Fitoterapia 2
Fitoterapia 2
Fitoterapia 2
A fitoterapia, apesar de ser erroneamente considerada por muitos como uma terapia
alternativa, não é uma especialidade médica e faz parte do arsenal terapêutico
habitualmente utilizado.
Vantagens e riscos
Há uma grande quantidade de plantas medicinais, em todas as partes do mundo,
utilizadas há milhares de anos para o tratamento de doenças, através de mecanismos na
maioria das vezes desconhecidos. O estudo desses mecanismos e o isolamento do
princípio ativo (a substância ou conjunto delas que é responsável pelos efeitos
terapêuticos) da planta é uma das principais prioridades da farmacologia.
Enquanto o princípio ativo não é isolado, as plantas medicinais são utilizadas de forma
caseira, principalmente através de chás, ultradiluições, ou de forma industrializada, com
extrato homogêneo da planta.
Ao contrário da crença popular, o uso de plantas medicinais não é isento de risco. Além
do princípio ativo terapêutico, a mesma planta pode conter outras substâncias tóxicas, a
grande quantidade de substâncias diferentes pode induzir a reação alérgica, pode haver
contaminação por agrotóxicos ou por metais pesados e interação com outras
medicações, levando a danos à saúde e até predisposição para o câncer.
Além disso, todo princípio ativo terapêutico é benéfico dentro de um intervalo de
quantidade - abaixo dessa quantidade, é inócuo e acima disso passa a ser tóxico. A
variação de concentração do princípio ativo em chás pode ser muito grande, tornando
praticamente impossível atingir a faixa terapêutica com segurança em algumas plantas
aonde essa faixa é mais estreita. Na forma industrializada, o risco de contaminações
pode ser reduzida através do controle de qualidade da matéria prima, mas mesmo assim
a variação na concentração do princípio ativo em cápsulas pode variar até em 100%.
Nas ultradiluições, como na homeopatia, aonde não há virtualmente o princípio ativo na
apresentação final, não há nenhum desses riscos anteriores, mas a eficácia desse
tratamento não foi comprovada cientificamente.
À medida em que os princípios ativos, são descobertos, os mesmos são isolados,
refinados de modo a eliminar agentes tóxicos e contaminações e as doses terapêutica e
tóxica são bem estabelecidas, de modo a determinar de forma precisa a faixa terapêutica
e as interações desse fármaco com os demais.
No entanto, o isolamento e refino de princípios ativos também não é isento de riscos.
Primeiro porque pretende substituir o conhecimento popular tradicional e livre, testado
há milênios, por resultados provindos de algumas pesquisas analítico-científicas que
muitas vezes são antagônicas. Segundo, porque a simples idéia de extrair princípios
ativos despreza os muitos outros elementos existentes na planta que, em estado natural,
mantêm suas exatas proporções. Assim sendo, o uso de fitoterápicos de laboratório
poderia introduzir novos efeitos colaterais ou adversos inesperados, devidos à ausência
de [sinergia|sinergismo] ou antagonismo parcial entre mais de um princípio ativo que
apenas seriam encontrados na planta.
O uso indiscriminado de plantas no tratamento de doenças deve ser visto com mais
atenção pelas pessoas. Plantas aparentemente inofensivas e utilizadas como
medicamento são comprovadamente perigosas dependendo da forma com que são
administradas. Esse perigo está mais presente quando a pessoa concilia o uso com
remédio indicado pelo médico para o tratamento de doenças. Pesquisa realizada no
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB)
comprova que, no caso dos portadores de HIV (sigla em inglês para vírus da
imunodeficiência humana, causador da Aids), as plantas medicinais podem reduzir a
eficácia ou aumentar os efeitos colaterais dos medicamentos essenciais à saúde desses
pacientes.
Plantas medicinais podem interferir na ação de remédios convencionais, revela pesquisa
da UnB com portadores do vírus da Aids.
Embora muitas pessoas ignorem a importância das plantas medicinais, sabe-se que
toda farmacologia tem como base exatamente os princípios ativos das plantas. Na
verdade,a farmacologia moderna não existiria sem a
botânica, a toxicologia e a herança de conhecimentos adquiridos através de séculos de
prática médica ligada ao emprego dos vegetais. Apesar do avanço da tecnologia, que
diariamente cria novos compostos e
substâncias sintéticas com poderes medicinais, mais de 40% de toda a matéria-prima
dos remédios encontrados hoje nas farmácias continua sendo de origem vegetal.
As plantas medicinais têm sido a base dos principais produtos para a saúde desde a
Antigüidade, endossada pelos dados da Organização Mundial de Saúde, de que 80% da
população mundial utiliza estas plantas ou preparações destas no que se refere à
atenção primária de saúde. O reconhecimento de seu valor como recurso clínico,
farmacêutico e econômico tem crescido progressivamente em vários países, os quais
vêm normatizando e legislando acerca dos diferentes critérios de segurança, eficácia e
qualidade que devem envolver esses produtos.