Apontamentos Com Casos Praticos
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Título I
Parte geral
1. Evolução histórica do direito comercial
O direito comercial enquanto sistema normativo autónomo regulador da atividade
mercantil, surgiu na época medieval, por volta do século XII, na Flandres em Itália.
O fraco poder político central e o desenvolvimento do comércio, associado às
corporações de mercadores, que tinham os seus estatutos e tribunais próprios
permitiu que os comerciantes se organizassem, controlando a produção,
distribuição comercial, passando então a ser a classe dominante. O direito comercial
surge assim criado pelos mercadores para regular as suas próprias actividades.
O direito do comércio – ius mercatorum – surge assim, ajustado à realidade
mercantil adequada às suas características, contrapondo-se ao direito comum
romano-canónico.
O ius mercatorum, tinha como fontes:
- Costumes mercantis;
- Estatutos das corporações de mercadores;
- Jurisprudência dos tribunais consulares;
Pelo que ficou exposto, resulta que o direito comercial nasceu de uma raiz
subjectivista, uma vez que apareceu por iniciativa dos comerciantes para regular
as suas próprias actividades.
Mas o direito comercial pode também ser visto de um teor objectivista, se
atendermos ao acto em si, que será objectivamente comercial, independentemente
da qualidade das pessoas que os pratiquem.
Em Portugal, apesar da proximidade face à Catalunha e à França, nomeadamente
às feiras de Champagne e Lyon, o direito comercial não se autonomizou como ramo
do direito regulador per si, das relações de índole comercial. A actividade comercial
era regulada sobretudo por costumes e por algumas leis constantes nos forais.
Este atraso do desenvolvimento do direito comercial ficou a dever-se
essencialmente à centralização estatal rígida, à pouca influência dos mercadores
burgueses e à inexistência de tribunais de comércio. Nem a força dos
descobrimentos impulsionou a criação e autonomização do direito comercial.
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Direito da actividade comercial
Em 1807 é lançado o code de commerce, que marca o início de uma nova etapa do
direito comercial, acentuando sobretudo o seu carácter objectivo, pondo um pouco
de lado a perspectiva subjectiva com que tinha aparecido, apesar de mais tarde o
código alemão voltar a adoptar uma construção subjectivista do direito comercial.
Com o código francês acentua-se o carácter objectivo do direito comercial, o que
decorre da defesa dos princípios de igualdade, fraternidade e da liberdade, assim o
que passa a interessar é o acto de comércio em si e não a qualidade da pessoa que
pratica o acto.
O primeiro código comercial português nasceu em 1833 pelas mãos de Ferreira
Borges, e o actual redigido por Veiga Beirão, em 1888, adoptam uma perspectiva
objectivista do direito comercial. Assim estabelece o art. 1 CCM “A lei comercial
rege os actos de comércio sejam ou não comerciantes as pessoas que neles
intervém.” Ou seja, para que um acto seja comercial, não é necessário que seja
praticado por um comerciante.
2. Noção de direito comercial português
O direito comercial pode ser entendido como um conjunto de normas jurídicas que
disciplinam os actos de comércio e os comerciantes.
Contudo, o comércio, poder ser entendido em dois sentidos:
1. Comércio em sentido económico: é entendido como actividade de interposição de
circulação de bens ou de interposição de trocas. Há, todavia certas actividades que
embora integrantes do conceito de comércio em sentido económico não fazem parte
do comércio em sentido jurídico, como sucede com as indústrias extractivas,
agricultura, serviços artesanais e profissões liberais. O comércio em sentido
económico é assim entendido como conjunto de actividades que pertencem ao
chamado sector terciário da economia, relativas à circulação de bens. O sector
primário diz respeito às actividades agrícolas, silvícolas, pesca, indústria extractiva.
O sector secundário engloba o artesanato e as indústrias transformadoras. No sector
terciário destacam-se as actividades económicas de prestação de serviços e de
comércio. Como se vê o comércio constitui apenas uma das várias actividades
económicas que pertencem ao sector terciário.
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substancial do direito comercial tem vindo a decair desde o século XIX, pela
verificação de um forte movimento em prol da unificação de todo o direito privado,
que já se implementou por exemplo no Brasil. Defendem os unitaristas que a
separação do direito privado contraria a unidade da vida económica, sendo cada vez
mais comum a generalização de instrumentos comercias na vida civil, como as
letras de cambio, cheques, etc. sendo ainda cada vez mais visível, devido à
influencia capitalista, a extensão de princípios de direito comercial ao direito civil.
Titulo II
Dos actos de comércio em geral
1. Noção de acto de comércio
Segundo o art. 2 Com “Serão considerados actos de comércio todos aqueles que se
acharem especialmente regulados neste Código, e, além deles, todos os contratos
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Daqui podemos concluir que mesmo os actos comerciais para os quais o código não
estabelece disciplina específica ficam sujeitos às regras comuns dos actos de
comércio em geral.
Para além dos actos objectivamente comerciais previstos no Com são ainda
considerados actos objectivamente comerciais, aqueles constantes de:
1. Lei avulsa que substitui o CCM: toda a lei avulsa que substitui o CCM será, em
princípio comercial por uma questão de coerência; assim são objectivamente
comerciais os actos constitutivos das sociedades comerciais previstos no Cód.
Sociedades Comerciais que substituem artigos do CCM.
2. Lei avulsa que se auto-qualifica como comercial: O RAU possui um capítulo
relativo apenas ao arrendamento comercial e industrial, estabelecendo regras
específicas, quanto à cessação de exploração do estabelecimento e o trespasse
comercial ou industrial. Este capítulo visa essencialmente actividades e empresas e
como tal deve ser considerado como contendo actos objectivamente comerciais.
3. Leis analógicas à lei comercial; na maioria dos casos uma lei não se qualifica como
comercial, daí que seja necessário analisar se a matéria por ela regulada diz respeito
a situações análogas à àquela regulada pela lei comercial.
A este propósito cumpre analisar o artigo 230.º CCM, que apresenta uma lista, que
apesar de desactualizada, de actividades consideradas comerciais.
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Contudo, nem todos os actos praticados por comerciantes são actos subjectivamente
comerciais, é necessário estarem preenchidos mais dois requisitos de índole
negativa:
2. Os actos para serem subjectivamente comerciais, não podem ser de natureza
exclusivamente civil. Sendo que só são de natureza exclusivamente civil os actos
de natureza extra-patrimonial, como actos familiares e sucessórios. Assim só são
actos de comércio aqueles de natureza patrimonial.
3. Mas nem todos os actos praticados por comerciantes de natureza patrimonial são
subjectivamente comerciais, tal só sucede “se do contrário do próprio acto não
resultar” art 2 CCM in fine.
Assim, um acto patrimonial praticado por um comerciante, só não é
subjectivamente comercial, se da prática do acto resultar o contrário, isto é desde
que haja desconexão com a actividade praticada pelo comerciante.
Ex: A, comerciante dono de uma sapataria dirige-se a uma loja de informática para
comprar um computador.
O primeiro requisito está preenchido porque o comprador é um comerciante, o
segundo também porque o acto é claramente de natureza patrimonial, quanto ao
terceiro, o acto será subjectivamente comercial, salvo se da prática do próprio acto
se induzir o contrário. Assim, se por qualquer circunstância resultar a falta de
conexão entre o acto e a actividade comercial, por exemplo se o filho for com ele
para escolher a sua prenda de aniversário, o acto não será subjectivamente
comercial. Note-se que o comerciante não necessita de se identificar como tal, basta
que haja conexão entre o acto e a actividade, sendo que a falta de conexão pode
resultar, do que é dito, do resultado da compra e das circunstâncias que rodeiam a
prática do acto.
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Resumo
Requisitos cumulativos para um acto ser subjectivamente comercial
1. O SUJEITO TEM DE SER COMERCIANTE – Artº 13º – O sujeito adquire
a qualidade de comerciante quando pratica reiteradamente, em nome próprio e
profissionalmente actos de comércio;
2. O ACTO NÃO PODE TER NATUREZA EXCLUSIVAMENTE CIVIL –
Os actos que não são exclusivamente civis, são patrimoniais, os actos que são
exclusivamente civis, são pessoais. Actos exclusivamente civis: casamento,
perfilhamento, etc.
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FUNÇÃO DO ARTº 230 – Visa catalogar e qualificar quais as empresas que são
comerciais.
EMPRESAS COMERCIAIS – Organização de factores produtivos com
autonomia técnico-funcional. É uma actividade e é uma massificação de actos, logo
esses actos que decompõem estas actividades estão tipificados na lei – Artº 230 –
embora de forma implícita. Estes actos, dado que estão tipificados na lei (de forma
implícita) são actos objectivos.
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Para Vasco Lobo Xavier, os actos têm de ser fundamentais para a actividade do
comércio, ou seja, têm de ter conexão com o próprio sujeito. Caso seja fundamental
teremos de aferir se o referido acto é objectivo implícito, civil ou subjectivamente
comercial.
Para Coutinho de Abreu, os actos têm de ser típicos da actividade do comércio,
ou seja caracterizadores da actividade do comércio. Assim sendo, se o acto é típico
teremos de aferir se o referido acto é objectivo implícito, civil ou subjectivamente
comercial.
2. SE FOR COMERCIANTE:
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Desta forma respondem por elas todos os bens comuns do casal e, na insuficiência
deles, solidariamente, os bens próprios de qualquer dos cônjuges – Artº 1695/1. Só
assim não será, de acordo com o Artº 1691/1-d), se se provar que as ditas dívidas,
embora derivadas da actividade comercial do devedor, não foram contraídas em
proveito comum do casal, ou seja é sobre o cônjuge que recai o ónus da prova.
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Por outro lado, segundo o Artº 15º do Código Comercial, “as dívidas comerciais
do cônjuge comerciante presumem-se contraídas no exercício do seu comércio”.
O cônjuge do devedor poderá, ainda, para evitar que os seus bens respondam pela
dívida, ilidir a presunção do Artº 15º do C. Com., provando que a dívida não tem
qualquer conexão com o exercício do comércio do devedor.
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Capítulo I
Os sujeitos
Secção I
Dos comerciantes
1. Sujeitos qualificáveis como comerciantes
Art. 7 CCM “Toda a pessoa, nacional ou estrangeira, que for civilmente capaz de
se obrigar, poderá praticar actos de comércio, em qualquer parte destes reinos e
seus domínios, nos termos e salvas as excepções do presente Código”
Artigo13.º
Quem é comerciante
São comerciantes:
1.º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem deste
profissão;
2.º As sociedades comerciais
1.1 Requisitos essenciais para obtenção da qualidade de comerciante no caso
das pessoas singulares:
1. Quando se fala em capacidade para praticar actos de comércio, estamos a referir-
nos à capacidade de exercício, isto é, à capacidade de agir per si, ou mediante
procurador voluntário. Só em casos excepcionais é que um incapaz pode ter
qualidade de comerciante, nomeadamente se for devidamente representado pelos
representantes legais para o efeito, e estes tenham sido devidamente autorizados
pelo tribunal. O artigo 1889.º n.º 1 al C CC estabelece que “ 1. Como representantes
do filho não podem os pais, sem autorização do tribunal:
Adquirir estabelecimento comercial ou industrial ou continuar a exploração do que
o filho haja recebido por sucessão ou doação;”
Assim, apesar da exploração ficar a cargo dos representantes legais do incapaz,
estes últimos mediante autorização do tribunal, podem adquirir ou continuar a
exploração de estabelecimento comercial, mas quem adquire a qualidade de
comerciante é o incapaz e não os representantes.
Além das sociedades comercias, há outras pessoas colectivas que podem ser
comerciantes, como empresas públicas, empresas municipais e intermunicipais,
entidades públicas empresariais, agrupamentos complementares de empresas e
agrupamentos europeus de interesses económicos cooperativos. Estas entidades,
podem ser comerciantes, quando tenham por objecto a prática de actos
comerciais.
Podendo estas entidades ser qualificadas como comerciantes, onde será que elas se
enquadram no n.º 1 ou no n.º 2 do art. 13.ºCCM?
Alguma doutrina, entende que quando o n.º 1 se refere a “pessoas” apenas tem como
objectivo abarcar pessoas físicas; Coutinho de Abreu não subscreve esta posição,
porque em regra as pessoas tanto podem ser singulares como colectivas, dai que o
termo usado abarca as duas realidades. Alguns autores entendem que o
enquadramento de tais entidades se deve fazer nos termos do n.º 2 do art. 13.º CCM.
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Uma associação recreativa pode, por exemplo, explorar um bar, isto não vai contra
princípio da especialidade do fim, contudo, da prática destes actos de comércio, tais
entidades não adquirem a qualidade de comerciantes.
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A do art. 15.º CCM, e provar que a dívida contraída não se relaciona com a
actividade comercial.
A do art. 1691.º CC e provar que a dívida não foi contraída no interesse do
casal.
3. Estatuto dos comerciantes
A qualificação de uma entidade ou sujeito como comerciante, implica a verificação
de três consequências constantes:
Artigo18.º
Obrigações especiais dos comerciantes
Os comerciantes são especialmente obrigados:
1.º A adoptar uma firma;
2.º A ter escrituração mercantil;
3.º A fazer inscrever no registo comercial os actos a ele sujeitos;
4.º A dar balanço, e a prestar contas.
Secção II
A empresa
1. A empresa em sentido jurídico
Saber o que é uma empresa em sentido jurídico, isto é, o que o que ela consiste, o
que a caracteriza e distingue dos restante fenómenos jurídicos, não é fácil, existindo
alguns autores que começam por oferecer um conceito pré-jurídico de empresa e a
caracterizam como produto da vida, contudo, no dizer de Coutinho de Abreu ser
rejeitada tal posição.
Para designar o fenómeno empresarial, empregam-se palavras como “empresa” e
“estabelecimento” sendo que em tese geral, não haverá problemas em utiliza-las
como sinónimos.
Não há nenhum conceito geral e operacional de empresa, Orlando de Carvalho,
todavia, defende que só será empresa aquilo que tiver como fim a produção de algo
destinado à troca, a empresa será assim um centro emissor e receptor de mensagens
produtivas, em constante interacção caracterizando-se pela sua organização
autónoma, do ponto de visa financeiro e funcional.
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Para grande parte da doutrina, estas duas últimas empresas constituem um novo tipo
de sociedades comerciais, porque apesar da sua designação, o seu regime é
semelhante ao das sociedades comerciais, possuindo inclusive, capital social. O seu
regime segue grande parte do direito privado, salvo no que se refere ao processo de
recuperação e insolvência.
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Titulo II
Sinais distintivos de comércio
1. A firma
Como sabemos, nos termos do art. 18.º n.º 1 CCM uma das obrigações especiais
dos comerciantes é a adopção de uma firma. Esta obrigação assume, contudo,
contornos muito diferentes consoante estejamos perante uma pessoa singular, isto
é, uma comerciante em nome individual ou perante uma pessoa colectiva, isto é,
uma sociedade comercial. No que se refere às pessoas singulares a não constituição
de uma firma significa a não obtenção de uma nome comercial, sem contudo, ser
aplicado qualquer sanção ao comerciante. No caso das sociedades comerciais, a sua
constituição implica necessariamente a obtenção do certificado de admissibilidade
da firma, o que significa que a constituição de uma firma no caso de pessoas
colectivas é requisito constitutivo para sua formação.
1.2 Noção
A firma pode ser definida como o nome comercial de um comerciante, servindo
para identificar a sua actividade comercial. A firma tem ainda como função
identificar todas as pessoas colectivas, ainda que não pratiquem actos de comércio.
Qualquer pessoa colectiva tem de possuir uma firma, mesmo que não seja
comerciante, embora a firma se destine por excelência a caracterizar comerciantes.
1.3 Formas de constituição de uma firma
O mecanismo de constituição de uma firma está regulado pelo Registo Nacional de
Pessoas Colectivas, que estabelece nos artigos 36.º a 38.º as formas pelas quais
podem ser constituídas firmas.
