21 - Bernardo Grossi
21 - Bernardo Grossi
21 - Bernardo Grossi
Organizador:
Bernardo Menicucci Grossi
Diagramação: Marcelo A. S. Alves
Capa: Lucas Margoni
Lei Geral de Proteção de Dados: Uma análise preliminar da Lei 13.709/2018 e da experiência de sua implantação no
contexto empresarial [recurso eletrônico] / Bernardo Menicucci Grossi (Org.) -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2020.
455 p.
ISBN - 978-65-87340-21-0
1. Lei Geral de Proteção de Dados; 2. Direito empresarial; 3. Tecnologias; 4. Estado; 5. Brasil; I. Título.
CDD: 340
Índices para catálogo sistemático:
1. Direito 340
Sumário
Prefácio ............................................................................................................................ 11
Bernardo Menicucci Grossi
Primeira seção
A Lei Geral de Proteção de Dados e suas particularidades
1 ........................................................................................................................................ 15
O consentimento na Lei Geral de Proteção de Dados: autonomia privada e o
consentimento livre, informado, específico e expresso
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira
Maurício Leopoldino da Fonseca
2 ...................................................................................................................................... 45
As bases legais para o tratamento de dados pessoais: muito além do consentimento
Guilherme Henrique Gualtieri de Oliveira
3 ...................................................................................................................................... 64
O legítimo interesse como base legal para o tratamento de dados pessoais
Bernardo Menicucci Grossi
4 ...................................................................................................................................... 82
Autonomia privada, renúncia contratual a direitos fundamentais e proteção de dados
Bruna Cardoso Nunes
Camila de Oliveira
5 ..................................................................................................................................... 102
Autonomia privada e consentimento de crianças e adolescentes na Lei Geral de Proteção
de Dados
Zilda A. Goncalves de Sousa
Igor da Silveira Franco
6 ..................................................................................................................................... 133
O direito à privacidade e o direito à proteção de dados na Lei Geral de Proteção de Dados
Sidney Cassio Alves Rocha
7 ......................................................................................................................................151
Direito à explicação em decisões automatizadas
Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida
8 ..................................................................................................................................... 177
Proteção de dados, privacidade e a Lei do Cadastro Positivo
Pedro Henrique Rocha Silva Fialho
9 ..................................................................................................................................... 192
Proteção de dados, privacidade e o Marco Civil da Internet
Paulo Roberto Godoy Perilli
10 .................................................................................................................................... 214
A LGPD e o direito do trabalho: uma nova dinâmica na liquidação de pedidos nas ações
trabalhistas
Wallace Almeida de Freitas
11 ................................................................................................................................... 232
A concepção de privacidade através dos tempos: do rupestre à Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais
João Lucas Vieira Saldanha
Segunda seção
O impacto da Lei Geral de Proteção de Dados em modelos de negócio
12 .................................................................................................................................... 271
A importância da governança digital na advocacia
Alexandre Atheniense
13 ................................................................................................................................... 285
LGPD e Legal Design
Felipe Soares de Magalhães
Thiago Thomaz Siuves Pessoa
14 .................................................................................................................................... 313
LGPD e a privacidade desde a concepção
Lucas Sávio Oliveira
15 ....................................................................................................................................337
Análise jurídica dos incidentes de segurança e a responsabilidade civil no Brasil
Vitor Eduardo Lacerda de Araújo
Douglas Dias Vieira de Figueredo
16 ................................................................................................................................... 359
LGPD: a proteção de dados e o consentimento granular
Gustavo Batista Guimarães
17 ................................................................................................................................... 366
A escolha subjetiva de várias bases legais para o tratamento de dados pessoais
Marcos Souza
Terceira seção
Cases de implantação
18 ....................................................................................................................................375
Cases de implantação LGPD: a evangelização dos colaboradores
Tatiana Alves de Castro
Quarta seção
A LGPD e o Poder Público
19 ................................................................................................................................... 389
Desafios da LGPD na adminstração pública e a (des)continuidade das políticas públicas
Ricardo Gomes Figueiroa
20 .................................................................................................................................. 406
Aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados ao poder público
Zilda A. Goncalves de Sousa
Igor da Silveira Franco
21 ................................................................................................................................... 443
Proteção de dados dos trabalhadores e a competência da autoridade nacional de proteção
de dados
Duarte Moura
1
Presidente da Comissão Especial de Proteção de Dados da OAB/MG.
12 | Lei geral de proteção de dados
I. Introdução
1
Sócia do escritório João Bosco Leopoldino Advocacia e Consultoria; graduada em Direito pela Universidade FUMEC,
em 2008; Mestre em Ciências Jurídico-Empresariais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 2013;
Especialista em Contratos pela Fundação Getúlio Vargas, 2015; MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela
Universidade FUMEC, em 2017.
2
Sócio Fundador do João Bosco Leopoldino Advocacia e Consultoria; graduado em Direito pela Universidade Federal
de Minas Gerais, em 1990; Mestre pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, em 2001;
Especialista em Direito Administrativo pela UFMG, em 1992; Procurador do Estado de Minas Gerais, desde 1993.
16 | Lei geral de proteção de dados
3
Disponível em: https://www.internetinnovation.com.br/blog/ubiquidade-na-web-entenda-esse-conceito/.
Acessado em 29/11/2019.
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 17
4
“A economia customizada exige, para a obtenção de vantagens no mercado, que a comunicação da empresa se
individualize, criando e fidelizando nichos de consumo. Nessa perspectiva, a interação direta com o consumidor e a
segmentação do marketing passam a ser bastante valorizadas, ganhando relevo a concepção do marketing “one-to-
one””. (MENDES, 2014, p. 89).
5
Embora o ditado tenha se popularizado após a publicação do livro com o mesmo nome, de autoria do economista
monetarista Milton Friedman, em 1975, a ideia de que não se pode conseguir alguma coisa sem dar nada em troca
remonta o século XVIII, quando o filósofo e economista britânico Adam Smith publicou, em seu emblemático “A
Riqueza das Nações”, em 1776, no Capítulo II, que “não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro
que esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio interesse. Dirigimo-nos não à sua
humanidade, mas à sua auto-estima, e nunca lhe falamos das nossas próprias necessidades, mas das vantagens que
advirão para eles”.
6
No modelo de “zero-price advertisement business model”, “os usuários não pagam uma quantia monetária (zero-
price) pelo produto ou serviço. A contraprestação deriva do fornecimento de seus dados pessoais, o que possibilita o
direcionamento de conteúdo publicitário, e cuja receita pagará, indiretamente, pelo bem de consumo (advertisement
business model)”. (BIONI, 2019,p. 47).
18 | Lei geral de proteção de dados
7
Trata-se, em linhas gerais, de discussão que aborda possível conflito e incompatibilidade entre o consentimento
previsto no art. 7º, IX da Lei 12.965/14 ("MCI") e o disposto na Lei 13.709/18 ("LGPD"). Embora grande parte da
doutrina especializada defenda posicionamento no sentido de que, neste ponto, houve a derrogação tácita do MCI
pela LGPD – seja pelo critério temporal, seja pelo critério de especialidade – a nosso ver, não há, a princípio,
incompatibilidade inequívoca e comprovada entre as duas regras, pelo que não se pode presumir a derrogação do
inciso IX do art. 7º do MCI. No entanto, como dito, o assunto merece aprofundamento e protagonismo a ser explorado
em estudo específico.
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 19
8
Disponível em: https://www.cs.cornell.edu/~shmat/courses/cs5436/warren-brandeis.pdf. Acessado em:
20/11/2019.
9
Disponível em: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/. Acessado em: 30/11/2019.
20 | Lei geral de proteção de dados
10
Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/HTML/?uri=CELEX:31995L0046&from=PT.
Acessado em: 30/11/2019.
11
“Considerando (9): Os objetivos e os princípios da Diretiva 95/46/CE continuam a ser válidos, mas não evitaram
a fragmentação da aplicação da proteção dos dados ao nível da União, nem a insegurança jurídica ou o sentimento
generalizado da opinião pública de que subsistem riscos significativos para a proteção das pessoas singulares,
nomeadamente no que diz respeito às atividades por via eletrónica. As diferenças no nível de proteção dos direitos e
das pessoas singulares, nomeadamente do direito à proteção dos dados pessoais no contexto do tratamento desses
dados nos Estados-Membros, podem impedir a livre circulação de dados pessoais na União. Essas diferenças podem,
por conseguinte, constituir um obstáculo ao exercício das atividades económicas a nível da União, distorcer a
concorrência e impedir as autoridades de cumprirem as obrigações que lhes incumbem por força do direito da União.
Essas diferenças entre os níveis de proteção devem-se à existência de disparidades na execução e aplicação da Diretiva
95/46/CE”. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/HTML/?uri=CELEX:
32016R0679&from=EN. Acessado em: 20/11/2019
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 21
12
MARTINS, Leonardo. 2ª Parte – DIREITO CONSTITUCIONAL MATERIAL I - (Direitos Fundamentais – Art. 1 – 19
GG) - Livre desenvolvimento da personalidade (Art. 2 I GG) - 20. BVERFGE 65, 1 (VOLKSZÄHLUNG) - Reclamação
Constitucional contra ato normativo 15/12/1983. Cinquenta Anos de Jurisprudência do Tribunal Constitucional
Federal Alemão. Organização e introdução: Leonardo Martins. Prefácio: Jan Woischnik. Trad. Beatriz Henning et. al.
Monevidéu: Fundação Konrad Adenauer, 2005. p. 233-234.
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 23
13
“Trata-se, assim, de uma espécie de hipertrofia do consentimento junto ao restante do corpo normativo de proteção
de dados pessoais, o que é diagnosticado por um desenvolvimento incompleto dos seus outros “membros” que
preencheriam a citada adjetivação e dariam concretude à prometida esfera de controle dos dados pessoais”. BIONI,
pág. 266.
14
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente poderá ser realizado nas seguintes hipóteses: I - mediante o
fornecimento de consentimento pelo titular.
24 | Lei geral de proteção de dados
15
Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se: (...) XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívoca
pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada.
16
“Art. 8º. (...). § 3º É vedado o tratamento de dados pessoais mediante vício de consentimento”.
17
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que
poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
18
Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a
alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 25
a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando
recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
19
Art. 9º. (...). § 1º Na hipótese em que o consentimento é requerido, esse será considerado nulo caso as informações
fornecidas ao titular tenham conteúdo enganoso ou abusivo ou não tenham sido apresentadas previamente com
transparência, de forma clara e inequívoca.
20
Disponível em: https://www.cnil.fr/fr/la-formation-restreinte-de-la-cnil-prononce-une-sanction-de-50-millions-
deuros-lencontre-de-la. Acessado em 03/12/2019.
26 | Lei geral de proteção de dados
21
Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos: I - o respeito à privacidade; II - a
autodeterminação informativa; III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; IV - a
inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação;
VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e VII - os direitos humanos, o livre
desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais.
22
Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios: I -
finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem
possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas finalidades; II - adequação: compatibilidade
do tratamento com as finalidades informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento; III - necessidade:
limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos dados
pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de dados; IV - livre acesso:
garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre a
integralidade de seus dados pessoais; V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância
e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento; VI -
transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do
tratamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos comercial e industrial; VII - segurança:
utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de
situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou difusão; VIII - prevenção: adoção de
medidas para prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados pessoais; IX - não discriminação:
impossibilidade de realização do tratamento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos; X - responsabilização e
prestação de contas: demonstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a observância
e o cumprimento das normas de proteção de dados pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
23
Artigo 8º, §4º: O consentimento deverá referir-se a finalidades determinadas, e as autorizações genéricas para o
tratamento de dados pessoais serão nulas.
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 27
• livre,
• informado,
• específico, e
• expresso.
24
COTS, Márcio (2019), pág. 86.
28 | Lei geral de proteção de dados
Livre
Informado
25
Trata-se de um órgão consultivo europeu independente em matéria de proteção de dados e privacidade. As suas
atribuições encontram-se descritas no artigo 30.º da Diretiva 95/46/CE e no artigo 15.º da Diretiva 2002/58/CE.
32 | Lei geral de proteção de dados
26
Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do controlador, em relação aos dados do titular por ele
tratados, a qualquer momento e mediante requisição: I - confirmação da existência de tratamento; II - acesso aos
dados; III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados; IV - anonimização, bloqueio ou eliminação
de dados desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei; V - portabilidade dos
dados a outro fornecedor de serviço ou produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regulamentação da
autoridade nacional, observados os segredos comercial e industrial; VI - eliminação dos dados pessoais tratados com
o consentimento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei; VII - informação das entidades públicas
e privadas com as quais o controlador realizou uso compartilhado de dados; VIII - informação sobre a possibilidade
de não fornecer consentimento e sobre as consequências da negativa; IX - revogação do consentimento, nos termos
do § 5º do art. 8º desta Lei.
27
O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de decisões tomadas unicamente com base em tratamento
automatizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as decisões destinadas a definir o seu perfil
pessoal, profissional, de consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade.
28
Art. 33. A transferência internacional de dados pessoais somente é permitida nos seguintes casos: I - para países
ou organismos internacionais que proporcionem grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei;
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 33
Específico
II - quando o controlador oferecer e comprovar garantias de cumprimento dos princípios, dos direitos do titular e do
regime de proteção de dados previstos nesta Lei, na forma de: a) cláusulas contratuais específicas para determinada
transferência; b) cláusulas-padrão contratuais; c) normas corporativas globais; d) selos, certificados e códigos de
conduta regularmente emitidos; III - quando a transferência for necessária para a cooperação jurídica internacional
entre órgãos públicos de inteligência, de investigação e de persecução, de acordo com os instrumentos de direito
internacional; IV - quando a transferência for necessária para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular
ou de terceiro; V - quando a autoridade nacional autorizar a transferência; VI - quando a transferência resultar em
compromisso assumido em acordo de cooperação internacional; VII - quando a transferência for necessária para a
execução de política pública ou atribuição legal do serviço público, sendo dada publicidade nos termos do inciso I do
caput do art. 23 desta Lei; VIII - quando o titular tiver fornecido o seu consentimento específico e em destaque para
a transferência, com informação prévia sobre o caráter internacional da operação, distinguindo claramente esta de
outras finalidades; ou IX - quando necessário para atender as hipóteses previstas nos incisos II, V e VI do art. 7º desta
Lei.
34 | Lei geral de proteção de dados
Expresso
29
Art. 16: Os dados pessoais serão eliminados após o término de seu tratamento, no âmbito e nos limites técnicos das
atividades, autorizada a conservação para as seguintes finalidades: I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória
pelo controlador; II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a anonimização dos dados
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 37
da LGPD, por sua vez, traz as hipóteses legais de manutenção dos dados
pessoais após o término do tratamento pelo controlador.
Embora não haja previsão expressa sobre como o operador de
tratamento deve atuar para que o direito à eliminação dos dados seja
efetivado, fato é que o mecanismo a ser disponibilizado ao titular deve ser
gratuito e facilitado. Ressalte-se que, preferencialmente, ele deverá, de
certa maneira, corresponder ao procedimento utilizado para obtenção do
consentimento. Nesse sentido, se a anuência tiver se dado por meio
eletrônico – confirmação via checkbox, por exemplo –, a revogação
também terá que ser feita por procedimento similar, sendo vedado ao
controlador ativar processo online para obtenção da concordância e,
simultaneamente, determinar que a revogação só ocorra a partir de
requerimento via telefone, em horário comercial 30 . Destarte, pode-se
pessoais; III - transferência a terceiro, desde que respeitados os requisitos de tratamento de dados dispostos nesta
Lei; ou IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso por terceiro, e desde que anonimizados os dados.
30
Orientações do GT29 - “Se o responsável pelo tratamento for capaz de demonstrar que o serviço inclui a
possibilidade de retirar o consentimento sem que daí advenham quaisquer consequências negativas, nomeadamente
que a prestação do serviço perca qualidade prejudicando o utilizador, tal pode servir para comprovar que o
consentimento foi dado livremente. O RGPD não exclui todos os incentivos, mas o ónus de demonstrar que o
consentimento foi dado livremente em todas as circunstâncias recai sobre o responsável pelo tratamento.
[Exemplo 8] - Ao descarregar uma aplicação para telemóvel relativa a hábitos de vida, a aplicação solicita
consentimento para aceder ao acelerómetro do telefone. Não se trata de algo necessário para a aplicação funcionar,
mas é útil para os responsáveis pelo tratamento que pretendem saber mais acerca dos movimentos e dos níveis de
atividade dos utilizadores. Posteriormente, se a utilizadora revogar esse consentimento, descobre que a aplicação só
funciona parcialmente. Estamos perante um exemplo de prejuízo na aceção do considerando 42, o que significa que
o consentimento nunca foi obtido validamente (e logo, o responsável pelo tratamento tem de apagar todos os dados
pessoais acerca dos movimentos dos utilizadores recolhidos desta forma).
[Exemplo 9] - O titular de dados subscreve o boletim informativo de um retalhista de moda com descontos gerais. O
retalhista solicita ao titular dos dados consentimento para recolher mais dados sobre preferências de compras para
personalizar as ofertas em função das preferências do titular dos dados com base no histórico de compras ou num
questionário cujo preenchimento é voluntário. Posteriormente, quando o titular dos dados revoga o consentimento,
passa novamente a receber descontos de moda não personalizados. Esta situação não implica prejuízo, uma vez que
apenas se perdeu o incentivo admissível.
