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Madame Bovary Trechos

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MADAME BOVARY

INSATISFAÇÃO HUMANA

Até então que tivera ele de bom na existência? O seu tempo de


colégio,
encerrado dentro daquelas grandes paredes, sozinho no meio dos seus
colegas mais ricos ou mais fortes do que ele nos estudos, a quem
divertia com a sua pronúncia, que troçavam das suas roupas e cujas
mães os vinham procurar no locutório com os regalos cheios de bolos?
Mais tarde, quando estudava Medicina e nunca tinha a bolsa
suficientemente cheia para pagar o baile a alguma operariazinha que
pudesse vir a ser sua amante? Depois vivera catorze meses com a
viúva, que, na cama, tinha os pés frios como blocos de gelo.
(FLAUBERT, 1971, p. 32).

Recomeçaram-lhe, então, os maus dias de Tostes. Achava-se agora


muito mais desgraçada, porque tinha a experiência da amargura e a
certeza de que esta jamais findaria. (FLAUBERT, 1971, p. 98).

Charles entrevira no casamento o acesso a uma melhor condição de


vida, imaginando que seria mais livre e poderia dispor da sua pessoa e
do seu dinheiro. Mas a mulher dominou-o, na frente das pessoas, ele
devia dizer isto, não devia dizer aquilo, tinha de jejuar todas as sextas-
feiras, vestir-se como ela entendia, espicaçar à sua ordem os clientes
que não pagavam. Abria-lhe as cartas, vigiava tudo o que ele fazia e
punha-se a escutar, atrás do tabique, o que dizia no consultório quando
os doentes eram mulheres. (FLAUBERT, 1971, p. 15).

“Ema olhava para ele e encolhia os ombros. Por que não tivera ela, ao
menos, por marido um desses homens cheios de entusiasmo que
trabalham toda a noite nos livros e ostentam, aos sessenta anos,
quando chega a idade dos reumatismos, uma enfiada de
condecorações na casaca preta e mal feita?”. (FLAUBERT, 1971, p.
52).

“A música do baile ainda lhe ressoava aos ouvidos e esforçava-se por


se manter acordada, a fim de prolongar a ilusão daquela vida luxuosa
que em breve teria de abandonar.” (FLAUBERT, 1971, p. 47).

“Tinha o coração como eles: ao contato com a riqueza, estivera sobre


qualquer coisa que nunca mais se haveria de apagar.” (FLAUBERT,
1971, p. 48).
▪ FLAUBERT, GUSTAVE. Madame Bovary, 2°ed, 1971.

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