenças cardíacas que
podem ser atribuídas a uma disfunção intrínseca do miocárdio. Essas doenças são denominadas
miocardiopatias.
Dos três padrões principais, a miocardiopatia dilatada é a mais comum (90% dos casos).
Na MCD, o coração está caracteristicamente aumentado (seu peso é 2-3 vezes o normal) e flácido, e todas
as câmaras estão dilatadas. As paredes do coração ficam delgadas devido à dilatação das câmaras. Trombos
murais (intracardíacos) também são frequentes e podem ser uma fonte de tromboêmbolos.
Por definição, as lesões valvares e vasculares que podem causar secundariamente uma dilatação cardíaca
(ex: doença arterial coronariana aterosclerótica) estão ausentes.
Alterações histológicas:
Inespecíficas e normalmente não apontam para uma entidade etiológica específica >> mostra hipertrofia dos miócitos,
alongamento das fibras musculares cardíacas e fibrose intersticial.
EXCEÇÃO: MCD secundária à sobrecarga de ferro: acúmulo de hemossiderina (pigmento resultante da degradação de
hemácias).
Causas de MCD:
GENÉTICA: São constatadas mais de 40 mutações em diferentes genes reconhecidos e associados à MCD.
Estima-se que a forma familiar, clinicamente definida pela presença de dois ou mais indivíduos de uma mesma
família com diagnóstico de miocardiopatia dilatada estabelecido, seja responsável por cerca de 20 a 35% dos casos
de doença. A forma familiar desta patologia apresenta um padrão de transmissão predominantemente autossômico
dominante, de penetrância variável. Todavia, a herança genética ligada ao X, autossômica recessiva e mitocondrial
também já foi descrita.
MIOCARDITE INFECCIOSA: Segundo a OMS: doença inflamatória do miocárdio associada à disfunção cardíaca,
caracteriza-se frequentemente por uma evolução, ao longo da sua história natural, para miocardiopatia dilatada.
A miocardite, sendo uma doença inflamatória, pode resultar em alterações cardíacas progressivas mesmo após
erradicação do agente infeccioso.
1. Entrada de um microrganismo para as células do tecido cardíaco, o qual pode provocar lesão citotóxica direta
dos miócitos. A grande maioria dos pacientes apresenta recuperação ao longo desta primeira fase.
2. Progressão negativa? Resposta do sistema imunológico ao evento infeccioso.
3. Remodelação do tecido cardíaco, podendo resultar em alterações estruturais e funcionais irreversíveis do
miocárdio, tal como miocardiopatia dilatada.
A miocardite pode ser atribuída a diversos agentes infecciosos, desde parasitas a protozoários, bactérias, fungos e
vírus: Parvovírus B19, Influenza, Trypanosoma cruzi, Meningococcus, entre outros.
70% dos pacientes com esta patologia apresentava infecção por um vírus cardiotrópico.
Por outro lado, fatores genéticos também estão envolvidos na susceptibilidade à infecção viral e em anormalidades no
sistema imunológico. Assim: fatores adquiridos + influências genéticas = MCD.
“Com a remissão da parasitemia e das reações inflamatórias sistêmicas, o paciente adentra a fase
crônica da doença, em que se acredita que, desde a forma indeterminada, ocorra um processo de
miocardite focal de baixa intensidade, mas incessante, que causa destruição de fibras e fibrose
reparativa miocárdica progressivas. Isso provoca dano miocárdico cumulativo, e resulta tardiamente em
um quadro de miocardiopatia dilatada, usualmente acompanhada de arritmias graves, complicações
tromboembólicas e morte súbita em elevada proporção dos casos”.
SARCOIDOSE: inflamação não infecciosa >> doença granulomatosa multisistémica. A formação de granulomas pode
ocorrer virtualmente em qualquer tecido, incluindo o tecido cardíaco >> MIOCARDITE NÃO INFECCIOSA.
Histologicamente, o coração pode apresentar um largo espectro de acometimento, podendo exibir apenas uma
agressão de padrão difuso e microscópico ou manifestar extensa fibrose e múltiplos granulomas e, dependendo do
tempo de evolução da doença, o coração pode apresentar um padrão de miocardiopatia restritiva ou dilatada.
Álcool: O álcool tem efeitos deletérios sobre o coração, sendo a toxina mais frequentemente implicada no
desenvolvimento de toxicidade cardíaca e a principal causa de miocardiopatia dilatada em países ocidentais.
Hábitos etílicos pesados podem ser responsáveis por 21% a 36% dos casos de miocardiopatia dilatada,
denominando-se, neste caso, de miocardiopatia alcoólica.
Os mecanismos cardiotóxico do álcool: ↥ stress oxidativo + ↥ apoptose e necrose de miócitos + disfunção do retículo
sarcoplasmático e de mitocôndrias + expressão alterada de proteínas sarcoméricas + alterações na homeostasia do
cálcio + ativação do SNA simpático + ativação do SRAA como consequência da disfunção cardíaca.
Sem abstinência, a MDC alcóolica está associada a graves complicações, apresentando alta taxa de mortalidade.
Obs: existem variabilidades de sensibilidade ao álcool. Ou seja, nem sempre o uso desmedido causa manifestação
cardíaca. Logo, sugere-se que a MCD alcoólica seja uma doença multifatorial (fatores ambientais & fatores genéticos
– polimorfismos nos genes que codificam a desidrogenase alcoólica e a ECA, influenciam ocorrência, evolução e
gravidade da doença).
Drogas ilícitas: potenciais agentes etiológicos de miocardiopatia dilatada por causar cardiotoxidade. O consumo de
substâncias psicoestimulantes apresenta também outras formas de complicações cardiovasculares, entre elas:
hipertensão, miocardite, endocardite, dissecção da aorta, aneurismas cerebrovasculares e mesmo morte súbita.
MIOCARDIOPATIA METABÓLICA:
Hipertireoidismo: caracteriza-se por um amento da necessidade metabólica. Esta, por sua vez, impõe um aumento de
trabalho cardíaco, culminando frequentemente numa insuficiência cardíaca de alto débito. No entanto, alguns
pacientes, para além do quadro clássico de insuficiência cardíaca de alto débito, acabam por desenvolver
miocardiopatia dilatada com baixa fracção de ejecção.
Hemocromatose: é uma doença genética autossômica do metabolismo do ferro caracterizada por aumento da
absorção intestinal e acúmulo progressivo deste em diferentes órgãos. É caracterizada por rápido acúmulo de ferro no
organismo, de início precoce, com manifestações de sobrecarga de ferro entre a segunda e terceira décadas de vida e
comprometimento funcional dos órgãos afetados antes dos anos de idade. As manifestações cardíacas como IC e
arritmias são precoces e importantes causas de morte. Outra manifestação cardíaca da doença são as
miocardiopatias.
IDIOPÁTICA: Refere-se à MCD que não tem relação com outra doença e que se manifesta ou existe sozinha.
A MCD pode ocorrer em qualquer idade, mas é diagnosticada com mais frequência entre os 20-50 anos.
“As manifestações clínicas da MCD podem apresentar grande variabilidade, esta pode manifestar-se de forma aguda,
como morte súbita ou um evento tromboembólico. No entanto, mais tipicamente, apresenta-se com arritmias ou
insuficiência cardíaca progressiva, com sinais de congestão pulmonar e ou intolerância aos esforços”.
Manifestação principal: sinais de ICC lentamente progressiva, que inclui dispneia, cansaço fácil e baixa capacidade de
realizar esforços físicos, porém os pacientes podem passar subitamente de um estado compensado para um estado
descompensado.
O problema fundamental da MCD: contração ineficaz. Assim, no estágio final da doença, a fração de ejeção cardíaca
normalmente é inferior a 25% (normal: 50-65%).
Pode ocorrer: regurgitação mitral secundária + ritmos cardíacos anormais + desprendimento de êmbolos de trombos
intracardíacos (murais).
FISIOPATOLOGIA DA ATEROSCLEROSE
O Que É Aterosclerose?
É um tipo de arteriosclerose, isto é, de endurecimento das artérias. Doença progressiva caracterizada pela
formação de placas fibroadiposas (placa de ateroma; placa de gordura) na camada íntima de grandes e
médias artérias, incluindo a aorta, as artérias coronárias e vasos cerebrais.
Começa como um processo insidioso, e as manifestações clínicas da doença tipicamente não se tornam
evidentes durante um período de 20 a 40 anos ou mais.
Suas causas são multifatoriais e seus mecanismos já foram atribuídos, inclusive, ao envelhecimento.
Os fatores de risco para aterosclerose podem ser divididos em modificáveis (tabagismo, sedentarismo,
obesidade, estresse, hiperlipidemia, HA) e não modificáveis (DM, hipertensão familiar, trombofilias, sexo,
idade e hereditariedade).
Genética e HF: O maior risco associado aos antecedentes familiares está relacionado com as características
poligênicas, altamente vinculadas à aterosclerose, como hipertensão e diabetes, bem como outros
polimorfismos genéticos. Além disso, pessoas que vêm de famílias com um forte histórico de doença cardíaca
ou AVE devido à aterosclerose se encontram em maior risco.
Sexo: mulheres fora da menopausa têm menores chances de desenvolver aterosclerose se comparadas aos
homens da mesma idade. Por quê? Estrogênio é fator protetivo.
Tabagismo: Eleva a PA por ativação do SN simpático. Diminui a biodisponibilidade de NO. A própria nicotina é
uma substância que causa disfunção endotelial por sua toxidade.
Hipertensão: Causa de disfunção endotelial. A PA elevada e sustentada provoca latente processo de lesão
das paredes arteriais, causando fluxo turbulento e podendo lesar o endotélio dos vasos. A Hipertensão
duplica o risco de desenvolvimento de doença arterial coronariana aterosclerótica.
DM: está associado à elevação dos níveis circulantes de colesterol e aumenta significativamente o risco da
aterosclerose. A incidência de IAM é 2X > em pacientes diabéticos do que em não portadores da doença.
Patogênese
Há três tipos de lesões associadas à aterosclerose: estrias gordurosas, placa de ateroma fibroso e lesão
complicada. Os últimos dois são responsáveis por manifestações clínicas significativas da doença.
Estrias gordurosas: consistem em macrófagos e células musculares lisas que se distenderam com lipídeos
para formar células espumosas.
Placa de ateroma fibroso: consistem em macrófagos que ingerem e oxidam as lipoproteínas acumuladas,
formando faixa visível de gordura. Com o tempo: crescimento das faixas = proliferação na musculatura lisa
>> invasão do lúmen arterial. Ainda: macrófagos liberando substâncias inflamatórias que podem causar
oclusão total do vaso ou predisposição à trombos >> redução do fluxo sanguíneo (cresce com progressão
da doença).
Lesão complicada: são lesões mais avançadas, com focos de hemorragia, ulcerações e depósito de tecido
cicatricial (fibrose).
Obs: Trombose é a complicação mais importante da aterosclerose >> desaceleração do fluxo + turbulência do fluxo
sanguíneo + ulceração da placa = formação do trombo. O trombo pode provocar a obstrução de pequenos vasos do
coração e do encéfalo.
Obs: Aneurisma >> podem se desenvolver nas artérias enfraquecidas pela formação de uma grande placa.
Cascata De Fenômenos
Antes: A camada endotelial vascular consiste em uma única camada de células com conexões
intercelulares, normalmente funciona como uma barreira seletiva, que protege as camadas subendoteliais
pela interação com as células do sangue e com outros componentes sanguíneos.
1) Danos ao endotélio representam um marcador precoce de que mais tarde podem se tornar placas
ateroscleróticas.
Diversos fatores podem ser considerados como agentes nocivos ao endotélio
vascular: tabaco, mecanismos imunológicos, tensões mecânicas (ex: HAS),
hiperlipidemia (principalmente LDL com seu alto teor de colesterol)
É comum que esse dano com consequente formação de placa de ateroma seja em
locais de bifurcação dos vasos, onde ocorre fluxo turbulento (ou seja: fatores
hemodinâmicos tem papel considerado).
2) Uma vez que o endotélio é danificado, lipídios (LDL-c) circulantes começam a aderir à superfície.
3) Em seguida, monócitos circulantes também se aderem ao endotélio >> atravessam a camada endotelial até o
espaço subendotelial e se transformam em macrófagos.
Interações entre camada endotelial vascular e leucócitos (principalmente
monócitos) ocorrem ao longo da vida. A interação é aumentada com
hipercolesterolemia.
4) Macrófagos ativados liberam radicais livres >> oxidam LDL. O LDL oxidado = tóxico para o endotélio >> morte
celular >> exposição do tecido subendotelial aos componentes sanguíneos >>> diminuição da liberação de NO e
de prostaciclina >> agregação plaquetária + deposição de fibrina.
5) Outra ação dos Macrófagos: fagocitam as LDL-c oxidadas e se transformam em células espumosas por não
conseguirem eliminar o conteúdo lipídico. Quando sofrem necrose essas células espumosas liberam seus lipídeos
que agrava a formação do núcleo de gordura das placas instáveis.
As placas instáveis se caracterizam Histologicamente por um grande núcleo central
lipídico, infiltrado inflamatório e uma cápsula fibrosa fina.
Além disso, as células espumosas mortas “sinalizam” para que as células lisas
depositem cálcio na placa.
6) As plaquetas e os macrófagos ativados liberam vários fatores que possivelmente promovem os fatores de
crescimento capazes de modular a proliferação de células musculares lisas e a deposição de MEC nas lesões.
7) A placa instável pode se romper, causando a formação de um trombo e podendo obstruir parcialmente ou
totalmente a artéria.
Caso a artéria aterosclerótica esteja parcialmente obstruída e seja uma coronária,
pode ocorrer Angina, devido a isquemia.
Caso a artéria aterosclerótica esteja totalmente obstruída e seja uma coronária,
pode ocorrer IAM, por necrose de tecido não perfundido.
Endotélio vascular = única camada celular com conexões, que normalmente protege as camadas subendoteliais
impedindo sua interação com as células do sangue e de outros componentes sanguíneos.
Tabaco, níveis elevados de LDL, mecanismos imunológicos e estresse mecânico associado à HA >> potencial de
provocar lesões endoteliais por adesão de monócitos e plaquetas.
Início da placa de ateroma: células endoteliais começam a expressar moléculas de adesão seletiva que se ligam à
monócitos e outras células inflamatórias >> provocam as lesões ateroscleróticas. Esses monócitos, então, migram
entre as células endoteliais para se localizarem na íntima >> macrófagos >> ingerirem lipoproteína (**LDL-c).
Recrutamento de monócitos + diferenciação em macrófagos + ingestão de lipídeos pelos macrófagos =medidas
protetivas na tentativa de remoção do excesso de lipídios da circulação (o acúmulo progressivo conduz à evolução
da lesão).
Macrófagos ativados >> liberam espécies tóxicas de oxigênio que oxidam a molécula de LDL. PORÉM, não
conseguem digerir o LDL oxidado >> células espumosas. Também produzem fatores de crescimento que contribuem
para a migração e proliferação de células musculares lisas e a elaboração de MEC.
Placas ateroscleróticas consistem em um agregado de células musculares lisas, macrófagos e outros leucócitos;
MEC, incluindo fibras colágenas e elásticas; e lipídios intracelulares e extracelulares. Tipicamente, a cápsula fibrosa
superficial é composta de células musculares lisas e de MEC densa. Imediatamente abaixo e ao lado da cápsula
fibrosa se localiza uma área celular (ombro) que consiste em macrófagos, células musculares lisas e linfócitos.
Abaixo da cápsula fibrosa está o núcleo central de células espumosas carregadas de lipídios e detritos gordurosos. A
ruptura, ulceração ou erosão de uma cápsula fibrosa instável ou vulnerável pode conduzir a hemorragia na placa ou
oclusão trombótica do lúmen do vaso.
ANGINA DE PEITO
O Que É Angina?
É uma dor torácica intermitente causada por isquemia miocárdica transitória e reversível. A dor
provavelmente é consequência da liberação (induzida pela isquemia) de adenosina, bradicinina e outras
moléculas que estimulam as vias aferentes autônomas.
Característica semiológica da dor: quase sempre do tipo constritivo, tendo o paciente a sensação de que
algo aperta o tórax ou a região retroesternal. Para caracterizá-la, o paciente leva a mão fechada ao peito.
Costuma ser descrita como “aperto”, “opressão”, “peso”, “queimação” e “sufocação”. Pode ter
também a sensação de nó na garganta, como se estivesse sendo estrangulado. A mesma sensação
pode ser percebida nas áreas de irradiação da dor como, por exemplo, impressão de aperto ou de
um bracelete no braço.
Sintomas concomitantes: Precordialgia intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese fria, sugere
infarto agudo do miocárdio.
Localização da dor: geralmente retroesternal, podendo irradiar-se para o braço esquerdo, dorso, pescoço, mandíbula,
epigástrio ou braço direito.
Obs: Em 40% dos pacientes, a dor tem localização atípica (epigástrio, ombro, dorso, mandíbula).
Forma/Classificação da dor: Sensação subesternal constritiva ou em aperto. A dor geralmente é aliviada pelo repouso
(que reduz a demanda) ou por fármacos como a nitroglicerina, um vasodilatador que aumenta a perfusão
coronariana.
Duração da dor: na angina do peito estável a dor tem duração curta, em geral de 2 a 3 min, raramente ultrapassando
10/20 min, e é estreitamente relacionada com esforço físico. Isso porque sua origem é apenas hipóxia miocárdica,
sem alteração necrobiótica.
Dados clínicos + (ECG) e/ou (teste ergométrico) e/ou (eco) e/ou (cintilografia miocárdica) e/ou (angiotomografia das
coronárias).
ECG Normal em 50% dos pacientes com angina estável. Alterações inespecíficas do segmento ST-T com ou sem infarto
prévio. Presença de bloqueio de ramo e síndrome de Wolff-Parkinson-White reduz a utilidade do ECG para avaliação
de isquemia miocárdica.
Teste Ergométrico Útil para diagnóstico, estratificação em pacientes quanto ao risco e acompanhamento dos pacientes. Boa
sensibilidade e alta especificidade, principalmente em homens de meia-idade. Indispensável nos pacientes com ECG
de repouso normal.
ECO Avalia função ventricular e auxilia no diagnóstico diferencial com outras doenças cardíacas (estenose aórtica,
cardiomiopatia hipertrófica, prolapso de valva mitral). Permite fazer diagnóstico de estenose aórtica.
ECO-estresse Útil no diagnóstico de isquemia miocárdica em mulheres e nos pacientes em que alterações no ECG basal dificultam
a avaliação de isquemia. Indicado para auxiliar na estratificação do risco de pacientes com angina estável.
Cintilografia Indicações semelhantes às do eco de estresse. Fornece elementos para estratificação do risco de complicações
miocárdica (infarto agudo do miocárdio, morte súbita) e na decisão de se realizar ou não a cinecoronariografia.
Angiotomografia Usa a tomografia computadorizada para avaliar os vasos sanguíneos do coração.
das coronárias
Tratamento
Ácido acetilsalicílico: inibe a enzima cicloxigenase (COX), que produz o Tromboxano A2 (que atua na cascata da
coagulação sanguínea) e que produz prostaglandinas (que atuam no processo inflamatório).
IECA ou BRA: indicados para pacientes c/ angina estável + HA e IC, c/ disfunção ventricular mesmo sem IC, c/ DM.
Estatinas: indicadas para os pacientes com doença arterial coronária comprovada e LDL-colesterol > mg dℓ.
Trimetazidina: indicado em pacientes com angina estável sintomática em uso de BB isoladamente ou associado a
outros antianginosos.
3°: Acompanhamento periódico para ajuste das doses de medicamentos, avaliação das mudanças no estilo de vida e
acompanhamento da evolução da doença arterial coronariana.
Angina Instável
É caracterizada por uma dor cada vez mais frequente que é precipitada por esforço físico progressivamente menor
ou que ocorre até mesmo durante o repouso. A angina instável está associada à ruptura de uma placa aterosclerótica
acompanhada de trombose superposta, à formação de êmbolos em posição distal ao trombo e/ou a vasoespasmo;
essa forma de angina é muitas vezes precursora do IM, causado por obstrução vascular total.
Duração da dor: é mais prolongada, chegando a durar 20 min, pois nessa síndrome já há alterações celulares, não
estando relacionada com esforço físico. Obs: No IAM, em função do surgimento de alterações necróticas, a dor dura
mais de 20 min, podendo perdurar várias horas. (não se pode utilizar diferença de duração da dor para diagnosticar
IAM ou Angina instável).
Diagnóstico
Dados clínicos + dosagem de enzimas + eco e/ou teste ergométrico + eco e/ou cintilografia miocárdica +
cinecoronariografia (pacientes de alto risco).
ECG Pode estar normal. Infra ou supra de ST, inversão da onda T durante episódio da dor. Persistiram alterações
por mais de 12horas? Pode ser IAM.
Teste Ergométrico Indicado na avaliação da síndrome isquêmica (é seguro e importante na estratificação de pacientes com dor
torácica). Deve ser realizado em pacientes de baixo risco e com marcadores bioquímicos normais (realizá-lo
após 12 horas de estabilização dos sintomas).
ECO Para avaliar contratilidade ventricular, global e regional; para diagnóstico diferencial com dissecção aórtica,
embolia pulmonar, valvulopatia. Permite detectar complicações (insuficiência mitral, comunicação
interventricular).
ECO-estresse Utilizados como alternativa ao teste ergométrico nos pacientes com impossibilidade de realizar exercícios
físicos (alterações musculoesqueléticas, bloqueio completo do ramo esquerdo, sobrecarga ventricular
& esquerda, síndrome de Wolff-Parkinson-White, distúrbios hidreletrolíticos, uso de medicamentos).
Cintilografia miocárdica
Cineangiocoronariografia Em todos os pacientes considerados de alto risco e em alguns de risco intermediário. Necessária para decisão
de revascularização miocárdica e/ou angiotomografia das coronárias.
Baixo risco: podem ser tratados ambulatorialmente, realizando outros exames para refinar a
estratificação do risco.
Intermediário/alto risco: internação em UTI
Nitratos: em todos os pacientes com síndrome isquêmica aguda. Risco int./alto: nitroglicerina IV. Os nitratos devem
ser mantidos até 48 h pós-angina, retirando-o gradualmente.
BB: pacientes de baixo risco >> via oral (= angina estável), mantidos após a estabilização clínica. Pacientes internados
>> adm IV >> passar para via oral.
Clopidogrel: indicados nos pacientes de baixo risco quando há contraindicação ao AAS. Pacientes de risco int./alto:
clopidogrel + AAS.
IECA: em todos os pacientes com risco int./alto, com disfunção do VE, HA ou DM.
Heparina e heparinas fracionadas: para os pacientes de risco intermediário ou alto durante 3 a 7 dias.
(ANTICOGULANTE).
Antagonistas dos receptores da glicoproteína IIb/IIa: apenas nos pacientes de alto risco e quando houver
programação de uma intervenção percutânea nas próximas 24 horas. O uso desses fármacos não exclui o uso de AAS,
clopidogrel e heparina.
Estatinas: indicadas para todos os pacientes com síndrome isquêmica aguda e LDL-colesterol acima de 70 mg/dℓ.
Caracteriza-se por episódios frequentes de dor de aparecimento recente, surgindo sempre no mesmo período do dia,
particularmente de madrugada ou pela manhã.
Diagnóstico
Tratamento
FISIOPATOLOGIA DO IAM
Quando a gravidade ou a duração da isquemia é suficiente para causar a morte de Cardiomiócitos (necrose).
Também conhecido como “ataque cardíaco”, consiste na necrose do músculo cardíaco que resulta de isquemia.
CLASSIFICAÇÕES
Infarto Transmural: a necrose isquêmica envolve toda ou quase toda a espessura da parede ventricular
irrigada por uma única artéria coronária.
Infarto Subendocárdico: a área de necrose isquêmica é limitada ao terço interno ou, no máximo, à metade da
parede ventricular (como a zona subendocárdica é, normalmente, a região do miocárdio com menor
irrigação, ela é muito mais vulnerável a qualquer redução do fluxo coronariano).
Infarto Microscópico: quando há oclusões de pequenos vasos e podem não exibir nenhuma alteração
diagnóstica no ECG.
Ruptura de uma placa aterosclerótica preexistente >> Formação de trombo >> Obstrução vascular >>
Infarto transmural do miocárdio a jusante (sentido do fluxo).
Contudo, em 10% dos IAM transmurais ocorre devido a vasoespasmo de uma artéria coronária ou à
êmbolos que se desprenderam de trombos murais.
DESENVOLVIMENTO DO IAM
Produção inadequada de fosfatos de alta energia (por ex, fosfato de creatinina e trifosfato de adenosina) +
acúmulo de produtos de degradação nocivos (ácido lático).
A isquemia GRAVE induz perda de contratilidade EM 60 SEGUNDOS >> IC aguda antes da morte dos
cardiomióticos.
ENTRETANTO, essas alterações são potencialmente reversíveis já que a morte celular não é imediata, pois
APENAS NA INSQUEMIA INTENSA POR PELO MENOS 20-30 MINUTOS, ocorre dano irreversível (necrose)
do tecido cardíaco.
No subendocárdio a isquemia é mais pronunciada, uma vez que normalmente já é uma camada de mais
difícil suprimento sanguíneo. A lesão irreversível ocorre primeiro nessa zona.
Se houver sistema colateral arterial estimulado pela isquemia >> necrose total mais lenta (+- 12h).
12-24 HORAS = área do infarto pode ser identificada por regiões macroscópicas de coloração vermelho-
azulada (sangue estagnado).
IAM nos diferentes vasos arteriais com suas correspondentes regiões de lesão
Coronária esquerda Maior parte AE e VE, septo IV e fascículos AV; podem suprir o nó AV.
IAM transmural.
“O supradesnivelamento persistente de ST caracteriza uma situação específica de infarto, o chamado infarto com
supra de ST (IMcSST) que tem como mecanismo reconhecido uma obstrução completa de um dos ramos principais
das coronárias ensejando adoção de medidas urgentes para desfazer o trombo, o que em dias atuais é feito com o
uso de trombolíticos, angioplastia ou aspiração do trombo”.
O infarto pode transcorrer sem supra de ST (IMsSST) podendo-se nesse contexto observar: instâncias de
infradesnivelamento de ST; elevação por curto período de tempo do ST; inversão de T, ou mesmo sem alterações de
repolarização. Aqui não ocorre obstrução total do ramo arterial afetado.
A conduta para paciente com IAM sem supra ST assemelha-se à adotada na angina instável.
IAM E FATORES DE RISCO
FAIXA ETÁRIA: O risco de evento CV aumenta conforme a idade aumenta. Logo, a frequência de infartos do miocárdio
sobre progressivamente com o aumento da idade. Apesar disso, aproximadamente 10% dos IAM ocorrem antes do 40
anos e 45%, ocorrem antes dos 65 anos. Isso evidencia a ideia de que múltiplos são os fatores que podem culminar em
IAM.
SEXO: os homens correm risco significativamente maior que as mulheres, porém essa diferença entre os sexos
diminui progressivamente com o avanço da idade. Em geral, as mulheres estão protegidas contra o IAM durante a vida
reprodutiva. Contudo, a menopausa (com o declínio da produção de estrógeno) está associada à exacerbação da
doença arterial coronariana (maior causa de IAM). Obs: a cardiopatia isquêmica é a causa mais comum de morte entre
as mulheres idosas.
OBESIDADE: situa-se entre os maiores fatores de risco de DAC. Além disso, existem correlações diretas com aumento
de peso e incremento de processos de calcificação arterial coronariana.
HAS: Constitui em importante fator de risco para o desenvolvimento de DAC. A hipertensão arterial contribui para
remodelação ventricular, IC e aceleração da aterosclerose.
DM: Aproximadamente um quarto dos pacientes com IAMCST tem DM. Está associada à elevação dos níveis
circulantes de colesterol e aumenta significativamente o risco de aterosclerose. A incidência de IAM é 2X > em
pacientes diabéticos do que em não portadores da doença.
TABAGISMO: Constitui em importante fator de risco para o desenvolvimento de HA e DAC. Sendo assim, é fator de
risco para IAM.
INATIVIDADE FÍSICA: A inatividade física pode desembocar em sobrepeso e obesidade. Além disso, ela por sí só é fator
de risco CV.
ESTRESSE: Ativação crônica do SNAs com risco para HA e para DAC, como consequência. O estresse em indivíduos
que já possuem histórico de formação de placa de ateroma é gatilho para início de IAM.
Os maiores fatores de risco são dislipidemia, sedentarismo, tabagismo, estresse e histórico familiar.
Obs: Os IAM afetam IGUALMENTE brancos e negros (apesar de a etnia negra ter fator de risco para surgimento de
HA).
Decálogo semiológico da dor torácica: duração, intensidade, quando começou, o que desencadeou, forma da
dor, irradiação...
História Familiar de DAC ou de IAM?
AVERIGUAÇÃO DOS SINAIS VITAIS E DO QUADRO CLÍNICO:
IAM típica: desencadeada por estresse emocional ou esforço físico. Dor em aperto prolongada (> 20 min, podendo
chegar a horas); Precordialgia (a dor pode alcançar a região abdominal alta). Irradiação para MMSS esquerdo,
mandíbula, pescoço, ombro.
No exame clínico: alteração da PA; podem ocorrer arritmias; dor intensa acompanhada de falta temporária de
consciência, palidez, sudorese fria, falta de ar, ansiedade, inquietação, fraqueza muscular generalizada, náuseas e
vômitos.
Observar sinais ou sintomas isquêmicos (desconforto no peito, no braço ou no queixo, falta de ar, edema
pulmonar).
Onde? Nas derivações que exploram áreas correspondentes de irrigação da artéria obstruída.
Ex: oclusão da artéria interventricular anterior ou de seus ramos principais >> de V1 à V6.
Ex: oclusão da coronária direita >> D2, D3 e aVF. (INFERIORES).
Ex: oclusão da artéria circunflexa >> D1, aVL, V5-V6. (LATERAIS).
Elevação do ST (supradesnivelamento). ST saindo da linha isoelétrica para cima. Ocorre nos IAM transmurais onde a
extensão da lesão é maior e todas as camadas histológicas do coração sofrem isquemia.
Depressão do ST (infradesnivelamento). ST saindo da linha isoelétrica para baixo. Ocorre nos IAM subendocárdicos
onde a extensão da lesão é menor.
ECOCARDIOGRAMA
A ecocardiografia transtorácica é um excelente método de triagem em pacientes com dor precordial, pois as
alterações da motilidade segmentar ocorrem em segundos após a oclusão coronária. Apesar de as alterações da
motilidade segmentar poderem significar isquemia ou infarto antigo, ao invés de agudo, elas ajudam a afastar outras
causas de dor precordial, como dissecção de aorta, pericardite e embolia pulmonar maciça. Por outro lado, sua
ausência praticamente exclui infartos extensos.
Dentre os diversos marcadores cardíacos ou biomarcadores que podem ser dosados, a Creatina fosfoquinase total
(CK-MB-TOTAL), Creatina fosfoquinase fração MB (CK-MB), Mioglobina e Troponina apresentam maior importância
diagnóstica do IAM.
CK TOTAL
Enzima reguladora associada com a geração de adenosina trifosfato (ATP) nos sistemas contráteis. Sua função
fisiológica predominante ocorre nas células musculares, onde está envolvida no armazenamento da creatina fosfato
de alta energia. Consiste na união das subunidades B ou M, que se combinam formando a CK-MM (músculo
esquelético), CK-BB (cérebro) e CK-MB (miocárdio).
CK-MB
Marcador tradicionalmente utilizado, embora tenha diversas limitações conhecidas. Idealmente, a CK-MB deve ser
mensurada por meio de imunoensaio para dosagem da sua concentração no plasma (CK-MB massa) em vez da sua
atividade (CK-MB atividade).
Dosar massa é mais confiável: determina a quantidade de enzima, independente se está atuando ou não.
Limitação: A CK-MB massa eleva-se após dano em outros tecidos não cardíacos (falsos positivos), especialmente após
lesão em músculos liso e esquelético.