[Exemplo: 10] - Uma revista de moda oferece aos leitores acesso para comprarem novos produtos de maquilhagem
antes do lançamento oficial. Os produtos estarão disponíveis para venda brevemente, mas oferece-se aos leitores da
revista uma antevisão exclusiva dos referidos produtos. Para beneficiarem da oferta, as pessoas devem dar a morada
e concordar em subscrever a lista de endereços da revista. A morada é necessária para o envio dos produtos e a lista
de endereços é utilizada para enviar ofertas comerciais de produtos, tais como cosméticos ou t-shirts, durante todo
o ano. A empresa explica que os dados que constam da lista de endereços apenas serão utilizados para o envio de
artigos e publicidade em papel pela própria revista e que não são partilhados com outras organizações. Caso o leitor
não queira divulgar o seu endereço por esta razão, não existe prejuízo, uma vez que os produtos estarão disponíveis
de qualquer forma.”
38 | Lei geral de proteção de dados
Orientações do Grupo de Trabalho do Artigo 29º (GT29) - Orientações relativas ao consentimento na aceção do
Regulamento (UE) 2016/679 - Adotadas em 28 de novembro de 2017 - Última redação revista e adotada em 10 de
abril de 2018
31
Considerando n.º 59 da GDPR estabelece: (59) Deverão ser previstas regras para facilitar o exercício pelo titular
dos dados dos direitos que lhe são conferidos ao abrigo do presente regulamento, incluindo procedimentos para
solicitar e, sendo caso disso, obter a título gratuito, em especial, o acesso a dados pessoais, a sua retificação ou o seu
apagamento e o exercício do direito de oposição. O responsável pelo tratamento deverá fornecer os meios necessários
para que os pedidos possam ser apresentados por via eletrónica, em especial quando os dados sejam também tratados
por essa via. O responsável pelo tratamento deverá ser obrigado a responder aos pedidos do titular dos dados sem
demora injustificada e o mais tardar no prazo de um mês e expor as suas razões quando tiver intenção de recusar o
pedido.
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 39
32
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente
este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
33
Embora a expressão “em seu melhor interesse” seja bastante subjetiva e pouco assertiva, as diretrizes para o que
seja o melhor interesse do menor estão dispostas no art. 227 da Constituição da República, verbis: “Art. 227. É dever
da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 41
34
A verificação da idade não deve conduzir a um tratamento de dados excessivo. O mecanismo escolhido para
verificar a idade de um titular de dados deve envolver a avaliação do risco do tratamento proposto. Nalgumas
situações de baixo risco, pode ser adequado exigir que o novo subscritor do serviço revele o seu ano de nascimento
ou preencha um formulário onde declara (não) ser menor. Caso tenha dúvidas, o responsável pelo tratamento deve
reavaliar os seus mecanismos de verificação da idade num determinado caso e considerar se são necessárias
verificações alternativas. O GT29 reconhece que pode haver casos em que a verificação seja difícil (por exemplo,
quando as crianças que estão a dar consentimento ainda não estabeleceram uma «pegada» em termos de identidade
ou quando a responsabilidade parental não pode ser verificada facilmente). Esta questão pode ser tida em conta
quando for necessário decidir quais são os esforços razoáveis, mas é de esperar que os responsáveis pelo tratamento
sujeitem os processos que utilizam e a tecnologia disponível a uma revisão constante.
42 | Lei geral de proteção de dados
VIII. Conclusão:
35
COTS, Márcio, e OLIVEIRA, Ricardo. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais comentada. 2ª ed. Rev. Atual. e ampl.
– São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. págs. 116-117.
36
“Trata-se, portanto, de promover o encontro entre o arranjo jurídico-normativo da privacidade informacional com
a realidade que lhe é subjacente, buscando-se novas formas para o venerado consentimento do titular dos dados
pessoais, nutrindo-se, em última análise, a sua capacidade (autonomia) em controla-los”. BIONI, 2019. p. 272.
Fernanda Araújo Couto e Melo Nogueira; Maurício Leopoldino da Fonseca | 43
IX. Referências:
BRASIL. Lei nº°13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
(LGPD). Publicado no Diário Oficial da União de 15/08/2018.
BOFF, Salete Oro; FORTES, Vinícius Borges; FREITAS, Cinthia Obladen de Almendra.
Proteção de Dados e privacidade: do direito às novas tecnologias na sociedade
da informação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
MACIEL, Rafael Fernandes. Manual Prático sobre a Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais (Lei nº 13.709/18). 1ª ed. Goiânia: RM Digital Education, 2019.
MAIA, Roberta Mauro Medina. Vivendo nas nuvens: dados pessoais são objeto de
propriedade? In: TEPEDINO, Gustavo; MENEZES, Joyceane Bezerra de. Coord.
Autonomia privada, liberdade existencial e direitos fundamentais. Belo Horizonte:
Forum, 2019. p. 669 – 695.
MALDONADO, Viviane Nóbrega e OPICE BLUM, Renato; coord. LGPD: Lei Geral de
Proteção de Dados comentada. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.
44 | Lei geral de proteção de dados
PIRES, Eduardo; e ADOLFO, Luiz Gonzaga Silva. Autonomia privada e suas limitações
legais: reflexo da incidência indireta dos direitos fundamentais. Revista de
Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito (RECHTD). São
Leopoldo/RS, v. 7, n. 2, maio-agosto 2015. Disponível em: http://www.revistas.
unisinos.br/index.php/RECHTD/issue/view/540. Acessado em: 30/11/2019.
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Apres. Winston Fritsch. Trad. Luiz João Baraúna.
São Paulo: Editora Nova Cultural. 1996.
1. Introdução
1
Advogado, Especialista em Direito Tributário pela PUC-MG e certificado em Privacy & Data Protection e Information
Security pela Exin Holanda.
46 | Lei geral de proteção de dados
De acordo com o art. 1º, caput, da referida lei, esta é aplicável a todo
o tipo de tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais
(apesar de que, provavelmente, nos dias atuais, a maior parte dos
tratamentos de dados pessoais se dê justamente pelos meios digitais), seja
por pessoa natural ou jurídica de direito privado ou público e se presta a
proteger a liberdade, a privacidade e o livre desenvolvimento da
personalidade do ser humano:
2
LEME, Carolina da Silva. Proteção e Tratamento de Dados sob o Prisma da Legislação Vigente. Disponível em:
<http://www.veirano.com.br/upload/content_attachments/920/591112_FID_01_Protecao_tratamento_dados_orig
inal.pdf>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
Guilherme Henrique Gualtieri de Oliveira | 47
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos
meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou
privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e
de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural3
(BRASIL, 2017).
3
BRASIL. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
4
BRASIL. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
48 | Lei geral de proteção de dados
5
SOARES. Pedro Silveira Campos. A Questão do Consentimento da Lei Geral de Proteção de Dados. Disponível em <
https://www.conjur.com.br/2019-mai-11/pedro-soares-questao-consentimento-lei-protecao-dados#_ftn1>. Acesso
em 02 de dezembro de 2019.
50 | Lei geral de proteção de dados
6
FRAZÃO, Ana.Nova LGPD: as demais hipóteses de tratamento de dados pessoais. Disponível em <
www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/nova-lgpd-as-demais-hipoteses-de-tratamento-de-dados-pessoais-
19092018>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
52 | Lei geral de proteção de dados
7
SCORSIM. Ericson Meister. Lei brasileira de proteção de dados pessoais: análise de seu impacto para os titulares de
dados pessoais, empresas responsáveis pelo tratamento de dados pessoais e setor público. Disponível em: <
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI286453,21048-
Lei+brasileira+de+protecao+de+dados+pessoais+analise+de+seu+impacto> Acesso em 02 de dezembro de 2019.
54 | Lei geral de proteção de dados
8
BRASIL. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
Guilherme Henrique Gualtieri de Oliveira | 55
9
FRAZÃO, Ana. Nova LGPD: as demais hipóteses de tratamento de dados pessoais. Disponível em <
www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/nova-lgpd-as-demais-hipoteses-de-tratamento-de-dados-pessoais-
19092018>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
Guilherme Henrique Gualtieri de Oliveira | 57
Um ponto importante da LGPD na saúde é que o setor não está obrigado a ter
o consentimento em todas as situações de tratamento de dados (são as
hipóteses de exceção tratadas principalmente nos artigos 7º, 10º e 11º). Isso
mesmo! A dispensa ocorre nos casos de proteção à vida ou tutela da saúde,
exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde,
serviços de saúde ou autoridade sanitária; obrigação legal ou regulatória; para
execução de contratos com o titular dos dados; em processos judiciais ou
administrativos; quando há legítimo interesse do controlador; ou, ainda, no
caso de estudo por órgãos de pesquisa.
Mas neste quesito, “os fins não justificam os meios”, mesmo na causa da saúde,
houve alteração na redação final do artigo 7º, inciso VIII, no qual ficou
destacado que tutela da saúde é exclusivamente procedimento realizado por
profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária. Além disso,
a lei revela que é vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre
controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com objetivo de
obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses relativas à prestação de
serviços de saúde, de assistência farmacêutica e de assistência à saúde,
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício dos
interesses dos titulares de dados10.
10
PECK, Patrícia. LGPD e saúde: os fins justificam os meios? Disponível em <
https://www.serpro.gov.br/lgpd/noticias/2019/paciente-no-comando-lgpd-dados-sensiveis-saude>. Acesso em 02
de dezembro de 2019.
Guilherme Henrique Gualtieri de Oliveira | 59
11
BRASIL. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
Guilherme Henrique Gualtieri de Oliveira | 61
3.Conclusão
12
GOBBI, de Thais; MINASSE, Elton; RIBEIRO, Yuri Camelo. INTERFACE ENTRE A NOVA LEI DO CADASTRO
POSITIVO E A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS. Disponível em <
https://www.machadomeyer.com.br/pt/inteligencia-juridica/publicacoes-ij/tecnologia/interface-entre-a-nova-lei-
do-cadastro-positivo-e-a-lei-geral-de-protecao-de-dados>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
Guilherme Henrique Gualtieri de Oliveira | 63
4. Referências
GOBBI, de Thais; MINASSE, Elton; RIBEIRO, Yuri Camelo. INTERFACE ENTRE A NOVA
LEI DO CADASTRO POSITIVO E A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS.
Disponível em <https://www.machadomeyer.com.br/pt/inteligencia-
juridica/publicacoes-ij/tecnologia/interface-entre-a-nova-lei-do-cadastro-positivo-
e-a-lei-geral-de-protecao-de-dados>. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
SCORSIM. Ericson Meister. Lei brasileira de proteção de dados pessoais: análise de seu
impacto para os titulares de dados pessoais, empresas responsáveis pelo tratamento
de dados pessoais e setor público. Disponível em: < https://www.migalhas.
com.br/dePeso/16,MI286453,21048-Lei+brasileira+de+protecao+de+dados+
pessoais+analise+de+seu+impacto> Acesso em 02 de dezembro de 2019.
1
Advogado, Doutorando em Direito Privado pela PUC Minas, Mestre em Direito Privado pela PUC Minas e
Especialista em Direito Processual Civil pelo CAD. Presidente da Comissão de Proteção de Dados da OAB/MG e
membro da Coordenação de Tecnologia e Inovação do Conselho Federal da OAB. É membro do Comitê Gestor do PJE
do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, Membro Efetivo do Instituto dos Advogados de Minas Gerais -
IAMG e Membro Fundador do Instituto de Direito e Inteligência Artificial - IDEIA. Contato: bernardo@grossi.law
Bernardo Menicucci Grossi | 65
2
Não se desconhece, aqui, a divergência conceitual entre cada um desses termos. Todavia, dado o recorte
metodológico ora proposto o seu aprofundamento se mostrou desnecessário. Por todos, ver SÁ, Maria de Fátima
Freire de. Et. al. (2017).
66 | Lei geral de proteção de dados
3
Tal qual o conceito de Louis Brandeis e Samuel Warren em seu célebre The Right to Privacy e do right to be left
alone, mas também na tradicional conceituação da jurisprudência do Common Law de que a propriedade do
indivíduo is his castle. O mesmo paralelo pode ser traçado em perspectiva histórica da legislação brasileira com sua
prioridade ao habeas data como instrumento de assegurar ao indivíduo a ciência sobre suas informações pessoais
utilizadas pelo Poder Público, dentre outros.
Bernardo Menicucci Grossi | 69
A tarefa não é nada simples. Poucas noções apresentam contornos tão fluídos.
Sua longa trajetória filosófica não é unívoca, mas gravita sempre em torno da
mesma ideia: a de que a espécie humana possui uma qualidade própria, que a
torna merecedora de uma estima (dignus) única ou diferenciada. A dignidade
humana não corresponde, portanto, a algum aspecto específico da condição
humana, mas exprime, isto sim, ‘uma qualidade tida como inerente a todo e
qualquer ser humano’, sendo frequentemente apresentada como ‘o valor
próprio que identifica o ser humano como tal’.
Todavia, isso não significa que alguns passos não possam ser dados
em direção a um burilamento deste direito subjetivo do controlador como
forma de otimizar a sua aplicação e favorecer a sua interpretação, ainda
que dependente de elementos concretos de um dado caso futuro.
Não há dúvida de que o interesse legítimo do controlador estará
sempre relacionado ao seu direito constitucionalmente assegurado de
exercer a livre iniciativa, inclusive como um dos princípios fundantes da
República, assim reconhecido no art. 1˚ e 170 da Constituição Federal.
Neste sentido, como expressão da atividade econômica desenvolvida
pelo controlador, alia-se à sustentação de seu interesse legítimo os
princípios constitucionais do desenvolvimento econômico, cultural,
tecnológico, da busca por inovação, a livre iniciativa e a livre concorrência.
Tais diretrizes constituem a pedra fundamental sobre a qual o controlador
poderá se valer para a interpretação contextualizada de seu direito ao
tratamento de dados independentemente de consentimento ou das demais
previsões do art. 7˚ da Lei 13.709/18.
Em uma ponderação direta e isoladamente considerada, o sacrifício
do valor existencial humano jamais poderá ocorrer se confrontado com os
princípios constitucionais acima narrados. Daí porque um sopesamento de
tais diretrizes consagradas pela Constituição tenderá a privilegiar,
invariavelmente, a dignidade da pessoa humana.
Todavia, existem outros princípios e direitos muito relevantes que
devem ser levados em consideração nessa difícil equação Constituem-se
elementos informadores da interpretação a ser dada em um determinado
caso concreto.
São eles a boa-fé objetiva (art. 113 da Lei 10.406/02) e os seus deveres
laterais e a função social do contrato (art. 421 da Lei 10.406/02). Ainda
que a Lei 13.874/19, conhecida como a Lei da Liberdade Econômica, tenha
modificado a redação de diversos dispositivos do Código Civil para
privilegiar a liberdade contratual e a autonomia privada, dele não eliminou
o conceito de função social do contrato.
74 | Lei geral de proteção de dados
4
A pós-eficácia das obrigações revisitada. Disponível em: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/quaestioiuris/article/view/10194/7970 - Acesso 20 mar. 2020.
Bernardo Menicucci Grossi | 75
5
Disponível em https://ec.europa.eu/justice/article-29/documentation/opinion-
recommendation/files/2014/wp217_en.pdf - Acesso 20 mar. 2020.
Bernardo Menicucci Grossi | 77
3. Conclusão
4. Referências
ASHLEY, Kevin D. Artificial intelligence and legal analytics: new tools for law practice
in the digital age. New York: Cambridge University Press, 2017.
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Bernardo Menicucci Grossi | 81
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ZUBOFF, Shoshana. The age of surveillance capitalism: the firht for a human future
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4
1
Acadêmica de Direito da Faculdade Dom Helder Câmara, Membro da Comissão de Proteção de Dados da OAB/MG.
2
Acadêmica de Direito da Faculdade Dom Helder Câmara, Membro da Comissão de Proteção de Dados da OAB/MG.
Bruna Cardoso Nunes; Camila de Oliveira | 83
2. Autonomia Privada
adotado na I Jornada de Direito Civil relativiza essa regra, "o exercício dos
direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não
seja permanente nem geral".
Esse posicionamento pode ser muito bem ilustrado pelos exemplos
de Anderson Schreiber:
Assim sendo, a validade das cessões do direito de paternidade por meio dos
contratos conhecidos como de nègre ou ghost writer, nos quais um autor aceita
a atribuição da paternidade de seu trabalho a outra pessoa, é matéria bastante
92 | Lei geral de proteção de dados
[...] não têm conhecimento das questões autorais a envolver os seus direitos e
experiência e segurança para entabular os negócios jurídicos representados
por diferentes contratos, em especial os de cessão de direitos. Os autores mais
experientes só conseguem, um melhor preço na negociação dos seus direitos
autorais quando já galgaram renome artístico, advindos com reconhecimento
de suas obras junto ao público consumidor. (PONTES, 2009, p.152)
Desta forma, percebe-se que o apelante sempre teve ampla ciência que não
seria considerado autor da obra, não havendo nos autos nenhum elemento
probatório que afaste este entendimento. No mais, deve ser aplicado ao
contrato firmado entre as partes o princípio da boa-fé objetiva apoiado na
autonomia da vontade ou no consensualismo, em que os contratantes de livre
e espontânea vontade estabeleceram as regras da relação jurídica com a
conseqüente observância das cláusulas firmadas, inclusive para fins de
segurança jurídica. Acrescente-se, ainda, que participaram das tratativas
pessoas maiores, capazes e esclarecidas quanto ao conteúdo e matéria
avençadas, uma vez que é da praxe profissional do recorrente e da editora
apelada. (TJSP, Des. Relator Coelho Mendes, Apelação nº0181194-46.2008)
94 | Lei geral de proteção de dados
assim deverá ser reconhecido o seu direito de figurar como autor da obra, já
que estamos diante de direito da personalidade irrenunciável, porém, o
desrespeito à contratação poderá levar ao pagamento de perdas e danos.
