Sebenta de Biologia Molecular
Sebenta de Biologia Molecular
Sebenta de Biologia Molecular
1º ANO
2º SEMESTRE
BIOLOGIA MOLECULAR
Jorge Paulos
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
2 Capítulo 1 - Genes |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Capítulo 1 - Genes
1. Conceito de gene
A vida depende da capacidade das células em armazenar, obter e traduzir as instruções genéticas
necessárias para manter o organismo vivo. Esta informação hereditária é passada de uma célula às suas
células-filhas, durante a divisão celular, e de uma geração de um organismo para outro, por meio das suas
células reprodutoras. Essas instruções são armazenadas, em todas as células vivas, nos genes, os elementos
que contêm a informação que determina as características de uma espécie como um todo, bem como as de
um indivíduo.
A maioria dos genes humanos consiste de longos segmentos de exões e de intrões alternados, sendo
que a maior parte do gene consiste de intrões. Por outro lado, a maioria dos genes de um organismo com
genomas compactos não possui introões. Isso explica o tamanho bastante menor dos seus genes, bem
como a grande proporção de DNA codificante nos seus cromossomas. Além dos exões e dos intrões, cada
gene está associado às sequências de DNA reguladoras, as quais são responsáveis por garantir que o gene
seja expresso nos níveis, no momento e no tipo celular adequados. No homem, as sequências reguladoras
de um gene típico estão dispersas por cerca de dezenas de milhares de pares de nucleótidos. Essas
sequências reguladoras são mais comprimidas em organismos com genoma compacto.
| Capítulo 1 - Genes 3
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Os procariotas não possuem um núcleo compartimentado limitado para abrigar o seu DNA. A maioria
das células procarióticas é pequena e simples e, geralmente, vivem como indivíduos independentes, tal
como os organismos multicelulares. Os procariotas são tipicamente esféricos ou em forma de bastões,
medindo poucos micrómetros de comprimento. Frequentemente, apresentam uma capa protectora
flexível, chamada parede celular, seguida da membrana plasmática que envolve um único compartimento
citoplasmático que contém DNA, RNA, proteínas e uma grande quantidade de moléculas pequenas
necessárias à vida.
As células eucarióticas, em geral, são maiores e mais elaboradas que as células procarióticas e,
consequentemente, os seus genomas são maiores e mais elaborados também. Esta diferença é
acompanhada por diferenças radicais nas estruturas e nas funções celulares. Além disso, muitas classes de
células eucarióticas formam organismos multicelulares que atingem um nível de complexidade que não é
alcançado pelos procariotas.
As informações genéticas das células eucarióticas têm uma origem híbrida. A maior parte dessa
informação é armazenada no núcleo, mas uma pequena quantidade permanece dentro da mitocôndria e,
4 Capítulo 1 - Genes |
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em células vegetais, dentro dos cloroplastos. O DNA mitocondrial e o DNA dos cloroplastos podem ser
separados do DNA nuclear, analisados e sequenciados individualmente.
Os genes encontram-se no interior dos cromossomas, que contém cromatina que está incluída no
núcleo celular. Basicamente, a cromatina pode incluir polímeros de DNA podendo ser eucromatina ou
heterocromatina, ou então pode incluir apenas proteínas histónicas ou não histónicas. Os estudos por
microscopia óptica, distinguiram dois tipos de cromatina no núcleo interfásico de muitas células
eucarióticas superiores:
Os cromossomas de um indivíduo podem ser cromatídeos irmãos (ou cromátidas irmãs), ou seja,
quando são duas cópias de um dado cromossoma, replicado durante a fase S do ciclo celular, que se
separam durante a mitose. Existem também os cromossomas homólogos que emparelham durante a
meiose ou correspondem a cromossomas de espécies diferentes que mantêm o mesmo número de genes
durante a evolução.
| Capítulo 1 - Genes 5
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Tendo em conta estes conceitos, pode definir-se genoma como sendo o conjunto do material genético
de um determinado conjunto de cromossomas de um organismo. Num genoma, os genes pode encontrar-
se em várias posições, sendo que cada uma delas se designa locus. Para além disso, cada forma alternativa
de um determinado gene, designa-se alelo. Os alelos podem ser de dois tipos:
Alelo dominante – alelo que expressa o seu fenótipo mesmo quando é um heterozigótico com um
alelo recessivo presente.
Alelo recessivo – alelo que não é expresso fenotipicamente num determinado heterozigótico.
Quanto aos alelos presentes no genoma, os indivíduos podem ser de vários tipos:
Fred Griffit – injectou a forma rugosa da bactéria num ratinho que morreu de pneumonia e injectou a
forma lisa da bactéria noutro ratinho que sobreviveu. Noutra experiência seguinte, inactivou as formas
rugosas com temperaturas elevadas e só depois é que as injectou noutro ratinho, o qual sobreviveu pois as
bactérias inactivas, deixam de ter características patogénicas. Numa última experiência, utilizou células
rugosas inactivas pelo calor e lisas simultaneamente, sendo que como o DNA se encontra presente, entra
para a bactéria de forma rugosa, passa a conferir-lhe características patogénicas e o ratinho pode vir a
desenvolver uma pneumonia.
6 Capítulo 1 - Genes |
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Alfred Hershey – um fago quando infecta uma bactéria, tem de injectar o seu material genético, manter-se
no interior da bactéria e modificar o DNA. As células podem ser marcadas com compostos radioactivos,
sendo o mais comum a utilização de fósforo-32. Para efectuar esta marcação é também necessário utilizar
algo que faça parte da constituição da proteína, como o enxofre-35. Quando o fago infecta a bactéria, vai
injectar o material e como a replicação do DNA é semiconservativa e existem duas cadeias de DNA, vão ser
originadas 4 cadeias, existindo uma cadeia radioactiva e outra não radioactiva, devido à utilização do
fósforo. Desta forma, analisam-se as cadeias das descendências víricas e consegue concluir-se acerca da
importância da utilização destes compostos na infecção de material genético.
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5. Estrutura do DNA
A molécula de DNA consiste de
duas longas cadeias polipeptídicas
compostas de quatro tipos de
subunidades nucleotídicas. Cada uma
dessas cadeias é conhecida como
uma cadeia de DNA. As pontes de
hidrogénio entre as regiões das bases
azotadas mantêm as duas cadeias
juntas.
Os membros de cada par de bases encaixam-se na dupla hélice apenas se as duas cadeias da hélice
estiverem na posição antiparalela, isto é, apenas se a polaridade de uma cadeia estiver em orientação
oposta à da outra cadeia. A consequência desta característica é que cada cadeia de uma molécula de DNA
contém uma sequência de nucleótidos exactamente complementar à da outra cadeia.
8 Capítulo 1 - Genes |
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6. Conformações do DNA
A maior parte do DNA celular encontra-se sob a forma de hélice. A análise desta molécula através de
raios-X informa-nos que as bases azotadas se encontram, geralmente, espaçadas de 0.36 nm entre si, ao
longo dos eixos da hélice da molécula de DNA. As três principais conformações de DNA conhecidas são:
B-DNA – é a forma de DNA mais esperada de encontrar nas células. É o DNA que respeita
completamente as regras de complementaridade de bases azotadas e que conduz à existência de
cadeias complementares e antiparalelas.
A-DNA – existe em condições de baixa humidade, onde a estrutura principal é bastante mais
compacta, exibindo grandes porções de bases que se encontram a seguir os eixos da hélice de DNA.
Z-DNA – inclui pequenas moléculas de DNA que alternam nucleótidos de purinas e pirimidinas,
adoptando uma estrutura mais instável que a estrutura em hélice. As bases criam como que um
zig-zag quando visualizadas de lado, sendo que quando o DNA adquire esta conformação particular,
ainda apresenta função desconhecida.
7. Metilação do DNA
A metilação no DNA vertebrado é restrita aos nucleótidos de citosina na sequência CG, que faz o
emparelhamento de bases com a mesma sequência (na direcção oposta), na outra cadeia de DNA de dupla
hélice. Consequentemente, um mecanismo simples permite a existência de um padrão de metilação de
DNA a ser herdado directamente pelas cadeias-filhas de DNA.
Logo após a fertilização, ocorre uma ampla onda de desmetilação do genoma, quando a grande maioria
dos grupos metilo são perdidos da cadeia de DNA. Essa desmetilação pode ocorrer tanto pela supressão da
actividade das metiltransferases de manutenção do DNA, resultando numa perda passiva de grupos metilo
durante cada ciclo de replicação de DNA, como por uma enzima específica de desmetilação.
| Capítulo 1 - Genes 9
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8. Tautomerismo
Geralmente, durante o enrolamento das cadeias de DNA, estamos perante um emparelhamento A=T e
G≡C, sendo que as formas tautoméricas podem emparelhar com bases que normalmente não emparelham,
como por exemplo A com C e G com T.
Este processo ocorre normalmente no nosso organismo, mas na coexistência de sistemas que nos
defendem dessas isomerizações, como os sistemas de reparação de DNA, que quando entram em
funcionamento, removem os emparelhamentos de isomerismo e o DNA volta ao seu estado normal. No
entanto, quando o emparelhamento de isomerismo não é retirado por esses sistemas, quando ocorrer a
replicação de DNA seguinte, o erro vai ser corrigido e as bases voltam a emparelhar segundo as regras
normais.
Este acontecimento também pode ocorrer no RNA, sendo que as estruturas formadas se designam por
estruturas secundárias, adquiridas pela paragem da transcrição. Podem também adquirir estruturas
terciárias, sendo estas características de um RNA particular, o tRNA, que geralmente apresenta forma de
folha de trevo, formando um pseudo-laço.
10 Capítulo 1 - Genes |
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O desenrolamento e a separação do DNA, referido normalmente como desnaturação pode ser induzido
experimentalmente através de um aumento da temperatura de uma solução de DNA. À medida que a
energia térmica aumenta, o aumento do movimento molecular resulta numa quebra das pontes de
hidrogénio e de outras forças que pudessem estabilizar a dupla hélice. De seguida, as cadeias separam-se e
são conduzidas individualmente através da repulsão electrostática do grupo fosfato que está contido nas
desoxirriboses de cada cadeia.
Perto da temperatura de desnaturação, um pequeno aumento da temperatura causa uma perda das
fracas interacções que mantinham as cadeias juntas ao longo de todo o comprimento da molécula de DNA,
conduzindo a uma mudança abrupta na absorvância de ultravioletas.
A temperatura de fusão (Tm) à qual as cadeias de DNA se separam, depende de diversos factores. As
moléculas que contêm uma maior proporção de pares G-C requerem uma temperatura superior para
desnaturarem devido à existência de três pontes de hidrogénio entre as duas bases, tornando-as mais
estáveis que as A-T que apenas apresentam duas pontes de hidrogénio nas suas ligações. No entanto, a
percentagem de bases G-C numa determinada molécula de DNA pode ser estimada através da temperatura
de fusão da molécula, sendo que quanto maior a percentagem de pares G-C, maior a temperatura de fusão
Tm.
| Capítulo 1 - Genes 11
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Nucleossomas
As proteínas que se ligam ao DNA para formar o cromossoma eucariótico são, tradicionalmente,
divididas em duas classes gerais: as histonas e as proteínas cromossómicas não-histónicas. O complexo das
duas classes de proteínas com o DNA nuclear é conhecido por cromatina. As histonas estão presentes em
enormes quantidades nas células, de forma a que a sua massa total de cromatina seja quase igual à massa
final de DNA.
As histonas são responsáveis pelo primeiro e mais básico nível de organização cromossómica, o
nucleossoma, o qual foi descoberto em 1974. Quando o núcleo interfásico é delicadamente rompido e o
seu conteúdo é examinado através de um microscópio electrónico, a maior parte da cromatina está na
forma de uma fibra com 30 nm de diâmetro.
A organização estrutural dos nucleossomas foi determinada depois de estes serem isolados, da
cromatina compactada pela digestão com enzimas específicas (nucleases) que quebram o DNA cortando-o
entre os cernes dos nucleossomas. Após a digestão por um curto período, o DNA exposto entre as
partículas dos nucleossomas, o DNA de ligação é degradado. Cada partícula do cerne nucleossómico
individual consiste de um complexo de oito proteínas histónicas, duas moléculas de cada uma das histonas
H2A, H2B, H3 e H4 e a dupla cadeia de DNA, que tem 146 nucleótidos de comprimento. O octâmero de
histonas forma, então, um cerne proteico ao redor do qual se enrola a dupla cadeia de DNA. Cada partícula
do cerne do nucleossoma é separada por um segmento de DNA de ligação, o qual pode variar em
comprimento desde poucos, até cerca de 80 pares de nucleótidos. Este octâmero de histonas é, finalmente,
selado por uma outra proteína histónica, H1.
Compactação da cromatina
O DNA dos eucariotas consiste em sequências únicas e repetidas. Apenas uma percentagem inferior a
5% do DNA humano codifica proteínas e RNA funcionais e as sequências reguladoras que controlam a sua
expressão. O restante é maioritariamente constituinte do DNA existente entre os genes e os intrões que se
encontram inseridos em genes. Uma grande quantidade deste DNA (cerca de 50% nos humanos) é derivado
de elementos móveis de DNA que contribuíram para a evolução dos genomas contemporâneos.
Cada cromossoma consiste numa molécula individual e comprida de DNA com um numero de 210 Mb
nos humanos, organizada em níveis sucessivamente superiores de condensação, através de proteínas
histónicas e não histónicas, com as quais se encontra altamente complexada. As moléculas de DNA de
dimensões inferiores encontram-se nas mitocôndrias e nos cloroplastos.
| Capítulo 1 - Genes 13
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Telómero – sequências de DNA existentes nas zonas terminais dos cromossomas, que impedem um
encurtamento de DNA pela acção de uma enzima específica. O telómero pode ter o comprimento de
algumas centenas de pares de bases e participa na estabilidade e na replicação do cromossoma. Um
cromossoma normal possui dois telómeros. A enzima que “protege” os telómeros designa-se telomerase,
que já não está presente na maioria das células adultas. Nas células embrionárias, existe sempre a
telomerase, na medida em que estão em constante desenvolvimento.
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| Capítulo 1 - Genes 15
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Transposões – a região central relativamente comprida, que corresponde a um elemento IS, que
codifica uma ou duas enzimas necessárias para a transposição, está bloqueada por uma sequência
repetitiva invertida em cada extremidade. Estas sequências são aparentemente idênticas, mas
estão orientadas em direcções opostas, sendo que cada uma delas é característica de um elemento
IS em particular. As sequências de 5’ para 3’ não são transpostas com o elemento de inserção,
sendo consideradas como sequências que vão ser duplicadas, com uma cópia em cada
extremidade, durante a inserção do elemento móvel. O comprimento destas sequências 5’- 3’ é
constante para um determinado elemento IS mas a sua sequência depende do locl de inserção e
ainda varia com cada transposição do elemento IS.
Víricos – a região central que codifica proteínas está delimitada por duas sequências
terminais de grande comprimento, as sequências LTR, que são específicas. Tal como outros
elementos móveis, os retrotransposões víricos apresentam sequências de destino bastante curtas
em cada extremidade. Estes retrotransposões contribuem com cerca de 4% para a constituição do
DNA humano, sendo que a replicação é feita via transcriptase reversa e DNA polimerase. Para além
disso, nestes retrotransposões também intervêm uma protease, uma Rnase H e uma integrase que
permite a integração do DNA de cadeia dupla no genoma da célula hospedeira.
Não víricos – contrariamente aos víricos, não possuem sequências LTR, mobilizam-se na
forma de RNA, repetem-se bastantes vezes no genoma e não estão agregados como o DNA satélite.
São de dois tipos principais:
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LINE. Apresenta regiões ricas em A/T e se houver um elemento L1, então ele vai assegurar a
transposição dos restantes.
- cerca de 50bp nas repetições invertidas a ladear a - cerca de 250 a 600bp nas sequências repetidas directas
transposase; (LTR), que ladeiam a transcriptase reversa, integrase e
proteínas retrovíricas tipo Gag;
- fazem a excisão ou copiam o DNA e a inserção no local
alvo; - saltam via intermediário de RNA feito a partir da RNA
polimerase II, que se liga ao do promotor de LTR
- IS1 e IS10. esquerdo, e inserem-se no local alvo na forma de DNA de
cadeia dupla (transcriptase reversa);
Transposões bacterianos
- elemento Ty (levedura) e elemento copia (Drosophila).
- contêm gene que confere resistência a antibióticos
entre os elementos IS;
- Tn9.
- têm repetições invertidas a ladear a região codificante - comprimento variável com regiões ricas em A/T,
que contém intrões; codificam para a transcriptase reversa;
- excisão do DNA e inserção no local alvo; - transcrição para RNA a partir de promotor interno,
transcriptase reversa forma DNA de cadeia dupla e
- elementos P (Drosophila) e elementos Ac e DS (milho). inserção no local alvo;
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O código genético é o conjunto de regras através das quais a informação codificada no material
genético (sequências da DNA ou RNA) é traduzida para proteínas (sequências de aminoácidos) por células
vivas. Mais especificamente, o código genético define uma correspondência entre codões e aminoácidos:
cada tripleto de nucleótidos numa sequência de ácido nucleico especifica apenas um aminoácido.
Degenerado – O código é altamente degenerado na medida em que mais do que um codão pode
especificar o mesmo aminoácido (excepção feita à metionina e ao triptofano, que são ambos especificados
por um único codão). Os diferentes codões que especificam o mesmo aminoácido são designados por
sinónimos. Devido à degenerescência do código, podem ocorrer várias alterações num gene (mutações)
que não terão qualquer efeito na composição do produto génico (mutações silenciosas ou mutações com o
mesmo sentido).
Não tem vírgulas – O código genético é lido seguido, na totalidade, desde o codão de iniciação até
um dos codões de terminação.
Codão específico de iniciação – A iniciação da tradução dá-se sempre com o codão AUG e com um
tRNA iniciador que transporta o aminoácido metionina (logo, todas as proteínas vão ter a metionina como
primeiro aminoácido).
Codões específicos de terminação – Existem três codões que não são reconhecidos por nenhum
tRNA: UAA (ochre), UAG (amber) e UGA (opal). São designados por codões sem significado, codões de
terminação ou codões de paragem, porque actuam como o ponto final no fim duma frase, isto é,
constituem parte do sinal de que a síntese da proteína deverá parar nesse ponto.
20 aminoácidos e 4 nucleótidos – são necessários três grupos de quatro bases diferentes para se
constituírem os 20 aminoácidos existentes.
8 famílias de codões – em que os dois primeiros nucleótidos são idênticos e têm o mesmo
significado e o terceiro não tem qualquer significado na especificação do aminoácido.
7 pares de codões – que representam o mesmo aminoácido independentemente do terceiro
nucleótido poder ser qualquer uma das pirimidinas.
5 pares de codões – em que qualquer purina pode preencher o terceiro nucleótido sem que haja
alteração do aminoácido codificado.
3 codões – cujo significado é determinado pela presença de uma base particular na terceira
posição: AUG (met), UGG (trp) e UGA (stop).
3. Conceito de wobble
Se o emparelhamento de bases perfeito de Watson-Crick fosse exigido entre codões e anticodões, as
células conteriam exactamente 61 espécies diferentes de tRNA, uma para cada codão que especificasse um
aminoácido.
Contudo, muitas células contêm menos de 61 tRNAs (têm, na realidade, 32). A explicação para o
pequeno número assenta na capacidade de um único anticodão de tRNA reconhecer mais do que um (mas
não necessariamente todos) codão correspondente a um dado aminoácido. Este reconhecimento pode
ocorrer devido ao emparelhamento não regular entre bases na que é conhecida por posição wobble
(terceira base do codão de mRNA, correspondendo à primeira no seu anticodão). A primeira e segunda
bases do codão formam, normalmente, pares de bases Watson-Crick com a terceira e segunda do
anticodão correspondente, respectivamente.
3. Características da replicação
3.1. Semi-conservativa
Cada cadeia parental serve de modelo para a síntese de uma cadeia filha que lhe é complementar,
processo que culmina com a obtenção de duas moléculas filha idênticas ao duplex inicial.
3.2. ARS
Qualquer segmento de DNA que tenha uma origem deve conseguir replicar-se. Então, apesar de os
plasmídeos serem raros nos eucariotas, pode ser possível construí-los a partir de manipulação in vitro. Até
agora foi conseguido nas leveduras. Um fragmento transformante de alta frequência possui uma sequência
que confere a capacidade para replicar eficientemente nas leveduras, sequência essa denominada ARS
(autonomously replicating sequence), que deriva de origens de replicação.
4. Replicões
Replicão é uma molécula de DNA ou RNA, ou uma região no DNA ou RNA que replica a partir de uma
única origem de replicação. É o local onde se dá um acto individual de replicação. O replicão é definido pela
sua posse no controlo de elementos necessários à replicação, e tem uma origem na qual a replicaão
começa. Pode também ter um local de terminação, onde a replicação pára.
Para a maior parte dos cromossomas procariotas, o replicão é um cromossoma completo. Plasmídeos e
bacteriófagos também são replicados como replicões únicos.
6. Replicação em procariotas
A replicação do DNA em E. coli é bidirecional e originada numa única origem do replicação (OriC). A
iniciação da replicação é mediada pela DnaA, uma proteína que se liga a uma região da origem conhecida
como a DnaA box. Na E. coli, há 5 DnaA boxes, cada qual contém uma sequência altamente conservada 5 ' -
TTATCCACA - 3 ' do consenso 9bp. A ligação da DnaA a esta região faz com que se torne negativamente
superenrolada. Depois desta, uma região de OriC acima das DnaA boxes separa-se. Há três destas regiões, e
cada uma tem o comprimento de 13bp, e são ricas em AT (que facilita obviamente a quebra, porque é
requerida menos energia para quebrar as duas ligações do hidrogénio que se formam entre nucleótidos de
A e de T). Esta região tem a sequência 5 ' - GATCTNTTNTTTT - 3 do consenso. A quebra das DnaB boxes
requer ATP (que é hidrolisado pela DnaA). Depois da quebra, a DnaA recruta um hexâmero de helicases
(seis proteínas de DnaB) às extremidades opostas do DNA quebrado. Este é o local onde a forquilha de
replicação se formará. O recrutamento da helicase requer seis proteínas de DnaC, cada uma unida a uma
subunidade da helicase. Uma vez que este complexo é formado, cinco proteínas adicionais de DnaA ligam-
se às cinco proteínas originais de DnaA para formar cinco dímeros de DnaA. A DnaC é, então, liberta e o
complexo prepriming está completo. Para que a replicação continue, é necessário SSB para impedir que as
duas cadeias de DNA originem estruturas secundárias e se religuem, e DNA girase para aliviar o stress
(criando superenrolamentos negativos) criado pela acção da helicase de DnaB. O desenrolar do DNA pela
helicase de DnaB permite que a primase (DnaG) e a polimerase do RNA preparem cada molde do DNA de
modo que a síntese do DNA possa começar.
Origem de replicação activa – sequência particular de DNA na qual a replicação é iniciada. A partir
deste ponto a replicação pode proceder-se unidireccionalmente ou bidireccionalmente.
Helicases II e III (5’-3’) e Rep (3’-5’) - quebram as pontes de hidrogénio entre bases
complementares das duas cadeias.
Proteínas que se ligam ao DNA: SSB (ligam-se à cadeia de modo a que não se restabeleça a dupla
hélice, enquanto as outras enzimas não estão ainda a actuar), DnaA (factor de iniciação da replicação que
promove a desnaturação do DNA no local de replicação activa) e DnaC (proteína reguladora da DnaB).
Primer ou iniciador - sequência de bases de RNA que vão iniciar a síntese.
Primases (forma de RNA polimerase que se liga à DNA helicase, formando o primossoma) e
proteínas associadas: DnaB (enzima que abre a forquilha de replicação durante a replicação), DnaT, DnaC,
priA, priB, priC
DNA polimerases I, II e III – I, de 5’ para 3’ apresenta actividade de DNA polimerase, de 3´para 5’
apresenta actividade de exonuclease, estando envolvida na correcção e reparação de erros, sintetiza nos
locais em que a RNase H removeu o primer; II está envolvida na reparação de erros de 5’ para 3’ e tem a
função de exonuclease de 3’ para 5’; holoenzima DNA polimerase III é o principal complexo enzimático
envolvido na replicação de DNA procariótico e trabalha em conjunto com outras DNA polimerases,
reparando erros, sintetiza a partir do primer.
Ribonuclease H (RNase H) – endonuclease não específica que cataliza a quebra a ligação 3’-O-P do
RNA, transformando num duplex DNA/RNA para levar a produtos 3’-hidroxilados e 5’-fosfatados.
Topoisomerases I e II (girase) – I hidrolisa uma cadeia de cada vez, II hidrolisa duas cadeias de cada
vez. Removem (decatenização) ou induzem (catenização) o superenrolamento da cadeia cortando-a em
locais estratégicos.