MIOGLOBINA
Heme-proteína citoplasmática de baixo peso molecular, presente nos músculos esqueléticos e cardíacos. Liga-se
fortemente ao oxigênio funcionando como um reservatório e transportador de O2 na medida em que o tecido entra
em hipóxia.
A mioglobina é liberada rapidamente pelo miocárdio lesado durante o IAM, sendo considerada um biomarcador
cardíaco precoce e sensível, porém NÃO ESPECÍFICO, tendo em vista que seus valores se alteram na presença de
lesões musculares, exposição a drogas e toxinas, insuficiência renal crônica, choque, traumas e após cirurgias
Duas funções importantes: Começa a elevar sua concentração de forma rápida + Apresenta um valor preditivo
negativo ideal (Isto é, se seu resultado vier negativo de 1 a 2 horas pode-se afastar a possibilidade de IAM. Entretanto,
caso o resultado da dosagem vier positivo não indica nada, apenas abre a possibilidade de ser infarto e, portanto, o
médico deve seguir com dosagens mais específicas).
TROPONINA
Proteínas do complexo de regulação miofibrilar que não estão presentes no músculo liso. Existem três subunidades:
troponina T, troponina I e troponina C.
Obs: Troponina C não tem cardioespecificidade (coexpressa nas fibras musculares esqueléticas de contração
lenta).
Na última década foram desenvolvidas técnicas de imunoensaios com anticorpos monoclonais específicos para
troponinas T cardíaca (TnTc) e troponina I cardíaca (TnIc).
Levando-se em consideração as limitações em se estabelecer um padrão ouro para o diagnóstico de infarto, estima-se
que a CK-MB massa e as troponinas tenham um desempenho diagnóstico semelhante para o infarto nas primeiras 12
a 24 horas de evolução. As troponinas cardíacas permanecem elevadas por tempo mais prolongado, portanto, após 24
horas do início dos sintomas.
Vantagens sobre CK-MB: maior especificidade para lesão miocárdica (CK-MB é encontrada em tecidos não cardíacos)
+ habilidade em detectar pequenas quantidades de lesão miocárdica (não detectáveis por CK-MB).
Limitações da Troponina: Baixa sensibilidade quando o paciente tem um tempo de início do quadro inferior a 6 horas.
Solução? Troponina Ultrassensível (Trop-US). Detecta de níveis mais baixos de troponina e em menor tempo
após início do quadro isquêmico e consequente menor tempo para detecção do IAM. (10-100X mais
sensível).
Nota: do ponto de vista de marcadores bioquímicos de necrose miocárdica, o diagnóstico de IAM deve ser feito de
acordo com os seguintes critérios:
1. Troponina T ou I: aumento acima do percentil 99 em pelo menos 1x nas primeiras 24h de evolução;
2. Valor máximo de CK-MB, preferencialmente massa, maior do que o limite superior da normalidade por 2x
sucessivas OU valor máximo de CK-MB acima de 2x o limite máximo da normalidade por 1x durante as
primeiras horas após o evento. Na ausência de CK-MB ou troponina: CK total acima de 2X o limite superior
pode ser utilizada, mas este biomarcador é consideravelmente menos satisfatório do que a CK-MB.
É a partir da coleta de todos os dados citados que se faz diagnóstico diferencial de Angina Instável X IAM
(principalmente quando esse ao ECG não apresenta supra de ST).
TRATAMENTO IAM
TRATAMENTO
Pacientes que apresentam hipoxemia arterial clinicamente evidente ou documentada (saturação de O2 <
94%) devem receber suplementação de oxigênio por máscara ou cateter nasal.
Administração de analgésicos para dor (sulfato de morfina IV) e para controle da ansiedade.
Obs: A dor é secundária a isquemia. Logo, intervenções que visem ao restabelecimento do fluxo miocárdico
ou medidas anti-isquêmicas costumam ser bastante eficientes no controle do fenômeno doloroso.
Doses altas? Atenção para as reações adversas: náuseas, vômitos, hipotensão, bradicardia e depressão
respiratória. Hipotensão e bradicardia geralmente respondem à atropina e depressão respiratória ao uso de
naloxane.
É contraindicado na IAMCST: anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e inibidores seletivos da COX-2 >>
Risco de morte, reinfarto, ruptura cardíaca, hipertensão arterial sistêmica, insuficiência renal e insuficiência
cardíaca.
Inibe a síntese de tromboxano A2 (T-A2) por inativação da enzima COX-1. O T-A2 promove o processo de
aglutinação (essencial para rápida formação do tampão hemostático).
Clopidogrel + Prasurgel + Ticagrelor: Inibem a ligação do ADP aos seus receptores nas plaquetas e, assim, inibem a
ativação dos receptores de GP IIb IIIa necessários para que as plaquetas se liguem ao fibrinogênio e umas s outras.
Inibidores da glicoproteína IIb/IIIa: Bloqueia o receptor IIb/IIIa, o que induz a bloqueio de agregação plaquetária.
Heparina não fracionada: mistura de glicosaminoglicanosaniônicos de cadeias retas, com uma ampla faixa de massas
moleculares. Ela é muito ácida devido presença de sulfato e grupos de ácido carboxílico.
Fondaparinux: Pentassacarídeo sintético que inibe indiretamente o fator Xa (depende da antitrombina) e bloqueia a
geração de trombina. Contraindicado em pacientes com insuficiência renal grave.
Anticoagulantes Orais:
(VARFARINA) Inibe a enzima vitamina-K-epóxido-redutase. Essa enzima é responsável pela regeneração da vitamina
K na estrutura dos fatores de coagulação. Sem ela os fatores de coagulação ficam menos ativos (lhes faltam o que é
necessário para a interação com a membrana das plaquetas).
Diferentemente da heparina, os efeitos anticoagulantes da varfarina não são observados imediatamente pós-
administração. Em vez disso, o pico do efeito pode atrasar por 7 a horas, tempo necessário para esgotar
a reserva de fatores de coagulação circulantes.
Nitratos: O uso de nitratos na fase aguda do IAM está indicado para controle da dor anginosa persistente, e/ou
HAS e/ou IC. Já o uso no curto e em longo prazo de nitratos no IAM não mostrou benefício na diminuição da
mortalidade. (ex: nitroglicerina IV). Dilatadores venosos (↧ pré-carga).
Contraindicações:
Betabloqueadores:
↧ FC, ↧ PA, ↧ Ionotropismo >> ↧ consumo de O2 no miocárdio.
Melhoram a perfusão miocárdica (aumentam o fluxo subendocárdico e o fluxo das colaterais).
↧ Taxa de ruptura miocárdica, limita o tamanho do infarto e melhor a função cardíaca.
Ações antiarrítmicas: importantes na fase aguda do infarto do miocárdio.
ADM imediata: na fase precoce do IAM.
ADM tardia: pós-24h do início dos sintomas ou até a alta hospitalar >> prevenção secundária. (o tempo de
manutenção de terapia com BB pós-infarto ainda não é determinado).
Os di-idro tem maior potencial vasodilatador. Mínima interferência na frequência e na função sistólica.
Os não di-idro tem maior potencial no coração. Efeito ionotrópico negativo.
Mecanismo de ação: bloqueiam influxo de Ca++ no músculo cardíaco, nos vasos coronarianos e nos vasos arteriolares
periféricos. Como? Ligam-se aos canais de cálcio do tipo L nesses tecidos.
Os efeitos benéficos no IAMCST devem-se à combinação de suas ações: ↧ consumo de O2 no miocárdio, ↧ pós-carga, ↧
contratilidade e ↧ FC. Melhora da oferta de O2 pelo aumento do fluxo coronário provocado pela dilatação das artérias
coronárias.
Indicação de uso: Situações especiais. Podem ser utilizados para tentar controlar sintomas isquêmicos refratários em
pacientes que já recebem nitratos e BB em doses plenas e adequadas, ou em pacientes que não toleram o uso de
nitratos ou de BB ou ainda nos casos de angina variante.
Bloqueadores do SRAA:
IECA: Inibe a ECA (conversora de Ang-II). Logo, aumenta a vasodilatação e o débito urinário. Facilita o trabalho
cardíaco por diminuição da pré-carga e da pós-carga. Não altera FC nem DC, apenas RTP.
Efeitos adversos: Hipotensão arterial sintomática, incluindo hipotensão da primeira dose e hipotensão persistente +
Disfunção renal + Tosse seca + Angioedema.
Contraindicações absolutas: Estenose bilateral da artéria renal, gravidez e antecedente de angioedema durante uso
prévio desse agente.
Qual IECA usar? Preferência aos que tenham demonstrado reduzir a morbidade e a mortalidade nos grandes estudos
clínicos: captopril, enalapril, ramipril, lisinopril e tandolapril.
BRA: Inibe mais completamente a atuação da Ang-II por bloquear seu receptor At1. Mesmo efeito do BRA, com menor
índice de reação adversa. São fármacos de segunda opção, caso o paciente tenha tolerância à IECA é usado BRA
(Valsartana em principal).
TERAPIA DE REPERFUSÃO
Fibrinolíticos: estratégia de reperfusão importante, particularmente em situações nas quais a ICP não está
disponível em tempo E, no cenário pré-hospitalar, nas primeiras horas dos sintomas.
Os fibrinolíticos mais utilizados no Brasil são a estreptoquinase (STK) e o ativador do plasminogênio tecidual
recombinante (t-PA).
Em que consiste a terapia? Administração de uma classe de fármacos (fibrinolíticos), utilizada para dissolver os
trombos sanguíneos.
Intervenção coronária percutânea: método de revascularização do miocárdio, seja de maneira primária, como
o único método de reperfusão coronária ou secundária, após a administração de fibrinolíticos.
A ICP primária é a utilização do cateter balão, com ou sem implante do stent coronário, sem o uso prévio de
fibrinolítico, com o objetivo de restabelecer o fluxo coronário anterógrado de maneira mecânica. Essa técnica, quando
disponível, constitui-se na opção preferencial para a obtenção da reperfusão coronária, se iniciada até 90 minutos
após a confirmação do diagnóstico do IAM.
Revascularização cirúrgica: indicada em pacientes com anatomia coronária favorável, quando houver
contraindicação ou falhas das terapêuticas trombolítica e de revascularização percutânea, na presença de
complicações como isquemia recorrente, choque cardiogênico e alterações mecânicas do infarto. Além disso, tem sido
indicada eletivamente de acordo com critérios clássicos, a partir de 3 a 7 dias após o episódio do infarto.
Também conhecida como ponte de safena, a cirurgia de revascularização do miocárdio é um procedimento por meio
do qual o cirurgião utiliza um segmento de artéria ou veia para desviar sangue da aorta para as artérias coronárias.
IAM sem supra de ST
TRATAMENTO
Internação em unidade coronária de terapia intensiva: Todos os pacientes com síndromes isquêmicas
miocárdicas instáveis (angina instável/IAM) devem ser internados.
Oxigenoterapia: em pacientes com risco intermediário e alto por 3 horas, ou por tempos maiores na presença de
dessaturação < 90%.
Nitratos: Uso de nitrato em pacientes com risco intermediário e alto (nível de evidência C).
Dilatadores venosos (↧ pré-carga).
Eficácia na melhora do sintoma doloroso.
As vias sublingual e intravenosa são as mais utilizadas para o tratamento dos casos agudos.
Contraindicados na presença de hipotensão arterial importante (PAs < 100 mmHg) ou uso prévio de Viagra nas
últimas 24 h.
Betabloqueadores:
↧ FC, ↧ PA, ↧ Ionotropismo >> ↧ consumo de O2 no miocárdio.
Melhoram a perfusão miocárdica (aumentam o fluxo subendocárdico e o fluxo das colaterais).
↧ Taxa de ruptura miocárdica, limita o tamanho do infarto e melhor a função cardíaca.
Ações antiarrítmicas: importantes na fase aguda do infarto do miocárdio.
Podem ser adm IV ou VO.
Bloqueadores dos canais de cálcio: Ação vasodilatadora (di-idro) + Ionotropismo negativo (não di-idro).
No IAM sem supradesnível do segmento ST, existem evidências de que o diltiazem e o verapamil (que não se associam
a taquicardia reflexamente induzida) possam ter efeito protetor.
Agentes antiplaquetários:
AAS.
Clopidogrel.
Prasugrel.
Ticagrelor.
Antagonistas dos receptores glicoproteicos IIb/IIIa (Abciximabe Eptifibatida Tirofibana).
IECA: Inibe a ECA (conversora de Ang-II). Logo, aumenta a vasodilatação e o débito urinário. Facilita o trabalho
cardíaco por diminuição da pré-carga e da pós-carga. Não altera FC nem DC, apenas RTP.
Efeitos adversos: Hipotensão arterial sintomática, incluindo hipotensão da primeira dose e hipotensão persistente +
Disfunção renal + Tosse seca + Angioedema.
Contraindicações absolutas: Estenose bilateral da artéria renal, gravidez e antecedente de angioedema durante uso
prévio desse agente.
Antitrombínicos:
Heparina.
Fondaparinux.
Bivalirudina.
PROBLEMA 9: FEBRE REUMÁTICA
A febre reumática é uma doença inflamatória AGUDA, MULTISSISTÊMICA e MEDIADA PELO SISTEMA IMUNE.
Ocorre após infecção pela bactéria streptococos b-hemolítico do grupo A. Essa infecção pode ser através de
uma faringite, amigdalite e raramente através de infecções dérmicas.
Formato: são bactérias esféricas, que se dividem em um único plano e permanecem ligadas em forma
de cadeia.
Beta-Hemolítico: quando no ágar-sangue, produzem uma hemolisina que forma uma zona clara de
hemólise (total).
A S. pyogenes:
Produz toxinas eritrogênicas (responsáveis pela febre escarlatina).
Secreta as enzimas colagenase e hialuronidase: degradam colágeno e ácido hialurônico,
respectivamente, permitindo, assim, que a bactéria se dissemine por meio do tecido subcutâneo.
Contém uma proteína (M) que faz mimetismo molecular com células humanas. Além disso, essa
proteína age como fator anti-fagocitário (aumenta a virulência da bactéria).
A febre reumática é considerada uma reação de hipersensibilidade e, também, uma DOENÇA AUTOIMUNE.
Isto é, trata-se de uma complicação da reação imune (falha do sistema imunológico) à infecção pela
bactéria citada que foi exposta ao indivíduo.
É uma COMPLICAÇÃO da infecção. Por isso é importante entender que as lesões subsequentes não têm
conteúdo bacteriano (não há S. pyogenes na lesão), apenas há inflamação por ativação do sistema imune.
O sistema imune humano é munido de mecanismos que evitam que doenças autoimunes ocorram,
chamados de Tolerância Imunológica. Entretanto, essa tolerância (que é a ausência de reatividade contra
antígenos PRÓPRIOS) pode falhar: o que dá origem a esse tipo de afecção.
A infecção por S. pyogenes (normalmente uma amigdalite, faringite) causa a ativação do sistema imune na tentativa
de eliminar o patógeno agressor. Nessa ativação, são recrutados linfócitos B (imunidade adquirida humoral), que se
transformam em plasmócitos e produzem, então, anticorpos contra o microorganismo em questão. Pode haver,
ainda, ativação de Linfócitos T (que são apresentados ao antígeno e auxiliam no processo inflamatório).
Os anticorpos são proteínas e, portanto, não conseguem diferenciar antígenos próprios de antígenos estranhos.
Não diferente nesse caso, os anticorpos produzidos (anticorpos antiestreptocócicos) atacam a bactéria para o qual
foram especificamente criados, mas também atacam algumas células do próprio organismo.
Por que ocorre lesão de células próprias? A bactéria S. pyogenes faz mimetismo molecular com células
do nosso organismo.
Esse mimetismo está relacionado com a presença da proteína M na superfície celular bacteriana e a
presença de estruturas semelhantes a essa proteína em algumas células do corpo humano (ex:
miosina cardíaca).
Logo, é protagonizada uma REAÇÃO CRUZADA por MIMETISMO MOLECULAR.
Os anticorpos podem se ligar especificamente a antígenos teciduais e os leucócitos recrutados causam lesão tecidual:
Ativação do sistema complemento >> produção de proteínas que aumentam a inflamação (C3a).
Complexos de antígenos e anticorpos podem se formar na circulação e se depositar nos vasos sanguíneos e em outros
locais (nesse caso, nas articulações). Esses imunocomplexos induzem inflamação >> artrite.
Obs: Os anticorpos contra proteínas celulares também podem provocar depleção de células e anormalidades
funcionais.
A Doença Cardíaca Reumática é ocasionada devido ao compartilhamento de alguns epítopos antigênicos entre
proteína M e antígeno N-acetil-beta-D-glucosamina (presentes na S. pyogenes) e as proteínas miosina e laminina
(presentes no tecido cardíaco humano).
Pessoas com febre reumática apresentam altos níveis de anticorpos circulantes contra a proteína M
estreptocócica do tipo 5.
Os episódios de febre reumática ocorrem de uma a três semanas após a infecção por S. pyogenes.
A doença se caracteriza por lesões inflamatórias, não supurativas, envolvendo o tecido cardíaco, as
articulações, o tecido celular subcutâneo e o sistema nervoso central.
Articulações: A febre reumática, em geral, se inicia com uma POLIARTRITE MIGRATÓRIA envolvendo as grandes
articulações.
Manifestação mais frequente. A alteração é caracterizada por presença de edemas em conjunto com
dor intensa nas articulações, mais especificamente nas grandes articulações, como joelho, ombros,
cotovelo ou tornozelos, apresentando-se migratória e cumulativa entre os locais afetados. Possui um
período de latência de cerca de 10 dias entre os primeiros sintomas do quadro de faringite/amigdalite e
o aparecimento das manifestações articulares.
Migratória? Uma grande articulação torna-se dolorida e inchada durante dias e, então, ocorre resolução
espontânea sem sequelas residuais. Em seguida, outra grande articulação é acometida.
Coração: A cardite ocorre com frequência e é o principal componente de risco à vida da doença. A cardite é
classificada como pan, isto é, manifesta-se como endocardite, miocardite e pericardite. Geralmente resulta em ICC. A
válvula mitral é a mais frequentemente envolvida e lesionada.
O aspecto mais grave da FR é o desenvolvimento de problemas valvares crônicos, que acarretam disfunção cardíaca
irreversível e, em alguns casos, causam IC fatal depois de alguns anos.
A miocardite pode ser agressiva o suficiente para provocar dilatação cardíaca (miocardiopatia dilatada), que leva à
insuficiência funcional da valva atrioventricular esquerda e à ICC.
Doença Cardíaca Reumática (DCR): Desenvolvimento de dano tecidual cardíaco é a pior sequela associada à Febre
reumática, caracterizando-se por lesões cardíacas valvares constantes e progressivas que por sua vez podem afetar
desde o pericárdio ao endocárdio, variando de acordo com o grau de desenvolvimento da doença. Ademais, as lesões
normalmente, chegam às válvulas cardíacas levando a danos irreversíveis, principalmente na mitral, podendo também
evoluir para quadros de insuficiência cardíaca. A febre reumática está associada a inflamações de todas as partes do
coração, mas a inflamação e a cicatrização das valvas produzem as características clínicas mais importantes.
A DCR é caracterizada pela organização da inflamação aguda e pela subsequente cicatrização. Os nódulos de Aschoff
são substituídos por cicatrizes fibrosas, de modo que essas lesões raramente são vistas na cardiopatia reumática
crônica. Em particular, as válvulas das valvas tornam-se espessadas e retraídas de modo permanente.
Classicamente, a valva mitral exibe espessamento das válvulas, fusão e encurtamento das comissuras e
espessamento e fusão das cordas tendíneas.
Consequência funcional mais importante da DCR: Estenose (predominante; dificuldade para abrir) e a regurgitação
valvares. A valva mitral sozinha está afetada em 70% dos casos; valva mitral + valva aórtica afetadas em 25% dos
casos; a valva tricúspide é afetada com menor frequência/gravidade; a valva do tronco pulmonar quase sempre
escapa da lesão.
Na estenose mitral intensa: AE dilata-se progressivamente (sobrecarga de pressão) >> precipita fibrilação atrial.
Dilatação + Fibrilação = possibilidade de trombose (formação de trombos murais grandes é comum). A congestão
venosa passiva de longa duração provoca alterações no parênquima e nos vasos pulmonares que são típicas da IC
esquerda. Com o tempo, essas alterações levam à hipertrofia e à falência do ventrículo direito. Na estenose mitral
pura, o ventrículo esquerdo geralmente está normal.
O diagnóstico da febre reumática aguda é feito com base nas evidências sorológicas da infecção estreptocócica prévia
em combinação com dois ou mais dos chamados critérios de Jones:
(1) cardite;
(5) Coreia de Sydenham, distúrbio neurológico caracterizado por movimentos rápidos despropositados e involuntários
(também denominada dança de São Vito).
Critérios menores, como febre, artralgias, alterações eletrocardiográficas ou elevação dos reagentes da
fase aguda, também podem auxiliar no diagnóstico.
Os critérios de ones são utilizados como orientação para o estabelecimento de um diagnóstico. Duas
grandes manifestações OU uma manifestação maior e duas menores sugerem o diagnóstico. lém disso, é
necess ria uma e id ncia laboratorial de infecção pré ia por . p o enes. Esta é constituída por:
(1) Uma cultura de garganta positiva ou um teste rápido de antígeno estreptocócico positivo.
OU
AAS: Para reduzir a inflamação (AAS = medicamento para tratar a dor, a febre e a inflamação, devido ao seu
efeito inibidor, não seletivo, da ciclo-oxigenase).
m pacientes com doença cardíaca residual: impedir novos episódios de infecção para prevenir danos
adicionais s válvulas cardíacas >> Administração mensal de penicilina G benzatina (até que o paciente
atinja, pelo menos, 21 anos de idade ou por 5 anos após o último episódio).
Penicilina
ETIOLOGIA DA ENDOCARDITE
Agentes Etiológicos
+- 50-60% dos casos de endocardite que afeta valvas lesadas/deformadas: Streptococcus viridans
(relativamente comum da flora oral normal).
+- 10-20% de todos os casos: S. aureus, mais virulento (comum na pele), pode atacar valvas
deformadas e também valvas saudáveis.
Transmissão: O mecanismo ou a porta de entrada do agente na corrente sanguínea pode ser uma
infecção manifestada em qualquer local, um procedimento dentário ou cirúrgico que causa
bacteremia transitória, a injeção de material contaminado diretamente na corrente sanguínea por
usuários de drogas intravenosas ou uma fonte oculta localizada no intestino, na cavidade oral ou
mesmo lesões sem importância.
A endocardite infecciosa é uma infecção grave que exige diagnóstico e intervenção imediatos.
Subaguda: infecção causada por microrganismos de baixa virulência que atacam um coração
previamente doente, principalmente as valvas cicatrizadas* e deformadas*. A doença
normalmente aparece de modo insidioso e — mesmo sem tratamento — segue um curso
demorado de semanas a meses; a maioria dos pacientes recupera-se após receber
antibioticoterapia adequada.
Lesão valvar pregressa* favorece a infecção por gerar fluxo turbulento, portanto aumentando o
contato dos microrganismos com o revestimento cardíaco.
Na maioria dos casos, a endocardite infecciosa localiza-se nas faces das valvas (ou das
comunicações anômalas) de maior impacto do fluxo sanguíneo, ou seja, na face atrial da valva
mitral, na face ventricular da valva aórtica etc.
Fatores de risco
As infecções de dispositivos intracardíacos, arteriais e venosos são adquiridas nos centros médicos
hospitalares de todos os países desenvolvidos.
Fatores predisponentes:
Aspectos morfológicos
Tamanhos variados, algumas de difícil visualização, outras suficientemente grandes para levarem a
estenose da valva por obstrução mecânica.
Única ou múltipla.
Podem acometer mais de uma valva.
Podem provocar erosão e alcançar o miocárdio subjacente, produzindo abscesso cavitário
(abscesso anular).
O desprendimento de êmbolos é comum por causa da natureza friável das vegetações:
As vegetações contêm grande número de microrganismos. Quando ocorre desprendimento
de embolos >> desenvolvimento de abscessos nos locais onde os êmbolos se alojam >>
aparecimento de infartos sépticos e aneurismas micóticos.
Infartos sépticos? Necrose isquêmica com presença de infecção.
Aneurismas micóticos? Dilatação arterial como resultado de uma infecção com
bacteremia ou embolização séptica.
Deposição de pequenas massas trombóticas (conteúdo Presença de vegetações estéreis nas valvas de
principal: fibrina e plaquetas) nas valvas cardíacas. As pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. As lesões
lesões valvares da ETNB são estéreis e não se desenvolvem em consequência da deposição de
destrutivas. O efeito local sobre a valva geralmente é imunocomplexos + inflamação (pode haver necrose
insignificante, mas pode passar a ter importância se fibrinoide do tecido valvar adjacente à vegetação). Fibrose
originarem êmbolos que podem causar AVE, AVE e + grave deformação subsequentes podem tornar as lesões
infartos em outros órgãos. A lesão da ETNB pode agir semelhantes às da cardiopatia reumática crônica. Local
como ninho para colonização bacteriana >> endocardite das lesões: superfície valvar, cordas ou endocárdio
infecciosa. cavitário.
QUADRO CLÍNICO DA ENDOCARDITE
Sinais e Sintomas:
Êmbolos sistêmicos: Tosse, dispneia, artralgias ou artrite, diarreia e dor no abdome ou no flanco.
Desenvolvimento de ICC secundária à destruição valvar, à embolia das artérias coronárias ou à
miocardite.
Desenvolvimento de glomerulonefrite aguda e insuficiência renal: devido ao depósito de
imunocomplexos ao longo da membrana basal glomerular renal.
DIAGNÓSTICO – ENDOCARDITE
O diagnóstico da doença não pode ser estabelecido por nenhum teste isolado, mas se baseia no exame
clínico e nos resultados dos exames laboratoriais e do ecocardiograma.
Critérios de Duke
Recurso padronizado de avaliação dos pacientes com quadro suspeito de EI, que incorpora os resultados da
hemocultura e do exame ecocardiográfico, as manifestações clínicas e os dados laboratoriais.
Presença de: (02 critérios maiores) OU (01 critério maior + 02 critérios menores) OU (05 critérios
menores) = POSITIVO.
Presença de: (01 critério maior + 01 critério menor) OU (03 critérios menores) = POSSÍVEL (?).
TRATAMENTO – ENDOCARDITE
Contudo, com antibioticoterapia de longa duração (seis semanas ou mais) apropriada e/ou
substituição valvar, a mortalidade é reduzida. O prognóstico também depende do microrganismo
infeccioso e do desenvolvimento ou não de complicações:
Taxa de cura das infecções por microrganismos de baixa virulência (p. ex., Streptococcus
viridans ou Streptococcus bovis) = 98%.
Taxas de cura das infecções por enterococos e Staphylococcus aureus: 60-90%.
Taxas de cura das infecções causadas por bacilos aeróbicos Gram-negativos ou fungos:
50%.
Taxa de cura da endocardite que afeta as próteses valvares: 10-15% inferior à todos os
casos.
Identificação + Erradicação do Ag. Etiológico + Atenuação dos efeitos cardíacos residuais + Tratamento das
consequências patológicas dos êmbolos.
A escolha do tratamento antimicrobiano depende do microrganismo isolado por cultura e se a
infecção acomete valva natural ou artificial.
Profilaxia: recomendável apenas para pacientes que já tiveram EI ou têm cardiopatia congênita (p.
ex., cardiopatia congênita cianótica não reparada, ou cardiopatia reparada por material artificial
ou com falhas residuais), valva cardíaca artificial e transplante cardíaco com cardiopatia valvar
secundária.
PROBLEMA 11: PERICARDITE
Pericárdio Fibroso: superficial (tecido conjuntivo denso). Bolsa que repousa sobre o diafragma.
Evita estiramento excessivo + ancora o coração + fornece proteção.
Pericárdio Seroso: mais profundo. Camada dupla: Lâmina Parietal (funde-se com o fibroso) +
Lâmina Visceral (= Epicárdio = camada mais externa do coração). Entre lâminas = cavidade do
pericárdio >> líquido pericárdico >> lubrifica as células pericárdicas, reduzindo atrito no
batimento.
ETIOLOGIA DA PERICARDITE
INFLAMAÇÃO PERICÁRDICA
Pericardite inflamatória aguda
Infecciosa Viral (ecovírus, vírus Coxsackie e outros).
Bacteriana (tuberculose, Staphylococcus, Streptococcus).
Fúngica
Distúrbios imunes e do FR, Artrite Reumatoide, LES.
colágeno
Transtornos Uremia, Diálise, Mixedema.
metabólicos
Isquemia e lesões dos IAM, Cirurgia cardíaca, Traumatismo torácico.
tecidos
Agentes físicos e Radioterapia
químicos Reações colaterais à fármacos, inclusive hidralazina, procainamida e anticoagulantes.
Pericardite inflamatória crônica
Pode estar associada à maioria dos agentes que causam reação inflamatória aguda
Pode ser considerada primária ou secundária:
Primária: é incomum e quase sempre resulta de infecção viral (sendo normalmente acompanhada
de miocardite), embora bactérias, fungos e parasitas possam estar envolvidos.
Secundária: COMUM. Secundária à alguma outra afecção. Comum: IAM, cirurgia cardíaca,
radiação do mediastino, doenças que envolvem outras estruturas torácicas (p. ex., pneumonia ou
pleurite), alterações metabólicas (uremia).
Líquido pericárdico: turvo com conteúdo de fibrina, células inflamatórias e células mesoteliais.
Coração: recoberto por material fibrinoso, bronco-amarelado e friável.
Histologicamente: pericárdio com graus de espessamento por edema, discreto infiltrado
inflamatório e acúmulo de fibrina na superfície.
De acordo com o tempo de doença: deposição de colágeno
Pode ocorrer: adesão dos folhetos.
Clinicamente: atrito pericárdico característico, dor torácica, febre e, às vezes, sinais de ICC.
Pericardite granulomatosa: Causa principal: Tuberculose (TB). Causa possível: infecção por
micobactérias atípicas e fungos, como Histoplasma e Candida.
Na TB (Ag. Etiológico: Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch): são comuns granulomas com
necrose caseosa; material caseoso pode recobrir todo o pericárdio.
Também é comum o encontro do agente infeccioso.
Com frequência, evolui para pericardite constritiva.
Espessamento fibroso acentuado + aderências entre os folhetos visceral e parietal (restrição dos
movimentos cardíacos, principalmente o relaxamento diastólico ventricular e o esvaziamento das
veias cavas nos átrios).
Por vezes: calcificação extensa ou em placas.
Em alguns casos: simula endomiocardiofibrose (por comprometimento do enchimento diastólico
dos ventrículos + provoca dilatação atrial). Praticamente todas as pericardites podem evoluir para
pericardite constritiva, mas sua causa mais comum é a tuberculose.
FISIOPATOLOGIA DA PERICARDITE
COMO ACONTECE?
Exsudato? “ íquido com alto teor de proteínas séricas e leucócitos, produzido como reação a danos nos
tecidos e vasos sanguíneos”.
Pericardite AGUDA:
Manifestações clínicas:
Dor na face anterior do tórax, contínua, moderada-intensa. Possível irradiação para ombro
esquerdo e MMSS esquerdo ou pescoço. Quando há comprometimento pleural
concomitante, a dor aumenta com a inspiração profunda. Costuma ser aliviada na posição
sentada, com inclinação do tórax para frente (posição de prece maometana; posição
genupeitoral).
Mal-estar, febre, dispneia.
Atrito pericárdico mais audível na borda esternal esquerda.
Comprovação diagnóstica: Tríade >> dor precordial + atrito pericárdico + alterações ECG.
ECG Pode causar elevação do segmento ST e achatamento ou inversão da onda T. Como não confundir
com um infarto em evolução? *Essas alterações tendem a ser difusas (envolve muitas derivações).
*Na pericardite a inversão da Onda T ocorre pós-retorno do ST p/ linha isoelétrica. *Não ocorre
formação de onda Q.
Obs: a ausência desse marcador na avaliação inicial de pacientes não afasta o diagnóstico.
RX Pouco valor no diagnóstico da pericardite aguda.