(ZANINI, 2015, p.301)
[...] evidencia que a natureza jurídica das normas protetivas de dados pessoais
guarda encadeamento lógico com outras garantias constitucionais, a exemplo
do direito à intimidade e à privacidade. Desta constatação, surgem reflexos
importantes nas dimensões da amplitude normativa e da atividade legiferante
no tocante a normas materiais em sede de proteção de dados pessoais.
96 | Lei geral de proteção de dados
6. Considerações finais
7. Referências
JORNADA DE DIREITO CIVIL, I, 2002, Brasília. Jornada de Direito Civil. Braília, 2003.
LIMA, Cláudio Vianna de. A arbitragem no tempo: o tempo na arbitragem. In: GARCEZ,
José Maria Rossani. A arbitragem na era da globalização. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1999. p. 33-59.
LIMA, Jairo Néia. Colisão e renúncia a direitos fundamentais nas relações entre
particulares. 2009. 15p. Disponível em: < http://revistaeletronicardfd.
unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/62 > Acesso em 01/12/2019
MAIA, Roberta Mauro Medina. Vivendo nas nuvens: dados pessoais são objeto de
propriedade? In: Autonomia Privada, Liberdade Existencial e Direitos
Fundamentais. Belo horizonte: Fórum, 2019. p.669-711.
Bruna Cardoso Nunes; Camila de Oliveira | 101
ZANINI, Leonardo Estevam de Assis. Direito de autor. São Paulo: Saraiva, 2015
5
1. Introdução
1
Bacharel em Direito pela Universidade de Itaúna. Advogada de Direito Digital. Autora de artigos jurídicos. Membro
da Comissão de Proteção de Dados da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de Minas Gerais
2
Bacharel em Ciência da Computação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pós-graduado em TI
Bancária pela Universidade de São Paulo (USP). Consultor Especialista em Integração, Qualidade de Dados,
Governança e adequação da TI à LGPD, além de Business Intelligence, Analytics e Arquitetura de Sistemas. Membro
da Mensa International.
Zilda A. Goncalves de Sousa; Igor da Silveira Franco | 103
38. As crianças merecem proteção especial quanto aos seus dados pessoais,
uma vez que podem estar menos cientes dos riscos, consequências e garantias
em questão e dos seus direitos relacionados com o tratamento dos dados
104 | Lei geral de proteção de dados
onde e em que condições, sem a isso poder ser legalmente sujeito. A esfera de
inviolabilidade, assim, é ampla, abrange o modo de vida doméstico, nas
relações familiares e afetivas em geral, fatos, hábitos, local, nome, imagem,
pensamentos, segredos e, bem assim, as origens e planos futuros do indivíduo.
4. Autonomia privada
seu artigo 229: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores [...]”. (BRASIL, 1988).
Assim, quando o constituinte aplicou limites quanto à autonomia
privada da criança, o fez sob o pálio do melhor interesse da criança e
também, afim de assegurar-lhes a devida proteção. O mesmo ocorreu
quando o legislador infraconstitucional dispôs sobre a validade do negócio
jurídico no Código Civil, considerando absolutamente incapaz de exercer
os atos da vida civil os menores de dezesseis anos. Em relação aos maiores
de dezesseis e menores de dezoito anos, o legislador os considerou
incapazes relativamente para certos atos da vida civil.
Portanto, a Lei Geral de Proteção de Dados está em restrita
consonância com a Constituição Federal e com o Direito Civil, que
mormente zelam pela proteção integral, pelo melhor interesse e pela
dignidade da pessoa humana da criança, motivo que, para certos atos, deve
existir uma restrição, equilíbrio e mitigação da autonomia privada da
criança e do adolescente como ocorre no tratamento de dados pessoais.
5. A questão do consentimento
Art. 14.
§ 4º Os controladores não deverão condicionar a participação dos titulares de
que trata o § 1º deste artigo em jogos, aplicações de Internet ou outras
118 | Lei geral de proteção de dados
Art. 14.
[...]
§ 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo, os controladores
deverão manter pública a informação sobre os tipos de dados coletados, a
forma de sua utilização e os procedimentos para o exercício dos direitos a que
se refere o art. 18 desta Lei.
§ 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crianças sem o consentimento a
que se refere o § 1º deste artigo quando a coleta for necessária para contatar
os pais ou o responsável legal, utilizados uma única vez e sem armazenamento,
ou para sua proteção, e em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro
sem o consentimento de que trata o § 1º deste artigo. (BRASIL, 2018).
Art. 14.
[...]
§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que
o consentimento a que se refere o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável
pela criança, consideradas as tecnologias disponíveis.
§ 6º As informações sobre o tratamento de dados referidas neste artigo
deverão ser fornecidas de maneira simples, clara e acessível, consideradas as
características físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais
do usuário, com uso de recursos audiovisuais quando adequado, de forma a
proporcionar a informação necessária aos pais ou ao responsável legal e
adequada ao entendimento da criança. (BRASIL, 2018)3
3 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>.
120 | Lei geral de proteção de dados
6. Coleta de dados
ampla, em seu art. 5º, inciso I, dado pessoal como sendo “informação
relacionada a pessoa natural identificada ou identificável”.
Para a General Data Protection Regulation da União Europeia, em seu
Regulamento nº 679/2016 do Parlamento Europeu e do Conselho, em seu
artigo 4º, traz como definição de dado pessoal, qual seja:
(...) dados pessoais‟ referem-se a qualquer informação relacionada à
identificação ou a possibilidade de identificação de uma pessoa natural
(„dados subjetivos‟); uma pessoa natural identificável é aquela que pode
ser identificada de forma direta ou indiretamente, em particular, fazendo
referência a um identificador como nome, número de identificação, dados
de localização, identificador online (IP) ou um ou mais fatores específicos
como físicos, fisiológicos, genéticos, psicológicos, econômicos, culturais ou
sociais que identificam uma pessoa natural.
O tratamento de dados tem um grande potencial de geração
oportunidades e novos modelos de negócios. Contudo, se trata de uma
atividade que oferece ameaças e riscos à proteção dos dados pessoais, com
a possibilidade de exposição e utilização indevida ou abusiva de dados
pessoais. Citando Moreli, “isto porque o mau uso destes dados pode
originar afronta grotesca aos princípios inerentes à proteção da
privacidade” (MORELI, 2016, p.96).
Para Moraes, proteção de dados é um direito fundamental que
constitui uma das dimensões da dignidade da pessoa humana, entendida
essa como: (...) um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se
manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável
da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das
demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo
estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente
possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas
sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as
pessoas enquanto seres humanos (MORAES, 2017).
Para o tratamento de dados pessoais, existem regras a serem
cumpridas de acordo com a LGPD. E como descrito nos tópicos alhures,
122 | Lei geral de proteção de dados
importância que a finalidade para qual estes dados foram coletados seja
clara, a fim, de garantir aos pais e responsáveis pelas crianças e
adolescentes titulares destes dados a máxima transparência possível.
Resta mencionar que em caso de compartilhamento destes dados tão
sensíveis, a família do titular deve consentir de forma prévia e expressa.
As instituições de ensino devem garantir que a prioridade seja a proteção
à privacidade dos titulares detentores dos dados que serão por ela tratados,
assegurando ainda, medidas contínuas de prevenção e que os riscos aos
quais envolvem esse tratamento sejam sempre levados em consideração.
Frente ao crescente desrespeito aos direitos de crianças e
adolescentes no âmbito das coletas de seus dados pessoais para os mais
diversos fins, necessário se faz que cuidados especiais sejam tomados para
garantir que os modelos de governança das instituições de ensino sejam
revistos e aprimorados para atender ao melhor interesse das crianças e
adolescentes titulares dos dados pessoais objetos de tratamento.
Contudo, as instituições de ensino como segmento com a função de
ensinar, deve conduzir movimentos que conscientizem crianças e
adolescentes, bem como familiares, dos riscos que o universo digital os
propicia, gerando efeitos positivos para toda a sociedade.
8. Considerações finais
9. Referências
AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. 6 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Palácio do
Planalto, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
2002/l10406.htm>. Acesso em: 17 out. 2019.
BRASIL. Lei nº. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto
no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da
Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei
nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de
1991; e dá outras providências. Palácio do Planalto, 2011. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>.
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BRASIL. Lei nº. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
(LGPD). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019). Palácio do Planalto, 2018.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/
L13709.htm>. Acesso em: 20 out. 2019.
130 | Lei geral de proteção de dados
BRASIL. Lei nº. 13.853, de 08 de julho de 2019. Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de
2018, para dispor sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade
Nacional de Proteção de Dados; e dá outras providências. Palácio do Planalto, 2019.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/
Lei/L13853.htm#art1>. Acesso em: 20 out. 2019.
BRASIL. Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Palácio do Planalto, 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 20 out. 2019.
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SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32 ed. São Paulo:
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Zilda A. Goncalves de Sousa; Igor da Silveira Franco | 131
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MORELI, Luiz Fernando Villa. A proteção de dados pessoais e seus efeitos nas startups de
tecnologia. In: JUDICE, Lucas Pimenta; NYBO, Erik Fontenele (Coords.). Direito das
Startups. Curitiba: Juruá, 2016.
RONY VAINZOF. - LGPD: Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais comentada [livro físico]
Viviane Nóbrega Maldonado e Renato Opice Blum, coordenadores. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2019.
6
1
Advogado graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Mestrando em Direito Penal
pela PUC Minas. Especialista em Ciências Criminais pela PUC Minas. Engenheiro Eletricista pela PUC Minas. MBA
em Gestão Empresarial pela FGV. E-mail: contato@sidneyrocha.com.br
134 | Lei geral de proteção de dados
2
AGESIC. Tramitado: Uruguay se adhirió al Convenio 108. Disponível em:
<https://www.agesic.gub.uy/innovaportal/v/2642/1/agesic/tramitado:-uruguay-se-adhirio-al-convenio-
108.html>. Acesso em: 21 mar. 2018.
3
Tradução livre: Resolution on the right to privacy in the digital age.
4
Tradução livre: Revised draft resolution on the right to privacy in the digital age.
Sidney Cassio Alves Rocha | 135
5
Tradução livre: General Data Protection Regulation.
136 | Lei geral de proteção de dados
6
Statisa. Number of monthly active Facebook users worldwide as of 4th quarter 2018 (in millions). Disponível
em: <https://www.statista.com/statistics/264810/number-of-monthly-active-facebook-users-worldwide>. Acesso
em: 16 mar. 2019.
138 | Lei geral de proteção de dados
7
GDPR. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=celex%3A32016R0679
140 | Lei geral de proteção de dados
8
Lei 13.709/2019: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13709.htm
Sidney Cassio Alves Rocha | 141
9
Correio 24 horas. Câmeras de reconhecimento facial vão ajudar a identificar criminosos no Carnaval.
Disponível em: <https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/cameras-de-reconhecimento-facial-vao-ajudar-
a-identificar-criminosos-no-carnaval>. Acesso em: 19 mar. 2019.
144 | Lei geral de proteção de dados
10
“(…) it remains difficult to identify a coherent explanation for the introduction of a right to data protection, in
addition to the well-established right to privacy, in the EU legal order”.
11
Official Journal. Treaty on the Functioning of the European Union. Disponível em: https://eur-
lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/HTML/?uri=CELEX:12012E/TXT&from=EN. Acesso em: 29 abr. 2019.
12
Tradução livre: “Everyone has the right to the protection of personal data concerning them”.
Sidney Cassio Alves Rocha | 145
de estar só” (SOLOVE, 2004, p. 75). Tal assertiva também pode ser
associada ao controle sobre as informações pessoais (control over personal
information), no qual o direito à proteção de dados pessoais seria um
subconjunto do direito à privacidade ou do limited access to self, tornando
os dados pessoais uma commodity, bens disponíveis pelo seu titular e
passíveis de valoração econômica.
Já o terceiro modelo sustenta que a proteção de dados se refere a um
direito independente. Mesmo tendo grande interseção com o direito à
privacidade, uma vez que ambos asseguram a proteção de dados, o direito
à proteção de dados “serve a um número de propósitos a que a privacidade
não serve e vice-versa” (LYSNKEY, 2015, p. 103).
Este último modelo parece ser o modelo adotado pela União Europeia
em seu General Data Protection Regulation (GDPR), uma vez que
claramente adotam a separação dos dois direitos em publicações oficiais
sobre o direito de proteção de dados: “O direito ao respeito da vida privada
e o direito à proteção de dados, embora proximamente relacionados, são
direitos distintos”13 (FRA, 2018, p. 18, tradução livre).
Art. 1º: Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos
meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou
privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de
privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
Art. 2º: A disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos:
I - o respeito à privacidade;
13
“The right to respect for private life and the right to personal data protection, although closely related, are distinct
rights”.
146 | Lei geral de proteção de dados
Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de seus dados
pessoais e garantidos os direitos fundamentais de liberdade, de intimidade e
de privacidade, nos termos desta Lei.
14
Tradução livre: (1) The protection of natural persons in relation to the processing of personal data is a fundamental
right. Article 8(1) of the Charter of Fundamental Rights of the European Union (the ‘Charter’) and Article 16(1) of
the Treaty on the Functioning of the European Union (TFEU) provide that everyone has the right to the protection
of personal data concerning him or her.
148 | Lei geral de proteção de dados
5. Considerações finais
6. Referências
BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 8. ed. rev. aum. e mod. por
Eduardo C. B. Bittar – Edição do Kindle. São Paulo: Saraiva, 2015.
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados pessoais
e altera a Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da Internet). Diário
Oficial da União. Brasília, 15 ago. 2018.
EUROPEAN Union Agency for Fundamentals Rights and Council of Europe (FRA).
Handbook on European Data Protection. Luxemburgo: 2018.
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Manual de Direito Civil. São Paulo:
Saraiva, 2017.
GERSTEIN, Robert S. Intimacy and Privacy, Ethics, The University of Chicago Press, vol.
89, No. 1, pp. 76-91, 1978.
GLANCY, Dorothy J. The Invention of the Right to Privacy. Arizona Law Review, Arizona,
vol. 21, n. 1, 1979.
LYNSKEY, Orla. The Foundations of EU Data Protection Law. Oxford: Oxford University
Press, 2015.
REDING, Viviane. Outdoing Huxley: Forging a high level of data protection for Europe
in the brave new digital world. Luxemburgo: Digital Enlightenment Forum, 2012;
SOLOVE, Daniel J. The Digital Person: Technology and Privacy in the Information Age.
New York: New York University Press, 2004.
150 | Lei geral de proteção de dados
WARREN, Samuel D.; BRANDEIS, Louis D. The Right to Privacy, Harvard Law Review,
Boston, Vol. 4, N⁰ 5, pp. 193-220, 1890.
UNITED NATIONS. A/C.3/71/L.39/Rev.1 – The right to privacy in the digital age. Nova
York, U.N. General Assembly, 2016.
7
1. Introdução
1
Doutorando em Direito pela UFMG. Mestre em Direito Privado pela PUC Minas. Professor de Direito Civil da FAMIG.
Professor da pós-graduação lato sensu da PUC Minas e CEDIN. Advogado especialista em Direito Digital. E-mail:
danielevangelista@gmail.com
152 | Lei geral de proteção de dados
2
MONTEIRO, Renato Leite. Existe um direito à explicação na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais?, Instituto
Igarapé, Artigo Estratégico nº 39, Dezembro de 2018.
3
O'NEIL, Cathy. Weapons of math destruction: How big data increases inequality and threatens democracy.
Broadway Books, 2016.
Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida | 153
4
MONTEIRO, Renato Leite. Existe um direito à explicação na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais?, Instituto
Igarapé, Artigo Estratégico nº 39, Dezembro de 2018.
154 | Lei geral de proteção de dados
5
CARBONERA, Joel; GONÇALVES, Bernardo; Clarisse de Souza. O problema da explicação em Inteligência Artificial:
considerações a partir da semiótica. TECCOGS – Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, nº 17, Jan-Jun 2018
6
BURRELL, Jenna. How the Machine “Thinks:” Understanding Opacity in Machine Learning Algorithms. Rochester,
NY: Social Science Research Network, 2015.
156 | Lei geral de proteção de dados
1) Nos Estados Unidos foi desenvolvido um sistema para calcular a pena a ser
cumprida por condenados. Contudo, o referido sistema pode dar uma pontuação
consideravelmente maior para infratores de minorias étnicas.7
2) Na China, até o ano de 2020 existirá um sistema de avaliação de todos os
cidadãos, sendo que a nota obtida irá determinar o acesso a bens de consumo.8
3) No Brasil é utilizado o sistema de credit scoring para se determinar a taxa de
juros a ser ofertada para o consumidor.
4) O Grupo Pão de Açúcar desenvolveu um algoritmo para publicidade direcionada,
com descontos exclusivos para determinados consumidores.9
5) Aplicativos como Uber excluem usuários com base em fórmulas próprias.
(UBER, 2017)
6) A Polícia de Chicago desenvolveu um programa para criar uma lista com nomes
de pessoas propensas a se envolver em crimes violentos totalmente baseada em
informações coletadas sobre elas na Internet. (PINHEIRO, 2016, p. 96). A polícia
Italiana também desenvolveu um sistema similar10.
7) Há discussão sobre a possibilidade do algoritmo usado para determinar o feed
de notícias do Facebook ter ajudado a eleger o presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump11.
8) A Amazon utilizou um algoritmo para a contratação de funcionários, sendo que
este deu preferência a candidatos do sexo masculino12.
9) A Decolar.com responde atualmente à uma Ação Civil Pública por supostamente
precificar o seu serviço de forma diferente com base na localização do IP do
consumidor (ACP 0018051-27.2018.8.19.0001)
10) A ViaQuatro utilizou um sistema de reconhecimento facial no metrô de São
Paulo, o qual possibilitava a identificação de emoções de usuários em situações
distintas.