DNA ligase – liga os nucleótidos de modo a formar-se uma cadeia.
6.3. Replissoma
O replissoma é constituído por duas DNA polimerase III que, por sua vez, são constituídas por três
subunidades: uma com actividade de polimerização, uma com capacidade de detectar erros e uma que
estimula a procura de erros.
É usada em laboratório para síntese de DNA in vitro por um processo designado por nick translation
(com incorporação de nucleótidos radioactivos).
O processo de junção de dois fragmentos de Okazaki implica a remoção do RNA iniciador existente
no fragmento de Okazaki a partir da sua extremidade 5’ por uma enzima do tipo RNAse com actividade
exonucleásica 5’-3’.
Ao mesmo tempo, para preencher esse espaço, são adicionados novos nucleótidos na extremidade
3’ do fragmento de DNA que lhe fica adjacente, com a ajuda de uma das DNA polimerases que constituem
o complexo de replicação.
Os dois fragmentos de DNA são finalmente ligados um ao outro pela DNA ligase, que estabelece a
ligação fosfodiester final entre o grupo 3’-OH do último nucleótido do primeiro fragmento de Okazaki e o
alfa-P da extremidade 5’ do fragmento de Okazaki adjacente que acabou de ser sintetizado.
De modo a aliviar a tensão de torção das cadeias durante o seu desenrolar pela helicase, as
topoisomerases vão igualmente actuar neste processo.
7. Replicação em eucariotas
α β γ δ ε
Funções:
Leading Lagging
1
actividade presente nas proteínas associadas
2
Proliferanting Cell Nuclear Antigen
3
envolvida na reparação relacionada com a transcrição
Proteínas SSB (single stranded binding proteins) – ligam-se à cadeia de modo a que não se
restabeleça a dupla hélice, enquanto as outras enzimas não estão ainda a actuar.
PCNA – desloca a DNA polimerase alfa e permite a ligação da DNA polimerase delta nas duas
cadeias.
RFC (replication factor C) – estimula a actividade de DNA polimerase alfa
ORC (origin-recognition complex) – determina onde ocorre o início de replicação. Requer as proteínas
ORC2-6 e ORC1.
Telomerase:
9. Tipos de replicação
32 Capítulo 4 – Transcrição |
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Capítulo 4 – Transcrição
1. Síntese do RNA
A transcrição começa com a abertura e despiralização de uma pequena porção da dupla hélice de DNA,
para expôr as bases em cada cadeia de DNA. Uma das duas cadeias da dupla hélice de DNA age, então,
como um molde para a síntese de uma molécula de RNA. Tal como no processo de replicação do DNA, a
sequência de nucleótidos da cadeia de RNA é determinada pela complementaridade do emparelhamento
de bases entre os nucleótidos a serem incorporados e o DNA-molde.
A cadeia de RNA produzida por transcrição – o transcrito – é, portanto, aumentanda num nucleótido
por processo e possui uma sequência de nucleótidos exactamente complementar à cadeia de DNA utilizada
como molde.
| Capítulo 4 – Transcrição 33
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Apesar destas pequenas diferenças químicas, o DNA e o RNA diferem drasticamente nas suas
estruturas como um todo. Enquanto o DNA ocorre sempre nas células como uma cadeia de dupla hélice, o
RNA apresenta-se com uma cadeia simples. Portanto, as cadeias de RNA podem dobrar-se sob diversas
formas, do mesmo modo que uma cadeia de polipéptidos pode dobrar-se, resultando na conformação final
de uma proteína.
A libertação quase imediata da cadeia de RNA do DNA, conforme a primeira está a ser sintetizada,
significa que muitas cópias de RNA podem ser produzidas a partir do mesmo gene num período de tempo
relativamente pequeno; a síntese de moléculas de RNA adicionais pode ser iniciada antes que a do primeiro
RNA tenha terminado. Quando várias moléculas de RNA polimerase usam a mesma região como molde,
deixando um pequeno intervalo entre si, cada uma sintetizando aproximadamente 20 nucleótidos por
segundo, podem ser sintetizados mais de mil transcritos numa hora, a partir de um único gene.
Apesar de a RNA poliermase catalisar essencialmente a mesma reacção química que a DNA
polimerase, existem algumas diferenças importantes entre estas duas enzimas:
34 Capítulo 4 – Transcrição |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
RNA mensageiro (mRNA) – moléculas de RNA que são copiadas a partir desses genes de DNA que
especificam a sequência de aminoácidos das proteínas.
RNA de transferência (tRNA) – formam os adaptadores que seleccionam aminoácidos e os colocam
no local adequado dos ribossomas para serem incorporados em proteínas.
RNA ribossómico (rRNA) – formam o cerne dos ribossomas.
RNA nuclear (snRNA) – direccionam o splicing do pré-RNA para formar o mRNA.
RNA nucleolar (snoRNA) – utilizados para processar e modificar quimicamente os rRNAs.
Outros RNA não codificantes – actuam em diversos processos celulares, incluindo a síntese de
telómeros, a inactivação do cromossoma X e o transporte de proteínas para o retículo endoplasmático.
1.4. Hibridização
Quando uma solução aquosa de DNA é aquecida até 100ºC ou exposta a um pH muito alto (pH ≥
13), a complementaridade de bases, que normalmente mantém as duas cadeias da dupla hélice unidas, é
rompida, e a dupla hélice dissocia-se rapidamente em duas cadeias simples. Este processo, designado de
desnaturação de DNA, foi considerado irreversível por vários anos. Em 1961, entretanto, foi descoberto
que cadeias simples complementares de DNA reconstituíam prontamente duplas hélices através de um
processo designado hibridização ou renaturação de RNA, se fossem mantidas por um período prolongado
de tempo a 65 ºC. Podem ocorrer reacções similares de hibridização entre quaisquer duas fitas simples de
cadeias de ácidos nucleicos (DNA/DNA, RNA/RNA ou DNA/RNA), desde que tenham sequências de
nucleótidos complementares.
Hibridização DNA-RNA – cada transcrito de RNA é complementar para uma única cadeia da
molécula parental de DNA. Cada uma das cadeias simples de DNA é transcrita de forma assimétrica,
ou seja, apenas uma cadeia é transcrita num local em particular. Desta forma, a direcção de
transcrição é diferente e oposta nas duas cadeias simples de DNA.
| Capítulo 4 – Transcrição 35
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
A holoenzima da E. Coli é formada por cinco subunidades, constituídas por entidades proteicas
diferentes, designadas α, β, β’ e σ, que na enzima activa se apresentam organizadas num complexo
constituído por duas cadeias α, uma cadeia β, uma cadeia β’ e uma cadeia σ. A core enzyme, de estrutura
α2ββ’, tem a propriedade de catalizar a elongação das cadeias de RNA, mas depende da subunidade σ para
poder iniciar a transcrição. A iniciação da transcrição é condicionada pela ligação do complexo aos sítios
específicos do DNA, que correspondem ao início de cada gene, inscrito no genoma celular sem soluções de
continuidade física.
A cadeia β é responsável pela fixação dos nucleósidos trifosfato da ribose, precursores do RNA,
propriedade experimentalmente demonstrada mediante utilização de análogos radioactivos destes
substratos.
A cadeia β’ apresenta carácter básico acentuado, e determina a ligaçao do complexo enzimático ao
DNA molde, que como se sabe tem carácter ácido.
O factor σ determina o reconhecimento da região promotora de cada gene, sendo portanto
essencial à iniciação correcta da transcrição dos genes bacterianos. A ligação do factor σ modifica a
conformação da core enzyme, conferindo-lhe a capacidade de reconhecer o DNA àquele nível específico. O
factor σ da RNA polimerase DNA dependente que actua normalmente na transcrição de todos os genes
bacterianos é designado por σ70, devido à sua massa molecular de 70 kDa.
36 Capítulo 4 – Transcrição |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Constata-se que os promotores fortes de E. Coli, mais eficazes por permitirem uma frequência
elevada da transcrição do gene adjacente, são constituídos por sequências de estrutura muito próximas da
dos elementos canónicos. Em contrapartida, os promotores fracos, que determinam a iniciação da
transcrição de um gene a taxas muito inferiores, apresentam substituições de nucleótidos a nível das
sequências localizadas a -10 e a -35.
Este facto demonstra-se por experiências de mutagénese dirigida, em que são introduzidas, in
vitro, modificações a nível de uma ou de várias bases dos elementos de consenso da região promotora,
quer na sequência -10, quer na sequência -35. A substituição de uma única base pode produzir uma baixa
importante, ou mesmo uma perda completa, da actividade promotora do elemento.
| Capítulo 4 – Transcrição 37
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
2.3. Footprinting
O ensaio de footprinting consiste em submeter o fragmento de DNA, que contém a região
promotora do gene, - previamente marcado a nível de uma extremidade de uma das cadeias e ligado à
enzima –, a uma hidrólise controlada. Daí
resulta o corte de todas as ligações
fosfodiéster acessíveis, logo que exclui os
segmentos de DNA que se encontram
protegidos pela ligação à RNA polimerase.
38 Capítulo 4 – Transcrição |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
1 – amostras incubadas separadamente, na presença e na ausência de RNA polimerase. (ou outra proteína
de ligação ao DNA).
2 – hidrólise pela DNase, em condições controladas, de modo a assegurar o corte sequencial da cadeia. O
segmento de DNA que se encontra ligado à proteína é protegido da degradação pela nuclease.
4 – análise dos fragmentos de DNA produzidos em 2, por electroforese seguida de autorradiografia. No gel
de sequenciação, observa-se a ausência do segmento de DNA protegido pela proteína, na amostra (pista da
esquerda). A respectiva sequência nucleotídica é lida na pista da direita.
A fixação da RNA polimerase multimérica é rápida, pois que a detenção dos promotores dos
diferentes genes se dá sem que seja necessária a abertura da dupla hélice do DNA. Subsequentemente, e
devido à desnaturação pontual induzida no DNA, a enzima ligada desloca-se ao longo do DNA molde, sem
ter que se fixar e libertar a cada passo. O nucleótido que marca o sítio de iniciação da transcrição
corresponde à posição +1 do gene respectivo, designando-se os nucleótidos situados imediatamente a
montante (5’) pelos números -1, -2, etc., e os resíduos a jusante (3’) no DNA do locus, nucleótidos +2, +3,
etc.
| Capítulo 4 – Transcrição 39
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Durante este processo, a enzima ocupa um segmento de cerca de 70 pares de bases de DNA, mas
apenas numa extensão de 17 pares de bases se dá a desnaturação pontual da hélice. Por outro lado, o
híbrido corresponde ao segmento da cadeia molde de DNA e ao RNA transcrito tem apenas existência
transitória, sendo limitado apenas a uma extensão de cerca de 12 pares de bases. Após a passagem da
enzima, a cadeia de RNA nascente é destacada da sua ligação à cadeia molde, dando lugar à imediata
reconstituição da dupla hélice do DNA, na sua forma nativa.
O complexo constituído pela RNA polimerase, pelo segmento de DNA contendo a pequena região
em que a dupla hélice se encontra desnaturada, e pela cadeia nascente de RNA é designado transcription
bubble. Em E. Coli, a transcrição é um processo muito rápido, que para a síntese dos mRNA, a 37 ºC, ocorre
à velocidade calculada de 40 a 50 nucleótidos polimerizados por segundo.
40 Capítulo 4 – Transcrição |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Contrariamente aos sinais de iniciação presentes no promotor dos genes bacterianos, os sinais de
terminação se encontram no próprio RNA em vias de transcrição e não directamente no DNA molde, quer
sejam do tipo ρ dependente ou ρ independente.
RNA polimerase I – responsável pela síntese de cerca de 80% da totalidade do RNA celular, localiza-
se no nucléolo, transcrevendo os genes dos RNA ribossomais, que conduzem à produção dos rRNA
18S; 5.8S e 28S. Esta polimerase é insensível à inibição pela α-amanitina.
| Capítulo 4 – Transcrição 41
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Em todos estes genes, uma sequência altamente conservada designada TATA box é encontrada
aproximadamente 25 a 35 pares de bases acima do local de iniciação.
Para além da TATA box existem outras regiões promotoras como a CAAT box, que contém uma
citosina na posição -1 e uma timina na posição +1, com duas adeninas pelo meio, e que se encontra cerca
de 75 a 80 pares de bases acima do local de iniciação.
Por fim, existem outros genes que não contêm TATA box nem CAAT box, apresentando uma
sequência rica em C e G com aproximadamente 40 nucleótidos, situada 100 pares de bases acima do local
de iniciação. O dinucleótido CG é estatisticamente menos representativo em DNA, sendo considerado
como uma região genómica de DNA que indica que existe uma região de iniciação da transcrição.
42 Capítulo 4 – Transcrição |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
3.3. Enhancers
A transcrição de vários genes eucariotas pode ser estimulada por elementos de controlo
localizados vários milhares de pares de bases acima do local de iniciação. Os mais encontrados são
designados por enhancers e raramente são encontrados fora de genomas eucariotas.
| Capítulo 4 – Transcrição 43
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44 Capítulo 4 – Transcrição |
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| Capítulo 4 – Transcrição 45
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
I e II, os factores de transcrição da RNA polimerase III ligam-se ao promotor do DNA em sequências
específicas.
A metade terminal-N de uma subunidade do TFIIIB, denominado BRF, é semelhante
sequencialmente ao TFIIB (um factor de transcrição da RNA polimerase II). Esta semelhança sugere que o
BRF e o TFIIB apresentem também função semelhante na iniciação, nomeadamente, para direccionar a
polimerase para o local de iniciação correcto. Assim que o TFIIIB esteja ligado a um gene de tRNA ou 5S-
RNA, a RNA polimerase III pode ligar-se e iniciar o processo de transcrição na presença de trifosfatos
ribonucleosídicos.
A subunidade BRF do TFIIIB interage especificamente com uma das subunidades da
polimerase, tendo em conta a iniciação para esta RNA polimerase específica.
Outra das três subunidades que constituem o TFIIIB é o TBP que surge aqui como
componente principal dos factores de transcrição para as 3 RNA polimerases eucarióticas.
Na maioria dos genes que codificam proteínas de transcritos nos mamíferos pela polimerase II,
assim que a polimerase transcreve cerca de cinquenta bases, a elongação progressiva é altamente
susceptível de ser processada e não termina até que uma sequência que leve ao corte e segmentação do
RNA na sequência que forma o fim da 3’ do mRNA codificado. A RNA polimerase II pode então terminar
num elevado número de locais localizados a mais de 0,5 – 2 kb além deste local de adição poly(A).
46 Capítulo 4 – Transcrição |
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Experiência bioquímicas e de imunoprecipitação de cromatina sugerem que o complexo proteico que corta
e poliadenila o mRNA nascente transcreve em sequências específicas associadas a domínios de terminais
carboxílicos fosforilados (CTD) de RNA polimerase II a seguir à iniciação. Este complexo de
corte/poliadenilação pode suprimir a terminação pela RNA polimerase II até que a sequência que assinala o
corte e poliadenilação seja transcrita pela polimerase.
Enquanto que alguma terminação da transcrição não é regulada para a maior parte dos genes, para
alguns específicos, uma escolha é feita entre elongação e terminação ou pausa entre algumas dezenas de
bases do local do início da transcrição. Esta escolha pode ser regulada; contudo, a expressão da proteína
codificada é controlada não só pela iniciação da transcrição, mas também pelo controlo antecipado na
elongação da unidade de transcrição.
4. Inibidores da transcrição
Rifamicina – holoenzima que actua na transcrição dos procariotas que inibe a iniciação.
α-Amanitina – enzima que actua na transcrição dos eucariotas. Nunca inibe a RNA polimerase I,
inibe a polimerase II e apenas inibe a RNA polimerase III em algumas espécies.
Actinomicina D – é primariamente utilizada através da sua ligação ao DNA no complexo de
iniciação da transcrição, inibindo a elongação através da RNA polimerase.
Streptolidigina – enzima central que actua sobre a transcrição dos procariotas, inibindo a sua
elongação.
Policistrónico – os mRNAs procariotas podem variar relativamente ao número de proteínas que codificam.
Alguns mRNAs representam apenas um único gene, sendo monocistrónicos, enquanto que outros (a
maioria) transportam sequências codificantes para várias proteínas, ou seja, são policistrónicos. Nestes
casos, uma molécula de mRNA é transcrita a partir de um grupo de genes adjacentes.
Cistrão – o teste de complementação é usado pra determinar se duas mutações existem no mesmo gene
ou em genes diferentes. Consiste na comparação da localização das duas mutações, sendo que seelas
existem no mesmo gene, irá existir uma diferença nos fenótipos das configurações cis e trans. Assim, a
configuração trans é mutante porque cada alelo transporta uma mutação, mas a configuração cis apresenta
umalelo com duas mutações e outro alello sem mutação. Desta forma, o mrna é um cistrão pois é a
unidade definida pelo teste de complementação.
Polaridade – o factor rho segue um percurso que estabelece uma relação entre a trancrição e a tradução,
que explica um fenómeno de ligação entre os dois processos. Nalguns casos, uma mutação nonsense num
gene de uma unidade de transcrição impede a expressão dos genes subsequentes nessa mesma unidade. A
principal causadesta característica é a falta de mrna correspondente às partes mais distantes da unidade.
Promotor – actua como iniciador da transcrição para o gene ou genes fisicamente ligados a si no
mesmo fragmento de DNA. Pode apresentar um ou mais locais reguladores sendo o mais comum a
existência de duas sequências consenso.
Repressor – esta proteína impede um determinado gene de ser expresso.
Operador – localiza-se junto do promotor actuando como alvo da proteína repressora. Quando
ocorre a ligação entre estes dois elementos, a RNA polimerase nao inicia a transcrição e a expressão
génica é interrompida (no caso de operões de controlo negativo).
Factor de transcrição – factor necessário para auxiliar a RNA polimerase na iniciação da transcrição
junto do promotor.
Genes estruturais – quaisquer genes que codifiquem para proteínas. Representam uma enorme
variedade de estruturas e funções proteicas, incluindo proteínas estruturais, enzimas com actividade
catalítica e proteínas reguladoras.
Gene regulador – descreve um gene estrutural que codifica para a proteína envolvida na regulação
da expressão de outros genes. Um gene regulador codifica para uma proteína que controla a transcrição
através da ligação a locais particulares do DNA.
Dois genes interagem de forma mais subtil quando a mesma sequência de DNA é partilhada por
duas proteínas nao homólogas. Esta situação afirma que a mesma sequência de DNA é traduzida em mais
de uma sequência de leitura. Nos genes celulares, a sequência de DNA é usualmente lida em apenas um
dos três possiveis mecanismos, mas em algns genes virais e mitocondriais, ocorre uma interacção entre
dois genes adjacentes que são lidos por formas diferentes.
2.3. Capping
A transcrição inicia-se com um nucleósido
trifosfato. O primeiro nucleótido retém o seu grupo 5’-
trifosfato e estabelece a normal ligação fosfodiéster
desde a sua posição 3’ até à posição 5’ do nucleótido
seguinte. Quando o mRNA maduro é tratado in vitro
com enzimas que o deviam degradar para nucleótidos
individuais, a extremidade 5’ não expõe o nucleósido
trifosfato. Desta forma, contém dois nucleótidos ligados
por uma ligação 5’-5’ trifosfato e também por grupos
metilo agora adicionados. A base terminal é sempre
uma guanina que é adicionada ao RNA original depois da
transcrição.
Em certos casos, os dois processos operam simultaneamente, e uma determinada porção de RNA é
removida em cadsa um deles. Noutros casos, os processos ocorrem alternativamente, sendo expressos em
condições diferentes: um num determinado tipo de células e outro noutro tipo de células.
Endonuclease – que consiste nos componentes CFI e CFII, para cortar o RNA.
Poli-A polimerase (PAP) – que sintetiza a cauda poli-A.
Componente de especificade (CPSF) – que reconhece a sequência AAUAAA e comanda as
restantes actividades.
Factor de estimulação (CstF) – condiciona a ligação de que uma sequência rica em nucleótidos de
G e U, que se encontra depois do local de clivagem.
O factor de especificidade contém quatro subunidades, que quando se encontram juntas se ligam
especificamente aoRNA que contém a sequência AAUAAA. As subunidades individuais são proteínas que
apresentam várias sequências de ligação ao RNA, mas que não se ligam obrigatória e especificamente a
essas moléculas. As interacções proteicas que existem nas subunidades podem ser necessárias para gerar o
local específico de ligação da sequência AAUAAA. O CPSF liga-se fortemente a essa sequência, mas só
quando o CstF se encontra presente para se ligar à sequência rica em G-U.
O factor de especificidade é requerido tanto para a reacção de clivagem como para a reacção de
poliadenilação. Geralmente, existe num complexo com uma endonuclease e com uma poli-A polimerase,
que comanda a clivagem seguida de poliadenilação.
Existe um intrão que tem de ser removido e para que essa remoçao tenha sucesso, na região
intrónica da extremidade 5’ tem de existir GU e na extremidae 3’ tem de existir AG. Além disso, existe uma
região a 500 pares de bases da extremidade 3’ que é rica em pirimidinas e também um ponto de
ramificação. Se houver modificações que interferem nas duas bases que delimitam o intrão, não se
consegue removê-lo. Tendo por base as regras de splicing que têm de existir, o processamento não ocorre
sem a presença de outros RNA, como os snRNAs sintetizados pela RNA polimerase II.
Os locais de splicing das extremidades 5’ e 3’ e a sequência entre elas são reconhecidos pelos
componentes do aparelho de splicing que se forma para originar um complexo de grandes dimensões. Este
complexo junta os locais de splicing das duas extremidades antes da ocorrência de qualquer reacção. O
complexo reúne-se sequencialmente com o pré-mRNA, e vários intermediários podem ser reconhecidos
por complexos fraccionados de diferentes dimensões. Desta forma, o fenómeno de splicing ocorre após
todos os componentes estarem reunidos e agregados.
O aparelho de splicing contém proteínas e RNAs, para além do pré-mRNA. Os RNAs adquirem a
forma de pequenas moléculas que existem como proteínas ribonucleoproteicas. Tanto o núcleo como o
citoplasma das células eucarióticas contêm várias espécies discretas de pequenos RNAs. Eles variam no seu
tamanho, podendo apresentar entre 100 e 300 bases nos eucariotas superiores e cerca de 1000 bases nos
eucariotas inferiores.
Os RNAs restritos ao núcleo são designados small nuclear RNAs (snRNA) e os encontrados no
citoplasma são denominados de small cytoplasmic RNAs (scRNA). No seu estado natural, existem ambos
como partículas ribonucleoproteicas (snRNP e scRNP). Coloquialmente, podem ser designados por snurps e
scyrps. Existe ainda uma pequena classe de RNAs encontrada no nucléolo – small nucleolar RNAs
(snoRNA), que está envolvida no processamento do rRNA.
As snRNPs envolvidas no splicing, juntas com várias proteínas adicionais, foram um complexo de
grandes dimensões designado spliceossoma. Isolado dos sistemas de splicing in vitro, compreende uma
partícula ribossómica aproximadamente 50-60S e geralmente pode ser formado em várias fases, à medida
que as snRNPs se vão juntando, formando complexos de pré-splicing.
Uma forma mais curta da proteína, produzida no intestino, com aproximadamente 250 kD, que
consiste na metade do terminal-N da proteína completa. É transcrita para mRNA, cuja sequência é idêntica
à interior excepto num codão.
Esta substituição ocorre pois nenhum gene ou exão alternativo está disponível no genoma para
codificar para a nova sequência, e além disso não há alteração no padrão de splicing, permitindo concluir
que a modificação foi devida a uma alteração directa na sequência do transcrito. Este tipo de adição é raro,
mas a apolipoproteína-B (apo-lipo-B) não é única.
Os eventos de RNA editing na apo-B causam a modificação da C2153 para um uracilo e nos
receptores de glutamato, a adenina passa a inosina. Estes eventos são designados de desaminações, pois o
grupo amino do anel nucleotídico é removido. Estas alterações são catalisados por enzimas designadas por
citidina e adenosina desaminases, respectivamente.
Por fim, no caso da GluR-B RNA, uma região já com bases emparelhadas, que é necessária para o
reconhecimento do local alvo de ligação, é formada entre a região editada no exão e a sequência
complementar no intrão correspondente. Desta forma, um padrão de falta de emparelhamento é criado,
pois é necessário na região entre os dois intrões complementares, sendo que diferentes sistemas de RNA
editing podem apresentar diferentes tipos de sequências específicas necessárias para o seu substrato.
3. RNA de transferência
Numa molécula de mRNA, os codões não
reconhecem directamente os aminoácidos que
determinam, por exemplo, o grupo de três nucleótidos
não se liga directamente ao aminoácido. Mais
exactamente, a tradução do mRNA em proteína
depende de moléculas adaptadoras que podem
reconhecer e se liguem ao codão, e noutra região da
sua superfície, ao aminoácido. Estes adaptadores
consistem de um conjunto de pequenas moléculas de
RNA conhecido como RNA de transferência (tRNA),
cada um com tamanho de aproximadamente 80
nucleótidos.