ICT aumentado ocorre apenas quando há mais de 200 ml de fluido no saco pericárdico.
Consegue verificar calcificação do pericárdio (ocorre em 25% das pericardites constritivas).
Complicações:
Derrame Pericárdico.
Tamponamento cardíaco.
Evolução: pericardite crônica; pericardite constritiva.
Pericardite CRÔNICA:
Manifestações clínicas:
Forma clássica:
Casos leves-moderados, sinais inespecíficos, principalmente: dispneia aos esforços e fadiga.
Casos graves: ascite com ou sem edema de MMII;
Ortopneia; tosse; perda de peso; diminuição do DC; pulso paradoxal (redução da PAs na
inspiração); Sinal de Kussmal; Ictus cordis impalpável; B3 (mais audível na borda esternal
esquerda); hepatomegalia; ascite.
Forma subaguda: Pericardite tuberculosa e/ou outras causas infecciosas, quadro clínico
inicial com padrão hemodinâmico de tamponamento cardíaco.
Comprovação diagnóstica:
ECG Pode ser normal. Ondas P entalhadas em 50% dos pacientes; QRS de baixa voltagem e desviado
para a direita, alterações difusas da repolarização ventricular.
ECO Comprova a presença de derrame pericárdico.
TC/RM Definem nitidamente o espessamento pericárdico.
RX Área cardíaca normal, calcificação pericárdica (mais visível na incidência de perfil), hipertensão
venocapilar pulmonar, derrame pleural.
Cateterismo Permite avaliar as pressões intracardíacas.
cardíaco
Biópsia Principalmente quando se suspeita de etiologia tuberculosa
pericárdica
Complicações:
TRATAMENTO – PERICARDITE
AINH/AINE
Principal droga para o início do tratamento. Ibuprofeno é preferido, com raros efeitos colaterais e
efeitos favoráveis no fluxo coronariano em altas doses.
Colchicina
Tem demonstrado ser efetiva como terapêutica coadjuvante da pericardite aguda, no alívio da
dor e na prevenção da recorrência ao fim de dezoito meses.
Mecanismo de ação:
Corticosteroides
Se for Sistêmico: tratamento restrito à doenças do tecido conjuntivo, doenças autoimunes ou
pericardite urêmica.
Indicação para uso na pericardite aguda idiopática: situações de ausência de resposta
terapêutica aos anti-inflamatórios não hormonais e à colchicina, ou quando a pericardite é
secundária a doença autoimune, doença do tecido conjuntivo ou pericardite urêmica.
Duração do tratamento: 2-4 semanas.
Retirada? Lenta, gradual e associada à Colchicina (evitar recorrência imunológica com
reativação da pericardite).
Se for Intrapericárdica: evita efeitos colaterais sistêmicos; altamente efetiva para retirar
prednisona, ibuprofeno ou colchicina. Invasiva.
Demonstrou importante melhora clínica e baixa recorrência de pericardite ao fim de um ano.
A vantagem dessa forma de terapêutica é evitar os efeitos do uso do corticoide sistêmico e o
desenvolvimento de recorrência.
Esquema terapêutico: infusão de Triancinolona em associação com Colchicina por 06 meses.
Anticoagulantes
Se o paciente necessitar de anticoagulantes, a Heparina é recomendada com observação estrita.
PERICARDITE VIRAL
A terapêutica antiviral tem como objetivo não somente a melhora dos sintomas e a remissão da doença
como também evitar a sua recorrência.
PERICARDITE TUBERCULOSA
PROBLEMA 11: DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA PERIFÉRICA
Doença Arterial Obstrutiva Periférica ou Doença Arterial Periférica ou Aterosclerose Obliterante Periférica
Refere-se a qualquer processo patológico que acometa as artérias do corpo, excluindo-se coronárias e
vasos cerebrais.
“Alterações vasculares que provocam queda no índice pressórico tornozelo-braço medido com Doppler
ultrassom”.
PRINCIPAL PROCESSO PATOLÓGICO: ATEROSCLEROSE.
Outros processos patológicos que podem estar envolvidos: arterite.
Envolve a aorta, seus ramos e as artérias dos membros.
Tendo em vista que a principal causa seja o PROCESSO DE ATEROGÊNESE. Múltiplos fatores de risco estão
incluídos na etiologia da DAOP: Gênero (masculino); Idade (predominante entre 50-70 anos; chances
aumentam com a idade); Hiperlipidemia, Tabagismo, HAS, DM...
A homocisteína parece agir por meio de vários mecanismos, e, pela produção de radicais livres,
Hiper-homocisteinemia promoveria disfunção endotelial, proliferação de células musculares lisas, peroxidação lipídica e
oxidação do LDL-colesterol.
FISIOPATOLOGIA DAOP
O Endotélio Vascular
Camada mais interna do vaso, composta por um único estrato de células endoteliais. Essa camada
além de recobrir e proteger o interior vascular possui a função de manter a homeostase do fluxo
intravascular, ou seja, o equilíbrio entre as propriedades anti e pró-trombóticas.
Como?
As células endoteliais respondem à alterações do fluxo sanguíneo, distensão vascular, substâncias
circulantes e mediadores inflamatórios.
Secretam reguladores de crescimento e substâncias vasoativas.
Os reguladores de crescimento: regulam desenvolvimento vascular, sendo importante em várias
doenças.
As substâncias vasoativas: agem de modo parácrino para regular tônus vascular local.
Exemplos: Prostaglandinas (prostaciclina; vasodilatador + inibidor da agregação plaquetária.)
Tromboxanos (TA agregação plaquetária vasoconstrição) NO (vasodilatador) Endotelina
(vasoconstrição).
A disfunção endotelial
O desequilíbrio das funções endoteliais acima confere disfunção endotelial. Refere-se às
alterações endoteliais (nas funções anticoagulantes e anti-inflamatórias, na modulação do
crescimento e no remodelamento vascular).
Na HAS e no contexto do controle de tônus: disfunção endotelial = desarranjo da atividade
vasodilatadora.
Placa de Ateroma
A doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) não é apenas uma disfunção hemodinâmica:
Redução da oferta de O2 pela diminuição mecânica ao fluxo, causada por estenoses e obstruções
da luz arterial. Consequente isquemia dos tecidos irrigados pela artéria comprometida. Os sinais e
os sintomas decorrem então da inadequada oxigenação dos tecidos distais à estenose e/ou à
obstrução.
Profunda diminuição no desempenho muscular durante o exercício (redução da capacidade de
consumo de O2).
Em repouso, há necessidade da presença de estenose de 85 a 95% de um vaso de grande
calibre para haver limitação do fluxo.
Já em atividade física: ↥ PA, ↥ Velocidade de fluxo, ↧ Resistência vascular. Porém, num vaso
estenosado o aumento da pressão não é linear ao aumento da velocidade de fluxo.
Por isso estenoses não significativas em repouso se tornam significativas durante o exercício,
limitando o fluxo >> claudicação.
Placa de Ateroma >>>>> Gangrena
Pode ocorrer quando o fluxo sanguíneo diminuir a tal ponto que os tecidos não mais recebam
oxigênio em níveis suficientes para manter sua integridade. Nas situações de isquemia, a
gangrena pode ser precipitada por traumas e/ou infecção dos tecidos, em razão de estes
necessitarem de maior aporte de oxigênio nessas condições e não poderem recebê-lo em virtude
da obstrução arterial.
Claudicação Intermitente:
Resulta de redução do aporte de fluxo sanguíneo para os MMII durante o exercício.
Paciente pode descrever fadiga muscular, adormecimento, aperto, dor, cãibra ou paralisia em
certos grupos musculares, desencadeadas durante o exercício físico e melhorando com a
interrupção deste, sem que o doente tenha que mudar de posição ou recorrer a manobras
especiais. Os sintomas no membro inferior são mais comumente localizados na panturrilha, mas
podem se iniciar na coxa ou nas nádegas, dependendo da artéria e da extensão da lesão.
Podem apresentar: isquemia crítica, caracterizada por dor em repouso; Úlcera ou Gangrena.
Úlcera ou Gangrena:
Resultado de isquemia grave; o tecido não consegue garantir sua integridade (com frequência
estão relacionadas a traumatismos).
Edema: pode aparecer nos casos de isquemia avançada, geralmente associado à dor em repouso. O
paciente costuma ficar com o membro isquêmico pendente, fora do leito, durante longos períodos,
na tentativa de aliviar a dor.
DAOP = Alterações vasculares que provocam queda no índice pressórico tornozelo-braço medido com Doppler
ultrassom.
Um indivíduo é considerado portador de DAOP se esse índice, medido em repouso, for menor do que 0,9.
O diagnóstico é feito com base na união do quadro clínico citado acima com alguns outros
métodos:
Teste de Marcha: A distância para início da dor na claudicação intermitente tende a se repetir,
desde que mantida a mesma velocidade de marcha e a mesma inclinação do solo; isto permite a
realização de testes de marcha para avaliação do estado funcional do membro e a eventual
melhora com o tratamento instituído.
Dopplerfluxometria ultrassônica: por meio dele mede-se o índice tornozelo-braço (ITB) – relação da
PAs mais alta no nível do tornozelo com a PAs mais alta no MMSS. (DAOP = < 0,9).
Ultrassonografia vascular: Evidencia imagem vascular + medida do fluxo sanguíneo pelo efeito
Doppler.
2. Profilaxia da trombose:
Profilaxia primária: AAS (anti-agregante plaquetário, anti-inflamatório).
Inibe a síntese de tromboxano A2 (T-A2) por inativação da enzima COX-1. O T-A2 promove o
processo de aglutinação (essencial para rápida formação do tampão hemostático).
Profilaxia secundária: Quando o paciente é portador de aterosclerose sintomática, já tratada ou
não, ou mesmo assintomática. Visa: impedir trombose arterial aguda, embolização de trombos e
progressão da doença para trombose.
Anticoagulantes (antagonistas de vitamina K; varfarina).
Anti-agregante plaquetário: AAS; Clopidogrel; Ticlopidina.
5. Profilaxia para ulcerações e gangrenas: Comportamentos que devem existir em pacientes com
qualquer grau de isquemia.
Evitar traumatismos (cuidado com procedimentos de outros médicos).
Cuidado com infecções e infestações nas extremidades dos membros. (higienização).
Evitar picadas de insetos (caso ocorra: não coçar).
Insuficiência Venosa Crônica = conjunto de alterações que ocorrem na pele e no tecido subcutâneo, principalmente
dos MMII, resultantes de hipertensão venosa de longa duração, causada por insuficiência valvular e/ou obstrução
venosa.
Hipertensão venosa
de longa duração
↧
IVC
Trombose Venosa Profunda: Doença que se caracteriza pela formação aguda de trombos em veias
profunda dos membros. Possui inúmeros fatores de risco: idade, imobilização, obesidade, varizes,
infecções, uso de anticoncepcionais. TVP pode causar obstrução venosa & insuficiência de valva
venosa. Tanto a formação quanto a resolução/recanalização do trombo pode deformar as válvulas
venosas, impedindo seu fechamento; válvulas de veias não atingidas pela trombose também
podem tornar-se insuficientes ao se dilatarem as veias, por estarem servindo de circulação
colateral.
Varizes primárias ou essenciais de longa duração: Varizes primárias têm origem nas veias safenas
superficiais. Varizes = veias dilatadas e tortuosas dos MMII, são comuns e muitas vezes conduzem a
IVC. Causam insuficiência valvar venosa: remodelamento estrutural da parede do vaso >>
afastamento das cúspides devido à dilatação da veia. Origem das varizes: aumento da pressão
venosa.
Hipoplasia ou displasia das veias ou das válvulas venosas do sistema profundo: Hipoplasia é a
diminuição da taxa de divisão celular em algum tecido. Displasia é o crescimento disfuncional de
células em algum tecido. As duas situações causam insuficiência das válvulas venosas, o que leva à
hipertensão venosa >> IVC.
Compressão extrínseca: Ex: síndrome de Cokett ou May-Turner >> variação anatômica que ocorre
quando a veia ilíaca esquerda é comprimida pela artéria ilíaca direita >> obstrução venosa.
Fístula arteriovenosa: comunicação anormal entre artéria e veia; causa fluxo arterial de alta
pressão nas veias comprometidas.
Hipertensão Venosa
1. Primeiro momento: apenas aumento da saída de líquido e pequenas proteínas para o espaço extra-
vasal. Essa saída ainda é compensável pela reabsorção dos capilares e do sistema linfático, o que evita
o edema (C2 – veias varicosas; ainda não é IVC).
8. Agravamento da condição tecidual: destruição da pele >> úlcera venosa (ou de estase) aberta (C6).
9. Melhora das condições hidrostáticas? Cuidados locais/atenuação da resposta inflamatória >> úlcera
venosa cicatrizada (C5).
A insuficiência venosa resulta na congestão dos tecidos, edema e, por fim, insuficiência
nutricional dos tecidos. Ocorre necrose dos depósitos de gordura subcutânea, seguida de atrofia
cutânea. Desenvolve-se insuficiência linfática secundária, com esclerose progressiva dos canais
linfáticos em face do aumento da demanda para a eliminação do líquido intersticial (sobrecarga
do sistema linfático levando ao enrijecimento dos ductos). O comprometimento da nutrição
tissular provoca dermatite de estase e desenvolvimento de úlceras. Pessoas com IVC podem
sofrer enrijecimento da articulação do tornozelo (área mais frequentemente acometida pelas
lesões) e perda de massa e força muscular.
Manifestações da IVC
Edema:
Causas: hipertensão venosa constante + aumento da pressão hidrostática capilar + sobrecarga e
esclerose de vasos linfáticos locais + elevação da pressão osmótica tecidual. Tende a limita-se à
perna.
Varizes: Podem fazer parte do quadro ou ser a causa; varizes sem acompanhamento de outras
alterações na pele não indicam IVC.
A IVC é denominada, genericamente, de Doença Venosa Crônica. As DVC são classificadas pelo
CEAP:
Um cuidadoso exame clínico possibilita, quase sempre, diagnosticar uma IVC e revelar com grande
probabilidade de acerto a sua etiologia. Há situações, no entanto, em que a história clínica e o exame físico
são insuficientes para esclarecer toda a natureza da doença e requerem investigações subsequentes,
invasivas ou não, para confirmar a avaliação clínica.
NÃO invasivos:
Invasivos:
Flebografia ou Venografia: RX das veias é realizado após a injeção de um contraste numa veia, usualmente
do pé. Indicada na síndrome pós-trombótica para se verificar o grau de recanalização e a extensão do
processo. Além disso, ela informa sobre as condições da circulação colateral.
Arteriografia: Indicada em casos raros, suspeitos de fístulas arteriovenosas, congênitas ou adquiridas.
Linfocintilografia: Avalia a função linfática. Paciente recebe uma injeção de um medicamento levemente
radioativo. Com o movimento desses compostos radioativos na circulação é possível obter imagens dos
vasos linfáticos.
Medida da pressão venosa ambulatorial: Padrão-ouro para avaliação da bomba venosa da panturrilha. A
pressão é medida inserindo-se uma agulha em uma veia do dorso do pé e conectando-a a um registrador por
meio de um transdutor de pressão.
TRATAMENTO DA IVC
Medidas gerais
Evitar a imobilidade dos membros inferiores. Tanto o ortostatismo quanto a posição assentada
prolongados são prejudiciais.
Não usar vestes que dificultem o retorno venoso.
Evitar o uso de sapatos sem saltos ou de saltos demasiadamente altos, uma vez que impedem a
ação hemocinética da bomba muscular da panturrilha e da rede venosa plantar.
Combater a obesidade + Praticar exercícios físicos.
Fazer breves repousos com os MMII elevados.
Corrigir alterações do aparelho locomotor: alterações do arco plantar, as artroses e a rigidez da
articulação do tornozelo, frequentes na IVC grave.
Tratamento compressivo
Tratamento medicamentoso
A trombose venosa trata-se da existência de trombo em uma veia e da resposta inflamatória que se
desenvolve na parede do vaso afetado. Pode ser classificada como profunda ou superficial em acordo com
a característica da veia afetada. Pode, ainda, acometer MMSS e MMII, sendo mais comum nos MMII.
Deficiência de:
Antitrombina (inibe não somente a trombina, mas também as formas ativadas dos fatores
IX, X, XI e XII).
Proteína C (inativa fatores Va e VIIIa).
Proteína S (auxilia a proteína C, ou seja, inativa fatores Va e VIIIa).
Plasminogênio (é convertida em plasmina para atuar na fibrinólise).
A estase sanguínea é a diminuição aguda da velocidade e do volume de fluxo sanguíneo para alguma
região: a diminuição do fluxo sanguíneo causa acúmulo de sangue nas veias o que diminui a velocidade do
fluxo em consequência. Mecanismos trombogênicos da estase:
Transformação: Fluxo laminar ↦ Fluxo turbulento >> formação de redemoinhos + acúmulo de sangue
em dilatações venosas e valvas.
Depósito de hemácias, plaquetas e leucócitos nesses locais.
↥ [fatores de coagulação ativados] localmente ou distantes, nas valvas e nas dilatações venosas.
↥ [ADP] local; liberado pelas hemácias e pelos leucócitos. O ADP é mediador químico para aumento do
recrutamento de plaquetas e ativação do receptor Gp IIb/IIIa.
Prevenção da chegada ao local e/ou destruição de fatores anticoagulantes e antiagregantes.
Hipóxia do endotélio.
Alterações genéticas: aumento de fatores de coagulação (VIII e XI, por exemplo); resistência à proteína
C; deficiência de proteínas C e/ou S; deficiência de antitrombina.
Aumento de fatores de coagulação em outras situações que não genéticas: gravidez, câncer, em
pacientes que usam esteroides.
Diminuição de anticoagulantes circulantes: alterações hepáticas; uso de medicamentos como
estrógenos, antivitaminas K (no início do tratamento anticoagulante) e quimioterápicos.
A lesão na parede do vaso causa disfunção endotelial (lembrar que o endotélio vascular saudável produz
substâncias vasoativas e fatores de crescimento, atuando no equilíbrio entre processos pró e
antitrombóticos; auxilia na homeostase do fluxo sanguíneo). O endotélio normal é uma superfície não
trombogênica sobre a qual não aderem plaquetas, leucócitos nem ocorre ativação de proteínas
coagulantes.
Lesão endotelial = exposição do colágeno subendotelial >> plaquetas e glóbulos brancos rapidamente
se acumulam sobre este (Fator de Von Willebrand possibilita a agregação das plaquetas na região em
que está exposto por fator de afinidade).
Fator tecidual entra em contato com fator VII no sangue (início da hemostase secundária).
HEMOSTASE PRIMÁRIA = Espasmo vascular + Vasoconstrição por endotelinas + Vasodilatação de vaso colateral + Agregação
plaquetária (Endotélio lesado não libera NO e prostaciclina >> plaquetas ativadas mudam sua conformação e começam a se
aderir nos fatores Von Willebrand no subendotélio exposto >> plaquetas liberam grânulos com mediadores que aumentam o
recrutamento de plaquetas).
HEMOSTASE SECUNDÁRIA = reações químicas entre varias proteínas que convertem próenzimas em enzimas (proteases) –
fatores de coagulação. Objetivo final: formação de fibrina. Iniciação (FT + VII ativam IX e ativam X, este ativa V e junto a ele ativa
a trombina) + Ampliação (trombina ativa VIII, V e XI) + Propagação (IXa e VIIIa = complexo tenase; ativa mais fator X; Xa + Va
ativam a trombina >> ESSA TROMBINA CONVERTE FIBRINOGÊNIO EM FIBRINA).
Alterações hemodinâmicas:
Pode ser a causa da trombose (processo inflamatório causando lesão vascular): nas tromboses
desencadeadas por traumas físicos, químicos ou por infecções.
OU
Pode ser desencadeada pós-formação do trombo: nas tromboses espontâneas ou secundárias ao
repouso, pós-cirurgia etc...
O processo inflamatório pode ser discreto (lesões focais do endotélio e agrupamentos espaçados de
leucócitos) ou intenso (com lesão endotelial, edema e infiltrado leucocitário, tanto da parede venosa
quanto do tecido perivascular).
Aumento do processo
Leucinas inflamatório
Leucócitos Liberam
Prostaglandinas
Plaquetas Extensão do trombo
Cininas
Endotélio vascular
Enzimas proteolíticas Desenvolvimento de
sintomas clínicos
Superficial (TVS): ocorre quando há trombose de veia superficial e reação inflamatória da parede
venosa e dos tecidos vizinhos em grau variável. De modo geral, tem evolução benigna e complicações
relativamente pouco frequentes. Entretanto, é potencialmente grave se complicada por TVP e/ou embolia
pulmonar (EP). Em alguns casos, pode causar incapacidade funcional significativa do membro afetado, em
função da dor, obrigando o paciente a limitar suas atividades.
Profunda (TVP): ocorre quando há formação aguda de trombose em veia profunda (obstrução total
ou parcial). Pode levar a processo de embolia pulmonar e à insuficiência venosa crônica por obstrução
venosa e insuficiência valvar venosa das veias colaterais à afetada. Mais frequente nos MMII (80-95% dos
casos), tendo 06 pontos primários de origem nesses membros: veia ilíaca, veia femoral comum, veia
femoral profunda, veia poplítea, veia tibial posterior e veias intramusculares da perna.
Embolia Pulmonar: bloqueio de uma ou mais artérias dos pulmões, causado por gordura, ar, coágulo
de sangue ou células cancerosas. Como ocorre?
Superficial (TVS)
Mais comum nos MMII (Safena magna: 60 a 80% dos casos; Safena parva ou outras: 10 a 20%),
ocorrendo bilateralmente em 5 a 10% dos pacientes.
Início agudo, persistindo por 1-3 semanas.
Sintomas/Sinais: geralmente locais; dor de intensidade variável que pode agravar com a
movimentação do membro; vermelhidão nas áreas de trajeto das veias atingidas.
INSPEÇÃO: Pele que recobre a veia afetada: eritematosa ou até mesmo cianótica; pode tornar-se
acastanhada com a involução da TVS; pode haver edema (regional e superficial) em consequência
da reação inflamatória venosa.
PALPAÇÃO: Cordão endurecido, doloroso; aumento da temperatura ao longo do trajeto venoso.
Profunda (TVP)
A trombose profunda pode ser classificada em proximal (quando acomete veia ilíaca e/ou femoral
e/ou poplítea) e distal (quando acomete as veias localizadas abaixo da poplítea).
As complicações da TVP (como insuficiência venosa crônica e embolia pulmonar) são de maior
risco nas TVP proximais.
TVP dos MMII é uma doença grave, complicada por embolia pulmonar, episódios recorrentes de
TVP e desenvolvimento de insuficiência venosa crônica.
Superficial (TVS)
HMA: manifestações clínicas de TVS (vermelhidão no trajeto de veia superficial; dor com
movimentação do membro; edema; presença de varizes no membro).
Pesquisa de fatores de risco.
Exame físico: facilitado em virtude da localização subcutânea da veia.
Profunda (TVP)
Escore:
≥ 3 = alta probabilidade
Entre 1 e 2 = moderada probabilidade
≤ 0 = baixa probabilidade
NÃO invasivos:
Doppler ultrassom: detector transcutâneo de velocidade de fluxo venoso.
Pletismografia: registro das variações de volume de um membro em função do movimento de entrada
e saída de sangue do mesmo a cada ciclo cardíaco (percebe a obstrução venosa).
US venoso em tempo real: mais utilizado. Identifica a doença venosa (aguda ou crônica), localiza
anormalidades venosas; verifica obstrução ao retorno venoso e refluxo venoso.
Invasivos ou Semi-invasivos:
TC e RM: pouca aplicabilidade no diagnóstico de TVP de MMII. Porém, podem auxiliar no diagnóstico
de trombose das veias cava inferior, superior e seus ramos.
Flebografia: Referência para diagnóstico de TVP. RX das veias é realizado após a injeção de um
contraste numa veia, usualmente do pé. Indicada na síndrome pós-trombótica para se verificar o grau
de recanalização e a extensão do processo. Além disso, ela informa sobre as condições da circulação
colateral.
Métodos radioisotópicos: Fibrinogênio marcado com iodo-125 (o fibrinogênio circula, adere e
concentra-se em um local onde está ocorrendo a formação de fibrina, por exemplo, no trombo em
formação).
Testes sanguíneos: Várias proteínas ficam em concentração aumentada na TVP, como: produtos de
degradação do fibrinogênio e da fibrina, complexos trombina-antitrombina, dímero D e fragmentos da
protrombina. Especificidade limitada.
TRATAMENTO DA TROMBOSE VENOSA
Superficial (TVS)
Tratamento clínico:
Tratamento intervencionista:
Profunda (TVP)
Tratamento farmacológico:
Anticoagulantes:
Heparina não fracionada: inibe a ação dos fatores de coagulação (liga-se a antitrombina III).
Heparina de baixo peso molecular: inibe a ação dos fatores de coagulação (liga-se a antitrombina III).
Fondaparinux: inibe indiretamente o fator Xa (depende da antitrombina) e bloqueia a geração de
trombina.
Varfarina: anticoagulante oral. Torna os fatores de coagulação menos ativos.
Rivaroxabana: “novo” anticoagulante oral.
Compressão com meias elásticas (melhoram a função de bomba da panturrilha, reduzindo o edema
e otimizando a microcirculação cutânea).
Deambulação (diminuição dos sintomas agudos da TVP).
Remoção de trombos:
Técnicas percutâneas com cateteres (farmacológicos ou fármacomecânicos).
Trombectomia venosa.
Trombólise fármaco-mecânica (inclusão de fragmentação e/ou aspiração do trombo).
PROBLEMA 14: ANEMIAS CARENCIAIS
Eritropoiese
As hemácias compõem 99% dos elementos figurados do sangue e são responsáveis, principalmente, pelo
transporte de hemoglobinas. Estas são responsáveis pela condução de gases como O2 e CO2, participando,
então, da nutrição dos tecidos e da excreção de metabólitos.
Vida Embrionária:
Proeritroblastos: Formados pela diferenciação das CFU-E. É a 1° célula que pode ser
identificada como pertencente à linhagem vermelha. Aqui começa a síntese das Hb.
Eritroblastos basófilos: Se coram com substâncias básicas (por terem material ácido
como núcleo e RER) e por isso recebem esse nome. Contém pouca quantidade de
hemoglobina.
Eritropoetina: Secretada pelos rins. Estimula a produção de proeritroblastos a partir das células tronco
hematopoiéticas na medula óssea. Um estímulo importante para secreção de eritropoetina pelos rins é a
HIPÓXIA.
Vitamina B12 (Cianocobalamina) + Vitamina B9 (Ácido fólico): Maturação final das hemácias.
Ambas são essenciais à síntese de DNA: de modos diferentes atuam na formação de Trifosfato de Timidina
(um das unidades essenciais na produção de DNA).
04 cadeias = HEMOGLOBINA
TIPOS E ETIOLOGIA DAS ANEMIAS CARENCIAIS
Anemia: Condição em que o sangue não tem uma quantidade suficiente de hemácias saudáveis.
De acordo com o VCM (valor corpuscular médio “tamanho” da célula): Microcíticas, Normocíticas ou
Macrocíticas.
De acordo com a cor e com o CHCM (concentração da hemoglobina corpuscular média): Hipocrômicas ou
Normocrômicas.
Obs:
Anemias carenciais
São anemias caracterizadas pela diminuição do processo de eritropoiese e essa redução tem raízes no
fornecimento inadequado de nutrientes da dieta, particularmente de ferro, ácido fólico e vitamina B12.
O corpo humano tem contínua necessidade de reposição de hemácias. Logo, as células eritropoiéticas da
medula óssea estão entre as células de mais rápido crescimento e reprodução de todo o organismo. Assim,
sua maturação e intensidade de produção são acentuadamente afetadas pelo estado nutricional da pessoa.
Anemia Ferropriva
Ocorre por deficiência de ferro >> Distúrbio do transporte de oxigênio que se caracteriza por deficiência na
síntese de hemoglobina. Principais causas:
Ingestão alimentar inadequada de ferro (menos de 1 a 2 mg/dia), como na amamentação materna ou com
mamadeira sem suplementação e nas fases de crescimento rápido.
Má absorção de ferro: diarreia crônica, gastrectomia parcial ou total, síndromes de má absorção (doença
celíaca, anemia perniciosa).
Perda sanguínea: por sangramento no TGI causado por medicamentos (anticoagulantes, AAS, esteroides),
menstruações copiosas, hemorragia traumática, úlcera péptica, câncer, obtenção de amostras de sangue
excessivas (clientes com doenças crônicas), seqüestro (diálise), varizes.
Gravidez (desvia o ferro materno para a eritropoiese fetal)
Hemoglobinúria induzida por hemólise intravascular, hemoglobinúria paroxística noturna.
Traumatismo mecânico das hemácias (prótese de valva cardíaca, filtro da veia cava).
O equilíbrio de ferro é mantido em grande parte através da regulação da absorção do ferro proveniente da
dieta. A maior parte encontra-se no grupo heme de carnes e aves, com o restante presente na forma de
ferro inorgânico em legumes.
Ingestão diária média de ferro suficiente para compensar as perdas fixas diárias: 10-20 mg.
Situações de risco: lactentes (em particular prematuros ou de baixo peso); crianças e adolescentes
(especialmente meninas); grávidas; pessoas com doenças que causam má absorção no TGI.
Anemias Megaloblásticas
Ocorrem por deficiência de Ácido Fólico ou de Vitamina B12 (nesse caso pode ser chamada de Anemia
Perniciosa).
Causada pela ausência de ácido fólico, extremamente necessário para maturação de hemácias. Em sua
ausência, as hemácias são disformes e frágeis (curto tempo de vida). É uma anemia megaloblástica comum,
lentamente progressiva, assinalada pela produção de grandes hemácias deformadas.
Situações de risco: Lactentes; Adolescentes; Gestantes e mulheres que estejam amamentando; Alcoolistas;
Idosos; Indivíduos com doenças malignas ou intestinais.
Anemia Perniciosa
Caracteriza-se por ausência do fator intrínseco (produzido pelas células parietais/oxínticas, comuns no colo
do órgão; necessário para absorção da vitamina B12), diminuição da produção de HCl no estômago e
destruição disseminada de hemácias. Principais causas:
Predisposição genética.
Doenças imunológicas relacionadas (tireoidite, mixedema, doença de Graves).
Gastrite.
Gastrectomia parcial.
Envelhecimento (perda progressiva da capacidade de absorção da vitamina B12, em geral com início depois
dos 50 anos de idade).
FISIOPATOLOGIA DAS ANEMIAS CARENCIAIS
Anemia Ferropriva
Ferro não-heme (Fe+++): sofre redução (redutase férrica) >> transportado através da membrana apical pelo DMT-1.
Ferro heme (Fe++): transportado através da membrana apical pelo transportador do grupo heme.
Somente uma fração do ferro que penetra nos enterócitos é entregue à transferrina (transporte basolateral pela
ferroportina).
Esse transporte basolateral é regulado pela HEPCIDINA (produzida no fígado), que se liga a ferroportina e a internaliza,
diminuindo a entrega de ferro para a transferrina.
O ferro é utilizado na formação das hemoglobinas das hemácias e dos citocromos envolvido com a cadeia
transportadora de elétrons.
Alimentos como fonte de ferro: carne, fígado, moluscos, gemas dos ovos, feijões, legumes, frutas secas, nozes,
cereais.
A anemia por deficiência de ferro ocorre quando o suprimento do ferro é inadequado para formação ideal
de eritrócitos, resultando em células menores e mais claras (menor quantidade de hemoglobinas;
hipocrômicas) à coloração e, na doença grave, células alongadas.
As reservas corporais de ferro, inclusive o ferro plasmático, ficam esgotadas, mas a concentração sérica de
transferrina (que se liga ao ferro e o transporta) aumenta.
Anemias Megaloblásticas
O ácido fólico ou folato ou vitamina B9 é um componente do sistema enzimático que A B9 é sintetizada por
bactérias do sistema
sintetiza as bases nitrogenadas do DNA e do RNA, sendo essencial para a produção
digestório e pode ser
normal de leucócitos e hemácias. adquirida pela dieta:
vegetais verdes folhosos,
Participa da maturação das hemácias. Na sua ausência, as hemácias formadas são brócolis, aspargo, pães,
disformes (macrocíticas) e frágeis (menor sobrevida). feijões, frutas cítricas.