7
Informação disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-37677421>
8
Informação disponível em <https://veja.abril.com.br/mundo/na-china-atos-dos-cidadaos-valerao-pontos-e-
limitarao-seus-projetos/>
9
Informação disponível em <https://braziljournal.com/pao-de-acucar-descobre-um-tesouro-nos-algoritmos>
10
Informação disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46198655>
11
Informação disponível em <https://exame.abril.com.br/tecnologia/por-que-o-algoritmo-do-facebook-pode-ter-
ajudado-trump/>
12
Informação disponível em <https://www.reuters.com/article/us-amazon-com-jobs-automation-insight/amazon-
scraps-secret-ai-recruiting-tool-that-showed-bias-against-women-idUSKCN1MK08G>
Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida | 157
1) Um plano de saúde ou seguro de vida pode optar por não contratar em razão de
algoritmos que preveem riscos para desenvolvimento de doenças. Nessa
perspectiva, os motivos poderiam ser individuais ou coletivos.
2) Determinadas cláusulas contratuais podem ser feitas através de sistemas
automatizados.
3) Um país poderia negar a entrada de um turista com base em uma decisão
automatizada.
13
EDWARDS, Lilian; VEALE; Michael. Slave to the Algorithm? Why a ‘right to an explanation’ is probably not the
remedy you are looking for. Duke Law & Technology Review, v. 16, n. 01, 2017, p. 18-84. Disponível em:
<https://ssrn.com/abstract=2972855>. Acesso em: abr. 19
14
DORAN, Derek; SCHULZ, Sarah; BESOLD, Tarek. What does explainable ai really mean? a new conceptualization
of perspectives. Proceedings of the First International Workshop on Comprehensibility and Explanation in AI and
ML, arXiv:1710.00794, 2017.
158 | Lei geral de proteção de dados
15
EDWARDS, Lilian; VEALE; Michael. Slave to the Algorithm? Why a ‘right to an explanation’ is probably not the
remedy you are looking for. Duke Law & Technology Review, v. 16, n. 01, 2017, p. 18-84. Disponível em:
<https://ssrn.com/abstract=2972855>. Acesso em: abr. 19
160 | Lei geral de proteção de dados
16
MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial, volume 1: direito de empresa. 37ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2014.
Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida | 161
17
YANISKY, Liu, Xiaoqiong (Jackie); RAVID, Shlomit. When Artificial Intelligence Systems Produce Inventions: The
3A Era and an Alternative Model for Patent Law (March 1, 2017). Cardozo Law Review, Forthcoming. Available at
SSRN: https://ssrn.com/abstract=2931828
18
Idem
19
Idem
162 | Lei geral de proteção de dados
20
DONEDA, Danilo; ALMEIDA, Virgílio. What is algorithm governance? IEEE Internet Computing, v. 20, n. 4, p. 60-
63, 2016. Disponível em: <http://ieeexplore.ieee.org/document/7529042/>. Acesso em; 20 jun. 2019.
Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida | 163
Assim é que, caso não haja a devida intervenção do Estado para regulamentar
o mercado online, a experiência dos consumidores será diferente e as ofertas
serão feitas dependendo do seu CEP, riqueza, gênero e idade. Um estudo
recente identificou evidências de preços discriminatórios em cinco dentre
dezesseis empresas de comércio eletrônico especializadas em reservas de hotéis
e locação de automóveis. Para melhor discriminar seus clientes, as empresas
podem se aproveitar da dificuldade do consumidor em processar escolhas
complexas, especialmente aumentando parâmetros de qualidade e de preço
para ampliar sua vantagem pelos erros e viés comportamental do consumidor.
A assimetria de poder é ampliada pela ignorância do consumidor sobre o
desenho do algoritmo e os dados coletados de seus clientes, o que facilita a
discriminação. Uma outra maneira de estabelecer um comportamento
discriminatório de uma maneira palatável é atribuir os desvios de preço às
forcas dinâmicas do mercado. Consumidores aceitam que diferenças de preço
são respostas a mudanças de oferta e demanda no mercado (precificação
dinâmica) ao invés de considerar que se trate de uma manipulação de preço a
partir de características pessoais do consumidor (precificação
discriminatória). ACP decolar.
21
Ezrachi, Ariel and Maurice Stucke, Virtual Competition: The Promise and Perils of Algorithm-Driven Economy.
Cambridge: Harvard (2016)
164 | Lei geral de proteção de dados
que a Amazon praticava preços distintos para o mesmo produto com base
na localização do consumidor. Após a descoberta, a Amazon se
comprometeu a não mais utilizar dessa prática.
Cathy O'Neil 22 tece críticas a adoção de informações sobre a
localização do indíviduo para a tomada de decisões, já que há
discriminação através de um julgamento arbitrário a partir da origem
geográfica do consumidor. Segundo a autora é necessário medir o impacto
e conduzir auditorias dos algoritmos, examinando o código do software e
todos os dados processados. Afirma ainda que falta transparência, acesso
à informação em decisões automatizadas, cabendo a tutela coletiva para a
regulação.
No processo judicial a Decolar recusou a mostrar seu algoritmo
utilizado. O ministério público criticou a conduta, porém caso a Decolar
apresentasse o algoritmo, sua maior concorrente, a Booking, teria acesso
integral ao mesmo. Como visto no tópico 3, de fato é necessário que se
proteja o algoritmo, já que este tem valor para o titular. Em que pese ser
evidente o abuso na adoção do geoblocking e do geopricing, não é
necessário a exibição do algoritmo nem para a caracterização do ilícito,
nem para a correção do mesmo.
A ação judicial foi baseada no Código de Defesa do Consumidor. Isso
aconteceu por dois motivos: i) a LGPD ainda não está em vigor; e ii)
mesmo em vigor, há que se considerar o diálogo das fontes na aplicação
de normas atinentes à proteção de dados, dentre as quais se insere a
explicação de decisões automatizadas.
Outro caso que evidencia risco na adoção de decisão automatizada é
o do reconhecimento facial feito pela ViaQuatro no metrô de São Paulo.
Trata-se também de uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC – em face da Concessionária
da linha 4 do metrô de São Paulo S.A. - ViaQuatro. A ré desenvolveu um
sistema de câmeras que reconhece a presença humana e realiza a
22
Cathy O'Neil, Weapons of Math Destruction: How Big Data Increases Inequality and Threatens Democracy. london:
Penguin Books (2017),
Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida | 165
Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de decisões
tomadas unicamente com base em tratamento automatizado de dados
pessoais que afetem seus interesses, incluídas as decisões destinadas a definir
o seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de crédito ou os aspectos de
sua personalidade. (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solicitadas, informações claras
e adequadas a respeito dos critérios e dos procedimentos utilizados para a
decisão automatizada, observados os segredos comercial e industrial.
§ 2º Em caso de não oferecimento de informações de que trata o § 1º deste
artigo baseado na observância de segredo comercial e industrial, a autoridade
nacional poderá realizar auditoria para verificação de aspectos
discriminatórios em tratamento automatizado de dados pessoais.
23
FLORIDI, Luciano; MITTELSTADT, Brent; WACHTER, Sandra. Why a right to explanation of automated decision-
making does not exist in the General Data Protection Regulation. International Data Privacy Law, 2017, p. 1-47.
Disponível em: <https://ssrn.com/abstract=2903469>. Acesso em abr. 2019
24
EDWARDS, Lilian; VEALE; Michael. Slave to the Algorithm? Why a ‘right to an explanation’ is probably not the
remedy you are looking for. Duke Law & Technology Review, v. 16, n. 01, 2017, p. 18-84. Disponível em:
<https://ssrn.com/abstract=2972855>. Acesso em: abr. 19
25
WACHTER, Sandra; MITTELSTADT, Brent. A Right to Reasonable Inferences: Re-Thinking Data Protection Law in
the Age of Big Data and AI. [s.l.]: LawArXiv, 2018. Disponível em: <https://osf.io/mu2kf>. Acesso em: 24 mai. 2019.
168 | Lei geral de proteção de dados
26
FLORIDI, Luciano; MITTELSTADT, Brent; WACHTER, Sandra. Why a right to explanation of automated decision-
making does not exist in the General Data Protection Regulation. International Data Privacy Law, 2017, p. 1-47.
Disponível em: <https://ssrn.com/abstract=2903469>. Acesso em abr. 2019
27
MENDOZA, Isak; BYGRAVE, Lee A. The Right Not to Be Subject to Automated Decisions Based on Profiling.
Rochester, NY: Social Science Research Network, 2017. Disponível em: <https://papers.ssrn.com/
abstract=2964855>. Acesso em: set. 2019.
28
EDWARDS, Lilian; VEALE; Michael. Slave to the Algorithm? Why a ‘right to an explanation’ is probably not the
remedy you are looking for. Duke Law & Technology Review, v. 16, n. 01, 2017, p. 18-84. Disponível em:
<https://ssrn.com/abstract=2972855>. Acesso em: abr. 19
29
BURRELL, Jenna. How the Machine “Thinks:” Understanding Opacity in Machine Learning Algorithms. Rochester,
NY: Social Science Research Network, 2015.
Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida | 169
30
WACHTER, Sandra; MITTELSTADT, Brent; RUSSELL, Chris. Counterfactual Explanations Without Opening the
Black Box: Automated Decisions and the GDPR. SSRN Electronic Journal, 2017. Disponível em:
<https://www.ssrn.com/abstract=3063289>. Acesso em: 24 mai. 2019.
31
Idem
32
EDWARDS, Lilian; VEALE, Michael. Slave to the Algorithm: Why a Right to an Explanation Is Probably Not the
Remedy You Are Looking for. Duke Law & Technology Review, v. 16, p. 18, 2017.
33
No mesmo sentido é o entendimento de Ananny e Crawford (ANANNY, Mike; CRAWFORD, Kate. Seeing without
knowing: Limitations of the transparency ideal and its application to algorithmic accountability. New Media &
Society, v. 20, n. 3, p. 973–989, 2018).
170 | Lei geral de proteção de dados
34
EDWARDS, Lilian; VEALE, Michael. Slave to the Algorithm: Why a Right to an Explanation Is Probably Not the
Remedy You Are Looking for. Duke Law & Technology Review, v. 16, p. 18, 2017.
35
ANANNY, Mike; CRAWFORD, Kate. Seeing without knowing: Limitations of the transparency ideal and its
application to algorithmic accountability. New Media & Society, v. 20, n. 3, p. 973–989, 2018.
36
BOHLENDER, Dimitri; KÖHL, Maximilian A. Towards a Characterization of Explainable Systems.
arXiv:1902.03096 [cs], 2019. Disponível em: http://arxiv.org/abs/1902.03096. Acesso em: set. 2019.
37
CITRON, Danielle Keats; PASQUALE, Frank A. The Scored Society: Due Process for Automated Predictions.
Rochester, NY: Social Science Research Network, 2014. Disponível em:
<https://papers.ssrn.com/abstract=2376209>. Acesso em: ago. 2019.
Daniel Evangelista Vasconcelos Almeida | 171
38
O STJ através do Recurso Especial Nº 1.419.697 entendeu não ser necessária a autorização do consumidor para a
realização do score de crédito, por não se tratar, esse serviço de banco de dados positivos, mas sim de uma
classificação com a finalidade de se mensurar risco na concessão de crédito, ou seja, modelo estatístico.
172 | Lei geral de proteção de dados
1.7 Conclusão
1.8 Referências
O’NEIL, Cathy, Weapons of Math Destruction: How Big Data Increases Inequality and
Threatens Democracy. london: Penguin Books, 2017.
CITRON, Danielle Keats; PASQUALE, Frank A. The Scored Society: Due Process for
Automated Predictions. Rochester, NY: Social Science Research Network, 2014.
Disponível em: <https://papers.ssrn.com/abstract=2376209>. Acesso em: 24 mai.
2019.
DORAN, Derek; SCHULZ, Sarah; BESOLD, Tarek. What does explainable ai really mean? a
new conceptualization of perspectives. Proceedings of the First International
Workshop on Comprehensibility and Explanation in AI and ML, arXiv:1710.00794,
2017.
EDWARDS, Lilian; VEALE; Michael. Slave to the Algorithm? Why a ‘right to an explanation’
is probably not the remedy you are looking for. Duke Law & Technology Review,
v. 16, n. 01, 2017, p. 18-84. Disponível em: <https://ssrn.com/abstract=2972855>.
Acesso em: abr. 19.
176 | Lei geral de proteção de dados
ERZACHI, Ariel and Maurice Stucke, Virtual Competition: The Promise and Perils of
Algorithm-Driven Economy. Cambridge: Harvard (2016).
MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial, volume 1: direito de empresa. 37ª Ed. Rio
de Janeiro: Editora Forense, 2014.
MENDOZA, Isak; BYGRAVE, Lee A. The Right Not to Be Subject to Automated Decisions
Based on Profiling. Rochester, NY: Social Science Research Network, 2017.
Disponível em: <https://papers.ssrn.com/abstract=2964855>. Acesso em: set.
2019.
O'NEIL, Cathy. Weapons of math destruction: How big data increases inequality and
threatens democracy. Broadway Books, 2016.
YANISKY, Liu, Xiaoqiong (Jackie); RAVID, Shlomit. When Artificial Intelligence Systems
Produce Inventions: The 3rd Era and an Alternative Model for Patent Law
(March 1, 2017). Cardozo Law Review, Forthcoming. Available at SSRN:
https://ssrn.com/abstract=2931828.
8
1
Pedro Henrique Fialho é Advogado, Pós-Graduado em Direito Empresarial pela PUC Minas. Professor substituto do
Pré-Concursos. Membro da Comissão de Proteção de Dados e de Direito Empresarial da OAB/MG. Membro do grupo
de estudos de Direito Empresarial da UFMG. Contato: pedro.fialho@mouraesiqueira.com
178 | Lei geral de proteção de dados
2. Direito à privacidade
5. Referências
TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO, Ana; DONATO OLIVA, Milena. Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais e suas repercussões no Direito Brasileiro. Revista dos Tribunais, 1ª
Edição, 2019.
Pedro Henrique Rocha Silva Fialho | 191
MALDONADO, Viviane Nóbrega; BLUM, Renato Opice. (coords.). Lei Geral de Proteção de
Dados. 1ª Edição, 2019.
1. Introdução
1
Professor de Direito Empresarial na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Vice-Presidente da Comissão
Especial da Lei de Proteção de Dados da OAB/MG. Eleito pelo ranking independente da Acritas como um dos
55 StarLawyers da América do Sul, pelos anos consecutivos de 2018 e 2019. Mestre em Direito Empresarial pela
Faculdade de Direito Milton Campos. Pós-graduado em Direito Processual pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais. Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Palestrante pelo Centro
Industrial e Empresarial de Minas Gerais – CIEMG. Autor e co-autor de livro jurídico e diversos artigos científicos
publicados em revistas e livros jurídicos. Membro do grupo de pesquisa Constituição e Processo.
Paulo Roberto Godoy Perilli | 193
2
Exemplos disso são o ativismo judicial e as decisões estruturantes, cuja complexidade é digna de estudo em veículo
próprio.
3
SCALIA, Antonin. A Matter of Interpretation: Federal Courts and the Law. Princeton: Princeton University Press,
2018.
4
SHAPIRO, Scott J. Legality. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2011.
Paulo Roberto Godoy Perilli | 195
5
Abandonam-se, aqui, as antigas ideias de fórmulas, rituais e sacramentos como elementos formados de contratos e
obrigações, independentemente do real desígnio das partes. Tais concepções prevaleceram em grande parte do
direito grego, romano e medieval, sendo que neste, anterior ao iluminismo, o contrato era visto como uma forma de
justiça entre as partes, ou quando uma destas, deliberadamente, pretendia realizar graciosidades (doações) a outra.
Assim, previamente à mudança de perspectivas jurídicas perante o direito contratual, este era lido a partir da ideia
de justiça comutativa (LOPES, 2019).
Paulo Roberto Godoy Perilli | 197
6
CORDEIRO, António Menezes de. Tratado de direito civil: parte geral, pessoas. Coimbra: Almedina, 2011, v. 4.
7
HOFFE, Otfried. Justiça política: fundamentação de uma filosofia crítica do direito e do Estado/Otfried Hoffe;
tradução Ernildo Stein. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
198 | Lei geral de proteção de dados
8
Para melhor estudo da teoria da defeasibility, leia-se a obra original de Herbert Hart, The Ascription of
Responsibility and Rights (1948).
Paulo Roberto Godoy Perilli | 199
The design of the law must be to protect those persons with whose affairs the
community has no legitimate concern, from being dragged into na undesirable
and undesired publicity and to protect all persons, whatsoever; (...) It is the
unwarranted invasion of individual privacy which is reprehended, and to be,
so for as possible, prevented (LIMBERGER, 2007).
9
Arquivos pelos quais sítios eletrônicos conseguem captar e armazenar, ainda que em caráter temporário,
informações diversas sobre o acesso do usuário à plataforma.
206 | Lei geral de proteção de dados
Tal garantia é vital para que os cidadãos possam se relacionar uns com os
outros, trocando confidências e expressando as suas opiniões sobre os mais
variados assuntos, quer sejam fúteis ou não, sem que seus posicionamentos se
voltem contra eles. Por essa razão, o sigilo das comunicações é tido como um
direito fundamental, tamanha sua importância para tal tipo de interação
social.
Isso porque, ao assegurar que todo e qualquer tipo de interferência à
confidencialidade das comunicações será excepcional – somente mediante
ordem judicial -, encoraja-se o engajamento social, em vez de sufocar e inibir o
processo comunicacional. Note-se, pois, novamente, o valor social que está por
três da privacidade, sendo, nesse caso específico, a confidencialidade e o sigilo
das comunicações.
5. Considerações finais
6. Referências
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, DOU de 11.01.2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>.