O transcrito primário, por sua vez, sofre três modificações sucessivas de bases, sendo duas
clivagens e uma adição. Inicialmente, a RNase P remove a extremidade 5’ leader da cadeia, depois a RNase
D remove a extremidade 3’ trailer, e por fim é adicionada uma sequência CCA na extremidade 3’. A
molécula obtida vai ser designada por transcrito intermediário.
Esta molécula vai ser alvo do processo de splicing, sendo que o objectivo é a remoção de
sequências intrónicas que existem num dos loops. Por fim, a molécula final obtida vai ser o transcrito
maduro de pré-tRNA que vai seguir o processo de processamento.
4. RNA ribossómico
No caso dos seres procarióticas, a subunidade pequena (30S) consiste no 16S rRNA e em 21
proteínas-r. A subunidade grande (50S) consiste no 23S rRNA, no 5S RNA e em 31 proteínas-r. Com a
excepção de uma proteína presente em quatro cópias por ribossoma, todas as outras só se encontram
numa única cópia. As moléculas maiores de rRNA constituem a grande parte da massa do ribossoma
procariota. A sua presença é extremamente importante, e propriamente a maior parte das proteínas
ribossómicas contactam, actualmente, com o rRNA. Desta forma, estas partículas foram o que geralmente
é designado por esqueleto de cada subunidade, que constitui uma linha contínua que determina a posição
das proteínas ribossómicas.
No caso dos ribossomas eucarióticas, estes apresentam maiores dimensões que os procariotas, pois
o conteúdo total de rRNA e proteínas é superior, as moléculas principais de rRNA são maiores e existem
mais proteínas-r. Desta forma, a subunidade maior (60S) contém o 28S, o 5.8S e o 5S rRNAs mais 49
proteínas e a subunidade menor (40S) contém o 18S rRNA e 33 proteínas.
No caso dos ribossomas procariotas, o rRNA precursor contém 5S rRNA e uma ou duas sequências
de tRNA. Existem 7 operões rrn que estão dispersos ao longo do genoma, quatro loci rrn que contém dois
genes de tRNA entre o 16S e o 23S rRNA e outro loci rrn que contém dois genes de tRNA nesta região.
Outros genes adicionais de tRNA podem ou não estar presentes entre a sequência 5S e a extremidade 3’.
Desta forma, o precursor com os subunidades 16S, 23S e 5S vai sofrer metilação e induzir a
actuação de várias RNase’s no passo seguinte – clivagem. Aqui, forma-se um intermediário 17S, por acção
da RNase III, um tRNA por acção da RNase P, um 25S pela RNase III e um 5S pela RNase E. Estes
intermediários sofrem a intervenção de nucleases que removem as sequências intrónicas e originam os
rRNAs maduros.
Este ribossoma, contém duas subunidades, sendo a maior a 50S e a menor a 30S que por sua vez se
podem subdividir em pequenas moléculas de rRNA e em proteínas ribossómicas. A maior contém o 23S e o
5S rRNA juntamente com 34 proteínas-r e a menor contém o 16S rRNA juntamente com 21 proteínas-r.
Estes ribossomas podem ser reconstituídos através de vários processos. Isso é possível através de
modificações, não só a nivel de temperatura mas também através de modificações adicionando compostos
que permitem a associaçao de partículas das subunidades ribossómicas e a associação das partículas para
obter uma partícula ribossómica completa. Embora o ribossoma seja constituído por duas subunidades,
elas não são sempre constante, logo no fim de uma reacção em que se verifica síntese proteica, pode ou
não haver reacção entre as diferentes subunidades.
Desta forma, consoante o tipo de splicing, o processamento vai conduzir à saída do intrão numa
estrutura linear no caso do splicing tipo I ou numa estrutura cíclica no splicing tipo II.
Para além disso, no processamento do rRNA, existe uma reacção de transesterificação em que a base
G vai promover o corte do intrão na extremidade 5’ devido à sua actividade de ribozima, vai promover o
corte na outra extremidade e permitir a ligação entre os dois.
No caso particular do splicing tipo II, em vez de uma guanina, é uma adenina que vai catalisar a
reacção de transesterificação, fazendo com que o intrão depois de ser cortado, saia na forma cíclica.
Neste processamento, é importante referir que por vezes podem intervir alguns mRNAs, sendo
necessária a intervenção da partícula U3.
5. Pseudogenes
Os pseudogenes (Ψ) são definidos devido ao seu conteúdo em sequências que estão relacionadas com
os genes funcionais, mas que não podem ser traduzidos numa proteína funcional. Alguns pseudognes
apresentam a mesma estrutura enquanto genes funcionais, com sequências correspondentes a exões e a
intrões nos locais usuais. Por vezes, podem tornar-se inactivos através de mutações que inibem uma ou
várias fases da expressão génica:
Os pseudogenes processados são aquelas sequências genómicas inactivas que reconhecem o transcrito
de RNA e geralmente são originados através da sua inserção num local aleatório de um produto derivado
do RNA, seguida de uma reacção de retrotransposição.
A eliminação de um par de bases no codão 20 do pseudogene β2 causou uma mutação frameshift que
poderia conduzir à terminação logo de seguida. Vários pontos mutantes produziram alterações nos codões
que representavam aminoácidos que são considerados altamente conservados nas globinas β. Nenhum dos
dois intrões vai possuir extremidades reconhecíveis com os exões, fazendo com que provavelmente os
intrões possam não sofrer splicing quando o gene é transcrito. No entanto, verifica-se que não existem
quaisquer transcritos correspondentes ao gene, possivelmente devido a alterações na região de corte da
extremidade 5’.
Se o pseudogene se tornou inactivo assim que foi produzido pela duplicação da β1, pode esperar-se
que o local de substituição e de manutenção apresentem características semelhantes. No entanto,
actualmente existe um menor número de locais de substituição do que de manutenção. Isto sugere que no
início (quando o gene era expresso) existiam selecções em comparação às substituições, permitindo
distinguir o tempo de inactivação do gene activo, devido a mutações.
Desta forma, o gene da β1 globina foi activo há cerca de 55 milhões de anos, mas o pseudogene da
mesma globina, foi inactivo há 35 milhões de anos.
Capítulo 6 – Tradução
| Capítulo 6 – Tradução 67
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Erros na transcrição
Os erros em transcrever o mRNA são raros, tendo, provavelmente, uma quantidade inferior a 10-6. Este
é um estágio importante a controlar, porque uma única molécula de mRNA é traduzida em muitas cópias
da proteína, não existindo ainda grandes conhecimentos acerca dos mecanismos que intervêm nestes
processos.
Geralmente, o ribossoma pode fazer dois tipos de erros na síntese da proteína. Pode causar um
frameshift saltando uma base quando lê o mRNA (ou no sentido inverso lendo uma base duas vezes, uma
vez que a última base de um codão e outra vez com a primeira base do codão seguinte). Estes erros são
raros. No segundo erro, pode permitir que um aminoacil-tRNA incorrecto seja emparelhado com um codão,
de modo que o a.a. errado seja incorporado. Este é provavelmente o erro mais comum na síntese da
proteína e é controlado pela estrutura e pela velocidade do ribossoma.
Uma tRNA sintetase pode fazer dois tipos de erro. Pode colocar o aminoácido errado no seu tRNA; ou
pode carregar o a.a. com o tRNA errado. A incorporação do a.a. errado é mais comum, provavelmente
porque o tRNA oferece uma superfície maior como a superfície em que a enzima pode fazer muitos mais
contactos para assegurar a especificidade.
68 Capítulo 6 – Tradução |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
1. Iniciação
O codão AUG representa a metionina, e dois tipos de tRNA podem transportar este aminoácido
consigo. Um deles é usado para a iniciação enquanto que o outro tem a capacidade de reconhecer os
codões AUG durante a elongação.
Nas bactérias e nas organelas eucarióticas, o tRNA iniciador transporta um resíduo de metionina
que tinha sido formilado no seu grupo amino, formando uma molécula de N-formil-metionil-tRNA, também
conhecido por tRNAfMet. O nome do aminoacil-tRNA é usualmente abreviado para fMet-tRNAf.
Este RNA é, então, usado apenas para a iniciação. Isto acontece porque ele reconhece os codões
AUG ou GUG (ou, por vezes, UUG). Os codões não são reconhecidos de forma igual, porque a extensão da
fase de iniciação rejeita cerca de metade dos codões quando o
codão AUG é substituído pelo codão GUG e rejeita cerca de
outra metade quando o UUG é utilizado.
| Capítulo 6 – Tradução 69
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aumenta a eficiência com a qual o Met-tRNAf é utilizado, na medida em que é uma das funções
reconhecidas pelo factor IF-2 que se liga ao tRNA iniciador.
As bases que se encontram frente a frente na última posição da cadeia, às quais o aminoácido se
liga, estão emparelhadas em todos os tRNAs excepto no tRNAfMet. Algumas mutações podem criar
um emparelhamento de bases nesta posição do tRNAfMet e permitem que ele actue como
elongador. A falta deste par é, no entanto, importante para impedir que o tRNAfMet seja utilizado na
elongação e para o desenrolar da reacção de formilação.
Um conjunto de três pares G-C, no final da cadeia, que precede o anel contendo o anticodão é
único para o tRNAfMet. Estes pares de bases são necessários para permitir que o fMet-tRNAf seja
inserido directamente no local P do ribossoma.
Quando a subunidade maior entra para o complexo, os locais parciais de ligação do tRNA são
convertidos para os locais P e A intactos. O fMet-tRNAf iniciador ocupa então o local P e o local A
permanece disponível para a entrar de um aminoacil-tRNA complementar para o segundo codão do gene.
Assim, a primeira ligação peptídica forma-se entre o iniciador e o aminoacil-tRNA seguinte.
A iniciação começa totalmente quando um codão AUG (ou GUG) se encontra num local de ligação
ribossómico, pois apenas o tRNA iniciador pode entrar para o local P criado quando a subunidade 30S se
liga novamente ao mRNA. A leitura interna inicia-se subsequentemente quando os codões são enfrentados
por um ribossoma que se encontra a traduzir continuamente o mRNA, por apenas os aminoacil-tRNAs
regulares poderem estar no local A (completo).
70 Capítulo 6 – Tradução |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Por fim, a ligação da subunidade ribossómica 50S ocorre e os factores IF1 e IF2-GDP libertam-se,
juntamente com um Pi.
O eIF2 vai, então, ligar-se à molécula de tRNA, fazendo com que esta molécula se possa ligar ao local P
do ribossoma. No entanto, esta molécula pode sofrer alterações e deixa de se poder ligar ao tRNA, sendo
necessários novos mecanismos de regulação.
| Capítulo 6 – Tradução 71
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
O eIF2 na forma inactiva tem ligado a si GDP e na forma activa, troca para GTP. Para isso, é necessário
que o eIF2 sofra fosforilação através de cinases.
As duas subunidades do ribossoma estão separadas no citosol. A pequena está ligada ao eIF3 e a grande
está ligada ao eIF6, sendo que quando se encontram neste forma, perdem a capacidade de se unir e
impedem o decorrer da tradução. Por sua vez, o eIF2 que permanece ligado ao GTP, pode associar-se ao
aminoacil tRNA e para se conseguir ligar ao local P do ribossoma, tem de estar aqui associada a subunidade
menor, ligando-se ao eIF1A, e formando um complexo de pré-iniciação (tem esta designação porque ainda
não começou a síntese).
Depois de a molécula ter o eIF4, o complexo de iniciação liga-se, iniciando a síntese da molécula de RNA.
No entanto, se o tRNA está ligado a outras moleculas, caso haja um novo aminoacil tRNA não vai ter
capacidade de se ligar.
Quando se forma o complexo de iniciação, liga-se à molécula de RNA na extremidade 5’ e segue até
encontrar o codão AUG. Quando o encontra, dá-se o estabelecimento de pontes de hidrogénio entre o
codão e o anticodão presente a nível do RNA. Quando há pontes de hidrogénio, a subunidade maior pode
então ligar-se, mas inicialmente o GTP hidrolisa-se e o eIF2 deixa de ter capacidade de ligação e todos os
factores ligados até ao momento, desligam-se também.
A partir deste momento, a subunidade maior do ribossoma já tem a capacidade de se associar à menor.
No entanto, como tem ligado a si o eIF6, impede esta conexão, necessitando de um novo factor activo com
uma molécula de GTP que permita a ligação do eIF6 à subunidade menor, o IF5. Assim que a ligação ocorre,
os factores eIF5 e eIF libertam-se, juntamente com a GTP, permitindo que finalmente se inicie a síntese do
peptídeo.
2. Elongação
A elongação corresponde à etapa da formação da cadeia peptídica, ou seja, a síntese da ligação
peptídica entre aminoácidos ordenados segundo a informação transmitida pelo mRNA. Este processo
ocorre nos ribossomas em 3 fases de um ciclo que se repete continuamente. Este ciclo, que permite a
ligação de cerca de 40 resíduos por segundo, envolve a participação de vários factores proteicos designados
por factores de elongação (EFs).
Com o terminar da etapa de iniciação, as subunidades ribossomais voltam a estar ligadas, o que permite
ocorrer o emparelhamento de um outro tRNA transportando o aminoácido correspondente ao segundo
72 Capítulo 6 – Tradução |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
codão de leitura. Subsequentemente, pode-se formar a primeira ligação peptídica, ou seja, começa a
elongação.
Um aminoacil-tRNA é endereçado para o centro A num complexo que envolve uma molécula de
GTP associada ao factor EF-1ª (EF-Tu nas bactérias) e, subsequentemente, dá-se o emparelhamento entre o
anticodão do tRNA e o respectivo codão do mRNA no centro A. Este emparelhamento de bases está
associado com a activação do domínio GTPase do factor de elongação e, com hidrólise do GTP, é dissociado
o aminoacil-tRNA do complexo que ocupa o centro A. O GDP dissociado do factor EF1A/EF-Tu é substituído
posteriormente por GTP;
A ligação peptídica é sintetizada, na segunda fase do ciclo, por deslocamento nucleofílico do
tRNA do centro P pelo grupo amino do aminoacil-tRNA do centro A. Esta fase designada por
transpeptidação é catalisada pela enzima peptidil-transferase que estabelece a ligação peptídica entre o
grupo amino do aminoácido do centro A e o grupo carboxilo do outro aminoácido;
Posteriormente, ocorre a transferência do peptidil-tRNA do centro A para o centro P e a saída do
tRNA do centro P. Esta deslocação é concomitante com o posicionamento do tRNA que “perde” o
aminoácido para o centro E (exit). Esta etapa envolve a participação do factor de elongação EF2 (EF-G nas
bactérias) que se liga ao ribossoma juntamente com GTP, dissociando-se do ribossoma com hidrólise de
GTP, permitindo deste modo o reinício de um novo ciclo de elongação.
3. Terminação
A terminação requer um só factor de dissociação RF, que se liga ao ribossoma juntamente com GTP. É
na forma associada ao GTP que este factor reconhece o codão de terminação e induz a hidrólise da ligação
aminoacil. A ligação de um factor RF ao codão de terminação induz a hidrólise da ligação do polipéptido ao
tRNA. Este tRNA dissocia-se do ribossoma com hidrólise de GTP e, subsequentemente, o mRNA juntamente
com os factores RF-1 e RF-3 dissocia-se do ribossoma, resultando um ribossoma 70S inactivo e pronto a
participar novamente na síntese de proteínas.
| Capítulo 6 – Tradução 73
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Na E. Coli, os codões de terminação, para os quais não existem tRNA com os correspondentes
anticodões, são reconhecidos pelos factores de terminação/dissociação, designados por RF1, RF2 e RF3. O
factor RF1 reconhece os codões UAA e UAG e o factor RF2 reconhece UAA e UGA. O factor RF3 liga-se ao
GTP e estimula a ligação do RF1 e RF2 ao ribossoma.
Por sua vez, o GTP intervém nas alterações conformacionais e na capacidade de verificação.
4. Polissoma
A distribuição espacial dos ribossomas no citosol ou no RER não é completamente aleatória. Muito
frequentemente, a análise por TEM revela a existêcnia de agrupamentos ribossomais formando uma
espécie de rosário. Tais estruturas representam vários ribossomas no processo de tradução de uma mesma
molécula de mRNA e designam-se por poliribossomas ou polissomas.
A distância mínima que separa cada um dos ribossomas nestas estruturas é cerca de 80 nucleótidos.
Apesar da complexidade ultrastutural e molecular do ribossoma, foi possível constatar a presença de várias
zonas específicas de ligação para as diferentes moléculas de RNA que com ele interactuam localizadas nas
subunidades ribossomais a que foram dados o nome de centros. Um centro para o mRNA, centro este por
onde o mRNA desliza à medida que vai sendo traduzido. Dois centros recebem tRNA e localizam-se em
zonas adjacentes no ribossoma. Um deles é o chamado centro P ou centro peptidil que recebe a molécula
do tRNA covalentemente ligada à extremidade da cadeia polipeptídica em crescimento. O outro, chamado
centro A ou centro aminoacil recebe a molécula de tRNA que contém o aminoácido que vai ser incorporado
na cadeia polipeptídica.
74 Capítulo 6 – Tradução |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Tendo em vista que bloqueiam etapas específicas nos processos que levam do DNA à proteína, muitos
dos compostos inibidores são utilizados para estudos de biologia celular. Entre as drogas mais comumente
utilizadas em estudos experimentais estão o cloranfenicol, a cicloexamida e a puromicina, todos inibindo
especificamente a síntese proteica.
Rifamicina Bloqueia a iniciação das cadeias de RNA por meio da ligação à RNA polimerase, evitando
a síntese de RNA.
| Capítulo 6 – Tradução 75
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Puromicina Causa a libertação prematura das cadeias polipeptídicas em formação por meio de sua
adição à extremidade da cadeia em crescimento.
Actinomicina D Liga-se ao DNA e bloqueia o movimento da RNA polimerase, evitando a síntese de RNA.
α-Amanitina Bloqueia a síntese de mRNA por meio da sua ligação preferencial à RNA polimerase II.
76 Capítulo 6 – Tradução |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Como resultado, depois de um período curto de incubação, os ribossomas são isolados. Desta forma,
quando se comparam os ribossomas de cada um dos tubos, obtêm-se resultados distintos para cada um
deles. No caso do primeiro tubo, quando a síntese proteica ocorre, são isolados numerosos ribossomas
híbridos devido à troca de subunidades no interior de cada ribossoma, como por exemplo a formação de
ribossomas 30S “pesados”, 50S “leves”, etc.. No caso do segundo tubo, quando a síntese proteica é
bloquada, não pode ocorrer qualquer troca das subunidades ribossómicas e não são isolados nenhuns
ribossomas híbridos.
Procariotas:
Eucariotas:
| Capítulo 6 – Tradução 77
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
78 Capítulo 6 – Tradução |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
| Capítulo 6 – Tradução 79
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
tradução. Quando o ribossoma se encontra anexado à membrana, significa que o papel da SRP e do seu
receptor já foi desempenhado, podendo agora ser reciclados e livres para auxiliarem um outro polipéptido
nascente na membrana.
80 Capítulo 6 – Tradução |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
As vesículas são utilizadas para transportar proteínas tanto para dentro como para fora da célula. A
secreção de proteínas designa-se exocitose, enquanto que a interiorização de proteínas se designa
endocitose. Os percursos para o movimento vesicular são diferentes consoante os mecanismos utilizados e
apesar do ciclo de transporte para cada vesícula ser similar, estes variam consoante se exportam ou
importam proteínas.
| Capítulo 6 – Tradução 81
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Capítulo 7 – Recombinação
A recombinação permite:
Reparação do DNA;
Manipulação de genes;
Eliminação de genes mutados;
Expressão de proteínas diferentes;
Determinação da distância e posição relativa entre genes.
Três tipos de recombinação que partilham o processo que envolve trocas físicas de material entre
cadeias de DNA (ou de RNA que dá origem a DNA posteriormente):
A principal característica é que as enzimas responsáveis pela troca, podem usar qualquer sequência
homóloga como substrato, embora haja sequências que são mais favoráveis que outras. A frequência de
recombinação não é constante durante todo o genoma, mas é influenciada por efeitos globais e locais. A
frequÊncia depende também da estrutura do cromossoma – por exemplo, o crossing-over é suprimido nas
regiões condensadas e inactivas da heterocromatina.
82 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
O início da meiose é marcado pelo ponto em que cada cromossoma se torna visível. Cada um destes
cromossomas foi replicado previamente, constituído por duas cromossomas, cada um com uma dupla
cadeia de DNA. Os cromossomas homólogos aproximam-se e começam a emparelhar numa ou mais regiões
formando bivalentes. O emparelhamento extende-se até todo o comprimento de cada cromossoma estar
oposto ao seu homólogo – emparelhamento de cromossomas. No final, os cromossomas estão todos
associados lateralmente na forma de um complexo sinaptonémico que consiste numa estrutura proteica
que permite o alinhamento correcto dos cromossomas homólogos que constituem o bivalente (cada gene é
colocado diante do seu alelo do cromossoma homólogo) e que fornece o suporte necessário à
recombinação não estando envolvido no processo.
A recombinação entre cromossomas homólogos envolve a troca física entre algumas partes,
usualmente representadas por quebra e reunião, em que dois cromatídeos não irmãos (contendo cada um
uma cadeia dupla de DNA) são quebrados e depois se ligam um com o outro. Quando os cromossomas
começam a separar-se, os pontos de quiasmata tornam-se evidentes, sendo que o quiasmata é o local onde
ocorre a recombinação.
| Capítulo 7 – Recombinação 83
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Este fenómeno ocorre apenas entre sequências homólogas, sendo possível ocorrer entre qualquer par,
dessas sequências correspondentes, das duas moléculas, de uma maneira muito específica que permite
que o material seja trocado com precisão ao nível de cada par de bases.
Nenhuma sequência de nucleótidos é alterada no local de troca; normalmente ocorre alguma replicação
de DNA, mas os eventos de clivagem e religação acontecem de modo tão preciso que nenhum nucleótido é
perdido ou adicionado.
O local de ligação das duas moléculas de DNA forma DNA heteroduplex que consiste de uma parte de
cada cadeia simples de cada DNA duplo (híbrido).
Conceitos gerais:
- A recombinação é iniciada efectuando uma quebra na dupla cadeia numa dupla hélice de DNA;
- Acção da exonuclease gera uma cadeia simples com terminal 3’, permitindo a invasão na outra
dupla cadeia de DNA.
84 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
- Isto gera uma junção da molécula recombinante – junção de Holliday - em que as duas duplas
cadeias de DNA estão conectadas pelo DNA heteroduplex.
| Capítulo 7 – Recombinação 85
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Segundo a quebra da dupla cadeia, DNA heteroduplex foi formado em cada extremidade da região
envolvida na troca. Entre os dois segmentos de heteroduplex, é a região que corresponde à abertura, a
qual agora tem a sequência do DNA doador (nas duas moléculas). Então o arranjo do DNA heteroduplex é
assimétrico, e parte de uma molécula que foi convertida na sequência do outro.
Seguindo o modelo da troca de cadeias simples recíproco, cada cadeia dupla de DNA tem um
heteroduplex que cobre a região desde o sítio inicial da troca até à ramificação migrada. Nas variantes do
modelo da troca de cadeia simples, em que o DNA é degradado e ressintetizado, o cromatídeo iniciante é o
doador de informação (ao contrário da quebra dupla de cadeia)
No modelo da troca de cadeia simples não há perda de informação quando o corte é efectudo, ao
contrário d modelo de dupla cadeia que esta associada à perda de informação.
Outro processo proposto para o crossing-over, além daquele já descrito – quebra e reunião – há
tmabém o processo escolha de cópia, contudo este processo não é possível, uma vez que não segue a
replicação segundo o modelo semi-conservativo. Para admitir o processo de “copy choice” teria de se
admitir o modelo conservativo (coisa que não se pode fazer) e consistiria no seguinte:
NOTA: “copy choice” – usado pelos retrovírus – polimerase troca de um lado para o outro enquanto está a
sintetizar o RNA, dando origem a uma molécula com uma sequência de informação de várias partes.
86 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Uma bactéria, que cresce num meio leve, é infectada por dois tipos de stock de fagos lambda, um
stock foi preparado por um crescimento do fago lambda ABC em células contendo no meio isótopos
pesados. O outro stock de fagos lambda abc cresceu num meio com isótopos leves.
Portanto a bactéria é infectada por material genético pesado (com isótopos pesados) e material
genético leve.
Durante o crescimento, há replicação do material genómico fágico e como o meio em que a bactéria
se encontra é leve as cadeias pesadas passam a ser híbridas.
Depois da infecção isola-se os “progeny” e faz-se uma centrifugação por densidade em meio CsCl.
Observa-se que existem duas bandas: uma bem pronunciada e a outra menos pronunciada. A mais
superior pertence aos constituídos por cadeias leves.