Ingestão diária
Produção de
insuficiente de B9 Inibição do
Depleção das poucas hemácias
(menos de 50 crescimento das
reservas corporais que ainda são
ug/dia) OU hemácias (falha
no fígado deformadas e de
síndrome da má na maturação)
vida curta
absorção
Hipoxemia (que leva à fadiga progressiva, respiração difícil, palpitações, fraqueza, palidez).
Fluxo sanguíneo no TGI diminuído (que leva à náuseas e anorexia).
Fluxo sanguíneo diminuído para o SN (que leva à cefaleia, irritabilidade, esquecimento).
OBS: a falta de B9 na gravidez é causa de problemas de fechamento do tubo neural.
Anemia Perniciosa
Assim, a B12 é liberada posteriormente de forma lenta, conforme necessitada pela medula óssea.
A quantidade mínima de vitamina B12, necessária a cada dia para a manutenção da maturação eritrocitária
normal é de apenas 1 a 3 microgramas, e a reserva hepática normal e em outros tecidos é de cerca da 1.000
vezes essa quantidade. Por conseguinte, são em geral necessários de 3 a 4 anos de absorção deficiente de
vitamina B12 para causar anemia por falha na maturação.
Deficiência da B12
Maturação das hemácias (essencial à síntese de DNA. Deficiência? falha da maturação nuclear e da divisão
celular).
DEFICIÊNCIA: Anemia Perniciosa (megaloblástica). Hemácias deformadas (grandes; anemia macrocítica),
frágeis, com baixa capacidade de transporte de O2 e produzidas em pequeno número.
Necessária para formação da bainha de mielina. Também age como fator neurotrófico.
DEFICIÊNCIA: prejudica a transmissão do impulso nervoso (ataxia, perda de memória, fraqueza, mudanças de
personalidade e humor e sensações anormais).
Anemia Ferropriva
Se sintomática:
+ Esplenomegalia leve (aumento do baço em devido a aumento de sua função na degradação de hemácias velhas e
danificadas).
Anemias Megaloblásticas
O quadro clínico está relacionado, assim como nas outras anemias, a hipoxemia e diminuição do fluxo
sanguíneo para algumas regiões do corpo.
Os sintomas incluem:
Anemia Perniciosa
Anemia Ferropriva
Diagnóstico
Ao hemograma:
Hipocromia e microcitose, poiquilocitose
(ovalócito é a forma mais típica de hemácias).
Leucócitos geralmente são normais, mas pode
haver leucopenia.
Contagem plaquetária normal, elevada ou
diminuída (crianças).
RDW (red cell distribution width) elevada.
Tratamento
Correção da dieta: investir em: carne, gemas dos ovos, feijões, legumes, frutas secas, nozes, cereais...
Em adultos: Dose de ferro elementar de 200mg/dia (com preferência para apresentações com sulfato
ferroso). Duração: 3-6 meses (podendo se estender até normalização do estoque de ferro).
Apresentações disponíveis:
Via oral (gotas), 25 mg/ml de ferro elementar. Tomar com estômago vazio (2h pós-refeição) para melhor
absorção. Uso de vitamina C concomitante pode aumentar a absorção.
Via parenteral: indicado para pacientes gastrectomizados, naqueles com intolerância grande à apresentação
oral; quando a perda sanguínea for muito intensa. Fármaco de escolha: sacarato de hidróxido de ferro
(Noripurum).
Via intramuscular: não ultrapassar 100mg/dia, aplicação profunda, nas nádegas.
Via IV.
Anemias Megaloblásticas
Diagnóstico
Hemograma.
Mielograma.
Dosagens de B12 e B9 no sangue (para diagnóstico diferencial).
Tratamento
Correção da dieta: aumento da ingestão de verduras + evitar cocção exagerada dos alimentos.
Suplementação da vitamina B9: via oral na dose de 1 a 5 mg por dia até a correção da anemia.
Fazer diagnóstico diferencial é mais do que importante aqui, já que a suplementação com ácido fólico em um
indivíduo que na verdade está sofrendo de anemia perniciosa pode mascarar os sintomas da doença.
Anemia Perniciosa
Ao hemograma:
Anemia macrocítica (aparecimento precoce) com VCM > 110 fℓ.
6
Leucopenia (< 3.500 × 10 /ℓ).
Neutrófilos hipersegmentados (pleocariócitos).
Plaquetopenia (< 5 . μℓ).
Ao material da medula óssea (Mielograma): (normalmente é aspirada com uma agulha inserida na
crista ilíaca posterior ou no esterno).
Hipercelularidade, com megaloblastos e dissociação núcleo-citoplasmática.
Depósito de ferro aumentado.
Metamielócitos gigantes.
Neutrófilos hipersegmentados
+Teste de Schilling (se possível): Comprova a falta de fator intrínseco (necessário para a absorção da vitamina
B12). Aplica-se uma injeção IM de B12 + quantidade conhecida de B12 radioativa por via oral. Se os depósitos
estiverem saturados, a B12 ingerida será eliminada pela urina, onde é dosada. Em indivíduo normal: eliminação de
5-30%. Em indivíduo sem fator intrínseco: não ocorre absorção de vitamina B12 >> eliminação urinária ausente ou
mínima.
Tratamento
As hemácias podem ser estudadas por meio de uma amostra de sangue. No laboratório, contadores
automatizados fornecem rapidamente as medições precisas do conteúdo e dos índices eritrocitários.
Para determinar o hematócrito, é colocada uma amostra de sangue em um tubo de ensaio, que é então
centrifugado para separar as células e o plasma.
Índices eritrocitários = empregados para diferenciar os tipos de anemia por tamanho ou cor das hemácias:
CHCM = concentração de hemoglobina corpuscular média = [Hb] em cada uma das células.
Hb é responsável pela cor avermelhadas das hemácias.
Baixo CHCM >> Hemácias claras >> anemia hipocrômica.
CHCM >> Hemácias de coloração normal >> anemia normocrômica.
HCM = hemoglobina corpuscular média = massa de hemácias. NÃO É ÚTIL para diferenciar tipo de anemia.
PROBLEMA 15: MALÁRIA E ANEMIA HEMOLÍTICA
EPIDEMIOLOGIA DA MALÁRIA
A malária representa importante problema de saúde pública global e, segundo a OMS, atinge milhões de
pessoas em todo o mundo.
99%: concentrada na região da Amazônia Legal, composta por 09 estados (Acre, Amapá, Amazonas,
Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e 808 municípios.
1%: concentrada na região extra-amazônica, composta pelos outros 17 estados e o Distrito Federal,
ocorrendo geralmente em área de Mata Atlântica. Nesses casos a letalidade é maior em razão,
principalmente, do retardo no diagnóstico e no tratamento. A maior parte desses casos é importada das
regiões endêmicas.
Obs: a letalidade aqui é maior também devido a um fator de risco dessa população para Malária:
infecção primo. Pessoas dessa região geralmente nunca tiveram contato com o parasita e, portanto,
não possuem nenhuma imunidade para defesa do organismo.
FIGURA: Distribuição espacial do risco de transmissão da doença no Brasil, baseando-se nos registros do
ano de 2018, quando foram notificados cerca de 190 mil casos.
ETIOLOGIA DA MALÁRIA
O Vetor
O Agente Etiológico
Há quase espécies de plasmódios, desses as espécies que habitualmente parasitam o homem são:
1. Plasmodium falciparum: Responsável pela febre terçã maligna, com acessos febris a intervalos de 36 a
48 horas.
2. Plasmodium vivax: Agente da febre terçã benigna, com ciclo de 48 horas.
3. Plasmodium ovale: Com distribuição limitada ao Continente Africano e responsável por outra forma da
febre terçã benigna (ciclo de 48 horas).
4. Plasmodium malariae: Causa a febre quartã, que se caracteriza pela ocorrência de acessos febris a cada
72 horas (ver Pranchas).
5. Plasmodium simium: Responsável pelo surto no Rio de Janeiro (2015-2016). Essa espécie usa macacos
como reservatórios. O diagnóstico microscópico quase sempre é tido como infecção por P. vivax (não
interfere muito, pois o tratamento é o mesmo).
FISIOPATOLOGIA DA MALÁRIA
São dois: infecção do vetor (desenvolve por reprodução sexuada; esporogonia) + infecção do humano
(desenvolve por reprodução assexuada; esquizogonia).
Começando pela infecção do homem >> Anopheles infectado transmite o parasita (um esporozoíto) por meio da
saliva no momento do hematofagismo:
Esporozoítos: FORMA INFECTANTE para o homem, inoculadas pela fêmea do mosquito Anopheles,
responsável pela invasão dos hepatócitos (possuem enzimas proteolíticas em um de seus polos que facilitam
a penetração na célula hospedeira). São delgados e curtos.
Criptozoítos: Pós-entrada no hepatócito os esporozoítos se diferenciam em criptozoítos. Estes iniciam o
processo de multiplicação (esquizogonia) >> esquizontes hepáticos >> merozoítos hepáticos.
Gametócitos: merozoítos sanguíneos >> DIFERENCIAÇÃO >> trofozoítos imaturos >> Gametócitos.
Femininos > macrogametócitos.
Masculinos > microgametócitos.
Início do segundo ciclo >> Anopheles saudável pica homem infectado pelo protozoário e ingere Gametócitos através
do sangue:
Aderência (citoaderência):
Sequestro de hemácias
Eritrócitos infectados + Eritrócitos infectados ou DOENÇA SISTÊMICA
parasitadas na microcirculação
não
Eritrócitos infectados + Endotélio vascular
Edema Pulmonar
Anemia grave
Acidose metabólica
Mecanismos de Aderências:
Adesão ao endotélio:
O parasito amadurece no interior dos eritrócitos e envia proteínas para a superfície da célula (que são
acopladas à membrana celular).
Essas proteínas foram ‘botões’ protuberantes (Knobs). Esses botões tem propensão à adesão vascular >>
obstrução da circulação (principalmente da microcirculação do cérebro, rins, pulmões e placenta).
Em soma, esses dois mecanismos de adesão: interrupção grave do fluxo sanguíneo = HIPÓXIA + ACIDOSE METABÓLICA
(produção de ácido lático por fermentação na ausência de oxigênio para as células) + HIPOGLICEMIA + DISFUNÇÕES
ORGÂNICAS GRAVES no SN, fígado e nos rins.
No Fígado:
A porta de entrada para a disseminação do protozoário em nosso organismo são os hepatócitos no fígado. Neles
ocorre invasão por esporozoítos e consequente reprodução assexuada desses, ao final, produzindo os Merozoítos
hepáticos.
No fígado ocorre lise de células hepáticas pelos merozoítos hepáticos, esta morte celular, porém, ainda não é
o efeito mais deletério da Malária ao órgão. Na fase eritrocitária o primeiro órgão a ser afetado é o fígado
pela alta concentração de parasitemia no órgão.
As células de Kupffer (de defesa) sofrem hipertrofia e hiperplasia na tentativa de eliminar o parasita por
fagocitose.
Alta concentração de parasitas no órgão + Mecanismo de defesa da célula de Kupffer:
Retardo da circulação local >> hipóxia + degeneração dos hepatócitos + necrose centrolobular + congestão hepática
+ hepatomegalia.
O fígado é um órgão que atua na degradação das hemácias (ciclo fisiológico). Na Malária, essa função é
aumentada devido ao parasitismo celular >> Hiperbilirrubinemia (secundária à hemólise intravascular dos
eritrócitos parasitados).
Volume aumentado e apresentar coloração castanho-escuro, quase negra, devido à
retenção de hemozoína (produto do Heme, quem faz essa conversão é o parasita)
nas células sinusoidais.
No Baço:
É o maior responsável pela degradação fisiológica das hemácias. Na malária vai ser o principal órgão de
retirada da circulação de eritrócitos alterados durante o curso da doença, tanto os infectados quanto os não
infectados pelo plasmódio, além de parasitos livres.
Órgão linfoide secundário (local de combate a antígenos): na Malária também está responsável pela indução
da resposta imunitária por macrófagos e células dendríticas e de ativação de linfócitos B e T.
Esplenomegalia: moderadamente aumentado de volume; mole, friável e sujeito a ruptura, até mesmo por
pequenos traumatismos.
Histologicamente: hiperplasia de linfócitos na polpa branca. Hiperplasia e hipertrofia de macrófagos da polpa
vermelha com intensa atividade fagocitária.
Nos Pulmões:
Eritrócitos parasitados aderem ao endotélio dos capilares pulmonares >> lúmen reduzido
Endotélio de arteríolas e capilares edemaciado (a maior pressão no vaso provoca edema).
Edema alveolar e intersticial (a pressão aumentada devido ao lúmen diminuído causa
extravasamento de líquido para o LEC).
Adesão de leucócitos (macrófagos, neutrófilos ativados) no endotélio >> produção de citocinas pró-
inflamatórias >> ativação de células endoteliais + produção de radicais de oxigênio, óxido nítrico e proteases
>> lesão pulmonar.
Observa-se também alteração dos pneumócitos do tipo 1 (compõe a barreira hematoaérea; participam da
troca gasosa no alvéolo).
Nos Rins:
O comprometimento renal na malária pode afetar túbulos e glomérulos e está associado à baixa perfusão
sanguínea renal.
A malária pelo P. falciparum pode ocasionalmente acometer a medula espinhal e os nervos periféricos, mas são as
lesões encefálicas, principalmente as da substância branca, as mais frequentes, importantes e graves.
Mecanismos envolvidos:
Sequestro de eritrócitos parasitados e não parasitados na microcirculação cerebral;
Resposta inflamatória com síntese aumentada de TNF e de outras citocinas como IL-6, IL-8 e IFN-γ
Aumento da expressão de moléculas de adesão ao endotélio das vênulas pós-capilares;
Maior produção de NO e de EROs;
Acidose metabólica (hipóxia celular por obstrução de fluxo devido à citoaderência).
BOX: Anemia Hemolítica
Células-tronco Hematopoética Pluripotente >> Células-tronco Comprometidas (CFU-E) >> Proeritroblastos >>
Eritroblastos basófilos >> Reticulócitos >> Hemácia madura
OBS: As hemoglobinas são produzidas entre as fases de proeritroblastos e reticulócitos, quando a célula
ainda possui as organelas necessárias para sua produção.
O tempo de vida das hemácias (120 dias) é devido ao desgaste que a membrana plasmática dessas células
sofre ao atravessar os capilares sanguíneos.
Ao longo desse tempo a célula fica cada vez mais frágil, especialmente à medida que são comprimidas
pelos canais estreitos do baço (algumas vão ser rompidas no baço, autodestruição).
Rompidas ou não essas células velhas/danificadas são removidas da circulação e destruídas por macrófagos
fagocíticos presentes no baço e no fígado.
Os produtos da degradação das hemácias (e também da hemoglobina) >> reciclados e reutilizados ou
excretados.
Degradação da hemoglobina:
ANEMIA HEMOLÍTICA
Anemia desenvolvida quando as hemácias são frágeis a ponto de se romperem facilmente quando passam
pelos capilares e, de forma especial, pelo baço.
O número de hemácias produzidas é normal, entretanto o tempo de vida das hemácias frágeis é muito
curto. Assim, as células são destruídas muito mais rapidamente do que podem ser geradas >> ANEMIA
GRAVE.
Etiologias possíveis:
Malária: Parasita intracelular dos eritrócitos que causa hemólise crônica de severidade variada.
Eritroblastose fetal (Doença Hemolítica do Recém Nascido): anticorpos maternos anti-Rh atravessam a
placenta e causam morte celular das hemácias do feto (Rh+).
Anemia imuno-hemolítica: Ac x Ag próprio na membrana da hemácia. A ligação do Ac resulta na opsonização
dos eritrócitos e hemólise extravascular ou (raramente) na fixação do complemento e hemólise intravascular.
Talassemia: mutações que reduzem a síntese de cadeias alfa ou beta de globinas.
Anemia Falciforme: hemácias falcizadas pela presença de hemoglobinas S, as quais se aderem causando
polimerização que deforma a célula. Danos à membrana dos eritrócitos causados por repetidos episódios de
afoiçamento resultam em anemia hemolítica de grau moderado a severo.
QUADRO CLÍNICO DA MALÁRIA
Período de incubação (em dias): P. falciparum: 7 a 14. P. vivax: 8 a 18. P. malariae: 28 a 35. P. ovale: 7 a 30.
A Malária pode ser caracterizada como doença febril, não contagiosa, com acometimento de múltiplos
órgãos e sistemas, de evolução potencialmente grave, quando não tratada precocemente.
Quadro clínico típico: Febre + calafrios + dor nas articulações + vômitos + cefaleia intensa + icterícia
(+possibilidade de convulsão).
Os surtos de febre ou ataques paroxísticos (+ sintomas que acompanham) aparecem com intervalos de
tempo. Esse intervalo de tempo é determinado pela espécie parasita:
“Chuvas” de novos merozoítos são liberadas dos eritrócitos em intervalos de aproximadamente horas
para:
P. vivax (FEBRE TERÇÃ BENIGNA).
P. ovale (FEBRE TERÇÃ BENIGNA).
P. falciparum (FEBRE TERÇÃ MALIGNA).
“Chuvas” de novos merozoítos são liberadas dos eritrócitos em intervalos de aproximadamente 7 horas
para:
P. malariae (FEBRE QUARTÃ)
Não é o rompimento das hemácias em sí que causam o surto, mas sim a liberação de produtos tóxicos
(hemozoínas).
A crise aguda da malária (acesso malárico) caracteriza-se por episódios de calafrio, febre e sudorese. Tem
duração variável de 6 a 12 horas e pode cursar com temperatura igual ou superior a 40°C.
Assemelham-se aos de outras doenças febris agudas tais como dengue, chikungunya, zica, febre amarela,
leptospirose, febre tifoide, infecção urinária, gripe e muitas outras.
Malária COMPLICADA
O quadro clínico inicia-se com torpor, confusão mental, convulsões, evoluindo para o coma em poucas
horas.
DIAGNÓSTICO
Comprovação diagnóstica:
Dados clínicos + Dados epidemiológicos (reside em zona endêmica? Visitou zona endêmica?) + Demonstração do
plasmódio.
Exames complementares:
TRATAMENTO
Objetivos:
São as formas que apresentam HIPNOZOÍTOS (latência do parasita no fígado; responsáveis por reincidência).
Para combater essa fase do protozoário: Primaquina por 7 dias.
Deve: combinação Primaquina + Cloroquina (esta por 3 dias).
Crianças menores de 10kg: adiciona-se Artemeter + Lumefantrina OU Artesunato + Mefloquina por 3 dias.
Gestantes e crianças < 06 meses: NÃO PODE USAR PRIMAQUINA. Usa-se cloroquina por 3 dias e cloroquina
profilática semanalmente até 01 mês de aleitamento.
Por P. malarie:
Por P. falciparum:
Artemeter + Lumefantrina OU Artesunato + Mefloquina (vantagem: apenas uma adm. diária + apresentação pediátrica
na forma de comprimido que se degrada em água). (03 dias).
OBS: A Mefloquina, na dose fracionada em três dias, está associada a menor risco de eventos neuropsiquiátricos.
Em Malária COMPLICADA:
Um acesso venoso adequado deve ser providenciado e as seguintes determinações laboratoriais solicitadas: glicemia,
hemograma, quantificação da parasitemia (em caso de infecção por P. falciparum), gasometria arterial e exames de
função renal e hepática. Exame clínico-neurológico minucioso deve ser realizado, com especial atenção para o estado
de consciência do paciente, registrando-se o escore da escala de coma.
EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE
A dengue ocorre de forma endêmica nas áreas tropicais e subtropicais, onde a temperatura
constantemente acima de 20°C e a pluviosidade abundante garantem condições ideais para a reprodução
do vetor.
2020: No período de janeiro a junho (SE 1 a SE 26), ocorreram 93,6% dos casos de dengue.
Os estados que apresentaram maiores taxas de incidência em 2020: RN, BA, PA, CE, PE, SE, SP, MG, PR,
MT, GO e o DF.
ETIOLOGIA DA DENGUE
A dengue é uma arbovirose, isto é, sua transmissão ocorre através de espécies artrópodes, nesse caso de um inseto.
Vetor
Altamente adaptado às habitações humanas, nas quais procria em recipientes peridomiciliares (vasos, pneus
vazios) contendo água limpa. São necessárias 1-2 semanas para que a fêmea do inseto se torne infectante
para humanos, adquirindo capacidade de transmissão por toda a sua vida.
Agente etiológico
Tipos de Dengue
05 Sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4 e DENV-5 (O 5° até o momento ainda não foi registrado no
Brasil, sendo encontrado apenas na Malásia).
Todos os sorotipos podem causar doença grave.
Ocorre imunidade permanente ao sorotipo causador da doença (e imunidade cruzada por curto prazo).
FISIOPATOLOGIA DA DENGUE
den ue pode se desen ol er de “tr s formas”: Dengue clássica (fase febril) & Fase crítica com sinais de alarme &
Dengue grave (dengue hemorrágica).
2. Nos linfonodos >> +Replicação viral >> Vírus alcança a corrente sanguínea (instalação da viremia).
FASE FEBRIL AGUDA: 3-5 dias.
Vírus livres no plasma ou no interior de monócitos.
Da corrente sanguínea, os vírus são disseminados a órgãos como fígado, baço, linfonodos regionais, medula
óssea, podendo atingir pulmão, coração e TGI.
A resposta imune do hospedeiro à infecção pelos vírus da dengue PROVAVELMENTE atua de duas
maneiras:
1°: previne a infecção e propicia a recuperação nas infecções, envolvendo inicialmente a resposta imune
inata e, depois, a resposta imune celular e humoral.
2°: relaciona-se com a imunopatologia da manifestação hemorrágica da Dengue.
(1°)
INFECÇÃO PRIMÁRIA
Vírus estimula a produção de IgM (que são detectáveis a partir do 4° dia de sintomas; níveis altos no 7°/8°
dia).
Já os IgG se elevam gradualmente até atingir valores altos em 2-3 semanas, mantendo-se detectáveis por
anos (imunidade contra sorotipo infectante).
INFECÇÃO SECUNDÁRIA
Em indivíduos que já tiveram contato com outro sorotipo do vírus, o perfil da resposta imune pode se alterar:
baixa produção de IgM e resposta precoce intensa de IgG.
A resposta imune humoral é fundamental para a prevenção e a cura das infecções pelos vírus da dengue:
A proteína E, parte do envelope viral, é o alvo dominante dos anticorpos protetores contra a dengue:
promovem a lise de células infectadas ou inibem a ligação dos vírus aos receptores celulares (neutralização).
A proteína NS1 também é alvo dos anticorpos antidengue: a proteína é expressa na superfície das células
infectadas e também é secretada na circulação. Anticorpos anti-NS1 promovem lise das células infectadas
ativando a cascata do complemento e mediam citotoxidade através dos linfócitos CD8+.
A resposta imune celular contra o vírus é direcionada para múltiplas proteínas virais, como:
Após interação com células apresentadoras de antígenos (dendríticas e macrófagos) infectadas com o vírus:
Células TCD4+ e CD8+ reativas ao vírus da dengue produzem predominantemente altos níveis de IFN-gama,
TNF-alfa, TNF=beta e quimiocinas (ILs).
O IFN-gama é responsável por redução na atividade da medula óssea: redução da hematopoese (ocorre
leucocitose e plaquetopenia).
Os sintomas gerais (febre e mal-estar): devido à presença, em níveis elevados, de citocinas séricas (IFN-
gama, TNF-alfa e IL-6).
Estudos soroepidemiológicos sugerem que a dengue grave (hemorrágica) é mediada pelas respostas
imunes dos pacientes.
Base fisiopatológica:
Aumento da permeabilidade por má
Aumento da carga viral função vascular endotelial, sem
resultante de uma cepa Resposta imune exacerbada,
destruição do endotélio:
virulenta envolvendo:
células do sistema imune
OU ↧
citocinas
Facilitação da infecção mediada imunocomplexos
Queda da PA + Manifestações
por anticorpos hemorrágicas + Trombocitopenia
Todos os sorotipos do vírus da dengue podem causar dengue grave. Entretanto, existem fatores de risco
para o desenvolvimento do quadro. Um desses fatores de risco está relacionado ao desenvolvimento de
dengue grave devido a uma infecção secundária:
Em indivíduos que já tiveram contato com outro sorotipo do vírus, o perfil da resposta imune pode se alterar:
baixa produção de IgM e resposta precoce intensa de IgG.
Esses anticorpos IgG se ligariam ao vírus, mas não o neutralizaria e facilitaria a infecção.
Risco 100x MAIOR de dengue grave em infecção secundária.
COMO OCORRE?
1. Na primeira infecção (ex: por DEN-1) são produzidos Ac IgM de início e IgG (os IgG ficam por anos detectáveis).
2. Na segunda infecção (ex: por DEN-2) os IgG específicos para DEN-1 e já circulantes no sangue, se ligam ao
Vírus, mas não conseguem o neutralizar.
3. O vírus tem agora, a oportunidade de penetrar nas células por meio de dois receptores: o natural (que liga
proteína E à receptores da membrana da célula humana) e os Fcg das imunoglobulinas.
A presença do vírus, que foi facilitada pelo sistema imune, causa FORTE ativação de células TCD8+ e TCD4+,
esta última libera IFN-gama. Esse estímulo agrava o quadro, o IFN-gama:
Causa aumento da expressão dos receptores Fcg na membrana dos macrófagos, que ficam mais permissíveis
ao vírus.
Aumenta a presença de moléculas do sistema antígeno leucocitário humano (HLA) [MHC classes I e II] nos
macrófagos >> reconhecimento de maior número de epítopos virais >> maior apresentação de antígeno aos
linfócitos T >> maior ativação em CD4+ e CD8+ >>> maior produção de citocinas e citólise >> agrava o
quadro!
O aumento da permeabilidade vascular evolui para extravasamento de plasma e hemácias. Esse extravasamento de
plasma e de hemácias evolui para episódio de choque.
Primeira manifestação: Febre (duração: 2-7 dias), geralmente alta (39°C a 40°C), de início abrupto.
Associações possíveis: Cefaleia, adinamia (grande fraqueza muscular), mialgias, artralgias e dor retroorbitária.
Pós-fase febril: grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente com melhora do estado geral e
retorno do apetite.
Fase Crítica (Dengue hemorrágica)
Febre
Sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço)
Plaquetopenia ≤ 100.000 3
Extravasamento de plasma para o interstício, evidenciado por: derrames cavitários, hipoalbuminemia e/ou
hemoconcentração.
GRAU II: sangramentos espontâneos leves. GRAU IV: Choque (grau IV).
A maioria dos sinais de alarme é resultante do aumento da permeabilidade vascular, a qual marca o inicio do
deterioramento clínico do paciente e sua possível evolução para o choque por extravasamento de plasma:
Dengue grave
CHOQUE
Ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido através do extravasamento (geralmente ocorre entre os dias
04 ou 05 de doença grave), geralmente precedido por sinais de alarme. O período de extravasamento plasmático e
choque levam de 24 a 48 horas >> atenção à rápida mudança das alterações hemodinâmicas.
HEMORRAGIA GRAVE
A hemorragia na dengue é consequência, também, do extravasamento do plasma e das hemácias. De forma extensa,
essa hemorragia pode causar púrpuras e grandes equimoses na pele, epistaxes, gengivorragias, metrorragias e
hemorragias digestivas.
O fígado em geral está aumentado de volume e exibe focos de necrose de coagulação centrolobular ou
mediozonal, esteatose de hepatócitos e hiperplasia das células de Kupffer.
Nos pulmões, podem-se observar pneumonia intersticial (com exsudato de mononucleares), atelectasia,
edema (intersticial e alveolar), hemorragia e derrame pleural.
No encéfalo pode haver edema e hemorragias focais.
No coração, as lesões mais frequentes são hemorragias, em qualquer dos três folhetos; em pequeno número
de casos, há miocardite e necrose miocárdica.
O baço e os linfonodos exibem focos de necrose dos centros germinativos (polpa branca, onde ocorre
atuação das células de defesa).
DIAGNÓSTICO & TRATAMENTO DA DENGUE
DIAGNÓSTICO
Comprovação diagnóstica:
o
Testes sorológicos: MAC-ELISA com captura de IgM a partir do 6 dia de doença (apenas uma amostra).
Detecção de antígenos virais: NS1, isolamento viral, RT-PCR e imunohistoquímica. Até o 5° dia do início dos
sintomas. (1 positivo OU 1 negativo seguido de 1 positivo).
o o
Isolamento viral se a doença estiver entre o 1 e o 5 dia.
Exames complementares:
TRATAMENTO
CLASSIFICAÇÃO
CONDUTA
TRATAMENTO NO GRUPO A
TRATAMENTO NO GRUPO B
TRATAMENTO NO GRUPO C
ETAPA DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA: início imediato (em qualquer ponto de atenção, independente do nível de
complexidade, inclusive durante eventual transferência para uma unidade de referência, mesmo na ausência
de exames complementares).
Realizar exames complementares obrigatórios: Hemograma completo + Dosagem de albumina sérica e
transaminases.
ETAPA DE EXPANSÃO: continuidade da hidratação de forma gradativa.
Houve melhora? FASE DE MANUTENÇÃO.
Prescrever paracetamol e/ou dipirona.
Orientar: procura imediata do serviço de urgência em caso de sangramentos ou sinais/sintomas de alarme.
Não utilizar salicilatos (AAS) ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs; ex: ibuprofeno).
TRATAMENTO DO GRUPO D
Pode ser necessário: correção da natremia, calemia, acidose (pós hidratação e pós choque) e uso de oxigenação
(cateter, ventilação mecânica, máscara...).
PROBLEMA 17: HEMOFILIA
As hemofilias compreendem distúrbios da hemostasia que causam processos hemorrágicos nos indivíduos
afetados.
Existem dois tipos de doenças Hemofílicas: Hemofilia A e hemofilia B. Ambas são herdadas como caráter
recessivo ligado ao cromossomo X.
Causa:
Defeito genético
Gene específico do cromossomo X que codifica a síntese do fator VIII (hemofilia A).
Substituição de mais de 300 pares de bases no gene do cromossomo X que codifica o fator IX (hemofilia B).
Fatores de Risco:
coagulação
Doença hemorrágica hereditária relativamente comum, caracterizada por uma deficiência ou um defeito no
FvW. Possui mais de 20 variantes. Essas variantes podem ser agrupadas em duas categorias:
Pessoas com a doença de von Willebrand têm um defeito composto envolvendo a função plaquetária e a
cascata de coagulação. Por quê?
Manifestações clínicas: sangramento espontâneo do nariz, boca, sistema digestório, fluxo menstrual excessivo
e tempo de sangramento prolongado quando há contagem normal de plaquetas. Na maioria dos casos (tipos 1
e 2), os sintomas são leves e não requerem tratamento (muitas pessoas com o distúrbio só descobrem sua
existência ao serem expostas a situações como cirurgias). Em situações graves (tipo 3), a ocorrência
potencialmente fatal de hemorragia no TGI e hemorragia nas articulações pode ser semelhante à observada em
casos de hemofilia.
Desmopressina (para TIPO 1). (faz liberar FvW das células endoteliais 30 minutos pós-infusão).
Crioprecipitado com FvW OU Plasma Fresco congelado (para TIPOS 2 e 3).
Distúrbios adquiridos
Os fatores de coagulação V, VII, IX, X, XI e XII, a protrombina e o fibrinogênio são sintetizados no fígado.
Doença hepática: a síntese desses fatores de coagulação é reduzida, o que pode resultar em
hemorragia.
Dos fatores de coagulação sintetizados pelo fígado, os fatores II, VII, IX e X e a protrombina requerem vitamina
K para sua atividade normal.
Deficiência de vitamina K: o fígado produz o fator de coagulação, mas em uma forma inativa.