Acesso em: 04 de dezembro de 2019.
BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Marco Civil da Internet. Brasília, DOU de
15.08.2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 04 de dezembro de 2019.
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
(LGPD). Brasília, DOU de 11.01.2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em: 04 de
dezembro de 2019.
CORDEIRO, António Menezes de. Tratado de direito civil: parte geral, pessoas.
Coimbra: Almedina, 2011, v. 4.
COULANGES, Fustel de, DANIES, Numa. A cidade antiga: estudo sobre o culto, o direito
e as instituições da Grécia e de Roma. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São
Paulo: Martin Claret, 2009.
MALDONADO, Viviane Nóbrega, BLUM, Renato Opice, coord. LGPD: Lei Geral de
Proteção de Dados comentada. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 6ª ed. São
Paulo: Atlas, 2019.
PALMA, Rodrigo Freita. História do Direito. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
SCALIA, Antonin. A Matter of Interpretation: Federal Courts and the Law. Princeton:
Princeton University Press, 2018.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 36ª ed. rev. e atual. São
Paulo: Malheiros, 2013.
TEPEDINO, Gustao. Temas de direito civil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008
10
1. Introdução
1
Advogado. Especialista em Direito Imobiliário pela Escola Paulista de Direito – EPD. Presidente da Comissão DTI da
OAB Subseção Contagem – MG. Membro da Comissão de Proteção de Dados da OAB/MG.
2
BRASIL. DECRETO-LEI N. 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943. DA FORMA DA RECLAMAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO.
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,
determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. (Redação
dada pela Lei nº 13.467, de 2017). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm.
Acesso em 24 de junho de 2019.
Wallace Almeida de Freitas | 215
3
Conforme relatório analítico da Justiça do Trabalho, em que pese a distribuição de ações nas varas do trabalho ter
reduzido, “no TST, foram recebidos 240.840 casos novos, 16,4% a mais que em 2017. Nos TRTs, foram recebidos
929.030 casos novos, 10,9% a mais que em 2017”. Disponível em http://www.tst.jus.br/documents/
18640430/24641384/Relatório+Anal%C3%ADtico+2018/80a3fb9b-ca42-dd32-2a7d-89f3092627b7. Acesso em: 3
dez. 2019.
216 | Lei geral de proteção de dados
4
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO – TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO – 45ª
VARA DO TRABALHO DE BELO HORIZONTE – PAP 0010367-83.2018.5.03.0183 – REQUERENTE: ANA FLAVIA
DOS SANTOS REQUERIDO: LOCALIZA RENT A CAR SA Vistos, etc. I. Defiro a petição de produção antecipada da
prova. II. Notifique-se o requerido para ciência do presente procedimento e para - no prazo de 5 (cinco) dias - juntar
aos autos as provas que entender pertinentes, nos termos do art. 381 e seguintes do CPC, sob pena de serem
admitidos como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou coisa, o requerente pretende provar (arts. 382,
398 e 400 do CPC). Ressalte-se que não cabe a este juízo se pronunciar acerca da ocorrência ou não dos fatos,
tampouco das consequências jurídicas em caso de não apresentação da documentação requerida, nos termos do que
dispõe o art. 382 do CPC. III. Intime-se o requerente para ciência. IV. Após a apresentação, venham os autos
conclusos. BELO HORIZONTE, 11 de maio de 2018. HENRIQUE DE SOUZA MOTA Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)
Wallace Almeida de Freitas | 217
5
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO – TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO – 7ª
VARA DO TRABALHO DE BELO HORIZONTE – PAP 0010071-07.2018.5.03.0007 – REQUERENTE: DORALICE DA
COSTA AMORIM REQUERIDO: LOCALIZA RENT A CAR SA DESPACHO. Vistos. Considerando-se que a ré não nega
possuir os documentos, não lhe compete decidir se a reclamante necessita ou não da documentação para
interposição da ação principal. Determina-se, pois, que a reclamada apresente os documentos requeridos pela
autora, em 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais) até o limite de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais). Intime-se. Cumprida a determinação supra, intime-se a autora para vista dos documentos
apresentados pela ré, em 05 dias úteis. Após, façam-se os autos conclusos. BELO HORIZONTE, 27 de fevereiro de
2018. JURACI GONCALVES JUNIOR (sem destaques no original).
220 | Lei geral de proteção de dados
6
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO – TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO – 7ª
VARA DO TRABALHO DE BELO HORIZONTE – PAP 0010071-07.2018.5.03.0007 – REQUERENTE: DORALICE DA
COSTA AMORIM REQUERIDO: LOCALIZA RENT A CAR SA DESPACHO. Vistos. Considerando-se que a ré não nega
possuir os documentos, não lhe compete decidir se a reclamante necessita ou não da documentação para
interposição da ação principal. Determina-se, pois, que a reclamada apresente os documentos requeridos pela
autora, em 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais) até o limite de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais). Intime-se. Cumprida a determinação supra, intime-se a autora para vista dos documentos
apresentados pela ré, em 05 dias úteis. Após, façam-se os autos conclusos. BELO HORIZONTE, 27 de fevereiro de
2018. JURACI GONCALVES JUNIOR (sem destaques no original).
7
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO – TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO – 36ª
VARA DO TRABALHO DE BELO HORIZONTE – PAP 0010081-52.2018.5.03.0136 – REQUERENTE: ANA PAULA
DE OLIVEIRA SOUZA CASTANHEIRA REQUERIDO: LOCALIZA RENT A CAR SA PROCESSO:0010081-
52.2018.5.03.0136 C O N C L U S Ã O - Pje-JT Nesta data, faço os autos conclusos ao MM Juiz do Trabalho. BELO
HORIZONTE, 19 de fevereiro de 2018. IANDRA SALVIANO ARAUJO D E S P A C H O - Pje-JT Tratando-se de ação de
produção antecipada de provas fundamentada no inciso III do artigo 381 do CPC, de aplicação subsidiária ao Processo
do Trabalho, não se exige a comprovação de urgência para se aferir o interesse jurídico da Parte Autora na medida.
Assim, determino a citação da Parte Reclamada para que exiba, no prazo de 30 dias, os documentos requeridos pela
Parte Autora na inicial. Caso a Parte Ré alegue que os documentos requeridos pela Parte Reclamante não existem,
siga-se o procedimento determinado no art. 398, § único, aplicável analogicamente ao caso vertente, designando
audiência de instrução, se for o caso. Por outro lado, cumprida a determinação, proceda-se à extinção do processo,
tendo em vista que, nos termos do art. 381, §3º, do CPC, "A produção antecipada da prova não previne a competência
do juízo para a ação que venha a ser proposta".Cumpra-se. BELO HORIZONTE, 19 de fevereiro de 2018. GERALDO
MAGELA MELO Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)
Wallace Almeida de Freitas | 221
8
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO 1ª Vara
do Trabalho de Pedro Leopoldo RTOrd 0010041-08.2018.5.03.0092 AUTOR: ELSON DE SOUZA AMENO RÉU:
GABRIEL SALES - FAZENDA DOS BORGES, MINERACAO FAZENDA DOS BORGES LTDA Vistos os autos. Conforme
o disposto no artigo 840, §1º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, a reclamação escrita deverá
conter, dentre outras, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,
determinado e com indicação de seu valor, sob pena de extinção sem resolução do mérito (§3º). Assim, as ações
propostas a partir da vigência da Lei nº 13.467/2017 devem conter também o valor do pedido, isto é, devem ser
líquidas, além da necessidade dele ser certo e determinado. Desse modo, como já ocorre no procedimento
sumaríssimo (art. 852-B, §1º, CLT), também no ordinário caberá ao reclamante atribuir valor a cada um dos
pedidos que fizer, sob pena de extinção do processo, sem resolução do mérito (art. 840, §3º, CLT). Analisando
a petição inicial, constata-se que o reclamante não liquidou o pedido referente ao pagamento de horas extras
decorrentes da supressão do intervalo intrajornada, violando o disposto no artigo 840, §1º, CLT. Diante do exposto,
verificando que a petição inicial não atende a um dos requisitos legais, julgo extinto o processo sem resolução de
mérito, nos termos do artigo 485, IV, CPC. Vale ressaltar, ainda, que o reclamante não juntou o instrumento de
procuração outorgado a seu advogado, em descumprimento ao disposto no artigo 103 e seguintes do CPC/2015.
Defiro o benefício da justiça gratuita à parte autora, uma vez que a remuneração descrita na cópia do TRCT (Id
6fe1ccf) demonstra o recebimento de salário inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social (art. 790, §3º, CLT). Custas pela parte autora, no importe de R$ 790,00, calculadas sobre o valor
dado à causa (R$ 39.499,98), ISENTA. Retire-se o processo de pauta e intime-se o reclamante. PEDRO LEOPOLDO,
19 de Janeiro de 2018. DANIEL FERREIRA BRITO Juiz(a) do Trabalho Substituto(a). (sem destaques no original).
9
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO 35ª
VARA DO TRABALHO DE BELO HORIZONTE RTOrd 0011558-16.2017.5.03.0114 AUTOR: LILIAN ALVES
SACRAMENTO GUEDES RÉU: LOCALIZA RENT A CAR SA
CONCLUSÃO Cumprimento a determinação verbal de V. Exa., faço os presentes autos conclusos. Belo Horizonte, 13
de novembro de 2017. Carmélia Andalécio - Analista Judiciário. Vistos etc. Convalido os termos da conclusão supra,
embora não assinada digitalmente. Conforme se depreende do art. 292 do CPC, o valor da causa constará sempre
da petição inicial e será, havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de
todos eles. Diante disso, vê-se que há uma regra para se apontar o valor da causa. Não há que se falar em escolha
de rito pela parte autora. A legislação trabalhista é clara: os dissídios individuais cujo valor não exceda a 40 vezes o
salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo (art.
852-A da CLT). Observados os dois dispositivos legais supra apontados, vê-se que a petição inicial da forma como
222 | Lei geral de proteção de dados
apresentada, sem valores de pedidos, leva o pleito ao rito sumaríssimo. Observado o art. 852-B, caput, da CLT,
e seu inciso I, o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente, o que, se não for atendido
pela parte autora, levará o processo ao arquivamento (Art. 852-B, parágrafo primeiro). Por conseguinte, uma vez
que não foram apresentados os valores de cada pedido, ou ao menos o valor de um pleito que demonstre que o
processo deve correr pelo rito ordinário, o seu somatório não excede os 40 salários mínimos. Tem-se, pois, que o
processo corre pelo rito sumaríssimo e, assim, por não ter o autor da ação cumprido o disposto no inciso I do
art. 852-B da CLT, cumpro o disposto no parágrafo primeiro de tal artigo, arquivando a reclamatória. Retire-
se o feito de pauta. Custas, pelo(as) reclamante(s), no suporte de R$10,64, calculadas sobre R$532,00, valor mínimo
das custas processuais, nos termos do art. 789 da CLT. Isento(as). Dê-se ciência a(os) reclamante(s) e reclamado(as).
Após, arquivem-se os autos. BELO HORIZONTE, 22 de Novembro de 2017. MARCO TULIO MACHADO SANTOS
Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho (sem destaques no original).
10
NJ - Produção antecipada de provas é cabível para viabilizar liquidação de pedidos da ação trabalhista
principal publicado 02/08/2018 00:17, modificado 02/08/2018 00:17. O TRT mineiro, em voto da relatoria da juíza
convocada Gisele de Cássia Vieira Dias Macedo, julgou favoravelmente o recurso apresentado por uma trabalhadora
contra uma locadora de veículos, buscando o reconhecimento de seu direito à produção antecipada de provas. Ela
alegou que, para ajuizamento da ação trabalhista principal, deveria efetuar a liquidação separada dos pedidos,
necessitando da ficha de registro, fichas financeiras, controles de jornada, contratos de gestão e avaliações de
desempenho. Justificou seu pedido diante da indisponibilidade desses documentos e da consequente impossibilidade
de liquidação dos pedidos. Entendendo desnecessária a medida proposta, o juízo de 1º grau extinguiu o processo sem
resolução do mérito, nos termos do artigo 485, VI, do CPC, por falta de interesse processual. Mas esse não foi o
entendimento da relatora do recurso, que considerou justificada a ação no tocante à liquidação dos pedidos, já que a
lei exige que o pedido deve ser certo, determinado e com indicação de seu valor, dentre outras exigências (artigo 840,
§1º, da CLT). Nesse contexto, e citando julgados no mesmo sentido, a julgadora entendeu que, para se verificar
a efetiva jornada cumprida, inclusive o trabalho em dias de repousos e feriados, bem como o pagamento das
horas extras realizadas e da PLR de 2017, será imprescindível a juntada aos autos dos controles de jornada,
da ficha de registro de empregado, fichas financeiras e contratos de gestão e avaliações de desempenho,
justificando a produção antecipada de provas requerida pela ex-empregada. Por fim, a relatora frisou que a
medida poderá, inclusive, viabilizar a autocomposição, justificar ou evitar o ajuizamento de ação. Portanto,
determinou o retorno do processo à Vara de origem para seu regular prosseguimento. O entendimento foi
acompanhado pelos demais julgadores da 6ª Turma. Processo PJe: 0010275-14.2018.5.03.0181 (ROPS) — Acórdão
em 05/06/2018 (sem destaques no original). Disponível em https://portal.trt3.jus.br/internet/conheca-o-
trt/comunicacao/noticias-juridicas/nj-producao-antecipada-de-provas-e-cabivel-para-viabilizar-liquidacao-de-
pedidos-da-acao-trabalhista-principal. Acesso em 19/10/2018.
Wallace Almeida de Freitas | 223
11
PARENTONI, Leonardo; LIMA, Henrique. Protection of Personal Data in Brazil: Internal Antinomies and
International Aspects. DO-10.2139/ssrn.3362897JO-SSRN Electronic Journal. Disponível em
https://www.researchgate.net/publication/332890732_Protection_of_Personal_Data_in_Brazil_Internal_Antinom
ies_and_International_Aspects. Acesso em 30 de junho de 2019.
12
BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de dados pessoais: a função e os limites do consentimento. Rio de Janeiro: Forense,
2019. p. 38. Portanto, que um banco de dados deve ser necessariamente atrelado à ideia de um sistema de informação,
cuja dinâmica explicita, sequencialmente, um processo que se inicia pela coleta e estruturação dos dados, perpassa a
extração da informação que, por fim, agrega conhecimento.
13
BRASIL. LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018. Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se: [...] X - tratamento:
toda operação realizada com dados pessoais, como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação,
226 | Lei geral de proteção de dados
7. Conclusão
8. Referências
1 Introdução
1
João Lucas Vieira Saldanha é advogado especialista em Proteção de Dados, Direito Digital e Compliance; Sócio
Fundador do escritório “Saldanha & Gualtieri – Advogados Associados”, Sócio e Data Protection Officer na empresa
“Tripla”, membro da Comissão de Proteção de Dados da OAB/MG, do “ISACA - Information Systems Audit and
Control Association”, ISFS, PDPF, PDPP e DPO pela EXIN Holanda; consultor de privacidade e proteção de dados,
pesquisador e autor de diversos artigos sobre o tema.
João Lucas Vieira Saldanha | 233
“nos tempos primórdios, o Direito deu cura apenas para a interferência física
na vida e na propriedade, no caso de violações vi et armis. Logo, o “direito à
vida” servia apenas para proteger o sujeito de agressões em suas diversas
240 | Lei geral de proteção de dados
O Artigo VII estabelece que todos serão iguais perante a lei e terão
direito à igual proteção da mesma, inclusive contra qualquer tipo de
discriminação que viole o diploma e contra qualquer incitação a tal
discriminação.
A disposição prevista no Artigo XII é ainda mais direta no que tange
ao estudo da privacidade, já que expressamente determina que ninguém
será sujeito a interferências em sua vida privada, família, lar ou
correspondência, nem a ataques desferidos contra a sua honra e
reputação.
O Artigo XVIII estabelece as premissas de proteção à liberdade de
pensamento, consciência e religião, e ao exercício livre e desembaraçado
dessas liberdades, enquanto que o Artigo XIX tutela as liberdades de
opinião e expressão, preocupando-se, inclusive, em explicitar que tais
liberdades não são passíveis de interferência.
Como se observa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é
recheada de princípios que permeiam a ideia de livre manifestação e
integração, sem que haja nenhum tipo de discriminação nesse respeito.
Mesmo que num primeiro momento não fique clara a relação entre a
privacidade e tais princípios, se nos mergulharmos no contexto histórico
no qual a carta de insere, fica fácil de recordar que as mais graves violações
a tais direitos cometidas na década anterior tiveram início justamente
numa grande classificação do povo alemão, em categorias compostas
justamente por elementos de constituem os direitos tutelados pela
Declaração Universal de Direitos Humanos, como liberdade religiosa e
não-discriminação étnica ou racial.
A verdade é que uma boa forma de se evitar a criação de sistemas
inteiramente construídos sobre premissas discriminatórias é, desde o
princípio, banir a realização de classificação das pessoas com bases e tais
características sem que haja boa e legítima justificativa para tanto.
Se usamos como lente o contexto histórico descrito aqui, fica fácil
perceber que os dados pessoais tidos como sensíveis pela Lei Geral de
Proteção de Dados Pessoais, hoje, são justamente aqueles cujo
João Lucas Vieira Saldanha | 249
6. Conclusão
7. Referências
BRASIL. Congresso Nacional. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. 2018. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/
L13709.htm>. Acesso em: 21 novembro de 2019.
João Lucas Vieira Saldanha | 267
BRASIL. Congresso Nacional. Lei dos Crimes Informáticos. 2012. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm>.
Acesso em: 21 novembro de 2019.
BRASIL. Congresso Nacional. Marco Civil da Internet. 2014. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>.
