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06 - A Trindade

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A TRINDADE
2 Coríntios 13.5-13

A doutrina da Trindade é tão importante que, sem ela, o cristianismo bíblico não
existiria. Sim, pois, para realizar a obra de redenção, o Redentor tem que ser
verdadeiro Deus. Se não, como é que Ele poderia representar Deus na cruz?

Também o Espírito Santo, se não fosse Deus, como poderia regenerar o pecador? E a
Bíblia afirma que o pecador, que nasce de novo pelo poder do Espírito Santo (Jo
3.3,5), nasce "de Deus" (Jo 1.13).

1 - EXPLICAÇÃO DA DOUTRINA
Não podemos entender o mistério da Trindade, mas podemos e devemos saber o que
pretende e o que significa a doutrina da Trindade. Ao estudá-la, é preciso lembrar que
os termos usados são humanos e, portanto, insatisfatórios.

Vejamos as principais verdades relacionadas com estas importantes doutrinas.

1. TRÊS PESSOAS, UM SÓ DEUS


A doutrina afirma a absoluta unidade essencial da Divindade. Quando se fala em
unidade de natureza e em unidade de substância, está-se falando na unidade
essencial. A unidade de Deus é numérica (Deus é um só, é único; não há outro Deus)
e ontológica (Deus é uno).

A doutrina afirma a tripersonalidade de Deus. Uma essência que subsiste em três


pessoas, o Pai e o Filho e o Espírito Santo. As três pessoas são iguais em Seu ser
essencial. São "de uma mesma substância, poder e eternidade" (Conf. de Fé, II. III).

A doutrina é zelosa na enfática afirmação da unidade de Deus, de modo algum ferida


pela tripersonalidade. No capítulo II da Confissão da Fé, que trata" De Deus e da
Santíssima Trindade", duas das três seções tratam largamente da Unidade de Deus.

E a seção III, que trata da tripersonalidade, começa dizendo: "Na unidade da


Divindade..." Isto nos adverte sobre o perigo de, em nossas mente, separarmos
demais as pessoas da Trindade umas das outras.

Uma forma gráfica e oral de expressar a tripersonalidade acentuando a unidade de


Deus consiste em escrever: o Pai, e o Filho e o Espírito Santo. Veja Mt 28.19, na
versão de Almeida, revista e atualizada, e na tradução brasileira.

2. A TRIPERSONALIDADE DO SER DIVINO


Numa exposição mais analítica, embora resumida, consideremos a doutrina da
Trindade em seus aspectos ontológicos propriamente ditos, isto é do Ser essencial de
Deus.

A doutrina afirma a absoluta igualdade do Pai e o Filho e o Espírito Santo em Seu Ser
essencial, em Sua eternidade e em Seu poder. A Conf. de Fé, II, III, expressa esta
verdade quando declara que as três pessoas da Divindade são "uma mesma
substância, poder e eternidade".

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Observações: As expressões bíblicas referentes à geração do Filho e à possessão do


Espírito não devem ser entendidas como se ferissem o conceito de eternidade. Estes
misteriosos fatos, expressos por pobre terminologia humana, ocorreram "desde toda
eternidade" (Cat. Maior, perg. 10).

Os atributos se ligam à natureza essencial de Deus, e não às Suas distinções


pessoais, como se verá na sequencia desta exposição.

A doutrina afirma a tripersonalidade de Deus: três pessoas que subsistem numa só


substância ou natureza essencial. Observações: Como são pessoas, não devem ser
tratadas como se o Filho e o Espírito fossem apenas influências ou modos de
manifestação do Pai.

O fato de se falar em Primeira, Segunda e Terceira pessoas não significa que o Filho é
subordinado ao Pai, e o Espírito subordinado ao Pai e ao Filho. Se há algum tipo de
subordinação, é somente com referência aos ministérios ou funções que cada pessoa
exerce. Mas isto não afeta em nada a autoridade última de cada uma das três
pessoas, e de modo nenhum significa subordinação ontológica.

Catecismo Maior, perguntas 8 a 11: Segue esta linha de pensamento:

Pergunta 9

(a) Afirma a tripersonalidade da Divindade

(b) Afirma a unidade, declarando que as três pessoas ":são um só Deus verdadeiro
e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória". - Como na Conf. de
Fé, aqui também os atributos estão ligados à unidade essencial de Deus;

(c) Afirma que as pessoas são "distintas pelas Suas propriedades pessoais" - A
resposta à pergunta 9 já mostra que as "propriedades pessoais" não são
atributos, pois estes se ligam à unidade essencial.

Pergunta 10
Explica o que significa a expressão "propriedades pessoais": o Pai gerando, o Filho
sendo gerado, e o Espírito procedendo do Pai e do Filho. - Fica definitivamente
esclarecido que, no contexto dos Símbolos de Fé, a expressão "propriedades
pessoais" não se refere aos atributos.

Pergunta 11
A resposta mistura elementos da unidade essencial (nomes, atributos e culto) com
elementos funcionais, que distinguem as pessoas por Seus ministérios específicos
(ver o item 3, abaixo). Vê-se aqui também a preocupação em preservar a unidade
acima da diversidade.