Vit. K: Lipossolúvel. Sintetizada no intestino por bactérias da flora. Logo, para haver deficiência é
necessário que essa síntese seja interrompida ou que a absorção esteja comprometida. Essa
deficiência é comum em RNs. Também pode ocorrer devido a tratamento com antibióticos de amplo
espectro. Distúrbios da vesícula biliar podem prejudicar sua absorção (por ser insolúvel necessita de
sais biliares para ser absorvida).
FISIOPATOLOGIA DA HEMOFILIA
BOX: HEMOSTASIA
1. Lesão vascular com diminuição da liberação de prostaciclina pelo endotélio e consequente ativação das plaquetas.
2. Vasoconstrição por liberação de endotelina pelo endotélio lesado (colágeno exposto).
3. Fator de Von Willebrand possibilita a agregação das plaquetas na região em que está exposto por fator de afinidade.
4. Plaquetas liberam seus grânulos com mediadores químicos (tromboxano A2, ADP, Serotonina, PAF) que aumentam o
recrutamento de plaquetas e ativam o GP IIB/IIIA (receptor ligante de plaquetas).
Hemostasia Secundária – Modelo baseado na superfície das células.
Fibrinólise
Uma vez formado o coagulo de fibrina sobre a área é necessário controlar a disseminação da ativação da
coagulação para evitar oclusão trombótica do vaso. Ocorre conversão de plasminogênio em plasmina (esta
consegue quebrar os peptídeos da Fibrina). Ademais, intervêm quatro anticoagulantes naturais (feedback
negativo).
Tratam-se da causa mais comum de hemorragias por distúrbios quantitativos e/ou qualitativos. São deficiências
hereditárias ligadas ao X (ligadas ao sexo).
Sangramento interno (manifestando-se com freqüência como dor abdominal, torácica ou no flanco).
Hematúria (devida ao sangramento nos rins).
Hematêmese ou fezes enegrecidas (devido ao sangramento no tubo digestivo).
DIAGNÓSTICO & TRATAMENTO DA HEMOFILIA
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
MEDICAÇÃO
Hemofilia A:
Derivados plasmáticos enriquecidos com fator VIII (crioprecipitado, concentrado de fator VIII).
Quantidade?
Hemofilia B:
CIRCULAÇÃO PULMONAR
A circulação pulmonar transporta sangue desoxigenado do VD para os alvéolos no interior dos pulmões e
retorna sangue oxigenado dos alvéolos para o AE.
Saindo do VD: emerge o tronco pulmonar (direção superior, posterior e para a esquerda). Divide-se em dois
ramos: artéria pulmonar direita (para o pulmão direito) e artéria pulmonar esquerda (para o pulmão
esquerdo).
Tronco pulmonar > Artérias pulmonares (direita + esquerda)
Entrando nos pulmões: Os dois ramos dividem-se em artérias lobares secundárias. Essas se subdividem em
artérias segmentarem terciárias até finalmente formar capilares em torno dos alvéolos pulmonares. Aqui
ocorre a hematose.
Artérias pulmonares > Artérias lobares secundárias > Artérias segmentares terciárias > Arteríolas e Capilares pulmonares
Saindo dos pulmões: Capilares pulmonares unem-se para formar vênulas e, por fim, veias pulmonares (que
saem pelo hilo pulmonar).
Capilares pulmonares > Vênulas pulmonares > Veias pulmonares (superior + inferior)
Entrando no AE: 02 veias pulmonares esquerdas e 02 veias pulmonares direitas transportam o sangue até o
AE.
As contrações do ventrículo esquerdo ejetam, em seguida, o sangue oxigenado na circulação sistêmica.
HEMATOSE
Ocorre por meio de difusão passiva (ou seja, sem gasto de ATP e a favor do gradiente de [ ]). A Hematose é
regida por duas Leis: de Dalton e de Henry.
Lei de Dalton: cada gás em uma mistura de gases exerce sua própria pressão isoladamente (pressão parcial).
Essa pressão parcial determina o movimento do O2 e do CO2 entre alvéolo-sangue e entre sangue-
tecido.
Cada gás se difunde de onde sua pressão parcial é MAIOR para onde sua pressão parcial é MENOR.
Lei de Henry: o volume de gás que se dissolve em um líquido é PROPORCIONAL à pressão parcial do gás e à
sua solubilidade.
CO2 é mais dissolvido no plasma do que o O2. Isso facilita sua passagem para os alvéolos na hematose.
Difusão do O2 (advindo do ar atmosférico) dos alvéolos pulmonares PARA o sangue dos capilares pulmonares
Difusão do CO2 (advindo da respiração interna) do sangue dos capilares pulmonares PARA os alvéolos pulmonares para
excreção.
Difusão do O2 (advindo da respiração externa) dos capilares sistêmicos PARA as células teciduais.
Difusão do CO2 (advindo do metabolismo celular) das células teciduais PARA os capilares sistêmicos.
Diferença de pressão parcial dos gases: Um gás só se movimenta de uma área onde sua pressão parcial está MAIOR
para uma área onde sua pressão parcial está MENOR. Logo:
Para o O2 sair da atmosfera e entrar em uma célula, as pressões parciais do gás devem obedecer:
PO2 atm > PO2 alveolar > PO2 capilar pulmonar > PO2 capilar sistêmico > PO2 intracelular.
Para o CO2 sair da célula e ser excretado para o meio, as pressões parciais do gás devem obedecer:
PCO2 intracelular > PCO2 capilar sistêmico > PCO2 capilar pulmonar > PCO2 alveolar > PCO2 atm.
Área de superfície disponível para as trocas gasosas: a área de superfície dos alvéolos é enorme. Além disso, muitos
capilares circundam cada alvéolo ( mℓ de sangue podem participar das trocas gasosas em um dado instante).
Qualquer distúrbio pulmonar que diminua essa área reduz a FR externa (Ex: Enfisema pulmonar > degradação das
paredes alveolares).
Distância de difusão: A membrana respiratória é muito fina, de modo que a difusão ocorre rapidamente. Além disso,
os capilares são tão estreitos que os eritrócitos precisam passar por eles em fila indiana, o que minimiza a distância de
difusão do espaço do ar alveolar para a hemoglobina no interior dos eritrócitos. O acúmulo de líquido intersticial entre
os alvéolos, como ocorre no edema pulmonar, diminui a taxa de trocas gasosas, porque aumenta a distância de
difusão
Peso molecular e solubilidade dos gases: O2 é mais leve que CO2, mas CO2 é mais solúvel que O2. CO2 se difunde
muito mais rápido para fora do organismo do que o O2 se difunde para dentro do organismo. Nos distúrbios que
comprometem difusão (enfisema ou edema pulmonar por ex.) a hipóxia vem antes da hipercapnia.
ETIOLOGIA DA EMBOLIA PULMONAR
A EP ocorre quando uma substância/estrutura se transporta pelos vasos sanguíneos, se alojando na circulação
pulmonar (artérias pulmonares) e obstruindo o fluxo sanguíneo total ou parcialmente de forma aguda ou crônica.
Causas:
Principal causa: quase todas as EP resultam de trombos derivados de situação por TVP.
Nesse caso: TEP = TROMBOEMBOLISMO PULMONAR.
Embolia por ar (injeção IV com acidental entrada de ar).
Embolia por gordura mobilizada a partir da medula óssea pós-fratura.
Embolia por gordura devido a depósito gorduroso traumático.
Embolia por líquido amniótico que entra na circulação materna pós-ruptura de membranas no parto.
Trombo no coração direito.
Fibrilação atrial.
Cardiopatia valvar.
Fatores de risco para desenvolvimento de EP: Tendo em vista que a principal causa de EP é a TVP, todos
os fatores de risco para desenvolvimento de trombose vão estar associados, também, a desenvolvimento
de fenômeno tromboembólico.
Para entendermos a fisiopatologia dessa interrupção da circulação pulmonar, temos de ter em mente que a
função dessa circulação não está somente em fornecer caminho para o processo de respiração:
Aumento da PA
Sobrecarga pressórica COR PULMONALE pulmonar
em AD e VD agudo
Hipertensão Pulmonar
Prejuízo da função do
Aumento da pós-carga
IC Direita VE (interdepenência
no VD
entre VD e VE)
Caso chegue à fase de comprometimento do VE, o DC diminui causando hipotensão arterial sistêmica, que pode
evoluir para choque, parada cardíaca e síncope.
Consequências pulmonares e respiratórias da TEP
DIAGNÓSTICO
Todo paciente com suspeita de TEP deve ser avaliado quanto à probabilidade desse diagnóstico. Escore
mais utilizado: de Wells.
ESCORE DE WELLS
Variável Pontos
TVP ou EP prévios 11,5
Cirurgia ou imobilização recente 11,5
Neoplasia 11,0
Hemoptise 11,0
FC > 100 bpm 11,5
Sinais clínicos de TVP 13,0
Diagnóstico alternativo menos provável que TEP 13,0
Probabilidade clínica Pontos
Baixa 0a1
Intermediária 2a6
Alta > ou = 7
Exames complementares:
RX tórax Normal em 30% dos pacientes. Elevação da hemicúpula diafragmática, opacidade alveolar, derrame
pleural, atelectasias.
Sinal ou corcunda de Humpton: opacidade triangular com base voltada para pleural. (10 a 30% dos
casos).
Sinal de Westermark: área de hipoperfusão localizada (25 a 30% dos casos).
Gasometria arterial Pode estar normal. Hipocapnia e hipoxemia são as alterações mais frequentes.
Dímero D Aumentado no plasma em situações de coagulação e fibrinólise. Dosado pelo método ELISA.
Negativo? EXCLUI TEP em pacientes com probabilidade clínica baixa ou moderada.
ECO Pode evidenciar trombose intracavitária e sinais de sobrecarga ventricular e atrial direita.
ECO-doppler de MMII Para o diagnóstico da TVP. (doppler consegue mostrar intensidade do fluxo e direção, observando
obstruções).
Angiotomografia Com o surgimento de tomógrafos multidetectores tornou-se o método de imagem de escolha para
TEP. Permite a visualização direta do trombo (falhas de enchimento nos vasos).
Cintilografia pulmonar Classificada em quatro categorias: normal, baixa, intermediária ou alta probabilidade. Quando normal,
de ventilação e exclui TEP. Alta frequência de resultados não diagnósticos
perfusão
Arteriografia Raramente utilizada atualmente. Invasiva e passível de complicações graves. Pode ser realizada se
os métodos de imagem forem inconclusivos e sempre por pessoal experiente.
TRATAMENTO
2° Varfarina
o o
Iniciar no 1 dia e, após o 3 dia, ajustar dose aumentando ou diminuindo a dose semanal. Necessita de ALTA
monitoração por RNI. Ação: Antagonista de vitamina K. Impede a formação de fatores de coagulação
funcionais (II, XII, IX, X). Via: VO.
Instabilidade hemodinâmica (choque, risco de vida, hipotensão sustentada, hipoxemia grave...)? Trombolíticos!
Estreptoquinase: Ação: aumenta a formação de Plasmina. Via: IV.
Ateplase & Tenecteplase & Reteplase: Ação: ativadores de plasminogênio tecidual.
Uroquinase: Ação: hidrolisa diretamente a ligação arginina-valina do plasminogênio, formando plasmina.
3. Tratamento cirúr ico: mbolectomia para remoção a uda de mbolos arteriais pulmonares.
Remoção cirúrgica do êmbolo.
“Na tromboendarterectomia pulmonar é necessário colocar o paciente em uma situação que se chama circulação
extracorpórea. O sangue sai do corpo e vai para uma máquina especial. A gente então resfria o paciente dos 37º para
20º de temperatura. Nesse momento, interrompemos todo o fluxo sanguíneo do corpo do paciente para retirar os
trombos crônicos do sistema pulmonar”.
PROBLEMA 19: REVISÃO SISTEMA RESPIRATÓRIO & BRONCOASPIRAÇÃO
1. PARTE CONDUTORA: Nariz + Cavidade nasal + Faringe + Laringe + Traqueia + Brônquios + Bronquíolos +
Bronquíolos terminais.
Função: Filtrar, aquecer e umedecer o ar e conduzi-lo para dentro dos pulmões.
PARTE INTERNA: Cavidade Nasal – condução, umidificação, aquecimento, filtragem do ar. Área que vai do vestíbulo
nasal (região de epitélio mais resistente com vibrissas) até as coanas.
A cavidade nasal contém 02 regiões importantes: respiratória (epitélio pseudoestratificado colunar ciliado) e olfatória
(nervos olfatórios).
Faringe – órgão muscular que pertence aos sistemas respiratório e digestivo. Dividida em três regiões.
NASOFARINGE: Comunica com a cavidade nasal a partir das coanas. Estruturas importantes presentes na nasofaringe:
Pregas salpingopalatina e salpingofaringea (fecham e abrem o torus tubal enquanto falamos).
Torus tubal (mantém o óstio aberto).
Óstio faríngeo da tuba auditiva (comunica nasofaringe e cavidade timpânica do ouvido médio. Função:
permitir entrada e saída de ar, balanceando a pressão no ouvido médio).
Tonsila faríngea (barreira imunológica; adenoide).
OROFARINGE: Comunica com a cavidade oral, desde o palato mole (istmo das fauces). Estruturas importantes
presentes na orofaringe:
Tonsila palatina & Tonsila lingual (barreiras imunológicas; compõe o anel de Waldeyer juntamente a tonsila
faríngea).
LARINGOFARINGE: Começa no nível do osso hióide. Contínua com o Esôfago e com a Laringe. Estruturas importantes
presentes na laringofaringe: recessos piriformes (escoamento de líquidos).
Laringe – órgão de condução do sistema respiratório & órgão fonador. Dividida em 03 partes: vestíbulo da laringe +
ventrículo da laringe + cavidade infraglótica.
Visão sagital com quatro estruturas importantes:
Cordas vocais >> prega vestibular + prega vocal.
Epiglote.
Cartilagem tireóidea (obs: membrana Tireohioidea + ligamento Cricotireoideo).
Cartilagem cricóide.
Traqueia – via de passagem tubular para o ar. Contínua a Laringe (anterior ao Esôfago; de C6-T4; mediastino
superior). Limite inferior: Carina.
A Traqueia é formada por anéis cartilaginosos (16-20 anéis) incompletos posteriormente, onde são recobertos por
músculo liso e tecido membranoso (importante para não atrapalhar o caminho do alimento no esôfago e para
melhorar a flexibilidade no pescoço).
Pulmões – órgãos pares localizados na caixa torácica. “Guardam” a árvore bronquial responsável pela condução do
ar e respiração.
Cada pulmão é fechado e protegido por uma túnica serosa de camada dupla chamada PLEURA:
Pleura parietal: camada superficial (reveste a cavidade torácica).
Pleura visceral: recobre o pulmão.
Obs: Entre elas: Espaço interpleural ou cavidade pleural com o líquido pleural (reduz o atrito entre as
membranas e possibilita o deslize necessário para a respiração; cria uma tensão de adesão superficial).
FACES:
Base do pulmão: porções inferiores que descansam sobre o diafragma.
Ápice do pulmão: porções superiores estreitadas.
Face costal: coincide com a curvatura das costelas.
Face mediastinal: contém o hilo do pulmão; por meio dele os brônquios, os vasos sanguíneos pulmonares, os
vasos linfáticos e os nervos entram e saem.
Brônquios – Condutos para o ar. Surgem a partir da segmentação da Traqueia no ponto da Carina.
São denominados como Principais, Lobares ou Segmentares.
Brônquios Principais: Surgem diretamente com a ramificação traqueal. DIREITO & ESQUERDO.
Obs: o direito é mais vertical e de maior calibre (normalmente, quando há aspiração de objetos eles
caem nesse com mais facilidade).
Brônquios Lobares: Surgem com a segmentação dos citados acima pós-entrada nos pulmões pelo hilo. Cada
brônquio lobar se encaminha para lobo específico do pulmão.
Brônquios Segmentares: Surgem com a segmentação dos citados acima e sua ramificação determina os
segmentos pulmonares.
Bronquíolos – São divididos em Terminais (só conduto) e Respiratórios (participam da hematose).
Surgem com progressão da ramificação dos Brônquios, que ficam muito finos e perdem a cartilagem, passando a ser
nomeados como Bronquíolos.
Ductos & Sacos alveolares – Parte respiratória do sistema (junto aos Bronquíolos respiratórios).
Alvéolos – Parte respiratória do sistema (junto aos Bronquíolos respiratórios, Ductos e Sacos alveolares).
As vias aéreas superiores e os brônquios não servem apenas como conduto para o ar: atuam no CONDICIONAMENTO
DO AR antes que ele alcance os alvéolos. O condicionamento possui três componentes:
1. Aquecimento do ar à temperatura do corpo (37°C): não alterar a temperatura corporal + não danificar os
alvéolos com o frio.
2. Umidificar em 100%: adicionar vapor de água >> de modo que o epitélio de troca úmido não seque.
3. Filtração de material estranho: evitar que vírus, bactérias e partículas inorgânicas alcancem os alvéolos.
Os alvéolos são os locais onde ocorre a troca gasosa entre o ar que chegou aos pulmões e os gases dos
capilares pulmonares
Essa é a respiração externa. Para que ela seja possível são necessárias algumas atuações:
Pneumócitos tipo I: composição da barreira hematoaérea >> fina membrana; facilita a troca de gases.
Pneumócitos tipo II: produção de surfactante para diminuição da tensão
alveolar e facilitação da respiração.
Tecido conectivo entre células alveolares: rico em fibras de colágeno e elastina >> possibilita o estiramento
do tecido pulmonar.
Rica capilaridade em proximidade com os alvéolos:
aumento da área de superfície para troca de gases.
O que chamamos de respiração é a junção de três etapas: Ventilação pulmonar + Respiração Externa (ao nível
alveolar) + Respiração Interna (ao nível celular).
A Ventilação Pulmonar consiste na entrada (O2) e na saída (CO2) de ar e constitui a troca de ar entre a atmosfera e os
espaços aéreos dos pulmões.
INSPIRAÇÃO
EXPIRAÇÃO
Movem as costelas
Oblíquo externo: inferiores para baixo +
Oblíquo interno: comprimem as vísceras
Transverso do abdome: abdominais, forçando o
Reto do abdome: diafragma para cima
(diminuir diâmetro crânio-
caudal).
Fatores de influenciam na Ventilação Pulmonar
O que é broncoaspiração?
Consiste na entrada de substâncias estranhas nas vias aéreas. Essas substâncias estranhas podem ser tanto por
partículas sólidas (alimentos, objetos estranhos...), quanto por partículas líquidas (vômito, alimentos, saliva, conteúdo
gástrico...).
Situações ou condições clínicas que comprometam a proteção fisiológica das vias aéreas inferiores e a deglutição
(disfagias), alterando principalmente o correto fechamento glótico e o reflexo da tosse são causas de
broncoaspiração:
Consciência reduzida (por: trauma; anestesia; abuso de drogas e álcool; uso de sedativos).
Distúrbios de deglutição / déficit neurológico;
Doenças Neurodegenerativas: Alzheimer, Parkinson...
Doença do refluxo gastroesofágico.
Lesão mecânica na glote ou no esfíncter esofágico superior devido à traqueostomia.
Intubação endotraqueal.
Broncoscopia.
Endoscopia digestiva alta.
Alimentação por sonda nasogástrica.
Cirurgia que envolva a via aérea ou esôfago superior;
Ausência de jejum adequado no processo de anestesia geral;
Anestesia utilizando máscara laríngea;
Outros grupos de risco: Crianças; Gestantes; Obesos; Pessoas com íleo adinâmico (ausência temporária dos
movimentos de contração muscular normais do intestino).
O que ocorre a partir da obstrução da via aérea respiratória?
Os mecanismos fisiopatológicos da obstrução vão depender do grau, da localização e do tipo de corpo estranho
alojado.
A obstrução da via aérea gera diminuição do fluxo de ar para dentro da caixa torácica, prejudicando a
mecânica respiratória.
Aumento da resistência aérea pulmonar pela diminuição do lúmen da via.
Pode levar a processos de HIPOXEMIA, HIPERCAPNIA (esta se houver hipoventilação) e HIPOCAPNIA (esta se
houver hiperventilação).
Diminuição da complacência pulmonar (aumenta o trabalho respiratório).
Pode haver aumento da permeabilidade capilar (que cursa com edema).
TIPOS DE BRONCOASPIRAÇÃO
Local de alojamento do corpo estranho: faringe, laringe, traqueia e brônquios (entre os dois brônquios
principais: é mais comum no direito).
Obstrução das vias aéreas centrais: fluxo obstruído na Traqueia e nos brônquios principais.
Obstrução das vias aéreas superiores: fluxo obstruído na porção que se estende da boca ao longo da
Traqueia e, portanto, também inclui a nasofaringe e a laringe.
Obstrução das vias aéreas inferiores: associada à DPOC, que envolve os brônquios menores distais.
Causada por corpos estranhos ou broncoespasmo.
Tamanho do substrato que se alojou na via aérea: obstrução pode ser total ou parcial.
Tempo de permanência do corpo estranho nas vias: quanto mais tempo mais possibilidade de complicações.
canvQUADRO CLÍNICO & COMPLICAÇÕES – BRONCOASPIRAÇÃO
QUADRO CLÍNICO
Tipo de CE.
Tamanho do CE.
Onde o CE se alojou.
A aspiração de CE pode, inclusive, não causar manifestação perceptível, sendo denominada silenciosa (pode causar
complicações tardias por não descoberta do CE). Essa manifestação é mais comum em adultos (sutil OU silenciosa).
Possíveis manifestações:
Taquipneia em repouso.
Sibilos bilaterais na ausculta pulmonar.
Redução da oxigenação arterial.
Tosse crônica devido à obstrução distal das vias aéreas inferiores.
Sintomas que mimetizam pneumonia (febre, dor torácica, hemoptise).
Respiração ofegante.
Dispneia.
Asfixia (CE grande obstruindo vias aéreas superiores: glote, subglote, traqueia).
COMPLICAÇÕES
Permanência de CE desconhecido.
Pacientes podem não se lembrar de uma história de engasgo: permanência do CE. Apresentação de sintomas meses
mais tarde (pneumonia recorrente de estenose brônquica) ou anos mais tarde com sinais/sintomas de bronquiectasia.
Corpos estranhos que estão presentes há algum tempo também podem se apresentar com sinais e sintomas de
complicações que mimetizam doenças benignas ou malignas (por exemplo, dispneia não explicada ou sibilância
unilateral que mimetiza asma atípica).
Resultado: Pneumonia recorrente, atelectasia, estenose brônquica, bronquiectasia, hemoptise, infecção pós-
obstrutiva, abscesso pulmonar, empiema, pneumotórax e pneumomediastino.
Por exemplo, alguns corpos estranhos orgânicos, particularmente aqueles com alto teor de óleo (como amendoim),
causam inflamação severa da mucosa e acúmulo de tecido de granulação volumoso dentro de algumas horas.
Pneumonite química.
Decorre de aspiração de substâncias que são tóxicas para as vias respiratórias inferiores (independente de infecção
bacteriana).
Cursa com atelectasia, edema pulmonar e hemorragia peribrônquica. Os mecanismos patológicos envolvidos:
liberação de citocinas pró-inflamatórias, TNF-alfa e IL8.
Pneumonia infecciosa.
+- 20-30% dos pacientes que apresentarem episódio de broncoaspiração irão desenvolver pneumonia.
Refere-se às consequências pulmonares resultantes da entrada anormal de líquidos, substâncias exógenas, partículas,
ou secreções endógenas para as vias aéreas inferiores e aspiração de microorganismos da cavidade oral ou da
nasofaringe.
Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA).
Síndrome clínica causada por dano capilar e epitelial alveolar difuso. Ocorre quando a integridade da barreira alveolar
está comprometida. Consequências do dano alveolar:
Atelectasia.
Perda de volume ou ausência de ar no pulmão.
Manobra de Heimlich
Utilizada em casos de obstrução TOTAL das vias aéreas por corpo estranho.
Heimlich em lactentes:
Deve apoiar a vítima de dorso no antebraço e segurar o queixo com o mesmo braço.
Bater nas costas 05 vezes com a base da palma da mão.
Em seguida, virar a vítima mantendo-a apoiada no mesmo braço.
Comprimir o tórax ventralmente utilizando 02 dedos (indicador e médio) – 5x.
Manter o procedimento até que haja desobstrução ou a vítima fique inconsciente.
Caso fique inconsciente, imediatamente iniciar SBV por meio da RCP.
Heimlich em adultos:
Ao notar-se que a vítima está engasgando, primeiramente solicitar que tussa com mais força; caso não haja
sucesso, proceder à manobra de Heimlich.
Posicionar-se por trás da vítima e “abraça-la”, posicionando as mãos na região inferior ao processo xifoide
(epigástrica).
A mão direita deve estar fechada e a esquerda deve cobri-la a fim de dar apoio.
Proceder o movimento de baixo para cima e de fora para dentro.
Os movimentos devem ser bruscos e fortes.
Proceder à manobra até que haja desobstrução ou a vítima fique inconsciente.
Caso fique inconsciente, imediatamente iniciar SBV por meio da RCP.
Indivíduo inconsciente:
Laringoscopia: feito com o aparelho endoscópio, denominado laringoscópio.
Caso não dê certo com a laringoscopia: Avanço distal com Tubo Endotraqueal (TET).
PROBLEMA 20: TUBERCULOSE
EPIDEMIOLOGIA DA TUBERCULOSE
Permanece a principal causa de óbitos ao redor do mundo em pessoas privadas em termos econômicos e de saúde.
No Brasil:
BR está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários pela OMS.
Nos últimos 10 anos: 71 mil casos diagnosticados de TB.
2017: 72.770 casos notificados.
2017: Coeficientes de incidência entre as UFs: entre 10 a 74 casos por 100 mil habitantes.
ETIOLOGIA DA TUBERCULOSE
O Agente Etiológico
A Tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Micobactérias
M. tuberculosis = a maior parte dos casos é decorrente da infecção por essa espécie de micobactéria = Bacilo
de Koch. Entre esses o mais importante clinicamente é o M. tuberculosis hominis.
Mycobacterium bovis: causa formas extrapulmonares da TB.
Complexo Mycobacterium avium: menos virulentos que os M. tuberculosis.
Transmissão de TB
Também pode ocorrer, mas com menor frequência: ingestão de leite contaminado com Mycobacterium
bovis. (mais observada em países portadores de bovinos leiteiros tuberculosos e naqueles com venda de leite
não pasteurizado) = TB orofaríngea e intestinal.
FISIOPATOLOGIA DA TUBERCULOSE
Infecção que na maior parte das vezes acomete os pulmões e que se caracteriza por infiltrados e formação de
granulomas com caseificação, fibrose e cavitação.
As características destrutivas da doença, inclusive a necrose caseosa e a formação de cavidades, resultam da reação
imune de hipersensibilidade, em vez da capacidade destrutiva do bacilo da tuberculose.
Cascatas de acontecimentos em TB pulmonar primária
A bactéria inibe respostas microbicidas normais, prevenindo a fusão de lisossomos como os vacúolos fagocíticos (pode ser
relacionado à composição da parede celular dessas bactérias = resistem à fusão).
Proliferação dos bacilos nas primeiras semanas da TB no interior dos macrófagos alveolares + alta bacteremia nos espaços
aéreos + implantação da bactéria em múltiplos locais.
Obs: Apesar da bacteremia, a maioria das pessoas nessa fase é assintomática ou apresenta doença similar a uma gripe
discreta.
Em algumas pessoas com polimorfismo do gene NRAMP1 (natural resistance-associated macrophage protein
1): doença progride sem resposta imune efetiva. O NRAMP1 nos macrófagos alveolares contribuiria para ação
microbicida.
TCD4+ diferencia-se em TH1: secreção de IFN-gama (influencia de IL-12 secretadas por macrófagos).
IFN-gama ativa macrófagos >> Macrófagos liberam mediadores e superexpressam genes com
importantes efeitos inibitórios:
Foco de Ghon: lesão granulomatosa branco-acinzentada; contem: bacilos da TB, macrófagos modificados e outras
células imunes.
Atenção: bacilo da tuberculose pode disseminar-se por via hematogênica para qualquer órgão, principalmente
cérebro, rins, linfonodos e pulmões.
OBS: quantidades pequenas de microrganismos são
capazes de permanecer viáveis por alguns anos. Mais
tarde, quando os mecanismos imunes decaem ou
falham, a infecção tuberculosa latente pode evoluir
para tuberculose secundária.
Uma vez que o Bacilo da TB pode se disseminar para diversos órgãos, o quadro clínico irá variar em acordo
com o tecido afetado.
Caso suspeito: tosse por tempo igual ou superior a 03 semanas (sintomático respiratório).
TB pleural
TB ganglionar periférica
Aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervicais anterior e posterior, além da
supraclavicular.
Comprometimento do estado geral.
Exame físico: Gânglios endurecidos ou amolecidos, aderentes entre si e aos planos profundos.
Evolução possível: Inflamação da pele adjacente.
TB meningoencefálica
TB óssea
DIAGNÓSTICO
Exames Complementares:
Os medicamentos anti-TB: interferem no sistema enzimático do bacilo OU bloqueiam a síntese de algum metabólito
essencial para o seu crescimento. OBS: bacilos em estado de latência não são atingidos pelos medicamentos.
É eficaz contra vários microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos. Bactericida para outras micobactérias além
da M. tuberculosis (M. leprae; M. avium).
Efeitos adversos:
Mecanismo de ação: Atinge enzimas que atuam na síntese do ácido micólico. A inibição do ácido micólico resulta em
ruptura da parede celular bacteriana.
Efeitos adversos:
Pirazinamida
É ativa contra o bacilo da TB em lesões acídicas e em macrófagos: distribui-se por todo o organismo e entra no LCS.
Efeitos adversos: pode contribuir para a toxicidade hepática Retenção de ácido úrico é comum (mas: ataque de gota
= raro).
Mecanismo de ação: inibe a arabinosiltransferase, enzima importante para a síntese da parede celular das
micobactérias.
Efeitos adversos:
Neurite óptica (diminuição da acuidade visual perda da capacidade de diferenciar o verde e o vermelho).
Risco aumenta com a dosagem e em pacientes com insuficiência renal.
As parasitoses pulmonares compreendem os distúrbios causados por helmintos que possuem ciclo biológico que
alcança os pulmões.
HELMINTOS
Vermes.
Possuem corpos alongados, sendo achatados (platelmintos) ou cilíndricos (nematelmintos).
Capazes de existir em diferentes ambientes, tanto em vida livre – espaços aquáticos e/ou terrestres – quanto
em vida parasitária.
Cinco helmintos que possuem ciclo biológico que alcança os pulmões, podendo causar Síndrome de
Löeffler:
CICLO BIOLÓGICO DOS PARASITAS & CONHECIMENTO BÁSICO DAS DOENÇAS CAUSADAS
Mecanismo de transmissão: por penetração cutânea (estrutura na cápsula bucal fixa-se ao hospedeiro) ou ingestão
de ovos.
Ciclo Biológico:
Fezes contaminadas e em condições favoráveis (umidade, calor, sombra): ovos do parasita são depositados e
se eclodem.
Larvas rabditoides crescem-nas fezes e/ou no solo adjacente e, em 5-10 dias, tornam-se larvas filarioides
(infectantes; sobrevivem 3 semanas – 6 meses em condições favoráveis).
Larvas filarioides entram em contato com hospedeiro humano (cútis; no Ancylostoma pode ocorrer por
ingestão): transporte pelos vasos linfáticos >> corrente sanguínea >> coração >> PULMÕES >> alvéolos
pulmonares >> brônquios >> faringe >> engolidas.
No intestino delgado: habitação e amadurecimento = vermes adultos vivendo no lúmen intestinal
(comumente no duodeno), aderidos à parede do órgão.
A. duodenal: não NECESSITA passar por fase pulmonar.
N. americanus: NECESSITA passar por fase pulmonar.
Ancilostomíase – Também conhecida como “amarelão” e ou “anemia tropical”.
Penetração do parasito: Ocorre por meio de estruturas cuticulares do verme, que secretam enzimas para favorecer a
migração tecidual > causa o prurido característico da doença (+eritema +rash papuloso).