Acesso em: 21 novembro de 2019.
WARREN & BRANDEIS. The Right to Privacy. 1890. Harvard Law Review. Vol. IV - No. 5
Alexandre Atheniense 1
1. Introdução
1
Alexandre Atheniense é um dos precursores do Direito Digital no Brasil, com experiência de 32 anos nesta área,
Especialização em Internet Law na Harvard Law School, Sócio Fundador de Alexandre Atheniense Advogados e Co-
Coordenador do Comitê de Direito Digital do CESA.
272 | Lei geral de proteção de dados
1ª. Identificar quem são as partes envolvidas que deve ser alvo das medidas de
governança
2ª. Coletar Informações via questionários, entrevistas presenciais ou remotas com
as lideranças operacionais da sociedade de advogados, visando a mapear as
lacunas existentes quanto ao aspecto normativo, estratégico e sistêmico
3ª. Uma vez mapeados estes gaps, será necessário avaliar os riscos jurídicos
envolvidos, as medidas corretivas necessárias e o grau de complexidade para
efetivação das mesmas. Caberá aos sócios neste momento, avaliar e aprovar as
mudanças operacionais ou até mesmo institucionais que serão colocadas em
prática.
4ª. Partir para o plano de ação visando a implantação das medidas corretivas nas
frentes retro mencionadas
5ª. Criação ou revisão de processos internos que permitirão verificações periódicas
para controle da eficiência dos mecanismos de controle.
6ª. Treinamento e formalização das normas internas correlatas perante os
colaboradores e fornecedores.
revela sobre o seu perfil. Por isso é necessário ficar atento à movimentação
de ex funcionários, colaboradores, fornecedores, clientes insatisfeitos, pois
estas são as principais fontes de risco que demandam monitoramento dos
conteúdos que são veiculadas a seu respeito na web.
Porém não basta apenas monitorar, mas sim ter um plano de
contingenciamento pré definido capaz de abreviar o enfrentamento de um
incidente reputacional para evitar que um fato se transforme numa crise.
Temos que ter em mente a dificuldade de exercer o controle sobre a
publicação de conteúdos de terceiros sobre a nossa reputação profissional.
Nos dias atuais, qualquer pessoa é a própria mídia na internet, bem como
um paparazzo em potencial.
Estas pessoas visão chamar atenção pública com alcance global,
fazendo denúncias, reclamando, dizendo boas verdades ou grandes
mentiras. Com o Google, tudo que existe na internet pode ser revelado em
poucos clicks.
Como já presenciamos, estes conteúdos podem fechar sociedades de
advogados como ocorreu no escândalo Panama Papers, influenciar na
decisão de voto como ocorreu no Brexit, na compra de produtos e na
contratação de serviços profissionais de advocacia.
A minha experiência profissional em lidar com estes incidentes com
advogados ou sociedades de advogados revela que quanto menor o tempo
de reação menor será a possibilidade de dano reputacional.
A reputação e a imagem são os bens a serem tutelados na mídia
digital no século digital XXI. É cada vez mais relevante que advogados e as
sociedades saibam o que estão falando na internet seu respeito.
Manter sempre a governança da reputação e se manter informado
sobre eventuais excessos na liberdade de expressão do pensamento ou fake
news é um recurso extremamente valioso para estar preparado para
possíveis repercussões legais e nunca ser pego de surpresa.
A todo instante, milhões de registros são deixados em conversas no
Facebook, Twitter, vídeos no YouTube e outras redes sociais. Tais registros
já vem sendo aceitos pela Justiça brasileira como provas.
280 | Lei geral de proteção de dados
Esta estratégia não é tão fácil ou imediata quanto parece, mas com
persistência e muita experiência sobre como criar conteúdos e escolher os
melhores critérios de indexação com o tempo os resultados poderão ser
bastante satisfatórios.
Para um enfrentamento eficiente, o primeiro passo necessário é
conhecer quem são os agentes envolvidos e seus relacionamentos. Quem
é o gerador ou repassador de conteúdos. Qual o alcance do acesso de
terceiros ao conteúdo gerado por cada um destes ?
Neste sentido é necessária a realização de uma pesquisa de gestão de
presença online, monitoramento de reputação digital e influência digital
de modo a gerar um diagnóstico e desenvolver estratégias mais eficazes a
partir de várias referências de comunicação detalhadas bem como análise
dos riscos.
O enfrentamento mais eficiente deve contar com o somatório dos
talentos jurídico e de comunicação, pois várias vezes a resposta pode vir
por uma alternativa ou outra, ou mesmo ambas simultâneamente.
9. Conclusão
1. Introdução
1
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos. Sócio da Magalhães, Perfeito e Soares Sociedade de
Advogados. Co-Founder da Edutech de Proteção e Privacidade de Dados SECRETUM. Advogado inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil, Seção Minas Gerais. Pós-graduado em Direito de Empresa pela Universidade Gama
Filho/RJ, Pós-graduado em Processo Civil pela Universidade FUMEC, Pós-Graduando em Direito da Proteção e Uso
de Dados pela PUCMINAS. Curso de Direito Imobiliário pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Curso de Incorporação
de Edifício do Prof. Jamil Rahme. Técnico em Transação Imobiliária pelo Sindimóveis do Rio de Janeiro/RJ. Curso de
Aprofundamento em Proteção de Dados e Privacidade pelo DTI BR – Centro de Pesquisa em Direito, Tecnologia e
Inovação. Membro da Comissão de Ética e Disciplina da OAB/MG (2012/2015). Membro da Comissão Especial de
Proteção de Dados da OAB/MG (2019/2021). Atuante nas áreas de Direito Digital (com ênfase em Proteção de
Dados/LGPD), Direito Civil (com ênfase em D. Imobiliário e D. Consumidor) e Direito Empresarial.
2
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos. Sócio Fundador do escritório Pessoa Advocacia. Chief
Legal Officer (CLO) da Fintech de Negócios e Educação Financeira VALE OURO. Co-Founder da Edutech de Proteção e
Privacidade de Dados SECRETUM. Advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Minas Gerais. Pós-
graduado em Direito Público pela ANAMAGES / Unicentro Newton Paiva. Pós-graduado em Regime Jurídico dos Recursos
Minerais pela Faculdade de Direito Milton Campos. Curso de Atualização em Direito, Tecnologia e Inovação pelo DTI BR
– Centro de Pesquisa em Direito, Tecnologia e Inovação. Curso Legal Creatives Design pela Legal Creatives, em parceria
com a Edevo. Membro da Comissão Especial de Proteção de Dados da OAB/MG (2019/2021). Advogado corporativo.
Consultoria estratégica sobre negócios jurídicos de empresas e serviços de consultoria jurídica.
286 | Lei geral de proteção de dados
3
GUALDA, Diego de Lima. Desafio Cultural da Proteção de Dados. Disponível em:
< https://www.aarb.org.br/desafio-cultural-da-protecao-de-dados/ > Acesso em: 03 de fevereiro de 2020
Felipe Soares de Magalhães; Thiago Thomaz Siuves Pessoa | 297
“Neste sentido, o Legal Design estabelece algumas metas mais concretas para
os projetos a serem implementados, a saber:
a) Solução de problemas aprimorada: ser mais inovador e criativo na geração
de soluções para os desafios legais propostos pelos clientes.
b) Serviços centrados no cliente: colocar o foco no cliente e conquistar clientes
de maneiras melhores, fornecendo-lhes melhores serviços adaptados às suas
necessidades explícitas (e ocultas) – e para comunicar-lhe informações de
maneiras mais claras, mais atraentes e mais intuitivas.
c) Melhor Comunicação: comunicar informações – particularmente
informações jurídicas complexas – de uma maneira mais didática, mais
atraente e mais intuitiva.” (MACHADO, Matheus Parreira; PESSOA, Thiago
Thomaz Siuves, 2019).
4
OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves; BERNARDA, Greg; SMITH, Alan; PAPADAKOS, Patricia. Value
Proposition Design: How to Create Products and Services Customers Want. Published by John Wiley & Sons,
INC, Hoboken, New Jersey, 2014.
5
Fonte: https://canaltech.com.br/gestao/proposta-de-valor-por-onde-todo-empreendedor-deveria-comecar/
Felipe Soares de Magalhães; Thiago Thomaz Siuves Pessoa | 303
6
Fonte: https://medium.com/the-xplane-collection/updated-empathy-map-canvas-46df22df3c8a
304 | Lei geral de proteção de dados
7
Fonte: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/mapa-de-empatia
Felipe Soares de Magalhães; Thiago Thomaz Siuves Pessoa | 305
8
BRITO, Priscilla. LGPD e UX com uma pitada de Legal Design. Disponível em: <https://brasil.uxdesign.cc/lgpd-
x-ux-legal-design-7515b347e666> Acesso em 01 de fevereiro de 2020.
Felipe Soares de Magalhães; Thiago Thomaz Siuves Pessoa | 307
9
Fonte: https://www.linkedin.com/posts/n%C3%BAria-baxauli-1b0698107_a-lgpd-prev%C3%AA-a-
cria%C3%A7%C3%A3o-de-uma-legisla%C3%A7%C3%A3o-activity-6605812526426931200-dHDa
308 | Lei geral de proteção de dados
10
Fonte: https://www.instagram.com/motaalves.fabricio
Felipe Soares de Magalhães; Thiago Thomaz Siuves Pessoa | 309
11
Fonte: https://www.serpro.gov.br/lgpd/menu/arquivos/infografico-lgpd-em-um-giro
310 | Lei geral de proteção de dados
diversos. Não podemos negar que a forma como deve ser comunicada as
obrigações da LGPD para os colaboradores de uma empresa deve estar
atenta à realidade fática de cada colaborador, ou seja, a abordagem deve
ter como premissa a realidade que é vivenciada por cada um, sendo
inteligível que uma transmissão de informações e treinamento mais
formal pode gerar fixação de conteúdo e engajamento para pessoas com
um nível de escolaridade maior, mas para outras, com escolaridade menor,
por exemplo, pode chegar a gerar até um desinteresse pelo tema.
Exemplo prático de solução adequada no cenário acima apontado é
relatado pelo professor Cláudio Roberto Magalhães Pessoa, Pós-Doutor em
Gestão e segurança da informação na Universidade do Porto (Portugal) e
membro certificado Exin Privacy & Data Protection – Essentials (LGPD),
que em conversa com os autores deste artigo sobre um trabalho
desenvolvido para criação de fluxos de segurança da informação e
conformidade com a LGPD para uma empresa de grande porte com
desnivelamento de nível de escolaridade entre seus colaboradores, narrou
ser necessário entender a realidade dos colaboradores de menor grau de
instrução e desenvolver uma forma de aprendizado e treinamento lúdico,
através de um teatro abordando a temática da LGPD dentro de uma
realidade da empresa e na vida daqueles colaboradores, para lançar o tema
de forma próxima ao dia a dia daquelas pessoas e assim atingir o objetivo
de maior conscientização, fixação de conteúdo e engajamento quanto a
necessidade de maior proteção aos dados pessoais e respeito aos ditames
legais da LGPD.
Assim, por tudo acima exposto, podemos afirmar que Legal Design
tornará a aplicação do arcabouço da LGPD mais acessível, mais utilizável
e mais envolvente, buscando redesenhar como todos podem usar a lei e
criar ferramentas legais que sejam fáceis de usar e compreender. Isso
capacita as pessoas para obter o controle de seus direitos e deveres, bem
como reitera a premissa atual de que o operador do direito, no exercício
de suas funções, tenha uma visão sistêmica da legislação aplicável às
Felipe Soares de Magalhães; Thiago Thomaz Siuves Pessoa | 311
4. Considerações Finais
5. Referências:
BRASIL, Lei nº. 13.709 de 14 de agosto de 2018. Diário Oficial da República, Poder
Executivo, Brasília, DF.
312 | Lei geral de proteção de dados
BRITO, Priscilla. LGPD e UX com uma pitada de Legal Design. Disponível em:
<https://brasil.uxdesign.cc/lgpd-x-ux-legal-design-7515b347e666> Acesso em: 01
de fevereiro de 2020.
BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das
velhas ideias. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017.
GUALDA, Diego de Lima. Desafio Cultural da Proteção de Dados. Disponível em: <
https://www.aarb.org.br/desafio-cultural-da-protecao-de-dados/ > Acesso em: 03
de fevereiro de 2020
Leonel, Guilherme; Miyazaki, Natalia. Legal Design – Uma nova Forma de pensar o
Direito. Disponível em: <https://medium.com/@legalhackerscampinas/legal-
design-uma-nova-forma-de-pensar-o-direito-c2618acbfd99 > Acesso em: 10 de
março de 2019.
LIMA, Fabricio Alves de; LOEWEM, Eduardo Vianna. Legal Design Thinking aplicado ao
Direito. Disponível em: <https://fabriciolima92.jusbrasil.com.br/artigos/5579
28225/legal-design-design thinking-aplicado-ao-direito > Acesso em: 10 de março
de 2019.
MACHADO, Matheus Parreira; PESSOA, Thiago Thomaz Siuves. Legal Design para
Startups. Revista de Direito das Startups, nº2. São Paulo: Enlaw, 2019.
1. Introdução
1
Agradeço ao Marcus Drumond, meu amigo e sócio, pelo apoio durante a elaboração deste artigo e, principalmente,
por sua cuidadosa revisão.
2
Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Mestre em Direito Comercial
Internacional e Resolução de Litígios pela Swiss International Law School (SiLS). Sócio de Oliveira Drumond
Advogados.
3
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Diário Oficial da União, 15 ago.
2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em: 1
dez. 2019.
4
De acordo com o Artigo 5º, VI, VII e IX da LGPD, os agentes de tratamento de dados são tanto o controlador, “pessoa
natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados
pessoais”, quanto o operador “pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de
dados pessoais em nome do controlador”.
5
Idem, artigo 46.
314 | Lei geral de proteção de dados
6
Idem, artigo 49.
7
Idem, artigo 51.
8
Trata-se do órgão da administração pública federal, integrante da Presidência da República, ainda em formação,
responsável por editar instruções complementares para facilitar a interpretação da LGPD e fiscalizar os agentes de
tratamento.
Lucas Sávio Oliveira | 315
(...)
9
No original: “The concept of “Privacy by Design” is closely related to the concept of “privacy enhancing technologies”
or PET. This term was used for the first time in the report “Privacy-enhancing technologies: the path to anonymity”
that was published in 1995.” (HUSTINX, Peter. Privacy by design: delivering the promises. In. Identity in the
Information Society. Volume 3, Issue 2, 2010, p. 253. Disponível em:
<https://link.springer.com/article/10.1007/s12394-010-0061-z>. Acesso em: 2 dec. 2019.) (tradução nossa).
10
No original: “When assessing the need for identifiable data during the course of a transaction, the key question
one must start with is: how much personal information/data is truly required for the proper functioning of the
information system involving this transaction? This question must be asked at the outset — prior to the design and
development of any new system. (...) What is needed is a paradigm shift away from a "more is better" mindset to a
minimalist one. Is it possible to minimize the amount of identifiable data presently collected and stored in
information systems, but still meet the needs of those collecting the information? We believe that it is.” (BORKING,
316 | Lei geral de proteção de dados
John; CAVOUKIAN, Ann; et al. Privacy-enhancing technologies: the path to anonymity. Volume 1. Technical report.
Haia, 1995.) (tradução nossa).
11
CAVOUKIAN, Ann. Privacy by design – Leading Edge. In. IEEE Technology and Society Magazine, Volume 31, Issue
4, winter, 2012. Disponível em: <https://ieeexplore.ieee.org/document/6387956/authors#authors>. Acesso em: 2
dec. 2019.
12
No original: “1. Reduces or eliminates the risk of contravening privacy principles and legislation. 2. minimises the
amount of data held about individuals. 3. Empowers individuals to retain control of information about themselves
at all times.” (ENTERPRISE PRIVACY GROUP. Privacy by Design: An Overview of Privacy Enhancing Technologies.
2008. Disponível em: <http://www.dsp.utoronto.ca/projects/surveillance/docs/pbd_pets_paper.pdf>. Acesso em:
2 dec. 2019.) (tradução nossa).
13
VALENTE, Jonas. Promovendo a prvacidade e a proteção de dados pela tecnologia: privacy by design e privacy
enhancing-technologies. In. Privacidade em perspectivas. Organizadores Sérgio Branco, Chiara de Teffé. – Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2018. pp. 121, ss. Disponível em: <https://itsrio.org/wp-
content/uploads/2018/06/Privacidade-em-perspectivas_DTP.pdf> Acesso em: 2 dec. 2019.
Lucas Sávio Oliveira | 317
14
VALENTE, Jonas. Promovendo a prvacidade e a proteção de dados pela tecnologia: privacy by design e privacy
enhancing-technologies. In. Privacidade em perspectivas. Organizadores Sérgio Branco, Chiara de Teffé. – Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2018. p. 111. Disponível em: <https://itsrio.org/wp-content/uploads/2018/06/Privacidade-
em-perspectivas_DTP.pdf> Acesso em: 2 dec. 2019.
15
CAVOUKIAN, Ann. Privacy by design – Leading Edge. In. IEEE Technology and Society Magazine, Volume 31, Issue
4, winter, 2012. Disponível em: <https://ieeexplore.ieee.org/document/6387956/authors#authors>. Acesso em: 2
dec. 2019.
16
No original: “privacy by design is different from the use of privacy enhancing tools or security tools: privacy by
design has to do with the general requirements of a system and definition of its architecture. As such, privacy by
design is a matter of choice: multiple options are generally available to achieve a given set of functionalities, some of
them being privacy friendly, others less.” (MÉTAYER, Daniel Le. Privacy by Design: A Matter of Choice. In. Data
Protection in a Profiled World. Editores Serge Gutwirth, Yves Poullet, Paul de Hert. Springer, 2010. p. 325.).
