Consciencia e Valor Etico
Consciencia e Valor Etico
Consciencia e Valor Etico
Carlim Voabil
3o Ano
I. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3
1.1. Objectivos........................................................................................................................3
1.1.1. Geral........................................................................................................................3
1.1.2. Específicos...............................................................................................................3
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I. INTRODUÇÃO
De acordo com Sá (2008, p. 79), só podemos agir de maneira ética se possuirmos uma
consciência ética, que é um estado de mente e espírito, que nos traz um modelo de como ter
uma conduta correta perante as situações. Quando o “eu” se identifica com a virtude, criando
a “consciência de um princípio ideal”, associado a uma “consciência de aplicação de material
de energia própria, unindo personalidade, vontade e praticidade, cria todas as condições para
materializar empreendimentos notáveis (Sá, 2001).
I.1. Objectivos
I.1.1. Geral
I.1.2. Específicos
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II. REVISÃO DA LITERATURA
Para Fromm (1969), o termo consciência, em seu sentido moral, é uma habilidade,
capacidade, intuição, ou julgamento do intelecto que distingue o certo do errado. Juízos
morais desse tipo podem refletir valores ou normas sociais (princípios e regras).
Sob um ponto de vista secular ou científico, a capacidade de consciência moral é vista como
de origem provavelmente genética, com seu conteúdo sendo aprendido como parte da cultura
(Durant, 1965).
Segundo a doutrina da Igreja Católica, a consciência moral é um juízo da razão que ordena o
homem a praticar o bem e evitar o mal. A consciência, presente no íntimo de qualquer pessoa
e indissociável à dignidade humana, permite a qualquer pessoa avaliar a qualidade moral dos
actos realizados ou ainda por realizar, permitindo-lhes assim assumir a responsabilidade
porque possuem liberdade para escolher entre o bem e o mal. A Igreja Católica defende que
quem escutar correctamente a sua consciência moral "pode ouvir a voz de Deus que lhe fala"
(Sá, 2008).
Para a filosofia, a consciência resulta da relação íntima do homem consigo mesmo, e fruto da
conexão entre as capacidades do eu e aquelas das energias espirituais, responsáveis pela
nossa vida. Portanto, consciência ética e um decorrente de mente e espirito, através do qual
não só aceitamos modelos de conduta, como efectivamos julgamentos próprios,
condicionamo-nos, mentalmente para a realização dos factos inspirados na conduta sadia
(Fromm, 1969).
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Segundo Fromm (1969), a consciência se forma através das parcelas de ensinamento,
informações influências ambientais, observações e percepções, é através desse conhecimento
adquirido que criamos nossos parâmetros.
Durant (1995) defende que não existindo verdade absoluta, o que é certo para um, pode ser
errado para o outro, porque os valores são trazidos do berço, ou seja, são construídos na
relação primeira da criança. Na infância, os pais ensinam os primeiros passos e as primeiras
palavras, e no decorrer da existência vão evoluindo, adquirindo a maturidade que possibilita
crescimento e desenvolvimento da personalidade.
Para Durant (1995, p.29), a família é a primeira unidade social em que os indivíduos
aprendem a lealdade e a obediência; e o desenvolvimento moral do individuo se resume em ir
ampliando a órbita dessa lealdade e dessa obediência até atingir as fronteiras da pátria. Mas
logo que deixa a terra firme do lar a juventude mergulha no maelstrom da concorrência e
perde a boa vontade cooperante, adquirida na família. E a idade madura, próspera, porém
infeliz, muitas vezes se volta para o velho lar com um suspiro de alívio - encontrando nele
uma serena ilhota comunística.
Independente do tipo de família que o indivíduo pertença, pobre, rica, branca, preta, índio ou
de outras etnias, condições financeira e religião, eles terão seus princípios morais e crenças,
transmitidas pelos pais ou seus representantes. E estes valores são transferidos para as futuras
gerações. A partir da infância, a caminho da maturidade, o indivíduo vai adquirindo novos
costumes que vão surgindo com a convivência social, escola, grupos de amigos e trabalho
(Vázques, 1984)
Kanaane (2008) destaca que o conjunto de indivíduos associados forma a base da sociedade,
fundamentada nos valores, normas e sistemas de comunicação. Inicialmente, pode-se
considerar que a consciência social se caracteriza por representações individuais que
gradativamente vão constituir as representações sociais.