Parasito cai na corrente sanguínea e começa a migração para pulmões (pode levar a síndrome de Löeffler). Sua
presença causa alterações clínicas advindas de inflamações teciduais e de microtraumas.
Chegando ao intestino delgado (lócus final): fixação do parasito na mucosa entérica (dentes + secreção de enzimas
anticoagulantes): lesão na parede intestinal + ulcerações >> perda de sangue e hipoproteinemia.
Hipoproteinemia? Decorrente da anemia que leva a hipóxia hepática (diminui a produção) + perda de sangue
+ redução da absorção (quando ocorre comprometimento da absorção pelas vilosidades intestinais).
O processo migratório: causa náuseas, vômitos, irritação da faringe, tosse, dispneia e rouquidão.
Cronicamente:
Sintomas decorrentes da perda paulatina de sangue: anemia (PICA) + deficiência de ferro + hipoalbuminemia.
Sintomas decorrentes da hipoproteinemia: edema (facial e MMII; decorrente da diminuição da pressão
oncótica no capilar que cursa com extravasamento de plasma), ascite.
Sintomas cutâneos: textura cérea + coloração amarelada.
Quando a alta parasitemia: obstrução do lúmen intestinal, dor epigástrica, náuseas, fadiga, impotência,
dispneia aos esforços, dor nas extremidades inferiores, dor torácica, cefaleia.
Strongyloides stercoralis
Mecanismo de transmissão: contato do homem com o solo (forma livre do parasito) e posterior penetração cutânea.
Vida livre: No solo, ovos que se transformam em larvas rabditoides não infectantes. Essas, em condições
favoráveis, transformam-se em larvas infectantes (filarioides) >> penetram o hospedeiro.
Vida parasitária: capilares sanguíneos >> coração >> pulmões >> vias aéreas respiratórias >> faringe >> são
deglutidas >> intestino delgado [+18-28 dias pós-penetração cutânea].
Passagem pulmonar = CICLO DE LOSS.
No intestino: fêmeas se aderem à parede intestinal, depositam ovos (partenogênese) >> crescimento
e amadurecimento >> larvas rabditoides >> excretadas nas fezes.
Estrongiloidíase
Penetração do parasito: Causa lesões cutâneas: placas eritematosas ou urticariformes próximas ao local de
penetração da larva.
Ciclo de Loss: pequenas hemorragias no parênquima pulmonar + pneumonite difusa eosinofílica = Síndrome de
Löeffler.
Enterite catarral: em infecções brandas; congestão da mucosa, presença de muco, pontos hemorrágicos e
infiltrado submucoso inflamatório mononuclear.
Enterite edematosa: em infecções mais abundantes; edema submucoso, achatamento das vilosidades
intestinais e presença de formas parasitárias na lâmina própria.
Enterite ulcerativa: em hiperinfecções; a inflamação crônica leva a atrofia e fibrose da parede intestinal.
Visualizam-se erosões e ulcerações na mucosa, por vezes associada a conteúdo hemorrágico.
Comum em pacientes que fazem uso de corticoides.
Quadro clínico:
As manifestações sintomáticas estão relacionadas com qual parte do ciclo biológico o parasito se encontra.
Agudo: dermatite leve transitória, pruriginosa e eritematosa, seguida de tosse, dores de garganta e
abdominais.
Há diarreia com dor abdominal, ou constipação intestinal, após semanas, antes da eliminação fecal das
larvas.
Vermes adultos no intestino delgado: duodenite (cursa com dor epigástrica).
Náuseas, vômitos, diarreia, hiporexia (perda de apetite), perda de peso.
Alta carga parasitária? Enterocolite crônica + obstrução intestinal + íleo paralítico + síndrome da má
absorção.
Síndrome de Hiperinfecção:
Quando?
Paciente crônico >>>> imunossuprimido.
Paciente imunossuprimido >>> infectado por parasita causador de Estrongiloidíase.
Acentuação dos sintomas dos principais órgãos acometidos, principalmente do sistema digestório e pulmão.
Fase pulmonar da SH cursa com síndrome de Löeffler (que, por sua vez, cursa com: tosse, sintomas
semelhantes à asma, pneumonia, hemoptise, dispneia e até síndrome da angústia respiratória aguda, com
insuficiência respiratória).
BACTEREMIA!!! Larvas carregam as bactérias do intestino para outros órgãos. Pode levar à choque séptico.
Complicações: febre, derrame pleural, pericardite e miocardite, granulomas hepáticos, colecistite, púrpura,
lesões ulcerosas gastrintestinais, íleo paralítico, peritonite, meningite, choque séptico e morte.
Estrongiloidíase disseminada:
Quando?
Larvas em locais que não fazem parte do ciclo habitual do parasito (pele, sistema digestório e pulmões).
Manifestação:
Ciclo Biológico:
Ovos são liberados juntamente às fezes no ambiente >> podem se desenvolver em situações favoráveis
(umidade, O2, 27°C):
Larva 1 >> Larva 2: rabditoides, logo, não infectantes.
Larva 3: filarioides, logo, infectantes. (podem permanecer no solo por até 7 anos).
Em geral: Doença assintomática ou oligossintomática, com evolução benigna. Porém, pode evoluir para casos mais
graves e com complicações (ex: obstrução intestinal ou biliar). Clinicamente, as queixas mais descritas são dor
abdominal, diarreia e náuseas.
Base da patogenia:
Danos teciduais + Resposta imunológica do hospedeiro + Obstrução mecânica provocada pelo parasito
Quando não há alta parasitemia e o sistema imunológico está regulado, eosinófilos e macrófagos podem “dar conta”
dos parasitas.
Caso contrário – lesões mais graves nos locais de passagem e instalação do parasita:
Danos teciduais – Pulmão: ativam as respostas imunológicas >> intenso processo inflamatório eosinofílico se
desenvolve no local da migração.
Degranulação eosinofílica: liberação de mediadores inflamatórios + reação inflamatória = pneumonite
= Síndrome de Löeffler.
Danos à mucosa intestinal: pode causar úlceras ou erosões >> perda de sangue e de proteínas.
Obstrução mecânica total ou parcial no intestino delgado, nas vias biliares e no ducto pancreático principal.
Síndrome de Löeffler: febre, tosse, broncospasmo, dispneia, sibilos, dor retroesternal, hemoptise, edema
pu r, p s “ r tór s” à r r f tór x , u s s s, suf ê r sp r tór .
Pulmão Pneumonia: febre alta, mal-estar, tosse produtiva, dor pleurítica, taquipneia, fadiga.
Abdome proeminente, dor abdominal em cólica, diarreia, náuseas, vômitos, anorexia, desnutrição.
Obstrução mecânica: distensão abdominal, parada de eliminação de flatos e fezes, peristalse de luta,
Intestino vômitos fecaloides, intensa dor abdominal, isquemia intestinal, perfuração intestinal com peritonite fecal.
Apendicite aguda.
Toxocara canis
Mecanismo de transmissão: ingestão de ovo ou larva contaminada com o parasita por carnes ou alimentos
contaminados com fezes de outros hospedeiros do T. canis (coelhos, galinhas, caracóis).
Ciclo Biológico: O homem não é o hospedeiro final (definitivo), servindo como transporte (hospedeiro paratênico)
para o parasita chegar aos cães.
O parasito não se reproduz nem se desenvolve; as larvas permanecem imaturas e não completam o seu ciclo
biológico, mas mantêm-se viáveis até encontrar seu hospedeiro definitivo.
No intestino delgado: larvas ingeridas ou larvas dos ovos ingeridos penetram a parede intestinal e migram
pelo sistema circulatório alcançando PULMÕES, fígado, músculos e SN.
Toxocaríase Humana
O parasito é, na maioria das vezes, destruído nos órgãos em que é encontrado: LESÃO = granuloma
eosinofílico.
O parasito pode encista-se e manter-se viável por longo período.
Fase inicial da infecção: reação inflamatória aguda >> Presença de células polimorfonucleares.
Durante a migração larvária: (obs: se for rápida, impossibilita o desenvolvimento do processo inflamatório).
Na migração: larvas metabolicamente ativas >> liberação de produtos antigênicos (complexa mistura de
proteínas glicosiladas).
Produtos antigênicos: apresentam fração alergênica >> estimula hipersensibilidade tipo I com
liberação de eosinófilos.
Eosinófilos aderem à superfície da larva (complexo Ag-Ac) >> eliminação do parasito.
Th2 atuante: liberação de citocinas pró-inflamatórias.
Aumento de imunoglobulinas: (IgE, IgG e IgM).
Fase crônica da infecção: reação inflamatória é redirecionada e se organiza em torno da larva e de seus metabólitos.
Larvas circundadas por reação granulomatosa (centro necrótico com restos larvários, envoltos por células
gigantes de corpo estranho e grande número de neutrófilos) = Granuloma alérgico.
Formação de uma cápsula de colágeno ao redor das larvas (pode ocorrer com progressão da infecção).
Quadro Clínico: obs >> mais comuns em crianças de 1 a 3 (onde as manifestações também serão mais complexas).
Forma Clássica Larva Migrans Visceral (síndrome): tosse, febre, sibilância, mialgia ou manifestações cutâneas
(prurido/erupções...). Pode ocorrer: linfadenopatia, hepatite granulomatosa, hepatoesplenomegalia, nefrite e
artrite. Efeitos em longo prazo: desenvolvimento de asma e de fibrose pulmonar.
Forma Ocular Resposta anormal do reflexo pupilar à luz (leucocoria), diminuição da capacidade visual, dor e estrabismo.
Geralmente, acometimento unilateral. Pode ocorrer: neurorretinite, neurite óptica, conjuntivite e endoftalmite
séria. Complicação mais grave: acometimento da retina >> distúrbio visual.
Neurotoxocaríase RARA. Relaciona-se com a migração das larvas no sistema nervoso central (SNC), podendo levar a
meningite, encefalite, vasculite cerebral e mielite.
SÍNDROME DE LOEFFLER: CONCEITO E FISIOPATOLOGIA
A Síndrome de Löeffler é classificada como um tipo de Eosinofilia pulmonar simples, sendo caracterizada
por:
Eosinofilia sanguínea
O pulmão apresenta infiltrados de eosinófilos e células gigantes ocasionais, que causa espessamento dos
septos alveolares.
A síndrome inicialmente teve seu conceito etiológico baseado em infecção por parasitas: helmintos.
Entretanto, foi descoberto que a doença pode surgir por reação de hipersensibilidade imediata a drogas
(TIPO I).
A passagem pulmonar do helminto, pela migração das larvas através da árvore respiratória, provoca o surgimento
de hemorragias do parênquima e uma pneumonite difusa.
Os sintomas surgem 10 a 16 dias após o inicio da infecção, seja a ingesta do ovo ou a penetração das larvas,
dependendo do verme.
QUADRO COMUM:
Nessas situações costumam ser observadas hipereosinofilia e alterações na RX de tórax (infiltrado pulmonar fugaz e
transitório).
Febre elevada.
Astenia.
Cefaleia.
Mal-estar geral.
Dor torácica.
Tosse produtiva com escarro amarelo-esverdeado
DIAGNÓSTICO & TRATAMENTO NA SÍNDROME DE LOEFFLER
DIAGNÓSTICO
O exame físico:
Laboratorialmente:
TRATAMENTO
Dietilcarbamazina
Fármaco de escolha contra a filariose: infecção por Wuchereria bancrofti e Brugia malayi.
Ivermectina
1° escolha para tratamento de infecções por: Larva migrans cutânea, Strongyloides stercoralis e Onchocerca volvulus.
Mecanismo de ação: atua nos receptores de canais de cloro disparados por glutamato. O influxo de cloreto
aumenta e ocorre hiperpolarização, resultando em paralisia e morte do helminto.
Contraindicação: gestantes.
Mebendazol
escolha para o tratamento de infecções por: Trichuris trichiura (tricuro), Enterobius vermicularis, Necator
americanus, Ancylostoma duodenale e Ascaris lumbricoides.
Mecanismo de ação: inibe a montagem dos microtúbulos nas células do parasita bloqueia a captação de
dextrose de modo irreversível.
Efeitos adversos: dor abdominal e diarreia.
Contraindicação: gestantes.
Pamoato de pirantel
Tiabendazol
Amplo espectro. Porém, vem tendo seu uso substituído por outros fármacos: toxicidade.
Entrada nas células a partir de receptores glicocorticoides >> regulação da transcrição de DNA.
Efeitos adversos: diabetogênicos e podem causar hipercolesterolemia, cataratas, osteoporose e hipertensão (em uso
prolongado).
PROBLEMA 22: ASMA & DPOC
Asma e DPOC são patologias pulmonares de cunho OBSTRUTIVO
Asma
CONCEITO & ETIOLOGIA
Conceito
Desordem inflamatória crônica das vias aéreas que causa episódios recorrentes de chiado, falta de ar, aperto
torácico e tosse, particularmente à noite e/ou cedo pela manhã.
Na maior parte das vezes (asma atópica) é considerada uma hipersensibilidade do tipo I, isto é, imediata e
humoral, característica de reação alérgica a agentes inócuos, crônica.
iper-reati idade das ias aéreas a rios estímulos = nflamação streitamento enerali ado das ias.
Fatores de risco
ASMA ATÓPICA
Como ocorre?
Os pacientes não apresentam evidência de sensibilização a alérgenos: resultados de testes cutâneos alérgicos
são geralmente negativos.
História familiar positiva de asma é menos comum.
Estímulos comuns:
ASMA OCUPACIONAL
FISIOPATOLOGIA
2. Basófilos e Mastócitos (que já foram sensibilizados): IgE específicos sobre suas membranas se ligam ao alérgeno.
3. Degranulação dessas células: liberação de mediadores inflamatórios das células >> Histaminas, Prostaglandinas e
Leucotrienos.
Resposta IMEDIATA: broncoconstrição (estimulação de receptores vagais do epitélio), aumento da produção de muco
e vasodilatação variável.
Resposta TARDIA:
Inflamação.
Ativação de eosinófilos, neutrófilos e linfócitos T.
Células epiteliais estimuladas a produzir quimiocinas (eotaxina) que promovem maior recrutamento de Th2 e
eosinófilos.
Sibilância: devido à broncoconstrição e à hipersecreção e retenção de muco >> redução do calibre brônquico.
Tosse.
Taquipneia e taquicardia: podem estar ausentes da doença leve, mas são universais em exacerbações
agudas.
Pulso paradoxal: quando na inspiração ocorre diminuição da amplitude das pulsações (a hiperinsuflação
pulmonar leva, durante inspiração forçada, ao aumento do retorno venoso par VD, esse volume comprime o
septo interventricular e dificulta o enchimento do VE).
Hipoxemia: obstrução grave da via aérea, levando a diminuição da hematose com repercussão na oxigenação
dos tecidos.
Hipercapnia e acidose respiratória: a asma leve a moderada, a ventilação é normal ou aumentada, e a PCO
arterial é normal ou diminuída. Já em ataques ra es, a obstrução de ias aéreas pode piorar, e sobrevém
hipoventilação alveolar, hipercapnia e acidose respiratória.
Obs: O status asmaticus é um ataque que continua por horas ou mesmo dias sem remissão, apesar de terapia
broncodilatadora. Há sinais de exaustão, desidratação e taquicardia importante.
DIAGNÓSTICO
Dados clínicos + teste broncodilatador positivo na espirometria ou obstrução do fluxo aéreo, revertida com o
tratamento ou hiper-reatividade no teste de broncoprovocação.
Usa-se agentes provocativos específicos, como Metacolina e Histamina para perceber hiper-reatividade
brônquica.
Aspiração desses agentes broncoconstritores.
Positivo para hiper-responsividade brônquica: Diminuição de >/= 20% da VEF-1 com a aplicação.
>> Testes cutâneos e/ou dosagem de IgE para caracterizar componente alérgico.
Os testes cutâneos incluem aplicação de solução com antígeno suspeitado. O resultado é positivo quando a
reação cutânea é IMEDIATA.
Hemograma: dosagem IgE.
Dosagem de IgE específica.
EXAMES COMPLEMENTARES
Radiografia e TC dos seios da face Frequente associação da asma com rinite e sinusite.
TRATAMENTO
Agentes anticolinérgicos:
Xantinas:
Corticoides:
NA CRISE ASMÁTICA
Doses altas de beta-2 de curta ação por via inalatória a cada 10 a 30 min
Associar anticolinérgicos na crise grave (0,5 mg)
Corticoides VO ou IV: prednisona, prednisolona, hidrocortisona ou metilprednisolona,
durante 5 a 10 dias.
DPOC
CONCEITO & ETIOLOGIA
Conceito
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma expressão não bem definida que costuma ser aplicada a
pacientes com ENFISEMA e/ou BRONQUITE CRÔNICA.
As DPOC se caracterizam por obstrução crônica e recorrente do fluxo de ar nas vias respiratórias pulmonares.
Fatores de risco
Tabagismo
Aumento da atividade da elastase: enzima liberada por macrófagos alveolares e por neutrófilos. Essas células
estão mais ativas em tabagistas (ação imune: tentativa de livrar o pulmão dos irritantes do cigarro).
Gera atuação do sistema imune, podendo, de forma crônica, levar à acometimento por DPOC.
Hipertrofia das glândulas secretoras de muco na traqueia e brônquios principais >> aumento acentuado das
células caliciformes na superfície epitelial dos brônquios menores e bronquíolos.
Irritantes causam inflamação com aporte de linfócitos CD8+, macrófagos e neutrófilos.
Tipos de Enfisema:
BRONQUITE CRÔNICA
A condição é mais comumente observada em homens de meia-idade (40-65 anos = 20-25%) e está associada à
irritação crônica causada pelo tabagismo e a infecções recorrentes.
Definição Clínica: Pacientes com bronquite crônica possuem produção excessiva de muco e inflamação geral de todo
o trato respiratório. O muco estreita as vias aéreas e torna a respiração difícil.
FISIOPATOLOGIA
ENFISEMA PULMONAR
Acredita-se que o enfisema seja resultado da degradação de elastina e outros componentes da parede
alveolar por enzimas – as proteases.
As paredes alveolares destruídas se dilatam (a localização dessa dilatação determina o tipo de Enfisema –
Centroacinar ou Pan-acinar).
BRONQUITE CRÔNICA
Caracterizada pela grande produção de muco na árvore brônquica, suficiente para causar expectoração
excessiva.
As alterações patológicas iniciais ocorrem nas pequenas vias aéreas, depois progredindo para os brônquios
maiores.
Hipertrofia e hiperplasia de glândulas submucosas (glândulas contribuindo com mais de 50% da espessura da
parede brônquica) >> HIPERSECREÇÃO >> ESTREITAMENTO DE LÚMEN.
Glândulas submucosas? Células produtoras de muco.
Índice de Reid: relação glândula/parede normal é ≤ , . Na bronquite crônica grave pode exceder
0,7.
Hipertrofia de músculos lisos brônquicos.
Hiper-responsibilidade a estímulos broncoconstritores inespecíficos (como histamina e metacolina).
Infiltrado de células inflamatórias >> inflamação >> epitélio colunar pseudoestratificado ciliado sendo
substituído por áreas de metaplasias escamosa >> FUNÇÃO MUCOCILIAR COMPROMETIDA ou ABOLIDA..
As vias aéreas:
Quantidades excessivas de muco são encontradas nas vias aéreas, e tampões semissólidos podem ocluir
alguns brônquios pequenos.
Pequenas vias: estreitas, possuem alterações inflamatórias (infiltração celular edema de paredes), tecido de
granulação presente. Pode ocorrer: fibrose peribrônquica.
Parede brônquica sofre hipertrofia na camada muscular lisa
QUADRO CLÍNICO
ENFISEMA PULMONAR
Apresenta-se como uma doença não inflamatória manifestada por dispneia, obstrução progressiva
irreversível de vias aéreas e anormalidades da troca de gases, particularmente com o exercício.
Ruídos respiratórios
Ruídos respiratórios: geralmente diminuídos em intensidade (fluxo de ar reduzido, tempo expiratório
prolongado e hiperinsuflação pulmonar importante).
Sibilos: quando presentes, são de intensidade diminuída.
Ruídos adventícios das vias aéreas (estertores crepitantes e roncos): incomuns na ausência de
processos sobrepostos (infecção, edema pulmonar...).
xame cardíaco
Taquicardia pode estar presente como na bronquite crônica, especialmente em exacerbações do
quadro ou hipoxemia.
Hipertensão pulmonar: consequência comum de obliteração vascular pulmonar.
Fechamento proeminente da valva pulmonar: pode ocorrer.
Pressão venosa jugular elevada e edema periférica: menos comuns.
Estudos de imagem
Diâmetro anteroposterior torácico aumentado e hemidiafragmas retificado: devido a
hiperinsuflação.
ro as de função pulmonar
VEF1 reduzido (volume expiratório forçado no 1° segundo).
Curva expiratória fluxo-volume fortemente limitada.
Aumento do VR (volume residual) e da CRF (capacidade residual funcional = quantidade de ar que
permanece nos pulmões, ao final de expiração normal).
Gasometria arterial
Perda de capilar alveolar: muita ventilação e pouca perfusão.
Pacientes podem manter níveis normais de CO2 e de O2 mesmo em doença avançada: aumento da
ventilação/minuto.
Hipercapnia (excesso de CO2), acidose respiratória e uma alcalose metabólica compensatória
(aumento de íon bicarbonato): comuns na doença grave.
A capacidade de difusão pulmonar para CO cai com a progressão da doença (perda de perfusão
capilar), levando à dessaturação de Hb em exercício e, finalmente, em repouso.
Policitemia: Como na bronquite crônica, a hipoxemia crônica está associada frequentemente com
hematócrito elevado.
BRONQUITE CRÔNICA
Sibilância: localizada ou difusa: advém do estreitamento das vias aéreas e obstrução por muco.
Estertores bolhosos inspiratórios e expiratórios: Devido ao excesso de secreção nas vias aéreas: devido a
secreção aumentada + aparelho mucociliar deficiente.
xame cardíaco
Taquicardia: comum, especialmente com exacerbações de bronquite ou com hipoxemia.
Hipertensão pulmonar: se hipoxemia crônica e persistente.
Som exacerbado no fechamento da pulmonar à ausculta.
Pressão venosa jugular aumentada e edema periférico.
Estudos de imagem
RX tórax:
Volumes pulmonares aumentados + diafragmas relativamente rebaixados + hiperinsuflação.
Densidades lineares paralelas proeminentes (“linhas em trilhos de bonde”) das paredes brônquicas
espessadas são comuns.
ICT aumentado? Sugere sobrecarga de volume do coração direito.
Artérias pulmonares proeminentes: comuns e são associadas com hipertensão pulmonar.
ro as de função pulmonar
VEF1, CVF (capacidade vital forçada: inspira tudo e solta tudo) reduzidas.
Curva expiratória fluxo-volume fortemente limitada.
Aumento do VR (volume residual) e da CRF (capacidade residual funcional = quantidade de ar que
permanece nos pulmões, ao final de expiração normal).
A capacidade de difusão pulmonar para CO está NORMAL (diferente do que ocorre no enfisema):
capilar alveolar preservado.
Gasometria arterial
Hipoxemia: comum (se no repouso é mais profunda quando comparada a esse sintoma no
enfisema).
Hipercapnia (excesso de CO ), acidose respiratória e uma alcalose metabólica compensatória
(aumento de íon bicarbonato): comuns no avanço da obstrução.
Desequilíbrio ventilação/perfusão.
Policitemia: a hipoxemia crônica está associada com um aumento variável de hematócrito mediado por
eritropoietina. Com a hipóxia mais grave e prolongada, o hematócrito pode aumentar até bem acima de 5 .
DIAGNÓSTICO
Obs: no caso da Bronquite crônica: o diagnóstico requer histórico de tosse produtiva crônica durante pelo menos 3
meses consecutivos por pelo menos 2 anos consecutivos.
Exames complementares:
Tratamento medicamentoso:
Nos casos em que h defici ncia de α1-antitripsina: A α1-antitripsina humana está disponível para a terapia de
reposição em pessoas com deficiência hereditária da enzima.
PROBLEMA 23: DERRAME OU EFUSÃO PLEURAL
ANATOMIA PLEURAL
Cada pulmão é envolvido por uma túnica serosa protetora de duas lâminas, denominada pleura. Esta possui
duas lâminas:
FISIOLOGIA PLEURAL
Contém uma pequena quantidade de líquido lubrificante secretado pelas duas lâminas.
Reduz o atrito entre as lâminas, possibilitando o seu fácil deslizamento uma sobre a outra durante a
respiração.
Adere as pleuras uma à outra, um fenômeno denominado tensão superficial.
HISTOLOGIA PLEURAL
As pleuras são serosas e compostas por mesotélio e por uma fina camada de tecido conjuntivo (que contém fibras
colágenas e elásticas). É uma estrutura de grande permeabilidade, o que explica a frequência de acúmulo de líquidos
entre os dois folhetos pleurais (derrame pleural). Esse líquido deriva do plasma sanguíneo por transudação através da
parede dos capilares, provocada por processos patológicos. .Em contrapartida, em determinadas condições, líquidos
ou gases contidos na cavidade da pleura são rapidamente absorvidos.
DERRAME PLEURAL: CONCEITO E ETIOLOGIA
CONCEITO e ETIOLOGIA
Trata-se da presença extra/anormal de líquido na cavidade pleural. Essa presença pode ocorrer em forma
de:
TRANSUDATO EXSUDATO
Tem relação com resultam de um desequilíbrio entre as Contém proteínas com quantidade maior que
pressões hidrostática e oncótica no tórax. 2,9 gm/dL e, frequentemente, células inflamatórias
(sugestivas de Pleurite).
Nesse caso, denomina-se hidrotórax.
Líquido claro. Principais causas:
1. Invasão microbiana: por infecção pulmonar direta
Principal causa: ou por via sanguínea (pleurite supurativa ou empiema).
Hidrotórax devido a ICC é o tipo mais comum de 2. Tumor (carcinoma pulmonar ou neoplasias
derrame pleural. metastáticas, no pulmão ou na pleura, e mesotelioma).
3. Infarto pulmonar.
Outras causas: insuficiência renal, cirrose, nefrose, 4. Pleurite viral.
insuficiência hepática e câncer.
Causas menos comuns: LES, artrite reumatoide,
vasculites, uremia, doenças gastrointestinais
(pancreatite, perfuração esofágica), embolia pulmonar e
cirurgias anteriores da cavidade torácica.
Critérios de Light
Obs: DHL = LDH: Desidrogenase Lática (enzima liberada a partir de tecido pleural inflamado ou lesionado)
Independente da causa exata, o derrame pleural tem origem no desequilíbrio entre formação e absorção
de líquido:
Fisiológico: o líquido entra no espaço pleural a partir dos capilares da pleura parietal e é removido pelos
vasos linfáticos na pleura parietal.
Aumento da formação de Líquido Redução da absorção de líquido
Aumento do líquido intersticial pulmonar Obstrução dos linfáticos da pleural parietal
ICC, Pneumonia, Embolia Pulmonar. Infiltração neoplásica
Além de em esxudato ou transudato, o derrame ainda pode ser diferenciado quanto a seu aspecto:
Parapneumônico: ocorre durante o curso clínico de uma pneumonia ou abscesso pulmonar (↥ PMN).
Hemorrágico: acidente de punção, neoplasia, tuberculose, TEP.
Odor de urina: urinotórax.
FISIOPATOLODIA DO DERRAME PLEURAL
Se muito alterado (aumentado), elementos contidos no sangue poderão passar com mais facilidade para o
espaço pleural, e o líquido conterá maior quantidade de proteínas ( , g ), marcadores inflamatórios
bioquímicos e células, constituindo o denominado exsudato.
Se normal ou pouco alterado, sendo o principal mecanismo a alteração das pressões hidrostática ou
oncótica, a taxa proteica será inferior a ,5 g , os marcadores inflamatórios e as células serão normais,
caracterizando-se o transudato.
Dor entilat rio-dependente ou pleurítica gerada por estimulação da pleura parietal: o sintoma depende de
a pleura parietal estar inflamada e ou tracionada por aderências com a pleura visceral.
Dispneia: intensidade variável a depender da extensão do derrame.
Sintomas sistêmicos como astenia, emagrecimento e febre dependem de inflamação ou do mecanismo
etiopatogênico envolvido.
A presença de sintomas associados como tosse e hemoptise também depende da etiologia subjacente.
Ao exame físico: diminuição/abolição do murmúrio vesicular e do FTV (melhor transmitido em meio sólido)
+ macicez à percussão do tórax (normal: som claro pulmonar).
Alterações em exames de imagem (via diagnóstico).
DIAGNÓSTICO
Toracocentese
Punção do tórax com agulha fina ou de Cope para coleta e análise do líquido pleural
Análise: bioquímica, citologia diferencial, citologia oncótica e exames bacteriológicos.
Observação: A determinação da causa do derrame pode não necessitar de investigação pleural (toracocentese e
biopsia) se houver pistas consistentes que expliquem a ocorrência de derrame pleural. Por exemplo, em um caso de
IC, observa-se evolução e acompanha-se resolução do derrame.
Transudato: normalmente causado por ICC ou por cirrose, ou outra causa que já esteja em tratamento ou
que vai ser tratada.
Exsudato: tipo de tratamento depende estritamente dessa investigação.
Exame Radiológico
Opacidade homogênea que, devido ação da gravidade, flui para as porções mais declives da cavidade
pleural, impedindo a visualização do seio costofrênico.
Imagem em menisco na interface derrame-pulmão, com bordos bem nítidos.
Desvio contralateral do mediastino se o derrame for volumoso.
Incidência de Laurel: decúbito lateral com raios horizontais. Muito utilizada para diferenciar derrame de
espessamento pleural.
US tórax
TC tórax
Útil na avaliação do diagnóstico etiológico como neoplasia, TEP (angio-CT), pneumonia, etc.
Auxilia na diferenciação de abscesso e empiema.
Pode evidenciar septações e derrame loculado.
TRATAMENTO
Ventilação pulmonar
INSPIRAÇÃO
A expiração, diferentemente da inspiração, é um processo passivo. Quando feita de maneira espontânea não envolve
contrações musculares e sim o relaxamento dos músculos que foram contraídos durante a inspiração anterior.
Movem as costelas
Oblíquo externo: inferiores para baixo +
Oblíquo interno: comprimem as vísceras
Transverso do abdome: abdominais, forçando o
Reto do abdome: diafragma para cima
(diminuir diâmetro crânio-
caudal).
A pressão pleural (do líquido na cavidade pleural) é sempre negativa, ficando ainda mais negativa durante o processo de
inspiração (necessário para expansão pulmonar e, assim, para que ocorra a entrada do ar na cavidade
CONCEITO
É caracterizado pela presença de ar no espaço pleural – normalmente este é virtual e compreendido entre
as pleuras visceral e parietal. Essa presença de ar acarreta em colapso pulmonar (atelectasia) parcial ou
completo.
Espontâneo: geralmente causado por ruptura de bolhas (blebs) e divide-se em primário e secundário.
Primário: quando não decorre de nenhum evento traumático conhecido e também não existe uma doença
pulmonar preexistente.
Secundário: nos casos em que há o reconhecimento clínico ou radiológico de uma doença pulmonar
preestabelecida. Costuma ser mais grave.
Traumático: decorre de um trauma torácico direto e divide-se em aberto e fechado.
Aberto: lesões torácicas penetrantes, todas as camadas da parede torácica são rompidas, permitindo a
entrada de ar no espaço pleural.
Fechado: em geral é provocado por uma solução de continuidade na pleura visceral determinada por
espículas ósseas decorrentes da fratura de uma ou mais costelas.
Hipertenso: pressão intrapleural aumentada. Ocorre quando um mecanismo de válvula numa fístula
broncopleural (isto é, ao nível da ruptura) permite que o ar entre, porém não saia do espaço pleural.
ETIOLOGIA
Ruptura de Bolhas.
Traumatismos perfurantes.
Procedimentos médicos invasivos.
Presença de doenças pulmonares anteriores:
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) costuma ser a principal causa de pneumotórax
espontâneo secundário.