A análise deste artigo permite concluir, que existem três formas pelas quais podem
ser denominadas as firmas das pessoas colectivas:
1. Nome dos sócios que a compõem;
2. Denominação fantasia, mediante expressão alusiva à actividade desenvolvida;
3. Denominação mista, onde conste o nome dos sócios e expressão alusiva à
actividade desenvolvida;
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A firma do comerciante individual por sua vez, nos termos do art. 38.º RNPC apenas
pode ser constituído “O comerciante individual deve optar uma só firma, composta
pelo seu nome, completo ou abreviado, conforme seja necessário para identificação
da pessoa, podendo aditar-lhe alcunha ou expressão alusiva à actividade””
1. Pelo nome civil do comerciante ou alcunha que é conhecido;
2. Denominação mista, onde conste o nome individual do comerciante e uma
expressão alusiva à actividade desenvolvida;
2. Nome do estabelecimento:
É o sinal nominativo que designa ou individualiza um estabelecimento, visando
essencialmente distingui-lo dos demais.
3. Insígnia do estabelecimento
É o sinal figurativo ou emblemático individualizador de um estabelecimento,
visando essencialmente distingui-lo dos demais.
4. Princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: de acordo com este princípio a designação da firma não
pode induzir o público nem quem contrata com o comerciante, em erro, a firma
deve por isso, identificar o comerciante de modo claro e verdadeiro. O nome de
uma firma, pode não dar por si qualquer indicação quando à natureza ou actividade
exercida pela mesma, como sucede no caso das denominações fantasia. Contudo,
quando o nome da firma conter tais informações elas devem ser fidedignas. No que
concerne às sociedades comerciais, quando a sua designação, conter o nome dos
sócios, deverá, na eventualidade de um deles sair, ser alterada. O sócio que sair
poderá sempre autorizar que a sociedade continue a usar o seu nome, mas neste
caso, para não haver violação do principio da verdade, será responsabilizado pelos
prejuízos que causar a terceiro, pelo que continua a responder com seu património
apesar de formalmente não fazer parte da sociedade
2. Principio da novidade: a constituição de uma firma tem de ser novidade nos
sentido desta ser distinguível das demais anteriormente já registadas. A firma nova
é aquela que atendendo às duas características gráficas e fonéticas, se vai integrar
no mercado distinguindo-se das restantes ainda que próximas quanto à actividade
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exercida. De acordo com o art. 33.º RNCP o princípio da novidade possui dois
corolários diferenciados consoante estejamos no âmbito de comerciantes em nome
individual e sociedades comerciais. “ As firmas e denominações devem ser distintas
e não susceptíveis de confusão ou erro com as registadas ou licenciadas no mesmo
âmbito de exclusividade, mesmo quando a lei permita a inclusão de elementos
utilizados por outras já registradas, ou com designações de instituições
notoriamente conhecidas”
I. No caso de comerciantes em nome individual, a sua protecção apenas se verifica
se o comerciante aditar ao seu nome civil uma designação alusiva à actividade por
ele desempenhada, art. 38.º RNPC. Em regra a protecção conferida a este tipo de
firmas cinte-se a determinada circunscrição territorial, não obstante, o comerciante
em nome individual poderá requerer protecção em todo território nacional,
mediante pedido dirigido ao director geral dos serviços e registos, desde que a
actividade exercida se estenda para lá da circunscrição onde o comerciante se
encontra registado, art. 38.º 4 e 5 RNPC “ Os comerciantes individuais que não
usem como firma apenas o seu nome completo ou abreviado têm direito ao uso
exclusivo da sua firma desde a data do registo definitivo na conservatória
competente e no âmbito da competência territorial desta” Os comerciantes
individuais que exerçam actividades para além da circunscrição referida no
número anterior e aditem ao seu nome expressões distintivas alusiva ao objecto do
seu comércio podem ter direito ao uso exclusivo da firma em todo território
nacional, se pelo Director Geral dos Registos e do Notariado lhes for deferida a
correspondente solicitação”
II. No caso de sociedades comercias, a protecção conferida estende-se
independentemente da designação, a todo o território nacional, art. 37.º n.º 2 RNPC.
“ As sociedades comerciais e as sociedades civis sob forma comercial têm o direito
ao uso exclusivo da sua firma em todo território nacional”.
O princípio da novidade aplica-se a comerciantes que exerçam entre si actividades
comerciais de qualquer tipo, e não apenas no que concerne a actividades
concorrentes.
3. Princípio da capacidade distintiva: um comerciante para ser aceite como firma
nos termos do RNPC tem de contar com um conjunto de elementos distintivos que
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lhe permitam distinguir a nova firma das restantes, não se trata aqui de sinais
distintivos relacionados com o princípio da novidade, mas antes sinais
individualizadores. Uma firma deve ser identificada por um nome que a possa
individualizar e diferenciar das restantes, não pode ser identificada com recurso a
sinais fracos, isto é, sinais que pelas suas características vagas ou facilmente
apropriáveis por todos se confundem. Não pode ser sinal distintivo de uma firma a
designação genérica de “padaria” “discoteca” sem mais aditivos, nem a designação
de exclusiva de nomes usuais no âmbito do comércio, como “grande hotel” “café
super”
4. Princípio da unidade: de acordo com este princípio um comerciante em nome
individual, art. 38.º RNPC apenas pode ter uma firma, “ O comerciante individual
deve adoptar uma só firma, composta pelo seu nome, completo ou abreviado,
conforme seja necessário para identificação da pessoa, podendo aditar-lhe
alcunha ou expressão alusiva à actividade exercida”. O mesmo se passa em relação
às sociedades comercias, art. 9.º CSC. Há todavia, uma excepção aplicada aos
comerciantes em nome individual, uma vez que a estes é permitido a constituição
de nova firma para a exploração do EIRL, art. 40.º RNPC. “ A firma de
estabelecimento individual de responsabilidade limitada é composta pelo nome do
seu titular acrescido ou não de referência ao objecto do comércio nele exercido e,
pelo aditamento “estabelecimento individual de responsabilidade limitada ou
E.I.R.L.”
5. Princípio da licitude: trata-se de um princípio residual segundo o qual a
constituição da firma tem de obedecer à lei, aos bons costumes e à boa fé. O art.
32.º n.º 4 RNPC enumera determinadas características que não podem constar das
firmas. “Das firmas e denominações não podem fazer parte: a) expressões que
possam induzir em erro quanto à caracterização jurídica da pessoa colectiva,
designadamente o uso, por entidades com fim lucrativo, de expressões
correntemente usadas da designação de organismos públicos ou se associações
sem finalidade lucrativa. b) Expressões que sugiram de forma enganadora uma
capacidade técnica, financeira ou de âmbito de actuação manifestamente
desproporcionado relativamente aos meios disponíveis ou que correspondam a
qualidades ou excelências em detrimento de outras. c) expressões proibidas por lei
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1. O comerciante em nome individual que use uma firma sem a registar, não se
encontra como vimos protegido, mas poderá excepcionalmente reagir contra
terceiros por via do instituto da concorrência desleal prevista no art. 317.º código
de propriedade industrial. De acordo com este instituto não pode um comerciante
cometer actos contrários aos usos do comércio, nomeadamente adoptar designações
semelhantes, ou factos distintivos de outras firmas, sob pena de ser accionado contra
si uma acção de responsabilidade civil nos termos gerias do 483.º CC.
2. Existe ainda outro instituto conhecido como Membros da União de Paris, que
congrega um conjunto de membros comerciantes titulares de firmas com sede na
U.E. estes comerciantes estão protegidos em todo o espaço da união quanto à sua
designação e sinais distintivos quer nos países onde se encontram registados quer
nos países que embora o sendo, exercem actividade.
6. Alteração da firma
Consta do art. 56.º RNPC que a alteração da designação de uma firma deverá ter
lugar sempre que tal se mostre imperativo para dar cumprimento ao princípio da
verdade, o que acontece por exemplo, no caso de saída de um sócio da sociedade
comercial ou no caso do comerciante em nome individual alterar o seu nome civil.
7. Transmissão da firma
O art. 44.º RNPC como sabemos, em cumprimento do princípio da verdade, não
existe uma verdadeira transmissão da firma, quando muito pode verificar-se um
aditamento ao nome de uma firma, fazendo referencia à anterior. 1. O adquirente,
por qualquer título entre vivos, de um estabelecimento comercial pode aditar à sua
própria firma a menção de haver sucedido na firma do anterior titular do
estabelecimento, se esse titular o autorizar, por escrito” 2. Tratando-se de firma
de sociedade onde figure o nome de sócio, a autorização deste é também
indispensável. 3 No caso de aquisição, por herança ou legado, de um
estabelecimento comercial, o adquirente pode aditar à sua própria firma do
anterior titular do estabelecimento, com a menção de nele haver sucedido. 4. É
proibida a aquisição de uma firma sem a do consentimento a que se achar ligada”.
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De acordo com o art. 62.º RNPC “ o uso ilegal de uma firma ou denominação
confere aos interessados o direito de exigir a sua proibição, bem como a
indemnização pelos danos dai emergentes, sem prejuízo da correspondente acção
criminal, se a ela houver lugar”.
Secção II
A propriedade industrial
O Código de Propriedade Industrial divide-se em duas partes:
1. Parte geral – Comum a todos os sinais distintivos do comércio;
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2. Parte Especial – Composto por normas reguladoras para cada sinal distintivo do
comércio.
Artº 4 e 257 do Código da Propriedade Industrial – Estes dois artigos admitem
explicitamente o direito de propriedade de coisas incorpóreas, ou seja, de sinais
distintivos do comércio. Assim sendo, vamos recorrer ao regime do direito de
propriedade geral – Artº 1302 e 1303 CC, para os sinais distintivos do comércio.
O nome e a insígnia
1. Noção
O nome e a insígnia são coisas diferentes apesar de se encontrarem associados.
Diferentemente do que se passa com a constituição das firmas, em que a sua
constituição é obrigatória, a constituição de nome e de insígnia é facultativa.
Contudo, normalmente é usual a adopção de um nome, até porque grande parte do
aviamento do estabelecimento está dependente da sua capacidade para se distinguir
dos restantes estabelecimentos concorrentes, sendo que essa distinção passa em
grande parte pelo nome do estabelecimento.
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O nome pode ser entendido como o sinal nominativo constituído por palavras, que
designa ou individualiza um estabelecimento enquanto a insígnia diz respeito a um
sinal figurativo ou emblemático, constituído por, desenhos, símbolos, sinais
figurativos que identificam o estabelecimento, assim consta do art. 284.º do código
de propriedade industrial, (CPI). “ Considera-se insígnia de estabelecimento
qualquer sinal externo composto de figuras desenhos, simples combinações com os
nomes ou denominações referidos no artigo anterior, ou com outras palavras ou
divisas desde que o conjunto seja adequado a distinguir o estabelecimento”.
Quer o nome quer a insígnia estão regulados nos artigos 282.º ss CPI. “ Todos os
que tiverem legítimo interesse, designadamente agricultores, criadores, industriais,
comerciantes e demais empresários, domiciliados ou estabelecidos em qualquer
lugar do território português, têm o direito de adoptar um nome e uma insígnia
para designar, ou tornar conhecido, o seu estabelecimento, nos termos das
disposições seguintes.”
Tal como sucedeu com a firma, relativamente ao nome e insígnia vamos estudar os
princípios que norteiam a sua constituição, bem como a sua garantia. Quanto aos
princípios que se devem observar na constituição do nome insígnia, eles são os
mesmos operados na constituição das firmas, embora devam ser interpretados em
moldes diferenciados precisamente porque agora estamos num âmbito de protecção
diferente.
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3. Princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: este princípio não pode ser entendido nos mesmos moldes
em que é visto para a firma, aqui o nome ou insígnia obedecendo ao princípio da
liberdade, pode não revelar qualquer indicação sobre a natureza da actividade
podem ser fantasia, estes podem não ter qualquer tipo de relação com a actividade
desenvolvida pelo estabelecimento. Deste modo, o princípio da verdade deve ser
encarado segundo uma perspectiva em que o nome e a insígnia não podem conter
afirmações ou símbolos que não sejam verdade, por exemplo o nome do
estabelecimento conter o nome civil do seu titular e este ser mal identificado. O
principio da verdade encontra consagração legal, das alíneas a a e do art. 285.º CPI:
“ Não podem fazer parte do nome ou insígnia de estabelecimento: O nome
individual, que não pertença ao requerente, salvo se provar o consentimento ou
legitimidade do seu uso; a frima ou a denominação social que não pertença ao
requerente, ou apenas parte característica das mesmas, se for susceptível de
induzir o consumidor em erro ou confusão, salvo se se provar o consentimento ou
a legitimidade do seu uso; As expressões “antigo armazém, antiga casa, antiga
fábrica,” e outras semelhantes, referidas a estabelecimentos cujo o nome ou
insígnia sejam registados a favor de outrem, a não ser que se prove o consentimento
do respectivo proprietário; As expressões “antigo empregado, antigo mestre,
antigo gerente “ e outras semelhantes, referidas a outra pessoa singular ou
colectiva, salvo se se provar o consentimento desta; as indicações de parentesco e
as expressões de “herdeiro, sucessor, representante, ou agente” e outras
semelhantes, excepto se se provar a legitimidade do seu uso”
2. Princípio da novidade: a constituição de um nome e insígnia, para cumprirem a
sua função individualizadora, têm de ser novidade nos sentido destes serem
distinguíveis dos demais nomes e insígnias anteriormente já registadas. Ao exigir-
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I. Caducidade resultante do decurso do tempo, art. 37.º al. a CPI, pelo que o direito
de uso de nome e insígnia, caduca nos 10 anos seguintes ao registo, embora se
admita a sua renovação, art. 293.º CPI “ A duração de registo é de 10 anos, contados
da data da respectiva concessão, podendo ser indefinidamente renovado por iguais
períodos”
II. Caducidade resultante do não pagamento de taxas, art. 37.º al. b CPI. A previsão
das taxas consta do art. 346.º ss CPI.
III. Caducidade em caso de encerramento ou liquidação do estabelecimento, art. 300.º
al. a CPI.
IV. Aquando do registo, o comerciante propõe como nome da estabelecimento, três
designações, sendo escolhendo apenas uma, nas restantes caducam.
Garantias quando o nome e insígnia se encontram registados:
Secção III
A marca
1. Noção
A marca é um sinal distintivo susceptível de representação gráfica, destinada
sobretudo a distinguir certos produtos de outros produtos idênticos ou afins. Os
princípios orientadores na constituição da marca estão em consonância com o que
se disse em relação à constituição da firma, nome e insígnia, e vêm regulados nos
art. 222.º ss CPI.
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2. Espécies de marcas
As marcas podem ser de diferentes espécies atendendo a diversos critérios:
2.1 natureza das actividades a que se ligam
Mmarcas de indústria, de comércio, de agricultura, de serviços, etc. art. 225.º al. a,
b, c, e.
2.2 Atendendo aos possíveis titulares das marcas
Podem ser individuais ou colectivas, sendo que estas últimas não têm
necessariamente que ser exploradas por uma multiplicidade de pessoas, basta que
seja usada por uma entidade mas que defende interesses de múltiplos sujeitos, como
acontece com a marca por exemplo de uma carne de raça. As marcas colectivas,
constam do art. 228.º CPI “ Entende-se por marca colectiva uma marca de
associação ou uma marca de certificação. 2. Podem constituir marca colectiva os
sinais ou indicações utilizados no comércio para designar a origem geográfica dos
produtos ou serviços”
A este propósito cumpre diferenciar:
Marcas de associação, art. 229.º CPI “ uma marca de associação é um sinal
determinado pertencente a uma associação de pessoa singulares ou colectivas, cujo
membros o usam, ou têm intenção de usar, para produtos e serviços relacionados
com o objecto da associação” assim sucede com a marca de carne arouquesa.
Marcas de certificação, art. 230.º CPI “ Uma marca de certificação é um sinal
determinado pertencente a uma pessoa colectiva que controla os produtos ou os
serviços ou estabelece normas a que estes devem obedecer”
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marca tem ainda como função satisfazer interesses do seu comercializador, uma vez
que é um excelente meio de publicidade.
A marca pode ser constituída de modo quase ilimitado, mas terá sempre subjacentes
questões relacionadas com marketing e com a obtenção da maior clientela possível.
Assim, a marca protege sobretudo o seu titular.