Kanaane (2008) afirma ainda que dentro ou fora da família os princípios adquiridos na
infância estarão sempre presentes na relação do homem com o homem. O conjunto de normas
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regulamentadoras rege o comportamento ético em sociedade e estarão entrelaçando e
interligando, educação, cultura, tradição e cotidiano. O todo aprendido na infância forma um
indivíduo que prima pela honestidade, à humildade, a moral, o respeito ao próximo e as leis,
ao meio ambiente, a solidariedade. Para Vázques (1984, p. 195) o individuo, enquanto ser
social faz parte de diversos grupos sociais. O primeiro ao qual pertence e cuja influência
sente, sobretudo na primeira fase da sua vida (infância e adolescência), é a família.
Para os filósofos antigos, a consciência moral era algo inata, que pertencia ao próprio
homem. Enquanto os filósofos Contemporâneos e modernos, defendem a tese de que a
consciência moral é algo que é adquirido pelo homem em sociedade, família, grupo social,
escola etc. (Sa, 2008).
Da mesma maneira, Kohlberg citado por Sá (2008) considera que a consciência moral se
desenvolve no processo de aprendizagem social. Na sua opinião há três (3), e todas baseadas
na noção de justiça, segundo ele cada um está num determinado estado e desenvolvimento
moral de acordo com as suas respostas a Dilemas morais:
O papel epistêmico da consciência não coincide necessariamente com o papel das faculdades
ou funções epistêmicas como razão, intuições ou sentidos. Em particular, a consciência “nos
traz” conhecimento ou crenças morais não significa necessariamente que nos dá acesso
directo à fonte desse conhecimento ou dessas crenças, como pode ser o caso da razão,
intuições ou sentidos (Geaves, 1999; Schwitzgebel, 2014).
A consciência não nos permite adquirir o conhecimento da lei moral directamente de uma
fonte externa, mas apenas para testemunhar a presença das leis (de Deus por exemplo) dentro
de nós. A consciência não pode contemplar diretamente a Deus. A ideia de uma faculdade
que nos fornece conhecimento indireto e, portanto, imperfeito de alguma autoridade moral
externa se adapta muito bem às tradições religiosas. Por exemplo, a idéia de que através da
consciência descobrimos as verdadeiras leis divinas também pode ser encontrada no Islã
(Geaves, 1999: 164).
É importante notar que também que a consciência pode ser concebida como cumprindo uma
função introspectiva, ou seja, como sendo direcionada para si e para a própria mente. A
introspecção permite que se obtenha autoconhecimento (Schwitzgebel, 2014), mas como o eu
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observado contém a lei moral, é possível dizer que a própria lei, como parte de nosso eu, se
torna objecto de introspecção.
Em um relato secular, a fonte externa de conhecimento moral que instila princípios morais
em nós não é Deus, mas a própria cultura ou educação. Nesse caso, o conhecimento moral em
questão é tipicamente entendido em um sentido relativístico: nossa consciência é a faculdade
através da qual as normas sociais de nossa cultura ou as de nossa educação são evocadas e
exercem sua influência em nossa psicologia moral. Essas normas explicam nossos
sentimentos morais e nossas escolhas morais, mas o que a consciência nos diz neste caso é o
produto da dinâmica social e cultural sobre a qual temos pouco controle (Schwitzgebel,
2014).
A consciência é uma nocção meramente relativista, cujo conteúdo muda de acordo com as
circunstâncias sociais, culturais e familiares, uma vez que a vêem como mera opinião sobre
os princípios morais influenciados ou mesmo determinados pela própria cultura (Montaigne
1580: livro 1, cap. 22; Hobbes 1651: cap. 7).
Segundo Rousseau (1921), a consciência tem uma tendência natural de perceber e seguir a
ordem correta da natureza, e um bom professor deve ajudar a consciência do jovem a fazer o
que é naturalmente predisposto a fazer. Nas palavras de Rousseau:
Esse entendimento da consciência como uma forma mais profunda de conhecimento moral
nos leva ao segundo sentido em que se pode dizer que a consciência tem um papel
epistêmico. Além de apenas testemunhar opiniões recebidas ou leis divinas, a consciência
também pode ser concebida como um sentido moral, dando-nos acesso directo aos princípios
morais. Entendida dessa maneira, a consciência é tipicamente vista como intuitiva e
influenciada pelas emoções, e não como uma faculdade baseada na razão (Schwitzgebel,
2014).
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Mais uma vez, há razões para duvidar da autoridade epistêmica e moral da consciência assim
entendida. Muitos trabalhos recentes da psicologia moral, com o objetivo de compreender
discordâncias morais, sugeriram que existem diferenças aparentemente irreconciliáveis nas
intuições e emoções morais fundamentais entre pessoas com visões de mundo diferentes
(Schwitzgebel, 2014).
