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Canto Ix (88,95)

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CANTO IX

1.Identifique os conselhos dados pelo poeta a todos os que


pretendem alcançar a fama
Camões, a partir da estância 92, introduz-se num novo
sentido, construído, primeiramente, na base de conselhos.
Incita à ação aqueles que procuram a fama, usa, portanto,
uma apóstrofe (“Por isso, ó vós que as famas estimais”).
Assim, começa por criticar os homens do seu tempo que
por vícios os corrompem e os afastam do caminho da fama
e da gloria aconselhando esses a abandonar o ócio
porque as honras que recebem não são merecidas.
Por outro lado, realça que para atingir a fama, glória ou até
uma recompensa, é necessário trabalho, esforço e nunca
cair no ócio (“Se quiserdes no mundo ser tamanhos, /
Despertai já do sono do ócio ignavo, / Que o ânimo de livre
faz escravo” v. 6-8 est.92). De modo a ultrapassar e evitar
os erros dos Homens do seu tempo o poeta aconselha, de
um modo imperativo, os que procuram a fama a despertar
do ócio, da estagnação (“Despertai já do sono do ócio
ignavo,/ que o ânimo, de livre faz escravo”), defende que
têm de controlar a cobiça, a ambição e a tirania (“ ponde
na cobiça um freio” v.1 est.93; “na ambição também” v.2
est.93; “Vício da tirania infame e urgente” v.4 est.93),
porque a honra tem de ser merecida (“Milhor é, merecê-los
sem os ter,/ Que possuí-los sem os merecer” v.7-8 est.
93).
Em suma, Camões para além da matéria épica presente
neste canto, apresenta reflexões, incitando à ação todos
os que pretendem alcançar a imortalidade e revelando o
modo de o conseguir.
2.      Interprete as afirmações patentes nas estâncias 89 e
90, no contexto do valor simbólico da Ilha dos Amores.
Nas duas primeiras estâncias, Camões explica o
significado da ilha dos Amores, oferecida por Vénus aos
marinheiros portugueses.
Assim, começa por justificar o motivo da recompensa, isto
é, o amor físico é aqui apresentado como conforto e a
recompensa do trabalho desenvolvido (“Os trabalhos tão
longos compensando” v.4 est.88; “o mundo está
aguardando/O prémio lá no fim” v. 6-7 est.89). O gozo da
experiência amorosa e felicidade na Ilha mitológica sublima
a competência do Homem na sua própria superação e na
procura permanente dos seus ideais, merecendo, pela sua
ação, o natural reconhecimento.
Com isto, as Ninfas do Oceano, Tétis e a Ilha angélica
nada mais são do que as honras que imortalizam a vida e a
fama (“Com fama grande e nome alto subido” v. 8 est.88).
Os deleites desta ilha são as “proeminências gloriosas”, os
“triunfos”, a coroação pela vitória, a admiração e
glorificação dos nautas (“Outra coisa não é que as
deleitosas/ Honras que a vida fazem sublimada v.3-4
est.89).
Concluindo, nestas duas estâncias, Camões faz referência
à recompensa alcançada por quem conquista feitos
sublimes, os portugueses, destacando que a ilha simboliza
o esforço dos portugueses e nela iram ser recompensados,
atingindo não só o estatuto de heróis mas também de
deuses.

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