3. FUNÇÕES PESSOAIS DA TRINDADE


Dá-se o nome de economia da Trindade à tentativa de explicar a maneira pela qual a
Trindade Santa planeja, dirige e executa os Seus propósitos. Este aspecto da doutrina
está ligada às pessoas e Suas funções, não à substância essencial da Divindade.

A Escritura mostra que Deus age em todas as coisas sem quebra de Sua unidade,
mas com distribuição de funções. Antes de meditar no esquema que darei abaixo, é
bom ler estas passagens do Evangelho Segundo João: 5.17; 10.25; 15.26; 16.8,13-15.

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Na criação, atribuída a Deus (Pai), cooperam o Filho e o Espírito Santo: Gn 1.1,2; Jo


1.3; Cl 1.16; Hb 1.2,3.

Na redenção, atribuída ao Filho, cooperam o Pai e o Espírito Santo: 2 Co 5.19; Cl


1.14; Hb 9.14.

Na aplicação da redenção do homem, obra atribuída ao Espírito, cooperam o Pai e o


Filho: jo 14.1-3; Rm 10.4,9,10; 15.29-33; 1 Co 2.12-14; 12.3; 2 Co 13.13; Fp2.12; 1
Pe1.11.

Há várias maneiras de expressar o relacionamento interpessoal da Trindade Santa


quanto às funções pessoais. Eis uma delas: O Pai é o Criador, o Filho é o Redentor e
o Espírito é o vivificador. Eis outra: o Pai é a Fonte, o Filho é a Expressão e o Espírito
é a Consumação.

2 - ARGUMENTAÇÃO BÍBLICA
Vamos ler algumas passagens da Escritura que dão base para a doutrina da Trindade
Santa.

1. PASSAGENS DO ANTIGO TESTAMENTO:


Há passagens que apresentam teofanias, ou seja, manifestações de Deus. Algumas
dessas passagens fazem-nos pensar na Trindade. Exemplos:

Gn 16.7-13: Nos versículos 7 a 10 vemos que quem falava com Hagar era "o anjo do
Senhor". O versículo 11 faz a clara distinção entre "o anjo do Senhor" e "o Senhor.
Mas quem estava falando com Hagar era "o anjo do Senhor". Já no versículo 13
vemos que Aquele que falava com Hagar é denominado "Senhor" e "Deus". Fatos
parecidos acontecem em Gn 18.1-22 e 19.1-28.

Há passagens nas quais Deus dirige a Si próprio no plural. Exemplos:

Gn 1.26; 11.7. Com relação a Gn 1.26, é notável a mudança de expressões. Até o


versículo 24, cada anúncio de um ato de criação era nestes termos: "Disse Deus:
Haja", "Disse também Deus: Ajuntem-se" etc. no versículo 26, ao anunciar a criação
do homem, lemos: "também disse Deus: Façamos".

E não disse isso a anjos, pois o versículo 27 (e toda a Bíblia) afirma: "Criou Deus, pois,
o homem"). Ver também: SI 45.6,7; 110.1; Is 48.16; 61.1; 63.8-10; Ml 3.1 (esta
passagem fala do Anjo da aliança como igual ao Senhor e distinto dele),

Há passagens que falam da Palavra e da sabedoria como personificadas e poderes


divinos. Ver SI 33.4-6 (a Palavra) e Pv 8.12-31 (a Sabedoria).

2. PASSAGENS DO NOVO TESTAMENTO


Passagens que citam o Antigo Testamento. Exemplos: Hb 1.8-9 (SI 45.6,7); Mt 22.43-
45 (SI 110.1); Lc 4.18,19 (Is 61.1,2).

Outras passagens:

Gl 4.6 - "E porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu
Filho, que clama: Aba, Pai."

2 Co 13.13 - "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do


Espírito Santo sejam com todos vós." - Temos aqui a fórmula trinitária da bênção
apostólica.

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Jo 1.1,14,18 - "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e
vimos a sua glória, glória como a do unigênito... do Pai. Ninguém jamais viu a Deus: o
Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou."

Jo 15.26 - "Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o
Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim."

Mt 28.19 - "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome


do Pai e do Filho e do Espírito Santo". - Temos nesta passagem a fórmula trinitária do
batismo cristão.

Mt 3.16,17 - "Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e
viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos
céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo."

Recebendo-se com naturalidade as passagens citadas nesta lição, vê- se que a


doutrina da Trindade é de fato bíblica.

CONCLUSÃO
Falando com Marta sobre a fé nele e na vida eterna, Jesus lhe perguntou: "Crês isto?"
(Jo 11.26). — É preciso que tenhamos confiança em Cristo e nas verdades do
Evangelho; ou seja, em Cristo e em Sua doutrina.

O Credo Apostólico, cuja recitação ou leitura às vezes é incluída na ordem do culto em


nossas igrejas, é claramente trinitário. Como o recitamos? Cremos de fato nas
verdades do Credo, ou as repetimos mecanicamente, da boca para fora?

Não façamos da doutrina da Trindade um dogma frio e morto. Exercitemos as energias


da mente e do coração para que a realidade gloriosa de Deus o Pai e o Filho e o
Espírito Santo vitalize o nosso ser e enriqueça o nosso testemunho de Cristo e de Sua
Palavra.

AUTORES: REV. ODAIR OLIVETTI, REV. NELSON D.B. MARINO

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