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Conhecimento Como Valor Moral

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Conhecimento Como Valor Ético

Carlim Voabil

Curso de Administração Pública

Disciplina de Ética Social

3o Ano

Beira, Junho de 2020


ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO...................................................................................................................1

1.1. Objectivo geral.............................................................................................................1

1.2. Objectivos específicos..................................................................................................1

II. REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................................2

2.1. Conceitos gerais..........................................................................................................2

2.2. Essência do Conhecimento.........................................................................................3

2.2.1. Tipos de Conhecimento.....................................................................................4

2.3. Conhecimento e valores éticos...................................................................................5

2.3.1. A ética do conhecimento....................................................................................7

2.3.2 Ética do conhecimento e o ideal socialista…………………………………..…8

III. CONCLUSÃO..................................................................................................................9

IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................10

ii
I. INTRODUÇÃO

O conhecimento  (do latim cognoscere, "acto de conhecer"), como a própria origem da


palavra indica, é o acto ou efeito de conhecer. Como por exemplo: conhecimento das leis;
conhecimento de um fato; conhecimento de um documento; termo de recibo ou nota em que
se declara o aceite de um produto ou serviço; saber, instrução ou cabedal científico (homem
com grande conhecimento); informação ou noção adquiridas pelo estudo ou pela experiência;
(autoconhecimento) consciência de si mesmo (Bonder, 2006).

A Ética é um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou
errado. As palavras ética e moral têm a mesma base etimológica: a palavra grega ethos e a
palavra latina moral, ambas significam hábitos e costumes Arduini (2007, p.35).

As relações entre ética e conhecimento têm sido discutidas por diferentes pensadores em
diversas épocas. A questão filosófica que parece nortear as reflexões pode ser expressa, com
alguma simplificação, nos seguintes termos: como o conhecimento do mundo (físico e social)
toma ou não harmoniosa a convivência entre os homens? Em outras palavras, como a Razão
influencia e é influenciada por um ethos, olhado no sentido de um conjunto de disposições
que orienta o agir prático dos homens? Respostas ou perspectivas de solução têm sido
apresentadas, porém, longe de pôr um ponto final no problema, suscitam sempre novas
interrogações (Monod, 1970; Hessen, 1980).

O presente trabalho de caracter de revisão bibliográfica objectivou estudar sobre o


conhecimento como valor ético, abordando assim vários aspectos relacionados com a ética e o
conhecimento, bem como a relação existente entre o conhecimento e o valor ético, de forma a
obter um melhor entendimento. A revisão bibliográfica constituiu o principal procedimento
metodológico usado para a colecta de dados, através da leitura de relatórios de pesquisa,
livros e diversos artigos relacionados a temática em estudo.

I.1. Objectivo geral

Abordar sobre o conhecimento como valor ético.

I.2. Objectivos específicos


Conceitualizar o conhecimento e a ética;
Descrever a essência do conhecimento assim como os seus diferentes tipos;
Explicar como o conhecimento afecta o valor ético, bem como o ideal socialista.

1
II. REVISÃO DA LITERATURA

II.1. Conceitos gerais

A ética faz parte da vida do ser humano, todos os homens têm comportamentos diferenciados
e únicos. A ética é um princípio que cada indivíduo traz consigo desde a infância. É um valor
adquirido na sua relação familiar, e cotidiano de sua existência. Segundo Arduini (2007, p.35)
O ser humano é chamado a estruturar, desde cedo, o sentido de sua personalidade. A pessoa
constrói-se através de fases, desde a fecundação genética até a ida ao túmulo.

Para Fromm (1968, p.30), o Homem não é uma folha de papel em branco em que a cultura
pode escrever seu texto: é uma entidade com sua carga própria de energia estruturada de
determinadas formas, que, ao ajustar-se, reage de maneira específica e verificável as
condições exteriores. Através dos valores, que são princípios morais, o homem adquire o
comportamento ético, que rege suas atitudes na sociedade em que vive. O comportamento
ético conduz o homem a fazer o que considerar importante em sua vida.

Bonder (2006) afirma que o tema "conhecimento" inclui, mas não está limitado a descrições,
hipóteses, conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são úteis ou verdadeiros. O
estudo do conhecimento é a gnoseologia. Hoje existem vários conceitos para esta palavra e é
de ampla compreensão que conhecimento é aquilo que se sabe sobre algo ou alguém. Isso em
um conceito menos específico.