As bandas intermédias pertencem aos fagos que sofreram recombinação. Observou-se também que os
fagos que continham o genótipo abC encontravam-se mais próximos da banda dos fagos com cadeia leve e
os que tinham um genótipo ABc encontravam-se mais próximos da zona de maior densidade, por conterem
uma maior quantidade de isótopos pesados. Deste modo, conclui-se que a recombinação entre dois fagos
originais envolve a quebra e a reunião de ambas as cadeias de DNA.
Uma bactéria é infectada por dois tipos de fagos que cresceram em diferentes meios. Um stock
cresceu num meio com isótopos pesados e tem genoma AB; o outro stock cresceu num meio leve e tem
genoma ab.
Durante a infecção da bactéria, que se encontra num meio leve, a maior parte das cadeias pesadas
passam a ser híbridos devido à duplicação do DNA. Contudo, muito raramente, há cadeias que não
replicam e permanecem intactas. Quando os novos fagos são formados, estas formas não-replicadas são
incluídas nas novas cápsulas proteicas, incapacitando-nos de concluir se são sempre recombinantes.
Ao fazer a centrifugação por densidade destas novas partículas fágicas, verificam-se 3 zonas/bandas.
- uma mais superior que corresponde aos fagos com cadeias leves.
- uma zona intermédia que correpsonde aos fagos com cadeias que contém alguns átomos
pesados.
- uma banda mais baixa que representa os fagos que contém as raras cadeias que não replicaram,
mas que contudo recombinaram sendo se dois tipos Ab e aB.
| Capítulo 7 – Recombinação 87
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Deste modo conclui-se que crossing-over ocorre em cadeias intactas e que a síntese extensiva de DNA não
está envolvida no crossing-over.
4. Recombinação em E. Coli
Esta recombinação ocorre entre regiões homólogas do DNA, ou seja, muito semelhantes (máx.
Aceitável de diferença é de 10%)
88 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Proteína RecA:
Promove o emparelhamento de bases entre o DNA de cadeia simples e o complementar de
cadeia dupla.
Tem actividade proteásica na resposta SOS e requer ATP. Ambas as actividades são
activadas por cadeia simples de DNA na presença de ATP. Acção: liga-se fortemente e em
extensos grupos cooperativos a segmentos de DNA de cadeia simples, formando um filamento
nucleoproteico. Como cada monómero de RecA pode possuir mais que um sítio de ligação ao
DNA, um filamento de RecA pode interagir com uma cadeia simples e com uma dupla hélice,
mantendo-as juntas.
Proteínas RecBCD:
Promovem o desenrolamento do DNA com uma extremidade livre na dupla cadeia;
Reconhecem a sequência Chi (5’-GCTGGTGG-3’);
Têm actividade nucleásica (nuclease e helicase);
Formam estruturas designadas por “orelhas de coelho”.
As bactérias não costumam trocar grandes quantidades de DNA duplo, mas a recombinação pode
ocorrer de diferentes maneiras. Em alguns casos, o DNA pode estar disponível na forma de cadeia simples
com terminal 3’; pode ser fornecido na forma de pequenos fragmentos de cadeia simples, resultantes do
efeito da radiação; terminações em cadeia simples também podem ser originadas pelos genomas fágicos
submetidos à replicação por círculos rolantes. Contudo, há circunstâncias que envolvem DNA duplo (como
p.ex. na recombinação durante a meiose nos eucariontes), sendo necessário criar regiões de cadeia simples
e terminais 3’.
O mecanismo de gerar terminais de cadeia adequados às moléculas, para que possa ocorrer
recombinação, é a existência de certos locais que estimulam a recombinação. Estes locais partilham uma
sequência constante não simétrica de 8bp ( 5’-GCTGGTGG-3’) e denomina-se por Chi.
(3’-CGACCACC-5’)
Uma sequência Chi estimula a recombinação numa vizinhança de mais 10 kb do local da sequÊncia
inicial. Este local Chi pode ser activado por uma quebra (da dupla cadeia) feita várias kb de distância mas do
lado direito da sequência em questão.
Esta dependência de orientação sugere que o instrumento de recombinação deve-se associar ao DNA
no local de quebra e que depois consegue remover-se ao longo da cadeia dupla num só sentido. De facto é
o que acontece como se vai verificar a seguir:
Os locais Chi são alvos para a acção enzimática do complexo enzimático codificado pelos genes
RecBCD.
| Capítulo 7 – Recombinação 89
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Este complexo enzimático tem actividade de nuclease (degrada sequencias de nucleótidos) de helicase
(abre a dupla cadeia) e de ATPase. O seu papel na recombinação é providenciar uma região de cadeia
simples com terminal 3’ livre.
1º - RecBCD – liga-se ao DNA no lado direito do local Chi e move-se ao longo da dupla cadeia
desenrolada e degrada DNA da cadeia 3’ (acção nucleásica). Quando chega ao local Chi, pára e cliva uma
cadeia de DNA na posição 4 e 6 bases do lado direito do Chi. Esse local à direita da sequência Chi é
reconhecido como uma forma de cadeia simples. O reconhecimento da sequência Chi leva à dissociação da
subunidade ou inactivação RecD, perdendo a função da nuclease, contudo continuam a abrir a cadeia com
a função de helicase.
A actividade manipuladora de DNA da RecA permite uma cadeia simples deslocar a sua homóloga
numa cadeia dupla numa reacção denominada “assimilação de cadeia simples”, contudo esta reacção tem
três condições gerais:
1º - uma das cadeias de DNA tem de ter uma região de cadeia simples
90 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
3º - a região de cadeia simples e o terminal 3’ devem ser situados dentro de uma região que seja
complementar entre as moléculas.
A RecA activa sobre o substrato gerado prlo RecBCD, ou seja, sobre a cadeia simples com terminal 3’,
usando-a para reagir com a sua homóloga do DNA duplo, criando assim uma molécula comum (início da
formação de DNA hteroduplex).
Há seis monómeros da RecA por cada volta do filamento, o qual tem a forma de estrutura de hélice
com um grande sulco que contém. Cada monómero liga-se a três nucleótidos.
Quando a dupla cadeia de DNA é ligada, ela contacta com a RecA pelo menor sulco. Depois há um
intermediário de 3 cadeias onde isto permite que a RecA catalise a reacção de assimilação de cadeia
simples e de sinapse de DNA de várias etapas entre uma dupla hélice e uma região de cadeia simples de
DNA homologa. A região de homologia é identificada antes da dupla-hélice ter sido clivada, por meio de um
intermediário de 3 cadeias, no qual a cadeia simples de DNA forma um emparelhamento temporário com
bases que se projectam do sulco maior da hélice da molécula de cadeia dupla.
A interacção entre as duas moléculas de DNA ocorre dentro desses filamentos. A RecA aumenta a sua
actividade usando hidrólise de ATP. O ATP liga-se num centro alostérico desta proteína induzindo
alterações na sua conformação. Quando ligada ao ATP, o local de
ligação de DNA tem uma grande afinidade para esse, sendo
condição requerida para o DNA se ligar à RecA e para a reacção de
complementaridade entre as cadeias. A hidrólise de ATP converte o
local de ligação para ter pouca afinidade, requisito para libertar o
DNA heteroduplex.
| Capítulo 7 – Recombinação 91
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
NOTA: Quando uma molécula de DNA de cadeia simples reage com uma dupla, esta torna-se desenrolada
no local da recombinação. A região inicial de DNA heteroduplex consiste em 2 cadeias associadas lado a
lado, sendo denominada por “paranemic joint”, sendo instável, que com o progresso da reacção requer a
sua conversão na forma de dupla hélice.
Esta situação envolve 3 cadeias de DNA. O filamento de RecA está ligado ao DNA de cadeia simples
circular, o qual, vai deslocar a cadeia homóloga da molécula de DNA duplo linear, homólogo. A migração
ramificada (branch migration), faz com que se obtenha (após a saída do filamento de RecA) um DNA
circular recombinado mais uma cadeia simples (o que foi deslocado do duplex original)
92 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Por sua vez, este caso envolve 4 cadeias de DNA, ou seja, duas cadeias duplas de DNA circular e outra
linear. A circular contémuma região de cadeia simples de modo a iniciar a reacção. O filamento de RecA
liga-se ao DNA circular (o que contém o ssDNA – single stranded DNA). Ao ligar-se com o DNA duplo linear
homólogo, ocorre o deslocamento da cadeia homóloga e esta emparelha coma sua complementar do DNA
circular, formando uma estrutura de Holliday. Ocorre a migração ramificada. No final (após a saída das
protéinas RecA), obtém-se um DNA duplo circular recombinado e um DNA duplo linear recombinado.
A estrutura de Holliday é uma estrutura intermediária que se forma na recombinação de dois DNAs
de cadeia dupla e que é formada por uma cadeia de cada molécula de DNA.
Na junção de Holiday, as duas hélices de DNA homólogos que foram inicialmente alinhados são
mantidos unidos pela permuta recíproca de duas das quatro cadeias presentes no evento, uma de cada
uma das hélices, ou seja, contém um par de cadeias cruzadas e um par de cadeias não cruzadas. Essa
estrutura pode sofrer isomerização, por meio de uma série de movimentos rotacinais catalisados por
enzimas especializadas.
Para regenerar as duas hélices de DNA separadas e, então terminar o processo de permuta, as
cadeias que unem as duas hélices na estrutura de Holliday devem ser clivadas num processo denominado
resolução. Existem duas maneiras de resolver a estrutura de Holliday:
1. o par original de cadeias cruzadas é clivado –as duas hélices de DNA originais são separadas
entre si de modo quase inalterado, trocando apenas a cadeia simples formada na heteroduplex.
2. o par original de cadeias não cruzadas é clivado – o resultado é mais significativo: 2
cromossomas recombinantes são formados com grandes segmentos de Dna de cadeia dupla
permutados de modo recíproco entre si, por meio de crossing-over.
| Capítulo 7 – Recombinação 93
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Quando a recombinação ocorre entre duas cadeias duplas de DNA, cada uma das cadeias simples
desloca a sua homóloga na outra cadeia e liga-se à sua complementar, ao ocorrer isto, a troca recíproca, há
a criação de uma conexão entre os dois DNA duplos, sendo designada por: “joint molecule” (junção da
molécula). O ponto a que cada cadeia individual de DNA atravessa da sua molécula para o outro duplex,
designa-se por “junção recombinante”.
5.2. Heteroduplexes
Em cada local de recombinação, cada duplex tem uma região que consiste numa porçãode cadeia
de uma das moléculas de DNA originais – denomina-se por heteroduplex DNA. (DNA de cadeia dupla, em
geral como produto das recombinantes, formado por cadeias complementares derivadas de 2 moléculas de
DNA com sequências semelhantes.)
94 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Migração de braços - capacidade de uma cadeia de DNA, DNA, emparelhada com a sua complementar num
duplex, em estender e deslocar a cadeia residente da qual é homóloga.
A pequena região de heteroduplex onde as cadeias das diferentes moléculas de DNA iniciaram a
reacção pode ser aumentada por um processo denominadenominado do por migração deramificação de braços. A
migração pode ocorrer em qualquer local das cadeias de DNA com sequências homólogas que estão a
tentar estabelecer ligação com a cadeia complementar, nesta reacção, uma região que está ligada/ pareada
de uma das cadeias
adeias simples desloca uma região que está ligada da outra cadeia,movendo o ponto de
ramificação / o local onde ocorre crossing
crossing-over,
over, sem alterar o número total de pares de bases do DNA.
A migração de braços é importante por razões teóricas e práticas. Como princípio, ela confere
dinamismo nas estruturas de recombinação. Como caracteística prática, a sua sua existência significa que o
local de ramificação (no início da recombinação) não pode ser estabelecido por examinação de uma
molécula in vitro, pois a ramificação pode ter migrado desde que a molécula foi isolada.
| Capítulo 7 – Recombinação 95
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Um dos pontos mais críticos na recombinação é a resolução da estrutura de Holliday, a qual determina
se se dá uma recombinação recíproca ouse se origina uma dupla cadeia com uma pequena regiaõ de
heteroduplex. A migração de braços determina o comprimento da região de DNA híbrida (com ou sem
recombinação).
RuvA
aumenta a formação de heteroduplexes
reconhece a estrutura de Holliday – liga-se às 4 cadeias de DNA no ponto de crossing-over,
formando dois tetrâmeros de cada lado.
RuvB
aumenta a formação de heteroduplexes
tem actividade helicase + ATPase (que catalisa a migração de braços)
é hexamérica – liga-se à volta de cada hélice de DNA acima do ponto de recombinação.
O complexo RuvAB usa a ramificação para migrar 10 a 20 bp/seg. Desloca a RecA do DNA durante a
sua acção.
RuvC
tem actividade de endonuclease
resolve a junção da estrutura de Holliday
96 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
No início da meiose, quando o material genético já está duplicao, os cromossomas homólogos alinham-
se e ligam-se ao complexo sinaptonémico, local onde as permutas do material ocorrem, ou seja, onde
ocorre recombinação geral – crossing-over.
Profase I
Leptóteno
Inicia-se a condensação dos cromossomas
Visualização dos cromómeros e dos nucléolos
Formação das placas de adesão
Zigóteno
Emparelhamento ou sinapse dos cromossomas homólogos
Formação do complexo sinaptonémico
Formação de bivalentes (2 cromossomas homólogos juntos) ou tétradas (4 cromatídeos)
| Capítulo 7 – Recombinação 97
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Paquíteno
Sinapse total dos cromossomas homólogos
Formação de nódulas recombinantes ao longo do complexo sinaptonémico
Ocorre crossing-over
Diplóteno
Cromossomas homólogos começam a repetir-se, levando à dissolução do complexo
sinaptonémico
Os cromossomas homólogos permanecem unidos por quiasmas (locais onde ocorreu crossing-
over)
Diacinese
Condensação total dos cromossomas
Desagregação da membrana nuclear e dos nucléolos
Paragem de síntese de RNA
Telomerização – movimentação dos quiasmas para as extremidades dos cromossomas
(telómeros)
98 Capítulo 7 – Recombinação |
Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Quando ocorre um duplo crossing-over entre dois genes obter-se-ão genótipos não recombinantes nos
gâmetas, pois o segundo crossing-over inutilizou o que o primeiro realizou.
Para exemplificar a ocorrência de cromossomas recombinantes admitindo três genes:
Quando a recombinação entre genes alelos foi descoberta, assumiu-se que ocorreria o mesmo processo
de recombinação recíproca. Isto aplica-se a loci distantes e quer dizer que um evento individual de quebra
e reunião dentro do locus ocorre para gerar um par recíproco de cromossomas recombinados. Contudo,
nos quartos mais próximos de um único gene, a formação por si só de um heteroduplex é usualmente
responsável pelo evento de recombinação.
A meiose num heterozigótico devia gerar quatro cópias de cada alelo (dois de cada progenitor).
Tomando em consideração, um estudo sobre a formação de esporos de uma espécie de fungos, conclui-se
que esse fenómeno ocorre, a maior parte das vezes, obtendo-se uma relação de 2:2. Contudo, há
| Capítulo 7 – Recombinação 99
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
excepções, em que a relação não é equitativa, mas sim de 3:1, sendo explicada pela ocorrência de
formação e correcção de DNA heteroduplex na região em que os alelos diferem – conversão genética.
Como indica o modelo da quebra de dupla cadeia, uma cadeia dupla de DNA actua como
doadora da informação genética que substitui directamente as sequências correspondentes no outro
duplex por um processo de geração de espaço – corte – troca de cadeia e preenchimento isto é
proporcionado por um trabalho de enzimas, entre as quais as que catalisam a reparação, nomeadamente
de bases não complementares entre os heteroduplexes, removendo-as e promovendo uma cópia extra da
sequência de DNA da cadeia oposta.
Como parte do processo de troca, o DNA heteroduplex é gerado quando uma cadeia simples de
um DNA duplo complementa com a sua complementar do outro DNA duplo. O sistema de reparação de
bases não-complementares no DNA heteroduplex e procede à excisão e substituição de uma das cadeias
por complementaridade, convertendo um alelo noutro é uma quantidade limitada de síntese localizada
de DNA.
A conversão de genes não depende do crossing-over mas está relacionada com esse fenómeno.
Então, ocorre uma quebra da dupla cadeia. Haverá uma porção de DNA intermediário, entre as porções
a sofrer recombinação. Os terminais do fragmento denominam-se por terminais de sinal. Os terminais
clivados das partes a recombinar são designados por unidades codificantes. As duas unidades ligam-se
covalentemente, formando uma junção molecular, se os terminais de sinal também se conectarem, o
fragmento excisado formará uma molécula circular.
Na inversão, ocorre na mesma uma quebra e junção molecular, mas o fragmento intermediário em vez
de ser excisado é invertido.
Portanto, a recombinação entre dois sítios de uma determinada molécula de DNA pode ter duas
consequências possíveis, dependendo de como os sítios envolvidos estão orientados. A recombinação pode
remover segmentos intermediários ou invertê-los. As células, em alguns momentos, utilizam a inversão
recombinacional para escolher entre dois arranjos alternativos de DNA.
Um exemplo bem estudado envolve a expressão alternada de duas proteínas flagelares da bactéria
Salmonella, chamadas H1 e H2, que nunca são expressas simultaneamente. A região do DNA com repetições
(26 pb) orientadas em direcções opostas ao redor do promotor do gene H2 fica à frente deste gene,
permitindo a sua transcrição, juntamente com outro gene que codifica uma proteína que reprime a
expressão do gene da proteína H1, ou então, fica escondido antes do loci Hin, permitindo a expressão do
gene H1. O segmento que é invertido codifica a enzima Hin, que catalisa a inversão.
Por outro lado, o crossing-over não equivalente ocorre entre zonas de tal forma que um cromossoma
perde carga genética e o outro ganha.
8. Recombinação local-específica
Esta recombinação envolve a reacção entre dois sítios específicos, sendo mediada por enzimas de
excisão e integração que reconhecem pequenas sequências nucleotídicas específicas – as enzimas que
catalisam este tipo de recombinação são as recombinases (que pertencem à família das integrases).
Os sítios-alvo da recombinação local-específica são pequenos (14 – 50 pb), sendo que em alguns casos,
os dois sítios têm a mesma sequência e noutros casos, são homólogos.
No estado lítico – DNA lambda existe numa forma circular independente na bactéria.
No estado lisogénico – DNA fágico (λ) é uma parte integrante do cromossoma bacteriano
(designa-se por pró-fago)
Para entrar na condição lisogénica, o DNA fágico independente tem de ser inserido no DNA
hospedeiro – integração.
Para sair do estado lisogénico para o lítico, o DNA pro-fágico tem de ser libertado do
cromossoma bacteriano – excisão.
Os sítios attB e attP são dissimilares mas contém uma região central
idêntica, a região 0 (15bp) e o evento de recombinação ocorre dentro dela. A
recombinação e responsável por tornar o DNA fágico circular numa sequência
linear como o cromossoma bacteriano. O profago é limitado por dois locais novos do att (produtos da
recombinação) chamados attL e attR (com sequências BOP’ e POB’ respectivamente).
Uma importante consequência da constituição dos locais att é que as reacções de integração e excisão
não envolvem o mesmo par de sequência. A integração requer o reconhecimento entre attP e attB e só
ocorre porque o genoma fágico sintetiza a integrase e a E.Coli o factor IHF (integration host factor).
A recombinação entre attP e attB ocorre pelo corte da dupla cadeia. As cadeias correspondentes de
cada duplex são cortadas na mesma posição, o terminal 3’ livre troca entre os duplexes. A ramificação
migra numa distância de 7 bp ao longo da região de homologia e depois a estrutura é resolvida cortando o
outro par das cadeias correspondentes.
Ao infectar uma bactéria com dois fagos que apresentam mutações em alelos diferentes verifica-se
que por recombinação se obtém:
O elemento de transposição termina com pequenas sequências repetidas invertidas, e são capazes de
gerar pequenas sequências directas no local de inserção.
Retrotransposões – são derivados do retrovírus. São capazes de inserir cópias de DNA (proviroses) a partir
de RNA logo, a sua mobilidade é mediada por um intermediário de RNA. A porção de RNA pela acção da
transcriptase reversa e DNA polimerase toma a forma de DNA, podendo agora ser inserida no DNA-alvo.
A integrase retroviral corta a sequência LTR do DNA retrovírico em locais específicos e complementares do
DNA-alvo (onde também a sequência é clivada). Ocorre uma ligação posterior ao DNA-alvo e duplicação das
sequências do DNA- alvo para os quais tem mais afinidade de retrotransposição.
Posterior ligação das extremidades livres do elemento de transposição com as sequências do DNA-alvo
para as quais tem maior afinidade.
9. Complementação
Não envolve de genótipos! Corresponde à capacidade dos genes independentes fornecerem produtos
difusíveis. Estes produtos restauram o fenótipo selvagem quando dois mutantes são testados na
configuração trans.
Processo: infectar bactéria com dois fagos da mesma espécie mas com mutações diferentes e em
locais diferentes. Dado terem mutações estes fagos crescem se se complementarem entre si, há duas
hipóteses:
1. Se os produtos que cada um forma (apesar da mutação) complementa os produtos que o outro
forma há crescimento dos fagos.
2. Se os produtos não se complementam não há crescimento dos mesmos.
Teste cis-trans:
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Capítulo 8 – Mapeamento
1. Mapa genético
Mapeamento genético – utiliza a análise das ligações a análise das ligações envolvidas na molécula, para
determinar a posição relativa entre dois determinados genes num cromossoma.
Na metáfase I da meiose, dois pares de cromatídeos irmãos homólogos alinham lado a lado. Um
par (o homólogo materno) vindo do ovo e outro par (o homólogo paterno) vindo do espermatozóide.
Subsequentemente, os dois pares de homólogos são separados em duas células filhas diferentes. Uma vez
que eles são alinhados aleatoriamente, a “escolha” do homólogo que
que vai para cada célula filha é aleatória.
Como resultado, cada célula filha contém alguns homólogos maternos e alguns paternos. Para a célula
humana, há no total 8.4 milhões (223) de combinações possíveis.
Figura: Ilustração da disposição independente. Células do espermatozóide (1n) vindas da divisão meiótica
dos espermatócitos primários (2n). Nos 23 cromossomas, alguns (rosa)) são herdados do homólogo
materno e outros (azul)) do homólogo paterno. Há no total 8.4 milhões (= 223) de combinações possíveis
possíveis,
mas só 4 dessas são mostradas aqui.
2. Mapas físicos
Mapeamento físico – utiliza todas as técnicas (exs: Somatic cell hybridization e Fluorescent In Situ
Hybridization (FISH)) ou informações para determinar a posição absoluta de um gene num cromossoma.
Corresponde
rresponde ao mapa obtido após a acção de uma enzima de restrição, portanto, à sequência de genes
num cromossoma.
Um locus (singular de loci)) é a posição ocupada por um gene no mapa genético, representa uma
característica, pode ter diferentes sequências, os alelos e estes têm a mesma posição
posição nos cromossomas
individuais. Considerando-se dois loci A e B, cada um com dois alelos (um da mãe outro do pai). A1 eA2 são
dois alelos do locus A; B1 e B2 são dois alelos do locus B. inicialmente, A1 e B1 estão localizados no mesmo
cromossoma. A2 e B2 estão localizados num cromossoma diferente.
Figura: Ilustração da recombinação entre dois loci A e B. (a) Dois pares de cromatídeos irmãos alinham
durante a meiose. A1 e B1 estão localizados no mesmo cromossoma. A2 e B2 estão localizados num
cromossoma diferente. (b) DNA crossover origina recombinação se o quiasma se localiza entre os dois loci.
(c) DNA crossover não origina recombinação se o quiasma não se localiza entre dois loci.
O “crossover”” do DNA pode originar a recombinação dos loci A e B. A saber, A1 e B2 (ou A2 e B1)
estão localizados no mesmo cromossoma. A frequência de recombinação depende da distância entre dois
loci e a posição de “crossover”” (o quiasma). Quanto mais juntos estiverem, menor é a probabilidade de
ocorrer recombinação, porque orque a recombinação ocorre somente quando o quiasma se localiza entre dois
loci.. Para aplicar este princípio básico para um mapa dum gene da doença, precisamos analisar o pedigree e
estimar a frequência de recombinação.
A distância entre dois genes é dada pelo número total de recombinantes resultante do cruzamento
entre um duplo heterozigoto e um duplo homozigoto recessivo.
- 41 indivíduos AB e 41 indivíduos ab
- 9 indivíduos Ab e 9 indivíduos a B
• As duas classes mais frequentes ou não recombinantes (ABC e abc) indicam que os genes estão em
cis (localizam-se na mesma porção de DNA)
• Os duplos recombinantes (aBc e AbC) indicam que o gene do meio é o B.