Por último a marca tem ainda como função, garantia de qualidade do produto.
Em suma a marca tem como funções: distintiva; publicitária, indicação de origem,
protecção do comercializador; garantia de qualidade.
4. princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: o princípio da verdade no que concerne à constituição das
marcas tem de ser entendido com uma certa maleabilidade, até porque a designação
da marca, quase nunca corresponde à designação do produto, apenas em casos
gritantes é que este princípio poderá ser violado.
2. Princípio da novidade: uma marca que é registada tem de ser nova, ou seja, tem
de conferir ao seu titular o seu direito de uso exclusivo. A protecção das marcas é
efectuada em relação às restantes que digam respeito a produtos afins ou idênticos,
assim se houver a possibilidade de confusão ou associação de marcas, devemos
atender ao produto que ela identifica, sendo que se for um produto semelhante ou
afim o registo da marca deve ser recusado, vigora aqui também o princípio da
especialidade: art. 238.º al. m CPI “ É ainda recusado o registo de marcas que
contendam em todo ou alguns dos seus elementos: reprodução ou imitação, no todo
ou em parte, de marca anteriormente registada para produtos ou serviços idênticos
ou afins que possa induzir em erro ou confusão o consumidor ou que compreenda
o risco de associação coma marca registada” a redacção do artigo é clara, apenas
é deixado ao intérprete a análise do que são produtos afins, é importante esclarecer
o que isto seja, sendo que se entende como produtos afins aqueles que embora sendo
diferentes são substitutos entre si. A este propósito devemos atender ao disposto no
art. 245.º CPI que estabelece o que constitui a imitação ou usurpação da marca. O
artigo estabelece requisitos cumulativos: “ A marca registada considera-se imitada
ou usurpada por outra, no todo ou em parte, quando, cumulativamente: a marca
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“refresco” para laranjadas. Do mesmo modo, não podem as marcas ser constituídas
por sinais de uso comum.
5.2 O registo
O registo da marca confere ao seu titular o direito de propriedade sobre a mesma,
assim este pode usar a marca em todos os seus produtos, serviços, podendo
inclusive transmitir a marca, quer de modo definitivo quer mediante licenciamento,
sem a respectiva transmissão da empresa, art. 262.º CPI “ Os registos de marcas
são transmissíveis se tal não for susceptível de induzir o público em erro quanto à
proveniência do produto ou do serviço ou aos caracteres essenciais para a sua
apreciação.”
Trespassando-se um estabelecimento, transmite-se naturalmente a marca, a ele
legadas, do mesmo modo, transferindo-se um estabelecimento a título temporário,
vale também a regra da transmissão natural.
A transmissão inter vivos das marcas quando não integrada num negócio sobre o
estabelecimento, deve fazer-se por documento escrito, art. 31.º n.º 6 CPI. Sendo que
em qualquer dos casos, a transmissão só produz efeitos em relação a terceiros depois
do respectivo averbamento no INPI, art. 30.º n.º 1 e 2 CPI:.
Note-se que os direitos conferidos pelo registo de marca no nosso pais, são eficazes
em todo território nacional, art. 4.º CPI
Exemplo
Se, por exemplo o Sr. A começa a usar certa marca sem registo, e B posteriormente
começa a usar a mesma marca e requer o respectivo registo ao INPI, a lei protege o
interesse do Sr. A, concedendo-lhe o direito de pedir e obter para sí o registo da
marca em detrimento do Sr. B, mas com uma condição: a de que o uso de A ainda
não tenha excedido a duração de seis meses e ele apresente a sua reclamação dentro
desse prazo. O uso da marca confere, portanto, um direito de prioridade para o seu
registo, embora apenas limitado no tempo.
Pode, no entanto acontecer outra situação, de marcas ainda não registadas, o INPI
pode reconhecer, que sendo uma marca usada pelo Sr. A, e aparecendo o Sr. Ba
requerer o registo, B pretende fazer concorrência desleal a A, ou que esta é possível
independentemente as sua intenção, pode recusar o registo requerido por B.
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O registo da marca confere ao seu titular um direito sobre esta pelo prazo de 10
anos, renováveis (art. 255.º CPI).
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Nota: nos termos do art. 255.º CPI os direitos conferidos pelo registo caducam no
prazo de 10 anos, contudo, a sua renovação é admitida sem qualquer limite temporal
diferentemente do que acontece com as patentes em que o prazo de registo é
limitado.
9. Licenciamento da marca
A transmissão da marca como ficou exposta implica a sua transmissão definitiva
por parte do cedente. Não obstante, a marca pode ser alvo de outro tipo de contratos
de transmissão não definitiva da mesma, trata-se de contratos que permitem
transmitir a título meramente temporário, um conjunto total ou parcial de direitos
de uso de certa marca, em todo ou em parte do território português, e que são
conhecidos como licenciamento da marca, o 32.º CPI prevê a possibilidade de
licenciamento para os sinais distintivos em geral e o art. 264.º estabelece tal
possibilidade de modo particular para as marcas. “Os direitos referidos no n.º 1 do
artigo anterior podem ser objecto de licença de exploração, total ou parcial, a
título gratuito ou oneroso, em certa zona ou em todo o território nacional, por todo
o tempo da sua duração ou por prazo inferior”
art. 264.º CPI “O titular do registo de marca pode invocar os direitos conferidos
pelo registo contra o licenciado que infrinja qualquer cláusula, ou disposição, do
contrato de licença, em especial no que respeita ao seu prazo de validade, à
identidade da marca, à natureza dos produtos ou serviços para os quais foi
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civil, que poderá levar à sua resolução, por violação do princípio da verdade e da
protecção do público.
Semelhante ao contrato de licença é o contrato atípico de merchandising de marca,
através do qual o titular de uma marca registada de prestígio concede a outrem o
direito de usar o signo para distinguir produtos não idênticos nem afins dos produtos
para que ela foi registada.
As recompensas só podem ser aplicadas aos produtos e serviços a respeito dos quais
foram concedidas (art. 218.º CPI).
Usurpação:
• Imitação – Quando há alguns elementos comuns susceptíveis de
confundibilidade;
• Contratação ou reprodução – Alguém está a utilizar uma marca sem sequer a
ter modificado.
MARCA DE FACTO – marca não registada . Esta , marca não obtém a tutela
que lhe dá o direito da marca registada 170 e 189
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Titulo III
Títulos de crédito
1. Conceito de crédito
CRÉDITO – Troca de prestação presente por prestação futura. Este deferimento
das prestações pode resultar de:
• Convenção das partes ou;
• O crédito pode fazer parte da própria estrutura do negócio jurídico. Exemplo:
um crédito.
Títulos de crédito (TC): Sendo o crédito a troca de uma prestação presente por
uma prestação futura, pelo que os títulos de crédito são documentos escritos
constitutivos pois os direitos só podem ser exercidos com a sua presença, sendo
direitos cartulares (documentais) ou sejam direitos incorporados no título, cujo
exercício não pode ser efectuado sem a sua presença, sendo por isso eficaz, seguro
e rápido na transmissão dos respectivos créditos, vêm assim facilitar essa troca.
2. Características
- 4 Cumulativas:
- Incorporação ou legitimação
- Circulabilidade
- Literalidade
- Autonomia
- O direito não poderá ser exercido por quem não tenha a sua posse
A lei presume que o possuidor é o seu verdadeiro proprietário, pelo que o devedor
terá de cumprir perante o seu portador, e caso o possuidor não coincida com o seu
verdadeiro titular este só poderá exigir o direito de regresso do possuidor.
Ordem: Transmissão através de endosso, que pode ser nominativo (à ordem de F...),
ou em branco, passando o TC neste caso ao portador.
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Cheque: Ordem de pagamento à vista dada pelo sacador ao Banco (sacado), pode
ser Nominativo, à ordem ou ao portador:
- Nominativo: Quando tem o nome do beneficiário e é cruzado, tendo a clausula “não
à ordem”.
- Ordem: Quando tem o nome do beneficiário, mas não é cruzado
- Portador: Quando não tem nome, está em branco.
Letra: Ordem de pagamento a prazo, dada pelo credor (sacador), sobre o devedor
(sacado), regra geral é um TC à ordem, podendo transformar-se em TC ao portador
pelo endosso em branco.
O endossante é co-responsável solidariamente perante terceiros no pagamento da
letra, só não sendo responsável o último tomador, como é responsável o sacador,
quando o banco lhe antecipa o valor TC
Pelo que sempre que exista falta de pagamento ou falta de aceite, essa recusa deve
ser certificada através de protesto junto do notário, cfr. art.º 44 LULL.
O protesto pode ser dispensado sempre que exista a clausula se “sem protesto” ou
“sem despesas”.
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Saque: Acto pelo qual o sacador emite uma ordem de pagamento ao sacado, o
sacador é também solidariamente responsável pelo pagamento da obrigação
pecuniária constante do TC caso haja endossos, caso o sacado não o pague o TC na
data do seu vencimento.
Aceite – Art.º 21 e ss. LULL: Declaração de vontade pela qual o sacado assume a
obrigação cambiária principal, ou seja a de pagar na data do seu vencimento uma
determinada quantia, que está inscrita no TC.
Art.º 22, O sacador também pode proibir na própria letra a sua apresentação a aceite,
caso em que é uma letra pagável à vista, que em caso de não pagamento, a acção
será proposta só contra o sacador e os endossantes, cfr. art.º 44 LULL.
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Podem existir acções escriturais, que não têm existência física, dando-se a transmissão por
registo junto da soc. emitente ou do intermediário financeiro.
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Com o decurso do tempo, tornou-se progressivamente usual utilizar a própria letra para
novos pagamentos, escrevendo nela sucessivas ordens de pagamento a favor de novos
destinatários. Cada título passou a servir para solver sucessivas obrigações, promovendo-
se desta forma a facilitação da concessão e transmissão de créditos.
Desta origem do primeiro dos títulos até ao presente, uma longa evolução decorreu, mas
sempre tendo como base a mesma função: satisfazer de forma eficaz as necessidades da
vida económica no que toca à simplicidade, rapidez e segurança da circulação da riqueza.
Por isso, aos títulos de crédito se chama títulos negociáveis ou circuláveis.
O título garante ao titular do direito que só a ele pertence o direito e não a qualquer outra
pessoa que pretenda arrogar-se tal titularidade. Assim, a emissão do título de crédito
incentiva o credor a conceder o crédito pelo meio próprio de cada espécie de títulos.
Favorece também a posição do devedor: se este paga a quem se mostra legitimado pela
posse do título segundo a respectiva lei de circulação, liberta-se da obrigação, mesmo que,
na realidade, essa pessoa não fosse o verdadeiro titular.
Dá aos terceiros de boa fé, que venham a adquiri-lo, a tranquilidade de que serão, um após
outro, sucessivos titulares de direitos, sem que lhes possam ser opostas pelo devedor as
excepções oponíveis aos anteriores possuidores.
O título de crédito é assim um documento necessário para exercitar o direito liberal e
autónomo nele mencionado.
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O direito cartular tem a sua origem numa relação jurídica que precede o nascimento do
título de crédito - a relação subjacente ou fundamental - da qual podem resultar, ou apenas
um direito para uma das partes e correlativa obrigação para a outra, ou recíprocas direitos
e obrigações para as duas ou mais partes em confronto.
Incorporação ou legitimação:
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Surgem duas consequências muito importantes: mesmo que o possuidor do título não seja
o verdadeiro titular do direito, ele estará legalmente habilitado a exerce-lo ou transmiti-lo.
O titular do direito estará impossibilitado de exercê-lo ou transmiti-lo se não tiver a posse
do título. Só o possuidor formalmente legítimo do título é que pode exercer o direito
cartular, só ele é que pode transmitir para outrem esse direito.
Isto resulta de uma presunção jurídica de que o possuidor do título está de boa fé e de que
é ele o verdadeiro dono, o titular do direito sobre o próprio título.
O regime jurídico dos títulos de crédito assenta numa presunção de boa fé dos sucessivos
detentores do título.
Ao substituir por essa presunção a regra geral do direito civil, que exige a coincidência da
titularidade do direito com a legitimidade para o seu exercício, o regime dos títulos de
crédito visa reforçar as condições de circulabilidade dos títulos e o desempenho da sua
correlativa função jurídico - económica.
Circulabilidade:
Os títulos de crédito destinam-se a circular. A sua própria destinação jurídico - económica
implica a potencialidade de serem transmitidos da titularidade de uma pessoa para a de
outra, sucessivamente.
Os documentos que não comportem a possibilidade de circulação não podem ser
considerados como títulos de crédito. Não basta a mera possibilidade da circulação para
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Direito da actividade comercial
que determinados documentos possam como tais ser qualificados. É necessário que esses
documentos sejam destinados à circulação.
Isto não significa que a circulação dos títulos de crédito não possa ser de modo nenhum
condicionada ou regulada.
Literalidade:
O direito cartular é um direito literal, porque para a determinação da sua existência,
conteúdo, limites e modalidades daquele direito é exclusivamente decisivo o teor do
próprio titulo.
E é assim porque a estrita ligação do título com o direito que ele incorpora torna
logicamente indispensável que tal direito valha apenas nos termos que são revelados pelos
dizeres do documento.
Os sucessivos portadores do título podem estar seguros de que só os termos do próprio
título é que os vincula. Nem o possuidor pode exigir ao devedor o que não conste do título,
nem o devedor pode alegar meios de defesa que o documento não mencione.
Os títulos de crédito valem precisamente segundo os termos que a sua letra revela, para que
a sua circulabilidade seja plena.
A letra do título não tem de exprimir todas as regras e condições pertinentes ao direito
cartular.
A literalidade não assume intensidade igual em todos os títulos.
É mais directa e completa nos títulos abstractos, que são aqueles que, além de não terem
uma causa-função típica, são independentes da respectiva causa concreta.
É indispensável que o documento dê a conhecer todos os elementos identificadores dos
termos, limites e modalidades de cada obrigação constante do título.
Já nos títulos causais, cuja causa-função é típica e única, estando o título a ela vinculado,
esta característica surge mais difusa. Não se cogita de incluir senão os elementos
indispensáveis para a identificação da sociedade emitente e a delimitação básica da situação
jurídica do titular.
Autonomia:
O direito representado pelo título de crédito é autónomo, em dois sentidos:
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1 - Existe a autonomia face ao direito subjacente. O direito cartular tem a sua origem numa
relação jurídica logicamente anterior ao surgimento do título - a relação subjacente ou
fundamental. O direito cartular é autónomo do direito subjacente;
2 - Existe a autonomia face aos portadores anteriores. O direito cartular é autónomo, porque
cada possuidor do título, ao adquiri-lo segundo a sua lei de circulação, adquire o direito
nele referido de um modo originário, independentemente da titularidade do seu antecessor
e dos possíveis vícios dessa titularidade. Todo se passa como se o direito cartular não fosse
propriamente transmitido, mas adquirido de forma originária, de cada vez que o título
circula para um novo titular;
6. Títulos impróprios
Habitualmente não são considerados como títulos de crédito certos documentos que, muito
embora tenham, em geral, as mesmas características daqueles, não as têm geneticamente,
também se afastando deles no tocante à sua função jurídico-económica e, por isso, quanto
à característica de circulabilidade, sendo designados como impróprios.
7. Tipologia – Classificações:
Critério da causa-função, ou do nexo com a relação subjacente
Segundo este critério, consideram-se duas espécies de títulos:
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1 - São títulos causais os que se destinam a realizar uma típica e única causa - função
jurídico económica, inerente a um determinado tipo de negócio jurídico subjacente, do qual
resultam direitos cuja transmissão e exercício o título se destina a viabilizar ou facilitar.
Exemplo disso são as acções das sociedades anónimas.
2 - São títulos abstractos aqueles que não têm uma causa-função típica, pois são aptos a
representar direitos emergentes de uma pluralidade indefinidamente vasta de causas-
funções. Estes títulos são independentes da respectiva causa. O devedor não pode invocar
contra o portador do título excepções fundadas na relação subjacente, que é a causa mediata
da sua obrigação e do correlativo direito do portador.
A abstracção da causa significa que o direito e a obrigação cartular são independentes da
sua causa, no sentido de que eles são vinculativos independentemente dos vícios de que tal
causa possa padecer, os quais são inoponíveis ao portador.
