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Alopecia Androgenetica Feminina PDF

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Basto Jr FT

ARTIGO ORIGINAL

CALVÍCIE FEMININA: CLASSIFICAÇÃO PROPOSTA


Female baldness: proposal classification
FERNANDO TEIXEIRA BASTO JÚNIOR1

RESUMO SUMMARY
O autor apresenta uma nova sugestão para classificar a calvície The author shows a new suggestion to classify the female
feminina, de forma mais didática e abrangente, possibilitando baldness. The proposal of this work is to present a simple,
enquadrar as variações de casos clínicos encontrados na including and complete classification, making possible to
prática diária. diagnosis all types of female baldness.

Descritores: Alopecia, classificação. Cabelo, transplante. Descriptors: Alopecia, classification. Hair, transplantation.
Feminino. Female.

1. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP); Membro Fundador da Associação Brasileira de Restauração Capilar (ABCRC); Membro da
International Society Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS); Membro da International Society of Hair Restoration Surgery (ISHRS); Membro da European Society of Hair
Restoration Surgery (ESHRS).

Correspondência para: Fernando Teixeira Basto Júnior


Rua Alberto Paiva, 349 - Graças – Recife – PE – Brasil
CEP: 52050-260 – Tel: 0xx81 3427-9000/3427-4888 – Fax: 0xx81 3426-0792
Site: www.fernandobasto.com.br – E-mail: fbasto@fernandobasto.com.br

Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2006; 21(4): 196-202

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Calvície feminina: classificação proposta

INTRODUÇÃO temente em mulheres com ovários policísticos e


hiperplasia adrenal congênita. Clinicamente, apresenta
A calvície feminina (CF) pode surgir em qualquer fase inicialmente um afinamento progressivo dos fios na região
da vida, sendo mais comum após os 40 anos de idade, parietal, podendo evoluir para estágios mais avançados
próximo à menopausa. Nesta fase, ocorre um afinamento, com o aparecimento de pele glabra, assemelhando-se às
enfraquecimento e queda dos fios, levando à rarefação alopecias padrão masculino 3,4 .
capilar, podendo atingir graus mais avançados com o
aparecimento da pele glabra do couro cabeludo. É de CLASSIFICAÇÃO (REVISÃO DA LITERATURA)
origem genética (alopecia androgenética) e pode estar
associada às doenças endócrinas, onde há predominân- Na literatura, são encontrados quatro tipos de classificação.
cia da testosterona 1-3. São elas:
Na mulher, a testosterona é produzida nos ovários e nas a)Classificação clássica de Ludwig – É a mais utilizada e conhe-
glândulas supra-renais. A matriz do bulbo capilar contém cida; é simples e dividida em apenas três graus5;
uma enzima, a 5-alfa-redutase, que transforma o hormônio b)Classificação atualizada de Ludwig – É uma evolução da
testosterona em dehidrotestosterona (DHT) e este penetra clássica, acrescentando alguns graus, mas ainda não
no folículo, transformando seu metabolismo, enfraquecen- abrangendo todos os tipos de CF encontrada na clínica
do-o e, conseqüentemente, acelerando a queda dos ca- diária 5;
belos 3. c)Classificação de Hamilton – Classifica em nove graus;
A testosterona livre na mulher é em torno de 1% e apresenta-se muito complexa e também não abrange
qualquer alteração que eleve a concentração deste todos os tipos de CF encontrados na prática 2;
hormônio na corrente sanguínea provoca distúrbios na pele d)Classificação de Olsen – Classificação simples e em três
e no pêlo. O excesso de testosterona na mulher pode graus6.
causar queda de cabelo, acne, seborréia, distúrbios mens-
truais, hirsutismo, virilismo, hipertrofia muscular e hipertrofia CLASSIFICAÇÃO PROPOSTA
do clitóris.
Após a menopausa, os níveis de estrógenos diminuem, Propomos uma nova classificação, mais abrangente
instalando-se o período androgênico. No entanto, os e didática, atendendo a todos os casos de CF encontra-
andrógenos só levarão à calvície feminina se elas apresen- dos em nossa prática diária. Composta de seis graus,
tarem forte predisposição genética. Na mesma linha de varia de uma simples rarefação capilar até uma calvície
raciocínio, os anovulatórios podem levar à queda dos feminina grave fronto-parieto-occipital, conforme ilustra
cabelos, com afinamento dos fios e o aparecimento da o Quadro 1 7-9 .
calvície androgenética feminina 3.
CONCLUSÃO
DIAGNÓSTICO
A proposta do presente estudo tem como objetivo
Para se fazer o diagnóstico de calvície androgenética apresentar uma classificação em seis graus, mais simples,
feminina, é necessária uma boa anamnese, além de exa- abrangente e didática, facilitando o diagnóstico clínico e
mes clínicos e laboratoriais, destacando-se, entre eles, o priorizando, dessa forma, uma denominação pré-operató-
perfil hormonal da paciente. ria mais objetiva para todos os tipos de calvície feminina
Este tipo de alopecia é encontrada mais freqüen- encontrados na clínica diária.