No entender de Arduine (2007), quando o individuo busca aprendizagem e conhecimentos,


procuram ambientes em que todos tenham o mesmo objectivo, como as escolas. Alguns
podem encontrar mais dificuldades para alcançar o que almejam. Outros possuem ou
encontram mais oportunidades de crescimento.

Ainda de acordo com Arduine (2007), as oportunidades variam de indivíduo para indivíduo e
também a forma que cada pessoa vê as oportunidades e ameaças no ambiente externo. Cada
indivíduo de acordo com a sua convivência familiar cria a sua capacidade para melhorar a sua
realidade de vida. Alguns criam possibilidades e alimentam esperanças de mudanças e
descobrem melhores caminhos para um futuro promissor. Outros transformam as dificuldades
em possibilidades e mudam o rumo dos seus destinos.

Vásquez (1984, p.69) define a moral como sendo um sistema de normas, princípios e valores,
segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a
comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam
2
acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira
mecânica, externa ou impessoal. Cada pessoa possui valores individuais e intransferíveis. A
consciência do certo ou errado e suas próprias convicções, ideais, opiniões sobre as pessoas e
bens materiais, que influenciam e manifestam nos relacionamentos sociais.

II.2. Essência do Conhecimento

O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto. Quando
se refere a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos, o conhecimento surge como um
produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um
processo, pode-se então olhar o conhecimento como uma actividade intelectual por meio da
qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa. A definição clássica de conhecimento,
originada em Platão, diz que este consiste numa crença verdadeira e justificada. Aristóteles
divide o conhecimento em três áreas: científica, prática e técnica (Hessen, 1980).

O conhecimento representa uma relação entre o sujeito e um objecto, onde o verdadeiro


problema centra-se na relação entre o sujeito e o objecto. No entanto, pode-se resolver o
problema do sujeito e do objecto remontando-se ao último princípio das coisas, ao absoluto, e
definindo a partir dele a relação do pensamento e do ser (Hessen, 1980).

Segundo a teoria do objectivismo, o objecto é o elemento decisivo entre os dois membros da


relação cognitiva, ou seja, o objecto determina o sujeito, onde o sujeito toma sobre si, de certo
modo, as propriedades do objecto, reproduzindo-as. Isto supõe que o objecto enfrenta como
algo já acabado, algo já definido, a consciência cognoscente, sendo algo dado, algo que
representa a uma estrutura totalmente definida, estrutura que e reconstituída pela consciência
cognoscente (Durant, 1960).

Contrariamente ao objectivismo, o subjectivismo procura fundamentar o conhecimento


humano no sujeito. Para isso, coloca o mundo das ideias, o conjunto dos princípios do
conhecimento, no sujeito. Este apresenta-se como ponto de que depende, por assim dizer, a
verdade do conhecimento humano, tendo em conta que com o sujeito não se pretende
significar o sujeito concreto, individual, do pensamento, mas sim um sujeito superior,
transcendente (Durant, 1960).

Já o realismo, defende que o problema do sujeito e do objecto ainda não existe para ele, ou
seja, não distingue em absoluto entre a perceção, que é um conteúdo da consciência e o

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objecto percebido, e não vê que as coisas não nos são dadas em si mesmas, imediatamente, na
sua corporeidade, mas somente como conteúdos da percepção (Durant, 1960).

II.2.1. Tipos de Conhecimento

Hessen (1980) afirma que existem cerca de sete (7) principais tipos de conhecimento,
nomeadamente, o conhecimento sensorial ou sensível, o conhecimento intelectual, o
conhecimento vulgar/popular, o conhecimento científico, filosófico, religioso/teológico e
declarativo.

i. Conhecimento sensorial/sensível

É o conhecimento comum entre seres humanos e animais. Obtido a partir de nossas


experiências sensitivas e fisiológicas (tato, visão, olfato, audição e paladar) (Hessen, 1980).

ii. Conhecimento intelectual

Trata-se de um raciocínio mais elaborado do que a mera comunicação entre corpo e ambiente.
Aqui já pressupõe-se um pensamento, uma lógica (Hessen, 1980).

iii. Conhecimento vulgar/popular

É a forma de conhecimento do tradicional (hereditário), da cultura, do senso comum, sem


compromisso com uma apuração ou análise metodológica. Não pressupõe reflexão, é uma
forma de apreensão passiva, acrítica e que, além de subjetiva, é superficial (Hessen, 1980).