As bactérias possuem um único cromossoma, circular e não ramificado. Cerca de 90% dos seus genes
são de uma única cópia, exceptuando os genes que codificam o rRNA que são de cópias múltiplas (num
conjunto de sete genes).
O cromossoma bacteriano já foi sequenciado, todos os genes já foram localizados. Estes encontram-se
agrupados por funções relacionadas (biossíntese ou degradação), em operões com localização e direccção
diferentes no cromossoma (cerca de 260 genes em 75 operões).
O cromossoma apresenta também sequências IS, sequências de inserção, já estudadas, que permitem
“saltos” ao longo do genoma.
1. Operão
Operão é um conjunto de genes nos procariontes que se encontram funcionalmente relacionados,
contíguos e controlados coordenadamente, sendo todos expressos num mRNA policistrónico. Assim sendo,
é constituído por genes reguladores (promotor e operador) e pelos os genes estruturais.
As bactérias podem ser prototróficas (bactérias sem mutações, que crescem num meio mínimo de
glucose, água e sais minerais, produzem os nutrientes e ATP para as actividades metabólicas) ou
auxotróficas (requerem a adição do nutriente que deixaram de ter capacidade de sintetizar, possuem um
gene inactivado através de uma qualquer mutação, por exemplo conjugação, transposição, etc.).
A análise de flutuação permite verificar agentes mutagénicos. Ou seja, através dos resultados,
podemos concluir se as bactérias já teriam sofrido mutações, que poderão implicar uma resistência à acção
de antibióticos ou de fagos por exemplo.
No meio rico, todas as bactérias que sobreviveram ao agente mutagénico, cresceram. No meio
mínimo, todas as bactérias cresceram à excepção das que auxotróficas. Estas vão ser identificadas no meio
mínimo com o suplemento de arginina (nutriente que queremos identificar na bactéria auxotrófica), pelo
que as bactérias que apareceram a mais são as auxotróficas.
4. Enriquecimento de mutantes
Selecção directa: aplicação de condições de crescimento que
favorecem o isolamento de mutante (agentes químicos:
antibióticos; físicos U.V., biológicos: fagos)
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5. Recombinação genética
A recombinação genética verifica-se entre duas bactérias auxotróficas e permite a formação de
bactérias prototróficas.
A recombinação nem sempre depende de regiões homólogas e da RecA, apesar deste ser o
mecanismo mais frequente. Existem outros tipos de recombinação, que geralmente dependem de alguma
enzima que reconheça sequências de DNA (transposição).
5.1. Transposição
Resulta da capacidade que os elementos de transposição (ou transposões) têm de se
movimentarem de um local do genoma para outro. Os transposões têm nas suas extremidades, sequências
invertidas repetitivas e quando reconhecem o seu “target site”, saltam e aí podem promover a duplicação
de um segmento de bases do DNA alvo. Por outro lado, podem sair apenas com a sequência de inserção ou
levar qualquer tipo de DNA adjacente.
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Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Transposição simples: os transposões saltam de uma molécula para a outra, em que a inicial é
degradada;
Transposição replicativa: reconhecem a sequência alvo, e formam uma estrutura co-integrada em
que ambos os DNAs ficam com um transposão.
5.2. Transformação
A transformação é um mecanismo de transferência genética entre bactérias no qual o DNA dador é
DNA livre no ambiente que circunda a bactéria receptora (ex: Plasmídeos). Ou seja, a bactéria absorve DNA
podendo ou não integrá-lo no seu genoma, com consequente alteração do genótipo e fenótipo.
Para introduzirmos o DNA numa bactéria, temos de tratá-la de modo a torná-la competente, ou
seja, susceptível de receber o plasmídeo.
O tratamento é feito com cloreto de cálcio, ligeiramente hipotónica, a 0ºC (para promover a
inibição das nucleases). Ao adicionarmos DNA plasmídico às células competentes, há formação de
precipitados de Ca2+-DNA. Por fim, as células competentes são incubadas com o vector, neste período é
realizado o tratamento com choque térmico. Agora a bactéria tem a capacidade de integrar o DNA
plasmídico.
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5.3. Transdução
Outro processo pelo qual podemos alterar o genoma bacteriano. É um
fenómeno raro, mediado por um fago de transdução, que transfere um gene
bacteriano de uma bactéria para outra.
Na transdução generalizada, nucleases virais quebram o genoma do hospedeiro. Alguns fragmentos são
depois encapsulados, formando-se uma partícula transductora. Quando esta infecta outra bactéria, o DNA
pode integrar-se no seu genoma.(ciclo lítico)
A transdução restrita está ligada ao ciclo lisogénico dos fagos. Neste caso, o genoma viral insere-se num
local específico do genoma bacteriano e é transmitido à descendência. Quando o ciclo lítico é
desencadeado, o genoma viral é excisado por proteínas virais e, por vezes, fica agarrado a algum DNA
bacteriano e é encapsulado, tal como na transdução generalizada.
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Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
5.4. Conjugação
Processo unidireccional de
transferências de informação
genética entre bactérias, que ocorre
de uma bactéria dadora, F+
(“masculina que possui o factor F ou
factor de fertilidade, que funciona
como plasmídeo) para uma bactéria
receptora (“feminina” que não possui
o factor F) pelo que designada F-.
Características do factor F:
Esta região (Ori T) sintetiza a fímbria sexual (pili F), proteína especifica que permite a transferência do
factor F para as formas F-, pois põe em contacto a célula F+ com a célula F-. Esta região contem cerca de 33
genes, designados genes tra: gene traA (codifica para a pilina, proteína da pili F), o gene traD (faz parte do
canal por onde passa o Dna), e os genes traS e traT (codificam para proteínas de superfície de exclusão que
impedem o contacto entre de duas células F+).
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Biologia Molecular – 1º Ano - FFUP 2006/2007
Quando todas as células são masculinas, o contacto entre duas células masculinas é impedido pelos
genes traS e traT.
O factor F, também se pode integrar no cromossoma da bactéria, em que a célula resultante passa a
ter a designação de Hfr. O local de início da transferência varia conforme as estirpes. Quando integrado no
genoma, a transferência do factor F é mais difícil.
A integração do factor F é feita aleatória ao longo do genoma e faz-se num único crossing-over
originando um Hfr.
As células Hfr permitem a identificação de genes no cromossoma bacteriano, assim como demonstrar
que os genes nas bactérias existem numa única cópia.
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Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Para além da pili sexual, o contacto entre as bactérias pode ser conseguido através de aglutininas
(promovem a formação de agregados celulares) ou de feromonas (substancias químicas produzidas por um
indivíduo que alteram os outros individuos da mesma espécie)
Os plasmídeos são elementos genéticos autónomos, distintos do genoma principal bacteriano. A sua
replicação é muitas vezes independente da replicação cromossomica da bactéria. Podem existir vários
plasmídeos numa bactéria, quer fora do cromossoma, quer integrado (epissoma). Podem codificar para
funções não essenciais, mas também podem conferir características únicas à bactéria, nomeadamente
resistência a antibióticos.
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7. Recombinação em E. coli
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Bacteriófagos são vírus que parasitam e matam bactérias. Estes replicam-se no interior das células
bacterianas e são libertados para o exterior quando a célula lisa.
Os fagos são muito importantes na Biologia Molecular sendo utilizados como vectores de clonagem
para inserir DNA nas bactérias e constituem uma importante ferramenta no controlo de infecções
bacterianas pelo facto de serem inócuos, ou seja, terem elevada especificidade contra o microrganismo
hospedeiro e serem capazes de infectar bactérias que desenvolveram resistência a antibióticos, sendo por
isso uma alternativa a estes. Os fagos vão permitir estudos genéticos da bactéria.
Dois fagos com genótipos diferentes podem cruzar-se para avaliação da recombinação e do mapa
genético. Por exemplo, se se infectar uma bactéria com dois fagos mutantes e se houver recombinação isso
é verificado pela observação de placas fágicas, pois cada gene tem um fenótipo diferente.
• Forma:
Na primeira etapa, também chamada por adsorção, ocorre a participação de receptores específicos da
superfície da célula hospedeira e das macromoléculas do fago. Compreende duas fases, a primeira uma
adsorção preliminar por ligações iónicas, facilmente reversíveis por alteração do pH ou concentração salina
do meio, e uma segunda fase em que ocorre uma ligação mais firme e irreversível entre o fago e os
receptores. Virtualmente, qualquer componente existente na superfície é usado pelo fago como sítio
específico de adesão, nem que tenha de haver, em certos casos, um rearranjo físico da partícula fágica.
No caso específico da interacção do fago T4 com a superfície de células de E.coli, primeiro, há uma
interacção relativamente fraca, entre as pontas das fibras caudais e os resíduos lipopolissacáridos
existentes na superfície da membrana externa da célula. A maltose será importante pois irá aumentar a
expressão da proteína Ompc (porina proteica) levando assim a uma maior interacção entre o fago e a
superfície da bactéria. Esta interacção desencadeia uma segunda interacção mais forte e irreversível. Neste
passo, os pinos da cauda interactuam com estruturas existentes na membrana externa da célula
requerendo uma alteração na conformação das fibras da cauda. O magnésio será também um elemento
importante pois facilitará, igualmente, a adesão do fago.
Após a colisão ocorre a compressão da cauda contráctil e injecção do material genético para o interior
da célula hospedeira através da penetração da parede celular pelo tubo da cauda do fago. Fora da célula
fica a cápsula proteica vazia. O material genético do fago introduzido pode ser: DNA de cadeia dupla (λ),
DNA de cadeia simples (M13), RNA de cadeia simples (MS2) ou RNA de cadeia dupla (retrovirus). No caso
de fagos com cauda, como é o caso do fago T4, apenas o DNA fágico e certas proteínas acessórias entram
na célula. No entanto existem outros casos (fagos sem cauda), em que a partícula fágica entra inteiramente
na célula passando para o citoplasma.
Depois da inserção do material genómico poderão ocorrer várias respostas, como a resposta lítica ou
resposta lisogénica. Mais tarde ocorrerá a expressão dos genes iniciais (preparação da célula para a
produção de macromoléculas), genes médios (asseguram o processo de replicação do fago e sintetizam
vária proteínas necessárias para a posterior replicação do ácido nucleico) e dos genes tardios (sintetizam
proteínas necessárias para formar a proteína vírica completa). Todos eles serão responsáveis pela formação
de novas partículas fágicas.
A lisosima, uma das proteínas sintetizadas pelos genes será, entre outras, responsável pela lise celular
das bactérias fazendo com que ocorra libertação das partículas virais e outros componentes celulares para
o meio extracelular. A lise celular é a etapa final do processo de infecção, no entanto não é como a todos os
processos de infecção fágica.
2. Ciclo lítico
Existem vários tipos de ciclos fágicos. No caso do ciclo lítico, o vírus transforma a célula em fábrica de
fagos (já que este não é capaz de se reproduzir sozinho), fazendo depois com que ocorra a lise desta e os
fagos sejam liberados podendo infectar, assim, outras células bacterianas. A estes tipos de fagos que
infectam a bactéria e iniciam imediatamente o seu processo de reprodução provocando depois sua lise
chama-se fagos virulentos.
- Lise das bactérias – fase final do ciclo lítico e caracteriza-se pela ruptura da célula bacteriana, e os novos
bacteriófagos são libertados para o meio extracelular, podendo infectar outras bactérias e iniciar outro
ciclo. A lisozima é uma das proteínas que causa o rompimento da parede celular.
3. Formação de virião
A partícula vírica completa/madura é conhecida pela denominação virião. O virião é composto de
ácido nucleico, sede de sua infectividade, circundado por uma capa proteica, chamada capsídio,
responsável pela especificidade viral.
Como já vimos o vírus pode ter DNA ou RNA, mas nunca são encontrado os dois juntos no mesmo
virião, o que estabelece um contraste com todas as formas celulares de vida, as quais, sem excepção,
contém os dois tipos de ácidos nucléicos.
Os viriões abandonam a fase extracelular quando se introduzem numa nova célula hospedeira, por um
processo chamado infecção. Durante o processo de penetração na célula ou já no interior da célula
infectada, os viriões perdem o revestimento proteico e o genoma viral codifica a síntese de novas partículas
virais completas, utilizando e dependendo da maquinaria metabólica da célula infectada ocorrendo, deste
modo à multiplicação viral.
À semelhança do que se passa com os plasmídeos, se uma célula infectada se reproduz, as células
filhas podem também conter o genoma viral. Contudo, o processo de reprodução dos vírus (formação de
novos viriões) implica, em muitos casos a destruição da célula infectada, situação que se encontra
relacionada com a capacidade patogénica de muitos vírus. Dado que a replicação viral depende em
absoluto da maquinaria e funções metabólicas da célula hospedeira, é necessária uma grande
complementaridade entre a estrutura da partícula viral e a da célula infectada, para que ocorra a replicação
viral. Por esta razão, embora exista uma grande variedade de vírus e de células susceptíveis de serem
infectadas, a relação virião/célula hospedeira é altamente específica. Na maior parte dos casos, um
determinado vírus apenas pode infectar um tipo muito específico de espécies celulares. Esta especificidade
começa logo na necessidade da existência de estruturas complementares à do virião na superfície das
células, que sirvam de receptores específicos para a adesão e penetração intracelulares.
Existe uma sequência definida para a formação do fago maduro (virião). Cada um dos seus
constituintes é sintetizado separadamente (cabeça, pescoço, colar, core, revestimento, cauda, placa basal e
fibras caudais) e depois estes unem-se, há uma montagem destes, formando-se assim o virião. Este é um
modelo morfogenético ou self assembly.
4. Ciclo lisogénico
Como já vimos, alguns fagos são virulentos, significando que uma vez que a célula tenha sido invadida,
eles imediatamente iniciam seu processo de reprodução, e em pouco tempo "lisam" a célula. Estes seguem
portanto apenas o ciclo lítico. Porém, há situações em que os vírus, designados por fagos temperados,
entram na célula num estado relativamente inofensivo, não dando lugar à formação de viriões infecciosos
durante alguns ciclos de multiplicação celular. Diz-se então que estes actuam na forma de provirus ou
profagos, pois integram o seu DNA no cromossoma da bactéria hospedeira. Estas bactérias são chamadas
de lisogénicas, pois o genoma viral vai ser copiado a cada divisão celular junto com o DNA da bactéria,
transmitindo assim o DNA viral, sem se manifestar. No entanto, em determinadas condições, naturais ou
artificias (como radiações ultravioleta, raios X ou certos agentes químicos), o DNA do fago separa-se do
DNA bacteriano e inicia-se o ciclo lítico, dando assim lugar a formação de viriões, ou seja, os fagos tornam-
se activos iniciando o seu ciclo reprodutivo, resultando assim na lise de célula hospedeira.
Ao ciclo seguido pelo fago temperado chama-se então ciclo lisogénico. Quando no cromossoma da
bactéria está integrado o DNA do fago, esta fica imune à infecção por parte de novas partículas víricas. Um
exemplo de fago temperado que segue este tipo de ciclo é o vírus da herpes labial, pois pode viver vários
dias em via lisogénica e a qualquer momento devido a vários factores pode entrar em via lítica.
5. Infecção do fago λ
O fago lambda (λ) é um fago temperado. O seu genoma tem 48,5kb, e é sequenciado. Este codifica
para 46 genes. Nas extremidades do genoma linear existem duas regiões em cadeia simples (12pb) que são
complementares e actuam como extremidades coesivas (cos). Na extremidade esquerda estão localizados
os genes que codificam as proteínas da cabeça e cauda, e os genes que codificam proteínas envolvidas no
ciclo lítico mapeiam na extremidade direita, podendo assim a região central do genoma ser removida ou
substituída por DNA exógeno. Após infecção estas extremidades complementares permitem ao DNA
adquirir o estado circular, devido ao emparelhamento das bases com ajuda da DNA ligase.
Como acontece com outros fagos temperados, a maioria das infecções com fago λ resultam em ciclo
lítico e lise.
Depois do fago λ seguir a via lítica, a sua replicação é dividida em duas fases:
- Fase inicial – a replicação é bidireccional. Esta primeira fase estende-se de 5 a 15 minutos após a
infecção. Depois começa uma nova fase.
Após a replicação tardia o fago λ é encapsulado. O DNA que será encapsulado contem concatâmeros,
que são conjuntos de genomas do fago λ uns a seguir aos outros que estão separados pelas extremidades
cos. Estas extremidades servem para reconhecer e cortar as extremidades de lambda. As extremidades são
cortadas por uma proteína. O DNA do fago vai entrando na cabeça até que esta fique cheia, quando isto
acontece a cauda é adicionada a cabeça e tem-se o fago maduro que após a lise estará pronto para infectar
outras bactérias.
Nos fagos a recombinação acontece por via dos processos de transformação, transducção e
conjugação.
Se se infectar uma bactéria com dois fagos é possível ver que ocorreu recombinação entre estes
através da visualização de placas fágicas, pois cada uma das bactérias infectadas terá um fenótipo
diferente. Assim, se se cruzar dois fagos, de genótipos h- r+
x h+r-, quatro fenótipos podem ser facilmente
diferenciados nas placas, dois fenótipos parentais e dois
recombinantes.
Capítulo 11 – Vírus
As bactérias, os fungos e os parasitas eucarióticos são célulsa propriamente ditas. Mesmo quando são
parasitas obrigatórios, eles usam a sua própria maquinaria de replicação de DNA, de transcrição e de
tradução, provendo eles próprios os seus recursos de energia metabólica. Os vírus, em contraste, são os
perfeitos “passeadores”, carregando pouca informação sob a forma de ácidos nucleicos. A informação é
totalmente replicada, empacotada e preservada pelas células hospedeiras.
Basicamente, o genoma vírico contém moléculas de DNA de cadeia simples ou dupla (3 a 200 Kb) e
RNA de cadeia simples ou dupla (7 a 20 Kb). Geralmente, podem ter forma circular ou linear, sendo que no
caso doo DNA, este não existe na forma segmentada, excepto nas plantas, e no caso do RNA, não existe na
forma circular, excepto no caso dos procariotas.
Quanto à origem vírica, os mais comuns derivam de fragmentos de DNA nucleóide, de cromossomas
derivados de células vivas e de cópias de RNAs destes fragmentos anteriores. Relativamente à diversidade
vírica existente, pode afirmar-se que existe uma grande variedade, tendo em conta a forma, a estrutura
interna e a função que cada vírus apresenta.
1. Estrutura
Os vírus podem apresentar diferentes estruturas, de acordo com o organismo hospedeiro e com a sua
origem. Fora de uma célula-hospedeira, os vírus não podem transportar as funções que desempenham,
nem a sua reprodução consequente. Não podem sintetizar proteínas porque não contêm ribossomas,
necessitando assim dos ribossomas das células-hospedeiras para traduzir o mRNA viral para proteínas
virais. Geralmente, não podem gerar nem depositar energia na forma de ATP mastêm de expôr a sua
energia e todos os restantes processos metabólicos a partir da célula-hospedeira.
Os vírus são geralmente classificados de acordo com os organismos que infectam, isto é, animais,
plantas ou bactérias. Desde que os vírus não conseguem penetrar através das paredes celulares, têm a
capacidade de transmitir a sua informação genética através de insectos ou outros organismos que se
alimentam de plantas.
Os vírus são classificados em famílias, relativamente às suas estruturas, tendo em conta os seguintes
factores:
No caso dos vírus de RNA (+), uma sequência viral de RNA pode ser directamente transcrita para a
proteína viral desejada. Consequentemente, nestes vírus, o RNA viral é muitas considerado como um
mRNA e pode ser imediatamente traduzido para a célula-hospedeira. Os principais vírus desta cobertura
são o togavírus, o retrovírus e o coronavírus.
Contrariamente, os vírus de RNA (-) são complementares ao mRNA viral e, como consequência, têm de
ser convertidos para RNA (+) pela acção de uma RNA polimerase antes da tradução. Estes vírus apresentam
no RNA (-) uma sequência nucleotídica complementar ao mRNA que codifica, fazendo com que tal como o
DNA, este RNA não possa ser traduzido directamente para a proteína, tendo inicialmente de ser transcrito
para um RNA (+) que actua como mRNA possível de ser traduzido. Os principais vírus desta categoria são o
paramixovirus, o rabdovirus e o ortomixovirus.
Por fim, no caso dos vírus com dsDNA, os principais são o vírus do herpes e o poxvirus.
As principais classes que interferem nos vírus são os interferões α nos linfócitos, os interferões β nos
fibroblastos e os interferões γ nos mitogénios. Tendo em conta que podem ser usados na terapia génica, o
principal interveniente neste processo é o gene da CTFR que quando se encontra recombinado com o
adenovírus é utilizado no tratamento da fibrose cística.
Inicialmente, a partícula vírica interage com a célula-hospedeira, que apresenta receptores específicos,
maioritariamente glicoproteínas. Seguidamente, para o virião ser incorporado na célula, têm de existir
mecanismos de fusão membranar e de endocitose, sendo que nos de fusão membranar, produz-se uma
proteína fusogénica (proteína F) e nos de endocitose, formam-se vesículas revestidas por clatrina,
endossomas e coated pits.
Depois da incorporação para o interior da célula, a vesícula vírica encapsulada funde-se com um
endossoma e origina a libertação de uma cápside individual. Por sua vez, este elemento dissocia-se,
originando uma sequência de RNA que sofre simultaneamente replicação e transcrição originando mais
| Capítulo 11 – Vírus 135
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
uma cadeia de RNA igual à anterior e uma de mRNA. Este mRNA vai voltar a origina uma núcleocápside
com RNA viral que vai interagir com proteínas transmembranares víricas. Daqui, resulta a formação do
envelope viral no processo de budding, fazendo com que a sua constituição varie em função do local da
célula onde se forma.
Classe I
DNA de cadeia dupla com proteínas ligadas covalentemente nas extremidades (Adenovírus)
DNA de cadeia dupla circular (SV40 – SimianVirus 40)
DNA de cadeia dupla (Herpes e φT4)
DNA de cadeia dupla e extremidades seladas (Poxvirus)
Classe II
DNA de cadeia simples (Parvovirus)
DNA de cadeia simples circular (φM13 e φ174)
Classe III
RNA de cadeia dupla (Reovirus)
Classe IV
IVa – RNA de cadeia (+) que origina um mRNA (Poliovirus)
IVb – RNA de cadeia (+) que origina dois mRNAs (Sindbis virus)
Classe V
Va – RNA de cadeia (-) não segmentada (VSV – Vesicular stomatitis virus)
Vb – RNA de cadeia (-) segmentada (Influenza)
Classe VI
RNA de cadeia (+) com intermediário de DNA (Retrovirus)
Classe VII
DNA com intermediário de RNA (Hepatitis DNA virus)
6. Estratégias de replicação
A replicação viral ocorre, geralmente, no núcleo da célula-hospedeira, exceptuando no caso do poxvirus
(DNA) e do poliovirus (RNA) que se replicam no citoplasma. As três principais enzimas que intervêm neste
processo de replicação são:
RNA replicase – existe nas proteínas da cápside e sintetiza RNA(-) a partir de RNA (+)
Transcriptase – sintetiza mRNA a partir da RNA (-)
Transcriptase reversa – sintetiza DNA de cadeia dupla a partr de RNA
Retrovírus
A cadeia de RNA (+) serve primeiro de molde para a síntese de DNA de cadeia dupla através
da acção da transcriptase reversa;
Este DNA integra-se no genoma da célula-hospedeira e serve como molde para a
transcrição do mRNA.
Vírus da hepatite B
Possui genomas com uma cadeia de DNA (-) completa e uma cadeia de DNA (+) incompleta;
Após a infecção, a DNA poimerase completa a cadeia (+), forma-se uma cadeia de DNA
dupla e ocorre a transcrição do mRNA.
RNAs víricos
Clivagem proteolítica – síntse de proteínas e posterior digestão com protease em múltiplas
proteínas;
Genomas segmentados – vários genomas de RNA em que cada uma das moléculas codifica
para uma ou mais proteinas;
Nested mRNAs – mRNAs com extremidades 3’ iguais e 5’ diferentes, que codificam para
proteínas específicas;
Síntese sequencial – síntese de uma unidade longa de RNA (+) que depois é separada em
mRNAs para cada proteína, por clivagem ou terminação.
DNAs víricos
Codificam para mRNAs monocistrónicos;
Promotores de transcrição para todos os genes;
Requerem a formação de um primer;
Splicing alternativo (mRNAs sempre com a extremidade 5’).
Poxvirus
A replicação ocorre no citoplasma, sendo o único vírus que codifica a sua própria RNA polimerase.
Geralmnte, é composto por dsDNA linear com 130-375 Kb, covalentemente selado nas extremidades,
apresentando estruturas em hair pin em cada extremidade e com sequências repetidas (10 Kb) associadas à
replicação. Codifica para 150 a 300 proteínas, tendo regiões codificantes bastante espaçadas, mas sem
intrões e nas duas cadeias do genoma.