A consciência também pode ser concebida como nosso senso de dever. De acordo com esse
entendimento, a consciência nos motiva a agir de acordo com os princípios ou crenças morais
que já possuímos (Childress 1979).
Uma poderosa fonte motivacional é representada pelos sentimentos que a consciência gera
em sua função de auto-avaliação. A consciência como auto-avaliação e a consciência como
motivação para agir moralmente constituem um bom exemplo de perspectivas sobre a
consciência que não são apenas consistentes entre si, mas que realmente se completam (Fuss,
1964).
Para Childress (1979), o caráter subjetivo da consciência delimita uma esfera de moralidade
pessoal que é uma parte essencial do nosso senso de identidade pessoal, entendida como o
senso de quem somos e do que caracteriza qualitativamente nossa individualidade (por
exemplo, nosso caráter, nossos traços psicológicos, nossos experiência passada, etc.).
Childress (1979) afirma ainda que esse espaço privado em que o indivíduo encontra seu
próprio senso de identidade muitas vezes fundamenta o uso político da nocção de
consciência. Assim, muitas pessoas reivindicam o direito de manter sua consciência -
particularmente avançando a chamada “objeção de consciência” - quando as expectativas
sociais ou obrigações legais exigiriam o contrário. Esses apelos políticos à consciência são
geralmente feitos com base em dois princípios. O primeiro é o princípio do respeito à
integridade moral, que encontra sua justificativa na estreita relação entre as noções de
consciência e de integridade moral, por um lado (Childress 1979), e o senso de identidade
pessoal, por outro. O segundo princípio frequentemente invocado nos usos políticos da
"consciência" é o princípio da "liberdade de consciência".
Os costumes morais são valorativos, ou seja, ditam normas a partir de valores morais. Existe,
no interior de cada sociedade, um conjunto de valores que especificam e diferenciam o que é
bom do que é ruim, o que é o bem e o que é o mal, aquilo que é melhor do que é pior, o que
pode e não pode ser feito, etc. Isso significa dizer que os valores morais são uma espécie de
“código de conduta” que dita como cada indivíduo deve agir no interior daquela sociedade
para integrar-se e adequar-se a ela (Sá, 2008).
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III. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De tudo que ficou exposto no presente trabalho, pode concluir que mão existe nocção de
consciência, tanto no sentido filosófico quanto psicológico. Como foi descrito acima, o
conceito de consciência recebeu diferentes interpretações ao longo da história, às vezes com
base nas teorias filosóficas sistemáticas subjacentes da mente e da moralidade, e às vezes
servindo a propósitos religiosos ou políticos.
Como não é possível esclarecer imediatamente do que está se tratando quando falamos de
consciência, liberdade de consciência ou objeção de consciência, é importante que seja
esclarecida toda vez que a consciência for apelada em diferentes ramos da filosofia aplicada
particularmente em ética social.
A consciência precisa ser desmistificada, pois é um daqueles conceitos que tendem a suscitar
mais reverência do que perguntas ou interesse em uma investigação mais aprofundada. Como
visto acima, os apelos à consciência geralmente substituem as razões e são feitos com a
expectativa de que não seja solicitada outra razão para as decisões e posições.
Cabe, porém, a cada indivíduo e a cada comunidade julgar se os costumes e os valores morais
vigentes em seu meio e em seu tempo são os melhores e mais adequados para o
funcionamento social, sem deixar de respeitar a individualidade e os direitos dos seres que
compartilham a vida conjunta naquele lugar.
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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DURANT, W. (1965). Filosofia da Vida. . Sao Paulo: Tradução Monteiro Lobato. 13ª edição,
1 volume .
FIPCAF. (2010). Ética Geral e Profissional em Contabilidade. . Sao Paulo: Atlas. Fundação
Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras.
FROMM, E. (1969). Análise do Homem. (T. O. Vellho, Trad.) Rio de Janeiro: Zahar
Editores.
GEAVES, R. (1999). Islam and conscience”, in Jayne Hoose (ed), Conscience in World
Religions. Herefordshire: Gracewings.
MONTAINGNE, M. (1877). Of customs, and that we should not easily change a law
received”, in Essays of Michele de Montaigne. (C. Cotton, Trad.) London: Reeves
and Turner.
ROUSSEAU, J. J. (1921). Emile: Or On Education. (B. Foxley, Trad.) London and Toronto:
J.M. Dent and Sons.
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