318 | Lei geral de proteção de dados
17
No original: “In a second stage, appropriate privacy enhancing and security tools have to be identified to implement
the architecture. But, in the same way as the use of cryptography is by no means a guarantee of security, the use of
privacy enhancing or security tools is not in itself a guarantee of privacy: the most important issue is to have a clear
view of the overall system, the actors involved, their levels of trust or authority, their interactions, what they need to
know and the information flows between them, in order to ensure that the choice of tools is consistent with the
privacy requirements.”(MÉTAYER, Daniel Le. Privacy by Design: A Matter of Choice. In. Data Protection in a Profiled
World. Editores Serge Gutwirth, Yves Poullet, Paul de Hert. Springer, 2010. pp. 325 e 326.).
18
“Artigo 25. Proteção de dados desde a concepção e por defeito (SIC). 1. Tendo em conta as técnicas mais avançadas,
os custos da sua aplicação, e a natureza, o âmbito, o contexto e as finalidades do tratamento dos dados, bem como os
riscos decorrentes do tratamento para os direitos e liberdades das pessoas singulares, cuja probabilidade e gravidade
podem ser variáveis, o responsável pelo tratamento aplica, tanto no momento de definição dos meios de tratamento
como no momento do próprio tratamento, as medidas técnicas e organizativas adequadas, como a pseudonimização,
destinadas a aplicar com eficácia os princípios da proteção de dados, tais como a minimização, e a incluir as garantias
necessárias no tratamento, de uma forma que este cumpra os requisitos do presente regulamento e proteja os direitos
dos titulares dos dados. 2. O responsável pelo tratamento aplica medidas técnicas e organizativas para assegurar que,
por defeito, só sejam tratados os dados pessoais que forem necessários para cada finalidade específica do tratamento.
Essa obrigação aplica-se à quantidade de dados pessoais recolhidos, à extensão do seu tratamento, ao seu prazo de
conservação e à sua acessibilidade. Em especial, essas medidas asseguram que, por defeito, os dados pessoais não
sejam disponibilizados sem intervenção humana a um número indeterminado de pessoas singulares. 3. Pode ser
utilizado como elemento para demonstrar o cumprimento das obrigações estabelecidas nos n.ºs 1 e 2 do presente
artigo, um procedimento de certificação aprovado nos termos do artigo 42. (UNIÃO EUROPEIA. Regulamento (UE)
2016/679 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de abril de 2016, relativo à proteção das pessoas singulares
Lucas Sávio Oliveira | 319
3. Os 7 princípios fundamentais
no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais e à livre circulação desses dados e que revoga a Diretiva
95/46/CE (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados). Disponível em: <https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/TXT/HTML/?uri=CELEX:32016R0679&from=pt>. Acesso em: 5 dez. 2019.).
19
A análise que segue tem como base os seguintes artigos: (i) CAVOUKIAN, Ann. Privacy by design: the definitive
workshop. A foreword. In. Identity in the Information Society. Volume 3, Issue 2, 2010. pp 247–251 Disponível em:
<https://link.springer.com/article/10.1007/s12394-010-0062-y>. Acesso em: 3 dec. 2019. (ii) CAVOUKIAN, Ann.
Privacy by Design: The 7 Foundational Principles - Implementation and Mapping of Fair Information Practices.
Disponível em: <https://iab.org/wp-content/IAB-uploads/2011/03/fred_carter.pdf>. Acesso em: 3 dec. 2019. (iii)
CAVOUKIAN, Ann; TAYLOR, Scott; ABRAMS, Martin E. Privacy by Design: essential for organizational accountability
and strong business practices. In. Identity in the Information Society. Volume 3, Issue 2, 2010. pp 405–413. Disponível
em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s12394-010-0053-z>. Acesso em: 3 dec. 2019.
320 | Lei geral de proteção de dados
20
No original: “Purpose Specification – the purposes for which personal information is collected, used, retained
and disclosed shall be communicated to the individual (data subject) at or before the time the information is collected.
Specified purposes should be clear, limited and relevant to the circumstances. Collection Limitation – the collection
of personal information must be fair, lawful and limited to that which is necessary for the specified purposes. Data
Minimization − the collection of personally identifiable information should be kept to a strict minimum. The design
of programs, information and communications technologies, and systems should begin with non-identifiable
interactions and transactions, as the default. Wherever possible, identifiability, observability, and linkability of
personal information should be minimized. Use, Retention, and Disclosure Limitation – the use, retention, and
disclosure of personal information shall be limited to the relevant purposes identified to the individual, for which he
or she has consented, except where otherwise required by law. Personal information shall be retained only as long
as necessary to fulfill the stated purposes, and then securely destroyed. (CAVOUKIAN, Ann. Privacy by Design: The
7 Foundational Principles - Implementation and Mapping of Fair Information Practices. Disponível em:
<https://iab.org/wp-content/IAB-uploads/2011/03/fred_carter.pdf>. Acesso em: 3 dec. 2019.).
21
“Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios: I -
finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem
possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas finalidades; II - adequação: compatibilidade
do tratamento com as finalidades informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento; III - necessidade:
limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos dados
pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de dados; IV - livre acesso:
garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre a
integralidade de seus dados pessoais; V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza,
322 | Lei geral de proteção de dados
relevância e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu
tratamento; VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre
a realização do tratamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos comercial e industrial;
VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não
autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou difusão; VIII -
prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados pessoais; IX
- não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos; X
- responsabilização e prestação de contas: demonstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de
comprovar a observância e o cumprimento das normas de proteção de dados pessoais e, inclusive, da eficácia dessas
medidas.”(Grifou-se) (BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Diário Oficial
da União, 15 ago. 2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em: 1 dez. 2019.).
Lucas Sávio Oliveira | 323
22
BRASIL. Artigo 2º, V. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Diário Oficial da
União, 15 ago. 2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>.
Acesso em: 1 dez. 2019.
324 | Lei geral de proteção de dados
dados pessoais são digitalizados. E, para que seja efetiva, a segurança deve
estar presente em todo o ciclo de vida do dado pessoal na organização,
desde sua coleta até sua devida, apropriada e tempestiva eliminação,
incluindo, por exemplo, criptografia, controles e níveis de acesso aos dados
e mecanismos de autenticação.
Seguindo o disposto na LGPD, segurança deve ser um atributo
entendido como a “utilização de medidas técnicas e administrativas aptas
a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações
acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou
difusão” 23 , sendo este um dos princípios norteadores da legislação. Tal
aspecto é um dos que justifica o fato de que o trabalho de adequação e
manutenção da conformidade à LGPD deve ser feito em conjunto, no
mínimo, por profissionais do campo do direito e da ciência da informação.
Reitera-se, quanto a esse princípio, o disposto nos artigos 46, §2º, e
49 da LGPD, os quais evidenciam a necessidade de se considerar a
segurança dos dados desde a concepção e estruturar os sistemas de forma
a atender os requisitos de segurança e as boas práticas de governança.
Vale frisar que a segurança também deve ser demonstrável, estando
não apenas escrita na necessária política de segurança da informação, mas
efetivamente colocada em prática por todos na corporação. Para tanto, a
conscientização constante da equipe, das mais variadas formas e
estratégias, é um elemento essencial para que as falhas não ocorram,
justamente, por ações ou omissões humanas.
23
Idem. Artigo 6º, VII.
Lucas Sávio Oliveira | 325
24
No original: “Accountabilty – The collection of personal information entails a duty of care for its protection.
Responsibility for all privacy-related policies and procedures shall be documented and communicated as appropriate,
and assigned to a specified individual. When transferring personal information to third parties, equivalent privacy
protection through contractual or other means shall be secured. Openness – Openness and transparency are key to
accountability. Information about the policies and practices relating to the management of personal information shall
be made readily available to individuals. Compliance – Complaint and redress mechanisms should be established,
and information communicated about them to individuals, including how to access the next level of appeal. Necessary
steps to monitor, evaluate, and verify compliance with privacy policies and procedures should be taken.
(CAVOUKIAN, Ann. Privacy by Design: The 7 Foundational Principles - Implementation and Mapping of Fair
Information Practices. Disponível em: <https://iab.org/wp-content/IAB-uploads/2011/03/fred_carter.pdf>. Acesso
em: 3 dec. 2019.).
326 | Lei geral de proteção de dados
25
BRASIL. Artigo 52, §1º, VIII e IX. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Diário
Oficial da União, 15 ago. 2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em: 1 dez. 2019.
26
Idem. Artigo 2º, I e II.
27
“Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do controlador, em relação aos dados do titular por ele
tratados, a qualquer momento e mediante requisição: I - confirmação da existência de tratamento; II - acesso aos
dados; III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados; IV - anonimização, bloqueio ou eliminação
de dados desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei; V - portabilidade dos
dados a outro fornecedor de serviço ou produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regulamentação da
autoridade nacional, observados os segredos comercial e industrial; VI - eliminação dos dados pessoais tratados com
o consentimento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei; VII - informação das entidades públicas
e privadas com as quais o controlador realizou uso compartilhado de dados; VIII - informação sobre a possibilidade
de não fornecer consentimento e sobre as consequências da negativa; IX - revogação do consentimento, nos termos
do § 5º do art. 8º desta Lei.” (BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Diário
Oficial da União, 15 ago. 2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em: 1 dez. 2019.).
Lucas Sávio Oliveira | 327
28
No original: “Respect for User Privacy (…) extends to the need for human-machine interfaces to be human-
centered, user-centric and user-friendly so that informed privacy decisions may be reliably exercised. Similarly,
business operations and physical architectures should also demonstrate the same degree of consideration for the
individual, who should feature prominently at the centre of operations involving collections of personal data.”
(CAVOUKIAN, Ann. Privacy by Design: The 7 Foundational Principles - Implementation and Mapping of Fair
Information Practices. Disponível em: <https://iab.org/wp-content/IAB-uploads/2011/03/fred_carter.pdf>. Acesso
em: 3 dec. 2019.).
29
SENARATH, Awanthika; ARACHCHILAGE, Nalin A.G.; SLAY, Jill. Designing. Privacy for You: A Practical Approach
for User-Centric Privacy. In. Human Aspects of Information Security, Privacy and Trust. Editor Theo Tryfonas.
Springer, 2017. p.746.
30
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 3
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
328 | Lei geral de proteção de dados
4.1 Minimizar
31
HOEPMAN, Jaap-Henk. Making Privacy by Design Concrete. In. European Cyber Security Perspectives. 2018. p. 26.
Disponível em <https://overons.kpn/content/downloads/news/Brochure_Cyber_security_2018
_web.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
32
No original: “Limit as much as possible the processing of personal data.” (HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design
Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 5. Disponível em:
<https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.)
33
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Diário Oficial da União, 15 ago.
2018. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em: 1
dez. 2019.
Lucas Sávio Oliveira | 329
4.2 Separar
4.3 Abstrair
34
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 5.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
35
No original: “Separate the processing of personal data as much as possible.” (HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy
Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 8. Disponível em:
<https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.).
36
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 5.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
37
No original: “Limit as much as possible the detail in which personal data is processed.” (HOEPMAN, Jaap-Henk.
Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 10. Disponível em:
<https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.).
330 | Lei geral de proteção de dados
a. resumir, ou seja, preferir dados mais genéricos, tais como a idade ao invés
data de nascimento, ou o nome da cidade no lugar de um endereço
completo, por exemplo;
b. agrupar, agregando informações genéricas sobre um grupo de pessoas ao
invés de manter dados pessoais; e
c. alterar, de propósito e com um critério aleatório, determinados dados, de
modo que o resultado permaneça relevante, mas sem revelar a realidade
sobre o titular do dado, como, por exemplo, alterar um a localização real
de uma pessoa.
4.4 Esconder
38
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 10.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
39
No original: “Protect personal data, or make it unlinkable or unobservable. Make sure it does not become public
or known.” (HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019.
p. 12. Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.).
40
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 12.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
Lucas Sávio Oliveira | 331
4.5 Informar
41
No original: “Inform data subjects about the processing of their personal data in a timely and adequate manner.”
(HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 14.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.).
42
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 14.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
332 | Lei geral de proteção de dados
4.6 Controlar
43
No original: “Provide data subjects adequate control over the processing of their personal data.” (HOEPMAN, Jaap-
Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 16. Disponível em:
<https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.).
44
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 16.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
45
No original: “Commit to processing personal data in a privacy-friendly way, and adequately enforce this.”
(HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 18.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.).
Lucas Sávio Oliveira | 333
4.8 Demonstrar
46
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 18.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
47
No original: “Demonstrate you are processing personal data in a privacy-friendly way.” (HOEPMAN, Jaap-Henk.
Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 20. Disponível em:
<https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.).
48
HOEPMAN, Jaap-Henk. Privacy Design Strategies (The Little Blue Book). Publicação independente. 2019. p. 20.
Disponível em: <https://www.cs.ru.nl/~jhh/publications/pds-booklet.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
334 | Lei geral de proteção de dados
5. Conclusão
6. Referências
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Diário
Oficial da União, 15 ago. 2018. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em: 1 dez. 2019.
CAVOUKIAN, Ann. Privacy by design – Leading Edge. In. IEEE Technology and Society
Magazine, Volume 31, Issue 4, winter, 2012. Disponível em: <https://ieeexplore.
ieee.org/document/6387956/authors#authors>. Acesso em: 2 dec. 2019.
CAVOUKIAN, Ann; TAYLOR, Scott; ABRAMS, Martin E. Privacy by Design: essential for
organizational accountability and strong business practices. In. Identity in the
Information Society. Volume 3, Issue 2, 2010. pp 405–413. Disponível em: <
https://link.springer.com/article/10.1007/s12394-010-0053-z>. Acesso em: 3 dec.
2019.
HOEPMAN, Jaap-Henk. Making Privacy by Design Concrete. In. European Cyber Security
Perspectives. 2018. Disponível em <https://overons.kpn/content/downloads/
news/Brochure_Cyber_security_2018_web.pdf> Acesso em: 4 dec. 2019.
HUSTINX, Peter. Privacy by design: delivering the promises. In. Identity in the Information
Society. Volume 3, Issue 2, 2010. Disponível em: <https://link.springer.com/
article/10.1007/s12394-010-0061-z>. Acesso em: 2 dec. 2019.
MÉTAYER, Daniel Le. Privacy by Design: A Matter of Choice. In. Data Protection in a
Profiled World. Editores Serge Gutwirth, Yves Poullet, Paul de Hert. Springer, 2010.
SENARATH, Awanthika; ARACHCHILAGE, Nalin A.G.; SLAY, Jill. Designing. Privacy for
You: A Practical Approach for User-Centric Privacy. In. Human Aspects of
Information Security, Privacy and Trust. Editor Theo Tryfonas. Springer, 2017.
p.746.
1. Introdução
1
Mestrando em Direito Digital e Bacharel em Direito - UFMG. Especialista em Direito Processual Penal - Faculdade
Internacional Signorelli. Estagiário Docente na disciplina Direito Penal II - UFMG. Supervisor Jurídico de Instituição
Financeira. Membro da Comissão de Proteção de Dados - OAB/MG
2
Advogado e Professor Universitário (Graduação e Pós-Graduação. Mestre em Direito – Escola Superior Dom Helder
Câmara. Especialista em Direito Tributário - CEAJUFE. Especialista em Direito e Processo Civil - FADIPA. Certificate
in Business Analytics, Financial Accounting and Economics for Managers - HARVARD BUSINESS SCHOOL. Gerente
Jurídico de Instituição Financeira
338 | Lei geral de proteção de dados
os limites impostos pelo seu fim econômico social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes” (BRASIL, 2002).
Aliado ao artigo 187, o abuso de direito encontra previsão no artigo
927 do Código Civil, dispondo que será gerada a obrigação de indenizar
quando houver conflito entre a finalidade própria do direito e a atuação no
caso concreto. Com isso, tem-se que o controlador deverá informar ao
titular a exata finalidade de tratamento do dado pessoal a ser
compartilhado.
Caso contrário, ou seja, na hipótese de desvio do propósito
informado, sem transparência da alteração por parte do titular, ressalvada
a necessidade de revalidação da base legal que constitui seu escopo
jurídico, deverá este agente de tratamento ser responsabilizado pelos
danos causados, na forma do previsto na legislação civil. Nesse sentido,
decisão do Superior Tribunal de Justiça configurou abuso no exercício de
direito por parte de empresa de credit scoring, decidindo no seguinte
sentido (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2014):
Prevê o art. 43, III, que os agentes de tratamento de dados não serão
responsabilizados quando provarem que o dano causado é decorrente de
culpa exclusiva de terceiro (BRASIL, 2018). Terceiro, conforme definição
de Aguiar Dias, é qualquer pessoa além da vítima e o responsável, alguém
que não tem qualquer ligação com o causador aparente do dano e o lesado
(DIAS, 2006, p. 399).
Desse modo, em caso de um incidente de vazamento de dados,
facultar-se-á ao agente de tratamento romper o nexo causal entre sua
conduta e o dano sofrido pelo titular, a vítima, visando demonstrar que
não contribuiu para o resultado. Ou seja, poderá o controlador ou o
operador provarem que houve violação da segurança por parte de um
hacker, um ataque a seus sistemas operacionais, por exemplo, que, por si
só, destruiu a relação causal entre a vítima e a ele mesmo, o aparente
causador do dano, desde que seja algo irresistível e desligado de ambos.
350 | Lei geral de proteção de dados
Geral de Proteção de Dados traz mais uma salvaguarda aos bons agentes
de tratamento.