A relação subjacente ou fundamental é apenas a causa mediata ou remota do título e de
cada direito / obrigação cartular, no sentido de que este visa incorporar um dos direitos
originados por aquela relação jurídica, direito esse que poderia perfeitamente subsistir sem
o título de crédito.
Quer os títulos causais, quer os abstractos, têm sempre uma dada causa: nenhum direito
surge sem uma causa, nenhuma transmissão de direito se opera sem uma causa. O que pode
ocorrer é que o título seja propício a dar guarida apenas ao direito provindo de um dado
tipo de causa - será o tipo causal - ou que ele tenha aptidão de recobrir direitos oriundos de
uma variedade atípica de causas - será um título abstracto.
A maior parte dos títulos de crédito hoje em uso incorporam direitos de crédito em sentido
estrito, geralmente direitos a uma prestação pecuniária, e por isso se designam como títulos
de crédito propriamente ditos. É o que sucede com: as letras e livranças, os cheques, os
extractos de factura, etc...
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Títulos ao portador: São os que não identificam o seu titular e transmitem-se por mera
tradição manual, por entrega real do documento: o titular é quem for detentor do documento
- art.°483 do C. Com.
O possuidor presumir-se-á sempre o titular do crédito de propriedade do título e, com ele,
do direito cartular, estando por isso legitimado para o exercer.
Títulos à ordem: São os que mencionam o nome do seu titular, tendo este, para transmitir
o título e, com ele, o direito cartular, apenas de nele exarar o endosso: uma declaração
escrita, no verso do título, ordenando ao devedor que cumpra a obrigação para com o
transmissário e / ou manifestando a vontade de transmitir para este o direito incorporado -
art.°483 do C. Com.
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Este endosso que produz o efeito de transmitir a propriedade do título e o direito cartular,
diz-se endosso translativo. Dele importa distinguir, por não terem essa finalidade nem esse
efeito outros tipos de endosso.
O chamado endosso em branco, caracterizado por não mencionar o nome do endossado,
limitando-se o endossante a subscrever o título, o qual passa a partir de então a ser um título
ao portador em vez de um título à ordem, porque ele passará a circular, de pleno direito,
por mera tradição, enquanto não for inserido o nome de detentor no espaço em branco.
Títulos nominativos: Mencionam também o nome do seu titular e a sua circulação exige
um formalismo complexo, do qual é exemplo modelar o regime da circulação das acções
nominativas: para que a sua transmissão seja válida, deve ser exarada nos próprio título,
pelo transmitente, uma declaração de transmissão, bem como que nele seja lavrado a quem
pertence, isto é, que no local adequado seja inserido o nome do novo titular; além disso, é
ainda necessário o averbamento do acto no livro de registo da acções da sociedade emitente.
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por acções; ou os títulos de participação que só podem ser emitidos por empresas públicas
ou sociedades anónimas pertencentes maioritariamente ao Estado.
No escasso terreno de aplicação deixado livre por estas restrições é que poderá conceber-
se a criação de títulos de crédito inominados.
11. Principais títulos de crédito - Os títulos cambiais: Letra, Livrança e
Cheque
A Letra:
A letra é um título de crédito através do qual o emitente do título - sacador dá uma ordem
de pagamento - saque, de uma dada quantia, em dadas circunstâncias de tempo e lugar, a
um devedor - sacado, ordem essa a favor de uma terceira pessoa - tomador. Ex.: o sacador
A (credor) dá ordem de pagamento ao sacado B (devedor) a favor do tomador C (Banco).
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O principal obrigado da letra é o aceitante, que assume a obrigação de pagar a quantia nela
mencionada, ao portador legitimado por uma série ininterrupta e formalmente correcta de
endossos, ao tempo do vencimento e no local devido.
Mas não é só o aceitante que se obriga em virtude da letra: todos os subscritores do título
se obrigam a efectuar a prestação nele referida. Obrigam-se solidariamente, embora a
obrigação dos demais subscritores seja apenas uma garantia.
Cada um dos endossantes promete ao seu endossado e aos posteriores endossados que a
letra será aceite e paga pelo sacado, obrigando-se solidariamente ao seu pagamento se este
não o fizer.
Temos assim uma sucessão de co-obrigados à mesma prestação, que forma a chamada
cadeia cambiária, na qual têm posições diversas apenas na medida em que cada um se
obriga só perante os posteriores titulares, embora todos se obriguem solidariamente perante
o portador.
Há ainda um outro tipo de obrigação cambiária de garantia, que é a resultante do aval, acto
pelo qual uma qualquer pessoa garante o pagamento dela por um dos subscritores.
Resta referir que a eficácia das obrigações cambiárias de garantia depende, em regra, da
comprovação da falta de aceite ou de pagamento pelo sacado, que o portador deve
promover através do protesto no cartório notarial competente.
A Livrança:
A livrança menciona uma promessa de pagamento de uma certa quantia, em dadas
condições de tempo e lugar, pelo seu subscritor ou emitente, a favor do tomador ou de um
posterior endossado que for seu portador legítimo no vencimento.
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O Cheque:
O cheque exprime uma ordem de pagamento, de determinada quantia, dada por um sacador
a um sacado, que tem a peculiaridade de ser necessariamente um banqueiro, ou uma
instituição de crédito habilitada a receber depósitos de dinheiro mobilizáveis por essa
forma, e a favor de uma pessoa denominada tomador, que pode ser ou não individualizada.
O cheque constitui um meio de pagamento, ao próprio depositante ou a terceiro, a realizar
por força do depósito que o sacador tem na instituição de crédito.
Como o cheque é livremente circulável, ele pode desempenhar a função de transmitir o
crédito, o direito ao pagamento pelo banco da quantia nele mencionada, porque a ordem de
pagamento e os sucessivos actos de transmissão do título não têm uma causa-função típica,
antes podem ter como causa relações subjacentes da mais variada espécie, trata-se de um
título abstracto.
Quanto à forma de circulação, o cheque pode ser título à ordem, quando contém o nome do
beneficiário da ordem de pagamento, que o pode transmitir por endosso; e pode ser título
ao portador, quando não contém o nome do beneficiário da ordem, sendo transmissível por
mera entrega real.
É ainda concebível o cheque pagável a determinada pessoa, mas com a cláusula "não à
ordem", o qual, à semelhança da letra, só é transmissível pela forma e com os efeitos de
uma cessão ordinária de créditos.
O cheque é também um título rigorosamente formal.
No cheque, o sacador e os endossados são solidariamente responsáveis pelo pagamento do
cheque, no caso de falta de cumprimento do sacado, devendo a falta deste, em princípio,
ser comprovada por protesto ou declaração equivalente, a realizar no prazo da apresentação
a pagamento.
As obrigações dos demais subscritores do cheque podem ser garantidas por terceiro,
mediante aval.
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O cheque comprado (vulgo cheque bancário), que se caracteriza por ser emitido por um
banco contra si mesmo: ele é ao mesmo tempo o sacador e o sacado. Uma pessoa que
pretenda remeter ou levantar fundos para outra praça compra o cheque ao banco, que o
emite a favor da pessoa indicada pelo comprador.
O cheque viagem, que é uma espécie de cheque comprado, caracterizado por conter a
assinatura do tomador, lançada no cheque no momento da compra, devendo o tomador nele
lançar uma segunda assinatura, para evitar fraudes, quando pretender receber o seu
montante no banco, ou transmiti-lo.
Extracto de factura:
O extracto de factura é um título de crédito em sentido restrito, à ordem, que deve ser
emitido sempre que, no contrato de compra e venda mercantil a prazo entre comerciantes,
a obrigação de pagar o respectivo preço não for titulada por uma letra.
A emissão deste título pressupõe a realização de uma compra e venda de mercadorias entre
comerciantes estabelecidos no território nacional português, na qual o preço deva ser pago
a prazo certo.
O vendedor deve emitir uma factura, que será acompanhada de um extracto e remetida ao
comprador. Este deverá ficar com a factura e aceitar o extracto, devolvendo-o ao vendedor
dentro do prazo aplicável.
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C. Com. Pode definir-se como o contrato pelo qual uma pessoa singular ou colectiva,
constituída em empresa para a explorar a actividade transportadora - o transportador - se
obriga para com uma pessoa que lhe entrega determinadas coisas móveis - o expedidor - a
transportá-las de um determinado lugar para outro, mediante remuneração - o frete -
fazendo entrega do objecto do transporte, no local do destino, a outra pessoa - o
destinatário. O expedidor e o destinatário podem ser a mesma pessoa - art.°371 do C. Com.
Acções:
Denomina-se acção cada uma das fracções, de valor igual, em que se divide o capital social
de uma sociedade anónima, bem como as participações no capital de uma sociedade em
comandita por acções que sejam detidas pelos sócios comanditários.
As acções podem ser representadas por títulos predispostos para a circulação e que reúnem
as características gerais dos títulos de crédito, os quais são igualmente denominados -
acções.
As acções são títulos de participação social que representam uma situação jurídica de sócio,
um feixe de direitos e obrigações de seu titular face à sociedade emitente. As acções
incorporam essa situação jurídica, pois os respectivos titulares só podem exercer os direitos
pertinentes à sua condição de accionistas desde que detenham os títulos. Só podem
transmitir essa situação jurídica através da alienação dos próprios títulos, segundo as
modalidades que a lei consente.
Tais modalidades são apenas duas: acções ao portador e nominativas. A emissão por uma
sociedade de acções de ambas ou apenas de uma destas espécies decorre do que estiver
previsto nos seus estatutos.
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As acções escriturais têm necessariamente que ser registadas, uma vez que não são
representadas por títulos.
A par das acções ordinárias, podem ser estatutariamente criadas acções preferenciais que
conferem certos direitos especiais aos accionistas delas detentores. Existem duas categorias
destas acções preferenciais:
- Acções preferenciais sem voto – Art.º 341 a 344 CSC: conferem aos seus titulares todos os
direitos das acções ordinárias, excepto o de voto e ainda o direito a um dividendo
prioritário, não inferior a 5% do seu valor nominal, bem como o direito a um reembolso
prioritário em caso de liquidação da sociedade.
- Acções preferenciais remíveis – Art.º 345 CSC: são acções que gozam de um determinado
privilégio patrimonial, e que ficam sujeitas a remissão em data determinada.
Obrigações:
Consistem em partes, de igual valor, em que se divide o débito colectivo assumido, sob
determinadas formas e condições, pelas sociedades e demais entidades autorizadas a emiti-
las.
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No nosso país, podem emitir obrigações: - sociedades anónimas; - sociedades por quotas;
- outras entidades, mediante autorização por despacho do Ministro das Finanças;
A emissão de obrigações deve ser deliberada pelos sócios, estando também sujeita a registo
comercial.
As obrigações são títulos de crédito em sentido restrito, pois representam direitos de crédito
dos seus titulares em relação à entidade emitente.
Outros títulos:
Os títulos de participação são títulos de crédito, que apenas podem ser emitidos por
empresas públicas ou sociedades anónimas de capitais maioritariamente pertencentes ao
Estado, directa ou indirectamente, e que conferem direito a uma remuneração anual
composta de uma parte fixa e de uma variável - esta dependente da actividade ou dos
resultados da empresa apenas podendo ser reembolsados em caso de liquidação da empresa.
Podem ser nominativos ou ao portador.
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A lei não leva tão longe o alcance da característica da incorporação, antes dispõe o meio
técnico-jurídico adequado para assegurar a sobrevivência do direito cartular, através da
chamada reforma dos títulos de crédito.
A reforma consiste na reconstituição do título, através de emissão de um novo documento,
equivalente ao que foi destruído ou extraviado, possibilitando assim a incorporação do
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direito no novo título. O título reformado equivale juridicamente ao que desapareceu, como
se fosse o mesmo documento.
O art.°367 do C. Civil prevê genericamente a reforma de quaisquer documentos escritos
que tenham desaparecido, a qual deve ser efectuada por via judicial, a fim de lhe conferir a
indispensável segurança.
Quanto aos títulos de crédito, existe uma norma específica prevendo a sua reforma, que é
o art.°484 do C. Com. Este artigo refere-se a letras, acções, obrigações e mais títulos
comerciais transmissíveis por endosso, que tenham sido destruídos ou perdidos.
Em virtude de o art.°484 do C. Com. aludir apenas aos títulos transmissíveis por endosso,
leva a compreender apenas os títulos à ordem. Mas não parece que tenha sido esse o
pensamento do legislador, uma vez que o corpo do art.°484 do C. Com. Também se refere
a acções e obrigações, títulos estes que apenas podem ser nominativos ou ao portador.
Não é igual o regime da reforma dos títulos destruídos e dos perdidos ou desaparecidos. O
legislador teve manifestamente em conta a circunstância de que, quanto aos primeiros, não
existe o risco de virem a reaparecer, que existe quanto aos segundos.
Daí que se preveja a publicação de avisos convidando a pessoa que tiver o título
desaparecido em seu poder a vir apresentá-lo.
A sentença que deferir a reforma deve declarar sem valor o título desaparecido, sem
prejuízo dos direitos que o portador possa exercer contra o requerente.
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3.1 O Saque:
Denomina-se saque o acto pelo qual o emitente - sacador - cria a letra e, pela indicação dos
elementos correspondentes aos respectivos requisitos essenciais, lhe confere a sua
específica identidade como título. Ele é a ordem de pagamento em que a letra
essencialmente consiste.
Por ele o sacador, além de ordenar ao sacado que pague ao tomador a quantia mencionada
na letra, nas demais condições de tempo e lugar desta constantes, exprime também
implicitamente a promessa, para com todos os futuros portadores da letra, de que o sacado
assumirá a obrigação cambiária principal e pagará a dívida no vencimento e, se não o fizer,
o próprio sacador está obrigado a pagá-la.
O beneficiário da ordem contida no saque, à ordem de quem ele é feito, é o tomador que
em regra será um terceiro, mas pode ser e muitas vezes é o próprio sacador.
O saque também pode ser sobre o próprio sacador, sendo, então, este sacado e sacador ao
mesmo tempo (não se vê qual seja actualmente o interesse)
Nada impede que sejam vários os sacadores da letra, desde que a ordem de pagamento seja
uma só.
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Se não for feito o aceite pelo sacado, poderá sê-lo por outra pessoa: é o chamado aceite por
intervenção, que pode ocorrer devido a uma incumbência expressa na própria letra pelo
sacador, ou espontaneamente, sem incumbência, art.º 55
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aceitará a letra. Este protesto dispensa o protesto por falta de pagamento e a apresentação
a pagamento.
6.2 O protesto por falta de pagamento
comprova que foi recusado o pagamento da letra para tal apresentada ao sacado e é feito
contra este, já que, ao aceitar a letra, se obrigou a pagá-la no vencimento.
O portador que efectuar o protesto deve avisar o sacador e o seu endossante da falta de
aceite ou de pagamento. A falta destes avisos constitui causa da obrigação de indemnizar
os prejuízos dela resultantes, art.º 45.
A falta de protesto não impede o portador de cobrar a letra do aceitante e do seu avalista,
mas inibe-o de cobrar a letra do sacador, dos endossantes e demais co-obrigados, cfr. art.º
53.
Pode o protesto ser dispensado, através de uma cláusula "sem protesto" ou "sem despesas"
a qual permitirá ao portador exercer plenamente os seus direitos de acção, sem necessidade
de protesto. Se tal cláusula for aposta pelo sacador, produz efeitos quanto a todos os
intervenientes na letra. Se aposta por um endossante ou avalista, só produzirá efeitos em
relação a ele.
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aceite, no caso de falência, suspensão de pagamentos ou execução sem resultado dos bens
do sacado, ou no caso de falência do sacador de uma letra não aceitável.
Todos os subscritores de uma letra são solidariamente responsáveis pelo pagamento dela
perante o portador.
Exercício
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Casos práticos
A, estudante da FDUP comprou uma máquina de café e instalou-se, durante a época de exames,
numa banca num dos corredores onde decorriam orai., servindo café. A sua actividade foi contudo,
proibida pelo conselho directivo, pelo que A acabou por vender a sua máquina de café à Associação
de Estudantes, que a passou a usar no bar que tinha instalado nas suas instalações.