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Quadro 1 – Classificação proposta para a calvície feminina.

Representação Gráfica Descrição Caso Clínico

Grau I
Pequena rarefação
dos cabelos na região
superior da cabeça.
Esta é a forma mais
comum encontrada
nas mulheres

Figura 1 Figura 1a

Grau Ia
Moderada rarefação
dos cabelos na
região superior da
cabeça. Apresenta
uma rarefação mais
acentuada que
a anterior, sem,
contudo, mostrar a
pele glabra do
couro cabeludo.
A área doadora
está preservada

Figura 2 Figura 2a

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Quadro 1 – Classificação proposta para a calvície feminina.

Representação Gráfica Descrição Caso Clínico

Grau Ib
Grande rarefação.
Caracterizada por
uma perda difusa dos
cabelos, envolvendo
toda extensão do
couro cabeludo.
Em casos mais
graves, pode-se
contra-indicar a
cirurgia

Figura 3 Figura 3a

Grau II
Alopecia mista:
calvície frontal e
rarefação. Atinge a
região frontal com o
aparecimento da
pele glabra e está
associada à rarefação
da região superior
da cabeça em
qualquer grau

Figura 4 Figura 4a

Grau III
Alopecia temporal.
Este tipo de calvície
pode comprometer
só uma região
temporal ou atingir
ambos os lados,
assemelhando-se às
entradas do sexo
masculino

Figura 5 Figura 5a

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Quadro 1 – Classificação proposta para a calvície feminina.

Representação Gráfica Descrição Caso Clínico

Grau IV
Alopecia frontal. Queda
de cabelo na região
frontal, com alargamen-
to da testa a partir da
glabela, transmitindo
uma imagem austera à
face feminina

Figura 6 Figura 6a

Grau IVa
Alopecia fronto-tempo-
ral. Quando a queda
de cabelo atinge toda
a área superior da
fronte, comprometendo
também as regiões
temporais

Figura 7 Figura 7a

Grau V
Alopecia parietal. Esta
é uma forma mais
acentuada, com o
aparecimento da pele
glabra do couro
cabeludo na região
superior da cabeça, ao
nível dos ossos parietais,
preservando uma
faixa de cabelos na
região frontal

Figura 8 Figura 8a

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Calvície feminina: classificação proposta

Quadro 1 – Classificação proposta para a calvície feminina.

Representação Gráfica Descrição Caso Clínico

Grau VI
Alopecia fronto-parietal.
A queda de cabelo
atinge todo o topo da
cabeça, comprometen-
do as regiões frontal e
parietal. Raramente,
atinge também a região
occipital superior
(vértex)

Figura 9 Figura 9a

Classificação Gráfica do Autor:

Grau I Grau Ia Grau Ib

Grau II Grau III Grau IV

Grau IVa Grau V Grau VI

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 5. Ludwig E. Classification of the types of androgenetic


alopecia (common baldness) occurring in the female
sex. Br J Dermatol. 1977; 97(3):247-54.
1. Cotterill PC, Unger WP. Hair transplantation in females. J
6. Olsen EA. Hair disorders. In: Freedberg IM, ed. Fitzpatrick’s
Dermatol Surg Oncol. 1992;18(6):477-81.
dermatology in general medicine. 5 th ed. New
2. Norwood OT. Incidence of female androgenetic York:McGraw-Hill;1999. p.729-51.
alopecia (female pattern alopecia). Dermatol Surg. 7. Basto F. Calvície feminina, nova classificação. 2 o
2001;27(1):53-4. Congresso Brasileiro de Cirurgia de Restauração Capilar;
3. Sabatovich O, Vilarejo Kede MP. Dermatologia estética São Paulo;2006.
feminina. 2004;7:181-4. 8. Basto F. Female baldness, a new classification proposed.
4. Uebel CO. Female pattern baldness and secondary European Hair Restoration Congress; Zurich;2006.
alopecias. Hair restoration: micrografts and flaps. São 9 . Basto F. Calvície feminina. 43 o Congresso Brasileiro
Paulo:OESP Gráfica, 2001;12:156-77. de Cirurgia Plástica; Recife;2006.

Trabalho apresentado no Segundo Congresso Brasileiro de Cirurgia da Restauração Capilar, realizado em São Paulo, em abril de 2006; no European Hair
Restoration Congress, realizado em Zurich/Suíça, em junho de 2006; no 43o Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, realizado em Recife, em novembro de 2006.
Artigo recebido: 29/10/2006
Artigo aprovado: 10/12/2006

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