iv. Conhecimento científico

O conhecimento científico preza pela apuração e constatação, buusca por leis e sistemas, no
intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Não se contenta com
explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia e na racionalidade.
Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que o permeia, isso, aliado às
suas demais características, faz do conhecimento científico quase uma antítese do popular
(Hessen, 1980).

v. Conhecimento filosófico

Mais ligado à construção de ideias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da
indagação e do debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento
científico - por valer-se de uma metodologia experimental -, mas dele distancia-se por tratar
de questões imensuráveis, metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento
filosófico prioriza seu olhar sobre a condição humana (Hessen, 1980).
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vi. Conhecimento religioso/teológico

Diz respeito ao conhecimento adquirido a partir da fé teológica, é fruto da revelação da


divindade. A finalidade do teólogo é provar a existência de Deus e que os textos bíblicos
foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por isso ser realmente aceitos como
verdades absolutas e incontestáveis. A fé pode basear-se em experiências espirituais,
históricas, arqueológicas e coletivas que lhe dão sustentação (Hessen, 1980).

vii. Conhecimento declarativo

Para Hessen (1980), o conhecimento declarativo seria o referente a coisas estáticas, paradas,
como por exemplo os conceitos de uma ciência, ou a descrição de um objecto. Um exemplo
típico de conhecimento estático é o significado dos termos de classificação de relevo. Ao
passo que o conhecimento procedural refere-se às coisas funcionando, como os processos, as
transformações das coisas, e também como que deve ser o comportamento de um profissional
em uma determinada situação.

Tendo sido demostrado os sete diferentes tipos de conhecimento, importa salientar o conjunto
de conhecimento existente em um individuo, dão a ele uma determinada consciência ou valor
ético, sendo estes que determinam o modo de agir, de proceder, observar e analisar as coisas
ao seu redor. Por exemplo, o conhecimento teológico de um pastor ou um padre, quando
combinado com todas as suas crenças, fazem com que ele tenha determinados valores e
princípios éticos (amor ao próximo, caridade, amor a Deus, etc.) (Hessen, 1980).

II.3. Conhecimento e valores éticos

Durant (1965) afirma que todos os sistemas tradicionais colocavam ética e valores além do
alcance do homem. Os valores não lhe pertenciam; eles lhe foram impostos, e ele lhes
pertencia. Hoje ele sabe que eles são dele e somente dele, mas agora ele é o mestre deles, eles
parecem estar se dissolvendo no vazio indiferente do universo. 

De acordo com Monod (1970), a ética e conhecimento estão inevitavelmente ligados na e


através da acção. A acção coloca conhecimento e valores simultaneamente em jogo ou em
questão. Toda ação significa uma ética, serve ou desrespeita certos valores; constitui uma
escolha de valores, ou finge. Por outro lado, o conhecimento está necessariamente implícito
em toda acção, enquanto reciprocamente, a ação é uma das duas fontes necessárias de
conhecimento.

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Num sistema animista, a interpenetração da ética e do conhecimento não cria conflito, uma
vez que o animismo evita qualquer distinção básica entre essas duas categorias: as vê como
dois aspectos da mesma realidade. A ideia de uma ética social fundada nos chamados direitos
"naturais" do homem também reflete essa perspectiva, exibida, mas muito mais sistemática e
enfaticamente, nas tentativas de delinear a ética implícita no marxismo (Monod, 1970).

A partir do momento em que a objetividade é feita, a condição sine qua non do conhecimento


verdadeiro é estabelecida entre os domínios da ética e do conhecimento, uma distinção
radical, indispensável à própria busca da verdade. O conhecimento em si é exclusivo de todo
julgamento de valor (exceto o do "valor epistemológico"), enquanto a ética, em essência, não
objetiva, é para sempre excluída da esfera do conhecimento (Monod, 1970). Com efeito, é
essa distinção radical, estabelecida como uma axioma, que criou a ciência. Essa distinção não
apenas permitiu que a ciência seguisse seu próprio caminho (desde que não ultrapasse o
domínio do sagrado); preparou a mente para uma distinção muito mais radical colocada pelo
princípio da objetividade. Os ocidentais costumam ter problemas para entender que, para
certas religiões, não existe e não pode haver distinção entre sagrado e profano: para o
hinduísmo, tudo fica dentro dos limites do sagrado; o próprio conceito de 'profano' (Monod,
1970).