SV40
Adenovirus
Parvovirus
Reovirus
Poliovirus
O poliovirus apresenta uma patogénese bastante característica, baseada nos seguintes factos:
Relativamente ao processo de replicação, é feito por intermediários replicativos, em que as cadeias (-)
servem de molde para a síntese de novas cadeias (+). Por sua vez, estas novas cadeias servem de molde
para a síntese de novas cadeias (-), actuam como mRNA para a síntese de proteínas e pertencem aos
genomas dos novos viriões.
Togavirus
Coronavirus
agudo severo (SARS) que é caracterizado por um aumento da temperatura corporal e tosses agudas ao
início e arrepios e tonturas à medida que decorre o processo de infecção. Quando este termina, começam a
detectar-se grandes dificuldades na respiração.
VSV
O VSV apresenta RNA (-) na sua constituição, não é segmentado e tem um conjunto de proteínas que
fazem parte da própria cultura da partícula vírica que são necessárias para a síntese da descendência vírica.
Nestes vírus, existem as seguintes proteínas:
Influenza A
O vírus influenza A apresenta, geralmente, uma forma esférica de 100 nm, e tem um genoma de 13 Kb
dividido em 8 segmentos, existindo também outras formas de influenza como o B e o C que podem ter 9
segmentos. A replicaçao ocorre no nucleo e e feita a nível das 8 nucleocápisdes que formam um virião.
O envelope contém proteínas não estruturais, e ribonucleoproteínas que estão associadas ao material
genómico. As proteínas do envelope são:
Passa de pessoa em pessoa por aerossol, directa ou indirectamente (não há vectores), animais de
criação e aves;
Causa dores de cabeça, mialgias, febre e tosse;
O período de incubação era aproximadamente de 1 a 3 dias;
Os sintomas durante entre 2 e 7 dias;
A intensidade dos sintomas depende da espécie vírica;
As espécies são descritas com a anteginicidade de HA e NA (que são designados por números).
Retrovírus
Os retrovírus caracterizam-se por apresentarem um genoma de RNA (+) que serve de molde para a
síntese de DNA de cadeia dupla pela transcriptase reversa. Fazem parte dos retrovírus os agentes
causadores do cancro e da SIDA, sendo que os seus genomas integram três principais genes:
Gag – codifica para um precursor poliproteico que depois é clivado e forma as proteínas da cápside;
Pol – codifica para a transcriptase reversa e para a integrase;
Env – codifica para o precursor das glicoproteínas do envelope
Duas regiões não traduzidas, U5 e U3, nas extremidades 5’ e 3’, necessárias à replicação e à
transcrição;
Uma sequência directamente repetida (R) em cada extremidade do genoma;
Uma molécula de tRNA na extremidade 5’.
Hepadnavirus
No processo de replicação, existe a particula vírica completa que tem no seu interior o DNA incompleto
e uma molécula peqena que é a DNA polimerase do vírus. Quando o material genomico está todo completo
(DNA de cadeia dupla) há a síntese de RNA que vai constituir o pré-genoma e é inserido dentro do pre-core,
conduzindo à passagem para DNA de cadeia dupla incompleta. Por fim, o produto final é empactotado, e
ocorre a formação de uma cápsula.
A enzima responsável pela obtenção da cópia inicial de DNA a partir do RNA viral é a transcriptase
reversa. Esta enzima converte o RNA numa molécula linear dupla de DNA no citoplasma da célula infectada,
sendo que o DNA também é transformado para adquirir formas circulares.
A fonte da região R que emparelha com a molécula de DNA (-) pode ser tanto a extremidade 3’ de uma
mesma molécula de RNA (emparelhamento intramolecular) como a extremidade 3’ de uma molécula
diferente de RNA (emparelhamento intermolecular). A troca para um molde diferente de DNA é utilizada
para evidenciar que a sequência primer de tRNA não é derivada do ciclo de vida do retrovírus.
Actua como mRNA para a síntese das proteínas do Gag e do Gag-Pol pois o sinal de terminação da
sua primeira traduçõ é removido ocasionalmente para dar lugar a algumas proteínas Gag-Pol.
É identificado como genoma do vírus
Intervém no splicing pois cerca de 50% das moléculas sofrem o processamento.
A LTR da extremidade 5’ tem sinais para a RNA polimerase, como a TATA box e a a CAAT box e tem
locais de ligação para proteínas activadoras, logo uma vez sintetizada e ligada, vai permitir a formação de
todos os genes correspondentes à região codificante, mas só se também tiver sinais de paragem para a
finalização deste processo.
Estes sinais de terminação são os que se vão encontrar na extremidade 3’ juntamente com sinais de
transcrição e poliadenilação, características desta extremidade.
8. SIDA
Inicialmente, o HIV infecta células vitais do sistema imunitário, como linfócitos T helpers
(especificamente os seus receptores CD4+), macrófagos e células dendríticas. A infecção do HIV conduz à
redução dos níveis das células CD4+ através de três principais mecanismos. Em primeiro lugar, mata
directamente as células infectadas; depois, aumenta as taxas de apoptose nas células infectadas e, por fim,
destrói as células CD4+ através de linfócitos citotóxicos CD8 que reconhecem facilmente as células
infectadas pelo vírus. Quando as células CD4+ baixam e atingem um nível crítico, a imunidade mediada
pelas células é perdida totalmente e o organismo começa a tornar-se progressivamente mais vulnerável à
infecção por doenças oportunistas. Quando não é tratado, os indivíduos infectados pelo retrovírus HIV
desenvolvem a SIDA (Síndroma da Imunodeficiência Adquirida) e morrem. No entanto, um em cada dez
indivíduos permanece relativamente saudável durante um maior período de tempo, sem quaisquer
sintomas assinaláveis.
A transmissão do HIV é feita por uma grande variedade de processos, sendo que as mais comuns são:
Via sexual
Transfusões (sangue e factores de coagulação)
Utilização de agulhas comuns na administração de drogas
Transmissão materna pela placenta (30% das mães infectadas transmitem o vírus aos
descendentes)
A célula-hospedeira sintetiza, de seguida, uma cadeia complementar de DNA formando, então, uma
dupla cadeia de DNA que direcciona a síntese de RNA de HIV e proteínas respectivas. Por fim, as partículas
de HIV completas são reconhecidas, sendo que nos macrófagos, o HIV sai da célula por exocitose, mas nas
células T a saída é feita através da ruptura da célula libertando o HIV na corrente sanguínea.
No processo de replicação, o provirus integrado é copiado para um mRNA que seguidamente vai sofrer
splicing originando partículas mais pequenas. Por sua vez, estas partículas produzem várias proteínas
reguladoras da classe Tat e Rev. À medida que as Rev se vão acumulando gradualmente, começam a inibir o
splicing do mRNA. Nesta fase, as proteínas estruturas Gag e Env são produzidas a partir do mRNA de
maiores dimensões, e o RNA total é, agora, o genoma total do vírus, ligando-se às partículas Gag para
originar novas partículas víricas.
Na fase final do ciclo, ocorre o reconhecimento de novos vírus HIV-1 a partir da membrana plasmática
da célula-hospedeira. A poliproteína Env (gp160) atravessa o retículo endoplasmático e é transportada para
o complexo de Golgi onde é clivada pela acção de uma protease e é processada para a obtenção de duas
proteínas do envelope vírico: gp41 e gp120. Por sua vez, estes passam para a membrana plasmática da
célula-hospedeira, onde se mantêm alojados. As poliproteínas Gag e Gag-Pol também se associam a essa
mesma superfície, juntamente com o RNA do genoma do HIV para formar o virião. A maturação pode
ocorrer na estrutura recentemente formada ou no virião imaturo depois de se ter formado na célula-
hospedeira. Durante a maturação, as proteases do HIV clivam as poliproteínas em proteínas e enzimas
individualmente funcionais do HIV e o vírus maduro já pode infectar uma nova célula.
Env – codifica para os precursores das glicoproteínas gp120 e gp41, que são proteínas localizadas
no envelope viral e que ajudam o vírus a ligar-se e a fundir-se com as células-alvo.
Pol – codifica para enzimas virais, sendo as mais importantes a transcriptase reversa, a integrase e
a protease que corta as proteínas provenientes do Gag para proteínas funcionais.
Gag – codifica para várias proteínas estruturais como a p24 para a cápside viral, pa 6 e a p7 para as
proteínas da nucleocápside, a p17 para a proteína matriz e a p55 que é cortada em quatro proteínas
estruturais menores pela protease.
Tat (Trans-activator of Transcription) – auxilia o HIV a reproduzir-se através da compensação de
um determinado defeito no seu genoma, através da síntese de RNA.
Rev (Regulator of Virion) – permite que os fragmentos de mRNA do HIV que contenham RRE (Rev
Response Unit) sejam exportados do núcleo para o citoplasma. Na falta deste gene, a maquinaria do
splicing de RNA no núcleo rapidamente com o objectivo de obter menores proteínas reguladoras. Na
presença do Rev, o RNA é exportado do núcleo antes de sofrer splicing, fazendo com que as proteínas
estruturais e o genoma do RNA possam ser produzidos.
Nef (Negative Regulatory Factor) – a sua expressão no ciclo de vida do vírus assegura a activação
das células T e o estabelecimento de um estado de infecção persistente. Para além disso, promove a
sobrevivência das células infectadas através da modulação da expressão de várias moléculas da superfície
que são importantes para a função imune da célula.
Vif (Viral Infectivity Factor) – essencial para a replicação do vírus, sendo que inibie uma proteína
celular ao virião durante a separação de uma célula-hospedeira através da degradação proteossomal.
Vpu (Viral Protein U) – envolvida na separação e formação final do vírus, no momento em que o
virião se desprende da célula.
8.6. Terapias
Os nucleósidos são fosforilados antes de terem sido adicionados na cadeia nascente de DNA. Uma
ponte fosfodiester é criada entre o grupo hidroxilo do último nucleótido incorporado e o trifosfato
desoxirribonucleósido que vai ser introduzido.
Se o último nucleótido incorporado foi o AZT, o grupo hidroxilo está em falta, logo o próximo
nucleótido não pode ser adicionado e a síntese termina, sendo que isto acontece porque o AZT é uma
didesoxipirimidina.
O precursor Gag-Pol Pr160 é cortado em três proteínas mais pequenas: a protease propriamente
dita, a transcriptase reversa e a integrase que está envolvida na integração proviral no interior do DNA
ceular. O precursor Gag Pr55 comanda o processamento mais complexo, produzindo inicialmente p17, p24
e p15, sendo que este último segmento comanda o passo seguinte para originar p7 e p6. Todas as proteínas
Gag são proteínas estruturais do HIV inner core.
A gp120 marcada no citoplasma das células e no meio de cultura foi imunoprecipitada e analisada
por electroforese, tendo sido encontrada em ambos os locais quando o plasmídeo contendo gp12’ foi
transferido sozinho ou com CD4. Desta forma, quando modificado com sCD4-KDEL, a gp120 apenas foi
encontrada nas célula, sugerindo que os complexos gp120-sCD4-KDEL ainda se encontrassem retidos no
retículo endoplasmático.
Vacina ou Terapia por Drogas – os componentes da vacina incorporam o gene nef que apresenta
características defeituosas, sendo que simultaneamente existe uma proteína inibidora do gene nef que
impede a formação de uma proteína crítica para a infecção vírica do HIV.
Bloqueio de replicação – intervenção do CAF que impede a replicação das sequências víricas e a
consequente infecção total do indivíduo pelo vírus.
9.1. Viróides
Os viróides são patógenos de plantas que consistem em pequenos fragmentos (com alguns centenas
de nucleobases) de RNA de cadeia simples, circular e com grande complementaridade, não apresentando a
cápsula viral que é típica nos vírus. O mais pequeno que se conhece actualmente tem 220 nucleótidos de
scRNA (small cytoplasmic RNA) e está associado ao RYMV (rice yellow mottle sobenovirus).
Comparativamente, o genoma dos mesmos vírus conhecidos capazes de causar uma infecção por mais
pequena que seja tem 2 Kb de tamanho.
O RNA dos viróides não codifica para nenhuma proteína conhecida, e além disso alguns deles nem
contêm o codão de iniciação AUG. O mecanismo de replicação envolve a interacção com a RNA polimerase
II, enzima geralmente associada à síntese de mRNA e à síntese do “rolling circle” do novo RNA. Alguns
viróides são ribozimas, existindo propriedades de enzimas de RNA que permitem a sua auto-clivagem e a
ligação de genomas unitários a partir de maiores intermediários de replicação.
No homem, os viróides provocam geralmente a hepatite D, pois o viróide em causa está na cápside do
vírus da hepatite B, sempre num processo de sequestro ou destruição do 7S RNA hepático, que é um
componente da SRP.
9.2. Priões
Os priões são agentes infecciosos com capacidade de modificar outras proteínas, tornando-as cópias de
si mesmas. Um prião não possui qualquer ácido nucleico na sua constituição, sendo actualmente
conhecidas 13 espécies de priões, das quais 3 atacam fungos e 10 atacam mamíferos. Geralmente, no caso
do ser humano, é um produto do gene humano PrP localizado no cromossoma 20, fazendo com que essa
mesma proteína PrP esteja envolvida no mecanismo de diferenciação neuronal e no sequestro de iões Cu2+.
BSE (encefalopatia espongiforme bovinal) – caracterizada por ser a doença das vacas loucas e
pelas seguintes reacções:
Agitação e agressividade
Perda de funções motoras
Perda de apetite
Convulsões
Cegueira
Auto-mutilação
Dificuldade em engolir
Scrapie
TME (encefalopatia transmissível da marta)
CWD (chronic wasting disease) – ocorre em alces e veados
Kuru – a primeira descrição desta doença foi feita em 1957, devido ao canibalismo
FFI (insónia familiar fatal) – insónia progressiva, com atrofia severa e selectiva do tálamo
GSS (síndroma de Gerstmann-Straussler-Scheinker) – provoca ataxia cerebral, problemas motores,
demência e ocorre entre os 40 e 50 anos.
Síndroma de Alper – ocorre nas crianças
CJD (doença de Creutzfeld-Jacob) – perda do controlo motor, demência, paralisia e morte, sendo
transmitida por instrumentos cirúrgicos mal esterilizados ou por transplante de órgãos.
vCJD ou fCJD – nova variante de CJD proveniente do consumo de produtos de animais
contaminados com BSE.
As mutações são mudanças repentinas que ocorrem nos genes, ou seja, é o processo pelo qual um
gene sofre uma mudança estrutural. Geralmente, as mutações distinguem-se das aberracções por serem
alterações a nível de ponto, envolvendo a eliminação ou substituição de um ou poucos nucleótidos da
cadeia de DNA.
Podem ter uma origem causal ou induzida na informação genética e só é transmitida para os
descendentes de organismos complexos se ocorrer em células germinativas. Para que haja mutação é
primeiro necessário que ocorra um dano na sequência de nucleótidos do DNA. As células possuem um
conjunto de mecanismos de reparação de DNA encarregues de corrigir o possível erro, mas ocasionalmente
pode ocorrer uma falha nesses mecanismos, ou o dano pode ser irreparável e as células replicam-se nestas
condições de mutação.
As mutações podem ter várias origens: podem ser ocasionais, tomando parte na pequena
probabilidade do erro espontâneo no momento da duplicação de DNA na mitose ou na meiose; podem ser
provocadas por agentes mutagénicos de origem electromagnética, química ou biológica; podem ainda ser
induzidas em laboratório com o uso intencional destes mesmos agentes sobre organismos vivos. As
bactérias são óptimos modelos para estudar mecanismos genéticos, porque para além de se reproduzirem
rapidamente, têm apenas uma cópia de cada gene. Portanto, qualquer mutação conduz directamente a
uma alteração fenotípica.
As mutações actuam de forma crucial na evolução das espécies. As alterações morfológicas, nas quais
a teoria da selecção natural se baseia, devem-se a mutações que promovem o surgimento de novas
características numa determinada população, que por um motivo ou por outro faz com que os seus
portadores sejam mais bem sucedidos que os seus concorrentes e predecessores. Da mesma forma, as
mutações que produzem indivíduos menos adaptávis ao seu meio tendem a ser rapidamente eliminadas
pelos seus concorrentes, já que a probabilidade de um indivíduo menos adaptado se reproduzir é menor.
1. Mutagénese
1.1.Mecanismos de mutagénese
Existem principalmente três mecanismos de mutagénese que estão envolvidos nas mutações de DNA
referidas anteriormente, estando todos eles relacionados entre si apesar das diferenças existentes nos
processos.
Incorporação de bases análogas – inclui compostos que são semelhantes às bases do DNA, que são
incorporadas numa das cadeias do DNA e provocam mutações:
5-bromouracil
2-amino-purina
Perda de especificadade de emparelhamento – mutagénios que se vão ligar ao DNA por terem
maior afinidade de conexão, provocando a lesão de uma ou mais bases que vai impedir o
emparelhamento correcto:
Luz UV
Aflatoxina B
Benzopireno
1.2.Consequências da mutagénese
As consequências da mutagénese relacionadas com substituição de bases podem ser a nível da
molécula de DNA ou a nível da proteína formada.
Em termos de molécula proteica, traduz-se em alterações que podem ser de vários tipos:
Silenciosas - quando há uma base mutada fazendo com que o DNA fique diferente mas a proteína
resultante se mantenha igual, porque existem vários codões que especificam para o mesmo aminoácido e,
por isso, pode haver uma substituição a nível da molécula de DNA que vai originar o mesmo aminoácido no
final.
Neutras – fazem alterações a nível da molécula de DNA e a nível da proteína mas não alteram a sua
função, traduzindo-se em mutações como a substituição de um aminoácido de carácter ácido por outro
semelhante, que conduz à alteração da conformação da molécula mas sempre mantendo a sua função.
Absurdas (Nonsense) – existem quando após a troca de uma base se criou um codão stop. Se a
sequência de DNA codificava um péptido de determinado tamanho, após a formação de um codão stop, o
péptido irá ser mais pequeno e irá conferir alterações em tudo o que está relacionado com a proteína.
Sem sentido (Missense) – ocorrem normalmente por serem responsáveis pela formação de
mutantes termosensíveis, funcionando apenas com temperaturas específicas para cada caso.
Para além destas consequências, existem as mutações frameshift, que podem levar à perda de uma
base e a ligação das duas subjacentes, traduzindo-se numa modificação do quadro de leitura final.
Ocorrendo a inserção de uma nova base na molécula de DNA, faz-se com que o quadro de leitura seja lido
de uma forma diferente da inicial, podendo conduzir à formação de um codão stop e à interrupção da
cadeia peptídica.
Nas adições e delecções, também pode haver inversões que resultam quando temos uma sequência
inicial que pode sofrer cortes das duas cadeias e que quando vai ser reparada, não se coloca a molécula na
posição correcta mas sim de forma invertida à inicial.
Por fim, existem os pontos quentes (hotspots). Quando se consideram as mutações em termos de
inactivação de um gene, a maior parte dos genes no interior de determinadas espécies, apresentam
aproximadamente taxas de mutação semelhantes às esperadas relativamente ao seu tamanho. Isto sugere
que o gene pode ser considerado como alvo para uma determinada mutação e que é o dano causado em
qualquer parte do gene que pode abolir a sua função. Como resultado, a susceptibilidade para a mutação
torna-se superior ou inferior, e proporcional ao tamanho do gene em causa.
A probabilidade estatística de que mais de uma mutação ocorre num local particular é dada pela
cinética da actuação de uma determinada mutação. Desta forma, alguns locais adquirem uma ou mais
mutações ao mesmo tempo que outros locais se mantêm inalterados e, por isso, intactos relativamente ao
efeito das mutações. Para além disso, existem ainda outros locais que ganham um número de mutações
muito superior ao número de mutações esperadas numa distribuição aleatória, podendo apresentar dez ou
cem vezes mais mutações que o esperado para os casos aleatorios. Estes locais particulares designam-se
por hotspots, que são locais específicos da molécula de DNA onde ocorrem alterações sistemáticas,
apresentando consequentemente maior tendência para ser mutadas.
2. Mutações espontâneas
As mutações espontâneas são mutações que resultam de operações celulares normais ou de
interacções aleatórias com o ambiente em que o indivíduo se encontra inserido.
2.1. Isomerização
No processo de isomerização, os tautómeros são compostos orgânicos que são interconvertíveis
através de uma reacção química designada tautomerização. Geralmente, esta reacção é definida como
sendo uma reacção que resulta na migração formal de um protão ou de um átomo de hidrogénio,
acompanhada da troca de uma ligação simples e de ligação dupla adjacente.
Em soluções em que pode ocorrer tautomerização, atinge-se um equilíbrio químico dos tautómeros. A
sua proporção depende de vários factores como a temperatura, o solvente utilizado e o pH. O conceito de
tautómeros interconvertíveis pela tautomerização designa-se tautomerismo e é um caso especial de
isomerismo estrutural, podendo desempenhar um papel importante no emparelhamento de bases no DNA
e em moléculas específicas de RNA.
As reacções de tautomerização são catalisadas por ácidos ou por bases, sendo os dois pares
tautoméricos mais comuns os seguintes:
Um exemplo comum é o da guanina que passa da forma ceto à forma enol, depois da alteração
tautomérica no momento da replicação. Na sua forma enol, a guanina emparelha com a timina em vez de
emparelhar com a citosina, fazendo com que na replicação seginte, a guanina volte a trocar para a sua
forma ceto, que é mais estável. A timina incorporada na forma enol da guanina direcciona a incorporação
da adenina na replicação subsequente, fazendo com que o resultado seja uma mutação G.C - A.T. Se a
guanina sofre uma alteração tautomérica no momento de incorporação (como um nucleósido trifosfato),
ela vai ser incorporada na timina novamente na cadeia em causa e provoca uma mutação A.T – G.C.
Isto acontece porque uma das cadeias fica modificada estruturalmente pois uma citosina isomerada
passa a estar presente na molécula, fazendo com que haja uma molécula GC e uma molécula GT que não
respeita as regras normais de emparelhamento.
2.2. Depurinação
Na depurinação, ocorre a perda de uma base da molécula de DNA devido à falta da ligação glicosídica
entre a base e a desoxirribose, formando um local apurínico. Geralmente, são mutações que ocorrem em
grande número, à temperatura corporal do indivíduo durante cerca de vinte horas, sendo que no final são
corrigidas por sistemas de recuperação que possam existir.
2.3. Desaminação
Na desaminação, qualquer uma das bases pode sofrer mutação:
Citosina – Uracilo
5-metilcitosina – Timina
Adenina – Hipoxantina
Guanina – Xantina
Numa determinada molécula de DNA, por exemplo, pode ocorrer a desaminação de uma citosina para
formar um uracilo. O par de bases resultante U-G é reconhecido como sendo anormal e pode vir a ser
reparado para restaurar o par normal C-G. Alternativamente, a mutação pode ser reparada na replicação
de DNA que se segue. Depois de uma replicação de DNA, uma molécula filha de DNA vai apresentar um par
de bases U-A (mutante) e a outra um par C-G (normal). O uracilo vai ser removido e substituído por uma
timina, gerando um DNA mutante em que o par T-A é substituído por um par C-G.
As transversões obtidas através desta classe de mutações são maioritariamente reparadas pelo sistema
GO.
3. Mutações induzidas
As mutações induzidas resultam da exposição dos organisos a determinados agentes mutagénicos que
reagem com o DNA, como a luz UV, radiações ionizantes ou vários agentes de carácter químico.
incorporação como nas baes análogos, porque se encontra um grupo adicional que é colocado na própria
base que faz com que, se isto não for reparado atempadamente, ocorram determinadas reacções,
nomeadamente antes do processo de replicação.
Aqui, o DNA vai sofrer modificações e se for adicionado o grupo metilo e ocorrer a replicação
subsequente, uma das cadeias continua GC e a outra passa a G.T, conferindo alterações a nível do NA
obtido no final.
Os principais agentes alquilantes são o etilmetano sulfonato (EMS) e a nitrosoguanidina (NA) que
apresenta uma grande afinidade para os garfos de replicação. Todos os agentes alquilantes causam
transições na molécula de DNA mas não são incorporados nela.
As enzimas que realizam a metabolização são enzimas hepáticas e actuam através da via citocromo
P450, criando um radical hidroxilo (OH) que posteriormente vai ser cortado para permitir a ocorrência de
uma nova reacção. Aqui, obtém-se uma nova molécula com quatro grupos OH que adquire grande
afinidade para o DNA, distorcendo-a e criando a mutação consequente.
4. Mutações pontuais
As mutações pontuais podem ser de vários tipos:
Mutações silenciosas (ou sinónimas) – resultam da substituição de um par de bases por outro, que
leva à formação de um codão diferente, que continua, no entanto, a codificar o aminoácido original; não se
observa qualquer alteração na função da proteína.
Mutações missense – resultam da substituição de um par de bases por outro, levando à formação
de um codão que codifica um aminoácido diferente do original. Se o codão obtido por mutação, no
entanto, codificar um aminoácido quimicamente semelhante ao original, não se vão detectar grandes
alterações na função da respectiva proteína. Assim sendo, numa mutação deste tipo, pode obter-se uma
proteína com função alterada ou não.