Considerações finais
Referências
CAMARGOS, Daniel. Vazamento da Uber expôs nome, telefone e e-mail de 156 mil usuários
brasileiros. São Paulo, 12 de abril de 2018. Disponível em: <
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/04/vazamento-da-uber-expos-
nome-telefone-e-email-de-156-mil-usuarios-brasileiros.shtml >. Acesso em 29 de
junho de 2019.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Atlas, 2012.
Vitor Eduardo Lacerda de Araújo; Douglas Dias Vieira de Figueredo | 357
DANTAS, Santiago. Programa de Direito Civil. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1977.
DIAS, José de Aguiar. Responsabilidade Civil em Debate. Rio de Janeiro: Forense, 1983.
GRANVILLE, Kevin. Como a Cambridge Analytica recolheu dados do Facebook. São Paulo,
21 de março de 2018. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/
mercado/2018/03/como-a-cambridge-analytica-recolheu-dados-do-facebook.shtml
>. Acesso em 29 de junho de 2019.
GUSMÃO, Paulo Dourado. Abuso do direito, velho tema, sempre atual. Rio de Janeiro:
Revista de Direito do Ministério Público do Estado da Guanabara, nº 20.
LGPD:
a proteção de dados e o consentimento granular
1. Boas Novas
2.1 Consentimento
A LGPD traz, no corpo do seu texto, dez (10) bases legais que
permitem realizar o tratamento desses dados, uma delas é o
consentimento. Tratados por muitos como um dos pilares da proteção de
dados pessoais, o consentimento é uma ferramenta existente em todas as
leis que versam sobre o referido assunto. Entretanto, falar sobre
consentimento sob o olhar do Direito, não é um assunto novo, pois o
Direito Civil sempre buscou qualificar o que seria uma declaração de
vontade válida entre particulares. No campo do Direito do Consumidor,
essa questão tomou ares mais protetivos, principalmente nas questões
contratuais, por exemplo, nos contratos de adesão, onde geralmente não
há discussão sobre as bases desses contratos. O consumidor sempre se vê
obrigado a aceitar o que lhe é imposto para usufruir um produto ou um
serviço.
E é principalmente baseado em um viés de proteção ao consumidor
que o consentimento relativo a uso de dados pessoais buscará se
desenvolver, sendo esse um dos destaques que a Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais nos traz. De fato, a LGPD e a GDPR dão uma especial
proteção, diante da importância que representam hoje na economia, do
valor que representam essas informações e, principalmente, os riscos das
informações que esse tratamento proporciona. Afinal, dependendo do
conjunto de informações, pode-se prever o comportamento do
consumidor e montar até um perfil psicológico, como posicionamento
político, orientação sexual e religiosa. Imaginemos o valor disso para um
empregador ou para um fornecedor de plano de saúde que ao precificar o
valor do mesmo ao cliente, sabe do seu histórico de doenças. São dados
muito sensíveis e que não podem ficar à mercê de qualquer pessoa. É um
assunto que requer uma reflexão de todos, não só do ponto de vista legal,
mas principalmente do ponto vista ético e moral.
Mas vamos deixar esse assunto para uma outra oportunidade e focar
no assunto que trata o artigo proposto.
Gustavo Batista Guimarães | 361
3.1 Princípios
Garante que o dado em todo seu ciclo de vida esteja seguro, desde a
coleta até o descarte do mesmo. Gerenciamento seguro das informações
de ponta a ponta no processo.
4. Consentimento granular
5. Conclusão
6. Referências
EXIN Privacy & Data Protection Foundation Privacidade, Dados Pessoais e GDPR (White
Paper Leo Besemer)
17
Marcos Souza 1
1. Introdução
I. O consentimento;
II. O cumprimento de obrigação legal (ou regulatória);
III. A execução de contrato ou de procedimentos preliminares a um
contrato (desde que solicitado pelo titular);
IV. A proteção da vida ou da incolumidade física do titular (ou de terceiro);
V. A tutela da saúde;
VI. O legítimo interesse;
VII. A proteção do crédito;
VIII. O exercício regular de direitos;
1
Marcos Souza é Advogado do Sistema do Sistema FIEMG, membro do Programa de Proteção de Dados FIEMG,
membro da ANPPD® - Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados, membro da Comissão de
Proteção de Dados da OAB/MG e Especialista em Direito Público pela PUC Minas. Atuou como auditor e gestor na
áreas de corregedoria e compliance no serviço público estadual e como gestor na área de ciência da informação no
setor privado.
Marcos Souza | 367
Dito isso, qual seria o melhor a se fazer, escolher uma única base legal
para uma finalidade ou finalidades específicas, ou escolher várias bases
para uma única finalidade ou finalidades ou tratamentos variados?
Essa tarefa não é das mais fáceis, em verdade, é das mais complexas
que se apresenta para qualquer profissional de privacidade, a uma,
porquê, uma vez escolhida a base legal e oficialmente informada ao titular,
e já tendo se iniciado o tratamento, pouquíssima ou nenhuma margem
existe para que se adote outra base para aquela mesma finalidade
inicialmente declarada.
Tal condição é que torna ainda mais difícil a escolha da base legal,
contudo, essa tarefa possui outro aspecto que se mostra fundamental para
seu sucesso ou fracasso. A ponderação sistemática e completa acerca da
imprescindibilidade do tratamento dos dados pessoais para alcance de
determinada(s) finalidade(s), é etapa essencial para um balizamento
adequado e eficiente dos itens que compõem os aspectos de privacidade,
base legal, tratamento e finalidade.
Por ponderação sistemática e completa, entenda-se:
“dilema” apenas acerca da utilização de mais de uma base legal para uma
mesma finalidade e tratamento.
Poderia o controlador coletar o consentimento dos titulares e ao
mesmo tempo indicar o legítimo interesse como base legal para a mesma
finalidade? Sendo afirmativa a resposta, não estaria a se falsear o
consentimento, uma vez que, nesse caso, mesmo revogando o
consentimento, poderia o controlador continuar o tratamento fundado no
legítimo interesse, como se fosse uma espécie de backup legal.
Embora esse artifício pareça tentador em um primeiro momento, a
interpretação teleológica da LGPD, principalmente por conta do Princípio
da Transparência, indica que tal artifício deverá ser analisado com
reservas, haja vista que poderá não ser visto com bons olhos pelo
Judiciário, pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e
demais autoridades que irão ou já estão atuando nessa seara.
Em outros casos os aspectos negativos notados na situação anterior
não estão presentes, havendo até mesmo certa naturalidade na indicação
de mais de uma base legal. Isso pode ser notado em situações em que se
possa optar por uma pluralidade de bases legais para uma mesma
finalidade, e que não haja necessidade do consentimento, como por
exemplo o cumprimento de obrigação legal e a execução de contrato ou de
procedimentos preliminares a um contrato, as quais também podem ser
conjugadas com o exercício regular de direitos.
Todas essas questões propiciam a compreensão de que o dilema da
base legal única, assim como vários outros dilemas do direito, é algo que,
possivelmente, não possui uma resposta única e absoluta.
Pode se dizer que cada situação vai demandar soluções específicas e
que deverão ser balizadas de acordo com o contexto próprio de cada
cenário, ora será utilizada apenas uma base legal para um único
tratamento e uma única finalidade, ora será demandada a utilização de
várias bases legais para um mesmo tratamento e múltiplas finalidades, da
mesma forma, também haverá situações em que poderão sim ser adotadas
várias bases legais para uma única finalidade.
370 | Lei geral de proteção de dados
3. Conclusão
4. Referências
BRASIL. Lei nº. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
(LGPD). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019). Palácio do Planalto, 2018.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/
lei/L13709.htm>. Acesso: 20 fev. 2020.
Terceira seção
Cases de implantação
18
1. Introdução
1
Advogada do Banco Semear S/A, atuando há mais de 15 anos em jurídico corporativo de instituição financeira.
Formada pela PUC Minas, pós-graduada em Direito Público (Newton Paiva) e com MBA em Direito Civil e Processual
Civil pela Fundação Getúlio Vargas. É certificada em Privacy and Data Protection Officer pela EXIN e em Compliance
pela KPMG. Atual secretaria geral adjunta da Comissão Especial de Proteção de Dados da OAB/MG e membra da
Comissão de Assuntos Jurídicos da ABBC e da ACREFI e das Subcomissões de Assuntos Jurídicos e Compliance de
Dados e de Negócio, Tecnologia e Governança de Dados da FEBRABAN.
376 | Lei geral de proteção de dados
Ainda que a culpa por tal exposição e invasão não seja exclusiva das
pessoas jurídicas para as quais a LGPD é dirigida, uma vez que os próprios
titulares dos dados descuidaram de sua privacidade e de seus dados
pessoais no desejo de usufruirem com mais agilidade dos produtos e
serviços que lhes interessavam, ressoa evidente que algo precisava ser
feito, como de fato foi.
Assim, estamos diante de uma lei protetiva que exige não apenas o
cumprimento e a observância de seu conteúdo, mas, também e
principalmente, uma mudança cultural.
Essa mudança cultural depende, e muito, do fornecimento de
treinamento pelas empresas aos colaboradores, atividade, inclusive,
prevista na LGPD. Vejamos o que dispõe a Seção II - Do Encarregado pelo
Tratamento de Dados Pessoais, mais precisamente o inciso III, §2º, do
artigo 41:
3. SYMPLA
4. Atos
A conscientização é fundamental.
Em Proteção de Dados, o colaborador sempre é o elo mais frágil. Se não temos
eles conscientes da importância do assunto, e de seus direitos como cidadãos,
não podemos esperar que eles sejam atores ativos no processo.
5. Cisco
7. Whirlpool
Por dar um caráter social ao programa / jornada pois, frisando, é algo que não
há término e que deverá ser cíclico e constantemente renovado, havendo de
ser estendido a outros stakeholders como os mencionados acima. (Gustavo
Godinho, 2019).
8. Ford
9. Uber
(c) criação de comitê de privacidade e segurança, que podem ser usados para
tirar dúvidas e gerenciar crise;
(e) ter um sponsor na gerência sênior da empresa, como o CEO ou CFO, que
ajude a abraçar a causa e remover a ideia de que é uma preocupação exclusiva
do jurídico;
(f) ter o apadrinhamento do tema dos principais heads de cada área, para que
os seus funcionários entendam a seriedade do assunto. (Flávia Mitri, 2019).
1. Introdução
1
Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2004). Pós graduação em Direito
Público (2006). Mestrando em Propriedade Intelectual e Inovação tecnológica pela UFMG. Procurador do Município
da Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves. Advogados atuante nas Direito Empresarial, Imobiliário,
Administrativo e Direito Digital.
390 | Lei geral de proteção de dados
2
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31ª edição. Editora forense. 2018.
Ricardo Gomes Figueiroa | 391
3
Art. 23. O tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas de direito público referidas no parágrafo único
do art. 1º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) , deverá ser realizado para o
atendimento de sua finalidade pública, na persecução do interesse público, com o objetivo de executar as
competências legais ou cumprir as atribuições legais do serviço público, desde que: I - sejam informadas as hipóteses
em que, no exercício de suas competências, realizam o tratamento de dados pessoais, fornecendo informações claras
e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução dessas
atividades, em veículos de fácil acesso, preferencialmente em seus sítios eletrônicos; II -(VETADO); e III - seja
indicado um encarregado quando realizarem operações de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta
Lei; e (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
4
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º
do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:I – os órgãos públicos integrantes da administração
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
II – as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.(grifei)
5
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de direito Administrativo. São Paulo. Editora Atlas. 2012.
392 | Lei geral de proteção de dados
6
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de direito Administrativo. São Paulo. Editora Atlas. 2012.
Ricardo Gomes Figueiroa | 393
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a
informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art.
37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes
Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do
Ministério Público;
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades
de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
7
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm >, acesso em:
22 nov. 2019.
394 | Lei geral de proteção de dados
8
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam,
para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções
sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos
públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas.
Ricardo Gomes Figueiroa | 395
9
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm >, acesso em:
22 nov. 2019.
10
Disponível em: < https://www.serpro.gov.br/lgpd/menu/tratamento-dos-dados/objetivo-e-abrangencia-da-lgpd
>, acesso em: 22 nov. 2019.
396 | Lei geral de proteção de dados
11
REALE, MIGUEL. Proteção de Dados Pessoais a função e os limites do consentimento. Rio de Janeiro. Editora
forense, 2019.
12
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >, acesso em: 22 nov. 2019.
13
ALEXY, Robert. Teoria discursiva do direito. Organização, tradução e estudo introdutório Alexandre Travessoni
Gomes Trivisonno. Forense Universitária. Rio de Janeiro. 2015
14
BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de Dados Pessoais a função e os limites do consentimento. Rio de Janeiro. Editora
forense, 2019.
Ricardo Gomes Figueiroa | 397
15
Idem 9.
16
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v14n2/1808-2432-rdgv-14-02-0513.pdf >, acesso em:
22 nov. 2019.
17
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_das_cidades>, acesso em: 22 nov. 2019.
398 | Lei geral de proteção de dados
18
Formulação, Implementação e Avaliação de Políticas Públicas – Fundação Centro de formação de Servidor Público-
FUNCEP- 1986.
19
Disponívelem:<http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/MANUAL%20DE%20POLITICAS%20
P%C3%9ABLICAS.pdf >, acesso em: 22 nov. 2019.
Ricardo Gomes Figueiroa | 399
20
Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/dados-administracao-publica-14052018 >,
acesso em: 25 nov. 2019.
Ricardo Gomes Figueiroa | 401
21
Idem 16
402 | Lei geral de proteção de dados
22
Idem 9
23
Idem 9
24
Idem 7
Ricardo Gomes Figueiroa | 403
25
Idem 9
404 | Lei geral de proteção de dados
7. Considerações finais
26
PINHEIRO, Patricia Peck. #DIREITODIGITAL. 6ª edição. Saraiva. 2019.
Ricardo Gomes Figueiroa | 405
8. Referências
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo, 31ª ed. Rio de Janeiro: Editora
forense. 2018.
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de direito administrativo. São Paulo. Editora
Atlas. 2012.
1. Introdução
3. Disposições preliminares
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos
meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou
privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e
de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
(BRASIL, 2018)1
1
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>.
2 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Zilda A. Goncalves de Sousa; Igor da Silveira Franco | 411
3 <https://jus.com.br/artigos/60812/a-privacidade-da-pessoa-humana-como-direito-constitucional>.
412 | Lei geral de proteção de dados
4
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>.
Zilda A. Goncalves de Sousa; Igor da Silveira Franco | 413
I - O respeito à privacidade
“ é o direito de o indivíduo ser deixado em paz para viver sua própria vida com
um grau mínimo de interferência”, “direito de subtrair-se à publicidade para
recolher-se na própria reserva”, “o direito a intimidade é o direito de o
indivíduo não ser arrastado para a ribalta contra sua vontade, de subtrair-se
à publicidade e de permanecer recolhido na sua intimidade, o direito de
manter olhos e ouvidos indiscretos afastados dessa esfera de reserva, bem
como o direito de impedir a divulgação de palavras, escritos e atos realizados
nessa esfera de intimidade, e espaço íntimo intransponível por intromissões
ilícitas externas”.
* Princípio da Qualidade dos Dados: deve ser garantido aos titulares dos
dados pessoais objetos de tratamento, exatidão, clareza, relevância e
atualização dos dados de acordo com a necessidade e para o cumprimento da
finalidade de seu tratamento (art. 6º, V, da Lei 13.709/2018);
7. Destinatários da norma
8. Princípios administrativos
Art. 26. O uso compartilhado de dados pessoais pelo Poder Público deve
atender a finalidades específicas de execução de políticas públicas e atribuição
legal pelos órgãos e pelas entidades públicas, respeitados os princípios de
proteção de dados pessoais elencados no art. 6º desta Lei.
Têm-se por esse artigo que o consentimento é a base legal que tem a
finalidade de trazer legitimidade ao acesso dos dados pessoais nos bancos
de dados públicos por entes privados.
Em síntese, o Poder Público está legalmente fundamentado para
proceder com o tratamento de dados pessoais quando está executando
políticas públicas, e ao compartilhar esses dados pessoais com entes
privados, o faça mediante obtenção de consentimento dos titulares desses
dados.
Art. 28.VETADO.
20. Referências
BRASIL. Lei nº. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto
no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da
Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei
nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de
1991; e dá outras providências. Palácio do Planalto, 2011. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>.
Acesso em: 20 out. 2019.
BRASIL. Lei nº. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
(LGPD). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019). Palácio do Planalto, 2018.
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Duarte Moura
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Sobre os autores
Camila de Oliveira
Acadêmica de Direito da Faculdade Dom Helder Câmara, Membro da Comissão de Proteção
de Dados da OAB/MG.
Duarte Moura
Mestrando em Instituições Sociais, Direito e Democracia pela Universidade FUMEC (2019-
2021). Advogado com atuação nas áreas de Direito Civil, Digital, Previdenciário, Família e
Sucessões. Consultor Jurídico para implementação e adequação das normas, conforme
determina a Lei Geral de Proteção de Dados. Membro da Comissão de Proteção de Dados
da OAB/MG. Integra o Núcleo de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Direito da Universidade FUMEC. Atuou, quando estudante, como assistente jurídico
por mais de 3 anos, realizando o acompanhamento e o peticionamento em processos
bancários. Experiência de 2 anos em Direito Militar como estagiário na secretaria de 2a
instância do Tribunal de Justiça Militar de MG.
Marcos Souza
Advogado do Sistema FIEMG, Membro do Programa de Proteção de Dados FIEMG,
Membro da ANPPD® - Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados,
Membro da Comissão de Proteção de Dados da OAB/MG e Especialista em Direito Público
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pela PUC Minas. Atuou como auditor e gestor das áreas de corregedoria e compliance no
serviço público estadual e como gestor na área de ciência da informação no setor privado.
www.editorafi.org
contato@editorafi.org