O postulado da objetividade, denunciando a "antiga aliança", proíbe ao mesmo tempo


qualquer confusão de julgamentos de valor com julgamentos alcançados através do
conhecimento. No entanto, permanece o fato de que essas duas categorias inevitavelmente se
unem na forma de ação, incluindo o discurso (Vasquez , 1984). Para cumprir nosso princípio,
deve-se, portanto, assumir que nenhum discurso ou acção deve ser considerado
significativo, autêntico, a menos que - ou apenas na medida em que - explique e preserve a
distinção entre as duas categorias que combina. Assim definido, o conceito de autenticidade
se torna a rodada comum em que ética e conhecimento se reencontram; onde valores e
verdade, associados mas não intercambiáveis, revelam todo o seu significado para o homem
atento, vivo, para sua ressonância. Em troca, o discurso inautêntico , onde as duas categorias
são confusas, pode levar apenas ao absurdo mais pernicioso, ao mais criminoso, mesmo que
inconsciente (Vasquez , 1984).

É no discurso "político" que essa amálgama perigosa é praticada de maneira mais consistente
e sistemática. E não apenas por políticos profissionais. Os próprios cientistas, fora de seu

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campo, geralmente se mostram perigosamente incapazes de distinguir entre as categorias de
valores e de conhecimento (Vasquez , 1984).

Arduini (2007) afirma que em um sistema objectivo, qualquer confusão de conhecimento com
valores é ilegal, proibida.  Mas - e este é o ponto crucial - o elo lógico que liga radicalmente o
conhecimento e os valores - essa proibição, esse 'primeiro mandamento' que garante a base do
conhecimento objectivo, ele próprio não é e não pode ser objetivo. É uma regra moral,
uma disciplina. O conhecimento verdadeiro desconhece os valores, mas deve ser
fundamentado em um julgamento de valor, ou melhor, em um valor axiomático . É óbvio que
a posição do princípio da objetividade como condição do verdadeiro conhecimento constitui
uma escolha ética e não um julgamento alcançado a partir do conhecimento, uma vez que,
segundo os próprios termos do postulado, não poderia ter havido nenhum conhecimento
'verdadeiro' antes deste, escolha arbitral. Para estabelecer a norma para o conhecimento, o
princípio da objetividade define um valor: esse valor é o próprio conhecimento
objetivo. Concordar com o princípio da objetividade é, portanto, declarar a proposição básica
de um sistema ético: a ética do conhecimento (Vasquez , 1984; Arduini, 2007).

Para Nietzsche, ao patrocinar o conhecimento do mundo e a correção dos erros humanos pela
razão, Sócrates cria o protótipo do homem teórico, ser extremamente infeliz por que se acha
condenado a morrer aos poucos à medida que bebe o veneno da racionalidade, cada vez mais
presente nas diferentes esferas da vida. O homem teórico, que expressa a comunhão total
entre o conhecimento e a ética, é visualizado por Platão, conforme foi discutido, como sendo
o rei-filósofo. Este tinha por função educativa disciplinar as ações humanas a partir de ideais
em tudo contrários ao ideal agonístico. Em vista disso, o autor da República concebia a
tragédia como fundamentalmente mentirosa, devendo ser censurada para não comprometer o
trabalho de formação dos futuros governantes (Vasquez, 1984).

II.3.1. A ética do conhecimento

Na ética do conhecimento , é a escolha ética de um valor primário que é o fundamento. A


ética do conhecimento difere assim radicalmente da ética animista, que todos afirmam basear-
se no "conhecimento" de leis imanentes, religiosas ou "naturais" que deveriam se impor ao
homem. A ética do conhecimento não se impõe ao homem; pelo contrário, é ele quem o
impõe, tornando-o a condição axiomática da autenticidade para todo discurso e toda

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ação. O Discurso sobre o método propõe uma epistemologia normativa, mas também deve ser
lida acima de tudo como uma meditação moral, um exercício espiritual (Monod, 1970).

Para Vasquez (1984), a ética do conhecimento também é, em certo sentido, "conhecimento da


ética", isto é, dos impulsos e paixões, das necessidades e limitações do ser biológico. É capaz
de confrontar o animal no homem, vê-lo não como absurdo, mas estranho, precioso em sua
própria estranheza: a criatura que, pertencente simultaneamente ao reino animal e ao reino das
ideias, é ao mesmo tempo rasgada e enriquecida por essa dualidade agonizante, expresso da
mesma forma na arte e na poesia e no amor humano.