Mutações nonsense – resultam da substituição de um par de bases por outro, que leva à formação
de um codão stop; há terminação prematura da cadeia polipeptídica e a respectiva proteína (truncada)
normalmente não funcional.
5. Anomalias cromossómicas
As anomalias cromossómicas envolvem alterações em segmentos de DNA de grandes dimensões.
Presumivelmente, estas anomalias devem-se maioritariamente a erros em mecanismos de reparação das
quebras nas duplas cadeias de DNA. Os cromossomas (I ou II) estão exibidos como linhas únicas com
regiões envolvidas numa anomalia particular identificada por cor verde ou roxo.
Geralmente, os dois principais factores intervenientes nesta perda são a luz UV e a xerodermia.
6. Identificação de mutagénios
A identificação de mutagénios baseia-se na capacidade que um determinado compostos tem de reagir
com algo para formar revertentes, isto é, bactérias que conseguem voltar ao seu estado selvagem. Desta
forma, se tivermos uma bactéria que não tenha capacidade de sintetizar, quando ela sofre a acção de um
mutagénio, as alterações que ele induz podem ser responsáveis pelo regresso ao estado selvagem e
original da bactéria.
Há muitos compostos que não são, à partida, mutagénicos, passando apenas a esse estado depois do
processo de metabolização. Estes são compostos que inicialmente não têm relação com o DNA, mas que
passam a ter depois de possuírem grupos metoxi após a metabolização.
O principal método utilizado é o teste de Ames. Este teste é um teste de visualização que é utilizado
para ajudar a identificar elementos químicos que afectam a estrutura da molécula de DNA, avaliando o
poder mutagénico de compostos carcinogénicos por detecção de revertentes, através da passagem do
estado mutante ao estado selvagem. Apesar disto, muitos dos agentes carcinogénicos só passam a
mutagénicos depois de terem sido activados pela metabolização hepática, sendo os exemplos mais comuns
de agentes mutagénicos, vários elementos oxidantes (tabaco, dicloreto de etilo), análogos de bases,
agentes intercalantes e agentes alquilantes.
As alterações verificadas ao longo do teste resultam de mutações que ocorrem quando a estrutura do
DNA é alterada em certos lugares, pois vários elementos químicos que provocam mutações causam cancro
em animais ou pessoas. Quando o teste foi criado, pensava-se que a maior parte dos elementos químicos
utilizados que produziram resultados no teste podiam também induzir a formação de um cancro.
O fígado de ratinho é, mais tarde, homogeneizado e o sobrenadante com enzimas solubilizadas (S9) é
adicionado a uma suspensão de bactéria auxotrófica numa solução de um potencial carcinogénio (X). Esta
mistura é plaqueada num meio sem histidina e os resultados do mutante 1 e 2 são pesquisados
simultaneamente, decorrendo um controlo experimental com o potencial carcinogénico. Desta forma, a
presença de revertentes indica que o elemento químico é um mutagénio e possivelmente um carcinogénio
ao mesmo tempo.
7. Outras mutações
Para além de todas as mutações referidas até ao momento, existem ainda outras classes particulares
de mutações que podem ocorrer nas diferentes moléculas de DNA, sendo que as principais são as
seguintes:
Mutações por transposição – são provocados por elementos de transposição, podendo causar
delecções, inversões ou inserções.
Mutações reversíveis – são aquelas em que a base alterada é reposta pela original, incluindo as
mutações pontuais, as inserções que são reversíveis e as delecções que são irreversíveis.
Mutações ribossomais – substitução de aminoácidos que distorcem o ribossoma (subunidade 30S)
induzindo a entrada de uma molécula de aminoacil-tRNA errada.
Mutações supressoras – as intragénicas incluem a mutação no mesmo gene, mas noutro local e as
extragénicas contêm tRNA mutante, corrigindo mutações nonsense, missense e frameshift.
Apesar de a variação genética ser importante para a evolução, a sobrevivência do indivíduo requer
estabilidade genética. A manutenção da estabilidade genática necessita não só de um mecanismo
extremamente preciso para replicar o DNA, mas também de mecanismos para reparar as várias lesões
acidentais que ocorrem continuamente no DNA. A maior parte da alterações espontâneas é temporária,
porque é imediatamente corrigida por um conjunto de processos a que se chama reparação do DNA.
1. Agentes danificantes
2. Consequências
As principais consequências incluem a inibição dos seguintes processos:
Transcrição
Replicação
Segregação de cromossomas apoptose
Mutações
Aberrações cromossómicas cancro, envelhecimento, etc.
3. Reparação
As células possuem sistemas de reparação enzimáticos, que têm por objectivo a eliminação de
mutações.
A falência destes sistemas está relacionada com a manutenção das mutações e o desenvolvimento de
doenças humanas.
O número de reparações diárias por célula humana encontra-se dentro dos seguintes valores:
4. Classificação
Prevenção de erros:
Destoxificação
Alquil transferases
Fotoliase (fotorreactivação)
Geral
uvrABCD
específica
AP endonucleases
DNA glicosilases
Sistema GO
Reparação pós-replicação:
5. Prevenção de erros
6.2. Fotorreactivação
Fotoliase ou PRE (photoreactivating enzime) gene phr
Liga-se ao dímero da timina e na presença da luz do visível (320-360 nm) usa a energia absorvida
para quebrar a estrutura dimérica das duas timinas
Existe nas bactérias e em alguns eucariotas inferiores, mas não no homem
Na ausência de luz visível, esta mutação pode ser corrigida por outros mecanismos de reparação
(excisão, síntese por translesão, pós replicação)
Certas plantas e a Drosophila usam a fotoliase para reverter o 6-4-produto.
DNA glicosilase
Remove a base, cria locais AP (apurínicos sem A ou G; ou apirimidínicos sem C ou T), que
depois são corrigidos pela AP endonuclease.
Repara bases desaminadas (uracilo e hipoxantina), bases metiladas e oxidadas.
Sistema GO
Este processo, funciona com uma base que foi oxidada, que passa a 8-oxodGTP, havendo um
emparelhamento que não é correcto nem normal; ou o mutM e tem capacidade de remover o GO e deixar
um vazio e a celula vai utilizar outros sistemas de reparação para colocar o nucleotido em falta e o sistem
fica em falta. Mas se ela não actua atempadamente, e após a replicação, podemos ter na cadeia na mesma
a presenaça de agentes oxidantes, ha emparelhamento de C com GO mas o GO tb pode emparelhar com o
A. Logo, desta forma, a muTY vai actuar mas em vez de teretir o GO retira o A e ficamos na mesma com a
falta de uma base naquele local. Ha sistemas de reparaçao que tem la o C mas isto ainda nao ta correcot,
logo vai entrar novamente a mutM para retir o GO e repor o GC que ja é correcto.
8. Reparação pós-replicação
Nos mamíferos:
RecBCD – também conhecida como exonuclease V, é uma proteína que inicia a reparação por
recombinação de falhas na cadeia dupla. É composta por 3 subunidades diferentes, codificadas pelos
genes recB, recC e recD. As subunidades RecB e RecD são helicases.
RuvABC – complexo de três proteínas que medeiam a migração de cadeias e resolvem a junção
Holliday (junção de 4 cadeias de DNA) criada durante a reparação por recombinação. RuvA e RuvB ligam-
se às quatro cadeias de DNA e fazem com que as cadeias migrem através de si mesmas, utilizando um
mecanismo rotativo. A ligação do RuvC ao complexo RuvAB faz com que as cadeias se desliguem.
Na reparação por recombinação, a reparação passa à frente de uma lesão bloqueante, deixando um
espaço na nova cadeia. Uma proteína recA-directed preenche o espaço, utilizando uma parte da cadeia
parental oposta. Finalmente, a proteína recA repara o espaço na cadeia parental.
É um sistema indutível.
Proteína recA liga-se ao DNA de cadeia simples e activa
o sistema SOS por clivagem proteolítica do repressor lexA.
DNA reparado por recombinação, excisão, síntese
bypass, alquilação ou sistema GO, cujos genes estão sob controlo
de lexA
Sistema indutível.
Permite sobrevivência em situações de stress.
umuC e umuD (UV não mutados) requerem a proteína
recA e codificam para proteínas que, associadas à DNA
polimerase III, introduzem bases mesmo na ausência de um
molde.
No bypass por SOS, quando a replicação atinge um local que contém uma lesão bloqueante, o sistema
SOS insere o número necessário de bases (normalmente incorrectas) directamente da lesão e a replicação
continua. É de realçar que a lesão ainda se mantém e deve ser reparada através de outro mecanismo.
XPC-HHR23B
XPA
RPA
TFIIH
XPB
XPD
XPG
ERCC1-XPF
CSA
CSB
Enquanto que a maquinaria do sistema de reparação de bases consegue reconhecer lesões específicas
no DNA e corrigir apenas as bases danificadas, as enzimas do sistema de reparação de nucleótidos
reconhecem distorções volumosas na forma da dupla hélice de DNA. O reconhecimento destas distorções
leva à remoção de um curto segmento da cadeia que inclui a lesão, criando uma falha numa das cadeias,
que é posteriormente preenchido pela DNA polimerase, que usa a cadeia não danificada como molde. NER
pode ser dividido em duas vias: Global genomic NER (GGR) e Transcription coupled NER (TCR), que diferem
apenas no reconhecimento da distorção.
A GGR repara tanto cadeias de DNA transcritas como não-transcritas em genes activos e inactivos ao
longo do genoma. Esta via implica várias proteínas, incluindo os complexos DDB (DNA-damage binding) e
XPC-Rad23B, que estão constantemente a verificar o genoma e a reconhecer distorções na hélice. Aquando
da identificação de um local danificado, as proteínas reparadores subsequentes são recrutadas para
verificar a presença de um erro, efectuar a excisão da região envolvente da lesão e voltar a preencher a
cadeia.
Quando a Rna Pol II está a sintetizar a molécula de RNA e depois encontra algo que ela não conhece
e não consegue sintetizar a cadeia complementar porque o sistema é muito mais complexo e a transcrição
pára. Esta activa então as enzimas todas que estão relacionadas com o processo de reparação.
tRNA supressor tem a capacidade de “passar” uma base (frameshift + 1) ou “voltar atrás” (frameshift – 1)
Síndrome de Werner
Síndrome de Cockayne
Defeitos no sistema de reparação associado à transcrição (TCR) por alterações causadas pela
radiação UV
Atraso mental
Envelhecimento precoce
Nanismo
Síndrome de Bloom
Ataxia telangiectasia
A engenharia genética consiste na criação de uma nova molécula de DNA, geralmente pela
recombinação de DNA de diferentes organismos, utilizando-se enzimas conhecidas como enzimas de
restrição, e a consequente produção de muitas cópias de DNA recombinante. Este processo designa-se por
clonagem. A amplificação de um gene ou genes específicos clonados, associada ao considerável aumento
da produção dos seus produtos proteicos, torna relativamente fácil extrair e purificar as respectivas
proteínas no laboratório.
Genética molecular - estudo da função genica no controle de actividades celulares e da sua organização
física dentro dos genomas.
Genética reversa - na genética directa o mapeamento genico é realizado a partir do fenótipo. Na genética
reversa, a associação entre genes e fenótipo é estabelecida pela manipulação do gene e observação de
alterações ocasionadas no fenótipo. A clonagem de genes a partir de marcação com transposões é um
exemplo de genética reversa. Neste caso, quando um transposão se integra no gene, a sua expressão
resulta num fenótipo alterado ou mutante, permitindo o isolamento do gene.
Hibridoma Anticorpos
Proteínas Insulina
lnterferão
Albumina sérica humana
Antitrombina
Luciferase (pirilampo)
Linfocinas
Factor da necrose tumoral
Gonadotropina humana
Tomates hidropónicos
Resistência a pesticidas
Bio-insecticidas
Fixação do azoto
Vacinas Hepatite B
Herpes
Gripe
Malária
Normalmente, o DNA dador corresponde a uma pequena porção do genoma de uma célula e
encontra-se representado por uma ou duas cópias por célula. Logo, antes de se poder extrair o DNA dador
tem de se obter, a partir quer de uma pequena porção de tecido, quer de uma cultura de células, um
número suficiente de células que contenha DNA desejado. Depois de se ter obtido um número suficiente
de células contendo o material genético extraído. Este material genético pode estar presente nos
cromossomas ou em plasmídeos.
2. Extracção de DNA
A recolha deste DNA parcialmente purificado é o próximo e último passo. Quando se adiciona etanol
absoluto à solução aquosa de DNA, desenvolve-se uma interfase entre os dois líquidos devido às suas
diferentes densidades. O DNA genómico na fase aquosa precipitará na interfase à medida que filamentos
finos e brancos se aglomeram numa massa com aspecto opaco. Com a ajuda de uma vareta de vidro, o DNA
genómico pode ser retirado da interfase por enrolamento (spooling). Para tal, introduz-se uma vareta de
vidro na interfase e roda-se de modo a que as cadeias de DNA se enrolem a esta. O DNA enrolado pode ser
seco, redissolvido em solução aquosa e usado numa variedade de processos.
resistência a metais pesados e antibióticos. Visto muitas células bacterianas possuírem simultaneamente o
cromossoma bacteriano e vários plasmídeos, o isolamento do DNA plasmídico exige um passo no qual este
terá de ser separado do DNA cromossómico bacteriano (genómico).
Tal como nas células eucarióticas, as células bacterianas são tratadas com detergentes de modo a
romper a membrana plasmática. Como a bactéria possui uma parede celular, também é necessário o
tratamento com a enzima lisozima para remover este invólucro externo. Este tratamento, juntamente com
o dos detergentes, liberta ambos os DNAs, plasmídico e cromossómico, da célula. Para o isolamento
selectivo do DNA plasmídico das células, adiciona-se hidróxido de sódio (NaOH) à solução detergente para
desnaturar o DNA (i.e., fazer com que as duas cadeias se separem). A desnaturação do DNA bacteriano com
NaOH e detergentes designa-se por lise alcalina. O DNA cromossómico e muitas proteínas e componentes
da membrana, são removidos pela adição de potássio (geralmente sob a forma de acetato de potássio) a
esta mistura, seguindo-se de uma centrifugação. A precipitação selectiva do DNA cromossómico baseia-se
nas maiores dimensões do DNA genómico; a maior dimensão torna-o mais vulnerável à precipitação pelo
acetato de potássio do que a pequena molécula de DNA plasmídico. Depois deste passo, o DNA plasmídico
mantém-se em solução juntamente com o RNA celular. Esta solução também é conhecida como lisado
límpido. O RNA pode ser eliminado pelo tratamento com a enzima RNase, que por sua vez pode ser
removida com solventes orgânicos (fenol-clorofórmio). Precipita-se então o DNA plasmídico com etanol,
seca-se e redissolve-se em solução aquosa para ser utilizado numa variedade de aplicações.
3. Enzimas de restrição
Endonucleases de restrição são enzimas bacterianas que reconhecem sequências nucleotídicas
específicas da molécula de DNA em cadeia dupla e cortam o DNA nesses locais. Estas enzimas cortam o
DNA em fragmentos de vários comprimentos, dependendo do número de vezes que o local de
reconhecimento da respectiva enzima se repete ao longo da molécula. As endonucleases de tipo II, que se
utilizam em experiências de clonagem, reconhecem sequências de pares de bases de quatro a oito
nucleótidos e cortam dentro destas sequências. Por exemplo, a endonuclease de restrição conhecida como
SmaI reconhece a sequência 5’-CCCGGG-3’ e corta entre o C adjacente ao G, enquanto que a enzima EcoI
reconhece a sequência 5’-GAATTC-3’ e corta entre o G e o A. Estes locais designam-se por sequências de
reconhecimento. Consequentemente, qualquer molécula de DNA que seja cortada (ou restringida) por uma
endonuclease de restrição de tipo II tem de ter sequências de reconhecimento conhecidas como
palíndromas. Palíndromas são sequências de quatro a seis bases (nucleótidos) que são idênticas em ambas
as cadeias da molécula de DNA quando lidas na mesma direcção (5’-3’). As endonucleases de restrição
cortam o DNA gerando fragmentos com extremidades coesivas ou extremidades cegas.
Enzimas de modificação são aquelas que reconhecem a mesma sequência de DNA das
correspondentes enzimas de restrição e, em vez de a cortarem, modificam-na.
4. Mapas de restrição
5. Vectores de clonagem
Um vector é uma molécula de DNA à qual DNA estranho pode ser ligado e posteriormente inserido nas
células de modo a que o DNA “recombinante” se possa replicar. Os vectores podem ser introduzidos nas
células hospedeiras por transformação ou por infecção fágica.
Existem vários tipos de vectores utilizados nas experiências de clonagem. Contudo, os mais frequentes
são os plasmídeos e vírus bacterianos (bacteriófagos) porque facilmente se introduzem nas células e são
manipulados no laboratório. Independentemente do tipo, os vectores têm de ter certas características
adequadas à clonagem.
Características Funções
Serem cortados num só local por uma enzima Permite a inserção do DNA dador e a
de restrição circularização do plasmídeo
Não serem transferidos por conjugação Evita que o DNA recombinante se dissemine
para as populações naturais de bactérias
As moléculas de DNA dador e vector ligam-se através de enzimas chamadas ligases de DNA ou ligases
de polinucleótido. As ligases de DNA são enzimas que catalisam a formação de ligações fosfodiéster entre o
grupo 3’-hidroxilo de um segmento de DNA dador e o grupo 5’-fosfato do DNA vector.
6. Cromossomas artificiais
7. Vectores de expressão
Os vectores de expressão são vectores que possuem um gene que é eficazmente transcrito e
traduzido pela célula hospedeira.
Para a transcrição, são necessários um local promotor (P)e um local terminador (TER). A transcrição do
gene pretendido começa no local promotor e termina no local terminador. Em muitos vectores de
expressão, também se encontra presente, a montante do codão de iniciação, um local de ligação ao
ribossoma (RBS). Este local é necessário para uma eficiente iniciação da tradução nas bactérias.
Os vectores de expressão controlada são muito importantes em Engenharia Genética,, uma vez
que dão resposta à necessidade de superproduzir, de uma forma controlada, o produto de expressão de
um gene (uma proteína recombinada - r-proteína). Estes vectores além de terem uma origem de replicação
e marcas genéticas de selecção, possuem outras características lhe conferem a especialização. No caso do
| Capítulo 14 – Técnicas de DNA recombinante 205
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
vector de expressão controlada para expressão numa célula bacteriana (usualmente E. coli) deverão
apresentar:
1. Uma região promotora reconhecida no hospedeiro e que permita uma eficiente transcrição do
gene clonado a usar para superprodução na r-proteína e . É conveniente que este promotor seja
regulável de modo a que possa ser “ligado ou desligado”, daí o nome de vectores de expressão
controlada.
2. O codão de iniciação ATG que inicia a transcrição da maioria dos genes dos procariotas;
3. Um terminador da transcrição a jusante da sequência codificante para evitar a formação de mRNA
demasiado longo;
4. Uma região, designada Shine-Delgarno, que garanta uma ligação efectiva do mRNA ao ribossoma
onde se dá a tradução, garantindo que o processo se dá eficientemente e que a expressão do gene
clonado não fica limitada ao nível da tradução;
5. Um ou mais codões stop para a terminação da tradução. Para além destas características, os
plasmídeos especializados para superexpressão poderão ser em elevado número de cópias de
modo a maximizar o número de cópias do gene clonado na célula. No entanto, se não houver
controlo de expressão tal que poderá levar a uma afectação grave da fisiologia do hospedeiro o que
resultará num efeito oposto ao desejado.
apresenta as funções em falta no vector com o rDNA). De salientar que a célula receptora não apresenta o
rDNA mas que, no final de um processo bem sucedido, ambas as células de conjugação apresentam o
rDNA, podendo assim a célula receptora funcionar como dadora num novo processo de conjugação.
A transdução recorre também a um fenómeno natural: a infecção viral em bactérias. Assim, este
processo utiliza um bacteriófago ou fago (vírus de bactérias) que serve de veículo para a introdução do
rDNA, ao infectar a célula receptora, de uma forma controlada, no laboratório. No caso da bactéria E. coli, é
possível utilizar o fago λ (fago desta espécie) num processo engenhoso que permite introduzir plasmídeos
de grandes dimensões (cerca de 50 kb ou seja 50000 pares de bases). Para tal, estes plasmídeos têm que
incluir uma região dita cos, de reconhecimento pelo fago. Estes vectores de clonagem designam-se, por
isso, cosmídeos.
A transfecção consiste na infecção de uma célula hospedeira por DNA ou RNA viral.
8. Bibilioteca de genes
Uma biblioteca de genes é uma colecção de fragmentos de DNA de uma determinada espécie de
organismo, obtidos a partir da acção de endonucleases de restrição, ligados aos vectores apropriados e
clonados após terem sido inseridos num hospedeiro. É suposto que uma biblioteca seja representativa de
todos os genes do organismo, sendo muito útil quando se pretende isolar um gene específico. Assim, torna-
se claro que quando se quer clonar um determinado gene ou o cDNA (DNA complementar) das mensagens
por ele codificadas (mRNA) é necessário a construção de colecções de genes recombinantes. Se estes forem
obtidos a partir do DNA genómico, sendo portadores de moléculas representantes de todo o genoma,
constituem uma biblioteca genómica; uma biblioteca de cDNA é uma colecção de clones de DNA
complementar derivados de toda a população de mensageiros da célula ou tecido de interesse. Uma
biblioteca de genes pode ser uma colónia de bactérias (se for construída utilizando um plasmídeo ou um
cosmídeo) ou placas de fagos (se o vector utilizado for um fago) com DNA recombinante. Esta inclui
sequências de um conjunto muito grande, como o genoma inteiro de um organismo, sequências expressas
de um tipo celular particular ou sequências presentes num fragmento de DNA.
Figura A1: Bibliotecas genómicas. Biblioteca de plasmídeos (a) e biblioteca de fagos (b)
Assim, na construção destas bibliotecas o objectivo básico é procurar reduzir o número de clones
necessários, aumentando o máximo possível o tamanho dos fragmentos de DNA clonados, e, utilizando
vectores de clonagem baseados no fago λ, maximizar a eficiência da clonagem.
1º - isolamento de DNA de alto peso molecular, que posteriormente é quebrado de modo a produzir
fragmentos de tamanho compatível com o vector.
2º - ligação desses fragmentos ao vector e introdução dos recombinantes obtidos nas células hospedeiras.
As moléculas de DNA de cadeia simples usadas para detectar sequências complementares designam-
se por sondas; estas apresentam radioactividade ou marcadores químicos para facilitar a sua detecção e
podem ter desde 15 até milhares de nucleotídeos. As reacções de hibridização com sondas de DNA são
extremamente selectivas e sensíveis pois permitem detectar sequências complementares presentes em
concentrações extremamente baixas (até uma molécula por célula). As sondas são obtidas por
polimerização de nucleotídeos (marcados radioactivamente e detectáveis por auto-radiografia; ou com um
marcador químico que pode ser detectado pelo uso de um anticorpo específico) por acção de uma DNA
polimerase.
As bibliotecas genómicas e de cDNA podem conter mais de um milhão de clones, no caso dos
eucariotas. Procurar um clone específico tem que obedecer a um método preciso, caso contrário seria
praticamente impossível encontrá-lo. De forma geral existem duas formas para examinar (fazer o
screening) uma biblioteca por forma a identificar os clones que “transportam” um determinado gene ou
outra região de DNA de interesse:
▲ Figura F6.1: Ensaio de hibridização em membrana detecta complementaridade a uma sonda. Este
ensaio pode ser usado para detectar DNA e RNA e a sonda marcada radioactivamente pode ser de DNA ou
RNA.
A figura F6.2 consiste na aplicação deste procedimento ao caso duma biblioteca de cDNA. Neste caso,
uma réplica da placa de Petri contendo os clones é reproduzida na superfície duma membrana de
nitrocelulose. Usa-se então uma sonda marcada radioactivamente e específica para o DNA recombinante
contendo o fragmento de interesse.
A hibridização com sondas radioactivas é usada para examinar bibliotecas de cDNA; quando é obtido
um clone de cDNA que codifica uma dada proteína, o cDNA pode então ser marcado radioactivamente e
usado como sonda dos clones de bibliotecas genómicas contendo fragmentos do gene correspondente.
▲ Figura F6.2: Bibliotecas de cDNA podem ser examinadas com sondas radioactivas para identificação do
clone de interesse.
Tendo em conta que, se a sequência (ou parte dela) dos aminoácidos da proteína codificada pelo
clone é conhecida, então pode construir-se uma sonda complementar a uma pequena região do gene,
baseando-se apenas no código genético. Contudo, como este código é degenerado (alguns aminoácidos são
codificados por mais que um codão), uma sonda baseada na sequência de aminoácidos deve incluir todas
as possíveis sequências de oligonucleotídeos que teoricamente podem codificar a sequência de interesse.