Várias outras doenças pulmonares (TEP, fibrose cística, asma, granuloma eosinofílico, tuberculose,
sarcoidose, linfangioliomiomatose...) também podem cursar com pneumotórax.
FISIOPATOLOGIA DO PNEUMOTÓRAX
Esse colapso pode ser parcial ou total a depender da quantidade de ar presente do espaço pleural.
Causa diminuição da complacência pulmonar, à medida que dificulta o processo de expansão do pulmão.
A hipoxemia também é consequência do colapso pulmonar, uma vez que há diminuição da área de troca
gasosa, e compressão do tecido pulmonar, dificultando o processo de hematose e a oxigenação dos tecidos.
O colapso pulmonar pode causar vasoconstrição dos vasos sanguíneos no pulmão afetado, deslocando o
fluxo para o pulmão sadio >> piora da hipoxemia.
Ocorre um aumento da pressão torácica:
Diminuição da Capacidade Vital: CP – Volume residual (também devido ao colapso pulmonar), dificuldade
de expirar e inspirar volumes adequados de forma forçada.
Pneumotórax extensos.
Nos Pneumotórax secundários, a hipoxemia tende a ser mais grave, já que as pessoas possuem doença
pulmonar subjacente.
Em pessoas com doença cardíaca subjacente também há piora: quando incapazes de compensarem por meio
de aumento da FC e do VS.
Pneumotórax hipertensivo
DC diminuído: compressão e deslocamento do coração e dos grandes vasos + aumento da pressão torácica =
dificuldade de ejeção do sangue pelo VE.
Hipóxia.
Aumento da tensão na cavidade pleural.
Desvio do mediastino.
Variação do Quadro:
Manifestações comuns:
DIAGNÓSTICO
RX tórax:
Ar na cavidade pleural (linha “escura” determina a pleura onde deveria estar apenas parênquima pulmonar).
Pneumotórax pequeno: necessita de RX durante expiração forçada ou em decúbito lateral.
Desvio do mediastino contralateralmente ao pulmão complicado.
No Pneumotórax hipertensivo: desvio do mediastino, rebaixamento do mediastino e alargamento dos
espaços intercostais.
EXAMES COMPLEMENTARES
TRATAMENTO
Alívio da dor.
Repouso.
Antitussígeno.
Leve sedação.
Oxigênio por cateter nasal (acelera a reabsorção do ar da cavidade pleural).
Tratamento Cirúrgico:
TORACOSCOPIA
Intérfase = G1 + S +G2
PRÓFASE
METÁFASE
ANÁFASE
TELÓFASE
COMPLEXO CICLINA-CDK
As ciclinas são um grupo de proteínas que promovem as diferentes fases do ciclo celular (se acumulam na interfase,
degradadas ao final da mitose). Elas atuam ativando um grupo de enzimas, denominadas cinases (CDK – cinase
dependente de ciclina).
Já as CDK são enzimas intimamente ligadas a regulação do ciclo celular. O complexo ciclina-CDK controla a passagem
através das fases distintas do ciclo celular, por meio da modificação de proteínas alvo.
Como isso funciona? CDKs são enzimas que fosforilam (ligam grupos fosfatos a proteínas alvo). O grupo
fosfato ligado age como um interruptor, tornando a proteína mais ou menos ativa. Quando uma ciclina ativa
uma CDK, ela a direciona para um conjunto específico de proteínas alvo, adequadas para o período do ciclo
celular controlado por essa determinada ciclina.
Exemplo: Ciclinas da fase M enviam CDKs para alvos da fase M, ativando proteínas especificas para a
degradação da carioteca, por exemplo.
CHECK-POINTS
Atua num processo indireto de inibição do CDK: a P-53 desencadeia a produção das CKI (inibidoras de CDK).
Comumente conhecida como “guardiã do genoma”, a P-53 atua em resposta a danos no DNA, trabalhando em vários
níveis para garantir que as células não transmitam seus DNAs danificados através da divisão celular.
Os pulmões são sítios frequentes de metástases de tumores extratorácicos. Porém, o câncer primário de
pulmão também é comum:
95% – Carcinomas.
5% – Outras neoplasias.
Carcinomas de Pulmão
CONCEITO
Também chamado de “Câncer de Pulmão”. Tumor maligno epitelial ou glandular, que tende a invadir tecidos
circundantes, originando metástases. Possui quatro principais tipos histológicos:
Adenocarcinoma: tumor primário mais comum em mulheres, em não fumantes e em pessoas abaixo de 45
anos.
Carcinoma de células escamosas (ou espinocelular): maior associação ao tabagismo. Mais comum em
homens.
Carcinoma de pequenas células: maior associação ao tabagismo.
Carcinoma de grandes células.
Carcinoides
Tumores mesenquimais malignos (ex: fibrossarcomas & leiomiossarcomas)
Linfomas Pulmonares
Lesões benignas (o mais comum: Condroadenoma – Hamartoma)
Carcinoides
A maioria dos carcinoides se origina em brônquios principais. São neoplasias malignas compostas por células que
contêm centro denso com grânulos neurossecretores em seus citoplasmas e, ainda que raramente, secretam
polipeptídeos hormonais ativos. Classificação:
Típicos (baixo grau de agressividade).
Atípicos (grau intermediário de agressividade).
Na maioria das vezes, ambos são operáveis e curáveis.
Não h fator causal conhecido, e por motivos ignorados é menos prevalente em negros.
Fibrossarcomas: neoplasias malignas compostas de fibroblastos. Tendem a crescer lentamente, e normalmente têm
estado presentes por vários anos no momento do diagnóstico. Local típico de origem: tecidos profundos da coxa,
joelho e área retroperitoneal. Frequentemente recidivam localmente após excisão (em mais de 50% dos casos) e
podem originar metástases por via hematógena (em mais de 25% dos casos), usualmente para os pulmões. Massas
infiltrativas macias e não encapsuladas que frequentemente contêm áreas de hemorragia e necrose.
Leiomiossarcomas: tumores do músculo liso. Tomam a forma de massas necrosadas moles e hemorrágicas.
Linfomas Pulmonares
Pode ser: Primário; Secundário ou recorrente; Devido a alterações linfoproliferativas pós-transplante; Devido a
AIDS.
Linfomas primários de Pulmão são condições raras (0,5% de todas as neoplasias pulmonares), que
geralmente acometem indivíduos da 6° e 7° décadas de vida.
O tipo mais comum: Linfoma de MALT (tecido linfoide associado à mucosa).
Linfomas secundários são mais comuns e podem resultar de extensão direta de linfonodos mediastinais ou de
disseminação linfática ou hematogênica de sítios distantes. Normalmente em decorrência de linfoma
Hodgkin.
Condroadenoma (Hamartoma)
Tumor misto e benigno. Constituído por elementos próprios do pulmão (resulta do crescimento desordenado e
anormal de um tecido encontrado no parênquima pulmonar), com crescimento autônomo e continuado, de
surgimento mais frequente na década de vida.
dos casos: lesão é intrapulmonar, apresentando-se radiologia como um nódulo cortical, quase sempre
assintomático.
dos casos: lesão endobrônquica (quando há inclusão epitelial).
Os agentes carcinogênicos
Em maior proporção: consumo de cigarros (90% das neoplasias pulmonares Fatores causadores de
ocorrem em fumantes ativos ou em pacientes que deixaram de fumar mutações genéticas que
recentemente) transformam células
progenitoras pulmonares
Em menor proporção: exposição a outros fatores ambientais (radiação, metal em células neoplásicas
pesado, poluição).
Os carcinomas relacionados com o tabagismo podem surgir pelo acúmulo de sucessivas alterações genéticas.
A sequência de alterações moleculares não é aleatória: sequência previsível que se assemelha à progressão
histológica para o câncer.
Precocemente: inativação de genes supressores de tumores (no braço curto do cromossomo 3 – 3p).
Tardiamente: mutações do TP53 ou P53 (proteína “guardiã do genoma” importante para que o ciclo celular
ocorra de maneira correta; evita proliferação de células com DNA danificado) + ativação do oncogene KRAS
(faz parte de um grupo de genes envolvidos na via receptor do fator de crescimento epidérmico).
Resultado: proliferação descontrolada de células pulmonares.
Importante:
As mudanças genéticas que antecedem o câncer de pulmão podem persistir por muitos anos no epitélio
brônquico de ex-fumantes.
Fumantes passivos aumentam o risco de câncer de pulmão em +/- 2x quando comparados a não fumantes.
Fumantes de cachimbos e charutos também têm risco aumentado, mas em menor grau que os fumantes de
cigarro.
Apesar da relação intrínseca entre tabagismo e câncer de pulmão, a grande parte dos fumantes não desenvolve a
doença. Logo, é muito provável que o efeito mutagênico das substâncias cancerígenas do cigarro esteja
condicionado a fatores hereditários (genéticos).
Quais são as principais substâncias cancerígenas do cigarro?
Geralmente apresentam-se cinza-claro, de localização central, com extensão para o parênquima pulmonar e
envolvimento precoce dos linfonodos hilares e mediastinais. Forma e composição:
Células que variam de redondas a fusiformes, com pouco citoplasma e cromatina finamente granular.
Figuras de mitoses são frequentemente encontradas.
Apesar da denominação pequenas, as células são geralmente 2x o tamanho de linfócitos típicos.
A necrose invariavelmente está presente e pode ser extensa.
As células tumorais são marcadamente frágeis.
Esses tumores frequentemente expressam uma variedade de marcadores neuroendócrinos, além da
secreção de uma variedade de hormônios polipeptídicos, que podem resultar em síndromes paraneoplásicas.
Adenocarcinomas
Podem ocorrer como lesão central semelhante ao carcinoma de células escamosas, entretanto mais perifericamente,
muitas vezes exibindo cicatriz central. Geralmente crescem lentamente e formam massas menores do que os outros
subtipos tumorais, mas tendem a sofrer metástase amplamente ainda em estágio inicial. Forma e composição:
Forma variada, incluindo a acinar (em forma de glândula), papilar, mucinosa e o tipo sólido.
Lesão precursora: hiperplasia adenomatosa atípica.
Como fica ao microscópio? Foco bem demarcado de proliferação epitelial (cuboide ou colunar baixo;
espessamento do epitélio), hipercromasia nuclear, pleomorfismo e nucléolo proeminente.
Apresentam mutação no gene KRAS.
Progressão para adenocarcinoma in situ, minimamente invasivo e invasivo.
o In situ? É uma lesão tumoral pré-invasiva localizada (ainda não se
rompeu a membrana basal).
Tendem a surgir centralmente nos brônquios principais e eventualmente se espalham para linfonodos hilares.
Disseminação para fora do tórax mais tardiamente do que os outros tipos histológicos. Forma e composição:
São tumores epiteliais malignos indiferenciados com ausência de características citológicas de carcinoma de células
pequenas e sem diferenciação glandular ou escamosa. Composição e forma:
Carcinomas de Pulmão
Manifestações grais: anorexia, consumpção (definhamento do organismo por doença), fadiga, anemia.
Manifestações torácicas extrapulmonares:
Síndrome da veia cava superior.
o Compressão da veia cava superior por crescimento do tumor pulmonar.
Paralisia diafragmática.
Disfagia.
DIAGNÓSTICO
No momento do diagnóstico, mais de 50% dos pacientes já apresentam metástases a distância e cerca de
25% têm células tumorais em linfonodos regionais
Comprovação diagnóstica: Dados clínicos + RX e/ou TC de tórax + Exame citológico ou histopatológico (determinar o
tipo de carcinoma).
*Exame imuno-histoquímico: envolve o uso de anticorpos para facilitar a identificação de produtos ou marcadores de
superfície celular.
RX ou TC tórax: nódulos, massa, alargamento do mediastino, consolidação pulmonar, atelectasias, derrame pleural.
EXAMES COMPLEMENTARES
Broncoscopia: lavado broncoalveolar, escovado e biopsia para diagnóstico histológico e estadiamento do tumor.
Punção transtorácica guiada por TC: indicada para lesões periféricas sem comprovação diagnóstica prévia.
Mediastinoscopia: biopsia de linfonodos mediastinais para diagnóstico e estadiamento
Videotoracoscopia e toracotomia exploradora: em último caso para diagnóstico e eventual tratamento após biopsia
de congelação.
TRATAMENTO
16% dos pacientes apresentam taxa de sobrevida de cinco anos, valor que pouco mudou ao longo dos
últimos 30 anos.
Se doença restrita aos pulmões: 45% dos pacientes apresentam taxa de sobrevida de cinco anos.
TABAGISMO É DOENÇA!
Toxicomania caracterizada pela dependência física e psicológica do consumo de nicotina, substância presente no
tabaco.
O cigarro possui quase 5000 toxinas, que prejudicam e agem de forma deletéria ao organismo. Os dois
componentes mais nocivos são: nicotina e monóxido de carbono.
A Nicotina é uma droga psicoativa, alcaloide básica, líquida e de cor amarela que constitui o princípio ativo
do tabaco:
1. Imita a atividade do neurotransmissor acetilcolina pela ligação ao mesmo receptor (nicotínico, encontrado
nos músculos esqueléticos, no SNC e nos neurônios autonômicos).
2. Aumenta a liberação de dopamina nos centros de recompensa do cérebro (sistema mesolímbico),
produzindo a sensação de prazer.
3. Com o aumento da liberação de dopamina, nosso corpo avalia a situação como benéfica, criando uma
relação subjetiva de prazer que nos leva ao desejo de repetir o comportamento.
4. Com o tempo, o cérebro também começa a associar os aspectos sociais do tabagismo com o prazer, uma
resposta condicionada que torna difícil o abandono do vício.
Qual é a resposta usual das células cronicamente expostas a concentrações elevadas de uma molécula
sinalizadora?
Inicialmente, o aumento nos níveis do sinal gera uma resposta aumentada. À medida que essa resposta
aumentada continua, as células-alvo podem tentar fazer sua resposta retornar ao normal por downregulation
ou por dessensibilização dos receptores para o sinal.
Downregulation: diminuição do número de receptores (por endocitose).
Dessensibilização: a célula passa a não responder tanto mais a molécula.
O resultado da diminuição do número de receptores ou da dessensibilização é uma redução da resposta da
célula-alvo, mesmo que a concentração da molécula sinalizadora permaneça alta.
Logo: aumento do uso do cigarro para promover a mesma sensação de prazer anterior.
Câncer (pulmão, boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, bexiga, rim, colo de útero, leucemia mielóide
aguda).
DPOC.
Doença arterial coronariana.
HAS.
AVE.
Gengivite, otite, sinusite, labirintopatia.
Osteoporose.
Catarata.
Impotência sexual.
Gravidez tubária.
RN com baixo peso.
Carga tabágica
Como calcular?
40 : 20 = 2 x 30 = 60 maços/ano.
Grau de Dependência
Teste de Farfestrom
Manifestações Clínicas
Assintomático.
Tosse seca ou com expectoração.
Dispneia.
Rouquidão.
Dor torácica.
Disfagia.
Outras manifestações: doenças para as quais o tabagismo é fator de risco.
Exames Complementares
Tratamento
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Indicado apenas para aqueles com dependência a nicotina (teste de Fargeström > 5
pontos).
Terapia de reposição de nicotina (TRN):
Chicletes contendo nicotina: mascar 10 a 15 gomas por dia para controlar a abstinência.
Adesivos de nicotina transdérmica: 21 mg/dia durante 4 semanas; a seguir, 14 mg/dia durante 4
semanas, e depois 7 mg/dia durante mais 4 semanas.
Contraindicações da TRN: gestantes e pacientes com história recente de infarto agudo do miocárdio.
Bupropiona: iniciar com 150 mg, VO, pela manhã durante 4 dias; a seguir 2 vezes/dia (às 7 h e às 15 h),
durante 12 semanas.
Vareniclina: iniciar com 0,5 mg, 1 vez/dia durante 3 dias; depois 0,5 mg, 2 vezes/dia durante 4 dias; a seguir,
1 mg, 2 vezes/dia, até completar 12 semanas.
Baixa motivação.
Síndrome de abstinência.
Ansiedade e/ou Depressão.
Aumento do peso corporal no início da cessação.
PROBLEMA 26: METÁSTASES
Capilares linfáticos > vasos linfáticos > linfonodos > vasos linfáticos
Troncos linfáticos: vasos pós-linfonodais formam troncos (principais: lombar, intestinal, broncomediastinal, subclávio e jugular).
Ductos linfáticos: troncos se unem formando ductos (linfático direito e linfático esquerdo/torácico).
2. Linfonodos intrapulmonares.
3. Linfonodos hilares (broncopulmonares).
4. Linfonodos traqueobronquiais (inferiores, superiores e traqueobronquiais): arrodeiam traqueia e brônquios
principais.
5. Tronco broncomediastinal.
6. Circulação.
***Linfonodos axilares
SISTEMA ARTERIAL
Obs: Irrigação Nutritiva Arterial Pulmonar
O primeiro ramo da aorta descendente torácica são as artérias bronqueais, são pequenas. Essas artérias bronqueais
acompanham a arvore brônquica irrigando todo parênquima pulmonar.
SISTEMA VENOSO
A drenagem do sangue contendo os metabólitos do pulmão é feita por dois sistemas. Parte desse sangue sujo vai
voltar para o coração direito através das veias pulmonares, portanto, veias pulmonares participam tanto da drenagem
de troca como da drenagem metabólica. Aí você pode pensar, as veias pulmonares carregam sangue rico em oxigênio,
mas carregam também metabólitos? Sim, porque os metabólitos ainda não foram jogados fora.
A drenagem de metabólitos é feita, principalmente, pelas veias intercostais posteriores, que jogam esse sangue na
hemiazigos, na hemiazigos acessória e na azigos e aí cai no lado direito do coração.
METÁSTASE: COMO OCORRE E VIAS DE DISSEMINAÇÃO
Conceito de Metástase
Esse implante tumoral secundário é descontínuo com o tumor primário e localizado em tecidos remotos.
A propriedade de um tumor de estabelecer metástase o configura como MALIGNO.
Em muitos pacientes, as metástases são a primeira manifestação clínica de um câncer.
Sarcoma Osteogênico.
>> Capacidade de implantação em outros sítios não está sempre entrelaçada com a capacidade de invasão.
Geralmente:
+++++ Anaplásica
METÁSTASE!
↥↥ Tamanho da Neoplasia 1°
Obs: Exceções:
Hipótese SIM:
Hipótese NÃO:
Células normais encontram-se “aderidas” umas s outras e ao interstício por meio de estruturas e moléculas
de adesão, principalmente caderina.
Células tumorais tem sua expressão de moléculas de adesão alterada: perda de algumas caderinas, mudança
na expressão de integrinas: inibição das que mantêm as junções entre as células.
De células em bloco:
Criação de vias na MEC: ação de metaloproteases, locomoção ativa.
Expressão de moléculas na membrana: permite modificações no citoesqueleto de todas as células do
conjunto, facilitando o deslocamento.
De células isoladas:
Movimento ameboide, com lançamento de pseudópodes.
A maioria das células tumorais é destruída pela força de cisalhamento imposta pela corrente sanguínea. As
sobreviventes escapam dos mecanismos de defesa do organismo por meio, entre outros, da ativação da coagulação
sanguínea, que resulta em ativação de plaquetas e formação de uma capa de fibrina sobre as células tumorais,
protegendo-as dos efeitos lesivos da resposta imunitária.
Ocorre quando as neoplasias invadem uma cavidade corporal natural. Particularmente característico dos cânceres de
ovário, que muitas vezes cobrem amplamente as superfícies peritoneais.
É a mais típica dos carcinomas (câncer de tecido epitelial). Ocorre quando o tumor desloca-se pelos capilares e vasos
linfáticos. Os locais secundários de implantação podem ser previstos de acordo com a direção do fluxo da linfa a partir
do local primário. As células tumorais podem atravessar todos os linfonodos, alcançando finalmente o compartimento
vascular por meio do ducto torácico.
Linfonodo sentinela: 1° linfonodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário. Sua biópsia permite a
determinação da extensão da disseminação do tumor e pode ser usada para planejar o tratamento.
É favorecida pelos sarcomas (câncer de tecido mesenquimal), mas os carcinomas também a utilizam. Veias são mais
frequentemente penetradas que artérias.
Para cada gênero, idade e sítio metastático há uma lista de neoplasias que mais comumente são capazes de
se manter indetectáveis no sítio primário.
Comprovação: Biópsia de neoplasia metastática + Dados epidemiológicos, morfológicos e moleculares.
Injeção de marcadores imuno-histoquímicos (anticorpos): a presença de antígeno clássico de outro
tecido remoto indica a região primária tumoral.
O câncer pulmonar tem tumorigênese rápida, frequentemente sem lesões precursoras identificáveis, disseminação
rápida e colonização de sítios metastáticos como ossos, pulmão e cérebro em poucos meses.
Cuidados Paliativos
Abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a
continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, o que requer identificação precoce, avaliação
e tratamento impecável da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.
O que Requer:
Equipe multiprofissional.
Compilado de medicamentos.
Mudanças dietéticas e intervenções físicas, psicológicas e espirituais.
Ambiente hospitalar e/ou domiciliar.
Participação familiar.
Quem receberá Cuidado Paliativo? Paciente que recebe o diagnóstico de uma doença potencialmente letal.
Portar doença inexorável para o óbito e esclarecimento disso para paciente e família.
Paciente e/ou a família: desejar aliviar ao invés de curar.
Possuir 01 dos seguintes elementos:
Progressão clínica documentada da doença.
Dependência em pelo menos 3 das 6 atividades de vida diária (AVD).
Prejuízo do estado nutricional recente, documentado, relacionado com o processo terminal.
Dor
Medicar regularmente e preferencialmente por via oral.
*Dor leve: Paracetamol. Dipirona, AAS ou AINE.
*Dor moderada: Analgesia por opióides fracos (ex: Codeína). (pode estender para via IV).
*Dor intensa: Analgesia por opióides fortes (ex: Morfina, Metadona, Fentanil...) com medicações
coadjuvantes ou não.
Dispneia
Paciente deve manter a cabeceira elevada ou adotar a posição semissentada.
Oxigenoterapia (cuidado com portadores de DPOC).
Retirada de líquido pleural ou peritoneal quando for o caso.
Fisioterapia respiratória até o fim da vida.
Dispneia é acompanhada por ansiedade: Lorazepam ou Diazepam.
Opióides: depressores da função respiratória: Morfina por via SC.
Tosse
Excluir medicamentos que causam tosse (ex: IECA).
Posição semissentada.
Uso de Codeína e Dextrometorfano.
Aerossolterapia e Broncodilatadores.
Anorexia
Por vezes incomodará mais a família do que o próprio paciente.
Oferecer dieta saborosa em pequenas porções, várias vezes ao dia.
Alimentação parenteral? Deve avaliar necessidade.
Depressão
Identificado um caso de depressão: inicia-se tratamento se houver perspectiva de melhora da qualidade de
vida.
Sintomas como alteração do sono, apetite e fadiga devem ser pouco valorizados.
Já sintomas psicológicos devem ser priorizados (sentimento de culpa, perda e pensamentos
suicidas).
ATENÇÃO: Identificar eventuais causas orgânicas de depressão, tais como anemia, hipercalcemia, doença
neurológica e medicamentos.
Náuseas e Vômitos
Pode ser decorrente de medicamentos, como os opióides.
Uso de antieméticos como o Metacloropramida (Plasil).
Quadro devido a radio/quimioterapia? Ondansetrona (Vonau).
Obstipação intestinal
Pode ser decorrente de medicamentos, como os opióides OU da situação do paciente (desnutrição, restrição
ao leito, alimentação e ingestão de água diminuídas...).
Uso de laxantes e de Enema.
Insônia
Todo esforço deve ser feito para que o paciente possa dormir, principalmente à noite, evitando acordá-lo
para ministrar medicamentos ou outros cuidados.
Evitar o uso de corticoides e diuréticos à noite.
Uso de soníferos: zolpidem, midazolam, flunitrazepam.
Diarreia
Pode ser decorrente da lista de medicamentos indicados a esses pacientes em fase terminal.
Recomenda-se: orientações dietéticas e hidratação. Para aliviar os sintomas: opioides, loperamida, carbonato
de cálcio, octreotida e fibras.
pi ides são f rmacos naturais, semissintéticos ou sintéticos que produ em efeitos tipo morfina.
Mecanismo geral de ação: Agem ligando-se a receptores opióides específicos no SNC para produzir efeitos que
imitam a ação de neurotransmissores peptídeos endógenos (p. ex., Opiopeptinas, Endorfinas, Encefalinas e Dinorfinas
= ANALGESIA ENDÓGENA).
μ (mi)
κ (capa)
δ (delta)
σ (sigma)
>> Cada família de receptores apresenta uma especificidade diferente para os fármacos com os quais ela se liga <<
Propriedade analgésica:
Mediada primariamente por μ (mi) >> modulam respostas nociceptivas térmicas, mecânicas e químicas.
Analgesia. Euforia.
Depressão do SNC. Obstipação (constipação).
Depressão respiratória. Tontura.
Sedação. Dependência física.
Os δ delta >> interagem melhor com as Encefalinas na periferia, mas não está claro sua ligação com
opióides.
Opióides
Fracos:
Codeína, Tramadol.
Fortes:
Morfina, Metadona, Oxidocona, Fentanil.
Possuem ação:
Central: analgesia, euforia,
depressão respiratória, êmese.
Periférica: constipação e
contração do esfíncter.
Morfina
Mecanismo de ação
Efeitos clínicos
Analgesia.
Euforia (forte sensação de contentamento e bem-estar: desinibição de neurônios dopaminérgicos).
Depressão do reflexo de tosse (antitussígeno): depressão respiratória (mi)
Miose: todos os viciados em morfina apresentam pupila puntiforme (resultado de estimulo dos receptores mi
e capa).
Êmese.
Diminui a motilidade do TGI: alivia diarreia, aumenta o tônus do esfíncter anal, causa constipação, contração
da vesícula biliar.
Bradicardia e Hipotensão: em doses altas.
Farmacocinética
A absorção oral é irregular (codeína melhor que morfina). Sofre efeitos da primeira passagem (metabolização inicial
no fígado sendo boa parte do medicamento eliminada). Possui meia-vida de 3-6h. Principais metabólitos:
glicuronados. Neonatos correm maior risco de depressão respiratória.
Comprimidos 10 e 30 mg.
Cápsulas de liberação controlada: 30, 60 e 100mg.
Solução oral: 10mg/mL.
Ampolas: 10mg/mL e 1mg/mL.
VIAS: oral, subcutânea, sublingual, nasal, transdérmica, peridural, retal.
PROBLEMA 27: SISTEMA TEGUMENTAR E ERIPISELA
Morfologia e Histologia
A pele (ou cútis) cobre a superfície externa do corpo e é o maior órgão do corpo em peso (no adulto: 7% do
peso corporal total). É dividida em:
EPIDERME
Possui 05 camadas:
Córnea: Constituída por células mortas e sem núcleo. Tonofilamentos de queratina condensados (placas sem
vida que se descamam).
Lúcida: Mais delgada. Mais comum na pele espessa.
Granulosa: Camada mais fina. Células com granulos de querato-hialina (condensação dos tonofilamentos) e
grânulos lamelares (esses expulsão material lipídico para o meio extracelular: esse material contribui para a
impermeabilização da pele/ barreira).
Espinhosa: Queratinócitos muito unidos e presença de tonofilamentos de queratina (contribui para coesão e
resistência ao atrito).
Basal: rica em células tronco. Responsável por renovação celular. Proliferação de Queratinócitos ocorre aqui
e posterior migração deles em direção à córnea.
Possui 02 camadas:
Papilar: Delgada. Tecido conjuntivo frouxo. Papilas dérmicas (acompanham as cristas epidérmicas da
epiderme). Presença de fibrilas especiais de colágeno (prendem derme e epiderme). Vasos sanguíneos
(nutrem derme e epiderme).
Reticular: Mais espessa. Tecido conjuntivo denso. Muitas fibras de elastina (elasticidade da pele).
Na Derme estão:
Proteção do organismo contra: desidratação, atrito, agentes químicos e patógenos (presença de células do
sistema imunitário, ex: dendríticas [de Langerhans]).
Recepção de informações sensoriais que são levadas ao SNC para coordenação do corpo e integração de
informações: terminações nervosas.
Corpúsculos de Pacini/lamelares: sensíveis à pressão.
Células de Merkel (com discos de Merkel): Mecanorreceptores.
Reservatório de sangue: a derme carrega 8 a 10% do fluxo sanguíneo total em um adulto em repouso.
Excreção de substâncias não necessárias: o suor é veículo para a excreção de pequenas quantidades de sais,
dióxido de carbono e duas moléculas orgânicas resultantes do metabolismo de proteínas – amônia e ureia.
Conceito
nflamação secundária a processo infeccioso que atinge superficialmente a pele e que costuma afetar
MMII, face e mãos. A infecção é aguda e localizada.
Considerada:
Paniculite bacteriana.
Celulite cutânea superficial.
Etiologia
Infecção bacteriana:
Fisiopatologia
O agente infeccioso penetra a pele por meio de “soluções de continuidade”, isto é, ferida na pele. ogo, de
forma rara há acometimento por Erisipela em pele integra.
O processo infeccioso e inflamatório instalado acomete derme e também o panículo adiposo e causa
importante comprometimento de vasos linfáticos dessa região (manifestação consequente: linfangite e
linfadenite).
A Erisipela pode se estender mais profundamente para o tecido subcutâneo e resultar em celulite (infecção
cutânea que compromete uma parte maior dos tecidos moles).
QUADRO CLÍNICO
Mal-estar.
Indisposição.
Tremores.
Febre.
Eritema.
Calor.
Dor.
s vezes: bolhas, na área de inflamação (erisipela
bolhosa).
A pele:
Placas edematosas, vermelho-escuras, bem delimitadas (bordas nítidas), discretamente elevadas, sensíveis
ou dolorosas, quentes, às vezes com vesículas e bolhas, adenite satélite.
Quando na face: placa eritematosa endurada com bordas demarcadas em degrau (“em penhasco”).
A erisipela não tratada pode ser fatal, em consequência de trombose, toxemia e septicemia.
DIAGNÓSTICO
A principal forma de diferenciação entre elas está na observação das margens da lesão.
Erisipela: elevada e bem delimitada.
Celulite: indistinta, gradualmente se misturando com as áreas de pele normal.
TRATAMENTO
O tratamento da erisipela consiste em repouso absoluto, com ele ação dos membros inferiores (posição de
Trendelenburg), aspirina e antibi tico (penicilina e/ou sulfadimetoxina ou eritromicina ou azitromicina). Edema
vespertino pode ser prenúncio de linfedema crônico, cuja prevenção pode ser feita, em parte, com o uso de meias
el sticas apropriadas.
Cuidar dos fatores de risco individuais para evitar o surgimento de lesões e sucessiva infecção bacteriana.
Abordagem cirúrgica? Por vezes pode ser necessária: casos mais graves para remoção/drenagem de grandes áreas
necróticas e purulentas.
PROBLEMA 27: ECZEMA OU DERMATITE ATÓPICA
CONCEITO
Expressão utilizada universalmente para designar manifestaç es inflamat rias cr nicas associadas
predisposição heredit ria do sistema imunológico que privilegia reações de hipersensibilidade mediadas
por IgE, em resposta a antí enos comuns no ambiente intra e extradomiciliar.
Esse conceito situa o eczema atópico entre as expressões da tríade atópica (dermatite atópica, asma, rinite
alérgica), sendo elementos característicos o prurido e a intensa reatividade tecidual.
Distingue-se pela capacidade de produzir surtos de lesões intensamente pruriginosas.
ETIOLOGIA
Fatores de Risco
FR principal: HF positiva para dermatite atópica ou HF positiva para outras doenças atópicas (como asma e rinite).
Países desenvolvidos e áreas urbanas (aumento da quantidade de alérgenos ambientais pela industrialização
e poluição atmosférica).
Populações que migram de áreas com baixa prevalência para áreas com alta prevalência.
Além disso:
Os sinais e sintomas são resultado da complexa interação das células da pele (queratinócitos e células de
angerhans) com as células do sistema imunológico, em especial mastócitos, linfócitos e eosinófilos.