Qualifique, do ponto de vista comercial, os sujeitos em causa bem como os actos por este
praticados.
Para podermos classificar os sujeitos em causa temos de analisar se eles são ou não
comerciantes. Como sabemos com base no art. 13. CCM são comerciantes “As pessoas, que, tendo
capacidade para praticar actos de comércio, fazem deste profissão” Assim é necessário além da
capacidade, que o indivíduo faça da prática de comércio profissão e o exerça em nome próprio.
Contudo, a nossa lei é muito lacunosa, na qualificação de actividades como comerciais, por isso,
existem determinados princípios de direito comercial basilares que são essenciais, para qualificar
certas actividades, que de outra forma não seriam qualificáveis como comerciais. Nestes termos para
enquadrarmos certas actividades teremos de nos socorrer de um mecanismo conhecido como
analogia iuris, trata-se da analogia feita a partir de princípios jurídicos gerais de direito comercial,
mas que não possuem consagração legal.
Extrai-se assim um princípio geral de direito comercial, segundo o qual qualquer actividade de
prestação de serviços exercida por uma empresa transforma-a em empresa comercial, assim as
empresas de prestação de serviços são em regra comerciais. Contudo, a prestação de serviços para
ser encarada como actividade comercial, tem de ser feita no âmbito de uma empresa. Neste caso, A
apesar de exercer uma prestação de serviços, não a presta integrado numa organização empresarial,
não existe na sua actividade vectores de organização e exploração que possam ser negociados, por
isso, A não pode se qualificado como comerciante. Temos assim uma prestação de serviços civil,
que não se rege pelo direito comercial.
Quanto à Associação de Estudantes, sendo uma entidade que não tem por objecto fins lucrativos,
não pode ser classificada como comerciante. Isto não impede contudo que as entidades sem fins
lucrativos não possam exercer actos de comércio desde que tal respeite o princípio da especialidade
do fim consagrado no art. 160.º CC, nada impede a associação de explorar um bar, isso não a torna,
todavia, um comerciante, porque tal actividade é exercida não a título principal mas a título
meramente instrumental.
Uma vez concluído que os sujeitos em causa não são comerciais segue-se a qualificação
dos actos praticados, a compra da máquina e a sua posterior revenda.
A compra efectuada pelo estudante é uma compra civil, por interpretação a contraio dos artigo do
art. 463.º e 464.º n.º 1 CCM, pelo que estabelece este artigo que “Não são consideradas comerciais:
As compras de quaisquer cousas móveis destinadas ao uso ou consumo do comprador ou da sua
família, e as revendas que porventura desses objectos se venham a fazer;” A compra não foi
destinada à revenda, este acto acontece por motivos supervenientes, pelo que não se trata de uma
compra comercial, nos termos do art. 463.º CCM, mas de uma compra civil.
Temos agora que saber qual o regime que segue compra, porque apesar desta ser civil, poderá seguir
os trâmites do CCM.
O estudante, comprou a máquina numa loja, tudo leva a concluir que a venda foi comercial, assim,
a comercialidade da actividade apenas se verifica em relação a uma das partes, o acto é deste modo,
unilateralmente comercial. Para estes, estabelece o art. 99.º CCM “Embora o acto seja mercantil só
com relação a uma das partes será regulado pelas disposições da lei comercial quanto a todos os
contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o acto é mercantil,
ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial”
Assim os actos unilateralmente comerciais são regulados pela lei comercial exceptuando-se as
disposições da lei comercial que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito a lei é
mercantil. Nestes termos basta que uma das partes seja comercial para se aplicar o regime do CCM.
Conclui-se portanto, que apesar da compra ser civil, vai estar sujeita ao regime comercial, por força
da lei mandar aplicar ao acto unilateralmente comercial o regime do CCM. Todavia, apesar disto,
não será aplicado à compra o regime da solidariedade previsto no art. 100.º CCM por tal preceito
estabelecer que “ Esta disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos contratos que,
em relação a estes, não constituírem actos comerciais”
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Relativamente ao negócio efectuado com a AE, consideramos que a venda é civil, porque a máquina
não foi adquirida como intuito de revenda, art. 463.º n.º 3 CCM a contrario. Contudo, a compra é já
comercial, porque foi comprada pela AE com intuito de explorar uma actividade comercial. Assim,
temos uma situação semelhante à acima explicada, um acto unilateralmente comercial, que leva a
que os efeitos comercia se estendam também à venda que é neste caso civil, por força do art. 99
CCM, salvo a excepção prevista no art. 100 .º do mesmo diploma.
➢ B, com 17 anos, organiza periodicamente actividades radicais no rio Paiva, sendo que
para dar continuidade ao negócio, adquire dois novos barcos de borracha contraindo para tal um
empréstimo de 2.500 € junto de um tio C, que explora uma pensão.
Admita ainda que C tinha emprestado a D serralheiro3.000 € para que este pagasse a última prestação
do seu carro.
Classifique do ponto de vista comercial, os sujeitos em causa bem como os actos por este praticados.
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Quanto à compra dos barcos, sendo esta praticada no âmbito de uma empresa comercial, estamos
perante um acto objectivamente comercial, art. 463.º n.º 1 CCM.
Não podemos esquecer que C tinha emprestado D serralheiro 3.000 € para que este pagasse a
prestação do carro.
C é sem dúvida à luz do art. 13.º CCM um comerciante, D contudo, não o é, porque, de acordo com
os princípios gerais de direito comerciais, uma actividade de prestação de serviços só é considerada
comercial se for realizada no âmbito de uma empresa, o que não é o caso.
Quanto ao empréstimo enquanto acto acessoriamente comercial, não é aqui, objectivamente
comercial, conforme o disposto no art. 394.º CCM porque não se destina a financiar uma actividade
comercial, mas antes particular. Questiona-se agora saber se o empréstimo poderá ser
subjectivamente comercial.
Para que um acto seja considerado subjectivamente comercial é necessário que estejam preenchidos
três requisitos, art. 2 CCM.
1. Que o sujeito seja um comerciante ✓ porque como vimos C é comerciante,
2. Que o acto tenha natureza patrimonial ✓ porque se destina pagamento de uma prestação pecuniária;
3. “Se do contrário do próprio acto não resultar” Assim, um acto patrimonial praticado por um
comerciante, só não é subjectivamente comercial, se da prática do acto resultar o contrário, isto é
desde que haja desconexão com a actividade praticada pelo comerciante. Ora é precisamente isto
que resulta desta caso, não há qualquer ligação entre o empréstimo e a actividade desenvolvida por
D, pelo que o empréstimo segue os trâmites do CC e não do CCM.
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à exploração agrícola então, C não é considerado comerciante. Se por outro lado, a actividade de
transformação for uma actividade principal paralelamente à exploração agrícola, C é considerado
comerciante. O critério que de deve usar para qualificar uma entidade de exploração agrícola que se
ocupa também de transformação e venda do produto, será então o da acessoriedade, mediante análise
nomeadamente do tempo dispendido na actividade, no investimento, o trabalho desenvolvido. Se se
concluir que a actividade principal é actividade de transformação, então C deverá ser considerado
comercial.
Mas, C além da actividade agrícola e transformadora dedica-se ainda à venda dos seus
produtos numa loja, assim, ele vende directamente sem intermediário fornecedor os seus produtos
por si transformados. Conforme decorre do art. 464.º n.º 2 CC “Não são consideradas comerciais:
As vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos produtos de propriedade sua ou por ele
explorada e dos géneros em que lhes houverem sido pagas quaisquer rendas” Daqui se conclui
portanto, que as venda realizadas por um produtor rural para revenda são civis, contudo, a compra
de tais produtos será comercial, nos termos do art. 463.º n.º 1 CCM, pelo que nos termos do art. 99.º
CCM se aplicará quanto à compra e venda no seu todo, o regime do CCM salvo np que se refere à
solidariedade conforme estabelece o art. 100.º CCM.
Mas a questão neste caso é diferente porque C não vende o produto original, como sucederia
com fruta por exemplo, C antes de proceder à venda do produto tem de transforma-lo, será então
considerado comerciante? C só será considerado comerciante em virtude do exercício de venda de
produtos na loja, se tiver sido considerado comerciante a título transformador dos produtos, porque
neste caso, a actividade principal será a transformação, sendo a venda do mesmo produto uma
espécie de secção da indústria transformadora.
Se C não foi considerado como comerciante, em virtude da sua actividade de exploração ser
meramente acessória à exploração agrícola, então quando procede à venda dos produtos nua loja
também não deve ser considerado comerciante.
Resta apenas concluir que C preenche os requisitos do art. 13.º CC uma vez que tendo
capacidade para o exercício de direito, porque em nada resulta o contrário, faz deste profissão e
pratica os actos de comercio em nome próprio.
É ainda dito que a loja de C a funcionar em Beja, se encontra instalada num prédio arrendado,
pelo que aqui importa descortinar se se trata ou não de um arrendamento comercial, nos termos do
art. 110.º RAU “ considera-se realizado para comércio ou indústria o arrendamento de prédios ou
parte de prédios urbanos ou rústicos tomados para fins directamente relacionados com uma
actividade comercial ou industrial.” Neste caso a actividade desempenhada no prédio é uma
actividade comercial, logo, o arrendamento tem-se como comercial. Assim, apesar do arrendamento
constar de lei civil, o acto será objectivamente comercial.
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regime a aplicar seria o do CCM, porque como sabemos aos actos unilateralmente comercias, se
aplica o disposto no art. 99.º CCM pelo que “Embora o acto seja mercantil só com relação a uma
das partes será regulado pelas disposições da lei comercial quanto a todos os contratantes, salvo as
que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o acto é mercantil, ficando, porém, todos
sujeitos à jurisdição comercial” destacando-se como excepção o regime da solidariedade previsto no
art. 100.º CCM.
Além de ser subjectivamente comercial a compra seria ainda objectivamente comercial,
porque se destina ao exercício de uma actividade comercial.
Sendo a compra das tintas efectuada por uma associação de agricultores, o acto não poderia
ser qualificado como subjectivamente comercial. Assim sucede porque como sabemos os actos
subjectivamente comercias, são aqueles que são praticados por comerciantes, e uma associação deste
género não é comerciante, art. 14.º CCM É proibida a profissão do comércio: 1.º Às associações ou
corporações que não tenham por objecto interesses materiais;” As associações e fundações que não
tenham por objecto interesses materiais, não podem ser comerciantes. Esta norma, não impede
contudo, que tais entidades fiquem impossibilitadas de praticar actos de comércio desde que
respeitem os limites da sua capacidade jurídica, conforme o estabelecido no art. 160.º CC, contudo,
apesar de praticarem actos de comércio, não podem ser qualificadas como comerciantes.
Nestes termos o que podemos suscitar é se a compra poderá ser objectivamente comercial, ao que
respondemos afirmativamente porque a tinta vai ser usada no âmbito de uma actividade comercial,
a venda de produtos dos agricultores, logo será objectivamente comercial. Mais uma vez,
destacamos que esta qualificação não é muito importante porque se a compra não fosse comercial
aplicar-se-ia na mesma o regime do CCM, por aplicação do art. 99 CCM, porque a venda será a
priori comercial.
Resta agora analisar a contratação do pintor. Como sabemos este desempenha uma
actividade de prestação de serviços, sendo que em nenhuma disposição do CCM se qualifica a
prestação de serviços como sendo uma actividade comercial, contudo, tem-se entendido a
qualificação desta actividade como sendo comercial, mediante o recurso à analogia iuris, permitindo
a partir de princípios de direito comercial, qualificar certas actividades como comercias. Contudo,
note-se que a actividade de prestação de serviços apenas é considerada de índole comercial no caso
de ser exercida no âmbito empresarial, pelo que o pinto que trabalha por conta própria não possuindo
qualquer organização empresarial por de trás da sua actividade não poderá ser considerado como
comercial.
Contudo, ainda que o pintor não pratique uma actividade comercial, por não possuir uma
empresa, a prestação de serviços por ele desempenhada será de âmbito comercial, por se destinar a
uma empresa, assim o regime jurídico a aplicar será o do CCM, em virtude do art. 99.º CCM.
➢ M, Guitarrista, possui uma banda de Rock “M&M sound” sendo sócio único de uma
sociedade comercial, conhecida como “Rock&Rock” que se destina à gravação e emissão de discos.
M comprou recentemente uma guitarra e uma mesa de mistura para o estúdio da editora.
C é considerado comerciante?
Vamos começar por analisar a actividade de M enquanto músico, pelo que se conclui do
art. 464.º n.º 3 CCM “Não são consideradas comerciais: As compras que os artistas, industriais,
mestres e oficiais de ofícios mecânicos que exercerem directamente a sua arte, indústria ou ofício,
fizerem de objectos para transformarem ou aperfeiçoarem nos seus estabelecimentos, e as vendas de
tais objectos que fizerem depois de assim transformados ou aperfeiçoados” Assim, em regra o nosso
ordenamento jurídico exclui da actividade industrial o exercício de actividades intelectuais, entre as
quais de inclui a música. Assim, por esta via, M não pode ser considerado comerciante.
E ainda referido que M é sócio unitário de uma sociedade comercial, sendo que nos termos
do art. 13.º n.º 2 as sociedades comerciais são consideradas comerciantes. Assim, além das pessoas
singulares também as sociedades comercias podem ser comerciantes, sendo que de acordo com o
art. 1.º Código das Sociedades Comerciais (CSC) são sociedades comercias:
3. Requisito substancia: Aquelas que tenham por objecto a prática de actos de comércio;”
4. Requisito formal: E adoptem o tipo de sociedade em nome colectivo, de sociedade por quotas, de
sociedade anónima, de sociedades em comandita simples ou de sociedade em comandita por acções”
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Contudo, apesar de M ser sócio único da sociedade, quem adquire a qualidade de comerciante é a
sociedade e não o sócio, deste modo, se conclui que por esta via M também não pode ser considerado
comerciante.
Note-se que para que a própria sociedade seja considerada comercial é necessário que além do
preenchimento do requisito formal, enumerado acima, tenha por objecto a prática de actos de
comércio. Aqui não temos qualquer dúvida em afirmar que esta sociedade pratica actos de comércio,
porque tal decorre directamente da lei, art. 230.º n.º 5 CCM “Haver-se-ão por comerciais as
empresas, singulares ou colectivas, que se propuserem: Editar, publicar ou vender obras científicas,
literárias ou artísticas”
Relativamente à compra da guitarra, parece que estamos perante uma compra subjectiva e
objectivamente civil, destinando-se o objecto para uso pessoal, subjectiva porque não é efectuada
por um comerciante e objectivamente civil porque não consta do art. 463.º nem 4634.º nem se destina
ao desenvolvimento de uma actividade empresarial. Quanto à mesa de mistura, destinada para a
gravação dos discos poderá ser uma compra subjectivamente comercial, de acordo com ao art. 2
CCM, uma vez que, foi praticada por um comerciante, neste caso a sociedade comercial na pessoa
de M, é o acto de natureza patrimonial, e desde que o contrário do próprio acto não resultar. De
qualquer dos modos, a compra será objectivamente comercial porque de destina ao desenvolvimento
de uma actividade comercial.
De qualquer dos modos na compra da guitarra, apesar da compra ser civil aplicar-se-á o regime do
CCM em virtude da aplicação do art. 99 CCM, salvo no que concerne à aplicação do regime da
solidariedade.
Caso pratico:
Resolução:
O credor pode pedir responsabilidades no pagamento desta divida ao comerciante e também a sua
esposa, isto porque analisando o art. 1691º, a responsabilidade por uma divida comercial é de ambos
os cônjuges se forem casados num regime de comunhão (o que se verifica pois são casados no regime
de comunhão de adquiridos), se a divida foi contraída no exercício do comércio (que também
acontece, visto A ter comprado mercadoria para revenda no seu estabelecimento, tendo em conta o
art. 15º do código comercial – presunção) e, finalmente, se houver proveito comum do casal (em
principio existe pois todo o acto comercial gera beneficio para toda a família). E como os requisitos
são cumulativos e visto estarem preenchidos os 3, a responsabilidade é atribuída a ambos os
cônjuges.