Por outro lado, os sistemas animistas preferem, em um grau ou outro, ignorar, denegrir ou
intimidar o homem biológico, e fazê-lo temer ou abominar certas características inerentes à
sua natureza animal. A ética do conhecimento, por outro lado, o encoraja a honrar e assumir
essa herança, enquanto sabe como dominá-la quando necessário. Quanto às mais elevadas
qualidades humanas, coragem, altruísmo, generosidade, ambição criativa, a ética do
conhecimento reconhece sua origem sócio-biológica e afirma seu valor transcendente a
serviço do ideal que define (Monod, 1970).

II.3.2. Ética do conhecimento e o ideal socialista

Para Monod (1970), a ética do conhecimento é a única atitude racional e resolutamente


idealista e sobre a qual um socialismo real pode ser construído. Para os jovens de espírito,
essa grande visão do século XIX ainda persiste com intensidade intensa.  O messianismo
histórico baseado no materialismo dialético continha as sementes de todos os perigos
encontrados posteriormente. Talvez mais do que os outros animismos, o materialismo
histórico é baseado em uma total confusão das categorias de valor e conhecimento.

Nas fontes da própria ciência, na ética sobre a qual o conhecimento é fundado e que, por livre
escolha, torna o conhecimento o valor supremo - a medida e a garantia de todos os outros
valores. Uma ética que baseia a responsabilidade moral na própria liberdade dessa escolha
axiomática (Monod, 1970).

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III. CONCLUSÃO

De tudo que ficou estou neste trabalho de caracter de revisão bibliográfica, com base nos
objectivos traçados, pode-se concluir que o conhecimento não está limitado a descrições,
hipóteses, conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são úteis ou verdadeiros. Hoje
existem vários conceitos para esta palavra e é de ampla compreensão que conhecimento é
aquilo que se sabe sobre algo ou alguém. A ética é um princípio que cada indivíduo traz
consigo desde a infância, isto é, um valor adquirido na sua relação familiar e cotidiano de sua
existência.

Várias são as teorias que explicam o conhecimento, relativamente ao problema do objecto e


sujeito. Para a teoria do objectivismo, o objecto é o elemento decisivo entre os dois membros
da relação cognitiva, ou seja, o objecto determina o sujeito, onde o sujeito toma sobre si, de
certo modo, as propriedades do objecto, reproduzindo-as. O subjectivismo procura
fundamentar o conhecimento humano no sujeito. Para isso, coloca o mundo das ideias, o
conjunto dos princípios do conhecimento, no sujeito.

Ainda no que diz respeito ao conhecimento, contataram-se sete (7) principais tipos,
nomeadamente: o conhecimento sensorial ou sensível, o conhecimento intelectual, o
conhecimento vulgar/popular, o conhecimento científico, filosófico, religioso/teológico e
declarativo.

No que diz respeito ao conheminto como valor ético, constatou-se que a ética e o
conhecimento estão inevitavelmente ligados na e através da acção. A acção coloca
conhecimento e valores simultaneamente em jogo ou em questão. Toda ação significa uma
ética, serve ou desrespeita certos valores; constitui uma escolha de valores, ou finge. Por outro
lado, o conhecimento está necessariamente implícito em toda acção, enquanto
reciprocamente, a acção é uma das duas fontes necessárias de conhecimento.

Por fim, a ética do conhecimento é, a meu ver, a única atitude racional e resolutamente
idealista e sobre a qual um socialismo real pode ser construído. 

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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARDUINI, J. (2007). Ética responsável e criativa. Sao Paulo.

BIZZO, N. M. (1998). "O paradoxo social eugênico e os professores: ontem e Hoje. Ciencia
e cultura na Educacao. Unisinos.

BONDER, N. (2006). Ter ou não ter, eis a questão! A sabedoria do consumo. Rio de Janeiro:
Elsevier.

DURANT, W. (1965). Filosofia da Vida. Sao Paulo: 13 Edicao. Tradução Monteiro Lobato.
Campanha editora nacional.

FROMM, E. (1969). Análise do Homem. Tradução Octavio Alves Vellho. Rio de Janeiro:
Zahar Editores.

HESSEN, J. (1980). Teoria do conhecimento. Colonia: Universidade da Colonia.

KANAANE, R. (2008). . Comportamento Humano nas Organizações: O Homem rumo ao


Século XXI. 2ª.Ed. Sao Paulo.

MONOD, J. (1970). A Ética do Conhecimento e ideal Socialista. Obtido em 23 de Maio de


2020, de https://www.marxists.org/reference/subject/philosophy/works/fr/monod.htm

VASQUEZ, A. S. (1984). Etica. Traducao Joao DellAnna. Rio de Janeiro: Editora


Civilização Brasileira .

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