Os linfócitos T dos infiltrados cutâneos na dermatite atópica são quase exclusivamente do tipo helper
(TCD4+), com poucos linfócitos supressores (TCD8+).
A maioria desses linfócitos: Expressam em sua superfície antígenos MHC-II ativados por antígenos alérgenos
+ Apresentam respostas proliferativas autoimunes ante s células epidérmicas lesadas pela dermatite, com
citotoxicidade aumentada frente aos fibroblastos.
QUADRO CLÍNICO
As primeiras manifestações clínicas podem ocorrer em todas as idades, mas são bem mais comuns na
infância, atingindo até das crianças nos primeiros anos de vida.
O quadro clínico é o de um eczema nas fases aguda, subaguda e crônica. Existem três formas clínica,
dependendo da idade:
Lactente (3 meses aos 2 anos): com lesões eritemato-papulovésico-exsudativas, no couro cabeludo, na face,
no pescoço e nas extremidades.
Infantil (2 aos 10 anos): com lesões mais crônicas, com eritema, pápulas, liquenificação discreta, e
predominam nas áreas flexoras dos cotovelos e regiões poplíteas. É frequente o eritema periorbitário.
Adolescente e adulto: quadro crônico de eczema, com liquenificação nas dobras dos cotovelos e joelhos.
***Mais da metade dos pacientes com rinite ou asma demonstram dermatite atópica como manifestação inicial.
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Orientações ao paciente:
Orientar o paciente ou seus pais a respeito do caráter crônico da doença e como evitar os fatores
desencadeantes.
Evitar banhos prolongados.
Não usar água muito quente para lavar o rosto ou no banho.
Tomar banhos coloidais com diluição do amido contido em aveia, maisena ou creme de arroz. Usar
sabonetes glicerinados.
Usar roupas leves, macias e folgadas.
Evitar situações que favoreçam sudorese excessiva (exposição a calor intenso e excesso de roupas)
Cortar unhas 2 vezes/semana para evitar escoriações ao coçar.
Manter os ambientes limpos, livres de aeroalergênios.
Tratamento farmacológico:
Tópico:
Hidratantes potentes 2x/dia e corticoides tópicos não fluorados nas lesões 2x/dia até melhora.
Antibióticos tópicos em casos de infecção bacteriana secundária.
Permanganato de potássio (tratar a coceira e cicatrizar as feridas) 3x/dia até melhora.
Sistêmico:
Cloridrato de Hidroxizina (antialérgico).
Prednisona (corticoide).
ECZEMA: OUTRAS FORMAS DE APARECIMENTO DA DOENÇA
OS ECZEMAS
Os termos “eczema” e “dermatite” são usualmente utilizados como sinônimos e, quando se referem s
respostas eczema- tosas, correspondem a um padrão polimorfo de reação inflamatória que compromete a
derme superior e a epiderme.
“Tipo de dermatose que se caracteriza por apresentar vários tipos de lesões. Nos estágios iniciais, caracterizam-se por
eritema, edema, descamação e intenso prurido. Posteriormente, surgem liquenificação e infecção secundária,
produto do círculo vicioso de resposta mecânica da coçadura, medicamentos tópicos, mais prurido e queimação e
mais liquenificação”.
ECZEMA DE CONTATO
Fase de indução (sensibilização): o alérgeno penetra na epiderme e é apresentado pelas APC para os
linfócitos T – 10 a 14 dias;
Fase de elicitação: reexposição dos alérgenos ativa os linfócitos T, que produzem citocinas, desencadeando
uma resposta inflamatória.
Quadro clínico: erupção pruriginosa intensa no local de contato com o alérgeno. Classicamente se apresenta com
pápulas e vesículas sobre base eritematosa. Cronicamente, pode haver xerose, fissuras e placas eczematosas com
liquenificação.
Irritativa:
Conceito: eczema resultante da exposição a substâncias químicas, físicas ou mecânicas que danificam a pele.
Prevalência/FR: profissões de maior risco: com exposição repetida a água e/ou sabão, como profissionais de saúde,
de serviços de limpeza, e empregados da indústria de alimentos, ou os expostos a solventes, como os maquinistas.
Fisiopatologia: resposta não-imune a substâncias químicas ou a agentes físicos, como a fricção, capaz de romper a
barreira epidérmica normal. A pele irritada perde o óleo e a umidade apropriados, permitindo que os irritantes
penetrem mais fundo e causem maior dando, desencadeando reação inflamatória.
Quadro clínico: a dermatite é bem delimitada, com aspecto lustroso e pode haver eritema, edema, vesículas e
descamação.
Outros nomes: disidrose, dermatite eczematosa disidrótica, eczema palmar vesiculoso ou ponfólix.
Conceito: corresponde aos estados eczematosos vésico-bolhosos agudos, crônicos ou recorrentes de dedos, palmas
e plantas.
Prevalência: representam cerca de das dermatoses das mãos e predominam na faixa etária dos 20 aos 40 anos e
em cerca de 5% das crianças com menos de 10 anos de idade.
Quadro clínico:
ECZEMA DE ESTASE
Causas: todas as causas relacionadas com insuficiência circulatória: varizes primárias, TVP, IVC e anomalias vasculares
venosas constitucionais. Além disso, possui como fatores de risco (e que agravam o eczema):
Obesidade.
ICC.
Tipo de ocupação (permanência por longos períodos em pé).
Gestações múltiplas.
Doenças que limitam os movi- mentos (artrite reumatóide, defeitos ortopédicos, fraturas nos MMII, traumas
na região pré-tibial em pessoas com idade avançada).
Quadro clínico:
Edema das extremidades inferiores (que se agrava no período vespertino e melhora com a elevação).
Eritema vésico-secretante na fase aguda e liquenificação na fase crônica, com início nos tornozelos e com
progressão gradual que pode chegar aos estados exuberantes de linfoestase verrucosa e elefantíase.
OBS: “A disseminação do quadro eczematoso por sensibilização é comum e se deve, via de regra, sensibilização
pelos elementos antigênicos contidos nos produtos (equivocadamente) empregados com finalidade terapêutica
(bálsamo-do-peru, lanolina, fragrância, neomicina, sulfas, prometazina). O agravamento dos estados eczematosos
originais se deve, também, medicação intempestiva ou automedicação, toxicidade dos agentes utilizados, s
infecções bacterianas recorrentes, celulite, erisipela e úlceras secundárias”.
ECZEMA ASTEATÓSICO
Prevalência: Acontece principalmente com idosos, em climas frios e temperados e na baixa umidade das residências
com calefação. Surge preferivelmente nas pernas, mas pode afetar os braços e até o tronco.
Causas:
Quadro clínico:
CONCEITO E EPIDEMIOLOGIA
CONCEITO
A hanseníase, ou mal de Hansen (MH), doença infecciosa contagiosa causada pelo Mycobacterium leprae
que compromete a pele e os nervos periféricos e tem evolução crônica interrompida por surtos reacionais
(agudizações).
O contágio ocorre de indivíduo para indivíduo, sendo as vias de entrada e de eliminação dos bacilos áreas
lesadas da pele ou de mucosas e as vias respiratórias superiores.
EPIDEMIOLOGIA
Um dos fatores que podem atrapalhar no conhecimento nacional da real situação da dissipação da doença
no Brasil é a falha na rede de comunicação e de notificação da doença (esta deve ser compulsória):
disparidade entre serviços tecnológicos a depender da situação econômica do município.
ETIOLOGIA
A causa da Hanseníase está na infecção pela bactéria Mycobacterium leprae. Essa infecção pode se dar de
pessoa doente para pessoa saudável através de secreções contendo o bacilo.
É contagiosa nos casos altamente infectados, cujos pacientes eliminam bacilos pelas vias respiratórias, áreas
de pele e mucosas erodidas, dependendo da suscetibilidade do indivíduo e de contato prolongado.
Estima-se que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o M. leprae. Portanto, a
maior parte das pessoas que entrarem em contato com o bacilo não adoecerão. É sabido que a
susceptibilidade ao . leprae possui influ ncia enética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase
possuem maior chance de adoecer.
O período de incubação é de 3 a 5 anos.
Gênero: Mycobacterium.
Espécie: Mycobacterium leprae.
Outro nome: Bacilo de Hansen.
Forma: Bacilo.
Arranjo:
Coloração: Ziehl Neelson.
BAAR: Bacilos álcool-ácido resistentes.
Paredes celulares ricas em lipídeos complexos.
É a única bactéria que consegue penetrar a parede dos nervos.
Agente de alta infectividade, baixa patogenicidade e alto poder imunogênico.
FISIOPATOLOGIA
Decorre da incapacidade do organismo de montar uma resposta imunitária eficaz para tornar os
macrófagos capazes de matar a microbactéria, mas suficiente para induzir uma resposta inflamatória que
lesa tecidos próprios.
O curso da doença e as formas clínicas são determinados pelo grau da resposta imune.
FORMA INDETERMINADA
Surge em geral em indivíduos que convivem diretamente com pacientes bacilíferos, com as formas Dimorfa avançada
ou Virchowiana.
Na derme e na hipoderme encontra-se infiltrado de mononucleares focal, em torno de vasos, anexos e filetes
nervosos, que podem ser invadidos e ficar mascarados pelo infiltrado.
As lesões:
FORMA TUBERCULOIDE
Os macrófagos se diferenciam em células epitelioides que formam granulomas com capacidade de lisar a bactéria.
Nessa forma os nervos estão parcial ou totalmente destruídos e substituídos por tecido fibroso.
As lesões:
Lesões de transição ou maculoanestésicas, com expansão das bordas, ficando o limite externo nítido e o
interno, impreciso.
Periferia: eritematopardacenta ou castanho-violácea.
Superfície: irregular pela presença de pequenas pápulas.
A placa apresenta anestesia térmica, dolorosa e tátil.
FORMA VIRCHOWIANA
(a) diretamente como forma virchowiana, sob a forma de eritema nodoso ou de infiltração difusa;
(b) na maioria das vezes, evolui da forma indeterminada e apresenta-se como máculas hipocrômicas progressivas.
Engloba os casos que se encontram entre os polos Tuberculoide e Virchowiana, com características de ambos.
A Borderline tem comportamento instável do ponto de vista imunitário, com participação variável dos
componentes da Tuberculoide e da Virchowiana.
HANSENÍASE: QUADRO CLÍNICO – DIAGNÓSTICO - TRATAMENTO
QUADRO CLÍNICO
Tuberculoide Placas eritematosas, hipo ou anestésicas, de limites externos nítidos, com centro
esmaecido e hipopigmentado, sem localização preferencial.
Alopecia na área da lesão.
Espessamento do nervo relacionado com a lesão cutânea.
Pode ocorrer apenas comprometimento do nervo com dor, edema do nervo, anestesia
e/ou fraqueza muscular na região correspondente (neuropatia hansênica).
Não há lesões mucosas e manifestações sistêmicas.
Baciloscopia (pesquisa de BAAR): em esfregaço obtido de suco tissular e lesões cutâneas (máculas, pápulas, nódulos),
áreas infiltradas (lóbulos auriculares, cotovelos, joelhos)
EXAMES COMPLEMENTARES
Reação de Mitsuda: não tem valor diagnóstico (útil para classificação e prognóstico da doença).
>>>>>Teste de Mitsuda: avalia a integridade da imunidade celular específica de um paciente para o M. leprae. O
resultado positivo demonstra o amadurecimento do sistema imunológico celular após o estímulo pelo M. leprae ou
por outras micobactérias. O teste é feito por meio da injeção do antígeno integral de Mitsuda-Hayashi via
intradérmica, junto de uma seringa de insulina.
TRATAMENTO
Poliquimioterapia: Oferecida gratuitamente pelo SUS. O tratamento interrompe a transmissão em poucos dias e
cura a doença.
Rifampicina – Inibidor da função ou síntese dos ácidos nucleicos na bactéria.
Dapsona – Inibe a di-hidropteroato sintetase na via de síntese do folato (inibição do metabolismo bacteriano). Ela é
bacteriostática para a M. Leprae, mas cepas resistentes podem ser encontradas.
Clofazimina – Sua propriedade redox pode levar formação de radicais de oxigênio citotóxicos, que são tóxico para a
bactéria. A clofazimina é bactericida para a M. eprae. Obs: Seu mecanismo de ação pode envolver a ligação ao DNA.
Ofloxacino – É um fármaco da classe das Fluoroquinolonas, as quais exibem efeitos antimicrobianos na DNA-girase
(topoisomerase bacteriana II) e topoisomerase bacteriana IV: comprometem divisão celular da bactéria.
PROBLEMA 29: LEISHMANIOSE TEGUMENTAR
CONCEITO
A Leishmaniose corresponde a um complexo de doenças infeciosas, as quais variam de casos restritos a pele até
infecções sistêmicas graves causadas por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania sp. Esse
complexo de afecções é considerado, pela OMS, como uma das seis mais importantes doenças infecciosas, isso devido
ao seu alto coeficiente de detecção e a sua capacidade de produzir deformidades.
No âmbito da dermatologia brasileira a única que merece foco especial é a Leishmaniose Tegumentar.
Pode ser chamada de: Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ou Úlcera de Bauru.
EPIDEMIOLOGIA
Trata-se de uma doença de caráter zoofílico (animais domésticos e selvagens são portadores), sendo o
homem um hospedeiro acidentalmente infectado.
Não há contágio inter-humano (exceto: transfusão sanguínea) e, portanto, é uma doença INFECCIOSA NÃO
CONTAGIOSA.
O vetor da doença é um mosquito, o qual tem habitat florestal, estando associado com regiões próximas à
áreas de mata nativa e de ocupação desordenada nas periferias próximas a encostas.
Pode ser encontrada em TODOS os estados da Federação (menores incidências: Sul e Sudeste).
Predomínio de casos no país: menores de 10 anos e sexo masculino.
ETIOLOGIA
Agente Etiológico
Vetor
Obs: Alguns roedores e animais domésticos são reservatórios naturais do protozoário, mas não são vetores da
doença.
O ciclo biológico da Leishmania é heteroxeno (digenético), com dois hospedeiros, um vertebrado e outro
invertebrado. O hospedeiro invertebrado, a fêmea do flebotomíneo, durante o repasto sanguíneo em animal
infectado, ingere sangue contendo macrófagos com as formas amastigotas. Durante a passagem pelo intestino do
vetor, ocorre a diferenciação em promastigotas e a multiplicação por divisão binária. O processo de metaciclogênese
culmina na formação das promastigotas metacíclicas, que representam a forma infectante do parasito.
Ao picar um hospedeiro suscetível, o vetor infectado poderá regurgitar os promastigotas metacíclicos, os quais, por
fagocitose, são internalizados pelos macrófagos, reduzem de tamanho, perdem o flagelo e se transformam em
amastigotas. Estes se multiplicam até o rompimento dos macrófagos, quando podem infectar outras células ou
serem ingeridos pelo flebotomíneo, viabilizando a manutenção e o prosseguimento do ciclo.
FISIOPATOLOGIA DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR
Mucocutânea (LMC) ou Mucosa: lesões ulcerosas destrutivas nas mucosas do nariz, da boca e da faringe.
Leishmaniose cutânea difusa (LCD): não-ulcerosa, manifesta-se em indivíduos anérgicos, ou surge mais
tardiamente, naqueles que foram tratados de calazar.
Imunologia e Patogênese
Antes entender que: A infecção por diferentes espécies de Leishmania → estimula um padrão de resposta imune →
diretamente dependente da (1) virulência da cepa e dos (2) fatores associados ao hospedeiro.
O processo:
Promastigotas introduzidas na pele → Encontram células do sistema imune (linfócitos T e B, macrófagos residentes,
células de Langerhans, mastócitos) → O parasito se adere à superfície dos macrófagos e células de Langerhans e é
fagocitado → Transforma-se em Amastigota.
1. Nos linfonodos, células de Langerhans apresentam o antígeno parasitário às células T. Estas, uma vez
estimuladas, se dirigem ao sítio da infecção, auxiliando na formação do processo inflamatório.
2. Nos macrófagos a apresentação de Ag não ocorre: parasitos dentro de vacúolos parasitóforos (mecanismos
de defesa desenvolvidos pelo protozoário) → multiplicação até a ruptura da célula → liberação de parasitas
→ propa ação da infecção.
↓
Liberação de partículas antigênicas que serão apresentadas ao sistema imune, gerando a resposta específica
O controle da infecção fica dependente da resposta imune mediada por células → principal célula efetora da
eliminação das amastigotas é o próprio macrófago, após sua ativação por linfócitos T auxiliadores (helper).
Th2 produzindo citocinas pró-inflamatórias + ativando macrófagos para realizar fagocitose.
1. Indivíduos que apresentam uma resposta do tipo TH1 mais evidente, caracterizada pela hipersensibilidade
do tipo tardia (DTH), com altas concentrações de IFN-G (ativa macrófagos para digestão do organismo
fagocitado) → associada ao baixo parasitismo nas lesões, uma vez que os parasitos são eliminados pelos
macrófagos ativados por IFN-γ → resposta celular (Th1) exacerbada pode culminar na evolução mucosa da
doença.
2. Indivíduos incapazes de apresentar DTH, que respondem com elevadas concentrações de anticorpos e uma
resposta polarizada do tipo Th2. → resposta humoral é ineficiente para controlar a infecção, não havendo
neutralização do parasito pelos anticorpos → doença pode evoluir para a LCD.
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR: QUADRO CLÍNICO – DIAGNÓSTICO – TRATAMENTO
QUADRO CLÍNICO
Cutânea (LC)
As lesões iniciais costumam ser nodulares, localizadas profundamente na hipoderme, ou pequenas pápulas,
semelhantes à picada de inseto, que evoluem aumentando em tamanho e profundidade (lesões papulo-tuberosas) e
ulcerando no vértice.
A úlcera típica é indolor e costuma localizar-se em áreas expostas da pele; com formato arredondado ou ovalado;
mede de alguns milímetros até alguns centímetros; base eritematosa, infiltrada e de consistência firme; bordas
bem-delimitadas e elevadas; fundo avermelhado e com granulações grosseiras.
A infecção bacteriana associada pode causar dor local e produzir exsudato seropurulento que, ao dessecar-se em
crostas, recobre total ou parcialmente o fundo da úlcera.
Adicionalmente, a infecção secundária e o uso de produtos tópicos podem causar eczema na pele ao redor da úlcera,
modificando seu aspecto (forma ectimóide).
1. Forma cutânea localizada: representa o acometimento primário da pele. A lesão é geralmente do tipo úlcera,
com tendência à cura espontânea e apresentando boa resposta ao tratamento.
2. Forma cutânea disseminada: múltiplas lesões papulares e de aparência acneiforme que acometem vários
segmentos corporais, envolvendo com freqüência a face e o tronco. O número de lesões pode alcançar as
centenas. A história natural da doença nestes pacientes inicia com uma ou várias lesões localizadas com as
características clássicas de úlceras de fundo granuloso e bordas elevadas. Outros aspectos a serem
destacados nesta forma clínica são: o acometimento mucoso concomitante, que tem sido observado, em até
30% dos pacientes e as manifestações sistêmicas, como febre, mal-estar geral, dores musculares,
emagrecimento, anorexia, entre outros.
Cutânea Difusa (LCD)
Constitui uma forma clínica rara, porém grave, que ocorre em pacientes com anergia e deficiência específica na
resposta imune celular a antígenos de Leishmania.
Inicia de maneira insidiosa, com lesão única e má resposta ao tratamento → evolui de forma lenta com formação de
placas e múltiplas nodulações não ulceradas recobrindo grandes extensões cutâneas.
A forma clássica de M é secundária lesão cutânea → Estima-se que 3 a 5% dos casos de LC desenvolvam lesão
mucosa → Acredita-se que a forma mucosa da leishmaniose seja, geralmente, causada por disseminação
hematogênica das leishmânias inoculadas na pele para as mucosas nasal, orofaringe, palatos, lábios, língua, laringe e,
excepcionalmente, traquéia e árvore respiratória superior. Mais raramente, podem também ser atingidas as
conjuntivas oculares e mucosas de órgãos genitais e ânus.
Forma mucosa tardia: é a forma mais comum. Pode surgir até vários anos após a cicatrização da forma
cutânea. Classicamente está associada às lesões cutâneas múltiplas ou de longa duração, às curas
espontâneas ou aos tratamentos insuficientes da LC.
Forma mucosa de origem indeterminada: quando a LM se apresenta clinicamente isolada, não sendo
possível detectar nenhuma outra evidência de LC prévia. Tais formas estariam provavelmente associadas às
infecções subclínicas ou lesões pequenas, não ulceradas, de evolução rápida e que teriam passado
despercebidas sem deixar cicatrizes perceptíveis.
Forma mucosa concomitante: quando a lesão mucosa ocorre a distância, porém ao mesmo tempo que a
lesão cutânea ativa (não contígua aos orifícios naturais).
Forma mucosa contígua: ocorre por propagação direta de lesão cutânea, localizada próxima a orifícios
naturais, para a mucosa das vias aerodigestivas. A lesão cutânea poderá encontrar-se em atividade ou
cicatrizada na ocasião do diagnóstico.
Forma mucosa primária: ocorre eventualmente pela picada do vetor na mucosa ou semimucosa de lábios e
genitais
Clinicamente, a LM se expressa por lesões destrutivas localizadas nas mucosas das vias aéreas superiores.
A forma mucosa tem como queixas obstrução nasal, eliminação de crostas, epistaxe, disfagia, odinofagia, rouquidão,
dispnéia e tosse.
Raramente há queixa de prurido nasal e dor, entretanto, na ocorrência de infecção secundária e sinusite, pode haver
dor local e cefaléia.
Sugere-se sempre examinar as mucosas dos pacientes com leishmaniose cutânea, porque as lesões mucosas iniciais
geralmente são assintomáticas.
Esta forma da doença caracteriza-se por apresentar IDRM fortemente positiva, porém com difícil confirmação
parasitológica devido à escassez parasitária, e por apresentar difícil resposta terapêutica, exigindo doses maiores de
drogas e recidivando com mais freqüência (7,5%) que a forma cutânea (4,3%).
DIAGNÓSTICO
Demonstração do parasita: material obtido por escarificação da borda da lesão ulcerada ou da superfície da
lesão não ulcerada + compressão do fragmento da biopsia sobre uma lâmina.
Biopsia: para exame histopatológico e imuno-histoquímico.
Teste sorológico: ELISA indireto ou Imunofluorescência indireta.
Intradermorreação de Montenegro: teste intradérmico com 0,1ml de antígeno padronizado, leitura após 48-
72h.
Negativo = < 5mm.
Positivo = > 5 mm.
TRATAMENTO
Não farmacológico
Farmacológico
Forma cutânea
Forma mucosa
Critério de cura: regressão total das lesões e negativação dos exames sorológicos.
O paciente deve ser acompanhado por 18 meses após o tratamento (exames clínicos e testes sorológicos com
3, 6, 12 e 18 meses).
Recidivas frequentes na forma cutânea difusa.
Resposta mais lenta ao tratamento e recidivas frequentes na forma mucosa.
PROBLEMA 30: CÂNCERES DE PELE
O Câncer de Pele possui três tipos principais: Melanoma, Carcinoma Espinocelular e Carcinoma Basocelular.
MELANOMA
CONCEITO
O melanoma é menos comum, mas muito mais fatal quando comparado ao carcinoma de células basais ou ao
carcinoma de células escamosas. Atualmente, como resultado do aumento da conscientização pública sobre os
primeiros sinais do melanoma cutâneo, a maioria dos melanomas é curada cirurgicamente. No entanto, a incidência
dessas lesões tem aumentado drasticamente ao longo das últimas décadas, pelo menos em parte como resultado do
aumento da exposição solar e/ou pelo aumento das taxas de detecção resultante de fiscalização rigorosa.
ETIOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
3. Papel importante na patogenia: exposição à luz solar sem proteção >> danos ao DNA por radiação UV =
mutação.
4. Componente genético: A maioria dos melanomas ocorre esporadicamente, mas alguns são hereditários (com
taxas relatadas variando aproximadamente de 5-10%).
Transformação maligna dos melanócitos é um processo de inúmeras etapas que envolvem mutações:
Em 40% dos indivíduos com melanoma raro familial: mutação no gene CDKN2A (localizado no cromossomo
9p21).
O CDKN2A codifica a proteína p16, inibidora da CDK (regula a transição de fases no ciclo celular):
para o ciclo.
Crescimento radial (D): tendência inicial do melanoma de crescer horizontalmente dentro da epiderme (in situ),
muitas vezes por período prolongado.
Durante esse estágio, as células do melanoma não apresentam capacidade de metastatizar e não induzem
angiogênese.
Com o tempo, ocorre a fase vertical de crescimento (E): tumor cresce para as camadas mais profundas da derme
como massa expansiva com perda da maturação celular.
Evento marcado por: desenvolvimento de um nódulo em lesão previamente plana e correlaciona-se com o
surgimento de um clone de células com potencial metastático.
Morfologia
Microscopicamente, as células malignas crescem como ninhos malformados ou como células individuais em todos os
níveis da epiderme ou nos nódulos dérmicos expansivos, que constituem as fases de crescimento radial e vertical,
respectivamente (B e C). Melanomas expansivos superficiais estão frequentemente associados com infiltrado
linfocitário ativo (B), característica que pode refletir na resposta do hospedeiro aos antígenos específicos do tumor. A
natureza e a extensão da fase de crescimento vertical determinam o comportamento biológico dos melanomas.
QUADRO CLÍNICO
O sinal clínico mais importante é uma alteração na cor ou no tamanho de uma lesão pigmentada. Os
principais sinais clínicos de alerta são:
Esses princípios expressos são chamados de ABC do melanoma: assimetria, borda, cor, diâmetro e evolução
(alteração de um nevo existente).
A localização principal:
DIAGNÓSTICO
Exames Complementares
TRATAMENTO
EVOLUÇÃO e PROGNÓSTICO
Sobrevida de 5 anos em 70% dos pacientes que não apresentam disseminação linfática local ou a distância.
Melhor prognóstico nas lesões com espessura menor que 1,5 mm: sobrevida de 5 anos em 95 a 100% dos
casos.
Disseminação para vasos linfáticos ou linfonodos regionais: sobrevida de 5 anos inferior a 5%.
CARCINOMA ESPINOCELULAR ou DE CÉLULAS ESCAMOSAS
CONCEITO
Tumor comum que surge em locais expostos ao sol e em indivíduos com idade mais avançada.
ETIOLOGIA
Exposição exagerada aos raios solares (raios UVA e UVB): causa exógena mais comum.
Maior incidência em homens do que em mulheres.
Pessoas imunocomprometidas como resultado de quimioterapia, de transplante de órgão.
Pessoas com xeroderma pigmentoso.
Tabagismo (lesões labiais).
Outros fatores predisponentes incluem:
Carcinógenos industriais (alcatrão e óleos).
Úlceras crônicas.
Cicatrizes de queimaduras antigas.
Ingestão de arsênico e radiação ionizante.
FISIOPATOLOGIA
Tomando como base que a causa exógena mais importante é a exposição à luz UV:
O carcinoma de células escamosas na pele, assim como em outras regiões é, normalmente precedido por
lesões in situ: lesão tumoral pré-invasiva localizada (ainda não se rompeu a membrana basal).
Morfologia
Microscopicamente, o carcinoma de células escamosas in situ é caracterizado por atipia celular intensa em todas as
camadas da epiderme, com aglomeração e desorganização nuclear. Os tumores invasivos, definidos pela invasão da
membrana basal (figura), exibem graus variáveis de diferenciação, variando de tumores com células arranjadas em
lóbulos ordenados que exibem queratinização extensa a neoplasias que apresentam células altamente anaplásicas
(maior presença de células indiferenciadas no tumor) com focos de necrose e queratinização celular individual
abortiva (disqueratose).
QUADRO CLÍNICO
Inicia-se como pequeno nódulo firme, com bordas imprecisas ou pequena placa de superfície lisa, verrucosa
ou ulcerada.
Localiza-se mais frequentemente nas áreas expostas ao sol (lábio inferior, pescoço, membros superiores,
dorso das mãos, parte superior do pavilhão auditivo).
Muitas vezes, surge em área da pele previamente lesionada (queratose actínica, queilite actínica, úlcera de
estase venosa).
Pode surgir em cicatrizes, principalmente de queimaduras.
O crescimento pode ser com invasão das áreas próximas. Em alguns pacientes, o crescimento da neoplasia é
rápido, com aparecimento precoce de metástases em linfonodos.
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
4. Radioterapia.
5. Tratamento medicamentoso: Quimioterapia.
6. Tratamento cirúrgico:
Excisão cirúrgica, com margem de segurança de 0,5 cm em superfície e profundidade.
Eletrodissecção e curetagem (promovem a raspagem da lesão com uma cureta, enquanto um bisturi
eletrônico destrói as células cancerígenas).
Só em lesões recentes menores que 1 cm e em áreas expostas.
Criocirurgia (processo terapêutico baseado no tratamento de lesões pelo frio. O resfriamento rápido da pele
provoca inúmeras alterações imunológicas e destruição dos tecidos, inclusive, podendo induzir à apoptose)..
CARCINOMA BASOCELULAR
CONCEITO
Câncer comum, de crescimento lento e que raramente sofre metástases. Apresenta tendência para ocorrer em locais
suscetíveis à exposição solar crônica e em indivíduos com pouca pigmentação.
ETIOLOGIA
Componentes genéticos.
Síndrome de Gorlin: doença autossômica dominante caracterizada pelo desenvolvimento de
carcinomas basocelulares.
Exposição exagerada à raios UV.
Exposição á radiação ionizante.
Pessoas mais claras.
Cicatriz fibrótica.
FISIOPATOLOGIA
1. O carcinoma de células basais está associado com a desregulação da via de sinalização de Hedgehog – inclui os
genes Desert Hedgehog (DHH), Indian Hedgehog (IHH) e Sonic Hedgehog (SHH).
Via reguladora do desenvolvimento embrionário. Logo, anomalias de desenvolvimento sutis são também
frequentemente observadas nas pessoas afetadas.
Esses três se ligam ao gene PTCH, um supressor tumoral. Essa ligação causa inibição da ação do PTCH, que para de
suprimir oncogênes.
2. As mutações em TP53 também são comuns, tanto nos tumores hereditários quanto nos esporádicos.
3. Síndrome de Gorlin: defeito herdado no gene PTCH >> não causa supressão tumoral >> câncer.
Morfologia
Microscopicamente, as células tumorais se assemelham às células de origem (da camada basal da epiderme ou do
epitélio folicular). Não ocorre nas superfícies das mucosas. Dois padrões comuns são observados: crescimentos
multifocais derivados da epiderme (padrão superficial) ou lesões nodulares que crescem em direção à porção inferior
da derme como cordões ou ilhas de células com núcleos hipercromáticos incorporados a uma matriz fibrosa ou
mucinosa (B). As células na periferia do tumor se alinham na camada mais externa (padrão denominado “em
paliçada”), que muitas vezes se separa do estroma, criando uma fenda característica (C).
QUADRO CLÍNICO
Geralmente inicia-se como uma pequena pápula, bem definida, de superfície lisa, de coloração róseo-
avermelhada.
À medida que o nódulo aumenta, forma-se uma ulceração, na parte central, que se recobre de crosta.
Localiza-se predominantemente em locais expostos ao sol (ao redor do nariz, canto interno das pálpebras e
região temporal).
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
1. Radioterapia.
2. Terapia fotodinâmica (TFD).
Moléculas fotossensíveis (fotossensibilizadores) são ativadas por luz visível e geram espécies reativas
de oxigênio dentro do tecido tumoral. Tais espécies provocam uma cascata de eventos oxidativos
que resultam na morte das células cancerígenas por apoptose e/ou necrose.
3. Tratamento medicamentoso
Imiquimode (quimioterápico) a 5%, 1 vez/dia ou 5 vezes/semana.
4. Tratamento cirúrgico
Excisão cirúrgica (o melhor tratamento).
Criocirurgia.
Cirurgia micrográfica de Mohs: indicada para casos recidivados e para carcinomas basocelulares tipo
esclerodermiforme.
Curetagem e cauterização (em lesões menores de 1 cm).