Caso pratico:
C é comerciante e é casado desde 1999 no regime de comunhão geral de bens com D. C possuiu um
estabelecimento onde se dedica a venda de vinhos. No mês passado, organizou uma festa em sua
casa e foi a um hipermercado comprar 30 garrafas de vinho, as quais foram consumidas na referida
festa. Admitindo que C fica devedor dessa mercadoria, diga quem pode ser responsabilizado por
este pagamento.
Resolução:
O credor vai responsabilizar o casal na medida em que se presume do art. 15º do código
comercial, que todo o acto praticado no exercício do seu comercio, assim como se presume do art.
1691º, 1, d) que o facto que deu origem a esta divida gerou proveito comum do casal. Verificando-
se estes dois requisitos, mais o facto do casal estar casado num regime de comunhão, nos termos do
art. 1691º, 1, d) a divida comercial pode ser imputada a ambos os cônjuges pois estão preenchidos,
cumulativamente, os 3 requisitos necessários.
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Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 A tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do
cônjuge.
Quando o facto que deu origem á divida ocorreu, já eram casados, logo verifica-se o n.º 2 do 1690.
A viatura foi adquirida para o exercício do comércio segundo 15 do C. Comercial, como esta lei
estabelece uma presunção legal, logo verifica-se este requisito, a compra da viatura, ou seja o
negócio subjacente á divida gerou proveito comum do casal, mesmo que não tenha sido
imediatamente evidente a nível económico, presume-se que gerou bem-estar familiar.
Como são casados em comunhão geral de bens e a alínea d) só fala em separação de bens, logo
neste caso concreto respondem solidariamente os bens comuns do casal de acordo com1695 C.
Civil, ou na falta destes, os bens próprios de cada um.
Como se verificam os 3 requisitos e são comulativos, logo pode-se aplicar a alínea d) do n.º 1 do
1691.
Neste caso concreto é difícil ilidir quer a presunção do 15, bem como o proveito comum do casal.
Quanto á presunção do 15 é difícil de ilidir esta presunção porque o próprio enunciado diz que a
viatura foi comprada para o exercício da actividade comercial de A. Quanto á presunção do
proveito comum do casal, também esta presunção não é ilidivel porque é óbvio que ou
imediatamente ou a curto prazo esta aquisição vai gerar bem-estar familiar, na medida em que vai
permitir uma vivência familiar mais pacifica, mais calma quer a nível físico de A quer a nível
mental e intelectual.
Admita que o credor interpôs a acção contra ambos os cônjuges e que o cônjuge B contestou a
acção dizendo que se encontra separado de facto de A, isto á mais de 2 anos, sendo que A não
presta alimentos nem a B nem aos filhos. Estes factos condicionam a invocação da alínea d) do n.º
1 do 1691?
Assim, verifica-se que não houve proveito comum do casal, sendo A e B separados á mais de 2
anos e como o negócio é de Maio passado, logo é evidente que estes factos ilidem a presunção
da alínea d) n.º 1 do 1691. È obvio que B não beneficia da aquisição da viatura.
Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 tem A legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento
de B
Quanto ao facto que deu origem á divida ocorreu A e B eram casados, logo verifica-se o n.º 2
do 1690.
As fazendas foram adquiridas em pleno exercício da actividade comercial de A, logo verifica-
se a presunção legal a que se refere o 15 do C. Comercial, então também se verifica este
requisito.
Lógico é que de acordo com o n.º 1 alínea d) do 1691 que houve proveito comum do casal,
porque o proveito que advirá da revenda das fazendas irá gerar bem-estar á família, logo e de
acordo com o referido artigo verifica-se a presunção legal aí prevista, logo se verifica este
requisito.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
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Direito da actividade comercial
Como são casados em comunhão geral de bens e alínea só exceptua os casados em separação
de bens, neste caso concreto e de acordo com 1695 respondem solidariamente A e B com os
bens comuns do casal.
Verificam-se os três requisitos e como são comulativos, pode o credor sem duvida alguma
interpor uma acção judicial contra A e B.
Neste caso concreto é difícil ilidir quer a presunção do 15, bem como o proveito comum do
casal. Quanto á presunção do 15 não se pode na medida em que o próprio enunciado nos diz
que A comerciante de fazendas e se as comprou para revender, é óbvio que está no pleno
exercício da sua actividade comercial. Quanto á presunção do proveito comum do casal, é
lógico que o facto que esteve subjacente á divida irá gerar lucro o que se irá reflectir a vários
níveis no que concerne ao bem-estar familiar.
Admita que em 1999 iniciou um processo de divórcio que transitou em julgado em Janeiro de
2000.
Á data do negócio que esteve subjacente á divida já não havia casamento, logo não posso
aplicar estas normas, até porque já não havia cônjuge á data do negócio.
Admita que a sentença é de Janeiro de 2001 e hoje é que a acção foi interposta.
Assim existe casamento, existe cônjuge, logo são os dois responsáveis.
Admita que estas fazendas eram quentinhas e como se estava a aproximar o Natal A comprou
as fazendas para doar a uma instituição.
Ilide a presunção do 15 porque A não comprou as fazendas as fazendas em pleno exercício da
sua actividade comercial. Ilide também o proveito comum do casal, porque não houve. Assim,
só se verifica o 3.º requisito, mas como os três requisitos são comulativos, não podemos de
forma alguma aplicar o n.º 1 alínea d) do 1691.
Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 A tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento
do seu cônjuge.
Quando o facto que deu origem á divida ocorreu A e B já eram casados, logo verifica-se o n.o
2 do 1690.
O material escolar foi adquirido para revender em pleno exercício da sua actividade comercial
de A, logo verifica-se a presunção legal a que se refere o 15, então verifica-se este requisito.
De acordo com o n.º 1, alínea d) do 1691, houve proveito comum do casal, dado que com o
lucro da revenda do material escolar adviria uma mais valia a nível familiar e toda a família
iria beneficiar com isso, logo e de acordo com este artigo verifica-se a presunção legal aí
prevista, logo verifica-se também este requisito.
Como são casados no regime da comunhão de adquiridos e a alínea d) só exceptua os casados
em separação de bens, logo neste caso e de acordo com 1695 respondem solidariamente A e B
com os bens comuns do casal.
Verificam-se os três requisitos e como são comulativos, pode o credor exigir o seu pagamento
interpondo uma acção judicial contra A e B.
Neste caso concreto não é possível ilidir as presunções legais, ou seja, a 15 e proveito comum
do casal.
Caso pratico:
A é comerciante em nome individual e detém uma papelaria. É casado com B desde 2000, no regime
de comunhão de adquiridos e tem um filho menor. Em fevereiro de 2001 adquiriu uma viatura para
efectuar o transporte das suas mercadorias. Admita que A não efectuou o pagamento.
a) Aplicam-se os requisitos constantes no art. 1691º, 1, d)?
Neste caso é aplicável o art. 1691º, 1, d) do código civil porque:
A e B são casados no regime de comunhão de adquiridos.
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Direito da actividade comercial
A divida foi contraída no exercício do seu comercio pois A comprou a viatura para poder efectuar o
transporte da sua mercadoria e não esquecendo também que o art. 15º do código comercial, presume
que todas as dividas contraídas pelos comerciantes, o são no exercício do seu comercio.
Houve proveito comum do casal (como o próprio artigo presume) uma vez que A adquiriu a viatura
para desenvolver a sua actividade comercial e, como tal, gerar beneficio para toda a família.
Como todos os requisitos são cumulativos e visto estarem preenchidos os 3, a responsabilidade é de
ambos os cônjuges, aplicando-se plenamente o art. 1691º, 1, d) do código civil.
b) Que bens do património do casal poderão responder pelo pagamento desta divida?
Os bens comuns do casal ou o bem próprio de qualquer um dos cônjuges (por solidariedade) podem
responder pela totalidade da divida.
Caso prático
A é comerciante em nome individual e tem um estabelecimento onde se dedica ao comércio de
vinhos. É casado com B desde 1995 no regime de comunhão de adquiridos. Têm um apartamento
propriedade de ambos, um automóvel propriedade de A e um terreno propriedade de B. em outubro
de 1998, A adquiriu vinhos para revenda, cujo pagamento não efectuou.
a) Diga se é aplicável o art. 1691º, 1, d).
Neste caso é aplicável o art. Porque:
A e B são casados no regime de comunhão de adquiridos.
A divida foi contraída no exercício do comercio, pois A comprou vinhos para revenda no seu
estabelecimento e não esquecendo também que o art. 15º do código comercial presume que todas as
dividas contraídas pelo comerciante são contraídas no exercido do seu comercio.
Houve proveito comum do casal (como o próprio art. Presume) uma vez que A adquiriu os vinhos
para desenvolver a sua actividade comercial e, como tal, gerar beneficio para toda a família.
Como todos os requisitos são cumulativos e visto estarem os 3 preenchidos, a responsabilidade é de
ambos os cônjuges, aplicando-se plenamente o art. 1691º, 1, d).
b) Dos bens constantes do enunciado, quais respondem em 1º lugar?
Segundo o art. 1695º, em primeiro lugar responde o apartamento, visto ser um bem comum do casal.
Em segundo lugar e como há solidariedade, pode responder qualquer um dos bens, sem ordem
obrigatória.
Caso prático:
A, titular de uma empresa de construção civil, é casado com B no regime de comunhão de adquiridos.
A, adquire para a sua empresa, equipamentos de escritório e ainda duas obras de arte, destinando-se
o equipamento aos escritórios da Direcção e as obras de arte para a Sala de Reuniões.
A, não pagou os respectivos preços.
A é titular de uma empresa reputada de comercial em face do Artº. 230/6 do C. Com., pois trata-se
de uma empresa de construção civil a qual certamente visará a construção e edificação de casas.
O Artº. 230º é uma norma qualificadora no sentido de qualificar as empresas comerciais e
consequentemente as actividades dessas empresas como comerciais.
O citado preceito, contudo, também nos fornece um elenco implícito de actos objectivamente
comerciais, em virtude de as mencionadas actividades não serem mais que uma massificação de
actos, ou seja, é possível decompor as ditas actividades em actos, os quais, porque tipificados na lei
e de acordo com o Artº. 2º/1, 1ª parte do C. Com. Serão considerados objectivamente comerciais.
Quanto a esta problemática, existem duas posições doutrinais defendidas, uma por Lobo Xavier e
outra por Coutinho de Abreu.
Diz Lobo Xavier que os actos implícitos do Artº. 230º só serão objectivamente comerciais se forem
actos fundamentais e se houver conexão com a actividade da empresa.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
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Direito da actividade comercial
Coutinho de Abreu não fala na fundamentabilidade dos actos porque, para ele, os actos do elenco
implícito do 230º só serão objectivamente comerciais se forem típicos, ou seja, característicos
daquela actividade.
Parece mais defensável esta última posição, o que corresponde a dizer que só os actos típicos ou
caracterizadores das actividades comerciais merecerão a qualificação de actos de comércio
objectivos, embora implicitamente.
O titular de quaisquer empresas do Artº 230º é comerciante pela conjunção desse preceito com o
Artº 13º/1 e Artº 2º/1ª parte do C.Com.
Diremos que o titular de uma empresa comercial, ao desenvolver uma actividade comercial, pratica,
necessariamente, actos que se incluem na respectiva actividade.
Tais actos são objectivamente comerciais e, por isso mesmo, abrangidos na 1ª parte do artº 2º. Deste
modo ainda serão actos atributivos da qualidade de comerciante, em face do Artº 13º/1, pois tratam-
se de actos objectiva e substancialmente comerciais, praticados habitualmente profissionalmente e
com um fim em si mesmo. Logo estão preenchidos os pressupostos do Artº 13º/1.
A, adquiriu para a sua empresa equipamento de escritório e as duas obras de arte para a sala de
reuniões.
A aquisição do material de escritório e das obras de arte não parece poder ser qualificada como acto
objectivamente comercial, nem explícita nem implicitamente, pois não se trata nem de compra para
revenda (Artº 463), nem se trata de um acto típico da actividade desenvolvida pela empresa.
- os actos em abstracto, de acordo com o tipo negocial, não podem ter natureza exclusivamente civil,
ou seja, terão de possuir natureza patrimonial, como é o caso em análise;
Quanto à aquisição das obras de arte, não resulta que tem conexão, e o acto é civil.
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Direito da actividade comercial
Dado que A é casado com B em comunhão de adquiridos, importa agora caracterizar a dívida
comercial como comunicável, pois, só assim, se responsabilizará ambos os cônjuges e o credor verá
aumentada a garantia patrimonial.
Tendo em conta o Artº. 15º do C.Com. e o Artº 1691/1-d) do CC, dir-se-á que:
- Existem duas presunções legais ilidíveis que visam facilitar a tarefa do credor e aumentar a sua
garantia.
Estas presunções facilitam a tarefa ao credor porque, em face destas duas disposições, o credor só
terá de provar que A é comerciante e que a dívida emergiu de um acto de comércio.
Provados estes dois factos, está automaticamente accionada a presunção do exercício de comércio
(Artº 15º C.Com.) e seguidamente a presunção do proveito comum (Artº 1691/1-d) CC).
Accionada a primeira presunção, a segunda é automaticamente accionada.
O cônjuge de A, na situação concreta, dificilmente conseguiria ilidir alguma das presunções mas, se
conseguisse ilidir a presunção do Artº 15º do C.Com., o credor podia ainda assim responsabilizá-lo
pelo Artº 1691/1-c) CC, tendo, todavia, o ónus de provar o proveito comum.
Deste modo, responderão pela dívida todos os bens comuns do casal (Artº 1695º) e na falta ou
insuficiência deste, solidariamente, os bens de qualquer dos cônjuges.
Quanto à dívida da aquisição das obras de arte, não sendo comercial, o credor não beneficiará de
qualquer presunção, podendo, no entanto, responsabilizar ambos os cônjuges pelo Artº 1691/1-c),
mas tendo o ónus da prova de proveito comum.
Caso não consiga responsabilizar o cônjuge de A, apenas este responderá pela dívida, nos termos do
Artº 1696º/1 CC, respondendo em primeiro os bens próprios dele e, subsidiariamente, a sua meação
nos bens comuns.
2 - Caso prático:
António proprietário de um café onde exerce a sua actividade em prédio arrendado a Bento, entra
em negociações com Carlos, para efectuar o trespasse do mesmo.
António notifica Bento para que este exerça o seu direito de preferência, o que ele veio a fazer
negativamente.
António celebra então o contrato de trespasse do café com Carlos mas antes de proceder à entrega
do estabelecimento, retira todo o mobiliário, bem como as máquinas que se encontravam no interior
do recinto.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
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Direito da actividade comercial
Carlos ao deparar com o estado em que lhe foi entregue o pretenso café quer agora vir a arguir a
invalidas do negócio.
Quid Iuris?
António pode efectuar o trespasse do seu estabelecimento comercial com Carlos sem a prévia
autorização do senhorio, nos termos do Artº 115/1 RAU.
Todavia, antes de efectuar o trespasse, António tem que notificar Bento para que este tome
conhecimento das condições do trespasse e efective, ou não, o direito de preferência que a lei lhe
reconhece, nos termos do Artº 116/1 RAU.
Esta condição foi cumprida e Bento não excedeu o seu direito de preferência, logo António podia
celebrar com Carlos o contrato de trespasse.
Carlos pode arguir a invalidade do contrato de trespasse por via do Artº 115/2-a) RAU, uma vez que
António nunca poderia ter retirado do café nem o mobiliário nem as máquinas, uma vez que estes
utensílios fazem parte do âmbito mínimo que integram o estabelecimento e que, obrigatoriamente
têm que o acompanhar.
3 - Caso prático:
O empréstimo ascendeu a 10000 contos, tendo até hoje apenas pago 1000 contos.
Também no sentido de melhorar o seu estabelecimento resolveu adquirir um ecrã gigante para
instalar no seu café, melhorando assim a qualidade televisiva que proporcionava aos seus clientes.
Nada declarou nesse sentido.
António é casado com Berta no regime de comunhão geral de bens, encontrando-se separado de
facto hà 4 anos. Todavia, continua a contribuir para os encargos da vida familiar, proporcionando
aos seus filhos alguma qualidade de vida.