Nesta mistura de oligonucleotídeos está presente a que hibridizará perfeitamente com o clone de
interesse.
9. Bibilioteca de cDNA
Uma biblioteca de cDNA é, muitas vezes, preferencialmente utilizada para se iniciar a clonagem de um
gene. Isto, deve-se ao facto de, sendo o cDNA (DNA complementar) derivado do mRNA (RNA mensageiro),
para uma proteína expressa na célula, obtêm-se bibliotecas em que a sua representação é
significativamente maior do que em bibliotecas genómicas, o que auxilia o seu isolamento. Outra vantagem
é poder deduzir-se facilmente a sequência da proteína pois o cDNA de eucariotas é uma cópia do mRNA
processado. Finalmente, é bastante importante, para vários trabalhos de investigação, possuir um clone de
DNA completo (com todas as sequências codificantes da proteína).
O cDNA é uma cópia da mensagem, não possuindo assim intrões e apresentando poucas sequências
que não codificam proteínas. Esta ausência de intrões permite a directa transcrição e tradução dos cDNA de
Síntese in vitro de cDNAs de cadeia dupla partindo de mRNAs isolados do tecido de interesse,
utilizando a enzima trancríptase
e reversa
reversa;
Introdução dos cDNAs recombinantes numa célula hospedeira para serem replicados. Dar
Dar-se-á a
amplificação dos recombinantes e, consoante o vector utilizado, a expressão das proteínas
codificadas pelas mensagens que deram origem aos cDNAs;
Figura C2: Construção de uma biblioteca de cDNA. 1. Isolar mRNA das células; 2.
Usar a transcríptase reversa para fazer cadeias de DNA complementares a cada
mRNA. Usar a DNA polimerase para tornar o DNA de cadeia simples em DNA de
cadeia dupla. 3. Inserir em plasmídeo e transformar em E. coli.
O mRNA é utilizado como molde para a síntese da primeira cadeia de cDNA, pela enzima
trancríptase reversa.. Esta enzima tem a capacidade de catalizar in vitro a polimerização de DNA a
partir de RNA, necessitando de um primer com a extremidade 3’OH livre, para poder começar a
síntese. Normalmente o primer utilizado é um pequeno oligonucleotídeo de desoxitimidinas (poli-dT)
(poli
que vai hibridar na cauda de poli-A A do mRNA. Resultam, desta reacção, moléculas híbridas de
DNA/RNA que vão funcionar para a síntese da segunda cadeia
cadeia de cDNA, como um complexo de
moléculas molde (cDNA) e primers (mRNA).
Depois da síntese da cadeia de cDNA, a enzima RNase A vai remover parcialmente o mRNA, pois
esta vai cortando pedaços do RNA da molécula híbrida RNA
RNA-DNA,
DNA, formando nesta espaços va
vazios.
Os fragmentos não digeridos pela RNase A servem como primers para que a DNA polimerase
substitua eficientemente o RNA por DNA, originando uma molécula de DNA de cadeia dupla.
Este DNA de cadeia dupla é tratado com T4 polimerase que possui actividade
activ 3’-5’,
5’, sendo utilizada
para remover possíveis nucleotídeos extras nas extremidades 3’ do cDNA.
Obtemos assim uma molécula de DNA de cadeia dupla que é a cópia exacta de uma determinada
mensagem (mRNA).
12. Radioisótopos
Marcação de sondas para pesquisa de DNAs ou RNAs homólogos
Determinação do tempo de semi-vida e estabilidade de RNAs
Estudos de sequenciação
Determinação do tamanho de proteínas e ácidos nucleicos
Reunião de macromoléculas e sua distribuição na célula
Tempo de semi-vida específico – tempo em que a actividade ou concentração passa para a metade
da original
Actividade específica – quantidade de radioactividade por unidade de material
Detecção de radioisótopos:
• Autorradiografia
• Ensaios quantitativos
• Pulse-chase
13. Autorradiografia
Neste procedimento, as células vivas são expostas brevemente a um pulso de um composto
radioactivo específico e então incubadas por um período variável – para lhes dar tempo de incorporarem o
composto – antes de serem fixadas e processadas por microscopia óptica ou electrónica. Cada preparação
é então coberta com uma camada fina de emulsão fotográfica e deixada no escuro durante vários dias,
durante os quais o radioisótopo decai. A emulsão é revelada e, a posição da radioactividade em cada célula
é indicada pela posição dos grânulos de prata revelados.
Ensaios quantitativos - Os electrões (partículas beta) podem ser detectados com um contador Geiger, pela
ionização que eles produzem num gás, ou podem ser medidos num contador de cintilações pela pequena
quantidade de luz que induzem no fluido de cintilação. Estes métodos tornam possível medir, com
acuidade, a quantidade de um radioisótopo em particular presente numa amostra biológica.
Pulse-chase - As alterações na localização ou na forma química das moléculas radioactivas podem ser
seguidas em função do tempo. Utiliza-se para esse efeito um protocolo de marcação de tipo “pulse-chase”,
no qual o material radioactivo (o pulso) é adicionado somente por um breve período de tempo e então
retirado e substituído por moléculas não-radioactivas (a caça). São retiradas amostras em intervalos
regulares, e a forma química ou a localização da radioactividade é identificada para cada amostra.
1. Sequenciação do DNA
A sequenciação de ácidos nucleicos revela a ordem dos nucleótidos ao longo de uma molécula de
DNA. Pode ser realizada por um de dois métodos, cada um dos quais resulta na produção de fragmentos de
DNA de diversos comprimentos, diferindo uns dos outros por uma única ase, e a partir dos quais se pode
inferir a sequência nucleotídica da molécula. Isto é conseguido mediante a utilização de géis desnaturantes
de poliacrilamida, que discriminam moléculas de DNA que diferem por uma única base. Estes géis fazem
com que as cadeias da molécula de DNA se separem e assim permaneçam todo o tempo da electroforese.
Como as moléculas de DNA são invisíveis para o observador, geralmente marcam-se, na maior parte
dos casos, com isótopos radioactivos. Após electroforese, as moléculas marcadas visualizam-se colocando
um filme de raios-X junto do gel de poliacrilamida seco e conservando-o numa cassete durante algumas
horas. Durante esse tempo, a radiação emitida pelo isótopo em cada molécula de DNA «impressiona» o
filme e, após revelação, vê-se uma banda escura na posição em que a banda de DNA estava localizada. Esta
técnica denomina-se por auto-radiografia.
Na sequenciação pelo método de Sanger, quatro misturas diferentes servem para sequenciar um
fragmento de DNA pelo método dos terminadores didesoxi de Sanger. Cada mistura de reacção contém a
molécula de DNA molde a sequenciar, primers marcados radioactivamente, os quatro desoxinucleótidos,
polimerase de DNA, e um terminador didesoxi diferente (ddA, ddC, ddG ou ddT). Quando um destes
terminadores é incorporado na nova cadeia de DNA sintetizada, pára a síntese da cadeia; o resultado é que
nessa mistura de reacção as cadeias de diversos comprimentos terminam com a mesma base. Os produtos
radioactivos são separados por electroforese e visualizados por auto-radiografia. A leitura do gel feita da
base (fragmentos mais pequenos terminados mais próximo da extremidade 5’) para o topo revela a
sequência de bases 3’TACGATACGAGG5’, complementar da cadeia-molde.
3. Construção de primers
A análise de DNA genómico e da sua organização têm de ser feitas de modo sistemático.
Uma maneira eficaz de o fazer é usando um fago recombinante para isolar outro que contenha
informação sobreposta do genoma. Esta técnica, conhecida como Chromossome walking,
depende da obtenção de um pequeno segmento de DNA a partir de um fim do primeiro
recombinante e usando este pedaço de DNA reanalisa-se a biblioteca para obter recombinantes
adicionais que contenham o pedaço de DNA e a porção seguinte de genoma. O segundo
recombinante é usado para obter um terceiro e por aí fora, até obter um conjunto de
segmentos clonados sobrepostos.
6. Southern blot
Assim que um cDNA clonado é isolado, este pode ser usado para analisar a expressão génica e a
organização do DNA genómico. O método mais utilizado é o Southern blot, que é uma ferramenta
extremamente útil para analisar a estrutura de um gene.
7. Northern blot
8. Western blot
O RFLP pode ter dois significados: como uma característica de moléculas de DNA (partindo das suas
diferentes sequências de nucleótidos) através dos quais podem ser distinguidos e como técnica laboratorial
que usa esta característica para comparar moléculas de DNA.
10. Fingerprinting
Estudos de paternidade
mutação
pontual
S1 nuclease – usa DNA de cadeia simples (cerca de 100 nucleótidos), radioactivonuma extremidade, com
sequência conhecida do promotor que permite a ligação do mRNA.
Primer extension – usa oligodesoxinucleótidos (cerca de 10 bases), radioactivo numa extremidade, que
corresponde à região a jusante do promotor
Usa sondas de DNA de regiões específicas de cromossomas com corantes fluorescentes cujo alvo são
as repetições de segmentos de DNA que são específicas de cada cromossoma.
A PCR é uma técnica que permite amplificar exponencialmente o DNA, via replicação enzimática, sem
precisar de usar um organismo vivo. Como é uma técnica in vitro, pode ser realizada sem restrições na
forma de DNA e pode ser altamente modificada para que ocorram manipulações genéticas.
19. RT-PCR
A Reverse transcription polymerase chain reaction é uma técnica para amplificar um pedaço definido de
uma molécula de RNA. A cadeia de RNA é transcrita pela transcriptase reversa para o seu DNA
complementar, seguido de amplificação do DNA resultante através de PCR.
RNAi é um mecanismo para regulação da expressão genica guiada por RNA, na qual dupla cadeia de
ácidos nucleicos inibe a expressão de genes com sequências de nucleótidos complementares
siRNA é uma classe de moléculas de cadeia dupla de RNA com 20 a 25 nucleótidos que têm uma série
de papéis em biologia. O mais importante é que está envolvido na via RNA interference onde interfere com
a expressão de um gene específico.
Funções específicas:
Detecção:
Imunoblotting
Imunofluorescência
RISC é um complexo siRNA multi-proteico de siRNA que quebra a dupla cadeia de RNA e liga pequenas
cadeias de RNA antisense, fazendo com que fiquem capazes de se ligar à cadeia complementar. Quando
encontra a cadeia complementar, é activada a RNase, que vai saparar o RNA.
26. miRNA
Em genética, miRNAs são moléculas de RNA de uma cadeia que regulam a expressão de outros genes.
miRNAs são codificados por genes transcritos do DNA, mas não traduzidos para proteína (RNA não-
codificante), pelo contrário, são processados a partir de transcriptos primários conhecidos por pri-miRNA a
estruturas chamadas pré-miRNA e finalmente a miRNA funcional. As moléculas de miRNA são parcialmente
complementares a uma ou mais moléculas de mRNA e funcionam regulando negativamente a expressão
génica.
O termo expressão genética refere-se ao processo através do qual a informação codificada num gene
particular é descodificada numa proteína específica.
Normalmente, uma célula expressa apenas uma fracção dos seus genes, de acordo com um esquema
geralmente definido durante o desenvolvimento embrionário. Além disso, a maioria das células de um
organismo são capazes de alterar o seu padrão de expressão genética em resposta a sinais extrínsecos.
Assim se explica como diferentes tipos de células num mesmo organismo diferem dramaticamente entre si.
O controlo da expressão genética difere entre procariotas e eucariotas, sendo o processo mais
complexo nos últimos.
Neste capítulo vamo-nos debruçar sobre a regulação da expressão genética em procariotas, que pelo
facto de se tratar de células mais simples, a regulação ocorrerá essencialmente ao nível da transcrição, em
detrimento da tradução.
As regiões reguladoras podem ser simples ou complexas mas todas funcionam como interruptores,
com dois componentes fundamentais: curtos segmentos de DNA, que definem uma sequência, e proteínas
reguladoras, que reconhecem e se ligam ao
DNA afectando a transcrição.
Tipicamente um gene procariota (ex: bactéria) é controlado por apenas uma ou duas proteínas
reguladoras. As regiões reguladoras são simples. Muitos dos genes ao serem transcritos encontram-se em
locais adjacentes no cromossoma formando um operão. A expressão dos genes depende de proteínas que
regulam o acesso da RNA polimerase ao promotor.
Este modelo é composto, então pelo: operão (unidade funcional constituída pelos genes estruturais,
promotor e operador) e pelos genes reguladores/repressores.
- Genes reguladores – codificam para proteínas reguladores que ajudam a sentir os sinais do meio
exterior e regulam a velocidade de transcrição dos genes estruturais. Ou seja, este controla o operador,
que por sua vez controla os genes estruturais. Isto porque os genes reguladores produzem uma proteína
chamada repressor, que se liga ao operador, impedindo a ligação da RNA polimerase ao promotor e
portanto impedindo a transcrição dos genes estruturais que codificam determinadas proteínas. O gene
regulador vai ter o seu próprio promotor.
- Operador – local onde se liga o repressor;
- Promotor - sequência específica de nucleótidos do DNA à qual se liga a RNA polimerase e onde tem
início a transcrição;
- Genes estruturais – codificam para as proteínas requeridas;
1. Regulão
Existem situações em que um grupo de operões é controlado por um único tipo de regulador. Esse
grupo de operões toma a designação de regulão.
O regulão é activado pela ligação de uma molécula específica. Na sua forma activa, o regulador liga-se
a um local a montante do promotor, facilitando o acesso da RNA polimerase ao promotor e induzindo a
transcrição.
A existência deste regulão permite controlar simultaneamente um conjunto de operões envolvidos em
determinada tarefa. Ao activar estes operões com o mesmo regulador (que funciona como repressor ou
indutor) têm-se uma eficiência maior nessa tarefa, permitindo satisfazer mais rapidamente as necessidades
da célula.
* Co-repressores - conjugam-se com os repressores e facilitam a ligação dos mesmos (ex.: Operão do
triptofano)
4. Operão da lactose
• Estrutura:
- lacZ - β-galactosidase
Fora do operão lac existe o gene regulador que codifica o repressor (lac I), e que possui igualmente um
promotor. Daí ele ser constantemente transcrito e traduzido, produzindo a bactéria, continuamente,
pequenas quantidades de proteína repressora.
Quando existe lactose no meio, esta molécula liga-se ao repressor, altera a sua conformação de tal
forma que este se torna inactivo, desligando-se do operador. A RNA polimerase pode-se agora ligar ao
promotor efectuando assim a transcrição dos genes estruturais, que são posteriormente traduzidos,
formando-se as enzimas necessárias ao metabolismo da lactose.
A lactose funciona como um indutor, pois a sua presença permite activar o operão. O operão da
lactose pode ser designado assim por operão indutível.
Oc = operador constitutivo
- afectam a expressão dos genes sob o seu controlo no mesmo DNA, mas não afectam no DNA onde não há
mutação
Quando a concentração de glucose baixa o operão lactose é activado, pois a adenilato ciclase já pode
catabolizar a conversão de ATP em cAMP. Um aumento da
concentração de cAMP leva à formação do complexo com a CAP
e ao início da transcrição dos genes do operão.
concentração de cAMP seja baixa, logo este não pode fazer um complexo com a CAP e esta não se pode
ligar ao promotor. Como resultado ocorre síntese de mRNA, mas uma cadeia pequena.
5. Operão da arabinose
A arabinose é um açúcar que é uma fonte de energia e de carbono para as bactérias.
Estes genes são transcritos a partir de um único promotor, PBAD. A transcrição dos três genes requer a
presença simultânea da arabinose, da RNA polimerase e da proteína araC, uma proteína que actua na
forma de dímero, funcionando como activadora ou repressora, produzida pelo gene C. O gene C é um gene
auto regulado que tem o seu próprio promotor (PC).
No modelo do operão da lactose existe também dois operadores: o O1 e O2, e dois genes reguladores:
o I1 e o I2, que são quatro sítios de ligação que também regulam a transcrição dos genes BAD.
Controlo negativo – sem arabinose, monómeros de araC ligam-se a O2 e I1, dobrando o DNA e
bloqueando o acesso da RNA polimerase ao promotor PBAD. Para além disso existe glucose no meio o que
faz com a que as concentração de cAMP baixem não se podendo formar o complexo com a CAP. Não há
transcrição.
Controlo positivo – a arabinose existente no meio liga-se a araC modificando a sua conformação de
forma que araC passa ligar-se como dímero a I1 e I2 (região araI) e não a O2. Isto permite a ligação da RNA
polimerase ao promotor e a transcrição. Não havendo glucose no meio o complexo CAP-cAMP existe em
concentração suficientemente alta para se ligar ao activador o que estimula a melhor ligação da RNA
polimerase ao promotor e uma maior taxa de transcrição.
6. Operão do triptofano
O operão do triptofano é formado por 5 genes estruturais: trp E, trp D, trp C, trp B e trp A, que
codificam as enzimas necessárias à síntese do aminoácido triptofano. Estes estão associados a uma região
reguladora que contém:
- Promotor (P)
- Operador (O)
À semelhança do operão da lactose, também existe um gene mais distante que codifica um
repressor, que neste caso apresenta-se na forma inactiva, não podendo assim ligar-se ao operador do
operão do triptofano. Esta situação verifica-se quando os níveis intracelulares de triptofano são baixos e,
assim, as enzimas necessárias à síntese deste aa são produzidas, conduzindo a um aumento da
concentração de triptofano.
| Capítulo 16 – Regulação genética nos procariotas 251
Biologia Molecular - 1º Ano - FFUP 2006/2007
Quando a concentração deste aa começa a atingir níveis elevados, algumas moléculas de triptofano
ligam-se ao repressor, modificam a sua forma e tornam-no activo, diz se por isso que o triptofano funciona
como co-repressor. Desta forma, o repressor liga-se ao operador, bloqueando a transcrição dos genes
estruturais do operão.
O operão triptofano terá então dois mecanismos de regulação: um mecanismo que envolve o
repressor e outro de atenuação transcripcional que veremos de seguida.
A síntese do mRNA inicia-se assim que o operador é liberado. O ribossoma liga-se à sequência de
Shine Delargno acima da região 1 e desliza até encontrar o primeiro AUG. Ao entrar na região 1 o
ribossoma vai encontrar dois codões para triptofano.
A sequência leader serve para interromper precocemente a síntese de mRNA caso ainda haja algum
triptofano no citoplasma bacteriano, insuficiente para activar o repressor mas suficiente para garantir a
produção de proteínas.
Em condições de excesso de
triptofano (tRNAs carregados com
triptofano), o ribossoma que traduz o
RNA líder não para na região 1,
traduzindo os codões para o triptofano,
e progride para a sequência 2
bloqueando esta região atenuadora.
Assim, o ribossoma irá impedir a
formação do hairpin 1-2 ou 2-3, e com
isto a sequencia 3 pode emparelhar coma sequência 4 formando o hairpin terminação seguido de uma
região poli – U. A transcrição pára e as enzimas necessárias para a síntese do triptofano não são expressas.
Nesta situação não há tRNA carregado com triptofano. O ribossoma faz uma pausa nos codões
adjacentes para o triptofano, no início da sequência 1 (região que codifica o péptido leader). Como a
sequencia 1 esta ligada ao ribossoma a sequência 2 está livre para emparelhar coma sequência 3,
formando-se um hairpin 2-3, que previne a formação do hairpin de terminação 3-4. Com isto a RNA
polimerase pode prosseguir o seu percurso no operão, ocorrendo assim a transcrição e a síntese de
enzimas para formação de triptofano.
Em condições nas quais o peptído líder não é traduzido, forma-se o hairpin 1-2, impedindo formação
do hairpin 2-3 e permitindo formação do hairpin de terminação 3-4. não ocorre transcrição.
A atenuação da transcrição terá como objectivo economizar energia da bactéria, que não precisa
sintetizar enzimas para a produção de um aminoácido que ela ainda dispõe, embora em pequena
quantidade.
O repressor LexA controla a resposta SOS em E. coli sendo capaz de reconhecer e ligar-se com
diferente especificidade nas regiões que controlam a transcrição dos genes cujos produtos desempenham
função de reparo de danos no DNA.
Em células não danificadas, um grupo de operões que constituem o regulão SOS é regulado por um
repressor comum, LexA. Esse regulão inclui o próprio gene LexA (auto-regulação) e o gene recA,
juntamente com muitos genes que codificam enzimas que agem reparando lesões. Há uma transcrição
baixa, constitutiva de muitos desses genes, incluindo LexA e recA, mesmo quando a proteína LexA está
presente.
Durante a replicação, quando há dímeros de pirimidina, a DNA polimerase é impedida de replicar esta
sequência e, então, a
replicação reinicia-se
mais adiante. Aqui a
proteína RecA liga-se ao
DNA de cadeia simples
lesada e é activada,
fazendo uma clivagem
proteolítica do
repressor dos genes
SOS, o repressor LexA.
Os fragmentos clivados
de LexA não se podem
ligar aos operadores, de
modo que todo o
conjunto de operões é
induzido. Muito mais
RecA é feita,
juntamente com outras
proteínas, incluindo
LexA.
Enquanto existirem lesões, RecA permanecerá activada, e a LexA continuará a ser clivada para que os
operões permaneçam ligados. Quando as lesões são reparadas, RecA é desactivada e não mais ajuda a
clivar LexA, de modo que LexA activa se liga ao operador dos operões e desliga os genes desse regulão.
- Terminação dependente do factor Rho – durante a transcrição o factor Rho ligado ao RNA persegue a
RNA polimerase. Quando a RNA sofre um abrandamento, ou pára, devido à formação de um hairpin o
factor Rho consegue “apanhá-la” e induzir à terminação da transcrição;
- Anti-terminação: capacidade de passar os locais de terminação – pode ser usado um mecanismo de anti-
terminação para controlar a transcrição. Os factores de anti-terminação actuam como subunidades da RNA
polimerase fazendo com que esta ignore os locais de terminação e continue a transcrição.
Eucariontes: forquilha de
replicação presa; transição
normal para a fase S do ciclo Estimular a síntese de DNA e
celular proliferação celular
Dependendo das condições os fago pode ter um ciclo lítico (lise celular) ou um ciclo lisogénico
(integração do DNA do fago no cromossoma da bactéria).
Existem duas proteínas responsáveis pela entrada do fago ou no ciclo lítico ou no ciclo lisogénico.
Quando ocorre a infecção inicial, há uma activação dos genes iniciais.
- Gene N (esquerda dos genes iniciais) – tem capacidade de anti-terminação (permite a expressão dos
genes à esquerda de N à direita de cro); associado ao ciclo lisogénico.
- cro (direita dos genes iniciais) – é um repressor; gene Q activa a expressão dos genes tardios; associado ao
ciclo lítico.
Com a anti terminação, o fago lambda entrou na fase de expressão de genes intermédios do ciclo, que
incluem os genes cII e cIII.
Há esquerda de TL começam a ser expressos os genes da proteína cIII. Esta ao ser expressa vai inibir a
expressão de HfL, que é uma proteína que feita pela bactéria. A HfL inibia a expressão da proteína cII, ao
ser inibida HfL a cII é expressa. Esta proteína vai activar a transcrição a partir de PE, começando a proteína
cI ser expressa. As proteínas cI e cro vão competir pela região operadora (Or3, Or2, Or1), onde se encontra
à esquerda o promotor PRM, que promove a transcrição de cI, e à direita o promotor PR, que promove a
transcrição de cro.
Neste caso a proteína cI vai ter maior afinidade para a região operadora. O promotor PRM ficará livre
enquanto que promotor PR será bloqueado. cI ainda vai auxiliar a ligação da RNA polimerase ao promotor
PRM. Com isto a proteína cI é sintetizada, e como o promotor de cro ficou bloqueado não há síntese dos
genes intermediários e o fago entra na via lisogénica.
A proteína cI age como um estimulador da síntese de mais cI, ao ligar-se ao operador, mas também
age como um repressor da síntese a partir de PR e PL. Com isto, na via lisogénica o único gene expresso a
partir de lambda é cI, a partir de PRM.
Quando ocorre a clivagem do dímero de cI, ligado a Or1 e Or2, devido a radiação UV, a proteína cro
começa a ser expressa e liga-se à região Or3, bloqueando o acesso da RNA polimerase ao promotor PRM.
Com isto, a síntese de cI pára e o fago começa a sintetizar as proteínas necessárias para a via lítica.
Meio pobre em nutrientes – Hf1 é inibida por cIII, logo os níveis da proteína cII aumentam, o que faz com
que aumente também a expressão de cI a partir de PE. Com isto não há expressão de cro e o fago entra na
via lisogénica.
Meio rico em nutrientes – HfI não é inibida por cIII, logo os níveis da proteína cII são baixos, o que faz com
que não ocorra expressão de cI a partir PE. Como não há cI no meio, ocorre a expressão de cro, entrando o
fago na via lítica que levará posteriormente à lise da bactéria.