António para ser comerciante terá que praticar com carácter de profissionalidade e reiteradamente,
actos objectiva e substancialmente comerciais e absolutos, nos termos do Artº 13/1 C. Com.
De acordo com o Artº 2º - 1ª parte do C. Com., actos objectivos são aqueles que a lei comercial
explicitamente enumera e aqueles que se retiram do elenco implícito fornecido pelo Artº 230, que
descreve actividades que se traduzem numa massificação de actos.
António não é titular de uma empresa comercial, porque a actividade por ele desenvolvida
não consta do rol descrito no Artº 230 , mas pratica actos cuja comercialidade radica neles próprios,
ou seja, a compra e venda para revenda, explicitamente tipificada no Artº 463 C. Com.. Deste modo,
o requisito necessário para que António adquira a qualidade de comerciante está preenchido.
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Este acto está objectivamente tipificado no Artº 394 C.Com., mas para este acto ser
comercial tem de estar em conexão com a actividade comercial, ou seja, o empréstimo só será
qualificado como acto objectivamente comercial se tiver conexão com a actividade do comerciante.
Verificam-se em concreto os pressupostos para que tal acto seja qualificado como
objectivamente comercial, de acordo com o Artº 2, 1ª parte.
Quanto à aquisição do ecrã gigante, há a referir que este acto não está tipificado na lei
comercial, por isso, a ser reputado de comercial, só o poderá ser subjectivamente.
Para que um acto possa ser considerado subjectivamente comercial é necessário que se
verifiquem três requisitos cumulativos, a saber:
É necessário que o sujeito seja comerciante o que é o presente caso, como atrás ficou
demonstrado;
Os actos em abstracto não podem ter natureza exclusivamente civil, ou seja, terão de possuir
natureza patrimonial, como acontece neste caso;
Daqui temos de aferir o que resulta e no presente caso não resulta que não tenha conexão
com a actividade do comerciante.
Deste modo conclui-se que as dívidas emergentes, quer do empréstimo, quer da aquisição
serão reputadas como dívidas comerciais.
Dado que António é casado com Berta em comunhão geral de bens, importa agora caracterizar a
dívida comercial como comunicável, pois só assim se responsabilizará ambos nos cônjuges e o
credor verá aumentada a garantia patrimonial.
Tendo em conta o Artº15 C. Com. E o Artº 1691-d) dir-se-á que existem duas presunções legais
ilidíveis que visam facilitar a tarefa do credor e aumentar a sua garantia.
Estas presunções facilitam a tarefa ao credor porque, em face destas duas suposições o credor só terá
que provar que António é comerciante e que a dívida emergiu de um acto de comércio. Provados
estes dois factos está automaticamente accionada a presunção do exercício do comércio – Artº 15 C.
Com e presunção do proveito comum – Artº 1691/1-d) CC. Accionada a primeira presunção acciona-
se automaticamente a segunda.
Sendo assim, as dívidas contraídas por António são comunicáveis e serão responsabilizados ambos
os cônjuges.
O cônjuge do António na situação concreta dificilmente conseguiria ilidir algumas das presunções,
mas, se conseguisse ilidir a presunção do Artº 15, o credor podia ainda assim responsabiliza-lo pelo
Artº 1691/1-c) CC, tendo todavia o ónus de provar o proveito comum.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
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Direito da actividade comercial
Se o cônjuge ilidisse o proveito comum não seria responsabilizado. No entanto reafirmamos que,
nesta situação não se vislumbraria qualquer possibilidade do cônjuge ilidir qualquer das presunções.
Assim sendo, responderão pela dívida todos os bens comuns do casal – Artº 1695 CC
Imagine que Berta o consulta no sentido de saber se é possível responsabilizar-se pelas dívidas do
marido. O que lhe diria?
Berta apesar de estar separada de facto, recebe contribuições de António para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar. Ocorrendo uma separação de facto, continua o cruzamento de patrimónios,
não existindo uma separação entre estes, situação que só se verifica quando haja uma decisão judicial
de separação. Nesta circunstância o cônjuge não terá qualquer hipótese de se desresponsabilizar
tendo que responder perante as dívidas contraídas por António.
Teorias DO ACESSÓRIO – Todos os actos conexos com actividades mercantis, ou seja actos
acessórios do comércio, serão comerciais, mesmo que praticados por não comerciantes – Artº 2º –
2ª parte C. Comercial.
marcas
Caso prático relativo a esta matéria:
1. Poderá a proprietária da marca “masters” reagir contra a marca “master-office”? Se achar que sim,
explique em que circunstancias e por que formas?
2. A “giga soluções” foi recentemente contactada pelos proprietários das marcas intel e shell que
ameaçaram com processos judiciais no caso de as marcas “luso intel” e “shell PC” não serem
imediatamente retiradas do mercado. Parece-lhe que tem razão?
3. A, proprietário da loja de electrodomésticos “mestre micro” situada em Braga, pretende reagir
contra o nome “micro mestres”. Em que circunstâncias poderá ter sucesso?
4. A sociedade “giga solutions, Inc” multinacional com sede nos EUA, pretende também reagir contra
a firma “giga soluções” parece-lhe possível uma tal reacção contra um sinal distintivo desta
natureza?
5. A infotrónica teve conhecimento de uma empresa de software com o nome de “mestre office. Terá
alguma possibilidade de atacar o uso desse nome?
APONTAMENTOS - T.Nogueira
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Direito da actividade comercial
“ A marca pode ser constituída por um sinal ou conjunto de sinais susceptíveis de representação
gráfica, nomeadamente palavras, incluindo nomes de pessoas, desenhos, letras, números, sons, a
forma do produto ou da respectiva embalagem, desde que sejam adequados a distinguir os produtos
ou serviços de uma empresa dos de outras empresas” “ A marca pode, igualmente ser constituída
por frases publicitárias para os produtos ou serviços a que respeitem, desde que possuam carácter
distintivo, independentemente da protecção que lhe seja reconhecida pelos direitos de autor”
A constituição das marcas é muito mais aleatória do que a constituição das firmas, assim, uma marca
pode ser constituída por um sinal nominativo, por sinais auditivos, por desenhos, símbolos,
combinação de sons, de palavras, desenhos etc. As marcas identificam produtos, quer eles sejam
produzidos por empresas ou não, assim sucede porque apensar da grande parte das produtos serem
produzidos em empresas, pode um produto ser produzido por um não empresário, como sucede com
os cientistas, investigadores, e pessoas famosas que registam o seu nome.
Durante muito tempo a principal função das marcas limitou-se a ser distintiva, a distinguindo
sobretudo produtos afins e a indicar a origem do produto. Actualmente a marca não é só vista do
ponto de vista de finalidade distintiva de produtos afins, mas também como uma finalidade
informativa, pelo que a marca nos dá a conhecer diferentes características do produto em causa,
como a origem. Paralelamente, a marca tem ainda como função satisfazer interesses do seu
comercializador, uma vez que é um excelente meio de publicidade.
A marca pode ser constituída de modo quase ilimitado, mas terá sempre subjacentes questões
relacionadas com marketing e com a obtenção da maior clientela possível. Assim, a marca protege
sobretudo o seu titular.
Por último a marca tem ainda como função, garantia de qualidade do produto.
Em suma a marca tem como funções: distintiva; publicitária, indicação de origem, protecção do
comercializador; garantia de qualidade.
Na constituição de uma marca devem ser tidos em conta vários princípios jurídicos, que não podem
se violados, como princípio da verdade, da novidade, da capacidade distintiva, da unidade e da
licitude.
No caso em apreço, estamos perante uma situação em que a proprietária da marca de jogos masters
pretende reagir contra a marca master-office, contudo, esta pretensão apenas terá sucesso no caso da
designação da marca princípio da novidade. De acordo com este princípio uma marca que é registada
tem de ser nova, ou seja, tem de conferir ao seu titular o seu direito de uso exclusivo. A protecção
das marcas é efectuada em relação às restantes que digam respeito a produtos afins ou idênticos,
assim se houver a possibilidade de confusão ou associação de marcas, devemos atender ao produto
que ela identifica, sendo que se for um produto semelhante ou afim o registo da marca deve ser
recusado, pelo que vigora aqui o princípio da especialidade: art. 238.º al. m CPI “ É ainda recusado
o registo de marcas que contendam em todo ou alguns dos seus elementos: reprodução ou imitação,
no todo ou em parte, de marca anteriormente registada para produtos ou serviços idênticos ou afins
que possa induzir em erro ou confusão o consumidor ou que compreenda o risco de associação coma
marca registada” a redacção do artigo é clara, apenas é deixado ao intérprete a análise do que são
produtos afins, é importante esclarecer o que isto seja, sendo que se entende como produtos afins
aqueles que embora sendo diferentes são substitutos entre si. A este propósito devemos atender ao
disposto no art. 245.º CPI que estabelece o que constitui a imitação ou usurpação da marca. O artigo
estabelece requisitos cumulativos: “ A marca registada considera-se imitada ou usurpada por outra,
no todo ou em parte, quando, cumulativamente: a marca registada tiver prioridade; sejam ambas
destinadas a assinalar produtos idênticos ou afins; tenham tal semelhança gráfica, figurativa ou
fonética ou outra que induza facilmente o consumidor em erro ou confusão, ou que compreendas
um risco de associação com marca anteriormente registada, de forma que o consumidor não as possa
distinguir senão depois de um exame atento ou confronto. N.º 2 para efeitos da alínea b do n.º 1: Os
produtos que estejam inseridos na mesma classe de classificação de Nice podem não ser
considerados afins; Os produtos e serviços que não estejam inseridos na mesma classificação de
Nice podem ser considerados afins. N.º 3 Considera-se imitação ou usurpação parcial de marca o
uso de certa denominação de fantasia que faça parte de marca alheia anteriormente registada.” Este
artigo deixa de fora aquelas marcas que sendo semelhantes se destinam a produtos diferentes, porque
entende a lei que nestes casos não há possibilidade de confusão. Por isso, se a marca se tentar
apropriar do prestígio da outra não obstante da diferenciação de produtos, o seu titular o gozará da
protecção conferida pelo art. 242.º CPI relativo às marcas de prestígio. Note-se apenas que para
aferir a possibilidade de confusão de produtos temos de atender ao consumidor médio, ao produto
APONTAMENTOS - T.Nogueira
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Direito da actividade comercial
em causa, e ao tipo de púbico a que o produto se destina. O princípio da novidade quanto ao registo
de marcas, abrange outros sinais distintivos, por isso, o registo de uma marca deve ser recusado se
a sua designação possuir elementos de “firma, denominação social, logótipo, nome e insígnia de
estabelecimento, ou apenas parte característica do mesmo, que não pertençam ao requerente, ou que
o mesmo não esteja autorizado a usar, se for susceptível de induzir o consumidor em erro ou
confusão” art. 239.º al. f CPI.
O princípio da novidade, tem ainda aplicação importante no que se refere à protecção de marcas que
apesar de se referirem a produtos diferentes, podem gerar a risco de associação.
Temos assim se analisar face ao caso em concreto, se se encontram preenchidos os requisitos que
permitem a reacção contra a marca. Assim, tem de haver possibilidade de confusão entre as partes,
possibilidade de induzir o público em erro, e registo prioritário da marca que pretende reagir, tendo
como base o consumidor médio. Analisando aspectos nominativos da marca e a sua fonética bem
como eventual possibilidade de confusão ou associação de produtos temos de concluir que poderá
de facto, haver possibilidade de confusão de associação, porque para além do nome ser idêntico, as
marcas identificam produtos facilmente associáveis, jogos de computador e software para
escritórios, resta agora saber se poderá ou não haver possibilidade de indução do público em erro,
ao que parece haverá possibilidade de indução do público em erro, embora tal avaliação no caso
concreto tenha de se basear em mais informações nomeadamente nas cores, formato das caixas em
que é embalado produto, etc.
Resta por fim, que para que a marca possa reagir, que esteja registada e que a data do registo seja
anterior àquele da marca que se pretende reagir, assim consta do art. 11 CPI “Salvo as excepções
previstas no presente diploma, a patente, o modelo de utilidade ou o registo é concedido a quem
primeiro apresentar regularmente o pedido com os elementos exigíveis” estando preenchidos estes
requisitos, havendo portanto violação do princípio da novidade, a proprietária da marca atingida
poderá reagir: poderá ser requerido a anulação do registo da marca, nos termos do art. 266.º CPI.
Que estabelece os casos em que o registo da marca é anulável, sem prejuízo do disposto no art. 34
do mesmo diploma.
Haverá ainda a possibilidade de requerer a inibição do uso da marca nos termos do ar. 258.º CPI
mediante a acção inibitória,” O registo da marca confere ao seu titular o direito de impedir terceiros,
sem o seu consentimento, de usar, no exercício de actividades económicas qualquer sinal igual, ou
semelhante em produtos ou serviços idênticos ou afins daqueles para os quais a marca foi registada,
e que, em consequência da semelhança entre os sinais e da afinidade dos produtos e serviços, possa
causar um risco de confusão, ou associação no espírito do consumidor” sendo que se este uso gerar
danos será ainda possível accionar o infractor mediante responsabilidade civil nos termos do art.,
483.º CC.
Por fim, a proprietária poderá ainda reagir por via criminal pelo uso ilegal de marcas nos termos do
art. 323.º e 234.º CPI.
Estes mecanismos de reacção apenas se aplicam a marcas registadas, mas imagine-se contudo, que
a marca não se encontrava registada em Portugal, ainda assim a proprietária da marca poderia reagir,
mediante três institutos. O primeiro mecanismo de protecção é aquele conferido pelas marcas
notórias, aquelas que embora não sendo registadas no nosso pais, são conhecidas em Portugal, pelo
que conforme estabelece o art. 241.º CPI “deve ser recusado o registo de marca que no todo ou em
parte essencial, constituída reprodução, imitação ou tradução de outra notoriamente conhecida em
Portugal, se for aplicada a produtos ou serviços idênticos ou afins e com ela possa confundir-se ou
se, dessa aplicação, for possível estabelecer uma associação com o titular da marca notória”
Esta norma tem assim como objectivo, salvaguardar o interesse público e acautelar a possibilidade
de confusão, evitando que um empresário português se aproveite de uma marca estrangeira, e a
adopte nos seus produtos idênticos ou semelhantes, sendo que não sendo a marca registada em
Portugal não poderia o registo ser recusado se esta norma não existisse. Note-se contudo, que a
marca tem que ser notória, isto é objectivamente conhecida em Portugal, sob pena deste regime não
se aplicar.
O segundo mecanismo de reacção prende-se com o instituto da concorrência desleal, prevista no art.
317.º código de propriedade industrial. De acordo com este instituto não pode um comerciante
cometer actos contrários aos usos do comércio, nomeadamente adoptar designações semelhantes, ou
factos distintivos de outras firmas, sob pena de ser accionado contra si uma acção de
responsabilidade civil nos termos gerias do 483.º CC. Por último Poderá ainda o lesado socorrer-se
do instituto conhecido como Membros da União de Paris, que congrega um conjunto de membros
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comerciantes titulares de firmas com sede na U.E. estes comerciantes estão protegidos em todo o
espaço da união quanto à sua designação e sinais distintivos quer nos países onde se encontram
registados quer nos países que embora o sendo, exercem actividade.
2. A questão suscitada neste caso é semelhante à anterior relativa à constituição das marcas
e à eventual violação do princípio da novidade, vamos contudo, presumir que estas marcas não se
encontram registadas em Portugal, porque encontrando-se registada a solução é a mesma do número
anterior Assim, além dos mecanismos de protecção previstos no número anterior relativos à
protecção das marcas notórias, da concorrência desleal e da protecção dos membros da união de
paris, existe outro mecanismo que podemos chamar aqui à colação, o regime das marcas de prestígio,
são macas que embora não sendo registadas no nosso pais, são aqui conhecidas, a diferença em
relação às marcas notórias relaciona-se com o âmbito de protecção quanto à espécie de produtos,
uma vez que já não se exige a possibilidade de confusão de produtos derivados da sua afinidade, não
é necessário que exista identidade de produtos, passando-se assim sobre o requisito da possibilidade
de confusão, bastará a possibilidade de associação do produto à marca em causa. “ Sem prejuízo do
disposto no artigo anterior, o pedido de registo será igualmente recusado se a marca, ainda que
destinada a produtos ou serviços sem identidade ou afinidade, constituir tradução, ou for igual ou
semelhante, a uma marca anterior que goze de prestígio em Portugal ou na Comunidade Europeia,
se for comunitária, e sempre que o uso da marca posterior procure tirar partido indevido do carácter
distintivo ou do prestígio da marca, ou possa prejudica-las.
3. Neste caso em concretos A proprietário de um estabelecimento, quer reagir contra uma marca,
baseando-se na violação do princípio da novidade. O nome e a insígnia são coisas diferentes apesar
de se encontrarem associados. Diferentemente do que se passa com a constituição das firmas, em
que a sua constituição é obrigatória, a constituição de nome e de insígnia é facultativa. Contudo,
normalmente é usual a adopção de um nome, até porque grande parte do aviamento do
estabelecimento está dependente da sua capacidade para se distinguir dos restantes estabelecimentos
concorrentes, sendo que essa distinção passa em grande parte pelo nome do estabelecimento.
O nome pode ser entendido como o sinal nominativo constituído por palavras, que designa ou
individualiza um estabelecimento enquanto a insígnia diz respeito a um sinal figurativo ou
emblemático, constituído por, desenhos, símbolos, sinais figurativos que identificam o
estabelecimento, assim consta do art. 284.º do código de propriedade industrial, (CPI). “ Considera-
se insígnia de estabelecimento qualquer sinal externo composto de figuras desenhos, simples
combinações com os nomes ou denominações referidos no artigo anterior, ou com outras palavras
ou divisas desde que o conjunto seja adequado a distinguir o estabelecimento”.
Quer o nome quer a insígnia estão regulados nos artigos 282.º ss CPI. “ Todos os que tiverem
legítimo interesse, designadamente agricultores, criadores, industriais, comerciantes e demais
empresários, domiciliados ou estabelecidos em qualquer lugar do território português, têm o direito
de adoptar um nome e uma insígnia para designar, ou tornar conhecido, o seu estabelecimento, nos
termos das disposições seguintes.”
De acordo com os artigos 283.º e 284.º CPI, a constituição do nome e insígnia obedece ao princípio
da liberdade, qualquer nome, expressão, desenho, símbolo é válido, não tendo o nome de ter
qualquer relação com o estabelecimento ou com a actividade prestada. art. 283.º “ Podem constituir
nome de estabelecimento: As denominações de fantasia ou específicas; Os nomes históricos, excepto
se o do seu emprego resultar ofensa da consideração que, geralmente, lhes é atribuída; O nome da
propriedade ou do local do estabelecimento, quando este seja admissível, ou acompanhado de um
elemento distintivo; O nome, os elementos distintivos da firma ou denominação social e o
pseudónimo, ou alcunha, do proprietário; O ramo de actividade do estabelecimento, quando
acompanhado por elementos distintivos.”
A constituição da insígnia, obedece a este princípio, pelo que pode ser adoptado qualquer insígnia
desde que “ o conjunto seja adequado a distinguir o estabelecimento”, art. 284.º n.º 1 CPI.
A constituição de um nome e insígnia, para cumprirem a sua função individualizadora, têm de ser
novidade nos sentido destes serem distinguíveis dos demais nomes e insígnias anteriormente já
registadas. Ao exigir-se que a constituição de um nome e de uma insígnia obedeça a este princípio
estão a salvaguardar-se, simultaneamente os interesses dos comerciantes, mas também interesses
públicos, de protecção dos bons costumes. O princípio da novidade vêm expresso no art. 285.º CPI:
“ Não podem fazer parte do nome ou insígnia de estabelecimento: O nome individual, que não
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4. Neste caso estamos perante uma situação contrária da que se passava no número anterior,
temos uma marca que quer reagir contra o nome de uma empresa que usurpou o nome da marca.
Não estamos no caso em que uma marca imita o nome de uma empresa, mas sim num caso em que
um estabelecimento imita o nome de uma marca. Mais uma vez estamos no âmbito do princípio da
novidade, sendo que a protecção da marca se faz nos termos do art. 285.º n.º 1 al. g CPI
“Fundamentos de recusa
1 - Não podem fazer parte do nome ou insígnia de estabelecimento: Os elementos constitutivos da
marca, ou desenho ou modelo, protegidos por outrem para produtos idênticos ou afins aos que se
fabricam ou vendem no estabelecimento a que se pretende dar o nome ou a insígnia, ou para serviços
idênticos ou afins aos que nele são prestados;”. Mais uma vez, o requisito em causa é que possa
haver possibilidade de indução do público em erro.
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QUESTÕES:
RESPOSTA
A – Sacado (art.º 1.º LULL) , pessoa sobre a qual se emite o saque, a quem é dada a ordem
de pagamento, tornando-se somente obrigado cambiário quando a mesma lhe seja apresentada e ele
a subscreva (aceite) conforme art.º 28º da LULL, sendo que o aceite é escrito na própria letra e
exprime-se pela palavra “aceite”, ou outra equivalente, e é assinada pelo sacado. Como o saque
também o aceite terá de ser puro e simples.
A letra pode ser apresentada ao aceite do sacado até ao vencimento, pelo portador ou até
por um simples portador (nos termos do disposto no art.º 21 da LULL).
Se o sacado recusar o aceite, não se tornará obrigado pelo pagamento da letra, nem será
garante das obrigações cambiárias nelas expressas, sendo legítimo ao portador fazer lavrar um
protesto por falta de aceite (art.º 44º LULL) e a exercer imediatamente os seus direitos (art.º 43º
LULL).
B – Sacador (art.º 1 LULL), pessoa que emite o saque, isto é, que emite uma ordem
incondicional de pagamento de uma determinada soma pecuniária, a realizar pelo destinatário
(sacado), a certa pessoa (tomador) ou à sua ordem o que acontece neste caso sendo por isso
sacador/tomador, prometendo assim o tomador (e aos sucessivos possuidores da letra)que fará com
que o sacado assuma a responsabilidade cambiária do pagamento (aceite) e pague a letra. De acordo
com o disposto no art.º 3.º da LULL o saque pode fazer-se :
a) à ordem do próprio sacador,
b) contra o próprio sacador,
c) por ordem e conta de terceiro.
C – Portador (art.º 6 LULL), que por endosso – nova ordem de pagamento que acresce ao
saque daí o dizer-se que “ o endosso é um novo saque” emitida pelo portador actual ao novo portador
e que se exprime pela fórmula aposta na letra “pague-se a ...”, (o qual deve ser puro e simples e
compreender o valor total do título, sendo nulo o endosso parcial - art.º 12 LULL) – de B será a
pessoa a quem o pagamento deverá vir a ser feito)
2º) Imagine que a primeira letra foi parcialmente paga. Pode o portador exigir, nesse
momento o restante? justifique.
RESPOSTA
O pagamento executa o cumprimento da ordem emitida pelo sacador.
O portador não pode ser obrigado a receber o se pagamento antes do vencimento da letra
(art.º 40 LULL), não pode igualmente recusar o pagamento parcial, podendo o sacado exigir que o
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se faça menção da parte paga na letra e dela lhe seja dada quitação (art.º 39 LULL), podendo
relativamente na situação concreta reformar a letra pelo valor não sujeito a pagamento.
Assim, o portador a quem não seja satisfeito o pagamento integral pelo sacado ou seu
avalista, poderá então apresentá-la a pagamento da diferença não satisfeita aos outros subscritores
da letra, que com a sua intervenção se tornam também garantes, para isso porém é necessário e
indispensável que se faça certificar o não acatamento do sacado através do protesto.
3º) De quem pode o portador E exigir o pagamento do título? O que significa a clásula “não
à ordem” aposta pelo sacador?
RESPOSTA
A cláusula “não à ordem” ou equivalente (art.º 11º 2.ª parte, e art.º 77º da Lei Uniforme)
aposta na letra, implica que o direito nela representada só possa transmitir-se pela forma e com os
efeitos da cessão de créditos disciplinada nos art.º s 577º e 588º do C. Civil, dominando aí o princípio
nemo plus iuris ad alium tranferre potest quam ipse haberet, e a posição do adquirente é
profundamente vulnerável dado que de acordo com as regras da cessão de créditos (cfr. o disposto
no art.º 583º n.º 1 do C. Civil) esta só produz efeitos desde que seja notificada ao devedor ou que
este a aceite, o qual poderá opor ao cessionário, mesmo que este o ignore (art.º 789º do Código
Civil), todos os meios de defesa que lhe seria lícito invocar contra o cedente, com ressalva dos que
provenham de facto posterior à cessão (cfr. art.º 585º C. Civil).
Assim, e porque o tomador da letra sacada “não à ordem” pode endossá-la a terceiro,
simplesmente esse endosso está privado da eficácia normal, os efeitos que surte são os da cessão,
daí que o endossante só assuma a responsabilidade de um cedente de um crédito, respondendo pela
sua existência e legitimidade, já não pelo pagamento do sacado. Pelo que E pode exigir o pagamento
de A aceitante, dado que E é não é um portador autónomo, é mero cessionário do seu antecessor e
independentemente de boa fé podem-lhe ser opostas todas as excepções relevantes em face dos
portadores anteriores.
4º) Imagine que no terceiro título (200.000 € a 90 dias), o aceitante possui um avalista, Z,
poderá o portador, D , demandar Z em primeiro lugar? Justifique.
Z – Avalista, que se traduz numa obrigação de garantia dada por uma pessoa a favor de
outra que já é obrigada na letra, obrigação que pode ser chamada a cumprir não beneficiando da
excussão prévia da pessoa por quem se vinculou dada a disposição expressa do art.º 47.º da LULL
que determina que os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas são todos “solidariamente”
responsáveis para com o portador, e este tem o direito de accioná-las individual ou colectivamente,
sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigam.
O dador de aval torna-se responsável da mesma forma que a essa por ele afiançada (art.º 39
LULL), mas a sua obrigação mantém-se , mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula
por qualquer razão que não seja um vício de forma (art.º 32 LULL).
Não pode contudo invocar contra a o portador que estiver na relação imediata com a pessoa
avalizada os meios de defesa que se baseiem na relação fundamental invocáveis pelo avalizado, uma
vez que não é sujeito de tal relação e não estará assim na relação imediata com o portador, pelo facto
de ser só avalista de um obrigado imediato do portador.
RESPOSTA
Dada a desnecessidade de protesto para accionar o aceitante, para o exercício da obrigação
cambiária principal, bastando a apresentação do título a pagamento na data de vencimento, o direito
de acção do portador da letra de câmbio contra o avalista do aceitante não depende igualmente de
protesto por falta de pagamento contra o avalista (art.º 53 LULL).
Assim, D pode demandar em primeiro lugar Z.
5º) D é o portador legítimo da terceira letra e constata que o endossante C apôs uma cláusula
“não à ordem” e que o sacador apôs uma cláusula “sem despesas”.
CONSIDERAÇÕES PERTINENTES
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A cláusula “não à ordem” ou equivalente (art.º 11º 2.ª parte, e art.º 77º da Lei Uniforme)
aposta na letra, implica que o direito nela representada só possa transmitir-se pela forma e com os
efeitos da cessão de créditos disciplinada nos art.º s 577º e 588º do C. Civil, dominando aí o princípio
nemo plus iuris ad alium tranferre potest quam ipse haberet, e a posição do adquirente é
profundamente vulnerável dado que de acordo com as regras da cessão de créditos (cfr. o disposto
no art.º 583º n.º 1 do C. Civil) esta só produz efeitos desde que seja notificada ao devedor ou que
este a aceite, o qual poderá opor ao cessionário, mesmo que este o ignore, todos os meios de defesa
que lhe seria lícito invocar contra o cedente, com ressalva dos que provenham de facto posterior à
cessão (cfr. art.º 585º C. Civil).
O sacador, um endossante ou um avalista podem, pela cláusula “sem despesas”, “sem
protesto” ou outra equivalente (art.º 46 da Lei Uniforme) aposta na letra dispensar o portador de
fazer o protesto por falta de aceite ou de pagamento,, para se habilitar a exercer os seus direitos de
acção (art.º 46 LULL).
- a) Diga de quem pode o portador exigir o pagamento do título e porquê ?
RESPOSTA
Os efeitos restritivos da cláusula “não à ordem” apenas aproveitam ao endossante que a
apôs, sendo que os efeitos da cláusula não se estendem ao endossado imediato, o endossante que a
apôs tem a normal responsabilidade cambiária, não aproveitando igualmente ao contrário do que
acontece quando inserida pelo sacador, aos demais endossantes (art.º 15 LULL).
A cláusula “sem despesas” quando inscrita pelo sacador estende-se a todos os signatários
da letra produzindo todos os seus efeitos em relação a todos eles (art.º 46LULL).
Pelo que o portador D pode exigir o pagamento da letra do aceitante.
- b) Imagine que o portador quer accionar os obrigados de garantia conjuntamente, mas não
realizou protesto.
RESPOSTA
Impende sobre o portador o ònus do protesto, bem como o de avisar da falta de aceite ou
pagamento o seu endossante e o seu sacador - nos termos do artigo 45 da LULL - terá de o fazer
dentro de quatro dias úteis que se seguirem ao que teria para apresentação do protesto.
Devendo cada um dos endossantes por sua vez, dentro dos dois dias úteis que se seguirem
à recepção do aviso, avisar o endossante do aviso que recebeu .
A cláusula “sem despesas” quando inscrita pelo sacador estende-se a todos os signatários
da letra produzindo todos os seus efeitos em relação a todos eles.
Pelo que o portador pode accionar os obrigados de garantia sem a realização do protesto.
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INDICE
Titulo I ..................................................................................................................... 1
Parte geral ................................................................................................................ 1
1. Evolução histórica do direito comercial .............................................................. 1
2. Noção de direito comercial português ................................................................. 2
3. Fontes do direito comercial português ................................................................. 3
4. A autonomia do direito comercial e a sua relação com o direito civil ................ 3
Titulo II .................................................................................................................... 4
Dos actos de comércio em geral ............................................................................. 4
1. Noção de acto de comércio .................................................................................. 4
2. Actos de comércio objectivos .............................................................................. 5
3. Qualificação dos actos de comércio por analogia: ............................................... 7
4. Princípios de direito comercial ............................................................................ 7
5. Actos de comércio subjectivo .............................................................................. 8
6. Classificação dos actos de comércio .................................................................... 9
6.1 Actos de comércio autónomos: ...................................................................... 9
6.2 Actos de comércio acessórios: ..................................................................... 10
6.4 Actos formalmente comerciais .................................................................... 10
6.5 Actos substancialmente comercias .............................................................. 11
6.6 Actos bilateralmente comerciais ................................................................. 11
6.7 Actos unilateralmente comerciais ................................................................ 11
Capítulo I ............................................................................................................... 17
Secção I .................................................................................................................. 17
Dos comerciantes ................................................................................................... 17
1. Sujeitos qualificáveis como comerciantes ......................................................... 17
1.1 Requisitos essenciais para obtenção da qualidade de comerciante no caso
das pessoas singulares: ....................................................................................... 17
1.2 As pessoas colectivas como comerciantes: .................................................. 18
2. Sujeitos não qualificáveis como comerciantes .................................................. 20
3. Consequências jurídicas da qualificação de um acto como comercial .............. 22
3. Estatuto dos comerciantes .................................................................................. 23
Secção II................................................................................................................. 23
A empresa .............................................................................................................. 23
1. A empresa em sentido jurídico .......................................................................... 23
1.1 A empresa em sentido objectivo e subjectivo .............................................. 24
1.2 Quando é que temos uma empresa? ............................................................. 25
2. Tipologia das empresas ...................................................................................... 26
Titulo II .................................................................................................................. 30
Sinais distintivos de comércio ............................................................................... 30
1. A firma ............................................................................................................... 30
1.2 Noção ........................................................................................................... 30
1.3 Formas de constituição de uma firma .......................................................... 30
2. Nome do estabelecimento: ................................................................................. 31
3. Insígnia do estabelecimento ............................................................................... 31
4. Princípios jurídicos ............................................................................................ 31
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